Repensando o Ensino de Ciências e de Biologia na Educação Básica: o Caminho para a Construção do Conhecimento Científico e Biotecnológico_Junior&Barbosa_2009_txt

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    Democrat izar , v . I I I , n . 1 , j an ./abr . 2009 .

    Inst i tuto Super ior de Educao da Zona Oeste/Faetec/Sect-RJ .

    Repensando o Ensino de Cincias e de Biologia na

    Educao Bsica: o Caminho para a Construo do

    Conhecimento Cientfico e Biotecnolgico

    Arildo Nerys da Silva Junior(*)

    Jane Rangel Alves Barbosa(**)

    Atualmente, nos deparamos com um nmero acelerado e crescente de descobertas cientficas e

    muitas dessas descobertas englobam o campo da biologia. Dessa forma, os professores debiologia e de disciplinas correlatas ficam encarregados de estarem continuamente em atualizao

    e sincronia com toda essa dinmica cientfica. Porm, o que vai determinar o aprendizado do

    aluno, em todos os nveis do ensino, em detrimento de contedos decorados que so esquecidos

    aps as avaliaes, so as formas didticas que os professores da referida rea do saber iro

    utilizar.

    Partindo das ponderaes de Mortimer (1996, p. 20), vemos que grande parte do saber

    cientfico transmitido na escola rapidamente esquecida, prevalecendo idias alternativas ou de

    senso comum bastante estveis e resistentes, identificadas, at mesmo, no seio dos estudantes

    universitrios.

    notvel que uma forma didtica tradicional, especialmente na rea biolgica, com

    muitas tcnicas pouco ou totalmente ineficazes, torna o ensino montono, desconexo e

    desvinculado do cotidiano do aluno. Gera-se, dessa forma, conhecimentos equivocados e

    confusos sobre vrios temas das cincias biolgicas, tendo por conseqncia um ensino pouco

    eficaz, que por vezes pode at confundir ainda mais os conhecimentos cientficos que o aluno j

    possui. Segundo Pedracini et al (2007, p. 301), parece evidente que o modo como o ensino

    organizado e conduzido est sendo pouco eficaz em promover o desenvolvimento conceitual.

    Comprovando esse ponto de vista aqui proposto e chegando a concluses anlogas, h pesquisas

    sobre as formaes de conceitos que, tomando como referncia o ensino de Cincias e Biologia,

    chegaram as seguintes concluses:

    (*) Graduando de bacharelado e licenciatura em Cincias Biolgicas Universidade Castelo Branco. E-mail:[email protected].

    (**)Doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professora da Universidade Castelo Brancoe do Instituto Superior de Educao da Zona Oeste Ise/Uezo/Faetec. E-mail: [email protected].

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    Estudantes da etapa final da educao bsica apresentam dificuldades naconstruo do pensamento biolgico, mantendo idias alternativas em relao aoscontedos bsicos desta disciplina, tratados em diferentes nveis de complexidadeno ensino fundamental e mdio. Estas pesquisas revelam, por exemplo, que amaioria dos estudantes destes nveis de ensino apresenta uma idia sincrtica,portanto, pouco definida sobre clula, confundindo este conceito com os detomo, molcula e tecido (BASTOS, 1992).

    Notamos nas palavras de Vygotsky a necessidade de uma reformulao no s na didtica

    aplicada ao ensino da disciplina de biologia e correlatas, como em todas as demais disciplinas dos

    ensinos fundamental e mdio:

    Cada matria escolar tem uma relao que muda com a passagem da criana deuma etapa para outra. Isto obriga a reexaminar todo o problema das disciplinasformais, ou seja, do papel e da importncia de cada matria no posteriordesenvolvimento psicointelectual geral da criana (VYGOTSKY, 1991, p. 117).

    Percebemos atualmente que a ordenao de contedos que muitos professores adotam por julg-los mais importantes do que outros pode acabar por prejudicar a assimilao de conhecimentos,

    pois alguns contedos so dependentes de outros, e alguns deles dependem de noes de outras

    disciplinas, como o caso da dependncia existente entre os contedos de qumica e fsica do

    nono ano do ensino fundamental, com as noes de clculo da disciplina de matemtica,

    interpretao das questes propostas (pertencente ao campo da disciplina de lngua portuguesa), e

    da capacidade de raciocnio e sntese (pertencente ao campo das disciplinas de filosofia e

    matemtica).Dessa forma, apoiando-nos em Piaget (1993, p. 13), possvel tirar a seguinte concluso:

    efetivamente, cada um dos especialistas das cincias exatas e naturais tem necessidades de uma

    preparao assaz desenvolvida nas disciplinas que precedem a sua, nesta ordem hierrquica,

    assim, como muitas vezes, da colaborao de investigadores das cincias precedentes, o que leva

    estes a interessarem-se pelos problemas levantados pelas cincias seguintes. Sendo assim, uma

    reforma educacional mostra-se extremamente necessria. Todavia, para elucidar suas causas,

    objetivos e mtodos de ao, Castelo assinalou o seguinte:

    A primeira pergunta que se impe, ao estudarmos a Reforma, o porqu dessaReforma, o porqu da necessidade de reformar o ensino. A resposta simples:porque se vem verificando em toda parte, que o ensino tradicional j no podesatisfazer as exigncias da sociedade moderna, a tal ponto que, em muitos casos,fracassa completamente (CASTELO, 1985, p. 1).

    Castelo (1985, p. 2) argumenta ainda que com o progresso cientfico avanado em ritmo

    extremamente acelerado, o velho ensino, baseado na transmisso de conhecimentos, deixou de

    ser eficaz, pois esses conhecimentos adquiridos na escola, ao fim de dez anos tm muito pouco

    valor, j foram substitudos por noes mais novas. Dessa forma, uma atualizao constante

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    exigida de todos que queiram progredir, e a funo da escola no pode ser mais a de transmitir

    conhecimentos que envelhecero em curto prazo.

    Segundo Castelo (1985, p. 3) a principal funo da escola j no promover a simples

    aquisio de conhecimentos, mas sim ensinar a cada um como adquirir o mximo de

    conhecimentos com a maior economia de tempo, em suma, ensinar a cada um como estudar e

    como raciocinar com eficincia. Este autor ainda afirma que:

    Sendo assim, os alunos devem ir escola para adquirir habilidades que oscapacitem a absorver os conhecimentos de que necessitarem, e que os tornemaptos a utilizar esses conhecimentos da maneira mais proveitosa: a habilidade daleitura, do raciocnio matemtico, do planejamento e da avaliao de objetivosetc. Desse modo, estaremos formando indivduos abertos realidade, capazes dereformular constantemente os conhecimentos adquiridos, atualizando-se sempreque perceberem a necessidade disso. Nossos alunos estaro conscientes de que acincia progride, as verdades de hoje no sero as verdades de amanh, mas elespodero sempre, a qualquer momento, tomar posse das novas verdades

    instauradas pelo progresso, graas s habilidades adquiridas na escola(CASTELO, 1985, p. 3).

    Devido a essas necessidades de reformulao das tcnicas de ensino, vrios autores relataram os

    seus pontos de vista, visando sanar esses dficits e falhas do mtodo didtico tradicional.

    Seguindo esse mesmo propsito, essa pesquisa presta-se a relatar uma coletnea de tcnicas,

    habilidades, conhecimentos, domnios metodolgicos e tudo mais que for inerente ao ato docente

    do professor, correlacionando com a realidade e o cotidiano das escolas e, acima de tudo,

    aplicando uma viso crtica e inovadora, visando a todo momento contribuir positivamente parauma reforma educacional da didtica ministrada nas escolas, didtica essa voltada em especial

    disciplina de Cincias, e correlatas do ensino fundamental, e disciplina de Biologia do ensino

    mdio.

    Procedimentos metodolgicos

    Esta pesquisa foi realizada atravs de levantamento bibliogrfico e observaes feitas em Escolas

    Pblicas e Privadas, de ensino fundamental e mdio, da zona oeste do municpio do Rio de

    Janeiro.

    A todo o momento houve a correlao da bibliografia com a realidade do ensino

    ministrado nas escolas, e as concluses chegadas atravs desse estudo. Dessa forma podemos

    chegar a uma viso mais abrangente e realista do sistema de ensino e didtico prtico e terico,

    enfatizando a disciplina de Cincias e correlatas do ensino fundamental, e a Disciplina de

    Cincias Biolgicas (Biologia) do ensino mdio.

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    Anlise dos dados

    Todos os dados obtidos pelo levantamento bibliogrfico e tambm atravs das observaes do

    cotidiano escolar foram interpretados e correlacionados, possibilitando chegar a uma srie de

    concluses sobre as mudanas necessrias didtica no ensino de biologia, bem como concluses

    sobre a didtica tradicional, aplicada atualmente na maioria expressiva das aulas de Cincias e

    Biologia dos ensinos fundamental e mdio, de escolas pblicas e privadas.

    Para comear apontando as principais causas de ineficcia de atual didtica tradicional

    aplicada ao ensino de Biologia, e percebermos por onde devemos iniciar a repensar e a reformular

    os recursos didticos utilizados nessas disciplinas, o estudo de Pedracini chega a vrias

    concluses, dentre elas vale apresentar a seguinte:

    Apesar de os alunos terem estudado os conceitos bsicos referentes estrutura efisiologia dos seres vivos nos seus vrios nveis de organizao, ainda apresentamidias espontneas, algumas vezes, destitudas de significados sobre estescontedos. Refletimos que, talvez, isso se deva ao fato de que o ensino no lhestenha propiciado as atividades necessrias para que o desenvolvimento dosconceitos cientficos pudesse ultrapassar os conceitos espontneos. Para algunsestudantes a vida o fator que caracteriza o ser vivo. Eis a fala que representaessa idia: Ser vivo tem vida e o ser no vivo no tem vida (PEDRACINI ETAL, 2007, p. 320).

    Esse estudo nos permite observar que a forma didtica aplicada atualmente nas escolas no

    permitiu levar um percentual de alunos, que chega bem perto da totalidade, a compreender umdos princpios mais bsicos da Biologia. Devido aos professores muitas vezes se preocuparem

    mais com o cumprimento dos contedos do que com a assimilao, por parte dos alunos, de

    forma satisfatria dos conceitos cientficos, aqueles acabam sacramentando conceitos

    equivocados devido falta de tempo, falta de continuidade e ao aprofundamento insatisfatrio

    no contedo ministrado. Isto porque os professores no proporcionaram atividades capazes de

    desenvolver os conceitos cientficos no processo cognitivo de seus alunos de forma a fazer com

    que esses conceitos cientficos consigam ultrapassar os conceitos do senso comum tambm

    presentes em seu aluno.

    No raro, os contedos mais bsicos das disciplinas acabam sendo sufocados pelos

    contedos mais avanados e detalhados ministrados em sala de aula. Isso se deve, em grande

    parte ao professor que, consciente ou inconscientemente, julga que seus alunos j possuem

    domnio sobre o assunto, que no interessante ensinar esses contedos to bsicos, ou que

    aprendero futuramente em outras disciplinas mais avanadas ou por conta prpria, o que acaba

    no ocorrendo.

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    Atualmente de extrema importncia que o professor de Biologia esteja atento e

    atualizado com todos os novos acontecimentos cientficos que seus alunos tomam conhecimento

    atravs da mdia, porm sem se desvincular dos conceitos mais bsicos inerentes a sua disciplina,

    e a formao de um cidado consciente. Esta concluso um dos pontos centrais das mudanas

    didticas necessrias ao ensino da Biologia.

    A mdia e o senso comum influenciam os alunos com uma fora muito maior do que a

    influncia escolar se os professores no conseguem desmistificar e retirar completamente os

    equvocos que esses conceitos populares podem conter.

    Pode-se dizer que o papel do professor muito importante, pois para alm de formar

    meros guardadores e repetidores de conhecimento, o professor deve contribuir na formao de

    gestores dinmicos de conhecimento, gerando no aluno a capacidade de ser um cidado

    consciente de suas escolhas e convices. Como mostra o estudo de Pedracini et al (2007), amaioria dos alunos do terceiro ano do ensino mdio no possuem a correta noo cientfica sobre

    temas genticos e biotecnolgicos, como a transgenia. Dessa forma, como um professor poder

    formar em sua disciplina (nesse caso a Biologia) um cidado consciente de suas escolhas e

    opinies, no tendo assimilado os conceitos cientficos adequados para formar uma opinio

    consciente e baseada em preceitos cientficos sobre transgnicos, clulas tronco e clonagem

    humana, por exemplo? Como cidados que no assimilaram satisfatoriamente conceitos

    cientficos podem ter uma opinio consciente sobre esses e outros temas complexos? Comopodero opinar conscientemente em um eventual plebiscito levando-se em conta um

    procedimento democrtico relevante, apesar de no muito usual que tratasse do rumo das

    pesquisas cientficas de uma sociedade, sem serem influenciados por conhecimentos no

    cientficos, como os preceitos religiosos ou os veiculados pela mdia e por ideologias

    manipuladoras?

    Para que o professor consiga desmistificar as idias lanadas pela mdia, nada melhor do

    que fazer uso de reportagens da mdia em sala de aula, e desvelar para seus alunos o que tm de

    verdade, o que tm de especulao, e o que tm de inverdade nas reportagens. Neste caso, o

    recurso audiovisual tambm de grande valia. Vemos, por exemplo, esse tipo de conceito

    lanado pela mdia e que acaba por influenciar os conceitos cientficos do aluno, em colocaes

    de estudantes que dizem, por exemplo, o seguinte: DNA est presente no plasma do sangue ou

    que dizem que DNA encontra-se no sangue ou no fio de cabelo, o que revela alm de uma

    influncia da mdia, como o dos testes de paternidade, e as anlises criminalsticas do DNA feitas

    atravs de fios de cabelo ou coleta de sangue, ato muito presente em seriados de investigao

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    criminal, como tambm remontam a antigas concepes de que a hereditariedade era transmitida

    pelo sangue, Pedracini, et al (2007, p. 304).

    Para que o professor consiga desmistificar os conceitos do senso comum, nada melhor do

    que fazer uso de experimentos, da uma das importncias do laboratrio nas escolas, e comparar o

    que o povo diz com o que a cincia revela. Dessa forma, o professor inibe mais satisfatoriamente

    as influncias do senso comum. Vemos esse tipo de conceito do senso comum em alunos que

    dizem que DNA o tipo de sangue Pedracini et al (2007, p. 304), por exemplo.

    Para que o professor consiga desmistificar os conceitos antropocntricos que no

    permitem uma generalizao maior e um raciocnio mais amplo, como os presentes, por exemplo,

    nas colocaes dos alunos que dizem que: DNA a nossa identidade, onde fica constituda as

    nossas caractersticas ou que DNA a caracterstica das pessoas Pedracini et al (2007, p. 304),

    necessrio que o professor aplique esses conceitos a outros animais, e at mesmo a seres vivospertencentes a outros reinos, como plantas, bactrias, fungos e protozorios.

    As aulas prticas

    Tendo em vista o ensino de Cincias Biolgicas, aulas prticas so de extrema importncia. So

    elas que possibilitam o aluno a fazer a relao entre o conhecimento cientfico assimilado na

    escola com a sua realidade cotidiana. Dessa forma, segundo Lima e outros autores (1999):A experimentao inter-relaciona o aprendiz e os objetos de seu conhecimento, ateoria e a prtica, ou seja, une a interpretao do sujeito aos fenmenos eprocessos naturais observados, pautados no apenas pelo conhecimento cientfico

    j estabelecido, mas pelos saberes e hipteses levantadas pelos estudantes, diantede situaes desafiadoras (LIMA ET AL, 1999, apud POSSOBOM ET AL, 2002,p. 115).

    Apesar de todos os benefcios que as aulas prticas proporcionam, o professor deve selecionar

    criteriosamente o que ser abordado e como ser abordado. Dando o mximo de autonomia

    possvel para os seus alunos, estimulando ao mximo a independncia do aluno, e a capacidadede conseguir interpretar os fatos atravs de observaes e pesquisas prprias. Por esse motivo,

    Brasil afirma o seguinte:

    As atividades prticas no devem se limitar a nomeaes e manipulaes devidrarias e reagentes, sendo fundamental que se garanta o espao de reflexo,desenvolvimento e construo de idias, ao lado de conhecimentos deprocedimentos e atitudes. O planejamento das atividades prticas deve seracompanhado por uma profunda reflexo no apenas sobre sua pertinnciapedaggica, como tambm sobre os riscos reais ou potenciais integridade fsicados estudantes (BRASIL, 1998, apud POSSOBOM ET AL, 2002, p. 116-117).

    Classificando-se excurses escolares e trabalhos de campo como aulas prticas extremamente

    proveitosas para os alunos, pois possibilita a interao do aluno ao objeto de conhecimento, bem

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    como uma observao na prtica dos conhecimentos assimilados em sala de aula, dessa forma

    levando o aluno a compreender o motivo de ter aprendido um determinado contedo e ver a sua

    aplicao na prtica. A rea de ensino das Cincias Biolgicas, uma das que mais ganha com

    esse tipo de prtica, e que pode-se dizer que at a que mais depende dela para uma melhor

    compreenso do aluno. De acordo com essas colocaes, Aguayo, salienta o seguinte:Raro o estudo elementar que no ganha com excurses. So, entretanto, ascincias naturais as que tiram mais proveito desse meio de instruo. A excursope o aluno em contato direto com o mundo natural, exercita os sentidos, provocaa atividade do pensamento, contribui para o desenvolvimento da vida emcomunidade, estreita as relaes de estima entre o professor e alunos e ofereceoportunidade para o trabalho fsico e o prazer espiritual. Apesar dessas vantagens,no so poucos os reparos dirigidos s excurses escolares. As mais importantesdessas objees so: as excurses tomam muito tempo; sacrificam horasdestinadas a algumas disciplinas; privam o professor de suas horas livres; exigemdele conhecimento minucioso da localidade e dependem do estado favorvel oudesfavorvel do tempo. No te, esses argumentos o valor que lhes atribuem os

    que os formulam. A perda de tempo que representa uma excurso recompensadapelos benefcios; boa organizao escolar e a globalizao do ensino evitamfacilmente o sacrifcio de umas disciplinas em proveito de outras; entre osdeveres do professor acha-se o de realizar mensalmente uma excurso escolar eestudar cuidadosamente a Heimat; e, finalmente, o adiamento de uma excursopela ameaa do mau tempo no constitui argumento srio contra a excurso(AGUAYO, 1966, p.175-176).

    O professor determina a necessidade de uma aula de campo, quando elas devem ocorrer, e qual

    ser o seu objetivo, porm de forma a levar at o seu aluno uma atividade de campo que no

    esteja nem muito alm, nem esteja aqum de suas capacidades e conhecimentos j assimilados.

    A avaliao

    Uma das questes que deixam muitos professores inseguros a forma correta de aplicar uma

    avaliao, e quais os contedos ou questes que sero abordados.

    Partindo-se do princpio que para aplicar provas tericas o professor deve anteriormente

    ter ministrado boas aulas prticas, possvel dizer que de compreenso mais fcil para o aluno

    se o professor abordar o que for do cotidiano do aluno, tanto na aula terica como na aula prtica,

    o mesmo vale para as avaliaes, pois esse mecanismo permite ao aluno ampliar as suas

    capacidades de generalizao e aplicao do conhecimento ou habilidade adquirida, pois o aluno

    percebe que consegue chegar em resultados melhores em sua vida quando aplica em sua vida o

    que aprendeu na escola, isso faz com o que o conhecimento ganhe um lugar de destaque na vida

    do aluno, gerando dessa forma uma necessidade de no esquecer o que foi aprendido, interesse

    em aprender mais coisas e desenvolver mais habilidades, bem como ampliar os conhecimentos e

    habilidades adquiridos na escola ou atravs dos estudos, e no mais apenas do senso comum, e

    conseguindo repensar os conceitos de verdade que ele impe. Esse preceito de aplicao

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    extremamente fcil na disciplina de Biologia e correlatas. possvel chegar a essas concluses

    devido as palavras de Aebli, mais especificamente ao ler o seguinte trecho de sua obra:

    Achamos particularmente, que o problema, agindo como quadro da pesquisa(esquema antecipador) permite ao aluno realizar de maneira relativamenteindependente o objeto da pesquisa. Quando esse objeto de ordem cognitiva, o

    mestre deve cuidar para que os conhecimentos adquiridos no tomem a forma dehbitos intelectuais rgidos, mas possuam a mobilidade operatria caractersticado pensamento vivo, que o nico capaz de generalizaes e de aplicaesextensas e de desenvolvimentos novos (AEBLI, 1971, p. 109).

    Dessa forma, notamos tambm que uma forma de ensino diferenciada ir influenciar na forma

    como o aluno assimila os seus conhecimentos, tendo-os como uma referncia que pode ser

    aplicada a vrias situaes, bem como atualizadas com novas descobertas. Isso tudo ir

    influenciar nitidamente na avaliao do aluno.

    Quando o objetivo do professor avaliar o desenvolvimento cognitivo, de assimilao deconhecimentos, e de desenvolvimento de habilidades e competncias na sua disciplina (neste caso

    as disciplinas das Cincias Biolgicas), ele deve no somente basear a avaliao nica e

    simplesmente na prova, necessitando tambm levar em considerao, o contexto social do aluno,

    seu interesses e causas de dificuldades, o desenvolvimento de habilidades, dentre outros critrios

    que o professor note ser importante. Neste caso, um trabalho extra para alunos com nota inferior a

    mdia da turma, pode revelar se o aluno tem dificuldades, ou se o que deve ser trabalhado o

    interesse do aluno pela disciplina. Um trabalho de pesquisa bibliogrfica com a opinio do aluno

    pode ser de grande auxlio para ele mesmo, e servir como meio diagnstico para o professor.

    Algo interessante que pode ser utilizado nas disciplinas das Cincias Biolgicas o

    professor sugerir um experimento para o aluno realizar, orient-lo a anotar os resultados, tirar

    suas concluses e relacionar com a bibliografia que o aluno sentir necessidade de pesquisar, ou

    seja, dizer para o aluno interpretar o resultado do experimento, pesquisar pelo menos trs

    bibliografias que possam servir de base para explicar os resultados encontrados, e relatar tudo em

    um trabalho que avaliado pelo professor. Esse procedimento extremamente proveitoso tanto

    para o desenvolvimento de habilidades, como para aprofundar o nvel de competncia do aluno.

    Apesar de ser mais indicado para alunos do ensino mdio devido a sua complexidade ser um

    pouco maior, esse procedimento pode ser adaptado ao ensino fundamental, com experimentos

    mais simples, ou apenas simples observaes da natureza com pesquisa do aluno para

    compreender o que foi observado ou visto em documentrios indicados pelo professor. O

    experimento pode ser feito em casa, na escola durante a aula de forma independente, ou junto

    com o professor, porm sempre deixando o aluno encarregado de perceber o resultado e pesquisar

    o seu motivo.

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    Os tipos de trabalho dito acima so um dos mais proveitosos e servem como uma espcie

    de avaliao instrutiva. O professor deve estar consciente tambm que uma avaliao com

    rendimento muito baixo da turma, ou uma questo que houve um altssimo ndices de alunos que

    no acertaram, pode ser devido a avaliao no ter sido formulada da melhor forma indicada, ou a

    questo gerou confuso para os alunos devido a uma m formulao. Dessa forma, podemos dizer

    que a avaliao no unilateral, pois avalia tanto o aluno, quanto o trabalho do professor, se

    atingiu os objetivos determinados, se est sendo empregado da melhor forma para os alunos, ou

    se a avaliao foi corretamente formulada.

    Afirmando essas colocaes propostas acima temos as citaes abaixo descritas, dentre as

    quais possumos a de Castelo (1985, p. 208), que ainda faz algumas ressalvas sobre o

    comportamento do professor ao aplicar uma prova: O procedimento do aplicador da prova

    importante para que se tenha bons resultados. Um mal aplicador pode pr a perder uma provaexcelentemente organizada, sobretudo quando os estudantes so adolescentes, em fase de

    rebeldia. Esse autor expe as seguintes medidas para a soluo dessa questo:

    Para isso, o aplicador dever ser calmo, srio, discreto, falando apenas onecessrio. Dever ler, em voz alta, as instrues que aparecem na prova, e, antesde inici-la, colocar-se- disposio da turma, caso tenha ficado alguma dvida.Se for preciso dar resposta de modo claro e objetivo, sem excesso deexplicaes. Uma vez iniciado o exerccio, este no dever mais ser interrompidocom perguntas, e, a esse respeito, o aplicador ter de ser intransigente, porque, seabrir uma exceo, logo haver uma srie de dedos levantados pedindo o seuauxlio, quase sempre sem necessidade real de esclarecimentos. Em seguida, omestre limitar-se- a observar atentamente os alunos, anotando tudo o que lheparecer interessante: nervosismo exagerado de alguns, tentativas de comunicaode outros, perguntas excessivas de um terceiro, etc. O tempo da prova deve virdeterminado nas instrues iniciais, e deve ser calculado com certa folga.Entretanto, uma vez iniciado o exerccio, o mestre ser inexorvel na contagem erecolher nas carteiras, sem comentrios, as provas daqueles que permaneceremat o fim. O mximo que poder fazer avisar os retardatrios quando faltaremapenas cinco minutos para o termino do trabalho (CASTELO, 1985, p.208-209).

    Sendo assim, o professor deve avaliar o teste com base em tudo quanto foi feito e anotado,

    levando em considerao os seguintes itens principais: A prova atingiu os objetivos que se

    props? Mediu o que pretendia? As instrues e perguntas foram bem compreendidas pelos

    alunos? Tudo o que compunha o exerccio estava dentro da matria dada em sala de aula? A

    prova pode ser corrigida com relativa facilidade? O tempo foi bem calculado, ou houve muitos

    que no acabaram? As dificuldades foram bem dosadas? Em geral, h 15% de notas timas, 15%

    de notas fracas e a maior parte da turma fica na mdia, entre 5 e 7 pontos. Caso tenha havido

    resultados excessivamente bons ou excessivamente maus, provavelmente a culpa do mestre e

    no dos alunos. Quais os erros mais comuns que precisam de reviso? O que posso fazer para

    evitar esses erros no futuro? Quais as atividades que poderei organizar para fixar as formas

    corretas?

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    Democrat izar , v . I I I , n . 1 , j an ./abr . 2009 .

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    Dessa forma, podemos concluir que a avaliao pode ser alternativa, e que as notas so

    uma forma de avaliao no s do desempenho dos alunos, como tambm um diagnstico do

    trabalho do professor.

    Sntese dos dados

    Demonstrando as necessidades aqui afirmadas, Candau (1984, p. 21) diz que Este , a meu ver,

    o desafio do momento: a superao de uma Didtica exclusivamente instrumental e a construo

    de uma Didtica fundamental.

    Com relao aos meios pelos quais se deve repensar a didtica, bem como sua

    importncia, Candau (2005, p. 41), citando a sua prpria obra de 1983, diz que O ensino da

    didtica deve desmistificar o pressuposto da neutralidade que, de fato, muitas vezes o teminformado, e ainda afirma que:

    fundamentalmente a partir de uma viso contextualizada e historicizada daeducao que podemos repensar a Didtica e re-situ-la em conexo com umaperspectiva de transformao social, com a construo de um novo modelo desociedade (CANDAU, 2005, p. 41).

    Mostrando o atual momento que passa os paradigmas da didtica e seguindo as atuais tendncias

    investigativas da educao brasileira, Candau, afirma que:

    A Didtica passa por um momento da reviso crtica. Tem-se a conscincia danecessidade de superar uma viso meramente instrumental e pretensamente neutrado seu contedo. Trata-se de um momento de perplexidade, de denncia eanncio, de busca de caminhos que tm de ser construdos atravs do trabalhoconjunto dos profissionais da rea com os professores de primeiro e segundograus. pensando a prtica pedaggica concreta, articulada com a perspectiva detransformao social, que emergir uma nova configurao para a Didtica(CANDAU, 2005, p. 14).

    Se as atuais formas didticas no mudarem, a escola acabar por ficar subjugada a outros meios

    informativos, pois no foi repensada para acompanhar as transformaes da sociedade, tal como

    nos mostra Libneo, onde fala sobre a escola e a sua funo na futura sociedade tecnolgica e dainformao:

    Ao contrrio, pois, do que alguns pensam, existe lugar para a escola na sociedadetecnolgica e da informao, porque ela tem um papel que nenhuma outrainstncia cumpre. verdade que essa escola precisa ser repensada. E um dosaspectos mais importantes a considerar o de que a escola no detm sozinha omonoplio do saber. H hoje um reconhecimento de que a educao acontece emmuitos lugares, por meio de vrias agncias. Alm da famlia, a educao ocorrenos meios de comunicao, nas empresas, nos clubes, nas academias de ginstica,nos sindicatos, na rua. As prprias cidades vo se transformando em agnciaseducativas por meio de iniciativas de participao da populao na gesto deprogramas culturais, de organizao dos espaos e equipamentos pblicos(LIBNEO, 2007, p. 25-26).

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    Segundo Libneo, (2007, p. 7), os educadores so unnimes em reconhecer o impacto

    das atuais transformaes econmicas, polticas, sociais e culturais na educao e no ensino,

    levando a uma reavaliao do papel da escola e dos professores. Mostrando a importncia das

    reais funes da escola Libneo, (2007, p. 9) destaca que a escola tem o compromisso de reduzir

    a distncia entre a cincia cada vez mais complexa e a cultura de base produzida no cotidiano, e a

    provida pela escolarizao. Esse autor ainda complementa dizendo que junto a isso tem,

    tambm, o compromisso de ajudar os alunos a tornarem-se sujeitos pensantes, capazes de

    construir elementos categoriais de compreenso e apropriao crtica da realidade.Ademais,

    Libneo sublinha a importncia da mudana da didtica perante as atuais necessidades escolares e

    sociais:

    a escola precisa oferecer servios de qualidade e um produto de qualidade demodo que os alunos que passem por ela ganhem melhores e mais efetivas

    condies de exerccio da liberdade poltica e intelectual. este o desafio que sepe educao escolar neste final de sculo (LIBNEO, 2007, p. 10).

    Essa necessidade de mudana da didtica, no caso, tambm a ser adotada no ensino de Biologia,

    destacada por Gonalves e Pimenta, em que afirmam o que se segue:

    Os problemas do ensino de Biologia esto relacionados com a concepo deCincia e Educao que permeia nossa prtica e com a concepo de ensino-aprendizagem que se estabelece na sala de aula. Tais problemas transparecem naseleo de contedos, no tratamento eminentemente descritivo edescontextualizado dado a esse contedo e na transmisso pura e simples deconceitos, desconsiderando o conhecimento intuitivo do aluno e seu instrumental

    para investigar os propsitos e se apropriar do conhecimento sistematizado(GONALVES E PIMENTA, 1991, p. 144).

    O papel das cincias naturais como uma disciplina escolar deve ser, dessa forma, posto em

    relevo, e a didtica utilizada para o seu ensino reformulada, como nos mostra Gonalves e

    Pimenta (1991, p. 144).

    A proposta que apresentamos pretende retirar a Biologia do papel de cincianeutra, detentora de verdades absolutas, sem vnculo com o social, e o aluno dopapel de objeto, para que ocupem seus lugares de direito: a Biologia, uma cincia

    que opera com modelos, construdos no tempo e no espao e cujo objeto ofenmeno vida e suas diversas manifestaes em interao com o ambiente; oaluno, um sujeito que se constri e constri seu conhecimento e atua enquantocidado.

    Com base na experincia feita por Aebli (1971, p. 171), em que dois grupos com o mesmo

    nmero de alunos foram submetidos a uma forma de ensino especfica, um ao ensino tradicional,

    e outro ao ensino construtivista, foi possvel provar que o ensino construtivista mostrou-se mais

    proveitoso do que o ensino tradicionalista. Reafirmando as concluses chegadas por esse estudo,

    Aebli (1971, p. 180), demonstra atravs de sua pesquisa que o ensino construtivista, scio-interacionista traz mais benefcios que o ensino tradicionalista. Nesse sentido, a banalizao e a

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    deteriorao do magistrio tm contribudo para a formao de professores que no esto

    sintonizados com a problemtica em foco, pois, segundo Pimenta (2006, p. 66):

    Os educadores brasileiros no esto assistindo passivamente deteriorao domagistrio. Bem como no esto apenas diagnosticando os problemas. Desde oincio dos anos 80 vm gestando um movimento de pesquisas, estudos e

    propostas, denunciando, analisando e encaminhando superaes. Essemovimento, como dissemos, vem ocorrendo nas faculdades de educao,especialmente nos cursos de ps-graduao, nos institutos de pesquisa, nasassociaes dos educadores e no aparelho de estado de algumas secretariasestaduais. Em todos esses mbitos h iniciativas, produo de conhecimentos,idias, propostas. Concordantes ou no e mesmo divergentes, no importa. Todascom a preocupao de alterar o quadro de precariedade que a est na formaode professores.

    Objetivando mudar a realidade devemos fazer uso do mecanismo da prxis, tal como foi feito

    nesse estudo, pois segundo Aranha e Martins:

    Marx chama de prxis ao humana de transformar a realidade. Nesse sentido, oconceito de prxis no se identifica propriamente com a prtica, mas significa aunio dialtica da teoria e da prtica. Isto , ao mesmo tempo que a conscincia determinada pelo modo como os homens produzem a sua existncia, tambm aao humana projetada, refletida, consciente. Por isso, a filosofia marxista tambm conhecida como a filosofia da prxis (ARANHA E MARTINS, 1993, p.242).

    Essa prxis, a qual foi utilizada durante toda a formulao dessa pesquisa, possibilita chegar a

    concluses no puramente tericas, nem puramente prticas, mas sim a concluses tericas que

    remetem a realidade prtica-terica-prtica da atual realidade das escolas e da didtica aplicada

    no ensino de cincias e biologia. Essas novas concluses aqui obtidas atravs da prxis que

    possibilitam a ao humana de transformar a realidade, e nesse caso, transformar para melhor.

    Fica dessa forma, mais do que claro, a necessidade de um ensino que contemple todos os

    fatos aqui mencionados. Gerando dessa forma, um ensino que consiga se desprender do ensino

    tradicionalista; um ensino que utilize tcnicas comprovadamente efetivas, e que contemple o

    maior nmero de alunos possvel, e utilizar formas didticas especiais para aqueles que mesmo

    assim no obtiverem um bom desempenho.

    Concluso

    A funo do professor , sem dvida, desenvolver ao mximo, competncias e habilidades no seu

    aluno, de forma interdisciplinar e transdisciplinar, porm, contextualizando e enfocando sua

    disciplina. Ento, por que se contentar com um desenvolvimento mnimo se ele pode ser mximo

    com a utilizao de outras tcnicas?

    Repensar as tcnicas didticas exige uma competncia e um mecanismo de mudana darealidade que apenas a prxis pode oferecer. E seu produto e sempre ser extremamente

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    necessrio para a mudana da realidade, que nesse caso o aperfeioamento das competncias e

    habilidades dos alunos. Com isso se poder possibilitar a gestao de uma mudana social de

    maior proveito para a dinmica histrica e um incremento da participao cidad e consciente

    nesse processo.

    Cada professor colabora, priorizando sua rea, para a formao de um cidado pleno, mas

    jamais deve perder a noo de interdisciplinaridade e de transdisciplinaridade, essenciais para a

    resoluo dos atuais dilemas e desafios biolgicos e sociais.

    A sociedade passa atualmente por grandes e aceleradas mudanas biotecnolgicas, as

    quais exigem profunda compreenso das pessoas para a participao cidad e para a influncia

    tica da populao nesse processo. Se a escola tem a funo maior de formar cidados plenos,

    conscientes, crticos e ticos, os formandos do ensino mdio devem estar verdadeiramente

    dominando essas competncias e habilidades capazes de acompanhar as mudanas cientficas ebiotecnolgicas e participar conscientemente delas. Para isso tambm se presta a disciplina de

    Cincias no ensino fundamental e a de Biologia no ensino mdio. No entanto, com a atual

    didtica, isso no est ocorrendo, muitos alunos formandos do ensino mdio constroem opinies

    sem nem ao menos conhecer os fundamentos cientficos do polmico paradigma atual das

    pesquisas com clulas tronco embrionrias, e a clonagem humana para fins teraputicos. Da

    surge a maior necessidade de mudar a atual didtica aplicada a essas disciplinas, pois utilizando

    outras tcnicas e metodologias possvel atingir o objetivo de reverter essa realidade.O ensino de Cincias e de Biologia imprescindvel para a formao cidad, sua atual

    importncia extrema, e tende a crescer ainda mais com o passar do tempo e com a evoluo da

    cincia e da sociedade.

    Referncias

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    Resumo: O presente estudo tem como objetivo repensar as formas didticas atualmente aplicadas

    nas disciplinas de Cincias no Ensino Fundamental e de Biologia no Ensino Mdio, bem como

    disciplinas correlatas, onde pode atuar o profissional licenciado em Cincias Biolgicas. Os dados e

    tcnicas de ensino analisadas foram obtidos atravs de levantamento bibliogrfico, e sua eficcia ou

    ineficcia foi comprovada atravs de observaes feitas em escolas pblicas e privadas do

    Municpio do Rio de Janeiro. Esse levantamento permitiu observar e relatar uma enorme gama de

    meios tcnicos que o professor dessa rea do saber pode empregar em sala de aula para melhorar o

    desenvolvimento de competncias e habilidades em seus alunos. Investigar se a didtica na

    concepo construtivista scio-interacionista oferece melhor aproveitamento e resultados mais

    proveitosos para alunos e professores, em detrimento da didtica tradicional, e se proporciona

    habilidades para a assimilao consciente, dinmica, tica e cidad dos atuais paradigmas da

    biotecnologia, , sem dvida, o foco principal dessa pesquisa.

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    Palavras-chave: Didtica; Cincias Biolgicas; Biotecnologia; Cidadania Consciente; Docncia.

    Abstract: This study aims to rethink the ways didactic currently applied in the disciplines of

    science in elementary school and biology in high school, and related disciplines, which can act as

    fully professional degree in Biological Sciences. The data were analyzed and techniques of

    teaching obtained through bibliographic, and their effectiveness or ineffectiveness was

    demonstrated in remarks made in public and private schools in the municipality of Rio de Janeiro.

    This survey enabled observe and report a wide range of technical means that the teacher know that

    the area can employ in the classroom to improve the development of skills and abilities in their

    students. To investigate whether didactic social-constructivist use interactionist design offers better

    results and more beneficial to students and teachers rather than the traditional didactic, and it

    provides skills for the assimilation conscious, dynamic, ethical and citizen of the current paradigms

    of biotechnology, has no doubts , is the main focus of this research.Key-words: Didactics; Biological Sciences; Biotechnology; Aware Citizenship; Teaching.