47
  MATERIAL DIDÁTICO RELIGIÕES NO BRASIL UNIVERSIDADE CANDI DO MENDES  CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas .com.br

Religões No Brasil-módulo 3

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Religioes no Brasil

Citation preview

  • MATERIAL DIDTICO

    RELIGIES NO BRASIL

    U N I V E R S I DA D E

    CANDIDO MENDES

    CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA N 1.282 DO DIA 26/10/2010

    Impresso e

    Editorao

    0800 283 8380

    www.ucamprominas.com.br

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    2

    SUMRIO

    INTRODUO .......................................................................................................................................... 3

    UNIDADE 1 - RELIGIES NO BRASIL: A CHEGADA DE DIFERENTES RELIGIOSIDADES . 4

    UNIDADE 2 - RELIGIES AFROBRASILEIRAS.............................................................................. 15

    UNIDADE 3 - O ESPIRITISMO ............................................................................................................ 17

    UNIDADE 4 - O JUDASMO .................................................................................................................. 18

    UNIDADE 5 - O ISLAMISMO ............................................................................................................... 20

    UNIDADE 6 - O CATOLICISMO HOJE .............................................................................................. 31

    UNIDADE 7 - O PROTESTANTISMO HOJE ...................................................................................... 39

    UNIDADE 8 - EVANGLICOS E A POLTICA.................................................................................. 41

    REFERNCIAS ....................................................................................................................................... 46

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    3

    INTRODUO

    Presenciamos hoje o revivescimento da religiosidade, de forma geral, na

    maioria das sociedades contemporneas; manifestando-se no formato de

    rejuvenescimento de antigas ou mesmo na criao de novas religies, este

    movimento de retorno ao religioso fez renascer tambm o interesse da

    Sociologia pelo tema.

    O impulso por criar novos modelos de estudo para o fenmeno da

    religiosidade, veio dos Estados Unidos, principalmente em razo de sentirem-

    se, os socilogos, insatisfeitos em simplesmente reutilizar os modelos

    europeus de anlise, principalmente porque, tais modelos correspondiam a

    estruturas de anlise ligadas a um tempo em que havia um decrscimo na

    adeso s religies institucionalizadas em muitas das sociedades europias,

    ocorrendo hoje, exatamente o oposto, principalmente aqui nas Amricas.

    Religiosidade e ps-modernidade caminhariam assim, lada a lado, numa

    relao, no mnimo antagnica pois, se por um lado, o mundo de hoje

    pontuado pela velocidade, pela pulverizao das relaes e tambm das

    famlias e tambm da vitria do individual em detrimento do coletivo, as

    religies que surgem e se fortalecem trazem consigo princpios diametralmente

    opostos, tendendo at mesmo ao conservadorismo, revalorizando a moral e os

    bons costumes.

    Fazendo parte da compreenso da relao entre o homem e a

    sociedade num espectro no-racional, o estudo das instituies religiosas, suas

    origens e caractersticas se faz cada vez mais necessrios para entendermos

    um pouco melhor as formas de organizao dos homens no mundo em que

    vivemos.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    4

    UNIDADE 1 - RELIGIES NO BRASIL: A CHEGADA DE

    DIFERENTES RELIGIOSIDADES

    Por Ivete Batista da Silva Almeida1

    O Cristianismo

    Nascido no Oriente Mdio, como a segunda das trs mais antigas

    religies abramicas (judasmo, cristianismo e islamismo) e expandindo-se pelo

    Imprio Romano, o cristianismo, entre meados do primeiro sculo de nossa

    Era, at o sculo IV, consolidou-se na maior fora religiosa da Europa. Entre os

    sculos V e XV, perodo de guerras e invases, a Igreja constitua-se na nica

    instituio slida; responsvel pela definio dos padres morais culturais e

    mesmo artstico da Europa Medieval. Com o incio das navegaes e da

    conquista de terras no ultramar, a Igreja quele tempo, foi tambm grande

    aliada dos reis europeus.

    Durante o sculo XVI, porm, um movimento que ficou conhecido como

    A Reforma, questionou as aes da Igreja, que mantinha seu ncleo de poder

    em Roma. Crticas contra a venda de indulgncias, e abusos do poder poltico

    de bispos e mesmo do papa, fizeram com que lderes religiosos como Martinho

    Lutero e Calvino promovessem uma ruptura na Igreja crist, que passaria a

    dividir-se entre cristos catlicos ligados hierarquia romana e cristos

    protestantes independentes de Roma e contrrios alguns preceitos da

    Igreja catlica, como por exemplo a referncia aos santos como smbolos para

    o fiel cristo.

    Segundo Brando:

    O cristianismo divide-se em duas dimenses, onde, se uma relao antagnica no to absoluta como a que separa o sagrado do profano e a religio da feitiaria, ela ainda um diferenciador

    1 Ivete Batista da Silva Almeida Mestre e Doutoranda em Histria Social pela Universidade de

    So Paulo. Professora efetiva da Universidade de Taubat e Coordenadora da Graduao Distncia em Administrao pela Universidade Federal de Uberlndia. Tem como rea de pesquisa Cultura e Identidade.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    5

    fundamental. A um lado ficam as variantes do cristianismo evanglico e, a outro, as do cristianismo no-evanglico. Mais uma vez, o primeiro se divide entre opostos, agora no-antagnicos. Se a verdadeira religio o cristianismo, o verdadeiro cristianismo (para muitos) o evanglico, cujo maior inimigo social e confessional o romanismo, nome que os mais tradicionais atribuem at hoje ao catolicismo no Brasil. (Brando, 1988, p.35)

    Dessa forma, embora professem a f no mesmo Deus, no mesmo Cristo,

    o entendimento do caminho de como faz-lo diferencia-se, na viso de

    catlicos e protestantes.

    Os Catlicos

    A Igreja Catlica Apostlica Romana pode ser considerada a maior

    dentre as denominaes do catolicismo. Surgida logo aps o cisma que dividiu

    o cristianismo entre catlicos e protestantes, a Igreja Catlica Apostlica

    Romana no a nica a dizer-se catlica (universal), somente no Brasil,

    atualmente, existem mais de setenta denominaes catlicas (Igreja Catlica

    Apostlica Brasileira, Velha Igreja Catlica, Igreja Catlica Carismtica, Igreja

    Catlica Conservadora do Brasil, Igreja Catlica Primitiva, Igreja Catlica

    Apostlica Heterodoxa e outras mais).

    Durante todo o perodo colonial, a Igreja Catlica teve um papel

    preponderante para a formao do perfil da religiosidade do povo brasileiro.

    Lembramos como ponto de partida, a presena dos missionrios Jesutas

    membros da Companhia de Jesus, ordem catlica criada em 1534, pelo basco

    Incio de Loyola, no bojo da Reforma Catlica, que, do sculo XVI ao XVIII,

    foram os responsveis no apenas pela catequizao dos negros da terra,

    como eram ento chamados os indgenas brasileiros (MONTEIRO, 1999), mas

    tambm responsveis pelos registros que possibilitavam a quantificao e

    classificao da populao; de forma que, os registros de batismos,

    casamentos, encomendas de missas e celebraes daqueles tempos, indicam-

    nos hoje no somente os fluxos de nascimento e morte do perodo, como

    tambm os nveis de riqueza das famlias.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    6

    No caso brasileiro, outra caracterstica inicial do cristianismo foi a

    organizao das irmandades religiosas, principalmente nas regies da Bahia e

    Minas Gerais, no perodo colonial. Segundo Carlos Rodrigues Brando:

    As irmandades e confrarias religiosas de leigos so uma criao ibrica e foram trazidas para o Brasil pelos primeiros conquistadores. Delas havia para todas as categorias scias, dos senhores de escravos. Tais irmandades e confrarias foram durante mais de dois sculos a nica alternativa vivel de associao civil durante a Colnia. Em tempos de uma primeira renovao religiosa, que data de fins do sculo passado (data de fins do sculo XIX) bispos renovadores, (...) comearam a boicotar tais irmandades. (Brando, 1988, 54)

    Embora j existissem desde a Idade Mdia, as confrarias e ordens

    terceiras, fundadas sempre em torno da devoo a um santo catlico

    ganharam grande fora no mundo ibrico, tanto no lado europeu quando no

    alm mar. A partir do sculo XVIII, com a expulso dos jesutas expulso do

    territrio colonial portugus, ordenada pelo Marqus de Pombal, ministro da

    corte do rei D. Jos I as irmandades tornaram-se ainda mais importantes

    para a estruturao da vida religiosa das comunidades; sendo organizadas no

    pelos clrigos, mas pelos leigos. Ao se formar, uma irmandade deveria

    organizar um estatuto, que deveria ser enviado e aprovado pelo rei, a partir de

    ento, a irmandade teria total autonomia administrativa e financeira,

    arregimentando recursos por meio das doaes de seus associados e da

    herana de seus afiliados.

    Para que uma irmandade pudesse se constituir era necessrio que fosse

    erigido um altar para o santo de devoo e, enquanto no se pudesse construir

    uma igreja, ou uma capela que sediasse as atividades de uma determinada

    irmandade, o altar lateral de uma outra igreja poderia ser cedido para que os

    fiis no ficassem sem ter lugar para seu culto. Muitas das obras de arte do

    perodo colonial brasileiro esto associadas s atividades de construo e

    decorao de igrejas pertencentes a irmandades catlicas. Um bom exemplo

    o da igreja de So Francisco de Assis (erigida pela Irmandade da Ordem

    Terceira de So Francisco), na cidade de Ouro Preto, considerada patrimnio

    histrico da humanidade.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    7

    De maneira geral temos que, at o sculo XIX, constituindo-se o

    cristianismo catlico na religio oficial da colnia e, posteriormente do reino,

    no seria exagero afirmar que, entre os sculos XVI e XIX o catolicismo foi

    praticamente a nica religio aceita no Brasil, principalmente porque, enquanto

    vigorou o domnio portugus sobre o Brasil e, igualmente durante o perodo

    imperial brasileiro, vigorava ainda o regime do padroado, que concedia ao rei o

    direito de administrar questes materiais ligadas manuteno das igrejas no

    pas; construir igrejas, pagar aos clrigos, tudo dependia do rei. Em

    contrapartida, durante a permanncia dos regimes monrquicos absolutistas,

    tanto na Europa quanto no Brasil, era funo da Igreja ratificar a figura do rei e

    da famlia real como escolhidos de Deus, para governar e conduzir o povo. No

    caso brasileiro, foi somente com a proclamao da Repblica que Igreja e

    Estado foram definitivamente separados.

    Durante o perodo Republicano, no Brasil, a Igreja Catlica passou a

    conviver com a liberdade de culto e, obviamente, com o decrscimo no nmero

    de seus fiis que em grande parte migraram, como comprovam hoje as

    pesquisas, para denominaes crists protestantes histricas e,

    principalmente, para as evanglicas e pentecostais.

    Os Protestantes Histricos

    O Protestantismo, nascido na Europa, a partir da ciso no seio do

    cristianismo, provocada pelas crticas de Calvino e Martinho Lutero aos abusos

    de poder da Igreja liderada por Roma, tornou-se forte no continente europeu,

    fazendo nascer diferentes vertentes da f crist; as igrejas crists

    independentes de Roma, ou seja, as igrejas crists no catlicas. As primeiras

    Igrejas Crists Protestantes, herdeiras diretas da Reforma, seriam: as igrejas

    Luterana (baseada nas propostas de Martinho Lutero), Anglicana (a igreja

    protestante inglesa que, basicamente difere da igreja catlica romana por no

    reconhecer no Papa seu lder religioso, mas sim, o rei da Inglaterra), Igreja

    Batista (dissidncia da igreja anglicana, nascida no incio do sculo XVII), a

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    8

    Igreja Presbiteriana (de origem calvinista, que se organiza internamente por

    meio da liderana dos presbteros) e a Igreja Metodista (movimento anglo-

    americano de dissidncia do anglicanismo, nascida sob a liderana de John

    Wesley, no final do sculo XVIII).

    No Brasil, a invaso holandesa na regio de Pernambuco no sculo

    XVII, promoveu a introduo do protestantismo no Brasil. Embora tenha

    chegado aqui por meio do contato com o invasor, o protestantismo s iria

    avanar e tomar maiores dimenses no pas bem mais tarde, a partir da

    segunda metade do sculo XIX e incio do sculo XX, com o crescimento do

    volume de imigrante europeus, que para aqui se dirigiam em razo das guerras

    e crises sociais vividas na Europa do final do sculo XIX ; como as guerras de

    Unificao da Alemanha; guerras de Unificao da Itlia; alm da crise do

    excessivo aumento de desempregados nas reas urbanas da Inglaterra por

    causa da incluso de mquinas no setor fabril.

    Impulsionados por essas e outras vicissitudes, os imigrantes europeus

    dirigiam-se para a Amrica e, em nosso caso especfico, para o Brasil, para

    substituir a mo-de-obra do trabalhador africano escravizado, aps a proibio

    do trfico martimo e, depois ainda em virtude da abolio definitiva da

    escravido. Dessa forma, os protestantes histricos, como so chamados,

    teriam seus mais antigos ncleos no Sul do Brasil; onde esto presentes desde

    1824 e no Nordeste brasileiro, desde 1835.

    Foi justamente em torno dos imigrantes alemes, que se fixaram no Sul

    do Brasil, que a Igreja Luterana se formou. Inicialmente voltada exclusivamente

    para os imigrantes alemes e seus filhos, essa permaneceu distante dos

    brasileiros por tempos. Como at o final do perodo imperial a igreja catlica

    gozava de posio privilegiada, os crentes de outra f, que no a catlica viam-

    se alijados de vrios direitos, por exemplo: o casamento, realizado por um

    sacerdote no-catlico no era reconhecido; igrejas no catlicas no podiam

    ser construdas, apenas ambientes de culto, no identificados por meio de

    torres ou sinos. Essa situao s iria mudar definitivamente com a Repblica e

    a definitiva separao entre Estado e Igreja.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    9

    Os Pentecostais

    Surgido no incio do sculo XX nos Estados Unidos, o movimento

    Pentecostal props mudanas ao Protestantismo Histrico; sendo a principal

    delas, a crena de que o Esprito Santo permanece manifestando-se nos dias

    de hoje; podendo ser confirmado pela glossolalia (o falar em lnguas), o

    discernimento de espritos, as curas e as profecias, mantendo ainda, como

    caracterstica importante, herdada do Protestantismo Histrico, o apreo pela

    leitura e pelo estudo cuidadoso da Bblia.

    No Brasil, o pentecostalismo surgiu j na dcada de dez do sculo XX,

    trazido por missionrios que vinham no somente ao encontro de imigrantes

    norteamericanos, mas vinham tambm, em busca de meios para levar seus

    princpios ao maior nmero de pessoas possvel. Nesse momento, instalaram-

    se principalmente no Sul e Sudeste do Brasil.

    Dentre as denominaes que surgiram nesse perodo, podemos

    destacar a Congregao Crist do Brasil (1910), Assemblia de Deus (1911).

    Nos anos cinquenta e setenta, os missionrios norteamericanos passaram a

    dirigir-se para os estados do Nordeste e do Amazonas, surgindo nesse

    contexto, a Igreja do Evangelho Quadrangular (1953), Igreja do Brasil para

    Cristo e Igreja Deus Amor (ambas 1962) alm da Casa da Bno, nascida

    na metade dos anos sessenta.

    Foi um momento de grande crescimento do movimento pentecostal, que

    passava a se deslocar do eixo Sul-Sudeste e passava a ganhar fora em,

    praticamente todo o territrio nacional.

    Os Neopentecostais

    Surgido por volta dos anos sessenta, tambm nos Estados Unidos, os

    neopentecostais, correspondem a uma renovao do movimento pentecostal,

    que, deste se difere por dar maior nfase questo das revelaes diretas da

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    10

    parte de Deus. Alm da questo da revelao direta, divergem dos

    pentecostais, em relao interpretao das representaes e significados da

    prosperidade material na vida do crente.

    No Brasil, o movimento chega por volta da dcada de setenta, trazendo

    consigo inovaes, principalmente quanto veiculao da mensagem religiosa,

    passando as denominaes de orientao neopentecostal a utilizar-se

    fortemente da mdia eletrnica, o que lhes possibilitou levar a sua crena a um

    nmero elevado de pessoas e ao mesmo tempo, diferentes cantos do pas.

    Destacam-se nesse perodo a criao da Igreja Universal do Reino de Deus

    (1977, fundada pelo bispo Edir Macedo); a Igreja Renascer em Cristo (criada

    em 1986, por Snia e Estevan Hernandez); a Igreja Internacional da Graa de

    Deus (de orientao evanglica e neopentecostal, fundada pelo bispo Romildo

    Ribeiro Soares em 1980); a Comunidade Evanglica Sara Nova Terra (fundada

    por Robson e Maria Lcia Rodovalho, em 1992).

    Outros Cristos

    H religies crists que, no se declaram como herdeiras nem do

    catolicismo, bem como de nenhum dos movimentos protestantes, consideram-

    se, de fato, restauradoras da verdadeira ordem. Dentre elas, destacamos a

    Igreja dos Santos dos ltimos Dias (os mrmons), os Testemunhas de Jeov e

    A Igreja Adventista do Stimo Dia.

    Igreja dos Santos dos ltimos Dias

    Trata-se de um movimento religioso iniciado no sculo XIX, nos Estados

    Unidos da Amrica por Joseph Smith, reconhecido por seus seguidores como

    um profeta legtimo, o primeiro destes tempos modernos.

    A misso de Joseph ter-se-ia iniciado a partir da chamada Primeira

    Viso, quando teria recebido uma viso de Jesus e Deus, na qual diziam a

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    11

    Joseph que as religies presentes em seu tempo no eram legtimas e que a

    verdadeira igreja crist precisava ser restaurada. Segundo a tradio, Joseph

    teria ento encontrado uma coleo de placas de ouro com inscries que,

    traduzidas por ele, formariam o Livro de Mrmon Mrmon seria o nome do

    profeta, autor das inscries nas placas de ouro - que, juntamente com a Bblia

    norteiam at hoje a Igreja dos Santos dos ltimos Dias, fundada oficialmente

    em 1830.

    Por muito tempo os mrmons foram perseguidos, mesmo nos Estados

    Unidos e isso, em parte, deveu-se a algumas de suas prticas iniciais.

    Surgida num perodo de grandes conflitos internos nos Estados Unidos,

    a teologia mrmon baseava-se em passagens da Bblia para defender a

    poligamia. Argumentavam que, em funo das guerras, muitas mulheres

    ficavam sozinhas com seus filhos e que isso no seria correto; defendia-se

    assim que um homem da comunidade assumisse a responsabilidade por

    aquela famlia. Tomando personagens Bblicos como modelo, como por

    exemplo, Abrao, os mrmons defenderam por certo tempo a legitimidade da

    poligamia, contudo, alguns defendiam que um homem poderia assumir a

    responsabilidade por mais de uma famlia, mas no tomar mais de uma mulher

    como sua, outros entendiam que ao tomar as responsabilidades para si,

    tomaria tambm o homem, a nova mulher plenamente como esposa. Essa lei,

    contudo, por meio de nova viso proftica, foi abolida ainda no sculo XIX

    1890 sendo que hoje em dia, somente pequenos grupos fundamentalistas

    mantm a tradio da poligamia; contudo, mantm-na s escondidas, pois, nos

    Estados Unidos a poligamia considerada crime.

    Existem entre os mrmons, duas instncias de sacerdcio: o sacerdcio

    aarnico ou levtico, que tem por funo lidar com as questes administrativas

    da igreja. Um sacerdote pode batizar administrar os sacramentos e ordenar

    outros sacerdotes. H tambm a figura do bispo, que designado para presidir

    o sacerdcio aarnico de uma ala. H tambm o sacerdcio maior (ou

    sacerdcio de melquisedeque), responsvel pelas questes espirituais da

    igreja. Os ofcios do sacerdcio de melquisedeque so: lder, sumo sacerdote,

    patriarca, setenta e apstolo. Os lderes so chamados para expor, exortar,

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    12

    batizar e zelar pela igreja. lderes missionrios viajam por todo o mundo,

    levando a religio de mrmon aos lugares mais distantes. Apenas os homens

    so sacerdotes. At o ano de 1978, os homens negros tambm no podiam ser

    sagrados sacerdotes, em funo do entendimento de que o povo negro seria

    descendente de Caim. Esta determinao, contudo no vigora mais, havendo

    j, desde 1978, a permisso da sagrao dos homens negros ao sacerdcio.

    No Brasil, os mrmons chegaram em 1928, e fundaram seu primeiro

    templo em 1935, hoje em dia formam um grupo de mais de 600 mil seguidores.

    Os Testemunhas de Jeov

    Constituem-se numa religio crist, dita no trinitria (que no

    aceita a trindade) e que no se considera como denominao de nenhum

    grupo catlicos ou protestantes, sua proposta a restaurao do verdadeiro

    cristianismo, a partir da interpretao fiel da Bblia.

    Seu surgimento deu-se durante a dcada de 1870, quando um grupo de

    estudiosos da Bblia buscava compreender e suplantar aquilo que

    consideravam ser erros doutrinrios, presentes nas religies crists de seu

    tempo.

    So conhecidos mundialmente por algumas de suas prticas, que os

    distinguem de outros grupos, como: a evangelizao de casa em casa; a

    distribuio do jornal A Sentinela, publicado desde 1879, e da Revista

    Despertai! , publicada desde 1919; a rigidez quanto conduta moral, a

    neutralidade poltica, a no autorizao de transfuses de sangue e a utilizao

    da Traduo do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, traduo defendida

    como legtima pelos adeptos dessa religio.

    O prprio nome adotado pelos fiis para a religio nascedoura, seria

    oriundo da Traduo do Novo Mundo, para Isaas 43:10, onde l-se:

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    13

    Vs sois as minhas testemunhas, a pronunciao de Jeov, sim, meu servo a quem escolhi, para que saibais e tenhais f em mim, e para que entendais que eu sou o Mesmo. Antes de mim no foi formado nenhum Deus e depois de mim continuou a no haver nenhum.

    Para as Testemunhas de Jeov, a salvao est associada

    manuteno da pureza e da fidelidade s prticas religiosas do grupo, o que

    significa que nem todas as testemunhas seriam salvas, mas somente aquelas

    que permanecerem atentas aos princpios morais e religiosos.

    Esta viso moral rigorosa, das Testemunhas de Jeov j foi muito

    criticada, principalmente por terem eles, por vrias vezes, se colocado

    abertamente contrrios algumas das prticas das outras religies crists, que

    so por eles frequentemente criticadas por sua permissividade.

    Contudo importante observar que, se por um lado as Testemunhas de

    Jeov criticam a outras religies crists no que se refere s suas interpretaes

    da Bblia e tambm quanto suas organizaes institucionais, no o fazem em

    relao ao fiel de outras religies crists. H, nos escritos das Testemunhas,

    um grande respeito por todo aquele que cr sinceramente em Jesus Cristo,

    como vemos neste excerto da Revista Despertai!:

    Sentimos interesse bondoso e amoroso pelas pessoas de todas as religies, mas quando as crenas e prticas religiosas delas so falsas e merecem a desaprovao de Deus, trazer isso ateno delas, por expor a falsidade, significa mostrar amor a elas. Jesus mostrou claramente o erro das prticas religiosas dos escribas e fariseus de seus dias dizendo que a religio deles era v. (Revista Despertai!, 8 de julho de 1988, p.28)

    No Brasil, a religio teria chegado na dcada de 1920, por meio de

    marinheiros brasileiros que tomaram contato com a religio em Nova York.

    Igreja Adventista do Stimo Dia

    originria do movimento Millerita, quando em 1840, o cristo batista

    William Miller iniciara seus estudos da Bblia revendo a questo da idade dos

    povos e recalculando a data que equivaleria ao fim do mundo. A no ocorrncia

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    14

    do Advento entre as datas de 1843 e 1844, como ele havia previsto, provocou

    o chamado Grande Desapontamento, que no promoveu, contudo o descrdito

    nas orientaes de Miller; a denominao foi oficialmente fundada em 1860,

    adotando como nome, duas de suas caractersticas fundamentais: a crena no

    retorno de Jesus, que estaria prximo (o Advento) e a crena no sbado como

    o stimo dia da semana, o dia institudo por Deus para o descanso do homem.

    A administrao da igreja feita de forma democrtica, uma vez que

    todos os oficiais da igreja so escolhidos por eleio. A igreja em seu mbito

    local, possui funes que so cumpridas em carter voluntrio, e possui

    tambm cargos que necessitam de ordenao como no caso dos pastores,

    ancios e diconos. Existe ainda a Associao, que em geral engloba a

    representao de um Estado e a Associao Geral dos Adventistas do Stimo

    Dia, que corresponderia ao nvel hierrquico mais alto.

    No Brasil, as ideias adventistas nos chegam em 1884, em forma de

    publicaes, chegadas pelo porto, em Santa Catarina. Em 1893, chegam os

    primeiros missionrios adventistas e em 1896, funda-se a primeira escola

    adventista, na cidade de Curitiba. Hoje, so mais de 393 escolas de ensino

    fundamental em todo o Brasil, e mais 118 de ensino mdio; alm de trs campi

    universitrios (So Paulo capital -, Engenheiro Coelho e Hortolndia

    ambas, interior de So Paulo), que fazem, em sua metodologia de ensino, a

    opo pelo ensino do criacionismo (embora sejam apresentadas tambm aos

    alunos os contedos ligados ao evolucionismo).

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    15

    UNIDADE 2 - RELIGIES AFROBRASILEIRAS

    Destacamos aqui, o fato de serem as religies afrobrasileiras,

    expresses religiosas que agregam elementos diversos da religiosidade

    presente nas tradies de diferentes povos africanos; povos aos quais os

    homens e as mulheres escravizados, entre os sculos XVI e XIX , pertenciam.

    Dentre as diversas manifestaes das religiosidades afrobrasileiras,

    duas so principais: o candombl e a umbanda.

    Praticado desde a chegada dos escravizados em terras brasileiras, o

    culto aos ancestrais e aos orixs, desde o sculo XVI, foi sendo reconstrudo

    pelos homens e mulheres trazidos, fora, para essa nova ptria. Embora siga

    uma estrutura muito semelhante quela dos yorub da frica, o Candombl

    brasileiro possui as suas particularidades. Tal qual o rito africano, ele

    corresponde a uma religio totmica, que cultua um deus nico, criador de si

    mesmo e de tudo no universo Olorum e seus orixs deuses menores

    que comandam as foras da natureza. No Candombl os espritos no falam

    com os consulentes diretamente, mas somente por meio do jogo de bzios

    forma de orculo que s pode ser compreendido por um sacerdote, o

    babalorix. Em relao ao modelo africano, existem diferenas quanto a alguns

    adereos, cnticos, ritmos e mesmo a forma de organizao dos terreiros que

    aqui recebe sempre a todos os orixs, enquanto l, existe uma diviso, na qual

    cada terreiro, ou casa, consagrado a um nico orix.

    O candombl desenvolveu-se fortemente na Bahia, onde a comunidade

    de sudaneses ocidentais de origem yorub era numerosa. Isso no significa

    dizer que todos os africanos migrados para l fora fossem de origem yorub;

    significa sim, compreender que, medida que eram inseridos nessa nova

    coletividade os africanos recm chegados assimilavam o novo modelo de

    organizao social e religiosa, promovendo o crescimento e o fortalecimento de

    uma cultura afrobrasileira.

    No caso da Umbanda, essa corresponderia a um fenmeno muito mais

    recente. Nascida nas metrpoles do final do sculo XIX (Rio e So Paulo), a

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    16

    Umbanda seria uma manifestao religiosa fortemente sincrtica, pois assimila

    tanto os santos do catolicismo, quanto elementos da mitologia amerndia, da

    cultura popular e principalmente preceitos do espiritismo.

    Embora os orixs cultuados nela sejam os mesmos do Candombl, na

    Umbanda, existe toda uma gama de outras entidades que, ao contrrio dos

    orixs do Candombl que no falam com seus fiis, na Umbanda, existem

    diversos espritos que viriam cerimnia e, ao serem incorporados por um

    mdium (herana ntida do espiritismo) falariam com os participantes, comeria

    e beberia com eles e, principalmente, responderia a suas perguntas sobre o

    presente e o futuro.

    No Brasil, at os anos trinta, essas duas formas de manifestaes

    religiosas foram fortemente perseguidas, s havendo maior liberdade para seus

    praticantes a partir do governo Vargas.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    17

    UNIDADE 3 - O ESPIRITISMO

    Consolidado a partir dos estudos do francs Hipollyte Leon Denizard

    Rivail, ou como passou posteriormente a se chamar, Allan Kardec, em meados

    do sculo XIX, o Espiritismo consolidou-se como uma doutrina fundamentada

    em princpios como a crena na situao do homem como um esprito, preso

    ao corpo; a compreenso de alma, como condio do esprito enquanto

    permanecer ligado ao corpo; a Lei de Causa e Efeito dos atos humanos e suas

    consequncias; crena na reencarnao; alm da crena na existncia de

    outros mundos habitados e tambm, na possibilidade de contato entre vivos e

    mortos.

    No Brasil, o Espiritismo j frequentava as cidades como Rio de Janeiro e

    Salvador, desde meados do sculo XIX e estruturou-se definitivamente a partir

    da fundao da Federao Esprita Brasileira, em 1884 no Rio de Janeiro.

    Tendo grande aceitao entre os praticantes da Umbanda, cresceu,

    principalmente entre as populaes das reas urbanas brasileiras, mais

    especificamente entre as classes mdias que preferiam este Umbanda.

    Embora reconheam Jesus como filho do Deus nico, o Espiritismo no

    considerado uma das religies do tronco judaico-cristo.

    Mas, sem dvida, o Espiritismo tomaria maiores dimenses no Brasil, a

    partir da veiculao das obras de Chico Xavier. Mdium, nascido em Pedro

    Leopoldo, Minas Gerais, Francisco Cndido Xavier iniciou seu contato com

    essa religio em 1927 e, de l em diante, publicou diversas obras sobre a vida

    aps a morte, que no seriam de sua autoria, mas de espritos de mestres,

    escritores e poetas j falecidos. Justamente por no reconhecer-se como autor,

    no aceitava receber o valor correspondente aos direitos autorais, revertendo-o

    a instituies de caridade e posteriormente, criando uma fundao

    assistencialista na cidade de Uberaba, onde faleceu em 2002.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    18

    UNIDADE 4 - O JUDASMO

    Considerada a mais antiga das religies monotestas abramicas, o

    Judasmo tem sua origem entre o povo hebreu, na Antiguidade, no Oriente

    Mdio. Tendo como principal livro a Tor, os judeus seguem a crena no Deus

    nico, e mantm-se unidos por meio da preservao de suas tradies e de

    sua lngua. Alm da lngua, os judeus preservam igualmente, costumes

    milenares como o uso do tefilim (estojo preto, de couro, dentro do qual

    colocam-se quatro trechos do Tor que enfatizam a obedincia a Deus. (ALCB,

    2000); o uso do kip (pequeno chapu circular que cobre somente a

    circunferncial superior da cabea. Utilizada, principalmente pelos grupos mais

    ortodoxos como smbolo de temor a Deus. Os judeus caratas no o utilizam); e

    o tsitsith (franja) colocada nos quatro cantos do manto de orao, como

    lembrete da vontade divina (ALCB, 2000). As festividades cultivadas pela

    comunidade judaica, tambm so marcas de sua crena e de sua cultura;

    dentre elas, podemos destacar o Rosh Hashan (o ano novo), Pessach ( festa

    da libertao, que celebra o xodo dos hebreus do Egito), o Yom Kipur

    (solenidade penitencial), dentre outras.

    Chegados ao Brasil ainda no perodo colonial, muitos judeus vieram para

    c fugindo das perseguies promovidas por reis catlicos que se valiam da

    intolerncia religiosa para prenderem os judeus e expropriarem seus bens.

    Aqui, na colnia, tinham que apresentar-se como convertidos, como cristos-

    novos e por muito tempo, praticaram sua religio na clandestinidade. Durante a

    invaso holandesa Pernambuco, muitos judeus adentraram a regio, pois

    no seguindo o catolicismo, os holandeses no empreendiam perseguies

    aos judeus, alm de estimular a presena de indivduos desse grupo, ligados

    atividades mercantis e financeiras alis, os judeus sempre estiveram

    intimamente ligados s atividades comerciais, fundamentais para as relaes

    mercantilistas ultramarinas.

    Numerosos grupos de famlias de ascendncia judaica continuaram

    chegando ao Brasil durante o perodo imperial, mas seria durante as dcadas

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    19

    de trinta e quarenta do sculo XX, quando, fugindo do regime nazista alemo,

    um elevado nmero de judeus buscou asilo em terras brasileiras.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    20

    UNIDADE 5 - O ISLAMISMO

    Nascida no sculo VII, no que hoje corresponde Arbia, o Islamismo

    uma das mais antigas religies monotestas, antecedida pelo Judasmo e pelo

    cristianismo. Essa religio que cr na existncia de um Deus nico, Al; na

    figura de Mohammed (Maom), difundiu-se, em menos de um sculo da

    Pennsula Arbica para o Norte da frica, frica Ocidental, Planalto da

    Anatlia, Pennsula Ibrica alm da regio dos Blcs.

    A religio islmica tem por base a crena no Deus nico, nos anjos (por

    Ele criados), nos livros sagrados, entre eles o Tor, os Salmos, os Evangelhos

    e o Coro, livro que encerra os ensinamentos de Al ao profeta Mohammed; a

    crena nos profetas (entre os profetas da tradio islmica encontram-se:

    Ado, Abrao, Moiss, Jesus e o ltimo e mais importante para os

    muulmanos: Mohammed Maom); a crena na predestinao e a crena no

    juzo final.

    No Brasil, o Islamismo chegou por meio dos africanos escravizados que

    provinham de regies islamizadas. Ao contrrio do que se possa imaginar, em

    frica, nem todos os povos eram politestas; tem-se num continente to vasto

    como aquele, uma grande diversidade de religies e culturas, dessa forma,

    embora a maioria dos africanos da regio da Costa Ocidental, tenham trazido

    consigo as tradies das religies dos orixs, os africanos escravizados

    oriundos do reino do Mali eram na verdade muulmanos. A passagem mais

    marcante dos escravizados muulmanos, aqui no Brasil, foi a da Revolta dos

    Mals, ocorrida em Salvador em (1835). Nela os escravizados de religio

    islmica arquitetaram um elaborado esquema para a sublevao, o que fez os

    senhores perceberem o quanto seria perigoso manter em suas terras grupos

    de mesma origem tnico-cultural e, principalmente, grupos de escravos

    letrados, posto que os muulmanos era alfabetizados, liam e escreviam em

    rabe, pois ler os textos sagrados condio fundamental da religio que

    professavam.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    21

    Durante o incio do sculo XX, vindos como imigrantes principalmente

    para os trabalhos nas reas urbanas, um grande nmero de libaneses e srios

    chegou aos grandes plos de atrao da poca: So Paulo e Rio de Janeiro;

    em geral, chegavam aqui com passaportes registrados na Turquia, recebendo

    assim, dos brasileiros, a alcunha de turcos, todos os indivduos muulmanos

    naturais de pases do Oriente Mdio, imigrados para c.

    II. Cenrio das Religies no Brasil de Hoje

    Ranking dos 50 Municpios Mais e Menos Catlicos

    % Catlicos por Municpios - Brasil 2000

    50 Mais 50 Menos

    Total 73,89

    1 RS Nova Roma do Sul 100,00 5507 SC Arabut 12,07

    2 RS Nova Alvorada 100,00 5506 BA Nova Ibi 16,02

    3 RS Unio da Serra 100,00 5505 RS Quinze de Novembro 19,63

    4 RS Vespasiano Correa 100,00 5504 ES Santa Maria de Jetib 20,38

    5 RS So Domingos do Sul 99,93 5503 RS Senador Salgado Filho 22,24

    6 RS Nova Brscia 99,85 5502 RS Linha Nova 26,47

    7 PB Carrapateira 99,81 5501 ES Laranja da Terra 28,34

    8 RS Fagundes Varela 99,80 5500 GO Palmelo 29,67

    9 RS Alto Alegre 99,72 5499 SC Pomerode 31,17

    10 RS So Jorge 99,69 5498 RJ Silva Jardim 33,27

    11 RS Protsio Alves 99,62 5497 RS Coronel Barros 33,46

    12 RS Boa Vista do Sul 99,61 5496 PR Nova Santa Rosa 35,89

    13 RS Relvado 99,61 5495 RS Novo Machado 35,93

    14 RS So Joo da Urtiga 99,51 5494 RJ Japeri 37,02

    15 SC Botuver 99,44 5493 RR Caroebe 37,17

    16 RS Putinga 99,42 5492 GO Guarata 37,76

    17 RS Nova Ara 99,41 5491 RS Turuu 37,79

    18 PI Santo Incio do Piau 99,33 5490 MG Alto Capara 38,13

    19 PI Nova Santa Rita 99,33 5489 AM Tapau 38,22

    20 RS Mariano Moro 99,27 5488 RS Imigrante 38,36

    21 SC Cordilheira Alta 99,26 5487 RJ Queimados 38,43

    22 RS So Joo do Polsine 99,23 5486 RS Marques de Souza 38,60

    23 PI Nossa Senhora de Nazar 99,14 5485 RJ Belford Roxo 38,67

    24 MG Desterro do Melo 99,11 5484 RJ Tangu 39,65

    25 RS Dois Lajeados 99,10 5483 RJ Seropdica 40,08

    26 RS Guabiju 99,09 5482 RS Colinas 40,17

    27 PB Pedra Branca 99,08 5481 PB Pitimbu 40,36

    28 PB Tenrio 99,07 5480 SC Brao do Trombudo 40,41

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    22

    29 RS So Valentim do Sul 99,07 5479 ES Itapemirim 40,69

    30 RS Santo Antnio do Palma 99,00 5478 RS Ubiretama 41,35

    31 RS Barra do Rio Azul 98,96 5477 ES Maratazes 41,52

    32 RS Cotipor 98,92 5476 ES Presidente Kennedy 41,62

    33 RS Vila Flores 98,87 5475 RS Lagoa dos Trs Cantos 41,67

    34 RS Tupandi 98,85 5474 GO Cristianpolis 42,00

    35 MG Senhora dos Remdios 98,83 5473 SP Cajati 42,17

    36 MG Crrego Fundo 98,80 5472 RS Chu 42,46

    37 SC Lajeado Grande 98,79 5471 RJ Casimiro de Abreu 42,57

    38 SC Lindia do Sul 98,79 5470 RO Vale do Anari 42,57

    39 PB So Francisco 98,79 5469 RJ Cachoeiras de Macacu 42,77

    40 RS Salvador das Misses 98,76 5468 RJ Paracambi 43,44

    41 RS Monte Belo do Sul 98,75 5467 RS Teutnia 43,51

    42 PI So Francisco de Assis do

    Piau 98,69 5466 RJ Nova Iguau

    43,77

    43 PE Serrita 98,66 5465 RO Jaru 43,85

    44 AL So Jos da Tapera 98,65 5464 RJ Itagua 43,87

    45 MG Silveirnia 98,64 5463 PE Sirinham 43,95

    46 RS Santa Tereza 98,64 5462 RJ Itabora 43,96

    47 MG Cipotnea 98,63 5461 RJ Armao dos Bzios 44,09

    48 RN Venha-Ver 98,57 5460 RJ Cabo Frio 44,12

    49 RS Casca 98,57 5459 RJ Cardoso Moreira 44,42

    50 PB Matinhas 98,56 5458 RJ Paty do Alferes 44,54

    Fonte: CPS/FGV atravs do processamento dos microdados do Censo Demogrfico 2000/IBGE

    Ranking dos 50 Municpios Mais e Menos Evanglicos

    % Evanglicos por Municpios - Brasil 2000

    50 Mais 50 Menos

    Total 15,41

    1 RS Quinze de Novembro 80,37 5507 RS Vespasiano Correa 0,00

    2 SC Arabut 80,17 5506 RS Unio da Serra 0,00

    3 ES Santa Maria de Jetib 77,86 5505 RS So Jorge 0,00

    4 RS Senador Salgado Filho 76,19 5504 RS Santo Antnio do Palma 0,00

    5 RS Linha Nova 73,59 5503 RS Relvado 0,00

    6 ES Laranja da Terra 70,51 5502 RS Protsio Alves 0,00

    7 SC Pomerode 66,39 5501 RS Nova Roma do Sul 0,00

    8 RS Coronel Barros 63,65 5500 RS Nova Alvorada 0,00

    9 RS Novo Machado 61,70 5499 RS Boa Vista do Sul 0,00

    10 PR Nova Santa Rosa 61,61 5498 MG Queluzito 0,00

    11 RS Imigrante 61,53 5497 PB Carrapateira 0,00

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    23

    12 RS Marques de Souza 61,40 5496 PB Mato Grosso 0,04

    13 RS Colinas 59,38 5495 RS So Domingos do Sul 0,07

    14 SC Brao do Trombudo 58,08 5494 CE Granjeiro 0,08

    15 RS Ubiretama 57,94 5493 RN Venha-Ver 0,12

    16 RS Lagoa dos Trs Cantos 57,04 5492 SC Cordilheira Alta 0,13

    17 RS Teutnia 55,94 5491 RS Nova Brscia 0,15

    18 RS Esperana do Sul 54,43 5490 RS Fagundes Varela 0,20

    19 RS Turuu 54,02 5489 SC Antnio Carlos 0,23

    20 RS Paraso do Sul 53,44 5488 RS Alto Alegre 0,28

    21 SC Benedito Novo 53,27 5487 PI Nossa Senhora de Nazar 0,32

    22 RS Vale do Sol 52,38 5486 PB Tenrio 0,32

    23 RS Panambi 52,04 5485 CE Alcntaras 0,43

    24 MG Alto Capara 51,74 5484 RN Messias Targino 0,43

    25 RS Condor 50,75 5483 SC Botuver 0,45

    26 RS So Loureno do Sul 49,62 5482 AL Monteirpolis 0,46

    27 RS Nova Petrpolis 49,41 5481 CE Caririau 0,47

    28 SC Cunha Por 48,24 5480 RS So Joo da Urtiga 0,49

    29 ES Vila Pavo 47,62 5479 TO Centenrio 0,51

    30 RS Coqueiros do Sul 47,57 5478 PB So Francisco 0,52

    31 SC Monda 46,76 5477 RS Carlos Gomes 0,52

    32 PR Marip 46,44 5476 RS So Joo do Polsine 0,55

    33 GO Guarata 46,10 5475 MG Silveirnia 0,56

    34 RS Morro Redondo 45,57 5474 RS Putinga 0,58

    35 PR Doutor Ulysses 45,54 5473 RS Nova Ara 0,59

    36 AM Tapau 44,58 5472 PE Serrita 0,59

    37 AM Japur 44,45 5471 PB Vieirpolis 0,60

    38 RS Cerro Branco 44,15 5470 PB Santo Andr 0,61

    39 RS Victor Graeff 43,50 5469 PI Santo Incio do Piau 0,61

    40 MA So Pedro dos Crentes 43,44 5468 MG Senhora dos Remdios 0,61

    41 RS Agudo 43,38 5467 PI Sebastio Barros 0,64

    42 MG Itueta 43,17 5466 PB Carabas 0,65

    43 GO Cristianpolis 43,06 5465 SE Macambira 0,65

    44 SC Rancho Queimado 42,36 5464 PI Nova Santa Rita 0,67

    45 RS Canguu 42,10 5463 AL gua Branca 0,68

    46 AM So Paulo de Olivena 41,92 5462 RN Paran 0,69

    47 PR Marechal Cndido

    Rondon 41,87 5461 PB Camala

    0,69

    48 SC Schroeder 41,60 5460 RS So Valentim do Sul 0,70

    49 ES Domingos Martins 41,56 5459 RN So Fernando 0,71

    50 RR Caroebe 41,46 5458 MG Crrego Fundo 0,71

    Fonte: CPS/FGV atravs do processamento dos microdados do Censo Demogrfico 2000/IBGE

    Ranking dos 50 Municpios Mais Sem Religio

    % Sem Religio por Municpios - Brasil 2000

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    24

    50 Mais

    Total 7,35

    1 BA Nova Ibi 59,85

    2 PB Pitimbu 42,44

    3 RS Chu 38,51

    4 AL Joaquim Gomes 35,92

    5 AL So Miguel dos Milagres 35,22

    6 BA Wanderley 34,39

    7 BA Drio Meira 33,17

    8 BA Mata de So Joo 32,67

    9 AL Campestre 32,17

    10 PA Trairo 31,86

    11 RJ Silva Jardim 30,72

    12 PE Sirinham 30,19

    13 AL Cajueiro 30,09

    14 SE Santana do So Francisco 29,93

    15 PE Itapissuma 29,90

    16 RN Felipe Guerra 29,51

    17 PB Caapor 29,46

    18 BA Itaquara 29,30

    19 MT Gacha do Norte 29,16

    20 BA Belmonte 29,03

    21 AM Atalaia do Norte 28,67

    22 PE Rio Formoso 28,00

    23 AL So Lus do Quitunde 27,87

    24 BA Jaguaripe 27,85

    25 RJ Cardoso Moreira 27,65

    26 BA Mara 27,48

    27 BA Nazar 27,35

    28 ES Presidente Kennedy 27,13

    29 RJ Belford Roxo 27,02

    30 RJ Tangu 26,99

    31 RS Capo do Leo 26,88

    32 BA Dias d'vila 26,75

    33 BA Itagimirim 26,73

    34 RJ Cachoeiras de Macacu 26,72

    35 AL Porto de Pedras 26,36

    36 RJ Japeri 26,06

    37 AL Matriz de Camaragibe 26,04

    38 RN Baa Formosa 25,67

    39 BA Simes Filho 25,55

    40 AC Manoel Urbano 25,46

    41 BA Salinas da Margarida 25,29

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    25

    42 AL Paripueira 24,96

    43 RJ Queimados 24,95

    44 MA Raposa 24,91

    45 BA Una 24,73

    46 SE General Maynard 24,71

    47 ES Ibatiba 24,30

    48 BA Potiragu 24,29

    49 SP So Loureno da Serra 24,08

    50 BA Lenis 24,06

    Fonte: CPS/FGV atravs do processamento dos microdados do Censo Demogrfico 2000/IBGE

    Ranking dos 50 Municpios Mais Espiritualistas

    % Espiritualistas por Municpios - Brasil 2000

    50 Mais

    Total 1,35

    1 GO Palmelo 42,10

    2 GO Professor Jamil 24,98

    3 MG Pratinha 21,12

    4 SP Itaca 19,62

    5 MG Campo Florido 17,94

    6 MG Verssimo 17,91

    7 SP Lourdes 15,89

    8 MG Pirajuba 14,41

    9 SP Pedregulho 13,63

    10 MG Uberaba 12,54

    11 MG Perdizes 12,08

    12 GO Trs Ranchos 11,37

    13 MG Monte Alegre de Minas 11,14

    14 MG Sacramento 10,85

    15 MG Conquista 10,24

    16 GO gua Limpa 9,73

    17 RJ Areal 8,97

    18 MG Tupaciguara 8,95

    19 SP Rifaina 7,97

    20 GO Nova Aurora 7,89

    21 SP Aramina 7,87

    22 SP Marinpolis 7,79

    23 MG Comendador Gomes 7,78

    24 GO Jata 7,68

    25 MT Baro de Melgao 7,62

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    26

    26 GO Itumbiara 7,55

    27 MG Astolfo Dutra 7,17

    28 SP Votuporanga 7,11

    29 SP Franca 7,05

    30 GO Aparecida do Rio Doce 7,04

    31 SP Igarapava 7,00

    32 MG Uberlndia 6,86

    33 RS Vitria das Misses 6,79

    34 MG Centralina 6,17

    35 SP Aparecida d'Oeste 6,14

    36 MG Bicas 6,10

    37 GO Cau 6,07

    38 SP Nhandeara 5,90

    39 SP Colina 5,86

    40 RS Pelotas 5,86

    41 SP Jeriquara 5,76

    42 GO Santa Brbara de Gois 5,56

    43 RS Bag 5,53

    44 MG Frutal 5,45

    45 MG Arax 5,42

    46 GO Buriti Alegre 5,38

    47 GO Morrinhos 5,27

    48 SC Entre Rios 5,24

    49 SP So Jos do Rio Preto 5,20

    50 SP Araraquara 5,10

    Fonte: CPS/FGV atravs do processamento dos microdados do Censo Demogrfico 2000/IBGE

    Ranking dos 50 Mais Municpios Com Religies Afro-Brasileiras

    % Populao de Religio Afro-Brasileira por Municpios - Brasil 2000

    50 Mais

    Total 0,31

    1 RS Rio Grande 6,78

    2 RS Dezesseis de Novembro 6,45

    3 RS Viamo 3,88

    4 RS Bag 3,74

    5 PE Carnaubeira da Penha 3,72

    6 RS Chu 3,54

    7 ES Divino de So Loureno 3,36

    8 RS Alvorada 3,35

    9 RS Pelotas 3,14

    10 RS Cidreira 2,96

    11 RS Santana do Livramento 2,79

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    27

    12 RS Porto Alegre 2,49

    13 RS Santa Vitria do Palmar 2,48

    14 RS Jaguaro 2,30

    15 RS Arroio Grande 2,21

    16 RJ Nilpolis 2,21

    17 ES Alegre 2,19

    18 RS Guaba 2,14

    19 RS So Jos do Norte 2,06

    20 RS Pedro Osrio 2,01

    21 RJ Miguel Pereira 1,99

    22 RS Charqueadas 1,92

    23 RS Canoas 1,91

    24 RS Santa Maria 1,91

    25 RJ Barra do Pira 1,86

    26 SP Monteiro Lobato 1,85

    27 RS Gravata 1,82

    28 RS Piratini 1,82

    29 RJ Iguaba Grande 1,80

    30 RJ Rio de Janeiro 1,75

    31 RS Capo do Leo 1,68

    32 MG Senador Jos Bento 1,63

    33 ES Ibitirama 1,63

    34 BA Itaparica 1,63

    35 RJ So Joo de Meriti 1,62

    36 RJ Rio das Flores 1,59

    37 RS Rosrio do Sul 1,58

    38 GO Palmelo 1,56

    39 RS Balnerio Pinhal 1,54

    40 MG Rochedo de Minas 1,52

    41 RS Sapucaia do Sul 1,52

    42 RJ Nova Iguau 1,48

    43 RS Cachoeirinha 1,45

    44 RJ Belford Roxo 1,44

    45 MG Abaet 1,43

    46 RS Dom Pedrito 1,43

    47 RS Tramanda 1,41

    48 RJ Pinheiral 1,36

    49 MT Campos de Jlio 1,35

    50 GO Inaciolndia 1,32

    Fonte: CPS/FGV atravs do processamento dos microdados do Censo Demogrfico 2000/IBGE

    Ranking dos 50 Mais Municpios Com Religies Orientais

    % Populao de Religies Orientais por Municpios - Brasil 2000

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    28

    50 Mais

    Total 0,29

    1 PR Assa 3,80

    2 RS Chu 3,02

    3 SP Mirandpolis 2,70

    4 PR Sertaneja 2,56

    5 SP Bastos 2,34

    6 RJ Parati 2,28

    7 RS Barra do Quara 2,24

    8 SP Pacaembu 2,16

    9 SP Biritiba-Mirim 2,06

    10 SP Pereira Barreto 1,99

    11 SP Pontes Gestal 1,97

    12 SP Brejo Alegre 1,95

    13 SP Jlio Mesquita 1,92

    14 PR Ura 1,90

    15 SP Guaimb 1,88

    16 SP Irapuru 1,88

    17 PR Foz do Iguau 1,84

    18 PR Mirador 1,80

    19 SP Roseira 1,78

    20 SP Moji das Cruzes 1,69

    21 RJ Miguel Pereira 1,66

    22 SP Suzano 1,64

    23 SP Guatapar 1,62

    24 SP Tup 1,58

    25 SP Oscar Bressane 1,53

    26 SP Lavnia 1,46

    27 PR So Sebastio da Amoreira 1,45

    28 SP Cafelndia 1,44

    29 SP Colina 1,44

    30 SP Santpolis do Aguape 1,42

    31 SP Santos 1,39

    32 SP Ilha Solteira 1,39

    33 SP Atibaia 1,38

    34 SP Presidente Venceslau 1,37

    35 SP Adolfo 1,36

    36 SP Araatuba 1,35

    37 SP Piedade 1,33

    38 SP So Joo do Pau d'Alho 1,33

    39 SP Inbia Paulista 1,33

    40 SP Santa Albertina 1,31

    41 SP So Paulo 1,31

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    29

    42 SP Tapira 1,28

    43 SP Registro 1,19

    44 SP Adamantina 1,19

    45 RS Mato Castelhano 1,18

    46 SP Pilar do Sul 1,18

    47 SP Presidente Prudente 1,15

    48 SP Bilac 1,13

    49 SP Ibina 1,09

    50 SC Frei Rogrio 1,08

    Fonte: CPS/FGV atravs do processamento dos microdados do Censo Demogrfico 2000/IBGE

    Ranking dos 50 Mais Municpios Com Outras Religies

    % Populao de Outras Religies por Municpios - Brasil 2000

    50 Mais

    Total 1,39

    1 MS Paranhos 20,71

    2 AM Tabatinga 15,05

    3 SC Ipira 13,03

    4 MG Bertpolis 11,07

    5 SP Cesrio Lange 9,97

    6 MS Laguna Carap 9,46

    7 MS Amamba 9,19

    8 AM Amatur 9,03

    9 MG Santa Helena de Minas 8,86

    10 MG Campo Azul 7,67

    11 SC Arabut 7,00

    12 MG Chal 6,92

    13 MT Tapurah 6,82

    14 MG Formoso 6,78

    15 MG Lajinha 6,72

    16 AM Juta 6,61

    17 MS Tacuru 6,56

    18 SC Gravatal 6,47

    19 MG Pedra Bonita 6,35

    20 RJ Paracambi 6,35

    21 AM Pauini 6,21

    22 PR Tunas do Paran 6,18

    23 SP Orindiva 5,96

    24 PR Iguarau 5,89

    25 RO Teixeirpolis 5,89

    26 SP Itariri 5,69

    27 SP Araoiaba da Serra 5,68

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    30

    28 SC Alto Bela Vista 5,60

    29 PA Brasil Novo 5,34

    30 RS Chu 5,21

    31 PR Tamarana 5,02

    32 MT Lambari D'Oeste 4,99

    33 SP Canania 4,83

    34 MA Guimares 4,77

    35 RO Vilhena 4,74

    36 ES Ibatiba 4,73

    37 SP guas de So Pedro 4,73

    38 GO Alto Paraso de Gois 4,61

    39 RS Turuu 4,42

    40 MS Douradina 4,37

    41 MG Ita de Minas 4,31

    42 BA Wenceslau Guimares 4,30

    43 BA Pojuca 4,30

    44 SP Paulicia 4,26

    45 SP Timburi 4,25

    46 MS Aquidauana 4,23

    47 RR Uiramut 4,17

    48 SP Agudos 4,17

    49 SC Itaja 4,12

    50 BA Nilo Peanha 4,10

    Fonte: CPS/FGV atravs do processamento dos microdados do Censo Demogrfico 2000/IBGE

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    31

    UNIDADE 6 - O CATOLICISMO HOJE

    Embora haja grande diversidade de religies e credos em nosso pas,

    havendo mesmo liberdade de expresso para as mais diversas expresses da

    f, h, at hoje, como uma herana do perodo colonial, a representao do

    Brasil como uma nao catlica. Em algumas regies a realidade, porm, no

    mais essa. Isso se deve, em parte, em funo da prpria forma como a

    Histria da Religio foi registrada, no passado, pois durante muitos anos da

    histria da Igreja Catlica na Brasil, so seus prprios agentes os que

    exclusivamente escreveram sobre ela: seus heris, seus feitos, sua histria.

    Apenas em anos recentes a Igreja Catlica tornou-se objeto importante de

    pesquisas de cientistas sociais brasileiros e estrangeiros (Brando, 1988,

    p.29). Dentre as contribuies das cincias sociais, destacamos os trabalhos

    de Florestan Fernandes e de Maria Isaura Pereira de Queiroz; dentre as

    contribuies das Cincias Humanas, e delas, principalmente a Histria,

    destacamos aqueles que se debruaram sobre a Histria da Igreja e da

    Religiosidade, como Augustin Wernet da Universidade de So Paulo, Maurlio

    Camelo e Albuquerque Cmara Neto.

    No campo da pesquisa sobre o catolicismo hoje, o que mais nos chama

    a ateno, contudo, a inexistncia da descrio de um perfil definido de quem

    seria o catlico hoje. Outras religies terminam por forjar um perfil, uma

    identidade, expressa em condutas e atitudes caractersticas dos seguidores de

    uma determinada f. Para os praticantes do catolicismo, porm, a definio

    estreita de um perfil de identidade e conduta, torna-se cada vez mais difcil.

    Em termos institucionais, a Igreja Catlica, teria sim, uma misso, que se

    manteria praticamente a mesma desde os tempos da Reforma Catlica: o

    povo catlico deve crer que realiza em todo o mundo o trabalho de salvao de

    sua pessoa individual e de todos os seres de todos os tempos. Fora da Igreja

    no h salvao, e ela a confisso da f crist mais primitiva portanto, a

    mais universalmente verdadeira. (Brando, 1988, p. 46) . Como instituio, a

    Igreja Catlica caracteriza-se ainda pela manuteno de forte rede hierrquica,

    que detm o monoplio da reproduo de bens simblicos; cabe alta

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    32

    hierarquia e, somente a ela, definir o que pode ou no ser considerado como

    sinal da presena Divina; demarcando assim a diferena e a fronteira entre o

    campo de ao dos sacerdotes e o campo de ao dos fiis.

    Contudo, colocando de lado quaisquer juzos de valor, o que os estudos

    como os de Brando nos mostram que, diante dessa identidade institucional

    to clara, temos uma identidade do fiel catlico bem mais fluda. Nessa

    perspectiva, a principal caracterstica da identidade do catlico brasileiro seria a

    sua natureza inclusiva; ou seja, a comunidade catlica, no Brasil,

    caracterizada por sua inclinao por aceitar; para Brando, o catolicismo

    socialmente a possibilidade de todas as categorias de sujeitos sociais

    possurem uma mesma religio e diferenciarem, no seu interior, modalidades

    prprias de religiosidade.

    O exemplo clssico do frequentador espordico de terreiros de

    Umbanda ou mesas brancas espritas e que no considera essa uma prtica

    que o afaste da f catlica. No estamos aqui, nem de longe, apontando que

    essa seria uma prtica reconhecida como correta pelos ditames da Igreja

    Catlica como instituio, estamos, outrossim, apontando caractersticas da

    religiosidade popular, das formas do praticante, do indivduo compreender,

    agir e aceitar sua religio. Assim, para os pesquisadores que observam as

    caractersticas do brasileiro catlico de hoje:

    Diferentemente do protestantismo, onde o fiel precisa ser para participar, mas tambm de outro modo diverso dos cultos afro-brasileiros, onde absolutamente comum a pessoa participar sem ser, no catolicismo, tal como povo brasileiro o vive e significa, h uma pluralidade de modos de ser que configuram uma equivalente pluralidade de maneiras de participar. (...) Quando perguntado em uma pesquisa do censo nacional ou de algum socilogo sobre sua religio, o catlico tpico responde em geral de uma das seguintes maneiras: eu sou catlico, eu sou catlico praticante, eu sou catlico, mas no pratico. A forma variante da terceira alternativa : eu sou catlico, mas minha maneira. Ora jamais um protestante e, mais ainda, um pentecostal podem dizer essa terceira frmula. (...) Reconhecida com pesar e dificuldade pela hierarquia da Igreja, h uma oposio bsica entre dois modos de se ser catlico: (para a religiosidade popular) voc pode ser catlico ou pode ser catlico praticante. (Brando, 1988, p.50)

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    33

    Essas diferentes formas do catlico identificar-se a si prprio, no Brasil,

    associam-se a uma srie de variaes quanto ao envolvimento, compreenso e

    formas de ao do fiel; muitos se dizem catlicos de tradio, indicando que

    sua incurso na religio se deve ao familiar, ou seja, ser catlico, por ter

    sido criado no seio de uma famlia catlica e no necessariamente por viver

    individualmente os ditames da religio. Em geral, compem uma grande massa

    de indivduos que, de fato, foram batizados, casaram-se na igreja, batizaram

    seus filhos e procuraram o padre para encaminhar seus servios no caso de

    falecimentos na famlia; no passando, basicamente disso, o envolvimento

    entre o indivduo e a igreja.

    Podemos remeter igualmente s heranas coloniais essa forma to

    frouxa de relacionar-se com a religio. Podemos lembrar que durante o

    perodo colonial, o cotidiano da vida religiosa estava muito mais a cargo das

    irmandades leigas que dos prprios clrigos.

    Essa elasticidade permitiu que, para o bem ou para o mal, a religio

    catlica fosse reinterpretada com grande fora pela expresso popular, que

    dela se apropria sem maiores cerimnias. Vemos expresses como Nossa

    Senhora rogai por ns, ser cantada em estribilhos de sambas-enredo na

    avenida, durante o carnaval, onde mulheres seminuas e homens fazendo

    evolues insinuantes danam, tocam e cantam a plenos pulmes. Vemos

    santas se tornarem tema de novelas, nas quais no s a f, mas os interesses

    pessoais, romnticos e polticos, circundam o roteiro de pedidos e milagres;

    sem falar no trato dado questo da representao do sagrado nessas

    produes de apelo popular que, contrariando as incessantes advertncias da

    igreja Catlica, continuam seguindo a viso popular e no a cannica a

    representar a imagem, o santo, como se fosse uma divindade e no um

    exemplo para o fiel catlico.

    Na outra extremidade, teramos o catlico praticante, que reconhece e

    deseja acentuar em si traos de conduta que o integram a uma tradio. Ao

    contrrio daquele que se identifica com uma religio da qual participa muito

    vagamente, o praticante, identifica-se por dela fazer parte, por nela estar

    integrado.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    34

    Ser catlico praticante acentua no fiel, traos de prtica e de identidade a que o catlico por tradio se sente desobrigado. Ao contrrio do segundo, que vimos, identifica-se como catlico por se definir como sendo de uma religio mesmo quando no a pratica, o primeiro ao estilo protestante constri sua identidade de catlico atravs de reconhecer-se na religio por participar da Igreja. Mais frequente em seus cultos, ele modela a sua pessoa por uma observncia mais motivada das crenas oficiais e das doutrinas de conduta da hierarquia religiosa. A devoo popular submete-se s situaes sacramentais da vida da Igreja, e no raro que um catlico praticante exercite a sua participao vivendo no interior da Igreja um dos muitos grupos especializados de presena e atividade confessional que, milenarmente, o catolicismo criou, destinou a diferentes categorias de fiis, transformou, destruiu e, mais adiante, em alguns casos, recriou. Brando, 1988, p. 53

    Dessa forma, conclui Brando que haveria hoje um modo catlico de

    tradio aquele que se diz catlico porque foi batizado e porque toda a sua

    famlia fora catlica, e que, contudo, no participa, ele mesmo, do dia-a-dia da

    comunidade catlica, um modo catlico praticante (daquele que se diz

    catlico) por de fato, viver e participar da vida e do dia-a-dia da comunidade de

    catlicos qual est inserido; participando de cultos, viglias e aes) e um

    outro ainda, do catlico militante, fruto de aes como a da Teologia da

    Libertao, que no v a ao do catlico praticante como restrita s atividades

    na Igreja ou nas pastorais, mas tambm e, principalmente, como ao poltica

    e efetiva, contra a desigualdade e a pobreza. Fruto de muita discusso e

    controvrsia, a postura do catlico militante, tomou grande fora no apenas

    no Brasil, mas em toda a Amrica Latina.

    Como aponta Brando, essa anlise bem como a observncia de tais

    variaes, nos so teis, acima de tudo, para que possamos compreender

    melhor a natureza da religiosidade como construo cultural, historicamente

    constituda e, as identidades como estratgias simblicas, que possibilitam ao

    indivduo, meios para que possa lidar com elementos como o poder e a

    diferena, seus interesses terrenos e sua relao com a sacralidade.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    35

    A Teologia da Libertao

    No se referindo a uma diviso no interior da Igreja Catlica, mas sim a

    uma orientao teolgica, dentro do prprio catolicismo apostlico romano, a

    Teologia da Libertao foi um dos mais importantes e mais polmicos

    movimentos catlicos do final do sculo XX.

    Nascido aps o Conclio Vaticano II, a Teologia da Libertao tem por

    base a preocupao com questes sociais e, mais precisamente, com as

    populaes oprimidas,

    A teologia da libertao um movimento teolgico que quer mostrar aos cristos que a f deve ser vivida numa prxis libertadora e que ela pode contribuir para tornar esta prxis mais autenticamente libertadora (Mondin, 1980, p.25)

    Um dos grandes tericos do movimento, aqui no Brasil foi Leonardo Boff

    - telogo, escritor e professor universitrio, ex-frade franciscano, punido com o

    Silncio Obsequioso, pelo ento cardeal Joseph Ratzinger, em razo da

    publicao das ideias sobre a Teologia da Libertao, expressas em seu livro

    Igreja, Carisma e Poder. Publicou vrios outros livros sobre essa teologia,

    dentre eles, o comentadssimo A guia e a Galinha. Para ele, a libertao, em

    questo defendida por sua corrente teolgica, corresponderia a toda ao que

    visa criar espao para a liberdade (Boff, 1980, p. 87). Nascida num contexto

    de intensa crise social e poltica na Amrica Latina os anos 60 a Teologia

    da Libertao questionava a ao dos cristos catlicos diante do sofrimento

    real impingido ao povo cristo latinoamericano por polticas autoritrias e

    violentas. Marcados pelas ditaduras militares como as que ocorreram, por

    exemplo, no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile; por regimes que viravam as

    costas aos direitos humanos, por polticas econmicas que no privilegiavam o

    fim das desigualdades sociais e que, ao contrrio, ao se dobrarem aos

    interesses do capital estrangeiro, apenas acentuavam tais desigualdades os

    anos 60 e 70 na Amrica Latina corresponderam a um perodo de grande

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    36

    instabilidade social e penalizao da populao desfavorecida. Sobre os anos

    60 e 70, segundo Mondin:

    o ambiente poltico geralmente caracterizado pela presena de governos que administram o poder arbitrariamente em vantagens dos ricos e poderosos, fazendo amplo uso da fora e da violncia. (...) O ambiente econmico e social est marcado pela misria e pela marginalizao da maior parte da populao. Os recursos econmicos so controlados por um pequeno grupo de privilegiados. (...) No ambiente cultural se verifica ainda uma notvel dependncia da Europa e dos Estados Unidos. Na cincia como na Filosofia, na arte como na Literatura, quase nada concedido originalidade das populaes latino-americanas (Mondin, 1988, p.25-26).

    Buscando a ao em prol da libertao, essa corrente teolgica buscou

    no mtodo histrico-dialtico, suas ferramentas tericas e, justamente essa

    escolha, tornou a teologia da libertao ainda mais controversa, contudo, os

    prprios tericos da libertao insistem que, o marxismo, na Teologia da

    Libertao no tratado como um fim em si, mas como uma ferramenta para a

    leitura da relao entre o opressor e os oprimidos na histria das sociedades; o

    objetivo final do uso do materialismo histrico seria, portanto, no a busca pelo

    pensamento de Marx, mas sim a busca pelo cumprimento da misso crist

    junto aos pobres. Contudo, essa teologia foi muito criticada por achar-se que

    propunha uma maior nfase s questes sociais e materiais e menor cuidado

    s questes da f e do esprito, que seriam as preocupaes primeiras da

    Igreja.

    O principal legado da Teologia da Libertao para a cristandade foi a

    criao das comunidades eclesiais de base, que tm por objetivo organizar a

    comunidade em torno da evangelizao dos mais carentes e dos menos

    favorecidos. Misses que auxiliavam na formao de CEBs como eram

    chamadas nas periferias das metrpoles ou junto aos povos que vivem da

    floresta como os trabalhadores dos seringais da Amaznia, tinham por objetivo

    no apenas levar a evangelizao mas tambm discutir sobre a necessidade

    de organizao comunitria para vencer as dificuldades materiais.

    Hoje, em praticamente todos os pases latinoamericanos que possuem

    populao catlica, as CEBs continuam, criadas sob a influncia da Teologia

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    37

    da Libertao, sendo modelo de ao e organizao das comunidades

    catlicas.

    A Renovao Carismtica

    O movimento pentecostal, que cr na renovao do pentecostes e,

    portanto na manifestao dos prodgios do Esprito Santo entre os homens de

    hoje, tambm teve seu eco entre os membros da Igreja Catlica.

    Nos anos sessenta, nos Estados Unidos, teve incio um movimento

    inicialmente denominado como Movimento Catlico Pentecostal (Machado,

    1996, p.46) e, posteriormente conhecido como Movimento Carismtico Catlico

    ou Renovao Carismtica.

    Esse movimento caracterizou-se por uma renovao dos ritos

    tradicionais e da mstica catlica, a Renovao Carismtica teria incio nos

    Estados Unidos, no ano de 1967, na cidade de Pittsburg, onde um grupo de

    catlicos, todos pessoas bastante envolvidas com a comunidade, passou a

    reunir-se com o objetivo de estudar e desenvolver dons carismticos,

    revalorizando a glossolalia, a profecia, a orao de intercesso dentre outros,

    o que inicialmente no foi bem aceito entre os padres da regio. O movimento

    cresceu e, medida que membros do grupo relataram terem vivenciado o

    Batismo no Esprito Santo, o movimento foi tomando maiores dimenses,

    chegando Europa e, em 1969, no Brasil.

    No Brasil, este movimento foi introduzido em 1969 por membros da prpria hierarquia catlica, (...) O ncleo central do movimento foi o Estado de So Paulo, mais precisamente a cidade de Campinas, onde dois padres jesutas, seguindo estratgias diferentes, comearam a enfatizar a leitura do Livro dos Apstolos e a busca do batismo de fogo organizando grupos de oraes e retiros de fim de semana denominados Experincias de Orao no Esprito Santo. (Machado, 1996, 48)

    O Movimento Carismtico, ao tomar fora no Brasil, recebeu apoio da

    Arquidiocese do Rio de Janeiro que, desde o incio, objetivou que se tomasse

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    38

    cuidado com os excessos e principalmente, demarcando as diferenas entre o

    Movimento Carismtico Catlico e o Movimento Pentecostal Protestante,

    pontuando tal diferena fortemente na devoo Virgem Maria e na Eucaristia,

    momento fundamental para o culto catlico como um todo.

    Em 1978, formou-se no Brasil, no Estado de So Paulo, inicialmente na

    cidade de Lorena e hoje sediada na cidade de Cachoeira Paulista a

    comunidade de evangelizao da Cano Nova, de orientao pautada na

    Renovao Carismtica. Em seus 29 anos de existncia a comunidade conta

    hoje com um sistema de rdio e de televiso, que transmite diariamente

    programao voltada ao pblico catlico, sendo a programao transmitida

    para pases como Portugal, Itlia, Israel, Estados Unidos e Frana.

    O Movimento Carismtico no deve ser compreendido como uma

    dissidncia (ao contrrio da Igreja Catlica Carismtica, que no de

    orientao romana, no pertencendo assim Igreja Catlica Apostlica

    Romana, sendo, portanto ela sim uma Igreja dissidente), mas como um

    movimento interno do catolicismo romano. Com relao natureza do

    movimento, afirma Machado:

    Os estudiosos da tendncia pentecostal no universo catlico apresentam dificuldades semelhantes (s daqueles que pesquisam sobre o pentecostalismo protestante). Os poucos estudos que contemplam o Movimento de Renovao Carismtica Catlico foram realizados por intelectuais pertencentes aos grupos progressistas daquela tradio religiosa (Oliveira, 1978; Benedetti, 1988), e suas anlises expressam o duplo esforo de distingui-lo dos movimentos da tradio protestante e de mostrar sua funcionalidade para a reproduo da hegemonia dos setores conservadores da hierarquia catlica. verdade que os autores reconhecem a origem ecumnica do movimento carismtico e as influncias evanglicas expressas no biblicismo, na crena nos dons do Esprito Santo, na espontaneidade e na emoo dos adeptos durante rituais e celebraes. No entanto preferem compar-lo com outros movimentos em curso na prpria Igreja Catlica, sobretudo nos setores mdios, e analisar sua relao com a estrutura institucional. Assim, identificam uma certa continuidade entre os Cursilhos de Cristandade, os Encontros de Casais com Cristo e a Renovao Carismtica, para conclurem que o Movimento de Renovao Carismtica Catlica se ajusta Igreja, no sendo, portanto um movimento de contestao hierarquia catlica. (Machado, 1996, p.52,53)

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    39

    UNIDADE 7 - O PROTESTANTISMO HOJE

    O protestantismo no Brasil distingue-se reconhecendo a existncia de

    diferentes denominaes, em funo de distines na orientao de diretrizes e

    vises da organizao da vida e da prtica religiosa. Basicamente, as religies

    denominadas evanglicas ou denominadas protestantes estariam divididas em

    trs ramificaes, conforme Brando:

    a) as denominaes de imigrao, que em boa medida, demogrfica e culturalmente, comportam-se como outras religies de minorias nacionais; b) as denominaes histricas, de ingresso posterior no pas e onde a influncia do trabalho conversionista de misses norteamericanas foi muito marcado (presbiterianos, congregacionistas, batistas, metodistas); c) as confisses pentecostais. (Brando, 1988, p.30)

    Sem dvidas, dentro do protestantismo, a maior fora que se pode

    observar em relao s denominaes evanglicas.

    Oriundo do movimento reformista do sculo XVI, o evangelicismo tem

    por objetivo a fidelidade ao evangelho, reconhecendo a necessidade do

    indivduo nascer de novo, para de fato alcanar a converso pessoal alm da

    orientao pela Bblia, como a nica base de f. No podendo, contudo, ser

    confundido com o fundamentalismo cristo, que pregava a interpretao literal

    do texto bblico, no permitindo o dilogo entre a teologia fundamentalista e as

    outras reas do conhecimento. No caso da teologia evanglica no assim,

    alm de permitir-se dialogar com as cincias, hoje, ela orienta o olhar e a

    metodologia de inmeras instituies de ensino no s no Brasil como tambm

    nos Estados Unidos.

    Mas, o fenmeno que mais chama a ateno hoje, no seio do

    protestantismo o crescimento do nmero de fiis das denominaes

    pentecostais e principalmente das neopentecostais em detrimentos daquelas

    de orientao protestante histrica. Com relao presena dos protestantes

    histricos hoje, no quadro brasileiro, temos que, de acordo com os dados

    apurados no ltimo senso, realizado no ano de 2000, 1.062.144 brasileiros

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    40

    declararam-se luteranos; j, com relao aos batistas, de acordo com a mesma

    apurao, corresponderiam a 3.162.700 brasileiros. Ainda entre fiis de igrejas

    protestantes histricas teramos os presbiterianos com 981.055 seguidores e

    os metodistas com 340.967 fiis. Ferreira analisa os nmeros expostos,

    demonstrando que:

    A somarmos o total de protestantes histricos, veremos que em 2000 representavam 5% da populao brasileira. Em 1980, os protestantes histricos representavam 3,4% da populao brasileira e em 1991, contavam com 3% do total da populao. A leve recuperao da tendncia declinante ainda um fenmeno a ser estudado. Todavia, duas hipteses parecem razoveis como explicao para a recuperao: a) aproximao das tcnicas pentecostais de proselitismo; b) as igrejas pentecostais recebem muitas adeses, mas parte de sua clientela migra para as igrejas do protestantismo histrico. ( Ferreira, 2006)

    Segundo o autor, enquanto os protestantes das denominaes histricas

    corresponderiam hoje a aproximadamente 5% da populao brasileira, os

    pentecostais representariam um nmero expressivamente maior: 10,6%. Esses

    nmeros, para Mendona, expressariam uma resposta da sociedade ao caos

    social em que nos encontramos hoje. Para Mendona,

    A sociedade brasileira - e no somente a sociedade brasileira, bem

    como o mundo contemporneo como um todo - seria hoje um mundo catico,

    que marginaliza cada vez mais as classes pobres e desorganiza a classe

    mdia. Nessa perspectiva, as religies tradicionais, como religio, teriam a

    funo de manter um universo fixo e previsvel, ligado a uma ordem social e

    familiar que no existe mais; ou seja, o autor cogita a hiptese de no estarem

    mais as religies tradicionais conseguindo comunicar-se com os homens do

    mundo de hoje, no atenderiam s angstias e necessidades dos homens de

    hoje; ao passo que as novas denominaes, de orientao neopentecostal -

    que se vale de meios extremamente atuais de comunicao e mesmo de um

    roteiro bastante prprio de preocupaes, como possesses ou influncias de

    maus espritos - por sua vez, estariam, com sua forma prpria de atuao, indo

    de encontro a determinadas necessidades e angstias da sociedade.

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    41

    UNIDADE 8 - EVANGLICOS E A POLTICA

    H muitos anos atrs, uma das imagens que o senso comum fazia dos

    protestantes era a de que esses no se interessavam por poltica. Contudo, o

    processo de redemocratizao do pas, bem como os resultados das ltimas

    eleies nos vm demonstrando que a realidade nem de longe se aproxima

    desta antiga imagem estereotipada.

    Em seu artigo Representantes de Deus em Braslia: A bancada

    evanglica na Constituinte, Antonio Flvio Pierucci, nos mostra de que

    maneira a comunidade evanglica se fez ouvir por meio de seus

    representantes na Assemblia Nacional Constituinte de 1987.

    Se antigamente as convices dos grupos evanglicos eram divulgadas

    em outros cenrios, a partir de 1987, o cenrio da poltica tambm passaria a

    ser palco das reivindicaes dessa comunidade diante da sociedade.

    Como coloca Prandi, h protestantes que no so ativistas polticos,

    contudo, na bancada evanglica que se formou quela poca, embora a

    imprensa os visse como um grupo conservador em funo da defesa de

    princpios morais e religiosos, a imprensa, segundo o autor, desde janeiro de

    1987, chamou a ateno para o nmero de parlamentares da bancada

    evanglica e para a sua vontade de atuar em conjunto, assim como para a sua

    principal bandeira: os bons costumes. havia um nmero de parlamentares

    evanglicos identificados com as teses populares e progressistas de

    transformao social e superao das desigualdades de classe.

    Pensando as religies no Brasil de hoje: Protestantismo e Ps-

    modernidade

    Segundo Sanchis, ao olharmos para o quadro que se delineia hoje no

    Brasil, em relao questo das religies, um primeiro fato que nos chama a

  • Site: www.ucamprominas.com.br

    E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (0xx31) 3865-1400

    Horrios de Atendimento: manh - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:15 as 18:00 horas

    42

    ateno o da ruptura da hegemonia, que perdurara at o incio do sculo XX,

    da religio catlica.

    Nas ltimas dcadas novos caminhos para organizao da vida religiosa

    das comunidades, novas denominaes, novas ticas assumidas, surgidas

    entre os prprios catlicos, permitiram o surgimento de novas instncias de

    referncia identitria, que, conforme Sanchis, reagrupa os indivduos em novas

    famlias de espritos, em torno de novas vises de mundo e etos

    institucionalizados, novas etiquetas religiosas coletivas e novos produtos

    dotados de poder espiritual consensual.

    Todavia, aponta ainda o autor que, talvez, esta mudana, to visvel

    hoje, no seja exatamente fruto apenas das ltimas dcadas, mas sim, fruto de

    um processo mais longo e mais profundo, que teria acompanhado o prprio

    transcorrer da modernidade. Dessa forma, para verificarmos e acompanharmos

    tal processo, dividimos a modernidade em trs momentos:

    Pr-moderno: vale dizer o tradicional; as mltiplas respostas, no necessariamente ordenadas conforme a nossa lgica, que uma sociedade elabora para tornar compatveis no mesmo espao e, possivelmente, no interior dos mesmos atores sociais, os sistemas simblicos que a histria leva a ali se encontrar ou se enfrentar. Um universo religioso fundamentalmente ritual (mgico-religioso como se diz); em consequncia, dominado pela obrigao, e imperfeitamente tico para nosso olhar contemporneo. Moderno: um nome para conot-lo: Kant. a representao ideal do indivduo portador de uma razo nica, de uma deciso soberana, que se exerce nos quadros de uma lgica universal. A conscincia transcendental no sentido precisamente moderno. Ps-moderno: uma construo ecltica mais ainda do que um verdadeiro sincretismo, que recorta os universos simblicos o do seu grupo e os alheios, todos igualmente virtuais, e multiplica as colagens, ao saber de uma criatividade idiossincrtica (idiossincrtica), radicalmente individual, mesmo se se articula em tribos de livre escolha. (Oro e Steil, 1997, p. 104 105)

    A ideia do autor em encontrar as razes para um pluralismo religioso, j

    no passado da cultura brasileira, deve-se ao fato de, ao analisarmos as

    formaes da cultura brasileira, em tudo se observa a presena do pluralismo,

    nessa perspectiva, no seria diferente com a religio, ainda mais, ao

    pensarmos