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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
LORENA DA PAIXÃO RIBEIRO
RESENHA:
UMA EXPERIÊNCIA SEMPR EM PROCESSO:
A CURADORIA DE ACERVOS DOCUMENTAIS
Resenha apresentada a Disciplina FCHG85-
Seminário Temático II, da Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas, da Universidade Federal da
Bahia, como pré-requisito para a avaliação parcial.
Docente: Sidélia Santos Teixeira
Salvador
2013
1
ALVES, Célia Regina Araujo; BARBOSA, Nila Rodrigues. Uma experiência sempre em
processo: a curadoria de acervos documentais. In: BITTENCOURT, José Neves;
JULIÃO, Letícia (Org.). In: Cadernos de diretrizes museológicas 2 : mediação em
museus: curadorias, exposições, ação educativa. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de
Cultura de Minas Gerais, Superintendência de Museus, 2008, pp. 144-156.
O texto, intitulado “Uma experiência sempre em processo: a curadoria de acervos
documentais” faz parte da publicação denominada “Cadernos de diretrizes museológicas 2 :
mediação em museus: curadorias, exposições, ação educativa”, aborda sobre a expriência de
renomados profissionais da aréa de museus dentro de suas instituições em Minas Gerais. Esta
obra apresenta-se em uma introdução e mais onze artigos de diferentes autores, relacionados a
tal temática.
As autoras Célia Regina Araujo Alves1 e Nila Rodrigues Barbosa
2 iniciam o artigo,
comentando a respeito da questão da curadoria da documentação de acervos formados por
documentos de suporte de papel, apresentando os aspectos de avaliação, organização,
tratamento e conservação, sendo a partir da experiência do MHAB3 em Belo Horizonte.
Explicando também, a metodologia assoaciada neste projeto que consistiu em primeiro lugar,
em conhcer a fundo como as coleções eram constituídas, em seguida, pesquisar o item
documental em todos os aspectos, e por fim, estabelecer a documentação museologica. Elas,
do mesmo modo, abordam sobre a relação interdisciplinar que a documentação apresenta
entre a História e Arquivologia.
Em seguida, Alves e Barbosa fazem uma análise diacrônica comentam sobre os
documentos de papéis no âmbito brasileiro, iniciamente dizendo, que no passado eles dentro
dos espaços museais eram definidos apenas como “manuscritos, papéis oriundos de
instituições públicas, e/ou papéis pessoais de índividuos com relevância social” (p.145), e
tinha sua relevância por serem antigos e pelo caráter da autenticidade, sendo consisderados
1 Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008). Trabalha no Museu Histórico Abílio
Barreto, atuando na organização de acervo museológico, organização de acervos arquivísticos e exposições.
2 Mestre em Estudos Étnicos e Africanos Universidade Federal da Bahia (2012). Pesquisa os seguintes temas:
museu, cidade, história, história e raça e acervos museológicos Atua como tutora de EAD, no Curso de
Atualização: Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça (UFMG/UAB).
3 Museu Histórico Abílio Barreto.
2
autênticos os documentos originais oficiais. No século XIX, os museus do Brasil apresentam-
se com um novo aspecto, os acervos passam a ser classificados com base “etnográfica e
enciclopédica” (p.146) e recebem o apoio de profissionais específicos para dar esse suporte.
Já no século seguinte, cresce o número de museus históricos, a exemplo do Museu Histórico
Nacional, destinados a referenciar as elites da época, sendo os documentos em papel
considerados relíquia. Nos anos seguintes, o passado foi considerado patrimônio histórico e
artístico, criando órgãos públicos para definir esses patrimônios, como o SPHAN4. Elas
também apresentam sobre a situação de Minas Gerais dentro desta esfera, apontando sobre a
lei de 1910 que definia a organização do Museu Mineiro a partir da perspectiva enciclopédica
e a criação do Museu Histórico de Belo Horizonte, em 1941, que se baseava na preservação
histórica.
Ainda nesta perspectiva, dos documentos, as autoras expõem que antes se
engrandeciam os documentos escritos oficialmente e que eram a única fonte verídica de
conhecimento do passado. Já na contemporaneidade é claro, que tais documentos representam
apenas uma parte da história. É citado no texto Terry Cook, que analisar sobre a divisão de
acervos públicos e acervos pessoais, criticando essa divisão e afirmando que é essencial que
se conheça o cenário histórico-social que foi criado. Com isso, a curadoria de acervos
documentais se basea, no primeiro momento, na analise e pesquisa dos documentos para o
entendimento do seu contexto, e, em seguida, na organização física para poder retirar todos os
aspectos do mesmo. Monstrando assim, a função científica dos museus devido a ser espaço de
pesquisa e conhecimento.
Depois as autoras Célia Alves e Nila Barbosa fazem uma análise sobre a formação e
consolidação do MHAB, a partir da história de Abílio Barreto, que dirigiu o MHBH5 no
período de 1941 até 1946. Na exposição inaugural do museu, em 1943, Abílio se preocupou
em passar para o público visitante os “valores cívicos, o progresso e a civilização” (p. 148)
dos cidadãos de Belo Horizonte. O Acervo do MHBH era constituído por peças vindas da
prefeitura, doação de terceiros e compra, sendo o acervo, inicialmente, organizado em quatro
seções: Arraial do Curral del Rei, Arraial de Belo Horizonte, Comissão Construtora da Nova
Capital, e, Cidade de Belo Horizonte. Contudo tal divisão foi sendo mudada ao longo do
tempo, apenas se prosseguiu a forma de documentar conforme os preceitos de Abílio, que
4 Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
5 Museu Histórico de Belo Horizonte
3
consistiam em trabalhar visando primordialmente a história, a memória e o patrimônio. Então
em meados da década de 60, o MHAB passar a receber o nome do deste diretor tão
importante para a formação desta instituição. Já na década de 1990, a instituição passar por
grandes transformações estruturais e conceituais, o museu passar a ser “meio de informação,
pesquisa, educação; em suma, portador de uma ação cultural em diálogos com a cidade”
(p.149).
Elas mostram, também, a respeito do processo de tratamento documental do acervo do
MHAB, que passa inicialmente pela análise e pesquisa acrescidas por estudo anterior sobre o
documento, a partir do contato com as pessoas que doaram, estudiosos, dentre outras que
apresentam o conhecimento sobre tais peças, e tal tratamento, é feito consoante aos
fundamentos arquivísticos do “Dicionário de Terminologia Arquivística”. Posteriormente, foi
feito o registro dessas informações obtidas em fichas elaboradas segundo suas
especificidades, que podem ser documentos textuais ou documentos iconográficos.
Alves e Barbosa seguem o texto mostrando sobre a analise de dois conjuntos
documentais do MHAB, que são: a Coleção Comissão Construtora e o Arquivo Privado
Abílio Barreto.
Ao falar da Coleção Comissão Construtora, elas apresentam a respeito do aspecto do
tratamento de acervo, a princípio explicando historicamente o que era a CCNC6. Em seguida
apontando as técnicas documentais para organizar esses acervos, a partir, de séries, devido no
passado esses acervos encontravam-se misturados a diversos outros documentos.
Posteriormente, elas apontaram sobre os documentos que constituem essa coleção, que são
papéis administrativos, documentos textuais, cadernetas de campo e correspondências de
algumas Divisões da CCNC. Junto a esses trabalhos, estavam sendo elaboradas pesquisas a
respeito da Comissão Construtora e suas Divisões, que mostravam desde o surgimento a
preocupação em organizar seus arquivos. E, por fim, explicam a respeito da organização que
foi feita a partir da tipologia do documento, pois com ela pode-se entender a espécie e a
função que o constituiu o documento, e além de evidenciar a suas áreas básicas, a
administrativa e técnica.
6 Comissão Construtora da Nova Capital
4
A respeito do Arquivo Privado Abílio Barreto, as autoras Célia Alves e Nila Barbosa,
tratam como uma coleção especial, doado inicialmente ao APCBH7 e depois ao MHAB, em
1995, sendo constituída: pelos manuscritos de Barreto (maior parte do acervo), por
fotografias, correspondências, recortes de jornais, suas publicações, uma pequena quantidade
de livros e coleções de jornais, guardados no período de 1910 a 1958, e uma pequena coleção
de acervos posteriores a sua morte. Depois, elas traçam um pouco da história dessa ilustre
personalidade, apresentando-o como um memorialista. O tratamento documental utilizado
consistiu em dividir a coleção em séries, que retratam desde a produção intelectual, as
atividades funcionais do escritor e pesquisador da cidade, e suas tipologias documentais:
Correspondência, Documentação Funcional, Documentação Pessoal, e Produção Intelectual.
As autoras definem essa coleção como uma produção histórica que pensa na preservação das
informações para o futuro.
Por fim, Célia Regina Araujo Alves e Nila Rodrigues Barbosa, falam que para a
realização do projeto documental do MHAB foi necessário a análise completa de todos os
dados do acervo, observando as suas diferenças em relação as ações públicas e privadas. E
abordam também sobre o que é curadoria, que consiste em “promover um fluxo de contínuo
de conhecimentos” (p.156), e a sua função do curador, como sendo “não será somente o
guardião de coleções, mas aquele que mobiliza acervos e aciona o seu conteúdo para o olhar
do espectador para uma nova percepção que pode contrapor-se à sua expectativa inicial,
quanto ao museu e à exposição” (p.156).
Em virtude de tudo que foi apresentado, pode-se concluir com a leitura do texto, que a
curadoria da documentação de acervos vai muito além dos tratamentos técnicos de coletar,
armazenar, organizar e conservar os objetos. Sendo a pesquisa dos acervos um dos aspectos
mais relevantes para o processo da documentação. E, mostrando que a curadoria dos acervos
deve ser pensada com um processo que nunca deve ser interrompido, para que se possa
consegui responder novas perguntas e desvendar novos segredos a respeito do acervo
estudado.
7 Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte