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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC: CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: Agosto/2016 a Janeiro/2017 (X) PARCIAL ( ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho): Montagem do Laboratório de Alta e Extra Alta Tensão da Universidade Federal do Pará. Nome do Orientador: Marcus Vinicius Alves Nunes Titulação do Orientador: Doutor Faculdade: Faculdade de Engenharia Elétrica

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período: Agosto/2016 a ... · A Norma ABNT NBR 6936/1992 estabelece a forma de onda padrão tanto para impulso atmosférico como para impulso de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

DIRETORIA DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC: CNPq, CNPq/AF, UFPA,

UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO

Período: Agosto/2016 a Janeiro/2017

(X) PARCIAL

( ) FINAL

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho): Montagem do Laboratório de Alta e Extra Alta Tensão da Universidade Federal do Pará.

Nome do Orientador: Marcus Vinicius Alves Nunes

Titulação do Orientador: Doutor

Faculdade: Faculdade de Engenharia Elétrica

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Instituto/Núcleo: Instituto de Tecnologia

Laboratório: Laboratório de Alta e Extra Alta Tensão da UFPA

Título do Plano de Trabalho: Montagem e Ensaios de Geradores de Impulso Atmosférico (de Tensão) no Laboratório de Extra Alta Tensão (LEAT) da UFPA. Nome do Bolsista: Denise Ferreira da Silva Luz.

Tipo de Bolsa: ( ) PIBIC/ CNPq

( ) PIBIC/CNPq – AF

( )PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador

(X) PIBIC/UFPA

( ) PIBIC/UFPA – AF

( ) PIBIC/ INTERIOR

( )PIBIC/PARD

( ) PIBIC/PADRC

( ) PIBIC/FAPESPA

( ) PIBIC/ PIAD

( ) PIBIC/PIBIT

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INTRODUÇÃO

Apesar dos sistemas de energia operarem em regime contínuo na maior

parte do tempo, os mesmos estão sujeitos a sobretensões e sobrecorrentes causadas

por surtos de baixa frequência e transitórios eletromagnéticos (alta frequência) devido

a correntes impulsivas provenientes de descargas atmosféricas[1].

Em um sistema de energia a causa mais frequente no número de

interrupções do fluxo de potência é a ruptura da isolação. Isso acontece pelo fato do

isolamento estar sujeito a tensões superiores à tensão nominal que podem ter origem

interna ou externa como por exemplo as descargas atmosféricas com formas de onda,

intensidade e duração diversas[2].

Para saber o comportamento dos equipamento sujeito a sobretensões é

necessário a realização de ensaios previstos em norma que determina o nível de

tensão, duração, origem da sobretensão, temperatura, umidade e assim por diante,

pois cada equipamento possui suas particularidades e por isso diferentes normas. Os

ensaios podem ser realizados através da aplicação de formas de ondas que

representam cada tipo de sobretensão e são geradas por equipamentos específicos

como os Geradores de Impulso Atmosféricos que podem gerar tanto impulsos de

tensão como impulsos de corrente.

Um ensaio impulsivo de alta tensão por exemplo pode ser feito em vários

equipamentos como isoladores, transformadores, cabos de alta tensão, etc. Realizado

por um sistema composto por gerador de impulso, instrumentos de medição e controle

da forma de onda e o próprio equipamento a ser ensaiado. Segundo [3] os

equipamentos elétricos, caracterizam-se por possuir níveis de isolamento

padronizados, ditados pela sua tensão nominal de operação e denominados de NBI

(Nível Básico de Isolamento) para determinar a suportabilidade do equipamento em

relação às sobretensões de origem externa e NIM (Nível de Impulso de Manobra) para

as sobretensões de origem interna.

Os geradores de impulso são então necessários para verificar as condições

de suportabilidade dos equipamentos elétricos de alta tensão, quando submetidos a

esforços dielétricos normalizados. Adicionalmente, os geradores de impulso são

necessários na pesquisa e desenvolvimento de novos equipamentos elétricos e

materiais isolantes, bem como no estudo dos fenômenos associados às altas

tensões[3]. Neste contexto vários ensaios são realizados nos Geradores de Impulso

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de Tensão como os Impulsos de manobras e os impulsos atmosféricos nos quais se

simula sobretensões originadas por descargas atmosféricas e surtos provenientes de

chaveamento no sistema de potência.

Os ensaios de impulsos de tensão são realizados com mais frequência que

os com impulsos de manobra pois a maioria dos equipamentos que estão envolvidos

nos sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica estão mais

sujeitos a sofrerem com descargas atmosféricas diretas e indiretamente. As

sobretensões de origem interna quase sempre são devidas às manobras ou

chaveamentos no sistema elétrico, sendo uma das mais severas o religamento em

alta velocidade de linhas de transmissão trifásicas com carga residual. Os surtos de

manobra caracterizam-se por possuir tempo de crescimento de algumas centenas de

µs e duração de vários milhares de µs, possuindo em geral energia superior ao dos

surtos atmosféricos, principalmente em sistemas elétricos cuja tensão de operação é

superior a 230 kV[4].

A Norma ABNT NBR 6936/1992 estabelece a forma de onda padrão tanto

para impulso atmosférico como para impulso de manobra que é 1,2/50µs para impulso

atmosférico e 250/2500µs para impulso de manobra. A Norma também fornece a

forma de onda cortada tanto no tempo de frente como no tempo de cauda para o

impulso de tensão. Esse corte ocorre quando uma descarga disruptiva interrompe o

impulso de tensão no tempo de frente ou no tempo de cauda.

Quando o ar é o isolamento principal de determinado equipamento o ensaio

é chamado não destrutivo e o fenômeno físico associado à aplicação dos impulsos

tem natureza probabilística. Neste caso vários procedimentos de ensaio que utilizam

métodos estatísticos, com amostragens constituídas de um número significativo de

aplicações, para permitir a determinação da suportabilidade do equipamento em

função de uma dada probabilidade de descarga são adotados[3].

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JUSTIFICATIVA

O Laboratório de Extra Alta Tensão da UFPA surgiu pela necessidade da

região amazônica ter um local próximo aos grandes empreendimentos do setor

energético como Belo Monte, onde se possa realizar testes em equipamentos de alta

tensão para verificar suas condições de uso adequado sem prejudicar a transmissão

de energia elétrica. Ele visa atuar junto a empresas e instituições na pesquisa de

soluções tecnológicas para a melhoria de equipamentos e sistema elétrico,

desenvolvimento e controle de qualidade de equipamentos, realizando ensaios de

rotina, de tipo e ensaios especiais em diversos equipamentos.

OBJETIVOS

a) Consolidação do LEAT na prestação dos serviços relacionados a comissionamento

e outros ensaios em equipamentos de alta tensão no mercado de energia regional.

b) Formação de mão-de obra (pesquisadores) na área de alta tensão com foco em

Geradores de Impulso Atmosféricos.

c) Para atingir os objetivos principais destacados, é necessário o domínio das técnicas

de ensaios com o gerador de impulso atmosférico de tensão, de acordo com as metas

específicas:

Elaboração de instrução técnica para a montagem do gerador de impulso

atmosférico de tensão, para que a adequação às normas possa ser realizada

pelos próprios membros do laboratório, aumentando a autonomia da utilização

do gerador no LEAT_ UFPA.

Elaboração de instrução técnica para ensaios de tensão suportável na isolação

de equipamentos de alta tensão para a padronização e adequação ás normas

vigentes.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente projeto será executado segundo a seguinte metodologia e

cronograma, baseado em elaboração de instrução técnicas de montagem de

geradores e de testes de impulso atmosférico de tensão:

Revisão Bibliográfica: onde será elaborada e discutida de forma resumida uma

lista de publicações relacionadas com o tema da pesquisa;

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Estudo dos fenômenos de sobretensões atmosféricas, dos circuitos geradores

de tensão e impulsivas;

Estudo de materiais dielétricos aplicados na engenharia elétrica submetidos a

altas tensões e testes de suportabilidade a elevados níveis de tensão;

Elaboração de instruções técnicas para ensaios de tensão suportável, baseada

nas normas vigentes, e estudo de caso para ensaio em isolação escolhida,

ensaios e testes em dielétricos.

RESULTADOS

1. Geradores de Impulso de Tensão

Os Geradores de Impulso de Tensão são equipamentos responsáveis por

gerar um impulso de curta duração em cargas com características bem distintas. Eles

são empregados na simulação de descargas atmosférica e impulsos de manobra no

qual os equipamentos de alta tensão estão sujeitos. São formados por um conjunto

de capacitores que são carregados (de 100 KV à 200 KV) em paralelo por um

retificador que fornece tensão em corrente continua. Quando a tensão estipulada é

totalmente carregada, os capacitores se descarregam em série através dos

centelhadores e toda tensão é aplicada no objeto sob ensaio. Os Geradores de

impulso de tensão são caracterizados por uma tensão de saída nominal U0 (que é

obtida pela máxima tensão de carga por estagio e multiplicada pela quantidade de

estágios envolvidos no processo de ensaio), pelas capacitâncias série e pela máxima

energia armazenada[4].

Eles têm que cumprir determinadas regras que são obtidas por normas e

que são fundamentais no processo de ensaio dos diversos equipamentos de alta

tensão. Uma dessas regras é gerar formas de onda padrão de 1,2/50 µs para impulsos

atmosféricos e 250/2500 µs para impulsos de manobra com suas respectivas faixas

de tolerância em equipamentos sob ensaio de baixa capacitância e com fator de

eficiência de tensão relativamente alto. Além disso, ele deve gerar as mesmas formas

de onda para equipamentos com elevada capacitância, mas com fator de eficiência

inferior pois nestes casos os equipamentos ensaiados possuem em sua maioria

isolação não auto-recuperante que leva a outros procedimentos fazendo os níveis de

tensão diminuir[4].

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Os Geradores de Impulso também tem como função gerar formas de onda

não padronizadas pois estas podem ocorrer no sistema elétrico de potência. Ele tem

que fornecer formas de onda padrão em equipamentos indutivos e como ocorrem

diversos aplicações de impulsos consecutivos no objeto sob ensaio, o Gerador deve

dar a possibilidade de operar automaticamente para facilitar os testes.

Um impulso pode ser caracterizado como uma tensão ou corrente

transitória aperiódica que cresce rapidamente até o valor de crista e decresce

lentamente até o valor zero. O impulso de tensão representado por uma dupla

exponencial é definido basicamente pelo seu tempo de frente ou tempo de subida,

pelo tempo de descida ou tempo de cauda (que é 50% do valor de pico) e pelo valor

de pico de tensão[3]. O impulso atmosférico se diferencia do impulso de manobra pelo

tempo de frente pois impulsos com tempo de frente até 20 µs são considerados

impulsos atmosféricos e os com tempo superior são geralmente considerados como

impulsos de manobra. Além disso, o impulso de manobra também pode ser

caracterizado pelo tempo até o meio valor superior ao do impulso de tensão[5]. Na

figura 2.1 vemos a forma de onda padrão para impulso atmosférico pleno o qual não

é interrompido por uma descarga disruptiva. Essa forma de onda despreza o efeito

das indutâncias e capacitâncias parasitas no circuito de ensaio.

Figura 1.1 – Impulso atmosférico pleno.

Fonte: [5]

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O impulso atmosférico é normalizado para um tempo de frente de 1,2 µs

com uma tolerância de ± 30% e o tempo de cauda de 50µs com tolerância de ± 20%

e referindo-se a ele como impulso 1,2/50 µs. O tempo de frente T1 é um parâmetro

virtual definido por uma constante no valor de 1,67 vezes o intervalo de tempo T

entre os pontos A e B da Figura 1. A origem virtual O1 é o instante anterior ao ponto

A e o tempo de cauda T2 é um parâmetro virtual que está entre a origem virtual O1 e

a metade do valor de crista na cauda[5].

Já para os ensaios dielétricos com impulsos de manobra tem-se a forma

de onda padrão de 250/2500 µs com tolerância de ± 20% para o tempo de frente e

±30% para o tempo de cauda como mostrado na figura 4. O intervalo de tempo TAB

está entre a origem real até o momento em que a tensão atinge seu valor máximo.

T2 é o intervalo de tempo entre a origem real e o momento em que a tensão atinge

pela primeira vez a metade do valor de crista na cauda e Td é o intervalo de tempo

que a tensão excede 90% do valor de crista[5].

Figura 1.2 – Impulso de manobra pleno.

Fonte: [5]

Os Geradores de Impulso de Tensão são baseados no circuito multiplicador

de Marx. Para gerar tensões muito elevadas, um banco de capacitores é carregado

em paralelo e então descarregado em série. Este circuito que carrega os capacitores

em paralelo e depois os conecta em série para descarga foi inicialmente proposto pelo

engenheiro alemão Erwin Otto Marx[5]. Atualmente, os circuitos modificados de Marx

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são usados para os Geradores de Impulso de múltiplos estágio. A figura 1.3 apresenta

o esquemático do circuito de Marx.

Figura 1.3 - Circuito de Marx do Gerador de impulsos de múltiplos estágios.

Fonte:[6].

A Resistência de carga Rs do circuito é responsável por limitar a corrente

de carga do capacitor cerca de 50 a 100 mA e a capacitância C é dimensionada com

base no produto C.Rs para ficar em torno de 10 a 60 segundos[3]. O espaçamento

entre os Gaps G é escolhido de tal forma que a tensão de ruptura do espaçamento

seja maior que a tensão de carga V. O circuito de Marx utiliza os spark gaps como

dispositivo de chaveamento representadas por G. Os spark gaps são acionadas

simultaneamente por meios externos deixando os capacitores em série com uma

capacitância equivalente de Cn onde n é o número de estágios do gerador. R1 e R2

são os resistores de forma de onda serie e paralelo responsáveis por gerar tanto o

tempo de frente da onda como o tempo de cauda e T é o objeto de teste.

2. Gerador de Impulso de Tensão do Laboratório de Extra Alta Tensão

da UFPA

O Gerador de Impulso de Tensão do Laboratório de Extra Alta Tensão da

UFPA foi fabricado pela HAEFELY modelo SGVA 3600-540, se baseia no circuito

multiplicador de Marx e foi construído em estágios. Ele possui uma tensão máxima de

3600 KV, máxima energia de 540 KJ, foi projetado para fornecer uma tensão de 200

KV por estágio, energias de 10 KJ, 15 KJ, 20 KJ e 30 KJ no topo. Desta forma, pode-se

alcançar altos níveis de tensões assim como armazenar grandes energias[6].

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Sua base tem formato de retângulo e esta é feita de aço a qual também

suporta o retificador de carga. Ainda na base, encontra-se o sistema de segurança de

aterramento que curta e aterra todos os capacitores de impulso além do sistema de

colchões de ar para fazer a movimentação da estrutura no laboratório. O Gerador

consiste em três colunas de isolamento sendo que em cada estágio dois capacitores

de alta tensão estão dispostos em um formato triangular. Todas as esferas de

centelhamento ou spark gap estão localizadas em uma estrutura cilíndrica vertical tipo

chaminé próximos às colunas de isolamento e desempenham o papel de colocar em

série os estágios previamente carregados em paralelo de modo a descarregar sobre

o objeto a ser ensaiado um impulso de tensão de elevada magnitude.

Os resistores de frente (em série) que formam o impulso de frente da onda

e os resistores de cauda (em paralelo) que formam a cauda são colocados em um

conector em formato de colchete e estão localizados entre as esferas de

centelhamento e os capacitores de impulso. O formato desses conectores facilita a

troca dos resistores em situações onde se deseja ajustar por exemplo a forma do

impulso. Além dos resistores de frente e de cauda, o gerador também possui os

resistores de carga e os resistores de potencial com funções específicas que serão

citadas posteriormente.

No interior do Gerador de impulso encontra-se uma escada vertical até seu

topo feita de material isolante que permite alcançar as plataformas dos estágios, e a

cada três estágios existe uma plataforma ajustável. Esse formato facilita o trabalho e

dá mais segurança na hora da locomoção em seu interior.

O sistema de teste é constituído pelos equipamentos principais e os

equipamentos auxiliares de medições do valor de pico ou análise da forma de onda.

Os equipamentos principais são o retificador de energização, o gerador de impulso, o

sistema de controle e o divisor de tensão. Os componentes auxiliares são o resistor

de derivação Shunt, o Chopping Gap, sistemas de medição para a análise da forma

de onda do impulso e circuito de teste do transformador chamado circuito glaninger.

A figura 2.1 mostra o Gerador de Impulso de Tensão do Laboratório de Extra Alta

Tensão da UFPA.

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Figura 2.1 - Gerador de impulso de tensão

Fonte: Laboratório de Alta Tensão UFPA (LEAT_UFPA)

3. Descrição Funcional

O sistema de teste de impulso de tensão opera sob um sistema de controle

o qual carrega o gerador através da unidade de carga e isto é conseguido pelo fato

dos estágios estarem conectados em paralelo através do carregamento dos

resistores. Desta forma, o tempo de carga e a tensão de carga podem ser

selecionados na unidade de controle. O diagrama da figura 3.1 mostra as funções

básicas do sistema.

Figura 3.1 - Esquemático do sistema de acionamento de um ensaio de impulso de

tensão[7].

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Os capacitores de todos os estágios são conectados em paralelo através

dos resistores de carga por um lado e através de uma rede de resistores de frente e

de cauda no outro lado e eles são carregados com uma tensão DC pré-selecionada

através do retificador de carga. A tensão de carga é medida no retificador de carga e

mostrada no sistema de controle. O carregamento é controlado de acordo com as

especificações das funções e depende da seleção da tensão e do intervalo de impulso.

A figura 3.2, representa o circuito de um dos estágios do gerador, onde Cs é a

capacitância do estágio, SG (“spark gap”) é o centelhador de disparo do gerador, Rp

e Rs são os resistores do tempo de cauda e de frente respectivamente, Rch representa

o resistor de carga equivalente do resistor, Lloop é a indutância do circuito teste e Cload

é a capacitância da carga (objeto sob ensaio+ divisor capacitivo+ capacitâncias

parasitas).

O disparo do impulso de tensão ocorre quando através do sistema de

controle envia-se um sinal de disparo de pulso com tensão de aproximadamente 12

KV ao amplificador de disparo localizado na base do gerador e um eletrodo auxiliar

inserido na primeira esfera causa uma faísca. Esse processo faz com que ocorra a

diminuição da tensão de ruptura das esferas do primeiro estágio e inicia-se o

centelhamento. E então, por efeitos de capacitâncias parasitas, o acionamento do

primeiro estágio gera sobretensões nos gaps dos estágios sucessivos e o nível da

sobretensão depende dos valores dos resistores de frente e de cauda. Um padrão de

enrolamento especial é utilizado no resistor de cauda para aumentar a sobretensão.

Figura 3.2 - esquemático de um arranjo para ensaio de impulso de tensão

Fonte: [7]

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4. Sistema de Medição do Gerador de Impulso de Tensão

O sistema de medição é fundamental para análise e avaliação dos

equipamentos, por isso, deve-se garantir a qualidade, adequação e exatidão nas

medições. O ambiente no qual o sistema de medição opera, deverá ter folgas para as

estruturas dos equipamentos e ligação ao terra. A presença de fortes campos elétricos

e magnéticos transitórios podem afetar significativamente o desempenho e precisão

do sistema de medição, portanto cuidado especial deve ser tomado para tais

instrumentos para garantir a operação confiável e precisa[4].

O sistema de medição é formado pelos dispositivos de conversão (divisor

de tensão, Resistor de derivação “Shunt”, etc.), por um sistema de transmissão (cabo

coaxial ou fibra ótica) e os instrumentos de medição (osciloscópio, digitalizadores,

voltímetros e etc.).

O divisor de tensão é utilizado para medir tensões elevadas e possui a

função de reduzir a tensão aplicada nos ensaios a níveis que se possa medir no

equipamento de controle sem danifica-lo. O divisor utilizado no laboratório é do tipo

capacitivo amortecido RC 2400 KV e 350 pF.

Figura 4.1 - Divisor de tensão.

Fonte: LEAT_UFPA

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O resistor de derivação Shunt de modelo SH-Q é o dispositivo de conversão

mais utilizado para medições de impulso de corrente. Ele é feito de um cilindro de aço

inoxidável o qual possui flanges de acoplamento e conectores coaxiais para fazer a

medição de corrente. É preenchido com uma areia especial e possui um parafuso de

10mm (chamado de terminal quente) sendo a porca do parafuso em formato de orelha,

juntamente com uma placa de 12,5mm de orifício que é o terminal do terra.

Figura 4.2 - Resistores de derivação shunt.

Fonte: LEAT_UFPA.

O Chopping Gap é um componente de alta tensão utilizado juntamente com

o Gerador de impulso de tensão e tem por função cortar os impulsos atmosféricos e

impulsos de manobra (os cortes podem ser no tempo de frente ou no tempo de cauda,

dependendo do tipo de equipamento a ser ensaiado) simulando uma descarga

disruptiva. Ele possui 4 módulos com duas colunas e cada módulo possui 3 pares de

esferas de centelhamento com 200 mm de diâmetro e um capacitor de amortecimento

responsável pelo controle da distribuição da tensão ao longo do equipamento. Cada

esfera é construída para trabalhar com uma tensão máxima de 200 KV.

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Figura 4.3 - Dispositivo Chopping Gap

Fonte: LEAT_UFPA

5. Sistema de Controle GC 223 e Sistema de Análise de Impulso

Equipamentos de alta tensão em redes de transmissão e distribuição de

eletricidade estão sujeitos a estresses elétricos por dois tipos diferentes de

sobretensões transitórias: sobretensões causadas por operações de manobra, e

aquelas causadas por interferências atmosféricas, como por exemplo, descargas

atmosféricas. Nos testes de alta tensão esses estresses são simulados por impulsos

de tensão de dupla exponencial, com parâmetros de tempo e amplitude especificados.

Para gerar e medir essas formas de onda de impulso de tensão são utilizados os

sistemas de controle. A figura 5.1 mostra um sistema completo de teste de impulso de

tensão.

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Figura 5.1 - Sistema completo do teste de impulso de tensão

Fonte:[7]

O sistema de controle do gerador de impulso de tensão, inclui todos os

elementos necessários para controlar o sistema de teste de descargas atmosféricas

e de manobra. Toda a operação do gerador é automatizada e isso inclui carregamento

dos estágios, aplicação do impulso e aterramento do gerador. O equipamento de

controle vem com um sistema de Intertravamento o qual é ligado à porta da sala de

controle que dá acesso à área de ensaio do laboratório e qualquer violação de

segurança faz com que o sistema desative o gerador priorizando a segurança pessoal.

A figura 5.2 mostra a imagem frontal do controle do gerador de impulso.

Figura 5.2 - Sistema de controle GC 223

Fonte: LEAT_UFPA.

O GC 223 executa várias funções entre elas, a conversão analógico/digital

de valores de medidas do sistema de impulso, controle e regulação da tensão de

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carga, tempo de controle do disparo, disparo das esferas de centelhamento

sincronizadas com a tensão AC, entrada e saída digital das portas do gerador, controle

dos dispositivo de corte do impulso (Chopping Gap), proteção contra sobretensão em

todas as entradas e saídas de linha, controle do sistema de segurança e filtro da

potência de entrada.

O sistema de análise dos impulsos modelo HiAS 734, é um multicanal com

alta precisão digital onde se faz medidas, avaliação e analise dos impulsos de tensão

e corrente e que podem ser aprimoradas de acordo com a IEC 61083, IEC 60060,

IEC60099 e IEC60230 que são os padrões relevantes para testes de alta tensão. A

avaliação automática das formas de impulso acima mencionadas, bem como um

modo de avaliação manual estão disponíveis no analisador. Na figura 5.3 tem-se o

sistema completo de controle do gerador de impulso.

Figura 5.3 - Sistema de controle completo

Fonte: LEAT_UFPA

6. Isoladores Elétricos

6.1 Introdução

Em meados de 1835 ocorreu a invenção do telégrafo elétrico e com ele

surgiu a necessidade de transportar dados e energia elétrica em linhas aéreas para

longas distâncias e então o desenvolvimento de isoladores iniciou-se por tais

necessidades. Os primeiros isoladores que foram fabricados eram de pino e tinham

um isolamento de baixa qualidade em ambientes úmidos. Um aperfeiçoamento foi

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visto com a introdução de uma cavidade cheia de óleo no caminho da corrente de fuga

e os isoladores com esta melhoria foram utilizados na primeira linha de transmissão

trifásica de 15 kV do mundo (de Laufen para Frankfurt, em 1891). O isolador de pino

teve seu projeto modificado para tensões mais elevadas ou seja, ele aumentou suas

dimensões gerais e teve condições de suportar melhor as tensões mecânicas da

linha[8].

O isolador de disco foi desenvolvido mais tarde pela limitação da rigidez

mecânica das porcelanas disponíveis e a dificuldade de manuseio dos isoladores

devido ao peso elevado (um isolador pino para uma linha de 77 kV tinha 40 cm de

diâmetro e pesava 28 kg). Mas o uso dos isoladores de disco também teve

dificuldades como perfuração ou rachaduras da porcelana e corrosão do pino[8].

Como alternativa ao isolador de disco em 1920, o isolador bastão foi fabricado depois

que as características mecânicas da porcelana foram melhoradas, essa alternativa

surgiu apenas pelo fato do isolador de bastão ser mais leve que o de disco e isso

facilitou o manuseio. Por volta de 1970 para melhorar o problema de peso, substituiu-

se a porcelana por polímeros envolvendo um núcleo de fibra de vidro, resultando em

um isolador bastão com uma redução de peso de até 90%[8]. Os isoladores bastão

compostos poliméricos continuam em uso desde 1950, mas sua utilização,

atualmente, ainda é vista com restrição e receio.

Um isolador elétrico tem a principal finalidade de isolar um corpo condutor de

outro corpo qualquer, possuindo um grande valor de resistência elétrica e poucos

elétrons livres em sua estrutura (à temperatura ambiente), não permitindo a livre

circulação de cargas elétricas, portanto, atua inversamente ao condutor elétrico.

Simplificando, é totalmente o contrário de um corpo condutor que possui muitos

elétrons livres em sua estrutura (à temperatura ambiente). É um dispositivo que

garante o isolamento elétrico de fios ou cabos energizados, entre seus pontos de

sustentação adjacentes.

São componentes cujos processos de engenharia, produção, testes e aplicação

em campo são muito mais complexos do que se pode julgar em um primeiro olhar eles

estão presentes em todas as subestações, usinas e equipamentos elétricos de

relevância no sistema. Os isoladores atuam como suportes mecânicos e ao mesmo

tempo atuam na isolação das principais estruturas e equipamentos elétricos de

qualquer instalação, muitas vezes sujeitos a cargas mecânicas contínuas de mais de

meia tonelada de peso. Em paralelo, devem ser capazes de suportar continuamente

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os campos elétricos aos quais estão expostos e suas perturbações pré-definidas. Da

mesma forma, devem suportar distúrbios meteorológicos (chuvas, vendavais, granizo)

dentro de seus limites de projeto, ataques por contaminantes (sal, maresia, poluição),

ataques de fungos nas regiões de alta umidade como a floresta amazônica, e ainda

estão expostos a vandalismo[9].

Os isoladores elétricos podem ser feitos de materiais como porcelana, vidro e

polimérico. A porcelana é um elemento heterogêneo, formado por uma mistura de

substância argilosa de quartzo e feldspato, e atualmente existem dois tipos de massa

para fabricação de isoladores a quartzosa e a aluminosa. Os isoladores de vidro

podem ser feitos de vidro recozido ou temperado. Já os isoladores poliméricos podem

ser compostos constituídos de, pelo menos, dois materiais isolantes, um núcleo e um

revestimento, ou não compostos constituídos somente por um material polimérico,

seja uma resina (caso do epóxi ou do concreto polimérico) ou um polímero (caso do

polietileno). O núcleo é composto por diversas fibras de vidro unidas por um processo

denominado pultrusão[8]. Na tabela 1 tem-se as vantagens e desvantagens dos

materiais utilizados para fabricação dos isoladores.

Tabela 1: Vantagens e desvantagens dos materiais constituintes dos isoladores[10].

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7. Tipos de Isoladores

Os isoladores podem ser de diversos tipos os principais são os isoladores de

pino, de disco, pilar, bastão e suporte. Nas figuras a seguir pode-se ver as diferenças

entre os tipos de isoladores.

Figura 7.1 - Isolador de pino de vidro ou porcelana.

Fonte: [8]

Figura 7.2- Isolador de disco de vidro ou porcelana[8]

Fonte: [8]

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Figura 7.3 - Isolador pilar de porcelana.

Fonte: [8]

Figura 7.4 Isolador bastão composto polimérico

Fonte: [8]

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Figura 7.5 - Isolador suporte pedestal de porcelana

Fonte: [8]

8. Características Dimensionais dos Isoladores

Os Isoladores elétricos possuem características dimensionais específicas de

acordo com cada tipo que serão vistos a seguir.

8.1 Isoladores de Disco e Bastão

Os isoladores de disco e bastão possuem diâmetro do dielétrico, passo,

distância de arco, distância de escoamento, distância de escoamento específica,

norma e classe de engate.

Figura 8.1 - Diâmetro e passo de um isolador de disco

Fonte: [8]

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8.1.1 Distância de Arco

A distância de arco é a distância que pode ser medida de duas formas:

A seco (também conhecida como linha de arco): é a menor distância entre

os eletrodos (ver Figuras 23 e 24)

Sob chuva: é a soma das distâncias percorridas pela lâmina de água ao

correr sobre o isolador (ver Figura 23).

Figura 8.2 - Distância de arco de um isolador de Disco[8]

Fonte: [8]

Figura 8.3 - Distância de arco de um isolador bastão.

Fonte: [8]

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Figura 8.4- Distância de arco de um isolador de pino.

Fonte: [8]

Tabela 2 – Distância de arco de um isolador[8].

8.1.2 Distância de Escoamento

Menor distância, ou a soma das menores distâncias ao longo do contorno da superfície

externa do corpo isolante do isolador, entre as partes que normalmente são submetidas à

tensão de operação do sistema[8]

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Figura 8.5- Distância de escoamento isoladores de disco, bastão e pino respectivamente.

Fonte: [8]

8.1.3 Distância de Escoamento Específica

Relação entre a distância de escoamento medida e o valor eficaz fase-fase da

tensão máxima de operação.

8.2 Isoladores Pilar, de Pino e Suporte

Os isoladores pilar, pino e suporte possuem as seguinte características

dimensionais: diâmetro do dielétrico, altura, distância de arco, distância de

escoamento, distância de escoamento específico, norma e classe de engate.

Podemos conhecer nas figuras todas essas características.

9. Ensaios em Isoladores

O ensaios em isoladores podem ser divididos em quatro grupos que são os

ensaios de projeto, ensaios de tipo, ensaios de recebimento e os ensaios de rotina.

9.1 Ensaios de Projeto

Atualmente visto somente em normas de ensaios de isoladores poliméricos,

este tipo de ensaio tem por objetivo verificar a adequação do projeto, do material e do

método de fabricação (tecnologia). A NBR 15232 traz uma tabela relacionando quais

os ensaios que devem ser repetidos quando ocorre qualquer alteração no projeto de

um isolador pilar polimérico[11].

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9.2 Ensaios de Tipo

Os ensaios de tipo servem para verificar as principais características de um

isolador que dependem, principalmente de seu projeto. Geralmente, quando se trata

de um novo projeto ou um novo processo de fabricação do isolador, os ensaios de

tipo devem ser realizados uma única vez, num pequeno número de unidades. No caso

de alteração do projeto ou processo de fabricação, os ensaios devem ser repetidos.

Quando ocorrer, e a mudança afetar apenas determinadas características do isolador,

somente os ensaios de tipo referentes a essas características devem ser

repetidos[13].

Os ensaios de tipo são os relacionados a seguir e devem ser executados de

acordo com as prescrições da ABNT NBR 5032, ANSI C29.1 ou IEC 60383-1[12]:

Tensão suportável de impulso atmosférico;

Tensão suportável à frequência industrial, sob chuva;

Perfuração elétrica sob impulso de tensão;

Radiointerferência;

Poluição artificial;

Verificação dimensional;

Ruptura eletromecânica;

Ruptura mecânica;

Desempenho termomecânico;

Resistência mecânica residual.

A montagem dos isoladores para os ensaios em questão deve ser feita de

acordo com a ABNT NBR 5032[12].

9.3 Ensaios de Recebimento

Os ensaios de recebimento destinam-se a verificar as características de um

isolador sujeitas a variar com o processo de fabricação e com a qualidade dos

materiais empregados. Os ensaios de recebimento são utilizados como ensaios de

aceitação de uma amostra de isoladores retirados aleatoriamente de um lote que

tenha atendido as exigências dos ensaios de rotina de sua respectiva norma. A NBR

5032 aceita a possibilidade do comprador dispensar um ou a totalidade dos ensaios

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de recebimento, mediante a verificação de relatórios de ensaios previamente

realizados pelo fabricante em isoladores equivalentes[13].

9.4 Ensaios de Rotina

9.4.1 Para Isoladores de vidro e Porcelana

Os ensaios de rotina destinam-se a eliminar isoladores defeituosos e devem

ser realizados durante a fabricação, sobre cada um dos isoladores produzidos.

Admite-se que os ensaios de rotina podem ser acompanhados por inspetor

credenciado pelo comprador, mediante prévio acordo comercial. No caso dos ensaios

de rotina serem realizados pelo inspetor durante o recebimento, a amostragem

máxima a ser ensaiada é de 10% do lote, mediante prévio acordo comercial entre

fabricante e comprador, sendo o número máximo de falhas admitidas de 3% em cada

ensaio. Caso o número de falhas seja maior, o lote deve ser considerado em

desacordo com esta Norma e ser reprovado[13].

9.4.2 Para Isoladores Poliméricos

O objetivo dos ensaios de rotina é eliminar os isoladores bastão compostos

poliméricos com defeitos de fabricação. Esses ensaios devem ser realizados sobre

cada isolador produzido [13].

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CONCLUSÃO

Os ensaios elétricos em alta tensão como visto ao longo deste trabalho são de

extrema importância para verificar a qualidade dos equipamento que serão colocados

em funcionamento na rede de transmissão e distribuição de energia elétrica. Para tais

verificações se faz necessário o uso de dispositivos de alta tensão como os Geradores

de Impulso Atmosféricos que permitem tais testes. Estes ensaios simulam a realidade

sofrida por vários equipamentos que estando em campo sofrem com as condições

climáticas impostas pela natureza como poluição, descargas atmosféricas etc. Além

disso, tem-se as sobretensões por chaveamento que muitas vezes podem ser até

piores devido a sua intensidade.

Também, a região amazônica é uma área que devido aos altos índices de raios

e sua umidade do ar faz com que os equipamentos de alta tensão sofram com maior

intensidade, então é de extrema importância os diversos tipos de ensaios realizados

em equipamentos que operarão nesta região para não interromper o fornecimento de

energia elétrica. Nesse sentido os isoladores que apesar de serem equipamentos

simples se tornam essenciais no sistema de transmissão e distribuição e sua falha

pode causar grandes transtornos. Por isso seu acompanhamento desde a fabricação

até sua instalação devem ser minuciosamente acompanhados e testados para não

ocorrer falhas.

Portanto, Laboratório de Extra Alta Tensão da Universidade Federal do Pará

oferece a região norte a oportunidade de estar inserido no mercado de energia elétrica

voltado para os diversos tipos de ensaios em equipamentos de Extra Alta Tensão

como isoladores, cabos de alta tensão, transformadores etc. Além disso os

profissionais da área tem a oportunidade de se qualificar e conhecer este campo que

até pouco tempo estava concentrado na região sul e sudeste do país.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] TELLÓ, M; DIAS, G.A.D.; RAIZER, A.; ALMAGUER, H.D.; MUSTAFA, T.I.;

COELHO, V.L. Aterramento Elétrico Impulsivo em Baixa e Altas Frequências. 1 ed.

Porto Alegre: Edipucrs, 2007.

[2] REIS.R.P.A, “Estudo de um Sistema de medição de Alta Tensão Impulsiva”, Belo

Horizonte, 1997.

[3] SCHAEFER, C,J, “ Ensaio de Impulso Atmosférico e de manobra”, São Paulo 2014.

[4] ELETRONORTE, “Teoria e Ensaios de Impulso de Alta Tensão”. 2015.

[5] INTERNATIONAL ELECTRTECHNICAL COMMISSION. IEC 60060-1: High-

Voltage test technique – Part 1: General definitions and test requirements. Geneva,

2010.

[6] NAIDU, M. S.; KAMARAJU, V. High Voltage Engineering. 4th ed. New Delhi:

McGraw-Hill Publishing Company Limited. 2009.

[7] HAEFELY,H.V. “Manual do Equipamento Gerador de Impulso de Tensão”

[8] MELLO, Darcy. “Isoladores Elétricos”, Eletronorte, Belém 2007.

[9] LAVIERI, Arthur. “Isoladores Elétricos - componentes básicos para um sistema

elétrico”. Canal Energia. São Paulo, 23 de Fevereiro de 2010.

[10] http://www.foz.unioeste.br/~lamat/downcompendio/compendiov1.pdf.

[11] NBR 15232: “Isolador pilar composto para linhas aéreas de corrente alternada, com

tensões acima de 1 000 V”, 2005.

[12] NBR 5032: “Isoladores para linhas aéreas com tensões acima de 1000 V –

Isoladores de porcelana ou vidro para sistemas de corrente alternada”; 2004

[13] MELLO, Darcy; GUIMARÃES, Fernando; CARVALHO, Silvia; BARROS, Ana.

Ensaios em Isoladores e em Cadeias de Isoladores, Cigré-Brasil, 2010.

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DIFICULDADES

A principal dificuldade encontrada é com relação aos ensaios com os

Isoladores elétricos pois devido a alguns problemas técnicos do Gerador de Impulso

de tensão que não foram resolvidos pela fabricante não se pode desenvolver com

profundidade os principais ensaios previstos em norma. Além disso, tem-se a

dificuldade na montagem dos equipamentos para a realização dos ensaios pois como

a maioria são muito pesados e requerem uso de outros componentes que ainda não

temos no Laboratório fica inviável a realização de determinados ensaios específicos.

Parecer do Orientador:

A Bolsista vem desempenhando seu Trabalho de Pesquisa no Laboratório

de Alta tensão da Universidade Federal do Pará, conforme previsto inicialmente em

seu plano de trabalho. A mesma vem demonstrando grande empenho nas suas

atividades de pesquisa, seguindo a proposta inicialmente estabelecida, tanto na parte

teórica quanto prática de sua pesquisa de Iniciação Científica, o que vem também

impactando positivamente em sua formação na área de Eng. Elétrica e equipamentos

de sistemas de Potência.

A Bolsista cumpre todos os seus horários de trabalho e vem avançado

gradualmente em sua pesquisa, podendo com os resultados que ainda serão obtidos

em Laboratório chegar a produção de Trabalhos científicos para submissão a

congressos em sua área de pesquisa.

Por estes motivos sou de parecer favorável a aprovação do presente

relatório parcial de pesquisa PIBIC, 1º Semetsre de 2017.