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Renata Aoki Kel REVISAo BIBLIOGRAFICA DA OSTEOARTROSE DA ATM Monografia apresentada 80 curso de especializaC;8o em Radiologia Odontologica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do Parana como requisito parcial a obtenC;80 de Htula de Especialisla em Radiologia Odontol6gica e Imaginologia, Orienladora: Dr. Paula de Moura. CURITIBA 2007

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Renata Aoki Kel

REVISAo BIBLIOGRAFICA DA OSTEOARTROSE DA ATM

Monografia apresentada 80 curso deespecializaC;8o em Radiologia Odontologica eImaginologia da Universidade Tuiuti do Paranacomo requisito parcial a obtenC;80 de Htula deEspecialisla em Radiologia Odontol6gica eImaginologia,Orienladora: Dr. Paula de Moura.

CURITIBA

2007

RESUMO

A osteoartrose destac8-se como sendo uma das formas mais comuns de artrite naarticula9ao temporomandibular (ATM). Eo caracterizada por uma deteriora9ao e perdaprogressiva da cartilagem articular, principalmente nas articula<;6es submetidas amicro trauma continuo. Pode permanecer assintomatica. Alem das altera90esdegenerativas. altera<;:oes inflamat6rias, estalidos, crepitaC;:8o, diminuiyao daamplitude articular e subluX8C;:80 podem ocorrer. Os aspectos radiograficosgeralmente considerados importantes no diagnostico de osteoartrose na ATM sao:espac;:o articular reduzido, osteofitas, erosao, perda de uma convexidade auconca vida de regular do contorno da articulaC;:8o, escleros€, cisto subcondral. Essasalterac;:6es nflO sao patognom6nicas. as diagnosticos diferenciais consideradosforam: artrite reumat6ide, artrite infecciosa e artrite traumatica. as objetivos a seremalcangados sao: realizar uma revisao bibliogratica da ATM, apresentar uma revisaoanatomica da ATM, conceituar suas caracteristicas clinicas e radiograticas, definir osprincipais diagnosticos diferenciais, evidenciar a terapeutica empregada no seutratamento. Par meio deste estudo, podemos considerar que a ATM par suacaracteristica anatomica e funcionalidade, pode ser acometida pel a osteoartrose. Aosteoartrose possui predilegao maior pelo genero feminino e idade superior aos 50anos, porem muitos autores enfatizam que pode ser observada em pacientes jovens.a tratamento da osteoartrose parte da premissa do prognostico favoravel e doconceito de reversibilidade.

Palavras-chave: articular;8o temporomandibular (ATM); alterar;oes degenerativas;osteoartrose.

ABSTRACT

Osteoarthrosis is one of the most common dysfunction of the temporomandibularjoint (TMJ). It represents deterioration and progressive decrease of articular cartilage,specially on those submitted to repetitive micro trauma. It can remain asymptomatic.Beyond degenerative changes, inflammation signs, clicking articular sounds, limitedopening mouth and derangement may appear. Radiographic signs to be consideredin the diagnosis of TMJ osteoarthrosis are: decrease of articular space, osteophytes,erosion and flattening of mandibular head; sclerosis, subcondral cysts. These signsare not pathognomonic. Differential diagnose include: rheumatoid arthritis, infectiousarthritis and traumatic arthritis. The goals to be achieved were bibliographic andanatomic reviewing of TMJ, appraise radiographies and clinics characteristics, definedifferential diagnose and appreciate therapeutics and treatment. According to thisstudy, we can assume that TMJ can be affected by osteoarthrosis because itsanatomic and functional characteristics. Osteoarthrosis affects women older than 50years but many author enphathize that it can occur in younger patients.Osteoarthrosis treatment proposes favorable results and reversibility concept.

Keywords: temporomandibular joint; degenerative changes; osteoarthrosis

SUMARIO

RESUMO v

ABSTRACT .

1 INTRODUCAO.. . .

1.1 OBJETIVOS .

.. Vl

8

2 REVISAO DE L1TERATURA ..

2.1 COMPREENDENDO A ATM

.. 10

.. 11

2.1.1 Estruturas 6sseas

....................................................................11

.................................... 13

2.1.2 Disco articular ...................... 14

2.1.3 Cartilagem articular 15

.. 16

.. 17

2.1.4 Capsula articular .

2.1.5 Ligamentos .

2.1.6 Revestimento 5inovial e liquido sinovial._ .. __.__ __ __.__ . 18

2.2 OSTEOARTROSE ..................................19

......................................................192.2.1 Conceitos e caracteristicas clinicas

2.2.2 Caracteristicas radiograficas . . 26

2.2.3 Caracteristicas laboratoriais .......................................... .31

322.2.4 Diagnosticos diferenciais

2.2.5 Artrite Reumat6ide 32

2.2.8 Tratamento ....

3 DISCUSSAO

4 CONSIDERACOES FINAlS

..34

......35

. 37

.39

2.2.6 Artrite Infecciosa

2.2.7 Artrite Traumatica

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

...49

..........50

1 INTRODUC;:AO

A articula9ao temporomandibular (ATM) caracteriza-se por unir estruluras

fixas da base do crania com urn osso m6ver, que S8 desloca em sincronia com uma

articula,8o identica e simetrica. Conforme Ten Cale (2001), e considerada uma

articulac;:aosinovial que geralmente permite movimentos significativQs, dois DSSOS

sao unidos e circundados par uma capsula e desse modo criam uma cavidade

articular. Porem de acordo com Robbins et al. (1989) nesla articula9ao poden;

ocorrer nesta articula<;8o alterac;6es degenerativas, alterar.;:oes inflamat6rias,

estalidos, crepita,8o, diminui,8o da amplilude articular e subluxa9ao.

o dominic da etiologia dos problemas nas ATMs deve ter como base a

compreensao dos diversos fatares que podem afeta-Ia isoladamente au combinadas.

Maciel (1998) afirmou a respeito das doen9as degenerativas como processos

destrutivos que alteram a forma das cabec;:as da mandibula e cavidade articular

quando a capacidade de remodelac;ao do osso torna-S8 incontrolavel, assim como

acorre nos cases de osteoartrose. comumente chamada de osteoartrite.

Luz (1995) caracterizou a osteoartrose como uma artropatia originaria das

superficies articulares e que envolve secundariamente a osso subjacente. sendo

relativamente frequenle na ATM.

o diagn6stico preventivo da osteoartrose e dificil. porem alguns achados

radiograficos podem ser considerados tipicos e servirao de alerta para um exame

mais detalhado e par conseq(h§ncia uma interven~aa adiantada. Zarb;

Carlsson(2000) e Oliveira et al. (2002) associam a patologia a um progn6stico

favoravel.

o fator de decisao com relac;ao a escolha da patologia, osteoartrose, esta

relacionado as seguintes caracteristicas: dificuldade de diagn6stico, acometimento

relacionado nao somente a individuos idosos, capacidade de que atraves de um

metoda radiografico bem realizado da ATM ser capaz de auxiliar no diagnostico.

Atraves deste estudo de revisao bibliografica visamos destacar a importancia

do estudo da ATM, correlacionando achados anatomicos da mesma com a patologia

da osteoartrose, em seu aspecto conceitual, clinico e radiografico.

1.10BJETIVOS

1.1.1 OBJETIVO GERAL

Realizar uma revisao bibliografica da osteoartrose da ATM.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Apresentar uma revisao anatomica da ATM.

Conceituar osteoartros8, suas caracteristicas clinicas e radiograficas.

Definir as principais diagnosticos diferenciais.

Evidenciar a terapeutica empregada no seu tratamento.

10

11

2 REVISAO DE L1TERATURA

2.1 GOMPREENDENDO A ATM

Gonforme Ash; Ramfjord (1996) a Articula,ao Temporomandibular (ATM) euma articula,ao sinovial com duas cabe,as da mandibula e biaxial. Realiza os

movimentos de rot8980, transla980 de forma que as impulsos a partir dessas

articula90es ao Sistema Nervoso Central requerem uma integrac;:ao que e de alguma

forma diferente de Qutras articula<;:oes.

Mongini (1998) afirmou que a ATM e uma articula,ao sinovial que consiste

de cabe98 da mandibula, cavidade articular, eminencia articular, disco articular e

capsula com ligamentos de refor90. Uma articulay80 sinovial geralmente passui uma

grande amplitude de movimento. Na articularyao sinovial, as superficies articulares

dos ossos sao protegidas par uma cartilagem. Urn tecida fibrosa muito resistente

recobre a area em que os ossos S8 encontram, formando a capsula articular. Os

ligamentos, que tambem sao feitos de tecido fibroso muito resistente, ajudam a

manter a estabilidade da articula,ao. Esses ligamentos pod em ser parte da capsula

articular, estando dentro ou fora dessa capsula. Area dentro dessa capsula articular

e chamada de cavidade articular e esta repleto de um fluido chamado liquido

sinovial au sinovia. alguns exemplos de articula(fao sinovial incluem os joelhos, a

coxofemoral e a articula,ao temporo-mandibular (que une 0 cranio e a mandibula).

Segundo Ten Gate (2001) na ATM os ossos envolvidos sao a mandibula e 0

lemporal, sendo a articula,ao, portanto exclusiva dos mamiferos. As articula,oes

embora anatomicamente distintas funcionam em conjunto, nao sendo possivel a

realiza(fao de movimentos independentes. E considerada uma articula(f90 sinovial

que geralmente permite movimentos significalivos, dois ossos (ambos com uma

12

superficie articular recoberta par cartilagem hialina) sao unidos e circundados par

urna capsula e desse modo eriam urna cavidade articular. Tal cavidade cheia de

liquido sinovial e farmada par urna membrana sinovial que reveste as superficies

nao articulares. Esta cavidade podera ser dividida per um disco articular. Varias

ligamentos sao associ ados para fortalece-Ias e controlar as movimentos excessivos.

Os movimentos sao iniciados e efetuados par musculos que trabalham em conjunto

de forma altarnente coordenada.

Stechman Neto et al. (2002) entendem a ATM como uma articulagao

particular, pois e urna articulayc30 dupla ande um OS$O, a mandibula. 0 unieD que S8

mobiliza, articula-se com dois ossos (porgao escamosa do osso temporal)

interpostos par urna fibrocartilagem que faz as vezes de um Dutro OSSO, mas e rica

em proprioceptores e tem uma grande capacidade de adaptagao, como visto

anteriormente, devido a sua composiC;80 quimic8, ende as assos sao revestidos por

uma camada de tecido fibrosa, deferente da malaria das outras articulac;6es, que

sao revestidas par cartilagem hialina.

Conforme Learreta (2004) a ATM e formada por elementos constitutivos do

osso temporal e pela mandibula, as quais S8 originam de elementos embrionarios

distintos. Caracteriza-se por unir estruturas fixas da base do crania com urn 0550

m6vel, que S8 desloca em sincronia com uma articulaC;8o identica e simetric8. Como

toda articula9~10 sinovial a superficie 6ssea e recoberta por cartilagem e tecido

sinovial. 0 fiuido sinovial e 0 responsavel pela nutrigao da cartilagem. Contudo

diferente dos outros tipos de articulagao sinovial a cartilagem da ATM nao e

gelatinosa e sim fibrosa. A espessura da cartilagem varia de acordo com os

diferentes locals e e maior nos aspectos anteriores e supero-anteriores das cabec;as

da mandibula e nos aspectos posterior e inferior da eminencia articular.

13

2.1.1 Estruturas 6sseas

Leandro; Nunes (2000) afirmaram que a fossa mandibular normalmente

acompanha a forma da cabey8 da mandibula, tamanda uma forma concava como

urn wS", mas as seus Iimites anatomicos podem ser bern delimitados. Na parte

anterior, esta limitada pela eminencia articular; a parte posterior, localizada na regiao

posterior e medial do areD zigomaticQ, na paryao escamosa do osso temporal, alem

de S8r bastante fina, abriga a placa timpanica (nao-articular), ende na fissura

petrotimpanica inserem-se fibras elasticas que vern da parte posterior do disco

articular.

Learreta (2004) afirma que as superficies 6sseas estao representadas pela

cavidade articular do 0$50 temporal e pela eminencia articular pelas cabey8s da

mandibul8. As cabey8s da mandibula e a eminencia articular consistem de osso

esponjoso recoberto por osso compacto. A cavidade articular somente na pon;ao

mais profunda ha uma cam ada relativamente fina de osso compacto, porem nas

superficies mesiais e superior he um refon;o da piramide da escama do osso

temporal, 0 que dificulta a penetra,ao das cabe,as da mandibula e fratura nessas

regi6es. Vale ressaltar que a poryao correspondente ao osso temporal adquire sua

forma sigm6ide associada a apariyao das pecas dentarias. Isto ocorre aos 5 anos de

idade e assim a forma da ATM recorda as estruturas do adulto. Ja no sentido frontal,

pelo contrario a cavidade articular sempre esta em paralelismo com 0 conduto

auditivo, mas isto nao significa simetria de situac;ao de ambas as cabec;as da

mandibula e sim poderemos encontrar distintas angulac;oes em urn mesmo paciente.

14

2.1.2 Disco articular

Conforme Leandro; Nunes (2000) 0 disco articular esta interposto entre a

caber;8 da mandibula, onde S8 prende fortemente nos p610s media is e latera is

atraves de ligamentos discais, e a cavidade articular. E uma estrutura biconcava de

tecido cartilaginoso dense (fibrocartilagem), com sua por\,ao central bem delgada

(1mm), avascular, circundada pela sua por\,ao periferica mais espessa (2 a 3mm),

inervada e vascularizada - capsula articular. A borda anterior do disco fusiona-se

tambem com fibras da paryao superior do musculo pterig6ideo lateral, e

posteriormente a fusao com a capsula e intermediada com uma camada de tecido

conjuntivo frouxo, rico em fibras elasticas, bastante vascularizada e inervada,

conhecida com zona bilaminar. Sua parte superior contem elementos elasticos e

esta fixada na parte posterior da cavidade articular, e a parte inferior, fibrosa, insere-

S8 na borda inferior do c6ndilo da mandibula. A regiao inferior da zona bilaminar,

junta-se, pelo lado posterior, urn amortecedor de gordura e tecido conjuntivo rico em

vasos. 0 plexo vascular. que amortece, como um sistema hidropneumatico. as

mudan9as de posi9ao do disco em movimentos da mandibula. equilibrando

altera\,oes de volume desse espa\,o nos diferentes movimentos mandibulares.

Estudos recentes sugerem que esta parte posterior, bastante invervada e

vascularizada, desempenha importante papel no crescimenta da ATM, nao

desempenhando 0 mesma papel no envelhecimento. 0 disco articular normal mente

nao contem grandes quantidades de celulas de cartilagens ou de tecido calcificado e

torna-se cada vez menos celular com 0 envelhecimento. Fun90es inerentes a ele,

tais como: distribuir cargas; proteger a cartilagem articular e 0 osso subcondral das

pressoes; lubrificar a articula980 (liquido sinovial); permitir e facilitar os movimentos

da cabe\,a da mandibula; amortecedor. Alem do exposto, 0 disco articular divide a

15

articulay80 em dais compartimentos: urn superior, entre 0 disco e a fossa

mandibular, e urn inferior, entre 0 disco e a cabey8 da mandibula.

Para Learreta (2004) 0 disco articular permanece entre as superficies

articulares das cabey8s da mandibula e OSso temporal. E urn complexo de estrutura

fibrocartilaginosa com fibras colagenas firmemente compactadas e fibras elasticas

finas ramificadas. Sua pon;ao posterior e espessa e concava para baixo, a paryao

media e relativamente fina e a paryao anterior e mais espessa do que a pon;ao

media e e concava para cima. Nao apresenta vasas sangufneos nern fibras

nervosas, porem ha abundancia de termina90es nervosas proprioceptivas e

nociceptivas na capsula articular e disco articular. 0 disco articular esta conectado a

capsula articular por insen;:6es laterais e posterior, dividindo assim 0 espa~o articular

em compartirnentos superior e inferior. As inser~6es posteriores sao ricamente

inervadas e vascularizadas e 0 sangue arterial e fornecido atraves das arterias

temporais superficials e as maxilares. A capsula articular e constituida de tecido

fibroso. POSSU! quatro paredes: anterior, lateral, medial e posterior. A parede anterior

e menos definida e cruzada por algumas fibras do musculo pterig6ideo lateral. A

parede posterior corre da fissura escamo-timpanica para a superficie posterior do

colo da cabe~a da mandibula no qual se insere imediatamente embaixo da camada

inferior da inser~ao posterior.

2.1.3 Cartilagem articular

Leandro; Nunes (2000) afirmam que diferente de outras articula,oes do

corpo humano, esse tecida que recabre as estruturas 6sseas nao e composto de

cartilagem hialina, mas de urn tecido fibrosa que consiste basicamente em uma zona

proliferativa de celulas reprodutoras que funcionam como progenitoras, fornecendo

16

celulas para a cartilagem de crescimento. Tais celulas se transformam em

condroblastos e elaboram a matriz extracelular da cartilagem, que consiste nos

proteoglicanos e no cOlageno tipo II. Sirnultaneamente, ha urn aumento de tamanho

dos condroblastos. Depois de produzia a m~triz, ocorre ossificay8o endocondral, que

envolve mineralizaC;:8o da cartilagem, invasao vascular, perda de condrocitos e

diferenciaC;8o dos osteoblastos para produzir 0$50 na estrutura cartilaginosa

mineralizada. As fibras que contem a cartilagem articular sao firmemente arranjadas

e capazes de suportar as foryas do movimento mandibular, possuindo urna

capacidade de reparo muito maior do que a da cartilagem hialina, sendo ainda

menes suscetiveis aos sinais de envelhecimento.

Para Madeira (2001) a cartilagem articular e diferente de outras articula,oes

sinoviais, a articula~ao temporal e da cabe~a da mandibula e coberta por cartilagem

fibrosa (principalmente colageno e poucos condr6citos) e nao por cartilagem hialina.

Ambas as camadas fibrosas tern espessuras variaveis, segundo 0 local que cobrem.

Sao particularmente espessas na vertente anterior da cabe~a da mandibula e na

vertente posterior da eminencia articular. Funcionalmente essas sao as areas mais

proeminentes, poiS sao estes os locals de impacto desta articula~ao e a quantidade

de fibrocartilagem resiste melhor a este impacto. No fundo da cavidade a cartilagem

fibrosa e muito delgada, sendo assim a cabe~a da mandibula nao exerce for~a

diretamente na cavidade articular.

2.1.4 Capsula articular

Conforme Madeira (2001) a ATM e circundada per uma capsula fibrosa

bastante frouxa, fundamentalmente na posi~ao superior, que permite os amplos

movimentos da artieula,ao. Prende-se aeima nos limites da face articular do

17

temporal e abaixo do colo da cabeC;8 da mandibula. Esta e bern inervada e sua

inervaC;8o sensitiva, que inclui a proprioceptiva, relaciona-se com as nervos auriculo-

temporal, masseterico e temporal profunda posterior. Sua vasculariz8C;8o tambem

abundante, arteria temporal superficial e tambem arteria timpanica anterior que

supre as tecidos retrodiscais, estende-se ate a periferia do disco articular,

principalmente a membrana sinovial, mas nunca sua paryao central.

De acordo com Learreta (2004), esta tem sido motivo de discussao nos

ultimos anos. Pois conforme com as conhecimentos atuais, podemos considerar

esta capsula como uma superposig8o de ligamentos e nao como urna verdadeira

capsula.

2.1.5 Ligamentos

Canforme Learreta (2004), podemos c1assificar as ligamentos articulares

como intracapsulares e extracapsulares. Os ligamentas intracapsulares sao dois

ligamentos que se estendem desde a disco articular ate a cabe,a da mandibula, a

partir das vertentes internas e externas. Sua fun<;:aoe a de estabelecer uma rela<;:ao

entre a disco e a cabe<;:a da mandibula durante os movimentos mandibulares.

Dividido em ligamenta disco-cabe<;:a da mandibula externa e 0 mais delgado e 0 que

mais sofre danos e 0 disca-cabe<;:a da mandibula interne e 0 mais espesso dos dois.

Ambos os ligamentos constituem a trava lateral do compartimento da cabe<;:a da

mandibula da articula<;:ao, sendo a ruptura e qualquer um deles um grave dano ao

equilibrio hidraulico da mesma. Ja os ligamentos extra-articulares sao aqueles que

por superposi<;:ao configuram a estrutura da "capsula". Essas fibras encontram-se

inseridas em sua pon;:ao superior, em todo 0 contorno da superficie articular do 0550

temporal. Sua inser,80 inferior encontra-se situada no colo da cabe,a da mandibula.

18

2.1.6 Revestimento sinovial e liquido sinovial

De acordo com Leandro; Nunes (2000), 0 fluido sinovial representa

basicamente urn dialisado de plasma sangOineo produzido par celulas que recobrem

as superficies articulares, chamadas celulas sinoviais (membrana sinovial),

caracterizada par elevadas taxas metabolicas e capacidades regenerativa,

proliferativa e secretora de substancias que agregam 0 liquida sinovial. As celulas

sinoviais controlam nao somente a qualidade, mas tarnbam a quantidade de liquido

sinovial. A quantidade de liquido sinovial e bastante exigua, 56 aumentando em

cases de processDS inflamatorios (sinovite). Como as superficies articulares sao

avasculares, 0 fluido sinovial age como urn meio de proves as necessidades

metab61icas desses tecidos. 0 fluido sinovial tambem age como lubrificante das

superficies articulares atraves de dois mecanismos basicos: a lubrificac;ao periferica,

que ocorre quando a articulac;ao se move e 0 fluido sinovial e forc;ado de uma area

de cavidade contra a outra, e a lubrificac;ao saturada, na qual, durante a func;ao

mandibular, for9as nao geradas, levando uma pequena quantidade de liquido

sinovial para fora e para dentro dos tecidos. Forc;as compressivas prolongadas

pod em esgotar esta fonte de lubrifica9ao com 0 passar dos anos.

Para Learreta (2004), a ATM e uma articulayao que se caracteriza por

manter a pressao hidraulica intra-articular por meio da tens80 osmotica das

proteinas que se encontram em seu interior. Apresenta dessa forma urn

revestimento interno chamado de revestimento sinovial, que desempenha duas

func;6es fundamentais. A funy80 de reveslimento e a de formac;ao do liquido sinovial.

As paredes internas da articulac;ao acham-se recobertas par uma fina capsula

celular, descrita c1assicamente como uma delgada capa fibroblastica, que permite a

passagem de nutrientes das camadas mais profundas do tecido osseo e

19

cartilaginoso. 0 Jiquido sinovial apresenta tambem celulas Ilvres, cuja quantidade e

caracteristica variam segundo 0 individuo e segundo 0 estado da articulac;:ao.

Atualmente considera-sa que a pressao intra-articular produz les6es no revestimento

sinovial, que geram exsudato de fibrina, dando origem ao primeiro estilgio da

forma,ao de aderencias discais.

2.2 OSTEOARTROSE

2.2.1 Conceitos e caracteristicas clinicas

Chaves (1965), Weimberg (1973) e Okenson (1992) jil alertavam que a

sintomatologia das desordens articulares esta presente em uma propon;ao

relativamente alta da populac;:ao. Apesar da divergemcia relatada pela diversidade

etiol6gica, a maio ria dos disturbios apresenta sinais e sintomas classicos,

desencadeados pelos movimentos mandibulares, tais como: dar e sensibilidade nos

museu los da mastigac;ao e ou na ATM, desvios e rufdos articulares e limita90es dos

movimentos.

Robbins et al. (1989); Zegarelli et al. (1982) eonsideram a osteoartrose uma

doen9a que pode permanecer assintom;Mica, apresentando-se inicialmente como um

ligeiro desconforto au rigidez transit6ria na regiao da articula9ao durante a

mastiga9EtO au pela manha ao acordar, cessando ao se iniciar a movimento e

retornando ao fim do dia au com atividades excessivas das articula90es. 0 paciente

pode apresentar dor pre-auricular, com irradia9ao para a tempora e angulo de

mandibula, assim como espasmo muscular persistente, intensificado pelo estresse

emocional. Alem das altera,oes degenerativas, altera,oes infiamat6rias, estalidos,

crepita9ao, diminui,ao da amplitude articular e subluxa,ao podem oeorrer.

20

Frequentemente a condiy8o e unilateral. No entanto, 0 lado oposto pode S8r

envolvido, vitima de sobrecargas funcionais nas ATMs.

De Bont et al. (1985) afirmaram que a osteoartrose e um processo

degenerativQ, nao inflamatorio. A idade nao e urn fator determinante, mas sim

predisponente da degeneral(80 artr6sica. Inicialmente 0 processo degenerativQ naD

esta na superficie articular, mas no teeide subjacente no qual sao observado

aumento do conteudo de agua e altera90es da estrutura das fibras colagenas e de

sua orientac;c3o. Conforme 0 processo S8 agrava sao observadas alterac;:oes

macroscopicas com perda de substancias e interrupc;oes da superficie articular que

S8 tornam progressivamente irregulares e as tecidos subjacentes estao alterados por

formac;oes de fissuras horizontais e verticais. Isso produz adelga9amento da

cartilagem articular com desnudamento do osso subjacente. As lesoes 6sseas sao

caracterizadas par destrui9aO progressiva e fibrose da medula 6ssea. Estudos tem

mostrado que altera90es artr6sicas podem, pelo menos em parte, recuperarem-se

apos a restabelecimento de condi90es bioquimicas mais acertadas.

Conforme Robbins et al. (1989) a osteoartrose e a forma mais comum de

artrite na ATM. Caracteriza-se por deteriora9ao e perda progressiva da cartilagem

articular, principal mente nas articula~6es submetidas a micro trauma continuo.

No estudo de Mercado; Faulkener (1991) os cinco fatores que tiveram um

efeito significativo no desenvolvimento da disfun9ao da ATM sao: idade do paciente,

habitos parafuncionais. dirnensao vertical diminuida, oclusao e trauma extrinseco.

Conforme Luz (1995), a osteoartrose e uma doen,a comum das articula,oes

que suportam peso como joelhos e coluna vertebral, sendo relativamente freqOente

na ATM. Casuisticas recentes tern revelado ocorrencia rna is freqOente em individuos

21

jovens. A sintomatologia pode variar desde sintomas ate alterac;oes funcionais. E

freqOente 0 envolvimento do disco articular.

Maciel (1998) considera as doen~as degenerativas como resuitadas de

condic;:oes sistemicas predisponentes, como par exemplo, nlveis minerais do osso,

fatores hereditarios, associadas as pesadas cargas nas articula~6es. A regiao

afetada apresenta-se frequentemente dolorida, com a fun,ao restringida e ruidos

podem ser notados (barulho de crepita,ao). A osteoartrose e uma doen,a nao

inflamat6rias encontradas com certa frequencia nas pon;6es latera is, anterior e

superior das cabeyas da mandibula.

Ash; Ramfjord (1999), Zarb; Carlsson (2000), Neville (2004), Netto; Gomes

(2004), afirmaram com relaC;8o aos sinais e os sintomas cHnicos relatados na

Dsteoartrose da ATM incluem dar au rigidez na face e na mandibula, dar ao abrir a

boca e durante a mastigaC;8o, incapacidade de abrir muito a boca, travamento au

restriCY80 da mandfbula e roido articular. ~ importante ressaltar que eles quase que

invariavelmente ocorrem unilateral mente, os sintomas parecem piorar a mediad a

que 0 tempo vai passando, a dar e na pr6pria articulac;ao, a crepitac;ao (distinta do

estalido) esta presente, a evidencia radiogratica e freqOente. A articula,ao afetada

pode tornar-se entumescida e quente ao toque, raramente com eritema da pele

subjacente. A dor e a rigidez provavelmente sao devidas a uma inflamac;ao

secunda ria do tecido capsular e a crepitayEio e diferente do estalido, pois e urn som

de rangido e tritura9aO, que pode ser ouvido durante a abertura da boca, porem e

mais frequente durante os movimentos mandibulares de lateralidade.

Ash; Ramfjord (1999) caracterizam a osteoartrose como uma doen,a

articular degenerativa, sendo uma forma comum de desordem e que ap6s os 70

anos de idade algum grau de degenera~ao est'; presente em articula,oes sujeitas a

22

carga. A etiologia da desordem e desconhecida. Quando a ATM e envolvida h<i

mudanc;as artriticas unilaterais em mais de 50% dos pacientes. 0 sintoma eUnico

predominante da osteoartrose e dor articular, a qual pode estar presente com ou

sem funyao. Crepitayao e freqUente.

Zarb; Carlsson (2000) sugeriram que 0 termo osteoartrite fosse usado para

desordens com sintomas clinicos e osteoartrose para as condic;oes mais

assintomaticas. A partir desta afirmac;ao a osteoartrose e fundamentalmente uma

doenC;:8 naD inflamatoria das articulac;6esm6veis. E a doenya da cartilagem articular

que geralmente produz sintomas em articula<;oes isoladas do carpa, incluindo as

articulac;oes temporomandibulares. 0 processo da doeny8 e caracterizado pel a

deterioray8o e abrasao da cartilagem articular e das superficies dos tecidos moles, e

a ocorrencia do espessamento e da remodelayao do osso subjacente e a formac;ao

de projeyoes marginais e cistos subarticulares podendo ser acompanhadas pela

sobreposic;aode altera90es inflamat6rias secundarias que podem causar sintoma. A

osteoartrose foi considerada como progressiva, uma vez que tenha se tornado

clinicamente sintomatica. No entanto, achados mais recentes ap6iam 0 conceito de

reversibilidade e quanto antes 0 tratamento for iniciado, mais eficaz ele sera. A

ocorrencia da osteoartrose e mais frequente e generalizada nas mulheres do que

nos homens, mas esta diferenc;a nao e evidente antes dos cinquenta anos de idade.

Vale ressaltar que os relatos da prevalencia de osteoartrose na articulac;ao

temporomandibular tendem a ser confusos, ja que esses pacientes nao sao

diferentes dos pacientes com outras desordens temporomandibulares, em relac;ao

aos sintomas subjetivos. Alguns fatores que agem isoladamente ou em combina9ao,

para pre dispor a ATM a osteoartrose sao: diferenyas na morfologia das cabeyas da

mandibula, a mal oclusao, as discrepilncias oclusais, os h<ibitos de mastigayao,

23

edentualismo parcial, e a parafunt;ao sao geralmente indicados como culpados.

Porem nao S8 pode declarar que os fatores biomecanicos sejam causais e sim a

interac;aode fatores geneticos e mecanicos. Considerando 0 bruxismo a longo prazo

e desgaste oelusal extenso, muitos individuos com bruxismo naD possuem sinais de

degenera,ao nas articula,oes.

De acordo com American Pain SOciety(2002) apud Serrano (2003) p. 271, a

osteoartrose au artrite degenerativa e a forma mais comum de artrite no mundo e a

causa mais freqOente de morbidade e limitac;ao no paciente idosa. A osteoartrite

pode tambem ocorrer em individuos jovens ap6s lesces au esfon;;:orepetitivD. Mais

de 80% dos individuos maio res de 50 anos apresentam suas evidencias

radiograficas.

Stechman Neto et al (2002) afirmaram em seu estudo que durante 0

processo de envelhecimento biol6gico, todas as estruturas componentes do

individuo sofrem processo de envelhecimento, ocorrendo altera90es nas estruturas

6sseas, nas articulayoes, nos tendoes, nos musculos e nas varias regioes do

organismo. Nas articulayoes propriamente ditas, ocorrem processos degenerativos

da cartilagem articular, que vem gradativamente perdendo suas propriedades de

elasticidade e sua capacidade de resistir a deformayc3o, surgindo as artropatias

como: artrites degenerativas; osteoartrose e osteoartrite; hiperostose esqueletica

idiopatica difusa; artrite reumat6ide; artrites microcristalinas; poliartrites entre outras.

Neville et al (2004) caracterizaram a osteoartrose como uma alterayc30

degenerativa e destrutiva comum nas articulayoes que ate recentemente era

considerada 0 resultado inevitavel do uso e desgaste das estruturas anat6micas

envelhecidas. Atualmente os estudos indicam a participay80 de um componente

inflamatorio, especialmente nas pequenas articuia,oes, como a ATM. Eo considerada

24

como inevitavel, pois quase todos aeirna de cinqGenta anos de idade sao afetados

de algum modo, pon§m ainda que a osteoartrose seja definitivamente urn problema

da idade, pesquisas recente tambem identificaram em pessoas jovens. A ATM e

menos atingida que as articula96es que 5uportam pesos majores. A explic89ao com

rela<;aoao aparecimento em idades avan<;adas,esta no fato da diminui<;aoe perda

total da reposiyc30 de condroblastos e condr6citos nas cartilagens articulares. A

matriz cartilaginosa (fibrocartilagem) renova-se menos rapidamente, levando as

fibras disponiveis a trabalharem par mais tempo e tornarem susceptiveis a fadiga. A

matriz retem menos agua, tornando-se S8ca e quebradi9a, em parte porque 0 fluxo

sanguineo medular subjacente diminui, proporcionando nutril):c3o inadequada. Com 0

usa continuo da articulay8o, as fibras superficiais S8 partem e pon;oes de cartilagem

hialina ou fibrocartilagem sao destruidas.

Segundo Oliveira et al (2002) 0 termo osteoartrose e 0 preferido pelos

pesquisadores que defendem que esta e uma candic;ao degenerativa da articulac;ao,

praticamente sem caracteristicas de inflamac;ao. Entretanto, elas podem apresentar

evidencias 6bvias de alterac;oes inflamat6rias secundarias que podem causar

sintomas. Tem side encontrada em todas as populac;oes independente da etnia au

10calizaC;ao geografica. Em qualquer populaC;80 acima de 35 anos a doen<;a estara

presente em urn ou dois individuos de cada tres. E chamada de doenc;a de desgaste

pelo uso. A incidencia e maior no sexo feminino do que no masculino e com 0

aumento da idade a proporc;ao tende a diminuir bastante. A etiologia nao esta

esclarecida, mas inclui fatores locais e sistemicos. Pode-se citar como fatores

etial6gicos 0 estresse repetitiv~, parafunc;oes (apertamento, bruxismo), mastigac;ao

unilateral, perda da oclusao funcional, disfunc;ao de disco articular, entre outros.

25

Conforme Serrano (2003) a osteoartrose resulta de urn processo anormal

entre a destrui9BO cartilaginosa e sua reparac;:8o. A cartilagem articular e urn tipo

especial de tecido que reveste a extremidade de dais ossos justapostos, os quais

possuem algum grau de movimentaC;Bo entre 5i, como os joelhos, tornozelos, dedo

(maos e pes), quadril, vertebras da coluna, ombros, cotovelos, mandibulas, entre

Qutros. A funC;:Bo do tecido cartilaginoso e a reduy90 do atrito das superficies 6sseas

envolvidas no movimento, funcionando como mecanisme de abson;ao de cheques,

quando submetido a lorcas de pressao (como quadril, joelho, tornozelo, pel ou de

traC;:8o, como nos membros superiores. Contudo, para que 0 movimento de atrito

entre dais ossos seja reduzido, Qutras estruturas tambem fazem parte da

articulaC;:8o, como 0 liquido sinovial (Iubrificante da articulac;:ao) e os ligamentos, que

contribuem para manter as articula90es unidas e estaveis. A dar e uma

manifestac;:ao muito comum na osteoartrite, assim como a rigidez articular e a

diminuic;ao da mobilidade da articulac;:ao, piorando com a atividade ffsica e

melhorando ao repouso. Em fases mais iniciais, a paciente pode queixa-se de dor

logo ap6s 0 repouso. Outras vezes, pode ocorrer rigidez articular especial mente pela

manha ou ap6s atividades prolongadas, acompanhada de dor. Muitos pacientes

relatam uma sensayc30 desagradavel de "tritura9c30" da articulayc3o, com crepitayc30

articular ao movimento e, as vezes, perda de forca durante a deambulayao. 0

aumento de voluma articular contribui para a deformidade articular. perpetuando a

estimulac;:ao dolorosa da regiao, levando 0 paciente a uma incapacidade funcional

cada vez mais acentuada.

Para Netto; Gomes (2004) a desordem temporomandibular (DTM) e um

conjunto de distUrbios que envolvem a musculatura da mastigac;:ao, a articulag80

temporomandibular (ATM) e/ou estruturas associadas, caracterizado por mialgia,

26

ariralgia, ruidos articulares, cefaleia, Iimitay80 de abertura bueal, entre Qutros. A

prevalencia de DTM na popula,ao e de 50 a 60%, acometendo principal mente

mulheres, sendo sua etiologia multifatorial, envolvendo fatores morfofuncionais

(maloclusao e habitos parafuncionais), psicol6gicos (tensElo), doeny8s sistemicas e

traumatismos. A ATM e susceptivel a uma variedade de doenC;:8s sistemicas

articulares, incluindo osteoartrose, psoriase, espondilite anquilosante, artrite

reumat6ide, entre Qutras.

Mendes; Guimaraes (2004) afirmaram a respeito do bruxismo a etiologia

multifatorial que inclui fatores oclusais, emocionais, oGupacionais, hereditarios, e

disturbio dos neurotransmissores cerebrais. A sobrecarga gerada par esta funC;:8o ecapaz de levar a altera,oes osseas degenerativas na ATM. Alguns estudos

ressaltam que a sobrecarga na articulaC;:8o e a maior causa na degrada9so da

cartilagem, anormalidades biomecanicas e desordens intrarticulares, sendo que a

bruxismo e apertamento estso relacionados com altera90es 6sseas nas cabe9as da

mandibula e deslocamento de disco. Estas atividades parafuncionais, como a habito

de ranger os dentes, apertar, sao geralmente mencionadas como co-fatores

importantes na etiologia das desordens temporomandibulares. Em rela,ao a idade

os autores relacionam a comum apresenta9ao de altera90es 6sseas degenerativas e

osteoartrose na ATM nas idades mais avan9adas, nao sendo incomum 0

aparecimento em pessoas mais jovens estando sempre associado a um fator

principal que e a repetitiva sobrecarga nas articula90es.

2.2.2 Caracteristicas radiograficas

Larhein (1981) apud Berni Neto (2003) p. 81, realizou estudo em que

comparou imagens obtidas de radiografias convencionais, panoramicas e tomografia

27

lateral de ATM em pacientes portadores de artrite reumatoide juvenil, e observou

que as les6es destrutivas da cabe~a da mandibula e cavidade articular do OS SO

temporal foram melhor constatadas na tomografia enquanto que a artrose e

esclerose da cavidade articular foi melher observada nas radiografias convencionais.

Ele recomenda a associaC;8o de tecnicas, au seja, metod os convencionais com

tomografia para diagnosticar anormalidades artriticas da ATM em criany8s e salienta

que no case de ser passive I utilizar somente urna tecnica radiogr8fica para 0 exame

da ATM a tomografia lateral devera ser 0 metoda de escolha.

De acordo com Chaves (1965) e Santos (2003), a exame radiogr8fico pela

tecnica transcraniana para avalia9ilo da ATM e considerado de fundamental

importancia par permitir 0 acompanhamento de urn processo patologico a longo

prazo, decorrente da possibilidade de tomadas seriadas, sendo possivel observar

pequenas alterayoes na posiyao oclusal da mandibula e na superficie articular da

cabe9a da mandibula.

Conforme De Bont (1985), as altera90es degenerativas da osteoartrose

apresentam as seguintes caracteristicas radiograficas: deformidades do contorno

osseo como osteofitos, esclerose e erosoes; cavidades pseudocisticas subcondrais.

Robbins et al. (1989); Zegarelli et al. (1982) consideram que uma das

primeiras manifestac;oes da osteoartrose e a presenc;a de protrusoes osseas

arredondadas indolores nas margens das articula90es interialangianas distais,

multiplas e bilaterais (nodulos de Heberden), ocorrendo em maior frequemcia em

mulheres. Os exames radiograficos de rotina tem pouco valor diagnostico, uma vez

que pequenas alterac;oes osseas nao sao visiveis. Nao existe qualquer meio

satisfatorio para prevenir esta condiC;ao nem qualquer metodo conhecido para

bloquear sua progressao. Pode estabilizar-se par anos au progredir lentamente.

28

Segundo Muir; Goss (1990) os aspectos radiogr<ificos geralmente

considerados importantes no diagn6stico de osteoartrose na ATM e em outras

articulayoes sao: espayo articular reduzido, oste6fitas caracterizados par

protuben3ncia local do osso, que surge devido a superifcie mineralizada de urna

articulay8o; desgaste - corrosao ou erosao sendo urna area de rarefayao na lamina

cortical de urna superiicie articular, achatamento ou perda de urna convexidade ou

concavidade regular do contorno da articulayc3o; esclerose caracterizada pelo

espayamento do osso cortical de urna superficie articular; concavidade no contorno

do osso com urn reservat6rio; cisto subcortical - area arredondada radiolucida que

deve estar logo abaixo da lamina cortical ou oculto no osso trabeculado. Essas

alterac;:6es naD sao patognomonicas da osteoartrose da ATM, podendo tambem

ocorrer em artrite reumatica.

Barros; Rode (1995) afirmaram que 0 aspecto radiografico e variavel e para

o diagnostico e necessario 0 somat6rio dos dados clinicos. Alterac;oes de forma da

cabec;a da mandibula e da eminencia articular, com a presenc;a de aplanamento,

depress6es, oste6fitos e irregularidades sao freqOentes, bern como areas de

escierose e de reabsorC;ao ossea.

Segundo Maciel (1998) as imagens radiograficas encontradas na

osteoartrose sao: erosao, aplanamento ou achatamento de vertentes das cabec;as

da mandibula e prolifera,ao marginal (osteofitos).

Ash; RamfJord (1999) afirmam que as caracteristicas radiograficas da

osteoartrose sao variaveis dependendo da dura9ao e gravidade da desordem. As

mudanc;as radiograficas podem inciuir uma ou rna is das seguintes: espac;o articular

diminuido, erosao das superficies, areas achatadas e formac;ao de osteofitos.

29

Conforme a severidade aumentada pode-s8 observar evidentes altera90es na forma

da articul8yao e diminui9ao do espayo articular.

De acordo com Zarb; Carlsson (2000) 0 diagnostico prematufO da

osteoartrose e dificH. No entanto quando as altera90es radiograficas sao

observadas, sao consideradas tipicas e incluem um espa90 articular estreitado,

aplanamento de ambos os componentes articulares, especial mente da superficie da

cabey8 da mandibula, erasao e 0 cisto subarticular e a esclerose subcondral.

Existem tambem grandes dificuldades na diferenciay80 entre a remodelayao e as

verdadeiras les6es da osteoartrose. A correlay8o entre os achados radiograficos e

os sintomas cHnicos tambem deve ser enfatizada.

Mahl; Silveira (2002) afirmaram que a ATM e uma articula9ao altamente

especializada, bilateral e com movimentos proprios para cada lado, porem

simultaneos. Sem duvida e a articulat;:8o mais complexa do corpo. Representa para

a Odontologia um desafio diagn6stico e terapeutico, tendo em vista sua

complexidade anat6mica e fisiol6gica. Os componentes osseos e de tecidos moles

apresentam caracteristicas que, pelas dimens6es da ATM, requerem exames de alta

sensibilidade para detec9aO de altera90es congenitas, neoplasicas, traumaticas,

inflamatorias e degenerativas que nela se instalem. A ATM e uma estrutura

complexa que compreende tecido 6sseo, tecido cartilaginoso e tecido conjuntivo

fibroso, entre outros. Quando ocorre alguma alteraC;8o de origem degenerativa, de

forma de funC;8o; 0 cirurgi80 dentista pode recorrer a metodos de imagem como

complementares do diagnostico. Sao eles: radiografias convencionais em diferentes

incidencias, artrografia, tomografia convencional, tomografia computadorizada e a

ressonzmcia magnetica.

30

Neville et al. (2004), relataram que nas radiografias as articutagoes afetadas

par osteoartrose demonstram urn estreitamento au obliteratyao do espa.yo articular,

superficies irregutares e protuberantes (exostoses, osteofitos), nivelamento da

superficie articular, osteoesclerose e oste61ise do osso abaixo da cartilagem, cistos

subcondrais radiotransparentes e ossific8980 no interior da membrana sinovial

(ossiculos). Tecnicas diagn6sticas mais sensiveis como a tomografia

computadorizada, artrografia por varredura, imagem por ressonancia magnetica e

artroscopia revelam as mesmas caracteristicas, porem com muito maior detalhe,

sendo assim sao capazes de identificar altera90es precoces.

Segundo Oliveira et al. (2002) a radiografia ainda e 0 melhor metodo para

delectar as altera90es na estrutura ossea, porem existe pouea correlayao entre os

danos articulares observados radiograficamente e 0 prejuizo funcional num grande

numero de casos. A osteoartrase nos estagios iniciais pode nao apresentar

altera<;6es radiograficas caracteristicas. Os achados radiograficos devem ser sempre

associados ao sinais e sintomas clinicas. 0 sinal mais caracteristico e 0

estreitamento do espa<;o articular. Achados como aplanamento, eraseo au

irregularidades das superficies das cabegas da mandibula tambEim podem ser

encontrados e durante 0 processo degenerativo cranico podem se desenvolver

les6es 6sseas com aparencia cistica, regi6es com escleroses 6sseas e espiculas

causadas pela forma9ao de oste6fitos.

Berni Neto et al. (2003) enfatizam que a regiao da ATM sempre deve ser

estudada com muita acuracia, pais e constituida par estruturas 6sseas de diferentes

densidades e que resultam em imagens sujeitas a sobreposi<;6es de estruturas

compactas adjacentes nas tecnicas radiograficas convencionais. Oesta forma 0

exame tomografico torna-se de grande import2mcia no estudo das altera<;6es 6sseas

31

ou degenerativas da articula,ao temporomandibular, pois a tomografia e

considerada uma tecnica radiografica que fornece a imagem de uma secC;:8o ou

corte da estrutura de interesse, enquanto que as estruturas que estao aeirna ou

abaixo da regiao de corte aparecem borradas. E uma tecnica bastante uti I quando e

necessaria obter imagem de alguma estrutura que safra muita sobreposic;ao de

Qutros reparos ou acidentes anatomicos. Como conseqOencias dos varios fatares

inerentes aD exame radiografico da ATM, tern-S8 discutido as varias tecnicas que

cumpririam as exigencias para urn exame ideal:

• mostrar a anatomia da ATM com urn minima de distorc;ao;

• comodidade e seguranc;a para 0 paciente;

• obten,ao facil e rapida e possibilidade de reprodu,ao em epocas diferentes e

em varias posic;5es funcionais.

Para a observac;ao das estruturas osseas, as recursos mais indicados

seriam as tomografias, radiografias transcranianas e as radiografias panoramicas.

2.2.3 Caracteristicas laboratoriais

Com rela,ao as caracteristicas laboratoriais Zarb, Carlsson (2000), afirmam

que nos casas de osteoartrose os valores sao limitados, pais geralmente

apresentam-se normais, discretamente elevados ou entao sao elevados apenas

durante as exacerbac;:oes agudas. Quando aplicaveis elas nao sao inteiramente

praticas para a ATM ja que pouca ou nenhuma quantidade de liquido pode ser

coletada. A liberac;:ao dos mediadores inflamatorios como exemplo 0 neuropeptfdeo

Y no liquido da ATM, esta associado a doen,a, podendo levar ao diagnostico do

estagio de desenvolvimento da osteoartrose.

32

2.2.4 Diagnosticos diferenciais

De acordo com Farias et al (2002) conhecimento da fisiopatologia da dar

orofacial e dos criterios para diagnostico diferencial e de fundamental importancia

para a compreensao dos diversos sinais e sintomas existentes em urn quadro de

dar. Para tal, 0 profissional deve seguir uma estrategia de abordagem e atendimento

do paciente com dar, iniciando pel a queixa principal, detalhando as historias clinica e

medica do paciente e partindo entao para 0 exame fisico cuidadoso da area e de

estruturas adjacentes ou a distancia que pod em estar envolvidas. Quando diferentes

hipoteses diagn6sticas existirem, exames complementares e testes terapeuticos

devem ser utilizados.

2.2.5 Artrite reumat6ide

Robbins et al. (1989) e Okenson (1998) descrevem a artrite reumatoide

como uma doenv8 inflamatoria cr6nica e recidivante de causa desconhecida,

acomete multiplos sistemas, podendo resultar em destruiyao ou anquilose das

articulayoes afetadas. Em alguns pacientes, a doenya pode ser leve e de curta

durayao, com pouca deteriorayao da funyi30 articular. Existe uma maior prevalencia

em mulheres entre 30 e 50 anos. Em casos severos, quando ha perda de suporte

das cabeyas da mandibula, 0 paciente apresenta-se com rna oclusao aguda, com

fortes contatos nos dentes posteriores e mordida aberta anterior. A dor oriunda da

ATM pode refJetir-se no ouvido, parte lateral da cabeya e regiao cervical. 0

diagn6stico pode ser confirmado com exames de sangue. Na maioria dos pacientes,

a doen,a come,a com mal estar, fadiga, dor musculoesqueletica de localiza,ilo

imprecisa e, as vezes, febricula. as sinais da inflamayao esti30 presentes pr6ximos a

articulayao, seguindo-se de rigidez ao levantar au ap6s inatividade.

33

As principais altera,oes anatomicas, conforme Zegarelli et al.(1982) e

Robbins et al. (1989) sao observadas nas articula,oes das maos, pes, punhos,

cotovelos, tornozelos e joelhos, embora os primeiros sintomas clinicos possam ser

encontrados nas ATMs bilateralmente. Em 25% dos pacientes, observa-s8 na pele

pequenasmassaspalpaveisduras, arredondadase indolores.

Neville et al. (2004) consideram a artrite reumat6ide como uma doen,a

cranica, presumivelmente auto-imune, caracterizada par destrui980 inflamat6ria naG

supurativa das articularyoes. Ela pade resultar em uma reayao cruzada de anticorpos

produzida contra estreptococos hemoliticos ou Qutros microorganismos, ou pade

representar urn ataque de anticorpos contra membranas de celulas bacteriana ou

fragmentos de capsulas virais depositados no interior da sin6via. A causa ainda e

desconhecida, embora alguns exemplos apresentem urn padrao familiar. Ao

contra rio da osteoartrose, a artrite reumat6ide comec;a como urn ataque a membrana

sinovial (sinovite). Afeta mulheres principalmente (35 a 45 anos de idade), sendo

identificado no homem mais cedo (25 a 35 anos de idade). Os sinais e sintomas

tornam-se mais graves com 0 passar do tempo e incluem deglutic;:ao, enrijecimento,

dor, deformac;:ao das articula9oes, e incapacidade com possivel fibrose au fusao

6ssea das superficies articulares opostas (anquilose). Radiograficamente as

articulac;6es temporomandibulares envolvidas apresentam as cabec;:as da mandibula

achatadas com caracteristicas de superficie irregular, uma superficie da fossa

temporal irregular, e deslocamento anterior da cabe,a da mandibula.

Aproximadamente 80% dos pacientes com artrite reumat6ide apresentam elevac;:6es

significativas do fator reumat6ide (FR) entre outros. Nao ha cura para a artrite

reumat6ide e 0 tratamento empenha-se em suprimir 0 processo tanto quanto

34

passivel, com uso de medicamentos como antiinflamatorios nao esteroidais, inj896es

de corticoster6ides.

Netto; Gomes (2004) afirmaram que a artrite reumatoide (AR) e uma doen,a

sistemica croniea auto-imune que pode aeameter quaisquer articulayoes sinoviais,

dentre estas a articula,ao temporomandibular (ATM), que geralmente e

comprometida num curso mais tardio da doeny8, 0 que esta relacionado com a

duraC;8o e severidade da Artrite Reumatoide. Provoca alteray80 das estruturas

osseas e das cartilagens. 0 ponto de partida da doen,a e a infiama,ao da

membrana sinovial, uma estrutura que reveste a parede interna da capsula fibrosa

que envolve a ATM e cuja funC;8o e produzir 0 liquido sinovial, que nutre a cartilagem

e lubrifica a sua superficie, permitindo 0 movimento normal da articulayao, Quando,

porem, hi! inflama/f80 dessa membrana, esta torna-S8 mais espessa, aumentada de

volume, deixa de produzir a liquido sinovial normal e passa a produzir um liquido

inflamat6rio que destr6i progress iva mente as cartilagens que revestem as

articulagoes, prejudicando sua fungao, limitando as movimentos articulares e

causando dar.

2.2.6 Artrite infecciosa

Provavelmente e a forma menos comum que ocorre na ATM. Sua origem

pode ser sistemica, acompanhando doengas como gonorreia, sarampo, sifilis e

pneumonia e uma extensao de lesoes locais, envolvendo a auvido media, apofise

mastoide, par6tida, dentes ou ramo da mandibula au pos-traumatica, seguida de

infecgao.

Zegarelli et al. (1982) e Okenson (1998) afirmaram que clinicamente inicia-se

com calafrios, febre e suores. A regiao da ariiculagao encontra-se inflamada, com

35

tumefa9130, rubor e dar acentuada, exacerbada com 0 movimento. Destruic;:oes da

cartilagem e do OSso sao observadas radiograficamente nas fases mais avanc;adas.

Segundo Oliveira et al. (2002) a principal manifesta9ao clinica da artrite

infecciosa e a dar intensa que indiretamente leva a limitaC;Elo dos movimentos

mandibulares. Usualmente e unilateral acompanhada de febre e dos sinais tipicos de

infiamac;:Elo. Inicialmente nos exames radiograficos nao S8 notam altera9oes, pOfem

com a evolUl;:ao da doenc;a podera S8 notar destruic;:ao 6ssea. Atraves da aspira9ao

e possivel obter cole9ao purulenta. A contamina9ao da ATM podera ocorrer a partir

de uma infecC;8o em qualquer outra regiao par bacteria ou via linfatica.

2.2.7 Artrite traumatica

Segundo Oliveira et al. (2002) a artrite traumatica caracteriza-se pela

sensibilidade na regiao da ATM geralmente unilateral, salvo se 0 trauma tiver

ocorrido na regii30 frontal da mandibula podendo nestes cases haver urn

comprometimento bilateral. 0 fator mais importante para 0 diagnostico sera obtido

na anamnese, pela historia de trauma na face sofrido pelo paciente. Nao e comum

haver achados radiograficos exceto por um discreto aumento no esparto articular,

causado pelo edema. Os traumas mais serios podem causar seqOelas irreversiveis.

Quando acontecem na infancia, podem causar disturbios de desenvolvimento. Os

centres de crescimento pod em ser destruidos e a hemartrose pode causar anquilose

ossea.

2.2.8 Tratamento

Barros; Rode (1995) consideram que a conduta inicial para 0 tratamento da

osteoartrose da ATM seja conservadora e compreende terapia oclusal, atraves da

36

utilizaC;:80 de placa de mordida, que visa a dirninuic;:ao dos fatores traumaticos sabre

a ATM e contrala a demanda funcional. 0 tratamento cirurgico sera indicado quando

os procedimentos cons8rvadores falharem, sendo que e de grande valor para a born

resultado p6s-operat6rio a reabilita9ao protetica.

Zarb; Carlsson (2000) partem da premissa do progn6stico favoravel da

Qsteoartrose e propoem a estrah3gia terapeutica baseada em tres fundamentos:

tratamento sintomaticQ, controle ou redw;;ao dos fatores contribuintes ou

predisponentes, tratamento das sequelas patol6gicas. 0 tratamento sintomatico

abrange urna formula de tres itens gerais que seria 0 restabelecimento da confianC;:8

do paciente, medicamento e fisioterapia. Eo importante que 0 profissional explique ao

paciente que as seus sintomas podem sofrer urna piora antes de melhorarem,

mesma sabendo que as pacientes com osteoartrose com envolvimento da ATM nao

parecem sofrer de problemas significativos em rela~ao a fun~ao mandibular e

apenas os episodios agudos da ATM tendem a necessitar de interven~ao ativa. Com

rela~ao a medica~ao, 0 alivio da dor forma uma parte importante no tratamento e

todos os pacientes com dor articular devem receber um acompanhamento regular de

analgesia. Ocasionalmente pode-se recorrer a preparos especificos anti-artriticos e

nos casos de dor severa inje~6es intra articulares com ester6ides pod em ser

usadas. A fisioterapia tem papel importante, pOis usa modalidades como 0 repouso

(por meio de mobiliza~ao voluntaria ou imposta), calor e exercicios musculares

terapeuticos. A base 16gica dos exercicios terapeuticos e a prom09ao da fun9ao

mandibular normal. Varios exercicios mandibulares foram propostos e todos

parecem ter 0 objetivo de:

• fortalecer os grupos musculares que control am as articula~6es afetadas;

• prevenir a sobrecarga ou abuso futuro da articula9ao;

37

• reeducar 0 usa das articula~6es danificadas.

Com relary80 a diminuiry80 dos fatores contribuintes surge a importancia das

restaurar.;:oes e manutenry80 da oclusao funcional. A placa estabilizadora e

proveitosa quando indicad8. 0 tratamento das sequelas irreversiveis, as vezes sao

consideradas trataveis apenas par meio da cirurgia da ATM. Apesar de alguns

autores terem oferecido criterios especificos para a selery80 dos pacientes para 0

tratamento cirurgico, pareee razoavel crer que uma pequena porcentagem deles tera

beneficia par meio da interveny80 cirurgica, se a causa for uma doen<;8 manifesta da

ATM. Os procedimentos cirurgicos mais empregados sao remory8o da Cabey8 da

mandibula, desgaste na cabega da mandibula, discectomia, e mais recentemente

reparo do disco articular ao inves de sua rem0980. Porem 0 prognostico apos 0

reparo do disco articular nao tem side tao favoravel, em qualquer taxa, quando os

fatores contribuintes nao foram adequadamente controlados. Os resultados das

inje90es de corticosteroides, tanto a curto quanto longo prazo foram considerados

bem sucedidos, com redu980 eficiente da dar, normaliza980 da fun9ao articular e

ausencia de sinais radiograficos de destrui9aO articular avan9ada em urn

acompanhamento superior a oito anos.

Neville et al (2004) consideram 0 tratamento para a osteoartrose comumente

paliativo e consiste em substancias analgesicas e antiinflamalorias nao esteroides

para os sintomas. A artroplastia e a reposi9aO da articula9aO sao necessarias com

freqOencia para as articula90es que suportam peso e sao eventualmente usadas na

ATM. as ajustes oclusal e splints podem reduzir os sintomas pelo alivio da pressao

sobre as superficies articulares, e fisioterapia orofacial, compressas quentes e frias

podem ajudar no relaxamento dos musculos envolvidos. 0 lratamento agressivo

pode nao ser indicado para essa doenc;:a exceto em suas apresenta90es mais

38

graves. Urn recente acompanhamento de 30 anos de investiga9ao encontrou

evidencias radiograficas de destruiy80 articular continua, mas as sinais clinicos e

sintomas, naD eram rnais severO$ que as encontrados inicialmente.

Segundo Oliveira et al. (2002) 0 primeiro objetivo no tratamento da

osteoartrose e a controle dos sintomas. Geralmente a prognostico e favoravel. A

estrategia terapeutica enfoca a tratamento sintomatico, controle dos fatores

etiol6gicose a reabilita,ao do paciente.

39

3 DISCUSSAO

Chaves (1965), Weimberg (1973) e Okenson (1992) ja alertavam que a

sintomatologia das desordens articulares esta presente em uma propon;ao

relativamente alta da popula9ao. Para Maciel (1998), Netto e Gomes (2004), a

desordem temporomandibular e urn conjunto de disturbios que envolvem a

musculatura da mastiga~ao, a ATM e estruturas associadas, caracterizado par

mialgia, artralgia. ruidos articulares, cefah~ia, limitayao de abertura bucal, entre

outros. A prevalencia de DTM na popula9ao e de 50 a 60%, acometendo

principalmente mulheres, sendo sua etiologia multifatorial, envolvendo falares

morfofuncionais (maloclusao e habitos parafuncionais), psicol6gicos (tensao),

doen9as sistemicas e traumatismos. A ATM e susceptive] a uma variedade de

doen9as sistemicas articulares, incluindo osteoartros8, psoriase, espondilite

anquilosante, artrite reumat6ide, entre Qutras.

Robbins et al. (1989), Neville et al. (2004) consideram a osteoartrose a forma

mais comum de artrite na articula980 temporomandibular. Caracterizando-a por uma

deteriora9ao e perda progressiva da cartilagem articular, principalmente nas

articula90es submetidas a micro trauma continuo. Porem Luz (1995), Serrano(2003)

ressaltam em seu estudo, que a osteoartrose e uma doenQa comum das articulaQ6es

que suportam peso como joelhos, coluna vertebral, tornozelos, dedos dos pes e

mao, quadril, ombros, cotovelos, sen do relativamente freqUente na ATM. De Bont et

al. (1985), Maciel (1998) consideram a osteoartrose uma doen9a nao inflamat6ria

encontrada com certa freqUencia nas porQ6es laterais, anterior e superior das

cabe9as da mandibula, mas Oliveira et al. (2002) acrescentam que altera90es

innamatorias secundarias podem ocorrer, causando sintomas. Ash; Ramfjord (1999)

40

caracterizam a osteoartrose como uma doeny8 articular degenerativa, de etiologi8

desconhecida. Quando a ATM e envolvida ha mudanC;8s artrfticas unilaterais em

mais de 50% dos pacientes. Zarb; Carlsson (2000) sugeriram que 0 termo

osteoartrite fosse usado para desordens com sintomas clinicos e osteoartrose para

as condic;:oes mais assintomaticas. A partir desta afirmaC;8o a osteoartrose e

fundamentalmente uma doenc;a nao inflamat6ria das articulac;oes m6veis. E a

doenC;8 da cartilagem articular que geralmente produz sintomas em articula90es

isaladas do carpa, incluindo as articulac;oes temporomandibulares.

De Bont 8t 81 (1985) consideram que a idade nao e urn fator determinante,

mas sim predisponente da degenera<;ao artr6sica. Ja Ash; Ramfjord (1999),

American Pain Society (2002) apud Serrano (2003) p. 271 , Neville et al. (2002)

afirmaram que osteoartrose e a forma mais comum de artrite no mundo e a causa

mais freqOente de morbidade e limitaC;Elono paciente idoso, porem pode tambem

ocorrer em individuos jovens ap6s les5es au esfon;o repetitivD. Stechman Neto 8t at

(2002), afirmaram em seu estudo que durante 0 processo de envelhecimento

biol6gicQ, todas as estruturas componentes do individuo sofrem processo de

envelhecimento, ocorrendo altera96es nas estruturas asseas, nas articula90es, nos

tendces, nos musculos e nas varias regi6es do organismo. Nas articula96es

propriamente ditas, ocorrem processos degenerativQs da cartilagem articular, que

vern gradativamente perdendo suas propriedades de elasticidade e sua capacidade

de resistir a deformaC;8o, surgindo as artropatias como: artrites degenerativas;

osteoartrose e osteoartrite; hiperostose esqueh§tica idiopatica difusa; artrite

reumat6ide; artrites microcristalinas; poliartrites entre outras.

No estudo de Mercado; Faulkener (1991) os cinco fatores que tiveram um

efeito significativo no desenvolvimento da disfun<;aoda ATM sao: idade do paciente,

41

habitos parafuncionais. dim en sao vertical diminuida, oclusao e trauma extrinseco.

Zarb; Carlsson (2000), Oliveira et al. (2002) acrescentaram ainda que a ocorrencia

da osteoartrose e mais freqOente e generalizada nas mulheres do que nos hom ens,

mas asta diferenC;:8 naD e evidente antes dos cinquenta anos de idade. Zarb e

Carlsson (2000) lambem consideram que alguns latores que agem isoladamenle ou

em combinaC;:8o, para pre dispor a ATM a osteoartrose sao: diferen9as na morfologia

das cabeC;:8s da mandibula, a maloclusao, as discrepancias oclusais, as habitos de

mastigaC;:8o, edentualismo parcial, e a parafUnf):80 sao geralmente indicados como

culpados. Porem nao S8 pode declarar que os fatares biomecanicos sejam causais e

sim a interal):8o de fatores geneticos e mecanicos. Considerando 0 bruxismo a longo

prazo e desgaste oelusal extenso, muitos individuos com bruxismo nao possuem

sinais de degenera,80 nas articula,oes. Oliveira et al. (2002) acrescentam ainda

que a etiologia nao esta esclarecida mas inclui fatores locais e sistemicos. Pode-se

citar como fatores etiol6gicos 0 estresse repetitiv~, parafun90es (apertamento,

bruxismo), mastiga,80 unilateral, perda da oclusao luncional, disfun,ao de disco

articular, entre outros. Mendes; Guimaraes (2004), afirmaram a respeito do bruxismo

a etiol09ia multifatorial que inclui fatores oclusais, emocionais, ocupacionais,

hereditarios, e disturbio dos neurotransmissores cerebrais. A sobrecarga gerada par

esta lun,ao e capaz de levar a altera,oes 6sseas degeneralivas na ATM. Alguns

estudos ressaltam que a sobrecarga na articula<;ao e a maior causa na degrada<;ao

da cartilagem, anormalidades biomecanicas e desordens intrarticulares, sendo que 0

bruxismo e apertamento estao relacionados com altera<;6es 6sseas nas cabe<;as da

mandibula e deslocamento de disco. Estas atividades parafuncionais, como 0 habito

de ranger os dentes, apertar, sao geralmente mencionadas como co-fatores

importantes na etiologia das desordens temporomandibulares.

42

Robbins et al. (1989); Zegaretti et al.(1982), Serrano (2003) consideram a

osteoartrose uma doeny8 que pode permanecer assintomatica, apresentando-se

inicialmente como urn Iigeiro desconforto ou rigidez transitoria na regiao da

articul8yao durante a mastigayao au pel a manha ao acordar, cessando ao S8 iniciar

a movimento e retornando 80 fim do dia ou com atividades excessivas das

articulag,oes. 0 paciente pode apresentar dar pre-auricular, com irradia<';:8o para a

tempora e angul0 de mandibula, assim como espasmo muscular persistente,

intensificado pelo estresse emocional. Alem das altera<,;:oes degenerativas,

altera<,;:oes inflamat6rias, estaJidos, crepital(80, diminuiC;8o da amplitude articular e

subluX8ry80 podem ocorrer. Frequentemente a condiyao e unilateral. No entanto, °lado oposto pode ser envolvido, vitima de sobrecargas funcionais nas ATMs.

Maciel (1998) considera que nas doen~as degenerativas a regiao afetada

apresenta-se frequentemente dolorida, com a func;ao restring ida e ruidos podem ser

notados (barutho de crepita~ao). Ash; Ramfjord (1999), Zarb; Cartsson (2000),

Neville (2004), Netto; Gomes (2004) afirmaram com rela~ao aos sinais e os sintomas

clinicos relatados na osteoartrose da ATM inc1uem dor ou rigidez na face e na

mandibula, dor ao abrir a boca e durante a mastiga~ao, incapacidade de abrir muito

a boca, travamento ou restric;ao da mandibula e roido articular. ~ importante

ressaltar que eles quase que invariavelmente ocorrem unilateralmente, os sintomas

parecem piorar a mediada que ° tempo vai passando, a dor e na pr6pria articulac;ao,

a crepita~ao (distinta do estalido) esta presente, a evidencia radiogratica e freqOente.

A articulac;ao afetada pode tornar-se entumescida e quente ao toque, raramente com

eritema da pele subjacente. A dar e a rigidez provavelmente sao devidas a uma

infiama~ao secundaria do tecido capsular e a crepita~ao e diferente do estalido, pois

e um som de rangido e tritura,ao, que pode ser ouvido durante a abertura da boca,

43

porem e mais freqOente durante as movimentos mandibulares de lateralidade. Zarb;

Carlsson (2000) sugerem ainda que 0 processo da doen<;a e caracterizado pel a

deteriorac;ao e abrasao da cartilagem articular e das superficies dos tecidos moles, e

a ocorrencia do espessamento e da remodelac;ao do osso subjacente e a forma98o

de projec;oes marginais e cistos subarticuJares podendo ser acompanhadas pela

sobreposiC;80 de alterac;oes inflamatorias s€cundarias que podem causar sintoma. A

osteoartrose foi considerada como progressiva, uma vez que tenha S8 tornado

clinicamente sintomatic8. No entanto, achados mais reeentes apoiam 0 conceito de

reversibHidade e quanta antes 0 tratamento for iniciado, mais eficaz ele sera.

Larhein (1981) apud Berni Neto (2003) p. 81 realizou esludo em que

comparou imagens obtidas de radiografias convencionais, panoramicas e tomografia

lateral de ATM em pacientes portadores de artrite reumat6ide juvenil, e observou

que as les6es destrutivas da cabe~a da mandibula e cavidade articular do 0550

temporal foram melhor constatadas na tomografia enquanto que a artrose e

esclerose da cavidade articular foi melhor observada nas radiografias convencionais.

Ele recomenda a associa~ao de tecnicas, au seja, metodos convencionais com

tomagrafia para diagnosticar anormalidades artriticas da ATM em crian~as e salienta

que no caso de ser possivel utilizar somente uma tecnica radiagratica para a exame

da ATM a tomografia lateral devera ser 0 metoda de escolha. De acordo com

Chaves (1965) e Sanlos (2003), 0 exame radiografico pela tecnica transcraniana

para avalia~ao da ATM e considerado de fundamental importancia por permitir 0

acompanhamento de um processo patol6gico a Ion go prazo, decorrente da

possibilidade de tomadas seriadas, sendo possivel observar pequenas altera~6es na

posi~ao oclusal da mandibula e na superficie articular da cabeya da mandibula.

Mahl; Silveira (2002) afirmaram que quando ocorre alguma allera<;ao de origem

44

degenerativa, de forma de fungc3o; 0 cirurgiao dentista pade recorrer a metodos de

imagem como complementares do diagnostico. Sao eles: radiografias convencionais

em diferentes incidencias, artrografia, tomografia convencional, tomografia

computadorizada e a ressonancia magnetica. Neville et al (2004), relataram tecnicas

diagnosticas mais sensiveis como a tomografia computadorizada, artrografia per

varredura, imagem por ressonancia magnetica e artroscopia revelam as mesmas

caracteristicas, porem com muito maior detalhe, sendo assim sao capazes de

identificar alteragoes precoces.

Robbins et al. (1989); Zegarelli et al. (1982) descrevem que os exames

radiograficos de rotina tern pouco valor diagnostico, uma vez que pequenas

alteral):oes 6sseas naD sao visiveis. Nao existe qualquer meio sati5fat6rio para

prevenir esta condic;ao nem qualquer metodo conhecido para bloquear sua

progressao. Pode estabilizar-se por anos ou progredir lentamente. Contudo Oliveira

et al (2002) afirmam que a radiografia ainda e 0 melhor metodo para detectar as

alterac;6es na estrutura 6ssea, porem existe pouca correlac;ao entre os danos

articulares observados radiograficamente e 0 prejuizo funcional nurn grande numere

de casos.

Barros; Rode (1995), Zarb; Carlsson (2000), Berni Neto et al. (2003)

concluiram que para a observac;ao das estruturas 6sseas, os recursos mais

indicados seriam as tomografias, radiografias transcranianas e as radiografias

panoramicas. Afirmaram ainda que 0 aspecto radiografico e variavel e para 0

diagn6stico e necessario 0 somat6rio dos dados cHnicos e que 0 diagn6stico

premature da osteoartrese e dificil.

De forma geral conforme De Bont (1985), as alteravoes degenerativas da

osteoarlrose apresentam as seguintes caracteristicas radiograficas: deformidades do

45

contorno osseo como oste6fitos, esclerose e eros6es; cavidades pseudoclsticas

subcondrais. Para Robbins et al.(1989); Zegarelli et al.(1982) uma das primeiras

manifestayoes da osteoartrose e a presenr;8 de protrus6es 6sseas arredondadas

indolores nas margens das articular;oes interfalangianas distais, multiplas e bilaterais

(nodulos de Heberden), ocorrendo em maior freqOencia em mulheres.

Na ATM, Muir; Goss (1990), Ash; Ramfjord (1999), Barros; Rode (1995),

Maciel (1998), Zarb; Carlsson (2000), Neville (2004), Oliveira et al. (2002)

concordam que os aspectos radiograficos geralmente considerados importantes no

diagn6stico de osteoartrose na ATM: espayo articular reduzido, osteofitas

caracterizados por protuberancia local do 05S0, que surge devido a superficie

mineralizada de uma articulay8o; desgaste-corrosao ou erosao sendo urna area de

rarefay80 na lamina cortical de urna superficie articular, achatamento ou perda de

urna convexidade ou concavidade regular do contorno da articulac;:ao; esclerose

caracterizada pelo espac;:amento do os so cortical de uma superticie articular;

concavidade no contorno do osso com um reservat6rio; cisto subcortical -area

arredondada radiolucida que deve estar logo abaixo da lamina cortical ou oculto no

osso trabeculado, ossifica<;:ao no interior da membrana sinovial (ossiculos). Essas

alterac;:oes nao sao patognomonicas da osteoartrose da ATM, podendo tambem

ocorrer em artrite reumatica. Zarb; Carlsson acrescentam ainda que existem tambem

grandes dificuldades na diferenciaC;:Eloentre a remodelagEio e as verdadeiras les6es

da osteoartrose.

Para Zegarelli et al. (1982), Robbins et al. (1989), Okeson (1998), Neville et

al. (2004), Netto; Gomes (2004) a artrite reumatoide pode ser considerada um

diagn6stico diferencial para a osteoartrose, pois a mesma e considerada uma

doen<;:a cronica, presumivelmente auto-imune, caracterizada por destruig80

46

inflamat6ria naD supurativa das articula~5es. Ela pade resultar em uma reaC;8o

cruzada de anticorpos produzida contra estreptococos hemoHticos ou Qutros

microorganismos, ou pode representar urn ataque de anticorpos contra membranas

de celulas bacterianas ou fragmentos de capsulas virais depositados no interior da

sin6via. A causa ainda e desconhecida, embora alguns exemplos apresentem urn

padrao familiar. Ao contrario da osteoartrose, a artrite reumatoide comec;a como urn

ataque a membrana sinovial (sinovite). Afeta mulheres principalmente (35 a 45 anos

de idade), sendo identificado no homem mais cedo (25 a 35 anos de idade). Os

sinais e sintomas tornam-se mais graves com 0 passar do tempo e incluem

deglutic;ao, enrijecimento, dar, deforma<;8o das articulac;6es. e incapacidade com

passivel fibrose au fusao 6ssea das superficies articulares opostas (anquilose).

Radiograficamente as articulag6es temporomandibulares envolvidas apresentam as

cabegas da mandibula achatadas com caracteristicas de superficie irregular, uma

superficie da fossa temporal irregular, e deslocamento anterior da cabega da

mandibula. Aproximadamente 80% dos pacientes com artrite reumat6ide

apresentam eleva90es significativas do fator reumataide (FR) entre outros. Nao ha

cura para a artrite reumat6ide e 0 tratamento empenha-se em suprimir 0 processo

tanto quanto possivel, com usa de medicamentos como antiinflamat6rios nao

esteroidais, injeg6es de corticoster6ides.

Zegarelli et al. (1982), Okenson (1998), Oliveira et al (2002) afirmaram que a

art rite infecciosa apesar de ser menos comum na ATM, podera ser outro diagn6stico

diferencial, poiS sua origem pode ser sistemica acompanhando doengas como

gonorreia, sarampo, sifilis e pneumonia e uma extensaa de les6es locais,

envolvendo 0 ouvido media, apofise mast6ide, parotida, dentes ou ramo da

mandibula ou pas-traumatica, seguida de infeC9aO. A principal manifesta9aO clinica

47

da artrite infecciosa e a dor intensa que indiretamente leva a limita«8o dos

movimentos mandibulares. Usualmente e unilateral acompanhada de febre e dos

sinais tipicos de inflama«8o. Inicialmente nos exames radiograticos nao S8 notam

altera90es, porem com a evolu980 da doen98 podera S8 notar destrui980 6ssea.

Atraves da aspira,ao e possivel obter cole,ao purulenta. A contamina,ao da ATM

pod era ocerrer a partir de uma infecC;2o em qualquer Dutra regi80 por bacteria au via

Iinfatic8.

Barros; Rode (1995). Neville et al. (2004) consideram que a conduta inicial

para 0 tratamento da osteoartrose da ATM seja conservadora e compreende terapia

oelusal, atraves da utiliZ8t;30 de placa de mordida, que visa a diminui930 dos fatares

traumaticos sobre a ATM e contrala a demanda funcional. 0 tratamento agressivo

pode nao ser indica do para essa doenc;a exceto em suas apresentac;oes mais

graves.

Zarb; Carlsson (2000), Oliveira et al. (2002) concordam e partem da

premissa do prognostico favoravel da osteoartrose e propoem a estrategia

terapeutica baseada em tres fundamentos: tratamento sintomatico, contrale au

reduc;ao dos fatores contribuintes au predisponentes, tratamento das sequelas

patol6gicas. 0 tratamento sintomatico abrange uma formula de tres itens gerais que

seria 0 restabelecimento da confianc;a do paciente, medicamento (analgesicos e

preparos especificos anti-artriticos) e fisioterapia. A fisioterapia tem papel

importante, pOis usa modalidades como 0 repouso (por meio de mObilizar;ao

voluntaria ou imposta), calor e exercicios musculares terapeuticos. Todos parecem

ter 0 objetivo de: fortalecer os grupos musculares que control am as articular;oes

afetadas; prevenir a sobrecarga ou abuso futuro da articular;ao;reeducar 0 uso das

articula,oes danificadas. Com rela,ao a diminui,ao dos fatores contribuintes surge a

48

importancia das restaurac;6es e manutenc;ao da oclusao fundona!. A placa

estabilizadora e proveitosa quando indicada. 0 tratamento das sequelas

irreversiveis, as vezes sao consideradas trataveis apenas par meio da cirurgia da

ATM. as procedimentos cirurgicos rnais empregados sao remoc;ao da cabeC;8 da

mandibula, desgastes das cabe,as da mandibula, discectomia, e mais recentemente

reparo do disco articular aD inves de sua remoc;ao. Porem 0 prognostico ap6s 0

reparo do disco articular nao tern side tao favoravel, em qualquer taxa, quando as

fatares contribuintes nao foram adequadamente controlados. Os resultados das

injec;6es de corticosteroides, tanto a curto quanta 10ngo prazo (Dram considerados

bern sucedidos, com reduc;ao eficiente da dor, normalizac;ao da func;ao articular e

aus€mcia de sinais radiograficos de destruic;ao articular avanc;ada em um

acompanhamento superior a oito anO$.

49

4 CONSIDERACOES FINAlS

Par meio deste estudo, podemos considerar que a ATM par sua

caracteristica anatOmiea e funcionalidade, pade ser acometida pela osteoartrose.

A osteoartrose caracteriZ8-se par ser uma doen98 articular degenerativa

croniea, com predile980 maior pelo sexo feminino e idade superior aos 50 anos,

porem muitos autores enfatizam que pode ser observada em pacientes jovens.

Suas caracteristicas clinicas e radiograficas nao sao patognomonicas,

porem servem de alerta.

Os diagn6sticos diferenciais considerados neste estudo fcram a Artrite

Reumat6ide, Artrite Infecciosa e Artrite Traumatica.

o tratamento da osteoartrose parte da premissa do prognostico favoravel e

do conceito de reversibilidade.

50

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