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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO- UFMT CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO BACHAREL EM BIOMEDICINA ALICE SANTOS DA SILVA REPERCUSSÕES MATERNAS DA ASSOCIAÇÃO DO DIABETE E DE DIETA HIPERCALÓRICA NA PRENHEZ DE RATAS Barra do Garças-MT 2019

REPERCUSSÕES MATERNAS DA ASSOCIAÇÃO DO DIABETE E DE DIETA …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO- UFMT

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO BACHAREL EM BIOMEDICINA

ALICE SANTOS DA SILVA

REPERCUSSÕES MATERNAS DA ASSOCIAÇÃO DO

DIABETE E DE DIETA HIPERCALÓRICA NA PRENHEZ DE

RATAS

Barra do Garças-MT

2019

I

ALICE SANTOS DA SILVA

REPERCUSSÕES MATERNAS DA ASSOCIAÇÃO DO

DIABETE E DE DIETA HIPERCALÓRICA NA PRENHEZ DE

RATAS

Monografia apresentada à banca

examinadora do Curso de Biomedicina do

Instituto de Ciências Biológicas e da

Saúde, Campus Universitário do Araguaia

– UFMT, como requisito parcial, para

obtenção do título de Bacharel em

Biomedicina.

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Tadeu Volpato

Coorientadora: Mestranda Vanessa Caruline Araujo da Silva

Barra do Garças-MT

2019

II

III

IV

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia à minha mamãe Alzira, pelo incentivo e apoio nas

minhas decisões, por me ensinar a persistir nos desafios e batalhar para ter um bom

futuro. Você é o melhor exemplo de mulher que tenho!

Ao meu papai José Arimathéia, por ter incentivado e investido nos meus

estudos, por ser o melhor professor de física e biologia, e por ter sido o responsável

em despertar em mim o amor pela ciência. Você é a minha inspiração!

A todos os professores que participaram da minha formação, desde a pré-

escola até a faculdade. Obrigada por todo conhecimento que me passaram, sem ele

eu não teria chegado até aqui.

V

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por sempre estar comigo, me dando forças e guiando o meu

caminho. Pelas bênçãos e oportunidades que coloca em minha vida e por ser o meu

refúgio nos momentos difíceis.

Aos meus pais, Alzira e José Arimathéia, por tudo que fazem por mim e por

me apoiarem. Amo vocês!

Agradeço meu noivo Renan Diego pelo companheirismo, amizade, por me

apoiar e por estar sempre disposto a me ajudar. Que Deus abençoe o nosso

casamento!

Às pessoas da minha família que me apoiam e torcem pelo meu sucesso. Em

especial meus avós maternos, Joana e Gelson, e avós paternos, Alice e Jurandir por

serem essas pessoas guerreiras no qual eu me espelho.

À família do meu noivo, por terem me acolhido e terem se tornado a minha

segunda família.

A todas as pessoas que fazem parte da minha vida e que de alguma forma

me ajudam a prosperar.

A Lisa, Pati, Marie, Laurinha e Pingo por serem meus companheiros, minha

felicidade e por me trazerem paz.

Aos amigos de longa data, obrigada pelo apoio e pela amizade.

À minha melhor amiga, Yohanna, por ser minha companheira e estar comigo

em todos os momentos me animando e me apoiando. Obrigada por seus conselhos

e por sempre tentar me ajudar com meus problemas.

À minha querida amiga e companheira de experimento, Andressa Lourenço,

por seu jeitinho espontâneo de ser que tornou as tarefas mais divertidas. Obrigada

pela ajuda e palhaçadas.

À Ana Carla, por ser uma amiga incrível. Sempre lembrarei das suas histórias,

conselhos e dos seus resumos que ajudavam na época das provas.

A vocês meninas, Ana Carla e Andressa Lourenço, as amigas que a

faculdade me deu, obrigada pelos momentos de risadas e descontração, por

estarmos juntas e ajudando umas às outras sempre que preciso.

VI

Ao meu orientador Prof. Dr. Gustavo Tadeu Volpato, pela confiança e

oportunidade de iniciação científica. Obrigada pela paciência e ensinamentos ao

longo desse período.

Agradeço à minha coorientadora Vanessa Caruline pelos ensinamentos e por

me guiar na produção desse trabalho.

Aos membros da banca, Prof. Dr Kleber Eduardo de Campos e Cristielly

Barbosa, obrigada por aceitarem avaliar meu trabalho.

Ao pessoal da família FisioTox, pelo respeito, paciência, ensinamentos, a

união de vocês é linda! Agradeço principalmente aos alunos do Prof. Gustavo. Em

especial, Vanessa Liones e Catarina. Tenho muito carinho por vocês meninas.

Ao CNPq pela bolsa de Iniciação Cientifica.

Aos animais que participaram do experimento, sem eles essa pesquisa não

existiria.

VII

“Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que produz

conhecimento. ”

Provérbios 3:13

VIII

RESUMO

Diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica caracterizada por defeitos na

produção e/ou secreção e ação da insulina. O consumo de alimentos gordurosos e

açucarados podem ser um agravante no organismo materno diante essa

fisiopatologia. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar, os efeitos da associação

do diabete e dieta hipercalórica na prenhez de ratas. Para isso, foi administrado

Streptozotocin no 1º dia de vida de ratas. Na vida adulta (90 dias), após confirmação

do diabete, as ratas foram distribuídas em quatro grupos experimentais: Controle

com dieta padrão (C); Controle com dieta alterada (CA); Diabético com dieta padrão

(D) e Diabético com dieta alterada (DA). Os grupos dieta alterada receberam ração

hiperlipídica e água contendo 5% de sacarose. Aos 120 dias de vida, as ratas foram

acasaladas e após diagnóstico positivo de prenhez, as ratas foram submetidas ao

teste oral de tolerância à glicose (TOTG) no dia 0 de prenhez. Peso corpóreo,

ingestão hídrica e consumo alimentar foram medidos semanalmente. No 21º dia de

prenhez, as ratas foram anestesiadas e em seguida foi realizada a laparotomia.

Coração, fígado, pâncreas, baço, rins, gordura periovariana e visceral foram

removidos e pesados e o útero gravídico e ovários foram removidos para avaliação

do desempenho reprodutivo materno. As ratas dos grupos diabéticos apresentaram

glicemia aumentada durante o TOTG em relação aos grupos controles. Os grupos

com dieta inadequada apresentaram alteração na ingestão hídrica e consumo

alimentar. O grupo D apresentou aumento dos rins. O grupo DA apresentou

aumento do pâncreas, baço, gordura visceral e periovariana. Os grupos D e DA

apresentaram aumento das perdas pré e pós-implantação. O grupo DA apresentou

diminuição no ganho de peso materno e peso do útero gravídico. Portanto, esse

estudo demonstrou que a associação da dieta hipercalórica e diabete levam a

alterações sistêmicas e prejudicam a performance materna.

Palavras-chave: diabete, ração hiperlipídica, prenhez, performance materna.

IX

ABSTRACT

Diabetes mellitus (DM) is a chronic disease characterized by defects in insulin action,

production and/or secretion. The seek for high-fat and high-sugar foods can be an

aggravating factor in the maternal organism in face of this pathophysiology.

Therefore, the objective of this study was to evaluate the effects of hypercaloric diet

and diabetes status association diabetic pregnant rats. For this, was administered

Streptozotocin on the 1st day of life of rats. In adulthood (90 days), after confirmation

of diabetes, the rats were divided into four experimental groups: Control with

standard diet (C); Control with modified diet (AC); Diabetic with standard diet (D) and

Diabetic with modified diet (DA). The modified diet groups received hyperlipid chow

and water containing 5% sucrose. At 120 days of age, the rats were mated and after

positive diagnosis of pregnancy, the rats were submitted to the oral glucose tolerance

test (OGTT) on day 0 of pregnancy. Body weight, water intake and food consumption

were measured weekly. On the 21st day of pregnancy, the rats were anesthetized

and then realized the laparotomy. Heart, liver, pancreas, spleen, kidneys, periovarine

and visceral fats were removed and weighed and the gravid uterus and ovaries was

removed for evaluation of maternal reproductive performance. Inadequate diet

groups presented alteration in food and water consumption. Group D had increased

kidneys. The DA group presented increase of the pancreas, spleen, visceral and

periovarian fat. The DA group presented increase in pre and post-implantation

losses. The DA group had a decrease in maternal weight gain and weight of the

gravid uterus. Therefore, this study demonstrated that the association of the

hypercaloric diet and diabetes lead to systemic alterations and impair maternal

performance.

Keywords: diabetes, hyperlipidic chow, pregnancy, maternal performance.

X

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ˗̶ Rata Wistar...............................................................................................16

Figura 2 ˗̶ Desenho experimental do estudo.............................................................17

Figura 3 ˗̶ Ração padrão...........................................................................................19

Figura 4 ˗̶ Ração hiperlipídica...................................................................................19

Figura 5 ˗̶ Células queratinizadas e presença de espermatozoides.........................20

Figura 6 ˗̶ Teste Oral de Tolerância a Glicose (TOTG) ............................................22

Figura 7 ˗̶ Peso (g) de ratas dos grupos Controle, Controle Alterado, Diabético e

Diabético Alterado......................................................................................................23

Figura 8 ˗̶ Ingestão hídrica (mL) de ratas dos grupos Controle, Controle Alterado,

Diabético e Diabético Alterado...................................................................................24

Figura 9 ˗̶ Consumo alimentar (g) de ratas dos grupos Controle, Controle Alterado,

Diabético e Diabético Alterado...................................................................................25

XI

LISTA DE TABELAS

Tabela 1˗̶ Composição da ração experimental oferecida para ratas não-diabéticas e

diabéticas antes e durante a prenhez.................................................................... 19

Tabela 2 ̶ Peso relativo dos órgãos de ratas não diabéticas e diabéticas submetidas

ou não a dieta alterada........................................................................................... 26

Tabela 3 ̶ Desempenho reprodutivo materno de ratas não diabéticas e diabéticas

submetidas ou não a dieta alterada........................................................................ 27

XII

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13

2- OBJETIVOS ................................................................................................. 18

2.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 18

2.2 Objetivos Específicos ............................................................................. 18

3- MATERIAIS E MÉTODO ................................................................................ 19

3.1 Animais .................................................................................................... 19

3.2 Sequência experimental ......................................................................... 19

3.3 Indução do diabete ................................................................................. 20

3.4 Grupos experimentais ............................................................................ 21

3.5 Tratamento com dieta padrão ou alterada ............................................ 21

3.6 Acasalamento.......................................................................................... 23

3.7 Período de prenhez ................................................................................. 24

3.8 Obtenção de dados do desempenho reprodutivo materno ................ 24

3.9 Análise estatística................................................................................... 24

4- RESULTADOS ............................................................................................... 25

5- DISCUSSÃO ................................................................................................ 31

6-CONCLUSÃO .................................................................................................. 34

7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 35

13

1- INTRODUÇÃO

Diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica em que o pâncreas não produz

insulina suficiente, e/ou a insulina produzida não consegue ser utilizada de forma

eficaz pelo organismo, resultando em níveis elevados de glicose no sangue

(INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION - IDF, 2017). Devido a DM e suas

complicações terem um impacto significativo na qualidade de vida, faz-se necessário

intervenções, como prévio diagnóstico, tratamento para redução das complicações e

prevenção da morte precoce (WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO, 2016;

(AMERICAN DIABETES ASSOTIATION - ADA, 2019).

O aumento da prevalência de DM é um problema de saúde crescente, sendo

responsável por 10,4% da mortalidade global (IDF, 2017). Segundo a Organização

Mundial da Saúde, 422 milhões de adultos possuíam diabete em 2014 e, nos últimos

10 anos, o número aumentou nos países de baixa e média renda (WHO, 2016). No

Brasil, havia mais de 12 milhões de pessoas com DM em 2017, e estima que para

2045 esse número alcance aproximadamente 20,3 milhões (IDF, 2017).

A deficiência nos mecanismos de produção e ação da insulina acarreta em

complicações sistêmicas ao longo prazo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES

- SBD, 2017). Essas complicações incluem doenças cardíacas, nefropatia,

neuropatia e retinopatia, induzidas pelo microambiente pró-inflamatório e estresse

oxidativo criado pelo diabete. Além disso, cetoacidose diabética, aterosclerose e

acidente vascular encefálico (AVE) podem ser observados como consequência

dessa patologia (PAPATHEODOROU et al., 2016; IDF, 2017; ISLAM et al., 2018).

Com isso, o DM tem um relevante impacto econômico, tanto para os portadores da

doença, quanto para o sistema de saúde, decorrente dos gastos com medicamentos

essenciais e maior uso dos serviços de saúde para tratar suas complicações (SBD,

2017).

O DM pode ser classificado em DM tipo 1, caracterizado pela destruição

autoimune das células β-pancreáticas, DM tipo 2, no qual a secreção de insulina se

torna deficiente e também há perda de sensibilidade dos tecidos à insulina,

causando quadros de resistência, e DM causada por outros fatores, como síndrome

monogênica do diabete, doenças que afetam o pâncreas exócrino e drogas que

induzem um quadro de hiperglicemia como efeito colateral. Além desses tipos há o

14

DM gestacional (DMG), definida como uma condição temporária de diabete

diagnosticada no segundo ou terceiro trimestre de gravidez sem a preexistência de

DM tipo 1 ou 2 (ADA, 2019).

Durante a gestação ocorrem adaptações no metabolismo materno como o

aumento da glicose seguido de maior sensibilidade dos tecidos à insulina,

preparando o organismo materno para as demandas energéticas durante a gravidez

e promoção do crescimento fetal (ANGUEIRA et al., 2015). A medida que a

gestação progride ocorre o aumento de alguns hormônios como o estrogênio,

progesterona, cortisol, lactogênio placentário e hormônio de crescimento placentário,

que juntos causam diminuição na sensibilidade à insulina, promovendo um estado

de resistência (PLOWS et al., 2018). Entretanto, se a mulher não consegue

responder adequadamente à insulina para compensar a resistência que ocorre

normalmente, o DMG se desenvolve (KAMPMANN et al., 2015; SOMA-PILLAY et al.,

2016).

A prevalência global de DMG varia entre 1% a 28% (HOD et al., 2015). As

estimativas populacionais de diabete gestacional no Brasil são divergentes, porém

sabe-se que no Sistema Único de Saúde (SUS), a prevalência de DMG é

aproximadamente 18% (SBD, 2017). A SBD (2017) aponta que um dos fatores de

risco para o desenvolvimento e aumento dos casos de DMG é a obesidade. Além da

obesidade, a chance de DMG aumenta com o histórico familiar e idade avançada

(WHO 2016; IDF, 2017).

Algumas complicações podem ocorrer devido ao DMG, afetando tanto a mãe

quanto o feto. Para mulheres com DMG, as chances de desenvolver pré-eclampsia,

indução de parto pré-maturo e aborto espontâneo aumentam, além de estarem mais

suscetíveis a infecções (VEERASWAMY et al., 2012; PLOWS et al., 2018; SUN et

al., 2018). Sabe-se que a DMG compromete o desenvolvimento da placenta,

afetando sua função de transporte nutrientes e oxigênio (LAPPAS et al., 2011). Além

disso, mulheres com DMG tem 7 vezes mais chances de desenvolver diabete no

pós-parto e estão predispostas a adquirir uma cardiopatia no futuro (BAO et al.,

2015; MOON et al., 2017; SHOSTROM et al., 2017; TOBIAS et al., 2017). Em

relação ao feto, a DMG aumenta o risco de hipoglicemia, obtida devido ao excesso

de insulina como resposta à hiperglicemia materna no útero (KC et al., 2015). Devido

ao comprometimento da placenta ocasionado pelo DMG, a passagem de nutrientes

para o feto é afetada e com isso pode se observar restrição de crescimento

15

intrauterino (ORNOY, 2011). Outros fatores também podem ser vistos, como

quadros de hiperglicemia e resistência à insulina, predisposição do feto a uma futura

obesidade, desenvolvimento de síndrome metabólica e DM tipo 2 (SBD, 2017;

PLOWS et al., 2018).

Para o tratamento do diabete, é indicado o uso de fármacos como

hipoglicemiantes orais e insulina. Além disso, a prática de exercícios físicos aliados

a um planejamento alimentar balanceado associados a esses medicamentos podem

contribuir para a melhora do quadro hiperglicêmico (SBD, 2017; ADA, 2019). De

acordo com a OMS (2016), uma dieta saudável inclui o consumo de frutas, vegetais,

legumes, cereais integrais e substituição de ácidos graxos saturados por ácidos

graxos poli-insaturados. Porém, a urbanização e o desenvolvimento econômico

impulsionaram grandes transformações nos hábitos alimentares por todo o mundo

(COLCHERO et al., 2019). As mudanças nos padrões alimentares envolvem a busca

por alimentos industrializados, que geralmente são calóricos e gordurosos. Além

disso, é alto o nível de ingestão de bebidas açucaradas, que são enriquecidas com

açúcar refinado, como refrigerantes e sucos (HU, 2011; POPKIN 2015;

FRANCISQUETI et al., 2017). Essa transição nutricional pode estar ligada ao fato de

que comidas processadas são mais acessíveis e principalmente mais palatáveis

(POPKIN et al., 2012; DARMON & DREWNOWSKI, 2015). Diante disso, nos últimos

anos o impacto do estilo de vida na saúde tem demonstrado interesse pelos

pesquisadores (FARHUD, 2015).

Para avaliar os efeitos de um estilo de vida inadequado, estudos têm

demonstrado as repercussões de dietas hiperlipídicas e água adoçada em modelos

animais. Em estudo feito por Roza et al. (2016), ratas Wistar receberam dieta

hiperlipídica por 8 semanas e apresentaram hiperglicemia e diminuição da secreção

de insulina. Wu et al. (2015) mostraram que ratas alimentadas com dieta

hiperlipídica durante a prenhez desenvolveram intolerância à glicose e resistência à

insulina. Em outro estudo, ratos Wistar foram alimentados com ração hiperlipídica e

água com 25% de sacarose durante 20 dias, estes apresentaram obesidade,

dislipidemia, hipertrigliceridemia, intolerância à glicose e resistência à insulina

(FERRON et al., 2018). Água na presença de 20% e 25% de frutose administrada

durante 21 semanas induziu hipertensão, dislipidemia e hiperglicemia associada

com resistência à insulina em ratos Wistar (DUPAS et al., 2017).

16

Devido a razões éticas e variáveis incontroláveis presentes na vida humana,

como estilo de vida, fatores genéticos e nutricionais, faz-se necessário o uso de

animais na pesquisa científica. Os animais desempenham papel importante no

estudo e tratamento de doenças e suas complicações, como o diabete (LÓPEZ-

SOLDADO & HERRERA, 2003; BEQUER et al., 2016). Existem diversos modelos de

indução de diabete descritos na literatura que reproduzem as manifestações clínicas

da doença, como procedimentos cirúrgicos e manipulação genética (QUINA &

BADWAN, 2015). Dentre esses modelos, destaca-se o método de indução química

através das drogas β-citotóxicas, aloxana e streptozotocin (STZ) (LEZEN, 2007).

A aloxana e a STZ são análogas da glicose e ambas inibem secreção de

insulina, porém por vias diferentes (LEZEN, 2008). Devido a aloxana ser um um

composto instável e de meia-vida curta, sua dose diabetogênica é próxima da dose

tóxica, podendo ser letal para os animais (SKUDELSKI, 2001; IGHODARO et al.,

2017). Em contrapartida, a STZ mostra-se mais eficaz e com maior reprodutibilidade

devido sua estabilidade, permitindo um maior intervalo de doses (LENZEN, 2008;

ELEAZU et al., 2013).

A dose para indução do diabete depende de alguns fatores como, intensidade

hiperglicêmica desejada, via de administração, espécie e idade do animal (ELEAZU

et al., 2013). De acordo com a literatura, a administração de STZ por via intravenosa

na dose de 40 mg/kg durante a vida adulta do animal induz um quadro severo da

doença com glicemia superior a 300 mg/dL (DAMASCENO et al., 2002; VOLPATO et

al., 2008; KISS et al., 2009). O diabete moderado (glicemia entre 120 e 300 mg/dL)

mimetiza o DMG e DM tipo 2 (KISS et al., 2009; SINZATO et al., 2012) e sua

indução pode ser feita durante o período neonatal através da via subcutânea na

dose de 100 mg/kg (KISS et al., 2013; DAMASCENO et al., 2014; BEQUER et al.,

2016).

Diante disso, há poucos relatos experimentais que avaliem uma alimentação

imprópria em ratas prenhes e com diabete gestacional. Levando em consideração as

complicações maternas que uma dieta inadequada e o diabete podem acarretar, faz-

se necessário pesquisas para elucidar as consequências da combinação dessas

condições no organismo materno e desempenho reprodutivo. Portanto, a hipótese

deste trabalho é que ratas diabéticas submetidas a uma dieta hiperlipídica e água

com 5% de sacarose, antes e durante a prenhez, apresenta alterações sistêmicas e

17

comprometimento do desempenho reprodutivo mais evidentes que as encontradas

separadamente.

18

2- OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar, sobre o organismo materno, os efeitos da associação de dieta

hipercalórica e estado diabético na prenhez de ratas.

2.2 Objetivos Específicos

Comparar os efeitos do consumo de uma dieta alterada em ratas prenhes

diabéticas e não-diabéticas em relação:

Perfil glicêmico no TOTG;

Peso corpóreo (Ganho de peso materno);

Consumo de ração;

Ingestão hídrica;

Peso relativo dos órgãos;

Pontos de implantação e reabsorção;

Número de corpos lúteos;

Taxas de perda pré-implantação e pós-implantação

Número de fetos vivos e mortos.

19

3- MATERIAIS E MÉTODO

3.1 Animais

Foram utilizados ratos machos e fêmeas da linhagem Wistar (Figura 1) em

idade reprodutiva (em torno de 90 dias de vida) obtidos do CEMAE (Centro de

Manutenção de Animais Experimentais) - Campus Universitário do Araguaia (CUA)

da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Os procedimentos e manuseio

dos animais foram realizados de acordo com as orientações fornecidas pelo

Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA).

As ratas foram aclimatadas durante 7 dias no Laboratório de Fisiologia de

Sistemas e Toxicologia Reprodutiva (FisioTox) da Universidade Federal de Mato

Grosso. Ficaram em gaiolas de polietileno com cama de maravalha, contendo no

máximo 4 animais, sob temperatura (21 ± 3°C), umidade (50 ± 10%) e fotoperíodo

(ciclo claro/escuro de 12 horas) controlados. Água e ração foram oferecidas ad

libitum.

Figura 1 - Rata Wistar. Fonte: Fisiotox

3.2 Sequência experimental

É mostrado o desenho experimental deste estudo contendo as principais

etapas envolvendo a experimentação animal (Figura 2).

20

Figura 2. Desenho experimental do estudo. Fonte: Do autor.

3.3 Indução do diabete

O diabete foi induzido nas fêmeas recém-nascidas no primeiro dia de vida (24

horas pós-nascimento), por administração subcutânea de Streptozotocin (SIGMA

Chemical Company®), diluída em tampão citrato (0,01M, pH 4,5), na dose de 100

mg/Kg de peso corpóreo. As ratas dos grupos controle receberam, pela mesma via

de administração, somente o tampão citrato (JAWERBAUM & WHITE, 2010;

DAMASCENO et al., 2011; SINZATO et al., 2011). Após a indução do diabete, as

fêmeas recém-nascidas continuaram com suas mães por todo o período de

amamentação (21 dias), tendo no máximo 8 filhotes por mãe devido o número de

tetos funcionais para aleitamento. Após desmame, estas ratas ficaram sob as

mesmas condições estabelecidas no período de adaptação até a padronização pelo

critério de inclusão.

No 90º dia de vida, as ratas foram submetidas ao teste oral de tolerância à

glicose (TOTG) para a definição dos critérios de inclusão e de exclusão frente à

indução do diabete. Após seis horas de jejum, foi coletada uma gota de sangue por

punção venosa na cauda das ratas para a determinação glicêmica (tempo zero). Em

seguida, as ratas receberam solução de glicose (0,2 g/mL) via intragástrica (gavage)

na dose de 2,0 g/kg de peso corpóreo. Decorridos 30, 60 e 120 minutos após a

21

administração da solução de glicose, as glicemias foram determinadas com o uso de

glicosímetro convencional (SINZATO et al., 2012).

Como critério de inclusão, foram consideradas ratas com diabete moderado

aquelas que apresentaram glicemia acima de 140 mg/dL em pelo menos dois pontos

do TOTG. Foram excluídas do estudo as ratas que não atingiram glicemia acima de

140 mg/dL em pelo menos dois pontos da curva. Foram incluídas nos grupos não-

diabéticos as ratas que, na vida adulta, apresentaram TOTG normal (pontos com

glicemias inferiores a 140 mg/dL), sendo excluídas as ratas que apresentaram

TOTG alterado (SANTOS et al., 2015).

3.4 Grupos experimentais

Considerando os quatro grupos experimentais e baseado nos experimentos

anteriores realizados em nosso laboratório com poder de 90% e confiabilidade de

95%, o tamanho amostral mínimo foi de 11 ratas por grupo. As ratas foram

distribuídas de maneira aleatória para a composição dos quatro grupos

experimentais:

Controle (C): Ratas prenhes não-diabéticas que receberam ração padrão e

água filtrada.

Controle Dieta Alterada (CA): Ratas prenhes não-diabéticas que

receberam ração hiperlipídica e água com 5% de sacarose.

Diabético (D): Ratas prenhes diabéticas que receberam ração padrão e

água filtrada.

Diabético Dieta Alterada (DA): Ratas prenhes diabéticas que receberam

ração hiperlipídica e água com 5% de sacarose.

3.5 Tratamento com dieta padrão ou alterada

As ratas dos grupos CA e DA com 90 dias de vida (após o TOTG) começaram

a receber a dieta alterada, os grupos C e D continuaram recebendo a dieta padrão.

A dieta padrão consiste em ração padrão (comercial) e água filtrada. É constituída

por: Milho integral moído, farelo de soja, farelo de trigo, óleo vegetal, carbonato de

cálcio, fosfato bicálcico, cloreto de sódio (sal comum), vitamina A, vitamina D3,

vitamina E, vitamina K3, vitamina B1, vitamina B2, vitamina B6, vitamina B12,

niacina, pantotenato de cálcio, ácido fólico, biotina, cloreto de colina, sulfato de ferro,

22

sulfato de manganês, sulfato de zinco, sulfato de cobre, iodato de cálcio, selenito de

sódio, sulfato de cobalto, lisina, metionina, BHT (hidroxitolueno butilado) (Figura 3).

A dieta alterada é constituída por ração hiperlipídica (FRANCISQUETI et al.,

2017- modificado) e água com 5% de sacarose comercial tipo cristal. A dieta

hiperlipídica foi preparada na Unidade de Pesquisa Experimental (UNIPEX) da

Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp. Para preparo da ração hiperlipídica,

foram utilizados os seguintes ingredientes: farelo de soja, sorgo, casca de soja,

amido de milho, açúcar refinado, banha de porco, minerais: ferro, biotina, vitamina

B12, vitamina D, vitamina B6, vitamina E, vitamina A, selênio e potássio) e sal. Estes

ingredientes foram moídos, misturados e oferecidos na forma de pellets. Depois do

preparo, a ração foi mantida sob refrigeração até o momento do consumo dos

animais (Figura 4). A tabela com a análise bromatológica é apresentada abaixo

(Tabela 1):

Tabela 1. Composição da ração experimental oferecida para ratas não-

diabéticas e diabéticas antes e durante a prenhez.

Compostos

Ração

Padrão Hiperlipídica

Matéria Seca 92,55% 96,35%

Proteína Bruta 27,83% 27,78%

Lipídeos 3,77% 15,77%

Fibra Bruta 47,14% 47,17%

Figura 3. Ração padrão.

Fonte: Fisiotox UFMT - CUA

Figura 4. Ração hiperlipídica. Fonte: LAPGO Unesp – Botucatu

23

3.6 Acasalamento

As ratas com 120 dias de vida foram distribuídas quatro a quatro em gaiolas

de polietileno, com cama de maravalha, na presença de um rato macho sem

intervenção durante o período noturno. Na manhã subsequente, foi realizado

esfregaço vaginal para análise do material citológico em microscopia de luz. A

presença de espermatozoides e células queratinizadas que são características da

fase estro do ciclo estral confirmaram o diagnóstico de prenhez e este foi

considerado o dia zero de prenhez. O procedimento para acasalamento consistiu em

15 dias consecutivos, que compreende cerca de três ciclos estrais e foi realizado até

a obtenção do número amostral. As fêmeas que não acasalaram neste período

foram consideradas inférteis e removidas do estudo (VOLPATO et al., 2008).

Figura 5 - Fase estro com células queratinizadas e presença de espermatozoides.

Fonte: DAMASCENO et al., 2008 – Anomalias Congênitas: Estudos Experimentais

24

3.7 Período de prenhez

O peso corpóreo, ingestão de água e consumo de ração foram avaliados nos

dias 0 (início da prenhez), sete (início do período organogênico), 14 (final do período

organogênico) e 21 da prenhez (término da prenhez). O ganho de peso materno foi

calculado pela diferença entre os pesos corpóreos observados nos dias 0 e 21 da

prenhez.

Na manhã do 21º dia de prenhez, as ratas foram anestesiadas via

intraperitoneal com tiopental sódico (Thiopentax®) na dose 120 mg/Kg. Em seguida,

as ratas foram submetidas à laparotomia com exposição dos cornos uterinos.

Posteriormente, foram retirados e pesados coração, fígado, baço, rins, pâncreas e

gorduras visceral e periovariana para obtenção do peso relativo de cada órgão, pela

equação: peso relativo do órgão = (peso do órgão / peso final) x 100, em que o peso

final corresponde ao peso da rata no 21º dia menos o peso da ninhada. O resultado

foi então expresso em gramas/100 gramas de peso vivo (g/100g p.v.).

3.8 Obtenção de dados do desempenho reprodutivo materno

Foram observados e contados os pontos de implantação, reabsorção (morte

embrionária) e números de fetos vivos e mortos. Os ovários foram retirados para

observação e contagem de corpos lúteos, como parâmetro indireto do número de

ovulações. A porcentagem de perda pré-implantação (taxa de perda de embriões no

período que antecede a implantação) foi calculada pela seguinte equação: (Número

de Corpos Lúteos – Número de Implantações / Número de Corpos Lúteos) x 100.

Também foi calculada a porcentagem de perda pós-implantação (morte dos

embriões após a implantação) pela equação: (Número de Implantações – Número

de Fetos Vivos / Número de Implantações) x 100 (VOLPATO et al., 2015).

3.9 Análise estatística

Após aplicação do teste de normalidade, os dados foram analisados por

Análise de Variância (ANOVA) seguido do pós-teste de Comparações Múltiplas de

Tukey para comparação dos valores médios. Para a comparação das porcentagens,

foi utilizado o teste Exato de Fisher. As diferenças foram consideradas

estatisticamente significativas quando p<0,05.

25

4- RESULTADOS

Como observado no TOTG no dia 0 de prenhez, as ratas do grupo D

apresentaram aumento na glicemia comparado ao grupo CA nos momentos 30 e 60

min. e ao grupo C nos momentos 30, 60 e 120 min. O nível glicêmico no momento 0

aumentou no grupo DA comparado aos demais grupos, e nos momentos 30, 60 e

120 min. em relação aos grupos C e CA. Todos os grupos apresentação elevação

na glicemia nos momentos 30 e 60 min. comparados ao momento 0 (Figura 6).

Figura 6- Médias e respectivos desvio-padrão da glicemia (mg/dL) do teste oral de

tolerância a glicose (TOTG) nos tempos 0, 30, 60 e 120 minutos de ratas não-

diabéticas e diabéticas submetidas ou não a dieta hipercalórica.

Legenda: C – Controle; D – Diabético; A – Dieta hipercalórica.

ap<0,05 em comparação ao momento 0; *p<0,05 comparado com o grupo C; #p<0,05

comparado ao grupo CA; $p<0,05 comparado com o grupo D (ANOVA seguida de teste de

Tukey).

26

A Figura 7 mostra o peso corpóreo nos dias 0, 7, 14 e 21. O ganho de peso

corpóreo materno não apresentou diferença significativa entre os grupos

experimentais. O peso foi progressivo durante toda a prenhez.

Figura 7 - Médias e respectivos desvio-padrão do peso (g) de ratas não-diabéticas e

diabéticas submetidas ou não a dieta hipercalórica.

Legenda: C – Controle; D – Diabético; A – Dieta hipercalórica.

p>0,05 (ANOVA seguida de teste de Tukey).

27

A ingestão hídrica do grupo CA foi maior nos dias 0, 7, 14 e 21 comparado ao

grupo C. O grupo DA mostrou menor ingestão no dia 0 em relação ao grupo CA e

maior consumo nos dias 7, 14 e 21 em relação aos demais grupos (Figura 7).

Figura 8- Médias e respectivos desvio-padrão da ingestão hídrica (mL) de ratas não-

diabéticas e diabéticas submetidas ou não a dieta hipercalórica.

Legenda: C – Controle; D – Diabético; A – Dieta hipercalórica.

*p<0,05 comparado com o grupo C; #p<0,05 comparado ao grupo CA; $p<0,05 comparado

com o grupo D (ANOVA seguida de teste de Tukey).

28

Os animais do grupo CA obteve menor consumo alimentar em relação ao

grupo C em todos os momentos analisados. O grupo D apresentou maior consumo

de ração no dia 7 comparado ao grupo C. O grupo DA diminuiu o consumo em

relação ao grupo D nos dias 0, 7, e 14 e no dia 14 em relação ao grupo C (Figura 8).

Figura 9- Médias e respectivos desvio-padrão do consumo alimentar (g) de ratas

não-diabéticas e diabéticas submetidas ou não a dieta hipercalórica.

Legenda: C – Controle; D – Diabético; A – Dieta hipercalórica.

*p<0,05 comparado com o grupo C; #p<0,05 comparado ao grupo CA; $p<0,05 comparado

com o grupo D (ANOVA seguida de teste de Tukey).

29

A Tabela 2 mostra o peso relativo dos órgãos maternos. O grupo DA

apresentou maior peso do baço em relação ao grupo CA e maior peso do pâncreas

comparado ao grupo C. A massa renal do grupo D foi maior que do grupo CA. A

gordura periovariana dos grupos CA e DA foi maior em relação ao grupo C. O

grupo DA teve aumento da gordura visceral em relação ao grupo C.

Tabela 2. Peso relativo dos órgãos de ratas não-diabéticas e diabéticas submetidas

ou não a dieta hipercalórica.

Peso relativo (g/100g)

Grupos

C CA D DA

Coração 0,31 0,03 0,31 0,07 0,30 0,02 0,30 0,04

Fígado 4,1 0,23 3,62 0,31 3,89 0,55 3,88 0,60

Baço 0,20 0,03 0,17 0,02 0,23 0,02 0,24 0,06#

Pâncreas 0,20 0,02 0,25 0,05 0,25 0,05 0,27 0,07*

Massa renal 0,57 0,03 0,53 0,04 0,62 0,07# 0,56 0,07

Gordura periovariana 0,37 0,09 0,86 0,19* 0,79 0,25 1,09 0,40*

Gordura visceral 3,05 0,53 3,98 1,47 3,89 0,87 5,45 1,84*

Legenda: C – Controle; D – Diabético; A – Dieta hipercalórica.

*p<0,05 comparado com o grupo C; #p<0,05 comparado ao grupo CA; $p<0,05 comparado

com o grupo D (ANOVA seguida de teste de Tukey).

30

Em relação aos parâmetros reprodutivos maternos os grupos D e DA

apresentaram aumento da perda pré e pós-implantação e diminuição do peso do

útero gravídico em relação ao grupo C. O grupo DA apresentou diminuição do peso

materno em relação ao grupo C. Além disso, houve diminuição do número de fetos

vivos e do peso do útero gravídico, além de aumento das taxas de perdas pré e pós-

implantação do grupo DA em relação ao grupo CA (Tabela 3).

Tabela 3: Desempenho reprodutivo materno de ratas não-diabéticas e diabéticas

submetidas ou não a dieta hipercalórica.

Legenda: C – Controle; D – Diabético; A – Dieta hipercalórica.

Dados mostrados como média desvio-padrão (DP) (ANOVA seguida de teste de Tukey) e

proporções (%) (Teste Exato de Fisher).

*p<0,05 comparado com o grupo C; #p<0,05 comparado ao grupo CA; $p<0,05 comparado

com o grupo D.

Grupos

C CA D DA

Prenhez a termo (N) 13

11

10

11

Corpo lúteo Total (N)

Média DPa

170

13,08 1,19

150

13,64 1,36

133

13,30 1,57

14

13,27 1,68 Implantações

Total (N)

Média DPa

157

12,08 1,44

142

12,91 2,39

112

11,20 2,35

124

11,27 1,79

Fetos vivos Total (N)

Média DPa

147

11,46 1,81

131

11,91 2,30

95

9,50 2,99

102

9,27 1,79# Fetos mortos

Total (N)

Média DPa

1

0,08 0,29

2

0,17 0,58

1

0,10 0,32

1

0,08 0,29 Reabsorções

Total (N)

Média DPa

10

0,83 0,94

9

0,75 0,96

16

1,33 1,67

21

1,75 1,21 Perda pré-implantação (%)b

7,65

5,33

15,79*

15,07*#

Perda pós-implantação (%)b

6,37

7,75

15,18*

17,74*#

Ganho de peso materno - GPM (g) a

116,69 13,31

110,82 16,64

90,75 42,27

79,85 39,98* Peso do útero gravídico - PUG(g) a

82,28 13,23

82,86 12,98

66,33 20,28*

65,78 12,35*# GPM menos o PUG (g) a

34,41 13,06

28,07 17,85

35,48 14,98

31,60 13,40

31

5- DISCUSSÃO

O DMG acarreta algumas complicações para a mãe e o feto, e a crescente

busca por alimentos gordurosos e açucarados pode piorar esse quadro (POPKIN et

al., 2015). Devido a isso, pesquisadores têm demonstrado interesse em avaliar o

impacto do estilo de vida na saúde (FARHUD, 2015). Nesse estudo, tanto o diabete,

quanto a dieta hiperlipídica/água com 5% de sacarose, foram capazes de alterar

perfil sistêmico e reprodutivo de ratas.

Para avaliação da resposta fisiológica da insulina seguida de uma carga de

glicose, utiliza-se o TOTG como método de referência para determinação de

intolerância à glicose (BORAI et al., 2011). Devido a plasticidade do pâncreas, ratos

expostos a indução do diabete pela administração de STZ no período neonatal

apresentam regeneração parcial das células β-pancreáticas, ocasionando quadros

de hiperglicemia na vida adulta (PORTHA et al., 1974; GALLEGO et al., 2018). Os

animais dos grupos diabéticos apresentaram hiperglicemia na vida adulta,

confirmando a eficácia da droga e o modelo de indução de diabete empregado neste

estudo.

A gravidez é caracterizada pelo aumento progressivo do peso corpóreo,

resultante do crescimento fetal e seus anexos, além de adaptações que ocorrem no

organismo materno durante este período (IESSI et al., 2010). Neste estudo, o peso

corpóreo dos animais aumentou gradualmente e não houve diferença estatística

entre os grupos. Corroborando estudo de Sheludiakova et al. (2012), no qual ratos

Hooded Wistar receberam água com 10% de sacarose e água 10% frutose/sacarose

durante 56 dias, não foi observado aumento no ganho de peso corpóreo. Do mesmo

modo, em estudo realizado por Gancheva et al. (2015), ratos Wistar que receberam

uma dieta rica em gordura e frutose durante 8 semanas não tiveram diferença no

peso corpóreo em relação aos grupos que receberam dieta padrão.

Os grupos que receberam água acrescida de açúcar apresentaram maior

ingestão hídrica comparado aos grupos que receberam água filtrada, apontando a

preferência pelo gosto adocicado proporcionado pela água com sacarose (CONY et

al., 2016). Em relação ao consumo alimentar, os animais que receberam a dieta

alterada apresentaram menor consumo de ração, sugerindo a intervenção de

processos fisiológicos de controle quando há aumento de ingestão energética. Desta

32

forma, a alta ingestão calórica estimula a saciedade, diminuindo o consumo de

alimentos mais palatáveis, como aqueles gordurosos (DÍAZ-URBINA et al., 2017).

Um parâmetro para avaliar sinais de toxicidade é a alteração do peso relativo

dos órgãos (DE JONG & VAN LOVEREN, 2007). Em estudo de Yan et al. (2006), no

qual ratos Wistar receberam ração com 2% de colesterol e 10% de banha durante

20 semanas, foi observado acúmulo de tecido adiposo ao redor do pâncreas e no

interior das células pancreáticas. Diante disso, o aumento do peso relativo do

pâncreas, mostrado no grupo DA, sugere que a ração hiperlipídica induziu o

acúmulo de tecido adiposo no pâncreas. Em relação ao baço, o aumento visto no

grupo DA indica que a obesidade, ocasionada pela dieta hipercalórica, pode levar a

esplenomegalia através da dilatação de capilares e depósitos intracelulares ou

extracelulares de lipídeos nesse órgão (ALTUNKAYNAK et al., 2007). O aumento da

massa renal verificado no grupo D aponta a tentativa dos rins em eliminar o excesso

de glicose provocado pelo diabete, através da hipertrofia das células do túbulo renal

(ZAFAR & NAQVI, 2010). Além do aumento de peso corpóreo, existem outros

biomarcadores para avaliação de obesidade, como acúmulo de tecido adiposo

(SOARES et al., 2017). O acúmulo de gordura observada nos grupos CA e DA pode

estar relacionada com a capacidade de expansão do tecido adiposo, com a

hipertrofia e hiperplasia dos adipócitos (SILVESTRI et al., 2019; AMENGUAL-

CLADERA et al., 2012). Além disso, Oliveira et al. (2014) concluiu que uma dieta rica

em gordura e sacarose leva a alterações nos adipócitos, como a hipertrofia dessas

células.

Para uma implantação bem-sucedida, uma série de eventos complexos e

sincronizados ocorrem entre o útero e o embrião (STAUN-RAM & SHALEV, 2005). A

taxa de implantação é associada ao número de corpos lúteos, que são indicadores

de sucesso da implantação do blastocisto no endométrio (SANTOS et al., 2016). Os

processos apoptóticos são importantes nas fases de pré e pós implantação para

eliminação de células com potencial anormal ou prejudicial, além do controle do

número de células embrionárias (FABIAN et al., 2005). O aumento na taxa de perda

pré-implantação, visto nos grupos D e DA, sugere o aumento da incidência de

apoptose nos blastocistos. Kubandová et al. (2014) observou em camundongos que

esse aumento ocorre através da multiplicação de processos não fisiológicos nos

embriões, induzidos por distúrbios homeostáticos materno como o aumento da

gordura corporal e níveis elevados de glicose e insulina no sangue.

33

As alterações metabólicas, como a hiperglicemia, causadas pelo diabete na

mãe têm um impacto relevante na embriogênese (ERIKSSON et al., 2003). Além

disso, mulheres com diabete não-controlado podem apresentar abortos frequentes

(VOLPATO et al., 2008). O aumento de perda pós-implantação embrionária está

relacionado com a presença de hiperglicemia no meio intrauterino (BEQUER et al.,

2018; GALLEGO et al., 2018). Além disso, alterações nas concentrações de

citocinas durante uma gestação diabética está relacionada com o comprometimento

no desenvolvimento embriofetal, esses danos podem ser confirmados pelas falhas

na pré-implantação e perdas pós-implantações (SINZATO et al., 2011). As taxas de

perda embrionária pós-implantação foram maiores nos dois grupos diabéticos deste

estudo.

O estado nutricional e adequado ganho de peso materno são condições

importantes para um bom desenvolvimento da gravidez (NOMURA et al., 2012). No

entanto, tanto o ganho de peso materno quanto o peso do útero gravídico

diminuíram no grupo DA, pois fatores como diminuição no consumo alimentar,

aumento das perdas pré e pós-implantação e diminuição do peso fetal podem

contribuir para a diminuição do ganho de peso materno (DAMASCENO et al., 2012;

SOARES et al., 2017).

Então, como verificado neste estudo, tanto o estado diabético, quanto uma

alimentação com excesso de nutrientes podem afetar a gestação, causando

prejuízos maternos e fetais. Assim, mais estudos são necessários visando o

entendimento dos mecanismos fisiopatológicos desencadeados por essa

associação.

34

6-CONCLUSÃO

O estado hiperglicêmico associado com uma dieta hipercalórica prejudicou de

maneira mais pronunciada o peso relativo dos órgãos e desempenho reprodutivo

materno. Assim, esse estudo demonstrou que essa associação provocou em maior

número os danos causados pelo diabete e a dieta separadamente.

35

7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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