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Relatorio inhambane julho2014

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CONTEÚDOS

01 SUMÁRIO

02 OBJETIVOS

03 METODOLOGIA

04 IMPORTÂNCIA DAS FORMAÇÕES

05 SESSÃO DE ABERTURA

06 APRESENTAÇÃO DO PROJETO

07 BASE LEGAL EM MOÇAMBIQUE

08 BASE LEGAL NO BRASIL

09 CADASTRO INCLUSIVO

10 EXPERIÊNCIAS CADASTRO DOS MUNICÍPIOS:

INHAMBANE

MAXIXE

MANHIÇA

LICHINGA

XAI XAI

MARINGÁ

11 GRUPOS DE TRABALHO

12 SIG PARA O USO DO CADASTRO

13 A PESQUISA CADASTRAL

14 CASO PRÁTICO

15 APLICAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS

16 16 CONCLUSÕES

17 ANEXOS

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01 SUMÁRIO

Em 14, 15 e 16 de julho realizou-se na cidade de Inhambane a "Formação em Cadastro Inclu-

sivo, ferramenta para o desenvolvimento urbano em Moçambique" contextualizado dentro do

"Projeto de Melhoria das Capacidades das Autoridades Locais no Brasil e em Moçambique como

atores da cooperação descentralizada."

Participaram das formações os técnicos e dirigentes políticos dos municípios de Inhambane,

Maxixe, Manhiça, Lichinga, Xai Xai e do município brasileiro de Maringá, assim como repre-

sentantes da Associação Nacional de Municípios de Moçambique (ANAMM). Além disso, con-

tou-se com a presença de vários membros de Arquitetos Sem Fronteiras (ASF), quem se en-

carregou da organização de tal encontro em colaboração com as organizações: Aliança para a

Solidariedade (ApS), Bosque e Comunidade, Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusam-

menarbeit (GIZ ) e representantes do “Projeto de Cidades e Mudanças Climáticas” do Banco

Mundial. Além disso, participaram também diferentes atores com experiência na área de ca-

dastro, tais como membros da Direcção Nacional de Terras e Florestas (DNTF), bem como de

pesquisadores da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), professores e estudantes da Uni-

versidade da Coruña e a Politécnica de Barcelona, completando aproximadamente 30 pes-

soas.

Durante os três dias se analisaram os cadas-

tros dos diferentes municípios, revisaram-se

as bases legais moçambicana e brasileira,

explicaram-se os fundamentos do "cadastro

inclusivo" e ferramentas de Sistemas de

Informação Georreferenciada (SIG) úteis

para esta metodologia.De acordo com o

previsto, as jornadas acabaram com um

exercício de reflexão, elaboração de con-

clusões e próximos passos para trabalhar

nos municípios.

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02 OBJETIVOS

Os objetivos das formações foram:

-Compartilhar os desafios, obstáculos e lições aprendidas em relação aos cadastros dos

diferentes municípios moçambicanos e do município de Maringá, no Brasil.

- Difundir experiências positivas e divulgar as boas práticas.

-Esclarecer dúvidas sobre a base legal moçambicana em relação à administração do solo e

compará-la com a realidade brasileira.

-Consolidar conhecimentos sobre o "cadastro inclusivo", bem como das ferramentas de Siste-

mas de Informação Geográfica (SIG) aplicadas ao mesmo.

-Elaborar prioridades e discutir sobre os próximos passos no sentido de melhorar os cadastros

dos municípios.

03 METODOLOGIA

Para favorecer o intercâmbio de experiências e conhecimento entre os técnicos, a metodolo-

gia consistiu em:

-Apresentações das realidades dos cadastros dos diferentes municípios

-Mesas de discussão

-Grupos de trabalho para analisar e discutir os diferentes temas e, assim, promover a troca

direta de opiniões entre os técnicos

-Exposições Teóricas

-Desenvolvimento de exercícios práticos

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04 IMPORTÂNCIA DAS FORMAÇÕES

Experiência de trabalho indica que os diferentes municípios de Moçambique têm reali-

dades muito diversas sobre o estado e funcionamento dos seus cadastros, enquanto alguns

deles, como é o caso do município de Xai Xai já tem um amplo caminho percorrido, outros,

como o município de Maxixe, atualmente estão começando a digitalizar os dados. Por tudo

isso, pensou-se as formações como a oportunidade perfeita para que os técnicos de

diferentes municípios para trocassem experiências e analisassem as diferentes metodologi-

as para tentar, em conjunto, estabelecer um modelo de cadastro único e, assim, promover a

coordenação entre os municípios para poder usar o cadastro como uma ferramenta para o

desenvolvimento urbano. Para esta tarefacontou-se também com a participação do município

de Maringá (Brasil), parceiro dentro do projeto, que com a presença do

Sr.Nelson Pereira, ajudou a esclarecer dúvidas sobre o uso e a utilidade do cadastro, apresen-

tando a experiência da cidade deMaringá nesta área.

También se consideró de gran importancia repasar la legislación de Mozambique sobre el

tema de tierras y catastro ya que en ocasiones genera dudas debido a las particularidades que

tiene. Para ello se contó con la presencia de la Dra Teresinha Pascoal asesora técnica de la

Direcção Nacional de Terras e Florestas (DNTF).

Finalmente, pensou-se que a formação proporcionavam um momento para analisar entre os

diferentes atores a situação dos cadastros municipais e elaborar conjuntamente um roteiro

para ajudar-nos a seguir a melhorando de uma forma mais eficiente e coordenada entre os

municípios.

05 SESSÃO DE ABERTURA

Na cerimônia de abertura estiveram presentes vários representantes políticos como o

Vereador de Urbanismo do municipio de Inhambane Sr. Eugenio José Casimiro que exerceu de

anfitrião e deu a todos as boas vindas à cidade. Também participaram da cerimônia o Sr.

Adérito Cumbane representante da Associação Nacional de Municípios de Moçambique

(ANAMM), a Sra Ana Carolina Cortés em representação da ONG Arquitectos Sem Fronteiras

(ASF) e a Sra Teresinha Pascoal membro da Direcção Terras e Florestas Nacionais (DNTF) e o

Sr. Ignacio Martínez representante da Aliança pela Solidariedade.

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06 APRESENTAÇÃO DO PROJETO

A arquiteta Ana Carolina Cortés, apresentou o projeto "Projeto de Melhoria das Capacidades

das Autoridades Locais no Brasil e em Moçambique como atores da cooperação descentraliza-

da" no qual estão contextualizadas as formações, explicando as temáticas do projeto, os

diferentes atores que são parte dele, seus objetivos e os resultados esperados, assim como as

atividades previstas durante os dois anos de tal projeto. Explicou como o Cadastro Inclusivo é

parte das ferramentas de desenvolvimento urbano contempladas no projeto junto com o

Planejamento Urbano e o Orçamento Participativo.

Apresentaram-se brevemente as parcerias em cada uma das áreas de intercâmbio, detalhan-

do o trabalho na área Cadastro que realizam os municípios de Inhambane, Lichinga e Manhiça

com o apoio do Município brasileiro de Maringá. Por último, explicaram-se as atividades

planejadas para as seguintes etapas do projeto.

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07 BASE LEGAL EM MOÇAMBIQUE

A Dra. Teresinha Pascoal,

membro da Direcção Nacional

de Terras e Florestas,

ofereceu um amplo repasso

do contexto legal moçambica-

no explicando a respeito da

Lei de Terras. Iniciou a sua

apresentação definindo con-

ceitos-chave como solo ur-

bano, lote, "talhão", assim

como os diferentes planos de

ordenação das cidades: Plano

de Estrutura Urbana, Plano Geral e Parcial de Urbanização e Plano de Pormenor

Em seguida, ela esclareceu diversos temas relacionados com os DUATs (Dereito de Uso e

Aproveitamento da Terra), como são as diferentes competências para a sua autorização, os

requisitos para a sua atribuição e as distintas modalidades de aquisição. É importante ressaltar

que a terra em Moçambique é propriedade do estado e que este fato significativo marca a

realidade do país. Este foi um ponto de ênfase durante os debates.

Explicou também o processo de instrução do DUAT, assim como os vários documentos

necessários segundo o Regulamento de Solo Urbano.

Por último, explicou do Sistema de Gestão de

Informações de Terras (SiGIT) e da estrutura mí-

nima que um serviço de cadastro municipal deve-

ria ter para o seu correto funcionamento.

Sem dúvida, a exposição de Dona Teresinha pôs

em evidência que desde a aprovação da primeira

Lei de Terras, em 1979, houve muitas modifi-

cações e resoluções a este respeito e o fato de

conhecer bem a base legal era uma prioridade

para a implantação do cadastro nos diferentes

municípios.

É importante destacar que a terra é do estado e que este fato significativo marca a

realidade mozambicana . Este foi um ponto intenso de diferenças nos debates.

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08 BASE LEGAL EN BRASIL

Nelson Pereira da Silva veio de Maringá,

estado do Paraná, Brasil para explicar

como funcionam as leis brasileiras no

que diz respeito ao cadastro de terras.

Para isso, o primeiro que clarificou foi a

estrutura piramidal na qual essas leis

estão organizadas, que vão desde a

Constituição Federal às leis municipais.

Em cada um dos quatro níveis legisla-

tivos existiam leis que se referiam ou estavam relacionadas com o cadastro funcionam todas

de maneira coordenada. Assim, no primeiro nível, a Constituição Federal, aparecem temas

como o direito à propriedade, a função social da propriedade, os Planos Diretores ou o

parcelamento compulsório.

No segundo nível, com base na legislação nacional, introduze-se o conceito de Política Urbana,

o Imposto progressivo e as diretrizes para elaborar o Plano Diretor.

No terceiro nível, composto pelas leis provinciais, também se trata o cadastro.

Por último, são as leis municipais as que tratam o cadastro de uma

forma mais detalhada. A este nível, aparecem artigos referentes à

função social da cidade, aos objetivos gerais, as Macrozonas, os

parâmetros para o uso, ocupação e loteamento do solo, o perímetro

urbano, as zonas fiscais, o código de edificações, o código tributário

municipal, etc.

A sessão foi concluída com

um interessante debate mod-

erado pelo advogado espe-

cialista no assunto Jaime Diaz

representante da ONG

“Bosque e Comunidade”,

onde tanto ele como Teresina

Pascoal e Nelson Pereira ana-

lisaram as semelhanças e

diferenças entre os dois siste-

mas legislativos.

“Surgiram fatos

norteadores para a

formação, tais como:

Direito a propriedade x

Direito de uso; Nativos x

Latifundiários, etc ”

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09 CADASTRO INCLUSIVO

O arquiteto Pablo Fernández, membro dos Arquitetos Sem Fronteiras, explicou uma das fer-

ramentas de desenvolvimento urbano contemplada no projeto: o Cadastro Inclusivo.

Para isso, a título de introdução, fez um repasso das diferentes definições de cadastro ao lon-

go da história, com ênfase especial na evolução desde um conceito mais financeiro e

econômico até o caráter o polivalente e integral que tem hoje em dia.

Ele também deu especialatenção ao conceito de lote como unidade de registro cadastral, â

representação de seus limites e aos diferentes sistemas de nomenclatura cadastral. Em se-

guida, explicaram-se os diferentes cadastros setoriais ou temáticos, colocando exemplos con-

cretos de cada um deles. Estes são:

“Um bom cadastro não unica-

mente contribui para a dis-

tribuição equitativa dos en-

cargos fiscais, mas mais im-

portante, promove a se-

gurança da posse de terra,

defender os direitos sociais e

cria as bases para um

planejamento urbano mais

justo.“

cadastro econômico efeitos tributários

cadastro físico localização e dimensões dos lotes

cadastro jurídico registro de imóveis

meio ambiental características e os recursos naturais

uso atual uso de cada lote no momento da realização do cadastro

uso potencial registrado no Plano Diretor da cidade

cadastro da rede viária, hidrográfica

e de serviços e equipamentos

cadastro socioeconômico dados sociais, econômicos, de saúde e educação dos ocupantes

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Por último, definiu o cadastro polivalente como a soma de todos os anteriores com a neces-

sidade fundamental de incluir os dados socioeconômicos dos habitantes para garantir, assim,

a verdadeira utilidade do cadastro como uma ferramenta para a tomada de decisões e o

planejamento urbano.

Outro tema central de sua

apresentação foi a estruturação

da implantação do cadastro

inclusivo para que ele não se

converta em um projeto onero-

so em termos de tempo de ex-

ecução e investimento, tentan-

do que os levantamentos sejam

o mais completos possível den-

tro de um determinado or-

çamento.

Posteriormente ressaltou-se a importância da atualização cadastral como um dos grandes

desafios do processo. Para superar isso, recomenda-se a criação de uma rede de colaboração

entre as distintas instituições interessadas que permita compartilhar os investimentos na atu-

alização dos dados de tal forma que todos se beneficiem.

Ao finalizar, celebrou-se uma mesa redonda onde todos os técnicos municipais e os partici-

pantes tiveram a oportunidade de discutir suas dúvidas e impressões sobre o tema.

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10 EXPERIÊNCIAS EM CADASTRO

Diferentes representantes e técnicos de cinco municípios em Moçambique (Inhambane, Ma-

xixe, Manhiça, Lichinga e Xai Xai) e um do Brasil (Maringá) apresentaram a situação atual de

seus cadastros, os recursos dos quais dispõem, a organização dos mesmos e os principais de-

safios que encontram.

INHAMBANE - Eugenio Casimiro

MAXIXE - Ernestino José

MANHIÇA - Isaac Gove

“A cidade de Inhambane

tem um cadastro manual,

que começou a digitalizar-se

em 2012, mas os resultados

ainda não foram os dese-

jados.”

“No Município de Maxixe

temos dificuldades para

adquirir e assimilar a

tecnologia própria de um

cadastro inclusivo.

Gostaríamos de aprender

ferramentas SIG.”

“No Município de Manhiça

estamos digitalizando os

dados, mas estes não têm

caráter socioeconômico nem

estão georeferenciados.”

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LICHINGA - Zainadino Bacar

XAI XAI - Justino Massingue

O municipio de Xai Xai tem um banco de dados alfanuméricos georeferenciados através de

software de GIS, implementado a partir de 2009. Como resultado, eles podem trabalhar com

dados de tabelas em ortofotomapas têm onde parcelas anteriormente desenhadas conforme

mostrado na seguinte figura:

“No Município de Lichinga temos

um cadastro digitalizado que

funciona com o SiGIT (Sistema de

Gestão de Informações de Ter-

ras), com cerca de 26.500 proces-

sos introduzidos mas nos faltam

técnicos qualificados. Estes pro-

cessos foram parte do projeto

“Millenium Challenge MCA (2011

-2013) financiado por USAID.”

“Em Xai Xai perdemos toda

a informação do cadastro

com as inundações do ano

2000, mas depois de muito

trabalho, agora contamos

com um cadastro digital

georreferenciados com

software SIG”

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Maringá conta hoje com um dos mais completos cadastros polivalentes do Brasil. Em 1995,

graças a um voo aerofotogramétrico, foram obtidas as primeiras ortofotos do município. Em

2000 iniciou-se a digitalização da informação de diferentes setores que estava em documen-

tos impressos, procurando assim que o cadastro fosse polivalente. Em 2005, por meio de

imagens de satélite de alta resolução, atualizaram a base cartográfica e continuaram a inserir

dados.

Nelson Pereira enfatizou as vantagens de ter um Cadastro Polivalente e Georreferenciado. De

acordo com a sua explicação, as diferentes secretarias fornecem sua informação a uma base

de dados única georreferenciada acessível a partir de um portal de Internet. Desta forma, o

sistema é muito eficiente, e se pode aceder à informação em tempo real, ganhando assim em

transparência.

As principais aplicações do geoprocessamento dos dados são:

- otimização da arrecadação

- localização de equipamentos e serviços públicos

- gestão ambiental

- gestão dos sistemas de transporte

- ordenação territorial

- comunicação com os cidadãos: particularmente importante porque, graças a um siste-

ma de informação georreferenciado e de acesso livre, as orgaizações da sociedade civil

ou diretamente os cidadãos podem aceder à informação, anlisá-la e fazer pedidos

para o município.

MARINGÁ - Nelson Pereira da Silva “O uso de GIS traz muitos benefícios

para o município e os cidadãos. Graças a

racionalização do trabalho, evitando a

duplicação de esforços, você pode exe-

cutar uma análise mais completa dos

dados e fornecer uma solução para os

problemas sociais de maneira rápida e

precisa.”

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Expuseram-se diferentes casos

específicos do uso do cadastro em

Maringa, por exemplo:

-EDUCAÇÃO: os dados sociais dos

estudantes dos colégios estão inseri-

dos no cadastro georreferenciado

para que o município possa fornecer a

cada aluno uma vaga no colégio que

melhor se adapta às suas carac-

terísticas e localização.

-FAZENDA: Utilizam-se ferramentas SIG do cadastro para fazer auditorias fiscais sem neces-

sidade de ir ao imóvel.

-SAÚDE: Os centros de saúde também introduzem os seus dados no cadastro SIG para averi-

guar a área de atendimento de cada centro, assim como os focos e o alcance das epidemias,

etc.

-EQUIPAMIENTOS: Utilizam-se os dados sociais dos moradores de uma determinada zona para

compará-los com o raio de atuação dos diferentes equipamentos e poder ver assim de uma

maneira direta as suas principais carências.

Como conclusão, propôs quais poderiam ser os seguintes passos para que os municípios de

Moçambique pudessem implantar e dar uso a um cadastro parecido ao de Maringá:

1. Elaborar um diagnóstico amplo e conclusivo das reais necessidades do povo moçambicano

2. Complementar as informações referentes ao imóvel (área, testada, endereço, se o logra-

douro é eixo de comércio, se o imóvel é comercial, etc) com informações sócio-econômicas

(nome dos moradores, faixa etária – data de nascimento, sexo, renda familiar, etc.)

3. Levar aos administradores e cidadãos a maior quantidade de informações possíveis que

colaborem em momentos de tomada de decisão.

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FRAQUEZAS -Falta de técnicos qualificados -Falta de equipamentos de trabalho. -Fundos insuficientes -Falta de adaptação às tecnologias. -Dependência econômica externa -Capacidade de planejamento débil -Falta de coordenação setorial e insti-tucional

AMEAÇAS -Instabilidade política -Falta de investimento estrangeiro -Rápido crescimento das cidades -Falta de sustentabilidade dos projetos ou abandono -Alteração da liderança (vereador/presidente) -Segurança da base de dados

FORÇAS -Vontade política -Técnicos com dispostos a trabalhar e melhorar -Existência de uma base legal -Existência de uma base cadastral mí-nima e de equipamento básico

OPORTUNIDADES -Todos os municípios estão em uma fase inicial -Ajuda externa. -Existência de softwares -Existência de técnicos qualificados no mercado -Existência de elementos tributários

11 GRUPOS DE TRABALHO

Os participantes das formações

foram divididos em vários

grupos de trabalho para analisar

os distintos cadastros dos mu-

nicípios através de uma análise

SWOT (ou FFOA - Forças,

Fraquezas, Oportunidades e

Ameaças). Se agrupamram e

compararam os casos moçam-

bicanos e o caso brasilei-

ro, os resultados são os se-

guintes:

CADASTROS DE INHAMBANE, MAXIXE, MANHIÇA, LICHINGA E XAI XAI:

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CADASTRO DE MARINGÁ:

CONCLUSÕES DAS EQUIPAS DE TRABALHO Apesar das diferenças de contexto social, legal e político entre Moçambique e Brasil, os dife-

rentes técnicos e dirigentes municipais que participaram das formações, depois de assistir a

exposição das diversas experiências nos cadastros dos municípios e acrescentar valor às ex-

periências de cidades como Xai Xai, reconheceram que é possível ir dando pequenos passos

tais como: iniciar a coleta e documentação de dados, produzir mapas e fazer revisões periodi-

cas, divulgação de informações entre os cidadãos e os administradores, para explicar a utilida-

das informações para tomar decisões, explicar à população o porque a necessidade de infor-

mações e de seus deveres e direitos até chegar a um Cadastro Inclusivo.

.

AMEAÇAS

-Vulnerabilidade da posse dos dados. -Alteração dos dados.

FRAQUEZAS -Dependência de tecnologias alheias. -Falta de fiabilidade dos dados -Custos elevados na manutenção dos dados.

OPORTUNIDADES

-Participação cidadã nos processos urbanos

-Estabilidade política

FORÇAS -Recursos humanos técnicos qualifica-dos -Equipamento de alta tecnologia -Recursos econômicos próprios -Integração de vários atores nos trabal-hos de cadastro -Eficiência

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12 SIG PARA O USO DO CADASTRO

O arquiteto Ignacio Martínez, membro da ONG “Aliança para a Solidariedade”, explicou que

uma vez se tenha decidido qual o tipo de cadastro que se quer ou necessita ter, é necessário

e imprescindível escolher a técnica correta de implantar tal cadastro.

Explicou o Sistema de Informação Geográfica

(SIG) e porque é apropriado para trabalhar com

cadastros.

Depois de inserida a informação dos lotes em

uma tabela alfanumérica com dados georrefer-

enciados (baseados ou não em uma ortofoto),

pode-se facilmente combinar diferentes cama-

das de informações e criar mapas.

Os softwares SIGs são, sem dúvida, poderosas

ferramentas que ajudam a explorar os dados

inseridos e gerar documentação gráfica de

grande utilidade para contribuir ao entendimen-

to da realidade dos municípios e contribuir ao

planejamento urbano.

“Estamos diante da

necessidade de relacionar

dados (nomes, endereços,

usos, propriedades, super-

fícies, dados socioeconômi-

cos) com coordenadas

geográficas.”

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13 A PESQUISA CADASTRAL

Se explicaram as diferentes etapas do levantamento cadastral. Dada a necessidade de obter

informação básica para poder usar a ferramenta SIG e tomar decisões baseadas no Cadastro, a

pesquisa é o melhor método para iniciar. As etapas para a elaboração da pesquisa são:

A) PLANIFICAÇÃO -Diagnóstico. Consiste em realizar uma análise em diversas escalas. Por um lado diagnosticar o

território (extensão, uso do solo, ordenação urbana e ambiental, limites, número aproximado

de imóveis, tipos e posse da terra, etc.) e, por outro, deve-se caracterizar os diferentes assen-

tamentos (tipologias, materiais, tecnologia construtiva, etc.). Finalmente, deve-se analisar o

departamento de cadastro municipal (recursos humanos, recursos financeiros, equipamentos,

cartografia, fotos de satélite, vontade política e institucional, projetos paralelos com os mes-

mos objetivos, etc.)

-Orçamento. Devem-se contemplar determinadas atividades (oficinas com os líderes comuni-

tários, formação), salários de entrevistadores, materiais utilizados e transporte.

-Programação de tarefas. Algumas atividades são: seminários aos líderes comunitários, compra

de equipamentos e programas informáticos, capacitação de entrevistadores candidatos, con-

tratação de pessoal, aquisição de imagens e impressões, divulgação do início das atividades,

etc.

-Pré-selecção de entrevistadores. Os candidatos devem atender a certos requisitos mínimos

para serem admitidos, como ser maior de idade e de preferência ter uma formação técnica

com conhecimentos básicos em mapas e levantamentos.

B) IMPLANTAÇÃO

-Execução. Consiste no trabalho de campo, ou seja, na condução efetiva da pesquisa. A dis-

tribuição territorial dos entrevistadores é uma tarefa muito importante, por isso deve-se

atribuir previamente a cada entrevistador os quarteirões onde trabalhará.

É aconselhável proceder ordenada e uniformemente dentro de cada distrito evitando espalhar

os entrevistadores por diferentes distritos simultaneamente.

-Controle de qualidade. Alguns dos mecanismos que podem ser utilizados são: constantes

visitas ao campo e não avisadas, revisão dos questionários no momento em que são en-

tregues, reuniões periódicas com o supervisor e os entrevistadores, revisão periódica da codi-

ficação / digitalização dos questionários, acompanhamento dos relatórios técnicos elaborados

pelo responsável.

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14 CASO PRÁTICO

Ana Cubillo - pesquisadora do Centro de Estudos de Desenvolvimento do Habitat (CEDH) da

Universidade Eduardo Mondlane - explicou o diagnóstico realizado no bairro de Chamanculo

D, que faz parte do Plano Parcial desenvolvido pelo Conselho Municipal da Cidade de Maputo.

O diagnóstico de Chamanculo D é um caso de sucesso de levantamento de dados, onde se

cadastraram mais de 5000 polígonos (unidade estrutural reconhecível por ortofoto) sem o uso

de GPS e com uma equipa humana de doze entrevistadores, dois coordenadores e um técnico

de SIG. A informação recolhida consistia em dados sobre a tipologia e estado das edificações,

bem como dados pessoais e socioeconômicos dos habitantes.

Com todas essas informações e graças às ferramentas SIG, realizaram-se mapas de diagnóstico

que foram de grande ajuda para entender melhor o contexto e tomar decisões corretas.

“Fazer um diagnóstico do

bairro informal de Chaman-

culo D (Maputo) através de

um levantamento de dados

sobre a população nos ajuda

a compreender melhor as

suas necessidades.”

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15 APLICAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS Para aprofundar o aprendido e

reconhecer possíveis obstáculos, os

participantes foram divididos em

quatro grupos para realizar um exer-

cício prático. Mediante ortofotos de

quatro zonas do município Inhambane

(zona do aeroporto, zona rural, zona

costeira inundável e zona da cidade

de cimento) com problemáticas e

contextos diferentes para a realização

de um cadastro. Pediu-se a aplicação

através de três passos:

1. Tipo de cadastro necessário, especificando as perguntas da pesquisa segundo as neces-

sidades da zona atribuída: requalificação, riscos ambientais, saneamento, turismo, equi-

pamentos, etc .

2. Metodologia de levantamento adequada ao seu caso (somente ortofoto, GPS de baixa

precisão, estação total) e elaborar uma pequena amostra cartográfica desenhando os

supostos loteamentos (ou unidades cadastráveis) sobre a ortofoto com ajuda de papel

vegetal.

3. Combinar os dados obtidos para realizar os mapas que fossem de seu interesse conforme o

caso e pensar com quais instituições poderiam entrar em contato para compartilhar in-

formação e conseguir um diagnóstico ainda mais completo e útil.

A realização deste exercício prático foi de grande utilidade para os técnicos, já que eles conse-

guiram aplicar os diferentes conceitos através da simulação de um Cadastro e a posterior

apresentação das conclusões em público.

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16 CONCLUSÕES

Finalmente, o debate permitiu

conclusões gerais sobre o estado

dos cadastros municipais.

É verdade que a situação dos

diferentes municípios em relação

ao cadastro é muito variada, mas

depois de um exercício de síntese

estas foram as conclusões elabora-

das:

CONCLUSÕES: --Valoriza-se a importância da implantação de um verdadeiro cadastro (função, conceitos, aplicação e componentes)

-Entende-se o cadastro como a ferramenta básica para a gestão e administração dos serviços municipais

-Entende-se a importância do cadastro inclusivo para o desenvolvimento do município

-O SIG é uma ferramenta fundamental para a implantação do cadastro inclusivo

-Os municípios não adotam o mesmo tipo de cadastro

-Há uma falta de coordenação entre os municípios

-As instituições de tutela exigem um cadastro aos municípios, mas não dão o seu apoio

-Identifica-se a necessidade de compartilhar informação e experiências, assim como coor-denar-se entre as administrações, os próprios conselhos e outros com o objetivo de harmo-nizar os cadastros dos municípios entre si

-Maringá constitui-se em um desafio. Há muito trabalho pela frente e é importante seguir

aprendendo de casos práticos

Page 22: Relatorio inhambane julho2014

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Além do descrito anteriormente, realizou-se também por grupos, uma avaliação das próprias

formações, elaborando-se posteriormente uma lista de sugestões para seguir melhorando.

Estas são:

Por fim, discutiu-se entre todos quais poderiam ser os seguintes passos para seguir avançando

no grande objetivo de melhorar os cadastros municipais de Moçambique para conseguir, as-

sim, políticas urbanas mais sociais e garantir o bom desenvolvimento das cidades do país.

O seguinte passo do projeto foi uma visita dos técnicos moçambicanos das cidades de Xai Xai,

Inhambane e Manhiça a Maringá, que aconteceu no mês de Outubro. Esta visita prática enfati-

zou as possibilidades, utilidades e recursos do departamento cadastral.

SUGESTÕES:

-Formação não somente dos técnicos, como também dos quadros que tomam as decisões -Envolver a todos os técnicos de urbanismo -Capacitações constantes que constituam uma verdadeira formação contínua -Criação de um manual de cadastro inclusivo -Disponibilização de ferramentas. -Formação em software SIG em curto prazo -Aquisição de equipamentos básicos para o trabalho dos municípios. -Mais tempo para a capacitação com trabalho de campo -Realização de uma capacitação mais completa: computadores, software, etc. -Mais apoio continuado do município de Maringá

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17 ANEXO: LISTA DE PARTICIPANTES

NOME

Ana Carolina Cortés

Pablo Fernández

Plácido Lizancos

Eduard Valls

Custario Manuel

Francisco Macuacua

Manuel Pasctor Conjo

Isaac Gobe

Zedequias F. Timane

Ignacio Martínez

Ana Cubillo

Jaime Diaz

Adérito Cumbane

Ismael Valoy Gove

Zainadino Bacar

Eusébio Naposso

Justino Massingue

Teresinha Pascoal

Nelson Pereira da Silva

Ernestino José

Eugenio Casimiro José

Félix Ganuário

Hermenegildo Macuacua

Joao Batule

Cris Rangel

Abilio Macuacua

Christian Konrad

INSTITUIÇÃO

ASF

ASF

ASF-UPC

ASF

ASF

ASF

ASF

Conselho Municipal

Conselho Municipal

Alianza por la Solidaridad

CEDH-UEM

Bosque y Comunidad

ANAMM

Conselho Municipal

Conselho Municipal

Conselho Municipal

Conselho Municipal

DNTF

PMM

Conselho Municipal

Conselho Municipal

Conselho Municipal

Conselho Municipal

SDPI

PCMC

GIZ

GIZ

CIDADE

Maputo

Madrid

A Coruña

Barcelona

Inhambane

Maxixe

Manhiça

Manhiça

Manhiça

Maputo

Maputo

Maputo

Maputo

Inhambane

Lichinga

Xai-Xai

Xai-Xai

Maputo

Maringá

Maxixe

Inhambane

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CRÉDITOS:

Organização do evento:

Conselho Municipal da Cidade de Inhambane

Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU)

Arquitetos Sem Fronteiras

Associação Nacional dos Municípios de Moçambique (ANAMM)

Aliança pela Solidariedade

Preparação do relatório:

Conteúdo: Pablo Fernández - Arquitetos Sem Fronteiras

Layout e edição: Pablo Fernández - Arquitetos Sem Fronteiras

Fotografias: Ana Carolina Cortés, Ana Cubillo, Pablo Fernández.

Revisão e contribuições: Alessa Bennaton e Sara Hoeflich - CGLU, Ana Carolina Cortés -

Arquitetos Sem Fronteiras

Ilustrações: Eduard Valls Vivas (https://eduardvalls.wordpress.com)

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