25
35(6,’˙1&,$’$5(3Ò%/,&$ 6HFUHWDULD(VSHFLDOGH’HVHQYROYLPHQWR8UEDQR 6HFUHWDULDGH3ROtWLFD8UEDQD 3URJUDPD%UDVLOHLURGD4XDOLGDGHH3URGXWLYLGDGHGD&RQVWUXomR +DELWDFLRQDO3%43+ 3URMHWR&RRSHUDomR7pFQLFD%LODWHUDO%UDVLO)UDQoD%,’SDUDR 3%43+ Gerente Brasil Projeto BID / SEDU / CSTB / França : Francisco Ferreira Cardoso – PCC.USP Coordenação SEDU : Cecília Parlato Gerente França Projeto BID / SEDU / CSTB / França : Michel Bazin – CSTB Coordenação do estágio pelo CSTB : Jean-Luc Salagnac Apoio coordenação do estágio : Jean-Marie Bireaud – ACT Consultants Relatório do Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros 13 a 27/05/2000 Prof. Francisco Ferreira Cardoso – PCC.USP Documento : RelatórioEstágio2BIDFCardoso Versão de : 19/06/00 19:06

Relatório do Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros · 1. Reuniões com profissionais de gerenciamento de obras, para discutir os diferentes aspectos do estágio. 2. Reuniões

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Gerente Brasil Projeto BID / SEDU / CSTB / França : Francisco Ferreira Cardoso – PCC.USPCoordenação SEDU : Cecília Parlato

Gerente França Projeto BID / SEDU / CSTB / França : Michel Bazin – CSTBCoordenação do estágio pelo CSTB : Jean-Luc Salagnac

Apoio coordenação do estágio : Jean-Marie Bireaud – ACT Consultants

Relatório do Estágio 2 -Organização e Gestão de

Canteiros13 a 27/05/2000

Prof. Francisco Ferreira Cardoso – PCC.USP

Documento : RelatórioEstágio2BIDFCardosoVersão de : 19/06/00 19:06

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 2Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

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Relatório do Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros13 a 27/05/2000

Prof. Francisco Ferreira Cardoso – PCC.USP

$SUHVHQWDomR�*HUDO

Este segundo estágio que aqui relato foi montado a partir das diretrizes contratuais presentes noProjeto BID, assim como das definidas pela Coordenação Nacional do PBQP-H, em especial da suaCoordenação Nacional de Projetos e Obras.

Assim, o seu objetivo do estágio, que aparece no Projeto junto ao BID, foi o de fornecer elementos queapoiassem as empresas construtoras brasileiras quanto aos seguintes aspectos :

• implantação de novos modos de organização de canteiros através :

• de um sistema de “estudo de métodos”, envolvendo o planejamento e o controle das obras, osestudos de preparação e a elaboração de projetos de canteiros ;

• da redefinição do papel e das formas de organização das empresas subcontratadas, daimplantação de mecanismos de coordenação dos agentes participantes das obras, da implantaçãode um sistema global de gestão da qualidade e do estabelecimento de novas formas de gestão damão-de-obra ;

• estabelecimento de relações de cooperação permanente entre os agentes da cadeia produtiva, aolongo do canteiro ;

• implementação de ferramentas de treinamento e de qualificação da mão-de-obra e de melhoria dasempresas subcontratadas ;

• reflexão quanto à implementação de um sistema de higiene e segurança nos canteiros (política deprevenção, melhoria dos equipamentos e ferramentas, etc.).

Já as duas diretrizes principais adotadas para a estruturação do estágio, definidas pela CoordenaçãoNacional de Projetos e Obras do PBQP-H, foram :

1. Organização, gestão e planejamento de canteiros e obras.

2. Formação da mão-de-obra para canteiros, adequada à sua correta organização e gestão.

Por sua vez, a equipe técnica do Projeto BID (arquiteta Cecília Parlato e eu mesmo), enquanto seuscoordenadores, entendemos que o estágio deveria ser uma oportunidade para se tratar um outro temaligado à problemática das empresas construtoras, o da tecnologia construtiva, que foi nele valorizado. Aexpectativa era a de que o estágio ajudasse a ampliar a visão dos estagiários quanto ao tema para que,ao retornarem ao Brasil, melhor orientassem as empresas e as entidades setoriais a organizarem suasações nessa área. Nesse sentido, foi realizada a discussão sobre o Sistema DTU1, que nos mostrou

1 Como apresentarei adiante, o Sistema DTU, é composto por uma série de documentos, os 'RFXPHQWV�7HFKQLTXHV�8QLILpV(Documentos Técnicos Unificados), que registram as boas práticas profissionais para a execução dos mais diferentes serviçosde obras, com destaque para os envolvidos na execução ; correspondem ao que os americanos chamam de &RGH� RI3UDFWLFHV. Hoje em dia, constituem-se em normas. O Sistema representa, em última instância, o conhecimento tecnológico detodo o setor da construção civil.

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 3Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

que a normalização não constitui um processo burocrático, para criar regras, mas sim leva àconsolidação, ou mesmo ao desenvolvimento da tecnologia de um país. A visita ao Salão Intermat,voltado para equipamentos e ferramentas de obras, também ajudou-nos nesse processo.

Como ponto de partida para sua montagem, entendemos que o setor, qual seja, as empresas, via suasentidades setoriais, e organismos como o SEBRAE / SENAI, além de grandes clientes, como a CaixaEconômica Federal e outros, apoiado por agentes de fomento à pesquisa e ao desenvolvimento(FINEP, CNPq, Fundações de Amparo à Pesquisa dos diferentes estados, etc.), deveriam investir“pesado” na consolidação e no avanço dos conhecimentos tecnológicos envolvidos nos diferentesserviços de obras. O CobraCon/CB-02/ABNT atuaria, evidentemente, como um agente fundamentalnesse processo, assim como os organismos de pesquisa e as universidades.

É preciso pensar grande quanto a esse ponto, e obter recursos significativos, inclusive para viabilizar atransferência de tais conhecimentos às empresas e aos seus funcionários (capacitação).

Também a importância da formação da mão-de-obra para canteiros foi reconhecida e valorizada noestágio. Procuramos na sua montagem dar ênfase para os operários, encarregados e mestres-de-obras, tratando dos aspectos técnicos e gerenciais envolvidos com tais profissões, não se esquecendoda formação e qualificação profissional voltada aos subempreiteiros. Nesse caso também maisinvestimentos terão que ser feitos pelo setor para se levar adiante as idéias observadas.

Além desses objetivos e diretrizes, o próprio CSTB propôs tratarmos no estágio dois outros temas, quenele integramos :

1. Logística.

2. Impacto ambiental dos canteiros.

Tomando como base todas essas orientações, e em perfeita sintonia com o coordenador do estágiopelo CSTB, o engenheiro Jean-Luc Salagnac, definimos como temas a serem nele tratados :

1. Reuniões com profissionais de gerenciamento de obras, para discutir os diferentes aspectosdo estágio.

2. Reuniões com lideranças setoriais, para discutir a questão da gestão de canteiros.

3. Reunião com profissional do setor, para discutir a questão da logística do ponto de vista dosfabricantes e distribuidores.

4. Prevenção e segurança em canteiros.

5. Impacto ambiental dos canteiros.

6. Reuniões com lideranças setoriais, para discutir a questão da formação de mão-de-obratécnica, incluindo visita a centro de formação de mão-de-obra.

7. Sistema de Códigos de Práticas (DTUs).

8. O Sistema QUALIBAT de qualificação profissional de empresas e subempreiteiros.

9. O papel do seguro da construção na cadeia produtiva.

10. Visita ao Salão Intermat.

11. Visita a obras de empresas líderes, para observações LQ�ORFR e discussões com profissionaisde produção sobre os diferentes aspectos do estágio.

Tendo em vista essa colocações, o presente relatório procura responder às seguintes questões :

1. O planejamento feito foi obedecido e os temas definidos foram percorridos ? Com quequalidade ? Quais os desdobramentos de cada tema para o PBQP-H ?

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 4Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

2. Quais os principais pontos positivos negativos do estágio ?

3. Os objetivos traçados foram alcançados ?

Cabe ainda dizer que viajei como coordenador da equipe de estagiários, com delegação da SEDU-PR.Os demais estagiários foram :

• Representante da CBIC : Engenheiro João Coelho de Souza Filho – SP.

• Representante do FORUM IC : Engenheiro Marcos Roberto Tamaki – SP.

• Representante da Caixa Econômica Federal : Engenheiro Gilberto Brito – RJ.

Finalmente, antes de responder às questões acima, apresento o &67%� �� &HQWUH� 6FLHQWLILTXH� HW7HFKQLTXH� GX� %kWLPHQW, nosso parceiro local, e igualmente alguns dados macroeconômicos sobre arealidade do subsetor da construção de edifícios na França.

)UDQFLVFR�)HUUHLUD�&DUGRVRPCC.USP

Junho de 2000

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 5Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

2�&HQWUH�6FLHQWLILTXH�HW�7HFKQLTXH�GX�%kWLPHQW���&67%

O &HQWUH�6FLHQWLILTXH�HW�7HFKQLTXH�GX�%âtiment (CSTB) é o mais importante centro francês de pesquisaem edificações, e um dos mais importantes do mundo. Possui um quadro de 600 profissionais, dosquais cerca de 300 são de nível superior. Seu orçamento anual é de 347 milhões de francos franceses(aproximadamente 92 milhões de reais)2, dos quais 36 % estão ligados às atividades tecnológicas,32 % às de pesquisa e desenvolvimento, 22 % às de consultoria e 6 % às de difusão de informações.

O CSTB atua não somente na França, como na Europa em geral através de cooperaçõesinternacionais e de parcerias com os principais centros de pesquisa europeus. Ele preside atualmente a(27$ ($VVRFLDWLRQ� SRXU� O� $JUpPHQW� 7HFKQLTXH� (XURSpHQ), de onde é sócio fundador ; além disso,assegura a secretaria geral da 8($WF (8QLRQ� (XURSpHQQH� SRXU� O$JUpPHQW� 7HFKQLTXH� GDQV� OD&RQVWUXFWLRQ) ; é membro da 125(;, rede de apoio técnico aos exportadores franceses ; atuaativamente no *URXSHPHQW� G,QWpUrW� (FRQRPLTXH� (XURSpHQ - (1%5, ((XURSHDQ� 1HWZRUN� RI� %XLOGLQJ5HVHDUFK�,QVWLWXWH), que reúne os principais centros de pesquisas europeus em edificações.

Desenvolve assim pesquisa em parceria com instituições francesas (ENPC, LCPC, Escolas deArquitetura, os Institutos Técnicos Superiores, as Universidades, o CNRS e diversos laboratóriospúblicos e privados), européias e do resto do mundo. Possui cerca de 40 estudantes desenvolvendoteses de doutoramento em suas instalações, demonstrando estreita relação com o mundo acadêmico.Está em vias de estabelecer um convênio com a Escola Politécnica da USP e procura manter relaçõescom o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.

O CSTB desenvolve pesquisa de ponta em materiais e técnicas de construção civil, segurança,iluminação, acústica, engenharia econômica e social, térmica, aerodinâmica, informática, novastecnologias, entre outros ramos. Atua também nas áreas de consultoria, avaliação técnica e difusão deinformações.

Assim, presta consultoria para os diferentes agentes do setor – fabricantes, projetistas, construtores,clientes -, principalmente para o desenvolvimento de inovações tecnológicas. Na área de avaliaçõestécnicas, uma das mais importantes, faz análises e emite certificados de aprovações técnicas deprodutos inovadores para a construção (ATEC e Atex) ; realiza certificação de produtos e de casas(através de diversas marcas) ; acompanha e avalia tecnicamente canteiros experimentais, onde sedesenvolvam inovações tecnológicas ou gerenciais ; qualifica empresas ; emite certificados de garantiada qualidade de serviços. Finalmente, além de produzir informações, o CSTB se preocupa com adifusão das mesmas, publicando periódicos e livros, editando CD-ROMs, oferecendo ao mercadosistemas especialistas, cursos, etc.

Trata-se de um estabelecimento público de cunho industrial e comercial, criado em 1947, estando sob atutela do Ministério da Habitação3. Seus funcionários não são funcionários do estado.

É presidido por Alain Maugard e tem três diretores : Raphaël Slama, diretor ; Jacques Rilling, depesquisa e desenvolvimento ; e Jean-Daniel Merlet, diretor técnico (esteve no Brasil numa das missõesdo Projeto de Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H). O engenheiro MichelBazin é o responsável pela área de Normalização e Aprovações, além de coordenador do Projeto.Trabalha sob a direção de Jean-Daniel Merlet, portanto na diretoria técnica do Centro. Já esteve maisde uma vez no Brasil.

Já o engenheiro Jean-Luc Salagnac, que organizou o presente estágio, atua na diretoria de pesquisa edesenvolvimento e esteve uma vez no Brasil, na missão homônima a esse estágio, do Projeto de

2 Adotei aqui as taxas de câmbio de 1US$ = 7,00 FF = R$1,85.3 Na verdade, 0LQLVWqUH� GH� O¶(TXLSHPHQW�� GHV� 7UDQVSRUWV� HW� GX� /RJHPHQW., ou Ministério da Infra-estrutura, Transportes eHabitação.

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 6Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

Cooperação Técnica. Atua no CSTB há 19 anos, atualmente nas áreas de tecnologia da construção,organização de canteiros e normalização em edificações.

Por sua vez, o engenheiro Jean-Marie Bireaud, além de coordenador administrativo do convênio, é umprofundo conhecedor do Brasil. Seu papel é o de animador de projetos de pesquisa entre a França epaíses em vias de desenvolvimento, com um trabalho de anos conosco. Sua assistente, Guilhermina daGraça, é uma portuguesa que mora há anos em Paris (mas não esqueceu a língua da « terrinha »),cuja gentileza e competência estão acima de toda prova. Ambos foram um grande ponto de apoio paraos estagiários, assegurando as traduções quando dos encontros e se ocupado de toda a parte« logística » do estágio, incluindo marcação dos encontros, reserva de hotel, etc.

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 7Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

$OJXQV�GDGRV�PDFURHFRQ{PLFRV�VREUH�D�UHDOLGDGH�VHWRULDO�QD�)UDQoD�������

A movimentação financeira das empresas construtoras e subcontratantes na França em 1998 foi de4 :

• Setor de edificações : 466 bilhões de francos ou 123 bilhões de reais (76 %) ;

• Setor de obras pesadas : 145 bilhões de francos ou 38 bilhões de reais ;

• Total : 611 bilhões de francos ou 161 bilhões de reais.

Desse total, 269 bilhões de francos ou 44 % são movimentados sob forma de salários (133 bilhões defrancos), encargos sociais e impostos, enquanto que 342 bilhões de francos sob forma de materiaiscomprados (188 bilhões ou 31 % do total) e serviços contratados de terceiros (154 bilhões de francosou 25 % do total).

No setor de edificações, que nos interessa aqui, trabalham 1.143.000 pessoas, das quais 893.000 sãoassalariados e 250.000 donos de empresas.

Do total de 466 bilhões de francos movimentados pelo setor anualmente, cerca de 222 bilhões defrancos ou 48 % do total estiveram na mão de empresas de menos de 10 empregados, e 280 bilhõesde francos ou 60 % do total nas de menos de 20.

As habitações responderam por 268 bilhões de francos desse total, ou 58 %, sendo a parcela de 27 %destinada para obras novas e a de 21 % para as reformas ; os edifícios não residenciais responderampor 40 % e as obras de infra-estrutura pelos 2 % restantes.

Os grandes clientes foram as incorporadoras e as famílias que construíram suas casas (52 % do total),empresas privadas (23 %), o estado e os órgãos públicos (15 %) e os organismos de Habitação paraAluguel (6 %).

Já o faturamento em 1999 do setor de edificações foi de 517 bilhões de francos ou 137 bilhões dereais, com um crescimento de 7,1 % em relação a 19985, tendo sido ele um ano que foi consideradocom excepcional. As previsões falam num crescimento entre 3,9 a 5,2 % para o ano 2000.

As razões que nos foram dadas para explicar tal crescimento foram :

1. Baixa do imposto TVA, que incide sobre todas as mercadorias e serviços, que passou de 20,6 %para 5 %, no caso da compra de produtos para reformas.

2. Existência de mecanismos de financiamento adequados para as diferentes faixas sociais, como porexemplo o da taxa “a juros zero” (para baixos salários e válida para uma parcela do financiamentoconcedido).

3. Existência de incentivos fiscais para os que constróem para aluguel social.

Comentou-se que o crescimento do setor contribuiu para um quarto do crescimento do PIB francês, em1999.

4 Fonte : *UDQGV�DJUpJDWV�GH��OD�FRQVWUXFWLRQ�HQ�������'RQQpHV�SURYLVRLUHV. Ministère de l’Equipement, des Transports et duLogement. Août 2000.5 Fonte : /D�FRQMRQFWXUH�GX�VHFWHXU� GH� OD� FRQVWUXFWLRQ. Ministère de l’Equipement, des Transports et du Logement. 10 mai2000.

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 8Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

A frase que parece representar isso é :

³4XDQG�OH�%kWLPHQW�YD��WRXW�YD´�

0DUWLQ�1$'$8��6pFXOR�;,;

Quanto à formação de mão-de-obra, as principais informações obtidas foram :

• é certo que o Estado e a iniciativa privada compartilham a responsabilidade de formar os novostrabalhadores da produção, dos operários aos mestres-de-obras. No primeiro caso, os alunos saemdos liceus e assemelhados (equivalente ao nosso segundo grau profissionalizante) ; no segundo,dos centros de aprendizes, que estão sob a responsabilidade das entidades setoriais dos diferentestipos de empresas (por serviço de obras), e nos quais os alunos recebem bolsas de estudos.

• Os dados quanto à formação são conflitantes. A )pGpUDWLRQ� )UDQoDLVH� GX� %kWLPHQW� �� ))%(Federação Francesa do Setor de Edificações) nos falou em 80.000 alunos / ano formados pelosliceus e assemelhados, enquanto que a &RQIpGpUDWLRQ� GHV� $UWLVDQV� HW� 3HWLWHV� (QWUHSULVHV� GX%kWLPHQW���&$3(% (Confederação dos Artesãos e Pequenas Empresas do Setor de Edificações) em90.000 e o Ministério da Infra-estrutura, dos Transportes e da Habitação fala em 96.0007. Domesmo modo, segundo a ))% os centros de aprendizes formariam 100.000 alunos / ano, queseriam 70.000 segundo a &$3(% e 45.000 segundo documento publicado pelo Ministério da Infra-estrutura, dos Transportes e da Habitação.

• O estado e a iniciativa privada compartilham igualmente a responsabilidade pela reciclagem(formação contínua) dos trabalhadores da produção, respectivamente através de formaçãooferecidas aos desempregados (30.000 alunos / ano) e dos empregados (100.000 alunos / ano).

Quanto ao perfil da mão-de-obra assalariada, que, como disse, perfazem pouco mais de um milhão ecem mil pessoas, tem-se que8 :

• 84 % dos assalariados são franceses, sendo os portugueses a segunda comunidade, respondendopor 7 % deles ;

• a idade média é de 38,7 anos para os assalariados e de 42,5 anos para os independentes ;

• os operários não qualificados e os aprendizes respondem por 24 % da força de trabalho ; osoperários qualificados por 50 % ; os tecnólogos e assemelhados, incluindo mestres-de-obras, por17 % e os engenheiros ; e profissionais de nível superior por 8 % ;

• a primeira profissão é a dos pedreiros, com 20 % do pessoal ;

• 92 % dos assalariados são homens.

Passemos agora às respostas às questões colocadas.

6 “Quando o setor de edificações está bem, tudo está bem”.7 Fonte : )RUPDWLRQ�� TXDOLILFDWLRQ�� HPSORL� GDQV� OD� FRQVWUXFWLRQ� HQ� ������ 3ULQFLSDX[� FKLIIUHV. Ministère de l’Equipement, desTransports et du Logement. Février 2000.8 Fonte : )RUPDWLRQ�� TXDOLILFDWLRQ�� HPSORL� GDQV� OD� FRQVWUXFWLRQ� HQ� ������ 3ULQFLSDX[� FKLIIUHV. Ministère de l’Equipement, desTransports et du Logement. Février 2000.

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 9Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

2�SODQHMDPHQWR�IHLWR�IRL�REHGHFLGR�H�RV�WHPDV�GHILQLGRV�IRUDPSHUFRUULGRV�"�&RP�TXH�TXDOLGDGH�"�4XDLV�RV�GHVGREUDPHQWRV�GH�FDGD�WHPDSDUD�R�3%43�+�"

O planejamento feito foi seguido com perfeito rigor, os encontros programados sendo realizados nasdatas e horas previstas. Mais ainda, um encontro não programado foi realizado, que contou com aminha presença e a dos engenheiros João Coelho de Souza Filho, outro estagiário e CoordenadorNacional de Projetos e Obras do PBQP-H, e Jean-Daniel Merlet, Diretor Técnico do Centro, além da doresponsável pela área de Marketing e Ações Internacionais do CSTB, Christoph ENGELS. Nele foramdiscutidas possíveis ações futuras dos agentes do PBQP-H com o Centro.

Na tabela que segue abaixo faço uma avaliação sobre os 11 temas propostos no estágio, além de doaspecto que levantei acima. Para maiores informações sobre os interlocutores que tivemos, consultar oitem “Informações adicionais : pessoas encontradas e suas coordenadas”.

7HPD�H�$YDOLDomR(fraca, média, boa eexcelente)

&RPHQWiULRV

��� 5HXQL}HV�FRPSURILVVLRQDLV�GHJHUHQFLDPHQWRGH�REUDV��SDUDGLVFXWLU�RVGLIHUHQWHVDVSHFWRV�GRHVWiJLR�

$YDOLDomR���PpGLD�

As reuniões com tais profissionais foram um dos ponto de menor repercussão do estágio. A críticamaior que faço a elas diz respeito à falta de apresentação de exemplos concretos (ferramentas,relatórios, etc.), que fossem fruto da prática de trabalho dos interlocutores que encontramos. Éverdade que as conversas foram interessantes, mas sobretudo do ponto de vista conceitual.

No entanto, existem aspectos positivos a salientar : do primeiro encontro (PIERRE), resultou umquadro teórico bastante interessante das questões da organização e da gestão de obras ; do segundo(AIELLO), uma percepção mais clara do papel dos industriais nas questões ligadas à logística e sobrea possibilidade e a importância do desenvolvimento de um trabalho conjunto destes agentes com osconstrutores, sobre tal tema.

��� 5HXQL}HV�FRPOLGHUDQoDVVHWRULDLV��SDUDGLVFXWLU�DTXHVWmR�GDJHVWmR�GHFDQWHLURV�

$YDOLDomR���IUDFD�

Somente houve uma reunião com tais lideranças (81$32&�±�8QLRQ�1DWLRQDOH�GHV�3URIHVVLRQQHOV�GHOD�&RRGLQDWLRQ�HQ�23&��6HFXULWp�HW�3URWHFWLRQ�GH�OD�6DQWp – União Nacional dos Profissionais deGerenciamento de Obras, Segurança e Proteção à Saúde) que considero o ponto mais fraco doestágio, pois dela pouco se poderá aproveitar. Falou-se sobre conceitos conhecidos, e, mais uma vez,não foram apresentadas novas ferramentas de trabalho.

��� 5HXQLmR�FRPSURILVVLRQDO�GRVHWRU��SDUDGLVFXWLU�DTXHVWmR�GDORJtVWLFD�GRSRQWR�GH�YLVWDGRV�IDEULFDQWHV�HGLVWULEXLGRUHV�

$YDOLDomR���ERD�

Na prática, uma única reunião ocorreu com a finalidade de se discutir a questão da logística do pontode vista dos fabricantes e distribuidores, com a equipe do distribuidor de materiais de construçãoPoint P ; por não constar do programa, não houve contato com fabricantes a esse respeito.

O Point P é o maior distribuidor de materiais de construção francês (os outros dois são &DVWRUDPD e/HUR\�0HUOLQ, ambos presentes no Brasil), fazendo parte do Grupo 6DLQW�*RELQ. Ele detém 15 % domercado, faturando cerca de 20 bilhões de franco anuais (cerca de 5,3 bilhões de reais).

O resultado do encontro foi muito positivo, sobretudo por permitir a confirmação de algumassuposições que eu já fazia sobre a questão da logística :

1. a de que a logística vem cada vez mais se tornando um elemento chave de articulação da cadeiaprodutiva, isto não somente sob a ótica dos fabricantes e distribuidores, como também dasconstrutoras. Do ponto de vista dos distribuidores, conversamos bastante sobre a novaestruturação do sistema de transporte do Point P, agora totalmente confiado a terceiros, eorganizado por zonas geográficas, com “compromisso de entrega em 24 horas” (antigamente otransporte era feito internamente e organizado por “contas”, com ineficiências em termos dedistâncias e tempos de percursos).

2. A de que mais do que fornecedores, os distribuidores vêm assumindo o papel crescente deprestadores de serviços às construtoras, como foi o caso da experiência visitada, da Plataforma

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 10Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

Logística. (No caso francês, destaca-se ainda o papel de agentes financiadores assumidos pelosdistribuidores, que repassam às empresas os prazos de pagamento que recebem dos fabricantes.)

3. A de que não há um agente dominante na gestão do processo logístico, que acaba sendo assumidapela construtora, fabricantes e distribuidores.

4. A de que a Internet é um elemento chave do negócio, mesmo se o Point P ainda está atrasadonesse aspecto.

O tema da logística acabou também sendo tratado no encontro com o engenheiro AILLO, onde sedestacou o papel dos fabricantes no processo. Segundo ele, é a indústria quem vai “puxar” odesenvolvimento do setor de edificações nos próximos anos, oferecendo cada vez mais um serviçocompleto, que incluirá a montagem “a seco” de seus produtos.

O tema da logística não foi levantado nos outros encontros ou o foi de modo secundário (PIERRE,UNAPOC e visitas às obras).

Quanto aos desdobramentos do tema para o PBQP-H, destaco a proposta de ação futura dos agentesdo PBQP-H com o CSTB, que apresento no item 12, envolvendo três agentes primordiais da cadeiaprodutiva, construtores, fabricantes e distribuidores, sobre a logística de suprimentos e odesenvolvimento tecnológico de novos produtos que levem em consideração seus diferentes aspectos(facilitando a montagem “a seco”). Tal estudo deverá fazer parte de um novo Projeto do PBQP-H,sobre Organização e Gestão de Canteiros de Obras (Projeto 13 ?).

��� 3UHYHQomR�HVHJXUDQoD�HPFDQWHLURV�

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O tema da prevenção e segurança em canteiros foi basicamente tratado na visita ao 2IILFH3URIHVVLRQQHO�GH�3UpYHQWLRQ�GDQV�OH�%kWLPHQW�HW�OHV�7UDYDX[�3XEOLFV���233%73 (EscritórioProfissional de Prevenção na Construção de Edifícios e Pesada), e de modo muito proveitoso.

Este Escritório conta com 290 funcionários, espalhados pela França, voltados à questão do homem eda segurança em obras. Atua nos canteiros e nas sedes de empresas, fornecendo orientação técnica.Realiza importante ação voltada à difusão de informações e à formação sobre o tema (dispõe de pertode 600 produtos pedagógicos).

Discutimos com o responsável pelas Grandes Construtoras e Parcerias a questão da segurança emobras, o papel que desde de 1/1/1996 é obrigatório em toda a Europa do “coordenador de segurança”,os resultados da política francesa e européia sobre o tema, os eventuais benefícios alcançados emtermos de custos, qualidade e produtividade, etc.

Aprendemos que a função de “coordenador de segurança” responde, quanto aos aspectos ligados aotema, pela coordenação ou interfaces existentes entre os diferentes agentes que atuam numempreendimento. Trabalha para o empreendedor (PDvWUH�G¶RXYUDJH), que continua sendo oresponsável primeiro por acidentes que venham a ocorrer, a exceção daqueles que ocorram durante aobra, cuja responsabilidade recai primeiramente sobre a construtora. Sua função não se limita à obra,devendo igualmente atuar no projeto, visando à obra e à manutenção.

A visão do OPPBTP quanto à utilidade desse profissional foi bastante crítica. ³1HVVHV�TXDWUR�DQRVHP�TXH�VXD�SUHVHQoD�SDVVRX�D�VHU�REULJDWyULD��QmR�KRXYH�PHOKRULD�DOJXPD��$�SUHVHQoD�GRFRRUGHQDGRU�QmR�WHP�DMXGDGR�QDGD�QD�IDVH�GH�FRQFHSomR��2�IDWR�p�TXH�R�PHVPR�GHYH�VHU�GHILQLGR�HGHYH�FRPHoDU�D�DWXDU�GHVGH�R�LQtFLR�GR�HPSUHHQGLPHQWR���QR�HQWDQWR��R�HPSUHHQGHGRU�VRPHQWH�RFRQWUDWD�TXDQGR�p�WDUGH�GHPDLV��TXDQGR�DV�GHFLV}HV�Mi�IRUDP�WRPDGDV�SHOD�HTXLSH�GH�SURMHWR��$OpPGR�PDLV��TXHVWLRQD�VH�D�FRPSHWrQFLD�WpFQLFD�GHVVHV�SURILVVLRQDLV��)LQDOPHQWH��RV�DUTXLWHWRVQRUPDOPHQWH�LJQRUDP�DV�VXJHVW}HV�SRU�HOH�IHLWDV��H�R�HPSUHHQGHGRU�QmR�µWRPD�DV�GRUHV¶�GRFRRUGHQDGRU´�

Para ser habilitado para trabalhar como coordenador de “projeto”, o profissional deve possuir aomenos cinco anos de experiência profissional como projetista ou como empreendedor, além de terque seguir programa de formação específico ; como coordenador de “execução”, a experiência decinco anos deve ter sido em obras.

O setor criou um “observatório” para avaliar a eficácia da lei, mas que ainda não apresentouresultados.

Um outro destaque da visita foi travar conhecimento com a própria existência do Escritório e com otipo de trabalho que realiza, certamente muito importante e aparentemente muito eficiente. Ele viveda contribuição obrigatória recolhida junto às construtoras, de 0,11 % da massa salarial. Issocorresponde a 150 milhões de francos por ano (estimada em 1.000.000 de funcionários x 150 F /ano), contra um orçamento de 200 milhões ; são assim obrigados a conseguir os 25 milhões defrancos restantes através da venda de publicações, oferecimento de cursos, etc.

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 11Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

O OPPBTP estrutura-se em : delegados de segurança ; delegados de formação ; engenheiros desegurança (chefia 3 a 4 delegados) ; secretário regional.

Os outros aspectos a salientar sobre o tema são :

1. Na França, cerca de 10.000 profissionais desempenham trabalho técnico relacionado à prevençãoe segurança em canteiros : 150 como fiscais do Ministério do Trabalho ; 150 como fiscais da6pFXULWp�6RFLDOH (&5$0�±�&DLVVH�5pJLRQDOH�G¶$VVXUDQFH�0DODGLH) ; 170 no Escritório ; e 9.000como “coordenadores de segurança” (embora 17.000 tenham essa habilitação profissional).

2. O OPPBTP não tem poder de punição, agindo apenas como orientador técnico, junto àsempresas e canteiros. Pode eventualmente agir enquanto mediador em divergências entrecontratantes e construtoras.

3. Está passando a atuar de modo mais ativo junto às empresas, realizando “auditorias”. Nessas,levanta informações e as analisa, propondo ações para a minimização de riscos. Esse serviçotalvez venha a ser cobrado das empresas.

4. O OPPBTB é essencial para as empresas de pequeno porte (com menos de 20 empregados), quenão possuem uma engenharia de segurança própria. No entanto, atingem somente 10 % do totaldas empresas (lembrar que elas são cerca de 300.000 na França). Ele não trabalha para oscoordenadores de segurança.

5. Os riscos de acidentes do setor na França são importantes : embora empregando 10 % da forçade trabalho francesa, o BTP9 responde por 15 % ou 110.000 acidentes anuais com interrupção detrabalho (quando o acidentado não volta a trabalhar no dia seguinte ao do acidente) ; por 11.000acidentes graves ou 25 % do total ; e por 250 mortes anuais ou 30 % do total.

6. As causas principais dos acidentes fatais são : quedas (um terço) e circulação de objetos,veículos, etc.

Para maiores informações sobre o OPPBTB, ver o sítio : http ://www.oppbtp.fr/.

Quanto aos desdobramentos desse outro tema para o PBQP-H, vislumbro a sua integração ao possívelnovo Projeto do PBQP-H, sobre Organização e Gestão de Canteiros de Obras (Projeto 13 ?).

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Infelizmente, o tema do impacto ambiental dos canteiros foi tratado de modo muito rápido quando davista à )pGpUDWLRQ�)UDQoDLVH�GX�%kWLPHQW���))% (Federação Francesa do Setor de Edificações), que éo grande sindicato francês das empresas construtoras, possuindo 50.000 empresas associadas, dasquais 35.000 são microempresas.

No entanto, o material distribuído é farto e deve nos auxiliar em reflexões sobre a questão no Brasil.

A principal conclusão a que se chega pelo que nos foi dito e mostrado é a da importância que esseassunto vem assumindo na França. Quatro são as principais vertentes de estudo na França :

1. Impactos das obras nas vizinhanças (poeira, ruído, vibrações, águas, etc.).

2. Novas técnicas de demolição e de “desmontagem”, através de visitas prévias e da elaboração deum “projeto de demolição”, que custa 4 % do seu custo.

3. Eliminação de entulhos, que é uma responsabilidade das construtoras, através do estudo deembalagens, de mecanismos de agrupamento e de triagem, de reciclagem, etc.

4. Adaptação da ISO 14.000 ao setor.

A ressalva que deve ser feita é a da distância ainda grande entre o “discurso e a prática”, uma vez queo que observamos nas obras visitadas estava muito aquém do apregoado na ))%. Essa impressão foicompartilhada pelo engenheiro Salagnac.

Para maiores informações, ver sítio : http ://www.ffbatiment.fr/index_fset.htm.

Quanto aos desdobramentos desse outro tema para o PBQP-H, mais uma vez vislumbro a suaintegração ao possível novo Projeto do PBQP-H, sobre Organização e Gestão de Canteiros de Obras(Projeto 13 ?).

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A questão da formação de mão-de-obra técnica foi um dos pontos fortes do estágio, tendo incluídouma visita a um centro de formação de mão-de-obra e a discussão sobre o tema com lideranças dasduas principais entidades setoriais das construtoras e subempreiteiros.

O assunto foi assim tratado em três encontros :

9 %kWLPHQW�HW�7UDYDX[�3XELFV, ou Setor de Edificações e de Obras Pesadas e de Infra-estrutura.

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1. No /\FpH�6DLQW�/DPEHUW, que é um centro de formação de mão-de-obra para a construção civil,situado em Paris, e que se ocupa da obra bruta (existe um outro centro voltado à formaçãoprofissional para a obra fina e sistemas prediais). É importante se notar que tal formação se dáconjuntamente com a de segundo grau. O objetivo da vista foi ao mesmo tempo o de obtermosuma idéia da infra-estrutura e das ferramentas pedagógicas de que dispõem para a formação eencontrar os professores e alunos. Tivemos uma boa percepção de ambos. Para maioresinformações, ver o sítio : http ://lyc-du-batiment-saint-lambert.scola.ac-paris.fr.

2. Na ))%.

3. Na &RQIpGpUDWLRQ�GHV�$UWLVDQV�HW�3HWLWHV�(QWUHSULVHV�GX�%kWLPHQW���&$3(% (Confederação dosArtesãos e Pequenas Empresas do Setor de Edificações), que é o outro sindicato empresarial, quecongrega as microempresas do setor. Na verdade, ela é uma federação de 105 sindicatosdepartamentais e 22 regionais. Confedera, igualmente, oito Uniões Nacionais (Cobertura-Hidráulica-Aquecimento ; Equipamentos Elétricos e Eletrônicos ; Alvenaria : Alvenaria eRevestimentos Cerâmicos ; Estruturas de Cobertura – Esquadrias ; Pintura-Vidros-Revestimentos ; Profissionais de Cantaria ; Ferragens e Componentes Metálicos ; Aplicadores deGesso ; Técnica de Gesso). Para maiores informações sobre a CAPEB, ver sítio :http ://www.capeb.fr.

Procuramos obter com as diferentes visitas respostas a questões como : Como a tecnologia é ensinadaaos operários ? Como funciona o sistema francês de formação ? Quais são seus pontos fortes efracos ? Quanto investem em formação ? Em que níveis ? Como têm procurado motivar ostrabalhadores ? E diminuir a rotatividade ? E atrair novos profissionais para o setor ?

As principais informações que obtive, assim como as conclusões e aprendizados que pude tirar dasinformações e reflexões havidas nos três encontros são as seguintes :

1. O subsetor de edificações é o maior empregador do país, com pouco mais de 1.100.000assalariados, aos quais se somam os entre 300 e 400.000 profissionais que trabalham nas obraspesadas.

2. A França possui um sistema de formação que, embora extremamente complexo até mesmo paraos franceses, procura garantir a qualidade e a quantidade de mão-de-obra para o setor. Noprimeiro caso, parece ter sucesso, o que não acontece no segundo.

3. De fato, o desafio de se atrair bons profissionais para o setor, em todos os níveis, do operário aoengenheiro, é grande. Temos que pensar que a realidade sócio econômica francesa é bastantediferente da nossa, e que o setor não é atrativo aos jovens, principal fonte de mão-de-obra de quedispõem, já que a imigração está atualmente bastante limitada, incluindo de países europeus,como já ocorreu no passado (mormente de Portugal). Não são os salários recebidos que osdesencorajam, pois estes são comparáveis e mesmo melhores do que os de outros setores, mas aimagem e o tipo de trabalho em si (manual). Disseram-nos que dos 65.000 operários demandadospelo mercado no presente ano, apenas 22.000 serão formados !10

4. Mesmo assim, a rotatividade do setor é baixa (8 anos), embora a idade média seja elevada (cercade 40 anos).

5. A iniciativa privada participa ativamente da elaboração das estruturas curriculares dos programasde formação, em todos os níveis.

6. As estruturas de formação profissionais são gerenciadas paritariamente, incluindo representantesdas empresas, dos empregados e do estado.

7. Existem mecanismos que permitem que se disponibilizem programas de formação (educaçãocontinuada) para todos os profissionais, sejam os donos das micro empresas (artesãos), suasesposas e seus empregados.

8. Uma em cada dez micro empresas foi atendida pelo sistema de educação continuada, o que elesconsideram baixo. 23 % dessas formações tiveram duração de 8 horas ; 42 % de 16 horas ; 16 %de 24 horas ; e 15 % de 32 ou mais horas.

9. As maiores procuras são das áreas de sistemas hidro-sanitários e de aquecimento, pelo seu grautecnológico.

10. O papel das esposas dos artesãos é fundamental nas micros empresas, já que elas nelas 10 Notar que esses números são conflitantes com os que apresentei no início desse relatório, que falavam em valores muitomaiores.

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 13Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

normalmente desempenham as funções gerenciais. Estas têm recebido formação específica e sãoaceitas nos programas públicos e das entidades visitadas.

11. Questionado sobre como ensinam os DTUs aos operários, recebemos a seguinte resposta doPresidente da área de formação da ))% : “1R�FDVR�GD�IRUPDomR�GRV�RSHUiULRV��GL]HP�D�HOHV�TXHRV�'78V�H[LVWHP���QD�GRV�WpFQLFRV�H�PHVWUHV�GH�REUDV��DV�QRUPDV�VmR�GHVFULWDV���QDV�GRVHQJHQKHLURV��p�FRPR�VH�HOHV�QmR�H[LVWLVVHP”. Segundo um dos professores do Liceu visitado, osDTUs são transcritos nos exercícios que são passados aos alunos, não sendo dados tal com seapresentam nos textos normativos. Já os profissionais da &$3(% comentaram que são os artesãos(donos das micro empresas) que recebem treinamento deles sobre os DTUs.

12. Questionados sobre o futuro, os profissionais da &$3(% ressaltaram os seguintes pontos :

• Importância crescente da Internet enquanto veículo de formação.

• Falaram-nos bastante sobre o desenvolvimento da experiência que estão levando adiante de“formação j�OD�FDUWH”, ou seja, que respeita o nível de conhecimento de cada aluno,propondo um programa sob medida, que é acompanhado pelo professor e que supõe o usointensivo de computadores. Este “mecanismo de formação” se chama &�5�,�&��±�&HQWUH�GH5HVVRXUFHV�,QGLYLVXDOLVpHV�&$3(3, e oferece 27 módulos, com de 8 a 24 horas de duraçãocada, organizados em quatro grandes temas : organização de canteiros (4 módulos) ;segurança na empresa e na obra (2 módulos) ; gestão da qualidade (6 módulos) e certificaçãoda qualidade (10 módulos) ; e comunicação e relações de trabalho (5 módulos). Essasistemática teria ainda a vantagem de permitir com que cada aluno evolua segundo seuritmo, eliminando problemas que advinham da perda de uma aula pelo aluno, que odesmotivava e o fazia abandonar a formação. Consideram a experiência como um mistoentre a formação a distância e a auto-formação. O seu custo horário é maior, mas o processoé mais eficiente e eficaz.

Os desdobramentos desse tema para o PBQP-H são fundamentais, envolvendo o Projeto já existentemas infelizmente ainda não em operacionalizado, do PBQP-H, sobre Formação e Requalificação dosProfissionais da Construção Civil, e o possível novo Projeto, sobre Organização e Gestão deCanteiros de Obras (Projeto 13 ?).

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A apresentação sobre o sistema francês de Códigos de Práticas (DTUs), feita pelo engenheiro Bazin,foi excelente. Este nos mostrou que o Sistema DTU, ou 'RFXPHQW�7HFKQLTXH�8QLILp (DocumentoTécnico Unificado), registra as boas práticas profissionais para a execução dos mais diferentesserviços de obras, com destaque para os envolvidos na execução ; corresponde ao que os americanoschamam de &RGH�RI�3UDFWLFHV. Hoje em dia, seus elementos constituem-se em normas. Representa,em última instância, o conhecimento tecnológico de todo o setor da construção civil.

Assim, o Sistema DTU estabelece as regras para a execução dos diferentes serviços envolvidos numaobra civil, ou seja, “formaliza” os diferentes métodos construtivos (ou mesmo processos, conforme ocaso).

É evidente que isso facilita muito o trabalho de todos os agentes da cadeia produtiva, sejamcontratantes, projetistas ou executores. Por exemplo, nos contratos, são estabelecidos que para aexecução de um dado serviço devem ser obedecidas os DTUs XX, YY e ZZ. São elementosessenciais de referência para as seguradoras e empresas de controle tecnológico.

A produção dos DTUs desde sempre foi comandada pelo CSTB (início em 1957), que é quemnormalmente fornece o profissional que prepara o seu texto de referência, assim como o coordenadordo respectivo comitê de normalização ; os DTUs são atualmente registrados na AFNOR (AssociaçãoFrancesa de Normalização, equivalente à nossa ABNT – NF.DTU), passando por um processo devotação, como no caso da norma tradicional. Esse processo todo é gerenciado pelo CSTB, no casopelo engenheiro Bazin (ver ponto 3, adiante).

A proposta do estágio era a de seguir a seguinte metodologia de aprendizagem sobre o tema dosDTUs :

• ter uma visão teórica sobre o tema e sobre os mecanismos de funcionamento (Michel Bazin) ;

• fazer uma primeira visita a uma obra (GTM) para observar os pontos fortes e fracos sobre essaquestão ;

• encontrar os responsáveis pela formação da mão-de-obra e profissionais da área de gestão deobras para aprofundar as discussões e melhor compreender o Sistema ;

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• realizar uma segunda visita à obra (Bouygues), com maior aprofundamento do tema.

Essa metodologia foi em parte praticada, sendo que nas obras o tema não foi tratado com a devidaimportância, por não o termos evocado. Por outro lado, o tema foi retomado no encontro com aseguradora, o que não estava previsto.

Da apresentação do engenheiro Bazin e das outras oportunidades que tivemos para discutir o assunto,posso fazer alguns comentários sobre ele :

1. um dos papeis essenciais dos DTUs é o de servir de referência para vários tipos de “contratos” :entre o cliente e as empresas contratadas, entre essas e as seguradoras, etc. Mesmo não sendo deuso obrigatório, acabam sendo praticados pelas empresas, fazendo parte dos “hábitos” (de fato,parece que ninguém pensa neles, sendo incorporados ao dia a dia das diferentes profissões).

2. Os DTUs surgiram em 1957, num processo de consolidação dos “códigos de práticas” que eramusados por grandes contratantes de obras, como empresas de Habitação para Aluguel Social,arquitetos, empresas de controle tecnológico, seguradoras e sindicato de construtoras ())%).Coube ao CSTB o papel de coordenar todo esse trabalho, tarefa que exerce até hoje ; em 1993,passaram a ter o VWDWXV de norma, sendo incorporados pela AFNOR – Associação Francesa deNormalização, por causa da unificação européia (NF.DTU).

3. O CSTB tem hoje o seguinte papel no Sistema, que é comandado pela AFNOR : 1) secretaria(Eng. Bazin) a Comissão Geral de Normalização de Edificações e DTU da AFNOR, uma das trêsda construção civil (as duas outras são a de Saneamento e a de Estradas), através do %XUHDX�GH1RUPDOLVDWLRQ�%17(&, que é financiado pela ))% ; 2) Detém a monopólio, em nome daAFNOR, da publicação e venda dos DTUs, a quem paga uma parcela do valor arrecadado(basicamente através do CD-ROM 5HHI).

4. O Sistema DTU se complementa com outros mecanismos, a saber : $YLV�7HFKQLTXHV ou ATEC(ou ainda $WH[), no caso de produtos inovadores ; demais normas francesas NF ; disposiçõescontratuais.

5. O mecanismo de produção de um DTU é semelhante ao de uma norma comum.

Quanto aos desdobramentos do tema para o PBQP-H, destaco a proposta de ação futura dos agentesdo PBQP-H com o CSTB, que apresento no item 12, envolvendo a implantação de Sistemaequivalente ao Sistema DTU francês no Brasil.

Chamo ainda a atenção para dois outros aprendizados do estágio : 1) deve haver apoio financeiro dosconstrutores para o processo de elaboração e gestão do Sistema DTU, que no caso francês suportam oBNTEC ; 2) o consenso na redação dos DTUs deve ser procurado ; casos complexos e polêmicos nãodevem ser motivo da constituição de um Comitê.

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Trata-se de uma associação sem fins lucrativos, que reúne diferentes atores do setor da construçãocivil, representados pelas entidades setoriais. Constitui um dos elementos essenciais do “sistemafrancês da qualidade na construção”, se ocupando :

• da qualificação da competência técnica da empresa de edificações, nos diferentes serviços deexecução em que atue, e

• da eventual certificação do sistema da qualidade existente na mesma.

Seu funcionamento é baseado no trabalho de Comissões, nas quais as principais entidades do setorestão representadas. Sua metodologia de certificação foi a inspiradora da Certificação QUALIHABpara as construtoras, e agora da sistemática de qualificação do SiQ.

Os seus dados do final de 1999 são os seguintes : empresas qualificadas – 41.091, sendo que 71 %delas possuem 10 ou menos empregados ; empresas certificadas – 1.275, com tamanhos diversos.

O interesse pela vista foi o de entendermos a questão da qualificação da competência técnica daempresa de edificações, por ser uma ferramenta de progresso setorial, e dos subempreiteiros emparticular (existem cerca de 380 categorias de qualificação, somente ligadas a serviços de execuçãona construção de edifícios).

Curioso foi saber que as empresas qualificadas, diferentemente das certificadas, têm vantagens emconcorrências e podem receber bônus na tarifação de seguros. Questionados quanto a isso, aexplicações que nos foram dadas foram as seguintes : 1) a qualificação é mais importante para asseguradoras ou 2) estas desconhecem o valor da certificação. A opção que lhes parecia a correta era asegunda, o que foi confirmado pela visita à seguradora, que comento adiante.

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Os clientes finais das moradias ou os que contratam a construção ou reformas de casas desconhecemo Sistema QUALIBAT. Campanha publicitária foi feita nesse sentido, sem muito sucesso.

Temas como a sistemática de funcionamento do processo de qualificação, o funcionamento dascomissões, o processo de solicitação da qualificação pelas empresas, a gestão administrativa, oscustos envolvidos, as classificações das empresas, os resultados (impactos nas empresas e na cadeiaprodutiva como um todo), dentre outros, foram igualmente tratados, mesmo se as vezes de formasuperficial, pela falta de tempo.

Cabe dizer que os representantes da ))%, quando questionados sobre a eficácia de tal qualificação,disseram que não estão satisfeitos com a sistemática segundo a qual a mesma é atribuída, por ser“GHFODUDWLYD”, ou seja, baseada em documentação. Segundo eles, os empreendedores também nãoestariam satisfeitos com ela. Mais ainda, disseram que os custos são elevados, para as pequenasempresas (de 300 francos por ano para aquelas de menos de 5 empregados a 6.000 francos para as demais de 300). (Com relação a esses custos, a Associação QUALIBAT os considera corretos.)

Fato semelhante ocorreu na &$3(%, cujos representantes reclamaram da pequena abrangência dosistema, que qualificou apenas 40.000 das 300.000 empresas francesas do setor, o que acham pouco,e do fato de se saber o nome da empresa que está sendo qualificada no momento da análise dadocumentação. Seus representantes deram como bom exemplo de sistemática a qualificação praticadano setor de gás para seus fornecedores de serviços, chamada de “3*1�±�3URIHVVLRQQHO�*D]�1DWXUHO”,que combina a qualificação QUALIBAT com outras exigências ligadas ao uso de equipamentosconformes às normas, ao fato das empresas possuírem um serviço de assistência técnica e à obrigaçãode proporem um contrato de manutenção aos clientes. Esta sistemática resultou de um acordo entre osagentes da cadeia produtiva semelhante ao dos Acordos Setoriais do PBQP-H, a &RQYHQWLRQ1DWLRQDOH�3*1, assinada pela �81&3�±�8QLRQ�1DWLRQDOH�GHV�&KDPEUHV�6\QGLFDOHV�GH�&RXYHUWXUH�HWGH�3ORPEHULH�GH�)UDQFH, pela 8&)�±�8QLRQ�&OLPDWLTXH�GH�)UDQFH, pela &$3(% e pela companhiaestatal de distribuição de gás, a *').

A questão de fundo que resta a analisarmos é a de se a montagem de um sistema de qualificação dacompetência técnica semelhante ao QUALIBAT no Brasil seria útil e possível, como tambémidentificarmos a viabilidade e as dificuldades operacionais relacionadas. O tema é evidentementecomplexo, envolvendo dois dos Projetos do PBQP-H (SiQ e Formação e Requalificação dosProfissionais), e o possível novo Projeto, sobre Organização e Gestão de Canteiros de Obras (Projeto13 ?).

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O papel do seguro da construção na cadeia produtiva nos foi na verdade apresentado em doismomentos diferentes : pelo engenheiro Bazin, logo no primeiro dia do estágio, e no encontro quetivemos na seguradora - 60$%73���6RFLpWp�0XWXHOOH�G¶$VVXUDQFHV�GX�%73. O objetivo dos encontrosfoi o de discutirmos o papel do sistema francês de seguro na organização das empresas construtoras eda cadeia produtiva. Cabe dizer que o mesmo é obrigatório para todos os agentes setoriais.

As principais informações a esse respeito que o engenheiro Bazin nos passou foram :

• O seguro é um dos seis aspectos de obediência obrigatória da construção civil na França,juntamente com :

• o “SHUPLV�GH�FRQVWUXLUH’, equivalente ao nosso “alvará de construção” ;

• a responsabilização legal e penal de cada um dos agentes pelos atos praticados ;

• a definição clara das responsabilidades de cada agente ;

• a presença obrigatória do “controlador técnico”, tanto na fase de projeto, quanto deexecução, para obras de um “certo porte” (essas correspondem a 15 % do mercado mas, naprática, os controladores acabam atuando, por imposição dos “donos dos empreendimentos”(“PDvWUHV�G¶RXYUDJH”) e “sugestão” das companhias de seguro, em 85 % dosempreendimentos) ;

• a obrigação de se seguir determinadas “regras técnicas”, relacionadas com segurança(incêndio, estrutural) ou desempenho (acústico e térmico) ; isso significa que a aplicação das“normas técnicas”, como as entendemos, não é definida por lei ;

• o seguro deve ser subscrito por todos os agentes da cadeia produtiva, partindo do “dono doempreendimento”, que subscreve o seguro “GRPPDJH�RXYUDJH”, que tem por princípio reparar odano causado num prazo máximo bastante reduzido (3 a 4 meses após a declaração do sinistro ; acompanhia de seguro vai em seguida acionar os agentes da cadeia para repartir as

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 16Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

responsabilidades entre cada um, apelando para o seguro que cito a seguir ; o usuário tem assimgarantida a recuperação de seu imóvel ; existem exceções a tal obrigatoriedade, por exemplo nocaso do poder público que constrói para si mesmo, empresas privadas de médio e pequeno porte,exceto quando constróem habitação, etc.) ;

• o outro seguro obrigatório, que é subscrito por todos os demais agentes da cadeia, cobre o queeles chamam de “garantia decenal” (“UHVSRQVDELOLWp�GpFHQQDOH”), que diz respeito ao corretodesempenho da edificação por 10 anos quanto à sua solidez, comportamento de seu envelopeexterno e as condições que apresenta para ter seu “uso adequado” (esse é o único critério ondepode haver dubiedade quanto ao entendimento ; no entanto, a jurisprudência mostra que, porexemplo, um piso cerâmico que se descola é considerado algo que prejudica o uso adequado,estando coberto) ; essa obrigação data de 1978 (Lei Spinetta) ;

• o seguro obrigatório não cobre assim os chamados “defeitos de entrega” (identificados noprimeiro ano) e nem os “defeitos de operação”, que surgem seja no momento da entrega, sejaapós a entrega (a responsabilidade pela reparação desses defeitos cessa 2 anos após a entrega) ;

• o contrato entre as partes tem força de lei, desde que não vá contra esta ; não há seguroobrigatório para tanto.

Cabe dizer que a 60$%73 foi criada pelas empresas construtoras há 150 anos, e hoje atende a todosos agentes da cadeia produtiva, trabalhando exclusivamente com o setor, nos diferentes tipos deseguros existentes. Fatura 4,5 bilhões de francos anualmente somente nas apólices voltadas àconstrução propriamente dita (1,2 bilhões de reais ; fatura 6 bilhões de francos no total, já quecomercializa outros seguros), possui 1.500 empregados, 50.000 apólices e responde por de 25 a 30 %do mercado francês do BTP.

Nos foi dito que os fabricantes de materiais não estão “na primeira linha de responsabilidade,cabendo ela inicialmente ao construtor”.

Nos foi igualmente comentado sobre a concentração de empresas no setor : passaram de 80 empresaspara somente 20, que cobrem 90 % do mercado. O BTP responde por 3 % do mercado francês deseguros (o automobilístico, por 40 %).

Nos foi dado idéia do custo do seguro :

• o seguro “GRPPDJH�RXYUDJH” custa de 0,7 a 1,0 % do custo da construção (inclui obra e projeto,mas não o terreno) (em 1980 chegou a custar de 2 a 2,5 %) ;

• já o custo do seguro “UHVSRQVDELOLWp�GpFHQQDOH” é bastante variável, dependendo do serviço deexecução que estiver coberto (impermeabilização custa 6 %) ; nos foi passado o valor dereferência médio como sendo de 1,5 a 2,5 % do custo da construção ;

• quem define a tarifação básica é o %XUHDX�&HQWUDO�GH�7DULILFDWLRQ, as empresas seguradasrecebendo diferenciais em função de seu histórico e volume segurado ;

• o seguro não são feitos obra-a-obra, mas sim em função do faturamento médio anual da empresa /escritório.

O sistema tem uma ineficiência pelo fato de muitos pedidos de indenização não serem acolhidos pelasseguradoras, por não respeitarem as condições da apólice ; esses custos administrativos acabamcustando um quarto do custo total do seguro. Fato é que dos 114.000 pedidos anuais de indenizaçõesapenas cerca da metade é coberta.

Outras dificuldades apontadas foram :

• a noção de “próprio para o uso” do seguro “UHVSRQVDELOLWp�GpFHQQDOH” é subjetiva ;

• o prêmio é calculado e pago na “data zero”, cobrindo um período longo de tempo (10 anos) ;

• a obrigatoriedade do seguro não leva obrigatoriamente à melhoria da qualidade da cadeiaprodutiva, sobretudo porque cobre o período de 10 anos.

Os pilares dos sistema são as normas técnicas, os DTUs e as Aprovações Técnicas. Não estão porenquanto sentido efeito das certificações ISO 9.000 obtidas pelos agentes, que não têm recebidoqualquer incentivo de prêmio por esse fato. Isso confirma discussão havida no QUALIBAT.

O tema do seguro deve ser incluído da pauta de discussões do PBQP-H e a experiência francesa naárea certamente terá que ser investigada com mais cuidado e atenção. Relaciona-se com a questão daQualidade, mas também com outras, sobretudo do financiamento habitacional e de garantias aos

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 17Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

créditos concedidos.

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Trata-se de um dos dois grandes salões europeus sobre equipamentos de obras (o “mat” vem de“matériel” ou “equipamento”, em francês, e não de “material”), o outro ocorrendo na Alemanha. Apresença de empresas não européias, sobretudo asiáticas e norte-americanas, era bastante sensível.

Na visita, privilegiamos a obtenção de informações sobre pequenos equipamentos e mesmoferramentas : “os que os diferentes operários usam no dia a dia, que ajudam na produtividade”.Focalizamos assim nossa visita nos temas : transporte vertical, transporte, movimentação ecompactação ; escoramentos / cimbramentos, fôrmas, concreto, construção de edifícios, segurança ;componentes, equipamentos, acessórios ; meio ambiente, demolições, reciclagem ; segurança emobras de edificações.

Para maiores informações, ver o sítio : http ://www.intermat.fr.

O que me foi marcante na vista, além do aprendizado havido, foi a pujança do setor e o nível dedesenvolvimento tecnológico que atingiu.

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Realizamos três visitas a obras, e não duas como inicialmente previsto.

A GTM, cuja obra visitamos primeiro, é uma construtora que atua no Brasil com o nome Dumez, quesurgiu da fusão de duas empresas construtoras de um mesmo grupo : a GTM e a Dumez. É ligada aoGrupo Suez Lyonnaise des Eaux, também presente no Brasil (saneamento). É uma das quatro grandesconstrutoras francesas, atuando em todo tipo de obras, com papel marcante na área tecnológica. Paramaiores informações, ver o sítio : http ://www.groupegtm.com/francais/portail.htm.

Em sua obra observamos a realização da estrutura em pilar e laje sem vigas, tipologia não usual naFrança. Tivemos a oportunidade de discutirmos aspectos gerais da organização de obras, além deobservarmos a execução ao percorrermos o canteiro. Fomos recebidos pela equipe completa daempresa, incluindo coordenador de obras, engenheiros residentes e pessoal do escritório central, daárea de pesquisa & desenvolvimento.

Por sua vez, a Bouygues, que nos permitiu visitar dois canteiros num mesmo dia, é a maiorconstrutora européia (talvez mundial ?). Nos mostraram as ferramentas de gestão que utilizam(planejamento, projeto de canteiro, segurança, etc.). Sobre o Grupo Bouygues, ver sítio :http ://www.bouygues.fr/. Sobre a construtora : http ://www.bouygues-construction.com/.

Um dos interesses das duas visitas foi o fato de cada uma deles estar num estágio bastante diferentede avanço de seus serviços, uma em acabamento e a outra ainda executando a estrutura, pelo sistemaconstrutivo tradicional francês, qual seja, paredes estruturais em concreto armado moldadas no local elajes também moldadas no local em concreto armado.

O engenheiro de métodos da empresa, os engenheiros das obras e o mestre-de-obras, que era comumà ambas, nos falaram de aspectos tais como a logística, segurança, a gestão de subempreiteiros, oplanejamento da execução dos serviços outros que os da obra bruta (planejada pelo Serviço deMétodos), etc. Tivemos igualmente a oportunidade de observarmos toda a parte executiva, aopercorrermos os canteiros.

As vistas serviram de fato para realizarmos observações LQ ORFR e termos discussões com profissionaisde produção sobre os diferentes aspectos do estágio, mesmo se alguns temas que imaginávamosdiscutir com maior profundidade não o foram (o papel dos DTUs, por exemplo).

Sobretudo da segunda vista e do contato que tivemos o engenheiro responsável pela área de“métodos” da Construtora Bouygues, ficou evidente a importância que eles dão à fase quedenominam “Estudos de Preparação”. Esta objetiva fazer com que, antes de começar a execução deuma obra, se “pare para nela pensar”. A idéia é a de que nesse processo de reflexão, de “preparação”,se “projete” o processo segundo o qual ela vai ser executada. Dela resulta um conjunto dedocumentos reunidos no “Guia de Execução da Obra”. Este precisa “quem faz o que, quando ecomo”, define as interfaces técnicas e organizacionais comuns, dá diretrizes de como deve seprocessar a comunicação entre agentes, define certos elementos concretos necessários à boa gestão daobra e estabelece o Planejamento Inicial para a produção dos diferentes serviços.

A realização dos Estudos de Preparação permite se antecipar os possíveis problemas que ocorrerãodurante a Produção da obra, e se definir ações para evitá-los, bem como as medidas que deverão seradotadas caso os mesmos ou outros imprevistos venham a acontecer, coordenando tais ações deforma eficaz. Isso é feito através das atividades de natureza temporal, de planejamento, presentes naatividade Planejamento Inicial da Produção. Para tanto, os franceses emprega-se as tradicionaisTécnicas de Planejamento, Programação e Controle da Produção (PPC), além de outras ferramentas

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 18Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

computacionais, que permitem realizar-se simulações e projeções de conseqüências de eventosfuturos.

A novidade está em realizar um planejamento com uma preocupação centrada na produção, e não nosaspectos financeiros da obra (que continua tendo que ser realizado). Tal planejamento seráacompanhado e atualizado ao longo da obra, através de um Micro Planejamento Flexível.

Quanto aos desdobramentos desses tema para o PBQP-H, a sua importância é atestada pela própriaproposta de criação de um novo Projeto do PBQP-H, sobre Organização e Gestão de Canteiros deObras (Projeto 13 ?).

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Como dito, reuni-me com os engenheiros João de Souza Coelho Filho e Jean-Daniel Merlet, além decom o responsável pela área de Marketing e Ações Internacionais do CSTB, Christoph ENGELS,para discutirmos possíveis ações futuras dos agentes do PBQP-H com o CSTB. Os temas entãoidentificados foram os seguintes :

• Implantação de Sistema equivalente ao Sistema DTU francês no Brasil (com apoio da CaixaEconômica Federal e financiamento parcial da cooperação técnica bilateral Brasil - França ?) ; oCSTB nos apoiaria passando sua experiência de organização e gestão do Sistema e sobre osaspectos metodológicos envolvidos, bem como nos auxiliaria na interpretação dos aspectostecnológicos existentes em DTUs franceses sobre temas afeitos aos “DTUs” brasileiros queestaríamos desenvolvendo, considerados por nós como prioritários.

• Como parte de um novo Projeto do PBQP-H, sobre Organização e Gestão de Canteiros de Obras(Projeto 13 ?), o CSTB nos apoiaria num projeto envolvendo três agentes primordiais da cadeiaprodutiva, construtores, fabricantes e distribuidores, sobre a logística de suprimentos e odesenvolvimento tecnológico de novos produtos que levem em consideração os diferentesaspectos dessa questão (facilitando a montagem “a seco”) ; esse projeto deveria ter financiamentoda iniciativa privada brasileira.

• Desenvolvendo conosco um estudo macroeconômico e sociológico sobre os impactoseconômicos e sociais que investimentos e subsídios no setor de edificações causam no país e nacadeia produtiva da construção civil em particular ; tal estudo deveria estar incluído na pauta doFórum da Competitividade setorial, podendo ser motivo de financiamento parcial da UniãoEuropéia ou de instituições internacionais de fomento (BID, Banco Mundial, etc.).

As três idéias acima deverão ser melhor detalhadas, devendo entrar na pauta de discussão do PBQP-H.

A elas se somaram duas outras : 1) meu pós-doutoramento no CSTB em 2001, sobre a questão daorganização e gestão de pequenas empresas do setor de construção civil (subempreiteiros, escritóriosde projeto, pequenos construtores, etc.) e da certificação de seus sistemas da qualidade ; 2) a possívelvinda ao Brasil do CSTB, procurando um parceiro nacional ( ?), onde pretende atuar como consultorpara grandes projetos.

O destaque do encontro foi a forte vontade do CSTB em continuar a trabalhar conosco, certamenteem parte devido ao sucesso do presente Projeto de Cooperação Técnica.

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Os pontos positivos do estágio ligados à sua programação em si foram :

1. as reuniões com lideranças setoriais, para discutir a questão da formação de mão-de-obra técnica,incluindo visita a centro de formação de mão-de-obra.

2. A apresentação e as discussões sobre o Sistema de Códigos de Práticas (DTUs) e sobre o tema doseguro.

3. A visita ao Salão Intermat.4. As visitas às obras de empresas líderes, para observações LQ ORFR e discussões com profissionais

de produção sobre diferentes aspectos do estágio.

Já os pontos positivos ligados aos desdobramentos do estágio junto ao PBQP-H eu trato no itemseguinte, de conclusões, incluindo o da identificação de três possíveis ações futuras dos agentesbrasileiros do PBQP-H com o CSTB.

Por outro lado, preferia não falar de pontos negativos do estágio, mas de aspectos que poderiam neleter sido melhor tratados. Dentre estes, os ligados ao programa em si foram :

1. a ausência de uma visita a uma obra de construção de casas, por suas particularidades diversas,sobretudo organizacionais ;

2. o prazo curto para determinados encontros, que não permitiram o aprofundamento de questõesimportantes (sobretudo nas visitas, quando não houve tempo de se analisar com mais detalhes asferramentas gerenciais utilizadas) ;

3. as reuniões não tão eficazes com profissionais de gerenciamento de obras, para discutir osdiferentes aspectos do estágio ;

4. as reuniões igualmente não tão eficazes com lideranças setoriais, para discutir a questão da gestãode canteiros (embora esse tema tenha sido discutido e melhor explorado com os profissionais degerenciamento de obras e quando das visitas às obras).

Fica a dúvida : teria sido melhor termos encontrados menos interlocutores e tratados menos temas paranos aprofundarmos em alguns selecionados ?

Minha resposta a essa questão é não, até porque fui o responsável brasileiro pela montagem doestágio. Entendo que num evento como esse, do qual fazem parte profissionais que conhecem muitomal a realidade setorial do país visitado, mais vale se dar uma visão geral dos diferentes pontos do quese ter uma aprofundada de poucos. Num segundo momento, como aliás já foi discutido com nossosinterlocutores do CSTB, poderemos pensar nesse aprofundamento.

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Começarei essa conclusão repassando os objetivos do estágio, para verificar se os mesmos foramatingidos.

Assim, o estágio tinha como primeiro objetivo fornecer elementos para enriquecer as discussões noBrasil sobre a implantação de novos modos de organização e gestão de canteiros. Esse objetivocertamente foi atingido. Mais ainda, ficou claro para mim que um novo Projeto deverá ser incorporadoao PBQP-H, sobre a Organização e Gestão de Canteiros de Obras (Projeto 13 ?). Nele, as questões dacapacitação e qualificação de empresas (sobretudo subempreiteiros) e da formação de mão-de-obradevem aparecer de modo inequívoco.

O segundo objetivo visava acenar para novas formas que busquem o estabelecimento de relações decooperação permanente entre os agentes da cadeia produtiva, ao longo do canteiro e doempreendimento. Também aqui essa idéia foi reforçada, inclusive pela idealização de um possível novoprojeto de cooperação técnica com o CSTB, envolvendo três agentes primordiais da cadeia produtiva,construtores, fabricantes e distribuidores, sobre a logística de suprimentos e o desenvolvimentotecnológico de novos produtos que levem em consideração as diferentes facetas da logística(facilitando a montagem “a seco”).

Já se não tivemos tanto acesso às ferramentas de treinamento e de qualificação da mão-de-obra e demelhoria de competência das empresas subcontratadas, um outro dos objetivos estabelecidos,obtivemos uma série de informações a esse respeito, que poderão ser repassadas à gerente do Projetodo PBQP-H que tem essa responsabilidade, sobre a Formação e Requalificação dos Profissionais daConstrução Civil.

Finalmente, foram intensas as reflexões sobre a implementação de um sistema de segurança noscanteiros (política de prevenção, melhoria dos equipamentos, etc.), bem como levantamos aspectosinteressantes sobre a questão ambiental e sobre novas ferramentas de gestão voltadas aoplanejamento de obras : estudos de preparação, micro planejamento flexível, etc.

Essas novas idéias certamente deverão fazer parte do novo Projeto do PBQP-H, sobre a Organizaçãoe Gestão de Canteiros de Obras (Projeto 13 ?).

Outra maneira de analisar o estágio é percorrer como nele foram tratados aspectos que disseramrespeito à organização e gestão de empresas, dos canteiros de obras e da cadeia produtiva,acrescentando-se aos mesmos aspectos de natureza mais geral.

Assim, no caso das empresas construtoras, discutimos a questão das formas de organização enquantoentreprise générale (ou que executam ou fazem executar sob sua responsabilidade a totalidade dosserviços de execução) ou como empresas que participam de licitações respondendo à concorrência deapenas um serviço. Essa dualidade é extremamente comum na França.

Sem dúvida alguma, até porque não deveria ser diferente visto o foco do estágio, a questão daorganização e gestão dos canteiros de obras teve um destaque especial (engenharia de métodos,planejamento, impacto ambiental, segurança, equipamentos e ferramentas, etc.).

No entanto, aspectos ligados à cadeia produtiva receberam bastante atenção (plataforma logística,papel dos gerenciadores de obras e consultores, qualificação de empresas, seguradoras, etc.), assimcomo os de natureza mais geral (Sistema DTU, formação de mão-de-obra, financiamento habitacional,política habitacional, desempenho versus custo, etc.).

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Isto posto, dentre os pontos observados no estágio que poderiam ser integrados ao PBQP-H, além dosque cito acima, destaco :

1. A possibilidade da montagem de um sistema de qualificação da competência técnica semelhante aoQUALIBAT no Brasil, que nos parece útil e possível, embora exija que estudemos com maiorcuidado tal viabilidade e as dificuldades operacionais para tanto.

2. A importância da qualidade documental das ações de um país voltadas para a qualidade e aprodutividade, produzidas por seus diferentes agentes (poder público, construtoras, entidadessetoriais, etc.), que possam servir de instrumento de formação, motivação, divulgação, etc. Esseexemplo deveria ser motivo de especial atenção da Coordenação Geral do PBQP-H no que serefere às ações do Programa.

3. As novas idéias de cooperação técnicas com o CSTB, sobre : 1) implantação de Sistemaequivalente ao Sistema DTU francês no Brasil ; 2) parte do Projeto 13, sobre Organização e Gestãode Canteiros de Obras, envolvendo três agentes primordiais da cadeia produtiva, construtores,fabricantes e distribuidores, sobre a logística de suprimentos e o desenvolvimento tecnológico denovos produtos ; 3) realização de estudo macroeconômico e sociológico sobre os impactoseconômicos e sociais que investimentos e subsídios no setor de edificações.

4. A importância do envolvimento financeiro das entidades setoriais das construtoras brasileiras noprocesso de elaboração e gestão de um Sistema de Códigos de Práticas semelhante ao dos DTUsfranceses, a exemplo do que se fez e se faz na França (que também lá tiveram um papelfundamental na criação de uma companhia de seguros voltadas ao setor, o que se deu há 150anos !).

5. A importância de se ter uma política habitacional clara num país, ligada à existência de mecanismosde financiamento adequados às diferentes classes sociais.

Já os fatos gerais envolvidos no estágio que destaco estão :

1. O empenho dos estagiários, sendo que a ausência de última hora de um deles, mesmo se nãojustificada de modo satisfatório, acabou não prejudicando a dinâmica do estágio. Houve umacomplementaridade dos enfoques.

2. A qualidade documental dos elementos que nos foram fornecidos.

3. A gentileza e a competência técnica dos que nos acolheram, em especial a equipe do CSTB e daACT.

O estágio serviu igualmente para confirmar ações já em curso do PBQP-H, como a da concepção dosSistemas Evolutivos da Qualidade e da Importância das Normas de Desempenho, e mostrou que osproblemas que vivemos aqui não são muito diferentes dos que eles vivem ou viveram na França,reforçando a importância de trocas de experiências como as que tivemos a oportunidade de ter duranteas duas semanas do estágio e da validade de um Projeto de Cooperação Técnica Internacional.

Finalmente, quanto aos desdobramentos do estágio para minhas atividades no Departamento deEngenharia de Construção Civil – PCC.USP da Escola Politécnica da USP, esses dar-se-ão nosdiferentes tipos de atividades que nele desenvolvo :

• no ensino de graduação, ao integrar os conhecimentos adquiridos nas disciplinas PCC-0435 -Tecnologia da Construção de Edifícios I, PCC-0436 - Tecnologia da Construção de Edifícios II esobretudo nas futuras disciplinas PCC-3001 - Gestão da Produção na Construção Civil I e PCC-3002 - Gestão da Produção na Construção Civil II, que serão oferecidas a partir de 2001 ;

• no ensino de pós-graduação, igualmente ao integrar os conhecimentos adquiridos na disciplinaPCC-5044 - Estratégias de Produção na Construção Civil ;

• no ensino de extensão universitária, mais uma vez ao integrar os conhecimentos adquiridos nasdisciplinas TG-005 - Gestão de suprimentos e TG-009 – Gestão da qualidade e certificação de

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empresas, do curso de Pós-Graduação lato sensu em “Tecnologia e Gestão na Produção deEdifícios” da Escola Politécnica da USP, bem como nas atividades de assessoria e consultoria ;

• nas atividades de pesquisa, num primeiro momento na orientação que venho dando a meusorientandos que desenvolvem pesquisa em temas correlatos aos do estágio, mas sobretudo atravésda realização de meu pós-doutoramento no CSTB, em 2001, sobre a questão da organização egestão de pequenas empresas do setor de construção civil (subempreiteiros, escritórios de projeto,pequenos construtores, etc.) e da certificação de seus sistemas da qualidade ;

• na coordenação do Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária em Tecnologia e Gestãode Produção na Construção Civil - GEPE-TGP, do Departamento de Engenharia de ConstruçãoCivil, na medida em que procurarei disseminar os conhecimentos adquiridos ao conjunto de colegase alunos que dele fazem parte.

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 23Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

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'DWD $WLYLGDGH /RFDO10 h 00 13 h 00 Accueil CSTB - PARIS salle 106

13 h 00 14 h 00 déjeuner CSTB15/5/0014 h 00 17 h 00 M. BAZIN : le système DTU CSTB - PARIS salle 106

Matin Rencontre avec POINT P (logistique) NANTERRE

déjeuner16/5/00Après-midi

Matin Visite de chantier GTM CLICHY

déjeuner17/5/0014 h 30(ou 15h00) Lycée Saint Lambert PARIS – 15 ème

9 h 30 13 h 00 AIELLO (organisation CES) CSTB - PARIS

13 h 00 14 h 00 déjeuner CSTB18/5/0015 h 00 17h 30 Rencontre QUALIBAT Siège QUALIBAT

Matin INTERMAT PARIS NORD VILLEPINTE

déjeuner19/5/00Après-midi INTERMAT PARIS NORD VILLEPINTE

'DWD $WLYLGDGH /RFDO9 h 00 12 h 00 Rencontre FFB (nuisances du chantier,

formation)FFB PARIS – 16ème

12 h 00 14 h 00 Déjeuner FFB22/5/00

Après-midi Rencontre avec les assureurs(SMABTP)

SMABTP ou CSTB Salle 106

9 h 00 12 h 30 Rencontre CAPEB (formation) CAPEB PARIS – 13ème

12 h 30 14 00 Déjeuner CAPEB23/5/0015 h 00 17 h 30 Rencontre l’OPPBTP OPPBTP BOULOGNE BILLANCOURT

9 h 30 12 h 30 Rencontre avec Francis PIERRE(organisation chantier)

CSTB-PARIS Salle 404

12 h 30 13 h 30 Déjeuner CSTB24/5/00

14 H 00 Visite chantier Bouygues Bâtiment NOGENT/MARNE

10 h 30 13 h 00 Réunion coopération future PBQP-H –CSTB (seulement F.Cardoso etJ.Coelho)

CSTB

25/5/00

15 h 00 17h 00 Rencontre avec l’UNAPOC Société CEROC – PARIS 15 ème

9 h 30 13 h 00 Clôture CSTB-PARIS salle 106

13 h 00 14 h 30 Déjeuner CSTB26/5/00Après-midi Visite à la Caîsse des Dépots

(seulement Gilberto Brito)Caîsse des Dépots

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 24Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

,QIRUPDo}HV�DGLFLRQDLV���SHVVRDV�HQFRQWUDGDV�H�VXDV�FRRUGHQDGDV

2UJDQLVPR�(PSUHVD 1RPH�FRQWDWR (QGHUHoR 7HO��ID[�H�PDLO

Monique PIERRERelations internationales

55 avenue KLEBER75784 PARIS CEDEX 16

T : 01 40 69 52 62F : 01 45 53 58 77M : [email protected]

FFBFédération Françaisedu Bâtiment

Jacques LAIRPrésident de la délégation à laformation

T :F :M :

Roland FAUCONNIERDirection des AffairesTechniques

T : 01 40 69 51 04F : 01 45 53 58 77M : [email protected]

CAPEBConfédération desArtisans et PetitesEntreprises duBâtiment

Vincent BOILLOT46 avenue d’IvryBP 35375625 PARIS CEDEX 13

T : 01 53 60 50 00F :M : [email protected]

OPPBTPOffice Professionnelde Prévention dans leBâtiment et lesTravaux Publics

Alain FRAISSETour Amboise, 204 Rd Pt du ptde Sévres92516 BOULOGNE-BILLANCOURT CEDEX

T : 01 46 09 27 07F :M :

QUALIBAT Marie Dominique MONSEGUR33, Avenue KLEBER75016 PARIS

T : 01 47 04 26 01F :M : [email protected]

SMABTPSociété Mutuelled’Assurances du BTP

François AUSSEUR114, Avenue Emile-Zola75739 PARIS CEDEX 15

T : 01.40.59.74.84F :M :

UNAPOCUnion Nationale desProfessionnels de laCoodination en OPC,Securité et Protectionde la Santé

M. POUPINMaison de l’ingénierie3 rue Léon BONNAT75016 PARIS

T : 01 44 30 49 46F : 01 40 50 92 80M :

Mr REBILLARD(société CEROC)

23 rue de Cronstadt75015 PARIS

T :F :M :

BOUYGUESBATIMENT

Michel BARDOUChef do service méthodes

Challenger - 1, av. EugèneFreyssinet78061 SAINT QUENTINYVELINES CEDEX

T : 01 30 60 40 46F : 01 30 60 38 21M : [email protected]

endereço do canteiro Rue des Héros NogentaisNOGENT SUR MARNE

Tel do canteiro : 01 53 99 10 45Potable chef de chantier, M.Barbosa 06 60 50 64 98

Bénédicte MARMINATRelations internationales

61, Avenue Jules Quentin92 000 NANTERRE

T : 01 46 95 74 27F :M : [email protected]

GTM Construction Marc COLOMBART PROUTR&D

T : 01 46 95 71 07F :M : [email protected]

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Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional - PBQP-H 25Projeto 00.00.11 : Cooperação Técnica Bilateral Brasil/França/BID para o PBQP-H – Gerente : Francisco F. Cardoso (PCC.USP)Estágio 2 - Organização e Gestão de Canteiros – de 13 a 27/05/2000Relatório Prof. Francisco Ferreira Cardoso – Escola Politécnica da USP – Depto. de Engenharia de Construção Civil – PCC.USP 19/06/2000

Endereço do canteiroZAC des Berges de SeineAllée Paul SignacChef de chantier : M.BADELON

T : 01 47 30 47 53F :M :

Lycée SaintLAMBERT

M. LE LAN (proviseur)Mme REBBAH (sécrétariat)M. BRAULT

Lycée Technique du bâtiment15 rue Saint Lambert75015 PARIS

T : 01 53 98 98 00F : 01 53 98 98 01M : [email protected]

POINT P Jean-Pierre SERGENTDirecteur de secteur

1 port Lavoisier92 000 NANTERRELa Plateforme du BâtimentRue du Port92 000 Nanterre

T : 01 55 51 20 61F : 01 55 51 20 68M :

Méthodes etConstruction

Francis PIERRE15 rue Gabriel Péri91 120 MONTROUGE

T : 01 46 54 35 69F : 01 46 54 07 40M : [email protected]

AIELLO Consultants Robert AIELLO4 rue de Vernon78270 JEUFOSSE

T : 01 30 93 32 31F :M : [email protected]

Comfort Hotel Nation12, rue Léon Frot75011 Paris

T : 08 25 01 03 31