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1 1 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas a cidade de Londrina tem experimentado um grande desenvolvimento que é refletido também na construção civil, este fato pode ser notado através de edifícios cada vez mais altos, escavações mais profundas e aterros de maior porte, o que tornou os problemas igualmente complexos. Porém os dados de parâmetros de resistência que se tem são os mesmos de duas décadas atrás, os quais são insuficientes para tais complexidades. Assim, as soluções acabam apresentando custos maiores. O presente trabalho busca a melhoria do conhecimento dos parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo da região, através do que deverá ser possível atingirem-se soluções mais racionais e econômicas na elaboração de projetos geotécnicos, com reflexos positivos e diretos na área da construção civil. No desenvolvimento deste trabalho, foram executados ensaios laboratoriais de determinação da resistência ao cisalhamento em amostras indeformadas coletadas no Campo Experimental de Engenharia Geotécnica (CEEG), da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O local foi escolhido por apresentar um perfil geotécnico considerado representativo da região.

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    1 INTRODUO

    Nas ltimas dcadas a cidade de Londrina tem experimentado um

    grande desenvolvimento que refletido tambm na construo civil, este fato pode

    ser notado atravs de edifcios cada vez mais altos, escavaes mais profundas e

    aterros de maior porte, o que tornou os problemas igualmente complexos.

    Porm os dados de parmetros de resistncia que se tem so os

    mesmos de duas dcadas atrs, os quais so insuficientes para tais complexidades.

    Assim, as solues acabam apresentando custos maiores.

    O presente trabalho busca a melhoria do conhecimento dos

    parmetros de resistncia ao cisalhamento do solo da regio, atravs do que dever

    ser possvel atingirem-se solues mais racionais e econmicas na elaborao de

    projetos geotcnicos, com reflexos positivos e diretos na rea da construo civil.

    No desenvolvimento deste trabalho, foram executados ensaios

    laboratoriais de determinao da resistncia ao cisalhamento em amostras

    indeformadas coletadas no Campo Experimental de Engenharia Geotcnica (CEEG),

    da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O local foi escolhido por apresentar um

    perfil geotcnico considerado representativo da regio.

  • 2

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    O presente estudo tem como objetivo determinar os parmetros de

    resistncia do solo do CEEG o qual, possui camada superficial, formada por argila

    residual de basalto, porosa, laterizada, colapsvel (TEIXEIRA et al, 2003 ). Para se

    entender melhor sobre os termos citados, a seguir sero descritos alguns conceitos.

    2.1 Solos, Origem e Formao

    Solo um material resultante de processos fsicos e qumicos, que,

    quando em seu estado natural, composto por partes slidas, lquidas e gasosas

    (PINTO, 2002).

    Todo solo se origina de rochas que constituam a crosta terrestre, e

    todos so formados pela decomposio desta. A decomposio decorrente de

    intemperismo fsico-qumico e origina, a princpio, solos residuais.

    Entretanto, os solos tambm esto sujeitos a agentes da natureza,

    como chuva e vento, que transportam materiais de outras formaes residuais, que,

    se depositam em um local diferente, originando um novo tipo de solo, nas camadas

    superficiais (MIGUEL et al, 1999; PINTO, 2002).

    O solo pode ser chamado de residual, transportado e orgnico,

    devido s suas formaes (MIGUEL e TEIXEIRA, 1999).

    Residual: aquele que permanece sobre a rocha de origem.

    Apresentam uma grande heterogeneidade nos tamanhos das

    partculas, pois a decomposio dos materiais no uniforme;

    Transportado: formado sobre a rocha matriz e removido por

    agentes transportadores. Estes apresentam uma maior uniformidade

    no tamanho das partculas, pois, os meios de transporte acabam

  • 3

    promovendo uma seleo granulomtrica natural, que est relacionada

    a fora do agente transportador sobre a massa das partculas;

    Orgnico: aquele formado pela mistura de organismos com

    sedimentos j existentes.

    2.2 Solos no saturados

    Solo no saturado aquele que possui seus vazios preenchidos por

    gua e ar; comum em regies ridas, semi-ridas e tropicais. H alguns anos o

    estudo deste tipo de solo vem crescendo, pois os conceitos e modelos utilizados na

    mecnica dos solos eram baseados em solos secos ou saturados, o que no retrata

    a situao das regies citadas (TEIXEIRA, 1994).

    Conhecer o estado real em que o solo se apresenta importante,

    pois possvel prever o comportamento de alguns solos diante das variaes do

    teor de umidade, que podem promover variaes de volume, expanso e/ou colapso

    e interfirir na resistncia ao cisalhamento do solo, ou seja, importante em termos

    tcnicos da mecnica dos solos, e tambm em termos de economia e segurana

    (TEIXEIRA, 1994).

    Como o material em estudo uma argila no saturada, vale

    considerar que qualquer carregamento provoca uma compresso no ar, a qual

    igual compresso na estrutura slida do solo. O que significa que a fora aplicada

    suportada pelo solo, dessa forma h um aumento da tenso efetiva (PINTO, 2002).

    Nos vazios, o ar encontrado com presso diferente da tenso da

    gua. Devido a esta diferena (superior no ar), um desequilbrio de foras atrativas

    provocado, o qual faz com que as molculas de gua da superfcie de contato

    tendam para interior do meio lquido, o que causa contrao na interface,

    manifestando assim foras superficiais. Essa diferena de presso entre ar e gua

    chamada de presso de suco (PINTO, 2002).

  • 4

    Os volumes ocupados pelo ar e pela gua nos solos no saturados

    podem se dar nos seguintes arranjos (PINTO, 2002):

    Bolhas de ar envolvidas por gua e por partculas slidas, que

    no se comunicam (este fenmeno ocorre quando h um alto grau

    de saturao cerca de 85% a 90%);

    Ar todo intercomunicado, assim como a gua, formando canais

    que se entrelaam;

    Ar todo interconectado e a gua concentrada nos contatos entre

    partculas (este fato ocorre quando o grau de saturao muito

    baixo).

    Nestes dois ltimos itens citados o solo est sujeito presso

    atmosfrica e presso neutra que, neste caso, negativa, devido aos efeitos de

    capilaridade. Essa presso neutra negativa aumenta a tenso efetiva no solo.

    2.3 Solos Laterticos

    Os solos laterticos so solos tpicos da evoluo em climas quentes

    e midos e invernos secos, encontrados principalmente nas regies tropicais (entre

    paralelos 30 Norte e 30 Sul). Geralmente possui frao de argila constituda

    predominantemente por minerais caulinticos e elevada concentrao de ferro e

    alumnio na forma de xidos e hidrxidos, o que caracteriza a colorao

    avermelhada deste tipo de solo. Estes xidos e hidrxidos so encontrados

    recobrindo agregaes de partculas argilosas (MELFI, 1997).

    O Brasil um pas de dimenses continentais que possui,

    aproximadamente, 60% do seu solo de formao latertica, com cobertura

    heterognea. So encontrados vrios tipos de materiais laterticos e podem ser

    vistos diferentes traos regionais, tais como os demonstrados por Melfi (1997):

    Norte (Amaznia): a cobertura latertica constituda por

    goethita e gibbsita, s vezes hematita subordinada;

  • 5

    Nordeste: tem como caracterstica predominante a geothita na

    fase ferrfera;

    Regio Central: encontram-se trs oxihidrxidos metlicos:

    goethita, hematita e gibbsita;

    Sul: as formaes laterticas so formadas sobre rochas

    vulcnicas, como na bacia do Paran, onde o material que origina o

    principal constituinte ferrfero a hematita.

    Encontrados na natureza na forma no-saturada, apresentam

    elevados ndices de vazios, por isso possuem pequena capacidade de suporte. No

    entanto, quando compactado, sua capacidade de suporte aumenta, tornando-o mais

    resistente. Apresenta baixa expanso na presena de gua, sendo, por isso muito,

    utilizado em pavimentao e aterros (MELFI, 1994).

    2.4 Solos Colapsveis

    Solos colapsveis so solos no saturados que podem apresentar

    uma considervel e rpida reduo volumtrica quando submetidos a um aumento

    de umidade sem que varie a tenso total a que estejam submetidos (PINTO, 2002).

    O colapso se d devido ao aumento do raio dos meniscos capilares,

    responsveis pela tenso de suco, e/ou por reduzir o grau de cimentao

    provocado por sais que mantm os agregados s partculas. Este fenmeno diminui

    a resistncia destes solos, pois o aumento do teor de umidade um dos parmetros

    que se reflete na resistncia.

    2.5 Resistncia ao Cisalhamento dos Solos

  • 6

    Resistncia ao cisalhamento do solo, ou simplesmente resistncia

    do solo, de fundamental importncia na engenharia geotcnica. As propriedades

    de engenharia dos solos so: a resistncia, a permeabilidade e a compressibilidade;

    e formam o suporte bsico para a resoluo de problemas prticos de engenharia de

    solos (BUENO E VILAR, 2004). Dentre esses problemas destacam-se a estabilidade

    de taludes, a capacidade de carga de fundaes e os empuxos de terra.

    Estes problemas so geralmente analisados empregando os

    conceitos de equilbrio limite, o qual leva em considerao a ruptura (as tenses

    atuantes se igualam resistncia do solo, sem considerar deformaes que surgem

    com estas tenses).

    A resistncia ao cisalhamento do solo pode ser definida como a

    mxima tenso que um solo pode suportar sem sofrer ruptura, ou a tenso de

    cisalhamento do solo no plano em que a ruptura estiver ocorrendo (PINTO, 2002).

    A caracterizao da resistncia ao cisalhamento feita, comumente,

    pelo critrio da envoltria de Mohr-Coulomb, definido por uma reta cujo ngulo de

    inclinao representa o ngulo de atrito interno do solo e o intercepto de coeso

    (BUENO E VILAR , 2004).

    De forma geral, correto afirmar que a resistncia dos solos

    proporcionada por causas fsicas, como atrito e coeso, as quais variam para um

    mesmo solo. Para melhor entender o que passa no processo da resistncia do solo

    devem ser analisados esses fatores fsicos (PINTO, 2002; BUENO; VILAR, 2004).

    2.5.1 Atrito

    A resistncia por atrito pode ser demonstrada de forma simplificada

    por analogia com o problema de deslizamento de um corpo sobre uma superfcie.

    Sendo N a fora vertical transmitida pelo corpo (conhecida como fora normal), T a

    fora tangencial necessria para fazer o corpo deslizar, esta dever ser maior que a

  • 7

    fora N multiplicada por um coeficiente de atrito entre os dois materiais (PINTO,

    2002) conforme a Figura 1.

    Figura 1 Forma simplificada do deslizamento por atrito

    Sendo: f =

    Segundo as consideraes de Terzaghi (apud Pinto, 2002), pela

    teoria adesiva do atrito, conclui-se que a parcela de resistncia por atrito depende da

    fora normal, pois aumentando esta, aumenta-se a rea real de contato (por causa

    da plastificao que ocorre no contato entre as partculas).

    O fenmeno de atrito nos solos se diferencia do atrito entre dois

    corpos, pois o deslocamento se d envolvendo muitos gros, os quais deslizam ou

    rolam entre si, e se acomodam em vazios que encontram no percurso (PINTO, 2002,

    BUENO E VILAR, 2004).

    H tambm diferena entre as foras transmitidas nos contatos dos

    gros de areia e os de argila. Nos primeiros, as fora transmitidas so suficientes

    para expulsar a gua da superfcie e os contatos ocorrem entre os minerais. Como

    no caso das argilas, maior o nmero de partculas a fora entre contatos tambm

    menor, sendo assim, as foras de contato no so capazes de remover as

    partculas, pois estas esto envolvidas por molculas de gua quimicamente

    adsorvidas, que so as responsveis pela transmisso das foras (PINTO, 2002).

  • 8

    2.5.2 Coeso

    chamada coeso, a atrao qumica existente entre as partculas

    que provoca uma resistncia independente da tenso normal atuante no plano.

    Em solos sedimentares esta coeso pequena, entretanto em solos

    cimentados, aqueles que apresentam partculas cimentcias que so proporcionadas

    por carbonatos, slicas, xidos de ferro, entre outros, essa parcela de coeso

    bastante significativa (PINTO, 2002).

    Existem duas parcelas de coeso, a real e a aparente, que devem

    ser bem diferenciadas entre si. A coeso aparente na realidade atrito, e a tenso

    normal que a determina s aparecem em solos no saturados, onde h a tenso

    entre as partculas (a tenso capilar). Quando o solo passa por um aumento do grau

    de saturao, ela diminui, por isso denominada coeso aparente.

    J a coeso real, que o fenmeno de ligao qumica, a parcela

    de resistncia que existe no solo, independente de quaisquer tenses aplicadas e

    que se mantm mesmo que estas sejam retiradas (PINTO, 2002).

    2.6 Resistncia ao cisalhamento de solo no saturado

    Nos solos a resistncia caracterizada pela tenso efetiva e, se o

    solo for de granulao fina e no saturado, a existncia de tenses capilares,

    provoca atrao interpartculas, que aumentam as tenses efetivas e,

    conseqentemente, a resistncia.

    No entanto, mais difcil utilizar conceitos do princpio das tenses

    efetivas na determinao de resistncia de solos no saturados, devido

    complexidade dos fluidos que preenchem os vazios deste solo (gua + ar).

  • 9

    Os comportamentos dos solos no saturados submetidos a alguns

    tipos de ensaios so descritos logo abaixo:

    a. Ensaios drenados, tipo CD: com drenagem plena do ar e da

    gua, se esperam resistncias semelhantes s obtidas em ensaios

    para solos saturados ou no saturados porque na condio

    drenada tem-se presso neutra () igual a zero;

    b. Ensaios drenados, tipo UU: ocorre uma reduo volumtrica

    com a aplicao da tenso confinante, devido a alta

    compressibilidade do ar. H um ganho de resistncia que depende

    do grau de saturao inicial, que cessa quando todo ar dissolvido

    na gua intersticial. O corpo de prova tende a saturar-se por efeitos

    crescentes das tenses confinantes e a envoltria de tenses totais

    curva, porm aproxima-se a uma reta mdia;

    c. Ensaios adensados rpidos, tipo CU: o comportamento pode

    ser semelhante ao descrito acima, desde que na fase de

    cisalhamento ocorram variaes volumtricas devidas a compresso

    do ar que ainda seja encontrado nos vazios.

    2.7 Tipos de ensaios para a determinao da resistncia ao cisalhamento

    Para retratar adequadamente a resistncia do solo de forma mais fiel

    s condies de campo podem-se adotar os seguintes ensaios, que so processos

    laboratoriais usados para a determinao de parmetros de coeso (c) e ngulo de

    atrito () :

    a. Ensaio de compresso triaxial: os principais tipos para a

    determinao da resistncia do solo, so as seguintes:

    a.1. Ensaio triaxial no drenado, ou ensaio rpido (UU) este no

    permite a dissipao de presso neutra durante a aplicao das

    tenses confinantes (3) e nem durante o cisalhamento do corpo de

  • 10

    prova. Nesse ensaio possvel medir a presso neutra

    desenvolvida;

    a.2. Ensaio adensado-rpido ou pr-adensado (CU) permitido a

    dissipao da presso neutra que a tenso confinante origina no

    corpo de prova. Durante a ruptura a dissipao da presso neutra

    impedida, mas possvel medi-la durante o ensaio;

    a.3. Ensaio lento ou drenado (CD) permite a dissipao da presso

    neutra em todas as fases do ensaio (aplicao da tenso confinante

    e na ruptura);

    b. Ensaio de compresso simples: corresponde ao ensaio triaxial

    rpido, em termos de dissipao da presso neutra, na condio

    tenses confinantes igual presso atmosfrica (3=0).

    c. Ensaio de cisalhamento direto: promove o deslizamento de uma

    metade do corpo de prova do solo em relao outra, determinando

    para cada tenso normal () o valor do esforo cortante ()

    necessrio para causar ruptura. O ensaio se d mantendo-se

    constante a tenso normal, e h trs modalidades deste ensaio:

    c.1. Ensaio de cisalhamento direto rpido ocorre a aplicao da

    teno cisalhante e imediatamente aps a aplicao da tenso

    normal, que provavelmente ir aumentar at a ruptura;

    c.2. Ensaio de cisalhamento direto adensado rpido aplica-se a

    tenso normal at a estabilizao das deformaes verticais, esta

    tenso que ser mantida sobre o corpo de prova, aps a

    estabilizao aplicada a cisalhante que ser crescente at a

    ruptura;

    c.3. Ensaio de cisalhamento direto lento aplicado a tenso

    normal, e aps o adensamento da amostra aplica-se a tenso

    cortante gradativamente at a ruptura do corpo de prova. A

    velocidade de aplicao da cortante e/ou a velocidade de

  • 11

    deformao do corpo de prova dever ser mnima de ordem de

    10-4mm/min.

  • 12

    3 MATERIAIS E MTODOS

    3.1 Materiais - Solo tpico do Campo Experimental de Engenharia Geotcnica

    da Universidade Estadual de Londrina

    O Campo Experimental de Engenharia Geotcnica (CEEG) da

    Universidade Estadual de Londrina foi fundado em 1998, possui rea de 2900 m2 e

    utilizado como campo de experimentos geotcnico com a finalidade de promover o

    conhecimento gelogico-geotcnico do solo de Londrina e regio, para sua melhor

    utilizao e emprego.

    A cidade de Londrina est situada na regio norte do estado do

    Paran, sul do Brasil, a 220 km leste do Rio Paran. O relevo da regio ondulado

    suave e o substrato rochoso basalto proveniente dos derrames, sem cobertura de

    rocha sedimentar, esse local se caracteriza por apresentar clima quente e mido no

    vero e inverno frio e seco, clima tpico de regies tropicais. Tais condies causam

    intemperismo intenso no substrato do solo que atuam at grandes profundidades

    formando camadas espessas de solo.

    Segundo Branco et al. (apud, TEIXEIRA, 2003), o solo superficial da

    regio de Londrina composto por uma argila siltosa porosa de colorao vermelha

    escura, com consistncia varivel de mole a mdia. Este solo apresenta um baixo

    grau de saturao (cerca de 50%) e elevada porosidade (aproximadamente 60%),

    alta massa especfica dos slidos (em torno de 2,95 e 3,26 g/cm3), caractersticas

    estas que lhe confere caractersticas de solo colapsvel e laterizado.

    Segundo Miguel et al (2002), abaixo da camada superficial h na

    seqncia uma camada de argila siltosa, de consistncia mdia a rija, muitas vezes

    existe presena do nvel dgua a mais ou menos 15 m de profundidade, e tambm

    rocha composta de silte argiloso ou arenoso duro ou muito compacto. Estas

    camadas profundas so utilizadas como apoio para fundaes de edifcios altos,

  • 13

    apesar do pouco conhecimento do comportamento delas, pois as informaes que

    se tem so na maioria das vezes do ensaio de campo Standard Penetration Test

    (SPT). Em alguns lugares da cidade encontra-se camada de mataces, conhecidos

    na regio com pedra-bola, intercalada com a camada superficial e a camada de solo

    residual. A camada de mataces gera problemas de ordem construtiva na execuo

    de fundaes, escavaes e contenes.

    A seguir Croqui do CEEG: Figura 2 CEEG

  • 14

  • 15

    3.2 Mtodos

    3.2.1 Tipo de Ensaio Adotado

    Para este estudo foi escolhido o ensaio a compresso triaxial

    drenado ao ar (CD), durante a fase de adensamento e de cisalhamento, pois devido

    s condies de campo achou-se que este mtodo laboratorial o que melhor se

    adequa a ela.

    Neste ensaio h drenagem permanente do corpo de prova. Uma

    tenso confinante (3) aplicada sob velocidade baixa (v=1,19 x 10-1 mm/min), com

    o intuito de atingir as condies de drenagem atravs da deformao do corpo de

    prova.

    Essa tenso axial aplicada at a ruptura. Assim a presso neutra

    durante o carregamento permanece praticamente nula e as tenses efetivas

    medidas so as tenses totais (STANCATI et al, 1981).

    Este ensaio chamado de drenado ou adensado drenado, e

    representado pelos smbolos CD (Consolidated Drained).

    3.2.2 Justificativa

    Diante das dificuldades para a determinao dos parmetros de

    resistncia de solos no saturados e das limitaes do laboratrio de geotecnia da

    UEL, foi escolhido o ensaio drenado (CD), porque no h equipamentos adequados

    que tornasse possvel a realizao de ensaio com suco controlada.

  • 16

    3.2.3 Mtodo do Ensaio

    Para a realizao do ensaio citado acima primeiro retiraram-se

    amostras indeformadas do solo do CEEG, pois estas so representativas do solo

    quanto estrutura, umidade, constituio mineralgica, massa especfica, entre

    outras caractersticas. No caso as amostras foram retiradas ao longo da escavao

    do poo P14.

    A coleta dessas amostras pode ser feita atravs de amostradores

    especiais (NOGUEIRA, 1977 apud STANCATI et al, 1981 1977), por retiradas em

    bloco ao longo da escavao do poo, ou no talude de um corte. A aparelhagem

    utilizada e o procedimento utilizado na retirada das amostras foram as seguintes,

    segundo Stancati (1981):

    1. Equipamentos:

    Moldes para retirada de amostras indeformadas;

    P, enxada, faca, esptulas;

    Fogareiro a gs;

    Parafina;

    Estopa ou talagaras;

    Etiquetas.

    2. Procedimento:

    O poo foi aberto at aproximadamente 10 cm acima da cota de

    onde vai se retirar o bloco;

    O encarregado por retirar a amostra alisa a superfcie do solo,

    deixando-o aproximadamente 3 cm acima da cota zero;

    O molde foi colocado com a ponta voltada para o solo;

    O operador cortou o solo exterior ao molde e pression-lo ao

    mesmo tempo para que penetre no solo;

  • 17

    Quando a parede do molde ficou no fundo do poo, colocou-se

    parafina no topo do bloco e na face superior;

    A separao do bloco do restante do solo feita cortando-se

    horizontalmente por baixo, at que possa ser retirado ou tombado;

    Alisou-se a face inferior do bloco colocou-se parafina e em

    seguida sua tampa interior;

    Retirou-se o molde, e as faces laterais foram parafinadas com

    uma camada de aproximadamente 5 cm de espessura, envolta por

    estopa e parafinada novamente por uma camada de 5 cm. Dessa

    maneira preparada, a amostra foi estocada sem perder umidade

    (Stancati et al, 1981 apud Nogueira, 1977).

    A seguir, a Figura 2 mostra as etapas de retirada de amostras

    indeformadas.

    Figura 3 Etapas de extrao de amostras indeformadas.

    Fonte: Stancati et al, 1981

    Aps as amostras coletadas, estas foram levadas ao laboratrio de

    Geotecnia da UEL, e ento selecionadas quatro nas seguintes profundidades: 1 m,

  • 18

    5 m, 8 m e 11 m para a realizao do ensaio de compresso triaxial na modalidade

    ensaio drenado (CD), o qual ser descrito a seguir os equipamentos e

    procedimentos necessrios para sua realizao:

    1. Equipamentos:

    Prensa de compresso triaxial;

    Cmara triaxial;

    Painel de medidas;

    Balana com capacidade de 1000 g e preciso 0,01g;

    Talhador a bero ou cilindro;

    Estufa;

    Facas, cpsulas de alumnio, paqumetro;

    2. Procedimento:

    2.1 Preparo do corpo de prova:

    Retirou-se de um bloco de solo uma amostra prismtica com

    altura e lados da base suficientes para talhagem de um corpo de

    prova cilndrico com altura aproximadamente igual a 2,5 a 3 vezes o

    dimetro;

    A amostra indeformada retirada do bloco teve as estratificaes

    orientadas na mesma direo no campo e na cmara;

    Colocou-se a amostra indeformada no bero e acertar as sees

    transversais de topo e base, at que as faces estivessem paralelas e

    planas;

    Transferiu-se a amostra do bero para o talhador sem esquecer

    as orientaes de topo e base, cortaram-se as pontas do prisma at

    que se obtivesse um cilindro;

    Recolheram-se as raspas do material cortado e colocou-as em

    cpsulas metlicas para determinao de umidade;

  • 19

    Mediu-se o dimetro do corpo de prova no mnimo em trs locais

    (base, centro e topo) e a altura tambm em trs determinaes;

    Pesou-se o corpo de prova.

    2.2 Execuo do ensaio:

    Verificou-se se todas as torneiras do painel esto fechadas;

    Abriram-se as torneiras para a entrada de gua ;

    Regulou-se o manmetro do painel para aplicao da tenso

    confinante 3;

    Colocou-se o corpo de prova na base da cmara triaxial;

    Colocou-se a membrana de ltex envolvendo o corpo de prova,

    tomando cuidado de prend-la com anis de borracha na base de

    apoio da cmara e no cabeote de lucite;

    Colocou-se a face superior da cmara fixando-a bem;

    Conectou-se a tubulao do painel cmara;

    Encheu-se a cmara de gua;

    Aps a cmara cheia de gua se fechou as torneira;

    Lubrificou-se o encaixe guia do pisto na cmara e colocou-se o

    pisto;

    Abrir a torneira para retirada do ar que estivesse dentro da

    cmara;

    Ajustou-se a cmara na prensa triaxial;

    Ajustou-se o extensmetro para aplicao de acrscimos de

    tenses atravs do pisto;

    Ligou-se a prensa para aplicao de acrscimo de tenses (1 -

    3) atravs do pisto;

    Fizeram-se leituras da deformao do corpo de prova e do

    dinammetro que aplicou a fora a intervalos regulares;

  • 20

    Levaram-se as leituras at que o extensmetro da mola

    indicasse a distenso da mesma, ou seja, a ruptura do corpo de

    prova;

    Retirou-se a tenso confinante do sistema;

    Fecharam-se todas as torneiras do painel, desligaram-se as

    conexes, retirou-se a cmara da prensa;

    Tirou-se a gua da prensa, retirou-se o corpo de prova e em

    seguida a membrana de ltex;

    Passaram-se todos os dados coletados para a planilha

    eletrnica e obteve-se a curva caracterstica.

  • 21

    Figura 4 Modelo do Equipamento Triaxial

    Fonte: Stancati et al, 1981

  • 22

    Figura 5 Equipamento de compresso triaxial

    Seqncia de execuo do ensaio.

    Figura 6a Moldagem de corpo de prova

  • 23

    Figura 6b Moldagem de corpo de prova

    Figura 6c Moldagem de corpo de prova

  • 24

    Figura 6d Moldagem de corpo de prova

    Figura 7 Pesagem do corpo de prova

  • 25

    Figura 8 Medio da altura do corpo de prova

    Figura 9 Medio do dimetro do corpo de prova

  • 26

    Figura 10 Posicionamento do corpo de prova na base da cmara entre os filtros e as pedras

    porosas

    Figura 11 Colocao da membrana de ltex

  • 27

    Figura 12 Corpo de prova montado com os anis de vedao

    Figura 13 Lubrificao do encaixe da cmara

  • 28

    Figura 14 Fechamento da cmara

    Figura 15 enchimento da cmara com gua

  • 29

    Figura 16 Acoplagem do eliminador de atrito

    Figura 17 Regulagem do manmetro

  • 30

    Figura 18 Visualizao geral da cmara

  • 31

    4 RESULTADOS E ANLISE

    As quatro profundidades de solo do poo P14 analisadas em

    laboratrio apresentaram comportamentos distintos entre si. Estas diferenas podem

    ser notadas nos grficos de envoltria de tenses, na variao da resistncia e de

    seus parmetros (atrito e coeso) que cada uma apresentou e nas diferenas visual-

    tteis, cor e texturas diferentes.

    Para cada profundidade foi realizada ensaio de compresso triaxial

    CD, com tenses confinantes de 3 = 50 kPa, 3 = 100 kPa e 3 = 300 kPa. Todos

    os ensaios foram executados com velocidade controlada e deformao mxima em

    torno 20%.

    A seguir, esto apresentadas a tabela das tenses de pr-

    adensamento do solo e o grfico que demonstra estas no teor de umidade de

    campo, para mostrar uma eventual correlao do comportamento do solo, sob

    diversas confinantes, com sua tenso de pr-adensamento.

    Tabela 1 Tenses de pr-adensamento (Teixeira et all,2003)

    Amostra saturada Amostra na w campo Prof. v

    a Cc a Cc

    1 m 14 kPa 46 kPa 0,66 61 kPa 0,68

    2 m 27 kPa 51 kPa 0,66 75 kPa 0,70

    3 m 41 kPa 78 kPa 0,56 80 kPa 0,20

    4 m 55 kPa 75 kPa 0,53 92 kPa 0,23

    5 m 69 kPa 90 kPa 0,56 110 kPa 0,48

    6 m 99 kPa 130 kPa 0,50 120 kPa 0,54

    7 m 105 kPa 150 kPa 0,37 210 kPa 0,40

    8 m - - - 188 kPa -

    11 m - - - 249 kPa - As tenses de pr-adensamento para as profundidades 8 e 11 metros so valores estimados com base no grfico 1.

  • 32

    y = 20,25x + 25,857R2 = 0,9056

    0 kPa

    50 kPa

    100 kPa

    150 kPa

    200 kPa

    250 kPa

    300 kPa

    0 m 5 m 10 m 15 m

    profundidade (m)

    Tenso de pr-adensamento

    (kPa)

    Linear (s)

    Grfico 1 Tenso de Pr-adensamento x Profundidade

    Com a realizao dos ensaios foram determinados os seguintes

    resultados.

    4.1 Profundidade de 1 m

    Esta profundidade trata de uma camada mais superficial do solo,

    que apresentou, alm de solo, materiais orgnicos, colorao marrom escura e teor

    de umidade mdio de w = 24,73 %.

    Notou-se que o solo, para as confinantes maiores, apresentou

    deformaes menores, como pode ser visto no grfico (1 3) x ( %), e, para uma

    mesma deformao, uma variao volumtrica maior para as tenses confinantes

    maiores.

    Na envoltria de Mohr-Coulomb obteve-se um ngulo de atrito =34

    e intercepto de coeso c= 121 kPa.

  • 33

    Tabela 2 Resultados 1 m

    3 tenses

    50 kPa 137,6 kPa 201,4 kPa

    100 kPa 272,4 kPa 324,3 kPa

    300 kPa 565,5 kPa 499,3 kPa

    , c =34 c=121 kPa

    , v 1,39

    kN/m 1,39 kPa

    s s=121 kPa

    s x

    y = 0,6802x + 120,5

    R2 = 0,988

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

    0 500 1000 1500 2000 2500

    (kPa)

    s (kPa)

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    envoltria Grfico Linear (envoltria)

    Grfico 2 Envoltria de Mohr Coulomb profundidade 1m.

  • 34

    1 -3 x (%)

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    0 5 10 15 20 25 30 (%)

    1 - 3

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    Grfico 3 (13) x Deformao profundidade 1m.

    q x p'

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    0 200 400 600 800 1000 1200 1400

    p'

    q

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    Grfico 4 Envoltria de Tenses profundidade 1 m

  • 35

    4.2 Profundidade de 5 m

    Nesta profundidade, a camada de solo apresentou colorao

    marrom avermelhada, textura fina e teor de umidade mdio de w = 34,09 %.

    Notou-se que o solo, para as confinantes maiores, apresentou

    deformaes menores, como pode ser visto no grfico (1 3)x( %) e, para uma

    mesma deformao, uma variao volumtrica maior para as tenses confinantes

    maiores. Para a mxima tenso confinante apresentou um pico de resistncia, com

    diminuio da resistncia at a resistncia residual.

    Na envoltria de Mohr-Coulomb obteve-se um ngulo de atrito =48

    intercepto de coeso c= 46 kPa.

    Tabela 3 Resultados 5 m

    3 tenses

    50 kPa 121,9 kPa 173,6 kPa

    100 kPa 239,8 kPa 329,2 kPa

    300 kPa 544,7 kPa 654,4 kPa

    , c =48 c=46 kPa

    , v 1,16

    kN/m 5,78 kPa

    s s=53 kPa

  • 36

    s x

    y = 1,1231x + 46,411

    R2 = 0,9976

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

    0 500 1000 1500 2000 2500

    (kPa)

    s (kPa)

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    envoltria Grfico Linear (envoltria)

    Grfico 5 Envoltria de Mohr Coulomb profundidade 5m.

    1 -3 x (%)

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    0 5 10 15 20 25 30 (%)

    1 - 3

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    Grfico 6 (13) x Deformao profundidade 5m.

  • 37

    q x p'

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    0 200 400 600 800 1000 1200 1400

    p'

    q

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    Grfico 7 Envoltria de Tenses profundidade 5m.

    4.3 Profundidade de 8 m

    Esta profundidade tratou de uma camada mais profunda do solo, a

    qual apresentou colorao marrom escuro e teor de umidade mdio de w = 42,06 %.

    Para tenses confinantes menores, apresentou deformaes

    maiores, como pode ser visto no grfico (1 3)x( %) e uma variao volumtrica

    maior para uma mesma deformao.

    Na envoltria de Mohr-Coulomb obteve-se um ngulo de atrito =42

    intercepto de coeso c= 35 kPa.

  • 38

    Tabela 4 Resultados 8 m

    3 tenses

    50 kPa 118,2 kPa 133,9 kPa

    100 kPa 213,7 kPa 238,3 kPa

    300 kPa 534,4 kPa 514,4 kPa

    , c =42 c=35 kPa

    , v 1,52

    kN/m 12,18 kPa

    s s=46 kPa

    s x

    y = 0,9007x + 35,433R2 = 0,9977

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

    0 500 1000 1500 2000 2500

    (kPa)

    s (kPa)

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    envoltria Grfico Linear (envoltria)

    Grfico 8 Envoltria de Mohr Coulomb profundidade 8m.

  • 39

    1 -3 x (%)

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    0 5 10 15 20 25 30 (%)

    1 - 3

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    Grfico 9 (13) x Deformao profundidade 8m.

    q x p'

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    0 200 400 600 800 1000 1200 1400

    p'

    q

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    Grfico 10 Envoltria de Tenses profundidade 8m.

  • 40

    4.4 Profundidade de 11 m

    Nesta profundidade a uma camada de solo, apresentou colorao

    marrom escura, textura fina e teor de umidade mdio de w = 56,8 %.

    Notou-se que o solo para as confinantes menores ele apresentou

    deformaes maiores, como pode ser visto no grfico (1 3)x( %) e, para uma

    mesma deformao, uma variao volumtrica maior para as tenses confinantes

    maiores. Ocorreu pico de resistncia e diminuio da resistncia at que atingisse

    uma resistncia residual.

    Na envoltria de Mohr-Coulomb obteve-se um ngulo de atrito =

    33 intercepto de coeso c= 205 kPa.

    Tabela 5 Resultados 11 m

    3 tenses

    50 kPa 260,4 kPa 371,9 kPa

    100 kPa

    300 kPa 663,7 kPa 630,0 kPa

    , c =33 c=205 kPa

    , v 1,42 kN/m 15,62 kPa

    s s=215 kPa

  • 41

    s x

    y = 0,64x + 205,25

    R2 = 1

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

    0 500 1000 1500 2000 2500

    (kPa)

    s (kPa)

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    envoltria Grfico Linear (envoltria)

    Grfico 11 Envoltria de Mohr Coulomb profundidade 11.

    1 -3 x (%)

    0

    500

    1000

    1500

    2000

    2500

    0 5 10 15 20 25 30 (%)

    1 - 3

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    Grfico 12 (13) x Deformao profundidade 11m.

  • 42

    q x p'

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    0 200 400 600 800 1000 1200 1400

    p'

    q

    50 kPa 100 kPa 300 kPa

    Grfico 13 Envoltria de Tenses profundidade 11m.

    4.5 Anlise geral

    A seguir sero apresentados e analisados os resultados obtidos nas

    amostras ensaiadas.

    Tabela 6 - Parmetros determinados nos ensaios

    PROFUNDIDADE s (kPa) C (kPa) w (%) d (kN/m3) e

    1 m 112 102 36 24,73 13,9 1,63 5 m 110 33 49 34,09 13,4 1,86 8 m 146 36 42 42,06 15,2 1,67 11 m 304 57 56 56,80 14,2 2,15

    Levando em considerao o atrito e a coeso, os dois parmetros

    que influenciam na resistncia, constata-se que a coeso inicia-se com um valor alto

    no primeiro metro, ento este valor diminui no quinto metro, e aumentando

    novamente no oitavo e no dcimo primeiro metro (Grfico 18).

  • 43

    y = -4,4384x + 84,74

    R2 = 0,3545y = -0,1607x3 + 4,8571x2 - 41,411x + 138,71

    R2 = 1

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    0 m 5 m 10 m 15 m

    Profundidade (m)

    Intercepto de coeso (kPa)

    Seqncia1

    Linear(Seqncia1)

    Polinmio(Seqncia1)

    Grfico 14 c x Profundidade

    O ngulo de atrito iniciou-se com um valor no primeiro metro e

    apresentou um comportamento de aumento com o aumento da profundidade,

    havendo um desvio no oitavo metro (Grfico 19).

    y = 1,6301x + 35,562

    R2 = 0,6473

    y = 0,1964x3 - 3,5476x2 + 18,446x + 20,905

    R2 = 1

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    0 m 5 m 10 m 15 m

    profundidade (m)

    Seqncia1

    Linear(Seqncia1)

    Polinmio(Seqncia1)

    Grfico 15 - x Profundidade

    Este comportamento descrito acima, junto a outros que sero

    descritos logo abaixo resultaram no aumento da resistncia, conforme o aumento da

    profundidade. Como pode ser observado no grfico 20 e na tabela 6 que

    correlacionam estes parmetros com a profundidade.

  • 44

    y = 17,79x + 56,813

    R2 = 0,68y = 0,4992x3 - 5,2032x2 + 15,244x + 101,46

    R2 = 1

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    0 m 5 m 10 m 15 m

    profundidade (m)

    s

    Seqncia1

    Linear(Seqncia1)

    Polinmio(Seqncia1)

    Grfico 16 s x Profundidade

    Com o aumento da profundidade, tambm foram determinados

    outros parmetros, como: ndice de vazios (e), teor de umidade (w) e peso

    especfico (), os quais obtiveram os seguintes comportamentos.

    O ndice de vazios e o teor de umidade aumentaram e o peso

    especfico apresentou uma tendncia constante.

    y = 0,0411x + 1,5704

    R2 = 0,5488

    0

    0,5

    1

    1,5

    2

    2,5

    0 m 5 m 10 m 15 mProfundidade

    ndice de Vazios

    e

    Linear (e)

    Grfico 17 e x Profundidade

  • 45

    y = 3,1226x + 19,904

    R2 = 0,9649

    0,00

    10,00

    20,00

    30,00

    40,00

    50,00

    60,00

    0 m 5 m 10 m 15 m

    profundidade (m)

    Teor de Umidade %

    w%

    Linear (w%)

    Grfico 18 w x Profundidade

    y = 0,0801x + 13,674

    R2 = 0,1951

    y = -0,0265x3 + 0,4773x2 - 2,1721x + 15,621

    R2 = 1

    1

    3

    5

    7

    9

    11

    13

    15

    17

    0 m 5 m 10 m 15 m

    profundidade (m)

    Peso especfico (kN/m

    3)

    Linear (g)

    Polinmio (g)

    Grfico 19 x Profundidade

    A partir destas caractersticas descritas, pode-se dizer que o perfil

    possui comportamento varivel caracterstico de argilas laterticas.

    Dependendo da tenso confinante que se aplicou nas amostras o

    solo apresentou comportamento sobre-adensado ou de solo normalmente

    adensado.

    Como visto na tabela 1, observa-se que o solo estudado apresenta

    tenses de pr-adensamento (a) diferentes para cada profundidade, que foram

  • 46

    comparadas com as tenses confinantes (3) aplicadas nos ensaios de compresso

    triaxial.

    Quando a tenso confinante (3) aplicada foi menor que a tenso de

    pr-adensamento, para a profundidade analisada, o solo estava sendo ensaiado em

    condio de sobre-adensamento, e quando a tenso de confinamento (3) maior

    que a tenso de pr-adensamento, ento estava sendo ensaiado em condio de

    solo normalmente adensado.

    O estudo mostrou que aplicando tenses confinantes diferentes para

    todas as profundidades, obtiveram-se comportamentos variveis em cada uma

    dessas profundidades, como pode ser visto na tabela abaixo.

    Tabela 7 Comportamento do solo

    Parmetros m 1 5 8 11

    Pr-adensamento (kPa) 61 110 188 249

    Tenso confinante (kPa) Comportamento 50 S A S A S A S A 100 N A S A S A S A 300 N A N A N A N A

    N A = argila normalmente adensada S A = argila sobre-adensada

    Este comportamento varivel condiz com o que se espera deste

    solo, uma argila siltosa colapsvel latertica, a qual se comporta como material

    granular em campo, como foi constatado nos ensaios de CPTs (Grficos 24, 25 e

    26) e DMTs (Grficos 27, 28 e 28) realizados no CEEG. As anlises dos resultados

    destes ensaios de campo identificaram este solo como sendo um silte, porm o

    ensaio de granulometria prova tratar de uma argila siltosa. O fato de o solo se

    comportar como granular se d atravs de como estes gros esto unidos.

  • 47

    qc (kPa)

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    15

    16

    17

    18

    19

    20

    0 5 10 15

    Prof. (m)

    CPT9

    CPT14

    fs (kPa)

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    15

    16

    17

    18

    19

    20

    0 100 200 300 400 500

    Prof. (m)

    CPT9

    CPT14

    FR (%)

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    15

    16

    17

    18

    19

    20

    0% 100% 200% 300% 400%

    Prof. (m)

    CPT9

    CPT14

    Grficos 20,21,22 Resultados do Ensaio CPT para os poos P 9 e P 14. Fonte: Teixeira et all, 2006

    ED (kPa)

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    15

    16

    17

    18

    19

    20

    0 50 100 150 200

    Prof. (m)

    DMT9

    DMT14

    KD

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    15

    16

    17

    18

    19

    20

    0 20 40 60 80 100

    Prof. (m)

    DMT9

    DMT14

    ID

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    15

    16

    17

    18

    19

    20

    0 5 10 15 20 25

    Prof. (m)

    DMT9

    DMT14

    Grficos 23, 24, 25 Resultados do Ensaio DMT para os poos P 9 e P 14.

    Fonte: Teixeira et all, 2006

  • 48

    importante relatar que algumas amostras mostraram

    comportamento diferenciado, no tocante a deformao. As amostras relativas s

    profundidades de 1 m e de 8 m apresentaram deformao excessiva sem que

    houvesse um plano de ruptura visvel, ou seja, apresentaram um comportamento

    no frgil. Este fenmeno no ocorreu para as demais amostras (profundidades de 5

    m e de 11 m), onde o comportamento detectado foi o frgil. Nessas, o solo

    deformou-se at uma variao de tenso mxima e depois esta variao passou a

    decrescer - este comportamento resultou na ruptura ntida do corpo de prova, com a

    definio de um plano visvel de ruptura.

  • 49

    5 CONCLUSO

    Durante a execuo destes ensaios foi possvel confirmar a

    heterogeneidade do solo quanto a caractersticas visuais e tteis, seu

    comportamento diferenciado devido, provavelmente, laterizao e ao seu

    comportamento quanto resistncia ao cisalhamento de cada camada.

    A laterizao deste solo foi confirmada por Decourt (2002), atravs

    de ensaios na determinao do ndice de Laterizao de Ignatius (L) obtido foi de

    1,54, valor este maior que 0,3, o que caracteriza solo latertico. O autor citado

    tambm constatou que o solo colapsvel.

    Concluiu-se que a resistncia permanece constante at o quinto

    metro e cresce com o aumento da profundidade, o que pode ser comprovado

    tambm nos ensaios de CPT e DMT, provando que o solo se torna mais resistente

    nas camadas mais profundas, porm podendo apresentar comportamento frgil.

    Todos os resultados obtidos levam a salientar e a confirmar a

    importncia de estudos mais detalhados sobre este solo, para que melhor e mais

    eficazes sejam os resultados dos futuros projetos de engenharia geotcnica que iro

    refletir diretamente na construo civil.

  • 50

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BUENO, Benedito de Souza; VILAR, Orencio Monge. Mecnica dos Solos. Vol. 2. So Carlos: EESC USP, 2004. MELFI, Adolpho Jos. Lateritas e Processos de Laterizao (Aula Inaugural de 1994). So Carlos: EESC USP, 1997. MIGUEL, Miriam Gonalves; TEIXEIRA, Raquel Souza. Notas de Aula: Mecnica dos Solos. Londrina: Disciplina 3CIV018 Mecnica dos Solos Universidade Estadual de Londrina, 1999. PADILHA, Ana Carolina Ciriaco; MIGUEL, Miriam Gonalves; TEIXEIRA, Raquel Souza. Curvas Caractersticas de Suco do Solo Latertico da Regio de Londrina/PR. In: REVISTA DE CINCIA & TECNOLOGIA, jul./dez. 2004, v. 12, Piracicaba. Piracicaba: UNIMEP, 2004, p. 63-74. PINTO, Carlos de Sousa. Curso Bsico de Mecnica dos Solos em 16 aulas. 2 ed. So Paulo: Oficina de Textos, 2002. RHM, Srgio Antnio. Solos no saturados Monografia Geotcnica no4. So Carlos: EESC USP, 1997. STANCATI, Gene; NOGUEIRA, Joo Baptista; VILAR, Orencio Monge. Ensaios de Laboratrio em Mecnica dos Solos. So Carlos: EESC USP, 1981. TEIXEIRA, Raquel Souza. SGS-833: Seminrios Gerais em Geotcnica. Tema: Resistncia ao Cisalhamento de um Solo Compactado Parcialmente Saturado. Orient. Orencio Monge Vilar. So Carlos: Escola de Engenharia de So Carlos (EESC), Universidade de So Paulo (USP), 1994.

    TEIXEIRA, Raquel Souza; MIGUEL, M. G.; PINESE, Jos Paulo Peccinini; BRANCO, Carlos Jos Marques da Costa: Caracterizao geolgico-geotcnica do Campo Experimental de Engenharia Geotcnica Prof. Saburo Morimoto da Universidade Estadual de Londrina. I Encontro Geotcnico do Terceiro Planalto Paranaense, Maring, PR, v. 1, n. 1, p. 165-182, 2003. TEIXEIRA, Raquel Souza; LOPES, Fabiana Flore; BELINCANTA, Antonio; MIGUEL, M. G.; BRANCO, Carlos Jos Marques da Costa: Comportamento colapsvel da camada de primeiro estrato da cidade de Londrina/PR. I Encontro Geotcnico do Terceiro Planalto Paranaense, Maring, PR, v. 1, p. 183-199, 2003.