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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO FACED PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MARIA AFONSINA FERREIRA MATOS RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO PÓS-DOC SALVADOR-BA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACED

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

MARIA AFONSINA FERREIRA MATOS

RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO

PÓS-DOC

SALVADOR-BA

2011

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MATOS, Maria Afonsina Ferreira

RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO PÓS-DOC

Relatório apresentado ao Programa de Pós-

graduação em Educação da Faculdade de

Educação– FACED da Universidade Federal

da Bahia – UFBA como atividade de

conclusão do Estágio Pós-doutoral.

SUPERVISORAS: PROFA. PÓS-DOUTORA EULINA DA ROCHA LORDELO – UFBA

PROFA. DRA. MARY DE ANDRADE ARAPIRACA – UFBA

SALVADOR-BA

2011

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AGRADECER...

A Deus...

sempre e antes de tudo. Aprendi com Guimarães Rosa que Deus é alegria e coragem...

Ao Programa de Pós-graduação em Educação – FACED-UFBA, na pessoa do seu Coordenador,

Prof. José Albertino C. Lordelo... pelo acolhimento.

Ao GELING, com quem tive oportunidade de diálogo... Drummond me contou que minha procura/

ficará sendo/ minha palavra...

Às Profas. Eulina da Rocha Lordelo e Mary de Andrade Arapiraca, Supervisoras, além do mais...

Guimarães Rosa também me disse que Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente

aprende...

Aos Colegas do CEL-UESB e colaboradores:

Elane Nardotto, Ednalva Almeida, Davi Porto, Jéssica Santana, Josenir Hayne, Carla Valéria,

Gizelen Santana, Jamile Souza, Márcio Jorge, Amanda Cardoso, Elane Francisca, Jualine

Xavier, Emerson Viana, Paulo Sérgio, Lucas Nascimento, Marly Souza, Jeane Malta, Antonio

José Bobia, Ademir Nascimento, Aline Barreto, Danilo da Silva, Alana Santos, Catiane Pureza,

Gabriel Ribeiro, Mara Rúbia, Marileide Vieira, Oscimar Novais, Almir Santos, Rúbia Cristina,

Luiz Carlos, Gabriel Ribeiro, Tarsila Nardotto, Bia... Eles ouviram Bandeira: Ai seu foguista/ Bota

fogo/ Na fornalha/ Que eu preciso/ Muita força/ Muita força/ Muita força e continuaram estalando

nas minhas ausências...

À UESB, que, através do DCHL, concedeu licença para o Estágio. Ao Prof. Raimundo Lopes Matos,

meu substituto durante o pós-doc. À Manuela da PPG, pela atenção cuidadosa com minhas idas e

vindas. À Cláudia, que secretariou tudo no DCHL...

Para Luciano Chaves, com quem sonho junto...

Aos Filhos: Bruno Matos, Átila Matos, que dignificam meus sonhos...

Aos Amigos: D. Lúcia Miranda, Diva do Carmo, Maria Célia (Lia), Gizelen Santana, Paloma

Mattos, Edsley Nascimento, Selma Melo, Profa. Lícia Beltrão, Prof. Maximiliano Henriquez (in

memoriam) - a amizade é o sal da vida... me falou Jorge Amado, na UESB-Jequié, 1992...

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.......................................................................................... 06

I – DOS PROJETOS DE PESQUISA/OBJETO DO ESTÁGIO: apresentação.

..................................................................................................

08

1- PROJETO - EMÍLIA VAI À ESCOLA: práticas de leitura da obra adulta

lobateana no ensino médio. ......................................................

08

2- PROJETO – NO REINO DA IMAGINAÇÃO: experiências com literatura

infanto-juvenil. ..............................................................................

10

II – PRIMEIRA FASE DOS TRABALHOS DO ESTÁGIO...................... 12

1 – A PRIMEIRA REUNIÃO........................................................................ 12

2 – AÇÕES DA PRIMEIRA FASE.............................................................. 12

2.1 – AS ATIVIDADES DE PESQUISA: ações em campo, ações no interior do

grupo de trabalho.......................................................................

13

2.1.1 – Projeto – Emília vai à Escola: práticas de leitura da obra adulta lobateana

no ensino médio............................................................................

13

2.1.1.1 – Leituras para Fichamento e Discussão no Grupo de Estudos............ 13

2.1.1.2 – Leituras para Elaboração de Resumos e Apresentação para o Grupo de

Estudos.........................................................................................................

14

2.1.1.3 – Realização de Três Oficinas............................................................... 14

2.1.1.4 – Coleta e Registro de Dados................................................................ 14

2.1.2 – Projeto – No Reino da Imaginação: experiências com literatura infanto-

juvenil.................................................................................................

15

2.1.2.1 - Leituras para Fichamento e Discussão no Grupo de Estudos............ 15

2.1.2.2 – Leituras para Elaboração de Resumos e Apresentação para o Grupo de

Estudos......................................................................................................... 15

2.1.2.3 – Realização de Três Oficinas............................................................... 15

2.1.2.4 – Coleta e Registro de Dados................................................................ 16

2.1.3 – Atividades Comuns aos Dois Projetos............................................... 16

2.1.3.1 – Sessões de Estudo e Discussões em grupo......................................... 16

2.1.3.2 – Reuniões de Planejamento e Orientação de Bolsistas........................ 17

2.1.3.3 – Apresentação dos Projetos de Pesquisa em Eventos.......................... 18

2.1.3.4 – Produção de Artigos para Publicação 18

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III – SEGUNDA FASE DOS TRABALHOS DO ESTÁGIO...................... 19

1 – SEGUNDA REUNIÃO............................................................................. 19

2 – AÇÕES DA SEGUNDA FASE................................................................ 19

2.1 – AS ATIVIDADES DE PESQUISA: ações em campo, ações no interior do

grupo de trabalho........................................................................

20

2.1.1 – Projeto – Emília vai à Escola: práticas de leitura da obra adulta lobateana

no ensino médio.............................................................................

20

2.1.1.1 – Leituras para Fichamento e Discussão no Grupo de Estudos............ 20

2.1.1.2 – Leituras para Elaboração de Resumos e Apresentação para o Grupo de

Estudos......................................................................................................... 20

2.1.1.3 – Realização de Três Oficinas............................................................... 20

2.1.1.4 – Coleta e Registro de Dados................................................................ 21

2.1.2 – Projeto – No Reino da Imaginação: experiências com literatura infanto-

juvenil.................................................................................................

21

2.1.2.1 - Leituras para Fichamento e Discussão no Grupo de Estudos............. 21

2.1.2.2 – Leituras para Elaboração de Resumos e Apresentação para o Grupo de

Estudos.........................................................................................................

21

2.1.2.3 – Realização de Três Oficinas............................................................... 21

2.1.2.4 – Coleta e Registro de Dados................................................................ 23

2.1.3 – Atividades Comuns aos Dois Projetos............................................... 23

2.1.3.1 – Sessões de Estudo e Discussões em grupo......................................... 23

2.1.3.2 – Reuniões de Planejamento e Orientação de Bolsistas........................ 25

2.1.3.3 – Apresentação dos Projetos de Pesquisa em Eventos e Presença em Expedições

de Pesquisa e Extensão do ESTALE-CEL/UESB......................... 27

2.1.3.4 – Produção de Artigos e Ensaio para Publicação 27

IV – AÇÕES NA FACED/UFBA................................................................... 29

V – DISCUSSÃO DOS PROJETOS DE PESQUISA: Referências, considerações

de ordem metodológica, histórico, resultados......................

30

1- NOSSOS INTERLOCUTORES NA RECEPÇÃO PRAZEROSA........ 30

2- NOSSOS FUNDAMENTOS NA ESTÉTICA DA RECEPÇÃO............ 32

3 - CONSIDERAÇÕES DE ORDEM METODOLÓGICA........................ 34

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4- PROJETO - EMÍLIA VAI À ESCOLA: práticas de leitura da obra adulta

lobateana no ensino médio.................................................................

36

4.1 - MONTEIRO LOBATO: o escritor e a estética da recepção.............. 36

4.2 - A PESQUISA: fase diagnóstica............................................................. 38

4.3 - EMÍLIA NO ENSINO MÉDIO............................................................. 40

4.3.1 - Nossos Interlocutores sobre a obra adulta lobateana...................... 41

4.3.2 - Materiais e métodos............................................................................ 44

4.3.3 - As Experiências e os Resultados......................................................... 46

4.3.3.1 - Oficinas na Turma 1 – 3º Ano/2010................................................ 46

4.3.3.2 - Oficinas na Turma 2 – 3º ano/2011................................................. 49

4.3.4 - Algumas Conclusões............................................................................ 54

5-PROJETO - NO REINO DA IMAGINAÇÃO: experiências com literatura

infanto-juvenil................................................................................

56

5.1 - NOSSOS INTERLOCUTORES SOBRE A LITERATURA NA

ESCOLA...........................................................................................................

57

5.2 - OS ANTECEDENTES DA PESQUISA DE 2010/2011 60

5.3 – JOGANDO COM LITERATURA INFANTO-JUVENIL NA

ESCOLA..........................................................................................................

64

5.3.1 - Materiais e Métodos............................................................................ 65

5.3.2 - As experiências e os resultados........................................................... 66

5.3.2.1 - Oficinas de 2010-II............................................................................. 66

5.3.2.2 - Oficinas de 2011-I.............................................................................. 68

5.3.3 - Algumas Conclusões............................................................................ 72

VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS: um “balanço” dos resultados do

estágio...............................................................................................................

77

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................

80

ANEXOS.......................................................................................................... 84

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APRESENTAÇÃO

Por mais que eu caminhe,

Jamais alcançarei.

Afinal para que serve a utopia?

Serve para isso para caminhar.

Eduardo Galeano, em: As Palavras Cadentes

O Programa Estação da leitura – ESTALE está fazendo 20 anos de existência nesse ano de

2011. Ele se iniciou sem muitas pretensões como um projeto de pesquisa participante, em

seguida, alargou horizontes no campo da extensão à comunidade e em 2001, retornando do

Doutorado, transformamo-lo em Programa de Pesquisa, Ensino e Extensão no intuito de

qualificar seu trabalho de investigação científica para que a pesquisa se tornasse a mola

propulsora para todas as suas demais ações no que se refere ao livro, à leitura e à formação de

leitores.

Com esse propósito, em 2005, criamos o Centro de Estudos da Leitura – CEL/UESB para

abrigar o Estale, estabelecemos suas linhas de pesquisa, grupos e núcleos de estudos. Mas,

chegou um momento em que percebemos que não bastava a criação dessa infra-estrutura nem

somente a organização interna para a produção em grupo. Sentimos a necessidade de colocar

sob o crivo de um olhar externo as nossas atividades dentro dos projetos de pesquisa em

andamento na ocasião: Emília vai à Escola: práticas de leitura da obra lobateana no ensino

médio e No Reino da Imaginação: experiências com literatura infanto-juvenil. Assim, surgiu

o desejo de procurar o pós-doc. Escolhemos a FACED/UFBA por conta da existência do

Grupo de Pesquisa em Educação e Linguagem - GELING – então coordenado pela Profa.

Mary Arapiraca – uma das nossas Supervisoras – e pela vontade de dialogar com profissionais

da UFBA, até então mais distantes de nós que os de outras Universidades mais longínquas.

Assim pensando, procuramos a FACED, vislumbrando a possibilidade de uma revisão-

discussão dos trabalhos de pesquisa acima referidos e obtivemos o Aceite (Anexo I) para, sob

a Supervisão das Professoras Eulina da Rocha Lordelo e Mary Andrade Arapiraca,

realizarmos o Estágio de Pós-doutoramento.

Obtido o Aceite, partimos para os procedimentos necessários à liberação pela UESB (Anexo

II) e para as demais providências essenciais para o início do Estágio no dia 01/10/2010.

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Acreditamos ter realizado um trabalho profícuo e bem documentado. Desse modo, o Relatório

Final que se segue é o registro de atividades do Estágio Pós-doutoral na FACED/UFBA,

compreendendo o período de trabalho entre 01/10/2010 a 30/09/2011. O objetivo é dar a

conhecer os resultados do Estágio, bem como o processo de desenvolvimento do mesmo e as

reflexões/decisões que dele decorreram a propósito dos projetos de pesquisa do ESTALE –

objeto do Estágio. Para tanto, ele se constitui das seguintes partes: Apresentação e Histórico

dos Projetos de Pesquisa-Objeto do Estágio; Descrição da Primeira Fase dos trabalhos, onde

são apresentadas as atividades do Estágio no período de 01/10/2010 a 01/02/2011; Descrição

da Segunda Fase dos trabalhos do Estágio, compreendendo o período de 02/02 a 30/09/2011 -

em ambas as partes, são relatadas as ações da equipe ESTALE em no campo de pesquisa e em

seus grupos de estudos, bem como nas reuniões de supervisão do Estágio dentro da

FACED/UFBA; Relação de Atividades desenvolvidas na FACED; A Discussão dos Projetos

desenvolvidos; As Considerações Finais; As Referências Bibliográficas; e os Anexos.

Sobre os Anexos, é preciso dizer que nem todos os documentos dos projetos e gerados a partir

deles se encontram anexados. Colocá-los todos deixaria este Relatório sobrecarregado.

Portanto, a documentação completa se encontra disponível para consulta no Arquivo de

Pesquisa do ESTALE.

Segue-se, pois, o relatório...

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I- DOS PROJETOS DE PESQUISA - OBJETO DO ESTÁGIO: apresentação

Alguma coisa que eu disse distraído – talvez

palavras de um poeta antigo – foi despertar

melodias esquecidas dentro da alma de

alguém. Foi como se a gente soubesse que de

repente, num reino muito distante, uma

princesa muito triste tivesse sorrido. E isso

fizesse bem ao coração do povo; iluminasse

um pouco as suas pobres choupanas e as suas

remotas esperanças. (Rubem Braga, em: A

Palavra.)

Vocês acreditam em fadas? (...) Se acreditam,

batam palmas! (Peter Pan, em: Em busca da

Terra do Nunca)

Dois projetos de pesquisa do Programa Estação da Leitura - ESTALE foram objetos de

avaliação/discussão durante o Estágio pós-doutoral: Emília vai à escola: práticas de leitura

da 0bra adulta lobateana no Ensino Médio e No Reino de Imaginação: experiências com

Literatura Infanto-juvenil. O histórico e a apresentação desses dois projetos de investigação

científica se seguem abaixo:

1- PROJETO: EMÍLIA VAI À ESCOLA: práticas de leitura da obra adulta lobateana

no ensino médio.

[...] Achei interessantes, legais, super,

aprendemos as coisas de Monteiro Lobato,

muitas coisas interessantes sobre a vida dele...

e teve muitas brincadeiras e brindes (J. Aluno

da 5ª série do CELVF, 12 anos)

A todo momento, sou forte quanto Hércules.

(S.E.V., aluno do 3º ano do CELVF, 2011)

Uma das personagens de Monteiro Lobato mais admiradas pelos seus leitores é Emília, a

boneca de pano. Com sua esperteza e falação, Emília conquistou o imaginário dos brasileiros,

proporcionando a eles momentos únicos de reflexão e diversão. Emília, com “fala recolhida”

por muito tempo, ao tomar a pílula falante, “desentala” e abre a sua torneirinha de asneiras.

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Muitos afirmam que a boneca representa aquilo que Lobato gostaria de ser e fala aquilo que o

escritor gostaria de falar. Sendo essa afirmação verdade ou não, o fato é que Emília e Lobato

causaram rebuliços na sociedade do século XX e de hoje ainda. Rebuliços que decorrem de

idéias e asneiras ditas pela boneca.

Pensando na personagem que ganhou vida e voz nas histórias lobateanas através de suas

observações e críticas, o Grupo de Pesquisa e Extensão em Lobato – GPEL vinculado ao

Programa Estação da Leitura do Centro de Estudos da Leitura – CEL-UESB, campus de

Jequié, executa o Projeto de Pesquisa Emília vai à Escola, que inicialmente buscou investigar

a presença ou ausência das obras de Lobato nas práticas de leitura escolares, em escolas

jequieenses do ensino fundamental I, II e médio.

Nos anos de 2006-2007 e 2008, o projeto foi executado no Colégio Estadual Luiz Viana Filho

com os alunos do Ensino Fundamental II (5ª a 6ª séries). Em 2008 e 2009, foi a vez de

executá-lo no Ensino Fundamental I (1ª a 4ª séries), na Escola Municipal Franz Gedeon..

Esse, assim como o primeiro, coletou dados que confirmam a hipótese de que as escolas não

têm desenvolvido um trabalho com as obras lobateanas, tanto a infanto-juvenil, como a

adulta.

Essa pesquisa vem sendo desenvolvida em duas etapas. Na primeira foi diagnosticada a

situação de leitura do texto lobateano no Ensino Fundamental II (2006/2007/2008), no Ensino

Fundamental I (2008/2009) e no Ensino Médio (2009/2010). Diagnosticada a ausência do

texto lobateano no campo pesquisado, foi realizada a segunda etapa do projeto, quando foi

desenvolvida uma série de experiências com práticas de leitura da literatura infanto-juvenil

lobateana ensino fundamental II (2009/2010) e com práticas de leitura da obra adulta do

mesmo autor em duas turmas de secundaristas (2010/2011) - ambas no Colégio Estadual Luiz

Viana Filho. Assim, a partir das observações realizadas no campo de estudos, a segunda etapa

da pesquisa foi executada no Ensino Fundamenta II, verificando-se a recepção positiva da

obra lobateana e da metodologia lúdica de trabalho pela comunidade escolar, bem como o

diálogo travado entre pesquisadores, pesquisados e professores no desdobramento de uma

intervenção elaborada (oficinas de leitura). Tendo sido verificado o interesse dos alunos e

professores pela obra de Monteiro Lobato, a segunda etapa foi proposta para o ensino médio.

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Essa etapa do projeto é que foi apresentada como objeto do estágio na FACED- UFBA –

práticas de leitura da obra adulta lobateana realizadas no Ensino Médio...

2- PROJETO - NO REINO DA IMAGINAÇÃO: experiências com literatura infanto-

juvenil

Eu aprendi hoje que Monteiro Lobato foi um

homem de visão, que acreditava nos seus

sonhos. (A. S. N. – Centro de Recuperação Ser

Livre – Jequié/BA)

Hoje foi um dia massa foi o Dia que viemos a

oficina do Projeto De literatura infanto-juvenil

com as meninas da UESB... (T. M. – Colégio

Polivalente Edvaldo Boaventura/Jequié-BA.)

O Centro de Estudos da Leitura – CEL/UESB, através do Programa de Pesquisa, Ensino e

Extensão intitulado Estação da Leitura – ESTALE – prevê, dentre suas ações, a integração da

pesquisa ao ensino de graduação e à extensão à comunidade. Entre suas linhas de trabalho,

figura a Didática da Leitura. Nessa linha, a disciplina Literatura Brasileira VI do Curso de

Letras, colocando em questão temas de Literatura Infanto-juvenil, tem, desde 2002, integrado

seu programa de estudos à pesquisa e extensão através do Projeto No Reino da Imaginação:

experiências com Literatura Infanto-juvenil.

Dessa forma, o conhecimento produzido na disciplina é partilhado e enriquecido, quando os

graduandos elaboram e aplicam projetos, promovendo leitura de textos da Literatura infanto-

juvenil com vistas a certificar a recepção dos mesmos e da metodologia de trabalho

empregada nas oficinas. Esses projetos, em média 6 a 8 por semestre, são desenvolvidos em

creches, escolas públicas, particulares e instituições de recuperação e assistência social da

microrregião de Jequié. Além de integrar a pesquisa ao ensino e à extensão, esse projeto quer,

em última instância, contribuir para o debate no campo da pedagogia/didática da leitura

Assim, o Projeto No Reino da Imaginação: experiências com literatura infanto-juvenil atua

no território de Jequié desde 2002. Trata-se de um projeto desenvolvido por pesquisadores,

alunos e monitores do Curso de Letras e alunos de Pedagogia da Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia - UESB, além de técnicos do Centro de Estudos da Leitura/UESB e

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bolsistas da FAPESB, sob orientação da Profa. Dra. Maria Afonsina Ferreira Matos e

supervisão da Profª. Ms. Elane Nardotto Rios Cabral.

Até maio de 2007, 61 (sessenta e uma) experiências foram realizadas com o apoio da

comunidade local, através de doações e patrocínios. Entre julho de 2007 e julho de 2009, 54 (

cinquenta e quatro) oficinas foram realizadas, com financiamento do CNPq e, entre novembro

2008 e novembro de 2010, 13 (treze) oficinas aconteceram com apoio da FAPESB. Todas

elas foram desenvolvidas a partir de subprojetos elaborados e aplicados pelos alunos do Curso

de Letras ou Pedagogia/UESB, colocando em pauta a literatura infanto-juvenil

contemporânea, a literatura infanto-juvenil de Monteiro Lobato e a literatura infanto-juvenil

em geral. Até o momento mais de 100 (cem) oficinas ocorreram, podendo-se dizer, ao final

desta etapa de trabalho, que todos os subprojetos foram de fundamental importância para a

formação dos discentes dos graduandos/pesquisadores e do público pesquisado, pois

possibilitou a ambos oportunidade de vivenciar novas experiências no que diz respeito ao

trabalho com leitura e à recepção de obras literárias. Assim, tendo verificado a importância

desse projeto para todos os envolvidos na sua execução, fizemos a proposta de mais uma

etapa do mesmo para 2010-2011 a ser desenvolvida com recursos da UESB. Essa etapa de

trabalho é que foi objeto do estágio pós-doutoral.

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II - PRIMEIRA FASE DOS TRABALHOS DO ESTÁGIO:

Certa palavra dorme na sombra

de um livro raro.

Como desencantá-la?

É a senha da vida

A senha do mundo.

Vou procurá-la.

(Carlos Drummond de Andrade, em: A Palavra Mágica)

1- A Primeira Reunião

No dia 01/10/2011, ocorreu a primeira reunião de trabalho com as supervisoras do Estágio –

Profªs. Eulina da Rocha Lordelo e Mary de Andrade Arapiraca, quando apresentei os projetos

de pesquisa do Programa Estação da Leitura- ESTALE e o Plano de Estágio Pós-

Doutoral (Anexo III), enfatizando que o objetivo principal era aprofundar estudos sobre a

pesquisa do tipo experimental a partir de oficinas com leitura de literatura a serem realizados

no Ensino Fundamental, Educação infantil e Ensino Médio. Na ocasião, o plano de trabalho

foi discutido, minhas expectativas em relação ao Estágio foram colocadas em questão e o

sentido de me voltar para os estudos experimentais foi questionado, vez que o perfil do meu

trabalho com leitura de literatura estava mais caracterizado como experiências gerando

tecnologias na área de humanas onde se tornam cada vez mais raros os estudos experimentais.

Por conta disso, as Supervisoras me sugeriram atenção também para outros tipos de pesquisa

como a etnográfica e a pesquisa-ação.

2. Ações da Primeira Fase

No dia 09/10/2010, o grupo de Pesquisa do ESTALE (pesquisadores, colaboradores e bolsistas)

se reuniu para decisões a partir das sugestões das Supervisoras do Estágio. Nessa reunião, ficou

decidida a criação de um Grupo de Estudos sobre Pesquisa – GEPESQ e estabelecido o

prazo até final de outubro/2010 para empreendermos o levantamento bibliográfico sobre

Pesquisa Experimental a partir de sugestões das mesmas. Nessa etapa de trabalho, enfrentamos

muitas dificuldades: busca pelo livro Consciência Fonológica & Alfabetização, organizado por

Cláudia Cardoso Martins – não foi encontrado disponível para compra; tentativa de empréstimo

de livros sobre Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais e em Psicologia na Biblioteca da

FACED – não tive acesso imediato porque, enquanto pos-doutoranda, não se aplicavam a mim

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os mesmos procedimentos que em relação aos demais alunos para a obtenção de

empréstimos...; tentativa de obtenção de livros em livrarias em Salvador – sem êxito, não havia

títulos nessa área disponíveis para venda; tentativa de participar do seminário de qualificação

do Programa para conhecer alguns projetos com características experimentais – o seminário

coincidiu com uma palestra nossa no Congresso Latino-Americano de Leitura e Compreensão

Leitora em Brasília/DF e, apesar do esforço para contemporizar as atividades, o trânsito de

Salvador nos impediu de fazer o trajeto Stella Maris/ FACED/Aeroporto numa mesma tarde;

Diante de todos esses contratempos e dificuldades, ao final de outubro, prazo estabelecido pelo

nosso grupo para finalizar o levantamento e iniciar as discussões teóricas, o material em mãos

se limitava a referências introdutórias - a exemplo de Bortoni-Ricardo, Stela Maris. O

Professor Pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa. São Paulo: Parábola Editorial, 2008

- e, portanto, elementares, ou seja, insuficientes para o nosso objetivo. Assim, percebendo que

seria necessário mais tempo para esse levantamento, no dia 30/10/2010, o grupo do Programa

Estação da Leitura, reunido novamente decidiu encaminhar primeiro o levantamento

bibliográfico sobre a pesquisa etnográfica por conta de ver mais possibilidades de encontrar

títulos nessa área, conforme se vê no Anexo IV.

2.1 – AS ATIVIDADES DA PESQUISA: ações em campo, ações internas do

grupo de trabalho...

Como foi ponto pacífico, na primeira reunião com as Supervisoras do Estágio, o

desenvolvimento do trabalho de campo, para fins de observação e coleta de dados, as

investigações foram mantidas e encaminhadas como o previsto no plano de trabalho.

Desse modo, enquanto decisão de pesquisa, houve continuidade na realização de

experiências nos espaços de educação formal e demais atividades dos projetos postos

em questão no Estágio, conforme se verifica, nos anexos VI e VII, e na descrição

abaixo:

2.1.1-PROJETO - EMÍLIA VAI À ESCOLA: práticas de leitura da obra

adulta lobateana no ensino médio.

2.1.1.1– Leituras para Fichamento e Discussão no Grupo de

Estudos:

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AZEVEDO, L. C., CAMARGOS, M. & SACCHETA, V. Monteiro

Lobato: Furacão na Botocúndia. São Paulo: SENAC, 2001. –

Fichamento discutido na reunião de 08/11/2010.

LAJOLO, M. Monteiro Lobato: um brasileiro sob medida. São Paulo:

Moderna, 2000. Fichamento discutido na reunião de 23/11/2010.

SOLÉ, I. Estratégias de Leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998. -

Fichamento discutido na reunião de 25/11/2010.

2.1.1.2– Leituras para Elaboração de Resumos e Apresentação para

o Grupo de Estudos

LOBATO, J. B. M. Cidades Mortas. São Paulo: Brasiliense, 1995. -

Resumo apresentado na reunião de 08/11/2010.

_____________. Negrinha. São Paulo: Brasiliense, 1995. - Resumo

apresentado na reunião de 23/11/2010.

_____________. Urupês. São Paulo: Brasiliense, 2004. - Resumo

apresentado na reunião de 25/11/2010.

2.1.1.3– Realização de Três Oficinas:

Local: Colégio Luiz Viana Filho – Jequié/BA

Público-Alvo: 21 alunos do 3º ano, Ensino Médio

- 18/10/2010 - Oficina: Vida e Obras de Monteiro Lobato

Ministrantes: Maria Afonsina Ferreira Matos e Elâne Francisca de

Souza – GPEL-CEL/UESB

Observadoras: Gizelen Santana Pinheiro – Bolsista IC/FAPESB

Jamille Souza Santos- Voluntária GPEL-CEL/UESB

– 19/11/2010 - Oficina: A Figura de Negrinha na Ficção de Lobato

Ministrante: Elâne Francisca de Souza– GPEL-CEL/UESB

Observadores: Davi Carvalho Porto – GPEL-CEL/UESB

Gizelen Santana Pinheiro – Bolsista IC/FAPESB

Jamille Souza Santos – Voluntária GPEL-CEL/UESB

– 24/11/2010 - Oficina: Monteiro Lobato e a Academia

Ministrante: Gizelen Santana Pinheiro – Bolsista IC/FAPESB

Observadora: Jamille Souza Santos – Voluntária GPEL-CEL/ UESB

2.1.1.4– Coleta e Registro de Dados:

– Produção de Três Diários de Campo

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– Registro Fotográfico dos trabalhos

– Coleta de Depoimentos - escritos pelos pesquisados.

2.1.2- PROJETO - NO REINO DA IMAGINAÇÃO: experiências com

literatura infanto-juvenil

2.1.2.1 – Leituras para Fichamento e Discussão no Grupo de

Estudos

SILVA, E. T. A Produção da Leitura na Escola: pesquisas x propostas.

São Paulo: Ática, 2004. - Fichamento discutido na reunião de

08/11/2010.

ZILBERMAN, R. & SILVA, E. T. Literatura e Pedagogia: ponto e

contraponto. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1990. – Fichamento

discutido na reunião de 23/11/2010.

______________. Leitura: Perspectivas Interdisciplinares. São Paulo:

Ática, 1988. – Fichamento discutido na reunião de 25/11/2010.

2.1.2.2 – Leituras para Elaboração de Resumos e Apresentação no

Grupo de Estudos

LOBATO, J. B. M. O Picapau Amarelo. São Paulo: Brasiliense, 1983. -

Resumo Apresentado na reunião de 08/11/2010.

______________. Histórias do Mundo para Crianças. São Paulo:

Brasiliense, 1983. - Resumo Apresentado na reunião de 23/11/2010.

CARROLL, L. Alice no País das Maravilhas. Porto Alegre: L&PM,

1998. Resumo Apresentado na reunião de 25/11/2010.

2.1.2.3- Realização de Três Oficinas:

– 22/09/2010 – Oficina: O mundo da imaginação: vivendo e

aprendendo

Local: Escola Municipal Alaor Coutinho

Público-Alvo: 19 alunos da 4ª série entre 10 e 13 anos

Obra trabalhada: Mania de Explicação, de Adriana Falcão

Ministrantes: Carla Valéria de Souza Sales – Bolsista IC/CNPQ e

Jéssica Santana Silva – PST/UESB

Observadoras: Iandra Sales Silva – Bolsista de Extensão /UESB

Catiane Pureza Rodrigues – Bolsista IC-Jr./FAPESB

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– 21/10/2010 - Oficina: Aprendendo a ler com prazer

Local: Escola Municipal Dr. Celi de Freitas – Jequié/BA

Público-Alvo: 20 alunos entre 07 e 10 anos – ciclo 1 e 2 – Infantil

Obra trabalhada: O Macaco Encantado, de Léo Cunha

Ministrantes: Aline Silva Barreto – IC-Voluntária /UESB

Ademir Nascimento Santos - graduando em Pedagogia

Jeane de Souza Malta – graduanda em Letras

Marly de Souza Nascimento Santos – graduanda em

Letras

Observadoras: Carla Valéria de Souza Sales - Bolsista IC/CNPQ

Catiane Pureza Rodrigues – Bolsista de IC-Jr/FAPESB

– 30/11/2010 - Oficina: Vira Bicho

Local: Centro de Convivência Infantil Casinha do Sol /UESB

Público-Alvo: 21 crianças de até 4 anos

Obras trabalhadas: Vira Bicho, de Luciano Trigo

DVD Galinha Pintadinha2

Ministrante: Carla Valéria de Souza Sales – Bolsista IC/CNPQ

Monitora: Amanda da Silva Cardoso – CEL/UESB

Observadora: Catiane Pureza Rodrigues – Bolsista IC-Jr/FAPESB

2.1.2.4– Coleta e Registro de Dados:

– Produção de Três Diários de Campo

2.1.3– ATIVIDADES COMUNS AOS DOIS PROJETOS DE PESQUISA

2.1.3.1 - Sessões de Estudo e Discussões em Grupo:

Local: Sala de reuniões do GPEL-CEL/UESB

– 19/10/2010 - Livro discutido: O Minotauro

Coordenadora: Jualine de Jesus Xavier – Colaboradora GPEL-

CEL/UESB

– 26/10/2010 - Livro discutido: História das Invenções

Coordenadora: Jéssica Santana Silva - PST – CEL/UESB

– 09/11/2010 - Livro discutido: A Reforma da Natureza

Coordenador: Profa. Ms. Ednalva Santos de Almeida –CEL/UESB

– 16/11/2010 - Livro discutido: A Chave do Tamanho

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Coordenador: Davi Carvalho Porto – PST/GPEL-CEL/UESB

– 23/11/2010 - Livro discutido: Os Doze Trabalhos de Hércules

Coordenadora: Mara Rúbia Souza Machado – Coord. Projeto Hora de

Leitura – ESTALE-CEL/UESB e PMJ/Jequié

– 30/11/2010 - Livro discutido: História do Mundo para Crianças

Coordenadora: Profa. Ms. Elane Nardotto Rios Cabral – Coord. de

Pesquisa CEL/UESB

– 07/12/2010 - Livro discutido: Histórias Diversas

Coordenadoras: Giselen Santana Pinheiro – Bolsista IC/FAPESB

Alana Santos Souza – Bolsista IC-Júnior/FAPESB

2.1.3.2 – Reuniões de Planejamento e Orientação de Bolsistas:

– 09/10/2010 – Discussões dos Resultados da Reunião de Estágio Pós-

doc;

Organização das Sessões de Estudo;

Planejamento de oficinas de Leitura dos projetos

– 21/10/2010 – Planejamento de Sessões de Estudos e Orientação de

Bolsistas

– 30/10/2010 – Redefinição da Orientação Metodológica dos Projetos

dentro da Teoria da Pesquisa Etnográfica

– 08/11/2010 – Orientações às Bolsistas sobre Elaboração de Resumos

e Artigos e Banners para apresentação dos projetos em eventos.

Discussão de Fichamentos e Resumos de obras produzidos pelas

bolsistas.

– 23/11/2010 - Avaliação dos trabalhos e Orientação às Bolsistas sobre

elaboração de Ensaios. Discussão de Fichamentos e Resumos de obras.

– 25/11/2010 – Apreciação de Diários de Campo e Orientações à

Bolsistas.

– Discussão de Fichamentos e Resumos de obras produzidos pelas

bolsistas.

– 17/12/2010 – Avaliação dos trabalhos do semestre.

– Organização de Resultados Parciais para publicação no site

www.celeitura.com.br.

– Elaboração de cronograma para entrega e Relatórios Parciais.

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2.1.3.3 – Apresentação dos Projetos de Pesquisa em eventos:

– Congresso Latino-Americano de Leitura e Compreensão Leitora

COMLEI - 12 a 15/10/2010, UNB – Brasília/DF

– IV Workshop Lobato – 08 e 09/10/2010, UESB – Jequié/BA

– EBEL – 09 a 12/10/2010, UESB - Vitória da Conquista /BA

– Semana de Pedagogia- 24 e 25/11/2010 – UESB –Jequié/BA

2.1.3.4 – Produção de Artigos para Publicação:

– Emília vai à Escola: práticas de leitura da obra Lobateana – Gizelen

Santana Pinheiro - (versão preliminar)

– No Reino da Imaginação: experiências com Literatura Infanto-juvenil

– Carla Valéria de Souza Sales - (versão preliminar).

Concluídas essas atividades, conforme previsto no Plano de Estágio, elaboramos um

Relatório Parcial de Atividades de Estágio Pós-doc ( que não se encontra aqui como anexo,

porque o diluímos neste Relatório Final) e que foi apresentado o Coordenador do Programa de

Pós-graduação da FACED/UFBA, Prof. Dr. José Albertino Lordelo, para as Supervisoras,

Profa. Pós-doutora Eulina da Rocha Lordelo e Profa. Dra. Mary Andrade Arapiraca, para fins

de acompanhamento, além de publicá-lo, conforme previsto no plano de trabalho, no site

www.celeitura.com.br. Dessa forma encerramos a primeira fase de atividades do pos-

doutoramento que compreendeu o período de 01/10/2010 a 01/02/2011.

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III - SEGUNDA FASE DOS TRABALHOS DO ESTÁGIO

Procuro sempre, e minha procura

Ficará sendo

Minha palavra.

(Carlos Drummond de Andrade, em: A Palavra Mágica)

1 – Segunda Reunião

No segundo encontro com as Supervisoras do Estágio, a 22/03/2011, foi apreciado o

Relatório Parcial de Atividades da primeira etapa do pós-doc, sendo combinado com a

Professora Eulina da Rocha Lordelo um terceiro encontro para uma busca conjunta por

referências bibliográficas sobre pesquisa experimental . Também ficou a acertada a produção

de um texto sobre Pesquisa Etnográfica a ser apresentado até o final de março para as

Supervisoras. Enquanto isso a equipe ESTALE deveria dar continuidade às atividades de

campo e do GEPESQ – Grupo de Estudos sobre Pesquisa. Assim entendido, seguiu-se

dessa reunião, as atividades abaixo relacionadas.

2 – Ações da Segunda Fase

No dia 25/03/2011, o grupo de Pesquisa do ESTALE (pesquisadores, colaboradores e

bolsistas) se reuniu para decisões a partir das discussões dos resultados parciais do Estágio

com as Supervisoras do mesmo. Nessa reunião, ficou decidido incrementar o trabalho do

Grupo de Estudos sobre Pesquisa – GEPESQ e estabelecido o prazo até final de

junho/2011 para empreendermos o levantamento bibliográfico sobre Pesquisa Experimental e

demais tipos de pesquisa de campo a partir das sugestões das mesmas. Nessa etapa de

trabalho, visitamos, juntamente com a Profa. Eulina da Rocha Lordelo, a Biblioteca da

Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA/Campus Federação e recolhemos livros

nos quais poderíamos encontrar textos sobre o tema em questão.

Assim, dentro do tempo previsto, conseguimos uma quantidade razoável de textos que nos

permitiu agendar na programação de reuniões do GEPESQ um momento de estudos dos tipos

de pesquisa, como: a Pesquisa Qualitativa, a Pesquisa Quantitativa, , a Etnopesquisa, a

Pesquisa-Ação, o Estudo de Caso ( Anexo V)... Enquanto isso, as ações em campo e as

atividades do grupo ESTALE prosseguiram normalmente, pelo que se vê a seguir.

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2.1 – AS ATIVIDADES DE PESQUISA: ações em campo, ações internas do

grupo de trabalho

Discutido o Relatório Parcial na segunda reunião com as Supervisoras do Estágio,

ficou decidida a continuidade do trabalho de campo, para fins de observação e coleta

de dados. Assim, as investigações foram mantidas e encaminhadas como o previsto no

plano de trabalho e, enquanto decisão de pesquisa, houve continuidade na realização

de experiências nos espaços de educação formal e demais atividades dos projetos

postos em questão no Estágio, conforme se verifica, nos anexos V, VI e VII, e na

descrição abaixo:

2.1.1 – PROJETO - EMÍLIA VAI À ESCOLA: práticas de leitura da obra

adulta lobateana no ensino médio.

2.1.1.1– Leituras para Fichamento e Discussão no Grupo de

Estudos:

SILVA, Ezequiel Theodoro. A Produção da Leitura na Escola:

pesquisas e propostas. 2ª Ed. São Paulo: Ática, 2004. Fichamento

discutido na reunião de 30/03/2011.

2.1.1.2– Leituras para Elaboração de Resumos e Apresentação para

o Grupo de Estudos

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria.

Amostragem. In: Técnicas de Pesquisa. 4ª Ed. São Paulo: Átlas, 1999,

pp. 43-62. Resumo discutido na reunião de 20/05/2011.

2.1.1.3– Realização de Três Oficinas:

Local: Colégio Luiz Viana Filho – Jequié/BA

Público-Alvo: em torno de 32 alunos do 3º ano, entre 15 e 18 anos,

Ensino Médio

– 28/02/2011:

Oficina: A Figura de Negrinha na Ficção de Monteiro Lobato

Ministrantes: Lucas Nascimento Silva – GETED-CEL/UESB

Observadoras: Giselen Santana Pinheiro – Bolsista IC/FAPESB

Jamille Souza Santos- Voluntária GPEL-CEL/UESB

– 18/03/2011:

Oficina: Ecos da Grécia a Entropia do Minotauro

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Ministrante: Jualine de Jesus Xavier – Colaboradora Vountária GPEL–

CEL/UESB

Observadores: Giselen Santana Pinheiro – Bolsista IC/ FAPESB

Jamille Souza Santos – Voluntária GPEL-CEL/UESB

– 17/06/2011:

Oficina: Os Doze Trabalhos de Hércules

Ministrantes: Mara Rúbia Souza Machado e Marileide da Silva Vieira

Lima

Observadoras: Gizelen Santana Pinheiro – Bolsista IC/FAPESB

Jamille Souza Santos – Voluntária GPEL-CEL/UESB

2.1.1.4– Registro e Coleta de Dados:

– Produção de Três Diários de Campo;

– Registro Fotográfico dos trabalhos;

– Coleta de Depoimentos - escritos pelos pesquisados;

– Fichas de Avaliação e Acompanhamento das oficinas pelas

observadoras

– Entrevistas (escritas) aos sujeitos da pesquisa.

– Ficha-roteiro para Caracterização da Escola/Espaço Pesquisado

2.1.2- PROJETO - NO REINO DA IMAGINAÇÃO: experiências com

literatura infanto-juvenil

2.1.2.1 – Leituras para Fichamento e Discussão no Grupo de

Estudos

REGO, Lúcia Lins Browne. Literatura infantil: uma nova perspectiva

da alfabetização na pré-escola. 2ª Ed. São Paulo, 1995. – Fichamento

discutido na reunião de 12/04/2011.

2.1.2.2 – Leituras para Elaboração de Resumos e Apresentação no

Grupo de Estudos

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Pesquisa:

conceitos e finalidades. In: Técnicas de Pesquisa. 4ª Ed. São Paulo:

Átlas, 1999, pp. 17-24. Resumo discutido na reunião de 01/03/2011.

2.1.2.3- Realização de Oficinas:

– 28/02/2011

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Oficina: Quem conta um conto, aumenta um ponto

Local: Colégio Estadual Maria José de Lima Silveira – Jequié/BA

Público-Alvo: 36 alunos entre 10 e 17 anos – 5ª série do Ensino

Fundamental

Obra trabalhada: Contos de Enganar a Morte, de Ricardo Azevedo

Ministrantes: Amanda Silva Cardoso – Estagiária CEL/UESB

Aline da Silva Barreto – IC-Voluntária/UESB

Observadora: Carla Valéria de Souza Sales – Bolsista de IC/CNPQ

– 08/03/2011:

Oficina: Quem conta um conto, aumenta um ponto

Local: Colégio Estadual César Borges – Jequié/BA

Público-Alvo: 18 alunos, entre 10 e 15 anos, 6ª série do Ensino

Fundamental

Obra trabalhada: Contos de Enganar a Morte, de Ricardo Azevedo

Ministrantes: Amanda Silva Cardoso – Estagiária CEL/UESB

Aline da Silva Barreto – IC-Voluntária/UESB

Observadora: Carla Valéria de Souza Sales – Bolsista de IC/CNPQ

–19/04/2011

Oficina: Quem conta um conto aumenta um ponto

Local: Colégio Estadual Luiz Viana Filho

Público-Alvo: 38 alunos entre 10 e 14 anos da 5ª série A do Ensino

Fundamental

Obra trabalhada: O Homem que enxergava a morte, de Ricardo

Azevedo

Ministrantes: Carla Valéria de Souza Sales – Bolsista de IC/CNPQ

Amanda Silva Cardoso – Colaboradora Voluntária –

CEL/UESB

Observadoras:Carla Valéria de Souza Sales – Bolsista de IC/CNPQ

Amanda Silva Cardoso – Colaboradora Voluntária –

CEL/UESB

OBS: a oficina não se realizou, porque o ambiente de um auditório sem

microfone dispersou os alunos da turma – não foi possível para as

pesquisadoras travar diálogo com 38 estudantes excitados dispersos

num auditório.

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– 02/06/2011

Oficina: Contos Diversos: Aprendendo com o mundo

Local: Escola Municipal Adolfo Ribeiro

Público-Alvo: 15 alunos entre 10 e 13 anos da 5ª série do Ensino

Fundamental

Obra trabalhada: Histórias de bobo, bocós, burraldos e paspalhões, de

Ricardo Azevedo

Ministrante: Carla Valéria de Souza Sales – Bolsista de IC/CNPQ

Observadora: Amanda Silva Cardoso – Colaboradora Voluntária –

CEL/UESB

2.1.2.4– Registro e Coleta de Dados:

– Produção de Quatro Diários de Campo

– Produção escrita por alunos pesquisados

– Registro Fotográfico

– Roteiro para Caracterização da Escola/local de pesquisa

– Depoimentos escritos por alunos pesquisados

2.1.3– ATIVIDADES COMUNS AOS DOIS PROJETOS DE PESQUISA

2.1.3.1 - Sessões de Estudo e Discussões do GEPESQ – Grupo de

Estudos sobre Pesquisa:

Local: Sala de reuniões do GPEL-CEL/UESB

– 01/03/2011:

Tema discutido: Pesquisa: conceitos e finalidades

Coordenadora: Carla Valéria de Souza Sales – Bolsista de IC/CNPQ

– 15/03/2011:

Tema discutido: Características, Campos e Tipos de Pesquisa

Coordenadora: Jéssica Santana Silva - PST – CEL/UESB

Amanda Silva Cardoso – Estagiária CEL/UESB

– 30/03/2011:

Tema discutido: Planejamento da Pesquisa

Coordenador: Márcio Jorge Silva Souza – CEL/UESB

Profa. Ms. Elane Nardotto R. Cabral – Coord. de Pesquisa/Voluntária-

CEL/UESB.

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– 20/05/2011:

Tema discutido: Amostragem

Coordenadora: Gizelen Santana Pinheiro – Bolsista de IC/FAPESB

– 07/06/2011:

Tema discutido: Técnicas de Pesquisa 1

Coordenadora: Profa. Ms. Elane Nardotto R. Cabral – Coord. de

Pesquisa/Voluntária- CEL/UESB

– 25/06/2011:

Tema discutido: Técnicas de Pesquisa 2

Coordenadoras: Mara Rúbia Souza Machado – Colaboradora

Voluntária CEL/UESB

– 21/06/2011:

Tema discutido: Elaboração de Dados

Coordenadoras: Marileide da Silva Vieira Lima – Colaboradora

Voluntária CEL-UESB

– 12/07/2011:

Tema discutido: Análise e Interpretação de Dados 1

Coordenador: Emerson Viana Braga – Estagiário – CEL/UESB

– 19/07/2011

Tema discutido: Análise e Interpretação de Dados 2

Coordenadora: Amanda Silva Cardoso – Colaboradora Voluntária –

CEL/UESB

– 09/08/2011

Tema discutido: Trabalhos Científicos

Coordenador: Paulo Sérgio Lima de Jesus – Estagiário –CEL/UESB

– 23/08/2011

Tema discutido: Pesquisa Qualitativa

Coordenadora: Profª Ms. Elane Nardotto Rios Cabral – Coordenadora

de Pesquisa /Voluntária – CEL/UESB

– 22/09/2011

Tema discutido: Etnopesquisa

Coordenador: Paulo Sérgio Lima de Jesus – Estagiário – CEL/UESB

– 28/09/2011

Tema discutido: Pesquisa Quantitativa

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Coordenador: Prof. Esp. Luciano Chaves Sampaio – Coordenador do

Projeto Leitura de Imagens – CEL/UESB

2.1.3.2 – Reuniões de Planejamento e Orientação de Bolsistas:

– 03/02/2011– Planejamento das atividades das bolsistas e dos projetos

de pesquisa;

– Orientações para o Relatório Final das bolsistas- de IC-júnior da

FAPESB , Alana Santos Souza e Catiane Pureza Rodrigues;

– Apreciação versão preliminar dos artigos finais das bolsistas de IC,

Carla Valéria Souza Sales (CNPQ) e Gizelen Santana Pinheiro

(FAPESB);

– 22/02/2011 – Preparação das bolsistas de IC-júnior para participação

do Seminário de Iniciação Científica Júnior na UESB de Vitória da

Conquista/BA e das bolsistas de IC para acompanhá-las.

– Planejamento das primeiras oficinas dos projetos de Pesquisa

– Discussão sobre os trabalhos a serem apresentados no III Encontro

Nacional O Insólito como Questão na Narrativa Ficcional, IX Painel

Reflexões sobre o Insólito na Narrativa Ficcional: O Insólito e a

Literatura Infanto-juvenil do SePEL/UERJ

– 01/03/2011 – Orientações às bolsistas de IC-júnior para apresentação

dos trabalhos em VC-BA

– Discussão sobre os excelentes resultados da primeira oficina do

Projeto Emília vai à Escola: Práticas de Leitura do texto lobateano no

Ensino Médio

– Considerações sobre o artigo final das bolsistas de IC

– Definições sobre a participação no evento sobre O Insólito na UERJ-

Rio.

– 14/03/2011 – Revisão dos itens discutidos nas reuniões anteriores

– Organização do Kit de Pesquisa da primeira oficina do Projeto Emília

vai à Escola

– 22/03/2011 – Discussão dos resultados da primeira oficina do Projeto

No Reino da Imaginação e da segunda oficina do Projeto Emília vai à

escola e organização do Kit de pesquisa referente a essas oficinas.

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– Comentários sobre a apresentação muito bem sucedida das bolsistas

de IC-júnior no evento de VC/BA

– 12/04/2011 – Apreciação do Kit de pesquisa da segunda oficina do

Projeto No Reino da Imaginação

– Apresentação dos Fichamentos:

- do Livro: Literatura Infantil: uma nova perspectiva da alfabetização

na pré-escola, de Lúcia Lins Browne Rego, pela bolsista de IC Carla

Valéria de Souza Sales

- do livro: A Produção da Leitura na Escola, de Ezequiel Theodoro da

Silva, pela bolsista Gizelen Santana Pinheiro

– 28/04/2011 – Avaliação dos trabalhos pesquisa nas oficinas por conta

dos problemas ocorridos no Colégio Luiz Viana em decorrência dos

quais não aconteceu a terceira oficina do Projeto No Reino da

Imaginação e decisão de que a bolsista deve fazer um relatório a

respeito.

– Encaminhamentos para organização do banco de dados de todos os

projetos de pesquisa relacionados à obra de Lobato.

– 10/05/2011 – Orientações para elaboração do relatório final das

bolsistas de IC

– 24/05/2011 – Planejamento das últimas oficinas dos Projetos de

pesquisa

– Orientações para a escritura de Artigos sobre as pesquisas -

apresentadas no evento da UERJ - para publicação nos Anais.

– 14/06/2011 – Apreciação do kit de pesquisa da quarta oficina do

Projeto No Reino da Imaginação.

– 19/07/2011 – Apreciação dos artigos finais da pesquisa a serem

publicados nos Anais do SePEL/UERJ.

– Apreciação dos Relatórios finais das bolsistas de IC

– Avaliação dos trabalhos do semestre.

–Organização de Resultados Finais da Pesquisa para publicação no site

www.celeitura.com.br, em outubro/2011

2.1.3.3 – Apresentação dos Projetos de Pesquisa em eventos e

Presença em Expedições de Pesquisa e Extensão do ESTALE-

CEL/UESB:

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– Expedição de Pesquisa e Extensão ESTALE-CEL/UESB-

21/02/2011, Escola Rural Taylor Egídio – Jaguaquara /BA

– III Encontro Nacional “O Insólito como Questão na Narrativa

Ficcional”- IX Painel Reflexões sobre “O Insólito na Narrativa

Ficcional: O Insólito e a Literatura Infanto-juvenil” – 18 a

20/04/2011, SePEL/UERJ – Rio de Janeiro/ RJ.

– Expedição de Pesquisa e Extensão ESTALE-CEL/UESB-

06/05/2011,Centro Educaional Municipal Novo Acre – Distrito de

Iramaia /BA

– Expedição de Pesquisa e Extensão ESTALE-CEL-UESB-

08/06/2011, Colégio Municipal Adinalva Miranda Almeida – Distrito

de Itajuru – Jequié/BA

– Expedição de Pesquisa e Extensão ESTALE-CEL/UESB-

06/06/2011, Colégio Municipal Adinalva Miranda Almeida – Distrito

de Itajuru – Nova Canaâ-BA

– III Semana de Letras I Encontro de Literatura Baiana:

“Linguagens, Leitura e Literatura” – 27 a 29/07/2011, Caetité –BA

(exposição de pôsteres)

– I Mostra de Trabalhos de Iniciação Científica Júnior – 16/03/2011

– UESB- Vitória da Conquista/BA.

– II Encontro de Leitura e Escrita do GELING: Janela da Alma – o

que dizem os seus olhos – 28/09 a 01/10/2011- FACED/UFBA –

Salvador/BA

– XV Seminário de Iniciação Científica da UESB – 27 a 29/09/2011 –

UESB - Vitória da Conquista/BA

2.1.3.4 – Produção de Artigos e Ensaio para Publicação

– Artigo: Emília vai à Escola: práticas de Leitura da obra lobateana,

Gizelen Santana Pinheiro – Revista Semioses da UNISUAM;

– Artigo: A Obra adulta de Monteiro Lobato no Ensino Médio,

Gizelen Santana Pinheiro – Anais do III Encontro Nacional O Insólito

como Questão na Narrativa Ficcional, IX Painel Reflexões Sobre o

Insólito na Narrativa Ficcional – (no prelo).

– Artigo: No Reino da Imaginação: experiências com Literatura

Infanto-juvenil, Carla Valéria de Souza Sales – Anais do III Encontro

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Nacional O Insólito como Questão na Narrativa Ficcional, IX Painel

Reflexões Sobre o Insólito na Narrativa Ficcional – (no prelo)

– Ensaio: A Literatura Infantil como instrumento transformador no

espaço escolar. Carla Valéria de Souza Sales e Gizelen Santana

Pinheiro (versão preliminar)– será submetido ao Conselho Editorial do

periódico: Leitura em Revista, da Cátedra UNESCO de Leitura PUC-

Rio com vistas à publicação.

Com esse elenco de atividades, encerramos a segunda fase dos trabalhos do pós-doutoramento

pelo período de 02/02 a 30/09/2011. O que se vê, na sequência, é a relação de atividades na

UFBA, especialmente na FACED.

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IV – AÇÕES NA FACED/UFBA

... em cada pedaço/de mundo/grande ou pequeno,/ uma

palavra estandarte/ costura a Terra no céu/ costura os

homens na Terra,/ inventa a vida. (Roseana Murray, em:

Qual a palavra?)

Durante o Estágio, estive dividida entre o trabalho de campo, do grupo ESTALE e as ações na

FACED/UFBA onde ocorriam os encontros de discussão crítica dos trabalhos de investigação

submetidos ao pós-doc, além de debates a partir da exposição dos mesmos. O que se segue

abaixo é uma relação de atividades desenvolvidas na UFBA, especialmente na FACED que

sintetizam ao máximo as ações no espaço de supervisão do pós-doutoramento:

– Reuniões com a Supervisão do Estágio, em 2010 e 2011;

– Visitas ao GELING, em 2010 e 2011;

– Exposição e discussão dos trabalhos de Pesquisa de campo com a obra de Monteiro Lobato,

em atividade do GELING para professores de Educação Infantil, na Biblioteca Municipal

Monteiro Lobato – Maria Afonsina Ferreira Matos – out./2010, Salvador/BA

– Visitas às Bibliotecas da FACED e FFCH da UFBA em 2010 e 2011;

– Produção do Texto: Fundamentos Etnográficos das Pesquisas do Programa Estação da

Leitura - Maria Afonsina Ferreira Matos – fevereiro/março/2011 (Anexo VIII).

– Exposição das Pesquisas do Programa Estação da Leitura seguida de debate com os

integrantes do GELING e alunos da Faculdade de Educação no evento Uma vez por mês -

Maria Afonsina Ferreira Matos – 30/05/2011 – Auditório da FACED/UFBA.

– Participação (com exposição de pôsteres) no II Encontro de Leitura e Escrita do GELING –

Janela da Alma – o que dizem os seus olhos – 29/09/2011- 1º andar da FACED/UFBA.

Tendo dado a clonhecer o elenco de atividades em campo, no ESTALE e na UFBA, passamos

à apresentação e discussão dos resultados dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos no pós-

doc.

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V- DISCUSSÃO DOS PROJETOS DE PESQUISA: referências, considerações de ordem

metodológica, histórico de atividades, resultados

Palavra de mudar o mundo/ de fazer pão e telhado,/de

abrir os cadeados,/ as porteiras trancadas/ do universo,/

as águas azuis/ que dormem no fundo de/ de cada

homem. (Roseana Murray, em: Qual a palavra?)

Os projetos de pesquisa Emília vai à Escola: práticas de leitura da obra lobateana no ensino

médio e No Reino da Imaginação: experiências com literatura infanto-juvenil, quando

submetidos ao pós-doc, já tinham em mente os fundamentos para um trabalho prazeroso com

leitura, com a recepção de textos, com uma metodologia dialógica e/ou lúdica para as

oficinas, entretanto sua metodologia de pesquisa ainda não estava claramente colocada. Nas

discussões com a Supervisão do Estágio, tivemos a oportunidade, não só de aprofundar

questões relacionadas aos aportes teóricos que nos eram familiares, como também alçar novos

conhecimentos sobre os quais nosso domínio deixava a desejar. Assim, esse relatório

prossegue, apresentando a discussão travada no estágio e a partir dele no grupo do ESTALE:

1- NOSSOS INTERLOCUTORES NA RECEPÇÃO PRAZEROSA

A Literatura permanece acordando desejos. Faz a gente arriscar pensamentos nos quais o

rumor da língua, aprisionado em letras, se esforça pela multiplicação de sentidos... Estudos e

publicações o atestam e novas iniciativas o confirmam. Estamos no mundo e, nele

configuramo-nos segundo a verdade das palavras... e dos desejos.

Aí, suspeitamos possibilidades... e as advínhamos nas teorias recepcionais. Nessa teia

conceitual, uma experiência se avizinha, convidando à reflexão.

Palavras¿ Palavras sempre desafiam, no alento ou no espanto. Palavras reclamam

significados, leituras e leitores. “O sentido é o destino” – afirma Hassan (1988, p. 52), e a

interação leitor-texto se coloca em perspectiva: o texto se mostra como objeto relacional

reconstruído a cada ato de leitura, e o leitor - “dono da imaginação, grávido de experiências e

cheio de vontade” ( Iser, 1996, p.13) – se vê capaz de atualização. Um texto pode ser muitos

textos: ler é o ato de dar sentido a uma textualidade eleita. O leitor pode ser um criador, um

co-produtor. Como diz Eco: “o texto é uma máquina preguiçosa que espera muita colaboração

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por parte do leitor” (1994, p. 34). E os desejos¿ Desejos mobilizam idéias, na alegria ou na

tristeza. Desejos enriquecem a experiência de entrelaçar leitura e vida. Nesse horizonte,

identificação e emancipação representam conceitos fundamentais, pois, como afirma Barthes,

(...) a leitura é de direito infinita, tirando a trava do sentido, pondo a leitura

em roda livre (...), o leitor é tomado por uma intervenção dialética: (...) ele

sobrecodifica (...), produz, amontoa linguagens, deixa-se infinita e

incansavelmente atravessar por elas: ele é essa travessia.” (BARTHES,

1988, p.51)

Concordamos. Do encontro com o texto, é que se sai modificado. É um saber-sabor de

renascimento por prazer e-ou fruição, que não constringe, e sim edifica. Larrosa assim nos

atualiza: “pensar a leitura como formação seria intentar pensar essa misteriosa atividade que é

a leitura como algo que tem a ver com aquilo que nos faz ser o que somos” (1991, p. 20).

Antes da iniciação, ainda no momento em que o leitor é seduzido, Pennac esclarece que “o

verbo ler não suporta imperativos” (1993, p. 13). Portanto, a descoberta do prazer, no rito

iniciático, é lenta, é construída na partilha, até chegar-se à comunhão com o texto, ao

momento em que “o charme do estilo se acrescenta à felicidade da narrativa” e, assim,

“quando a última página é virada, é o eco dessa voz que nos faz companhia” (Pennac, 1993, p.

114). Nesse instante de conforto, “o tijolo se transforma em nuvem” (p. 120), e tudo pode

acontecer.

Depois, uma vez iniciado, o leitor nada, alonga-se nas páginas, vence a solidão, põe tento no

desconhecido, tal como Sartre e Lobato em seus relatos de aprendizado... Na caminhada

solitária do filósofo em criança, o diálogo é silencioso, mas sem por isso compromete a

experiência da alteridade na vida de um menino que não viveu a infância no campo: “Os

livros foram meus pássaros, meus bichos de estimação, meu estábulo e meu campo. A

biblioteca era um mundo aprisionado em um espelho. Ela continha o infinito” (Sartre, 1970).

Na busca de alimento para a curiosidade faminta, o menino Juca – apelido de Lobato em

menino – também se estende nos livros para encontrar a diferença, conhecer o outro, em

outros tempos e lugares:

Cada vez que me pilhava na biblioteca do meu avô, abria um daqueles volumes e

me deslumbrava. Coisas horríveis, mas muito bem desenhadas – do tempo da

gravura em madeira. Cenas de índios escalpelando colonos. E negros de compridas

lanças contra o inimigo numa gritaria. Eu ouvia os gritos. E coisas horrorosas da

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Índia (...). E índios da Terra do Fogo horríveis a comerem lagartixas vivas. E eu via

a lagartixa bulir (...). (Apud: CAVALHEIRO, s.d., p. 10).

De um modo ou de outro, os dois – o filósofo francês e o escritor brasileiro – experimentaram

o exercício da filiação, degustaram o prazer de interagir com o texto, de se colocar à escuta

(Larrosa, 1996), de se fazer espaço de possibilidades para uma dialética afetiva e efetiva, de

se tornar aberto a uma improvisação do fruir, como imaginou Barthes (1977, p.12):

Nem a cultura, nem a sua destruição são eróticas: a fenda entre ambas é que

se torna erótica. O prazer do texto é semelhante a esse instante insustentável,

impossível, puramente romanesco, que o libertino aprecia, no fim de uma

maquinação ousada, ao fazer cortar a corda que o suspende, no momento que

atinge a fruição.( BARTHES, 1977, p.12):

Na trajetória do leitor – herói da construção de sentido – está preconizada a emancipação. A

partir daí, ele está pronto para muitas gestas, sucessivas gestas, inúmeras, infinitas gestas de

leitura.

É, pois nesses intertícios de prazer/fruição, de filiação/emancipação, de sobrecodificação –

nos quais o leitor/co-autor vivencia os efeitos inusitados da travessia – que nos colocamos, ao

analisar a experiência da recepção dos textos lobateanos no Ensino Médio e dos textos

infantis no ensino fundamental bem como da metodologia de trabalho nas oficinas de leitura.

2- NOSSOS FUNDAMENTOS NA ESTÉTICA DA RECEPÇÃO

Durante muito tempo, a Teoria Literária caminhou focalizando, cada um por seu turno: o

autor, a historicidade da obra, o estilo, em prejuízo do leitor. A noção de leitor como co-autor

só ganhou espaço no final da década de 1960, com o advento das teorias recepcionais. Nesse

sentido, para Jauss, por exemplo, “a obra literária é condicionada primordialmente pela

relação dialógica entre literatura e leitor (1994, p.22)”. O que equivale a dizer que a Estética

da Recepção defende a necessidade de colocar o leitor como protagonista no processo de

construção de significados.

São duas as vertentes para na Estética da Recepção: a primeira é a de Jauss que trata a

recepção em seu viés histórico, externo à obra literária; a segunda é desenvolvida por Iser e

diz respeito ao Efeito Estético sobre o leitor

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Iser (1999) conta que a rebelião dos estudantes em 1960 - exigindo novas atitudes no âmbito

do ensino superior - e a crise da interpretação abriram espaço para a guinada recepcional nos

estudos da literatura proposta na Alemanha, onde, em 1967, Jauss abre um ano acadêmico

com a conferência O que é e com que fim se estuda a história da literatura – posteriormente

publicada sob o título A história da Literatura como provocação à teoria Literária. Nessa

conferência, ele critica os princípios idealistas-positivistas do século XIX como fundamento

para os, então atuais, métodos de ensino da história da literatura, ou seja, a ênfase: ao

conhecimento, à cronologia dos movimentos literários, aos saberes canônicos, à cultura do

silêncio, à fragmentação e não problematização das temáticas textuais, entre outras coisas que

traduzem os propósitos de uma educação enciclopédica, acrítica, seletiva e alienante. Além

dessa crítica, a conferência de Jauss apresenta as principais teses desse novo campo

epistêmico que vão contrapor radicalmente o Formalismo e o Estruturalismo. Em suas

próprias palavras, Jauss declara: “A escola formalista precisa dele (leitor) apenas como sujeito

da percepção (...) inversamente, a escola marxista iguala a experiência espontânea do leitor ao

interesse científico do materialismo histórico (2004, p.22-23)”.

Em Hans George Gadamer, Jauss encontra os pressupostos para defender a Estética da

Recepção e do Efeito como substituta das tradicionais estéticas da produção e da

representação. Com essa referência, ele propõe as sete teses do autor, a saber: o papel

produtivo do leitor, que o permite renovar, atualizar a obra (1ª tese); o texto literário oferece

elementos intratextuais que garante determinada relação entre leitor –texto (2ª tese); o efeito

do texto literário sobre o leitor pode ser de identificação, podendo levá-lo à emancipação (3ª

tese); todo texto responde às questões do seu tempo, esse critério leva em conta a obra dentro

do seu horizonte de expectativas ( 4ª tese); o corte diacrônico permite recuperar a história de

leitura de uma obra, dando a conhecer o impacto causado por uma obra ao longo do tempo (5ª

tese); o corte sincrônico permite verificar como uma obra se relaciona com um momento

histórico específico, isto é, em que medida ela é atual, original, ou não atende aos anseios de

um determinado período histórico (6ª tese); a relação entre literatura e sociedade, onde as

marcas da sociedade que perpassam o texto interagem com os leitores, conformando-o ou

transformando-o por emancipação (7ª tese).

Se Jauss se embrenha pelo viés histórico, Iser se dedica ao estudo do impacto pelos aspectos

textuais na Imaginação do leitor que reage a estímulos recebidos. Para Iser, uma estética da

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recepção é derivada de uma história de juízos de leitores reais, diferentemente de uma teoria

do efeito estético que se funda no texto. Em outras palavras, sua tese é a de que o objeto da

Estética da Recepção são os leitores concretos porque suas reações atestam experiências

historicamente condicionadas das obras literárias (1999, p. 21). Assim entendendo, em sua

teoria do Efeito Estético, ele propõe atenção a categorias como: pontos de indeterminação,

vazios textuais, silêncios, negações que demandam a colaboração do leitor para a produção de

sentido. Em suas discussões, Iser reconhece essas duas perspectivas como duas vertentes, mas

interligadas e complementares.

Bem, apresentados os pressupostos teóricos sobre o prazer de ler e da recepção que sustentam

os dois projetos de pesquisa em apreço, passamos à discussão das orientações metodológicas

que subsidiam.

3 - CONSIDERAÇÕES DE ORDEM METODOLÓGICA

Os projetos de pesquisa: Emília vai à Escola: práticas de leitura da obra lobateana no ensino

médio e No Reino a Imaginação: experiências com Literatura Infanto-juvenil, conforme

classificação de Ander-Egg (1978, p.33), se inscrevem no tipo de Pesquisa Aplicada, que em

oposição à Pesquisa Básica Pura ou Fundamental pretende a aplicação de seus resultados na

solução de problemas da realidade. Dentro dessa tipologia, seguimos o delineamento da

Documentação Direta, sendo os dados obtidos por meio da pesquisa campo definida por:

Barros e Lehfeld (2007) como sendo a pesquisa que “favorece o acúmulo de informações

sobre os fenômenos, mas requer procedimentos metodológicos previamente estabelecidos e

apresentados no anteprojeto de pesquisa” (p.90); Marconi e Lakatos (1999) como pesquisa

“utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um

problema para o qual se procura resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou,

ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles”, (p.85). Nesse sentido, cumprindo

as fases da pesquisa de campo enunciadas pelos autores acima, procedemos: 1ª) realização de

pesquisa bibliográfica, 2ª) determinação das técnicas de coleta de dados, 3ª) estabelecimento

das técnicas de registro dos dados e posterior análise dos mesmos.

Procedendo dessa maneira, buscamos apoio em princípios da pesquisa-ação, da pesquisa

etnográfica e da etnopesquisa.

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À Pesquisa-ação, recorremos pelo fato de que, conforme Barbier (2007), ela decorre dos

estudos experimentais (da antiga pesquisa-ação) que motivaram a nossa iniciação no trabalho

de campo em 1991. Segundo Thiollent (1996), esse tipo de pesquisa enfoca uma ação

planejada de caráter social, educacional ou técnico, e, nas palavras de Barbier (2007, p.44-46)

ela focaliza experiências de vida construídas (...) por pesquisadores que dela não participam

diretamente e visa uma mudança entendida como modificação de comportamento, de

aprendizagem. Das suas técnicas, valemo-nos, em alguns momentos, da observação

participante ou participativa – no Projeto Emília vai á Escola – e do diário, utilizado nos dois

trabalhos de investigação em tela.

Na execução dos dois projetos, ainda foram considerados aportes teóricos de outros tipos de

pesquisa, como a etnográfica, a etnopesquisa... Da etnografia, aproveitamos, por exemplo: a

eleição do estudante secundarista à condição de objeto do saber; a construção de um saber de

observação (ocular); o recurso ao método indutivo ( teorização feita a partir da observação

empírica de grupos de estudantes cujas interpretações também são interpretadas); a atenção

aos fatos sociais da leitura considerados de forma contextualizada; a predominância do

método qualitativo de análise; o diário etnográfico de Malinowski (1978), entrevistas, contato

pessoal e temporário com o grupo pesquisado; a assunção do papel de tradutores pelos

pesquisadores, na expressão de Da Mata (1978); o tratamento dos pesquisados como seres

portadores de cultura; a atitude epistemológica de ir do concreto ao desconhecido nos termos

de Marcel Mauss (1974); a atenção às três fases do pesquisador em campo de que fala Da

Mata – preparação teórica, planejamento da inserção em campo (preparo de formulários e

equipamentos para registro de dados); contato com os pesquisados e confronto da realidade

observada com as teorias estudadas...

Da etnopesquisa, tomamos de empréstimo: a idéia de pesquisa in situ (fomos onde as pessoas

estão – espaços de educação formal-, permanecemos com elas temporariamente em situações

de leitura, fomos aceitos na maioria das vezes e a ponto de poder descrever de forma relevante

o ocorrido em nossos encontros) e nossa informação foi o registro da vida ao vivo (Macedo,

2010, p.84); experimentamos uma aventura pensada; lidamos com fatores não-oficiais;

preparamos o acesso ao campo; conseguimos interagir com a maioria dos grupos pesquisados;

utilizamos o diário de campo (= etnográfico); a opção, em muitos momentos, pelo discurso

descritivo como modo de compreensão por excelência; a preferência pela abordagem

qualitativa; a eleição de seres humanos em estado de interação como objeto de análise...

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Postas as orientações teóricas comuns aos dois projetos, passemos à considerações sobre cada

um em particular para dar a conhecer de forma detalhada os trabalhos de investigação

científica realizados durante o pós-doutoramento.

4- PROJETO - EMÍLIA VAI À ESCOLA: práticas de leitura da obra adulta lobateana

no ensino médio.

Eu já disse não sei onde, que temos de ser ímãs, e passar

de galopada pelos livros, com cascos de ferro imantado,

para irmos atraindo o que nas leituras nos aproveite, por

força de misteriosa afinidade com o mistério interior que

somos. Ler não para amontoar coisas, mas para atrair

coisas afins, que nos aumentem sem o percebermos

(Monteiro Lobato, em: Carta a Hernani Ferreira, 07-04-

1946)

Hoje, se discute muito sobre a crise de leitura do Brasil, como bem lembra Marisa Lajolo. Os

índices de analfabetismo funcional no país a confirmam. É fato que os alunos da educação

básica lêem pouco, emparelhados a professores que não conseguem estimular o gosto pela

leitura. A situação se agrava ainda mais porque a maioria dos espaços de leitura - como as

bibliotecas públicas e escolares - se tornaram obsoletas e sem uma dinâmica de interatividade.

Atento a esse problema, que também se evidencia em Jequié e microrregião, o Grupo de

Pesquisa e Extensão em Lobato - GPEL, parte integrante do Centro de Estudos da

Leitura/CEL-UESB/Campus de Jequié, objetiva aprofundar-se no Universo de Monteiro

Lobato e executar pesquisas que contribuam para o debate em torno desse quadro crítico. Foi,

por conta disso, que a pesquisa Emília vai à Escola: práticas de leitura da obra lobateana no

ensino médio foi realizada.

4.1 - MONTEIRO LOBATO: o escritor e a estética da recepção

A eleição da obra de Lobato como objeto de estudo se deu pelo fato de que o escritor

contribuiu significativamente para a construção da literatura infanto-juvenil brasileira e,

consequentemente para a formação leitora de um respeitável público de crianças e jovens. Sua

marca perpetua até os dias de hoje, trazendo-nos histórias nacionais motivadoras de reflexões

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sobre a sociedade, como pode ser visto em obras como Urupês, Negrinha, Cidades Mortas, O

Presidente Negro, Ouro Negro, O Saci- resultado de um inquérito e na saga do Sitio do

Picapau Amarelo.

É certo que Monteiro Lobato foi um brasileiro sob medida como nos afirma a escritora

Marisa Lajolo (2000), pois sua Literatura contribuiu significativamente para a formação

cultural do nosso povo. Entretanto, revendo os resultados de nossas pesquisas com memórias

de leitura (2004 a 2010), verificamos que, nos relatos de aprendizado onde Lobato figura

como referência, quase nunca se registra sua presença como iniciador de leitura quando essas

memórias falam do ato de ler nos espaços de educação formal. Esses depoimentos,

confrontados com história de muitos de nossos pesquisadores, apontam para uma lacuna no

que se refere à leitura da sua obra na escola. Isso é atestado pelos testemunhos de crianças e

adolescentes que afirmam só conhecerem o Sítio pelas adaptações televisivas da obra de

Lobato. Por isso, num momento em que se tem colocado em debate o papel da escola como

formadora de leitores, investigar a recepção de uma determinada obra significativa para as

práticas escolares de leitura torna-se mais que uma necessidade, uma urgência.

O foco no leitor e na formação de leitores no Brasil ocupa a cena nacional há algumas

décadas, tendo em Lobato um de seus precursores. Entretanto essa discussão só foi

sistematizada, a partir dos postulados da Estética da Recepção, e da difusão de idéias de seus

principais representantes, Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser, que em linhas gerais, criticaram

as correntes teórico-críticas anteriores pelo caráter imanentista e sincrônico e por relegarem o

leitor a segundo plano. Neste sentido, Regina Zilberman, em Estética da recepção e história

literária (1989), chama a atenção para a afirmação de Jauss ao se referir ao leitor:

[...] a estética da recepção apresenta-se como uma teoria em que a investigação

muda de foco: do texto enquanto estrutura imutável, ele passa para o leitor [...],

seguidamente marginalizado, porém não menos importante, já que é condição de

vitalidade da Literatura enquanto Instituição social. (p.10-11)

Desse modo, reconhecendo a importância da produção intelectual lobateana para a formação

cultural brasileira, o presente projeto destaca a relevância de um estudo que se propõe a

investigar práticas de leitura de sua obra adulta no Ensino Médio. Obra essa que, se

experimentada devidamente, pode contribuir (dando continuidade ao sonho de Lobato), para o

enriquecimento cultural e social do país, e para a interação texto/leitor através da leitura, o

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que está em consonância com Iser (1979), quando ele defende que “como atividade

comandada pelo texto, a leitura une o processamento do texto ao efeito sobre o leitor. Esta

influência recíproca é descrita como interação (p. 83)”. “Em suma, portanto, o vazio do texto

ficcional induz e guia a atividade do leitor (...) (p. 130)”.

4.2 - A PESQUISA: fase diagnóstica

Inicialmente (2009-2010), foram realizadas reuniões com a comunidade envolvida na

pesquisa (técnicos, diretores, coordenadores, professores, estudantes) para uma sondagem

sobre o lugar, as condições e práticas da leitura da obra de Monteiro Lobato no Colégio

Estadual Luis Viana. Em seguida, foram aplicados questionários impressos entre os alunos e

professores das mesmas escolas para garantir a aquisição de informações não obtidas nos

encontros iniciais.

Posteriormente, foram feitas observações diretas e registros de dados para confronto com o

que foi anteriormente coletado. O material destacado nesses instrumentos constituiu o corpus

de análise sobre as condições e práticas de leitura da obra lobateana nos espaços pesquisados.

A análise dos dados se orientou pelo método qualitativo que buscou responder às questões

relacionadas a: presença /ausência da obra lobateana nas atividades de leitura escolar; se, o

que, como, quando e para que professores e alunos lêem a obra lobateana. Assim pensado,

procedeu-se da seguinte maneira:

Observação do modo como os professores trabalharam com a literatura no ensino

médio;

Verificação da ausência do texto lobateano nas aulas de português;

Coleta de opiniões dos professores e alunos sobre as condições e práticas de leitura

da obra lobateana na escola pesquisada;

Produção de material para publicação nessa área de estudos;

Coleta de material para subsidiar o planejamento da segunda fase desse projeto,

que se trata de uma pesquisa com práticas de leitura, através de oficinas, com a

finalidade de observar a recepção dos textos e da metodologia de trabalho pelos

alunos pesquisados.

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Para tanto, o Projeto Emília vai à Escola: um estudo sobre as condições e práticas de leitura

da obra lobateana no Ensino Médio começou a ser executado na Colégio Estadual Luís

Viana Filho, na cidade de Jequié-BA, após a chegada de duas novas bolsistas, Thuane de

Almeida Pereira (Bolsista de Iniciação Científica/FAPESB) e Catiane Pureza Rodriguies

(Bolsista de IC-júnior/FAPESB). Daí, foram realizadas atividades previstas no cronograma

do Projeto (produção de questionários, folderes, cartazes e banner para divulgação do projeto;

visita à Escola).

A escola a ser observada foi contactada e autorizou a execução do projeto. Assim, no dia 01

de fevereiro de 2010, às 10 horas, foi realizada uma reunião com a coordenadora, professores

e técnicos para apresentação do projeto ao colégio a fim de solicitar os Termos de

Autorização de Uso de Imagens e Depoimentos bem como para a aplicação dos

questionários. Nesse momento, os responsáveis pelos alunos dessa escola autorizaram a

pesquisa. Contudo, por conta do calendário escolar, não foi possível realizar a observação e

entrevistas com os alunos no período previsto. Dessa forma, as observações tiveram início no

mês de março, no qual, realizou-se a pesquisa. As observações foram descritas em diário de

campo, onde era anotada a sequência da aula do dia, a fim de registrar a utilização ou não da

obra lobateana em sala de aula. Durante esse período, foram observadas 23h/aulas em duas

salas diferentes: 1º e 2º anos do Ensino Médio - que viriam a ser as turmas de 3º ano na etapa

seguinte do projeto.

Após as observações realizadas na escola pesquisada, foram distribuídos questionários para

professores e alunos para confirmar o que foi analisado. As professoras da escola mostraram-

se dispostas a incentivar a leitura de textos lobateanos, entretanto, não o faziam. Com as

observações e questionários aplicados para coletas de dados, verificou-se que a escola,

durante o ano letivo de 2009-II e 2010-I, não trabalhou efetivamente com a literatura adulta

de Monteiro Lobato.

Resultados da Fase Diagnóstica: O Projeto Emília vai à escola: um estudo das condições e

práticas de leitura da obra lobateana no ensino médio obteve resultados importantes, dentre

eles: mostrou que, apesar do pouco conhecimento sobre a obra lobateana no universo escolar

investigado - limitado às informações que os pesquisados trazem da TV - e que, embora não

tenham oportunidade de ler Lobato na escola, os pesquisados desejam conhecer sua literatura,

se interessam por ela; fez perceber também que há necessidade de formação do professor

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para a atividade de mediação da leitura; deixou evidente a necessidade de enriquecimento e

dinamização de acervos da biblioteca escolar. Assim, os resultados dessa pesquisa diagnóstica

apontam para questões importantes: o livro deve se tornar objeto de desejo – sua apresentação

na sala de aula será decisiva nos processos de promoção da leitura e de formação de leitores.

A partir desses resultados a fase seguinte do estudo foi elaborada. Sobre essa fase de trabalhos

– objeto do estágio pós-doc – passaremos a falar no que se segue.

4.3 - EMÍLIA NO ENSINO MÉDIO

Refletindo acerca da contribuição de Monteiro Lobato para a literatura brasileira, já que esse

autor propôs inovações significativas para a nossa produção literária, tanto no que se refere

aos temas abordados (petróleo, visão realista da vida interiorana, problemas sociais

diversos...) como na escrita mais próxima de uma linguagem doméstica, torna-se altamente

relevante propor e manter práticas de leitura de sua obra literária. Refletindo também sobre o

quanto a leitura dos textos lobateanos têm lugar de importância para a construção da leitura de

mundo, executamos no ano de 2010 e 2011 o Projeto de pesquisa Emília vai à escola:

práticas de leitura da obra lobatena no Ensino Médio. Essa pesquisa investigou a recepção

das obras de Monteiro Lobato e seu papel na formação de leitores, pois o autor escreveu,

principalmente, no intuito de ajudar na formação crítica do seu público. Durante os trabalhos,

a recepção da metodologia de trabalho empregadas nas oficinas também foi objeto de atenção.

Assim entendido, o Projeto de Pesquisa Emília vai à escola: práticas de leitura da obra

adulta lobateana no Ensino Médio objetivou desenvolver oficinas de leitura com as obras

adultas de Monteiro Lobato entre duas turmas de alunos de 3º ano do Colégio Estadual Luís

Viana Filho em Jequié-BA. Essa intervenção, sob forma de oficinas, teve como mediadores

pesquisadores e/ou colaboradores do CEL-UESB – Centro de Estudos da Leitura da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)/Campus de Jequié, ao lado das bolsistas

de Iniciação Científica, Gizelen Santana Pinheiro ( FAPESB) e Alana Santos Souza (IC

júnior/FAPESB). Assim, o Projeto investigou a recepção dos textos adultos de Lobato e da

metodologia de trabalho entre os discentes/pesquisados, alunos do ensino médio do colégio

acima referido.

Para alcançar os objetivos da proposta, as oficinas com a obra adulta lobateana foram

orientadas por um conceito amplo de leitura norteador. Conceito esse, defendido pelas teorias

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que entendem o ato de ler para além da mera decodificação e tomado de empréstimo de Silva

(2004, p.6) que afirma “(...) a boa leitura é aquela que, depois de terminada, gera

conhecimentos, propõe atitudes e analisa valores, aguçando, adensando, refinando os modos

de perceber e sentir a vida por parte do leitor”.

Na primeira fase do projeto, como mostrado no item anterior, foram feitas observações com

registros em diário de campo em turmas de 1º e 2º anos no Colégio Luiz Viana Filho no

Colégio Estadual Luiz Viana Filho, entre 2009 e 2010. O objetivo era observar as condições e

práticas da leitura da obra lobateana no Ensino Médio. Constatamos que a obra lobateana não

era trabalhada, tanto por falta de livros como pelo despreparo do corpo docente - que pouco

conhecia a importância do autor no cenário literário nacional – e que existia interesse dos

alunos em conhecer e ler as obras de Monteiro Lobato.

Desse modo, percebermos a necessidade da realização da segunda fase do projeto, na qual se

materializaram as oficinas das obras adultas de Monteiro Lobato com alunos de duas turmas

de terceiro ano (turma 2010 e turma 2011) no referido colégio. Realizamos as investigações

orientados pelos princípios metodológicos da pesquisa de campo, pinçando contribuições da

pesquisa etnográfica, da pesquisa-ação e da etnopesquisa. Para tanto, procedemos à pesquisa

bibliográfica, planejamos a entrada em campo e elegemos, como instrumentos de coletas de

dados, a realização de oficinas na escola, a observação com registro fotográfico, em diário de

campo, entrevistas, fichas de avaliação, questionários, depoimentos escritos pelos

pesquisados. Reiteramos que, a partir da primeira fase desta pesquisa, realizada no período de

2009 a 2010 pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Lobato/GPEL, foi possível verificar que

existia um interesse entre os alunos e educadores do Colégio Luiz Viana Filho em conhecer a

literatura adulta de Monteiro Lobato, o que facilitou nossa entrada em campo e justificou a

execução das oficinas como parte constitutiva dessa segunda fase desta investigação.

4.3.1 - Nossos Interlocutores sobre a obra adulta lobateana

A relevância da ação de Monteiro Lobato como intelectual, empreendedor, literato no início

do século passado é incontestável. Suas contribuições para o debate sobre questões

escondidas debaixo do tapete até então ainda não foram superadas até hoje. Ele provocou a

discussão sobre assuntos delicados: questões econômicas, ambientais, de saneamento básico,

exploração de ferro e petróleo no país, abertura e ampliação de um mercado editorial

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brasileiro, caracterização de uma Literatura Infanto-Juvenil e adulta que nos representasse e

possibilitasse a reflexão crítica da nossa realidade. Segundo Azevedo, Camargos e Sacchetta

(2001, p.58), “Monteiro Lobato é acima de tudo, um arguto crítico social, um homem

preocupado com os destinos do seu país”. Nessa mesma direção, outros estudiosos do autor

também depõem. Entre eles, vale lembrar Edgard Cavalheiro, Regina Zilberman, Marisa

Lajolo, Eliana Yunes, Maria Afonsina Ferreira Matos: todos unanimemente afirmando o

valor/papel de Lobato para os rumos sócio-econômico-literário e culturais de um Brasil que

vivia entre o universo rural e o urbano, o popular e o letrado, a tradição e o futuro...

Quando se fala em Monteiro Lobato, automaticamente nos reportamos ao Sítio do Picapau

Amarelo, junto com suas personagens e a tudo que o mesmo evoca (adaptações televisivas,

por exemplo). Isso ficou comprovado através dos resultados obtidos na primeira etapa de

uma das nossas pesquisas (a fase diagnóstica) onde os escolares/pesquisados revelaram

conhecer somente os textos de Lobato das adaptações para a TV. Entretanto, Lobato também

se dedicou ao público adulto, e apesar de muitas dessas obras terem sido relegadas ao quase

esquecimento, não se pode negar a sua extrema importância para a nossa cultura. Suas obras

tratam de questões de cunho social e político, voltadas à realidade do Brasil e nos revelam um

autor inovador, que rompe com o tradicionalismo literário de sua época, como se vê, por

exemplo, em Lajolo (2000):

[...] por mais polêmica que seja a produção literária lobateana não infantil, ela

representa indisfarçável ruptura com a tradição alambicada e europeizante de boa

parte da literatura brasileira do fim do século XIX, prolongada nas primeiras

décadas do século XX. (LAJOLO, 2000, p.65).

Dessa maneira, é interessante destacar a roupagem dada por Monteiro Lobato as suas obras,

em especial, pela valorização que conferiu a seus personagens, dos quais podemos destacar o

Jeca Tatu. Esse personagem passou representar uma versão da vida caipira interiorana,

provocando uma polêmica que vez ou outra é retomada nas discussões sobre identidade

nacional. Destaca-se a ideologia em torno dessa personagem, pois, naquela época, era vista

por alguns como um claro exemplo do modo de vida do dia-a-dia do interior brasileiro,

enquanto, para outros retratava, um exagero. Assim, nos deparamos com um autor que

produziu um estilo literário brasileiro que se diferenciava. Ainda com Marisa Lajolo, vale

dizer que:

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Recortando cenários e personagens de um Brasil rural em extinção, os contos de

Monteiro Lobato pautam-se pela oralidade. Nos melhores textos, há sempre um

narrador culto que reveste de ironia e metalinguagem a antiga esquizofrenia da

intelectualidade brasileira, dividida entre os extremos que batizam nossa cultura: de

um lado a tradição escrita, letrada, literarizante. De outro, a oralidade viva e móvel

do contexto rural de onde nascem as histórias caipiras. (LAJOLO, 2000, p.67)

De fato, Lobato criou uma realidade, na qual busca introduzir em seus leitores o novo, o

crítico e, em especial, a ruptura com a dicotomia que até então prevalecia na literatura

brasileira. Os contos de Monteiro Lobato se caracterizam por uma linguagem apurada, rica e

exata, por uma ironia fina e sábia e pela realidade viva dos seus personagens, dos quais alguns

são tipos humanos e sociais criados com perfeição.

Monteiro Lobato, com seu estilo simples e direto, ia conquistando com seus artigos um

público e, sobretudo, conseguia inserir-se na categoria de escritor/intelectual consagrado.

Além disso, imprimiu sua marca nos meios em que atuava e com sua produção literária,

inaugurou um estilo próprio. Para Azevedo, Camargos e Sacchetta (2001):

O escritor confundia-se com o jornalista, o homem de imprensa virava publicista, e

ambos lançavam mão de meios de comunicação na época – o livro, o jornal e a

revista – para tentar despertar a consciência social e criar novos padrões de

comportamento coletivo. (AZEVEDO, CAMARGOS e SACCHETA, 2001, p.

102)

Nas obras de Monteiro Lobato, ironia e humor se misturam e se confundem. Ironia fina e

humor inteligente. Porém, uma ironia que não se oculta; antes, se faz veículo de um

compromisso profundo com a vida e o ser humano. Um humor que focaliza e desnuda o

ridículo das convenções sociais, do atraso mental, da hipocrisia, da opressão individual e de

classe social. É importante ressaltarmos que o humor presente em Lobato é fruto de uma visão

de mundo e, ao mesmo tempo, crítica e construtiva, já que literariamente, tem como

finalidade surpreender o seu leitor, e ainda captar e prender a sua atenção, bem como

comprometê-lo com a história. Nessa direção, Alaor Barbosa (1996) afirma:

Os contos de Monteiro Lobato são, em um grande número, engraçados. Fazem rir.

Há-os também dramáticos e trágicos, mas mesmo esses são transidos de ironia e

humor, um certo tom de dura neutralidade, um modo de apreender o lado ridículo

das pessoas, uma arte caricaturizante que sugere o riso ou, ao menos, um sorriso de

compreensão. (BARBOSA, 1996, p.58)

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O exposto evidencia a cuidado de Monteiro Lobato com a sua produção literária para o

público adulto. Literatura que proporciona aquisição de conhecimento, enriquecimento

cultural, bem como possibilita a formação de um leitor crítico/reflexivo, uma vez que traz nos

textos conteúdos voltados para os problemas do país, além pretender aproximar os seus

leitores do universo popular. Por conta disso, afirmamos que faz-se necessário que, na

atualidade, a escola desenvolva projetos voltados para o estímulo ao gosto pela leitura desse

tipo de texto, visto que esta, segundo Silva (2004):

[...] ocupa, sem dúvida, um espaço privilegiado não só no ensino da Língua

Portuguesa, mas no de todas as disciplinas acadêmicas que objetivam a transmissão

de cultura e de valores para as novas gerações. Isso porque a escola é, hoje e desde

há muito tempo a principal instituição responsável pela preparação de pessoas para

o adentramento e a participação no mundo da escrita, utilizando-se

primordialmente de registros verbais e escritos (textos) em suas práticas de criação

e recriação de conhecimentos. (SILVA, 2004, p.16)

Assim, mediar a leitura dos textos adultos de Lobato para escolares do Ensino Médio se torna

urgente e necessário, visto que textos como Negrinha, Cidades Mortas Urupês, O Comprador

de Fazendas, dentre outros, podem promover o gosto pela leitura e ao mesmo tempo estimular

a criticidade dos leitores.

4.3.2 - Materiais e métodos

Conforme anunciado anteriormente, fizemos um trabalho de Documentação Direta, valendo-

nos da pesquisa de campo subsidiada orientada por princípios da pesquisa-ação que, segundo

Thiollent (1996), enfoca uma ação planejada de caráter social, educacional ou técnico, ou,

segundo Barbier (2007, p.44-46) focaliza “experiências de vida construídas (...) por

pesquisadores que dela não participam diretamente” que visa uma mudança entendida como

“modificação de comportamento, de aprendizagem”.

Na sua execução, foram considerados aportes de outros tipos de pesquisa, como a etnográfica,

a etnopesquisa... Da etnografia, aproveitamos, por exemplo: a construção de um saber de

observação (ocular); a predominância do método qualitativo de análise; o diário etnográfico

de Malinowski (1978), entrevistas, contato pessoal e temporário com o grupo pesquisado; a

assunção do papel de tradutores pelos pesquisadores, na expressão de Da Mata (1978); o

tratamento dos pesquisados como seres portadores de cultura; a atitude epstemológica de ir do

concreto ao desconhecido nos termos de Marcel Mauss (1974); a atenção às três fases do

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pesquisador em campo de que fala Da Mata – preparação teórica, planejamento da inserção

em campo (preparo de formulários e equipamentos para registro de dados); contato com os

pesquisados e confronto da realidade observada com as teorias estudadas... Da etnopesquisa,

tomamos de empréstimo o diário de campo (= etnográfico); a opção pelo discurso descritivo

como modo de compreensão por excelência; a preferência pela abordagem qualitativa; o

envolvimento de seres humanos em estado de interação...

Assim, o projeto foi iniciado com a elaboração de material visual como folders, banner, para

contato inicial com coordenação pedagógica, professores e técnicos do Colégio Estadual Luiz

Viana Filho. Por conta dos vínculos já estabelecidos na fase diagnóstica de investigação, logo

na primeira reunião, foi apresentado o Projeto de Pesquisa Emília vai escola: práticas de

leitura da obra adulta lobateana no Ensino Médio. Foram decididos os horários para a

realização das intervenções, definindo-se que as oficinas seriam realizadas durante os horários

da disciplina Língua Portuguesa, no turno matutino (duas horas/aula por mês), com duas

turmas de alunos no 3ª ano do Ensino Médio (2010 –II e 2011-I). No decorrer da pesquisa, a

escola solicitou alterações nesse calendário, por conta de outras exigências no andamento do

ano letivo. Assim, em 2010, foi preciso antecipar a última oficina do início de dezembro para

o final de novembro (mês em que acorreram duas oficinas) e, em 2011, não foi possível

realizar as oficinas de abril e maio, acontecendo apenas as oficinas de fevereiro, março e

junho.

Na abertura do projeto, na sala da coordenação da escola, estavam presentes: a diretora, a

coordenadora pedagógica, alguns professores e técnicos, a ex-bolsista Thuane de Almeida

Pereira, da etapa anterior do projeto Emília vai à escola: uma pesquisa sobre condições e

práticas da obra adulta lobateana no Ensino Médio, e a co-orientadora de pesquisa Elane

Nardotto Rios Cabral.

Após o contato inicial com o espaço a ser pesquisado, iniciamos o trabalho através da

realização de oficinas. Ao longo do período de intervenção, foram feitas observações acerca

da recepção, motivação e percepção dos alunos/pesquisados sobre o papel/significado da obra

adulta de Monteiro Lobato, além da relação dos mesmos com a metodologia de trabalho e a

participação nas atividades propostas. Foram utilizados o diário de campo, fichas de

identificação dos sujeitos, acompanhamento e avaliação das oficinas para anotações e coleta

de dados in loco por um pesquisador (a bolsista do projeto), além do registro fotográfico. Ao

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final das atividades do dia, eram recolhidas produções dos alunos, ou coletados os

depoimentos dos pesquisados ou feitas entrevistas escritas com os mesmos. Constituído o

“corpus”, foi realizada a análise qualitativa dos dados, com vistas à elaboração do relatório de

pesquisa. Como os dados quantitativos foram coletados apenas na última oficina dos projeto,

eles foram usados apenas para ilustrar a descrição da mesma, se tornando menos relevantes

para as conclusões do projeto.

4.3.3 - As Experiências e os Resultados

Foram realizadas seis oficinas de 18/10/2010 a 17/06/ 2011, sendo três em cada turma

pesquisada, conforme se vê, nos anexos VI e VII, e a seguir:

4.3.3.1 - Oficinas na Turma 1 – 3º Ano/2010

No dia 18 de outubro de 2010, foi realizada, na turma 1, a primeira oficina intitulada Vida e

Obra de Lobato ministrada pela Profª. Drª. Maria Afonsina Ferreira Matos (orientadora do

projeto). Essa primeira intervenção, realizada pelo projeto de pesquisa Emília vai à escola:

práticas de leitura da obra adulta lobateana no Ensino Médio, foi bastante enriquecedora

para os pesquisados, visto que eles se mostraram entusiasmados e curiosos por conhecerem as

obras que seriam trabalhadas, além de já trazerem conhecimentos prévios sobre algumas

questões, como: a discussão sobre o pré-sal, sobre meio ambiente... A oficina teve início com

apresentação da professora à turma e, em seguida, foi feita a entrega de uma pasta com

materiais onde continham alguns textos de Lobato para leitura pessoal dos alunos, contos

como: Negrinha, O Comprador de Fazendas, Urupês, os artigos: Velha Praga e De quem é

petróleo da Bahia?, duas cartas a Getúlio Vargas, uma carta a D. Purezinha – esposa do

escritor-, A última Entrevista com Lobato e a biografia do autor elaborada pela bolsista

Gizelen Santana Pinheiro, além do folder do projeto, um bloquinho, caneta, lápis e borracha.

Logo depois, foram utilizados recursos visuais (slides) para uma exposição dos resumos das

obras lobateanas, e ainda distribuídos textos em forma de pergaminho pela professora

/ministrante da oficina. Cada um desses textos falavam sobre uma obra adulta de Lobato.

Cada aluno se apresentava dizendo o seu nome e lia o título e um fragmento da obra que tinha

em mão. À medida que a leitura era feita, a professora/ministrante ia abordando sobre a obra

em questão, como, por exemplo, quando um dos alunos lia o texto De quem é o Petróleo da

Bahia?, a professora mencionou que Lobato já naquela época dizia existir petróleo em nosso

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subsolo, e que ele batalhou incansavelmente para mostrar que o país tinha potencial no setor e

que o petróleo poderia dar ao povo brasileiro um melhor padrão de vida. Comentou ainda

que, o primeiro poço de petróleo foi perfurado em lugar um chamado Lobato na Bahia e eles

verificaram no artigo em discussão que Lobato falava no ferro de Jequié – que só agora vê a

possibilidade de ser explorado. Causou espanto na turma o escritor ter essa informação

naquela época e o município não ter se beneficiado disso até hoje. Colocar os textos do início

do século passado em diálogo com a atualidade foi produtivo. Eles foram bastante atenciosos

durante a abordagem dos conteúdos feitos pela professora, fizeram diversos questionamentos

e se envolveram ativamente nas discussões durante toda a oficina. Foi feita também a leitura

coletiva da biografia do autor. A professora iniciou a leitura e cada aluno teve a sua parcela de

participação, lendo uma parte do texto. E foi possível notar o interesse pelos temas expostos

em sala, o que evidencia o seguinte fato: apesar de as obras adultas lobateanas terem sido

relegadas ao esquecimento dentro das escolas, elas trazem questões muito atuais, o que

chamou bastante a atenção dos alunos/pesquisados. Houve ainda, durante a oficina, uma

encenação com base no texto da Última Entrevista com Lobato feita por dois colaboradores

do projeto (Elâne Francisca de Souza e Antonio José Maria Codina Bobia). Eles simularam a

última entrevista, ele no lugar de Lobato e ela, entrevistando-o. Mais uma vez os pesquisados

demonstraram grande interesse pelo autor, por tratar de temas políticos e sociais. A

ministrante mostrou aos alunos os livros teóricos e literários que são usados durante a

pesquisa. Esses livros foram passados de mão em mão. Foram apresentados ainda alguns

slides com imagens da infância, juventude, família, obras e personagens do autor. A

professora encerrou a oficina apresentando a equipe de trabalho, a bolsista do projeto, os

colaborados e divulgando as próximas oficinas. Agradeceu a colaboração e participação dos

alunos.

A segunda oficina: A figura de Negrinha na Ficção de Lobato, foi realizada no dia,

19/10/2010, véspera do Dia da Consciência Negra, portanto o tema do preconceito racial

estava circulando amplamente nos meios de comunicação e os alunos estavam atentos ao

assunto. A ministrante, Elâne Francisca de Souza - ex-bolsista do CEL pela FAPESB e

colaboradora no Projeto - iniciou a oficina sensibilizando os alunos do terceiro ano, turma 1,

para a reflexão sobre o lugar do negro na sociedade e sua representação na literatura

brasileira, aproveitando o momento e fazendo um recorte sócio-histórico. Num círculo de

discussões, o debate se abriu, colocando em pauta: estereótipos, preconceitos, construção de

imagem e auto-referência dos negros – sua cultura, enfim. Os alunos foram receptivos à

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proposta e colaboraram com as discussões mostrando as contribuições dos negros na cultura,

política, na história do país no que tange à culinária, música, língua... Após este ato

preparatório, a ministrante convidou os pesquisados para a leitura do conto Negrinha, que se

encontra no livro homônimo de Monteiro Lobato. Como não havia exemplares do livro para

todos, ele distribuiu cópias xerocadas e fez um círculo de leitura. Todos participaram, lendo o

texto em voz alta, perguntando o significado de palavras (eclosão, mucama...) e a parte que

mais chamou a atenção dos mesmos foi a do cruel castigo aplicado por D. Inácia à menina,

colando um ovo fervente em sua boca... Ao final, quando a ministrante pediu que recontassem

o fim da história como quisessem que fosse, alguns não quiserem alterar o final, pois achavam

que descaracterizaria a denúncia feita pelo autor. Para E.S.S.,por exemplo, ele retrata uma

situação da época, pois mesmo libertos, os negros eram tratados do mesmo jeito que antes

(...) o autor foi coerente e de acordo com o acontecimento específico da época e para

R.C.S.A: se o conto tivesse um final feliz, talvez não despertaria uma reflexão. Num tempo

em que a onda contra o preconceito racial quer maquiar todas as representações do negro e

acusa de racista quem fez representações realistas de uma época, os pesquisados acertaram na

leitura contextualizada da obra em questão.

No dia 24/11/2010, ocorreu a última oficina com a turma 1: Monteiro Lobato e a Academia,

ministrada pela bolsista do projeto, Gizelen Santana Pinheiro, que após atividade de

descontração, fez o círculo de leitura de duas cartas: a do convite para Lobato integrar a

Academia Brasileira de Letras e a da resposta-recusa do escritor. Durante a leitura e

comentários, foi possível perceber o quanto os alunos se surpreenderam com a atitude do

escritor e com os termos através dos quais ele não aceita fazer parte da ABL. Após os

comentários das cartas, os alunos se pronunciaram agradecendo e parabenizando a equipe

pelo projeto que para eles foi uma oportunidade de adquirir conhecimento. A bolsista os

agradeceu, parabenizou a participação ativa de todos e distribuiu os certificados de

participação.

4.3.3.2 - Oficinas na Turma 2 – 3º ano/2011

A 28/02/2011, ocorreu a primeira oficina na turma 2, 3º ano – 2011. A figura de Negrinha

na Ficção de Lobato ministrada pelo graduando, Colaborador do Projeto, Lucas Nascimento

Silva, que abriu os trabalhos dando espaço para que a professora da turma pesquisada

comparasse a ironia de Lobato à de Machado. Na sequência, ele propôs discussão do contexto

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histórico do texto Negrinha concluiu com as questões raciais entre outras questões sociais

envolvendo os negros brasileiros. Na produção de significados dos alunos, apareceram

comparações de D. Inácia com o caso da Procuradora que adotou uma criança para maltratar,

da boneca em Os Miseráveis de Victor Hugo com a boneca em Negrinha, dos castigos do

texto com a palmada da escola antiga, da falsa liberdade dos negros com o sistema de cotas

nas Universidades... Ao fim desse profícuo debate sobre o texto, os pesquisados registraram

suas impressões sobre o mesmo, ressaltando que seu caráter político-social permite sua

atualização, sua re-significação nos tempos atuais, como dizem; - S.J.S. O texto de Lobato nos

faz lembrar muito dos nossos dias atuais, pois existem várias Negrinhas no mundo; - C.P.R.

nos faz pensar que o mundo não mudou muito.; - E.B.R. Ainda existem muitas Negrinhas e

Inácias...

As duas oficinas seguintes não foram propriamente com a obra adulta de Lobato, mas com

livros juvenis, considerados os mais difíceis de leitura nas escolas por conta do jogo

intertextual com a Mitologia Grega: O Minotauro e Os doze trabalhos de Hércules. Pelo fato

de serem juvenis e, portanto, apropriados para o público pesquisado e por conta do grau de

dificuldade de referências que sua leitura exige, decidimos incluí-los no repertório de leituras

da segunda bateria se oficinas.

Assim, no dia 18-02-2011, aconteceu a segunda oficina Ecos da Grécia e a Entropia do

Minotauro, ministrada por Jualine de Jesus Xavier. Foi uma viagem coletiva à Hélade

heróica, quando a ministrante, tendo sempre em mente os conteúdos do vestibular, permitiu

que os pesquisados conhecessem o mito do Minotauro e conversassem sobre a cultura clássica

dos gregos e suas contribuições para a modernidade a partir de imagens e tópicos exibidos em

Power-point. Houve muito interesse e participação do grupo no primeiro horário dos

trabalhos, mas o fato de ter ocorrido em dois horários divididos pelo intervalo de aulas,

atrapalhou a finalização da oficina, os alunos retornaram do intervalo excitados e dispersos.

Juntando-se a isso um aparelho de som que não funcionou bem para finalizar com música os

trabalhos, a ministrante decidiu encerrar com uma avaliação da oficina pelos pesquisados.

Nessa avaliação, eles foram unânimes em dizer do quanto a atividade foi interessante –

E.B.R. acrescentou: era uma história que eu não conhecia (...) mostrou que existem histórias

reais em histórias fictícias; -N.P. observou: informativa e uma forma de aprender mais sobre

a Grécia;-J.A.A. declarou: realizamos descobertas, tiramos curiosidades; -A.O. poetizou:

Mistérios, magias, essências, prisões, liberdades. Um mundo novo que foi descoberto nos

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ecos da Grécia antiga, entre uma aventura e outra...; e - um anônimo pediu: gostaria que

voltasse a acontecer.

A 17/06/2011, aconteceu a última oficina do projeto, Os Doze trabalhos de Hércules,

ministrada por Mara Rúbia Souza Machado e Marileide Vieira Lima – colaboradoras do CEL-

UESB. Os trabalhos se iniciaram com a apresentação do livro de Lobato, quando os

pesquisados foram indagados sobre o que conheciam de Mitologia Grega. Alguns

demonstraram conhecimento prévio por conta de desenhos da TV onde deuses e heróis

aparecem. O mito de Hércules foi contado com a participação dos alunos, anunciando as

gestas escritas em pergaminhos (distribuídos previamente pelas ministrantes) e repetindo

refrões para o início e término de cada trabalho. A cada trabalho anunciado as ministrantes

tiravam de um baú a cena do mesmo feita em biscuit e as alunos ficavam encantados ao ver

cada luta do herói grego materializada. As atividades foram encerradas com dinâmica com

música Brincar de Viver, de Maria Betânia, quando os pesquisados falavam de suas

identificações com Hércules. Em seguida, foram convidados a produzir metáforas dos

trabalhos heróicos em um questionário de entrevistas. Nesse momento, eles passaram a se ver

como Hércules e a falar das habilidades do herói às quais recorreram em situações difíceis e

dos trabalhos que consideraram mais surpreendentes: dos 25 entrevistados, 10 disseram ser o

último por ser o Cérbero o monstro mais forte que o herói; 05 afirmaram ser o nono trabalho

(o Cinto de Hipólita), pois o herói recorreu ao diálogo, e não à força física, para cumprir o seu

nono trabalho; 03 declararam ser o trabalho em que ele capturou a Corça dos Pés de Bronze,

porque, em vez da força física, ele usou a agilidade, paciência e inteligência; 02

consideraram surpreendente Hércules vencer o Leão de Neméia por seu poder e força; 02

preferiram o 10º trabalho quando o herói venceu Os Bois de Gerião, monstro que pensava por

três, esse ser estranho do mal; 01 ficou surpreso com a vitória sobre a Hidra de Lerna – tinha

várias cabeças; outro, com a vitória sobre Os Cavalos de Diomedes, quando Hércules teve

que ter bastante coragem e bastante força; um outro ainda viu como surpreendentes todos os

trabalhos herói. Quando indagados sobre o momento da própria vida em que tiveram que se

portar com Hércules: 10 disseram se verem Hércules, quando da doença e/ou morte da avó,

doença própria ou da mãe ou ainda perda de pessoas importantes em minha vida, sendo que

um deles somou a esse problema a separação dos pais; 07 disseram ser em vários ou todos os

momentos da vida ou ainda nos momentos difíceis; 06 responderem ser nas dificuldades com

os estudos, quando alguns dizem ter que empregar todas as habilidades de Hércules (força,

coragem, determinação, paciência, diálogo), além da Fé que um dos entrevistados

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acrescentou; 02 não responderam, sendo que um se omitiu e outro declarou Prefiro não

comentar... Sobre as habilidades e Hércules (Força, Coragem, Determinação, Paciência,

Diálogo) que eles empregaram para vencer essas dificuldades: 09 responderam que

empregaram todas as habilidades do herói para vencer seus problemas, sendo que dois

acrescentaram a elas a Fé; 03 disseram ter empregado a Paciência; 02 afirmaram que tiveram

Determinação; 02 declararam o emprego da Força, Coragem, Determinação, sendo que um

acrescentou a Agilidade; os demais: 01 respondeu Força, Coragem, Determinação,

Paciência, 01 respondeu Determinação, Paciência, Diálogo, acrescentando perseverança, 01

respondeu Força, Paciência, 01 respondeu Força, Determinação, acrescentando A Fé, 01

respondeu Determinação, Paciência, 01 respondeu Força, Coragem, 01 respondeu Coragem,

Determinação, 01 respondeu Força, 01 respondeu Diálogo.

Nas oficinas realizadas em espaços de Educação Fundamental, o que costuma garantir o

diálogo leitor/texto, o prazer de ler é ludicidade do trabalho. No caso das oficinas no Ensino

Médio foi diferente, o que autorizou esse diálogo, esse prazer foi a possibilidade de

construção de significados nas práticas de leitura propostas. Assim, pode-se dizer que, nas

oficinas desse projeto, verificou-se que o sentido foi o destino (Hassan, 1988, p.52). Os

pesquisados ficaram cheios de vontade (Iser, 1996,p.13), porque se viram capazes de

atualização, atuando - como quer a primeira tese de Jauss sobre o papel produtivo do

leitor(1994) - como produtores, como agentes de significação.

No caso da turma 1-2010, a colaboração por parte dos leitores pesquisados - preconizada por

Umberto Eco (1994, p. 34) - para com os textos foi permitida a todo instante: desde o gesto da

leitura compartilhada à atribuição de sentido a textualidades eleitas.

Nas oficinas da turma 1, os sentidos produzidos podem ser analisados à luz da sétima tese de

Jauss (1994, p.50) sobre a relação entre Literatura e Sociedade. Para esse teórico, “A função

social somente se manifesta na plenitude de suas possibilidades quando a experiência literária

do leitor adentra o horizonte de expectativa de sua vida prática, pré-formando seu

entendimento do mundo”.

Para esse autor, essa função se configura quando o leitor interage com as marcas da vida em

sociedade evidentes no texto. Isso foi verificado nas oficinas da Turma 1-2010, quando, por

exemplo, de posse da história da exploração de petróleo no Brasil, pelo conhecimento da obra

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Ouro Negro e pela leitura de artigos e cartas do escritor, os pesquisados se sentiram com

poderes para criticar falas da atual Presidenta da República, Dilma Russef, veiculadas na

mídia. Eles tomaram textos de 1948 – De quem é o Petróleo da Bahia? e A Última Entrevista

de Lobato- e os colocaram na perspectiva de hoje, verificando a atualidade das questões ali

colocadas. Nesse sentido, um dos pesquisados comentou durante a oficina: – Tudo continua

do mesmo jeito, né Professora? O que não interessa a quem manda, não pode acontecer... m

– Por que é que só agora pensam e explorar o ferro de Jequié? - perguntou outro em tom

irônico. Diante disso, pode-se dizer que as leituras sobre a Vida e Obra de Monteiro Lobato

deixaram marcas nos leitores, levando-os ao questionamento sobre a realidade, sobre os

possíveis motivos pelos quais não conheciam ainda as obras de Lobato e sobre falas de

autoridades, que, antes, eles tomavam como verdade.

Na mesma direção, aconteceu a leitura do conto Negrinha na segunda oficina. Os pesquisados

fizeram relações de comparação, colocaram o texto em diálogo com as discussões do

momento sobre a questão racial e surpreendentemente superaram os discursos do momento -

que negam as representações realistas - ao se recusarem a reescrever o final da história já

que, segundo eles, qualquer mudança desconfiguraria a denúncia social do texto que

entendiam ser necessário preservar. Assim, eles se alinharam à sexta tese de Jauss pela qual se

verifica como a obra se relaciona com um momento histórico específico.

Na terceira oficina, Lobato e a Academia, a leitura das Cartas - uma convidando o escritor

para integrar a Academia e outra registrando a sua recusa - já não surpreendeu tanto os

leitores pesquisados. Eles já haviam construído uma imagem do escritor pelas leituras

anteriores e, portanto, traziam um conhecimento prévio do perfil deste. Por isso, eles

realizaram o disposto na terceira tese de Jauss, ou seja, confirmaram as expectativas em

relação à obra, se identificaram com ela.

Por tudo isso, pode-se afirmar que a turma 1-2010 sentiu o sabor da leitura lobateana. Eles

sobrecodificaram os textos e fizeram a travessia de quem transforma tijolo em nuvem.

O segundo bloco de oficinas - turma 2/2011 – ocorreu na mesma direção que o primeiro. As

leituras atenderam à tese de Larrosa (1996, p.6), para quem devemos “Pensar leitura como

algo que nos forma... transforma”.

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Nesse sentido, a oficina A figura de Negrinha na Ficção de Lobato atuou como possibilidade

de: contextualização de fatos históricos relacionados aos negros no Brasil; remissão a outros

eventos históricos sobre maltrato a crianças, como a Lei da Palmatória; relação com outras

situações de falta de efetividade das leis e garantias individuais dos negros; atualização das

figuras de Inácia e Negrinha, identificando-as com pessoas reais e atuais.

Na mesma direção, caminha a avaliação escrita que os alunos pesquisados fizeram da oficina

Ecos da Grécia e a Entropia do Minotauro. Eles afirmaram, em uníssono, que essa oficina

lhes trouxe um conhecimento novo, informações às quais não chegariam pelos programas e

rotinas da escola.

Mais além, os pesquisados foram, na oficina Os Doze trabalhos de Hércules. Eles entraram

de fato em comunhão com o texto. A leitura foi compartilhada no sentido literal do termo:

eles revelaram algum conhecimento prévio de mitologia – até por conta da oficina anterior -,

atuaram como anunciantes dos trabalhos a serem contados pelas ministrantes e, proferindo

refrões, marcaram o início e o fim de cada gesta. Depois do contato com o texto, elegeram o

trabalho mais surpreendente do herói grego, sendo que a maioria apontou o que mais os

surpreendeu foram os trabalhos onde ele usou habilidades que não a força física. Em tempo de

culto do físico e da cultura de academias, nos pareceu significativa de juízo crítico essa

eleição. Na sequência, eles colocaram a história de Hércules em diálogo com a própria vida,

apontando em que momento de sua história pessoal tiveram que protagonizar Hércules, com

indicação das habilidades empregadas para tanto. Foi significativo que a maioria respondeu

ter empregado todas as habilidades diante da morte ou doença, especialmente da avó. A

tradução de afetividade dessa resposta coloca em alerta as opiniões do senso comum sobre o

jovem na atualidade: em geral pintado como indiferente e irresponsável em relação ao outro.

Nós, pesquisadores do Emília vai à Escola, tivemos a felicidade de presenciar esse momento

particular e edificante.

Nessas três oficinas, podemos dizer que houve o que Jauss chama de fusão de horizontes de

expectativas, que, na sua quinta tese, equivale a ver até que ponto uma obra é capaz de

atualizar-se na interação com novos leitores. Nas intervenções acima, isso ocorreu: textos do

início do século passado, dois deles tratando de uma cultura milenar, foram lidos e se

colocaram à escuta de leitores do início desse século. Especialmente na última intervenção, o

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que se viu em cena foram as chaves mágicas de Marcel Proust (1991, p.20), que “abrem no

fundo de nós mesmos a porta das moradas onde não saberíamos penetrar...”.

Três oficinas apenas em cada turma não nos garante que tivemos uma atuação produtiva no

campo da Formação de Leitores, mas, com certeza, o eco de uma voz nos faz companhia:

iniciamos leitores da obra lobateana! Fizemos um convite, com vida! Fizemos do sentido o

destino! Alcançamos a filiação e prenunciamos emancipação. Sabemos, dessa maneira, que

abrimos espaço para que nossos pesquisados possam, a partir de agora, uma vez iniciados,

desempenhar o papel do leitor que nada, alonga-se nas páginas, vence a solidão e põe tento no

desconhecido. Eles podem experimentar a trajetória do leitor/herói rumo à emancipação em

leitura, porque estão aptos para sucessivas gestas, infinitas gestas no e com o texto. Resta,

pois, a Escola aproveitar essa semente lançada em terra fértil...

4.3.4 - Algumas Conclusões

No que se refere à leitura da obra de Monteiro Lobato na escola, observamos que todos os

alunos conheciam apenas o Sítio por conta da adaptação transmitida pela Rede Globo. Isso

nos preocupou, já que a leitura estimula o raciocínio, aguça a sensibilidade e promove o

espírito crítico. Nesse sentido, Silva (2002) nos confirma, dizendo

[...] leitura, possibilitando a aquisição de diferentes pontos de vistas e

alargamento de experiências parece ser o único meio de desenvolver a

originalidade e autenticidade dos seres que aprendem (SILVA, 2002, p. 43).

Nessa direção, constatamos que, através das oficinas do Projeto de Pesquisa Emília vai à

escola, oportunizamos a esses alunos das duas turmas de 3º ano o conhecimento da obra

escrita para adultos por Lobato Além disso, possibilitamos a leitura como uma atividade

essencial no espaço escolar que, a nosso ver, é a leitura gratuita, ou ler por ler, não sendo uma

atividade sem resultado, mas sim de recuperação do prazer, constituindo-se como ponto

básico para o sucesso de qualquer esforço honesto de incentivo à leitura.

A leitura por prazer, ou leitura gratuita, ou ler por ler pode ser o ponto de partida para a

formação leitora dos estudantes no espaço escolar. Mesmo porque a política cultural no Brasil

de acesso ao livro e à leitura não aconteceu como deveria, por conta da obstrução cultural que

variou entre restrições de importação de livros até a ausência de livrarias no país

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(ZILBERMAN, 1991). Isso mostra que as assertivas e críticas de autores que discutem leitura

como Zilberman (1991) e Lajolo (2000) consolidam-se como férteis se pensarmos que tais

afirmações já se encontram presentes com os saberes docentes no espaço escolar. A espinha

“dorsal” do trabalho das autoras enseja acenar que a valorização da leitura seja um projeto da

escola, não se limitando apenas ao professor de Língua Portuguesa e, antes de tudo, que se

conceba, neste projeto, o ato de ler como uma atitude diante do texto cujo significado se

encerre nela mesma.

No que se refere à leitura da obra adulta de Monteiro Lobato, já a partir da etapa anterior do

projeto Emília vai escola: uma pesquisa sobre condições e práticas da obra adulta lobateana

no Ensino Médio, percebeu-se a carência e quase nulidade da obra desse autor no espaço

escolar. Isso pela ausência de livros na biblioteca da escola e por falta de práticas que

incentivassem a leitura de tais obras. Essa realidade verificada aqui encontra ressonância em

outras falas de pesquisadores de outras regiões do país, a exemplo de Silva (2004, p.21): “as

pesquisas ao nosso alcance mostram que os depoimentos para a promoção da leitura nas

escolas são extremamente precários (muitas vezes, até inexistentes). É o caso das bibliotecas

escolares”.

Com a proposta e execução das oficinas acima descritas, notou-se uma mudança nesse estado

de coisas: vimos crescer a curiosidade e o interesse dos alunos/pesquisados, e o despertar para

uma leitura mais crítica e participativa. E, nesse sentido, mais uma vez comungamos da

opinião de Silva (2004, p.16): “[...], a leitura, enquanto um modo peculiar de interação entre

os homens e as gerações, coloca-se no centro dos espaços discursivos escolares,

independentemente da disciplina ou área de conteúdo”.

Dessa maneira, como os próprios pesquisados disseram nos depoimentos coletados ao final da

segunda oficina de 2011, é de extrema importância a realização e manutenção de projetos

como este, que viabilizam a promoção da leitura no espaço escolar, que promovam o prazer

de ler e que tratem o leitor como agente de sentido, como defende Isabel Solé (1998), quando

ela supõe “que o leitor seja um processador ativo do texto porque domina estratégias” de

leitura. Isso, porque, atualmente, a escola ainda se constitui como um dos poucos espaços

onde a leitura tem possibilidade de se desenvolver e promover a ampliação dos horizontes de

expectativas. Segue-se daí, o entendimento de que a qualificação contínua dos leitores ao

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longo das séries escolares torna-se uma garantia de acesso ao saber sistematizado e a

conteúdos que serão úteis para a vida dos educandos.

Assim, com o Projeto de Pesquisa Emília vai à escola: práticas de leitura da obra adulta

lobateana no Ensino Médio, constatou-se que essa mudança pode ser possível, sentimos,

durante a pesquisa um aumento no nível de interesse pela obra adulta de Monteiro Lobato

entre os alunos do Ensino Médio. Durante as oficinas, eles se mostraram receptivos à

proposta de tratar o texto como objeto relacional e atuantes durante as atividades: eles

participaram ativamente das discussões, fizeram questionamentos e argumentaram em favor

de suas idéias. Essa atitude de participação, essa abertura para a relação dialética com o texto

proporcionou o prazer de ler e elevou a capacidade crítica/reflexiva dos educandos

pesquisados acerca de situações pertinentes à atualidade, mesmo na leitura de textos do início

do século passado.

5 -PROJETO - NO REINO DA IMAGINAÇÃO: experiências com literatura infanto-

juvenil

ler é viajar e, portanto, um exercício de imaginação em

que paisagens e idéias se iluminam, ampliando gestos e

libertando a inteligência de sua escravidão diária . Maria

Afonsina F. Matos, em: O que é qualidade em literatura

infantil e juvenil: com a palavra o educador

O Projeto de Pesquisa No Reino da Imaginação: experiências com literatura infanto-juvenil

justifica-se, não só por colocar em prática a integração das atividades universitárias essenciais

(pesquisa, ensino e extensão), mas também por se constituir numa proposta de intervenção em

espaços de educação formal que muito pode contribuir para o debate no campo de

pedagogia/didática da leitura na comunidade regional, Isso porque, através da promoção da

leitura e da investigação in loco ( ou in situ, in vivo, como se diz na etnopesquisa) sobre as

práticas leitoras nos espaços educativos, ele tem experimentado descobertas e certificações

valiosas.

Esse Projeto integra as atividades do Programa Estação da Leitura – ESTALE - desenvolvido

no Centro de Estudos da Leitura – CEL/UESB, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

(UESB)/Campus Jequié-BA, e busca investigar a recepção dos textos e se a metodologia do

trabalho de leitura utilizada nas oficinas favorece ou não o despertar do gosto, do prazer de

ler e, portanto, se contribui positivamente para a formação de leitores competentes.

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Para tanto, essas experiências com Literatura Infanto-juvenil, tal como as do projeto anterior,

elegem como o conceito de leitura norteador de suas investigações, as teses que entendem o

ato de ler para além de mera decodificação. Conforme Lajolo,

Ler não é decifrar como no jogo de adivinhações, o sentido de um texto. Ler

é, a partir de um texto, ser capaz de atribuir-lhe significação, conseguir

relacioná-lo a outros textos significativos para cada um reconhecer nele o

tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se

a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, ou propondo outra não prevista.

(LAJOLO 1986, p. 59)

No mesmo sentido, Silva (1995) e Solé (1998) afirmam que ler é mais que decodificar sinais e

reproduzir mecanicamente as informações obtidas. Eles concordam que, para ler, é necessário

dominar habilidades de decodificação e aprender as estratégias que levam à compreensão.

Nessa perspectiva, descrevemos as atividades do projeto em questão...

5.1 - NOSSOS INTERLOCUTORES SOBRE A LITERATURA NA ESCOLA

A literatura, como defendido por teóricos, como, Antônio Cândido, Regina Zilberman,

Yunes... é fundamental na construção da sociedade. O Primeiro a considera um direito

humano e a segunda a considera alimento para os sentimentos e inteligência do mundo. Isso

porque, o ato de ler requer sensibilidade intelectual para entender o mundo a partir de uma

propriedade particular do homem. Segundo Souza (1992), a leitura é simplesmente o ato de

perceber e aplicar significados através de um conjunto de fatores pessoais como a ocasião e o

espaço, em determinadas situações. Dessa forma, ler é interpretar uma percepção sob as

influências de um determinado contexto. Esse processo permite ao indivíduo uma

compreensão particular da realidade.

Além disso, o prazer pela leitura se constrói através de um processo contínuo e dedicado.

Nesse sentido, faz-se necessário propor atividades diversas e diferenciadas a fim de que se

formem leitores capazes não somente de decodificar o que está escrito, mas se posicionar de

maneira crítica frente à leitura desenvolvida.

Acreditamos que as crianças e os jovens precisam sentir prazer em contato com a leitura.

Martins (1989) chama a atenção para o contato sensorial com o livro, pois antes de ser um

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texto escrito, um livro é um objeto; tem forma, cor, textura. É imprescindível que a criança

e/ou adolescente tenham o primeiro contato com a forma, o objeto de leitura, uma vez que são

esses primeiros contatos que propiciarão o encanto pela leitura.

Nesse contexto, a escola torna-se peça-chave para que a criança e/ou adolescente adquira o

gosto de ler e, conseqüentemente, se torne leitor. Zilberman (1991) afirma que a escola é o

lugar onde se aprende a ler e escrever, conhece-se a literatura e desenvolve-se o gosto de ler.

Muitos estudos e pesquisas têm evidenciado a importância das atividades literárias

diferenciadas no contexto educacional para o bom desempenho do aluno. A utilização da

literatura como recurso pedagógico pode ser enriquecida e potencializada pela qualidade das

intervenções do educador. Quando se refere à criança, logo percebemos que a literatura é

essencial na escola como meio indispensável para que o aluno entenda o que se passa ao seu

redor e para que seja capaz de compreender várias situações e escolher os caminhos com os

quais se identifica.

Portanto, é necessário que dentro do ambiente escolar, o professor faça a mediação entre o

texto literário e o aluno para que, assim, sejam criadas situações nas quais o aluno seja capaz

de realizar suas próprias leituras, concordando ou discordando e, sobretudo, fazendo uma

leitura crítica do que lhe foi apresentado. Silva (2004) mostra que o educador preocupado com

a promoção do prazer pela leitura deve reservar espaços em que recomende atividades novas

sem a obrigação de impor leituras e avaliar o educando. Trata-se de organizar espaços na

escola e na sala de aula onde a leitura por fruição/prazer possa ser praticada pelas crianças e

jovens.

Dessa forma, concordando com nossos interlocutores sobre a importância da literatura na

escola, procuramos levar a literatura infantil aos espaços educativos através do Projeto No

Reino da Imaginação: Experiências com Literatura Infanto-Juvenil. Nossa proposta é

levar a literatura para crianças e jovens de maneira divertida, prazerosa, onde o lúdico e a

fantasia preencham as lacunas de uma formação leitora mecânica e desprovida de prazer.

No que se refere ao lúdico, dialogamos com Orlandi (2000), para quem, o

[...] lúdico se constitui, assim, na sua relação necessária com o imprevisto,

com o imprevisível, com o não dito, indizível. Nas suas piadas diferentes

manifestações (brincadeiras, jogos, encenações, chistes, piadas, ficção, etc.),

o lúdico faz acontecimentos em processos já legitimados e sedimentados de

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produção de sentido e configurando novos espaços de significação

(ORLANDI, 2000, p. 60).

Nossa experiência nos leva a concordar com a autora em questão. Os jogos com o texto lido,

as brincadeiras na leitura, o recurso a atividades imprevistas possibilitam a interação leitor-

texto, leitor-leitor, leitor-mediador... De acordo com Orlandi (2000, p. 61), nesse espaço

lúdico, o desejo e o prazer têm seu lugar garantido e as práticas discursivas que nele se

realizam permitem ao sujeito circular pelas diferentes posições que elas configuram. Os

gestos de interpretação e autoria surgem desta errância do sujeito e produzem sentidos

múltiplos e móveis. Pode ser “contra-sentidos” porque não há lugar para o lúdico na nossa

formação social. Acreditamos que o lúdico é o que “vaza”, é ruptura, subverte os ideais de

produtividade e rendimento perseguidos pela escola.

Assim entendido, nesse projeto, tratamos o lúdico como nutriente fundamental das

experiências e, sobretudo, como coisa séria, tal como o entendem autores, como: Amarilha

(1997, p.56) para quem a brincadeira é um “trabalho intelectual que reforça a expressão

verbal, a memória, a concentração e a procura de idéias que se relacionam entre si”; Rodari

(1982, p. 54) que defende a tese de que, “em situação burocrática (...), poderá nascer a técnica

da leitura, mas não o gosto”; Smole (1996, p.87) que vê “no ato de desenhar”, a elaboração

de “operações mentais como imaginação, lembrança, sonho, observação, associação, relação,

simbolização...” A esta última acrescentamos também os atos de recontar e de representar...

5.2 - OS ANTECEDENTES DA PESQUISA DE 2010/2011

Iniciado em 2002, o Projeto No Reino da Imaginação: experiências com literatura infanto-

juvenil realizou 133 (cento e trinta e três) experiências até 2010-I, integrando o ensino à

pesquisa e extensão universitárias.

Na sua execuação, a cada semestre, foram observadas atividades previstas no cronograma do

Projeto: revisão teórica, planejamento de ações específicas, visitas aos locais de pesquisa para

obter autorização, preparação de material para as experiências práticas, realização de

experiência para observação, aplicação de questionários e/ou entrevistas com os pesquisados,

constituição do corpus de análise, análise do corpus, redação do relatório de experiência,

apresentação pública do relatório em eventos e/ou murais e/ou painéis ou baners...

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Assim, semestralmente, os alunos dessa disciplina e colaboradores de outras matérias do

Curso de Letras ou Pedagogia elaboraram seus subprojetos de intervenção e, conforme

previsto no Plano de Atividades, foram realizadas, em sala de aula, a revisão teórica seguida

de seminários sobre temas e autores da Literatura Infanto-juvenil. Após os estudos teóricos, os

alunos prodederam ao contato com as Instituições onde foram realizadas as oficinas. Feito o

contato e obtido o autorizo para a experiência, foram agendadas as oficinas. Os subprojetos

foram desenvolvidos em sua maioria divididos em três etapas: apresentação do Projeto,

Leitura de Obras/textos trabalhados, coleta de dados atráves da observação direta seguida de

anotações em fichas de acompanhamento das oficinas e/ou diário de campo, aplicação de

questionários, coleta de depoimentos orais e escritos, do registro fotográfico e do material

produzido pelos pesquisados. Após as intervenções, as equipes produziram relatórios tendo,

como anexo, tudo que foi construído durante as oficinas. Este relatório fica à disposição dos

interessados nos arquivo de pesquisa do Programa ESTALE, no CEL/UESB.

Para dar uma idéia do alcance dos trabalhos realizados até então, vamos recortar o ocorrido

nas dezoito oficinas/intervenções realizadas entre julho de 2007 e junho de 2009 em

Instituições de Jequié e Região, e no II Encontro sobre Monteiro Lobato – II EMOL, quando

ocorreram (36) trinta e seis oficinas nos turnos matutino e vespertino em três escolas de

Itamari/BA. Estiveram envolvidos na pesquisa: como ministrantes das oficinas/experimentos,

um total de (69) sessenta e nove alunos de graduação e, como pesquisadas, mais de (500)

quinhetas pessoas entre crianças, adolescentes, jovens e adultos partícipes do Projeto,

conforme se observa nos gráficos abaixo:

Percebeu-se, durante a realização dessas oficinas o grande interesse dos alunos pelos

textos/obras trabalhados, houve um efetivo envolvimentos nas atividades. Além disso, criou-

se oportunidade para que os alunos pesquisados chegassem ao conhecimento de autores,

textos e obras ainda desconhecidos pela maioria deles. Observou-se o desejo dos alunos pela

leitura e o desejo de conhecer novas realidades a partir do livro. Observou-se ainda que, em

0

100

200

300

400

500

600

2007 2008 2009

Nº de AlunosPesquisadores

Envolvidos

Nº dePesquisados

0

2

4

6

8

10

12

14

2007 2008 2009

Projetos

Realizados

Nº de

Pesquisados

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somente algumas salas do Ensino Fundamental I, há um cantinho da Leitura e textos

impressos presos na parede e que, na maioria dos locais de pesquisa, não há bibliotecas,

sendo, portanto, mínima a oportunidade de acesso a livros de literatura nos espaços de

educação formal investigados.

Eu aprendi que ler faz a imaginação... (J. M. L – Escola Municipal Rotary Clube-

Jequié/BA). Esse depoimento escrito de uma criança de 7 anos, aluna da E.M. Rotary Clube

de Jequié/BA, partícipe do subprojeto: Leitura e Imagens: Contos Infantis – Uma idéia toda

azul, com o livro de Marina Colasanti - realizado no segundo semestre de 2007, na

Associação Atlética Banco do Brasil – AABB - traduz uma opinião recorrente no material de

registro dos trabalhos e nas avaliações dos pesquisados a propósito das oficinas/intervenções

com Literatura Infanto-juvenil, desenvolvidos dentro do Projeto: No Reino da Imaginação:

experiências com Literatura Infanto-juvenil.

Vale salientar que essa opinião é recorrente, nas várias formas de registro dos trabalhos e seus

instrumentos de avaliação: depoimentos escritos, questionários, atribuições de notas, fotos,

material produzido, conforme se vê em alguns exemplos a seguir:

– Na experiência: No lago de Imagens – uma experiência lúdica de leitura, com livros de

Ângela Lago, o questionário avaliativo respondido pelos pesquisados-alunos de segunda série

do Ensino Fundamental I – registra que 100% (cem por cento) dos estudantes atribuíram nota

10 (dez) ao projeto, pediram seu retorno à Escola Stela Câmara Dubois do município de

Jaguaquara/BA e apontaram, como ponto positivo, o caráter lúdico da experiência realizada

em 2007-II.

– Na intervenção Literatura e Encenação, com o livro Brasileirinho, de Ieda de Oliveira, as

fotos das oficinas realizadas em 2008-I, depõem nesse sentido: 100% (cem por cento) dos

alunos da 2ª série do Ensino Fundamental da Escola Adventista de Jequié/BA, envolvidos,

atentos, alegres e em ação: ouvindo, discutindo, lendo e encenando...

– Na oficina: É cantando que se aprende, com as músicas infantis de Zélia Barros – escritora

e compositora jequieense – o que depõe sobre o significado da experiência de 2008-I, são os

desenhos, transposição de letras para imagens – criações dos alunos do Ciclo I do Ginásio

Municipal Dr. Celi de Freitas, em Jequié/BA.

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Se os trabalhos com o Ensino Fundamental I mostraram esses resultados, as atividades com o

Fundamental II, não foram diferentes, caminharam na mesma direção. Entre os subprojetos

realizados com estudantes de 6ª e 7ª séries, o mesmo se verifica:

– Na 6ª série A da Escola Estadual Jornalista Fernando Barreto/Jequié-BA, as paródia e

encenações dos pré-adolescentes e adolescentes produzidas a partir do contato com os poemas

de Dilan Camargo – no experimento Brincriar: brincando e criando poesia, realizado em

2008-I, revelam o grau de envolvimento dos pesquisados com os textos lidos e o significado

dessa experiência entre os mesmos.

– Na 6ª série da Escola Particular Joana Angélica – Jequié/BA, pré-adolescentes deixaram

registrado o valor da sua participação na pesquisa. Isso se verifica, nos textos dos pesquisados

sobre bichos de estimação produzidos a partir do contato com o livro A Guerra do gato do

escritor baiano, Ruy Espinheira, no subprojeto Contando História, realizado em 2008-I.

– Na 7ª série do Colégio Estadual Polivalente Edivaldo Boaventura – Jequié/BA, nas fotos e

na produção de diários e bilhetes a partir do livro Manual de Desculpas Esfarrapadas, do

autor mineiro contemporâneo, Léo Cunha, estudantes de 13 a 15 anos atestaram seu

envolvimento com a experiência, em 2008-I.

Se até 2008-I, as experiências foram realizadas com textos e obras de autores da Literatura

Infanto-juvenil Contemporânea, o segundo semestre de 2008 foi dedicado aos clássicos

infanto-juvenis de Monteiro Lobato, que renderam também bons frutos entre, crianças, jovens

e adultos, conforme se verifica a seguir:

– Na 3ª série do Centro Educacional Senador João Calmon, Jequié/BA, no subprojeto

Fabulando: Lobato e a Cultura popular, a ficha de acompanhamento das oficinas,

preenchida pela Diretora da escola, além de informar que os pesquisados até então só

conheciam o sítio pela TV, atesta o envolvimento das crianças com atividades lúdicas

propostas a partir dos textos, frases e intertextos da literatura popular em Lobato.

– Na 6ª série do Colégio Pio XII de Jaguaquara/BA, no subprojeto Viajando com Emília na

Gramática, as fotos de registro das oficinas mostram os alunos, na “maior farra”, construindo

as maquetes do país da Gramática sob a supervisão de uma criança caracterizada de Emília.

– Entre adultos de 25 a 40 anos do Ser Livre – Centro de Recuperação de Dependentes

Químicos e Alcoólatras, Jequié/BA - no subprojeto: Lobato e a História: na produção

autobiográfica de adultos em reabilitação, a produção biográfica e/ou autobiográfica, a partir

da história de vida de Monteiro Lobato, fala do significado da experiência, como

oportunidade de construção de sentido pelos processos identificação e/ou estranhamento.

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Nessa mesma direção, outras oficinas realizadas em 2008, apontaram para os mesmos

resultados. Assim, aconteceu com 32 (trinta e duas) oficinas realizadas concomitantemente

dentro do II Encontro sobre Lobato – II EMOL, realizado em três escolas da cidade de

Itamari/BA. As fichas de acompanhamento, os depoimentos coletados, as fotos dos trabalhos

comprovam envolvimento, produção e alegria de ler/fazer/escrever por parte dos pesquisados

e pesquisadores.

Em 2009, o mesmo ocorreu com os trabalhos com o Sítio do Picapau Amarelo – a mesa-

redonda das crianças e oficinas ocorridas dentro I Workshopinho Lobato, realizado dentro do

Campus Universitário da UESB, e com as oficinas desenvolvidas na Creche Casinha do Sol

da UESB/Jequié/BA. Novamente, o que se verifica é o público Infanto-juvenil como alvo de

observação, respondendo positivamente, conforme registram as anotações do Diário de

Campo das pesquisadoras, as fotos das crianças em ação e o material produzido pelas

mesmas.

Assim, revendo esse material de registro das experiências desenvolvidas entre 2007 e 2009,

duas questões saltam aos olhos de quem o aprecia: como é possível dizer com tanta facilidade

que os estudantes de hoje não gostam de ler, não se interessam pela leitura ou não conseguem

mais ler Lobato? A que se deve então o sucesso desses experimentos tanto com textos/autores

clássicos quanto os contemporâneos?

Em um total de 54 (cinquenta e quatro) oficinas, apenas 03 (1, 62%) não alcançaram

plenamente o resultado esperado e o que se percebe, no material de análise é que o resultado

altamente satisfatório da grande maioria das experiências foi atribuído à ludicidade das

intervenções e à qualidade do trabalho de mediação dos pesquisadores.

O exposto permite afirmar a necessidade de se investir mais em pesquisa de campo para

oferecer maiores contribuições aos estudos sobre Pedagogia/didática da Leitura e formação de

leitores. Essa pesquisa mostrou, contrariamente à opinião comum e corriqueira sobre a crise

de leitura entre crianças e jovens, que: a grande maioria do público pesquisado se predispôs à

leitura de literatura infanto-juvenil, gostou de ler e pediu a continuidade dos trabalhos; o

público pesquisado leu Lobato, já considerado difícil para o leitor de hoje, com disposição e

interesse; quanto à recepção dos textos, numa experiência bem cuidada, não há preferência

por um tipo de texto: clássicos, contemporâneos, poemas, contos foram lidos com igual

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atenção e colaboração por parte dos leitores observados; as atividades lúdicas facilitaram a

interação leitor/texto, pesquisadores/pesquisados e pesquisados entre si; que o trabalho de

mediação precisa ser cuidadoso para garantir a troca intersubjetiva nas relações e não colocar

em risco uma boa proposta de trabalho com leitura; nas atividades de leitura, mediadores e

leitores em formação devem atuar como construtores de significado sempre...

5.3 – JOGANDO COM A LITERATURA INFANTO-JUVENIL NA ESCOLA

O Projeto No Reino da Imaginação..., diferentemente do Projeto Emília no Ensino Médio –

que se afirma no diálogo - traz uma característica comum em todas as suas oficinas. Elas

promovem leitura através do jogo, da brincadeira. Os textos são apresentados e lidos de forma

divertida na intenção de facilitar a mediação pesquisador/pesquisado e a interação leitor/texto,

leitor/leitor... Com esse propósito e munidos de materiais e métodos, o grupo ESTALE tem

edificado alguns reinos da imaginação e enriquecido a fantasia de muitas crianças ainda...

5.3.1 - Materiais e Métodos

Conforme afirmado e reafirmado anteriormente, fizemos um trabalho de Documentação

Direta, valendo-nos da pesquisa de campo orientada por princípios da pesquisa-ação que,

segundo Thiollent (1996), enfoca uma ação planejada de caráter social, educacional ou

técnico, ou, segundo Barbier (2007, p.44-46), focaliza experiências de vida construídas (...)

por pesquisadores que dela não participam diretamente que visa uma mudança entendida

como modificação de comportamento, de aprendizagem.

Na sua execução, foram considerados aportes de outros tipos de pesquisa, como a etnográfica,

a etnopesquisa... Da etnografia, aproveitamos, por exemplo: a construção de um saber de

observação (ocular); a predominância do método qualitativo de análise; o diário etnográfico

de Malinowski (1978), entrevistas, contato pessoal e temporário com o grupo pesquisado; a

assunção do papel de tradutores pelos pesquisadores, na expressão de Da Mata (1978); o

tratamento dos pesquisados como seres portadores de cultura; a atitude epistemológica de ir

do concreto ao desconhecido nos termos de Marcel Mauss (1974); a atenção às três fases do

pesquisador em campo de que fala Da Mata – preparação teórica, planejamento da inserção

em campo (preparo de formulários e equipamentos para registro de dados); contato com os

pesquisados e confronto da realidade observada com as teorias estudadas... Da etnopesquisa,

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tomamos de empréstimo o diário de campo (= etnográfico); a opção pelo discurso descritivo

como modo de compreensão por excelência; a preferência pela abordagem qualitativa; o

envolvimento de seres humanos em estado de interação...

Assim, o projeto foi desenvolvido a partir dos seguintes procedimentos metodológicos,

dividindo-se em cinco etapas: na primeira etapa, grupos de 4 e 5 alunos da graduação do

Curso de Letras e Pedagogia, orientados por mim e co-orientados pela Profª Elane Nardotto

Rios Cabral, escolheram o tema e o local para aplicação das oficinas, definiram o título das

mesmas e elaboraram um subprojeto com público alvo, objetivos, justificativa, referencial

teórico cronograma de trabalho...; na segunda etapa, foi feito o contato com os locais de

pesquisa, obtenção de aceite e assinatura do termo de consentimento; na terceira etapa,

ocorreu o planejamento da entrada em campo ( preparo de materiais didáticos e de

instrumentos de coleta e registro de dados); na quarta etapa foi realizado o trabalho de

campo, sendo o mesmo registrado através de fotografias, listas de freqüência e coleta de

material produzido pelos pesquisadores (diário de campo e questionário) para fazerem uma

constituição e análise do corpus de pesquisa; na quinta etapa, os discentes construíram um

relatório de pesquisa para o arquivo do ESTALE para, posteriormente, serem feitas a

publicação dos resultados através de murais, baners, seminários extensivos à comunidade ou

comunicação em eventos.

5.3.2 - As Experiências e os Resultados

Foram realizadas efetivamente 06 (seis) oficinas de 22/09/2010 a 02/06/ 2011, sendo 01 em

cada turma pesquisada, conforme se vê, nos anexos VI e VII, e a seguir:

– Conforme mencionado, foram realizadas 06 oficinas: 01 para 4ª série na Escola Municipal

Alaor Coutinho; 01 com ciclo 1 e 2 infantil na Escola Municipal Doutor Celi de Freitas; 01 no

Centro de Convivência Infantil para crianças de 01 até 4 anos de idade; 01 para 5ª do Colégio

Estadual Maria José de Lima Silveira; 01 pra 6ª série do Colégio Estadual César Borges; e 01

para a 5ª série da Escola Municipal Adolfo Ribeiro. Os relatórios das oficinas foram

transcritos nos diários de campo, o que dá uma amostra dos resultados alcançados no período

de 22/09/2010 à 02/06/2011.

5.3.2.1 - Oficinas de 2010-II

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No dia 22 de setembro de 2010, realizamos a primeira oficina que teve como título O mundo

da Imaginação: Vivendo e aprendendo. Chegamos às 13h30minh na Escola Municipal Alaor

Coutinho (CAIC). Era uma turma de 4ª(a) série do ensino fundamental I. Trabalhamos com

19 crianças com faixa etária de 10 e -13 anos de idade. Com os alunos sentados em círculo, a

professora apresentou-nos à turma e deixou-nos a vontade para começarmos a oficina. No

primeiro momento, fizemos uma dinâmica de apresentação onde um colega tinha que

apresentar o outro lhe dando uma qualidade boa. Logo após, apresentamos e fizemos a leitura

do livro Mania de Explicação de Adriana Falcão. Em seguida, aplicamos uma atividade

prática em que eles encontraram o significado das palavras que estavam em suas mãos. Os

alunos demonstraram grande interesse na leitura do livro e na atividade prática. No segundo

momento, demos aos alunos um texto com a música 8 anos de Adriana Partimpin que pode

ser acompanhada com o auxílio do som. Pedimos ainda que, eles fizessem desenhos que

expressassem a sensação que a música lhes passou. Além disso, pedimos que eles

escrevessem o que estavam sentindo em relação a oficina. Percebemos que eles

demonstraram interesse em relação à música. No terceiro momento, fizemos com os alunos

um quadro onde eles colocaram palavras bonitas e um lixo com palavras feias. Encerramos a

oficina às 15h30min. Agradecemos a professora e aos alunos pelo espaço cedido e pela

participação de todos.

Já, no dia 21 de outubro de 2010, realizamos a oficina Aprendendo a ler com prazer, através

do lúdico, tendo como pesquisadora/observadora a bolsista Carla Valéria de Souza Sales e as

ministrantes Aline da Silva Barreto, Ademir Nascimento Santos, Jeane de Souza Malta e

Marly de Souza Nascimento Santos. Chegamos às 13h00min na Escola Municipal Doutor

Celi de Freitas, em especial, na sala do primeiro ano e segundo ciclo do Ensino Fundamental

com 20 crianças de faixa etária de 7 a 10 ano de idade. As crianças se encontravam sentadas

em cadeiras enfileiradas. A coordenadora pedagógica nos apresentou ao professor da turma

que se encarregou de nos apresentar à turma, o que nos deixou à vontade para começarmos a

oficina. No primeiro momento, nos apresentamos para turma e, em seguida, apresentamos e

fizemos a leitura do livro O Macacão Espantado de Léo Cunha. Logo após fizemos a leitura

com a participação dos alunos, dialogando os temas encontrados na obra. No segundo

momento, fizemos um bingo com algumas das palavras encontradas no texto. Nesse

momento, houve um grande entusiasmo da turma em que todos participaram e receberam

brindes. No terceiro momento, fizemos um círculo onde as crianças poderiam fazer um

livrinho baseado na história contada e, logo após, utilizamos o mesmo círculo para uma

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dinâmica em que os alunos tiraram uma palavra de dentro de um vaso e contaram uma

história com a ajuda de seus colegas. Encerramos a oficina às 16h30min. Agradecemos a

professora e aos alunos pelo espaço cedido e pela participação de todos.

A última oficina do ano de 2010, ocorreu no dia 30/11, no Centro de Convivência Infantil

Casinha do Sol (CCI-UESB) com duração de duas horas. O público alvo foi constituído de 21

crianças de 01 a 04 anos. A oficina começou com a ministrante, Carla Valéria, contando a

história do livro Vira Bicho. As crianças estavam empolgadas e atentas com a contação de

história. Em seguida, a ministrante deu para as crianças papéis ofício com desenhos de

animais para elas pintarem. A monitora/observadora, Amanda Silva Cardoso, colocou o DVD

Galinha Pintadinha 2 para as crianças assistirem. Foram tiradas fotos da sala, das crianças e

dos desenhos produzidos. Para encerrar a oficina, a ministrante passou tinta nas mãos dos

alunos e eles deixaram as marcas das suas mãozinhas num papel de madeira.

Pelos relatos acima, verifica-se que houve gestão no sentido de promover o encontro das

crianças pesquisadas com os textos apresentados. Nesse sentido, Silva (2004, p.14) afirma que

“o importante é não deixar de buscar soluções sérias e caseiras, evitando o assassinato do

potencial de leitura de milhares de crianças e jovens”. É justamente o que o Projeto No Reino

da Imaginação: Experiências com Literatura Infanto-Juvenil fez nessas três oficinas de 2010-

II: levou literatura para a sala de aula, buscou promover o gosto de ler entre crianças e jovens

de maneira tranquila, prazerosa, o lúdico e a fantasia preencheram os espaços de leitura,

deixando-os “apaixonados” pelos livros postos em circulação no ambiente pesquisado.

Assim, o exposto até aqui confirma as palavras de Silva (2004). Para esse autor, a leitura tem

um papel importante na formação do homem e o incentivo ao ato de ler é a melhor forma de

contribuir que seja desencadeado o processo de formação de leitores no espaço escolar.

5.3.2.2 - Oficinas de 2011-I

A primeira oficina do ano de 2011 ocorreu no dia 28 de fevereiro de 2011, no Colégio

Estadual Maria José de Lima Silveira, com 36 alunos da 5ª série, entre 10 e 17 anos de idade.

Com os alunos sentados em círculo, nos apresentamos à turma, onde ficamos à vontade para

realizar a oficina. Aplicamos a proposta de trabalho da oficina Quem conta um conto,

aumenta um ponto em três momentos. No primeiro momento, fizemos uma dinâmica de

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apresentação onde cada aluno falou seu nome. Em seguida, fizemos a leitura do livro Contos

de Enganar, de Ricardo Azevedo e explicamos para eles o significado da palavra conto e

como surgiram os ditados e as histórias populares. Na sequência, aplicamos uma atividade

prática em que eles deveriam procurar gravuras que representassem ditados populares com

vistas à produção de um painel onde eles deveriam colar as figuras e escrever o ditado

correspondente a cada uma. No final e eles apresentaram e comentaram os painéis. Como, a

essa altura, eles já estavam muito excitados com a novidade e conversando muito, preferimos

não prosseguir com as demais atividades programadas para a oficina, encerrando-a com duas

horas e meia de trabalho. Agradecemos a todos os presentes pela participação e espaço.

A segunda oficina do ano de 2011 ocorreu no dia 08 de março , no Colégio Estadual César

Borges, com 18 alunos da 6ª série, entre 10 e 15 anos de idade. Com os alunos sentados em

círculo, nos apresentamos à turma, onde ficamos à vontade para realizar a oficina. Aplicamos

a proposta de trabalho da oficina Quem conta um conto, aumenta um ponto em três

momentos. No primeiro momento, fizemos uma dinâmica de apresentação onde cada aluno

falou seu nome. Em seguida, fizemos a leitura do livro Contos de Enganar, de Ricardo

Azevedo e explicamos para eles o significado da palavra conto e como surgiram os ditados e

as histórias populares. Na sequência, aplicamos uma atividade prática em que eles deveriam

procurar gravuras que representassem ditados populares com vistas à produção de um painel

onde eles deveriam colar as figuras e escrever o ditado correspondente a cada uma. No final,

eles apresentaram e comentaram os painéis. A participação dos alunos foi excelente, o

objetivo da oficina de tratar o texto como objeto relacional e de promover o prazer de ler foi

alcançado Agradecemos a todos os presentes pela participação e espaço.

A última oficina ocorreu no dia 02 de Junho de 2011 na Escola Municipal Adolfo Ribeiro e

desta feita na sala da 5ª(A) série do ensino fundamental I, com 15 crianças/pré-adolescentes

com faixa etária de 10 e -13 anos de idade. Com as crianças sentadas em círculo, a professora

nos apresentou a turma, e nos deixou a vontade para começarmos a oficina. Aplicamos a

mesma proposta de trabalho para a oficina de incentivo a leitura: Contos diversos:

Aprendendo com o mundo em três momentos. No primeiro momento fizemos uma dinâmica

de apresentação onde um colega tinha que apresentar o outro lhe dando uma qualidade boa.

Logo após nós apresentamos e fizemos a leitura do livro Histórias de bobo, bocós, burraldos

e paspalhões de Ricardo Azevedo. No segundo momento fizemos uma sessão bate-papo sobre

o texto lido e logo após aplicamos uma atividade prática onde eles iriam contar a história

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segundo o ponto de vista deles. No terceiro momento pedimos para que os alunos

escrevessem sobre o que acharam da oficina, quando todos, sem exceção, afirmaram ter

gostado muito da oficina por terem tido oportunidade de falar da própria “história”, do próprio

“nome” e porque a “aula” foi “divertida”, “interessante”, “legal” e teve “brincadeiras”.

Satisfeitos com os resultados, encerramos os trabalhos. Agradecemos à professora e aos

alunos pelo espaço cedido e pela participação de todos.

Com a realização do projeto (2010-II /2011-I), verificamos que é possível trabalhar com a

leitura e a literatura na sala de aula promovendo o interesse dos alunos por textos literários.

Ficamos animados com o entusiasmo encontrado na maioria das crianças que a todo o

momento queriam participar das atividades que envolviam a leitura. O fato que nos chamou a

atenção foi como eles relacionavam as histórias contadas com sua vida “real” e tinham

satisfação em fazer isso, o que evidencia a importância de criar a possibilidade para uma

dialética afetiva e efetiva no encontro leitor-texto.

Verificamos, assim, que, o que falta nas escolas não é apenas a leitura, mas a construção do

espaço para o prazer de ler. Nesse ambiente, nossas oficinas, mesmo quando temos

dificuldades de diálogo com os pesquisados, causam impacto por conta da variedade de ações

com os textos. Eles são trabalhados através de pinturas, músicas, produção textual,

brincadeiras. Isso porque entendemos que a leitura e a literatura devem ser tratadas também

como diversão. Já dissemos que o prazer pela leitura se constrói através de um processo

contínuo e bem cuidado. Nesse sentido, faz-se necessário propor atividades diversas,

diferenciadas e convidativas a fim de atrair possíveis leitores para a iniciação em leitura de

modo a contribuir para que se descubram leitores capazes não somente de decodificar o que

está escrito, mas de se posicionar de maneira crítica frente ao que foi lido (ZILBERMAN,

1988).

Podemos ver isso nos relatos feitos em diário de campo e por meio de depoimento escritos

pelos pesquisados. A maioria mencionou ter gostado das oficinas e da metodologia utilizada,

conforme disse uma aluna entrevistada (13 anos, 4ª série): achei legal, só assim acontece uma

coisa boa e diferente. Foi recorrente também a opinião de que as oficinas eram divertidas,

legais e ajudavam no aprendizado, segundo a aluna entrevistada (M.C.M., 10 anos, 5ª série):

Eu achei que a oficina é muito “bom” porque ensina mais a muitas crianças e adolescentes.

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No que diz respeito à qualidade de ser divertida presente no depoimento da maioria dos

pesquisados, eles confirmam Orlandi (2000, p.60), quando ela afirma que o lúdico, com suas

“brincadeiras, jogos, encenações etc. faz acontecimentos em processos já legitimados e

sedimentados de produção de sentido, deixando que novos espaços de significação” se

configurem.

No registro em diário de campo e depoimentos de pesquisados, verifica-se que, em algumas

oficinas mais que outras, os ministrantes utilizaram dinâmicas, jogos (de auto-apresentação ou

apresentação do colega, bingo, reconto...), conferindo ludicidade aos trabalhos. Esse

procedimento facilitou a atuação dos pesquisadores em campo, aumentando o grau de

interação leitor/texto, leitor/leitor, pesquisadores/pesquisados...

Uma outra fala ainda nos chamou a atenção. R.S., da 6ª série, declarou: eu gostei e achei

muito interessante porque “nos” aprendemos a “compartilha” coisas com as outras pessoas

ao nosso lado. Estou feliz. Nessa fala, percebemos que nossas intervenções, além de

autorizarem para as crianças o prazer da leitura, permitem-nas reconhecer a importância da

Literatura infanto-juvenil no processo de formação de leitores. Essa idéia faz coro, por

exemplo, com Lajolo, quando ela afirma:

O surgimento de livros para crianças pressupõe uma organização social

moderna, por onde circule uma imagem especial de infância: uma imagem

da infância que veja nas crianças um público que, arregimentado pela

escola, precisa ser iniciado em valores sociais e afetivos que a literatura

torna sedutores. (2000 p.60).

Reconhecendo também a importância do projeto, vimos que a maioria dos entrevistados foram

enfáticos ao dizer que gostariam que o projeto continuasse na escola, como se vê no depoimento de

J.A.S. - 13 anos – 5ª série: Eu achei o momento bom queria que acontecesse “dinovo” essa aula. Por

seu turno, B.S.S. – 13 anos – 5ª série afirmou: Eu achei a aula muito interessante e muito divertida e

legal. Mais uma vez notamos como o lúdico é importante, visto que a maioria dos pesquisados

ressaltaram esse aspecto. Isso confirmou, para nós, as teses de que a escola deve reconhecer o lúdico

como facilitador da aprendizagem, além de melhorar a conduta e a autoestima dos alunos, já que

permite extravasar angústias alegrias, tristezas, agressividade e passividade. Ademais, nas oficinas de

leitura realizadas, a partir dos jogos propostos, os gestos de interpretação e autoria puderam ser

vivenciados pelos participantes.

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Além de tudo isso, as oficinas mostraram a importância do professor como incentivador/iniciador de

leitores, legitimando as teorias com as quais dialogamos quanto ao papel da Escola como lugar por

excelência de promoção de leitura (ZILBERMAN, SILVA, YUNES...).

Com isso, ficou evidente para nós que as práticas de leitura desenvolvidas pelas oficinas do Projeto de

Pesquisa em questão foram significativas para o público entrevistado. Como já afirmamos, a maioria

fez sugestões pedindo sua continuidade. Essas respostas dos investigados nos permitiram ver o quanto

é necessário trabalhar com as literaturas infantil e juvenil nas escolas, com bons mediadores de leitura

e uma metodologia que valorize o texto. A nossa pesquisa mostrou ainda, a ausência de uma proposta

pedagógica por meio de projetos de leitura, os quais incorporem o lúdico como eixo de trabalho.

Muitas são as discussões sobre a importância da leitura na formação de jovens nas escolas, nas

universidades, o que faltam são pequenas iniciativas que colaborem para formação de leitores e

projetos que fomentem as práticas de leitura literária no espaço escolar como faz o projeto No Reino

da Imaginação.

Por fim, devemos reafirmar que, pelos dados coletados durante o período do projeto,

verificamos a possibilidade de trabalhar com a leitura e a literatura com crianças e jovens de

forma lúdica, prazerosa, despertando o prazer de ler.

5.3.3 - Algumas Conclusões

O presente trabalho contribuiu para uma reflexão sobre a recepção dos textos literários na sala

de aula, como também confirmou a importância do ato de ler na formação de leitores e na

construção intelectual de uma sociedade. As oficinas realizadas permitiram enfatizar a

importância da literatura infanto-juvenil, pois, além de entreter os alunos e ampliar os seus

horizontes, serviu como meio eficaz de aprendizagem e reflexão.

As oficinas foram ministradas com muito entusiasmo e compromisso, o que foi essencial para

alcançar o sucesso esperado. As temáticas foram trabalhadas de forma diversificada e

apresentadas de forma lúdica despertando o interesse e a compreensão dos alunos, sendo que

a maioria dos pesquisados participou com muita animação correspondendo aos objetivos da

oficina.

Desse modo, o trabalho foi importante e, a nosso ver, servirá como modelo para a formação

dos graduandos envolvidos (bolsistas ou colaboradores) e oferecerá contribuição aos debates

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na área da Pedagogia/Didática da leitura, pois os conhecimentos produzidos em campo

auxiliarão nas práticas docentes e, em outros momentos, concorrerão de forma efetiva para a

produção acadêmica referente à formação de leitores.

Percebemos, durante a realização das oficinas, muito interesse dos alunos pelos textos/obras

trabalhados, pois, em geral, houve de fato envolvimento nas atividades. Além disso, criamos

oportunidade para que os alunos pesquisados chegassem ao conhecimento de autores, textos

e obras ainda desconhecidos pela maioria deles. Observamos o interesse desses alunos pela

leitura e o desejo de conhecer novas realidades a partir do livro. Observamos ainda que, em

poucas salas do Ensino Fundamental , há um cantinho da Leitura e textos impressos presos na

parede e que, na maioria dos locais de pesquisa, não há bibliotecas sendo, portanto, mínima a

oportunidade de acesso a livros de literatura nos espaços de educação formal investigados.

As intervenções revelaram também a necessidade de um investimento maior em pesquisas de

campo sobre práticas de leitura e formação de leitores. Isso porque constatamos a aceitação, o

envolvimento dos sujeitos da pesquisa nas atividades propostas, quando a opinião recorrente é

a de que os alunos de hoje não querem ler, não querem nada... Houve uma demanda pela

continuidade das oficinas e, apesar de decantada crise da leitura e dos números alarmantes

publicados pelos institutos de pesquisa no que se refere ao analfabetismo funcional, os

pesquisados demonstraram gosto de ler, interesse pelas atividades de leitura e alegria com o

trabalho desenvolvido nas oficinas.

Por conta disso é que o Projeto No Reino da Imaginação: Experiências com Literatura

Infanto-juvenil atua procurando agir em campo no que se refere à formação de leitores.

Durante a realização do trabalho nos sítios de pesquisa, assumimos o desafio de passar para as

crianças e jovens a leitura e a literatura infantil e juvenil de uma forma agradável, buscando

no lúdico, na fantasia o suporte para despertar nos alunos pesquisados o desejo pela leitura,

pelos livros...

Assim, devemos dizer que, em todas as experiências, utilizou-se uma metodologia fundada no

ludismo, conforme recomendado por Platão, na República: Não eduques as crianças no

estudo pela violência, mas a brincar (1949, 536e). Verificamos, em todos os relatórios de

campo, que a atividade lúdica: facilitou a entrada dos pesquisadores no local de pesquisa;

possibilitou a troca intersubjetiva pesquisadores/pesquisados e pesquisados entre si, abriu

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espaço para que a experiência de leitura se tornasse significativa nos espaços de educação

formal; oportunizou o diálogo entre os leitores pesquisados e a Literatura Infanto-juvenil

contemporânea; autorizou a entrada do texto literário, enquanto literatura, na sala de aula

(YUNES, 1984 e BARTHES, 1992) e permitiu que pesquisadores e pesquisados

descobrissem que, em leitura, o sentido é o destino (HASSAN 1988, p. 52); e foi decisiva

para as experiência de leitura prazerosa e para os momentos especiais de fruição - nos

conceitos bartheanos (1977).

Para obter esses resultados onde foi garantida a curiosidade epistemológica preconizada por

Freire (1996, p.96), o lúdico, enquanto nutriente fundamental dos experimentos foi tratado

pelos pesquisadores como coisa séria, tal como o entendem autores, como: Amarilha (1977,

p.56) para quem a brincadeira é um “trabalho intelectual que reforça a expressão verbal, a

memória, a concentração e a procura de idéias que se relacionam entre si”; Rodari (1982, p.

54) que defende a idéia de que, “em situação burocrática (...), poderá nascer a técnica da

leitura, mas não o gosto”; Smole (1996, p.87) que vê no ato de desenhar, a elaboração de

“operações mentais como imaginação, lembrança, sonho, observação, associação, relação,

simbolização”. A esta última os resultados dessa pesquisa acrescentam também os atos e

recontar e de representar...

No que se refere à qualidade da mediação, cumpre observar que os pesquisadores prepararam

bem sua entrada em campo. À luz da teoria da pesquisa etnográfica e da pesquisa de campo

em geral, eles tomaram decisões e estabeleceram estratégias, conforme assinalam Alba Zaluar

(1991) Mariza Peirano (1990) nesse tipo de investigação científica. Assim, eles escolheram o

local de pesquisa, selecionaram o material de leitura, que consideraram adequados à proposta

e ao público pesquisado, estabeleceram as estratégias de inserção no campo de estudos e de

coleta de dados (observação, entrevistas, anotações em diário de campo, fotografias, fichas de

avaliação/ acompanhamento, material produzido pelos pesquisados...). Com relação à entrada

dos pesquisadores no campo de pesquisa, pode-se dizer que, apesar de ela acontecer dentro do

seu próprio grupo de ethos, eles, em sua grande maioria, se prepararam cuidadosamente para

garantir a troca intersubjetiva desde o primeiro momento e se tornaram logo um deles, lendo,

contando histórias, brincando com os textos... Essa troca ocorreu de modo tal que, ao término

da experiência, ficou claro o cumprimento do ritual de iniciação à leitura nos locais

pesquisados. Pode-se dizer que, nessas intervenções, atuaram

pesquisadores/mediadores/iniciadores e pesquisados/seduzidos pela leitura. Na maioria das

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oficinas, a aproximação pesquisadores/pesquisados foi promovida pelo professor da turma e

isso facilitou, conforme registro em diário de campo, a construção do acesso ao grupo –

mediada por um terceiro, segundo teoriza Macedo (2010, p. 88). Excetuam-se, aí, apenas um

ou outro evento em que os pesquisadores tiveram a mesma sensação de transparência,

experimentada por Geertz em Bali (quando do seu estudo sobre a briga de galos), dada a

indiferença dos pesquisados. Nesses poucos casos, pesquisadores e pesquisados se portaram

como estranhos, pertencentes a grupos de ethos distintos. Isso comprometeu a qualidade da

mediação e a oficina, mesmo bem projetada (ou bem sucedida em outro grupo) e fundada na

ludicidade, não alcançou seu objetivo terminal.

Nesses poucos casos em que os pesquisadores registraram as dificuldades da experiência por

conta da indisciplina dos alunos em sala de aula, como já foi dito a aproximação

pesquisadores/pesquisados ocorre de modo precário e não se sustentou, ou não ocorreu. Nesse

dado, deve ser observado que se trataram de trabalhos com estudantes do ensino fundamental

desenvolvidos por pesquisadores com pouca experiência docente – o que , com certeza

refletiu na capacidade de assumir o diálogo, mudando o discurso de forma a abrir ou garantir

um canal de comunicação com os pesquisados. Além disso, é preciso considerar que as

oficinas foram aplicadas por um grupo de mediadores menor (dois oficineiros) para turmas

com mais de 30 alunos, quando outros foram desenvolvidas por equipes de até de quatro

oficineiros/mediadores. Acredita-se que o número menor de mediadores aliado à

inexperiência dos mesmos em sala de aula comprometeu as possibilidades de dinamização

dos trabalhos. De qualquer sorte, é surpreendente que isso tenha acontecido também com um

público de ensino fundamental I, até então sempre receptivo e entusiasmado. Por se tratar de

um número mínimo de casos desse tipo, esse dado permanecerá em suspenso, para ser

recolocado em discussão na continuidade desta pesquisa, quando os pesquisadores, atentos a

novas ocorrências desse tipo, ou não, poderão analisar a questão para verificar se há aí o

prenúncio de uma nova ordem de coisas, ou realmente se confirma a suspeita de que a

inexperiência, o número menor de mediadores para um grande número de alunos, ou até

mesmo a qualidade do acesso ao grupo pesquisado é que comprometeu os resultados

esperados inicialmente e recorrentes nas mais de cem oficinas realizadas pelo Projeto desde

2002.

Além dos aspectos relacionados à recepção da metodologia de trabalho utilizada pelos

pesquisadores, o projeto No Reino da Imaginação: Experiências com literatura infanto-

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juvenil foi desenvolvido também no intuito de observar a recepção dos textos de Literatura

infanto-juvenil por diferentes públicos e em diferentes espaços. Nesse sentido, pode dizer que,

na grande maioria das experiências, o texto ganhou vida no ato de leitura – a interação

leitor/texto se colocou em perspectiva através de leitores criadores/co-produtores de

significado, conforme querem as teorias recepcionais. Como diria Eco (1994, p 34), os

pesquisados deram sua “colaboração à máquina preguiçosa” que é o texto, transformando-o

em “signo-que-fica”.

Por fim, o exposto referente aos dos projetos de pesquisa objeto do Estágio Pós-doc nos

autoriza dizer que, nas oficinas realizadas, ocorreu, entre pesquisadores e pesquisados, algo

semelhante à experiência da Lygia Bojunga (1990, p. 7) com os livros:

Para mim, livro é vida. Desde que eu era muito pequena, os livros me deram casa e comida.

Foi assim: eu brincava de construtora, o livro era tijolo, em pé, fazia parede; deitado, fazia

degrau de escada (...)

De casa em casa, eu fui descobrindo o mundo...

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VI- CONSIDERAÇÕES FINAIS: um “balanço” dos resultados do estágio

Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que

o homem fez no mundo teve início de outra

maneira – mas já tantos sonhos se realizaram que

não temos o direito de duvidar de nenhum.

Monteiro Lobato, em: Mundo da Lua.

O “balanço” dos resultados nos aponta a relevância dos projetos de pesquisa desenvolvidos no

Estágio Pós-doc. Acreditamos que elas podem servir de base para a formação docente dos

graduandos que atuaram como bolsistas ou pesquisadores/colaboradores e, ao mesmo tempo,

oferecer uma contribuição para os debates no campo Pedagógico/Didático da leitura, em

especial, na leitura dos textos de Lobato de literatura infanto-juvenil contemporânea.

Ademais, os dados coletados em campo oferecem subsídios para a reflexão do papel do

professor e a sua prática pedagógica no processo de formação de alunos/leitores.

Para chegar a esses resultados, enfrentamos dificuldades no percurso da pesquisa. Muitos

desafios foram encontrado: no caso do Projeto Emília vai à escola, alguns colegas da UESB

agendaram oficinas e depois desistiram de realizá-las, obrigando-nos a uma reorganização;

nem sempre a escola disponibilizava o espaço para as oficinas, por conta de suas atividades a

cumprir no ano letivo, o que não nos permitiu realizar oficinas em abril e maio/2011. No

Projeto No Reino da Imaginação, também tivemos problemas com o agendamento de

algumas oficinas em algumas escolas, tendo, por isso que suspender duas delas; em outras,

não conseguimos a aproximação desejável do grupo de pesquisa de forma a garantir

interatividade durante os trabalhos.

No entanto, inferimos, por meio dos nossos dados, que os Projetos de Pesquisa em questão

tiveram desdobramentos que, a nosso ver, são positivos: depois da realização das oficinas, a

equipe pedagógica da escola/campo, Luís Viana Filho, elaborou um projeto com os textos de

Monteiro Lobato para as todas as turmas do Ensino Fundamental e Médio sob orientação dos

bolsistas do Grupo de Pesquisa e Extensão em Lobato (GPEL); essa mesma escola solicitou

um trabalho de capacitação dos professores para prepará-los para o trabalho com Lobato;

todas as escolas do ensino fundamental, onde o Projeto No Reino da Imaginação atuou,

solicitaram a continuidade das intervenções. Dentro do grupo de estudos ESTALE, foi criado

o GEPESQ – Grupo de Estudos sobre Pesquisa – para garantir aprofundamento de estudos

sobre obras de referência nas teorias de metodologia científica de que nos valemos para a

execução desses dois projetos e, a partir desses estudos, vale salientar, já qualificamos alguns

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dos nossos instrumentos de coleta de dados ( fichas de avaliação das oficinas e caracterização

dos espaços pesquisados, formulários de entrevistas...) . Em torno de nós, fomos convidados

para palestras, exposição de trabalhos em eventos regionais e nacionais e para várias

Expedições de Pesquisa e Extensão a cidades do sudoeste da Bahia, quando a equipe se

deslocou para ir realizar as oficinas dos projetos (objeto do estágio) em escolas de zona rural e

urbana.

Assim, finalizamos, apostando na idéia de que os trabalhos desenvolvidos no pós-doc

contribuíram para reflexão sobre a metodologia de ensino da leitura, sobre a recepção da obra

lobateana entre alunos de 3º ano do ensino médio e da literatura infanto-juvenil no ensino

fundamental, como também confirmaram a importância que essas obras têm no papel de

auxiliar na formação dos leitores no espaço escolar.

Com referência ao conjunto dos trabalhos desenvolvidos no período deste Relatório Final de

Pós-doc, posso afirmar que:

– houve aprofundamento de estudos referentes às Teorias da Pesquisa de Campo dos tipos

experimental, ação, etnográfica e etnopesquisa – foi feito o levantamento bibliográfico,

leitura dos textos e destacadas as informações relevantes para a produção de um texto sobre

esse Referencial Teórico-metodológico.

– os estudos teórico-metodológicos foram de suma importância para que o grupo de pesquisa

de que faço parte – o Estação da Leitura – pudesse subisidiar o curso de seus procedimentos,

técnicas e estratégias dentro dos dois projetos de pesquisa – objeto do Estágio;

– os estudos teóricos no campo da recepção de textos e metodologia de ensino da leitura

foram fundamentais para a análise e discussão dos resultados dos dois projetos em questão

no estágio;

- a partir dos estudos desenvolvidos no Estágio, foi elaborado, segundo os princípios da

pesquisa-ação e da etnopesquisa, um outro Projeto: Letras de Nossa Terra: afirmação da

identidade através da leitura de textos de autores baianos (Anexo IX). Esse estudo,

desenvolvido com apoio da FAPESB, se encontra na fase de trabalho de campo, na Escola

Municipal Adolfo Ribeiro, Jequié-BA.

– a pesquisa de campo e o que a envolve – reuniões, sessões de estudo, observação ocular e in

situ, análise de dados, produção e divulgação de resultados – ocorreu normalmente e dentro

do previsto nos projetos e plano de Estágio. A análise de resultados se iniciou em junho/2011

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quando concluímos o trabalho de campo previsto para 2011-I e este relatório foi produzido a

partir de fins de agosto-2011.

Diante disso, consideramos muito relevante para o nosso trabalho tudo o que o Estágio Pós-

doc proporcionou: a oportunidade de avaliar e redimensionar as ações do ESTALE no campo

da pesquisa científica a propósito da Iniciação/Formação de Leitores nos espaços de educação

formal...

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