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RELATÓRIO DA 4ª SECÇÃO DO VII CONGRESSO DOS ADVOGADOS PORTUGUESES, ELABORADO NOS TERMOS DO ARTIGO 18º DO RESPECTIVO REGULAMENTO GRUPO 1. CUSTAS, APOIO JUDICIÁRIO E PATROCÍNIO FORENSE Tese nº 1 - CUSTAS (Dr. João Castro Faria) Conclusões: 1) É necessário reduzir os montantes exigidos para a prática de actos processuais; 2) É necessário reduzir a um só o regime das custas processuais, aplicável a todos os processos; 3) É necessário simplificar e reduzir número de rubricas que classificam os actos processuais para efeitos de liquidação de taxa de justiça. 4) O regime de custas processuais pode complementar o instituto da litigância de má-fé, mas não pode ser uma medida de política para desincentivar o recurso aos Tribunais, como sucede no actual quadro. 5) Não é aceitável a previsão de reporte de honorários cobrados pelos mandatários em sede de cálculo de custas de parte, já que tal é perturbador da relação cliente /advogado e colide com o princípio da independência no exercício da advocacia.

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RELATÓRIO DA 4ª SECÇÃO DO VII CONGRESSO DOS ADVOGADOS PORTUGUESES, ELABORADO

NOS TERMOS DO ARTIGO 18º DO RESPECTIVO REGULAMENTO

GRUPO 1. CUSTAS, APOIO JUDICIÁRIO E PATROCÍNIO FORENSE

Tese nº 1 - CUSTAS

(Dr. João Castro Faria)

Conclusões:

1) É necessário reduzir os montantes exigidos para a prática de actos processuais;

2) É necessário reduzir a um só o regime das custas processuais, aplicável a todos os processos;

3) É necessário simplificar e reduzir número de rubricas que classificam os actos processuais

para efeitos de liquidação de taxa de justiça.

4) O regime de custas processuais pode complementar o instituto da litigância de má-fé, mas

não pode ser uma medida de política para desincentivar o recurso aos Tribunais, como sucede

no actual quadro.

5) Não é aceitável a previsão de reporte de honorários cobrados pelos mandatários em sede de

cálculo de custas de parte, já que tal é perturbador da relação cliente /advogado e colide com

o princípio da independência no exercício da advocacia.

Tese nº 3 - O ACESSO À JUSTIÇA DAS PESSOAS SINGULARES INSOLVENTES

(Drªs. Sandra Horta e Silva, Inês Soares de Castro e Mafalda de Oliveira)

Conclusões:

1) A Ordem dos Advogados deve pugnar pelo alargamento às pessoas singulares insolventes, das

isenções subjectivas de custas plasmadas no nº 1 do art.º 4º do Regulamento das Custas

Processuais

Tese nº 7 - TÓPICOS PARA REFLEXÃO ACERCA DE ALGUNS ASPECTOS RELEVANTES DO ACTUAL

REGULAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS

(Drs. José Rodrigues Lourenço, Ana Sofia de Sá Pereira e João Lobo do Amaral)

Conclusões:

1) A Ordem dos Advogados deverá pugnar por uma alteração de paradigma no que concerne às

custas processuais, porquanto estas deverão ser suportadas por quem dá causa à acção e não

por quem recorre ao tribunal para ver os seus direitos tutelados.

2) Quanto ao desconto aplicável às partes, que recorrem aos meios electrónicos, esta

diminuição merece veemente censura já que os Advogados têm elevados custos fixos, de molde

a dotarem os seus escritórios das tecnologias necessárias para o efeito.

3) A solução que consagra a admissibilidade da liquidação da taxa de justiça em duas prestações

é a adequada e a Ordem dos Advogados deve pugnar para que tal normativo se mantenha.

4) A Ordem dos Advogados deve pugnar para que seja inserida uma alteração no Regulamento

das Custas Processuais no sentido deste isentar de custas os Advogados, à semelhança do que

preconizou para outros agentes judiciários.

5) A Ordem dos Advogados deverá pugnar para que nos próximos anos, atento o contexto de

recessão económica, à escala mundial, não haja um aumento do valor das custas judiciais,

consolidadas pelo período de duração daquela.

6) A Ordem dos Advogados deverá pugnar para que a taxa de justiça especial para pessoas

colectivas comerciais seja abolida, por ser uma solução inadequada à nossa realidade

económico-social, que já demonstrou não se tratar de uma medida apta a atingir o objectivo do

descongestionamento dos tribunais.

7) A Ordem dos Advogados deve pugnar para que o sistema judicial se torne, efectivamente,

operante e não permitir que o legislador levante obstáculos à boa administração da justiça com

base em critérios de racionalidade económica.

8) A Ordem dos Advogados deve pugnar para que seja assegurado o direito fundamental à

justiça, não apenas por via do mecanismo do Acesso ao Direito, mas também através de uma

adequada regulamentação das Custas Processuais.

9) A Ordem dos Advogados deve pugnar para que se eliminem do RCP os critérios arbitrários na

tributação dos processos judiciais, atribuindo-se ao Juiz o poder de influir no custo de um

processo, o que contende com os princípios da igualdade e da separação de poderes.

Tese nº 17 - “O ACTUAL REGIME DE CUSTAS, VERDADEIRA DENEGAÇÃO DA JUSTIÇA POR

INSUFICIÊNCIA ECONÓMICA!”

(Dr. António Garcia Pereira)

Conclusões:

1) O actual regime de custas, pelo seu elevado e desproporcionado montante, impossibilita o

cidadão comum de aceder, como é seu direito fundamental (artº 20º, nº 1 do CRP), ao Direito e

aos Tribunais, para defesa dos seus interesses, devendo aquelas ser consideravelmente

reduzidas.

2) Deve ser rejeitada a lógica hoje em curso de, sob a invocação do “Acordo com a tróica” e

com o fim de diminuir administrativamente pendências, restringir ou dificultar ainda mais

aquele direito constitucional, até porque a Lei Fundamental não está suspensa.

3) O regime do Apoio Judiciário deve ter por pressupostos patamares de rendimentos bem mais

elevados que os actuais e só deve considerar os rendimentos da próprio parte do processo, e não

os de outros membros do respectivo agregado familiar.

4) Em determinadas jurisdições, com a laboral à cabeça, não deverá mesmo ser exigido, e muito

em particular em casos de impugnação de despedimento do cidadão, o pagamento antecipado

de qualquer taxa de justiça.

5) Deve ser de imediato revogado o regime especial de custas do Tribunal Constitucional, por o

mesmo não só permitir a fixação de custas elevadíssimas e muito acima do que resultaria da

aplicação do regime geral, como também por determinar que as custas e multas fixadas pelo

próprio Tribunal Constitucional constituam receita corrente do mesmo Tribunal, tornando-o

assim parte objectivamente interessada na improcedência das pretensões dos cidadãos.

Tese nº 23 - Apoio Judiciário: Uma Ideia de Mudança!

(Dr. António Barbosa)

Conclusões:

1) Deverá ser criada uma rede nacional de Gabinetes de Apoio Judiciário, geridos pelas

Delegações ou Agrupamentos de Delegações da Ordem dos Advogados, em parceria com a

Administração Local, de forma a garantir um eficaz serviço de informação e protecção jurídica

do cidadão;

2) Deverá ser reconhecido o papel fundamental dos Gabinetes de Apoio Judiciário na

concretização do direito de acesso ao direito e à justiça do cidadão carenciado, preso ou

internado;

3) Deverão ser integrados nos Gabinetes de Apoio Judiciário os Núcleos Especializados de apoio

ao cidadão que esteja privado de liberdade, tanto em estabelecimentos prisionais como em

centros educacionais;

4) A concessão do benefício de apoio judiciário deverá depender de um juízo prévio de

plausibilidade da pretensão do requerente, comprovado pelo advogado em serviço no Gabinete

de Apoio Judiciário, através da emissão de um certificado de plausibilidade do direito.

5) A consulta jurídica prestada no Gabinete de Apoio Judiciário, no momento de acesso, deverá

ser sujeita ao pagamento de taxa moderadora, como instrumento “moderador, racionalizador e

regulador” do acesso à prestação de serviços jurídicos.

Tese n.º 26 - Apoio Judiciário: Um novo paradigma

(Dr. José Rodrigues Lourenço)

Conclusões:

1) A apreciação da insuficiência económica não pode aferir-se, como se prevê no artigo 8º-A da

Lei nº 34/2004, a três quartos dos indexantes dos apoios sociais. Em bom rigor, e no limite,

qualquer requerente cujo agregado familiar tem um rendimento igual ou inferior ao salário

mínimo nacional não tem condições objectivas para suportar qualquer quantia relacionada com

os custos de um processo, devendo igualmente beneficiar de atribuição de agente de execução.

Assim na al. a) quando se refere "três quartos do indexante de apoios sociais " deve constar

"uma vez e meia o salário mínimo nacional"; a alínea b) deve ser aferida pelo valor do salário

mínimo nacional, e a alínea c) deve ser alterada para “superior a três vezes o salário mínimo

nacional”.

2) Deverão ser criadas presunções de insuficiência económica à semelhança da Lei 30-E/2000 e

uma válvula de escape que permita o AJ a pessoas que não integram o conceito de insuficiência

económica, por efeito da complexidade da causa independentemente do seu valor.

3) Deverá permitir-se a concessão de apoio judiciário às entidades com fins lucrativos que,

provando a sua insuficiência económica, demonstrem que o litígio para o qual é requerido o

apoio exorbita o seu escopo social, ocasionando custos consideravelmente superiores às

possibilidades económicas das mesmas.

4) No âmbito da Lei n.º 34/2004 deverá permitir-se que na apreciação da insuficiência

económica do trabalhador despedido, requerente de protecção jurídica, não seja considerado o

rendimento resultante do trabalho que este auferia antes da data do despedimento –

Apresentação à Insolvência de Pessoa Singular.

5) A impugnação judicial não pode ser directamente intentada pelo interessado, carecendo de

constituição obrigatória de advogado.

6) A informação jurídica deve ser prestada pelos advogados e advogados estagiários ou em

prática isolada, ou através de sociedades de advogados, ou aproveitando as escalas presenciais.

7) Deverá facultar-se a consulta jurídica e o apoio judiciário nos procedimentos de natureza

administrativa, bem como nos estabelecimentos prisionais.

8) Deverá consagrar-se o princípio da escolha pessoal e livre do mandatário no sistema de acesso

ao direito.

9) Devem ser obrigatoriamente remetidos para apreciação de uma comissão - referida na

anterior redacção do art.º 20.º, n.º 2 da Lei n.º 34/2004 (constituída por um magistrado

designado pelo Conselho Superior da Magistratura, um magistrado do Ministério Público

designado pelo Conselho Superior do Ministério Público, um advogado designado pela Ordem dos

Advogados e um representante do Ministério da Justiça) - através de um mecanismo de

apreciação casuística, os pedidos de apoio judiciário para propositura ou contestação de acções

em que se invoque a sua especial complexidade, eventualmente também determinada a partir

do seu valor, relativamente aos quais tenha sido decidido, através da aplicação das regras gerais

de aferição da insuficiência económica, a não concessão de apoio judiciário.

Tese nº 48 - O Patrocínio Forense, o Mandato a Advogado e o Apoio Judiciário

(Dr. Pedro Delille)

Conclusões:

1) Uma Reforma da Justiça que admita a hipótese de o Patrocínio Forense e o exercício do

Mandato a Advogado ser confiável a outros profissionais que não exclusivamente aos Advogados

será errada e perigosa, do ponto de vista dos direitos, interesses e garantias individuais e sociais

que nos cabe defender.

2) Os Advogados portugueses e a Ordem dos Advogados portugueses devem assumir o objetivo e

propósito de em 2022 o Patrocínio Forense e o Mandato a Advogado do Ministério Público ser

exclusivamente confiado a Advogados.

3) O Apoio Judiciário às pessoas sem recursos para pagar honorários a Advogado só pode ser

prestado por Advogados.

5) Os Advogados Estagiários não devem poder prestar Apoio Judiciário, exceto sob direta

orientação do Patrono.

6) Deve ser recusada a prestação de Apoio Judiciário por Defensores Públicos, ainda que

Advogados.

7) Deve ser a Ordem dos Advogados, como associação representativa dos Advogados e da

Advocacia a fornecer esse serviço à comunidade e a remunerar diretamente os Advogados pelas

prestações de serviços realizadas no âmbito do Apoio Judiciário, devendo o Estado limitar-se

aqui a remunerar a Ordem dos Advogados por este serviço público, já que nada justifica que o

Estado guarde para si essa função.

GRUPO 2 – ACESSO AO DIREITO

Tese nº 2 - PROPOSTA DE REVISÃO DA REGULAMENTAÇÃO DO ACESSO AO DIREITO

(Dra. Sandra Horta e Silva)

Conclusões:

1) As consultas jurídicas serão prestadas exclusivamente no escritório dos Advogados em

detrimento das consultas prestadas nos Gabinetes de Consulta Jurídica.

2) A compensação devida pela resolução extrajudicial do litígio deverá ser prevista na Tabela de

Honorários, no montante com 5 URs.

3) A disponibilidade para escala de prevenção sem deslocação nem intervenção, em dias não

úteis e em férias judiciais, deverá ser compensada com uma 1 UR.

4) O pagamento das escalas deverá atender à durabilidade e natureza das diligências realizadas,

colmatando-se as ambiguidades e omissões existentes no que concerne à compensação devida.

5) A actual tabela de honorários deve ser corrigida de molde a colmatar as insuficiências

existentes, nomeadamente:

a) Conformá-la com os valores actualmente previstos para as alçadas constantes no Decreto-

Lei nº 303/2007, de 24 de Agosto;

b) Contemplar processos especiais não previstos, assim como, diligências efectuadas após

trânsito em julgado;

c) Prever uma verba mínima, a fixar de acordo com o tipo de processo, para efeito de

reembolso de despesas pelos serviços prestados.

6) A Ordem dos Advogados deverá assumir a gestão integral de todo o SADT, desde a nomeação

até ao pagamento do Advogado.

Tese nº 5 - ACESSO AO DIREITO E AOS TRIBUNAIS, ENQUANTO GARANTE DE DEFESA DOS

DIREITOS LIBERDADES E GARANTIAS - QUE MODELO?

(Drªs Manuela Frias e Cátia Marisa Gaspar)

Conclusões:

1) O rigoroso e eficaz cumprimento do preceituado no artigo 20º/1 da CRP passa por um sistema

que conte com a cooperação da OA., num modelo estruturalmente assente em todas as regras

éticas da advocacia, designadamente a independência e a especial relação de confiança entre o

advogado e o patrocinado, fugindo a vínculos de funcionalização e de dependência, que um

serviço nacional de protecção jurídica comportaria e que cabe evitar.

2) A OA deve pugnar pelo rigoroso cumprimento da lei em matéria de adequada compensação

aos advogados oficiosos, de modo a garantir a obtenção dos meios necessários ao desempenho

dos serviços de qualidade que se lhes exigem.

3) A OA deverá pugnar por um elevado nível técnico de todos os seus profissionais, obviamente

incluindo os participantes no acesso ao direito e aos tribunais, apostando numa necessária

formação permanente de carácter obrigatório, de modo a assegurar não só a qualidade dos

serviços prestados, como o prestigio do advogado e a consequente dignidade da advocacia.

4) A OA deve pugnar por uma reapreciação e melhoria do SINOA, adequando a plataforma ao

regime legal, acolhendo devidamente os conceitos legais, todas as situações jurídicas passíveis

de ocorrer num processo, bem como todas as situações de pagamento previstas na Portaria

1386/2004, de modo a evitar que os advogados integrem lacunas por situação mais próxima e

por isso sejam insultuosamente acusados de cometer irregularidades.

5) A Segurança Social deve encontrar critérios de concessão do benefício do apoio judiciário a

quem verdadeiramente dele carece, de modo a evita situações crónicas, sucessivas e ilimitadas.

6) Deverá continuar a existir a cooperação da OA no Acesso ao Direito e aos Tribunais, porque

integrante do interesse público da instituição, mas não podem ser os advogados e as suas quotas

a suportar um encargo que cabe ao Estado.

Tese nº 9 - O PRINCÍPIO DO ACESSO AO DIREITO E DA GARANTIA DA TUTELA JURISDICIONAL

EFECTIVA E AS PESSOAS COLECTIVAS COM FINS LUCRATIVOS

(Drªs. Mafalda de Oliveira, Sandra Horta e Silva, Inês Soares de Castro e Carla Alves Oliveira)

Conclusões:

1) A universalidade do direito de acesso aos tribunais é uma concretização do princípio do

Estado de Direito, que apresenta uma dimensão prestacional na parte em que impõe ao Estado o

dever de assegurar meios tendentes a evitar a denegação de justiça por insuficiência de meios

económicos, independentemente de se tratar uma pessoa singular ou colectiva (com ou sem fins

lucrativos).

2) O legislador deve criar condições para que o benefício da protecção jurídica seja concedido

às pessoas colectivas com fins lucrativos que se encontram em situação de efectiva insuficiência

económica, cabendo-lhe conformar a definição do conceito de insuficiência económica

adequado à realidade empresarial e estabelecer os procedimentos probatórios para a respectiva

avaliação.

3) Face à actual conjuntura económica do país, onde as empresas portuguesas se debatem com

sérias dificuldades financeiras e estruturais, desenvolvendo inúmeros esforços para assegurarem

a sua subsistência no mercado, deverá merecer censura por parte dos Advogados Portugueses a

denegação da protecção jurídica que lhes é imposta.

4) A Ordem dos Advogados deverá pugnar pela alteração legislativa que permita às Pessoas

Colectivas com fins lucrativos beneficiar de protecção jurídica.

Tese nº 14 - A QUESTÃO DO ACESSO AO DIREITO.

(Drs. José Marques e Bandeira Pinho)

Conclusões:

1) Os cidadãos devem exigir do Estado as prestações legislativas e materiais indispensáveis ao

desenvolvimento da actividade jurisdicional cujo acesso é legalmente garantido.

2) O acesso ao direito e aos Tribunais deve ser atribuído em exclusivo, aos advogados, em nome

dos cidadãos, tendo aqueles a obrigação de assumir esse honroso dever.

3) O acesso ao direito e à Justiça deve ser hoje entendido como pedra basilar para o

reconhecimento do regime democrático e, ao mesmo tempo, como garantia da realização

efectiva do Estado de Direito.

4) Deverá ser rejeitada a possibilidade de criação de defensor público, na medida em que põe

em causa o princípio da independência dos advogados, um dos pilares do nosso edifício

judiciário e, reconhecidamente, um dos valores essenciais do Estado de Direito.

Tese nº 22 - O ACESSO AO DIREITO E O ADVOGADO CONSULTOR

(Dr. Miguel Serra)

Conclusões:

1) O acesso ao direito e aos Tribunais constitui um direito constitucionalmente consagrado que

tem vindo a ser colocado em causa, em virtude da implementação de custas judiciais

elevadíssimas, que de forma intolerável afastam os cidadãos da justiça e dos Tribunais, daí

resultando uma clara denegação da justiça;

2) Devem ser desenvolvidos todos os esforços para que o Estado perceba que está a colocar

verdadeiramente em causa os direitos constitucionalmente consagrados das pessoas,

potenciando a desigualdade, a conflitualidade social e comprometendo o desenvolvimento

económico do país;

3) O Advogado tem de ser um pilar essencial para o descongestionamento dos Tribunais,

ajudando a ultrapassar a actual crise da justiça;

4) O desconhecimento dos direitos e obrigações tem sido uma fonte de conflitos que muitas

vezes só chegam às mãos de um Advogado, numa fase onde o recurso à via judicial é quase

inevitável, o que origina custos de muitos milhões de euros ao país, e é um fortíssimo entrave

ao desenvolvimento económico.

5) A criação de uma cultura de aconselhamento jurídico por parte dos cidadãos, prévio à

celebração de negócios jurídicos, deve ser encarado como um investimento essencial com

repercussões positivas a todos os níveis.

6) Para além de possibilitar a diminuição das pendências nos Tribunais, a advocacia preventiva

possibilita o conhecimento sustentado dos direitos e das obrigações dos cidadãos e empresas,

permitindo o crescimento económico e social e promovendo a paz social.

Tese nº 47 - A INDEPENDÊNCIA DO ADVOGADO COMO GARANTIA DE EFECTIVAÇÃO DO ACESSO

AO DIREITO E AOS TRIBUNAIS

(Drs. Elina Fraga e Miguel Salgueiro Meira)

Conclusões:

1) Um Estado de Direito Democrático tem que contemplar e dar conteúdo efectivo ao direito

constitucional de acesso ao direito e aos tribunais.

2) O acesso ao direito e aos tribunais deve ser assegurado por advogados independentes e livres

e não por advogados funcionalizados ou funcionários públicos.

3) A funcionalização da advocacia constitui um retrocesso na defesa dos direitos e liberdades

dos cidadãos.

4) A gestão integral do sistema do acesso ao direito e aos tribunais deve ser assegurada pela

Ordem dos Advogados, para o que deverá ser reequacionado o modelo de financiamento do

sistema do acesso ao direito e defendendo-se um modelo que transfira para a Ordem dos

Advogados antecipadamente o montante necessário ao seu integral financiamento.

GRUPO 3 - OUTRAS

Tese nº 4 - DESJUDICIALIZAÇÃO E / OU JUSTIÇA?

(Dr. Jorge Pracana)

Conclusões:

1) Os Tribunais são instituições centrais e fundamentais num Estado de Direito;

2) O Estado deve dotar os Tribunais de meios materiais e humanos para que estes decidam em

tempo e de forma eficaz;

3) O recurso a sistemas alternativos de resolução de conflitos deve garantir aos cidadãos a

presença obrigatória de Advogado ou Solicitador.

Tese nº 6 - JUSTIÇA LENTA, JUSTIÇA DISTANTE, JUSTIÇA CARA…

(Dr. Pedro Ferreira)

Conclusões:

1) A especialização deverá ser fomentada mas não empolada, pelo que se deverá produzir

menos leis, apostar numa preparação técnica verdadeiramente eficaz de todos os agentes

judiciários e cuidar devidamente as questões de dívidas: o único campo que hoje

verdadeiramente reclama especialização e celeridade.

2) O sistema judiciário deverá ter menos leis e melhores agentes, reduzindo assim a

necessidade de especialização.

3) A racionalização do sistema judiciário não pode basear-se num modelo de afastamento da

Justiça dos cidadãos por isso anular a função da Justiça; por não ser verdade que um tribunal

centralizado (grande) gaste menos do que vários Tribunais menores; por encarecer brutalmente

a já elevada despesa judicial que os cidadãos têm com a Justiça (tempo e custo de

deslocações);

4) A racionalização deve procurar-se de outras formas: renegociação de contratos de

fornecedores e cálculos precisos de despesas; revisão e recolocação de recursos humanos;

recolocação de Tribunais em locais arrendados para outros locais próximos que sejam do estado

e/ou município; eliminação de procedimentos processuais inúteis.

Tese nº 10 - O REGIME PROCESSUAL CIVIL - GÉNESE E OBJECTIVOS PARA UMA ANÁLISE CRÍTICA

DA SUA EFICÁCIA

(Drªs Ana Sofia de Sá Pereira e Iva Carla Vieira)

Conclusões:

1) A OA deve pugnar, junto do poder legislativo, para que cesse o carácter de

experimentalidade do RPCE e que tal Regime, nos aspectos que se revelaram positivos, seja

vertido em sede de Revisão do C.P.C., de forma a manter-se a unidade do sistema;

2) O dever de gestão processual consagrado no art. 2.º do RPCE, não sendo necessário, consiste

num elemento de insegurança e incertezas jurídicas e, mais grave do que isso, a não ser bem

exercido, pode por em causa o direito das partes a um processo justo e equitativo, pelo que

incumbe à OA empreender esforços no sentido de o mesmo não vir a ser incorporado na futura

redacção do C.P.C.;

3) O RPCE não se demonstrou apto a resolver o problema dos processos pendentes e da asfixia

do aparelho judiciário, ao contrário da motivação do legislador, factor que a OA deve ter em

conta na sua intervenção, no que respeita à Reforma do C.P.C.

4) A OA deve assumir o seu papel no combate a uma dispersão e profusão legislativas, que

ameaçam a certeza e a segurança jurídicas, as quais devem ser tidos como valores fundamentais

para todos os operadores da JUSTIÇA e que, se forem postas em causa, minarão os alicerces de

um Estado Democrático de Direito.

Tese nº 11 - A MEDIAÇÃO COMO FORMA DE COMPOSIÇÃO EXTRAJUDICIAL DE LITÍGIOS E A

EVENTUAL LESÃO DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS DO CIDADÃO

(Drªs Iva Carla Vieira e Ana Sofia de Sá Pereira)

Conclusões:

1) A mediação comporta riscos objectivos e até desconhecidos, podendo funcionar não como um

meio de pacificação social e instrumento célere de composição do litígio mas, ao invés, poderá

potenciar maior conflitualidade (v.g. a mediação penal);

2) A OA deverá sindicar quais os resultados até agora produzidos em sede de mediação, seja

qual for o âmbito onde esta é exercida;

3) A OA deve ser chamada a pronunciar-se e participar activamente na formação,

recrutamento, selecção e avaliação dos mediadores;

4) A OA deverá dar parecer sobre as matérias vertidas no Estatuto que regula a profissão de

Mediador;

5) A OA deverá pugnar para que o Mediador seja um licenciado em Direito com, pelo menos, 10

anos de experiência numa profissão forense ligada ao contencioso.

Tese nº 12 - “ACÇÃO DE IMPUGNAÇÃO JUDICIAL DA REGULARIDADE E LICITUDE DO

DESPEDIMENTO”

(Dr. Rui Assis)

Conclusões:

1) Deverá ser propugnada uma avaliação, no plano político-legislativo, da nova acção especial

de impugnação judicial da regularidade e licitude do despedimento, introduzida no

ordenamento jurídico português pela alteração ao Código do Processo do Trabalho (Dec. Lei n.º

295/2009, de 13/10).

2) Sem prejuízo de se entender que a figura adjectiva em causa deverá ser sempre

perspectivada no quadro global de reforma laboral já em curso, parece ser essencial, num plano

mínimo, introduzir com urgência no regime que se encontra em vigor, as correcções

concretamente sugeridas e identificadas na presente comunicação.

Tese nº 13 - “TESTAMENTO VITAL/DIRECTIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE”

(Dr. Rui Assis)

Conclusões:

1) A Ordem deve manter acompanhamento próximo do processo legislativo que visa regular as

chamadas Directivas Antecipadas de Vontade / Testamento Vital.

2) Tratando-se de domínio que contende, por definição, com o plano dos direitos, liberdades e

garantias dos cidadãos, deverá ser assegurado um quadro legal adequadamente dotado da

necessária vinculatividade.

Tese nº 15 - ALTERAÇÃO DO ARTIGO 160º DA O.T.M.

(Drª Luísa Novo Vaz)

Conclusão:

1) Deverá promover-se a alteração do artigo 160º da OTM de molde a que os processos tutelares

cíveis passem a ser processos urgentes, salvo despacho devidamente fundamentado.

Tese nº 16 - “O TRIBUNAL CONSTITUCIONAL, UM CADÁVER ADIADO”

(Dr. António Garcia Pereira)

Conclusões

1) O sistema de fiscalização sucessiva concreta (único ao alcance do cidadão comum) está hoje

praticamente inutilizado pelo próprio Tribunal Constitucional, por causa de um regime de

recursos e por uma praxis do próprio Tribunal Constitucional fortemente restritivos, que, na

maior parte dos casos, por meio de decisões sumárias e sob a invocação de pretextos de mera

ordem formal, não conhece sequer da questão de fundo e, ao abrigo de um inadmissível regime

de custas próprio, aplica ao cidadão comum custas elevadíssimas, que ainda por cima

constituem receita comum do próprio Tribunal Constitucional.

2) A acentuação progressiva da origem “genética” (mais exactamente nos dois maiores partidos

representados no Parlamento) dos juízes do Tribunal Constitucional tem conduzido, cada vez

mais, à situação, absolutamente intolerável num órgão jurisdicional dum Estado de Direito, de,

sobretudo nas questões de maior incidência jurídico-política, ser perfeitamente previsível, e

logo confirmado, o sentido de voto de cada um dos juízes,

3) O Tribunal Constitucional adopta um argumentário politico – como o de que “os fins

justificam os meios” - para chancelar por completo a violentação e absoluta inutilização de

princípios constitucionais básicos, como por exemplo o da proibição de leis fiscais retroactivas.

4) Sem uma profunda reforma do actual regime de fiscalização sucessiva concreta da

constitucionalidade das normas (que passe pela instituição do regime de concurso para juiz do

Tribunal Constitucional, a eliminação, ou pelo menos a diminuição drástica, da possibilidade de

decisões sumárias de não conhecimento ou de improcedência, a instituição do recurso do

amparo e a revogação do regime de custas específico do Tribunal Constitucional), a

competência para o julgamento das questões de constitucionalidade deverá ser atribuída aos

actuais Supremos Tribunais, aliás com notória poupança de despesas.

Tese nº 18 - “CONTRA O ENTERRO DO ESTADO DE DIREITO, POR UMA JUSTIÇA E POR

UMA ADVOCACIA AO SERVIÇO DOS CIDADÃO

(Dr. António Garcia Pereira)

Conclusões:

1) A Justiça portuguesa é hoje cada vez mais cara lenta e inacessível para o cidadão

comum e as sucessivas medidas de reforma vão sempre no sentido de retirar ainda mais

direitos e garantias aos que a ela recorrem.

2) Não é mais tolerável que o Advogado continue a ser visto como um obstáculo que urge

remover ou constranger para que a Justiça possa “funcionar”.

3) Não é aceitável que a Ordem aceite ser sobretudo uma “polícia de estilo” dos

Advogados e simultaneamente um “funil” para dificultar o acesso dos mais novos à

profissão.

4) É preciso mudar este estado de coisas com um rumo estratégico assente na Justiça

como um valor estruturante da Republica e no acesso a ela como direito fundamental de

todos os cidadãos.

5) Impõe-se denunciar a tendência de liquidação sucessiva dos direitos fundamentais dos

cidadãos sob argumentos como os da “celeridade”, da “eficácia” ou “excesso de

garantismo”.

6) Os Advogados e a sua Ordem devem desempenhar com coragem o seu papel de

denúncia e de rejeição dos sucessivos e gravíssimos recuos civilizacionais em matéria dos

direitos dos cidadãos.

7) O “Acordo com a tróica” não passa, quando muito, de um acordo ou tratado

internacional, que está subordinado à Constituição da República – a qual não se encontra

suspensa – e não pode justificar a supressão ou aniquilamento dos direitos, liberdades e

garantias dos cidadãos.

Tese nº 19 - REFORMA DA JUSTIÇA V/ DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS

(Dr. Luís Louro)

Conclusão:

1) Os advogados portugueses estão contra qualquer reforma da justiça que, por razões

economicistas ou de satisfação de interesses económico-financeiros, ponha em causa os

direitos, liberdades e garantias do comum dos cidadãos, bem como o seu acesso à justiça.

Tese nº 20 - “DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS DOS CIDADÃOS NA REFORMA DA JUSTIÇA” -

PROCESSOS TUTELARES CÍVEIS

(Drª Bárbara Marinho e Pinto)

Conclusões:

1) Por imperativo do princípio da igualdade e do direito fundamental das crianças à protecção

do Estado e da sociedade, a Lei 61/2008 deve passar a ser aplicável também aos processos

pendentes, pelo menos quanto à matéria das responsabilidades parentais.

2) Deve ser alterado o disposto no artigo 1906, n.º5 do Código Civil, por forma a que deste

resulte, de forma clara e inequívoca, a possibilidade de o menor residir com ambos os

progenitores, em períodos de tempo alternados, quando tal for do seu interesse.

3) Como medidas contra o atraso dos processos relativos a menores, devem ser introduzidos

prazos máximos de duração das várias fases dos processos tutelares cíveis; deve prever-se a

figura do pedido de aceleração processual (com um regime semelhante ao previsto para o

processo penal) e deve ser alterado o disposto no artigo 178 da OTM, em termos que garantam

que, caso não seja realizada alguma diligência ordenada pelo Tribunal no prazo máximo de 3

meses o Tribunal designará, obrigatoriamente, data para a realização de audiência de discussão

e julgamento.

4) Deve preconizar-se, de forma expressa, na lei o recurso à força pública como uma medida a

que o Tribunal deve recorrer sempre que se verificar que o regime de visitas não é cumprido há

mais de um mês ou se verifique uma reiterada violação desse regime.

Tese nº 21 - “DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS DOS CIDADÃOS NA REFORMA DA JUSTIÇA” –

A FASE DA INSTRUÇÃO EM PROCESSO PENAL

(Drª Bárbara Marinho e Pinto)

Conclusão:

1) Deve ser eliminada a fase de instrução, confinando-se a sindicabilidade da decisão do MP ao

próprio julgamento e sem prejuízo do direito do assistente ou do denunciante com a faculdade

de se constituir assistente poder requerer a intervenção hierárquica, nos termos do artigo 278

do CPP.

Tese n.º 27 - Dupla Conforme. Sim ou Não?

(Drs. Helena Coimbra, Júlia Alves, Ana Alves Henriques, Margarida Moniz, Marisa Figueiredo)

Conclusões:

1) Deverá proceder-se à eliminação do princípio da irrecorribilidade de decisões condenatórias,

nos termos estabelecidos na alínea f) do nº 1 do artº 400º e alínea c) do nº 1 do artº 432º do

CPP, a primeira garantindo a recorribilidade de acórdãos condenatórios proferidos, em recurso,

pelo Tribunal da Relação e que apliquem pena de prisão efectiva superior a 2 anos e a segunda

garantindo a recorribilidade para o Supremo Tribunal de Justiça, desde que a pena aplicada seja

superior a 2 anos de prisão

Tese n.º 29 - A ABOLIÇÃO DO TERRÍVEL EFEITO DO INCUMPRIMENTO DO ART.º 512.º DO CPC.

(Dr. Luís Fuzeta da Ponte)

Conclusões:

1) A Ordem deve propor ao poder legislativo a alteração ao art.º 512.º do Código de Processo

Civil de modo a assegurar o primado da matéria sobre a forma, consentido a apresentação das

provas só na audiência e, em último caso, permitindo o uso de mecanismo semelhante ao

previsto no art.º 512.º-A do mesmo Código.

Tese n.º 30 - Extraído do Livro “Vistam a Toga II” da Autora Cristina Barradas.

(Dra. Cristina Barradas)

Conclusões:

1) O exercício ilegal da profissão de Advogado tem consequências para os Advogados e prejudica

os cidadãos, no recurso às garantias dos seus direitos fundamentais previstos na CRP.

2) É fundamental que todos aqueles que administram e colaboram na administração da Justiça -

Advogados, Juízes, funcionários judiciais, Notários, Solicitadores entre outros -, continuem a

combater o crime de procuradoria ilícita, recorrendo não só à denúncia do mesmo, mas também

à recusa da prática do acto de advogado ou solicitador por quem não têm essa qualidade, uma

vez que esses não estão sujeitos nomeadamente a:

a) Sigilo profissional;

b) Laudos de honorários;

c) Não protegem o interesse da parte em determinado negócio jurídico;

d) Não actuam com base na protecção da parte;

e) Provocam assim com a sua conduta, danos graves na esfera jurídica dos cidadãos;

f) Não estão sujeitos a um processo disciplinar.

3) Graças ao empenho da OA nos últimos anos e às diligências que a mesma tem desenvolvido

passou a vigorar em Portugal uma Lei que mais do que tipificar como ilegal, tipifica esta prática

como crime, já existindo vários Procuradores Ilícitos que foram condenados por essa prática,

havendo, no entanto, ainda muito que fazer.

Tese n.º 31 - Reciclagem do ideal de advocacia preventiva

(Drs. Adelaide Modesto, Rute Rosado, Miguel Cardina, Joana Pascoal)

Conclusões:

1) A Ordem dos advogados deverá encetar esforços concretos no sentido de tornar o conceito de

advocacia preventiva numa realidade.

2) A iniciativa da consulta jurídica gratuita deverá ser mais frequente, não se limitando apenas

ao dia do advogado, devendo nesta iniciativa colaborar todos os advogados e advogados-

estagiários, porventura com algum benefício para o seu estágio, sempre em regime de

voluntariado;

3) Deverá permitir-se consultas jurídicas em temas diferenciados, porventura em horários ou

dias diferentes, dando preferência às matérias que mais contundentemente afectem os cidadãos

nesta conjuntura, designadamente matérias sobre sobreendividamento, processo executivo e

demais matérias relacionadas.

Tese n.º 32 - O “sonho” do advogado de empresa

(Drs. Adelaide Modesto, Rute Rosado, Miguel Cardina, Joana Pascoal)

Conclusões:

1) A Ordem dos Advogados deverá elaborar proposta legislativa no sentido de instituir o

advogado de empresa como obrigatório, em termos semelhantes à obrigação legal de revisor

oficial de contas, salvaguardando, naturalmente, as devidas diferenças.

Tese n.º 33 -Os Direitos, Liberdades e Garantias dos cidadãos como desígnio da Advocacia

(Drs. Adelaide Modesto, Rute Rosado, Miguel Cardina, Joana Pascoal)

Conclusões:

1) Deverá incrementar-se o enriquecimento deontológico e técnico dos advogados através do

seguinte:

a) do investimento na formação permanente do advogado, já anteriormente prevista no

Estatuto da Ordem dos Advogados;

b) da cuidada formação inicial teórica e prática dos advogados, lato sensu, que os prepare

para o quotidiano forense;

c) honrando o dever de solidariedade entre colegas, respeito e auxílio mútuo, princípios

primordiais ao exercício da profissão e ao cumprimento do seu desígnio.

Tese n.º 38 - A Justiça Em Contra Mão

(Drs. Andreia Figueiredo, Pinto Paiva, Cristina Lino Neto, Filipe André Valente, Filipe Pimenta,

Helena Gama Diogo, Manuela Frias, Paulo José Rocha, Quitéria da Luz)

Conclusões:

1) A OA deve intensificar as campanhas de proTese da Advocacia Preventiva bem como

promover acções de sensibilização e de alerta contra a procuradoria ilícita e os riscos que a

mesma acarreta para o cidadão;

2) Deverá ser criada na OA uma Comissão de acompanhamento para analisar toda a questão da

desjudicialização da justiça e efectuar propostas concretas;

3) Deverá pugnar-se pela obrigatoriedade de constituição de Advogado nos meios de resolução

alternativa de litígios (Julgados de Paz, Sistemas de Mediação Familiar, Laboral, Penal,

Arbitragem, entre outros) e para que o mediador ou conciliador seja licenciado em Direito;

4) A Ordem dos Advogados, com a atribuição social de defesa dos direitos, liberdades e

garantias do cidadão, deverá ser consultada com uma antecedência mínima de 15 dias

relativamente a projectos ou propostas de lei que apreciará e emitirá parecer.

5) De forma a assegurar os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, a OA deverá pugnar

pela não intrusão de outros profissionais no tratamento de questões da competência própria dos

advogados, e muito em especial nos actos próprios dos advogados e solicitadores, previstos na

Lei nº 49/2004, devendo ser criados mecanismos que impeçam que a excepção contemplada no

nº 7 do artº 1º seja a panaceia para a atribuição de tais poderes a outras entidades fora do

mundo jurídico.

Tese n.º 35 - O Fim de um ciclo - O RECOMEÇO para a advocacia Portuguesa

(Dr.ª Rafaela Fernandes, Dr. José Pinheiro Gonçalves, Dr. João Viveiros)

Conclusões:

1) Impõe-se aos Advogados Portugueses uma participação consciente no grande processo de

transformação em curso no mundo - que será sempre de transição para uma nova e duríssima

realidade - na advocacia portuguesa, na justiça, no país e no mundo.

2) Essa transição, exige a participação obrigatória do advogado em todos os novos centros de

resolução de conflitos, de mediação ou outros, como forma de proteger os cidadãos das

pressões (torturas ilegítimas) que ali se exercem sobre estes.

3) Deverá acabar-se com o monstro que constitui a acção executiva, passando o advogado e o

tribunal a serem o núcleo central da acção executiva e acabar, de uma vez por todas, com o

advogado “escravo” do agente de execução.

4) O próximo quinquénio – espaço entre os congressos da O.A. – deverá ser dedicado ao combate

à nova forma de escravização dos povos, em curso, por via do domínio financeiro do mundo,

devendo ser convocadas todas as Ordens dos Advogados para se associarem a este combate para

a libertação da humanidade desse flagelo, bem como deverão ser convocadas todas as

estruturas sociais, incluindo as universidades, a associarem-se a este combate de libertação da

humanidade e da salvaguarda das bases democráticas e jurídicas do mundo moderno.

5) Quando se pretende atacar as bases democráticas e jurídicas do mundo moderno atacam-se

os advogados, com o que a Sra. Ministra da Justiça (Colega e ex-dirigente da O.A.) ao atacar a

O.A., como o fez recentemente, está a manifestar sinais de pretender ser “boa aluna” daquelas

nefastas doutrinas.

6) A OA deverá convocar todos os advogados para um grande debate sobre o tema “reinventar a

advocacia, reinventar uma nova justiça, reencontrar a vocação com que os portugueses deram

novos mundos ao mundo”.

7) Deveremos ser o recomeço da advocacia, ser os advogados dos advogados, os advogados da

nação, os advogados da humanidade e os advogados de um futuro melhor.

Tese n.º 36 - TEMPO DE JUSTIÇA – A REFORMA DO SISTEMA POLITICO

(Dr. Pedro Delille)

Conclusões:

1) O Congresso deverá reflectir sobre os seguintes pontos de reforma do sistema político e da

sua organização jurídica, integrando essa reflexão na proposta de constituição dos grupos de

trabalho para a Década da Justiça:

a) Conceito e função dos Estados, como Estados-instrumento

b) A Reforma da Organização das Nações Unidas para a sua democratização e transformação,

nestes dez anos, num Estado (Estado-instrumento) de Direito Global

c) Em reforço dessa proTese da Dignidade Humana deverá fazer-se um apelo para a Abolição

Global da Pena de Morte até final da década, dirigido em primeiro lugar, para darem um bom

exemplo, aos Presidentes dos Estados Unidos da América e da Republica Popular da China.

d) O Sistema Financeiro e Económico Transnacional e a sua relação com os poderes

soberanos dos Estados e organizações de Estados.

e) Os Tribunais Internacionais, como efectivos espaços de verdade na Sociedade global,

espaços de Justiça.

f) A Revisão dos Tratados da União Europeia no sentido do reforço da construção da ideia de

Europa, alargada a toda a bacia do Mediterrâneo, e organizada por um verdadeiro Estado de

Direito, com Poderes Legislativo, Executivo e Judicial próprios e independentes entre si, e

soberano relativamente aos interesses económicos individuais ou de grupo.

2) Deverão ser criados os grupos de trabalho para a Década da Justiça, bem como deverão

promover-se referendos em cada um dos Estados membros ou, mesmo, de um referendo

Europeu para debater e decidir essa opção.

3) Deverá promover-se o desenvolvimento e reforma da Comunidade dos Países de Língua

Portuguesa (CPLP) no sentido de uma autêntica comunidade de países e de povos.

4) Deverá apelar-se à CPLP e aos mais altos representantes dos seus Estados-membros para

assumirem a importância potencialmente decisiva que têm para uma solução de Paz, de

Desenvolvimento e de Justiça nos países do Mundo Árabe e em África.

Tese n.º 37 - TEMPO DE JUSTIÇA - A REFORMA DA CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA PORTUGUESA

E DO ESTATUTO DA ORDEM DOS ADVOGADOS

(Dr. Pedro Delille)

Conclusões:

1) A Ordem dos Advogados deve promover propostas de Revisão da Constituição da República

Portuguesa que prevejam:

a) a distinção clara das funções e limites dos vários poderes do Estado;

b) a reserva da função executiva ao Governo e a reserva da função jurisdicional ao Poder

Judicial;

c) a Consagração dos Juízes como órgãos de soberania, titulares do Poder Judicial;

d) a dignificação constitucional da Advocacia e dos Advogados e a consagração clara das suas

prerrogativas e imunidades como pressuposto essencial da legitimidade democrática dos

Poderes do Estado e da garantia dos interesses e direitos individuais e sociais dos cidadãos e

a ampliação das funções da Ordem dos Advogados;

e) o reforço dos poderes presidenciais de moderação dos conflitos entre os diferentes

Poderes do Estado;

f) a Regionalização e a Reorganização Administrativa como forma de racionalização do

Estado;

g) limites rigorosos à contratação pelo Estado de consultorias externas;

h) limites rigorosos à negociação de dívida pública nos “mercados”, que apenas deverá ser

possível em caso de claro superavit das contas publicas;

i) especial atenção às novas formas de Comunicação e de partilha, divulgação e

condicionamento da Informação;

j) a sujeição de todos os Poderes do Estado e dos mais importantes Poderes de Facto do

sistema político a absoluta transparência e publicidade, reservando as matérias sujeitas a

segredo a situações e circunstâncias absolutamente excepcionais, cuja justificação deve ser

também absolutamente transparente;

l) a Requalificação da Propriedade Cooperativa e Social

2) As funções constitucionalmente atribuídas à Ordem dos Advogados deverão incluir,

designadamente, as de Provedoria da Justiça e institucionalizar os poderes políticos da Ordem

dos Advogados, de representação nas estruturas de governo da Justiça, nos órgãos consultivos

da Presidência da República e junto dos Poderes Legislativo e Executivo e do Tribunal

Constitucional;

3) A Ordem dos Advogados deve promover uma Revisão do Estatuto da Ordem dos Advogados

que:

a) que aponte para a Autonomização do Estatuto do Advogado dos Estatutos da Associação

Ordem dos Advogados;

b) que atribua as competências de aprovação do Estatuto do Advogado e dos Estatutos da

Ordem dos Advogados à Assembleia Geral da Ordem, com exigência de quórum deliberativo

qualificado para a discussão e aprovação respectivas e a necessidade de constituição de

Congresso Extraordinário caso tal quórum se não verifique;

c) que aponte para a racionalização do governo da Ordem dos Advogados, que deverá ser

efectiva e funcionalmente descentralizado e autonomizado, cabendo ao Bastonário funções

de representação da Ordem e dos Advogados e a coordenação das suas funções como

Provedoria de Justiça, incluindo o Apoio Judiciário e os Direitos Humanos e da Cidadania, e

no âmbito da Formação dos Advogados, em coordenação com as Universidades;

d) cujas linhas mestras apontem para uma alteração do regime eleitoral, prevendo listas

únicas para os órgãos executivos da Ordem – Conselho Geral, Conselhos Distritais e

Delegações;

e) que respeite a reserva de funções jurisdicionais ao Poder Judicial do Estado e suprima as

funções jurisdicionais do Conselho Superior e dos Conselhos de Deontologia, consagrando a

competência de tais órgãos para acusar perante os tribunais os Advogados suspeitos de

ilícitos deontológicos, civis ou criminais;

f) que consagre uma gestão racional dos recursos humanos e das contas da Ordem dos

Advogados.

Tese n.º 39 - Os princípios fundamentais na lei processual civil de hoje

(Dr. José Lebre de Freitas)

Conclusões: 1) A reforma do Código de Processo Civil de 1996-1997, além de ter constituído um marco

importante na simplificação do processo civil, adequou-o aos princípios fundamentais que regem

o direito processo civil democrático;

2) Algumas alterações posteriores ao Código, bem como normas constantes de diplomas avulsos,

preocupadas apenas com a simplificação e a aceleração do processo, não tiveram o cuidado de

respeitar alguns desses princípios, descurando, nomeadamente, aqui o direito de acção e ali o

direito de defesa, o princípio do contraditório, a imparcialidade do tribunal e dos agentes que

em nome dele actuam e o dever de fundamentação das decisões;

3) O regime do processo civil experimental contém muitas disposições inaceitáveis,

inclusivamente quando ignora que a imposição dum formalismo processual mínimo constitui uma

garantia para as partes;

4) A Ordem dos Advogados deve continuar atenta a estas e outras violações dos princípios

processuais fundamentais e pugnar por uma lei de processo que inteiramente os respeite.

Tese n.º 40 - DEONTOLOGIA E ÉTICA NA ADVOCACIA

(Dr. Moreira Claro)

Conclusões:

1) No moderno Estado de Direito, a função jurisdicional surge como complemento indispensável

da função legislativa não sendo resultado de um dado processo inteiramente estranho ao

interesse público, pelo que o papel do advogado é essencial à aplicação da Lei;

2) Exige-se que o advogado seja um homem recto e cumpridor da Lei, segundo os princípios

éticos e morais, impostos pelo quadro de valores profissionais/deontológicos em que se insere;

3) A importância do segredo profissional é condição “sine qua non” do exercício da advocacia,

sendo considerado um valor incalculável a ser sempre preservado, independentemente dos

interesses em presença;

4) As normas consagradas nos artºs 83º, 87º, 110º e 111º do EOA visam regular, punir e preservar

a actuação dos advogados no quadro da sua exigente profissão forense;

5) O nosso ordenamento jurídico/constitucional consagra o advogado como um servidor da

justiça e do direito e, enquanto servidor da justiça, tem a nobre tarefa de defender não só o

direito como assegurar a defesa daqueles que se socorrem dos seus serviços, que apelam por

ajuda.

Tese n.º 41 –Reformas Legislativas - Pare, escute e olhe

(Drs. Fernando Fragoso Marques, António Furtado dos Santos, Hernâni Rodrigues, Gonçalo

Capitão, Telmo Semião, Madalena Alves Pereira)

Conclusões

1) É preciso parar, escutar os profissionais do sector, olhar a manta de retalhos legislativa e a

situação caótica em que a justiça do País se converteu e tomar medidas urgentes em vários

planos.

2) No âmbito do Processo Civil s urge a aplicação no tempo de um único regime de processo

civil, nomeadamente quanto aos recursos;

3) A reposição do direito ao recurso às três instâncias, repristinando-se o recurso de agravo,

porquanto a remessa da discussão das questões vestibulares para a decisão final é inútil;

4) Uma forma única de contagem dos prazos para todos os tipos de processo (penal, civil,

administrativo, fiscal, contra-ordenacional, etc.);

5) A criação de um domicílio judicial que, à semelhança do domicilio fiscal, possibilite a

citação/notificação sem delongas. A presente situação é uma das causas da morosidade da

justiça. A criação do domicílio judicial deverá ser precedida de uma grande campanha a nível

nacional, que a publicite e sensibilize os cidadãos;

6) O fim do modelo vigente da acção executiva desjudicializada e o restabelecimento da

tramitação anterior ao Decreto-Lei nº 38/2003, dotando os Tribunais de meios técnicos e

humanos capazes de efectivar o direito;

7) Porém, enquanto tal não suceder, impõe-se a simplificação do actual modelo, em termos de:

a) Devolver ao juiz o controlo jurisdicional do processo, nomeadamente através de um

despacho liminar em que aprecie perfunctoriamente os títulos extrajudiciais e que, uma vez

transitado, não permita a reapreciação da questão, de modo a obstar a surpresas durante o

processo com anulações de penhoras efectuadas e o cortejo de consequências daí

decorrentes;

b) Possibilitar a cumulação do pedido de entrega judicial de coisa certa (despejo) com a

execução para pagamento de quantia certa, decorrente das rendas em dívida;

c) No despejo e na penhora de bens móveis, a requisição das autoridades policiais deve ser

efectuada pelo Agente de Execução, sem necessidade de despacho judicial;

d) Ainda nos despejos, quando o Exequente fique fiel depositário dos bens do Executado,

fixar prazo para o mesmo os recolher, sob pena de se considerarem perdidos a favor do

Exequente, sendo em qualquer caso criados depósitos públicos para os bens penhorados, sem

prejuízo do exequente poder optar por ser fiel depositário, ou indicar fiel depositário para os

mesmos;

e) Os despejos cujo título executivo seja uma sentença judicial, possam ser imediatamente

executados, sem necessidade de citação prévia.

8) No âmbito do processo Penal necessitamos de uma administração e uma organização

judiciárias, respeitadoras do cidadão e abertas à advocacia, que permitam, reciprocamente e

com efectividade, a sindicância de todos os poderes e o duplo grau de jurisdição, tanto em

matéria de direito como em matéria de facto;

9) A garantia de um procedimento administrativo, aberto, igualitário e não discriminatório,

sempre sujeito à legalidade e a um processo penal e tutelar leal, democrático e garantístico,

com verdadeira igualdade de armas, e sempre sujeito ao contraditório pleno, ao menos quando

estão em causa direitos fundamentais e nas fases judiciais;

10) A salvaguarda dos direitos das vítimas e dos direitos de defesa, um acesso irrestrito e

atempado por todos os cidadãos, sobretudo os mais desfavorecidos (v.g. crianças, jovens,

cidadãos portadores de deficiência, doentes, reclusos, doentes mentais) ao advogado, ao

Tribunal e ao juiz;

11) A reposição do direito ao recurso das questões prévias e nulidades suscitadas

interlocutoriamente;

12) Alterar a norma do Código de Processo Penal que nega aos advogados o direito a recorrer da

decisão instrutória, quando tal direito é concedido ao Ministério Público, nos casos em que o

Juiz de Instrução não pronuncia, por considerarmos que existe violação do princípio da

igualdade de armas.

13) No âmbito das custas judiciais impõe.-se a diminuição dos montantes das taxas de justiça;

14) Nomeadamente no Tribunal Constitucional, dado as mesmas serem incomportáveis e

afectarem, de forma muito grave, o acesso a um Tribunal que tem a obrigação de velar

precisamente pela concretização prática desse direito: o acesso ao direito, constitucionalmente

consagrado;

15) Extinção do actual sistema de custas específico do Tribunal Constitucional, muito em

particular no tocante às custas e multas por ele aplicadas, por constituírem receita corrente do

próprio Tribunal;

16) A revogação imediata do art. 447.º-B do C.P.C. (taxa sancionatória excepcional), pelo que

ela comporta de discricionário e de subjectivo, mas também por coarctar a possibilidade de

modificar jurisprudência maioritariamente em vigor;

17) A não tributação dos incidentes processuais ou de arguição de nulidades, sem prejuízo da

condenação em custas, a final.

18) Aumentar de 5 para 15 dias o prazo previsto no artigo 25º, nº 1 do R.C.J., para reclamação

das custas de parte;

19) Que a nota discriminativa e justificativa relativa às custas de parte seja integrada na conta

de custas, caso o devedor não proceda ao seu pagamento em 15 dias, devendo a parte que tem

direito ao recebimento dar disso nota no processo;

20) A alteração do artigo 26º do R.C.P. no sentido de ser expressamente reconhecido que a

notificação à outra parte da nota justificativa e discriminativa constitui título executivo, caso

não tenha tido oposição;

21) Que a taxa de justiça não deve e não pode estar indexada ao valor do processo, sob pena de

deixar de ser uma taxa e passar a ser considerada um imposto;

22) Um limite para o valor máximo da taxa de justiça, deixando de ser contada e cobrada a

partir de um determinado valor, que poderá ser o de 250.0000,00 Euros, como nos tribunais

administrativos.

Tese n.º 42 - DESAFIOS DO PARADIGMA DA GLOBALIZAÇÃO - BINÓMIO JUSTIÇA/ECONOMIA

(Dra. Cristina Rodrigues dos Santos)

Conclusões:

1) O estado da nossa justiça não se compadece com diletâncias, sendo que a justiça portuguesa

tem que ser ponderada numa perspectiva de Justiça/Economia e pode e deve alavancar a

economia portuguesa.

Tese n.º 43 - Comunicação ao VII Congresso dos Advogados Portugueses

(Dra. Joana Roque Lino)

Conclusões:

1) Deverá pugnar-se pela elaboração de um estatuto do idoso.

Tese n.º 44 - Cidadania

(Drs. Fernando Fragoso Marques, Madalena Alves Pereira, Gonçalo Capitão, Telmo Semião, Edgar

Valles)

Conclusões:

1) A Ordem dos Advogados tem de ser sempre a grande defensora dos direitos, liberdades e

garantias das cidadãs e dos cidadãos;

2) Impõe-se a adopção das seguintes medidas concretas para combater a discriminação social

sobre as mulheres, as crianças, os cidadãos portadores de deficiência, os imigrantes e os

infoexcluídos,

a) A criação, junto da Comissão dos Direitos Humanos, de um Observatório capaz de,

periodicamente, colher informação relevante junto de entidades policiais, Segurança Social,

Tribunais e outras instituições, sobre casos de discriminação e exclusão social, com a

consequente publicação e denúncia de resultados obtidos;

b) A definição de protocolos com as diferentes entidades que, de forma transversal, operam

em áreas de prevenção, assistência e ajuda a vítimas de discriminação, como é o caso da

violência doméstica, imigração, deficiência, entre outras;

c) No âmbito do sistema prisional a denúncia de situações de violência e de falta de

condições de saúde no âmbito do sistema prisional;

e) A regulação do uso das novas tecnologias, que podem, mediante o acesso indevido a

bases de dados, a instrumentos de videovigilância (as câmaras, gps, cartões, etc), a escutas

telefónicas, gravações ou outros, constituir flagrante violação dos direitos e liberdades

individuais;

f) A tomada de posição pública e regular sobre situações graves de violação de direitos

humanos nacionais e internacionais;

g) Intervenções, isoladamente ou em colaboração e concertação com outras Ordens

profissionais e/ou outras entidades, em matéria de direitos sociais básicos, como por

exemplo, o auxilio aos sem-abrigo, combate à discriminação por doença ou apoio às pessoas

portadoras de deficiência;

h) A atribuição do prémio Anual Ângelo Almeida Ribeiro em sessão pública comemorativa da

Declaração Universal dos Direitos do Homem, a 10 de Dezembro;

i) A organização e Participação em Colóquios, Conferências e Sessões Públicas em torno da

temática dos Direitos Humanos;

j) A reorganização da Comissão dos Direitos Humanos e a criação de um Secretariado

executivo composto pelo Presidente, Vice-Presidente e Secretário;

l) No âmbito do sistema prisional, a completa jurisdicionalização do sistema e a plena

intervenção do Advogado, designadamente através de Escalas de Advogados junto dos

Estabelecimentos Prisionais;

Tese n.º 45 - “A INÉRCIA DA ORDEM DOS ADVOGADOS NO COMBATE À VIOLAÇÃO DOS DIREITOS

LIBERDADES E GARANTIAS”

(Dr. Paulo Venâncio)

Conclusões:

1) A Ordem dos Advogados deve pugnar pela intransigente Defesa dos Direitos, Liberdades e

Garantias;

2) A Ordem dos Advogados deve diligenciar, quer junto das instituições internas, quer junto das

instituições internacionais, pelo respeito e aplicação dos Direitos, Liberdades e Garantias;

3) A Ordem dos Advogados deve, sempre que seja detentora desse conhecimento, participar à

Procuradoria Geral da República as violações aos Direitos, Liberdades e Garantias;

4) A Ordem dos Advogados deve, em nome do Povo e atento a Constituição da República

Portuguesa, diligenciar medidas, judiciais ou não, para a defesa dos Direitos Liberdades e

Garantias, ao nível da prolixidade legislativa pugnando por: lutar contra a complexidade

legislativa; a criação de um Código de Custas Judiciais que venha de encontro ao Direito

Constitucionalmente consagrado de acesso à justiça, a criação de regras de Direito Adjectivo

processualmente idênticas para os diversos ramos do direito, contra a dualidade de critérios

legislativos entre público e privado em prol do princípio da igualdade.

Tese n.º 46 - O papel do advogado processo de execução cadastral

(Dras. Mafalda de Oliveira, Sandra Horta e Silva, Inês Soares de Castro)

Conclusões:

1) Encontra-se em curso a primeira fase da execução do Cadastro Predial a nível nacional, onde

será implementado um sistema multifuncional sobre os prédios rústicos, na qual se obterá uma

informação actualizada sobre aqueles, sendo que, não obstante a importância da execução do

Cadastro Predial, esta operação não prevê a assistência de Advogado no tratamento de questões

prévias como a delimitação de estremas, onde é necessário a obtenção da concordância dos

proprietários confinantes e no reatamento do trato sucessivo dos prédios, que dão causa a

complexos litígios judiciais, pelo que deverá pugnar-se pela existência de uma Declaração de

Localização dos prédios, onde sejam supridas as questões de natureza jurídica, relativas à

demarcação de estremas e trato sucessivo dos prédios, cuja competência caberá

exclusivamente ao Advogado.

Miguel Matias

Paulo Sá e Cunha

3 de Novembro de 2011

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