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Relatório Síntese 2014

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Relatório Síntese

2014

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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1. Introdução

Centro de Apoio e Pastoral do Migrante CAMI

O Centro de Apoio ao Migrante, CAMI, fundado em 22 de julho de 2005, pelo

Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), atualmente com sede e personalidade

jurídica própria, com o nome de Centro de Apoio e Pastoral do Migrante, tem como

finalidade atuar diretamente na promoção dos direitos humanos fundamentais, na

inserção social e na prevenção às formas de trabalho análogas a de escravo,

prevenção ao tráfico de pessoas visando inclusão econômica, social, política,

cultural e religiosa dos imigrantes, com o propósito de construir um mundo com

justiça social, sustentável, onde a pessoa humana seja colocada em primeiro lugar.

Também promove encontros de formação para a cidadania, capacitação de agentes

multiplicadores em direitos humanos e prevenção ao tráfico de pessoas, cursos de

informática e cidadania, aulas de português e cidadania, cursos profissionalizantes

de modelagem e divulgação de direitos e deveres dos imigrantes.

Atua firmemente na inserção e incidência política na construção de políticas públicas

para todos e todas os/as imigrantes. Para tanto, promove atividades onde o

imigrante é o protagonista da ação como assembleias populares, eventos temáticos,

seminários, rodas de conversa, mobilizações com ênfase à Marcha dos Imigrantes.

Luta junto aos imigrantes por uma série de conquistas como uma nova lei de

migração, direito ao voto, trabalho digno e decente, pelo fim da xenofobia e

discriminação, bulling nas escolas e valorização de suas crenças e cultura. Participa

ativamente nas redes de combate ao tráfico de pessoas e de trabalho escravo junto

a COETRAE, DPU, MPTE, entre outras. Também desenvolve campanhas junto a

fóruns parlamentares e o MERCOSUL de forma a ampliar os direitos dos migrantes

e assegurar regularização migratória, assistência jurídica às vítimas de trabalho

análogo à escravidão e todo tipo de exploração. O trabalho do CAMI fortalece a

cidadania através de orientações para a regularização migratória, difusão da

informação dos direitos básicos objetivando que os imigrantes vivam e trabalhem em

plena conformidade com a legislação do Brasil.

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2

Missão Acolher e mobilizar os imigrantes na luta por direitos, cidadania e

empoderamento social, cultural e político, combater o trabalho escravo, a

xenofobia, o tráfico de pessoas e promover o trabalho decente, o

reconhecimento e o fortalecimento da identidade e da diversidade cultural e

religiosa.

Visão Ser referência na defesa dos imigrantes; Reconhecimento de direitos

e construção da cidadania universal;

Valores Transparência, ética, solidariedade, participação democrática, respeito às

diferenças e construção do bem viver.

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3

2. REGULARIZAÇÃO MIGRATÓRIA

Em 2014, no campo da regularização migratória, com atendimento diário de segunda feira a quinta feira das 9 horas às 17 horas, foram atendidos imigrantes que desejam regularizar sua situação de documentos no Brasil. Passando pelo CAMI, os, as imigrantes receberam informações e orientações, “passo a passo”, e preenchimento de documentos sobre os processos e requisitos de regularização e os trâmites mais frequentes para obterem a sua regularização no Brasil.

TIPOS DE PROCESOS E DOCUMENTOS QUE PROVIDENCIA CAMI

1.- 1ª via MERCOSUL

2,- 2ª VIA MERCOSUL

3,- 3ª VIA MERCOSUL

4,- FILHO BRASILEIRO

5,- 2ª FASE FILHO BRASILEIRO

6,- 2ª VIA DE PERDA DO RNE

7,- CASOS OMISSOS “ANISTIA 2009”

8,- RENOVAÇÃO DO PERMANENTE

9,- DECLARAÇÃO DE VIAGEM

10,- DECLARAÇÃO DE RENDA

11,- DECLARAÇÃO DE RESIDENCIA

12,- CURRICULO

13.- PASSAPORTE (FILHO BRASILEIRO)

14,- ASSENTAMENTO DE NOME

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4

2.1 Desafios e dificuldades

Quanto à regularização de documentos, há observações dos imigrantes na demora

e burocracia. Encontram muita dificuldade de agendamento. Também reclamam que

há poucas pessoas no atendimento na polícia federal, gerando grandes filas. Muitos

imigrantes não têm recursos para cobrir as altas taxas cobradas pelo Estado por

pessoa, incluindo crianças. Regularizar uma família com 4 a 5 pessoas, foge do

orçamento e por causa disso muitos ficam na irregularidade. Outra reclamação

frequente é a demora de obtenção da carteira de trabalho. Para tanto precisam fazer

agendamento e no agendamento não encontram datas disponíveis. Comenta-se que

para conseguir a carteira de trabalho, muitas vezes, levam até seis meses de

espera.

Atendimento regularização migratória segundo a nacionalidade:

Nacionalidade

Boliviana

Peruana

Paraguaia

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5

2.2. Tabela de atendimentos 2014

ATENDIMENTOS JANEIRO

FEVEREIRO

MARÇO ABRIL MAIO JUNHO TOTAL

M F M F M F M F M F M F SEMESTRAL

01 MERCOSUL 24 20 20 15 23 14 24 26 22 18 18 18 242

02 2ª VIA MERCOSUL 15 17 11 12 13 15 07 03 12 06 11 10 132

03 3ª VIA MERCOSUL 02 02 05 01 04 03 03 03 23

04 FILHO BRASILEIRO 02 02 01 01 02 01 08

05 2ª FASE FILHO BRASILEIRO 02 02 01 01 06

06 2ª VIA DE PERDA DO RNE 02 03 05 01 01 02 05 02 02 23

07 CASOS OMISSOS “ANISTIA 2009” 01 01 02

08 RENOVAÇÃO DO PERMANENTE 01 01 01 03 01 07

09 DECLARAÇÃO DE VIAGEM 02 01 01 01 05

10 DECLARAÇÃO DE RENDA 01 01 02

11 DECLARAÇÃO DE RESIDENCIA 01 02 01 01 03 02 10

12 CURRICULO 03 01 01 02 07

13 PASSAPORTE (FILHO BRASILEIRO)

01 01

14 ASSENTAMENTO DE NOME TOTAL DE HOMENS E MULHERES 47

47 45 39

45 35 40 33 40 32 33 33 469

TOTAL DE HOMENS E MULHERES (encaminhamentos)

94

84

80

73

72

66

469

ATENDIMENTOS JANEIRO FEV MARÇO ABRIL MAIO JUNHO TOTAL

15 PESSOAS ENCAMINHADAS

94

84

80

73

72

66

469 16 ATENDIEMENTO PELO TELEFONE 109 130 215 155 174 120 903

17 ORIENTAÇÕES DIVERSAS NO CAMI

218 211 189 91 119 101 929

18 ATENDIMENTOS POR MÊS 421 425 484 319 365 287 2.301

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6

ATENDIMENTOS JULHO AGOSTO SETEMBRO

OUTUBRO NOVEMBRO

DEZEMBRO

TOTAL

M F M F M F M F M F M F SEMESTRAL

01 MERCOSUL – 1ª Fase 15 12 26 23 31 25 40 26 35 37 283

02 2ª VIA MERCOSUL 10 11 10 13 28 17 45 32 36 26 173

03 3ª VIA MERCOSUL 02 02 02 06 13 07 45 44 31 33 27

04 FILHO BRASILEIRO 02 02 02 02 03 00 07 03 04 04 16

05 2ª FASE FILHO BRASILEIRO 01 01 04 02 03 06 05 08

06 2ª VIA DE PERDA DO RNE 01 01 01 01 01 26

07 CASOS OMISSOS “ANISTIA 2009”

02

08 RENOVAÇÃO DO PERMANENTE 02 02 01 01 05 02 03 02 02 13

09 DECLARAÇÃO DE VIAGEM 01 01 01 01 04 03 06

10 DECLARAÇÃO DE RENDA 02 02 02 04

13 DECLARAÇÃO DE RESIDENCIA 02 01 13

14 CURRICULO 01 08

15 PASSAPORTE (FILHO BRASILEIRO)

01

16 ASSENTAMENTO DE NOME 01 TOTAL DE HOMENS E MULHERES 33 32 44 49 85 53 148

108 117 109 580

ATENDIMENTOS 65 93 138 256 226

778 ATENDIMENTOS JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO TOTAL

17 65 93 138 256 226

778 18 ATENDIEMENTO PELO TELEFONE 212 170 154 190 214 940

19 ORIENTAÇÕES DIVERSAS NO CAMI 260 180 194 231 167 1032

20 ATENDIMENTOS POR MÊS 537 443 486 677 607 2.750

Beneficiados em Regularização Migratória 2014

5.910 pessoas.

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2.3 REGULARIZAÇÃO MIGRATÓRIA – Ponto móvel

Desde 2013, o CAMI

disponibiliza um ponto de

atendimento móvel na Praça

Kantuta, lugar de encontro da

comunidade imigrante nos

domingos. Todos os domingos

circulam nesse espaço mais de

duas mil pessoas. É um lugar

de passagem e de convivência

da comunidade latino-

americana, especialmente da Bolívia. A presença do ponto móvel durante 2014

foi permanente e atendeu com informações e encaminhamentos a 559

imigrantes.

Outra modalidade de atendimento que o CAMI disponibiliza para a comunidade

imigrante na Grande São Paulo é o ponto móvel circulante que ora está num

bairro e ora em outro bairro. Neste

ano de 2014, em eventos

importantes na comunidade

esteve no Parque do Trote na Vila

Guilherme e por duas vezes

esteve no bairro do Bom Retiro,

uma vez na cidade de Guarulhos

e outra na comunidade de

Guaianases. O intuito desse

serviço é para facilitar a vida, já

muito pesada e intensa, dos

imigrantes que passam grande

período de seu tempo, até 14 horas diárias, nas oficinas de costura e também

para dar oportunidades de regularização de seus documentos a mais pessoas.

Nessas idas e vindas esse serviço atendeu com informações a 300 pessoas.

Ponto móvel circulante

Ponto móvel na praça Kantuta

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Atendimento Ponto Móvel - Fevereiro até Dezembro 2014 – Praça Kantuta

23/02 a 14/12 Nacionalidades Homens Mulheres Total

559 imigrantes receberam

informações diversas e 20

foram encaminhados para a Policia

Federal.

De Fevereiro a Dezembro

Boliviana 284 140 424

Peruana 61 53 114

Chilena 1 1

Argentina 5 1 6

Paraguaia 5 2 7

Ecuador 1 1 2

Cubana 1 0 1

Brasileira 3 1 4

Total 361 198 559

3. ASSESSORIA JURÍDICA

O CAMI também presta assistência jurídica com o objetivo principal de

esclarecer dúvidas, promover e defender os direitos trabalhistas e

humanos dos e das imigrantes. Além da orientação jurídica

especializada, visa a inserção e participação sociopolítica da e do

imigrante nos serviços públicos municipais, estaduais e federais, bem

como o seu empoderamento para que possa difundir e transmitir

informações relevantes. Também se propõe a observar as lacunas

destes serviços a fim de que sejam criadas políticas públicas justas, com

garantia de direitos e acesso de todos, sem qualquer tipo de preconceito

ou discriminação.

No trabalho de Assessoria Jurídica realizado pelo CAMI destacam-se:

1. Acompanhamento de resgate de pessoas vítimas de tráfico de

pessoas e trabalho análogo ao trabalho escravo junto ao MPT e

MTE.

2. Orientação jurídica, tentativa de conciliação trabalhista,

encaminhamento para ajuizamento de ação trabalhista em parceria

com a Defensoria Pública da União, Defensoria Pública do Estado,

assim como orientação e encaminhamento de casos a nível dos

Juizados Especiais Cíveis.

3. Orientação, encaminhamento e acompanhamento de mulheres

migrantes vítimas de Violência doméstica e de Gênero perante as

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Delegacias da Mulher assim como aos Centros parceiros, Centro de

Cidadania da Mulher (CCM) e o Centro de Referencia e Apoio à

Vítima (CRAVI), cujo atendimento é complementado com orientação

jurídica especializada, assistência social e assistência psicológica.

4. Orientação e acompanhamento de casos de migrantes sobre trâmites

migratórios perante a Polícia Federal e o Ministério da Justiça, assim

como casos omissos.

5. Orientação Jurídica e acompanhamento de casos sobre os direitos

de crianças e adolescentes, relacionados à pensão alimentícia,

guarda, violência doméstica e nas escolas.

6. Orientação jurídica, e acompanhamento de casos relacionados a

crimes penais cometidos por funcionários públicos contra migrantes

assim como por particulares.

7. Orientação jurídica sobre trâmites administrativos para revalidação

de diplomas de ensino médio e superior, aposentadoria, e temas

relacionados a migrantes.

No ano de 2014, o atendimento jurídico realizado no CAMI, entre os temas de maior procura se encontram: a) Reclamações trabalhistas e trabalho escravo que engloba soluções amistosas e encaminhamentos de casos à Defensoria Pública da União, assim como casos trabalhistas que envolvem denúncias de trabalho escravo, tráfico de pessoas foram encaminhados ao Ministério público do Trabalho e emprego. Orientação e empoderamento em direitos trabalhistas. b) Violência de Gênero, casos que envolvem violência doméstica, violência patrimonial, violência no trabalho, separação e separação de bens, pensão e reconhecimento de paternidade. Assim também orientação e empoderamento contra a violência de Gênero.

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c) Regularização por meio de vistos especiais e naturalização, as solicitações destes vistos ou naturalização foram solicitados, os primeiros, como uma forma de regularização migratória fora do MERCOSUL, como forma de exercício da cidadania e respeito a seus direitos e os últimos como forma de adquirir mais direitos. d) Entre os outros temas atendidos em menor quantidade se encontram a revalidação de títulos universitários, locação de imóveis, assessoria jurídica na área penal (homicídio, discriminação, agressão física e verbal, difamação), previdência social, benefícios sociais, negociação de dívida, orientação sobre a criação de pequenas empresas, poder, seguros, etc. A porcentagem de mulheres atendidas foi de 45% e de homens 55%. No total desde o mês de março até dezembro de 2014, receberam assistência jurídica 353 pessoas de diversos países, entre elas, Bolívia, Peru, Paraguai, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Equador, Chile, Haiti, República Dominicana, México, Honduras, Espanha, Portugal, Angola, Congo, Cabo Verde, Serra Leoa, entre outros. e) Dificuldades e desafios enfrentados Dentre as dificuldades enfrentadas, visando à prevenção e proteção dos direitos das pessoas imigrantes, se encontram a falta de uma estrutura ampla do Estado assim como funcionários preparados para o atendimento e encaminhamento; Em se tratando de casos de violência doméstica, tem sido evidente o despreparo das delegacias de Polícia, inclusive de algumas delegacias das mulheres quando se fala de acolhimento e orientação adequada, considerando a situação das mulheres imigrantes. Isto tem levado a receber uma orientação inadequada e à falta de um procedimento pertinente para a proteção das vítimas de violência, assim como os filhos das imigrantes ocasionando, em muitos casos, desistência da denúncia. Têm sido poucos os casos acompanhados pelo CAMI que finalizaram com êxito com o fim da violência; Com relação a denúncias de tráfico de pessoas e trabalho escravo, estas denúncias foram encaminhadas à Secretaria da Justiça e Cidadania e o Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (COETRAE), assim como ao Ministério Público do Trabalho e Emprego, Ministério Público Federal. As dificuldades enfrentadas neste caso foram manifestadas por meio de uma falta de ação rápida para a prevenção e proteção dos direitos das pessoas denunciantes, vítimas, alegando falta de funcionários para a realização de uma ação rápida de proteção das vítimas. Outra dificuldade enfrentada no tema de resgate de vítimas do tráfico de pessoas e trabalho escravo são as dificuldades que as vítimas enfrentam para

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a obtenção do seguro desemprego, sendo empurradas, em muitos casos novamente ao círculo do trabalho escravo. Atendimentos:

Março Abril Maio Junho Julho Agos Set Out Nov Dez

26 18 24 27 08 41 52 83 45 29

Reuniões e assessorias EXTERNAS 2014

3.2 Assessorias - Palestras Sobre Trabalho Decente Palestras realizadas nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro de 2014. Quatro palestras por mês nos cursos de português, informática, música e modelagem, no local do CAMI e nas escolas parceiras das aulas de português. Total: 16 palestras realizadas. Resumo A palestra sobre trabalho decente tem por objetivo refletir sobre o tema e incentivar a discussão com os alunos e alunas de forma a reconhecer características de trabalho análogo ao trabalho escravo que possam ocorrer dentro dos seus trabalhos ou que eles mesmos tenham sido vítimas, analisando estes casos à luz dos conceitos do trabalho decente, reconhecimento dos seus direitos trabalhistas protegidos e garantidos na Constituição Federal do Brasil e a CLT e outras leis especiais, orientações específicas em caso de trabalhadores autônomos, assim como informação dos centros onde realizar estas reclamações.

3.3 Reuniões e Articulação política

EM 26/04/2014 - Participação e elaboração do relatório Encontro de Formação, cidadania e Migração.

Evento realizado pelo CAMI, participação de representantes de órgãos do Estado como GEVID, DPU e imigrantes. O Objetivo do encontro foi informar e empoderar imigrantes nos seus direitos refletindo sobre o tráfico de pessoas e o trabalho análogo ao trabalho escravo.

Beneficiados na assessoria jurídica

353 pessoas.

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EM 21/08/2014, 25/09/2014, 20/10/2014, 22/11/2014 e 27/11/2014 - Reunião COETRAE A COETRAE (Comité de Enfrentamento ao Tráfico e Trabalho Escravo), que agrupa a instituições do Estado que combatem o tráfico de pessoas e o trabalho análogo ao trabalho escravo assim como a sociedade civil, se reúnem mensalmente para discutir e articular, divulgar e realizar eventos e campanhas nesse tema. EM 03/10/2014, 24/11/2014 - Reunião com GEVID Reunião de articulação para um melhor atendimento para casos de violência doméstica sofrida por mulheres imigrantes. Melhor atendimento e especialização dos órgãos do Estado visando um atendimento que proteja e garanta os direitos destas mulheres. EM 08/10/2014 - Participação no Simpósio sobre Trabalho Escravo (Campinas) Evento organizado pela COETRAE, que tem por objetivo discutir e analisar dentro do contexto geral e particular o combate ao tráfico de pessoas e trabalho escravo. EM 01/11 a 07/11 - Viagem a Roma Reunião com entidades da Igreja Anglicana para combate ao trabalho escravo Reunião organizada pela Igreja Anglicana do Reino Unido, que teve por objetivo reunir às instituições vinculadas à Igreja Anglicana a nível mundial que trabalham no combate ao tráfico de pessoas e trabalho escravo, compartilhar experiências de trabalho para refletir e propor uma ação conjunta de combate que envolva outras religiões. EM 24/11/2014 - Reunião Aeroporto Guarulhos sobre Conector. Esta reunião organizada pela Secretaria da Justiça e pelo consulado Americano, presentes órgãos vinculados ao poder judiciário e a sociedade civil. O objetivo da reunião, discutir sobre a problemática das pessoas estrangeiras retidas no sector denominado conector. EM 28/11/2014 - Reunião CRAI – SP, apresentação do local e possíveis parcerias. Reunião convocada pelo Centro de Referencia e Acolhida de imigrantes, presentes diferentes ongs de direitos humanos que trabalham com o tema de migração. Foi apresentada a casa, os serviços e as possíveis articulações em prol dos imigrantes.

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4. ASSISTENCIA SOCIAL

Descrição dos atendimentos:

Acolhimentos em plantão: 54 *(02 casos foram identificado in loco, em

evento);

Atendimentos biopsicossociais: 56;

Encaminhamentos (serviços públicos ou rede de serviços da sociedade

civil organizada, nas áreas de saúde, assistência social, defesa da

mulher, segurança pública, educação, órgãos de regularização

migratória, órgãos de expedição de documentos oficiais, albergamento,

abrigamento protetivo e outros Serviços de Proteção Social Especial e

Baixa e Média Complexidade, segundo prerrogativas do SUAS –

Sistema Única de Assistência Social e da Política Nacional de

Assistência Social): 53;

Acompanhamentos: 39 *(17 foram casos pontuais de resolução rápida).

Elaboração de Plano de Assistência Social Individual / Familiar: 16;

Visitas Domiciliares: 27;

Prestação de Insumos Nutricionais (cestas básicas): 18;

Classificação dos casos atendidos: Proteção Sócio-assistencial e

Proteção Social Especial de Baixa e Média Complexidade.

Supervisão de Campo de Estágio Acadêmico: 02 estagiários

(efetivamente).

Apoio a Agentes Sociais: 04 (01 – Sônia; 01 – Salvador; 02 – Pr. Victor).

Apoio a Multiplicadores de Base: 17 (María Gretel, 02; Roberto, 03;

Rufina, 02; Jacinto, 02; Mario, 01; Adalit / Angela, 02; Pr. Rodolfo, 01;

Grecia, 01; Jandir, 03).

Número de atendimentos:

FEV

MAR

ABR

MAIO

JUN

JUL

AGO

SET

OUT

NOV

DEZ

03 04 05 04 03 05 06 07 08 07 04

Beneficiados na assistência social diretamente

56 pessoas.

Indiretamente – 117 pessoas (família)

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5. FORMAÇÃO PASTORAL LATINO-AMERICANA

Objetivos:

Capacitar líderes para intervir no contexto latino-americano; proporcionar

conhecimentos sobre a realidade migratória e sua dinâmica; Preparar

lideranças para atuar nas suas comunidades e movimentos como

multiplicadores; Agir à luz do contexto social e da Palavra de Deus

visando transformar a realidade.

Módulo 1 - VER. A partir do discurso latino-americano, quebrar a visão

que o discurso é a verdade; desconstruir a mentalidade hegemônica

divulgada permanentemente pela mídia escrita e fala; diante dos

avanços da democracia na América Latina, nos últimos anos, com

governos populares, capacitar lideranças para ajudar a evitar possíveis

retrocessos.

Módulo 2 - JULGAR. A partir da Palavra de Deus: Por que o povo saiu

da terra? A chegada e como é a vida na nova realidade. Ficar ou voltar

ao meu país de origem? Migração e os estrangeiros na Bíblia; A viagem;

A convivência na comunidade; Como Deus está presente e age nessa

nova realidade?

Módulo 3 - AGIR. Agir a partir da vida aqui e agora; defesa dos direitos

das pessoas; canalizar as ações para reforçara a luta e a causa; Estar

atentos a oportunidades de lutas que surgem na caminhada; ter a

capacidade de perceber o que fazer diante das situações.

Período de execução do projeto: 06 de setembro a 22 de novembro de

2014.

Quantidade de alunos atendidos: em torno de 20.

Corpo docente da formação:

Dom Flávio Irala, Bispo da Diocese Anglicana de São Paulo e

Presidente do CAMI;

Pe. Geraldo McNamara, sacerdote católico espiritano.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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6. CURSOS E ATIVIDADES FORMATIVAS

Muitos imigrantes, todos os anos, passam pelos cursos que o CAMI

disponibiliza. Esses cursos, além do aprendizado, promovem a interação

social, incentivando a troca de experiências de vida e a reflexão social por meio

de atividades culturais, dinâmicas e momentos de laser. Os cursos também

têm a finalidade de que o imigrante conheça os seus direitos e deveres, lute

por eles, exercitando assim a cidadania plena, atuando como cidadão. Através

dos cursos de inclusão social, com

cunho formativo, palestras,

assessorias os imigrantes

desenvolvem a reflexão e a interação

numa perspectiva de

interculturalidade. Ao final de cada

semestre o aluno recebe um certificado de aprovação, referente ao módulo

cursado.

6.1 Curso de Inclusão digital (Informática)

Este informe corresponde de agosto à

dezembro tendo como início de aulas em

09/08/14 até 14/12/14, sendo as aulas

aos sábados e domingos, com a

programação de 07 turmas de 2

horas/aula, (2 nos sábados e 05 aos

domingos) com a seguinte programação

inicial:

Dias de aula Horários Nível Q. alunos

Sábado 14:00 às 16:00 Nível I 12

Sábado 16:00 às 18:00 Nível I 12

Domingo 08:00 às 10:00 Nível I 13

Domingo 10:00 às 12:00 Nível II 12

Domingo 12:00 às 14:00 Nível III 13

Domingo 14:00 às 16:00 Nível II 13

Domingo 16:00 às 18:00 Nível I 14

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Conteúdos:

Nível I, orientado para pessoas que nunca ou pouco contato tiveram com

computadores, o conteúdo foi conhecer Windows 7;

Nível II, com o conteúdo básico, introdutório do pacote MsOffice;

Nivel III, este nível tem um conteúdo complementar e avançado do pacote

MsOffice.

Monitores:

Iniciamos os cursos de informática com monitores voluntários (05) e

funcionários do cami (2):

Nível Monitor Situação Dia de aula

Nível I Jhanira Mayra Funcion. do cami sábados

Nível II Erika Lipa Funcion. do cami domingos

Nível I Raul Cabrera Voluntario sábados

Nível III Natalio Sanca Voluntario domingos

Nível I Jhorman Sanchez Voluntario domingos

Nível II Ivan Quinahua Voluntario domingos

Nível I Juan Osores Voluntario domingos

No quadro abaixo temos um resumo da quantidade de alunos e turmas que

iniciamos as aulas e a quantidade de alunos e turmas que terminamos nossa

programação.

Dia Turma Nível Começaram Formandos

Sábado 14:00 às 16:00 Nível I 12 09

Sábado 16:00 às 18:00 Nível I 12 06

Domingo 08:00 às 10:00 Nível I 13 09

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Domingo 10:00 às 12:00 Nível II 12 06

Domingo 12:00 às 14:00 Nível III 13 10

Domingo 14:00 às 16:00 Nível II 13 08

Domingo 16:00 às 18:00 Nível I 14 05

Os problemas que enfrentamos

Enfrentando o problema de infraestrutura, já informado aos coordenadores do

cami; por exemplo: a sala de multiuso (curso e reuniões da equipe do cami nas

sextas-feiras e aos sábados e domingos espaço para os cursos).

Participação em eventos

Os alunos de informática, modelagem, música e português participaram nos

eventos programados pelo cami fortalecendo a consciência crítica e cidadania:

III terceiro festival de música e poesia do Imigrante com o tema: migração, trabalho e tráfico de pessoas, no dia 21/9/2014;

Grito dos excluídos continental, momento de organização e de protesto contra a pobreza e suas causas na América Latina, no sentido de promover a união dos povos e ampliar o nível de uma consciência crítica dos alunos dos cursos. O evento foi organizado na Praça “kantuta” no dia 19/10/2014;

Semana do imigrante, momento de apresentação de conteúdos que ajudam a aprofundar a Marcha dos Imigrantes, uma atividade permanente atual, incentivando a mobilização e luta por mais direitos e desfile de moda do curso de modelagem para mostrar o que o grupo aprendeu e produziu durante o ano, ambas atividades aconteceram em 30/11/2014;

9° Marcha dos Imigrantes no dia 07/12/2014 – momento especial de coroação das lutas do ano com forte mobilização de cunho fortemente político reivindicativo.

Elementos positivos

Conseguimos resolver todas as dificuldades enfrentadas no inicio das aulas na

conformação das turmas.

Conseguimos preencher as classes e os monitores; Resolvemos e convivemos com os problemas dos equipamentos, um

pouco defasados pelos avanços da tecnologia; Houve acompanhamento dos demais cursos realizados no espaço do

CAMI junto a paróquia Santuário das Almas que nos acolhe todos os finais de semana nos cursos de modelagem, curso de música, português

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e demais eventos promovidos formativos como seminários, reuniões da marcha, entre outros;

Os alunos participaram ativamente na preparação de cartazes para a 9ª marcha dos Imigrantes.

7. Curso de Modelagem e Cidadania

O curso de modelagem e cidadania sempre é muito procurado pelos imigrantes

porque nesse segmento profissional é possível se obter uma renda melhor e

mais facilidade de colocação no mercado de trabalho. Também possibilita

sociabilidade com diferentes

nacionalidades, criando novas

amizades, com vínculos afetivos

e solidariedade.

O curso tem como objetivo

geral desenvolver nos alunos

competências e habilidades

relativas à modelagem com

bases concretas para uma

aprendizagem de como modelar peças de roupas para a indústria de

confecção.

Os conteúdos do curso de

modelagem passados aos alunos

constituem de conceitos

fundamentais para se capacitar na

profissão de modelagem, um

funcionário bem requisitado pela

indústria têxtil, já que São Paulo

compõe o maior parque industrial da

América Latina na área têxtil.

Beneficiados nos cursos de informática

178 pessoas no ano.

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O curso é administrado por profissionais imigrantes aos finais de semana com

duração de um ano.

Faz parte do conteúdo programático: Ética, cidadania, dignidade humana,

legislação trabalhista, tabela de medidas para roupas, técnicas de diagramação

de moldes e molde para corte.

8. Curso de Música

O curso de música por mim ministrado (professor Pablo zúñiga paz),

com imigrantes com a finalidade de apoio a cultura, teve um bom início

com um número médio de 18 alunos durante os primeiros 6 meses que

depois, durante o transcurso do segundo semestre, esse número foi se

reduzindo a 8 alunos que chegou no final do ano com 6 alunos. Os

motivos pela redução de alunos foram vários: mudança de endereço,

migração interna para outros cursos, devido a incompatibilidade de

horários, por desinteresse. No meu ponto de vista os objetivos deste

ano foram alcançados, especialmente no que se refere a alfabetização

Beneficiados nos cursos de modelagem

80 pessoas no ano.

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musical dos alunos e a prática do instrumento, a musicalidade e

percepção; elementos esses indispensáveis para o aprendizado da

música. Os alunos que desistiram pelos diferentes motivos, também

levaram consigo uma pequena estrutura musical,(leitura de partitura e

leitura de divisão musical e também um pouco do aprendizado do

instrumento).

Os alunos que continuaram o curso conseguiram um aproveitamento

maior em todos os sentidos, assim se conseguiu formar um dúo de

violões clássico e folclórico, embora esteja no começo da formação.

Assim, avalio que neste ano de 2014 foi um bom ano nos resultados

obtidos da proposta. Com a continuidade do curso em 2015, gostaria

que o material necessário fosse completo, seja para o estudo do violão

como para demais, outros instrumentos, estantes de música, cadeiras

normais (sem apoiador de braço). Agradeço a instituição pela

oportunidade que me deu de ensinar música a quem gosta e tal vez,

para quem quer se profissionalizar.

Beneficiados no curso de música

18 pessoas no ano.

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9. VISITAS A OFICINAS DE COSTURA

Há três anos o CAMI vem desenvolvendo, através de agentes liberados (4 pessoas) e agentes multiplicadores na base (voluntários) junto as comunidades de imigrantes, permanentes visitas a oficinas de costura, ambiente de trabalho da grande maioria de imigrantes bolivianos, peruanos e paraguaios em São Paulo.

Essa constitui uma atividade de prevenção ao trabalho escravo e ao tráfico de pessoas. Em 2014 recebeu duas premiações, uma do Ministério da Justiça, durante o evento da COMIGRAR e a outra pela ANAMATRA, associação nacional dos juízes do trabalho como uma boa prática de prevenção ao trabalho escravo e tráfico de pessoas.

O trabalho de visitas a oficinas de costura realizado pelos próprios imigrantes liberados, além de acompanhar de perto a situação dos trabalhadores imigrantes, aplicam um questionário colhendo informações sobre o dono da oficina, sobre o número de trabalhadores, quantos homens e mulheres, suas origens e são oferecidos serviços gratuitos como regularização migratória, assessoria jurídica, cursos e palestras de como regularizar sua oficina de costura, sobre trabalho decente e registro dos trabalhadores, sobre saúde pessoal e práticas de higiene, cursos de português, informática, modelagem entre outros temas.

Já os agentes multiplicadores de base, voluntários, atuam em âmbito das

comunidades com grande incidência de imigrantes, através de ações de

informação sobre os diversos serviços que o CAMI oferece, desde a

regularização de documentos, cursos, assessorias, visitas a oficinas e as casas

de imigrantes visando fortalecer os núcleos comunitários de imigrantes para o

exercício de uma maior cidadania.

Também atuam como uma ponte entre os imigrantes, donos de oficinas e

organizações com o intuito de deixar a comunidade bem informada e

mobilizada visando maior segurança dos trabalhadores e prevenção de

doenças como tuberculose, coibir situações de super-exploração e de trabalho

escravo propiciando avançar na conquista de direitos e cidadania.

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Mediar resgates de trabalhadores escravos junto ao MPTE fazendo todo o

acompanhamento e informação como regularização de documentos, acertos

rescisórios evitando que os imigrantes resgatados sejam expostos à mídia para

resguardar a integridade e segurança dos mesmos;

Contribuir para que as lideranças comunitárias saibam acolher, entender e atender o imigrante construindo com ele um espaço de interatividade sob a perspectiva da participação social e política na sociedade brasileira;

Intensificar a atuação dos líderes para que possam orientar os imigrantes e motivar a participação

dos imigrantes nas atividades oferecidas pelo CAMI, tais como palestras de formação e assessoria (regulação migratória, saúde, liderança comunitária, trabalho escravo, regularização de oficinas de costuras); regularização migratória, assessoria e orientação jurídica; inclusão social e visitas a oficinas;

Mobilizar os imigrantes por meio de assembleias populares, eventos culturais e

Marchas dos imigrantes com várias bandeiras de luta visando a ampliação dos

direitos, construção de políticas públicas, mudança da lei de migração, enfim,

por mais cidadania;

Em todo o último sábado de cada mês, é realizado um encontro com todos os

agentes multiplicadores de base (voluntários) para avaliar a atuação junto as

comunidades de imigrantes, bem como troca de experiência, discussão e

encaminhamentos sobre as principais demandas dos imigrantes.

Já, os visitadores de oficina (liberados) se reúnem todas as sextas feiras com a

equipe geral do CAMI para avaliação e programação da semana.

Quantidade de oficinas de costura visitadas em 2014

VISTAS Número de visitas / mes

Jan Fev Mar Abril Maio Junho

Visitas a oficinas de costura - - 08 12 56 99

Visitas do técnico de segurança no trabalho

Total visitas

TOTAL I SEMESTRE 175

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VISTAS Número de visitas / mes

Jul Ago Set Out Nov Dez

Visitas a oficinas de costura 84 119 171 204 144 -

Visitas do técnico de segurança do trabalho

Total visitas 722

TOTAL II SEMESTRE

9.1 Urgências e desafios dessa ação

Em quase tidas as reuniões mensais os agentes multiplicadores traziam relatos sobre o cotidiano da realidade e vida das comunidades de imigrantes na Grande São Paulo. Nos relatos e informes que foram acontecendo mensalmente, os agentes informavam as condições de moradia e as situações de trabalho nas oficinas de costura. Salientavam que pelas distancias dos bairros muitos não tinham informações atualizadas de como obter a regularização de seus documentos. Foi constatada, pelas inúmeras conversas nas reuniões mensais, a dura situação de vida dos trabalhadores (costureiros):

Total visitas a oficinas 2014

897 visitas

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Em muitas oficinas de costura, especialmente as mais distantes do

centro de São Paulo, como as de Guarulhos, Itaquaquecetuba, Carapicuíba e nas periferias de são Paulo é comum a vigilância e o cerceamento da liberdade dos trabalhadores por parte dos donos das oficinas;

Jornadas de trabalho de 12 a 14 horas diárias ainda são comuns até nos dias de hoje;

O ganho livre, com todo esse trabalho chega em média a R$ 1.000,00 mensais;

Há situações comuns de exploração no trabalho e desconhecimento da legislação trabalhista;

Falta de atenção especial a mulheres imigrantes, situação de seus filhos e filhas, principalmente no acesso aos serviços públicos como SUS;

Denúncias de cárcere privado e medo de denuncia aos donos de oficina; Falta de acesso a educação escolar para as crianças; Problema de segurança pública; Casos de violência doméstica e discriminação; Falta da presença de autoridades consulares na orientação de emissão

de documentos; Dificuldade de deslocamento para obtenção de documentos do

Consulado boliviano;

Lentidão para emissão de documentos no Consulado;

Desconhecimento, por parte dos donos, dos processos de regularização das oficinas de costura;

Dificuldades e muita exploração nos aluguéis;

9.2 AÇÕES DE RESGATE AO TRABALHO ESCRAVO

O CAMI tem uma ação firme de combate ao trabalho escravo e tráfico de pessoas.

Nessa perspectiva procura empoderar os imigrantes para que eles mesmos

denunciem situações de violência de todo o tipo como forma de exercício de uma

plena cidadania.

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Em 2014, o CAMI acompanhou através de informação, documentação a 30 casos de

imigrantes resgatados das oficinas de costura que confeccionavam roupas de

marcas famosas em diferentes bairros da Grande São Paulo em condições de

escravidão.

Desde o momento do resgate o CAMI acompanha às vítimas nos processos de

rescisão trabalhista na Delegacia Regional de Trabalho de São Paulo. Após receber

informação e orientação sobre seus direitos no Brasil, os imigrantes resgatados de

trabalho escravo se apresentaram na sede do CAMI

para os trâmites de regularização migratória e abertura

de conta bancaria individual, quando for o caso. O

CAMI disponibilizou de uma conta bancária como fiel

depositário junto ao Ministério Público do Trabalho para

indenizar trabalhadores resgatados como um auxílio

imediato até que seja localizado o dono que promove a

escravidão a fim de autuá-lo.

Estas ações conjuntas de parceria entre Ministério

Público do Trabalho e o Ministério de Trabalho e

Emprego com as organizações é para uma melhor

garantia no atendimento aos imigrantes.

10. CURSO DE PORTUGUESA E CIDADANIA PARA IMIGRANTES

10.1 Dados Gerais dos alunos que participaram do curso em 2014

País de Origem: Bolívia; Peru; Haiti por ordem de quantidade;

Faixa Etária - De 20 a 50 anos de idade;

Nível de Formação Escolar: Ensino Fundamental e Médio; Pouquíssimos com o Ensino Universitário;

Situação de legalidade: Imigrantes com documentos regulares;

Trabalhadores resgatados de

trabalho escravo 2014

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Situação Profissional: Costureiros, Ambulantes;

Nível Econômico: Baixa Renda, Moradia (maioria precária), aluguel com preços abusivos;

Regiões da Cidade de São Paulo: Central; Zona Leste; Zona Norte

principalmente;

Grande São Paulo: Carapicuíba e Guarulhos

Em Relação à Integração Social e Cultural A grande maioria não possui contato direto com os brasileiros; Congregam em grupos compostos por seus próprios familiares ou por falantes de espanhol da mesma ou de outra nacionalidade; Identificam-se pela língua materna comum, pelas necessidades e costumes compartilhados; Geralmente, as relações sociais e culturais são mediadas pela língua materna; Por privação do idioma local deixam comumente de usufruir do acesso à cultura e das políticas públicas voltadas para esse grupo;

Expectativas em relação ao Curso de Língua Portuguesa e Cidadania

para Imigrantes: Motivação Inicial: superar o precário domínio da Língua Portuguesa e atingir patamares mais elevados de conhecimento do idioma, sobretudo no que diz respeito à conversação.

10.2 ASPECTOS PEDAGÓGICOS

Fornecer cursos de formação humana com enfoque nas perspectivas de sociologia (na construção das relações sociais), de história (no contexto contemporâneo brasileiro), e de direito (na formação de políticas públicas sociais) e de espiritualidade (tolerância – abertura para os outros -, reciprocidade – expectativa de comportamento positivo, motivado pelo altruísmo – e confiança);

Promover processos efetivos de inclusão social e fortalecer práticas de democracia participativa como condições de desenvolvimento integral, inclusivo e equitativo;

Capacitar o aluno imigrante a aprender o Português falado no Brasil e a comunicar-se com precisão e fluência;

Desenvolver, por meio das aulas de Língua Portuguesa, competências e habilidades de leitura e escrita que a vida contemporânea exige dos cidadãos, isto é, ir para além do domínio do idioma, promovendo uma reflexão sobre as variedades linguísticas, os graus de formalidade e informalidade do discurso e

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outros aspectos que envolvem o uso social da linguagem, como enunciado, papel dos interlocutores e intencionalidades discursivas;

Ampliar a competência linguística e discursiva dos imigrantes, tornando-os bons leitores e produtores de diversos tipos de textos (orais e escritos), desse modo, enriquecendo sua compreensão da realidade e apontando-lhes formas concretas de participação social.

Objetivos do curso – o quê queríamos ensinar

Promover o letramento em PLE, tendo como atividades principais a

leitura e a escrita, com foco na diversidade de gêneros textuais que

circulam na sociedade;

Discutir a linguagem como um fenômeno sociolinguístico que exige

interação entre os interlocutores;

Refletir as relações entre língua falada e escrita (Ortoepia – a correta

articulação dos fonemas –, Prosódia – a correta posição da sílaba tônica

da palavra –, Ortografia – a correta maneira de grafar as palavras no

texto escrito);

Entender a função de algumas classes gramaticais e saber aplicar no

cotidiano, percebendo-as como categorias fundamentais para a

construção da coerência e coesão textual;

Saber fazer uso da língua em situações concretas do cotidiano;

Empoderar-se por meio do domínio do idioma a fim de usufruir dos

direitos e saber respeitar os deveres (cidadania ativa);

Participar das atividades formativas e mobilizações promovidas pelo CAMI, para maior consciência crítica e ampliação de direitos.

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Objetivos alcançados

Os objetivos foram atingidos parcialmente, pois a pseuda ideia de que

os idiomas são iguais, coloca, muitas vezes, o aprendiz numa situação

cômoda; a falta de tempo para estudar e aprofundar o idioma dificulta o

aprendizado; por razões econômicos e/ou sócios afetivos vivem em

grupos separados dos paulistanos, perdendo a oportunidade para o

aprofundamento no aprendizado da língua e da cultura. Todavia, o saldo

foi positivo e os(as) alunos melhoram e ampliaram a sua expressão

verbal e escrita e despertaram para a continuidade nos estudos.

Materiais utilizados ( eficácia?)

Foi dispensada uma série de materiais didáticos favorecendo a

aprendizagem dos alunos, sobretudo através da Apostila elaborada pelo

CAMI.

Procedimentos didáticos

Todos os professores laçaram mão de técnicas diversificadas para que o

ensino-aprendizagem acontecesse e isso facilitou significativamente a

aprendizagem dos alunos.

Agrupamento dos alunos (critérios)

Nesse ano optou-se por não estabelecer divisões ou seriações entre os

alunos, todos iniciaram no mesmo patamar de conhecimento.

Interação professor - aluno

Na maioria dos grupos ela ocorreu e foi um fator agregador e decisivo

para a permanência do aluno no curso. Onde houve troca de

professores e ou foi mais retraído, os alunos tiveram dificuldade em

permanecer e evadiram.

Assiduidade dos alunos e meios de intervenção

Uma parcela do grupo manteve-se assídua, faltando apenas em

circunstâncias especiais, outra fazia uma espécie de revezamento

quando alguns faltavam outros compareciam e tivemos aqueles que por

questões profissionais faltaram muito ou chegavam demasiadamente

atrasados. Os agentes multiplicadores, por uma série de motivos que

precisam ser investigados, não conseguiram fazer uma intervenção

efetiva para conter a evasão e a coordenação pedagógica não se

apressou em intervir para reverter o quadro.

Fatores facilitadores e dificuldades

Facilitadores: confiança e apoio do CAMI; parceiros abertos e

confiantes no projeto; espaço físico estruturado e acolhedor; professores

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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empenhados; boa qualidade do material pedagógico; alunos afáveis e

confiantes; as palestras da Jhanira sobre liderança e do Dr. Luís sobre

orientação jurídica; importante a presença do professor Zacarias no

projeto etc.

Dificultadores: a contínua dispensa dos alunos porque as unidades

escolares estavam constantemente fechadas; de não termos um

segundo espaço caso encontrássemos as escolas fechadas; a falta de

uma cópia das fichas dos alunos nas mãos da coordenação pedagógica;

ausência de outra pessoa para ajudar a rodiziar os núcleos.

Mudanças necessárias do trabalho

Divulgação prévia do curso nos diversos espaços por onde transitam os

imigrantes; ficar com as escolas que se mostraram profundamente

parceiras como: Arthur Alvim e Jardim Brasil; rever a parceira com a

Paróquia Santa Zita que foi profundamente acolhedora, mas o número

de imigrantes é reduzido; retomar o colóquio com alguns pastores que

foram nossos parceiros; fazer triagem entre os alunos, separando-os em

dois grupos: introdutório e básico; formar, orientar e subsidiar os

Multiplicadores de Base e Professores; ter ao menos duas reuniões

anuais com Professores e Multiplicadores; possuir uma ficha cadastral

do aluno com todos os seus dados, além da ficha de inscrição; adotar o

diário de classe para que os professores e a coordenação possam ter

uma visão do conteúdo ministrado, objetivos, procedimentos e

assiduidade dos alunos; comprar dicionários bilíngues para cada núcleo;

ter material audiovisual para facilitar a aprendizagem; fazer seleção

prévia de professores para 2015; Reestabelecer parcerias com os

espaços que deram certo; manter um multiplicador em cada núcleo;

elaborar um planejamento conjunto com o Dr. Luiz e Jhanira para dar

continuidade à assessoria iniciada em 2014; analisar continuamente os

possíveis motivos da evasão; utilizar as novas mídias sociais para

divulgar e complementar o trabalho pedagógico.

10.3 AVALIAÇÃO POR NÚCLEO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Jardim Fontalis - Domingo (10h00min às 12h00min) EE Professor Sérgio da Costa - Rua Pres. Bartolomé Mitre, 298 Bairro: Conjunto Sobradinho - Distrito: Distrito Tremembé Zona: Norte - São Paulo - SP CEP 02361-040 /Fone: 11 2992-8058 | 2995-0047 Professora - Nercy Meira Aparecida Jesus - (011) 960170241 (OI) [email protected] Agente Multiplicador: Edgar Choque (979737774)/ [email protected]

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

30

No primeiro dia havia 05 pessoas e depois aumentou para 12 pessoas,

encontramos uma excelente professora e ótimos parceiros, porém os alunos

aos poucos foram desistindo, principalmente por causa do futebol e outros

motivos que desconhecemos. Mesmo a coordenadora pedagógica indo até o

local, tendo diálogos constantes com a professora e o multiplicador nesse local

o projeto não teve continuidade.

Arthur Alvim - Domingo (10h00min às 12h00min)

EE Professora Maria Augusta de Ávila Rua Fernandes Pereira, 690 Bairro: Vila Santa Teresa - Distrito: Artur Alvim Zona: Leste - São Paulo - SP CEP 03565-00 Fone: 11 2742-8523 Professora - Cristina da Silva Ribeiro - (11) 995084316 (VIVO) [email protected] Agente Multiplicador: Adalit Aydana (96990-0644)

Quantidade de alunos: o curso

iniciou com 50 alunos, em julho

caíram para 30 alunos e o curso

finalizou com 20 alunos. A

evasão dos alunos: talvez pela

necessidade vinculadora; divisão

das turmas possivelmente era um

comparativo entre os grupos; por

uma necessidade imediatista de

aprender, pela quebra de

paradigma de que o espanhol e o

português são línguas parecidas, e, portanto fáceis de aprender; pela mudança

de localidade ou por outros cursos oferecidos coincidirem com o horário das

aulas. A ausência de um multiplicador de base que acompanhasse o curso e

atuação junto aos alunos foi decisiva nesse processo. A falta da coordenação

para avaliar metodologia de trabalho, atuar junto alunos e falta de firmeza

quanto ter em mãos as fichas dos alunos colaborou muito para a evasão.

Relação professor x aluno: foi positiva a ponto de manter a coesão do grupo.

Conteúdo e didática: bons, porém precisaria ter mais ludicidade no ensino.

Material e Recurso Pedagógico: bem explorado; boa utilização do material

audiovisual e extrapolação da Apostila. Espaço Físico: o que mais atrapalhou

foi o barulho da quadra de esporte que fica ao lado da sala de aula.

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Belenzinho/SP - Domingo (14h00min às 16h00min) Igreja Batista – Vida Nova - Rua Dr. Carlos Guimarães, 185 (Fundos). (11) 2863-0434; Professora - Cristina da Silva Ribeiro - (11) 995084316 (VIVO) [email protected] Agente Multiplicador: Ruth Callisaya (38675800 / 968201590)

Quantidade de alunos: o curso

iniciou com 27 alunos e o curso

finalizou com 17 alunos. A

evasão dos alunos: motivos -

mudança de localidade pelo

aumento de aluguel e busca de

colocação profissional em outras

oficinas de costura (investigação

feita pela Agente Ruth

Callisaya). Relação professor x

aluno: Muito boa, os alunos

constantemente apreciaram a forma de ensinar da professora e qualidade do

seu ensino. Conteúdo e didática: Além da Apostila os alunos leram o livro D.

Quixote de Cervantes; as aulas tinham sempre um fio condutor, boa

sistematização do conteúdo e contínua tarefa para casa. Material e Recurso

Pedagógico: Boa exploração da Apostila e dos jogos pedagógicos; estratégias

diversificadas de ensino, utilizando jogos e brincadeiras para facilitar o

aprendizado. Espaço Físico: Bom, porém precisamos para 2015 dar um caráter

mais personalizado e identificador com o curso.

Brás/SP - Sábado (14h30min às 16h30min) EE Padre Anchieta - Rua Visconde de Abaeté, 154. (11) 2694-0185 Agente Multiplicador: Zacarias Saavedra (2805-2653) Professora - Jaciara de Jesus Assis Brasil (Sarah) - (11) 984256-3851 [email protected]

Quantidade de alunos: foram

matriculados 57 alunos, passaram a

frequentar o curso 46, no mês de junho

o número caiu para 30 e após as férias escolares de julho o número de

frequência teve uma variação entre 20 alunos. A evasão dos alunos: não

sabemos ao certo a razão da evasão porque o multiplicador de base tinha

inúmeras tarefas e constantemente era designado para outros locais, depois

tivemos o prazer em ter a multiplicadora Sônia, mas quando assumiu o cargo, a

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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evasão já havia se consumado e a maioria das fichas dos alunos foram

encontradas. Levantamos as seguintes hipóteses: a) não houve uma triagem,

isso fez com que os que tinham um grau de escolaridade superior não tivessem

paciência em esperar a equiparação dos outros e os que possuíam uma

escolaridade deficitária desistiram ante os desafios apresentados; b) uma visão

imediatista e pragmática do conhecimento; c) as constantes ausências de aulas

devido ao fato da escola encontrar-se fechada; d) o recesso escolar, férias dos

professores em julho e a copa do mundo fizeram com as aulas fossem

suspensas; e) mudança de localidade em busca de emprego. Relação

professor x aluno: Muito boa, os alunos gostam e tem confiança na professora.

Conteúdo e didática: Bons. A professora acolheu todas as orientações dadas e

melhorou o conhecimento pedagógico e didático. Foi alguém lançou de

diversas estratégias e extrapolou o conteúdo da Apostila. Material e Recurso

Pedagógico: Muito bem explorados. Espaço Físico: Muito bom; parceria

excelente com a antiga vice-diretora Andreia, porém com a troca de direção o

projeto Escola da família foi cancelado e a nossa parceria vai continuar em

2015 por decisão do diretor da escola.

Carapicuíba/SP - Domingo (14h30min às 16h30min)

Emef Professor Nai Molina Amaral Endereço: R Serra Agulhas Negras 199. Bairro: Jd Planalto / Carapicuíba – SP Professora - Lilian Raquel de Ávila - (11) 968121154 [email protected] Agente Multiplicador: Mario Quispe (34478879) ou Fátima (41844569)

Quantidade de alunos: iniciou com 12 alunos e teve uma queda brutal de 06

alunos. A evasão dos alunos: hipoteticamente seria a falta de diálogo entre

duas matrizes religiosas; mesmo a esposa do multiplicador tentando

retroalimentar o projeto não foi bem sucedida; o Agente Zacarias esteve por

diversas vezes no local motivando e captando alunos, mas na sua ausência

esse trabalho não tinha prosseguimento; faltou a presença da coordenadora

pedagógica, ela limitou-se em conversar com a professora; são fatores

desagregadores a quadra de futebol e a mudança constante de localidade.

Relação professor x aluno: é muito boa, ela é pessoa carinhosa e acolhedora;

profissionalmente é excelente no trato com a língua. Conteúdo e didática: muito

bem ministrado e excelente didática. Espaço Físico: excelente e ótima parceria.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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Jardim Brasil/SP - Domingo (14h00min às 16h00min) EE Professora Veridiana Camacho Carvalho Gomes - Rua Carlos dos Santos, 781 - Bairro: Jardim Brasil - Distrito: Distrito Vila Medeiros Zona: Norte - São Paulo - SP CEP 02234-000 - Fone: 11 2242-6177 Professoara Bianca Agente Multiplicador: Jaime Chuquimia (99959870 /43272691

Quantidade de alunos: o curso iniciou

com 70 alunos, finalizou com 25 alunos. A

evasão dos alunos: muitos por fatores

econômicos, isto é, busca de colocação

no mercado de trabalho e outros porque

tivemos um longo período de férias, copa

do mundo e eleições fazendo com que a

escola estivesse fechada. Relação

professor x aluno: excelente. Conteúdo e

didática: A professora é criativa; tem um

excelente conhecimento bilíngue;

relaciona-se afetivamente com seus

alunos. Material e Recurso Pedagógico:

utilizou de todos os materiais encaminhados e criou outros. Espaço Físico:

excelente e são ótimos parceiros, necessitamos apenas ter um outro local para

os períodos de recesso escolar.

Bom Retiro - Sábado (16h00min às 18h00min)

Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora - Rua: Três Rios, 75

Fone: 11 3227 6023

Professora - Cristina da Silva Ribeiro - (11) 995084316 (VIVO)

[email protected]

Agente Multiplicador: Gustavo Y. C. Saldivar 3384-3718 /

[email protected]/ Ângela Saldivar

Esse espaço sofreu desde

o inicio fortes impactos: No

primeiro dia de aula a

professora designada não

compareceu, com isso

houve uma queda

significativa de alunos, dos

20 alunos iniciais ficaram

uns 12 com a falta de

professor a coordenação

pedagógica assumiu e

com o auxilio efetivo dos multiplicadores de base o grupo se manteve, mas

coordenação errou quando deu mais uma oportunidade à professora que

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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falhou na pontualidade e na didática; os alunos trocaram de professora, mas

por excesso de zelo e ansiedade ela não estabelecia uma interlocução com os

alunos e era profundamente conteudista; finalmente acertamos quando

convidamos a professora Cristina para assumir a turma; tivemos que retomar a

maioria do conteúdo; não foi possível fazer a leitura de nenhum paradidático;

deu-se um dinamismo nas aulas com uso de diversos recursos e materiais

pedagógicos; contamos com a presença atuante e eficiente da Multiplicadora

Ângela; o espaço é excelente, mas queremos pedir ao responsável se

poderemos em 2015, sem descatolizar o espaço, dar um cunho pedagógico ao

ambiente; finalizamos o módulo com 13 pessoas.

Casa Verde - Sábado (15h00min às 17h00min) EMEF Comandante Garcia Ávila - Rua Armando Coelho Filho, 859 Professora - Regina Azevedo (11) 973562963 (VIVO) / [email protected]

O Curso iniciou com 14 pessoas e por falta de professora, como foi antecipado

seu começa a

coordenação

pedagógica assumiu

por um tempo as aulas;

segundo a

Multiplicadora, os

alunos criaram um laço

afetivo; apreciaram a

metodologia e o

dinamismo das aulas,

quando a coordenadora deixou de ministrar as aulas houve um choque e

alguns desistiram alegando que a forma de aula não lhes agradava, apesar de

todos os esforços feitos pela nova professora para cativá-los; outra onda de

evasão se deu com o fechamento constante da escola, especialmente no mês

de junho; no segundo semestre ganhamos um presente, a pesquisadora

Gabriela que muito contribuiu tentando entrando em contato com os alunos

evadidos, porém muitos trocaram seus números de telefone e outros já não

residem nos antigos endereços; apesar de o espaço físico ser muito, da

receptividade do projeto ter sido ótima, a localização da escola não privilegia

esse tipo de trabalho, porque os imigrantes se concentram nas imediações da

Rua Zilda; a professora diversificou suas estratégias, passou a estudar

espanhol para melhor compreendê-los, se aproximou da realidade deles e

mesmo assim restaram apenas 06 alunos para receberem o certifico.

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Vila Maria Alta - Sábado (15h00min às 17h00min) Paróquia Santa Zita Avenida Padre Sabóia de Medeiros, 827 – Vila Maria Alta / SP Professor - Diego Daniel Pereira – 952071194 /digo_tri2000@yahoo. Agente Multiplicador: Jandir Telleria Colque/ [email protected] Tel – 996596588

Dos 35 alunos inscritos no curso, 12 permaneceram a frequentar as aulas;

tivemos dois professores muito

bons, os alunos iniciaram com a

professora Elaine Lima que por

motivos acadêmicos deixou o curso

aos cuidados do professor Diego

Daniel Pereira; o professor Diego é

um exímio educador, tem uma

visão ampla do curso; é uma

pessoa criativa e motivadora; fez

um excelente trabalho com os

alunos; a integração entre o

professor, multiplicador e alguns

seminaristas trouxe ao curso

elementos de profundidade, sobretudo no aspecto de consciência cidadã; são

pessoas que precisamos manter o vínculo; vale ressaltar o entusiasmo e

empenho desses jovens; o espaço físico é ótimo; dispomos de recursos

audiovisuais que enriquecem a aula; porém a localização é um fator

dificultador, os imigrantes pouco circulam naquele espaço geográfico, a maior

incidência de imigrantes está na região próxima da Igreja da Candelária.

Paróquia Santo Antônio do Pari - SEFRAS Rua Hannemann, 352 – Pari/SP Professora - Elisete Aparecida de Avellar – 3686-9773/98277020 (VIVO)/ 986168700 (TIM) [email protected] Gabriela Milenka Arraya Villarreal ([email protected]) 951774898

No dia 31 de agosto inaugurou o último espaço para o Curso de Língua

Portuguesa e Cidadania, na região do Pari, nesse dia foram realizadas 30

inscrições; a professora estabeleceu um vínculo com seus alunos para além da

sala de aula, adotando novas modalidades de ensino de correio de voz; e-mail;

transmissão de sons, fotos e vídeos; serviços de mensagens curtas (SMS);

multimídia message service (MMS), etc.; tendo como finalidades o

aprofundamento do conteúdo, ampliação do conhecimento, informar sobre

questões políticas e sociais; animar os alunos para as aulas; as estratégias e

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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recursos de ensino foram diversificados; utilizou a ludicidade para apreensão

do ensino; manteve a dialogicidade constante com os alunos e apesar do

pouco tempo de aula foi perceptível a mudança epistemológica dos alunos e a

sua relação com o conhecimento; o espaço cedido é excelente; é lugar amplo,

arejado; pode-se decorar e criar um cenário motivador para a aprendizagem;

foi muito importante o suporte linguístico e de coesão dado pela Gabriela em

relação ao grupo; a Irmã Marina foi um diferencial, trouxe acolhimento e

alegria; exortou o grupo a continuar; cuidou de algumas “ovelhas” feridas;

reluziu espiritualidade e paz durante todo curso; finalizamos o curso com 23

alunos.

CAMI/SP - Domingo (10h00min às 12h00min) Rua Guaporé, 353 – Ponte Pequena/SP - (11) 26945428 Isabel Camacho - (970516423 / 963072054) /[email protected]

Clara Lemme - (11) 9911 67891/ (11) 992909780 /[email protected] Quantidade de alunos: o curso iniciou com 50 alunos e finalizou com 20 alunos. A evasão dos alunos: talvez pela necessidade vinculadora; divisão das turmas possivelmente se errou

um comparativo entre os grupos; por uma necessidade imediatista de aprender, pela quebra de paradigma de que o espanhol e o português são línguas parecidas, e, portanto fáceis de aprender; pela mudança de localidade ou por outros cursos oferecidos coincidirem com o horário das aulas. Multiplicador: A ausência de um multiplicador de base que acompanhasse o curso e atuação junto aos alunos foi decisiva para acompanhar o curso, auxiliar para manutenção dos alunos nas aulas, verificar a razão da evasão, notificar a coordenação e conjuntamente fazer uma intervenção. Coordenação: A ausência da coordenação para avaliar metodologia de trabalho, atuar junto alunos e falta de firmeza quanto ter em mãos as fichas dos alunos colaborou muito para a evasão. Relação professor x aluno: foi positiva a ponto de manter a coesão do grupo, todavia alguns alunos alegaram a importância de um professor nativo porque isso facilitaria a aprendizagem do idioma.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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Conteúdo e didática: bons, porém precisaria ter mais ludicidade no ensino. Material e Recurso Pedagógico: bem explorado; boa utilização do material audiovisual e extrapolação da Apostila. Espaço Físico: o que mais atrapalhou foi o barulho na quadra de esporte que fica ao lado da sala de aula.

O olhar do aluno através de nossa lente

A principal motivação da maioria dos alunos ao ingressarem no curso de

Língua Portuguesa e Cidadania era superar o choque linguístico, isto é, o medo

de equivocar-se, a dificuldade de escolher as palavras certas, a angustia de

não conseguir mover determinados esquemas mentais para entender,

reconhecer e estabelecer uma interlocução com os não falantes de língua

hispânica; o desejo de pronunciar corretamente o idioma, etc. Por outro, uma

parcela bem reduzida desejava aperfeiçoar o seu conhecimento linguístico para

dar prosseguimento aos estudos e à carreira profissional.

Nas conversas informais que tivemos ao longo desse ano, os(as)

alunos(as) testemunharam que em relação ao uso da língua melhoraram a

destreza em reconhecer e fazer o emprego de alguns recursos linguísticos

(orais e escritos); as estratégias e materiais pedagógicos utilizados

favoreceram a desinibição, o entendimento de conteúdos necessários ao seu

dia a dia; foi-lhes propiciada uma melhor percepção de modos

comportamentais e de expressões da fala cotidiana da sociedade paulistana;

as saídas pedagógicas deu maior coesão ao grupo e oportunizou o

conhecimento de espaços culturais antes despercebidos; a relação

interpessoal e vincular com a professora os ajudou a não desistirem do curso e

seguirem adiante, pois ela constantemente os motivava a permanecer, dar

continuidade aos estudos e se profissionalizar; reconheceram que a cidadania

foi um aprendizado, as atividades realizadas pelo do Dr. Luiz... e Janira...

foram esclarecedoras no tocante a regularização imigratória e lideranças.

Todavia, esta atividade precisa dar continuidade em 2013 porque os

educandos possuem muitas duvidas no que tange as orientações jurídicas.

Em 2014 o trabalho de conscientização sobre a importância da 7º

Marcha do Imigrante ganhou uma nova atmosfera, os professores estavam

mais envolvidos e fizeram que os alunos tornam-se protagonistas nessa ação

cidadã; a presença do Agente Pastoral Zacarias, da Irmã Marina e da

Pesquisadora Gabriela, foram fatores preponderantes na motivação dos

educandos e o fruto de todo este trabalho foi o engajamento dos alunos que

participaram da marcha e durante todo trajeto testemunharam alegria e

entendimento sobre o significado da cidadania ativa.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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Enfim, mesmo encontrando inúmeras dificuldades para prosseguirem

com os seus estudos, todos apresentaram enorme satisfação, contentamento e

alegria em realizarem esse primeiro módulo e manifestaram desejo em

prosseguir com os estudos em 2015.

Avaliação Geral do Curso de Português

Apresentamos uma análise do curso oferecido no de 2014, tendo a

clareza de que essa reflexão tem entre suas metas apoiar a tomada de decisões e a correção de rumo.

No que tange ao ambiente físico de aprendizagem, tivemos como parceiros escolas da rede pública e igrejas católicas e evangélicas. Encontramos alguns entraves nas escolas públicas por possuírem uma dinâmica própria e muitas vezes suas portas estiveram fechadas sem aviso prévio, ocasionando descrédito e evasão de alguns alunos. No entanto, todas buscaram manter as parceiras e nos ajudar, umas mais outras menos de acordo com suas possibilidades de atuação.

Em relação aos Multiplicadores de Base que deveriam ter um papel preponderante nesse projeto, por razões a serem investigadas, não conseguiram manter uma interlocução entre direção, professores e coordenação pedagógica; alguns não acompanharam as aulas e nem conseguiram monitorar a assiduidade dos alunos. Outros, por sua vez, desempenharam com eficácia o seu papel.

Os(as) professores(as) apresentaram boa vontade e empenharam-se para que o ensino-aprendizagem acontecesse. Todavia, alguns deveriam ter explorado mais os espaços culturais oferecidos pela cidade, serem mais eficazes em relação à evasão dos alunos. Em termos políticos e pastorais muitos(as) carecem de formação.

Tratando-se das atividades proporcionadas pelo CAMI, precisaríamos conscientizar e motivar eficazmente a participação dos(as) alunos(as) e de alguns professores, o envolvimento ainda pequeno.

O material didático – Apostila 01/Módulo Introdutório – foi um importante instrumento e ferramenta orientadora para o trabalho desenvolvido em sala de aula, porém alguns professores precisam ter uma melhor orientação sobre como trabalhar o material e lerem as orientações dadas por meio do “suporte pedagógico “.

A metodologia e as estratégias pedagógicas adotadas foram diversificadas, os materiais didáticos ricos e alguns educadores investiram na criatividade para que os alunos aprendessem de forma dinâmica e lúdica. Todavia, há que se investir mais no suporte pedagógico e no acompanhando in locun das aulas.

É relevante, ainda, lembrar que a atuação da Jhanira e do Dr. Luiz foi fundamental para a compreensão sobre Liderança e Assessoria Jurídica, elementos importantes para a conquista da cidadania ativa. Contudo, teremos que planificar melhor essa assessoria.

Outro ponto importante a ser analisado é o papel da coordenação pedagógica do curso, apesar de ter procurado acompanhar os cursos esta

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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ação foi insuficiente e precária, devido ao número de cursos e horários convergentes, precisaria ter estabelecido vínculo com todos os Multiplicadores, dialogando e oferecendo ajuda ou suporte a eles. Faltou uma aproximação e um diálogo mais intensivo com os alunos a fim de conhecer suas necessidades e desejos e a partir daí criar ações motivadoras. Faltou criar estratégias para evitar a evasão; careceu providenciar um folheto informativo sobre os locais onde são oferecidos os cursos de Língua Portuguesa para aqueles que mudam de localidade. Enfim, necessitaria ter-se feito presente mais nas reuniões semanais e atividades propiciadas pelo CAMI.

Apesar destas dificuldades o saldo foi positivo, os alunos apresentaram

um bom aprendizado da língua e pretendem dar continuidade em 2015.

Grande parte dos cursos oferecidos finalizou com uma média 13 (treze) a 20

(vinte) alunos; houve uma grande participação dos(as) alunos(as) na 8ª Marcha

dos Imigrantes; algumas escolas manifestaram o desejo de manter e

aprofundar a parceria; aprendemos muito com os nossos acertos e erros e

acreditamos que em 2015 a edição do curso será bem melhor.

Total de alunos matriculados – 354

Total concluíram Curso - 159

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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11. PROJETO DIVERSIDADE CULTURAL NAS

ESCOLAS

1. Objetivos:

Visa colaborar com o fomento ao acesso à informação, a tolerância, a

sensibilização, a aproximação assistida para diálogo, a inclusão social, a

integração intercultural, o bem-viver mútuo, a construção coletiva dos

princípios humanitários, a pactuação conjunta de regras sociais e de

convivência sadia e da justiça e paz sociais em ambiente escolar, entre

o alunado nacional e o imigrante e/ou descendente direto destes bom

como com docentes e funcionários das ditas escolas.

Colaborar com o fomento ao acesso à informação, a sensibilização, a

aproximação assistida para o diálogo e para a tolerância, inclusão social,

integração intercultural, bem-viver mútuo, construção coletiva dos

princípios humanitários, pactuação conjunta de regras sociais e de

convivência sadia (combinados) e para a justiça e paz sociais em

ambiente escolar, entre o alunado nacional e o imigrante e ou

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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descendente direto destes, bem como para a geração de sentimento de

acolhimento, ambientação, integração, pertencimento e inculturação aos

alunos imigrantes.

Fases do projeto: 1ª Fase – Alunado: crianças e adolescentes, nacionais

e imigrantes, alunos de 05 escolas públicas estaduais e municipais, da

região da Grande São Paulo, onde as atividades do CAMI – Centro de

Apoio e Pastoral do Migrante estejam presentes;

2ª Fase – Servidores públicos da Educação: professores, diretores,

coordenadores e demais funcionários das escolas públicas municipais e

estaduais onde haja um núcleo do projeto;

3ª Fase – Famílias: núcleos familiares nacionais e imigrantes dos alunos

das escolas públicas municipais e estaduais trabalhadas pelo presente

projeto.

Metodologias: Na 1ª

Fase, com o

Alunado, as ações

serão divididas em

três eixos, aplicadas

respectivamente no

Ensino Fundamental

I, Ensino

Fundamental II e

Ensino Médio.

Serão realizadas de

forma lúdica e

artística, sobretudo

utilizando-se das linguagens musical, teatral e de contação de histórias,

ministradas por profissionais especializados.

Na 2ª Fase, com os Funcionários das Escolas, as ações serão

realizadas em um só bloco e de forma artística e explanatória, sobretudo

utilizando-se das linguagens musical, literária, teatral e de rodas de

conversa expositivas e reflexivas sobre os temas, ministradas por

profissionais especializados.

Na 3ª Fase, com os Funcionários das Escolas, as ações serão

realizadas em um só bloco e de forma artística e explanatória, sobretudo

utilizando-se das linguagens musical, teatral, de contação de histórias e

de rodas de conversa expositivas e reflexivas sobre os temas,

ministradas por profissionais especializados.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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Período de execução do projeto: de março a novembro de 2014.

Quantidade de Escolas Públicas atendidas: 05.

Dados das Escolas atendidas:

a) E.E. Eduardo Prado, Brás/SP. Diretor Prof. Valdecir Oliveira;

b) E.E. Padre Anchieta, Brás/SP. Diretor Prof. Marco Antônio;

c) E.M. Profa. Nai Molina, Carapicuíba/SP. Diretora Profa. Andreia

Santos;

d) EMEF Comandante Garcia Dávila, Casa Verde/SP. Diretora Marly

e) E.E. Profa. Maria Augusta de Ávila, Artur Alvim/SP. Profa. Maria

Aparecida – Diretora; Profa. Mônica - Coord. Pedagógica Manhã; Profa.

Vânia - Coord. Pedagógica Tarde.

Nº de Alunos Professores Funcionários

a) 200 alunos 10 02

b) 180 alunos 08 03

c) 150 alunos 07 01

d) 170 alunos 06 02

e) 140 alunos 04 00

Totais 840 35 08

Parceiros de execução do projeto

Companhia Samsakroma (Júlio e Débora D’Zambê), Companhia

Metamorfaces (Hugo e Ester Marambio), Rodrigo Kohler, Andrés Muñóz,

Bruno Costa, Kátia Norões.

Impressões:

Algumas das escolas não se interessaram ou não valorizaram muito o

trabalho;

Necessário ampliar a equipe de atuação no projeto;

Necessário melhorar a qualidade das ações nas escolas;

Necessário produzir algum material impresso para a utilização nas

atividades.

Sugestão:

Captar recursos adicionais para a ampliação da equipe, para o aumento

do número de ações nas novas escolas escolhidas e para a produção de

materiais impressos.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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12. ATIVIDADES FORMATIVAS, MOBILIZAÇÕES DE INCIDÊNCIA SOCIAL E POLÍTICA

Ao longo do ano, procuramos dar muita atenção às atividades que tivessem o

envolvimento direto dos imigrantes no sentido de uma melhor capacitação

política, crescimento na consciência crítica e engajamento nas lutas e

reivindicações de direitos e de cidadania, além de preservar e fortalecer os

valores culturais e religiosos.

12.1 Alasitas - onde seus desejos são realidades

Milhares de residentes

bolivianos no Brasil se

concentraram na Praça

Cívica do Memorial da

América Latina, neste 24

de janeiro, para a

celebração de “Alasitas

2014”, que venera ao

“Ekeko”, deus da

fortuna e abundância. O

tradicional evento, que

foi organizado neste

significativo espaço pela

diretiva da Praça Kantuta com o apoio do Centro de Apoio e Pastoral do

Migrante – CAMI, reúne todo ano,mais de trinta mil bolivianos em diferentes

bairros e locais de São Paulo.

A celebração andina “Alasitas” (que em idioma aimará significa “compre de

mim”, tem como principal característica a aquisição de miniaturas com a

finalidade de que se convertam em realidades. A venda de produtos que vem

das mãos de artesãos, são dos mais variados, vão desde imóveis, móveis,

utensílios e acessórios domésticos, malas, casas, carros, celulares, títulos,

valores, uma variedade infinita de tipos de alimentos, em fim, todo objeto ou

bem material que as pessoas desejariam ter, todos eles vão acompanhados

com um sapo feito em gesso ou uma ferradura da boa sorte.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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A atração principal de miniaturas, na festa deste ano, foram os tipos de

máquinas de costura; as notas de papel em

dinheiro, dólares, reais e o peso boliviano de

diferentes valores foram os mais procurados ao

meio dia; segundo a tradição, justo nesta hora,

os objetos devem ser comprados e cha´llados,

ritual feito por um feiticeiro. Milton Colque e sua

mulher compraram, no dia, duas máquinas de

costura e dizem que o seu maior desejo é

montar sua própria oficina de costura neste ano. Para a pacenha Martha

Choque, no entanto, comprar dinheiro é o mais importante, “sem dinheiro não

se faz nada nesta vida, é o único que sempre comprou”, disse, com dois maços

de dinheiro de papel na mão. Já para Sabina

Cuellar e seus filhos, os alimentos são a

base de tudo “se faltar a comida em casa,

não se consegue trabalhar, nem ter boa

saúde”, afirma a costureira de 20 anos que

carrega seu filho enquanto leva carrinhos de

supermercado lotados de caixas de

alimentos.

Entre os objetos feitos em gesso estão também os galos e galinhas, para os

solteiros (as) que desejam encontrar namorado (a), e se o que você quer é

casamento, pode levar um casal de gesso embrulhado num tari ou aguayo

(tecido andino colorido).

Ekeko: Deus da fortuna, abundância e prosperidade.

O Ekeko,

personage

m que não

falta na

feira, é

represent

ado em

diversos

tamanhos, porém ele mede geralmente 20 cm de altura, e hoje é feito em

gesso ou em argila. Durante a época colonial fabricava-se em ouro, prata e

também em estanho e cobre. Representa um homem com típicas vestimentas

da região andina e no seu corpo penduram diversidade de miniaturas e notas

de dinheiro em papel. Os crentes, para conseguir seus desejos, põem cigarros

na boca dele e a tradição diz que se sair fumaça se cumpre o desejo.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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“Tenho fé no Ekeko, em casa, todas as sextas-feiras dou um maço de cigarro

para ele fumar, e tudo o que eu peço se faz realidade, não esqueço a minha

tradição, nem meus filhos”; relata o pacenho Edwin Castro que mora há 15

anos em São Paulo.

Estas são algumas das variedades de artesanatos e produtos em miniatura que

se encontram na tradicional festa milenária que cada ano ganha maior força no

exterior e que é famosa por fazer os sonhos tornarem-se realidades.

Culinária típica, música e danças ao vivo

Depois das compras os

visitantes degustam da

culinária regional, a comida

mais requisitada nas barracas

é o “prato pacenho” feito com

batatas, queijo, milho e bife,

típico prato do dia.

A música folclórica não faltou na celebração cultural. Alasitas 2014 contou com

apresentações de destacados grupos do folclore boliviano como Llajtaymanta,

que foi acompanhado nas suas interpretações por grupos de dança de

residentes bolivianos. Os grupos de caporales,morenada, diablada, tinkus

deram um matiz colorido e multifacetado com sus vestimentas e fantasias

reforçando assima identidade social e cultural da grande comunidade boliviana

residente em São Paulo. Muitos brasileiros e visitantes estrangeiros ficaram por

dentro do significado da festa, entraram na dança e cantaram junto com os

grupos de música. “Eu desenvolvi amor pela cultura de vocês, pois sua cultura

é muito rica e carrega muito significados”, disse o brasileiro Marco Lomando

Cruz.

Assim, a comunidade boliviana, a segunda com maior

número de imigrantes em São Paulo, reforça a sua

identidade e prática cultural transmitida de geração em

geração, numa celebração onde eles vêem seus desejos

muito perto e próximos de serem alcançados. “Estou no

Brasil há 35 anos e sempre acompanho a festa que é uma

forma de não esquecer a minha identidade, minhas raízes”,

fala a boliviana Eli Rojas.

A festa da comunidade é incluída no calendário de eventos da cidade de SP

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A diversidade cultural, os costumes e tradições das

comunidades imigrantes, desta vez, da comunidade

boliviana, foram mais uma vez recebidas de braços

abertos pela Diretiva do Memorial da América Latina. Seu

presidente, João Batista de Andrade, na

ocasião levou uma maqueta da nova estrutura do espaço

do memorial destruído no incêndio, para ser cha’llado no

ritual do Ekeko e fez um anuncio importante em espanhol

para comunidade residente, “a partir deste ano a

celebração de ALASITAS será incluída no calendário de eventos, da cidade de

SP”, salientou. A notícia emocionou a comunidade que celebra a festa em São

Paulo há 14 anos.

Museu de “Alasitas” e do “Ekeko”

Enquanto, na Bolívia, além de festejar a tradicional festa, neste ano, na cidade

de La Paz, inaugurou-se um museu com a história de Alasitas desde a época

pré-colombina, com exposições de diversas peças de miniaturas, entre elas, as

ganhadoras de concursos nacionais. O objetivo do museu, segundo

autoridades bolivianas, é também promover a ALASITAS como Patrimônio

Cultural da UNESCO.

Mais 4.000 pessoas participaram do evento.

12.2 Religiosidade e costumes ancestrais em carnaval

boliviano em São Paulo

Enquanto o Brasil todo festejava o

carnaval ao som retumbante do

samba, marcado pela alegria dos

milhares de foliões, paralelamente,

desfiles de danças e músicas

ancestrais da comunidade boliviana

residente em São Paulo se uniram à

festa carnavalesca, na Praça Kantuta,

bairro de Pari, compondo assim um

quadro cultural paulistano repleto de

diversão.

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A tradicional celebração, umas das expressões folclóricas culturais mais

antigas da Bolívia, caracterizou-se pela alegria, ritmo, humor e colorido. As

brincadeiras populares, como bexigas de água, espuma e serpentina,

matizaram o multitudinário encontro, no domingo, 2 de março.

“Pepinos” e “Chutas”, personagens do carnaval boliviano

Dentre as atrações do carnaval em São Paulo,

destacaram- se as figuras principais do

carnaval pacenho, os “pepinos” e “chutas”

que, desde o anonimato dos rostos cobertos

por máscaras, puseram o selo da alegria

contagiante ao desfile das comparsas.

O “pepino” é um personagem burlesco,

representa uma sátira do arlequim espanhol e

tem aparência similar à de um palhaço, veste

uma fantasia bicolor e uma máscara colorida. O

"chuta" é também o grande

animador da festa que, diferente do

pepino solitário, dança ao ritmo da

banda de música, acompanhado de

suas duas mulheres (cholas), leva

uma máscara e uma fantasia como

enfeites. Estes personagens têm

origem na história do carnaval

boliviano do século XX e, desde

então, permanecem como

caraterística marcante da festa, alegrando e divertindo multidões.

A diversidade de costumes boliviana tem posição de destaque fora das

fronteiras pelo resgate das tradições e identidade em festas folclóricas como o

carnaval. Nesta versão 2014, os dançarinos fantasiados desfilaram cantando

ao som de instrumentos de percussão

e instrumentos típicos de sopro, como

a tarqa (feito de madeira e que

anuncia o inicio do tempo da

colheita), que animaram o público

com o ritmo contagiante, em perfeita

combinação com as coreografias dos

grupos de dança da tarqueada,

caporales, tinkus, diablada e

mosenhada.

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A Virgem da Candelária, mais conhecida como a Virgem do Socavón,

padroeira do folclore nacional boliviano, encabeçou a procissão religiosa no

início do festejo. Neste ano,o carnaval arrastou mais de vinte mil pessoas a

esse significativo espaço público, a Praça Kantuta, ponto de encontro da

comunidade imigrante em São Paulo aos domingos.

Assim, a comunidade imigrante curtiu a festa do carnaval boliviano, com

expressões de alegria contagiante, músicas e danças vibrantes.

A grande festa tradicional foi organizada pela Associação Gastronómica

Cultural e Folclórica Boliviana Padre Bento - Praça Kantuta com o apoio do

Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI).

Mais de 3.000 pessoas participaram do evento.

12.3 Encontro Tráfico Humano e Trabalho Escravo

“Quero que meus filhos se orgulhem de

mim, gosto de fazer roupas e me orgulharia

se reproduziriam as minhas próprias

criações, além disso, me daria mais

serviço. Acho que é mais fácil trabalhar

como modelista porque o meu trabalho,

hoje, é muito cansativo e mais ainda com

quatro filhos”. A jovem, mãe boliviana de

quatro filhos,Sonia Blanco, que mora em

Osasco, se inscreveu no curso de

modelagem e cidadania, somando-se, assim, a mais de cem alunos imigrantes,

vindos de diferentes regiões e bairros da Grande São Paulo, para participarem

da cerimônia de abertura dos cursos que o Centro de Apoio e Pastoral do

Migrante- CAMI oferece gratuitamente há oito anos aos imigrantes.

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A acolhida aconteceu, na tarde deste 15 de março, nas dependências da

Paróquia Santuário das Almas (que fica ao lado da sede do CAMI), no bairro

Ponte Pequena ao lado do metrô Armênia. Foi um grande encontro de reflexão,

cidadania e motivação, onde o imigrante viu sua realidade refletida na

exposição do vídeo sobre Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo produzido

pela Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) para a 50ª edição da

Campanha da Fraternidade de 2014.

Entre os participantes estava Miguel Arantes, peruano, que há 4 anos, vive no

Brasil sugeriu que esse vídeo deveria chegar aos países de origem onde são

recrutadas pessoas para trabalho. “Se eu tivesse sabido que neste país, tão

grande e avançado, existe esta realidade, jamais teria aceitado em vir. Não foi

a minha escolha vir e, pior ainda, ficar. Aqueles que acham que aqui a vida é

ideal, não é, não é mesmo. Para quem sofre de discriminação trabalhando

incansavelmente, sem escolha como no meu caso, sem opção porque tenho a

família para manter é uma luta diária. Estas realidades devem ser conhecidas

por nossos irmãos, lá, onde te “pintam” bonito e enganam pra vir”.

O encontro foi de reflexão sobre a atual situação do tráfico humano e trabalho

escravo no país, realidade que rompe com sonhos e projetos de vida e que

viola a dignidade e os direitos dos seres humanos, realidade onde imigrantes

estão envolvidos, muitos deles, sem ciência desse cruel crime. A esta reflexão,

somou também o Pe. Valmir Teixeira, pároco do Santuário das Almas, que

disponibilizou a Parróquia para os serviços dos sacramentos e abertura dos

espaços para os cursos e atividades com os imigrantes.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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12.4 Encontro de Abertura dos Cursos CAMI 2014

Além de capacitar os alunos

com mais possibilidades para

executarem diferentes trabalhos,

os cursos do CAMI são voltados

para o exercício da cidadania,

com a finalidade de uma plena

consciência dos direitos e

deveres que cada um(a) tem

com a sua comunidade e

consigo mesmo.

No CAMI são oferecidos

gratuitamente cursos de

Informática, Língua Portuguesa, Modelagem e Música, todos com o eixo

central, a CIDADANIA. Os cursos foram abertos para pessoas, de qualquer

idade e nacionalidade e se inscreveram crianças, adolescentes, jovens,

adultos, e, em vários casos, a família inteira. Se o interessado em participar

dos cursos não estiver com a documentação regularizada, o CAMI prontamente

disponibiliza o serviço de regularização migratória. O importante é que todos

tenham

Cursos de Português e de inclusão digital tiveram grande procura

Os cursos de informática que o CAMI oferece tiveram grande procura: “o

objetivo do curso é ensinar passo a passo para que o cidadão domine as

máquinas sem medo. A informática está em nossa realidade, em nossas mãos,

e celulares; conhecer a informática é ter autonomia frente as máquinas que

nos cercam e servem para facilitar as nossas vidas e não complicá-las.” Disse,

motivando aos alunos, o Coordenador do CAMI, Roque Pattussi.

Armando Martinez de 50 anos, do bairro da Penha, disse estar contente de ter

a oportunidade de aprender mais: “Fico contente desta oportunidade que vou

aproveitar, porque quero seguir-me superando, quero aprender mesmo porque

hoje o avanço tecnológico não permite estar na ignorância”.

O curso da língua portuguesa também preencheu bastante vagas. “O objetivo

deste curso é dar autonomia ao imigrante para que amplie seu círculo de

amizades e possa conversar não só com as pessoas de sua comunidade, mas

com todas as pessoas do convívio; possa se informar e ter maior mobilidade na

cidade; possa ir bem numa entrevista de trabalho e assim conseguir um

emprego melhor. Além disso, conhecer a língua portuguesa é também saber

um pouco mais da cultura do Brasil, entendendo o modo de ser, de pensar e do

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viver dos brasileiros. Entender como as pessoas pensam ajuda a uma maior

convivência”, salientou o coordenador.

Com este grande e importante encontro para a comunidade imigrante, o CAMI,

como pastoral, somou-se à Campanha da Fraternidade da CNBB, refletindo o

tema, tráfico de pessoas.

Ao todo, na inauguração estiveram mais de 200 pessoas.

12.5 DEBATE TRÁFICO DE PESSOAS E TRABALHO ESCRAVO

No sábado, 26/04, o CAMI promoveu um encontro de formação para

imigrantes, lideranças de diferentes regiões de São Paulo, com um debate

sobre Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo, a partir da exibição do vídeo de

produção da CNBB sobre tráfico de pessoas, da Campanha da Fraternidade de

2014, e um documentário sobre o tema. O objetivo do evento foi capacitar

lideranças para enfrentamento do problema.

A voz dos atores sociais

Os participantes, trabalhadores na área da confecção, falaram de situações

vividas desde que decidiram sair do país guiados por um sonho e unidos pelo

mesmo desejo: melhores

condições de vida. Relataram

vivências pessoais e

realidades desconhecidas

para muitos. Completando os

relatos, uma encenação teatral

ilustrou o processo de

aliciamento no país de origem,

onde as falsas promessas do

aliciador seduzem as pessoas.

Na mostra, o aliciador usa

mecanismos psicológicos para cativar a vítima nos mais de três encontros que

tem com ela e exemplifica a “vida ideal”, seduzindo-a com um amigo que volta

de Brasil com grandes conquistas. “Não só você vai ter comida, casa e trabalho

bem pago. Você vai conhecer um país grande”, diz o aliciador. “eu também saí

daqui sem nada, e lá ganhei dinheiro e hoje sou bem sucedido, olha minha

roupa, é de marca boa, tenho carro, casa, lá é muito bom”, reforça.

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Assim, os imigrantes identificaram o começo de uma falsa realidade e, em

diversos relatos, denunciaram as condições de vida no Brasil, onde a pessoa é

reduzida à condição de mercadoria geradora de lucro. Tudo isto, sob a

indiferença daqueles que silenciam este crime. “A pessoa é reduzida à

condição de objeto gerador de lucro, destruindo a dignidade e a liberdade da

pessoa humana”, afirmou a profa. da PUC de São Paulo, Dra. Tania Teixeira,

que participou do debate.

Sinais de trabalho escravo e tráfico de pessoas

Empenhado em que cada imigrante conheça esta condição, o coordenador do

CAMI, Roque Pattusi, alertou sobre os sinais desta prática: “Trabalho exaustivo

de mais de 8 horas diárias, salários abaixo do mínimo, trabalho sem registro

em carteira, situações de servidão e de restrição da liberdade, retenção dos

documentos pessoais, ameaças e outras vulnerações de direitos humanos”.

Ainda, refletiu sobre a humanização do trabalho e das pessoas: “podemos ser

sujeitos de cambio, não pode imperar na pessoa a ganancia antes que a

dignidade. Devemos desconstruir a ideia de que o homem é mercancia e parar a cadeia de

exploração de um imigrante sobre outro imigrante ”,salientou.

Grupos de famílias bolivianas, paraguaias e peruanas empregam seus

patrícios, amigos ou família numa rotina de jornadas longas de trabalho na área

da costura, em condições desumanas, com baixos salários. O trabalho

precarizado é um dos mais graves problemas enfrentados pelos imigrantes que

estão nas mais de 20 mil oficinas na Grande São Paulo.

A respeito dessa situação, afirmam eles mesmos que firmas não pagam aos

donos de oficinas o custo real por peça. “A origem desta exploração está nas

empresas que terceirizam os serviços sem verificar as condições de trabalho.

Nessa cadeia produtiva é que está o problema, nós recebemos 1 real ou 1,50

por peça,. Assim não dá para pagar o justo para os nossos trabalhadores”,

observou um dono de oficina presente no encontro.

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No Brasil o crime de redução à condição análoga a de escravo tem pena de 2

a 8 anos, podendo ser aumentada de metade quando é praticado contra

menores de idade. O aliciamento de trabalhadores tem pena prevista de 1 a 3

anos.

Sem trabalho decente o ser humano se degrada

Trabalhar 16 horas, comer em uma hora e dormir 5 horas é parte da rotina

diária. “Não tive outra alternativa; lugares desconhecidos, outra língua e

pessoas estranhas, sem dinheiro, sem papéis. Medo e tristeza é o que sentia

nessa situação sem saída”, relata uma liderança que mora há cinco anos no

Brasil.

Estas situações são recorrentes também em regiões afastadas do centro de

São Paulo. Mostra disso é que a maioria das lideranças foram representantes

de bairros da Grande São Paulo, como Jaraguá, Guarulhos, Carapicuíba,

entre outros, onde há um grande número de imigrantes trabalhando na área

têxtil.

Ao final do evento, as lideranças fizeram propostas: união e organização da

comunidade imigrante; organização e mobilizações com o apoio de parceiros

empenhados nessa luta; alertar a população sobre a realidade; campanhas de

informação sobre os seus direitos.

O encontro de formação dá continuidade às atividades junto às comunidades

de imigrantes organizadas pelo CAMI, integra ainda, a programação do

lançamento da Campanha da Fraternidade sobre o tráfico de pessoas, desta

vez, sob olhar dos imigrantes.

A atividade registrou também a presença do CRAVI (Centro de Referência e

Apoio à Vítima) e o GEVID (Grupo de Enfrentamento a Violência Doméstica)

que informaram sobre os serviços públicos de assistência para vítimas de

violência.

Participaram do encontro 80 pessoas

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12.6 1º DE MAIO NA CATEDRAL DA SÉ

Na tradicional missa de 1º de maio, na Catedral Metropolitana de São Paulo,

na histórica Praça da Sé, o coração da celebração foram os trabalhadores,

inclusive imigrantes, que se fizeram ouvir desfraldando bandeiras e cartazes

denunciando a precarização do trabalho e exigindo direitos iguais, sem trabalho

escravo e com exercício de cidadania. Participaram trabalhadores

principalmente da área da confecção, de diferentes nacionalidades sul-

americanas, mobilizados pelo Centro de Apoio e Pastoral do Migrante - CAMI.

Num ato simbólico, uma máquina de costura foi colocada próximo ao altar da

celebração, para dar visibilidade às situações de exploração e vulnerabilidade

do trabalhador imigrante: “ buscamos nossa dignidade, não podemos deixar

que nossos compatriotas trabalhem nestas condições, com mais de 16h ao

dia, ganhando 400 ou 600 reais por mês, morando em quartinhos

improvisados, trabalhando gratuitamente para pagar dívidas de viagens que

não são nossas. Não podemos seguir ganhando R$ 0,50 por peça”, denunciou

o boliviano sentado à frente da máquina de costura. Outra jovem trabalhadora

da área têxtil, que convidou a seus patrícios, cidadãos estrangeiros, para a

celebração, salientou: “queremos dizer aos governos que nós somos muito

importantes e indispensáveis para a construção deste país, a sociedade não

pode ser indiferente a esta

realidade”.

Uma frequentadora da Catedral

sublinhou: “o trabalho

precarizado é conseqüência do

capitalismo, da competitividade

que estimula condições

degradantes de trabalho.

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A sensibilização e participação da sociedade é importantíssima para abolir de

vez esta que é uma das maiores violações dos direitos humanos”.

O celebrante, Padre Tarcisio Mesquita, refletiu na homilia sobre a humanização

dos e das trabalhadoras no mundo e a dignidade da pessoa, criada à imagem e

semelhança de Deus. “A cidade de São Paulo é construída em cima da

imigração e exploração, a máquina de costura é um retrato da exploração dos

mais pobres. A igreja tem que acolher e denunciar esses crimes. Somos todos

um só povo, a mesma família, a mesma raça”. Ainda, falou da realidade da

imigração hoje no Brasil, com a vinda de muitos bolivianos, paraguaios e

peruanos e, recentemente, haitianos, que são vulneráveis ao trabalho escravo.

Dados apontam que o segundo maior grupo de estrangeiros em São Paulo são

os bolivianos, a maioria trabalha nas mais de 20 mil oficinas de costura

espalhadas na Grande SP, muitas na clandestinidade, situação essa que não

permite ter dados exatos para quantificá-los.

A celebração foi organizada

pela Pastoral Operaria e

reuniu, nesta data histórica do

primeiro de maio,

representantes de diferentes

movimentos socias, pastorais,

entidades sindicais e fiéis. Foi

um grande momento de fé e

comunhão, com a participação

de centenas de trabalhadores.

Após a missa, houve

concentração na praça da

Sé onde, desde um palco montado, discursaram dirigentes sindicais por

melhores condições de trabalho e repúdio à contratação de trabalhadores sem

direitos durante a Copa do Mundo que será realizada proximamente no Brasil.

Nesta manifestação histórica, o Grupo Kantuta Bolívia apresentou-se com

uma dança típica, demonstrando que os e as trabalhadores imigrantes

promovem também a arte e a cultura popular.

As reivindicações se espalharam por várias cidades do Brasil e diversos países onde a exploração capitalista torna desumanas as condições de trabalho e vida.

O 1º de maio mobilizou 60 imigrantes na celebração e ato público após.

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12.7 Seminário - Vozes do Tráfico Humano

na PUC-SP

Com o objetivo de abrir um espaço para exposição, sensibilização e discussão

sobre realidades que envolvem o tráfico de pessoas, a Pastoral Universitária da

PUC-SP e representantes do Fórum das Pastorais Sócias promoveram o

debate: Vozes do Tráfico Humano: Realidades e Desafios, no Teatro Tuca

Arena, na PUC-SP, o passado 20 de maio.

Promovido pela Campanha da

Fraternidade 2014 da Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil CNBB,

o tráfico humano, foi o tema de

reflexão salientado numa mensagem

do Papa Franciso pelo Cardeal Dom

Odilo Pedro Scherer, Arcebispo

Metropolitano de SP. No texto, o

papa afirma que o tráfico de pessoas

é uma “uma chaga social” e que não é possível ficar impassível, sabendo que

existem seres humanos tratados como mercadoria. “nós estamos voltamos a

tempos muito remotos na história onde havia escravidão e onde a pessoa era

simplesmente objeto de exploração de lucro”, ressaltou o Cardeal na abertura

do encontro.

O evento contou com o depoimento de vítimas de tráfico de mulheres, tráfico

humano e trabalho escravo, “nessas condições, suportando tudo, vigiado

sempre, espancado, sem liberdade nenhuma, sem família, nem amigos, num

lugar desconhecido a única saída foi fugir”, foi parte do relato de uma vítima de

trabalho escravo que chegou a Brasil há dois anos para trabalhar numa oficina

de costura e que

foi resgatado

junto a outros

trabalhadores.

As pessoas

traficadas, na

maioria dos

casos, não se

consideram

vítimas e não

possuem a verdadeira noção de que estão sendo vítimas de um crime muitos

desses trabalhadores desconhecem as leis brasileiras e tem medo de

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denunciar, outros que já moram mais anos vão a procurar emprego nas feiras

livres e procuram anúncios em lugares públicos como na Rua Coimbra e praça

Kantuta, onde são onde se fazem contratações e combinam remunerações,

expostos a novos aliciamentos, como o caso dos dois bolivianos que foram

vendidos, cada um, por 1.000 reais na Rua Coimbra, no começo deste ano.

Estas e outras situações que envolvem o tráfico humano para trabalho escravo

foram destacadas pela representante do Centro de Apoio e Pastoral do

Migrante-CAMI no evento.

Na sequência foi denunciada a prática de enterrar como indigentes as pessoas

sem comunicar a suas famílias. Salientando-se que ainda não se possui

estatísticas dos números de indigentes enterrados. Pessoas com nome e

sobrenome são enterradas sem sepultamento digno.

Membros da Associação Brasileira de Busca e Defesa a Crianças

Desaparecidas (ABCD), popularmente conhecida como Mães da Sé, marcaram

presença com cartazes de pessoas desaparecidas. A este grupo se somou-se

representantes das Pastorais Sociais, Ministério público, Secretaria de Direitos

Humanos, segurança pública, comunidade académica e educativa da PUC,

imigrantes e sociedade civil participaram do evento.

300 pessoas lotaram o Teatro da PUC.

12.8 HOMENAGEM ÀS MÃES LATINO-AMERICANAS

“Obrigado por todos os momentos dedicados a mim, pelas palavras, pelos

conselhos, pelo amor, pela honestidade, pelo afeto, pela amizade”, foi uma das

muitas mensagens em poesias, canções e agradecimentos às mães presentes,

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ausentes e distantes na homenagem realizada pelos alunos imigrantes dos

cursos de formação do CAMI, no passado 25 de maio.

O dia da mãe é uma data comemorativa que se celebra no mês de maio em

diferentes países e os alunos a cada ano prepararam várias apresentações

culturais e artísticas alusivas à data.

Na ocasião se fizeram apresentações musicais com composições próprias em

vários ritmos, o duo de jovens que interpretaram um musical de hip hop disse

que só um dia antes fizeram a composição e que não foi difícil porque a sua

inspiração foram ás muitas mães que estão longe. Outro casal de peruanos

alegraram ao público com danças típicas, alunas e professores também

interpretaram poesias cheias de demonstração de amor.

Todas as mães que participaram do encontro foram presenteadas com cestas

básicas que organizaram os próprios alunos e outras que foram doadas. As

mães ganhadoras são moradoras das várias comunidades de imigrantes latino-

americanas da Grande SP e saíram felizes com a homenagem.

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Cerca de 150 pessoas estiveram presentes, entre mães, filhos, alunos

professores e demais familiares que se emocionaram com as apresentações

de integração cultural alusivas à data.

A finalização do evento ocorreu em grande estilo e animação, com uma

confraternização e uma seleção de aperitivos, ainda os convidados saborearam

uma “saltenha” boliviana.

Participaram do evento cerca de 150 pessoas.

12.9 ENCONTRO DA CIDADANIA NO PARQUE DO TROTE –

VILA GUILHERME

Serviços na área da saúde e cidadania, apresentações artísticas, jogos

educativos e dicas de segurança foram algumas das iniciativas abertas ao

público, no dia da Cidadania, sábado 5 de

abril de 2014, no Parque do Trote de Vila

Guilherme, frequentado, aos finais de

semana, por um grande número de

imigrantes, principalmente bolivianos.

Durante o evento, a população imigrante

teve acesso à Unidade Móvel de

Atendimento do CAMI que disponibilizou

os principais serviços de regularização

migratória, orientações e requisitos para

micro empreendedorismo. Além dos

serviços, foi distribuído material informativo sobre violência doméstica, direitos

e deveres dos imigrantes e requisitos para a obtenção do CIE (Cédula de

Identidade Estrangeira) via MERCOSUL, 1ª e 2ª via.

Acolhimento e Integração da comunidade

Marco Linares, morador da região, aproveitou o dia ensolarado para visitar o

parque e ficou contente dos múltiplos serviços oferecido na jornada de

cidadania; “Vou ligar a minha irmã para ser atendida aqui, não sabia do evento

e é muito bom para nós estas iniciativas que deveriam acontecer de duas a três

vezes ao ano”, comentou.

Os visitantes tiveram atendimento gratuito em diferentes serviços e

desfrutaram das programações culturais e atividades de laser para crianças e

adultos com dançarinos e artistas de teatro. Mulheres e crianças,

especialmente, aproveitaram a doação de varias espécies de árvores para

levar a casa.

As longas filas de atendimento foram para medição de pressão arterial, exame

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de hepatite C, prevenção de diabetes, teste de índice de massa corpórea (IMC)

e atendimento odontológico. Assistência jurídica e psicológica também teve

muita procura nas tendas.

As palestras dinâmicas de AES Electropaulo com orientações e

demonstrações de sensibilização e redução de consumo de energia e riscos

de instalações precárias na fiação elétrica também foram atividade com boa

participação.

Atento nas explicações, o boliviano Martin Apaza, salientou que diante dos

muitos acidentes seria de vital importância que as orientações e

recomendações deveriam também ser divulgados na TV e rádio para que as

pessoas se conscientizarem sobre correto o uso.

Organização e parceria conjunta em beneficio da comunidade

A ação conjunta foi organizada pelos Rotary´s Clubs de São Paulo (RCSP) –

Vila Maria, Vila Medeiros, Jardim São Paulo, Vila Guilherme, Mandaqui, Parque

Novo Mundo e Brás, por alunos e professores da Anhanguera Educacional das

unidades Marte, Maria Cândida e Guarulhos.

Mais de 500 pessoas participaram do evento.

12.10 ASSEMBLEIA DE EDUCAÇÃO POPULAR SOBRE

BULLYING, TORMENTO PARA FILHOS DE IMIGRANTES

Agressões físicas, xingamentos, ofensas, intimidações, constrangimentos,

discriminação e bullying por parte de alunos adolescentes e crianças nas

escolas da rede municipal e estadual em São Paulo, geram preocupação nas

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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famílias de imigrantes, sobre tudo, bolivianas que têm seus filhos afetados

gravemente por problemas psicológicos e de seguridade nas escolas.

Diante desta prática, disseminada no âmbito escolar, no dia 8 de junho, o CAMI

realizou uma Assembleia Popular de Educação e Cidadania na praça Kantuta,

no passado 08/06. No local país, mães, irmãos das vítimas de bullying e outras

agressões, denunciaram, no espaço microfone aberto.

Condutas que atormentam

“A minha filha estudava na EE. João Kopke, e ali ela sofreu intimidações; numa

ocasião, pegaram o lanche e comeram na frente dela. Outras alunas também

foram espancadas ou sofreram roubos“, denunciou um pai de família do Bom

Retiro. Estas situações recorrentes com filhos de bolivianos também foram

reforçadas no relato de um outro participante, morador da zona Leste: “meus

irmãos estudam na Escola EE Escritor Juan Carlos Onetti e também sofrem

maus tratos e xingamentos , lá também as crianças são ameaçadas e a

diretoria não faz nada. Não são só alunos envolvidos nessa prática, mas

também educadores. Não dá para suportar

isso, nós temos que falar e denunciar

esses abusos que afetam

psicologicamente, por toda a vida essas

crianças. Não podemos calar diante de

uma realidade onde são machucados.

Criar um disque denuncia seria boa opção.”

sugeriu.

Encarar realidades

“É muito doloroso admitir que um filho seja

vítima deste tipo de abusos e preconceitos,

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porém, é muito pior calar e ficar quietinho. Os pais devem denunciar esses

fatos e as escolas devem prestar assistência psicológica e pedagógica para

reforçar a autoestima dos alunos”, exortou um outro imigrante boliviano.

Para Rafael Ferreira da Silva do Núcleo de Educação Étnico-Racial da

Secretaria Municipal de Educação de SP, o problema já é conhecido por esta

instância: “80% dos alunos imigrantes de 55 nacionalidades da rede municipal

são bolivianos e sabemos que sofrem xenofobia e racismo, um mal que

permeia a sociedade brasileira e que se reproduz nas escolas. Cientes dessa

realidade a Sec. de educação criou, por meio do Núcleo, a área de alunos

imigrantes/estrangeiros e populações itinerantes, com a projeção de diretrizes

e linhas de ação de curto, médio e longo prazo” salientou.

Algumas das ações previstas para serem desenvolvidas são: formação

contínua dos professores na língua espanhola, história e cultura latino-

americana, em especial, a história e cultura andina; sensibilização e formação

dos gestores da educação por meio de cursos e trabalhos formativos para o

atendimento de qualidade às crianças imigrantes.

“Meu filho tem nacionalidade brasileira, porém, pelo fato de ter a pele morena

ele é discriminado, mesmo assim, tenta se socializar com seus colegas na

escola”, diz uma mãe boliviana, moradora da zona leste.

A violência escolar é um problema real e grave nas escolas, independente dos

países, do tamanho das escolas, da diversidade cultural ou nível

socioeconômico dos estudantes. Nesta prática participam, não somente

agressores e suas vítimas, mas também as testemunhas. É importante

sensibilizar à população sobre este tema e implementar estratégias de

prevenção nas escolas como a criação de instâncias de diálogo escolar,

intervenções pedagógicas com acordos de convivência coletivos na

diversidade.

É importante reconhecer que as escolas têm um papel essencial na formação

das pessoas para um mundo plural e solidário onde as pessoas sejam cidadãs.

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No evento, a CUT também esteve presente e ressaltou a importância de

formarmos cidadãos para um bom convívio social, sem preconceitos e nem

discriminações.

No encerramento, os participantes desta instância de diálogo popular

aproveitaram para fazer um forte protesto, com abaixo assinado, contra o

ministério do trabalho por demorar até seis meses na emissão de carteiras de

Trabalho para estrangeiros.

Aproximadamente 200 pessoas participaram do evento.

12.11 MULHERES IMIGRANTES DESABAFAM EM RODA DE

CONVERSA

Tema invisível, ainda, para a sociedade brasileira, é a situação das mulheres

imigrantes que, desde sua condição vulnerável, são vítimas de exploração

laboral, discriminação, tráfico de pessoas, violência doméstica e sexual.

Embora se saiba que metade da população imigrante no mundo seja composta

de mulheres, não existem dados estatísticos reais no Brasil sobre a sua

situação. Ciente desta realidade, o CAMI ouviu a voz da comunidade

imigrante, numa roda de conversa com diferentes temáticas sobre a “realidade

da mulher imigrante”. O evento ocorreu no dia 20 de julho, em São Paulo.

Participaram jovens mulheres, trabalhadoras, e também trabalhadores da área

da costura têxtil.

Situações degradantes de trabalho

Ao falar de trabalho escravo, elas reconheceram que existem diversas

situações de exploração, como, por exemplo, morar e viver em condições

precárias. Porém, dizem que não há escolha e isto se torna uma situação de

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alto risco à saúde por estarem expostas a doenças como a tuberculose.

Mulheres grávidas, empregadas nas oficinas de costura, não recebem licença

maternidade e têm que retornar logo ao trabalho para evitar prejuízos.

Relataram também que crianças ficam trancadas, por longas horas, enquanto

elas trabalham. Porém, mesmo nessas condições degradantes, aceitam

trabalhar para não ter de se preocupar com os altos custos de aluguel e

comida. Disseram que embora a remuneração seja baixa ainda compensa

devido ao fator de conversão na moeda de origem que, em alguns casos,

chega a triplicar o valor recebido no Brasil. “Sujeitamo-nos a essas situações

indignas, sem escolha, suportando, pela nossa família. Fui costureira e camelô

durante dois anos, mesmo grávida de nove meses”. Enfatizaram que, mais do

que os homens, sofrem controle no ambiente de trabalho.

Acesso a serviços de saúde e parto humanizado

Por não falar português, quando são atendidas por agentes públicos que não

falam espanhol, principalmente médicos, encontram fortes obstáculos de

compreensão. Não se sentem a vontade para pedir explicações porque o

profissional não se mostra interessado em alongar a consulta com explicações,

como relata uma imigrante boliviana: “eles não entendem direito o que falo e

eu, na verdade, também não entendo o que eles me dizem”.

No decorrer do debate, participantes bolivianas disseram que se sentem

constrangidas quando chegam ao serviço de saúde porque sempre são

associadas à gravidez. No tocante ao parto humanizado, relataram que a

cesariana é imposta à paciente sem que ela tenha direito de escolha e isso,

segundo elas, prejudica à volta ao trabalho pela demora da cicatrização. “Dia

não trabalhado, dia sem dinheiro”, salientaram.

Medo de estar na rua

Outro fato ressaltado foi o grande medo de estar na rua e ser esfaqueada. Se,

por acaso, estiver sem documento, há risco de ficar no hospital como indigente

e, posteriormente, se vier a óbito, ser enterrada como indigente. Isso ocorre,

disseram, porque muitos imigrantes não carregam consigo o documento de

estrangeiro (RNE) na rua porque se perdê-lo custa caro tirar outro, além da

demora.

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Na sequência, afirmaram que conhecem outras situações de violações aos

direitos humanos a mulheres, porém não são denunciadas por medo, falta de

documentação, desconhecimento das leis ou de locais de denuncia.

Participaram ao todo 120 pessoas.

12.12 LUTA E COMPROMISSO MARCAM 9 ANOS DE

CAMINHADA DO CAMI

Um encontro de integração de migrantes, imigrantes de diferentes

nacionalidades, parceiros e

colaboradores marcou o evento de

aniversário de nove anos do CAMI,

nesta sexta feira, 25 de julho.

Uma cerimônia inter-religiosa deu

início ao evento de comemoração

no salão da paróquia Santuário das

Almas que foi acompanhada por

convidados representantes e

autoridades que apoiam as ações

em favor da comunidade imigrante.

Na ocasião, o Coordenador do

CAMI, Roque Pattussi salientou:

“reafirmamos nosso compromisso

de seguir apoiando a luta dos

imigrantes por dignidade, justiça e

protagonismo político, social,

econômico, cultural e religioso”.

Fundado em 2005, pelo Serviço Pastoral dos Migrantes e hoje entidade

jurídica autônoma, o CAMI é uma instituição sem fins lucrativos de caráter

filantrópico voltado a defesa dos direitos de imigrantes na busca da unidade e

integração. Neste ano, recebeu o 2º lugar do Prêmio Simone Borges Felipe,

durante a COMIGRAR (Conferência Nacional de Migração e Refugiados), pela

implementação de boas práticas no enfrentamento ao tráfico de pessoas e

também é representante da sociedade civil na COETRAE, COMTRAE,

MERCOSUL e UNASUL. Desde sua fundação, prestou assistência e

orientação a mais de 60 mil imigrantes de diferentes nacionalidades

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12.13 BOA PRÁTICA DE COMBATE AO TRÁFICO HUMANO

DO CAMI É PREMIADA

Com a participação de 556 delegados de 30 nacionalidades e 21 estados

brasileiros, entre migrantes, imigrantes e refugiados, realizou-se a abertura da

1ª Conferência Nacional sobre Migrações e Refúgio - COMIGRAR, na noite do

30 de maio, na Casa de Portugal, em São Paulo, com a presença de diversas

autoridades, entre as quais o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Prêmios Simone Borges Felipe para Boas práticas

Durante a abertura o Ministério da Justiça concedeu o Prêmio Simone Borges

Felipe a três experiências selecionadas para participar da 1ª Feira de Boas

Práticas nas áreas de Trafico de Pessoas, Migrações e Refúgio. As três

experiências classificadas em

1º, 2º e 3º lugar pela Comissão Avaliadora, foram certificadas

com o Prêmio Simone Borges Felipe, recebendo placa de premiação as

seguintes práticas:

1º lugar: “Mulheres em Movimento”, da ONG Só Direitos

2º lugar: “Visitas a Oficinas de Costura e Multiplicadores de Base”, do CAMI

3º lugar: “Programa Brasileiro de Reassentamento Solidário”– ASAV

A seleção dos ganhadores levou em conta critérios de inovação e criatividade,

participação social, possibilidade de replicação, sustentabilidade, impacto e

multidisciplinaridade O prêmio, concedido ao CAMI, foi recebido por dois

agentes imigrantes multiplicadores.

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Simone Borges Felipe: O Prêmio recebe o nome em reconhecimento da luta

de seu pai no enfrentamento ao tráfico de pessoas. O prêmio busca

identificar, apoiar e disseminar ações de prevenção e

enfrentamento a situações de violação de direitos ou vulnerabilidade.

Estandes lotados na 1ª Feira Nacional

A 1ª Feira planejada dentro da I Conferência Nacional sobre

Migrações e Refúgio (COMIGRAR) foi recebida pelos mais de 500

delegados, autoridades e visitantes em geral, como uma exposição positiva é

importante para a troca de experiências.

Dentro dos 15 projetos e ações identificados como promissórios e

inovadores nas áreas de enfrentamento ao tráfico de pessoas, políticas

migratórias e refúgio, o CAMI, apresentou o estande “Visitas a oficinas de

Costura e Agentes Multiplicadores”, com seus próprios protagonistas,

agentes imigrantes lideranças que explicaram o objetivo do projeto y e os

benefícios em prol da comunidade imigrante em São Paulo, propiciando o

intercâmbio entre os diferentes atores que trabalham com as temáticas

envolvidas

Os agentes multiplicadores, lideranças imigrantes de Jardim Fontalis e

Belenzinho fizeram conhecer sobre o trabalho de visitas a oficinas de costura

nos bairros mais afastados, locais onde a informação sobre os diretos dos

imigrantes é nula. Salientaram o seu serviço à comunidade imigrante,

prevenindo e combatendo o trabalho escravo, tráfico de pessoas, a exclusão

social, a discriminação e a desigualdade social e explicaram que o exercício

para uma cidadania plena ainda não é.

A 1ª Feira aconteceu na Universidade Nove de Julho (UNINOVE) no dia 31 de

maio, graças a uma parceria entre o Ministério da Justiça e o Escritório das

Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Ao final das exposições se

conseguiu assinar 47 acordos de cooperação entre os estados e instituições

para replicação no País.

A equipe do CAMI sente-se honrada por esse

importante reconhecimento do trabalho que vem

sendo feito junto aos imigrantes

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12.14 FORMATURA CURSOS 1º SEMESTRE

Otimismo, confiança, competência técnica e boas perspectivas, são características dos alunos que acabaram os cursos de modelagem e informática do CAMI, desenvolvido em parceria com a Paróquia Santuário das Almas em São Paulo. No ato de formatura da primeira turma, realizada o passado 10 de agosto, os alunos, familiares e

professores comemoraram uma etapa vencida e a perspectiva de conquista de melhores oportunidades. Os cursos gratuitos no CAMI têm como objetivo oferecer formação técnica e condições para o desenvolvimento de competências para o mercado de trabalho. A formação também permite que o aluno se qualifique para exercer o trabalho formal ou desenvolver o empreendedorismo. Ao parabenizar os formandos e seus familiares o professor Ivan salientou “vencer esta etapas, passando dificuldades e barreiras, num país que não e o seu é um grande sucesso e

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cada um deve ser orgulhar por este passo dado, que é apenas o começo de futuros projetos. Mães e pais de família se esforçaram duplamente porque dedicaram seu tempo aos finais de semana para se capacitar, eles têm um merecido reconhecimento”. A entrega de certificados foi conduzida pelos coordenadores dos cursos Bryan Sánchez e Ericka Lipa. O momento cultural esteve a cargo do músico peruano Arlyn Hinostrosa que interpretou música andina, latino-americana ao som de instrumentos nativos. O evento reuniu mais de 100 pessoas entre, professores, formandos e seus familiares.

Novas turmas No encerramento da comemoração se fez também a cerimônia de abertura dos novos cursos e anunciou-se vaga para inscrições.

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12.15 SEMINÁRIO: “MULHER IMIGRANTE”

Ouvir as vozes das mulheres imigrantes, suas experiências e desafios, e

discutir propostas de empoderamento, reforçando a importância da defesa da

igualdade de gênero, foram os objetivos do seminário Latino-americano sobre a

Mulher Imigrante, que ocorreu no dia 17 de agosto, em São Paulo, e contou

com a presença de colaboradores da Argentina, Bolívia, Peru,

Paraguai e Brasil. Organizado pelo CAMI, em parceria com a Paróquia

Santuário das Almas, dos padres do Sagrado Coração de Jesus, o encontro

reuniu cerca de duzentas pessoas entre imigrantes de diferentes

nacionalidades, representantes de entidades sociais, pesquisadores e

universitários, dentre outros. Na abertura dos trabalhos, o Pe. Valmir Teixeira,

reitor e pároco da Igreja Santuário das Almas, acolheu os participantes:

“sintam-se em casa. Aqui ninguém é estrangeiro, somos todos irmãos no

coração de Jesus. Aqui o espaço é de vocês, independente da língua ou

cultura”.

O coordenador do Cami, Roque Pattussi, completou a recepção de boas vindas

cumprimentando, em diferentes idiomas, os participantes do encontro.

Os Direitos Humanos não necessitam de passaporte

Para falar das realidades da imigração na Argentina, a coordenadora da Rede

de Migrantes e Refugiados, Lourdes Rivadeneira, apresentou um quadro geral

da legislação daquele país, destacando a mobilização das mulheres: “mulheres

de diferentes nacionalidades lutamos por uma mesma causa, rodeamos o

congresso de mãos dadas, nossos filhos carregaram cartazes para pedir a

aprovação da lei de migração”. O caso de xenofobia que ficou conhecido no

mundo inteiro, a morte da boliviana Marcelina Meneses e de seu filho, que

foram jogados na linha do trem, em Buenos Aires, foi um marco importante na

luta das mulheres. “Esse ataque trouxe à tona a questão da discriminação e do

preconceito contra os pobres, especialmente imigrantes mulheres e, a partir

desse fato, criou-se na Argentina o dia da mulher imigrante. Porém, mesmo

depois da lei aprovada, existe muita discriminação contra os imigrantes. Ações

e leis com perspectiva de direitos humanos estão avançando, porém ainda há

muitas restrições de igualdade”, enfatizou. Uma pesquisa do Instituto Nacional

Contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo na Argentina, registrou

quatorze mil e Igualdade de gênero em debate no seminário “Mulher Imigrante”

oitocentos casos de discriminação, xenofobia e racismo no ano de 2013.

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Irmãos na cosmovisão indígena

O palestrante boliviano, Apolinar Flores, enfatizou a importância de

aprendermos com os povos indígenas, originários e campesinos, o “viver bem”,

o sumak kawsay, expressão quéchua que significa “vida em plenitude”,

princípio que reconhece o direito de viver em harmonia com a natureza.

“Irmãos na cosmovisão indígena, o sumak kawsay, onde os seres humanos

fazem parte da natureza, é uma alternativa ao capitalismo. A Bolívia é hoje um

estado plurinacional que reconhece trinta e seis povos originários, com

participação em todos os níveis do poder estatal. Mulheres quéchuas, aimarás,

guaranis participam”, defendeu. O palestrante destacou o significado da eleição

do presidente Evo Morales para os povos indígenas. Por outro lado, fez uma

análise crítica, detalhando um quadro pouco otimista da atual situação do país.

Num retrato das desigualdades, resumiu a situação social e política, as

condições laborais das mulheres nas áreas rurais e urbanas da Bolívia e o

papel desempenhado na migração.

“No meu país há uma crescente migração interna campo - cidade pelo

empobrecimento e necessidade de subsistência”. Nesses deslocamentos, elas

carregam saberes e culturas das raízes rurais. Porém, os costumes e tradições

são muitas vezes absorvidos por outros existentes nas cidades”, acrescentou.

Caminhos e descaminhos da migração A situação da mulher migrante

paraguaia foi tema de exposição feita pela Irmã Terezinha Santin: “quando se

fala do Paraguai, quase sempre se remete ao país do contrabando, da

pirataria, etc. Não se fala da força cultural e indígena, da riqueza do país, da

força das mulheres”, das experiências dos grupos de migrantes e imigrantes:

“elas calam e obedecem, assumem a responsabilidade de educar, mantém viva

a cultura com sua identidade guarani e sustentam o lar. “A força de

empoderamento da mulher paraguaia vem dessas suas raízes”, realçou.

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Pachamama – Deusa mulher Concluindo a primeira mesa de debate, a

peruana Soledad Requena chamou a atenção sobre o papel da mulher na

cultura andina. “A mulher no mundo andino representa a Pachamama, a mãe

terra que tem poder e força para criar a vida. Na cosmovisão andina, existe a

complementariedade, o homem é igual a mulher e essa é a base da

organização social. Divindade máxima do mundo andino, sustentadora da vida,

Pachamama representa a fertilidade, o feminino, a força maior, geradora da

vida. Somos mulheres, somos Deusas. Essa tradição da cultura andina está

sendo destruída pela influência ocidental”, refletiu.

Violação aos direitos das mulheres no ambiente laboral

Na parte da tarde , a mesa mulher imigrante no Brasil foi composta por

representantes de órgãos públicos, instituições sociais e pesquisadores.

Juliana Armede, coordenadora do Núcleo e Enfrentamento ao Tráfico de

Pessoas em São Paulo, reconheceu que no mundo do trabalho há muitas

desigualdades e violações dos direitos das mulheres que, no caso das

imigrantes, vêm à tona com as fiscalizações nas oficinas de costura. Orientou,

também, sobre mecanismos legais de proteção e processo de denúncia de

qualquer tipo de violência. Esse tema foi reforçado pela procuradora de

trabalho, Christiane Vieira, que orientou sobre os direitos trabalhistas,

encorajando as mulheres a vencerem o medo e procurarem ajuda, pois o

resultado, nesses casos, será favorável. Existem leis que protegem, porém, se

não falam, silenciam, ficam num quadro de vulnerabilidade.

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Construir direitos e novas políticas públicas

A chilena radicada no Brasil, Oriana Jara, presidente da Presença Latino

Americana (PAL), refletiu sobre a necessidade de conquista de direitos. “Há

uma invisibilidade de políticas migratórias, não somos prioridade, não existe

uma legislação internacional”. Porém, ninguém

dá nada de graça. Devemos falar, nos organizarmos, juntar e agir para

conquistar nossos direitos. “Vocês não estão sozinhas”, ressaltou.

Ninguém nasce mulher, torna-se mulher

Com essa frase, Katiuscia Moreno Galhera abriu sua exposição, sintetizando a

pesquisa feita com mulheres imigrantes bolivianas em São Paulo. Resgatou,

em linhas gerais, aspectos do pensamento de Simone Beauvoir referente à

construção social da desigualdade e da dominação feminina. A mulher é uma

construção social. A construção social da mulher, baseada nas diferenças de

sexo (diferenças biológicas e outras diferenças), serve para relegá-la a um

papel de subalternidade.

“As mulheres sofrem preconceito e subordinação no mundo laboral e não são remuneradas pelo trabalho realizado no âmbito doméstico”. Somando-se às falas dos debatedores sobre a necessidade de desconstrução social da desigualdade, disse: “ninguém nos dá o poder ou o direito, ninguém nos dará dignidade se não lutarmos por ela, ninguém vai fazer isso por nós. Devemos estar cientes de nossos direitos”. Vozes dos imigrantes no debate: Manifestações ao microfone no final do evento: “Nós, mulheres, esquecemos dos nossos valores. Recuperamos a força com essas reflexões e não devemos nos subordinar”. “Combatemos as desigualdades, dia a dia, sabemos que temos direitos, porém também devemos construí-los”;

“Hoje soube que a minha realidade é também a de muitas mulheres imigrantes aqui. Como professora de português, sei que o idioma aqui é importante, porém não é só isso”; “É sempre gratificante saber que não estamos sós”. Este evento me deu mais coragem par agir, foi um aprendizado para mim”.

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“Sofro pelo meu filho que é discriminado pela cor de sua pele e pela sua nacionalidade. Sei de meus direitos e não me deixo explorar. Porém, não é o caso de outras mulheres que estão submetidas, sem opção, porque a denúncia faria perder o emprego. E o pior é que somos exploradas pelos nossos próprios compatriotas”; “Oitenta por cento das mulheres nos presídios femininos em São Paulo são imigrantes. Lá as mulheres sofrem muita violência, e há o dobro de desigualdade, há falta de estudo e de trabalho. É uma realidade muito cruel para elas”; O propósito desse seminário foi ajudar no rompimento das barreiras produzidas pela discriminação de gênero, ainda tão comuns no Brasil e demais países, participaram 250 pessoas.

Participaram 250 pessoas no evento.

12.16 BRILHO DOS IMIGRANTES NO 3º FESTIVAL DE

MÚSICA E POESIA

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Composições sobre tráfico humano, migração e trabalho, sensibilizaram o público na terceira edição do Festival de Música e Poesia do Migrante, realizado neste domingo, 21 de setembro. As interpretações dos concorrentes, de diferentes nacionalidades, arrancaram aplausos do público que lotou a Praça Kantuta com visual colorido, dando o toque de início da primavera. As mais de quarenta concorrentes esbanjaram talento e criatividade. A qualidade das composições, produzidas pelos próprios imigrantes sobre realidades e experiências vividas, foi o ponto forte desta edição. No palco, os solistas brilharam com sua originalidade. Os grupos demostraram entrosamento com os operadores do som na fusão de diversos instrumentos musicais, desde sanfonas até instrumentos andinos como a zamponha (flauta de pã) que deram lugar a uma diversificada amostra cultural que se matizou com vestimentas típicas e bandeiras dos países latino-americanos.] No final da tarde, após as apresentações, um ar de suspense de quem seriam os vencedores. Depois do sorteio de passagens para Cusco, Perú, foi anunciado o resultado do festival. “Força Clandestina”, do boliviano Armin Nicolás Flores, conquistou o primeiro lugar na categoria música e Miguel Angel Saavedra Aguilar com seu poema “Ela e El” foi o vencedor na categoria poesia. Os concorrentes receberam seus prêmios, recompensados pelo esforço de uma etapa cumprida. O vencedor do primeiro lugar disse que fez a composição nas noites, depois de trabalhar na máquina de costura e quando a mulher e filha já dormiam. “Não estou acreditando, estou muito contente. Assim que vi o anúncio do Festival em Belenzinho já comecei a compor e valeu a pena”. A esposa com a filha no colo disse se sentir orgulhosa do esforço do marido. Linhas da composição falam das experiências de imigração: “sueños que se estrellan en la nueva era, esclavitud moderna diferente ubicación...toda tu ilusión y toda tu esperanza está en un passaje y un adiós... las tristes despedidas y cariño a la distancia; no importan las barreras, no importan las fronteras”, são trechos da composição.

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Com o prêmio em mãos, que irá doar a um projeto voltado aos imigrantes que apoia e participa, o vencedor na categoria poesia disse que não foi difícil compor porque é a sua realidade e a de muitos imigrantes também: “todos chegamos aqui cheios de esperanças e sonhos e enfrentamos no dia a dia duras situações, muitas de discriminação. Então é só colocar essas verdades e experiências no papel”, assinalou, agradecendo a oportunidade. Fragmentos da poesía dizem: “Él es un viajante que viene retumbante, Ella, ve sus esperanzas mientras el sol se aleja, Ella, no tiene nadie a su lado, ni siquiera su consulado... no, no te rias, del imigrante, porque él tiene outro semblante”. Assim, em diferentes idiomas (espanhol, aimará, guarani e português), unidos pela linguagem da alma, do corpo e do coração, os imigrantes defenderam seus textos poéticos. Dentre as poesias e músicas inscritas, foram selecionadas cinco de cada categoria para a premiação. A comissão julgadora foi composta por escritores, poetas e artistas de reconhecida trajetória nos gêneros musicais e literários no Brasil e nos países de América Latina. Compôs o júri: Luis Avelima, Hugo Villavizencio, Nouelle Faria, Luis Villaverde e Walter Lima. Os critérios de avaliação consideraram o conteúdo da letra, a melodia e a interpretação para música e, para poesia, letra e interpretação. Um dos destaques do festival foi a participação de crianças e, como em anteriores edições, os jovens foram os que mais engrossaram a lista de inscritos. Entre as atrações musicais, se apresentaram os grupos de música folclórica Integração Andina e Añoranza Bolívia e o grupo de dança Aquarela Paraguaia. Promovido pelo CAMI, em parceria com a Praça Kantuta, o Festival incentivou a criatividade de artistas populares, fortalecendo a reflexão crítica em torno dos temas tráfico de pessoas, imigração, e trabalho. Repercussões do público: “Sinto-me motivado. As pessoas precisam só de uma oportunidade, tudo o que buscamos é iniciativas para nós, acho que faltam mais eventos como este.” “Estou gostando demais, admiro a eles porque sem dúvida são grandes talentos, para mim todos eles são vencedores.” “Amei a apresentação em idioma aimará. Valorizar quem somos e de onde somos é reconhecer a essência e o concorrente demostrou com orgulho sua identidade.” “Falar em palco já é difícil para mim. Agora, escrever e cantar em cima de um palco é só para corajosos. Todos eles têm meu reconhecimento humilde e sincero”. “Na voz e composição deles estou eu também. Todos devem saber como nos sentimos e de alguma maneira eles tocaram nas realidades de cada um de nós.”

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Estes são os cinco primeiros colocados de cada categoria: POESIA 1º colocado: Miguel Angel Saavedra Aguilar, “Ela e Ele” 2º colocado: Roberto González Gonzáles, “Mensageiro de pês descalços” 3º colocado: Víctor Hugo Galván Quispe ,“Esperança” 4º colocado: Atawallpa Díaz, “Abya Yala Sumak (América Latina linda)” 5º colocado: José Cachi Quispe, “O Migrante” MÚSICA 1º colocado: Armin Nicolás Flores, “Força clandestino” 2º colocado: José Ortiz Dorado, “Grito em América” 3º colocado: Charly y Roberth, “Não me renderei” 4º colocado: Carim Alvaro Mamani, “Soldado preparado” 5º colocado: Grupo, A mil 8 crew ,“Alto ao tráfico de pessoas” Mais de 400 pessoas assistiram as apresentações.

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12.17 GRITO DOS EXCLUÍDOS CONTINENTAL POR

TRABALHO, JUSTIÇA E VIDA

Pela primeira vez, neste

domingo, 19 de outubro, imigrantes se uniram, em São Paulo, às mobilizações continentais da 16ª Edição do Grito dos Excluídos/as, ocorridas em mais de 15 países da América Latina e Caribe, com o objetivo de levantar suas vozes por um mundo verdadeiramente justo, democrático e inclusivo. A data do Grito Continental, 12 de outubro, recorda não só a dor da conquista e suas consequências até os dias de hoje, como também todas as formas de resistência que, historicamente, nossos povos desenvolveram para afirmar seus direitos à liberdade, à independência, à autonomia e ao bem estar coletivo e individual.

O evento aconteceu na Praça Kantuta, em São Paulo. A Praça é conhecida por ser um pedaço da Bolívia na capital paulista. No entanto, neste último domingo, tornou-se palco de integração de culturas, lutas e gritos de vários países das Américas Latina, Central e Caribe. O Grito dos Excluídos/as na Praça Kantuta foi uma iniciativa organizada pelo

Centro de Apoio ao Imigrante - CAMI, pelo Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante CDHIC, por Presença América Latina PAL, pela “Feira Kantuta” e pela secretaria continental do Grito dos Excluídos/as, que tem sede no Brasil.

Durante a programação, representantes dos países testemunharam seus gritos, suas lutas e seus sonhos. Gritaram por uma nova Lei de Migração, pelo direito ao voto, saúde e educação com qualidade. Também gritaram contra todas as formas de discriminação e xenofobia presentes na sociedade. Em seguida, foram apresentadas danças folclóricas e músicas da cultura de cada país. O evento foi rico em denúncia e anuncio das causas dos imigrantes dos mais diversos países.

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Estiveram representados Brasil, Bolívia, Peru, Paraguai, Equador,

Colômbia, México, Cuba, Chile, Venezuela e El Salvador. Foi um momento bonito, de integração dos povos. Momento de festa, de luta e de unidade de gritos de todos e todas que acreditam num mundo de justiça e cidadania. Certamente, outros gritos virão!

Mais de 400 pessoas participaram do evento.

12.18 FESTA DE INTEGRAÇÃO LATINOAMERICANA NO MEMORIAL

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Mais uma vez o folclore boliviano mostrou toda sua diversidade

cultural durante a comemoração da Independência da Bolívia no Memorial de

América Latina em São Paulo, durante os dias 09 e 10 de agosto.

Mais de 20 mil pessoas entre visitantes, expositores e dançarinos lotaram o

local. O evento organizado pela Associação Cultural Folclórica Bolívia –

Brasil, foi prestigiado pelo prefeito Fernando Haddad, autoridades bolivianas e

um público bastante diverso.

Ano a ano nesta festa se misturam as tradições indígenas com a solenidade

das costumes católicas, numa grande mostra da diversidade folclórica que

fazem desta festa um dos eventos mais atrativos de São Paulo.

Abre a festa, a procissão das padroeiras da Bolívia, Virgem de Copacabana e

Virgem de Urkupina. Logo em seguida grupos de dançarinos num desborde de

alegria, percorrem pelo espaço da diversidade latino-americana, numa

variedade de ritmos, fantasias, figurinos com máscaras, bordados, tecidos,

pedrarias fazem parte da caraterização dos participantes, onde as cores

predominantes são vermelho, amarelo e verde, as mesmas da bandeira

nacional do país boliviano.

Os grupos de fraternos dos tinkus, diablada, tobas, caporales, saya

demostraram com orgulho a unidade e diversidade cultural do pais, nestas

duas datas memoráveis. As mulheres da dança “morenada”, as “cholas

pacenhas”, desfilaram enfeitadas com joias de ouro e vestuários elegantes, os

tinkus (encontro) demostraram o ritual indígena de luta entre bandos frente ao

palco principal.

Barracas de culinária típica e regional também se instalaram na Praça Cívica.

A festa boliviana é, sem dúvida, uma das mais importantes e

representativas festas religiosas e folclóricas do Brasil.

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12.19 - Iº FÓRUM DE PARTICIPAÇÃO CIDADÃ DA UNASUL

Entre os dias 13 e 15 de agosto, em Cochabamba - Bolívia, aconteceu o I Fórum de Participação Cidadã da Unasul, que reuniu mais de 200 representantes de organizações sociais, organizações indígenas, representantes da sociedade civil, redes de migrantes e imigrantes dos países membros da UNASUL. Os trabalhos versaram sobre três eixos temáticos:

participação cidadã no avanço do processo de integração sul-americana; conformação do Fórum a partir das diretrizes gerais de trabalho interno e agendas prioritárias do Fórum.

Entre os principais resultados citam-se: algumas propostas concretas criação de uma rede de comunicação regional permanente para dar publicidade da participação cidadã na elaboração de políticas públicas;

criação de comissões temáticas e de 4 grupos de trabalhos, a saber: gênero e integração; afrodescendentes e camponeses indígenas; soberania alimentar com intercâmbio de tecnologia e conhecimentos ancestrais e participação de jovens nas tomadas de decisão. Por último, o Fórum declarou apoio à soberania argentina às ilhas Malvinas, solidariedade ao povo palestino, solidariedade aos movimentos sociais no Paraguai.

A comitiva brasileira foi integrada pela ABONG, CUT, CTB, CEDHIC, CAMI, Programa Mercosul Social e Participativo, Itamaraty e Secretaria Geral da Presidência.

A UNASUL tem como objetivo

construir, de maneira

participativa e consensual um

espaço de articulação no

âmbito cultural, social,

económico e político entre seus

povos. Fazem parte da

UNASUL os seguintes países:

Argentina, Brasil, Uruguai,

Paraguai, Bolívia, Colômbia,

Equador, Peru, Chile, Guiana,

Suriname e Venezuela. Panamá e México.

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12.20 - REUNIÃO AMPLIADA DO PROGRAMA MERCOSUL SOCIAL E

PARTICIPATIVO

No dia 1º de dezembro de 2014, reunião ampliada do Programa Mercosul

Social e Participativo, realizada no Salão Leste do Palácio do Planalto. O

convite foi enviado pela Secretaria Geral da Presidência da República.

A parte de manhã foi momento reservado para reunião interna dos membros da sociedade civil presentes e no percurso da tarde, junto a presença do Ministro da Presidência, Gilberto Carvalho, foram debatidas diferentes temáticas, incluindo a participação na XVII Cúpula Social do Mercosul que ocorrerá entre os dias 12 e 13 de dezembro, na cidade de Paraná, na província de Entre Rios, na Argentina. A Presidência Pro Tempore do bloco anunciou a programação preliminar do evento onde se facilitará a participação da sociedade civil brasileira no evento.

30º aniversário da Declaração de Cartagena

Com a presença de delegações de mais de 30 países da América Latina e do Caribe, além de representantes de países observadores, organismos internacionais e instituições da sociedade civil, iniciou-se, em 2 de dezembro, em Brasília a reunião de celebração do 30º aniversário da Declaração de Cartagena para Refugiados. A reunião ocorreu no Memorial JK.

Durante o evento foram divulgados os números mais recentes sobre refúgio e deslocamento forçado na América Latina e no Caribe e se adotou uma nova Declaração e Plano de Ação, que servirá como um documento comum para responder, nos próximos 10 anos, aos desafios humanitários na região e fortalecer a proteção de refugiados, deslocados e apátridas.

O processo de Cartagena+30 representa o mais amplo diálogo regional sobre proteção internacional e questões humanitárias na América Latina e no Caribe desde 1984 e envolve todos os países da região e mais de 150 organizações da sociedade civil, como o CAMI e outras importantes organizações internacionais.

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O encontro teve a participação de ministros brasileiros Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores), José Eduardo Cardoso (Justiça), do Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, do Secretário-Geral do Conselho Norueguês para Refugiados, Jon Egeland - e também de representantes de alto nível dos países da América Latina e do Caribe, além de representantes da sociedade civil.

12.21 - CAMI RECECE DUAS PREMIAÇÕES DE 2014

Durante o ano 2014, o CAMI obteve duas premiações importantes de

reconhecimento mediante ao trabalho realizado junto aos/as imigrantes, por

boas ações na defesa dos direitos humanos, de prevenção e combate ao

trabalho escravo e tráfico de pessoas. Vai aqui um forte agradecimento a toda

equipe do CAMI, incluindo os mais de 40 voluntários/as que colaboram nesta

ação.

PRÊMIO ANAMATRA DE DIREITOS HUMANOS – 2014

A ANAMATRA foi fundada

em 28 de setembro de 1976,

em São Paulo, durante o

Congresso do Instituto Latino

Americano de Direito do

Trabalho e Previdência

Social.

O objetivo da ANAMATRA

com este prêmio é valorizar

e incentivar ações e

atividades realizadas por

pessoas físicas e jurídicas

comprometidas com a promoção efetiva da defesa dos direitos humanos no

mundo do trabalho.

Na avaliação da diretora de Cidadania e Direitos Humanos, Silvana Abramo, a

qualidade dos trabalhos recebidos este ano demostra que o objetivo da

Anamatra com a iniciativa mais uma vez foi cumprido. "A cada edição o Prêmio

inova e agrega valores e novas ideias. Recebemos trabalhos relativos aos mais

variados temas e de diversas regiões do país, demonstrando que o

envolvimento, vigor e a criatividade de profissionais e organizações da

sociedade civil na defesa intransigente dos direitos humanos e o compromisso

com o combate às desigualdades no nosso país se fortalece permanentemente

não admitindo retrocessos e avançando cada vez mais", afirma.

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Além dos premiados, a Comissão de Direitos Humanos distinguiu entre os

trabalhos aqueles que receberão menções honrosas, pela relevância da

iniciativa dentro da temática ampla dos direitos humanos (inclusive além do

mundo do trabalho). Os escolhidos receberão uma placa de homenagem, que

será entregue na solenidade de premiação.

A solenidade de premiação aconteceu no dia 27 de novembro, no Centro

Cultural Justiça Federal, no Rio de Janeiro e teve como mestre de cerimônias a

atriz Dira Paes, dirigente do Movimento Humanos Direitos (MHuD), entidade

apoiadora do Prêmio este ano.

Premiados

Na categoria Cidadã, o prêmio foi concedido ao Centro de Apoio e Pastoral do

Migrante (CAMI), que atua na promoção dos direitos humanos, na prevenção

às formas de trabalho análogas ao escravo e ao tráfico de pessoas visando à

inclusão econômica, social, política e cultural dos imigrantes, com destaque

para os imigrantes latino-americanos que trabalham em oficinas de costura na

cidade de São Paulo.

"Temos um grande

sonho que é um

mundo sem fronteiras,

pois o planeta foi

construído para todos

os seres vivos. O

Prêmio vem dizer

para nós que estamos

no caminho certo, que

o Brasil sempre foi um

país de imigração. E

quando a ANAMATRA

apoia um trabalho

com a imigração também está reconhecendo os seus antepassados imigrantes,

o que fortalece a ideia de que outro mundo é possível" afirmou, na cerimônia

de premiação, o coordenador do CAMI, Roque Pattussi.

Saiba mais, no site da ANAMATRA: http://www.anamatra.org.br

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12.22 - DESFILE DE MODA

Uma novidade para o público que frequenta a Praça Kantuta

O desfile de moda dos alunos do curso de modelagem promovido pelo CAMI apresentou ao público que costuma frequentar a praça kantuta trajes femininos criados pelos alunos e levados à passarela por jovens latino-americanas.

A moda é uma espécie de linguagem não verbal que retrata modos de pensar e agir de um povo, mas o desfile promovido pelos professores do curso

de modelagem e seus alunos não teve outro objetivo senão levar à comunidade imigrante uma amostra do trabalho realizado durante todo o ano.

A maioria dos imigrantes bolivianos, paraguaios e peruanos, entre outros, ao chegar a São Paulo buscam o primeiro emprego no aquecido mercado de roupa, maior pólo de confecções da América Latina. Os bairros do Brás e Bom Retiro são visitados diariamente por caravanas de comerciantes de todo o Brasil que ali fazem suas compras, levando os produtos para comercialização no interior. A maioria dos jovens costureios, de ambos os sexos, ficam segregados nas oficinas de costura, cujos donos são, na maioria das vezes, os próprios patrícios. Trabalham de 12 a 14 horas diárias, recebendo muito pouco pelo que produzem. Isso sem dizer das quase sempre precárias condições de trabalho e moradia.

Nos últimos anos, tornaram-se frequentes casos de denúncias e de resgate de trabalhadores imigrantes em situações análogas a de trabalho escravo nas oficinas de costura. Enfim, um trabalho árduo e penoso para a maioria dos trabalhadores.

Pensando em todas essas situações, o CAMI vem disponibilizando os cursos de modelagem para beneficiar os jovens, abrir oportunidades de trabalho e melhorar os ganhos. A idéia de se promover o desfile veio dos próprios alunos. A grande surpresa

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foi o sucesso alcançado e a presença de dezenas de meninas imigrantes que, embora amadoras, desfilaram com graça. Houve muita empolgação durante o desfile, que despertou a alegria de todos os presentes e o disparar de muitos flashs. A simpatida das jovens imigrantes contagiou a todos, deixando no ar um desejo de retorno no próximo ano.

12.24 - CIC DO IMIGRANTE

O Governo de São Paulo inaugurou na Barra Funda o CIC (Centro de Integração da Cidadania do Imigrante). O projeto quer combater o tráfico de pessoas e o trabalho escravo, além de oferecer atenção especial aos imigrantes e refugiados.

O posto objetiva unificar diversos serviços aos imigrantes e refugiados num mesmo lugar, buscando facilitar o atendimento de documentação, carteiras de trabalho, possibilitando melhor acolhida e facilitar o acesso a direitos fundamentais a estrangeiros que chegam a SP em situação de vulnerabilidade.

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Os estrangeiros recebidos no CIC poderão frequentar cursos de qualificação profissional. Também serão encaminhados para retirar documentos pessoais, participar de palestras sobre cidadania e obter apoio para conseguir trabalho.

Tal avanço não deixa de ser uma conquista das frequentes mobilizações e

lutas dos imigrantes por mais direitos.

12.25 – LANÇAMENTO SEMANA DO IMIGRANTE

UMA SEMANA DEDICADA AOS IMIGRANTES

No dia 30 de dezembro passado, um lindo domingo, a Praça Kantuta, no bairro

paulistano do Pari, recebeu algumas atividades muito especiais, organizadas pelo

CAMI – Centro de Apoio e Pastoral dos Migrantes com o apoio das demais instituições

que organizam a Marcha dos Imigrantes.

Apesar de a comunidade imigrante latino-americana, especialmente a boliviana, se

encontrar em festa nesse dia, celebrando a Wayllunk'as, típica da região de

Cochabamba, se uniu ao CAMI na realização de uma linda Celebração Inter-religiosa

para a abertura das ações que antecedem a 8ª Marcha dos Imigrantes, com tema

“Basta de Violência contra os Imigrantes” e a Semana do Imigrante, com Círculo de

Reflexão sobre a situação migratória em São Paulo e no Brasil, e na sequência, de um

criativo desfile de moda formado de criações exclusivas de imigrantes.

As 17h30 ocorreu a Celebração Inter-religiosa, que pretendeu reunir líderes de

diversas religiões, com tema “Ver, Julga e Agir em Defesa do Imigrante”, para celebrar

a beleza da diversidade cultural trazida pelos povos que escolheram viver neste país e

para refletir sobre as dificuldades e violações de direitos perpetrados contra os

mesmos.

Esta Celebração contou com a presença de cerca de 200 pessoas na praça, onde

foram apresentados importantes textos religiosos de fundo humanitário e social como

o Credo do Migrante, protagonizados pelos próprios imigrantes presentes, terminando

com a bênção do sacerdote católico e imigrante irlandês, Padre Geraldo McNamara.

Durante a Celebração foram distribuídos materiais em três idiomas (português,

espanhol e francês), relativos à realização do I Círculo de Reflexão para a Semana do

Imigrante, com sugestões de roteiros para três encontros de informação e meditação

social e bíblica centralizando as condições de vida dos imigrantes no Brasil e suas

demandas.

- Depoimentos de quem participou e assistiu a Celebração...

A Semana do Imigrante é um espaço e momento de reflexão e celebração pública,

com ampla diversidade de matizes de crença, realizada entre os dias 01 e 06 de

dezembro, em alusão ao Dia Internacional do Imigrante (18/12), onde aconteceram os

encontros dos Círculos de Reflexão com e pelos imigrantes em diversos locais.

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12.26 – 9º MARCHA DOS IMIGRANTES PELO FIM DAS

VIOLÊNCIAS

Imigrantes e defensores dos direitos humanos, numa manifestação popular que

foi às ruas de São Paulo no dia 7 de dezembro, recordaram ao país que ainda

há muitos direitos pelos quais temos que seguir lutando. Os manifestantes e

simpatizantes da causa levaram cartazes e bandeiras, exigindo

reconhecimento, respeito pelos direitos e o fim das violências perpetradas

contra os imigrantes.

A 8ª marcha, com o lema “Basta de violência contra os imigrantes”, soma-se às

manifestações mundiais em torno do Dia Internacional do Imigrante, 18 de

dezembro, instituído pela ONU, que tem como objetivo difundir os direitos

humanos e as liberdades

fundamentais.

Carregando seus sonhos e desejos de

uma vida melhor, os manifestantes

desfilaram um amplo leque de

reivindicações: direito ao voto,

flexibilização da lei

que regula a permanência dos

estrangeiros no país, ratificação, pelo Estado Brasileiro, da Convenção

Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores

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Migrantes e dos Membros das suas Famílias, diminuição da burocracia nos

processos de documentação, fim do trabalho escravo, do tráfico de pessoas,

da xenofobia, da discriminação e da criminalização do imigrante

indocumentado. Como sempre, manifestações artísticas e culturais dos

diferentes povos se fizeram

presentes, animando e alegrando a

marcha.

O bloco das mulheres exigiu o

combate à violência de gênero e que

seja assegurado o respeito a seus

usos e costumes na redes de saúde e

assistência social, o fim da violência

doméstica, a garantia de acesso à justiça e às leis protetivas, bem como a

igualdade de salários e acesso aos postos de trabalho.

A mobilização por uma Síria livre marcou presença na marcha, que se

solidariza com os povos de todo o

mundo que lutam pela liberdade e

autodeterminação.

No percurso, as manifestações de

protesto, momentos celebrativos e

culturais deram o tom da

manifestação.

12.23 - FESTA E CONFRATERNIZAÇÃO NO ENCERRAMENTO

DOS CURSOS 2014

Combati o Bom Combate [...] guardei a fé

(II Timóteo. Cap. 4, vs.7)

Em clima de festa ocorreu, no último dia 14 de dezembro, no salão paroquial

da Igreja Santuário das Almas, em São Paulo, a cerimônia de conclusão dos cursos de

modelagem, música, informática, português e cidadania oferecidos pelo CAMI.

Cada aluno pode ser considerado vencedor, pois venceu o cansaço do dia a

dia de trabalho, abdicou-se do tempo livre e do lazer, enfrentou o transporte público,

as caminhadas, mas,, tal qual verdadeiros combatentes, não perderam a fé em si

mesmos e nas diversas oportunidades que o conhecimento proporciona.

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À medida que a celebração se desenvolvia, os alunos de música nos brindaram

com as belas notas de seus instrumentos, abrilhantando o clima festivo que envolveu

a todos.

Entre músicas e entrega de certificados, testemunhamos os depoimentos de

professores, monitores e alunos. Todos foram unanimes em professar a satisfação em

ver o crescimento intelectual, humano e técnico dos formandos.

As palavras de Franz Linares Viza, Felix Mendoza Achumiri e Maria Luisa Arce

sublinharam a qualidade das aulas ministradas, a preocupação sempre presente com

o desenvolvimento profissional e a importância dada a cada aluno. Complementando

esses dizeres, ouvimos a saudação e os agradecimentos, em Português e em

Francês, do haitiano Dorsmann Exantus Santos que está no Brasil há seis meses e

frequentou o curso de português na região do Brás.

O coordenador do CAMI, Roque Pattussi, falou da importância da cidadania

ativa para a conquista dos direitos e do empoderamento dos imigrantes e apresentou

os cursos que serão ministrados pelo CAMI em 2015.

Agradecemos a todos pela formação de mais um grupo de alunos, pela

presença de seus familiares e amigos, conscientes que o trabalho foi orquestrado por

muitas mãos. Missão cumprida, encerrou-se a celebração com a apresentação dos

grupos de música e da grandiosa cantora salvadorenha, Celina Castro.

A todos e a todas que colaboraram para que esse projeto se realizasse, nosso

muito obrigado. Prossigamos nossa missão caminhando rumo a 2015.

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Além do aprendizado tradicional, os cursos abrangem conteúdos na linha da

formação para a cidadania, viabilizando o engajamento dos imigrantes nas lutas pelos

direitos.

RETROSPECTIVA – RESUMO 2014

Em breves pinceladas, fizemos uma retrospectiva para relembrar eventos significativos, situações e fatos que perpassaram o dia a dia dos imigrantes e o trabalho realizado pelo CAMI, neste ano que se encerra. 1. Atendimento jurídico para a regularização migratória A situação de indocumentados traz grandes limitações para a inserção dos imigrantes na sociedade brasileira, especialmente no que se refere a acesso a emprego, moradia, saúde e educação. A maioria dos imigrantes vive em situação de vulnerabilidade, caindo, muitas vezes, nas malhas do trabalho escravo e do tráfico humano, sempre enganados por falsas promessas. Pelo fato simples de não terem muitas escolhas e até por medo de serem deportados para seus países de origem, há muita dificuldade em denunciar as situações de exploração a que são frequentemente submetidos. Em busca de regularização migratória, passaram pelo CAMI, neste ano de 2014, mais de cinco mil imigrantes, na maioria homens, que também aproveitaram para regularizar a documentação de toda a família. Existem muitos casos de famílias que moram há mais de oito, dez anos no Brasil e que ainda não colocaram em dia a documentação, o que gera dificuldades na hora de inscrever os filhos nas escolas e creches. Para orientação jurídica e social, as demandas mais frequentes foram em relação a acordos trabalhistas e situações de violência doméstica, especialmente contra mulheres e crianças. Nessa demanda, foram atendidos mais de 300 casos. Esteve também presente a questão do trabalho degradante e escravo. O Ministério Público do Trabalho e Emprego, através de denúncias anônimas, libertou, em 2014, mais de 40 pessoas nessas condições. Outra dificuldade enfrentada pelos imigrantes foi a demora na obtenção da carteira de trabalho. Quase não há vaga de agendamento no sítio do Ministério do Trabalho e Emprego e o tempo de espera é de cerca de seis meses. Diante dessa situação, como exigir trabalho decente, sem exploração, registrado em carteira, conforme a legislação determina? Grande contingente de imigrantes, especialmente bolivianos, paraguaios e peruanos, busca ocupação na indústria têxtil, principalmente na área de confecção de roupas, mercado sempre aquecido na Grande São Paulo. O destino da maioria desses jovens trabalhadores são as oficinas de costura. A situação das oficinas e as condições de trabalho e higiene quase sempre deixam muito a desejar. Pelos relatos dos agentes visitadores de oficinas e dos agentes voluntários multiplicadores de base, em muitas oficinas as condições

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de trabalho são sub-humanas. É quase regra se trabalhar de 12 a 14 horas. Como o pagamento se dá por produção, não há acertos de horas extras. O que se ganha por peça produzida também é muito pouco, há muita concorrência e deslealdade nesse mercado. O salário médio de um trabalhador, mesmo com uma carga extenuante de trabalho, não ultrapassa mil reais mensais. Neste ano de 2014, mais de 600 oficinas foram visitadas. Os agentes visitadores divulgam oportunidades para os imigrantes, como cursos profissionalizantes e informações para a regularização de oficinas, disponibilizando, inclusive, a visita de um técnico de segurança no trabalho para melhorar as condições ambientais da oficina. Segundo os relatos, especialmente em regiões mais distantes, nas periferias, há cerceamento da liberdade, transformando o local de trabalho em uma espécie de cárcere privado. Em muitos casos, os documentos são retidos e os trabalhadores intimidados pelos donos de oficinas a não se comunicarem com estranhos nem saírem às ruas. Outro campo de insegurança é a situação das mulheres e crianças. Apesar do

aumento crescente da imigração feminina, no Brasil praticamente inexistem

políticas específicas de proteção aos direitos das mulheres e isso as torna

muito vulneráveis. Embora haja esforços e existam algumas redes de proteção

e acolhimento, diante do expressivo aumento dos casos de violência

doméstica, por exemplo, há muito que avançar. São mais frequentes do que

imaginamos a realidade de mulheres, muitas vezes mães, sendo abandonadas

pelos companheiros, que colocam outra mulher em seu lugar. Nessas

situações de abandono, a mulher tem que assumir sozinha os filhos e as

tarefas laborais. No âmbito da prevenção e saúde também existem muitas

dificuldades. Relatam com frequência que não são bem atendidas quando

buscam esses serviços.

Essas situações relacionadas à mulher imigrante afloraram claramente nas

rodas de conversa e no seminário realizado em 2014, onde surgiram propostas

de organização de grupos para o fortalecimento da consciência dos direitos e

busca de autonomia.

2. Superar barreiras de interação e socialização

Visando superar barreiras e proporcionar a convivência e a socialização na

sociedade brasileira, foram disponibilizadas oportunidades de curso de língua

portuguesa e cidadania. Um forte agradecimento aos parceiros, sensíveis à

causa, que contribuíram decisivamente para que essa ação fosse levada

adiante.

Locais dos cursos disponibilizados nos bairros:

Pari: paróquia Santo Antonio (SEFRAS).

Bom Retiro: paróquia Maria Auxiliadora (Salesianos).

Belenzinho: Igreja Batista (evangélicos).

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Brás: Escola E. Padre Anchieta;

Jardim Brasil: Escola Estadual Professora Veridiana C. Carvalho Gomes;

Casa Verde: EMEF Comandante Garcia D’Ávila;

Artur Alvim: Escola E. Professora Maria Augusta de Ávila

Vila Maria Alta: Igreja Santa Zita (diocesanos);

Carapicuíba: Escola Municipal Nain Molina do Amaral.

Sede do CAMI: Igreja Santuário das Almas, (Sagrado Coração de Jesus).

O olhar dos alunos

A principal motivação manifestada pelos alunos ao ingressarem nos cursos de

língua portuguesa e cidadania era superar o choque linguístico, o medo de

cometer erros por não saber o significado correto das palavras, a angustia por

não conseguir estabelecer interlocução com os não falantes de língua

hispânica e o desejo de se comunicar corretamente no idioma português. Uma

parcela bem reduzida desejava aperfeiçoar o conhecimento linguístico para dar

prosseguimento aos estudos e à carreira profissional.

Nas conversas que tivemos ao longo do ano, os(as) alunos(as) afirmaram que

obtiveram melhora e destreza para empregar os recursos linguísticos orais e

escritos. As estratégias e materiais pedagógicos utilizados nos cursos foram

preparados para favorecer a desinibição e a incorporação de conteúdos

necessários ao seu dia a dia. Os cursos viabilizaram também uma percepção

mais adequada de comportamentos e expressões da fala cotidiana. As visitas

pedagógicas realizadas trouxeram coesão ao grupo e viabilizaram o

conhecimento de espaços culturais até então desconhecidos. A relação

interpessoal com as professoras e com os colegas ajudou-os a não desistirem.

Outra ação importante, o Projeto Escola da Diversidade Cultural, cujo foco é o

combate à xenofobia, à discriminação e ao bullying nas escolas ,aconteceu em

cinco escolas públicas: Escola Estadual Eduardo Prado, Brás; Escola Estadual

Padre Anchieta, Brás; Escola Municipal Profa. Nai Molina do Amaral,

Carapicuíba; EMEF Comandante Garcia Dávila, Casa Verde e Escola Estadual

Profa. Maria Augusta de Ávila, Artur Alvim.

Diretores, coordenadores pedagógicos e até alguns professores referem que

gostaram das ações de arte-educativas realizadas com os alunos, do conteúdo

das palestras ministradas aos docentes e dos momentos de integração entre

famílias de imigrantes e nacionais, sobretudo em relação ao conteúdo

programático e a metodologia do Projeto.

A inclusão digital (informática) e o curso profissionalizante de modelagem

foram bastante procurados pelos imigrantes. Mais de 200 jovens aproveitaram

para se capacitar, com o objetivo de conseguir melhores oportunidades de

trabalho.

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Eventos e mobilizações diversas

Foram realizados também diversos eventos em parceria com a Praça Kantuta. Lembramos também o 1º de maio, dia do trabalhador, quando um grupo de imigrantes esteve presente na celebração organizada pela Pastoral Operária na catedral da Sé, símbolo de resistência e pluralismo e palco de lutas históricas por direitos humanos e democracia. Participamos também da Assembleia Popular sobre educação quando, através do microfone aberto, os imigrantes denunciaram situações de discriminação e o bulling nas escolas. O Festival de Música e Poesia do Imigrante, com o tema migração, trabalho escravo e tráfico de pessoas, contou com a participação de muitos jovens, mulheres e crianças que expressaram nas canções, versos e prosa, uma leitura de suas próprias vidas. Prosseguindo a caminhada por mais cidadania, reafirmamos a união dos povos pela superação da pobreza e da exclusão, com a realização do Grito das/dos Excluídos Continental, na Praça Kantuta. Onze países da América Latina se fizeram ouvir, clamando a união dos povos para uma Pátria Grande Latino-Americana livre e soberana, condutora dos destinos de seus povos. Coroando as lutas do ano, a 8ª Marcha dos Imigrantes levou às ruas um forte protesto, reivindicando o reconhecimento e a igualdade de direitos de todas e todos os imigrantes que se encontram no Brasil. Neste ano de 2014, a agenda do poder público, nas três esferas de poder, contemplou alguns avanços em relação aos imigrantes, como a realização da 1ª Conferência Municipal de Migração, a criação da Controladoria dos Imigrantes no município de São Paulo, a Conferência Nacional de Migração e Refugiados, entre outros. Recentemente, a prefeitura de São Paulo passou a incluir os imigrantes no programa bolsa família. O Centro de Integração da Cidadania, CIC do imigrante, criado neste ano pelo governo do Estado de São Paulo, disponibilizará uma série de serviços como emissão de CPF e carteira de trabalho, abertura de contas correntes, atendimento jurídico e cursos de capacitação profissional e língua portuguesa. A Casa de Passagem Terra Nova da Secretaria da Cidadania e Justiça do Estado e o Centro de Acolhida para Imigrantes da Prefeitura também irão facilitar um pouco a vida dos imigrantes que chegam a São Paulo. O CAMI se fez presente assiduamente nas conferências do Mercosul Social, que se abre à participação popular e representa um importante espaço de interação e construção democrática de propostas de política migratórias no âmbito do bloco. O trabalho, realizado em equipe, com a parceria e acolhida generosa da Igreja Santuário das Almas dos padres Sagrado Coração de Jesus e diversos colaboradores e instituições, contou com a participação de muitos voluntários,

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a quem expressamos nosso profundo agradecimento. Que prossigamos, no decorrer de 2015, atuando e abrindo espaço a largos passos para o protagonismo dos imigrantes nas lutas por reconhecimento social, direitos e cidadania.

13. ASSESSORIAS, REDES E PARCERIAS

13.1 Coletivo de saúde do imigrante na Supervisão Penha /SP.

Em continuidade às reuniões ocorridas em anos anteriores na Coordenadoria

de Educação e da Subprefeitura da Moóca, estivemos presentes com

representantes de diversos setores da saúde e instituições da sociedade civil,

como o CAMI e a Coordenadoria de Políticas Migratórias com a presença de

imigrantes onde foram tratados diversos temas relacionados às dificuldades

dos imigrantes para terem o completo acesso à saúde e acompanhamento de

seus tratamentos.

Foram apresentados avanços acontecidos no processo deste coletivo, seja

com a sensibilização dos agentes de saúde, seja com a informação às

comunidades de imigrantes de quais os seus direitos, garantias e facilidade de

acesso, gerando aumento considerável de atendimentos e acompanhamento

de todos os tipos de casos que necessitassem de cuidados.

Ficou encaminhado que um grupo menor se reuniria para dar continuidade a

este processo democrático de atuação e para se chegar à conclusão de

algumas propostas de políticas migratórias de saúde do município de são

Paulo a serem entregues ao Secretário de saúde, após a aprovação do coletivo

em uma próxima reunião. Data da reunião, 23 de janeiro de 2014.

13.2 Articulação com a CUT

Com o objetivo de continuar e ampliar as parcerias com a CUT e os imigrantes,

no campo da formação, divulgação dos direitos, encontros e mobilizações dos

imigrantes o CAMI reuniu-se por diversas vezes com representantes da CUT,

especificamente com a equipe de Relações Internacionais, para apresentar e

debater situações e acontecimentos da migração no Brasil e especificamente

em São Paulo como formas de apoio e continuidade da parceria junto as

comunidades imigrantes especialmente nas questões de trabalho. Esta

parceria é importante para que a CUT paute a questão migratória e dos

trabalhadores imigrantes em sua agenda.

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13.3 Articulação e Parceria com o Ministério Público do Trabalho e

Ministério do Trabalho e Emprego

Durante o ano de 2014 houve várias reuniões entre CAMI e representantes do

Ministério Público do Trabalho para tratar diversos assuntos referente a

parcerias e apoio a projetos e atividades junto aos imigrantes bem como

demonstrar o desenvolvimento de atividades e resultados decorrentes aos

apoios de TACs (Termo de ajuste de Conduta), bem como informações e

prestação de contas. Ademais, também houve tratativas de futuras ações e

possíveis parcerias que seriam para o fortalecimento de ações junto aos

imigrantes na ampliação do atendimento, assessoria jurídica e fortalecimento

das atividades já em andamento do CAMI. na reunião realizada em 20 de

março, acrescentamos a ideia de atuar na capacitação dos imigrantes através

de dois cursos de modelagem e apresentamos o problema da demora em

obtenção das carteiras de trabalho para imigrantes, perdendo assim a

oportunidade de ter um trabalho formal, nesse sentido o procurador Luiz Fabri

solicitou um oficio indicando o problema para que ele pudesse oficiar o

Ministério do Trabalho sobre essa situação.

Resgate de Trabalho Escravo - Em 19 de Fevereiro, inicia processo de

resgate de um grupo de 19 imigrantes de Trabalho Escravo resgatados pelo

Grupo de Enfrentamento ao Trabalho Escravo. O CAMI foi chamado para após

o resgate, fazer o acompanhamento, informação e os trâmites de

documentação, caso precise. Num primeiro momento foi apresentado ao MTE,

em reunião, as atividades que realizamos em favor dos imigrantes, bem como

o que foi feito às vitimas de Trabalho Escravo nos resgates anteriores. Fizemos

a preparação da documentação de cada um deles/as e marcamos outros

momentos na sede do CAMI, tanto para dar continuidade ao processo de

documentação dos resgatados, como também para preparar os documentos

necessários para cada um/a poder receber a rescisão; abertura de conta em

banco, etc, sem correrem riscos. Com este grupo, todos peruanos, tivemos

muitas dificuldades, pois estava sendo pressionado pelos donos da oficina que

trabalhavam a não dizerem a verdade. Tivemos que realizar diversas reuniões

com o grupo para finalizar o pagamento das rescisões. Foi o grupo que tivemos

mais dificuldades de concluir o caso, pois passavam falsas informações

ocultando, muitas vezes a verdade. O advogado teve que fazer um

desdobramento e tanto para acompanhar o grupo.

Em 18 de março, houve acompanhamento, pelo CAMI, do caso dos imigrantes

resgatados em Itaquaquecetuba e apoiando com cestas básicas para que os

imigrantes tivessem ao menos o que comer, após o resgate. Viviam em um

ambiente completamente degradado e com trabalho degradante.

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Seminário - Trabalho Escravo, Construção e o Papel do Arquiteto na Defesa

dos Direitos Humanos. Em contato com a Faculdade de Arquitetura - Escola da

Cidade, fechamos uma data para que a COETRAE (Comissão de

Enfrentamento ao Trabalho Escravo do Estado de São Paulo) integre um dos

seminários. A proposta é de difundir conhecimento sobre o tema para alunos

de arquitetura, falando de responsabilidade social e das leis no Brasil e em

SP. No auditório da Aliança Francesa, o CAMI participou juntamente com

membros da COETRAESP de um momento de sensibilização e debate sobre o

tema da migração - Tráfico de pessoas e Trabalho escravo no Brasil,

especialmente em São Paulo, com alunos que atuam em diferentes projetos no

Brasil e exterior. O encontro foi em 26 de março de 2014.

CPI do Trabalho Escravo na ALESP, numa mesa composta por Deputados

Estaduais, membros da CPI e autoridades consulares e da Secretaria da

Defesa da Justiça e da Cidadania de SP, o CAMI foi convidado a fazer uma

exposição sobre as condições de vida e de trabalho dos imigrantes que vivem

em são Paulo. Trazer em debate a realidade da exploração vivida pelos

imigrantes, das perdas que os acompanham desde a omissão das autoridades

dos países de origem, onde muitas vezes se tornam presas fáceis e

vulneráveis de Traficantes de Pessoas ainda na origem, transito e destino, bem

como o aproveitamento dos donos de oficinas com relação ao desemprego nos

países de origem, para trazerem pessoas com possibilidades de serem

exploradas ou colocadas em situação de trabalho escravo no destino. Na

exposição ficou clara a posição que o CAMI defende em relação aos jovens de

que deveriam estudar e se prepararem para um futuro melhor e que muitos

acabam sendo cooptados para serem mão de obra barata de grandes

empresas que terceirizam, quarterizam ou quinterizam o trabalho têxtil através

de fornecedores que utilizam esse método para explorar mais os imigrantes.

Esse debate ocorreu em 30 de abril de 2014.

Convite para reunião da CPI - 30/abr/2014 Prezado Roque Pattussi, Segue anexada cópia do convite referente à reunião a ser realizada no dia 30/abr/2014 pela Comissão Parlamentar de Inquérito constituída com a finalidade de apurar a exploração do trabalho análogo ao de escravo em atividades econômicas de caráter urbano e rural, no âmbito do Estado de São Paulo. Apenas para formalizar, peço que, por gentileza, confirme sua presença respondendo a este e-mail. Atenciosamente, Roberto Takeo - Secretário da CPI. AMATRA (Associação dos Magistrados do Trabalho), o CAMI participou do

evento e foi convidado a falar da realidade dos imigrantes, desde sua origem,

seu caminho para chegar até o Brasil e os diversos tipos de exploração que

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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sofrem os mesmos quando caem nas mãos de exploradores. Houve muita

participação e um público muito atento a cada comentário realizado ou a cada

experiência de cidadania em resposta aos problemas que sofrem os

trabalhadores imigrantes. Partindo da experiência de colocar-se no lugar do

outro, daquele que é traficado para entender o sofrimento e os problemas que

vive quando submetido a tais condições deixando marcas físicas e psíquicas

até encontrar apoio de alguma instituição que o ajude, apoie no sentido de

resgatar a dignidade da pessoa oportunizando uma nova esperança e

experiência na vida. O evento aconteceu em 16 de maio de 2014.

Em um seminário organizado pela Secretaria Nacional de Justiça e o ICMPD

( International Centre for Migration Policy and Development) buscou apresentar

os resultados da pesquisa sobre o atendimento ao imigrante no Brasil. O

projeto Migrações Transfronteiriças tem como objetivo fortalecer a capacidade

do Governo Federal Brasileiro para melhor gerir os fluxos migratórios, com foco

na assistência e integração laboral de grupos vulneráveis, como os retornados,

migrantes e as potenciais vítimas de Tráfico de Pessoas. Nesse evento as

instituições convidadas e presentes puderam apresentar o que fazem em

beneficio dos imigrantes e ao mesmo tempo qual contribuição no campo de

proposta para que o governo possa ter uma boa atuação em tratando-se de

fronteiras a fim de implementar ações eficazes e ou postos avançados de

atendimento humanizado ao migrante nas fronteiras. Estavam presentes

membros do governo, da Sociedade Civil e Imigrantes. Ficou evidente que

nosso trabalho como sociedade civil tem ainda pouco alcance. Não temos

como responder a maior parte dos problemas da migração e suas demandas,

até mesmo no campo da informação de seus direitos, uma vez que está no

Brasil. O seminário ocorreu em 05 e 06 de maio de 2014.

Em alusão à Semana Nacional de Mobilização pelo Enfrentamento ao

Tráfico de Pessoas, o MPT/SP promoveu um debate para ampliar o

conhecimento e a mobilização da sociedade, das instituições públicas e

privadas e das redes para o enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. O debate

ocorreu no prédio do MPT na Rua Cubatão. A equipe do CAMI esteve presente

como forma de receber novas informações do tema e passar por um momento

de formação e capacitação de seus agentes participando do debate com

colocações e experiências do trabalho. No sentido de aprofundar o tema, a

advogada Marina Novaes apresentou sua experiência de trabalho combate ao

Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas e as vulnerabilidades que sofrem os

imigrantes; já o Renato Bignami, fiscal do trabalho, apresentou os tratados

internacionais sobre o Tráfico de Pessoas e a inter-relação entre o Tráfico de

Pessoas e o Trabalho Escravo. Outro tema debatido foi a sedução usada pelos

traficantes para a submissão primeira das vítimas. O debate contou com a

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preciosa mediação da Dra. Christiane Vieira Nogueira. O evento aconteceu em

01 de agosto de 2014.

Lançamento de Pesquisa – Tráfico de Pessoas, a ONG Repórter Brasil realizou lançamento em São Paulo da pesquisa “Tráfico de pessoas na mídia brasileira” e o “Guia para jornalistas com referências e informações sobre enfrentamento ao tráfico de pessoas”. Na ocasião, foi convidado o coordenador do CAMI para uma mesa de debates sobre o tema como um dos debatedores com a presença de:

Carlos Bezerra Jr (deputado estadual, criador da Lei Paulista de Combate ao Trabalho Escravo);

Eloísa Arruda (secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania dos Estado de São Paulo);

Fernanda dos Anjos (diretora de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação da Secretaria Nacional de Justiça do MJ);

José Guerra (secretário executivo da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo);

Leonardo Sakamoto (coordenador da Repórter Brasil); Luiz Fabre (membro da coordenação nacional de erradicação do

trabalho escravo do Ministério Público do Trabalho - MPT); Luiz Machado (coordenador do projeto de combate ao trabalho escravo

da Organização Internacional do Trabalho- OIT); Nívio Nascimento (oficial de campanhas da UNODC), Renato Bignami (membro do programa de erradicação do trabalho

escravo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em São Paulo);

Rogério Sotilli (secretário de Direito Humanos do Município de São Paulo);

Roque Pattussi (coordenador do Centro de Apoio ao Migrante - CAMI).

As duas publicações em questão fazem parte do projeto intitulado “Estratégias

para incentivar e apoiar o debate público qualificado sobre tráfico de pessoas”,

que contou com o apoio do Ministério da Justiça e do Escritório das Nações

Unidas sobre Drogas e Crime – UNODC. A equipe do CAMI se fez presente

como um momento de formação e unidade de trabalho realizado pelo Repórter

Brasil, COETRAE e NETP. O lançamento aconteceu no auditório da Secretaria

de Justiça de São Paulo, no Pátio do Colégio, 184, Centro no dia 11 de abril de

2014.

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13.4 AÇÃO EM REDES COMTRAE- (Comissão de Combate ao trabalho Escravo do município de São Paulo), Instituída pela Prefeitura no dia 7 de outubro de 2013, a COMTRAE/SP tem como objetivo unir setores da sociedade – empresários, governo e trabalhadores – para prevenir e combater o trabalho escravo. Com a sua criação, São Paulo tornou-se a primeira cidade do País a ter uma comissão para a erradicação desse tipo de crime, que está sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), por meio da Coordenação de Promoção do Trabalho Decente. No dia da posse dos representantes da COMTRAE, o secretario de Direitos Humanos ressaltou que sua composição paritária é significativa porque reforça o compromisso da Sociedade Civil e do Governo para um importante fórum de debate na construção de políticas e do plano municipal de enfrentamento ao trabalho escravo, em articulação com o 2º Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, e o 2º Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Foi lida a portaria de nomeação dos membros da COMTRAE e em seguida as assinaturas. Com Reuniões mensais sempre na primeira segunda feira útil do mês, das 10h às 13h e tendo como prioridades para o ano o Regimento Interno e a Construção do Plano Municipal de Erradicação do Trabalho Escravo. O regimento interno foi aprovado já na segunda reunião quando se começou a construção do Plano Municipal que foi finalizado e encaminhado para aprovação e sanção do Prefeito Fernando Haddad. O cami participou ativamente em todas as reuniões durante o ano de 2014. Encontro da CONATRAE com as COETRAEs em São Paulo. Após a

abertura oficial, foram apresentadas algumas reflexões sobre o Trabalho

Escravo como: a revelação do trabalho escravo depende do foco da

fiscalização; libertar do trabalho escravo não significa erradicar o problema; o

trabalho escravo produz um sistema de ganancia, miséria, impunidade que é o

tripé do Trabalho Escravo. Após a libertação ou resgate, o ciclo recomeça

novamente para a maioria deles, pois retornam à mesma condição de

vulnerabilidade e exploração laboral. O trabalho está sendo eficiente antes da

fiscalização, após a mesma, o sistema não funciona. O crime do Trabalho

Escravo só responde a processo trabalhista e não penal. Não existem

programas de redução da vulnerabilidade nas origens. Faz-se necessário

organizar a estrutura do antes, durante e depois da fiscalização. Por outro lado

é necessário garantir independência e sustentabilidade do grupo móvel. Após a

fiscalização é necessário punir, reparar e integrar as vítimas. Desafios:

Instâncias adequadas entre o poder público e os atingidos; superar o

engessamento à fiscalização; Trafico de Pessoas quase sempre está ligado ao

Trabalho Escravo, por fim ratificar a Convenção da ONU para a Proteção dos

Trabalhadores Migrantes e Membros de suas famílias. Pelo fato do trabalho

escravo estar intimamente ligado à historia do Brasil, a luta para a erradicação

deverá ser constante e sem tréguas. Trabalho Escravo é sintoma de uma

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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sociedade doente, basta saber se continuamos com paliativos ou resolver o

problema? Foi recordado o Artigo 5 da Constituição Federal que diz: os

brasileiros e estrangeiros têm os direitos iguais. Após este momento, as

COETRAEs de cada Estado tiveram um tempo limitado para apresentar como,

o que faz e dificuldades que enfrentam. Foi muito importante estar presente e

ver como temos pessoas e instituições, em diversos estados do Brasil atuando

com o trabalho de erradicação do tráfico de pessoas. O evento ocorreu em 10

e 11 de novembro de 2014

COETRAE/SP (Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo). Essa

comissão tem as atribuições:

I - avaliar e acompanhar as ações, os programas, projetos e planos relacionados à

prevenção e ao enfrentamento ao trabalho escravo no Estado de São Paulo, propondo

as adaptações que se fizerem necessárias;

II - acompanhar o cumprimento das ações constantes do Plano Estadual para a

Erradicação do Trabalho Escravo, propondo as adaptações que se fizerem necessárias;

III - elaborar e aprovar seu regimento interno;

IV - acompanhar a tramitação de projetos de lei relacionados com a prevenção e o

enfrentamento ao trabalho escravo;

V - avaliar e acompanhar os projetos de cooperação técnica firmados entre o Estado de

São Paulo e os organismos internacionais que tratem da prevenção e do enfrentamento

ao trabalho escravo;

VI - recomendar a elaboração de estudos e pesquisas e incentivar a realização de

campanhas relacionadas ao enfrentamento ao trabalho escravo;

VII - apoiar a criação de comitês ou comissões assemelhadas nas esferas regional e

municipal para monitoramento e avaliação das ações locais;

VIII - manter contato com setores de organismos internacionais, no âmbito do Sistema

Interamericano e da Organizações das Nações Unidas, que tenham atuação no

enfrentamento ao trabalho escravo;

IX - articular, com os órgãos do Poder Judiciário e com as autoridades administrativas

competentes para fiscalizar e apurar a prática de conduta que configure redução de

pessoa à condição análoga à de escravo, o encaminhamento à Secretaria da Fazenda,

das informações necessárias à instauração de procedimento administrativo de cassação

da eficácia da inscrição de estabelecimento no cadastro de contribuintes do ICMS, nos

termos da Lei nº 14.946, de 28 de janeiro de 2013, e disciplina correlata.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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Durante o ano de 2014, o CAMI atuou e participou ativamente em todas as reuniões

enriquecendo os debates, bem como levando as demandas e necessidades dos

imigrantes alusivas com o tema e compromisso dessa comissão.

NETP (Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas) - O que é?

É o setor da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania que atua na difusão e promoção das diretrizes dos Programas de Direitos Humanos e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas nos termos dispostos no Decreto Estadual 60.047/2014, contando, para isso com equipe designada pelo Gabinete da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania com o Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Comitês Regionais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.

O que faz?

O Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas trabalha para promover o encaminhamento de casos de tráfico de pessoas para atendimento das demandas de assistência integral às vítimas junto aos órgãos competentes nas esferas de governo municipal, estadual e federal; apresentar propostas de instalação de Comitês Regionais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, em conformidade com o disposto neste decreto; exercer a secretaria executiva e coordenar as atividades do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, bem como dos Comitês Regionais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas; acompanhar, orientar e avaliar os trabalhos do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e dos Comitês Regionais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas; auxiliar no diálogo entre as instituições que integram o Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e os Comitês Regionais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, visando ao cumprimento das diretrizes do Programa de que trata este decreto; fomentar a criação de Postos Avançados de Atendimento Humanizado ao Migrante, que deverão estar localizados em locais de trânsito interno brasileiro e/ou regiões de fronteira em todo o Estado; integrar atividades, trabalhos e ações em parceria com as demais coordenações da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, bem como com as demais Secretarias de Estado, com o fim de fortalecer o Programa Estadual de Direitos Humanos; representar o Estado de São Paulo, conforme determinação do Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, em âmbito nacional ou internacional, em eventos que tenham como tema o enfrentamento ao tráfico de pessoas.

Tanto a COETRAE como o NETP já possuem uma longa caminhada de atuação no

enfrentamento ao Trafico de Pessoas e ao trabalho Escravo e este é um grande

diferencial e o outro diferencial está relacionado com seus membros, que enriquecem

muito os debates e as buscas de soluções. Por estas comissões foram debatidos temas

como apoio e aprovação da Lei Bezerra na sua integra e passando pela COETRAE

indicação de cassação ou não do ICMS das empresas autuadas com trabalho escravo e

temas como o tráfico de haitianos, dominicanos, o trabalho escravo além da área têxtil,

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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começa a se ramificar na construção civil, nos abatedouros de animais (frigoríficos) que

passam a utilizar mão de obra imigrante. Com isso crescem as demandas e os resgates

de trabalho escravo. As ações dos órgãos responsáveis aumentam para coibir essa

prática e preservando a imagem dos imigrantes, criando caminhos de proteção à

integridade física dos mesmos através de abertura de conta para cada resgatado,

nascem muitos Postos de Atendimento e Núcleos dentro do Estado de São Paulo,

criando assim, uma rede de proteção às vitimas ou a pessoas em situação de

vulnerabilidade. Houve participação maior nos resgates e atuação conjunta com a

sociedade civil nos mais diversos casos apresentados tanto para a COETRAE como

para o NETP. Destes espaços nasce a necessidade e a proposta da criação de um

abrigamento no Estado de São Paulo e também o concretização do sonho de um CIC

Imigrantes, (uma espécie de poupatempo dos imigrantes). Foi finalizado o Plano

Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo e realizados vários seminários e criados

vários espaços de reflexão sobre o Trabalho Escravo e o Tráfico de Pessoas. Com

reuniões mensais e com grande participação de todos os seus membros. Destacamos

que a Secretaria da Defesa da Justiça e da Cidadania sempre tinha as portas abertas

para em qualquer momento apresentarmos demandas tanto de Trabalho Escravo como

de Tráfico de Pessoas nos deixando ao par de cada caso e de todos os

encaminhamentos realizados.

Rede Interinstitucional em Prol do Imigrante - SP.

Esta Rede é um coletivo formado por diversas Instituições criada para ter um canal

independente para solucionar problemas enfrentados pelos imigrantes.

Quem compõe este coletivo? - CAMI, Cáritas, Missão Paz, casa do Migrante, ITTC,

Bolívia Cultural, Iddab, membros do Núcleo de Enfrentamento ao tráfico de pessoas,

Cone, Mackenzie, Patronato Inca/ CGIL, Núcleo de Projetos/ CMDH, Refugees United,

Casa de Acolhida Nossa Srª Aparecida, Forum Africa/ Cabeça Falantes, DPU, Secr. de

Adm. Penitenciária – Reintegração, Prefeitura Guarulhos, Coordenadoria de Igualdade

Racial Pref. Guarulhos, Associação Caritativa, DPU/GRU, Rede Apoio Imigrante GRU,

Instituto Pró Cidadania, Cruz Vermelha, Casa Nova Terra-casa de acolhida do Estado

de São Paulo e Sefras. As primeiras reuniões acontecidas no ano de 2014 tiveram como

foco a Conferencia Nacional de Migração. A Rede fez algumas reuniões ponderando

sobre como participar, quem estar na comissão organizadora em nome da Rede e

também como criar Conferências Livres nas instituições membras da Rede. Propostas

discutidas na rede:

Avaliação da COMIGRAR - Conforme manifestações dos presentes:

A realização da COMIGRAR demonstra que a temática de migração e refúgio passou a fazer parte da agenda do governo, devemos aproveitar o momento político favorável

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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para demandar os avanços que queremos. Por outro lado, percebeu-se um vácuo entre o processo da Conferência Municipal de São Paulo e a COMIGRAR. Na Conferência Municipal foram discutidas propostas, definidas prioridades e foi gerado um documento final. Foi o início de um processo de politização dos migrantes e refugiados e estimulou o surgimento de lideranças. Já a COMIGRAR pode ser considerada uma cerimônia festiva, não houve qualquer discussão ou apontamento de prioridades. As propostas foram mal compiladas, aparentemente a pessoa que o fez não tinha conhecimento sobre os temas discutidos e não acompanhou as conferências livres e os históricos das propostas. A COMIGRAR gerou frustração nos delegados e foi negativa sob o ponto de vista de politização dos migrantes e refugiados. Há dúvidas com relação à continuidade do CASC. Continuidade da Comigrar - Compreende-se o complicado momento do governo federal, então foca-se no municipal, já que houve um bom retorno da Conferência Municipal, tendo sido um evento válido, rico e sobre o qual deve haver continuidade. Propõe-se um novo evento para que haja a criação de um plano municipal para migrantes e refugiados, com base nas propostas da Conferência Municipal e da COMIGRAR, cujo nome inicial dado é “CONFERIR”. Para que isso ocorra, é necessário sistematizar as propostas que surgiram na Comigrar, das quais 56 foram tidas como prioridade. Destas, elegerão aquelas de cunho municipal para elaborar o plano. Um plano municipal funcionaria, pois, como um incentivo ao surgimento de um posterior plano estadual e nacional, já que estimularia o debate. As propostas deveriam ser sistematizadas pelo EpM, para que a sistematização fosse feita de maneira distinta à que ocorreu na Comigrar, ou seja, feita por pessoas que tenham conhecimento no assunto. Guilherme Otero da prefeitura enviaria todas as propostas que surgiram por e-mail, resgatando-as, para que haja a sistematização. - No dia 28 de Julho o EpM poderá dar uma confirmação quanto à sistematização das propostas. AÇÕES PROPOSTAS PARA 2014

Retomar propostas da Conferência Municipal e separá-las por área (educação, saúde, habitação, assistência social, etc);

Estimular a retomada das discussões de escolha de prioridades para a adoção de um Plano Municipal de Integração para Migrantes e Refugiados, com a participação dos delegados e grupos de migrantes e refugiados (retomada do processo de politização);

Reunião com Sottili e Paulo Iles para apresentar as nossas prioridades e pedir a criação do Plano Municipal;

Reunião com delegados e representantes de secretarias, para que apresentem o que foi feito por cada secretaria e o que pode ser feito.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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Prioridades para 2014

(i) Discussão sobre PL

Proposta de reunião com Deisy Ventura (Vivian envia email)

Estudo da ultima versão do Anteprojeto para definir estratégias de acompanhamento

Daniel (DPU) vai verificar qual versão tem sido utilizada em conversa entre DPU, DPF e Ministério da Justiça

(ii) Situação no conector do Aeroporto de Guarulhos a. Foi mencionada a idéia de colocar cartazes que explicam os direitos dos

migrantes e refugiados no Brasil (iii) Demandar criação de políticas e acesso à direitos de forma igual para os

migrantes e refugiados, independentemente de nacionalidade (repúdio a políticas pontuais e para grupos específicos)

(iv) Educação (dificuldade de renovação de vistos no Brasil/ exigência da PUC de reconhecimento de diploma de graduação para estrangeiros que cursam pós-graduação – avaliar possibilidade de falar com Arcebispo)

(v) Retomar propostas da Conferência Municipal, definir prioridades e estimular a adoção de um Plano Municipal de Integração para Migrantes e Refugiados.

(vi) CNIG a. Dificuldade de acesso de organizações de São Paulo b. Concessão de visto quando é solicitada permanência c. Dificuldade para pessoas cuja solicitação de refúgio foram enviadas ao

CNIG, mas não possuem passaporte. d. AÇÃO PROPOSTA: pedir reunião com Paulo Sérgio para discutir as

dificuldades acima.

Outras iniciativas propostas na REDE:

Proposta de reunião sobre emissão de Carteira de Trabalho (CTPS) com presença de Medeiros (Superintendência em SP) e Luiz Fabri. Além da demora na emissão de CTPS, falar sobre dificuldade para resgatar o PIS.

Ofício para DPU ampliar o atendimento trabalhista para pessoas vulneráveis (Eliza faz rascunho)

Ofício de apoio da REDE ao tratamento de migrantes com atenção às necessidades específicas e diversas das necessidades de moradores de rua (Vivian faz rascunho). Apoiar criação de abrigo permanente pela Prefeitura.

DPU vai verificar possibilidade de fazer logo para REDE

PARTICIPAÇAO NACIONAL CASC- MIGRANTES DO MJ. O CASC foi criado como um elemento inovador do Ministerio de Justicá e que pode fazer a diferença nos Estados, além de difundir os trabalhos e juntar forças para debates os temas macros da migração e refugio. Será um apoio à COMIGRAR, fortalecimento das propostas da Nova lei de Migração, Ratificação da Convenção da ONU para a Proteção do Trabalhador Migrante e membros de suas famílias, difundir as informações em todos os Estados do andamento e mudanças nas questões migratórias, não deixar engavetar os bons projetos políticos para os imigrantes. Os membros do CASC são indicados da sociedade civil e os delegados da COMIGRAR. Este é um espaço de

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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circulação de informações gerais e especificas sobre as novas correntes migratórias e os problemas que estão enfrentando, é um espaço de organização e mobilização, um grupo de acompanhamento das politicas migratórias do governo, sem deixar de pensar na emigração também e questões conjunturais importantes. A 1ª Reunião do Comitê de Acompanhamento pela Sociedade Civil sobre ações de Migração e Refúgio (CASC-Migrante) foi agendada para o dia 17 de fevereiro, das 9h00 às 18h00. Neste ano dois momentos fortes acontecidos foram: a COMIGRAR – presença da equipe do CASC-Migrantes na preparação, durante o evento e após o evento; segundo o debate das discussões e montagem das propostas da Nova lei de Migração e “Lançamento da PL sobre Migrações e Promoção dos Direitos dos Migrantes no Brasil da Comissão de Especialistas”, que ocorreu às 10 horas do dia 29 de agosto no Ministério da Justiça em Brasília, entregue ao Ministro da Justiça. As reuniões não têm tempo certo nem data certa para acontecer. Reunião Rede Insterinstitucional - No prédio do ONU, nos reunimos como membros

da “Rede Insterinstitucional em Prol do Imigrante”, para realizarmos uma reunião via

Skype com o Sr. Joao Guilherme Granja, chefe do Departamento de Estrangeiros do MJ

para tratarmos do tema que mais vem preocupando as instituições que atuam com os

imigrantes e especialmente os próprios imigrantes: a nova lei de migração. Vimos como

o MJ se situa sobre este ponto e como a sociedade civil poderia ajudar a fortalecer a

ideia da mudança do Estatuto do Estrangeiro e ao mesmo tempo pressionar para que

seja uma lei baseada nos Direitos Humanos. A reunião aconteceu em 21 de agosto de

2014.

Secretaria Geral da Presidência – A reunião com a Secretaria Geral da Presidência

aconteceu em São Paulo para avaliarmos a participação da sociedade civil tanto no

âmbito do MERCOSUL como o da UNASUL. Foram apresentadas avaliações de alguns

dos que se fizeram presentes nos eventos realizados na Venezuela como também o

realizado na Bolívia. Foram apresentadas as diversas dificuldades que enfrentaram os

imigrantes e como a sociedade civil brasileira poderia se unir para fortalecer os temas

comuns com os países interessados em atuar para também fortalecer estes espaços de

lutas e conquistas bem como para aproximar os temas de referencia em todos os países

destes blocos. A reunião foi em 01 de setembro de 2014.

Observatório Brasileiro de Enfrentamento - Em reunião via Skype com os membros

do Observatório Brasileiro de Enfrentamento ao Trafico de Pessoas, estivemos relendo

e agregando propostas para o PL 7370 que está tramitando no Congresso nacional.

Este PL definirá e clarificará o que é o Tráfico de Pessoas e a ampliação das penas

para os traficantes e também propostas de como prevenir e criminalizar esta pratica. Um

elemento importante é o acompanhamento com aparato melhor utilizado nas fronteiras e

abrigamento para as vitimas deste crime. A reunião foi realizada em 30 de setembro

2014.

Conselho Nacional de Imigração (CNIg/MTE) e a Secretaria Municipal de Direitos

Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo convidam para participar da I Oficina

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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de Trabalho sobre Protocolos de Atendimento aos Imigrantes e Inserção no Mercado de

Trabalho. O evento visa à discussão e à proposição de medidas no aprimoramento ou

na adequação dos protocolos de atendimento que vêm sendo utilizados nos serviços de

intermediação de mão de obra junto a imigrantes nos municípios que apresentem

grandes fluxos migratórios de entrada. A edição na cidade de São Paulo será a primeira

de um ciclo mais amplo de oficinas, o qual será realizado em parceria com a

Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Observatório das Migrações

Internacionais (OBMigra). O CAMI se fez presente com dois participantes, aportando

com contribuições especialmente nos grupos de discussão sobre regularização

migratória e inserção no mundo do trabalho. O evento foi em 29 de outubro de 2014.

Entrevista com a Sra. Camila Sombra a qual está fazendo um mapeamento

Institucional normativo, estrutural e analise dos obstáculos para a efetivação do

atendimento e acesso dos imigrantes, apátridas e refugiados. o CAMI apresentou

problemas que enfrentam os trabalhadores imigrantes desde sua chegado ao Brasil até

o acesso e garantia dos direitos no Brasil. Destaque principal para os problemas com os

documentos dos países de origem para a regularização, atendimento feito por policiais

(PF), altas taxas cobradas, multas, idioma, carteira de refugiado (pejorativo) protocolo

da PF não aceito em nenhum órgão ou comercio nem empresas aéreas ou órgãos do

próprio governo, dificuldade para regularização do profissional e impossibilidade de

acessar a carteira de trabalho com a rapidez necessária para poder trabalhar

formalmente. Esta pesquisa foi encomendada pelo MJ. A entrevista foi 27 de outubro de

2014.

Entrevista - A TV TeleSur da Venezuela esteve presente no CAMI para gravar

entrevistas com imigrantes e para divulgar como o CAMI estava ajudando na construção

de um mundo melhor. Fizeram diversas entrevistas focando o trabalho escravo, o tráfico

de pessoas, a violência contra as mulheres e também propostas para uma América

latina mais unida e mais livre. Foi refletido sobre a livre circulação e trânsito das

mercadorias que é mais importante do que o trânsito das pessoas e como os países

poderiam ajudar para se construir uma cidadania latino-americana mais forte e

respeitando os direitos humanos e dentre estes o direito da livre circulação com

dignidade. Em 03 de junho de 2014

Visita do ICPDM de Brasília que estiveram visitando o CAMI para conhecer melhor

quem somos, e quais as atividades e serviços oferecemos aos imigrantes. Foi muito rico

o encontro e a partilha das experiências sobre as condições de vida dos imigrantes em

São Paulo, bem como problemas que enfrentam e quais conquistas na área de politicas

públicas já foram implementadas em favor dos imigrantes e próximos passos na luta por

igualdade de direitos para os imigrantes. Em 08 de junho de 2014.

Entrevista a Radio BBC. Dada à aproximação da Copa do Mundo, repórteres da BBC

quiseram saber algumas informações de como o povo brasileiro estava vendo a

chegada de imigrantes e que depois da copa ficariam no Brasil e também saber como o

CAMI atua no contexto migratório. Por fim, quiseram saber como estamos vendo o

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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movimento migratório que está acontecendo em todo o mundo e quais as perspectivas

para o futuro. Em 24 de abril de 2014.

Teleconferência com as instituições que fazem parte do Fórum Mundial das Migrações.

Estavam presentes representantes de diversas instituições de diferentes países do

mundo buscando a solução de diversos problemas para o Fórum que seria realizado na

África do Sul (Johanesburgo) em Dezembro de 2014. Como conclusão, achamos que o

melhor seria apoiar os organizadores locais, para que se empoderem para levarem a

diante o Fórum dentro da linha e metodologia estabelecida pelo Comitê Internacional.

13.5 Articulação com a Aliança Empreendedora

A finalidade dessa parceria é para atuar em duas frentes: enfrentamento ao trabalho escravo e incubadora de cooperativa: Elaborarmos um sistema que facilite o processo de denúncias envolvendo: Criação de um site com vários idiomas como: quechua, guarany, mandarim, e espanhol, além de português; um formulário simples de se preencher; uma plataforma que lê e geolocalize as denúncias usando tecnologias "Silent / Stealth SMS" que permitem que a pessoa apenas envie uma SMS para um número para que a denúncia seja feita (neste caso para pessoas que não acessem internet); Aliança poder apoiar os imigrantes e trabalhadores resgatados formando uma ou mais empresas com 100% de ownership dos imigrantes, articulando as vendas diretamente com as redes e empresas compradoras, atrelando uma campanha de divulgação / mobilização de clientes finais. Este é um ponto central para termos uma alternativa melhor, mais atraente e lucrativa para que os trabalhadores consigam melhores preços de seus produtos, no caso roupas. Haveria a busca conjunta de parcerias para abrigo, aulas de português e auxilio jurídico para os trabalhadores. Para isso, teríamos seis meses de articulação (tempo de desenvolvimento do site e tecnologia de geolozalização dos SMS) antes do lançamento da plataforma. Motivos da segunda reunião: Avaliar o que já existe e o que podemos desenvolver como grupo; apresentar usos destas tecnologias em outros países e contextos, ver riscos, oportunidades e viabilidade destas ações. A preocupação com a cadeia produtiva têxtil e a exploração da mão de obra imigrante neste setor, a Aliança Empreendedora, buscou apoiar os imigrantes pensando num primeiro momento em desenvolver uma ferramenta de denuncia de trabalho escravo, com a criação de um disque denuncia. Analisamos que isto não seria viável devido a falta de estrutura e tempo dos imigrantes para usarem esta tecnologia a fim de fazerem as denuncias, pois junto a isto estaria o medo de quem estava denunciando o que poderia sofrer retaliações da comunidade. Pensando em outra maneira de diminuir a exploração desta cadeia, nasceu a ideia de dar um curso de empreendedorismo para donos de oficinas, terminando com uma certificação para estes

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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terem acesso a melhores empresas que contratem mão de obra imigrante para melhorar as condições econômicas das oficinas de costura, melhorando assim, a vida e as condições de trabalho dos imigrantes. Esta reunião foi realizada em 05 de Fevereiro de 2014.

Reunião com Aliança Empreendedora para definir as instituições parceiras no projeto

de empreendedorismo com a indicação de dois imigrantes de cada organização para

receberem um treinamento e capacitação para repassar um curso de

empreendedorismo voltado para donos de oficinas de costura, dando, assim

continuidade à ideia de melhorar e transformar a cadeia produtiva têxtil. Foram

indicadas as seguintes instituições: CAMI / ASSEMPBOL/ CIC/ e Secretaria de Direitos

Humanos. Com a ideia de iniciar os trabalhos em Junho, foi apresentado o perfil dos

futuros indicados e os valores a serem repassados aos monitores pelos trabalhos

realizados como forma de contribuição além do curso. A reunião ocorreu em15 de maio

de 2014.

Reunião com Aliança Empreendedora para realizar os últimos alinhamentos e

assinatura dos contratos com o papel de cada uma das instituições para o melhor

desenvolvimento das atividades e alcançar os objetivos do mesmo. Estiveram presentes

as instituições CAMI, Si Yo Puedo e CIC em 16 de junho de 2014.

Reunião na Aliança Empreendedora juntamente com todos os membros apresentados

pelas instituições para serem multiplicadores dos cursos de empreendedorismo e os

representantes das instituições e membros do conselho do projeto. Fizemos uma leitura

geral das atividades, da metodologia e dos locais onde serão implantados os cursos e a

quantidade de alunos de cada turma para se começar o projeto tendo tempo suficiente

para concluir os trabalhos até o final de novembro. Essa reunião foi no dia 04 de julho

de 2014.

Reunião com Aliança Empreendedora juntando o conselho do projeto “Uma

mensagem para a Liberdade”. Vimos o papel do conselho onde foram feitas algumas

avaliações sobre o desenvolvimento do projeto de empreendedorismo para imigrantes

donos de oficinas de costura ou futuros donos de oficinas de costura. Foram dadas

sugestões de como melhor implementar o curso e qual a visão dos imigrantes sobre o

mesmo.

Nesta ocasião, o CAMI passa a integrar o Conselho Consultivo do projeto "Uma

Mensagem para a Liberdade" em parceria com a Fundação Rockefeller.

Tal projeto é desenvolvido pela Aliança Empreendedora, resultado da premiação das

melhores ideias participantes do desafio Centennial Innovation Challenge,

da Fundação Rockefeller, realizado no final de 2013. As ideias selecionadas

receberam um investimento para a sua execução em 2014.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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O objetivo do projeto é desenvolver uma solução tecnológica que contribua para a

construção de relações econômicas mais justas na cadeia produtiva da moda na cidade

de São Paulo, com foco no combate ao trabalho análogo ao escravo de migrantes. O

impacto desejado pelo projeto é o surgimento de melhorias tanto nas relações

comerciais entre as partes da cadeia como nas condições de trabalho, especialmente

dos costureiros e costureiras da base.

O Conselho será formado por alguns atores com diferentes visões para contribuir na

defesa da causa ao combate do trabalho análogo à escravidão no setor têxtil. A ideia de

reunir estes atores em um Conselho Consultivo é para que tenhamos a possibilidade de

ver com mais nitidez os riscos e oportunidades presentes, discutir possibilidades de

ação, facilitar o relacionamento com outras partes interessadas e, de uma maneira mais

ampla, opinar sobre questões estratégicas ao projeto. A reunião aconteceu em 20 de

agosto de 2014.

13.6 Parceria com Estado e Município de São Paulo

Coordenadoria de Políticas para imigrantes da Prefeitura de São Paulo - o CAMI se

fez presente no evento organizado na Galeria Olido, pautando os problemas que sofrem

os imigrantes ao chegaram no Brasil, desde a falta de um projeto governamental de

acolhida, regularização, valorização da mão de obra imigrante e acessos como carteira

de trabalho, onde teve uma grande participação de imigrantes haitianos e africanos,

tratando temas relacionados ao trabalho do imigrante e seus direitos, com a presença

de Paulo Sergio de Almeida, Presidente do CNIg de Brasilia, garantindo que esta

instituição estava lutando pelos direitos iguais para todos os imigrantes. Este evento foi

organizado pela Coordenadoria de Politicas para imigrantes da Prefeitura de São Paulo

em 19 de março de 2014.

Reunião com o deputado Carlos Bezerra Junior, que nos recebeu em seu gabinete

para tratar assuntos referentes ao Trabalho Escravo e as novas modalidades do mesmo

dentro do Estado de São Paulo. Num segundo momento, estivemos conversando sobre

a CPI do trabalho Escravo, muito necessária para que a ALESP pudesse levar para

dentro deste ambiente a possibilidade de ouvir pessoas ligadas a este tema, sua visão e

sugestões de como enfrentar este problema. Por fim, o Deputado Carlos Bezerra se

colocou à disposição para o que o CAMI viesse a necessitar.

Visita do CRAVI – uma equipe de profissionais do CRAVI esteve visitando o CAMI para

conhecer melhor como esta instituição atua com os imigrantes, especialmente no

tratamento adotado aos casos de violência contra as mulheres imigrantes e de um

estreitamento de parceria entre as instituições para melhor, atender, acompanhar e

acolher situações de vítimas da violência doméstica, muito forte e presente na vida da

migração. No final, o CRAVI ofereceu parceria para receber no CRAVI imigrantes

vítimas de qualquer tipo de violência para atendimento e acompanhamento. O evento

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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ocorreu em 02 de abril de 2014.

Bancarização - CAMI participou do evento da bancarização celebrado pela Prefeitura

de São Paulo e o Banco do Brasil, iniciativa para beneficiar imigrantes, onde através do

banco do Brasil se implantaria um novo sistema para que os imigrantes possam abrir

contas com facilidade, como uma maneira de se protegerem da violência que os afeta

por terem dinheiro guardado em casa e também para poderem acessar microcrédito.

Este evento foi realizado no Centro Cultural Banco do Brasil na Rua Alvares Penteado,

Centro de São Paulo, organizado pela Coordenadoria de Politicas para Migrantes da

Secretaria Municipal de Direitos Humanos, em 22 de abril de 2014.

Audiência com a Vereadora Juliana Cardoso. Nesta audiência, o CAMI colocou ao

par a Vereadora Juliana Cardoso das diversas situações e dificuldades que passam os

imigrantes dentro da cidade de São Paulo, as Instituições que apoiam a causa dos

imigrantes e também apresentamos um calendário de atividades onde necessitaríamos

do apoio desta para conseguirmos os equipamentos necessários para que os eventos

pudessem ter a valorização merecida. Ela nos recebeu muito bem e agradeceu as

informações e se comprometeu em apoiar os eventos que beneficiariam os imigrantes

em São Paulo. 23 de abril de 2014.

Seminário de cooperação internacional - No Palácio do Governo do Estado de São

Paulo, o Governo do Estado realizou um seminário de cooperação internacional, em

parceria com o Consulado Americano, Policia Federal e com empresas aéreas para

tratar do Tráfico de pessoas e documentação para o ingresso no Brasil. Foram

apresentados diversos temas de defesa e garantias dos Direitos Humanos, dentre os

quais, o de migrar, a livre circulação. A cooperação migratória internacional intensificará

o combate ao Trafico de Pessoas e a exploração dos trabalhadores internacionais. O

mundo está assistindo a mobilidade humana, a crise do Ebola, mais de 4 milhões de

Sírios refugiados, tensões e guerras em muitos países, diante de tudo isso e de

propagandas, muitas pessoas procurem o Brasil como destino. Desafio: como fazer o

ingresso destas pessoas de maneira que sejam acolhidas com um programa de

governo? Como combater o Tráfico de Pessoas se essa já esta sendo a segunda maior

economia rentável no mundo? O evento ocorreu em 23 de setembro de 2014.

Inauguração da Casa de Abrigamento – Após muita luta e articulações o governo do

Estado dá mais um passo na realização de políticas para imigrantes. Foi inaugurada a

Casa de abrigamento a vítimas de Tráfico de Pessoas, de Trabalho Escravo ou de

Refugio, do Governo do Estado de São Paulo, chamada - Terra Nova. Uma casa muito

grande com capacidade para 54 pessoas. Grande conquista para as vítimas de

qualquer tipo de exploração. É um abrigamento de emergência para que as pessoas

tenham nova oportunidade de recomeço. O evento aconteceu em 02 de outubro de

2014.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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Casa da Acolhida a Imigrante - SEFRAS - Em reunião realizada na Casa da Acolhida

a Imigrante do SEFRAS em parceria com a Prefeitura de São Paulo, com a presença de

membros da SMADS, do CAMI e da Casa de Acolhida, a reunião teve breve

apresentação das atividades do CAMI e como podemos fazer uma parceria com a

SMADS através de apoio para Regularização dos imigrantes que estão na Casa de

Acolhida, bem como, apoio para em caso de necessidade, pagar as taxas para

regularização de algum imigrante em extrema necessidade de ajuda. Apresentamos

métodos de regularização para que eles pudessem conhecer melhor e tirar duvidas

referentes ao Estatuto do Estrangeiro, propostas da nova Lei de Migração e nossa

atuação nos diversos bairros especialmente visitando oficinas de costura, acolhendo

demandas das comunidades incentivando a luta por cidadania e direitos aos imigrantes

nas comunidades e bairros. Foram apresentadas preocupações do dia a dia da Casa de

Acolhida, como parcerias, recursos e etc. A reunião foi em 16 de outubro de 2014.

Inauguração do CIC do Imigrante - Mais uma conquista realizada através de tantos

anos de luta para que o imigrante possa ter facilitado seu caminho para a regularização

migratória e também resolver seus problemas com mais rapidez. Neste dia histórico foi

inaugurado o CIC do imigrante, espécie de poupa tempo dos imigrantes. Foi com muito

jubilo que participamos deste evento, pois aproxima o Estado, os programas de

atendimento ao imigrante e os meios de conseguir cidadania com a implementação de

mais uma política pública dando assim mostras de que o tema migratório tem relevância

na vida do Brasil especialmente no Estado de São Paulo, onde se encontra a maior

concentração de imigrantes. Inaugurado pelo Exmo. Sr. Governador Geraldo Alkmim e

com a presença da Secretaria Eloisa Arruda, Dep. Carlos Bezerra Jr, autor da lei de

combate ao Trabalho Escravo, Secretaria de Desenvolvimento e do Instituto Inditex, foi

inaugurado e aberto o espaço que será modelo para que outros Estados também

possam implementar e seguir o exemplo. O evento ocorreu em 15 de dezembro de

2014.

Reunião da Aliança Empreendedora com parceiros, amigos e conselheiros do projeto

de empreendedorismo para imigrantes donos de oficinas de costura. Foi feita uma

explanação dos passos do projeto, desde a ideia inicial de um número de disque

denúncia de trabalho escravo até a chegada da concretização do curso de

empreendedorismo juntamente com o nascimento da “Alinha”, como resultado das

necessidades e opções de mudanças na cadeia têxtil. Foi muito bom ouvir os

testemunhos de membros do Conselho, de monitores dos cursos e também de

imigrantes que participaram deste curso e como isto mudou suas vidas, não somente

em economia da oficina de costura mas aumento o conhecimento e informações sobre

empreendedorismo. A reunião foi em 16 de dezembro de 2014.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

113

Parceria com a Escola Estadual Padre Anchieta – Rua Visconde de Abaeté, 154,

Brás, com o Curso de Português e Cidadania Para Imigrantes – aos Sábados

(14h30min às 16h30min) e Projeto Escola da Diversidade Cultural com as crianças e

jovens;

Parceria com a Escola Estadual Professora Maria Augusta de Ávila - Rua

Fernandes Pereira, 690 - Bairro: Vila Santa Teresa - Distrito: Distrito Artur Alvim, Curso

de Português e Cidadania, Domingo (10h00min às 12h00min) e Projeto Escola da

Diversidade Cultural com as crianças e jovens;

Parceria EE Professora Veridiana Camacho Carvalho Gomes - Rua Carlos dos

Santos, 781 - bairro: Jardim Brasil - Distrito: Distrito Vila Medeiros, Domingo (15h00min

às 17h00min) com Curso de Português e Cidadania e Projeto Escola da Diversidade

Cultural com as crianças e jovens;

Parceria com a Escola Estadual Cícero Barcala, bairro Vila Santa Lucia –

Carapicuíba, SP, com Curso de Português e Cidadania e Projeto Escola da Diversidade

Cultural com as crianças e jovens, aos Domingo (14h00min às 16h00min).

13.7 ARTICULAÇÃO PASTORAL

Fórum das Pastorais Sociais

Durante o ano de 2014, o CAMI esteve presente nas reuniões e articulações do

Fórum das Pastorais Sociais da Arquidiocese de São Paulo.

As reuniões foram mensais, todas as quintas feiras de cada mês. Nelas, além

de um momento de mística, havia uma breve conversa coletiva da conjuntura

eclesial bem como a conjuntura social e econômica do país. Em quase todas

as reuniões havia reflexões sobre a ação das próprias pastorais e dos

movimentos sociais incluindo o momento político. Muitas foram as reflexões

das próprias pastorais de retornarem às bases e recuperarem as ações de luta

junto com o povo, cada uma dentro de sua especificidade. Também foram

organizadas ações conjuntas como a celebração do primeiro de maio, dia do

trabalhador com a celebração na Catedral da Sé. Foram incentivados e

realizadas várias ações referente à Campanha da Fraternidade sobre o Tráfico

de pessoas e trabalho escravo. Nessa linha o CAMI promoveu mais de três

encontros com imigrantes na reflexão e discussão desse tema. Outra atividade

de destaque foi a do Grito dos Excluídos. O CAMI, pelo fato de atuar com

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

114

quase todas as comunidades latino-americanas centrou força no Grito dos

Excluídos Continental. Organizou um grande evento onde participaram mais de

400 pessoas. O sentido é fortalecer os povos da

América Latina em torno da ideia da Grande Pátria Latino Americana, também

no sentido de superação da exclusão e da pobreza. O fórum também se

envolveu nas manifestações de Rua um momento

de lutar por direitos como o não aumento da tarifa de transporte público, melhor

educação, saúde e moradia para todos. Infelizmente, dentro do movimento

houve aproveitadores com outros interesses

que desvirtuaram o significado da verdadeira luta que estava desabrochando

por melhores condições de vida e partiram para a radicalidade e violência,

atitudes que o fórum não pactuou. Avaliamos que

ação junto a esse fórum é importante tanto para uma maior aproximação das

pastorais como também para desencadear ações conjuntas reforçando as lutas

do povo.

Reuniões mensais da Arquidiocese na Comissão da Justiça e Caridade, o

CAMI se fez presente em quase todos os momentos com a coordenação de

Dom Milton Kenan Júnior onde foram debatidos e encaminhadas atividades de

relevância nacional como a reforma política em ambas as esferas, seminário

interação entre as pastorais com a PUC no sentido de envolver estudantes,

debates sobre ações de fortalecimento das pastorais sociais, sua participação

na arquidiocese entre outros temas tratados.

Assessorias com o tema da Campanha da Fraternidade – Tráfico Humano

e Fraternidade

Assessoria a diocese do Ipiranga - Num evento muito importante, organizado

pela Diocese do Ipiranga, onde estavam convidados Sacerdotes, Irmãs, Leigos

engajados na caminhada da igreja, foi apresentado o tema da Campanha da

Fraternidade sobre o Tráfico de Pessoas. Após a apresentação do Vídeo da

Campanha, o qual, o CAMI ajudou a organizar e preparar os entrevistados da

parte tocante aos imigrantes no Brasil foi aberto um momento de exposição,

onde uma imigrante em nome do CAMI apresentou a realidade da vida dos

imigrantes, o Tráfico de Pessoas e sua relação com o Trabalho Escravo. Houve

uma sensibilização grande das diversas pessoas presentes neste evento, para

melhor ver, julgar e agir dentro desta realidade. Dia 01 de Fevereiro de 2014.

Assessoria à Diocese (Católica) de Caçador, SC, em 11 e 12 de fevereiro.

Prestamos assessoria a esta Diocese, em seu Centro de Retiros, começando

no dia 11/02, a partir das 10h00 / 12h00, com: Apresentação Institucional do

CAMI, informações sobre a situação dos Imigrantes e 7ª Marcha dos

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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Imigrantes. As 13h30 / 15h30, apresentamos Estudo bíblico contextualizado /

Estudo de Caso: José do Egito e o Tráfico Humano, Texto base em Gênesis,

Capítulos 38 e 39, breve leitura contextualizada e concisa análise sociológica

aplicada à questão do tráfico humano. As 16h00 / 18h00. Apresentamos

abordagem técnica do tema: Tráfico Humano, conceituação de Direitos

Humanos, conceituação de Direito à Liberdade, conceituação de Tráfico de

Pessoas, conceituação de trágico de migrantes ou contrabando de pessoas

(tráfico de imigrantes). Falamos sobre os principais motivos: para Trabalho

Análogo ao Escravo, para a Exploração Sexual, para Comércio Ilegal de

Órgãos Humanos e para Extração de Óvulos e Espermatozoides. As 20h15 /

21h00. Realizamos um vídeo e roda de discussão em grupo, com Jose Osores.

Tema: A importância da Campanha da Fraternidade na transformação social.

No dia 12/02, as 09h00 / 12h00. Apresentamos a Campanha da Fraternidade

deste ano, realizamos uma reunião das impressões gerais, análise conjuntura

local, aplicação da metodologia da Análise SWOT / FOFA e a consolidação do

diagnóstico local. As 13h45 / 14h30. Realizamos a Oficina Agir CF, aplicamos

o Sistema VER, JULGAR e AGIR, o Pré-plano de ação local (propostas) e

apresentamos as propostas do CAMI para a Diocese no que tange ao

enfrentamento local destras questões.

Assessoria em Encontro de Formação do Centro Social e Colégio Marista

de Itaquera, SP, em 28 de março, das 09h00 as 12h00. Iniciamos com uma

saudação, Em seguida, fizemos uma breve apresentação do CAMI, seguida de

uma breve exposição de estudo de caso bíblico: José do Egito, para passar a

explicar o itinerário do tráfico no relato bíblico e a contextualização com a

questão do tráfico humano e fraternidade. Apresentamos o trabalho do CAMI e

os casos concretos atendidos pela instituição.

Divulgação na Imprensa

Diante do crescimento das ações e informações referentes a prevenção e

combate ao Tráfico de Pessoas e trabalho escravo junto a imigrantes realizado

pelo CAMI e das repercussões do tema em decorrência da Campanha da

Fraternidade despertou o interesse da mídia em divulgar tais situações. Nesse

sentido, durante o ano, o CAMI recebeu inúmeros órgãos de imprensa

interessados de obterem notícias, depoimentos, situações de tráfico e de

trabalhadores resgatados como foco de atenção para serem divulgados à

sociedade. Em 07 de fevereiro esteve o Jornal Gazeta do Povo de Curitiba.

Entrevista Rede Vida - A Paroquia Santuário das Almas recebeu a visita da

Rede Vida de Televisão e convidou o CAMI e o Gaspar Garcia para dar uma

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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entrevista sobre a semana santa e a relação do sofrimento de Jesus com o

sofrimento dos Imigrantes. Foi falado do tema da Campanha da Fraternidade,

Tráfico de Pessoas e também do Trabalho Escravo como sinais de morte e a

união dos imigrantes, busca de documentos, novas oportunidades de trabalho,

novas conquistas que são sinais de cidadania, fortalecimento da fé e a

esperança como sinais de vida e ressurreição. 17 de abril de 2014.

Encontro Arquidiocesano sobre o lançamento da Campanha da Fraternidade

no Centro São José Belém. O CAMI esteve presente com 05 imigrantes que

participaram do evento por meio de depoimentos onde puderam relatar um

pouco a realidade dos imigrantes que vivem nas oficinas de costura em São

Paulo, uma realidade bastante desconhecida por parte das demais pastorais da

Arquidiocese de São Paulo. Ainda nos dias de hoje encontramos alta incidência

de situações de trabalho escravo nesta realidade. Somente para se ter uma

ideias, entre 2014 / 2014 mais de 150 trabalhadores imigrantes foram

resgatados de trabalho escravo. O evento aconteceu em março de 2014.

Pesquisa Mulher Imigrante – em parceria entre CAMI, Centro de Direitos Humanos Gaspar Garcia e a USP foi organizada e aplicada uma pesquisa sobre o tema da mulher imigrante boliviana nas oficinas de costura onde foram apresentados os resultados desta pesquisa e com os devidos comentários dos especialistas do tema. Houve uma ótima participação do público.

O evento aconteceu na sexta-feira (21/03), com início às 18h da cerimônia de lançamento do projeto “Trabalhadoras Informais e Direito à Cidade”. O evento foi na sede do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos.

O projeto tem como objetivo fortalecer a autonomia das mulheres que trabalham na economia informal. Para isso, deve proporcionar suporte para a auto-organização desse público e elaborar instrumentos que visem prevenir e superar a violência contra a mulher.

Outra finalidade do projeto é a de incidir na construção e implementação de políticas públicas para o setor, buscando se articular com outras entidades, movimentos sociais, organizações feministas, órgãos públicos e universidades.

Lançamento do livro “Trafico de Pessoas - CAMI se fez presente nas

Edições Paulinas na Ana Rosa, para o lançamento do livro “Trafico de Pessoas

Reflexões para a compreensão do trabalho escravo contemporâneo organizado

pela Dra. Marina Novaes, Dra. Christiane e Renato Bignami do MTE”. O evento

foi em 24 de março de 2014.

Campanha da Fraternidade - Encontro de formação aos multiplicadores e

lideranças do CAMI. Neste dia todos os membros do CAMI se fizeram

presentes e estivemos trabalhando dois temas centrais junto a todos os

imigrantes presentes. Primeiro foi o Tráfico de Pessoas com a apresentação de

parte do vídeo da Campanha da Fraternidade e depois com teatro e

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

117

apresentação dos resultados realizados com os próprios imigrantes de como

esta realidade se faz presente no cotidiano e nos países de origem desses

imigrantes. A apresentação foi interessante porque despertou o debate, onde

muitos não concordam que trabalhar de 14 a 16 horas diárias configure

trabalho escravo. Dizem que é consequência da realidade onde precisam

trabalhar muitas horas para conseguir um melhor pagamento, já que o trabalho

é por produção e não mensal. Ao final foi feito um resgate e avaliação de quais

elementos configuram trabalho escravo onde foram elencadas garantias do

trabalhador brasileiro mediante a legislação do trabalho e de que eles não têm

por aceitarem este tipo de exploração. O encontro foi em 26 de abril de 2014

Reunião Moradia – No dia 18 de novembro, houve uma reunião com

representantes do movimento de moradia ligado ao trabalho desenvolvido pelo

Centro de Direitos Humanos Gaspar Garcia. Constatamos que hoje temos um

número crescente de imigrantes fazendo parte de ocupações tanto em prédios,

como em terrenos. Essas situações decorrem da dificuldade dos imigrantes

alugarem imóveis, bem com a situação de pobreza e de pouco ganho pelo

trabalho da maioria dos imigrantes. Nossa intenção é de que os imigrantes se

integrem e participem das lutas por moradia digna e que sejam beneficiados

pelos programas governamentais de moradia, como minha casa, minha vida,

entre outros. Foi agendado um momento para preparar a assembleia popular

sobre moradia para o primeiro semestre de 2015.

Igreja Anglicana - Reunião com Dom Flavio Irala, Bispo da Igreja Anglicana

responsável pela Diocese de São Paulo. Apresentamos o CAMI para que Dom

Flavio Irala pudesse conhecer as atividades que o CAMI desenvolve junto aos

imigrantes nas suas comunidades e nos diversos níveis (Municipal, Estadual,

Federal e Internacional), para uma parceria pastoral e na área dos direitos

humanos. A reunião foi em 04 de Fevereiro 2014.

Participação do CAMI no evento da Igreja Anglicana quando da visita do

Bispo da Candelaria, Inglaterra, autoridade maior desta Igreja. Além de fazer-

se presente também aproveitou para agradecer a parceria desta Igreja na

pessoa de Dom Flavio Irala todo o apoio e defesa dos direitos dos imigrantes

através da presidência do CAMI. Também foi oferecida uma estola latino-

americana para o Sr. Bispo da Candelaria, que agradeceu e permaneceu

usando a mesma no final de celebração. O evento foi em 04 de setembro de

2014.

Representantes da Igreja Anglicana de diversos países visitam o CAMI. Na

ocasião, foi relatada a realidade em que vivem os imigrantes aqui no Brasil, o

problema do Trafico de pessoas, o Trabalho Escravo na cadeia produtiva têxtil,

na construção civil, nas grandes obras do governo brasileiro e como o CAMI

vem atuando no combate e no enfrentamento destas realidades. O encontro foi

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

118

muito cordial, troca de experiências e houve grande interesse em dialogar com

líderes religiosos de diversos países que puderam ter contato com esta

realidade e ver como, em seus espaços religiosos, implementar ações de

acolhida e atendimento a imigrantes que chegam em seus países. O encontro

foi em 12 de novembro de 2014.

Parceria com a Igreja Santuário das Almas – O CAMI está localizado nas

dependências da paróquia Santuário das Almas, na Rua Guaporé, 353, Ponte

Pequena. Temos um espaço alugado com a Igreja, porém diante do grande

volume de atividades e de muitos imigrantes, nos abrem as portas todos os

sábados e domingos para a realização de diversos cursos com imigrantes.

Mesmo durante a semana, quando houver necessidade também abrem todo o

espaço para reuniões e encontros. A paróquia tem grande sensibilidade de

trabalho com imigrantes.

Parceria com Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora – Centro Dom Bosco Rua: Três Rios, 24. Bom Retiro/ SP – com Curso de Português e Cidadania aos Sábado (16h00min às 18h00min).

Parceria com o Serviço Franciscano de Solidariedade – SEFRAS -

Rua Hannemann, 352 – Pari/SP com Curso de Português e Cidadania aos

(10h00min às 12h00min);

Parceria com a Igreja Bautista Hispana Nueva Jerusalém – Rua Dr. Carlos

Guimarãres, 185 – Belenzinho, com Curso de Português e Cidadania aos

Domingos (14h00min às 16h00min);

Parceria com Misión Hispana – Rua Santa Veridiana, 121 – Vila Maria Alta

com curso de português e cidadania aos sábados das 15h00min às 17h00min.

Parceria com Igreja Bautista Vida Nueva – Rua Zilda,802 – Casa Verde Alta

com curso de português e cidadania aos sábados das 15h00min às 17h00min.

Parceria com a Paróquia Santa Zita - Rua Padre Saboia de Medeiros 827,

Vila Maria Alta com Curso de Portugês e Cidadania aos sábados das 14h00min

às 16h00min.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

119

13.8 Articulação com Organizações de Imigrantes

Carnaval Boliviano – a equipe do CAMI esteve presenta para dar apoio e

suporte ao evento realizado na praça Kantuta. Neste dia fizemos atuação na

distribuição de material para os imigrantes, bem como parte do evento como

jurado das melhores apresentações e construção de apoio no desenvolvimento

da festa. Esta festa reuniu ao menos dois mil imigrantes que por diversas horas

ficaram reunidos, dançando, festejando sem nenhum tipo de conflito. Pelo

elevado número de imigrantes presentes na Praça e as dificuldades com o

trânsito da região e para proteção dos próprios imigrantes, decidiu-se que no

ano de 2015, tentaríamos fazer a festa do Carnaval Boliviano no Memorial da

América Latina, para oferecer melhores condições de realização da festa num

espaço maior e mais tranquilo. O evento ocorreu em 02 de março de 2014.

Reunião com Associação Kantuta – a reunião foi para a definição das datas

sugeridas e fortalecimento das parcerias entre CAMI e a Praça Kantuta para o

ano de 2014. As propostas das ações e eventos a serem celebrados juntos

foram acordados e aceitos. Haverá uma assembleia popular sobre o tema de

educação com microfone aberto aos imigrantes; 3 Festival de música e poesia

do Imigrante; 1 Grito dos Excluídos Continental, Semana do Imigrante e desfile

de moda. Decidimos que a Festa de Alasitas e Carnaval Andino iriam para o

Memorial e o CAMI faria os ofícios para tal. Todos os outros eventos na praça

foram aprovados. Reunião foi em 08 de abril de 2014.

Grito dos Excluídos Continental - Reunião entre as instituições parceiras

para organizar o Grito dos Excluídos Continental que será realizado no dia 19

de outubro de 2014, na praça Kantuta. Nesta reunião estiveram presentes o

CAMI, Associação da Praça Kantuta, PAL, CDHIC e o Grito Continental.

Definimos os papeis de cada instituição e suas responsabilidades, bem como

todo o material de divulgação e a infraestrutura para o dia do evento. Ficamos

acordados que todas as instituições se empenhariam para realizar pela

primeira vez este evento em São Paulo, tendo como temas: contra a

precarização do trabalho, direito ao voto, nova lei de migração, contra a

discriminação e xenofobia contra os imigrantes, pela livre circulação para todos

os povos. Este evento tem como finalidade lutar por todos os direitos para

todos os imigrantes, tendo como lema central, Trabalho, Justiça e Vida. A

reunião aconteceu ema 22 de julho de 2014.

Reunião na Rua Coimbra. Dado o aumento das reclamações de imigrantes

por causa do abusivo valor cobrado por despachantes a imigrantes na Rua

Coimbra para prepararem os documentos necessários para a regularização

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

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migratória, fomos convidados para discutir o tema e abrir um espaço para

buscar uma futura parceria com atendimento gratuito do CAMI para atender o

público. Ficamos de acordar os últimos detalhes para a implantação deste

posto de atendimento, quando, por nossa surpresa, a pessoa parceira do CAMI

neste projeto achou melhor não abrir o espaço para não sofrer retaliações dos

despachantes bolivianos desta Rua. Assim não foi possível efetivar tal

procedimento. A reunião foi em 09 de abril de 2014.

Reunião no Memorial da América Latina entre CAMI, Associação da Praça

Kantuta e diretoria do Memorial para tratarmos das festas de Alasitas e do

Carnaval Andino a serem realizadas respectivamente 24 de janeiro e 14 de

fevereiro de 2015. Estabelecemos responsabilidades e também como proceder

com cada uma das festas para que os imigrantes possam melhor desfrutar das

festas sem sofrerem nenhum tipo de ameaça ou acidente. A reunião foi em 12

de agosto de 2014.

Reunião com ADRB e CAMI para montar uma programação, um calendário

conjunto de atividades 2015, no sentido de mútuo apoio em eventos com

imigrantes, fortalecendo o trabalho em rede e integração. Ficou combinado de

que ambas as organizações abrirão espaços em seus materiais de divulgação

como jornais para que sejam veiculadas notícias de interesses das

comunidades, incluindo eventos, legislação, requisitos de regularização, saúde,

etc, das organizações visando ampliar o conhecimento sobre cidadania e

direitos. A reunião foi em 18 de novembro de 2014.

Reunião com os Diretores do Memorial da América Latina para acertar os

últimos detalhes das festas de Alasitas e do Carnaval Andino. Vimos às

exigências relacionadas com a segurança do público bem como os dispositivos

necessários para a segurança serem implementados nas disposições das

barracas e um mapa para a orientação e disposição das mesmas. A reunião foi

em 22 de agosto de 2014.

Visita ao Consul da Bolívia, Sr. Jayme Valdivia para tratarmos algumas

situações que vivem os imigrantes bolivianos em São Paulo e de que forma,

juntos, poderiam enfrentá-las. Dadas às diversas situações de violências que

sofrem os cidadãos bolivianos nesta cidade, bem como nos fortalecer para uma

atuação em comum de forma que seja eficaz. A reunião foi em 26 de agosto de

2014.

Visita do Patronato Inca e de representantes do CGIL ao CAMI. Fizemos

apresentação do CAMI para que pudessem conhecer-nos melhor e ver como

atuamos no enfrentamento ao Trafico de Pessoas, no combate ao Trabalho

Escravo e na Incidência Politica e como buscamos a inclusão dos imigrantes

na nova realidade. Também foi apresentado o projeto da Diversidade Cultural

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

121

nas Escolas Públicas de São Paulo, fazendo a integração e inclusão das

crianças imigrantes com técnicas e ferramentas que possibilitam esse

processo, bem como a atuação junto ao corpo docente e pais das crianças

destas escolas. Descobrimos que temos muito em comum. O que sonhamos

aqui no Brasil para os imigrantes eles sonham o mesmo na Itália e a campanha

principal é que o mesmo sangue que corre nas minhas veias é o que corre nas

veias dos outros. Isto nos coloca sempre em pé de igualdade dos Direitos

Humanos. O encontro foi em 04 de novembro de 2014.

Reunião com a Diretoria da Associação Gastronômica Padre Bento da Praça

Kantuda, para lermos todos os itens do contrato com o Memorial da América

Latina e vermos todas as responsabilidades que cada uma das instituições tem

com relação ao evento. Ao final fizemos um contrato nos responsabilizando

cada uma das partes pelo que nos toca. Tiramos todas às dúvidas e deixamos

algumas sugestões a serem passadas ao Memorial para o evento transcorrer

da melhor maneira possível. CAMI se encarregara das licenças e a Praça

Kantuta da Infraestrutura. Reunião em 16 de dezembro de 2014.

Reuniões da equipe central do CAMI

Todas as sextas feiras, sem excessão, estivemos reunidos com a equipe,

para avaliarmos os trabalhos, as reuniões e atividades desenvolvidas na

semana, para programarmos cada uma das atividades conjuntamente, sempre

respeitando as decisões e construi-las em forma de consenso, avançando na

formação de uma equipe que atua coesa e com respeito a todos, às decisões

tomadas e sendo ponte com os diversos projetos do CAMI, bem como

trabalhando a partir das linhas de ação. Tendo claro o objetivo do CAMI e de

cada uma das atividades e do impacto que esta atividade estaria provocando

na vida dos imigrantes, cada um deu seu melhor para alcançarmos os

melhores resultados.

Avaliação e Planejamento CAMI 2014 - 2015

Toda a equipe do CAMI esteve presente nos dias 11 a 13 de dezembro de

2014, em Bertioga, litoral de São Paulo, na casa das Irmãs de Santa Cruz, para avaliação

individual, institucional bem como de cada uma das linhas de ação, finalizando

com a programação das grandes atividades para o ano de 2015.

Foi gratificante ver a presença do Presidente do CAMI, Dom Flavio Irala,

representando a diretoria, o envolvimento na estabilidade, crescimento e

ampliação das linhas de ação e fortalecendo dos serviços em prol dos

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

122

imigrantes. Ele faz-se presente no primeiro dia e nos ajudou com as reflexões

iniciais, nos deu sugestões de continuidade além de fortalecer a equipe e

apoiar cada passo dado e cada objetivo alcançado. Nestes três dias, sempre

iniciamos com um momento místico e concluímos com um encontro de reflexão

do material preparado para as comunidades em preparação à 8ª marcha dos

imigrantes.

No segundo dia, foram realizadas as avaliações por linha de ação em grupos e

no ultimo dia fizemos a programação.

Vale ressaltar como resultado da avaliação do ano de 2014, que, todos se

dedicaram de corpo e alma para melhorar a vida e as condições de trabalho

dos imigrantes e o fortalecimento da instituição. Foram escritas sugestões de

como melhorar cada linha de ação e a própria instituição e soluções para cada

um dos principais problemas encontrados no ano. Salientou-se o

empodeiramento do CAMI em todos os espaços de incidência politica, levando

os problemas encontrados e buscando em rede soluções para os mesmos.

Também, foi ressaltada a metodologia do CAMI, de ir onde os imigrantes se

encontram e lá levar o resgate da cidadania, a luta por direitos e a solução dos

seus problemas.

Como não foi possível realizar uma reunião com toda a diretoria neste final de

ano, dado o acúmulo de atividades, fizemos uma reunião somente com o

Presidente, coordenadores, equipe do CAMI apresentando os resultados finais

das ações realizadas em 2014 e ao mesmo tempo programando novas

atividades em que o CAMI atuará no ano de 2015. Foi gratificante ver como o

Presidente do CAMI está envolvido na estabilidade, crescimento e ampliação

das linhas de ação e fortalecendo dos serviços em prol dos imigrantes. O

encontro de avaliação e planejamento ocorreu em 11 a 13 de dezembro de

2014, em Bertioga, litoral de São Paulo, na casa das Irmãs de Santa Cruz, de

ir. Patrícia Mae Carey, vice presidência do CAMI.

JORNAL NOSOTROS IMIGRANTES

Publicação bi mestral, com

tiragem de dez mil exemplares,

que procura informar os/as

imigrantes sobre assuntos das

comunidades e dos próprios

imigrantes. É um instrumento

muito importante no trabalho

dinamizando a ação de organização e mobilização dos mesmos.

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RELATÓRIO SÍNTESE DE ATIVIDADES CAMI 2014

123

PUBLICAÇÕES diversas, Importante instrumento para a divulgação e organização dos eventos, bem como para a capacitação e formação dos imigrantes na luta por reconhecimento, direitos e cidadania.

Apostilas que acompanham os cursos de informática e de português como suporte importante para um melhor aprendizado.

São Paulo, 31 de Dezembro de 2014.

Dom Flavio Irala – presidente em exercício do CAMI