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1 Ministério das Relações Exteriores Secretaria de Controle Interno Coordenação-Geral de Auditoria RELATÓRIO DE AUDITORIA DE GESTÃO EXERCÍCIO : 2013 PROCESSO : 09144.000036/2014-11 RELATÓRIO : 05/2014 UNIDADE JURISDICIONADA : Escritório de Representação no Rio de Janeiro (ERERIO) MUNICÍPIO - UF : Rio de Janeiro-RJ I INTRODUÇÃO Em atendimento à determinação contida no Memorandum CISET nº 22, de 7 de fevereiro de 2014, do Secretário de Controle Interno, apresentamos o presente Relatório de Auditoria, que examina os atos e os fatos de gestão praticados no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2013, sob a responsabilidade dos dirigentes da Unidade em referência. 2. O exame das contas da Unidade Jurisdicionada, apresentadas de forma individual, foi desenvolvido in loco, na sede das Unidades Gestoras, onde se encontram arquivadas as primeiras vias dos processos de pagamentos e demais documentos que comprovam a execução orçamentária, financeira e patrimonial.

Relatório de Auditoria Anual de Contas

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Page 1: Relatório de Auditoria Anual de Contas

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Ministério das Relações Exteriores

Secretaria de Controle Interno

Coordenação-Geral de Auditoria

RELATÓRIO DE AUDITORIA DE GESTÃO

EXERCÍCIO : 2013

PROCESSO : 09144.000036/2014-11

RELATÓRIO : 05/2014

UNIDADE JURISDICIONADA : Escritório de Representação no Rio de Janeiro

(ERERIO)

MUNICÍPIO - UF : Rio de Janeiro-RJ

I – INTRODUÇÃO

Em atendimento à determinação contida no Memorandum CISET nº 22, de 7 de

fevereiro de 2014, do Secretário de Controle Interno, apresentamos o presente Relatório de

Auditoria, que examina os atos e os fatos de gestão praticados no período de 1º de janeiro a 31 de

dezembro de 2013, sob a responsabilidade dos dirigentes da Unidade em referência.

2. O exame das contas da Unidade Jurisdicionada, apresentadas de forma individual, foi

desenvolvido in loco, na sede das Unidades Gestoras, onde se encontram arquivadas as primeiras

vias dos processos de pagamentos e demais documentos que comprovam a execução orçamentária,

financeira e patrimonial.

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II – TOTAL E REPRESENTATIVIDADE DA DESPESA REALIZADA

3. A Unidade Jurisdicionada realizou, no exercício sob exame, despesas no valor

nominal de R$ 3.540.328,80 (três milhões, quinhentos e quarenta mil, trezentos e vinte e oito reais e

oitenta centavos). O total das despesas das Unidades sob exame neste Relatório corresponde a

0,14% do montante das despesas realizadas pelo Itamaraty, no Brasil e no exterior.

4. Os exames foram efetuados por amostragem, segundo a natureza do gasto e sua

representatividade, de acordo com as normas de auditoria aplicáveis ao Serviço Público Federal.

III – RESULTADO DOS EXAMES

5. Com base nos exames realizados na documentação comprobatória dos atos e fatos de

gestão, que deram origem ao presente processo, e em cumprimento ao disposto no Anexo IV da

Decisão Normativa TCU nº 132/2013, apresentamos as seguintes observações:

6. Não há ocorrência de atos de gestão relacionados aos itens 5, 7, 8, 9 e 10 do Anexo

IV da DN/TCU 132/2013.

III.1 – Avaliação da conformidade das peças de que tratam os incisos I e II do art. 13 da IN

TCU nº 63/2010.

7. O Relatório de Gestão encaminhado pela Unidade ao Tribunal de Contas da União

não foi elaborado segundo as normas estabelecidas para o exercício de 2013. Do mesmo modo, a

Unidade não preencheu nenhum quadro obrigatório estabelecido pela DN/TCU nº 123/2013 e

Portaria-TCU nº 175/2013.

III.2 – Avaliação dos resultados quantitativos e qualitativos da gestão, em especial quanto à

eficácia e eficiência no cumprimento dos objetivos estabelecidos no PPA como de

responsabilidade da UJ auditada, dos objetivos estabelecidos no plano estratégico, da

execução física e financeira das ações da LOA vinculadas a programas temáticos,

identificando as causas de insucessos no desempenho da gestão.

8. Nos termos do artigo 52 do Decreto nº 7.304, de 22 de setembro de 2010, ao

Escritório de Representação no Rio de Janeiro compete:

a) coordenar e apoiar, junto às autoridades estaduais e municipais de suas respectivas áreas de

jurisdição, as ações desenvolvidas pelo Ministério:

Page 3: Relatório de Auditoria Anual de Contas

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b) apoiar as unidades administrativas do Ministério e da Fundação Alexandre de Gusmão, situadas

naquela cidade,

c) zelar pela manutenção e conservação do conjunto arquitetônico do Palácio do Itamaraty do Rio

de Janeiro e dos acervos do Museu Histórico e Diplomático, da Biblioteca, da Mapoteca e do

Arquivo Histórico do Ministério.

9. Os documentos de atos de gestão orçamentária, financeira e operacional dos recursos

utilizados pela UG 240003 – ERERIO não são suficientes para embasar a análise objetiva do

cumprimento das metas qualitativas e quantitativas do Escritório de Representação no Rio de

Janeiro.

III.3 – Avaliação dos indicadores instituídos pela Unidade para avaliar o desempenho da sua

gestão quanto: à capacidade de representar a gestão; à capacidade de apresentar series

históricas; a confiabilidade das fontes dos dados e se a metodologia escolhida para a coleta

processamento e divulgação é transparente; a facilidade de obtenção dos dados e

razoabilidade dos custos de obtenção do indicador em relação aos benefícios para a melhoria

da gestão da unidade.

10. O Relatório de Gestão não contém informações quanto à execução e à evolução dos

trabalhos desenvolvidos pelo ERERIO visando a atender a missão institucional da Unidade. A

Unidade informou indicador que não permite ao Controle Interno monitorar e avaliar o desempenho

da entidade.

III.4 – Avaliação da gestão de pessoas, em especial, da força de trabalho existente e da

observância à legislação sobre admissão, remuneração, cessão e requisição de pessoal, bem

como, se for o caso, sobre concessão de aposentadoria, reformas e pensão.

11. Os atos relativos à admissão, remuneração, cessão, requisição, concessão de

aposentadoria, reforma ou pensão, relativos a servidores públicos, estão reportados no Relatório de

Auditoria de Gestão da Unidade Jurisdicionada Subsecretaria-Geral so Serviço Exterior – SGEX,

mais especificamente na avaliação correspondente à Unidade Gestora Departamento do Serviço

Exterior – DSE (240009), à qual compete gerenciar a política de recursos humanos do MRE, no

Brasil e no exterior, conforme prevê o artigo 212 da Portaria Ministerial 212, de 30.04.08.

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III.6 – Avaliação da gestão de compras e de contratações, especialmente no que diz respeito à:

a) regularidade dos processos licitatórios e das contratações e aquisições feitas por

inexigibilidade e dispensa de licitação;

12. A equipe de Auditoria selecionou, para efeito de análise, os procedimentos

licitatórios e de pagamento dos serviços de engenharia, que representaram 52,85% das despesas

realizadas pelo ERERIO, no exercício de 2013.

13. Quanto à licitação, na modalidade pregão eletrônico, visando a contratação de

empresa especializada para a prestação de serviços de engenharia para impermeabilização do lago

do pátio central do Complexo do Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro, a Unidade não atendeu

plenamente as sugestões da Consultoria Jurídica, expostas no Parecer n° 6676/2012/MFP/CGU-

RJ/CGU/AGU, de 05/12/2012, a saber:

"a) Não foi apresentado parecer técnico, subscrito no CREA/CAU, com o objetivo de

elucidar, sob o ponto de vista técnico, o objeto da licitação. A contratação não teria a

finalidade de execução de obras e, sim, de serviços comuns de engenharia. Existe, à folha

194 do processo licitatório, declaração do Chefe da Unidade atestando que a licitação diz

respeito a serviços comuns de engenharia. Segundo a CONJUR, tal parecer pode ser

considerado apenas complementar ao parecer técnico;

b) Não foi indicada formalmente a fonte de pesquisa utilizada em relação a cada um

dos itens que compõem o orçamento;

c) O prazo de 4 meses para a execução dos serviços registrados no CREA não guardou

conformidade com o cronograma físico-financeiro, que previa 75 dias."

14. Quanto à licitação, na modalidade pregão eletônico, para reforma predial, restauração

arquitetônica, reforma do sistema de drenagem de águas e reforma da rede elétrica, a Unidade

incorreu nas seguintes impropriedades:

a) Não declarou, no corpo do Termo de Referência, que a natureza do objeto a

ser licitado é "comum";

b) Não apresentou comprovação da origem dos custos dos serviços, que,

segundo a Unidade, foram obtidos com base no SINAPI;

c) Não foi indicado o número do CREA/CAU do autor das planilhas de custo;

d) Não foi anexado ao Edital modelo de proposta comercial, contendo planilha

de custos unitários para preenchimento dos licitantes; e

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e) Não foi anexado ao Edital modelo de composição do BDI, para

preenchimento dos licitantes.

b) utilização de critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens e na

contratação de serviços e obras;

15. A Auditoria não dispõe de informações para avaliar a gestão de sustentabilidade

ambiental nos contratos de serviço firmados pelo Escritório de Representação no Rio de Janeiro.

c) Avaliação da qualidade dos controles internos administrativos relacionados à atividade de

compras e contratações.

Da análise do contrato de manutenção predial

Termo Aditivo n°: 01/2012 Objeto: Prorrogação e repactuação do Contrato de serviço de manutenção predial corretiva e

preventiva

Contratada: Global Comércio e Serviços Técnicos

Valor: R$ 459.721,08

Data da Assinatura: 09/01/2012

Vigência: 09/03/2012 a 08/03/2013

16. O contrato de serviço de manutenção predial corretiva e preventiva, firmado com a

Global Comércio e Serviços Ltda, foi rescindido unilateralmente pela Unidade, devido ao não

cumprimento de cláusulas contratuais por parte da contratada. Os gastos realizados pel Unidade

representaram, no exercício sob análise, 3,63% do total das despesas realizadas pela Unidade.

17. Apesar de a Global não estar mais prestando serviços ao ERERIO, a Unidade foi

responsabilizada, subsidiariamente, nos termos da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho,

em razão do inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do prestador terceirizado de

serviços. Apurou-se que, até o encerramento dos trabalhos da Auditoria, havia treze reclamações,

distribuídas em 5 varas trabalhistas.

18. A Auditoria entende que, a fim de evitar eventuais prejuízos motivados por falta de

pagamento de salários e de encargos dos prestadores de serviços a seus empregados, a Unidade,

antes de efetuar qualquer pagamento, deve verificar: i) a regularidade trabalhista do contratado

junto à Previdência Social e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; ii) solicitar ao prestador de

serviços o encaminhamento à Unidade das Guias de INSS e FGTS quitadas; e iii) proceder à

verificação da existência, na Relação de Empregados – RE elaborada, para fim de pagamento do

INSS, dos nomes dos empregados terceirizados, ou dos funcionários das subempreiteiras que

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prestam serviço ao ERERIO. A Unidade deve, ainda, solicitar à empresa a folha de pagamento

desses empregados, já que, segundo a legislação vigente, a ausência de pagamento dos créditos

salariais por parte da prestadora de serviços pode ensejar a transferência total da responsabilidade

ao tomador de serviços.

19. Ademais, segundo entendimento consagrado pelo TST, a condenação subsidiária do

tomador dos serviços abrange todas as verbas devidas pelo devedor principal, inclusive as multas e

as verbas rescisórias ou indenizatórias, já que o trabalhador não pode arcar com os prejuízos

decorrentes da falta de pagamento por parte da prestadora de serviços, segundo a Superior Corte

Trabalhista.

Da análise dos contratos de obras

Achado 1

20. Para a realização, no exercício de 2013, dos serviços de engenharia em questão, a

Unidade desembolsou a importância de R$ 3.241.848,68, provenientes de recursos orçamentários

de 2012, inscritos em restos a pagar.

21. As obras de reforma predial e de restauração arquitetônica do Palácio do Itamaraty

no Rio de Janeiro, assim como as de impermeabilização do lago do pátio central e do sistema de

drenagem de águas, foram todas devidamente concluídas (vide fotos da execução das obras, no

Anexo II). Já os serviços de engenharia para instalação de sistema de refrigeração nos prédios da

Biblioteca e da Mapoteca do ERERIO, a reforma da rede elétrica e os serviços de pavimentação e

de jardinagem encontram-se, todavia, em fase de conclusão.

22. Os contratos n° 18/2012, para reforma predial e restauração arquitetônica; nº

19/2012, para a execução da reforma do sistema de drenagem de águas; nº 20/2012, para a

instalação de sistema de refrigeração nos prédios da Mapoteca e da Biblioteca; nº 21/2012, para a

reforma da rede elétrica; e nº 22/2012, para pavimentação, foram executados sem cobertura

contratual, contrariando o Parágrafo Único do artigo 60 da Lei n° 8.666/93, que considera nulo e

sem efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras de pronto

pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite

estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a", da Lei nº 8.666/1993, quando feitas em regime de

adiantamento.

Page 7: Relatório de Auditoria Anual de Contas

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23. A execução dos contratos ocorreu devido ao término do prazo dos contratos n°

19/2012, nº 20/2012, nº 21/2012, e nº 22/2012 sem que os serviços tivessem sido encerrados. Para

tanto, a Unidade mandou publicar, tardiamente, em 20/06/2014, no Diário Oficial da União, os

extratos dos respectivos termos aditivos.

24. A Auditoria entende que tais instrumentos não possuem valor, já que os referidos

contratos perderam todos os efeitos no término da vigência. Sem prorrogação, opera de pleno

direito a extinção do ajuste, exigindo-se novo contrato para continuação das obras, serviços ou

compras anteriormente contratados, uma vez que "Contrato extinto não se prorroga, nem se

renova: é refeito e formalizado em novo instrumento, inteiramente desvinculado do anterior.”

(MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e contrato administrativo. 12. ed. São Paulo: Malheiros,

1999. p. 214.)

25. A prorrogação de contrato administrativo só é possível se for providenciado termo

aditivo antes do término do prazo de vigência do ajuste, evitando a elaboração irregular de termos

aditivos com efeitos retroativos.

26. Com vistas a evitar o encerramento de um contrato, antes da conclusão do objeto, a

Unidade deve proceder à pesquisa de mercado visando a avaliar a manutenção da relação contratual

e, a partir do primeiro dia após o fim do prazo de vigência originalmente estabelecido, firmar o

ajuste.

27. O Tribunal de Contas entende que a celebração de termo aditivo de prorrogação da

vigência de contrato já expirado, com efeitos retroativos, configura recontratação sem licitação,

infringindo a Lei nº 8.666/1993, art. 2º c/c art. 3º. A infração reveste-se de gravidade suficiente para

justificar a sanção dos responsáveis (Acórdão nº 1.335/2009). Ressalte-se que a Egrégia Corte de

Contas tem aplicado multa aos Gestores que cometem tal infração.

Achado 2

28. Por intermédio da SA nº 002/2014, de 04/06/2014, solicitou-se ao gestor informar as

razões pelas quais os empenhos e os contratos referentes aos processos encaminhados à equipe de

auditoria não se encontravam devidamente registrados nos sistemas SIASG e SIAFI, ao que

respondeu: "Os empenhos em 2012 foram feitos no SIAFI e não no SIASGI em vista da dificuldade

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encontrada para registro por falta de conhecimento e treinamento (grifo da Auditoria). A situação

já está atualizada."

29. Observa-se inapropriado o procedimento unilateral da Unidade quando deixa de

utilizar o Subsistema de Minutas de Empenho – SISME, do SIASG, para a elaboração das minutas

de empenho com o envio automático ao Sistema Integrado de Administração Financeira do

Governo Federal – SIAFI. A conduta, ademais, é irregular, já que contraria o disposto no item VI,

artigo 1º da Instrução Normativa/MPOG nº 01, de 8 de agosto de 2002.

Da Fiscalização dos Contratos

Achado 3

30. Segundo o disposto no art. 67 da Lei nº 8.666/93, “A execução do contrato deverá

ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado,

permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa

atribuição”, tanto para contratos decorrentes de licitação, como resultantes de contratação direta

(dispensa e inexigibilidade de licitação).

31. O ERERIO, no intuito cumprir aquele dispositivo legal, publicou no Diário Oficial

da União, em 10 de setembro de 2013, a Portaria de 26 de agosto de 2013 que designou a servidora

ECM como responsável pela fiscalização de todos os contratos firmados pela Unidade.

32. A Auditoria não recomenda a indicação de uma única servidora que venha a ter a

incumbência de, sozinha, realizar suas atribuições rotineiras no Escritório de Representação no Rio

de Janeiro e, paralelamente, fiscalizar, a contento, os mais de 30 contratos vigentes na Unidade, no

exercício de 2013. Teria sido mais oportuno e seguro a Unidade indicar mais servidores, com a

atribuição de fiscalizar um grupo de contratos.

33. O ERERIO possui, em sua maioria, contratos de fornecimento de mão de obra que

demandam grande atenção por parte do fiscal do contrato, dada a questão relacionada à

responsabilidade subsidiária imposta pela Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho ao

tomador do serviço. O inadimplemento das obrigações trabalhistas, fiscais e comerciais por parte do

prestador de serviço pode transferir à Administração a responsabilidade pelo pagamento das

dívidas.

Page 9: Relatório de Auditoria Anual de Contas

9

34. A fiscalização dos contratos, notadamente de fornecimento de mão de obra, é de

suma importância, uma vez que a conduta culposa por parte do fiscal de contratos no exercício de

suas atribuições poderá levar a situação em que a Administração Pública arque com prejuízos

causados por prestadores de serviço.

Recomendação

35. A Auditoria entende que, após escolher os fiscais dos contratos, a Unidade deve

mandar publicar no Boletim de Serviço do MRE a relação dos contratos sob responsabilidade de

cada fiscal, destacando suas atribuições e responsabilidades, como:

a) acompanhar a execução contratual, em seus aspectos quantitativos e qualitativos;

b) registrar todas as ocorrências surgidas durante a execução do objeto;

c) rejeitar, no todo ou em parte, obra, serviço ou fornecimento executado em desacordo com o

contrato;

d) exigir e assegurar o cumprimento dos prazos previamente estabelecidos;

e) exigir o cumprimento das cláusulas do contrato e respectivos termos aditivos;

f) aprovar a medição dos serviços efetivamente realizados, em consonância com o regime de

execução previsto no contrato (o fiscal jamais deve atestar a conclusão de serviços que não foram

totalmente executados); e

g) liberar as faturas.

III.11 – Avaliação de qualidade e suficiência dos controles internos administrativos instituídos

pela unidade jurisdicionada com vistas a garantir que seus objetivos estratégicos sejam

atingidos, considerando os seguintes elementos do sistema de controles internos da UJ:

36. A Unidade não preencheu, no Relatório de Gestão, a avaliação sobre os controles

internos da Unidade quanto à qualidade e eficiência, uma vez que não seguiu as determinações

contidas na DN/TCU nº 123/2013 e Portaria TCU nº 175/2013.

37. Durante os trabalhos de campo e correspondente análise documental por parte desta

Auditoria, pôde-se constatar a necessidade premente de se proceder ao aprimoramento naquilo que

se refere ao quadro de servidores da Instituição, uma vez que, com a defasagem que se apresenta, as

atividades de administração em geral e, em especial, os controles de patrimônio e do acervo

encontram-se prejudicados.

Page 10: Relatório de Auditoria Anual de Contas

10

Da Força de Trabalho

Achado 4

38. A força de trabalho efetiva observada pela equipe de Auditoria, segundo

documentação apresentada pelo ERERIO, é composta da seguinte forma:

Quadro 1: Composição da força de trabalho da UJ

Relação de Pessoal N.

a) Servidores

Servidores do Quadro de Pessoal do MRE 44

Servidores Requisitados de Outros Órgãos 2

Total 46

b) Estagiários

Total 22

c) Terceirizados

Limpeza 40

Vigilância 23

Motoristas 5

Recepcionistas 3

Manutenção 13

Total 84

Total geral 152

Quadro 2: Atuação da força de trabalho da UJ

Setor/Atuação Quadro MRE Requisitados Estagiários Terceirizados

Chefia 3

Ordenador de despesa 1

Recepção

2

Administração 1

2 1

Contabilidade 1

Patrimônio 1

Pessoal 5

1

Almoxarifado 3

Motorista - aeroporto 2

Motorista - ERERIO

5

IRBr 1

Comunicação 1

Malas 2

Pregoeiro 1

Documentação 1

Biblioteca 2

4

Mapoteca 1 1 1

Museu 3 1 2

Arquivo Histórico 1

7

Page 11: Relatório de Auditoria Anual de Contas

11

Arquivo 1

Consular 7

5

Vigilância

23

Limpeza

40

Manutenção

13

Sem lotação 6

Total 44 2 22 84

39. Apurou-se, inicialmente, que a relação informada dos servidores em exercício não

guarda conformidade com os registros existentes no Sistema Integrado de Administração de

Pessoal, já que, segundo o SIAPE, estariam lotados no ERERIO 39 servidores ativos, sendo dez

Diplomatas, 14 Oficiais de Chancelaria, 4 Assistentes de Chancelaria, nove servidores de outras

categorias, além de 2 servidores requisitados de outros órgãos, sendo uma oriunda do Ministério da

Cultura e outra vinda do Ministério da Defesa. As quantidades, como se vê, são destoantes das

informadas.

40. Verificou-se, ainda, estarem formalmente lotados no ERERIO 35 servidores que se

encontram em Missão Transitória ou Permanente no Exterior, que não deveriam estar registrados na

Unidade. O cadastro existente no SIAPE deve espelhar a verdadeira localização dos servidores, de

modo a facilitar a análise gerencial da mão-de-obra da Unidade.

41. Segundo relação fornecida pela Unidade, encontravam-se na folha de pagamento do

ERERIO 50 (cinquenta) servidores. A Auditoria, ao confrontar as informações da Unidade com os

registros existentes no Sistema Integrado de Administração de Pessoal, constatou que há servidores

lotados em outras Unidades Organizacionais, ou até mesmo afastados, a saber:

a) LFSC está lotado na Secretaria-Geral das Relações Exteriores, em Brasília;

b) AVBC, sem função no ERERIO, aposentou-se em 30/06/2014;

c) LLRS consta como removida para o exterior desde 15/12/2003;

d) APS retornou do exterior em 03/06/2014, apresentou-se ao ERERIO em

17/06/2014, e, segundo o SIAPE, está lotado na Divisão de Pessoal, na Secretaria

de Estado do MRE (SERE), em Brasília; e

e) JCSG está em gozo de licença-prêmio por assiduidade até 05/07/2014.

42. Além do mais, servidores realmente lotados no ERERIO estão, segundo o SIAPE,

formalmente lotados em outras Unidades Organizacionais, em Brasília, a saber:

a) PAAC, na Divisão do Caribe desde 11/01/2011;

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12

b) AB, na Divisão de Pessoal, desde 04/01/2010;

c) SV, na Divisão de Pessoal, desde 01/01/2004; e

d) DRA, na Divisão de Pagamentos, desde 02/01/2012;

43. Verificou-se que consta no SIAPE, formalmente lotada no ERERIO, a servidora

HDA. A Unidade, quando questionada, afirmou que a servidora encontra-se em licença

maternidade. A Auditoria verificou, todavia, que tal licença terminou em 31/03/2014, conforme

Boletim de Serviço n° 243, de 16/12/2013, o que implicaria que aquela servidora estaria, de fato,

ausente do trabalho a partir do dia 01/04/2014, com exceção do período compreendido entre

01/06/2014 e 29/06/2014, quando esteve em gozo de férias regulamentares referentes ao exercício

de 2013. Dado o absenteísmo em comento, a Auditoria entende que a Unidade deveria comunicar à

SERE a falta da servidora HDAao trabalho, para que providências sejam tomadas.

44. Do exposto, esta Auditoria entende que o ERERIO deveria solicitar à Secretaria de

Estado as devidas correções, de forma a espelhar a efetiva lotação dos servidores da Unidade

Organizacional, fazendo formalmente constar na UORG n° 234 – ERERIO os servidores que de

fato lá se encontrarem lotados. Tomando-se em conta os devidos ajustes, pode-se afirmar que há 46

servidores em exercício no ERERIO, e não 50, como informou a Unidade à equipe de Auditoria.

45. A Auditoria constatou que, apesar de estarem em exercício no ERERIO 152

funcionários, os servidores do quadro de pessoal do MRE são insuficientes para administrar toda a

Unidade. A título de exemplo, existe apenas uma servidora na área de administração da Unidade,

uma para controlar o Patrimônio e fazer as compras, um exercendo a função de pregoeiro e um

servidor para contabilizar os gastos. Em todos os casos citados, registre-se que tais servidores não

possuem substitutos designados ou disponíveis.

46. A estrutura de recursos humanos do Museu Histórico e Diplomático também é

insuficiente, uma vez que contempla apenas um Diplomata, duas Oficiais de Chancelaria, uma

Técnica especialista em museus, requisitada e, por fim, um estagiário, valendo salientar que as

instalações encontram-se em estado precário de conservação.

47. De fato, a percepção quanto à necessidade de se ampliar e aprimorar o quadro de

funcionários do ERERIO, dadas as dimensões de suas instalações, bem como o enorme valor

cultural e histórico de seu acervo, vem de longa data, conforme consta do Relatório TC

016.771/2008-7, da Egrégia Corte de Contas:

Page 13: Relatório de Auditoria Anual de Contas

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"...verificou-se também deficiência de quadro de pessoal necessário ao desempenho das

tarefas administrativas do ERERIO, agravada pela movimentação de servidores a pedido do

órgão central, conforme destacam documentos (fls. 254/263) e correspondência

encaminhada pelo dirigente do Escritório de Representação à Secretaria de Estado do

Ministério Exteriores em Brasília, em 04/08/2006(... ) Ao deparar-se com o mesmo

problema, no exame do processo de Tomada de Contas do ERERIO, relativa ao exercício de

2005, o Tribunal proferiu Acórdão nº83/2008-TCU-1ª Câmara, por meio do qual

determinou ao Ministério das Relações Exteriores providências no sentido de suprir a

carência de pessoal verificada no Escritório de Representação no Estado do Rio de Janeiro,

especialmente na área administrativa. Ao que consta das informações prestadas pelo gestor,

a insuficiência de recursos humanos do Escritório de Representação tende a ser revertida a

partir de 2009, com a ampliação do Setor de Administração. (grifo nosso)

48. Em que pese a expectativa consignada no relato do Tribunal de Contas em comento,

qual seja, a de que os problemas afetos ao quadro de pessoal estariam resolvidos no ano de 2009,

pudemos constatar que tal previsão não veio a confirmar-se, permanecendo o ERERIO com sérios

problemas nesse aspecto. As restrições afetas ao quadro de pessoal vêm apresentando

desdobramentos com reflexos negativos nas atividades que envolvem a administração em geral, os

serviços de controle patrimonial, os controles referentes a obras e, principalmente, o gerenciamento

do museu e seu valioso acervo, como já mencionado anteriormente.

Achado 5

49. Quando da análise documental, verificou-se, inclusive, falhas no encaminhamento de

documentação. Os processos solicitados pela equipe de Auditoria, mormente no caso de obras,

haviam sido encaminhados faltando informações obrigatórias, e com formato equivocado, para o

setor jurídico, na visão da própria AGU. Havia, ainda, dupla numeração referente à identificação de

tais autos, uma consignada pela administração do ERERIO e outra consignada pelo setor jurídico.

50. Ainda com relação a falhas de instrução processual, verificou-se falta de aprovação

motivada, pela autoridade competente, do Termo de Referência, além de orçamento estimado em

custos não obtidos com base no SINAPI, sem que se apresentasse, nos autos, justificativa para

tanto.

III.9- Avaliação da gestão do patrimônio imobiliário de responsabilidade da UJ, no mínimo,

qunto à correção dos registros contábeis; à estrutura tecnológica e de pessoal para

Page 14: Relatório de Auditoria Anual de Contas

14

administrar o patrimônio e à qualidade dos controles internos administrativos instutuídos

pela UJ para a referida gestão.

Da conservação do Museu e seu acervo histórico e dos controles referentes ao patrimônio do

ERERIO

Achado 6

51. Verificou-se a precariedade no tocante à manutenção do Museu e o seu valioso

acervo, seja do ponto de vista administrativo, seja do ponto de vista da conservação do patrimônio

histórico-cultural. Com relação a patrimônio, em geral, encontrou-se dificuldade e, em alguns casos,

até mesmo impossibilidade de se encontrar certos bens. Constatou-se que está em curso uma

sindicância, instaurada com o fito de apurar responsabilidades, bem como as condições em que se

deram tais desaparecimentos.

52. O Controle Interno tem registrado em relatórios de Auditoria de exercícios anteriores

as deficiências das ações de conservação e de manutenção do Museu Histórico Diplomático.

53. Infiltrações pluviais no telhado, somadas à deterioração natural do imóvel e ação de

cupins, têm motivado desgastes de revestimentos internos, desabamento de sancas em gesso e

marcas de infiltrações nas paredes, o que vem deteriorando inestimável patrimônio histórico e

cultural, além de poder vir a comprometer a segurança das pessoas. Constatou-se, por exemplo, que,

devido a infiltrações, quadros foram retirados das paredes, de modo a não se deteriorarem ainda

mais. No Anexo I a este Relatório encontram-se as fotos que retratam os desgastes nos pavimentos,

nos tetos e nas paredes.

Recomendação

54. Buscar mecanismos alternativos e fontes de financiamento, visando a estancar o

evidente processo de deteriorização da estrutura do Museu, viabilizando a posteriori, a restauração

tanto da estrutura, quanto do acervo, que já apresentam evidentes sinais de comprometimento.

Situações não contempladas nos demais itens do relatório de auditoria de gestão, identificadas

e analisadas pelo órgão de controle interno, que , na opinião desse órgão de controle, afetem o

julgamento da gestão dos responsáveis arrolados no processo de contas.

55. Por ocasião da análise documental, a equipe de Auditoria encontrou declaração,

datada de 24/03/2014, oriunda do próprio Ordenador de Despesas, nos seguintes termos:

Page 15: Relatório de Auditoria Anual de Contas

15

"...Incumbe à Administração submeter as minutas dos termos aditivos a exame prévio da assessoria

jurídica. Tal exigência não foi cumprida por ausência de estrutura física no Escritório". (grifo da

Auditoria)

56. Os problemas referentes a patrimônio e seus correspondentes sistemas de controle

são, também, conhecidos, e se repetem há algum tempo, como poderá ser observado a seguir. A

Auditoria constatou problemas nos sistemas de controles internos no tocante, especialmente, a

cessão, requisição e movimentação de bens, bem como problemas afetos à própria conservação do

patrimônio histórico-cultural e das obras de arte que o compõe, verificando-se a diferença entre o

valor dos bens inventariados e o respectivo valor contabilizado.

Achado 7

57. Em 31/12/2013, o SIAFI, na conta 1.4.2.1.2.00.00 – Bens Móveis, registrava o valor

total de R$ 925.622,39, enquanto o Inventário do Posto continha a informação da existência de bens

móveis no valor de R$1.172.927,27, o que representa, portanto, uma diferença de R$ 247.304,88

entre o valor inventariado e o valor contabilizado.

Quadro 3: Discrepância entre os valores inventariado e contabilizado dos bens móveis da UJ

Em R$

CONTA CONTÁBIL INVENTÁRIO SIAFI DIFERENÇA

1.4.2.1.2.00.00 BENS MOVEIS 72.968,38 0,00 72.968,38

1.4.2.1.2.02.00 AERONAVES

84.808,00 84.808,00

1.4.2.1.2.04.00 APARELHOS DE MEDICAO E ORIENTACAO 920,00 11.565,87 -11.565,87

1.4.2.1.2.06.00 APARELHOS E EQUIPAMENTOS DE

COMUNICACAO 9.372,00 15.918,67 -6.546,67

1.4.2.1.2.08.00 APAR.,EQUIP.E

UTENS.MED.,ODONT.,LABOR.E HOSP 35.868,83 18.168,94 17.699,89

1.4.2.1.2.12.00 APARELHOS E UTENSILIOS DOMESTICOS 160.612,20 200.826,66 -40.214,46

1.4.2.1.2.24.00 EQUIPAMENTO DE PROTECAO, SEG E

SOCORRO 3.444,16 3.462,19 -18,03

1.4.2.1.228.00 MAQUINAS/EQUIPAM. NATUR.INDUSTRIAL 1.331,01 0,00 1.331,01

1.4.2.1.2.30.00 MAQUINAS E EQUIPAMENTOS

ENERGETICOS 40,00 743,54 -703,54

1.4.2.1.2.32.00 MAQUINAS E EQUIPAMENTOS GRAFICOS 7.180,49 4.316,44 2.864,05

1.4.2.1.2.33.00 EQUIPAMENTOS PARA AUDIO, VIDEO E

FOTO 14.012,41 1.097,24 12.915,17

1.4.2.1.2.34.00 MAQUINAS, UTENSILIOS E EQUIP

DIVERSOS 52.124,69 44.050,03 8.074,66

1.4.2.1.2.35.00 EQUIPAMENTOS DE PROC DE DADOS 338.776,84 60.241,05 278.535,79

1.4.2.1.2.36.00 MAQUINAS, INST E UTENS. DE ESCRITORIO 11.547,89 4.904,54 6.643,35

1.4.2.1.2.38.00 MAQUINAS, FERRAMENTAS E UTENS DE

OFICINA 280,66 1.625,76 -1.345,10

1.4.2.1.2.39.00 EQUIPAMENTOS HIDRAULICOS E

ELETRICOS 8.517,54 17.353,25 -8.835,71

Page 16: Relatório de Auditoria Anual de Contas

16

1.4.2.1.2.42.00 MOBILIARIO EM GERAL 66.241,38 50.970,06 15.271,32

1.4.2.1.2.44.00 OBRAS DE ARTE E PEÇAS PARA MUSEU 0,00 0,00 0,00

1.4.2.1.2.48.00 VEICULOS DIVERSOS 0,05 262.393,86 -262.393,81

1.4.2.1.2.51.00 PECAS NAO INCORPORAVEIS A IMOVEIS 5.952,56 3.980,07 1.972,49

1.4.2.1.2.52.00 VEICULOS DE TRACAO MECANICA 358.639,41 116.196,50 242.442,91

1.4.2.1.2.57.00 ACESSORIOS PARA AUTOMOVEIS 395,00 0,00 395,00

1.4.2.1.2.87.00 MATERIAL DE USO DURADOURO 12,06 8.820,72 -8.808,66

1.4.2.1.2.92.00 BENS MOVEIS EM ALMOXARIFADO 24.690,27 399,00 24.291,27

58. A Auditoria, ao analisar o inventário dos bens móveis do exercício de 2013, bem

como sua contabilização no SIAFI, constatou a existência de várias falhas, entre elas:

a) A Unidade classificou erradamente R$ 72.968,38 na conta contábil

1.4.2.1.2.00.00, que não pode ser usada para registrar bens móveis;

b) Foi equivocadamente registrada, na conta contábil 1.4.2.1.2.02.00 - Aeronaves,

a importância de R$ 84.808,00. A conta é destinada apenas ao registro de valores pertinentes aos

aparelhos destinados a tráfego aéreo, de uso comercial no transporte de passageiros e cargas ou para

treinamento defesa e ataque militar, o que não parece afeto às atividades institucionais do ERERIO;

e

c) A Unidade ainda nem inventariou nem contabilizou as peças do Museu. Os

bens, pertencentes ao Patrimônio da União, deveriam ter sido inventariados e contabilizados,

segundo o Plano de Contas da União, na conta contábil 1.4.2.1.2.44.00, destinada a registrar os

valores relativos a obras e objetos de arte e de peças para decoração ou exposição em geral (em

museus, galerias, halls, prédios públicos e outros).

59. Durante os trabalhos de Auditoria consubstanciados no Relatório de Auditoria nº

03/2006, a auditoria desta CISET fez constar em seu relato que:

" ...A empresa LINK-DATA, contratada pelo Departamento de Administração encerrou o

levantamento do inventário dos bens móveis, ficando por ainda terminar o inventário do

acervo existente na Biblioteca. Os bens do museu Histórico não foram incluídos no contrato.

A LINK-DATA não formalizou a entrega do produto, passando para o ERERIO a listagem

dos bens patrimoniais inventariados. A Unidade não apresentou à Auditoria o Relatório de

Bens Patrimoniais- RBM, por item inventariado por conta contábil." (grifo da Auditoria)

60. Naquela ocasião, o Gestor manifestou-se nos seguintes termos:

" ...A entrega definitiva do levantamento e do Relatório de Bens Patrimoniais realizada pela

empresa LINK-DATA, ainda está sendo finalizada no que concerne ao acervo da Biblioteca.

Tão logo seja finalizada, previsão para fim de abril corrente, o recebimento definitivo será

Page 17: Relatório de Auditoria Anual de Contas

17

providenciado. A contagem dos bens localizados no Museu Histórico depende de

autorização da DSG."

61. Em resposta, também no âmbito da mesma auditoria em comento, ainda com relação

a problemas afetos a controles patrimoniais, o gestor se pronunciou nos seguintes termos:

"...Com referência ao desaparecimento de uma bomba d'água auto-auto-aspirante Jacuzzi

2BT e de uma frente destacável de rádio do automóvel Vectra placa LQN-4142, bem como

do roubo ou furto do veículo Gol, placa XV-3750 e das irregularidades relativas ao estado

dos veículos placas FO-7935, LHR-3749, WA-1413,WA-2119, WA-1470 e XV-3026, foram

instauradas sindicâncias que resultaram inconclusivas. Isto pode ser atribuído, sobretudo, à

inexistência de controle confiável de carga do equipamento ou do material permanente, em

virtude de ter ficado muito desatualizado o inventário dos bens patrimoniais. Tal fato,

constatado quando de minha assunção em agosto/2003, foi levado ao conhecimento da

Secretaria de Estado. Objetivando a regularização dessa importante ferramenta de controle

a Administração Central determinou a imediata realização de inventário, o qual está sendo

ultimado por empresa contratada em Brasília. (grifo da Auditoria)

Dessa forma, a inexistência de Termo de Responsabilidade – a que faz referência a

Auditoria em seu relatório- como consequência direta da falta do correspondente inventário

dificultou à Comissão de Sindicância chegar a um resultado positivo, qual seja indicar os

eventuais responsáveis. (grifo da Auditoria)"

62. Quando dos trabalhos de campo, a Auditoria pôde verificar que os mesmos

problemas relatados, tanto pelo TCU como por esta CISET, persistiram desde então. É assim

também no caso da falta dos termos de cessão, dos termos de requisição, dos termos de

movimentação e do sistema de controle informatizado de bens móveis. Persistem, em suma, as

mesmas falhas de controle interno que redundaram em perda para o patrimônio do ERERIO.

63. Em sindicância instaurada pelo gestor (Ofício nº 198/2013, de 18 de dezembro de

2013) pela Portaria de 08 de outubro de 2013, publicada no Boletim de Serviço de 18 de outubro de

2013, cujo objeto é justamente o de apurar possíveis irregularidades referentes a desaparecimento

de objetos que pertencem ao patrimônio do ERERIO, pôde-se constatar, como dito anteriormente,

que os mesmos problemas vêm persistindo ao longo de vários exercícios.

64. Por intermédio do Telegrama nº 283, o gestor veio a solicitar orientação junto à

SERE, in verbis:

Page 18: Relatório de Auditoria Anual de Contas

18

"Tendo assumido há pouco a chefia do ERERIO, fui informado de problema relacionado

com o inventário de bens do patrimônio, que estou ainda procurando apurar melhor, mas de

que decidi dar logo conhecimento à SERE para solicitar a orientação de Vossa Excelência.

2. O inventário dos bens do MRE no Rio de Janeiro se divide em duas partes. A primeira é o

inventário do Museu Histórico e Diplomático, ou seja, dos bens de valor histórico e cultural,

muitos dos quais de considerável valor pecuniário. Essa parte parece estar completa, não

havendo peças faltantes (grifo nosso). Cópia do inventário foi enviada à SERE pela GMD

360 de 24/10/2008, distribuída para DCD/DA/CISET.

3. A segunda parte é o inventário geral do ERERIO, que vem passando por processo de

revisão e atualização desde o início do corrente ano, o qual incluiria um total de 3.988 itens.

A última versão desse documento foi encaminhada à SERE pela GMD 38 de 15/01/2013.

Desse total, verificou-se que 363 itens estão extraviados.(grifo nosso)

4. Quando de reforma do sistema de patrimônio, creio que em 2006 (grifo nosso), foi criada

uma lista com a indicação "a verificar" no campo localização, em que foram inscritos bens,

com seus códigos atual e antigo, descrição, valor e situação física, cuja localização não foi

estabelecida. Foi feita agora ampla busca nas dependências do Escritório e aqueles bens

não fora encontrados.

5. Dentre os bens, incluem-se, por exemplo, desde mesas, cadeiras, poltronas, armários de

aço e um total de 50 carteiras estudantis, de aquisição bastante antiga, com valor unitário

de R$ 0,01, 13 computadores com processador Pentium, com valor unitário de R$ 2.430,00

(dois mil, quatrocentos e trinta reais ) e aparelhos de ar condicionado.

6. A explicação mais plausível para o extravio da maioria desses bens é de que, ao longo

dos anos, se tornaram inadequados ao uso e foram descartados, sem que se procedesse à

baixa.

7.Muito agradeceria a orientação de Vossa Excelência.

8. Por correio eletrônico, estou encaminhando à CPAT a mencionada lista de bens

extraviados."

65. Do exposto, a equipe de Auditoria observa que: a) como dito anteriormente, os

problemas afetos ao patrimônio vêm se dando ao longo de vários exercícios; b) trata-se de extravio

correspondente a aproximadamente 10% do total registrado; c) a SERE não vem atuando no sentido

de acompanhar tais problemas de forma a coibi-los; e d) embora se assevere que a parte

correspondente ao inventário do Museu Histórico e Diplomático "parece estar completa, não

havendo peças faltantes", deve-se registrar o fato de, por se encontrar o Museu sofrendo de vários e

sérios problemas em sua estrutura e conservação, conforme pôde constatar esta Auditoria durante o

trabalho de campo, não haveria como certificar a segurança do acervo. Conforme pôde-se apurar

Page 19: Relatório de Auditoria Anual de Contas

19

quando das visitas às instalações, encontraram-se peças danificadas em virtude de umidade e

infiltrações, por exemplo.

66. Instalada em 9 de outubro de 2013, a Comissão de Sindicância se deparou com

vários problemas na busca dos possíveis responsáveis pelo desaparecimento de bens, ocasionados,

na opinião da Auditoria, pelas inúmeras falhas de controle interno.

67. Quando das oitivas, ficaram patentes alguns dos problemas que levaram o gestor a

proceder à instauração de tal Comissão, conforme veremos a seguir:

"Entre julho e agosto de 2013, foi realizada pesquisa nos arquivos do Setor de Patrimônio

do ERERIO, com o objetivo de tentar esclarecer a origem da lista A VERIFICAR, constante

do atual programa de inventário.

As primeira referências ao inventário no ERERIO foram encontradas no telegrama 147 de

2001(anexo 1), que trazia o seguinte histórico:

-em 1997, quando ainda se utilizava o controle patrimonial CONPAT, a verificação física

revelou que já havia falha neste controle, pois "não estava relacionada uma grande

quantidade de bens, encontrados sem plaqueta de patrimônio, sem documentos que

identifiquem suas origens e, portanto, sem registro no SIAFI".

-em 2000, a SERE (Circtel 127/99) recomendou a utilização do Sistema Habile, adotado nos

postos no exterior. De acordo com o tel 147/2001, não foi possível realizar o inventário em

2000 por falta de pessoal. (grifo nosso) Acredita-se que, por essa razão, esse sistema não

chegou a ser utilizado.

Segundo relatório de auditoria de gestão de abril de 2002(anexo2), até aquela data o último

inventário realizado continuava sendo o do exercício de 1996, o que contrariava a exigência

legal de levantamento e conferência física anuais dos bens patrimoniais.(grifo nosso) O

relatório também ressaltava que ERERIO já havia solicitado autorização ao Departamento

de Administração para contratar empresa especializada em rotinas de inventário, haja vista

a vastidão do patrimônio. Até aquele momento, contudo, a autorização não havia sido

concedida.(grifo nosso)

Nos comentários do então gestor patrimonial (o falecido Oficial de Chancelaria...) ao

mencionado relatório de auditoria ..., encontra-se a seguinte informação:

As instruções que estão sendo aguardadas da SERE são no sentido de se proceder à

contratação de firma especializada. Não se trata de realizar um inventário simples do tipo

eventual, em que se procede apenas a um levantamento físico dos bens existentes, mas de

efetuar uma atualização do Patrimônio de Bens Móveis (equipamentos e material

permanente) existente no ERERIO e elaborar o inventário anual, conforme explicitado no

Page 20: Relatório de Auditoria Anual de Contas

20

Projeto Básico elaborado pela seção de patrimônio dessa UG em 10/07/2000. Cabe ainda

esclarecer; (...) o último inventário de ERERIO não foi o realizado em 1996 (...) talvez o

único inventário tenha sido realizado quando da implantação do sistema CONPAT (grifo

nosso). Foram encontrados em 1997, após a desativação deste sistema, apenas "Relações

Sequenciais do Sistema de Controle Patrimonial", emitidas nos computadores da DINFOR

em diversas datas, sendo a última em 30/12/1996. Nenhum Termo de Responsabilidade foi

encontrado e a tabela de "Códigos de Localização Físicas" estava mal elaborada e

desatualizada.

Acreditamos que o controle de inventário continuou desatualizado até o ano de 2003,

quando o ERERIO conseguiu autorização da SERE para contratar a empresa Link-Data (a

mesma que havia feito o trabalho de informatização do inventário da SERE em 1996) para

informatizar o controle de inventário...

...Acreditamos que a que a lista A VERIFICAR tenha nascido dessa lacuna: bens arrolados

no antigo controle patrimonial (desatualizado desde 1997) que não foram localizados na

verificação física de 2004 e , assim, colocados em lista pendente para futura tomada de

decisão do ERERIO. Corrobora essa hipótese a existência de bens inseridos nessa lista

desde o ano 2005, ou seja, logo do início da utilização do controle patrimonial Link-Data

pelo ERERIO.

Relatório de nova auditoria realizada em abril de 2007...assinala que "há dificuldades em

operacionalizar o programa de controle de bens móveis Link-Data" e que havia

inconsistência de dados no sistema referente à localização de microcomputadores

adquiridos em 2006 (equipamentos que constavam do estoque de bens do Almoxarifado, mas

que já tinham sido distribuídos a diferentes setores). O relatório assinalava que essas

inconsistências poderiam gerar "relatórios gerenciais e termos de responsabilidade com

dados incorretos".

A partir de 2007, existem arquivos impressos dos inventários ainda conservados no Setor de

Administração do ERERIO. Com exceção do inventário de 2008. A responsável pelo

inventário, Oficial de Chancelaria ..., realizou um excelente trabalho, com inúmeras

atualizações do registros, por meio da contínua verificação física. Foram feitas as baixas

necessárias, tanto de bens inservíveis, como de bens indevidamente cadastrados.

Paralelamente, buscava-se encontrar os bens elencados na lista A VERIFICAR. Porém,

adotou-se a prática de incluir na lista A VERIFICAR bens eventualmente não localizados

nas dependências do ERERIO, após a verificação física setorial. Com acréscimo de itens

não localizados, a lista A VERIFICAR cresceu paulatinamente, ainda que bens porventura

localizados tenham sido transferidos para sua devida localização.

Page 21: Relatório de Auditoria Anual de Contas

21

Há que se assinalar que a falta de manutenção do banco de dados do sistema Link-Data,

para a qual seria necessária renovação de contrato não autorizada pela SERE, gerou

inconsistências no programa desde meados de 2007.(grifo nosso) O programa apresenta

falhas de registros: muitas vezes bens ativos não aparecem nos Termos de

Responsabilidade, mas quando pesquisados por número de patrimônio, aparecem em

determinada localização. Outros bens, apesar de terem número de patrimônio ativo,

simplesmente não aparecem em nenhuma localização. Essas falhas nos levam a questionar,

inclusive, a fidelidade dos registros armazenados e levantar a possiblidade de que haja

duplicidade de registos e/ou bens baixados não reconhecidos com tais na lista A

VERIFICAR, tamanha a vulnerabilidade do programa." (grifo nosso)

68. Com relação ao Inventário do exercício sob exame (2013), solicitado por intermédio

da SA nº 02, de 04/06/2014, informou o gestor que: "Inventário- Estão sendo encaminhados cópias

dos inventários dos anos de 2011, 2012 e 2013 para sua apreciação."

69. A Auditoria entende, entretanto, que o que foi encaminhado de fato não foram os

respectivos inventários, em particular aqueles referentes ao exercício de 2013, mas, sim, conforme

se depreende dos anexos encaminhados, uma relação de termos de responsabilidade acompanhada

de Memorando, em que se encontram consignadas algumas restrições que demonstram mais uma

vez a dificuldade em se proceder ao devido controle patrimonial da Instituição:

"...itens pendentes foram procurados nos locais onde ficaram armazenados os bens

móveis por ocasião da obra: refeitório, depósito de móveis a recuperar e salas

contíguas aos setores. Entretanto, ainda não foram localizados. Em virtude da

ausência desses bens, a verificação física não pôde ser concluída e, assim, os termos

de responsabilidade não foram assinados(grifo nosso).

"...Esclareço que, atualmente, com a saída da gestora patrimonial (...), o controle

patrimonial das noventa e cinco localizações deste Escritório está sendo feito por

apenas duas pessoas: esta servidora, OC (...), que acumula outras funções no Setor

de Administração, e a estagiária (...). Assinalo que a falta de pessoal é agravada

pela carência de tecnologia do programa de controle de inventário, que obriga que

toda verificação física é feita manualmente, não há utilização de leitor de código de

barras, o que torna o trabalho lento e passível de equívocos (grifo nosso). Ante essas

dificuldades, a expectativa desta seção é manter minimamente atualizado o quadro

de localizações dos bens móveis por meio de verificações físicas periódicas..."

Page 22: Relatório de Auditoria Anual de Contas

22

"...Informo que os bens não localizados nas verificações físicas anteriores, listados

em meu primeiro relatório, não foram encontrados até o momento. (...) Reitero, por

fim, minha percepção, já sugerida em relatório anterior, de que os bens permanentes

não serão adequadamente geridos enquanto houver carência de pessoal e de

tecnologia adequada, bem como falta de comunicação sobre a movimentação dos

bens por parte dos diverso setores. A expectativa desta seção é manter minimamente

atualizado o quadro de localizações de bens móveis de ERERIO, já que as

mencionadas dificuldades tornam impossível o controle eficiente dos bens

inventariados...(grifo nosso)."

70. Ainda com relação às dificuldades apresentadas pelo ERERIO em proceder ao

controle patrimonial de seu acervo, encaminhou esta equipe de auditoria solicitação junto ao gestor

– SA nº 002/2014, no sentido de que se justificasse a existência de peças sem o devido registro

patrimonial, ao que respondeu o gestor:

"...Registro Patrimonial- O inventário do Museu Histórico e Diplomático, ou seja, dos

bens de valor histórico e cultural, foi enviada à SERE pela GMD 360 de 24/10/2008,

distribuída para DCD/DA/CISET. A segunda parte é o inventário geral do ERERIO,

que vem passando por processo de revisão e atualização desde o início de 2013, o qual

incluiria um total de 3988 itens. A última versão desse documento foi encaminhada

SERE pela GMD 38 de 15/01/2013."

Recomendação

71. Promover mudanças, adequação e/ou realocação de pessoal, bem como o

desenvolvimento e/ou adquisição de sistemas de controle informatizados, adotando procedimentos

já contemplados na legislação vigente, no intuito de viabilizar a implementação dos sistemas de

controle patrimonial. Buscando, assim, evitar novas perdas patrimoniais. Observamos que por se

tratar de tema recorrente, que já foi objeto inclusive de orientação desta CISET – Despacho ao

Memo CPAT/01, 23 de janeiro de 2014, solicita-se o encaminhamento a este órgão de controle

informações sobre as providências adotadas.

IV – CONCLUSÃO

Page 23: Relatório de Auditoria Anual de Contas

23

72. Entendemos que os problemas afetos à estrutura de pessoal, observados de longa

data, estão a refletir na Administração, além de impactar sobremaneira na conservação do

patrimônio histórico-cultural e do valioso acervo da Instituição. Apesar de as obras empreendidas

pelo gestor revestirem-se de boa qualidade, observou-se a dificuldade em levar a cabo tal

empreitada com apenas um fiscal voltado ao seu acompanhamento, mormente quando se trata de

servidor terceirizado, ainda que muito dedicado, com a incumbência de, sozinho, manter a memória

de tais obras. Digna de nota, ainda, é a iniciativa do gestor em promover processo de Sindicância a

fim de apurar responsabilidade pelo desaparecimento de percentual significativo de bens, cabendo,

entretanto, a esta equipe de auditoria deixar consignado que, após a conclusão do processo em

comento, dever-se-á atentar para a melhoria dos sistemas informatizados, bem como à alocação de

pessoal suficiente e capacitado a fim de levar a bom termo a operacionalização dos controles

necessários.

73. Por fim, ressalta-se a necessidade premente de o gestor envidar todos os esforços no

sentido de deter a deterioração sofrida pelo Museu Histórico e Diplomático, que, como se pôde

constatar, apresenta danos visíveis na estrutura, com impacto direto sobre as peças valiosas de seu

acervo centenário.

74. Tendo em vista os exames realizados no período a que se refere o presente processo,

concluímos pela REGULARIDADE COM RESSALVAS das contas da Unidade até o dia

20/08/2013 e pela REGULARIDADE das contas da Unidade de 21/08/2013 a 31/12/2013.

Brasília-DF, 25 de julho de 2014.

E

Analista de Finanças e Controle

Matricula SIAPE – X

H

Técnico de Finanças e Controle

Matricula SIAPE – X