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CPR CONSELHO PORTUGUÊS PARA OS REFUGIADOS RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2014

Relatório Anual de Actividades do CPR - 2014

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  • CPRCONSELHOPORTUGUSPARA OSREFUGIADOS

    RELATRIO DEATIVIDADES

    2014

  • ALGUNS SONHOSNAUFRAGAMMUITO ANTESDE SE TORNAREMREALIDADE

    PROTEO INTERNACIONAL EM PORTUGAL

    Caracterizao da populao

    A Lei 26/2014, de 5 de maio

    Assistncia Jurdica a requerentes e beneficirios de proteo internacional

    REINSTALAO DE REFUGIADOS

    Programa Nacional de Reinstalao

    Consultas Anuais Tripartidas sobre Reinstalao (ATCR)

    Projetos europeus de reinstalao

    Rede Europeia de Reinstalao (ERN) - www.resettlement.eu

    Participao no projeto SHARE II

    APOIO SOCIAL

    Objetivos do Apoio Social do CPR

    Centro de Acolhimento para Refugiados: acolhimento e servios

    Caracterizao da populao beneficiria no CAR

    Principais reas de interveno social

    Redes e parcerias

    Centro de Acolhimento para Crianas Refugiadas: acolhimento e servios

    Caracterizao da populao beneficiria no CACR

    Principais reas de interveno social

    Redes e parcerias

    INTEGRAO

    Caracterizao da populao beneficiria

    Principais reas de interveno: o GIP

    LNGUA PORTUGUESA E COMPONENTE SOCIOCULTURAL

    Aprendizagem da lngua

    RefugiActo

    "Refgio e Teatro: Dormem mil gestos nos meus dedos"

    INFORMAO PBLICA

    Comemorao do Dia Mundial do Refugiado | 20 de junho 2014

    Situao crtica no Mediterrneo discutida no XI Congresso Internacional

    Formao presencial e a distncia | capacitar, formar e sensibilizar

    Aes de sensibilizao nas Universidades

    Curso E-Learning Sensibilizao Asilo e Refugiados

    Visitas aos Centros de Acolhimento para Refugiados

    Festa de Fim de Ano

    Media

    Homepage

    Biblioteca

    Outros eventos

    ESPAO "A CRIANA"

    PROJETOS E APOIOS

    Estgios e voluntariado

    AGRADECIMENTOS

    PORTUGAL: TENDNCIAS DE ASILO

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  • ALGUNS SONHOSNAUFRAGAMMUITO ANTESDE SE TORNAREMREALIDADE

    PROTEO INTERNACIONAL EM PORTUGAL

    Caracterizao da populao

    A Lei 26/2014, de 5 de maio

    Assistncia Jurdica a requerentes e beneficirios de proteo internacional

    REINSTALAO DE REFUGIADOS

    Programa Nacional de Reinstalao

    Consultas Anuais Tripartidas sobre Reinstalao (ATCR)

    Projetos europeus de reinstalao

    Rede Europeia de Reinstalao (ERN) - www.resettlement.eu

    Participao no projeto SHARE II

    APOIO SOCIAL

    Objetivos do Apoio Social do CPR

    Centro de Acolhimento para Refugiados: acolhimento e servios

    Caracterizao da populao beneficiria no CAR

    Principais reas de interveno social

    Redes e parcerias

    Centro de Acolhimento para Crianas Refugiadas: acolhimento e servios

    Caracterizao da populao beneficiria no CACR

    Principais reas de interveno social

    Redes e parcerias

    INTEGRAO

    Caracterizao da populao beneficiria

    Principais reas de interveno: o GIP

    LNGUA PORTUGUESA E COMPONENTE SOCIOCULTURAL

    Aprendizagem da lngua

    RefugiActo

    "Refgio e Teatro: Dormem mil gestos nos meus dedos"

    INFORMAO PBLICA

    Comemorao do Dia Mundial do Refugiado | 20 de junho 2014

    Situao crtica no Mediterrneo discutida no XI Congresso Internacional

    Formao presencial e a distncia | capacitar, formar e sensibilizar

    Aes de sensibilizao nas Universidades

    Curso E-Learning Sensibilizao Asilo e Refugiados

    Visitas aos Centros de Acolhimento para Refugiados

    Festa de Fim de Ano

    Media

    Homepage

    Biblioteca

    Outros eventos

    ESPAO "A CRIANA"

    PROJETOS E APOIOS

    Estgios e voluntariado

    AGRADECIMENTOS

    PORTUGAL: TENDNCIAS DE ASILO

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  • 01PROTEOINTERNACIONAL

    INTRODUO

    Se quisermos resumir numa frase o ano de 2014 diriamos que o Conselho Portugus para os Refugiados (CPR) soube

    enfrentar os desafios da proteo com uma boa capacidade de resposta no processo de reviso legislativa que procedeu

    alterao da Lei 27/2008, de 30 de junho. Manteve um dilogo permanente e construtivo, no respeito pelos direitos dos

    refugiados, com os principais interlocutores: Ministrio da Administrao Interna, Comisso Assuntos Constitucionais

    Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da Repblica e grupos parlamentares, Procuradoria Geral da Repblica,

    Provedor da Justia, Conselho Superior da Magistratura, Supremo Tribunal Administrativo, entre outros, na tentativa de

    suprimir algumas deficincias e desequilbrios, designadamente a manuteno do papel desempenhado pelo CPR, na

    proposta de Lei, enquanto parceiro operacional do ACNUR. A nova Lei 26/2014, de 5 de maio, altera as condies e os

    procedimentos de concesso de asilo e de proteo subsidiria, os estatutos de requerente de asilo, de refugiado e de

    proteo subsidiria, bem como as condies de acolhimento dos requerentes, transpondo para a ordem jurdica nacional as

    Diretivas 2011/95/UE, 2013/32/UE e 2013/33/UE da Unio Europeia.

    O CPR prosseguiu a sua atividade, em 2014, num contexto particularmente difcil. Mais de 473 requerentes de proteo

    internacional foram acolhidos nos Centros de Acolhimento para Refugiados (CAR), na Bobadela, e de Crianas Refugiadas

    (CACR), no Parque da Bela Vista, em Lisboa, ou ainda em alojamentos situados nos arredores de Lisboa e Loures. Dia aps dia

    milhares de pessoas foram assistidas pelas nossas equipas a nvel jurdico, social, emprego, formao profissional,

    aprendizagem da lngua portuguesa, e noutras reas de interveno da organizao.

    Nas palavras de um refugiado Eritreu, o CPR "uma porta para o futuro dos refugiados em Portugal", porque congrega

    um vasto conjunto de servios essenciais para a reconstruo das suas vidas e lhes abre um caminho de esperana.

    Os servios prestados pelo Espao A Criana, permanecem fundamentais no s para as crianas portuguesas, mas

    tambm para as crianas refugiadas e residentes no CAR. A Direo-Geral do Emprego e das Relaes do Trabalho - DGERT

    reconheceu a qualidade da atividade formativa desenvolvida pelo CPR, ao renovar a certificao enquanto entidade formadora

    nas reas de Educao e Formao, Alfabetizao, Desenvolvimento Pessoal, Lnguas e Literaturas Estrangeiras, Cincia

    Poltica e Cidadania e Direito.

    As universidades portuguesas de Lisboa, Porto e Coimbra colaboraram estreitamente com o CPR na promoo de cursos,

    mestrados e ps-graduaes no mbito do Asilo e Migraes. A formao estendeu-se s escolas primrias e secundrias,

    espalhadas pelo pas, e tambm junto de diferentes pblicos, como trabalhadores humanitrios, advogados, jornalistas, entre

    outros.

    2014 foi tambm o ano em que o RefugiActo, o grupo de teatro amador do CPR, completou 10 anos de existncia,

    partilhando culturas, emoes, saberes, experincias e dificuldades sentidas por muitos refugiados. Este trabalho, atravs do

    Projeto PARTIS financiado pela Fundao Gulbenkian, possibilita um acompanhamento artstico profissional, regular e

    continuado, com repercusses imediatas no funcionamento do grupo e na sua integrao na sociedade portuguesa.

    No plano internacional, 2014 fica marcado por inmeros conflitos espalhados pelo mundo: Sudo, Repblica Centro

    Africana, Nigria e pelas tragdias no Mar Mediterrneo, cruzado por mais de 200.000 pessoas, 3.400 das quais perderam a

    vida. O conflito na Sria e as dificuldades dos requerentes de proteo internacional e migrantes para acederem de forma

    regular a um territrio seguro, conduziram ao aumento das travessias e calamidade que testemunhmos ao longo do ano.

    O XI Congresso Internacional do CPR, na Fundao Calouste Gulbenkian, em novembro de 2014, promoveu a discusso

    sobre a situao humanitria dos refugiados e migrantes na rea do Mediterrneo e salientou as obrigaes da comunidade

    internacional para aumentar as alternativas legais de acesso proteo e evitar mais tragdias nessa zona.

    O envolvimento e sentido de responsabilidade dos funcionrios, dos voluntrios e dos estagirios, assim como a ao da

    direo do CPR; o apoio renovado dos patrocionadores e a confiana dos nossos parceiros institucionais, permitiram uma vez

    mais a realizao de um trabalho fundamental e muito importante em prol dos refugiados em Portugal. A todas e a todos

    muito obrigada.

    Teresa Tito de Morais

  • 01PROTEOINTERNACIONAL

    INTRODUO

    Se quisermos resumir numa frase o ano de 2014 diriamos que o Conselho Portugus para os Refugiados (CPR) soube

    enfrentar os desafios da proteo com uma boa capacidade de resposta no processo de reviso legislativa que procedeu

    alterao da Lei 27/2008, de 30 de junho. Manteve um dilogo permanente e construtivo, no respeito pelos direitos dos

    refugiados, com os principais interlocutores: Ministrio da Administrao Interna, Comisso Assuntos Constitucionais

    Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da Repblica e grupos parlamentares, Procuradoria Geral da Repblica,

    Provedor da Justia, Conselho Superior da Magistratura, Supremo Tribunal Administrativo, entre outros, na tentativa de

    suprimir algumas deficincias e desequilbrios, designadamente a manuteno do papel desempenhado pelo CPR, na

    proposta de Lei, enquanto parceiro operacional do ACNUR. A nova Lei 26/2014, de 5 de maio, altera as condies e os

    procedimentos de concesso de asilo e de proteo subsidiria, os estatutos de requerente de asilo, de refugiado e de

    proteo subsidiria, bem como as condies de acolhimento dos requerentes, transpondo para a ordem jurdica nacional as

    Diretivas 2011/95/UE, 2013/32/UE e 2013/33/UE da Unio Europeia.

    O CPR prosseguiu a sua atividade, em 2014, num contexto particularmente difcil. Mais de 473 requerentes de proteo

    internacional foram acolhidos nos Centros de Acolhimento para Refugiados (CAR), na Bobadela, e de Crianas Refugiadas

    (CACR), no Parque da Bela Vista, em Lisboa, ou ainda em alojamentos situados nos arredores de Lisboa e Loures. Dia aps dia

    milhares de pessoas foram assistidas pelas nossas equipas a nvel jurdico, social, emprego, formao profissional,

    aprendizagem da lngua portuguesa, e noutras reas de interveno da organizao.

    Nas palavras de um refugiado Eritreu, o CPR "uma porta para o futuro dos refugiados em Portugal", porque congrega

    um vasto conjunto de servios essenciais para a reconstruo das suas vidas e lhes abre um caminho de esperana.

    Os servios prestados pelo Espao A Criana, permanecem fundamentais no s para as crianas portuguesas, mas

    tambm para as crianas refugiadas e residentes no CAR. A Direo-Geral do Emprego e das Relaes do Trabalho - DGERT

    reconheceu a qualidade da atividade formativa desenvolvida pelo CPR, ao renovar a certificao enquanto entidade formadora

    nas reas de Educao e Formao, Alfabetizao, Desenvolvimento Pessoal, Lnguas e Literaturas Estrangeiras, Cincia

    Poltica e Cidadania e Direito.

    As universidades portuguesas de Lisboa, Porto e Coimbra colaboraram estreitamente com o CPR na promoo de cursos,

    mestrados e ps-graduaes no mbito do Asilo e Migraes. A formao estendeu-se s escolas primrias e secundrias,

    espalhadas pelo pas, e tambm junto de diferentes pblicos, como trabalhadores humanitrios, advogados, jornalistas, entre

    outros.

    2014 foi tambm o ano em que o RefugiActo, o grupo de teatro amador do CPR, completou 10 anos de existncia,

    partilhando culturas, emoes, saberes, experincias e dificuldades sentidas por muitos refugiados. Este trabalho, atravs do

    Projeto PARTIS financiado pela Fundao Gulbenkian, possibilita um acompanhamento artstico profissional, regular e

    continuado, com repercusses imediatas no funcionamento do grupo e na sua integrao na sociedade portuguesa.

    No plano internacional, 2014 fica marcado por inmeros conflitos espalhados pelo mundo: Sudo, Repblica Centro

    Africana, Nigria e pelas tragdias no Mar Mediterrneo, cruzado por mais de 200.000 pessoas, 3.400 das quais perderam a

    vida. O conflito na Sria e as dificuldades dos requerentes de proteo internacional e migrantes para acederem de forma

    regular a um territrio seguro, conduziram ao aumento das travessias e calamidade que testemunhmos ao longo do ano.

    O XI Congresso Internacional do CPR, na Fundao Calouste Gulbenkian, em novembro de 2014, promoveu a discusso

    sobre a situao humanitria dos refugiados e migrantes na rea do Mediterrneo e salientou as obrigaes da comunidade

    internacional para aumentar as alternativas legais de acesso proteo e evitar mais tragdias nessa zona.

    O envolvimento e sentido de responsabilidade dos funcionrios, dos voluntrios e dos estagirios, assim como a ao da

    direo do CPR; o apoio renovado dos patrocionadores e a confiana dos nossos parceiros institucionais, permitiram uma vez

    mais a realizao de um trabalho fundamental e muito importante em prol dos refugiados em Portugal. A todas e a todos

    muito obrigada.

    Teresa Tito de Morais

  • 1. PROTEO INTERNACIONAL

    1.1 Caracterizao da populaoEm 2014 foram apresentados 442 pedidos de proteo internacional em Portugal. Apesar de representar um

    decrscimo de 12% relativamente ao nmero total de pedidos apresentados em 2013 (506), o nmero referido mantm,

    ainda assim, a tendncia verificada em Portugal nesta ltima dcada para um aumento do nmero de requerentes de

    proteo internacional.

    Os pedidos referidos foram apresentados por requerentes originrios de 48 nacionalidades, sendo a Ucrnia, o

    Paquisto e Marrocos os pases de origem mais representativos.

    O perfil do requerente de proteo internacional em Portugal caracteriza-se, em 2014, como sendo do sexo

    masculino (63%), fugindo de conflitos ou por razes relacionadas com violaes sistemticas dos direitos humanos

    ocorridas no pas de origem e apresentando o pedido em territrio nacional (64%). Dezasseis pedidos de proteo

    internacional foram apresentados por menores no acompanhados.

    Os cidados nacionais da Ucrnia constituram, com 157 pedidos, o maior grupo de requerentes em Portugal

    durante o ano de 2014. Se nas ltimas duas dcadas Portugal foi um pas de imigrao para esta populao, o conflito

    armado que se vive atualmente no Leste do pas levou a que Portugal passasse a ser procurado como pas de asilo.

    Muitos destes requerentes que procuraram segurana e proteo em Portugal tm familiares ou amigos a residir no

    nosso pas, tendo alguns aqui habitado regularmente at ao regresso ao seu pas de origem, de onde voltaram agora,

    desta vez como refugiados.

    O Diretor Nacional do Servio de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) admitiu 269 dos 442 pedidos de proteo

    internacional apresentados, o que representa uma taxa de admissibilidade de cerca de 68%, ligeiramente inferior taxa

    de admissibilidade preconizada pelo CPR (75%).

    O Ministro da Administrao Interna, sob proposta do Servio de Estrangeiros e Fronteiras, reconheceu, em 2014,

    19 estatutos de refugiados e concedeu 89 protees subsidirias, assim consolidando a taxa de reconhecimentos de

    cerca de 40% dos pedidos de proteo internacional em Portugal.

    Estima-se que, no final de 2014, residiam em Portugal 350 refugiados reconhecidos e 650 cidados ao abrigo da proteo subsidiria.

    1.2 A Lei 26/2014, de 5 de maioA poltica de asilo em Portugal em 2014 caracteriza-se tambm pelo processo de reviso da Lei 27/2008, de 30 de

    junho (Lei de Asilo).

    A defesa e a promoo dos padres de proteo internacional, em linha com as obrigaes internacionais do

    Estado portugus em matria de asilo e refugiados, foram assumidas por este Conselho como objetivos centrais do

    processo de reviso da Lei do Asilo, atento o respetivo mandato de promoo do direito de asilo em Portugal.

    Neste contexto, o CPR e o ACNUR estiveram intensamente envolvidos no referido processo de reviso legislativa,

    manifestando a sua preocupao junto das entidades e instituies competentes pela manuteno de um conjunto de

    deficincias e desequilbrios no regime legal proposto que perigavam uma aplicao plena da Conveno de Genebra de

    1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados, e dos princpios de direito internacional dos refugiados, dos direitos humanos

    e do direito humanitrio, representando um retrocesso relativamente aos princpios estabelecidos na Lei 27/2008, de 30

    de junho. Assim, foram mantidos contactos com o Conselho Superior de Magistratura, com o Provedor de Justia, com a

    Ordem dos Advogados, com o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, com a Amnistia Internacional,

    a Procuradoria-Geral da Repblica, a Comisso de Assuntos Parlamentares, Direitos, Liberdades e Garantias da

    Assembleia da Repblica, bem como com os diversos grupos parlamentares, tendo o CPR elaborado comentrios

    referida proposta de lei .

    A Lei 26/2014, de 5 de maio, procedeu, portanto, alterao da Lei 27/2008, de 30 de junho, seguindo algumas das

    propostas defendidas pelo CPR/ACNUR, nomeadamente quanto preservao, na generalidade, do efeito suspensivo

    no mbito das impugnaes judiciais/ recursos em sede de procedimento de asilo, e quanto clara limitao das

    situaes de deteno de requerentes de proteo menores no acompanhados. De igual modo, foi dada particular

    ateno questo da deteno de requerentes de proteo internacional e solues alternativas.

    A lei atual introduz, tambm, algumas alteraes processuais relevantes, designadamente, a distino clara entre

    pedidos infundados e pedidos inadmissveis, o alargamento do prazo para impugnao jurisdicional da deciso do

    Diretor Nacional do SEF relativa ao indeferimento dos pedidos apresentados em postos de fronteira, de 2 para 4 dias, o

    estabelecimento do prazo da primeira fase processual em territrio nacional em 30 dias.

    O papel do CPR na determinao do estatuto de proteo internacional foi outras das questes suscitadas no

    mbito da reviso da lei do asilo. O mandato e a experincia deste Conselho que surge intrinsecamente ligado ACNUR,

    organizao que representa em Portugal, foram devidamente reconhecidos pelo novo regime jurdico-legal do asilo em

    Portugal. Assim, nos termos da Lei 27/2008, de 30 de junho com as alteraes introduzidas pela Lei 26/2014, de 5 de

    maio, o CPR informado relativamente a todos os pedidos de proteo apresentados em Portugal, podendo contactar

    os requerentes com o objetivo de prestar informao relativa ao procedimento e acerca da sua interveno nesse

    processo. O CPR ainda informado de todos os desenvolvimentos processuais, mediante consentimento por parte dos

    requerentes. O papel do CPR inclui tambm as funes de superviso consagradas no artigo 35 da Conveno de

    Genebra de 1951.

    Outro desenvolvimento legislativo relevante em 2014 consistiu na alterao ao Decreto-lei de 2011 que regula o acesso s prestaes do Servio Nacional de Sade por parte dos utentes no que respeita o regime das taxas moderadoras e aplicao de regimes especiais de benefcios, atravs do Decreto-Lei 117/2014, de 5 de agosto, que isenta os requerentes de proteo internacional e refugiados e respetivos cnjuges ou equiparados e descendentes diretos do pagamento das referidas taxas, permitindo o acesso efetivo sade por parte desta populao.

    1.3 Assistncia jurdica a requerentes e beneficirios de proteo internacionalO apoio jurdico prestado pelo CPR inicia-se aps o registo do pedido de proteo internacional e respetiva

    comunicao ao CPR pelo Gabinete de Asilo e Refugiados do SEF. Para alm da prestao de informao relativa aos

    direitos e deveres dos requerentes na pendncia do procedimento de asilo, bem como sobre a respetiva tramitao

    processual, este inclui a realizao de uma entrevista de elegibilidade para determinao do estatuto de refugiado, a

    elaborao do correspondente parecer sobre o enquadramento jurdico do pedido, e, no caso dos requerentes em

    territrio nacional, pela anlise e resposta aos autos de declaraes dos requerentes, elaboradas pelo Servio de

    Estrangeiros e Fronteiras/Gabinete de Asilo e Refugiados (SEF/GAR), nomeadamente nos termos e para os efeitos do

    nmero 3, do artigo 17 da Lei 27/2008, de 30 de junho, com as alteraes introduzidas pela Lei 26/2014, de 5 de maio.

    Em caso de no-admissibilidade, de recusa liminar do pedido, ou de transferncia de responsabilidade pela

    anlise do pedido, o Departamento Jurdico prestou apoio na organizao de pedidos de proteo jurdica a pedido dos

    requerentes que pretendiam impugnar jurisdicionalmente, quer das decises desfavorveis, quer das decises de

    transferncia, ao abrigo do Regulamento Dublin III, emanadas das autoridades administrativas intervenientes no

    procedimento de asilo. Estes pedidos, dirigidos aos servios de Segurana Social, nos termos da Lei 34/2004, de 29 de

    julho, permitem o acesso dos requerentes ao apoio judicirio nos termos gerais.

    Na sequncia da nomeao pela Ordem dos Advogados, prestado ainda a necessria assistncia individualizada

    aos patronos oficiosos, tendo o CPR apoiado cerca de 80 advogados devidamente mandatados e/ou nomeados atravs

    do regime de proteo jurdica em 2014, com informao sobre o procedimento e o regime jurdico do asilo, informaes

    sobre a situao no pas de origem, a partilha de jurisprudncia relevante. O Departamento Jurdico participou,

    igualmente, na instruo dos pedidos admitidos, nomeadamente, no mbito das competncias reconhecidas no artigo

    28 da Lei de Asilo.

    Na qualidade de representante do ACNUR, o CPR presta, igualmente, informaes acerca do respeito pelos

    direitos humanos nos pases de origem dos requerentes, solicitadas ex officio pelos tribunais competentes,

    disseminando, igualmente, orientaes disponibilizadas por aquela organizao e por outras fontes fidedignas, sobre o

    regime probatrio da informao sobre o pas de origem.

    Em sede de procedimento de asilo, o CPR prestou apoio direto a cerca de 93% (411) dos requerentes de proteo

    internacional. A grande maioria dos requerentes (exceto 2) prestou o seu consentimento interveno processual do

    CPR no mbito dos procedimentos individuais. Os valores referidos sublinham a necessidade contnua da assistncia

    jurdica prestada pelo CPR, mas tambm o reconhecimento da utilidade do seu papel.

    Durante o ano de 2014, o Departamento Jurdico efetuou um total de 2533 atendimentos a cidados de 59

    nacionalidades, nmero muito prximo dos atendimentos efetuados no ano anterior. Os pases mais expressivos foram

    a Guin Conacri (308 atendimentos), Paquisto (212 atendimentos), RDC (207 atendimentos) e Ucrnia (120

    (1) Disponvel em www.cpr.pt (2) Relatrio disponvel em http://refugiados.net/1cpr/www/acesso-protecao-jv.pdf

    0706CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

    CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

  • 1. PROTEO INTERNACIONAL

    1.1 Caracterizao da populaoEm 2014 foram apresentados 442 pedidos de proteo internacional em Portugal. Apesar de representar um

    decrscimo de 12% relativamente ao nmero total de pedidos apresentados em 2013 (506), o nmero referido mantm,

    ainda assim, a tendncia verificada em Portugal nesta ltima dcada para um aumento do nmero de requerentes de

    proteo internacional.

    Os pedidos referidos foram apresentados por requerentes originrios de 48 nacionalidades, sendo a Ucrnia, o

    Paquisto e Marrocos os pases de origem mais representativos.

    O perfil do requerente de proteo internacional em Portugal caracteriza-se, em 2014, como sendo do sexo

    masculino (63%), fugindo de conflitos ou por razes relacionadas com violaes sistemticas dos direitos humanos

    ocorridas no pas de origem e apresentando o pedido em territrio nacional (64%). Dezasseis pedidos de proteo

    internacional foram apresentados por menores no acompanhados.

    Os cidados nacionais da Ucrnia constituram, com 157 pedidos, o maior grupo de requerentes em Portugal

    durante o ano de 2014. Se nas ltimas duas dcadas Portugal foi um pas de imigrao para esta populao, o conflito

    armado que se vive atualmente no Leste do pas levou a que Portugal passasse a ser procurado como pas de asilo.

    Muitos destes requerentes que procuraram segurana e proteo em Portugal tm familiares ou amigos a residir no

    nosso pas, tendo alguns aqui habitado regularmente at ao regresso ao seu pas de origem, de onde voltaram agora,

    desta vez como refugiados.

    O Diretor Nacional do Servio de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) admitiu 269 dos 442 pedidos de proteo

    internacional apresentados, o que representa uma taxa de admissibilidade de cerca de 68%, ligeiramente inferior taxa

    de admissibilidade preconizada pelo CPR (75%).

    O Ministro da Administrao Interna, sob proposta do Servio de Estrangeiros e Fronteiras, reconheceu, em 2014,

    19 estatutos de refugiados e concedeu 89 protees subsidirias, assim consolidando a taxa de reconhecimentos de

    cerca de 40% dos pedidos de proteo internacional em Portugal.

    Estima-se que, no final de 2014, residiam em Portugal 350 refugiados reconhecidos e 650 cidados ao abrigo da proteo subsidiria.

    1.2 A Lei 26/2014, de 5 de maioA poltica de asilo em Portugal em 2014 caracteriza-se tambm pelo processo de reviso da Lei 27/2008, de 30 de

    junho (Lei de Asilo).

    A defesa e a promoo dos padres de proteo internacional, em linha com as obrigaes internacionais do

    Estado portugus em matria de asilo e refugiados, foram assumidas por este Conselho como objetivos centrais do

    processo de reviso da Lei do Asilo, atento o respetivo mandato de promoo do direito de asilo em Portugal.

    Neste contexto, o CPR e o ACNUR estiveram intensamente envolvidos no referido processo de reviso legislativa,

    manifestando a sua preocupao junto das entidades e instituies competentes pela manuteno de um conjunto de

    deficincias e desequilbrios no regime legal proposto que perigavam uma aplicao plena da Conveno de Genebra de

    1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados, e dos princpios de direito internacional dos refugiados, dos direitos humanos

    e do direito humanitrio, representando um retrocesso relativamente aos princpios estabelecidos na Lei 27/2008, de 30

    de junho. Assim, foram mantidos contactos com o Conselho Superior de Magistratura, com o Provedor de Justia, com a

    Ordem dos Advogados, com o Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, com a Amnistia Internacional,

    a Procuradoria-Geral da Repblica, a Comisso de Assuntos Parlamentares, Direitos, Liberdades e Garantias da

    Assembleia da Repblica, bem como com os diversos grupos parlamentares, tendo o CPR elaborado comentrios

    referida proposta de lei .

    A Lei 26/2014, de 5 de maio, procedeu, portanto, alterao da Lei 27/2008, de 30 de junho, seguindo algumas das

    propostas defendidas pelo CPR/ACNUR, nomeadamente quanto preservao, na generalidade, do efeito suspensivo

    no mbito das impugnaes judiciais/ recursos em sede de procedimento de asilo, e quanto clara limitao das

    situaes de deteno de requerentes de proteo menores no acompanhados. De igual modo, foi dada particular

    ateno questo da deteno de requerentes de proteo internacional e solues alternativas.

    A lei atual introduz, tambm, algumas alteraes processuais relevantes, designadamente, a distino clara entre

    pedidos infundados e pedidos inadmissveis, o alargamento do prazo para impugnao jurisdicional da deciso do

    Diretor Nacional do SEF relativa ao indeferimento dos pedidos apresentados em postos de fronteira, de 2 para 4 dias, o

    estabelecimento do prazo da primeira fase processual em territrio nacional em 30 dias.

    O papel do CPR na determinao do estatuto de proteo internacional foi outras das questes suscitadas no

    mbito da reviso da lei do asilo. O mandato e a experincia deste Conselho que surge intrinsecamente ligado ACNUR,

    organizao que representa em Portugal, foram devidamente reconhecidos pelo novo regime jurdico-legal do asilo em

    Portugal. Assim, nos termos da Lei 27/2008, de 30 de junho com as alteraes introduzidas pela Lei 26/2014, de 5 de

    maio, o CPR informado relativamente a todos os pedidos de proteo apresentados em Portugal, podendo contactar

    os requerentes com o objetivo de prestar informao relativa ao procedimento e acerca da sua interveno nesse

    processo. O CPR ainda informado de todos os desenvolvimentos processuais, mediante consentimento por parte dos

    requerentes. O papel do CPR inclui tambm as funes de superviso consagradas no artigo 35 da Conveno de

    Genebra de 1951.

    Outro desenvolvimento legislativo relevante em 2014 consistiu na alterao ao Decreto-lei de 2011 que regula o acesso s prestaes do Servio Nacional de Sade por parte dos utentes no que respeita o regime das taxas moderadoras e aplicao de regimes especiais de benefcios, atravs do Decreto-Lei 117/2014, de 5 de agosto, que isenta os requerentes de proteo internacional e refugiados e respetivos cnjuges ou equiparados e descendentes diretos do pagamento das referidas taxas, permitindo o acesso efetivo sade por parte desta populao.

    1.3 Assistncia jurdica a requerentes e beneficirios de proteo internacionalO apoio jurdico prestado pelo CPR inicia-se aps o registo do pedido de proteo internacional e respetiva

    comunicao ao CPR pelo Gabinete de Asilo e Refugiados do SEF. Para alm da prestao de informao relativa aos

    direitos e deveres dos requerentes na pendncia do procedimento de asilo, bem como sobre a respetiva tramitao

    processual, este inclui a realizao de uma entrevista de elegibilidade para determinao do estatuto de refugiado, a

    elaborao do correspondente parecer sobre o enquadramento jurdico do pedido, e, no caso dos requerentes em

    territrio nacional, pela anlise e resposta aos autos de declaraes dos requerentes, elaboradas pelo Servio de

    Estrangeiros e Fronteiras/Gabinete de Asilo e Refugiados (SEF/GAR), nomeadamente nos termos e para os efeitos do

    nmero 3, do artigo 17 da Lei 27/2008, de 30 de junho, com as alteraes introduzidas pela Lei 26/2014, de 5 de maio.

    Em caso de no-admissibilidade, de recusa liminar do pedido, ou de transferncia de responsabilidade pela

    anlise do pedido, o Departamento Jurdico prestou apoio na organizao de pedidos de proteo jurdica a pedido dos

    requerentes que pretendiam impugnar jurisdicionalmente, quer das decises desfavorveis, quer das decises de

    transferncia, ao abrigo do Regulamento Dublin III, emanadas das autoridades administrativas intervenientes no

    procedimento de asilo. Estes pedidos, dirigidos aos servios de Segurana Social, nos termos da Lei 34/2004, de 29 de

    julho, permitem o acesso dos requerentes ao apoio judicirio nos termos gerais.

    Na sequncia da nomeao pela Ordem dos Advogados, prestado ainda a necessria assistncia individualizada

    aos patronos oficiosos, tendo o CPR apoiado cerca de 80 advogados devidamente mandatados e/ou nomeados atravs

    do regime de proteo jurdica em 2014, com informao sobre o procedimento e o regime jurdico do asilo, informaes

    sobre a situao no pas de origem, a partilha de jurisprudncia relevante. O Departamento Jurdico participou,

    igualmente, na instruo dos pedidos admitidos, nomeadamente, no mbito das competncias reconhecidas no artigo

    28 da Lei de Asilo.

    Na qualidade de representante do ACNUR, o CPR presta, igualmente, informaes acerca do respeito pelos

    direitos humanos nos pases de origem dos requerentes, solicitadas ex officio pelos tribunais competentes,

    disseminando, igualmente, orientaes disponibilizadas por aquela organizao e por outras fontes fidedignas, sobre o

    regime probatrio da informao sobre o pas de origem.

    Em sede de procedimento de asilo, o CPR prestou apoio direto a cerca de 93% (411) dos requerentes de proteo

    internacional. A grande maioria dos requerentes (exceto 2) prestou o seu consentimento interveno processual do

    CPR no mbito dos procedimentos individuais. Os valores referidos sublinham a necessidade contnua da assistncia

    jurdica prestada pelo CPR, mas tambm o reconhecimento da utilidade do seu papel.

    Durante o ano de 2014, o Departamento Jurdico efetuou um total de 2533 atendimentos a cidados de 59

    nacionalidades, nmero muito prximo dos atendimentos efetuados no ano anterior. Os pases mais expressivos foram

    a Guin Conacri (308 atendimentos), Paquisto (212 atendimentos), RDC (207 atendimentos) e Ucrnia (120

    (1) Disponvel em www.cpr.pt (2) Relatrio disponvel em http://refugiados.net/1cpr/www/acesso-protecao-jv.pdf

    0706CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

    CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

  • 08CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014 02

    REINSTALAODE REFUGIADOS

    atendimentos).

    Com a implementao da poltica de deslocalizao de requerentes para outras regies do pas, o atendimento aos

    beneficirios maioritariamente efetuado telefonicamente ou via correio eletrnico.

    A assistncia jurdica abrange equitativamente questes relativas ao procedimento de asilo, bem como apoio em

    sede de integrao, nomeadamente questes laborais, de arrendamento, troca de ttulos de conduo estrangeiros,

    processos de reagrupamento familiar, processos de aquisio de nacionalidade portuguesa por naturalizao,

    processos de casamento e registos de nascimento, processos de regulao de poder paternal, bem como processos de

    equivalncia de habilitaes literrias e acadmicas, junto das universidades e/ou ordens profissionais, em

    coordenao com o Departamento de Emprego e Formao Profissional.

    Os menores no acompanhados recebem tambm acompanhamento especfico, nomeadamente atravs do

    acompanhamento de um jurista durante as entrevistas de determinao junto das autoridades, e no mbito de aplicao

    do regime de medidas de promoo e proteo, nos termos e para os efeitos da Lei 147/99, de 1 de setembro.

    Como representante do ACNUR em Portugal, o CPR mantm a estreita colaborao com esta organizao

    internacional. Assim, para alm de uma participao regular em pedidos de informao acerca da proteo

    internacional em Portugal e a colaborao em relatrios relacionados com o tema referido, prosseguiram os contactos,

    quer com a Representao Regional do Sul da Europa do ACNUR/Roma, quer com o ACNUR/Genebra quanto a questes

    relacionadas com o trabalho dirio deste Conselho. De igual modo, o CPR tem sido convidado a participar nas reunies

    de planeamento regional e de proteo que tm lugar ao longo do ano. Em 2014, acompanhou igualmente as trs

    misses efetuadas pela Representao Regional a Portugal que decorreram em junho, setembro e novembro.

    A cooperao com outras organizaes nacionais (como a Plataforma Global de Assistncia Acadmica a

    Estudantes Srios), regionais (como a ECRE/ European Council on Refugees and Exiles e a ELENA/ European Legal

    Network on Asylum) e internacionais, atravs da participao em formaes, reunies, partilha de informaes,

    resposta a questionrios, inquritos, anlises comparativas e pedidos de informao relativa situao do Asilo em

    Portugal, constitui tambm uma parte importante do trabalho desenvolvido, no apenas por permitir ao CPR participar

    em atividades a nvel Europeu e Internacional, mas tambm por constituir um meio de aprendizagem, de partilha de

    informao e disseminao das boas prticas implementadas neste pas.

    Em 2014 destacamos: Participao no Projeto "Access to Protection - A Human Right", financiado pelo Programa Europeu para a

    Integrao e Migrao (EPIM), em colaborao com a Rede de Fundaes Europeias ;

    Participao no 1 Curso CIMIC - Nvel Ttico 2014, com apresentao acerca do tema a formao "CIMIC na

    perspetiva das ONG - A experincia do ACNUR / CPR", que teve lugar na Escola de Armas, em Mafra, em fevereiro,

    de 2014;

    Participao na Rede de Sensibilizao para a Radicalizao / Radicalization Awareness Network - RAN, que teve

    incio com uma Conferncia em maro e uma ao de formao de formadores, em parceria com a Polcia

    Judiciria/Unidade Nacional Contra o Terrorismo, em novembro;

    Participao na Reunio "Separated Children in Europe Programme - SCEP", que decorreu em Londres, em

    novembro;

    Questionrio da OXFAM relativo situao dos Srios em Portugal;

    Participao no Relatrio Anual de Segurana Interna, a convite do Observatrio do Trfico de Seres Humanos;

  • 08CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014 02

    REINSTALAODE REFUGIADOS

    atendimentos).

    Com a implementao da poltica de deslocalizao de requerentes para outras regies do pas, o atendimento aos

    beneficirios maioritariamente efetuado telefonicamente ou via correio eletrnico.

    A assistncia jurdica abrange equitativamente questes relativas ao procedimento de asilo, bem como apoio em

    sede de integrao, nomeadamente questes laborais, de arrendamento, troca de ttulos de conduo estrangeiros,

    processos de reagrupamento familiar, processos de aquisio de nacionalidade portuguesa por naturalizao,

    processos de casamento e registos de nascimento, processos de regulao de poder paternal, bem como processos de

    equivalncia de habilitaes literrias e acadmicas, junto das universidades e/ou ordens profissionais, em

    coordenao com o Departamento de Emprego e Formao Profissional.

    Os menores no acompanhados recebem tambm acompanhamento especfico, nomeadamente atravs do

    acompanhamento de um jurista durante as entrevistas de determinao junto das autoridades, e no mbito de aplicao

    do regime de medidas de promoo e proteo, nos termos e para os efeitos da Lei 147/99, de 1 de setembro.

    Como representante do ACNUR em Portugal, o CPR mantm a estreita colaborao com esta organizao

    internacional. Assim, para alm de uma participao regular em pedidos de informao acerca da proteo

    internacional em Portugal e a colaborao em relatrios relacionados com o tema referido, prosseguiram os contactos,

    quer com a Representao Regional do Sul da Europa do ACNUR/Roma, quer com o ACNUR/Genebra quanto a questes

    relacionadas com o trabalho dirio deste Conselho. De igual modo, o CPR tem sido convidado a participar nas reunies

    de planeamento regional e de proteo que tm lugar ao longo do ano. Em 2014, acompanhou igualmente as trs

    misses efetuadas pela Representao Regional a Portugal que decorreram em junho, setembro e novembro.

    A cooperao com outras organizaes nacionais (como a Plataforma Global de Assistncia Acadmica a

    Estudantes Srios), regionais (como a ECRE/ European Council on Refugees and Exiles e a ELENA/ European Legal

    Network on Asylum) e internacionais, atravs da participao em formaes, reunies, partilha de informaes,

    resposta a questionrios, inquritos, anlises comparativas e pedidos de informao relativa situao do Asilo em

    Portugal, constitui tambm uma parte importante do trabalho desenvolvido, no apenas por permitir ao CPR participar

    em atividades a nvel Europeu e Internacional, mas tambm por constituir um meio de aprendizagem, de partilha de

    informao e disseminao das boas prticas implementadas neste pas.

    Em 2014 destacamos: Participao no Projeto "Access to Protection - A Human Right", financiado pelo Programa Europeu para a

    Integrao e Migrao (EPIM), em colaborao com a Rede de Fundaes Europeias ;

    Participao no 1 Curso CIMIC - Nvel Ttico 2014, com apresentao acerca do tema a formao "CIMIC na

    perspetiva das ONG - A experincia do ACNUR / CPR", que teve lugar na Escola de Armas, em Mafra, em fevereiro,

    de 2014;

    Participao na Rede de Sensibilizao para a Radicalizao / Radicalization Awareness Network - RAN, que teve

    incio com uma Conferncia em maro e uma ao de formao de formadores, em parceria com a Polcia

    Judiciria/Unidade Nacional Contra o Terrorismo, em novembro;

    Participao na Reunio "Separated Children in Europe Programme - SCEP", que decorreu em Londres, em

    novembro;

    Questionrio da OXFAM relativo situao dos Srios em Portugal;

    Participao no Relatrio Anual de Segurana Interna, a convite do Observatrio do Trfico de Seres Humanos;

  • 2. REINSTALAO DE REFUGIADOS

    2.1. Programa Nacional de Reinstalao O mundo assistiu recentemente a um aumento dramtico do nmero de refugiados em resultado,

    simultaneamente, da emergncia de novos conflitos no mundo, com particular destaque para a crise sria e o arrastar

    de conflitos de longa data.

    Sem prejuzo do recente aumento do nmero de Estados de reinstalao, e os generosos compromissos de

    admisses humanitrias de refugiados srios, nomeadamente por Estados europeus, as necessidades de reinstalao

    continuam a ultrapassar amplamente as quotas disponveis para o efeito.

    No que concerne ao Programa Nacional de Reinstalao, foram reinstalados, em Portugal, um total de 180

    refugiados desde 2006, incluindo cidados nacionais da Eritreia, do Iraque, da Repblica Democrtica do Congo, entre

    outros. Em julho de 2014, 14 cidados provenientes da Costa do Marfim, dos Camares, da Repblica Democrtica do

    Congo, do Senegal e do Iro, foram reinstalados em Portugal.

    O CPR lanou ainda, durante o ano, uma nova seco da sua pgina internet exclusivamente dedicada ao programa

    nacional de reinstalao e s atividades do CPR neste domnio, em http://www.cpr.pt/reinstalacao

    2.2. Consultas Anuais Tripartidas sobre Reinstalao (ATCR)As consultas anuais tripartidas sobre Reinstalao (ATCR) comearam em 1995. Este um evento anual que

    estimula o reforo da cooperao entre os governos, ONGs e do ACNUR na rea de reinstalao. Em 2014, o CPR

    participou nesta reflexo que teve lugar em Genebra de 24 a 26 de junho.

    2.3 Projetos Europeus de Reinstalao2.3.1. Rede Europeia de Reinstalao (ERN) - www.resettlement.eu

    A ERN tem como objetivo a criao de sinergias entre autarquias e entidades da sociedade civil dedicadas

    proteo e integrao de refugiados reinstalados. Desde a criao desta rede que o CPR tem desempenhado funes

    como Ponto Contacto Nacional da Rede em Portugal. Este mandato de um ano, entre junho de 2013 e junho de 2014,

    mereceu o reconhecimento da Rede Europeia de Reinstalao, coordenada pelo ACNUR, a Organizao Internacional

    para as Migraes (OIM), e a International Catholic Migration Commission (ICMC), tendo sido prolongado por um perodo

    adicional de seis meses, at dezembro de 2014.

    Durante este perodo, o CPR promoveu a recolha e a disseminao de informao e conhecimento sobre a

    reinstalao entre os parceiros nacionais, promovendo, igualmente, a sua adeso e participao nas atividades da ERN.

    Em resultado deste trabalho, todos os parceiros nacionais ativamente envolvidos na reinstalao, incluindo entidades

    governamentais, no governamentais, bem como autarquias locais, nomeadamente a Cmara Municipal de Lisboa,

    aderiram a esta rede.

    O CPR participou na reunio da ERN dedicada "Reinstalao na Europa, Consolidao e Novas Oportunidades",

    que decorreu em Bruxelas, a 20 e 21 de novembro de 2014. A pedido da

    ERN e da coordenao da Plataforma Global para os Estudantes Srios,

    o representante do CPR realizou, durante o primeiro dia da reunio,

    uma apresentao sobre a iniciativa lanada pelo Dr. Jorge Sampaio,

    em prol do acesso ao ensino por parte de estudantes srios impedidos

    de estudar devido crise humanitria em curso no pas.

    2.3.2. Participao no projeto SHARE IIO CPR participou, igualmente, no projeto SHARE II, financiado

    pelas aes comunitrias do Fundo Europeu para os Refugiados (FER).

    A iniciativa, coordenada pela ICMC, visa reforar a capacidade dos

    Estados membros da UE, incluindo das autarquias locais e da sociedade

    civil, no que respeita ao acolhimento e a integrao dos refugiados

    reinstalados.

    Neste mbito, o CPR promoveu, e coordenou, os contributos das

    autarquias de Lisboa e de Loures para as atividades do projeto, em

    particular no que respeita aos Guias de Cidades de Reinstalao (Share

    City Guides). O CPR colaborou, igualmente, com a investigao

    realizada no mbito do projeto relativa resposta europeia crise de

    refugiados sria. Ainda no mbito do SHARE II, este Conselho participou

    na atividade do projeto 'SHARING through Mentoring' onde teve ocasio

    de contribuir no Seminrio sobre Voluntariado que decorreu em

    Maastricht, Holanda, nos dias 13 e 14 de outubro.

    10CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014 03

    APOIOSOCIAL

  • 2. REINSTALAO DE REFUGIADOS

    2.1. Programa Nacional de Reinstalao O mundo assistiu recentemente a um aumento dramtico do nmero de refugiados em resultado,

    simultaneamente, da emergncia de novos conflitos no mundo, com particular destaque para a crise sria e o arrastar

    de conflitos de longa data.

    Sem prejuzo do recente aumento do nmero de Estados de reinstalao, e os generosos compromissos de

    admisses humanitrias de refugiados srios, nomeadamente por Estados europeus, as necessidades de reinstalao

    continuam a ultrapassar amplamente as quotas disponveis para o efeito.

    No que concerne ao Programa Nacional de Reinstalao, foram reinstalados, em Portugal, um total de 180

    refugiados desde 2006, incluindo cidados nacionais da Eritreia, do Iraque, da Repblica Democrtica do Congo, entre

    outros. Em julho de 2014, 14 cidados provenientes da Costa do Marfim, dos Camares, da Repblica Democrtica do

    Congo, do Senegal e do Iro, foram reinstalados em Portugal.

    O CPR lanou ainda, durante o ano, uma nova seco da sua pgina internet exclusivamente dedicada ao programa

    nacional de reinstalao e s atividades do CPR neste domnio, em http://www.cpr.pt/reinstalacao

    2.2. Consultas Anuais Tripartidas sobre Reinstalao (ATCR)As consultas anuais tripartidas sobre Reinstalao (ATCR) comearam em 1995. Este um evento anual que

    estimula o reforo da cooperao entre os governos, ONGs e do ACNUR na rea de reinstalao. Em 2014, o CPR

    participou nesta reflexo que teve lugar em Genebra de 24 a 26 de junho.

    2.3 Projetos Europeus de Reinstalao2.3.1. Rede Europeia de Reinstalao (ERN) - www.resettlement.eu

    A ERN tem como objetivo a criao de sinergias entre autarquias e entidades da sociedade civil dedicadas

    proteo e integrao de refugiados reinstalados. Desde a criao desta rede que o CPR tem desempenhado funes

    como Ponto Contacto Nacional da Rede em Portugal. Este mandato de um ano, entre junho de 2013 e junho de 2014,

    mereceu o reconhecimento da Rede Europeia de Reinstalao, coordenada pelo ACNUR, a Organizao Internacional

    para as Migraes (OIM), e a International Catholic Migration Commission (ICMC), tendo sido prolongado por um perodo

    adicional de seis meses, at dezembro de 2014.

    Durante este perodo, o CPR promoveu a recolha e a disseminao de informao e conhecimento sobre a

    reinstalao entre os parceiros nacionais, promovendo, igualmente, a sua adeso e participao nas atividades da ERN.

    Em resultado deste trabalho, todos os parceiros nacionais ativamente envolvidos na reinstalao, incluindo entidades

    governamentais, no governamentais, bem como autarquias locais, nomeadamente a Cmara Municipal de Lisboa,

    aderiram a esta rede.

    O CPR participou na reunio da ERN dedicada "Reinstalao na Europa, Consolidao e Novas Oportunidades",

    que decorreu em Bruxelas, a 20 e 21 de novembro de 2014. A pedido da

    ERN e da coordenao da Plataforma Global para os Estudantes Srios,

    o representante do CPR realizou, durante o primeiro dia da reunio,

    uma apresentao sobre a iniciativa lanada pelo Dr. Jorge Sampaio,

    em prol do acesso ao ensino por parte de estudantes srios impedidos

    de estudar devido crise humanitria em curso no pas.

    2.3.2. Participao no projeto SHARE IIO CPR participou, igualmente, no projeto SHARE II, financiado

    pelas aes comunitrias do Fundo Europeu para os Refugiados (FER).

    A iniciativa, coordenada pela ICMC, visa reforar a capacidade dos

    Estados membros da UE, incluindo das autarquias locais e da sociedade

    civil, no que respeita ao acolhimento e a integrao dos refugiados

    reinstalados.

    Neste mbito, o CPR promoveu, e coordenou, os contributos das

    autarquias de Lisboa e de Loures para as atividades do projeto, em

    particular no que respeita aos Guias de Cidades de Reinstalao (Share

    City Guides). O CPR colaborou, igualmente, com a investigao

    realizada no mbito do projeto relativa resposta europeia crise de

    refugiados sria. Ainda no mbito do SHARE II, este Conselho participou

    na atividade do projeto 'SHARING through Mentoring' onde teve ocasio

    de contribuir no Seminrio sobre Voluntariado que decorreu em

    Maastricht, Holanda, nos dias 13 e 14 de outubro.

    10CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014 03

    APOIOSOCIAL

  • 13

    3. APOIO SOCIAL

    3.1 Objetivos do Apoio Social do CPRVisando garantir condies dignas e adequadas receo e acolhimento de requerentes e beneficirios de

    proteo internacional em Portugal, o Apoio Social do CPR tem como principais objetivos catalisar as competncias e

    potencialidades de cada beneficirio atravs de um plano de interveno holstico que visa apoiar e promover a

    autonomizao e integrao dos beneficirios em Portugal.

    O Apoio Social, prestado por este Conselho durante todas as fases do processo de asilo, abrange, para alm do

    alojamento nos centros de acolhimento, o apoio pecunirio para subsistncia, transportes e despesas pessoais, apoio

    para assistncia mdica e medicamentosa, apoio para documentao, e distribuio de bens alimentares doados pelo

    Banco Alimentar contra a Fome e no mbito do Projeto Zero Desperdcios promovido pela Cmara Municipal de Loures.

    Para alm dos apoios descritos anteriormente, existe, ainda, um Banco de Roupa doada, ao qual os beneficirios podem

    aceder duas vezes por semana.

    No caso especfico do alojamento, o CPR dispe de dois centros de acolhimento: o Centro de Acolhimento para

    Refugiados (CAR), na Bobadela, destinado a receber famlias e adultos isolados, requerentes de proteo internacional

    ou refugiados reinstalados em Portugal; e o Centro de Acolhimento para Crianas Refugiadas (CACR), no Parque da

    Bela Vista em Lisboa, que tem por misso o acolhimento e acompanhamento dos Menores No Acompanhados

    requerentes e beneficirios de proteo internacional em Portugal.

    Tendo em conta o aumento do nmero de pedidos de proteo internacional, os 42 lugares do CAR tm-se revelado

    insuficientes pelo que o CPR tem continuado a recorrer a alojamento externo, no caso dos adultos e famlias, quer em

    quartos, penses ou pequenos apartamentos no caso dos agregados familiares mais numerosos.

    No que concerne ao Centro de Acolhimento para Crianas Refugiadas, estima-se que a estada de cada criana seja volta de seis meses. Durante este perodo, executa-se um trabalho preparatrio de apoio ao reagrupamento familiar, de transferncia para um Lar de Infncia e Juventude ou em Autonomia de Vida.

    3.1.1 Centro de Acolhimento para Refugiados: acolhimento e servios Para alm da receo e acolhimento dos requerentes e beneficirios de proteo internacional, desenvolvem-se,

    no Centro de Acolhimento para Refugiados, servios de apoio complementar que abrangem no s os residentes como

    tambm antigos residentes do CAR.

    Apoios prestados na fase inicial de estadia so os seguintes:

    Alojamento inicial, de carter transitrio;

    Aconselhamento jurdico;

    Aconselhamento social;

    Gabinete de Insero Profissional (GIP);

    Formao em Lngua Portuguesa;

    Distribuio de produtos alimentares;

    Banco de roupas doadas;

    Atividades desportivas e de lazer;

    Lavandaria e engomadoria;

    Cozinha comum, para confeo de refeies;

    Biblioteca / mediateca;

    Atividades de sensibilizao sobre Asilo e Refugiados.

    3.1.1.1 Caracterizao da populao beneficiria do CAR semelhana de anos anteriores, o perfil do requerente de proteo internacional beneficirio de apoio social do

    CPR mantm-se: homem, na faixa etria dos 30 anos, solteiro, em situao de insuficincia econmica e que chega

    sozinho a Portugal. No decurso do ano de 2014, foram apoiados atravs do CAR 435 beneficirios (291 homens e 144

    mulheres). De entre a totalidade da populao, foram acolhidos e apoiados 55 agregados familiares.

    Tendo em conta a contnua situao de sobrelotao, a populao dividiu-se entre alojamento externo, tendo

    53,8% da populao sido acolhida no CAR e 46,2% da populao apoiada em alojamento externo.

    3.1.1.2 Principais reas de interveno socialDurante o ano em anlise, foram realizados 1342 atendimentos sociais no CAR. No decurso dos atendimentos, as

    questes mais abordadas foram: Sade (38%), Habitao (29%) e Situao Legal (21,5%).

    semelhana de 2013, a habitao surge como principal preocupao apresentada pelos requerentes, devido

    deslocalizao promovida no mbito do Protocolo de Cooperao em Matria de Apoio a Requerentes de Asilo e

    Refugiados, em vigor desde setembro de 2012, sendo que se tem revelado importante a prestao de esclarecimentos

    acerca deste processo e as condies de acolhimento nos diversos distritos mobilizados. A equipa tcnica do CAR, no

    mbito do referido Protocolo de Cooperao, tem continuado a participar nas reunies mensais de parceiros, durante as

    CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

    12CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

    quais se discutem os casos individuais que necessitem de apoio do Instituto da Segurana Social ou da Santa Casa da

    Misericrdia de Lisboa. Assim, durante o ano de 2014, foram elaborados e remetidos ao Grupo Operativo 171 relatrios

    sociais, referentes a um total de 238 pessoas.

    3.1.1.3 Redes e parcerias Durante o ano de 2014, mantiveram-se as parcerias com o Banco Alimentar Contra a Fome e o Fundo Europeu de

    Auxlio a Carenciados (FEAC), em ambas as vertentes beneficiria e mediadora.

    Tambm se manteve a parceria com a Pastelaria Bobadelense Torp que diariamente oferece bens de pastelaria

    aos beneficirios, bem como o Projeto Zero Desperdcios, promovido pela Cmara Municipal de Loures e atravs do

    qual o supermercado Pingo Doce da Bobadela, doa trs vezes por semana, os seus excedentes alimentares.

    No que diz respeito sade, manteve-se a estreita cooperao com o CAVITOP, proporcionando-se, assim, um

    acompanhamento regular da sade emocional e psicolgica dos requerentes e beneficirios de proteo internacional

    que dele necessitem. Celebrou-se, tambm, um acordo com a Clnica Optocentro, que permite a realizao de trs

    consultas de oftalmologia, por ms, e consequente obteno gratuita de culos graduados e com a Clnica

    Estomatolgica Portuglia que semanalmente recebe, gratuitamente, uma pessoa encaminhada pelo CPR.

    O Centro de Acolhimento continuou a contar com o apoio de diversas entidades, nomeadamente o Sindicato dos

    Jogadores Profissionais de Futebol, a Associao Amigos de Sempre - Lar de Idosos, o Centro de Diagnstico de

    Pneumologia, os Agrupamentos de Escolas da Bobadela e de So Joo da Talha, o Centro de Emprego de Loures -

    Servio de Emprego de Moscavide, entre muitos outros.

    Principais desafiosA gesto do Centro de Acolhimento para Refugiados tem continuado a revelar-se desafiante, na medida em

    que as infraestruturas so utilizadas permanentemente, por populaes de nacionalidades, costumes e credos

    diferentes.

    Tambm a sade pblica continua a ser uma das principais preocupaes do CAR: devido crise de infeo por

    vrus bola que afetou a Libria, a Guin-Conacri e a Serra Leoa, o CPR adotou os procedimentos indicados pela

    Direo Geral de Sade acerca do despiste de perfis de risco, limpeza e desinfeo de espaos e criao de um quarto

    de isolamento para eventuais situaes de emergncia.

    3.1.2 Centro de Acolhimento para Crianas Refugiadas: acolhimento e serviosO Centro de Acolhimento para Crianas Refugiadas um Centro de Acolhimento Temporrio (CAT) que acolhe

    unicamente as crianas e jovens que chegam a Portugal, no acompanhadas de algum adulto por elas responsvel,

    requerentes de proteo internacional ou reinstaladas. O seu encaminhamento feito, por essa razo, pelo SEF que

    sinaliza o jovem para o Ministrio Pblico. Regra geral, a medida judicial ou da Comisso Proteo Crianas e Jovens

    (CPCJ) s ocorre aps o acolhimento no centro.

    Apesar de a mdia de permanncia no centro ter sido de 180 dias (6 meses), o tempo estimado para um CAT, o

    acolhimento estabelecido de acordo com as necessidades da criana/ jovem, das medidas de promoo e proteo, da

    capacidade de resposta das outras entidade que iro acolher ou apoiar posteriormente e da vontade do jovem. Neste

    sentido, h jovens que permanecem menos tempo e outros que chegam a ultrapassar o perodo de um ano.

    Os servios disponibilizados no centro incluem a prestao de informao jurdica, social, o ensino da lngua

    Portuguesa, o apoio aos atos administrativos, a explicao da cultura e territrio Portugueses, na capacitao para a

    autonomia e resilincia, promovem-se atividades de tempos livres e procura-se assistir na articulao com servios

    pertinentes ao projeto de vida dos jovens.

    Esta Casa Para o Mundo procura ser um porto seguro e de partida onde os jovens se preparam para a fase

    seguinte da sua vida.

  • 13

    3. APOIO SOCIAL

    3.1 Objetivos do Apoio Social do CPRVisando garantir condies dignas e adequadas receo e acolhimento de requerentes e beneficirios de

    proteo internacional em Portugal, o Apoio Social do CPR tem como principais objetivos catalisar as competncias e

    potencialidades de cada beneficirio atravs de um plano de interveno holstico que visa apoiar e promover a

    autonomizao e integrao dos beneficirios em Portugal.

    O Apoio Social, prestado por este Conselho durante todas as fases do processo de asilo, abrange, para alm do

    alojamento nos centros de acolhimento, o apoio pecunirio para subsistncia, transportes e despesas pessoais, apoio

    para assistncia mdica e medicamentosa, apoio para documentao, e distribuio de bens alimentares doados pelo

    Banco Alimentar contra a Fome e no mbito do Projeto Zero Desperdcios promovido pela Cmara Municipal de Loures.

    Para alm dos apoios descritos anteriormente, existe, ainda, um Banco de Roupa doada, ao qual os beneficirios podem

    aceder duas vezes por semana.

    No caso especfico do alojamento, o CPR dispe de dois centros de acolhimento: o Centro de Acolhimento para

    Refugiados (CAR), na Bobadela, destinado a receber famlias e adultos isolados, requerentes de proteo internacional

    ou refugiados reinstalados em Portugal; e o Centro de Acolhimento para Crianas Refugiadas (CACR), no Parque da

    Bela Vista em Lisboa, que tem por misso o acolhimento e acompanhamento dos Menores No Acompanhados

    requerentes e beneficirios de proteo internacional em Portugal.

    Tendo em conta o aumento do nmero de pedidos de proteo internacional, os 42 lugares do CAR tm-se revelado

    insuficientes pelo que o CPR tem continuado a recorrer a alojamento externo, no caso dos adultos e famlias, quer em

    quartos, penses ou pequenos apartamentos no caso dos agregados familiares mais numerosos.

    No que concerne ao Centro de Acolhimento para Crianas Refugiadas, estima-se que a estada de cada criana seja volta de seis meses. Durante este perodo, executa-se um trabalho preparatrio de apoio ao reagrupamento familiar, de transferncia para um Lar de Infncia e Juventude ou em Autonomia de Vida.

    3.1.1 Centro de Acolhimento para Refugiados: acolhimento e servios Para alm da receo e acolhimento dos requerentes e beneficirios de proteo internacional, desenvolvem-se,

    no Centro de Acolhimento para Refugiados, servios de apoio complementar que abrangem no s os residentes como

    tambm antigos residentes do CAR.

    Apoios prestados na fase inicial de estadia so os seguintes:

    Alojamento inicial, de carter transitrio;

    Aconselhamento jurdico;

    Aconselhamento social;

    Gabinete de Insero Profissional (GIP);

    Formao em Lngua Portuguesa;

    Distribuio de produtos alimentares;

    Banco de roupas doadas;

    Atividades desportivas e de lazer;

    Lavandaria e engomadoria;

    Cozinha comum, para confeo de refeies;

    Biblioteca / mediateca;

    Atividades de sensibilizao sobre Asilo e Refugiados.

    3.1.1.1 Caracterizao da populao beneficiria do CAR semelhana de anos anteriores, o perfil do requerente de proteo internacional beneficirio de apoio social do

    CPR mantm-se: homem, na faixa etria dos 30 anos, solteiro, em situao de insuficincia econmica e que chega

    sozinho a Portugal. No decurso do ano de 2014, foram apoiados atravs do CAR 435 beneficirios (291 homens e 144

    mulheres). De entre a totalidade da populao, foram acolhidos e apoiados 55 agregados familiares.

    Tendo em conta a contnua situao de sobrelotao, a populao dividiu-se entre alojamento externo, tendo

    53,8% da populao sido acolhida no CAR e 46,2% da populao apoiada em alojamento externo.

    3.1.1.2 Principais reas de interveno socialDurante o ano em anlise, foram realizados 1342 atendimentos sociais no CAR. No decurso dos atendimentos, as

    questes mais abordadas foram: Sade (38%), Habitao (29%) e Situao Legal (21,5%).

    semelhana de 2013, a habitao surge como principal preocupao apresentada pelos requerentes, devido

    deslocalizao promovida no mbito do Protocolo de Cooperao em Matria de Apoio a Requerentes de Asilo e

    Refugiados, em vigor desde setembro de 2012, sendo que se tem revelado importante a prestao de esclarecimentos

    acerca deste processo e as condies de acolhimento nos diversos distritos mobilizados. A equipa tcnica do CAR, no

    mbito do referido Protocolo de Cooperao, tem continuado a participar nas reunies mensais de parceiros, durante as

    CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

    12CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

    quais se discutem os casos individuais que necessitem de apoio do Instituto da Segurana Social ou da Santa Casa da

    Misericrdia de Lisboa. Assim, durante o ano de 2014, foram elaborados e remetidos ao Grupo Operativo 171 relatrios

    sociais, referentes a um total de 238 pessoas.

    3.1.1.3 Redes e parcerias Durante o ano de 2014, mantiveram-se as parcerias com o Banco Alimentar Contra a Fome e o Fundo Europeu de

    Auxlio a Carenciados (FEAC), em ambas as vertentes beneficiria e mediadora.

    Tambm se manteve a parceria com a Pastelaria Bobadelense Torp que diariamente oferece bens de pastelaria

    aos beneficirios, bem como o Projeto Zero Desperdcios, promovido pela Cmara Municipal de Loures e atravs do

    qual o supermercado Pingo Doce da Bobadela, doa trs vezes por semana, os seus excedentes alimentares.

    No que diz respeito sade, manteve-se a estreita cooperao com o CAVITOP, proporcionando-se, assim, um

    acompanhamento regular da sade emocional e psicolgica dos requerentes e beneficirios de proteo internacional

    que dele necessitem. Celebrou-se, tambm, um acordo com a Clnica Optocentro, que permite a realizao de trs

    consultas de oftalmologia, por ms, e consequente obteno gratuita de culos graduados e com a Clnica

    Estomatolgica Portuglia que semanalmente recebe, gratuitamente, uma pessoa encaminhada pelo CPR.

    O Centro de Acolhimento continuou a contar com o apoio de diversas entidades, nomeadamente o Sindicato dos

    Jogadores Profissionais de Futebol, a Associao Amigos de Sempre - Lar de Idosos, o Centro de Diagnstico de

    Pneumologia, os Agrupamentos de Escolas da Bobadela e de So Joo da Talha, o Centro de Emprego de Loures -

    Servio de Emprego de Moscavide, entre muitos outros.

    Principais desafiosA gesto do Centro de Acolhimento para Refugiados tem continuado a revelar-se desafiante, na medida em

    que as infraestruturas so utilizadas permanentemente, por populaes de nacionalidades, costumes e credos

    diferentes.

    Tambm a sade pblica continua a ser uma das principais preocupaes do CAR: devido crise de infeo por

    vrus bola que afetou a Libria, a Guin-Conacri e a Serra Leoa, o CPR adotou os procedimentos indicados pela

    Direo Geral de Sade acerca do despiste de perfis de risco, limpeza e desinfeo de espaos e criao de um quarto

    de isolamento para eventuais situaes de emergncia.

    3.1.2 Centro de Acolhimento para Crianas Refugiadas: acolhimento e serviosO Centro de Acolhimento para Crianas Refugiadas um Centro de Acolhimento Temporrio (CAT) que acolhe

    unicamente as crianas e jovens que chegam a Portugal, no acompanhadas de algum adulto por elas responsvel,

    requerentes de proteo internacional ou reinstaladas. O seu encaminhamento feito, por essa razo, pelo SEF que

    sinaliza o jovem para o Ministrio Pblico. Regra geral, a medida judicial ou da Comisso Proteo Crianas e Jovens

    (CPCJ) s ocorre aps o acolhimento no centro.

    Apesar de a mdia de permanncia no centro ter sido de 180 dias (6 meses), o tempo estimado para um CAT, o

    acolhimento estabelecido de acordo com as necessidades da criana/ jovem, das medidas de promoo e proteo, da

    capacidade de resposta das outras entidade que iro acolher ou apoiar posteriormente e da vontade do jovem. Neste

    sentido, h jovens que permanecem menos tempo e outros que chegam a ultrapassar o perodo de um ano.

    Os servios disponibilizados no centro incluem a prestao de informao jurdica, social, o ensino da lngua

    Portuguesa, o apoio aos atos administrativos, a explicao da cultura e territrio Portugueses, na capacitao para a

    autonomia e resilincia, promovem-se atividades de tempos livres e procura-se assistir na articulao com servios

    pertinentes ao projeto de vida dos jovens.

    Esta Casa Para o Mundo procura ser um porto seguro e de partida onde os jovens se preparam para a fase

    seguinte da sua vida.

  • 3.1.2.1 Caracterizao da populao beneficiria do CACREm 2014, o CACR acolheu 38 jovens entre os 9 e 18 anos de idade, oriundos 14 pases de frica e sia. Os pases

    mais representados foram a Guin Conacri (15), o Mali (5) e a Nigria (4).

    Cerca de 76% dos jovens eram do sexo masculino e a maioria tinha entre os 15 e os 18 anos. Estes jovens tm uma

    maior mobilidade, pelo facto de estarem desenraizados e terem contatos com familiares, amigos ou conhecidos noutros

    pases europeus, o que se reflete na taxa de abandono do CACR, 13 jovens ao longo do ano. De assinalar, no entanto, que

    9 destes jovens optaram por regressar, pelos seus prprios meios e iniciativa, ao CACR.

    A generalidade dos beneficirios possua escolaridade ao nvel do 3 ciclo, no entanto, 3 no tinham qualquer

    escolaridade, sendo necessrio a sua alfabetizao. Em alguns casos, a baixa escolaridade, associada ausncia de

    documentos comprovativos da mesma e faixa etria elevada, impossibilitou a sua integrao escolar. Em casos

    similares foram definidos com os jovens percursos alternativos e estabelecidos programas de voluntariado em reas do

    seu interesse.

    3.1.2.2 Principais reas de interveno socialRegistaram-se 723 atendimentos sociais, numa mdia de 60 atendimentos mensais. No mbito do atendimento

    social efetuado um autodiagnstico pelo jovem e com base nele definido um plano de interveno pessoal. Nos

    atendimentos tambm se estimula uma reflexo sobre as expetativas dos jovens em relao vida em Portugal, assim

    como as suas ambies, dvidas e dificuldades.

    O plano de interveno pessoal pode incluir a localizao de familiares, o reagrupamento familiar, a

    aprendizagem da lngua Portuguesa, a insero escolar ou formativa, os programas de voluntariado, as atividades

    desportivas e recreativas, culturais, de capacitao, etc.

    Tipologia de interveno

    Sendo a assistente social a pessoa que trata da inscrio escolar e a encarregada de educao dos jovens nas

    escolas, as questes ligadas educao (20%) foram as mais debatidas em sede de atendimento social. Questes

    inerentes situao legal, nomeadamente, no mbito do procedimento e da proteo de crianas e jovens (17%) so

    recorrentes. Estes assuntos implicam uma articulao prxima com o grupo jurdico do CPR e o acompanhamento dos

    jovens a entidades como o SEF, o Tribunal de Famlia e Menores, a CPCJ, entre outros. A sade (14%) e habitao (11%)

    tambm so temas relevantes que, semelhana das reas anteriores, tambm implicam acompanhamentos a

    entidades como o Centro de Sade de Marvila, Hospitais, Clnicas Mdicas, Escolas, procura de habitao, para

    assegurar o bem-estar e desenvolvimento, para debater questes inerentes vivncia no centro ou apoiar na pesquisa

    de habitao quando o momento de viverem em autonomia de vida ou com o apoio da Segurana Social.

    14

    20% 4% 7% 9% 4% 4% 17% 14% 11% 6% 4%

    Educao

    Subsistncia

    Atividade sociocultural

    Transportes e Comunicaes

    Outros

    Vesturio

    Situao legal

    Sade

    Habitao

    Formao

    Emprego

    CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

    3.1.2.3 Redes e parcerias A integrao numa sociedade um ato coletivo e, necessariamente, participativo. Neste sentido, as redes e

    parcerias so essenciais. Os jovens acolhidos no CACR, em 2014, puderam contar com diversos parceiros, redes e

    programas em reas distintas, dos quais destacamos os seguintes:

    A Cmara Municipal de Lisboa pelo financiamento, obtido no mbito do projeto RAAML, e apoio prestado a nvel

    social e cultural, essencial para o conhecimento do territrio, cultura e patrimnio lisboeta / portugus;

    As diversas entidades que compem o Grupo Operativo na definio de intervenes para os jovens recm

    adultos;

    Cruz Vermelha Portuguesa - Servio de Restabelecimento de Laos Familiares tendo em vista futuros

    reagrupamentos familiares;

    SCEP - Separated Children European Program (Programa Europeu de Crianas Separadas) que tem permitido

    uma aprendizagem sobre esta populao a nvel europeu;

    Rede Alargada de Instituies para o Acolhimento e Integrao de Refugiados pela troca de saberes e procura de

    solues;

    Rede Social de Lisboa, Comisso Social de Marvila e Grupo Comunitrio do Bairro do Armador que nos diversos

    planos locais de atuao procuram a coeso e desenvolvimento social;

    O Observatrio de Trfico de Seres Humanos e a APF na proteo s vtimas de trfico de seres humanos;

    Nuclisol - Instituto Jean Piaget, Agir XXI e Banco Alimentar que abriram as suas portas aos jovens voluntrios do

    CACR;

    Dr. Risadas, da Misso Sorriso, para o rastreio oral e sensibilizao para a higiene oral;

    Optocentro que tem assegurado apoio a nvel oftalmolgico aos jovens;

    Fundao Lus Figo que convidou os jovens para assistirem ao circo;

    A Fundao Benfica, Clube Desportivo de Arroios, guias da Musgueira, Clube Paulo Seco e Atltico Clube de

    Moscavide que tm, atravs do desporto, alargado horizontes e amizades s crianas do Centro.

    Principais desafiosOs principais desafios situam-se a nvel:

    Estrutural, inerentes a questes de sustentabilidade financeira que implicam uma constante procura de programas,

    projetos, patrocinadores, parceiros e, consequentemente, a existncia de uma equipa tcnica e educativa mais

    reduzida;

    Funcionais, aumentar o voluntariado no centro para apoio ao estudo e realizao de atividades com os jovens;

    alargar o leque de parceiros que os acolhem e orientam o voluntariado e estgios dos jovens, do CACR, em mais reas

    do seu interesse.

    Ambientais, referentes a oportunidades de ambientes familiares (Famlias Amigas) na ausncia de famlias de

    acolhimento e apadrinhamento civil e efetiva capacidade de garantir a segurana dos jovens que chegam a Portugal

    por via da atuao das redes de trfico de seres humanos.

    15CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

    Afeganisto

    Congo

    Costa do Marfim

    Guin Conacri

    Iro

    Marrocos

    Mali

    Nigria

    Paquisto

    R. D. Congo

    Senegal

    Serra Leoa

    Sri Lanka

    Togo

    Total

    Nacionalidade Total Transitaram para 2015Sexo Feminino

    0

    0

    0

    1

    1

    0

    1

    3

    0

    1

    1

    1

    0

    0

    9 (24%)

    Sexo Masculino

    1

    1

    1

    14

    1

    1

    4

    1

    1

    1

    0

    1

    1

    1

    29 (76%)

    1

    1

    1

    15

    2

    1

    5

    4

    1

    2

    1

    2

    1

    1

    38

    1

    0

    1

    1

    0

    0

    3

    2

    0

    2

    0

    1

    1

    1

    13

  • 3.1.2.1 Caracterizao da populao beneficiria do CACREm 2014, o CACR acolheu 38 jovens entre os 9 e 18 anos de idade, oriundos 14 pases de frica e sia. Os pases

    mais representados foram a Guin Conacri (15), o Mali (5) e a Nigria (4).

    Cerca de 76% dos jovens eram do sexo masculino e a maioria tinha entre os 15 e os 18 anos. Estes jovens tm uma

    maior mobilidade, pelo facto de estarem desenraizados e terem contatos com familiares, amigos ou conhecidos noutros

    pases europeus, o que se reflete na taxa de abandono do CACR, 13 jovens ao longo do ano. De assinalar, no entanto, que

    9 destes jovens optaram por regressar, pelos seus prprios meios e iniciativa, ao CACR.

    A generalidade dos beneficirios possua escolaridade ao nvel do 3 ciclo, no entanto, 3 no tinham qualquer

    escolaridade, sendo necessrio a sua alfabetizao. Em alguns casos, a baixa escolaridade, associada ausncia de

    documentos comprovativos da mesma e faixa etria elevada, impossibilitou a sua integrao escolar. Em casos

    similares foram definidos com os jovens percursos alternativos e estabelecidos programas de voluntariado em reas do

    seu interesse.

    3.1.2.2 Principais reas de interveno socialRegistaram-se 723 atendimentos sociais, numa mdia de 60 atendimentos mensais. No mbito do atendimento

    social efetuado um autodiagnstico pelo jovem e com base nele definido um plano de interveno pessoal. Nos

    atendimentos tambm se estimula uma reflexo sobre as expetativas dos jovens em relao vida em Portugal, assim

    como as suas ambies, dvidas e dificuldades.

    O plano de interveno pessoal pode incluir a localizao de familiares, o reagrupamento familiar, a

    aprendizagem da lngua Portuguesa, a insero escolar ou formativa, os programas de voluntariado, as atividades

    desportivas e recreativas, culturais, de capacitao, etc.

    Tipologia de interveno

    Sendo a assistente social a pessoa que trata da inscrio escolar e a encarregada de educao dos jovens nas

    escolas, as questes ligadas educao (20%) foram as mais debatidas em sede de atendimento social. Questes

    inerentes situao legal, nomeadamente, no mbito do procedimento e da proteo de crianas e jovens (17%) so

    recorrentes. Estes assuntos implicam uma articulao prxima com o grupo jurdico do CPR e o acompanhamento dos

    jovens a entidades como o SEF, o Tribunal de Famlia e Menores, a CPCJ, entre outros. A sade (14%) e habitao (11%)

    tambm so temas relevantes que, semelhana das reas anteriores, tambm implicam acompanhamentos a

    entidades como o Centro de Sade de Marvila, Hospitais, Clnicas Mdicas, Escolas, procura de habitao, para

    assegurar o bem-estar e desenvolvimento, para debater questes inerentes vivncia no centro ou apoiar na pesquisa

    de habitao quando o momento de viverem em autonomia de vida ou com o apoio da Segurana Social.

    14

    20% 4% 7% 9% 4% 4% 17% 14% 11% 6% 4%

    Educao

    Subsistncia

    Atividade sociocultural

    Transportes e Comunicaes

    Outros

    Vesturio

    Situao legal

    Sade

    Habitao

    Formao

    Emprego

    CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

    3.1.2.3 Redes e parcerias A integrao numa sociedade um ato coletivo e, necessariamente, participativo. Neste sentido, as redes e

    parcerias so essenciais. Os jovens acolhidos no CACR, em 2014, puderam contar com diversos parceiros, redes e

    programas em reas distintas, dos quais destacamos os seguintes:

    A Cmara Municipal de Lisboa pelo financiamento, obtido no mbito do projeto RAAML, e apoio prestado a nvel

    social e cultural, essencial para o conhecimento do territrio, cultura e patrimnio lisboeta / portugus;

    As diversas entidades que compem o Grupo Operativo na definio de intervenes para os jovens recm

    adultos;

    Cruz Vermelha Portuguesa - Servio de Restabelecimento de Laos Familiares tendo em vista futuros

    reagrupamentos familiares;

    SCEP - Separated Children European Program (Programa Europeu de Crianas Separadas) que tem permitido

    uma aprendizagem sobre esta populao a nvel europeu;

    Rede Alargada de Instituies para o Acolhimento e Integrao de Refugiados pela troca de saberes e procura de

    solues;

    Rede Social de Lisboa, Comisso Social de Marvila e Grupo Comunitrio do Bairro do Armador que nos diversos

    planos locais de atuao procuram a coeso e desenvolvimento social;

    O Observatrio de Trfico de Seres Humanos e a APF na proteo s vtimas de trfico de seres humanos;

    Nuclisol - Instituto Jean Piaget, Agir XXI e Banco Alimentar que abriram as suas portas aos jovens voluntrios do

    CACR;

    Dr. Risadas, da Misso Sorriso, para o rastreio oral e sensibilizao para a higiene oral;

    Optocentro que tem assegurado apoio a nvel oftalmolgico aos jovens;

    Fundao Lus Figo que convidou os jovens para assistirem ao circo;

    A Fundao Benfica, Clube Desportivo de Arroios, guias da Musgueira, Clube Paulo Seco e Atltico Clube de

    Moscavide que tm, atravs do desporto, alargado horizontes e amizades s crianas do Centro.

    Principais desafiosOs principais desafios situam-se a nvel:

    Estrutural, inerentes a questes de sustentabilidade financeira que implicam uma constante procura de programas,

    projetos, patrocinadores, parceiros e, consequentemente, a existncia de uma equipa tcnica e educativa mais

    reduzida;

    Funcionais, aumentar o voluntariado no centro para apoio ao estudo e realizao de atividades com os jovens;

    alargar o leque de parceiros que os acolhem e orientam o voluntariado e estgios dos jovens, do CACR, em mais reas

    do seu interesse.

    Ambientais, referentes a oportunidades de ambientes familiares (Famlias Amigas) na ausncia de famlias de

    acolhimento e apadrinhamento civil e efetiva capacidade de garantir a segurana dos jovens que chegam a Portugal

    por via da atuao das redes de trfico de seres humanos.

    15CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

    Afeganisto

    Congo

    Costa do Marfim

    Guin Conacri

    Iro

    Marrocos

    Mali

    Nigria

    Paquisto

    R. D. Congo

    Senegal

    Serra Leoa

    Sri Lanka

    Togo

    Total

    Nacionalidade Total Transitaram para 2015Sexo Feminino

    0

    0

    0

    1

    1

    0

    1

    3

    0

    1

    1

    1

    0

    0

    9 (24%)

    Sexo Masculino

    1

    1

    1

    14

    1

    1

    4

    1

    1

    1

    0

    1

    1

    1

    29 (76%)

    1

    1

    1

    15

    2

    1

    5

    4

    1

    2

    1

    2

    1

    1

    38

    1

    0

    1

    1

    0

    0

    3

    2

    0

    2

    0

    1

    1

    1

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    4. INTEGRAO A integrao dos requerentes e beneficirios de proteo internacional um processo dinmico e

    multidimensional, cujos primeiros passos comeam no acolhimento. Refere-se a uma participao efetiva nas diversas

    dimenses da vida econmica, social, cultural, civil e poltica do pas de asilo, dependendo no apenas dos prprios

    refugiados, como tambm da sociedade de acolhimento a quem incumbe criar oportunidades e iniciativas que facilitem

    o acesso aos recursos e aos processos de tomada de deciso.

    A insero formativa e/ou laboral assume particular relevncia neste processo, razo pela qual funciona no CPR,

    desde 2001, um servio de emprego e formao profissional que apoia a este nvel os requerentes e beneficirios de

    proteo internacional. Este servio foi disponibilizado comunidade envolvente em 2009, atravs do Gabinete de

    Insero Profissional (GIP), em parceria com o Instituto de Emprego e Formao Profissional (I.E.F.P.).

    4.1 Caracterizao da populao beneficiriaDurante o ano de 2014, o GIP do CPR registou 237 novas inscries, tendo sido dada continuidade, igualmente, ao

    apoio prestado a candidatos inscritos em anos anteriores.

    A populao beneficiria deste servio bastante diversificada quanto aos seus percursos pessoais, sociais e

    profissionais, facto que se reflete, desde logo, na heterogeneidade de nacionalidades registadas: 41. Neste mbito,

    Portugal o pas mais representativo (57 candidatos), seguido da Ucrnia (25), do Paquisto (23), da Guin-Conacri (13),

    do Iro (10) e da Serra Leoa (8).

    No que diz respeito faixa etria, cerca de 46% dos beneficirios inscritos tm entre 31 e 54 anos, 26% entre 24 e 30

    anos, 21% entre 16 e 23 anos e 7% mais de 55 anos de idade, distribudos equitativamente entre sexo feminino e

    masculino. Quanto escolaridade dos beneficirios, a maioria apresenta grau escolar igual ou superior ao 12. ano

    (55%), 20% dos novos utentes tem entre o 9. e o 12. ano, 13% entre o 6. e o 9. ano e 9% apresenta escolaridade

    inferior ao 6. ano. Registaram-se, ainda, alguns casos de iliteracia e analfabetismo (3%). Por outro lado, e atendendo

    diversidade lingustica que necessariamente caracteriza uma populao oriunda de tantos pases diferentes,

    verificaram-se situaes em que o candidato no domina o alfabeto latino, pese embora tenha integrado o sistema

    oficial de ensino no seu pas de origem.

    Relativamente rea profissional dos candidatos, verificam-se percursos muito distintos, sendo que a hotelaria, a

    restaurao e o comrcio so as reas mais predominantes.

    Face diversidade que assinala a populao beneficiria deste servio, a interveno desenvolvida

    necessariamente individualizada, holstica e integrada, identificando-se o potencial de cada cidado e considerando as

    suas necessidades especficas com vista ao pleno sucesso da sua integrao.

    4.2 Principais reas de interveno: o GIPO Gabinete de Insero Profissional "Novos Espaos - Novas Oportunidades" do CPR consiste num servio

    desenvolvido em estreita parceria com o Centro de Emprego de Loures - Servio de Emprego de Moscavide.

    Em 2014, foram realizados no GIP 931 atendimentos individuais a requerentes e beneficirios de proteo

    internacional, imigrantes e cidados portugueses, a par de contactos telefnicos e via correio eletrnico para

    acompanhamento e esclarecimento de dvidas. Neste mbito, os temas mais desenvolvidos foram a procura ativa de

    emprego, as medidas de apoio contratao e a informao / encaminhamento para oferta formativa.

    No perodo em anlise, foram ainda realizadas 98 sesses de informao coletiva, num total de 147 horas,

    abrangendo cada sesso cerca de 20 utentes convocados pelo Centro de Emprego de Loures - Servio de Emprego de

    Moscavide. As sesses tiveram como objetivo rever a situao profissional do candidato e/ou abordar os servios e as

    medidas de apoio do I.E.F.P., bem como as tcnicas de procura de emprego.

    Relativamente populao refugiada em particular, atendendo sua especificidade, foram realizados dois ciclos

    de sesses de tcnicas de procura de emprego, com vista aquisio de conhecimentos sobre Portugal enquanto

    sociedade de acolhimento e ao desenvolvimento de competncias pessoais, lingusticas e sociais, fundamentais sua

    integrao. Em todo o processo formativo, foi privilegiado o mtodo ativo (brainstorming, role-play, trabalhos em grupo,

    jogos pedaggicos, etc.), como forma de promover as relaes interpessoais e envolver os participantes no seu prprio

    percurso de aprendizagem. As aes foram enriquecidas com atividades outdoor, em parceria com outras entidades

    locais que trabalham na rea da empregabilidade.

    Desafios da IntegraoOs requerentes e beneficirios de proteo internacional enfrentam dificuldades especficas na sociedade de

    acolhimento que os tornam particularmente vulnerveis no acesso a uma vida laboral ativa. Estas dificuldades

    traduzem-se numa elevada taxa de desemprego entre a populao refugiada, em percursos de mobilidade profissional

    descendente e num processo de perda de autoestima e de excluso social que se vai agravando ao longo dos anos.

    Note-se, por exemplo, que 67% dos requerentes e beneficirios de proteo internacional inscritos no GIP em

    2014, no apresentam, devido s circunstncias de fuga dos seus pases de origem, documentos comprovativos das

    04

    INTEGRAO

    CPRRELATRIODE ATIVIDADES2014

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    4. INTEGRAO A integrao dos requerentes e beneficirios de proteo internacional um processo dinmico e

    multidimensional, cujos primeiros passos comeam no acolhimento. Refere-se a uma participao efetiva nas diversas

    dimenses da vida econmica, social, cultural, civil e poltica do pas de asilo, dependendo no apenas dos prprios

    refugiados, como tambm da sociedade de acolhimento a quem incumbe criar oportunidades e iniciativas que facilitem

    o acesso aos recursos e aos processos de tomada de deciso.

    A insero formativa e/ou laboral assume particular relevncia neste processo, razo pela qual funciona no CPR,

    desde 2001, um servio de emprego e formao profissional que apoia a este nvel os requerentes e beneficirios de

    proteo internacional. Este servio foi disponibilizado comunidade envolvente em 2009, atravs do Gabinete de

    Insero Profissional (GIP), em parceria com o Instituto de Emprego e Formao Profissional (I.E.F.P.).

    4.1 Caracterizao da populao beneficiriaDurante o ano de 2014, o GIP do CPR registou 237 novas inscries, tendo sido dada continuidade, igualmente, ao

    apoio prestado a candidatos inscritos em