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Instituto Politécnico de Setúbal Escola Superior de Educação 1 Contextos Profissionais Animação e Intervenção Sociocultural 1ºano 2ºsemestre Relatório de Observação Data de entrega: 15-04-2011 Docente: Nélson Matias Discente: Ana Rita Dias

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Contextos Profissionais

Animação e Intervenção Sociocultural

1ºano – 2ºsemestre

Relatório de Observação

Data de entrega: 15-04-2011

Docente: Nélson Matias

Discente: Ana Rita Dias

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Introdução No âmbito da disciplina Contextos Profissionais foi solicitado aos discentes que

elaborassem um trabalho de campo, neste caso concreto, sobre a observação da visita de

estudo ao Museu do Trabalho „‟Michael Giacometti‟‟, realizada no dia 1 de Abril pelas

10h.30, no âmbito da unidade curricular de Antropologia Cultural.

O objectivo da observação era estudar o comportamento dos nossos colegas,

antes, durante e depois da visita, assim como observar o espaço físico

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Bibliografia Capítulo 10 – “Estudos baseados na observação”

(pp.161 à175)

Recensão Crítica Um investigador, um professor ou mesmo um estudante, podem trabalhar sozinhos, sendo

assim comparados com uma equipa de investigadores quando se dedicam pessoalmente à

observação e análise individual.

Quando se analisa um estudo deverá ter-se em conta a afirmação de Nisbet, quando

diz que não é opção fácil de se pôr em prática. Há a necessidade de tirar o máximo partido das

técnicas que se vão utilizar. Por isso a observação directa torna-se a mais fiável de se utilizar

pois podemos ver como se comportam.

Existem dois tipos de observação, a participante e a não participante. A participante

está mais generalizada, não obedece a uma estrutura definida e leva-nos à observação dos

comportamentos bem como ao seu imediato registo. Este tipo de intervenção coloca-nos

muitas hipóteses mas, por outro lado, poderá levar-nos para alguma subjectividade,

parcialidade, necessitando de providenciar a investigação com algumas medidas de controlo e

verificação.

A proximidade que este tipo de observação provoca, pode ser um entrave ao estudo, já que

não permite o distanciamento necessário. Alguns aspectos comportamentais poderão passar

despercebidos o que não se verificaria no caso de uma observação não participante. Neste

caso, seriam logo notados. Existe a necessidade de eliminar preconceitos ou ideias já

formuladas quando se inicia algum trabalho desta natureza. Mas, também a esta abordagem

não participativa se levantam algumas críticas, a subjectividade e parcialidade, já que o

investigador é quem decide os pontos importantes da investigação em vez de permitir que

estes surjam por si mesmos.

Antes de seleccionar um método de investigação temos que escolher o que vamos

observar, que é o mais difícil, pois é impossível registarmos tudo. Uma vez decidido o que se

quer apurar, estaremos em condições de poder ajuizar quais os métodos que melhor se

enquadram aos objectivos pretendidos. Podemos utilizar o registo áudio visual mas poderá

não ser o mais indicado já que este processo interactivo torna-se dispendioso e bastante

técnico. Existem muitos esquemas de observação publicada e diferentes métodos de

observação de indivíduos e grupos em contextos diferentes. Muitos trabalhos assentam nos

sistemas criados por R.F.Bales (1950) que consistia em arranjar tentativas de descrever o

comportamento dos indivíduos em grupo, quando relacionados com algumas categorias de

comportamentos, p.ex. as anedotas, risos, como forma de aliviar a tensão.

Também através do sistema “Flander”s (derivado do método de Bales) que consistia em

observar, categorizar e registar os acontecimentos surgidos numa sala de aula. Tinha que

registar tudo o que se ia passando, de 3 em 3 segundos, fazendo corresponder com um

número à categoria mais apropriada numa tabela já preparada. Esse sistema tem um

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problema, as categorias são muito complexas o que leva a possíveis juízos de valores quanto à

escolha das categorias.

Houve, no entanto, um estudo que propunha um sistema mais simples e ficou conhecido

como “O curso D101 da Open University”, baseado em princípios parecidos aos referidos

anteriormente.

Com este tipo de sistemas temos que ter bastante prática e uma reflexão cuidada da forma

como são classificadas. Dominada a técnica, podemos obter dados importantes sobre o

comportamento de indivíduos em grupo.

A análise do conteúdo de uma reunião ou de tópicos de discurso é muito mais fácil. Se

quisermos recolher informação acerca dos oradores, quem foram ou quanto tempo falaram,

faz-se uma tabela simples, mas se quisermos saber de quem falou mais e sobre o quê,

devemos tirar alguns apontamentos. Temos várias formas de elaborar estes registos, Shaw

(1978,10) preparava folhas de papel com linhas para interpretar um minuto, por isso sempre

que falam aponta-se as iniciais do orador. Depois é feita uma tabela com os resultados onde

temos que testar dois métodos diferentes.

Ao fazer-se a observação temos que seleccionar um método. Flanders, Simon e Boyer,

Cohen, Galton, Wragg e Kerry, Hopkins e Williams, dão-nos vários exemplos de tabelas,

gráficos ou categorias mas, não existe um método ideal para um trabalho em específico.

Temos que adaptar um método novo, com símbolos etnográficos, ver como fazer os registos

para serem testados, assim temos a certeza que funciona. Par cada grupo haverá a

necessidade de se criarem tabelas, gráficos ou planos específicas ao grupo e ao que se

pretende apurar.

Um observador nunca poderá passar por despercebido, mas tem que tentar ser o menos

notado possível, não perturbar a normalidade, de forma a conseguir obter os resultados

esperados.

Na observação, por vezes, podemos ter características de grupos ou indivíduos que são

raros de descobrir de outras formas. Tem-se visto isto acontecer quando se recorre ao uso de

muita pesquisa e técnica de observação. O que realmente é necessário é aproveitar o tempo

da observação da forma mais útil possível, de modo a apurar os conteúdos e interesses mais

importantes, tabelas, gráficos, listas.

Depois de se observar temos que analisar os registos, se forem pouco proveitosos

temos que ver o porquê desse fracasso. Temos que rever a forma como foi preparado e feito e

tirar conclusões para um melhor estudo.

Por último, temos que nos esforçar no âmbito de observação não só pelo que vemos

no contexto organizacional mas sim vermos também para além do próprio acontecimento, e,

como Nisbet dizia, «por identificar eventos significativos».

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Anexos:

Guião de Observação

1-Observação dos espaços: (Soulita e Catarina)

Recolher ou desenhar as plantas dos espaços de exposição, identificando para cada uma

das salas:

1.0 Itinerário da visita

Natureza do espaço “antiga fábrica”

Sequência das salas tem uma lógica?

1.1 “Coisas” representadas

Actividades/ situações de trabalho

Personagens

Objectos e equipamentos

Tamanho dos espaços

1.2 Modo de representação

Painel/ expositor

Figura/ modelo

1.3 Qualidade estética e didáctica

2- Observação do trabalho do animador (Ana Rita e Ana Filipa)

Recolher informação sobre a sua apresentação/ guia da exposição/visita

2.1. Informação dada

2.2.Conhecimentos

2.3. Habilidade

2.4. Organização

3-Observação do grupo de visitantes (alunos)

3.1 Antes (fora)

3.1.1 Expectativas

3.1.2 Interesse/Motivação

3.2 Dentro do Museu

3.2.1 Interesse/Motivação

3.2.2 Atenção/Concentração

3.2.3 Comportamentos

3.3 Grupos:

- Relação entre indivíduos

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Namorados

Grupos de amigos

-Tarefas distribuídos pelos professores

-Comportamentos individuais/singular

Observação da visita ao Museu do Trabalho

Numa primeira parte fomos recebidos na recepção do museu, mas devido à falta

de espaço deslocamo-nos ao piso inferior onde se situa uma mercearia dos tempos da

fábrica que foi doada à instituição e aproveitada pela mesma, de modo a enriquecer o

museu. Nesta mercearia as coisas eram bastante antigas adequadas à época em questão.

Esta mercearia possuía, ainda uma parte de escritório onde existem registos reais da

mesma, assim como objectos. Na mercearia existia ainda as fotos dos verdadeiros

donos.

Após a visita à mercearia passámos para a galeria de exposições temporárias,

onde numa primeira parte se baseou em objectos pertencentes à vida do campo. Estes

eram feitos de madeira e ferro.

Depois passámos á visualização de objectos do interior das casa. Um dos

objectos foi o forno de lenha, onde se encontrava também uma pá de madeira para a

cozedura do pão.

Finalmente passámos para a parte onde eram confeccionadas as conservas. O espaço era

bastante amplo, sendo a maioria do material lá representado pertencer à época de

funcionamento da fábrica. Os manequins expostos representavam o sexo feminino, pois

eram as mulheres que dominavam este tipo de trabalho. No espaço, também estavam

expostas pinturas representativas de situações da época.

A criação do museu surgiu como forma de homenagem às gentes de Setúbal, às

gentes que ali trabalharam anos a fio. Quando se decidiu tornar a fábrica num museu

esta encontrava-se bastante degradada, e como tal foi necessário executar uma série de

obras, de modo a existirem as condições necessárias para a sua criação. O museu possui

3 colecções permanentes e uma temporária, normalmente de 15 em 15 dias muda.

A animadora que nos guiou durante a visita chama-se Madalena Correira e é

uma das animadoras que exercem a profissão no museu em questão. A primeira

impressão antes de qualquer explicação ou apresentação foi boa, a pessoa em questão

estava apresentável e aparentava ser acessível e simpática. Após o início da visita e da

respectiva apresentação da animadora a impressão continuou igual. Primeiro de tudo a

animadora deu-nos algumas informações acerca do museu em si, como por exemplo „‟O

que é?‟‟ ou „‟Porque está aqui situado?‟‟.

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O museu é uma antiga fábrica de conserva, que por estar geograficamente bem

situada se instalou ali. Na altura Portugal era um dos maiores produtores de conversas e

Setúbal em especial era a área mais lucrativa, produzindo 40% da produção nacional.

Outras cidades grandes produtoras da época eram Sesimbra, Aveiro, Peniche e o

Algarve, no geral.

Quem possuía este tipo de fábricas eram maioritariamente estrangeiros que procuravam

em Portugal mão-de-obra barata. O auge deste tipo de indústria terminou em meados

dos anos 70, tendo iniciado nos anos 20.

Cada pessoa ia chegando ao museu em grupo conforme os transportes que usa

(CP, Fertagus, Autocarro, Carro e a pé). À medida em que iam chegando iam-se

juntando nos seus grupos habituais.

Com a chegada dos professores foram-se juntando e entrando no museu nos

mesmos grupos. Chegaram ao átrio do museu onde se espalharam. Houve quem fosse

tirar cafés enquanto a visita de estudo decorria. Alguns alunos estavam atentos e

concentrados ao que a guia dizia pois tiravam notas e colocavam questões, na média em

que tinham trabalho para contextos e outros tiravam por vontade própria. Ficaram mais

atentos com os vídeos das peças que o museu proporciona para um tipo de faixa etária e

com isso quiseram colocar muitas questões. Uma colega dos mais de 23 chegou a meio

da visita. Mas ao longo da visita foram ficando desatentos, pois mandavam sms,

atendiam os telemóveis, falavam para o lado e iam a casa de banho.

Quando mudaram para a mercearia que era outra parte do museu iam tirando

fotos aos colegas juntos das peças para recordação e outros para trabalhos. Faziam

questões à guia e quando falou de bebidas ficaram todos eufóricos, mas andavam

sempre nos seus grupos. Mesmo quando se mudou para a parte dos instrumentos de

trabalho no campo continuavam a mandar SMS a tirar fotos em grupo e a falarem sobre

a visita e alguns foram fumar.

Ao mudarem-se para o piso inferior separam-se, na qual alguns sentaram-se e

outros ficaram de pé mas sempre nos seus grupos. Continuavam a falar entre si, a fazer

questões à guia pois alguns estavam bastante interessados. Muitos separam-se para ver a

parte inferior sem prestarem atenção à guia e fazendo barulho. As colegas que ficaram

com a parte dos questionários entregaram os questionários e à medida que iam

respondendo entregavam e alguns iam-se embora devido aos transportes que tinham que

apanhar outros por já estarem fartos. Os namorados nessa parte aproveitaram para

estarem um pouco juntos e darem as mãos.

Por fim a guia conclui a visita num ateliê e nos arquivos do museu, porque

alguns colegas tinham que ir buscar informações sobre o museu e outros marcar

entrevistas por causa do trabalho de contextos e assim deu-se por concluída a vista

porque a turma acabou se por separar no final conforme os grupos de trabalho e

conforme o seu grupo de transportes.

Relativamente ao comportamento dos visitantes antes da visita, todos se encontravam a

conversar sobre coisas alheias à mesma, como se fosse um dia comum de aulas. Não

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aparentavam possuir muitas expectativas, alguns dos alunos já conheciam o museu e

iam dando alguma informação aos restantes colegas e amigos.

Quanto ao interesse e à motivação aparentavam estar motivados para a visita visto que

era algo diferente e enriquecedor para nós tanto a nível pessoal, como a nível

profissional.

Reflexão

Inicialmente o grupo estava um pouco perdido, uma vez que nunca tinha

realizado um trabalho deste género. Após a tutoria com o professor Nélson Matias,

ficámos mais esclarecidas sobre o tema e sobre a maneira como deveríamos estruturar o

trabalho.

Como consequência realizámos o guião de observação respeitando os tópicos

dados na tutoria. O guião ficou divido em três pontos, sendo o primeiro a observação

dos espaços, que pretendia recolher ou desenhar as plantas de espaços de exposição,

identificando para cada uma das salas o itinerário da visita, as „‟coisas representadas‟‟, o

modo de representação e qualidade estética e didáctica.

O segundo ponto dizia respeito à observação do trabalho do animador,

pretendendo recolher informação sobre a sua apresentação e sobre a visita. O terceiro

ponto englobava a observação do grupo de visitantes, antes, durante e depois da visita.

Este terceiro ponto englobava, ainda o tópico dos grupos, que pretendia explorar as

interacções entre os indivíduos.

Para facilitar a observação, o grupo dividiu o guião em duas partes. O ponto um

ficou entregue às discentes Soulita Mendes e Catarina Costa, enquanto a ponto dois e

três ficou entregue às discentes Ana Filipa Feio e Ana Rita Dias.

Durante a visita as dificuldades sentidas foram algumas. Foi difícil ter de

observar em pormenor todos os acontecimentos que decorreram ao longo da visita, pois

uma vez que tínhamos de estar atentas aos comportamentos e aos pormenores do

espaço, perdíamos um pouco a atenção no que diz respeito às informações que a guia

nos ia fornecendo.

Foi um pouco estranho termos de estar atentas a tudo e a todos, uma vez que a

nossa postura de papel e caneta na mão intimidava os nosso colegas, fazendo

transparecer um sentimento de desconforto.

Apesar destas dificuldades, tiramos uma conclusão positiva, uma vez que

adquirimos experiência e conhecimentos para por em prática em trabalhos futuros.