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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO ENSAIO TEÓRICO PATRIMÔNIO CULTURAL. NOTAS SOBRE A EVOLUÇÃO DO CONCEITO PROFESSORES: MILENA D’AYALA ALUNA: KAROLYNE M. SIQUEIRA ANÁPOLIS

RESENHA CRITICA

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Resenha de um artigo sobre patrimônio cultural

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RESENHA CRTICA:

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOISCURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ENSAIO TERICO

PATRIMNIO CULTURAL. NOTAS SOBRE A EVOLUO DO CONCEITO

PROFESSORES: MILENA DAYALA

ALUNA: KAROLYNE M. SIQUEIRA

ANPOLIS

2015

PATRIMNIO CULTURAL.NOTAS SOBRE A EVOLUO DO CONCEITOTORELLY, Luiz Philippe. Patrimnio cultural. Notas sobre a evoluo do conceito. Arquitextos, So Paulo, ano 13, n. 149.04, Vitruvius, out. 2012 .

Luiz Philippe Torelly, arquiteto e urbanista com larga experincia em desenvolvimento urbano, principalmente em Braslia, nasceu em 1954 e obteve graus na arquitetura, polticas pblicas e planejamento urbano da Universidade de Braslia e do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada do Brasil. Tendo trabalhado como arquiteto e urbanista para a Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (CODEPLAN), o Banco Nacional da Habitao, da Caixa Econmica Federal e emprstimos bancrios (CEF) e do Instituto de Planejamento Urbano e Territorial do Distrito Federal. Torelly atualmente supervisiona e coordena polticas urbanas e territoriais como diretor de articulao e fomento do IPHAN.Abordado de forma simples e concisa o presente artigo se desenvolve acerca da reflexo sobre alguns aspectos da misso institucional do IPHAN, seus antecedentes, sua gnese, sua ao discricionria e subjetiva, prpria das instituies voltadas para a preservao, e principalmente sobre a evoluo e a abrangncia do conceito de patrimnio cultural. O texto inicia na tentativa de estabelecer antecedentes que constituam a referncia de identidade e memria brasileira, denominada no texto pelo autor como brasilidade. Permeando desde a lenta desvinculao cultural de Portugal, passando pelo marco do movimento moderno no Brasil com a exemplificao de suas contribuies nas diversas reas, chegando at a reestruturao do pas para a organizao do estado novo e da era Vargas. Posteriormente, na parte que se intitula: Gnese a fase heroica, o autor apresenta a fase urea do IPHAN, seguindo a linha cronolgica do seu desenvolvimento citando a criao da Sociedade dos Amigos dos Monumentos Histricos do Brasil, do Departamento de Organizao e Defesa do Patrimnio Artstico do Brasil, proposto por Oswald de Andrade em 1926, de inspetorias estaduais nos estados da Bahia, Minas Gerais e Pernambuco, ainda nos anos 20 e a Inspetoria de Monumentos Nacionais em 1934. Torelly tambm ressalta a importncia do inovador e visionrio projeto de Mrio de Andrade para a criao do Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional Sphan, que constituiu-se referncia central para a elaborao do Decreto-Lei n 25, de 1937, que estabeleceu o conceito de patrimnio cultural e criou o instrumento do tombamento. A fase heroica, assim denominado o perodo da gesto de Rodrigo Mello Franco de Andrade no Sphan, foi o intervalo que o patrimnio ganhou as contribuies mais significativas para a sua consolidao devido a presena de profissionais altamente qualificados e engajados na tarefa de preservar e conservar o acervo. Na terceira parte da produo de Torelly, que ele denomina de novos paradigmas do conceito de patrimnio cultural, caracterizada como fase moderna, onde estabelece o novo cenrio que o IPHAN encontra durante os anos 70, configurando um ciclo de renovao conceitual muito importante para o panorama atual do rgo. Tem-se a criao de duas novas instituies para complementar a gesto poltica de conservao, em 1973 surge o Programa Integrado de Reconstruo das Cidades Histricas PCH e em 1975 criado o Centro Nacional de Referncia Cultural CNRC, que mais tarde em 1979 se unem formando a Fundao Nacional Pr-Memria - FNpM, na tentativa de fazer frente aos desafios de implementar uma poltica de preservao do patrimnio cultural, ampliada em sua dimenso temporal e territorial, e que alm de se integrar vida econmica e social do pas e s demais polticas pblicas, estivesse menos apegada s noes de excepcionalidade e arte e histria, que marcava os primeiros anos da gesto de conservao. A abordagem na penltima parte da estrutura do artigo o que Torelly denomina de desafios da atualidade, onde ele passa do perodo ps 1970 e suas implicaes e aterriza nas necessidade atuais e na urgncia de mudana da gnese do IPHAN. O autor explica que o isolamento do rgo dentro da estrutura governamental decorrente principalmente de sua misso institucional e do conceito de patrimnio ento vigente, tendo no barroco e consequentemente na pedra e cal, sua principal referncia. No entanto, com a nova constituio federal de 1988, obteve-se, alm de um conceito de patrimnio mais abrangente, sem a tnica da excepcionalidade, a notvel conquista do registro como instrumento de proteo e salvaguarda do patrimnio imaterial. Junto com essas imprescindveis conquistas foi aberto o caminho para que posteriormente em 2001, fosse aprovado o Estatuto da Cidade, que rene um conjunto de importantes instrumentos urbansticos, jurdicos e tributrios capazes de colaborar na preservao do patrimnio cultural, junto ou isoladamente com o tombamento. Com isso o autor determina que o caminho para a resoluo dos desafios da atualidade a utilizao dos instrumentos novos unidos com o tombamento, gerando uma capacidade de ao sistmica, ao invs de solues isoladas, que no envolvam as comunidades direta e indiretamente beneficiadas. . No montante final do texto, caracterizado pelo conceito de patrimnio cultural hoje, h um desdobramento das mudanas que o conceito de patrimnio sofreu desde 1988, demarcando assim, uma dinmica mutante como o julgamento de cultura o , e da difcil tarefa de estabelecer fronteiras para o que permanentemente concebido, criado, recriado e ampliado. Na verdade, a nica coisa que temos de diferente em relao a concepo original dos anos 20 o esforo adaptativo para acompanhar a veloz dialtica da histria, o tempo todo a nos exigir mudanas. A abordagem territorial, a substituio gradativa do conceito de excepcionalidade pelo de representatividade, a transversalidade temtica, o compromisso com a cidadania e com o desenvolvimento sustentvel, so necessidades inadiveis frente a uma realidade em que os limites impostos pela capacidade de regenerao da natureza comeam a ser superados e colocam em ameaa a sobrevivncia da espcie humana, segundo Torelly.Ao tratar de notas sobre evoluo do conceito de patrimnio o artigo se apresenta bastante fiel a periodizaes e origens de determinadas caractersticas que fazem parte do IPHAN, com uma linguagem simples e direta, consegue elucidar informaes acerca do desenvolvimento da instituio criando uma interessante e didtica cronologia correspondente a temtica de preservao e conservao no Brasil. Contudo, mostra-se tendencioso ao relativizar a posio do IPHAN e suas ordens antecessoras sempre a frente do seu tempo, sem expor nenhuma deficincia ao atraso de mudanas especficas, como se todas tivessem ocorrido no tempo oportuno. sabido da impressionante contemporaneidade do Decreto-Lei n 25, mas no texto no h lugar para exposio de uma crtica construtiva do autor, quanto o carter discriminatrio e limitado do mesmo, que persistiu quase inaltervel durante mais de 70 anos, no correspondendo ao carter urgente de transformao que ele concluiu ser to necessrio.Ademais, o que no se fez presente foi o debate e exposio de ideias e posicionamentos de autores de pensamentos divergentes, pesando as qualidade e mazelas da construo do conceito de patrimnio cultural. Seria bastante enriquecedor ficar a par dos diversos pontos de vista existentes, para que o leitor pudesse construir o seu. A leitura deste artigo, no entanto, mostrou-se oportuna e coerente para a criao e desenvolvimento de um raciocnio prprio, sob uma perspectiva interna para o inicial entendimento do vasto repertrio das prticas de gesto da conservao e preservao. Contribuindo mais a frente para o levantamento e questionamento sobre seu percurso, cobertura e eficcia.

Karolyne Michelle Siqueira Aniceto acadmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Gois.