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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
ESCOLA SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO E GERÊNCIA
ADMINISTRAÇÃO EMPRESARIAL NOTURNO
PROFESSOR PAULO HENRIQUE SIMON
RESENHA CRÍTICA DO LIVRO:
“1984” de George Orwell
Alexandre Suzzim Calgaroto
141520801
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Índice
Referência Bibliográfica.................................................................................3
Apresentação do Autor...................................................................................3
Perspectiva teórica da Obra...........................................................................3
Síntese...........................................................................................................4
Sociedade...................................................................................................4
Winston Smith.............................................................................................5
Principais Teses na Obra...............................................................................7
Reflexão Crítica sobre obra e implicações.....................................................8
Paralelo com outras obras.............................................................................9
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ORWELL, GEORGE. 1984. 7 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
APRESENTAÇÃO DO AUTOR
Eric Arthur Blair nasceu em Motihari, Índia, em 1903. Foi Jornalista,
ensaísta e romancista britânico. Escreveu seus principais livros sob o
pseudônimo George Orwell. Trabalhou como agente de polícia em Mianmar,
onde desenvolveu então um ódio contra o imperialismo, sentindo-se mal por
oprimir um povo estrangeiro. Relata esse período de sua vida no livro The
Road to Wigan Pier. Regressou ao Reino Unido e se juntou à luta pelo POUM
(Partido Operário de Unificação Marxista), milícia de tendência trotskista contra
Francisco Franco, Mussolini e Hitler. Batalhou na Guerra Civil Espanhol, época
que é relatada pelo livro Homage to Catalonia. Orwell morreu em Londres
devido à Tuberculose aos 46 anos de idade.
PERSPECTIVA TEÓRICA DA OBRA
Eric Arthur Blair, ou George Orwell como é conhecido seu pseudônimo,
é um dos representantes mais marcantes da literatura distópica, ou seja,
promove a vivência de uma “utopia negativa”, marcada pelo totalitarismo
autoritarismo, opressão e controle da sociedade. Blair achava que a sociedade
inerte se tornaria corruptível, tendo a tecnologia como uma ferramenta de
controle tanto do Estado, de instituições ou mesmo de corporações.
Essa revelia perante o imperialismo, Blair adquiriu durante o tempo que
trabalhou como agente de polícia em Mianmar, quando oprimia os colonizados
britânicos em nome do governo do país europeu. Somou a isso o tempo que
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foi partidário do POUM, o início da Segunda guerra, os governos nazista e
franquistas.
SÍNTESE
Sociedade
A trama se passa no Império de Oceania, onde impera a ideologia do
IngSoc (socialismo inglês), regime socialista totalitário que vigora no poder
dado ao Grande Irmão (Big Brother), autoridade máxima na Pista Número 1
(nome dado à Inglaterra na época). Diariamente há o "Dois minutos de ódio",
parte do dia em que todos os membros do partido se reúnem para ver
propaganda enaltecendo as conquistas do Grande Irmão e, principalmente,
direcionando o ódio contido contra os inimigos, atacando histericamente
principalmente o traidor foragido Emmanuel Goldstein.
O Estado controlava o pensamento dos cidadãos por meio de muitos
métodos, entre eles a Novilíngua, uma língua em construção que quando
terminada impediria a expressão de qualquer opinião contrária. A palavra mais
difundida da Novilíngua é Duplipensar, que consistia a um conceito segundo o
qual é possível ao indivíduo conviver simultaneamente com duas crenças
diametralmente opostas e aceitar ambas, como por exemplo, os nomes dos
Ministérios:
Ministério da Verdade: Responsável pela falsificação de documentos e
literatura que possam servir de referência ao passado, de forma que ele
sempre condiga com o que o Partido diz ser verdade atualmente.
Ministério da Paz: Responsável pela Guerra. Mantendo a Guerra contra
os inimigos da Oceânia, no caso Lestásia ou Eurásia. A Guerra no
contexto do livro é usada de forma permanente para manutenção dos
ânimos da população num ponto ideal e também como forma de
domínio. Segundo Orwell, o objetivo da guerra não é vencer o inimigo
nem lutar por uma causa. Seu objetivo é manter o poder das classes
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altas, limitando o acesso à educação, à cultura e aos bens materiais das
classes baixas.
A guerra serve para destruir os bens materiais produzidos pelos
pobres e para impedir que eles acumulem cultura e riqueza e se tornem
uma ameaça aos poderosos. Por fim, independente de quem realmente
ganhasse a guerra, o Ministério da Verdade informaria a vitória de
Oceania. Assim, um dos lemas do Partido, "guerra é paz", é explicado
no livro de Emmanuel Goldstein:
"Uma paz verdadeiramente permanente seria o mesmo que a guerra
permanente".
Ministério da Fartura: É responsável pela fome. Divulgando junto com o
Ministério da Verdade seus boletins de produção exagerados, fazendo
toda a população achar que o país vai muito bem. Entretanto, seus
números faraônicos de nada adiantam para o bem-estar da camada mais
baixa da população de Oceania, a prole.
Ministério do Amor: É responsável pela espionagem e controle da
população. O Ministério do Amor lida com quem se vira contra o Partido,
julgando, torturando e fazendo constantes lavagens cerebrais. Para o
Ministério, não basta eliminar a oposição, é preciso convertê-la. O prédio
onde está localizado é uma verdadeira fortaleza, sem janelas. Seus
"habitantes" não tem a menor noção de tempo e espaço, sendo este mais
um instrumento do IngSoc para a lavagem cerebral dos dissidentes do
regime.
Outro meio de controle é a Teletela, um televisor bidirecional que permite
tanto ver quanto ser visto. Nela passam programa que exaltam o governo e o
Grande Irmão e rejeitam Goldstein. Serve também para que os representantes
do Governo saibam o que cada habitante está fazendo, evitando e destruindo
possíveis revelias.
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Winston Smith
O livro relata a história de Winston Smith, funcionário do Ministério da
Verdade da Oceania. Smith não tem muita memória de sua infância ou dos
anos anteriores à mudança política e, ironicamente, trabalha no serviço de
retificação de notícias já publicadas, publicando versões retroativas de edições
históricas do jornal The Times.
Winston separa-se devido a fixação de sua mulher pela ideologia do partido,
respeitando a ordem de que o sexo era apenas para a procriação, sendo crime
caso não.
Anotava tudo o que se passava pela sua cabeça, um exercício proibido mas
que considerava necessário. Devido a seu contato com notícias antigas, sabia
que algo no governo da Oceania estava muito errado. Ele parte a fazer visitas a
bairros proletários para perguntar às pessoas como era a vida antes da
implantação do IngSoc, mas os idosos só lembram futilidades e coisas
pessoais. Numa dessas visitas, descobre um quarto antigo sem teletelas.
Após essa visita, Winston vê uma mulher a qual desconfia ser espiã da
Polícia do Pensamento, polícia técnica que tinha por objetivo descobrir o que
cada pessoa pensava por meio de seus atos. No dia seguinte, encontra a
mesma mulher no Ministério da Verdade, e quando passa por ela, há um
esbarrão e ele recebe um papel dela, no qual está escrito “Eu te amo”. Era
proibido então que duas pessoas que trabalhassem no partido tivessem algum
tipo de relação à não ser a laboral.
Winston começa a se encontrar secretamente com Julia no quarto sem
teletelas, e comemora ao saber que a moça repartia com ele seus
pensamentos sobre o Governo IngSoc. Ficou impressionado e passou a
acreditar que Júlia seria uma ótima companheira de guerra. Por enquanto, era
a pessoa que Winston podia compartilhar seus sentimentos..
Certo dia, O’Brien, um membro do Partido Interino, convida Winston a ir ao
seu apartamento. Lá revela a existência de uma insurreição e dá a Winston a
obra política de Goldstein, que este lê rapidamente.
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Winston acredita nos proles mesmo ao vê-los cantando músicas pré-
fabricas em algumas máquinas de fazer versos. A ignorância dos menos
abastados não era perigo para o Partido.
Num dia de encontro no lúgubre quarto, Winston e Julia são presos graças
à uma teletela escondida atas de um dos quadros do recinto. Eles são
enviados provavelmente ao Ministério do Amor.
Até as celas tinham teletelas que vigiavam cada passo de um Winston
doente e faminto. Os prisioneiros têm a fisionomia dos do campo de
concentração. Ao encontrar O'Brien, Winston que pensara que ele também fora
capturado, escuta a frase: "Eles me pegaram há muito tempo".
Winston vai para uma sala e O'Brien torna-se o seu torturador. O'Brien explica
o conceito do duplipensar, o funcionamento do Partido e questiona Winston das
frases de seu diário sobre liberdade. A verdade pertence ao Partido já que este
controla a memória das pessoas. Winston, torturado e drogado começa a
aceitar o mundo de O'Brien e passa ao estágio seguinte de adaptação que
consiste em: aprender, entender e aceitar.
Para a reintegração, Winston é levado para o “Quarto 101”, conhecido como
o pior lugar do mundo. Lá, colocam uma máscara em seu rosto com uma
abertura para uma gaiola cheia de ratos famintos. É quando ele grita: “Pare.
Faça isso com Julia”.
Winston é libertado e confessa vários “crimes” que cometeu. Teve seu posto
de trabalho rebaixado. Julia também é libertada e ocasionalmente há o
encontro dos dois, mas eles já não são as mesmas pessoas. Estão
completamente moldados ao mundo, adorando o Grande Irmão.
PRINCIPAIS TESES NA OBRA
De fato, Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é uma metáfora sobre o poder e
as sociedades modernas. George Orwell escreveu o livro no intuito de mostrar
com urgência às gerações para onde a política estava indo.
Inicialmente vê-se analogias com o Socialismo Russo liderado por Stalin,
com seu totalitarismo e repressão. Nessa época em que foi escrito, Stalin (visto
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como o Grande Irmão) contabilizava prisões e mortes de seus principais
adversários políticos (o principal foi Trotski), controle da mídia russa, bem como
a situação inerte da população.
O V do emblema da IngSoc é uma paródia do V de Vitória utilizados
pelos aliados durante a Segunda Guerra Mundial.
A reescritura do passado trabalho de Winston no Ministério da
Verdade, era uma prática muito habitual na URSS, bem como
mentiras em propagandas de guerras.
A mudança de alianças entre as grandes potências é ironizado por
Orwell. No livro, as três grandes potências estão sistematicamente
em guerra, e periodicamente há a mudança entre as aliadas e as
inimigas. Essa é uma caricatura do Pacto Molotov-Ribbentrop, que
aliou a URSS com a Alemanha Nazista, e a ruptura inesperada com
a Operação Barba Vermelha.
A base do livro não se restringe somente ao socialismo, tendo base também
a Hitler e a Churchill. O primeiro inspirou Orwell na Semana do Ódio, paródia
dos mega-eventos políticos, como a reunião de Nuremberg promovida pelo
partido Nazista, e o premier inglês foi base para o nome do protagonista e a
ideia das Teletelas, já que na época a família Churchill controlava a mídia
inglesa.
Por fim, Orwell descreveu o futuro baseado nos absurdos do presente.
“Guerra é paz,
Liberdade é escravidão,
Ignorância é força.”
Lema do Partido
REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE OBRA E IMPLICAÇÕES
Há quem pense que a obra de Orwell se trata de uma desilusão com as
idéias socialistas. O autor declarou um pouco antes de morrer que era ainda
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adepto ao Partido Trabalhista Britânico e que descrevia a si mesmo como um
socialista democrático, muito diferente do Comunismo pregado na União
Soviética.
“Dois mais dois são cinco se o partido quiser”
Pode-se citar que é difícil achar o modelo de democracia que George tanto
visava. O ponto de união não-democrática que une tanto os países comunistas
e capitalistas vem da fonte de informação. O poder da mídia em mãos de
poucas pessoas com ideologias semelhantes mostra ainda a vulnerabilidade
com a qual o livre pensamento crítico se situa.
Contrariando o pensamento de Orwell, os governos atuais tendem a se
mostrar mais aptos a novas idéias, diminuindo o caso de perseguições políticas
e ideológicas se comparados à metade do século XX, com exceções a alguns
governos ditatórias e militares de direita e governos fechados comunistas.
A obra hoje é usada por muitos cientistas sociais para descrever o poder do
governo em uma sociedade, encontrando muitas vezes semelhanças em
acontecimentos depois de 1949 (ano que terminou de ser escrito o livro).
Serve também para mostrar a importância do pensamento crítico, da influencia
da mídia controlada por poucas pessoas com a mesma ideologia e expõem a
fraqueza humana defronte as suas mazelas.
PARALELO COM OUTRAS OBRAS
Podem-se citar exemplos de outras obras distópicas com as quais o livro
tem grande ligação, como:
Revolução dos Bichos: Do mesmo autor, no livro há um claro paralelo
entre Napoleão com o Grande Irmão, ambos vitoriosos de suas
revoluções, colocando uma sociedade a mercê de sua política,
transformando o passado a seu interesse e colocando a todos sobre
o temor de um grande inimigo (Bola-de-Neve e Goldstein).
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Admirável Mundo Novo: Coincide com 1984 pelo fato de as pessoas
estarem pré-condicionadas a viverem em uma harmonia com as leis
e regras sociais. A diferença, é que nesse livro isso acontece graças
ao consumo de drogas sem efeitos colaterais chamada “soma”.
Fahrenteit 451: Livro que relata, bem como 1984, uma sociedade em
que livros são proibidos, opiniões próprias são consideradas anti-
sociais e hedonistas e o pensamento crítico é proibido.
Laranja Mecânica: História que enaltece a incrível tendência do
homem em se igualar a outros, destacando o que acontece quando
um grupo de jovens quebra as regras e começam a viver cometendo
crimes, tudo para que seus futuros não sejam iguais aos dos outros.
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