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DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE |Alameda D. Afonso Henriques, 45 1049-005 Lisboa |Tel:218430500 |Fax:218430530 | E-mail:[email protected] | www.dgs.pt - Este documento foi redigido ao abrigo do novo Acordo Ortográfico - 1/19 NÚMERO: 054/2011 DATA: 27/12/2011 ASSUNTO: Acidente Vascular Cerebral: Prescrição de Medicina Física e de Reabilitação PALAVRAS-CHAVE: Medicina Física e de Reabilitação PARA: Médicos do Sistema Nacional Saúde CONTACTOS: Departamento da Qualidade na Saúde ([email protected] ) Nos termos da alínea c) do nº 2 do artigo 2º do Decreto Regulamentar nº 66/2007, de 29 de maio, na redação dada pelo Decreto Regulamentar nº 21/2008, de 2 de dezembro, a Direção-Geral da Saúde, por proposta conjunta do Departamento da Qualidade na Saúde e da Ordem dos Médicos, emite a seguinte I NORMA 1. Em situações clínicas de internamento por acidente vascular cerebral (AVC) e para a prescrição de medicina física e de reabilitação (MFR), a avaliação clínica e a avaliação funcional iniciais são efetuadas: a) o mais precocemente possível (Nível de evidência A, Canadian Best Practice Recommendations for Stroke Care- Update 2010); b) nas primeiras 24-48h (Nível de evidência C, Canadian Best Practice Recommendations for Stroke Care- Update 2010). 2. Na avaliação dos déficites após acidente vascular cerebral e na avaliação do estado funcional o médico utiliza, pelo menos, uma das escalas de avaliação funcional estandardizadas, índice de Barthel e escala de medida de independência funcional (MIF) em Anexo II e III à presente Norma (Nível de evidência B, Canadian Best Practice Recommendations for Stroke Care- Update 2010). 3. O plano terapêutico de reabilitação (PTR) individual é elaborado tendo em conta: a) avaliação clínica; b) avaliação funcional e sua gravidade; c) pontuação do índice de Barthel e/ou MIF; d) definição de objetivos a curto prazo. 4. No AVC ligeiro o doente é encaminhado, preferencialmente, para tratamento hospiatalar ambulatório ou centro de reabilitação da área da residência. 5. No AVC moderado, em doentes com idade inferior a 75 anos e em doentes com AVC grave com idade inferior a 55 anos e boa resistência física, há indicação para internamento hospitalar especializado, que garanta a execução de plano terapêutico de reabilitação intensivo. Após a fase inicial da reabilitação, esta poderá ser completada em ambulatório hospitalar ou em centro de reabilitação ambulatório da área da residência. EM AUDIÇÃO E TESTE DE APLICABILIDADE ATÉ 30 DE ABRIL DE 2012

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  • DIREO-GERAL DA SADE |Alameda D. Afonso Henriques, 45 1049-005 Lisboa |Tel:218430500 |Fax:218430530 | E-mail:[email protected] | www.dgs.pt

    - Este documento foi redigido ao abrigo do novo Acordo Ortogrfico - 1/19

    NMERO: 054/2011

    DATA: 27/12/2011

    ASSUNTO: Acidente Vascular Cerebral: Prescrio de Medicina Fsica e de Reabilitao

    PALAVRAS-CHAVE: Medicina Fsica e de Reabilitao

    PARA: Mdicos do Sistema Nacional Sade

    CONTACTOS: Departamento da Qualidade na Sade ([email protected])

    Nos termos da alnea c) do n 2 do artigo 2 do Decreto Regulamentar n 66/2007, de 29 de maio, na redao dada pelo Decreto Regulamentar n 21/2008, de 2 de dezembro, a Direo-Geral da Sade, por proposta conjunta do Departamento da Qualidade na Sade e da Ordem dos Mdicos, emite a seguinte

    I NORMA

    1. Em situaes clnicas de internamento por acidente vascular cerebral (AVC) e para a prescrio de medicina fsica e de reabilitao (MFR), a avaliao clnica e a avaliao funcional iniciais so efetuadas:

    a) o mais precocemente possvel (Nvel de evidncia A, Canadian Best Practice Recommendations for Stroke Care- Update 2010);

    b) nas primeiras 24-48h (Nvel de evidncia C, Canadian Best Practice Recommendations for Stroke Care- Update 2010).

    2. Na avaliao dos dficites aps acidente vascular cerebral e na avaliao do estado funcional o mdico utiliza, pelo menos, uma das escalas de avaliao funcional estandardizadas, ndice de Barthel e escala de medida de independncia funcional (MIF) em Anexo II e III presente Norma (Nvel de evidncia B, Canadian Best Practice Recommendations for Stroke Care- Update 2010).

    3. O plano teraputico de reabilitao (PTR) individual elaborado tendo em conta:

    a) avaliao clnica;

    b) avaliao funcional e sua gravidade;

    c) pontuao do ndice de Barthel e/ou MIF;

    d) definio de objetivos a curto prazo.

    4. No AVC ligeiro o doente encaminhado, preferencialmente, para tratamento hospiatalar ambulatrio ou centro de reabilitao da rea da residncia.

    5. No AVC moderado, em doentes com idade inferior a 75 anos e em doentes com AVC grave com idade inferior a 55 anos e boa resistncia fsica, h indicao para internamento hospitalar especializado, que garanta a execuo de plano teraputico de reabilitao intensivo. Aps a fase inicial da reabilitao, esta poder ser completada em ambulatrio hospitalar ou em centro de reabilitao ambulatrio da rea da residncia.

    EM AUDIO E TESTE DE APLICABILIDADE

    AT 30 DE ABRIL DE 2012

  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 2/19

    6. No AVC moderado, em doentes com idade superior a 75 anos e em doentes com AVC grave com idade superior a 55 anos, h indicao para internamento inicial em unidades de cuidados continuados integrados de mdia durao e reabilitao ou unidades de convalescena de AVC, com programa de reabilitao menos intensivo. Se estes doentes tiverem evoluo funcional e clnica favorvel, tiverem adquirido capacidade fsica para cumprir plano teraputico de reabilitao intensivo (> 3 h) ou tenham necessidade de intervenes mais especficas ou diferenciadas, so referenciados para internamento especializado hospitalar.

    7. Cada doente em plano teraputico de reabilitao aps AVC deve ser reavaliado pelo servio especializado hospitalar, onde foi feita a avaliao inicial e a triagem para a unidade de reabilitao, aos 6 e aos 12 meses de evoluo.

    8. No internamento hospitalar especializado, a ausncia de progresso na escala de avaliao funcional em duas avaliaes sucessivas, realizadas com intervalo de 15 dias, critrio para transferncia para outro nvel de cuidados de sade.

    9. Em ambulatrio e no mbito do tratamento de medicina fsica e de reabilitao, a ausncia de progresso na escala de avaliao funcional em duas avaliaes, realizadas com intervalo de 60 dias, critrio para alta clnica.

    10. A fase de sequelas crnicas do AVC tem incio aps estabilizao da situao, com ausncia de progresso nas escalas de avaliao funcional.

    11. O algoritmo clnico/rvore de deciso referente presente Norma encontra-se no Anexo I da presente Norma.

    12. As excees presente Norma so fundamentadas clinicamente, com registo no processo clnico.

    II - CRITRIOS

    a) Em medicina fsica e de reabilitao a avaliao clnica e funcional inicial deve ser efetuada, em consulta especializada, com escalas estandardizadas (ndice de Barthel e/ou escala de MIF) com o objetivo de se estabelecer um plano teraputico de reabilitao individual.

    b) recomendada a identificao de objetivos de reabilitao e o estabelecimento de objetivos especficos, mensurveis, atingveis e realsticos, em tempo determinado.

    c) No internamento hospitalar do doente com AVC em fase aguda so prestados cuidados especficos para preveno de complicaes, mesmo antes da primeira observao pelo mdico fisiatra.

    d) A admisso de um doente aps AVC num programa de reabilitao, deve cumprir os seguintes critrios:

    i. estabilidade clnica e sem risco de descompensao cardiopulmonar;

    ii. existncia de dfices funcionais;

    iii. capacidade de apreender e memorizar programas de reabilitao, com novos esquemas motores e sensoriais e motivao para o mesmo;

  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 3/19

    iv. capacidade fsica para tolerar o programa de reabilitao e participao ativa no mesmo;

    v. complicaes clnicas como espasticidade ou dor, com consequente deteriorao do estado funcional prvio.

    e) O mdico, de modo a referenciar o doente para unidade de reabilitao com capacidade, em meios tcnicos e humanos, para tratamento dos dfices e incapacidades, deve providenciar:

    i. anlise da situao clnica e funcional do doente;

    ii. cumprimento dos critrios acima referidos;

    iii. avaliao do prognstico expectvel;

    iv. avaliao dos recursos existentes na comunidade.

    f) A avaliao do estado clnico, funcional e socioeconmico de um doente com AVC deve ser realizada logo aps a admisso do doente, incluindo o modelo CIF1 (estruturas e funes corporais, atividade e participao).

    g) A incapacidade funcional resultante do AVC pode graduar-se de ligeira a grave com dependncia total, classificando-se em trs nveis, consoante a avaliao funcional realizada dentro dos primeiros 5-7 dias, segundo Garraway et al. 1981,1985:

    LIGEIRO MODERADO GRAVE

    h) possvel considerar, no mbito da escala MIF, a pontuao MIF motor, isto , considerando-se, apenas, a pontuao relativa a autocuidados, controlo de esfncteres, mobilidade e locomoo, a saber:

    i. AVC ligeiro: MIF motor > 62

    ii. AVC moderado: > 38 MIF motor < 62

    iii. AVC grave: MIF motor < 38

    i) Para a prescrio de medicina fsica e de reabilitao so critrios para triagem para unidade de reabilitao:

    i. grau de severidade do AVC, de acordo com classificao acima descrita;

    1 Cf. Classificao Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Sade, da Organizao Mundial de Sade (Traduo

    e Reviso pela Direco-Geral de Sade, 2004).

    MIF > 80 Barthel > 90

    MIF < 40 Barthel < 55

    80 > MIF > 40 90 > Barthel > 55

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    ii. idade;

    iii. condio fsica;

    iv. resistncia ao esforo;

    v. existncia de dfices prvios e situao funcional pr AVC;

    vi. critrios para reabilitao em internamento de reabilitao.

    j) A idade, s por si, no deve ser considerada critrio para excluso no acesso reabilitao, pois h doentes de grupos etrios mais elevados, que podem atingir, igualmente, bons resultados, embora podendo requerer plano teraputico de reabilitao individual mais longo e adaptado.

    k) Devem ser avaliadas a topografia e tamanho da leso vascular, assim como a presena de comorbilidades, como:

    i. doena coronria instvel;

    ii. fibrilhao auricular no controlada;

    iii. insuficincia renal;

    iv. obesidade/patologia msculo-esqueltica;

    v. alteraes cognitivas, mentais ou psiquitricas.

    l) Na avaliao inicial e nas subsequentes deve, sempre, ser pesquisada a presena de condies que influenciam negativamente a recuperao da autonomia, como:

    i. alterao grave do tnus muscular;

    ii. disfagia;

    iii. afasia;

    iv. dor;

    v. heminegligncia e ou inateno;

    vi. anosognosia e ou assomatognosia;

    vii. incontinncia de esfncteres;

    viii. situao emocional;

    ix. situao cognitiva;

    x. dfice nutricional;

    xi. ausncia de integridade da pele.

    m) Devem ser avaliados, tambm, os fatores sociais e familiares, como:

    i. ausncia de suporte familiar, sendo que famlia e ou cuidadores devem estar envolvidos o mais precocemente possvel no processo de deciso e planeamento da reabilitao;

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    ii. caractersticas da habitao, incluindo a existncia de barreiras arquitectnicas;

    iii. caractersticas do meio ambiente, como as acessibilidades.

    n) So critrios para internamento hospitalar especializado ou seguimento em centro de reabilitao (Adaptado de: AAPM&R Medical Inpatient Rehabilitation Criteria Task Force Report, Standards for Assessing Medical Appropriateness Criteria for Admitting Patients to Rehabilitation Hospitals or Units):

    i. deficites funcionais significativos;

    ii. necessidade de superviso mdica especializada;

    iii. necessidade de assistncia de enfermagem 24h/dia;

    iv. capacidade para cumprir plano teraputico de reabilitao intensivo de, pelo menos, trs horas por dia, durante cinco dias;

    v. capacidade do doente para aprendizagem, motivao e colaborao no programa de reabilitao.

    o) Aps a fase inicial da reabilitao, esta poder ser completada em centro de reabilitao de ambulatrio da rea da residncia ou em ambulatrio hospitalar.

    p) Doentes incapazes de participar ativamente na reabilitao, devem ser encaminhados para o domiclio ou para residncia coletiva, em coordenao com a famlia e ou cuidador. Est indicado um plano teraputico domicilirio de reabilitao para ensino ao doente e familiar e ou cuidador ou adaptao de produtos de apoio para preveno de complicaes decorrentes dos deficites motores e sensoriais.

    q) A alta do plano teraputico de reabilitao, em cada nvel de cuidados, tem que ser considerada, quando:

    i. o doente adquire funcionalidade e independncia similar ao status que possua antes do AVC;

    ii. so atingidos os objetivos funcionais realistas definidos inicialmente e atualizados regularmente, de acordo com a evoluo da recuperao;

    iii. quando no esto reunidas as condies de motivao, colaborao e capacidade cognitiva e no se prev melhoria da situao clnica com interveno teraputica especfica.

    r) Na fase de sequelas crnicas do AVC, o mdico de famlia desempenha um papel muito importante no controlo e seguimento peridico do doente, devendo reenvi-lo a uma consulta de medicina fsica e de reabilitao, ao detetar:

    i. perdas da funcionalidade adquirida;

    ii. aumento do quadro doloroso;

    iii. aumento da espasticidade;

    iv. necessidade de avaliao e prescrio de produtos de apoio/ajudas tcnicas.

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    s) O plano teraputico de reabilitao na fase de sequelas crnicas, a realizar preferencialmente em ambulatrio, visa o treino de tarefas especficas por perodos de tempo bem definidos.

    III AVALIAO

    a) A avaliao da implementao da presente Norma contnua, executada a nvel local, regional e nacional, atravs de processos de auditoria interna e externa.

    b) A parametrizao dos sistemas de informao para a monitorizao e avaliao da implementao e impacte da presente Norma da responsabilidade das administraes regionais de sade e das direes dos hospitais.

    c) A efetividade da implementao da presente Norma nos cuidados de sade primrios e nos cuidados hospitalares e a emisso de diretivas e instrues para o seu cumprimento da responsabilidade dos conselhos clnicos dos agrupamentos de centros de sade e das direes clnicas dos hospitais.

    d) A DireoGeral da Sade, atravs do Departamento da Qualidade na Sade e da Administrao Central do Sistema de Sade, elabora e divulga relatrios de progresso de monitorizao.

    e) A implementao da presente Norma monitorizada e avaliada atravs dos seguintes indicadores, que constam nos bilhetes de identidade que se encontram em Anexo e dela fazem parte integrante:

    i. % de incritos com diagnstico de AVC

    ii. custo mdio de tratamento de MFR por inscrito

    IV FUNDAMENTAO

    a) A reabilitao um processo centrado no doente e orientado por objetivos, que comea no dia aps o AVC, com a finalidade de melhorar a funcionalidade e alcanar o maior nvel de independncia possvel, fsica e psicologicamente, mas, tambm, social e economicamente.

    b) O AVC constitui uma importante causa de morte2 e incapacidade em Portugal3

    c) Segundo a European Stroke Association (ESO Stroke Facts) o AVC a causa mais importante de morbilidade e incapacidade crnica na Europa.

    d) Em Portugal, os estudos de incidncia (Correia et al., 2004, na regio Norte e Rodrigues, Noronha, & Dias, 2002 na regio Oeste), mostraram uma incidncia anual, por 1000 habitantes, de 2,69 na cidade do Porto e de 3,05 em Trs-os-Montes e de 2,40 em Torres Vedras.

    e) Sobre a incapacidade resultante do AVC existe um estudo realizado no concelho de Coimbra, no ano de 1992, numa populao com idade igual ou superior a 50 anos, que revelou uma prevalncia de AVC de 8% (10,2% nos homens e 6,6% nas mulheres); destes doentes, 32%

    2 19 562 bitos por doena cerebro-vascular em 2002 Fonte: INE

    3 16 070 anos potenciais de vida perdidos por doena crebro-vascular, em Portugal, em 2009 Fonte: INE

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    apresentavam uma incapacidade moderada e 19% uma incapacidade grave ou dependncia total.

    f) Em estudos em que ainda no estava avaliada o impacto da tromblise verificava-se que aproximadamente 20% dos doentes que sobrevivem ao AVC, recuperam a sua completa independncia, aproximadamente 2 semanas depois (Kelley-Hayes et al.1988). Estima-se que outros 20% apresentam deficites funcionais to graves que devem manter-se internados em unidades que permitam assistncia das atividades da vida diria (Pfeffer and Reding 1998). Entre estes dois extremos existem doentes com vrios graus de incapacidade em que existe o maior benefcio funcional com a reabilitao.

    g) J em 1998, Pfeffer and Reding diziam que aps o internamento persistem, em cerca de 80% dos doentes, dfices motores, sensoriais e cognitivos, que tm ganhos funcionais demonstrados com a instituio de um programa de reabilitao

    h) A interveno da reabilitao permite minimizar os dfices, melhorar a funcionalidade e facilitar a integrao scio-familiar e profissional na perspectiva da CIF, que engloba as atividades, participao, qualidade de vida e fatores pessoais e ambientais que os condicionam.

    i) A reabilitao deve ser estruturada para fornecer o mximo de intensidade nos primeiros seis meses aps AVC (Nvel de evidncia A, National Stoke Foundation. Clinical Guidelines for Stroke Management 2010, Melbourne, Austrlia).

    j) recomendada a admisso de doentes com AVC agudo numa unidade de AVC, sempre que exista, para receberem reabilitao coordenada e multidisciplinar (Classe I, Nvel de Evidncia A ESO 2008).

    k) Os cuidados ao AVC numa situao ps aguda devem ser prestados em locais onde a reabilitao est formalmente coordenada e organizada (Classe de recomendao I, Nvel de evidncia A - ESO 2008).

    l) A reabilitao um processo contnuo, durante o qual os doentes devem receber um programa de reabilitao com a intensidade e durao conforme as suas necessidades e tolerncia (Classe de recomendao I, Nvel de evidncia A - ESO 2008).

    m) A alta hospitalar precoce de um doente com AVC possvel nos casos estveis do ponto de vista clnico e com dfices leves a moderados, desde que existam recursos especializados de reabilitao na comunidade (Classe de recomendao I, Nvel de evidncia A ESO 2008).

    n) Os doentes que sobrevivem ao AVC com dfices residuais e identificados com necessidade de manterem reabilitao, devem receber tratamento no sentido de atingirem novos objetivos e de melhorarem as atividades orientadas por tarefas (Nvel de evidncia B - National Stoke Foundation. Clinical Guidelines for Stroke Management 2010, Melbourne. Austrlia).

    o) Os doentes que sobrevivem ao AVC devem ter uma avaliao hospitalar regular e contnua.

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    V APOIO CIENTFICO

    a) A presente Norma foi elaborada pelo Departamento da Qualidade na Sade da Direo-Geral da Sade e pelo Conselho para Auditoria e Qualidade da Ordem dos Mdicos, atravs dos seus Colgios de Especialidade, ao abrigo do protocolo entre a Direo-Geral da Sade e a Ordem dos Mdicos, no mbito da melhoria da Qualidade no Sistema de Sade.

    b) Ceclia Vaz Pinto e Teresa Matias (coordenao cientfica), Carlos Silva Vaz (coordenao executiva), Anabela Pereira, Francisco Sampaio, Helena Teixeira Silva, Jorge Lans.

    c) A presente Norma foi visada pela Comisso Cientfica para as Boas Prticas Clnicas.

    d) A verso de teste da presente Norma vai ser submetida audio das sociedades cientficas.

    e) Foram subscritas declaraes de interesse de todos os peritos envolvidos na elaborao da presente Norma.

    f) Durante o perodo de audio s sero aceites comentrios inscritos em formulrio prprio disponvel no site desta Direo-Geral, acompanhados das respetivas declaraes de interesse.

    SIGLAS/ACRNIMOS

    Sigla/Acrnimo Designao

    AVC

    MFR

    acidente vascular cerebral

    medicina fsica e reabilitao

    BIBLIOGRAFIA

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  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 9/19

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    Francisco George

    Diretor-Geral da Sade

  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 11/19

    Anexo I Triagem no Internamento para MFR

    Encaminhamento preferencial

    Percurso alternativo dependente de suporte scio-familiar e recursos existentes

    AALLTTAA UU--AAVVCC// HHoossppiittaall aagguuddooss Triagem para Reabilitao

    (P/mdico de MFR)

    MIF/Barthel

    Idade/Resistncia fsica

    AVC moderado AVC ligeiro

    MFR Ambulatrio -Servio Hosp MFR -MFR na Comunidade

    Idade< 75 ou Boa resistncia fsica ao esforo > 3 h

    MFR Internamento Centro de MFR Servio H.MFR Internamento UCCI - AVC

    Idade> 75 ou Resistncia fsica ao esforo 1-3 h

    MFR Internamento < intensidade UCCI Mdia Durao (UCCI- Conv. AVC)

    AVC grave

    Idade 3 h

    Idade > 55 ou Resistncia fsica ao esforo diminuida

    MFR Internamento

    Centro de MFR Servio H.MFR Internamento UCCI Conv..AVC

    Internamento em cuidados continuados com reabilitao de < intensidade

    MFR

    Domiclio

    MFR Ambulatrio

    Servio H. MFR MFR na Comunidade

  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 12/19

    Anexo II Reavaliao no internamento ou ambulatrio em MFR

    Existe motivao, colaborao e

    capacidade cognitiva

    Sim

    Sim

    No

    Existe progresso na escala de avaliao funcional durante 2 avaliaes sucessivas

    No

    AVC CRNICO

    Triagem para unidade de Reabilitao adequada

    ALTA da reabilitao

    No

    Reavaliao 6/6 meses pelo mdico assistente

    Perda de autonomia em relao a um nvel j alcanado Preveno de complicaes associadas imobilizao Espasticidade com teraputica farmacolgica

    Consulta de MFR e Programa de Reabilitao peridico

    Sim

    Funcionalidade

    Motivao

    Colaborao

    Capacidade cognitiva

    Objetivos

    MIF /Barthel o Quinzenal em internamento o 8 em 8 semanas no ambulatrio

    Adquiriu funcionalidade idntica situao prvia ao AVC

    Sim

    No

    ALTA da reabilitao

    Reavaliao 6/6 meses pelo mdico assistente

  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 13/19

    Anexo III Escala de Barthel e instrues

  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 14/19

    Escala de Barthel Instrues GERAIS O ndice dever ser usado como um registo do que o doente faz, NO como um registo do que o doente poderia fazer. O principal objectivo determinar o grau de independncia sem qualquer ajuda, fsica ou verbal, por mnima e qualquer razo que seja. A necessidade de superviso implica a classificao de NO independente. As performances do doente devero ser estabelecidas segundo a melhor prova disponvel. A fonte habitual ser o inqurito ao doente, amigos/ familiares e enfermeiros, mas tambm so importantes a observao directa e o senso comum. No entanto, comprovao directa no necessria. Geralmente importante a performance das ltimas 24-48 horas*, mas ocasionalmente perodos mais longos sero apropriados. Os doentes inconscientes devero ter a cotao de 0 em todos os items, mesmo se ainda no incontinentes. Os nveis mdios implicam que o doente faa mais de 50% do esforo. Para ser independente, permitido o uso de auxiliares e ajudas tcnicas. ESPECIFCAS Intestino (semana anterior) Se necessita que lhe seja aplicado um clister, ento incontinente *. Ocasional * = uma vez por semana. Bexiga (semana anterior) Ocasional = menos de uma vez por dia. O doente algaliado que consegue utilizar autonomamente a sonda, registado como continente. Higiene Pessoal (ltimas 24 48 horas) Refere-se: lavar os dentes, colocar prtese dentria, pentear-se, barbear-se, lavar a cara. Os acessrios de higiene podem ser fornecidos por terceiro. Alimentao Capaz de comer qualquer tipo de comida (e no s comida pastosa*). Comida cozinhada e servida por outros, mas no cortada. Ajuda = comida cortada, o doente come sozinho*. Transferncias Da cama para a cadeira e vice-versa. Dependente SEM equilbrio sentado (incapaz de se sentar): duas pessoas para o levantar. Ajuda maior = Uma pessoa forte/ experiente, ou duas pessoas normais. Consegue levantar-se. Ajuda menor = Uma pessoa com facilidade, OU necessita de superviso para segurana. Mobilidade Refere-se mobilidade perto da casa ou no bairro e dentro de casa. Pode usar auxiliar de marcha de qualquer tipo. Se em cadeira de rodas, tem que ser capaz de ultrapassar portas/ esquinas sem auxlio de terceiro. Ajuda = Por uma pessoa, no treinada, incluindo apoio moral/superviso. Vestir Deve ser capaz de escolher e vestir toda a roupa, que pode ser adaptada. Ajuda = auxlio nos botes, fecho de correr, etc. (verifique!), mas consegue vestir algumas peas sozinho* Escadas Pode usar qualquer tipo de auxiliares de marcha para ser independente. Banho Geralmente, a atividade mais difcil. Tem que entrar e sair sem superviso e lavar-se autonomamente. Independente no duche = independente se sem superviso/sem auxilio*. *= Itens acrescentados ou modificados aps estudo: asterisco no final, todo o item acrescentado; asterisco no meio, frase acrescentada ou clarificada.

  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 15/19

    ndice de Barthel Instrues Intestinos 0- Incontinente (ou necessita que lhe sejam aplicados clisteres) 5- Acidente ocasional (um / semana) 10- Continente Bexiga 0- Incontinente ou algaliado e incapaz da sua utilizao 5- Acidente ocasional (um/ dia) 10- Continente (h mais de 7 dias) Higiene Pessoal 0- Necessita auxlio nos cuidados pessoais 5- Independente: face/ cabelo/ dentes/ barba (acessrios fornecidos) Uso da sanita 0- Dependente 5- Necessita alguma ajuda, mas pode fazer parte sozinho 10- Independente (instalar-se e retirar-se, vestir-se, limpar-se) Alimentao 0- Incapaz 5- Necessita auxlio para cortar, espalhar a manteiga, etc. Transferncias 0- Incapaz - sem equilbrio sentado 5- Ajuda maior (uma ou duas pessoas, fsica) consegue sentar-se 10- Ajuda menor (verbal ou fsica) 15- Independente Mobilidade 0- Imvel 5- Independente em cadeira de rodas, incluindo esquinas, etc. 10- Marcha com ajuda de uma pessoa (verbal ou fsica) 15- Independente (mas pode usar qualquer auxiliar, p. ex. bengala) Vestir 0- Dependente 5- Necessita ajuda, mas pode fazer cerca de metade sem ajuda 10- Independente (incluindo botes, fechos, atacadores, etc.) Escadas 0- Incapaz 5- Necessita ajuda (verbal, fsica, transporte dos auxiliares) 10- Independente no subir e descer Banho 0- Dependente 5- Independente (ou no duche) TOTAL: (0 100)

  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 16/19

    Anexo IV Escala de Medida de Independncia Funcional (MIF)

  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 17/19

    Instrues

  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 18/19

    Anexo IV Bilhetes de Identidade dos Indicadores

    Designao

    Dimenso Entidade gestora ACES

    Norma Perodo aplicvel Ano

    Objectivo

    Descrio do indicador

    Frequncia de monitorizao Unidade de medida Percentagem

    Frmula A / B x 100

    Output Percentagem de inscritos

    Prazo entrega reporting Valor de refernciaA definir ao fim de um ano de

    aplicao da norma

    rgo fiscalizador MetaA definir ao fim de um ano de

    aplicao da norma

    Critrios de incluso

    Observaes

    Factor crtico

    Variveis Fonte informao/ SI Unidade de medida

    A - Numerador SI USF/UCSP N. de inscritos

    B - Denominador SI USF/UCSP N. de inscritos

    Definio

    N. de inscritos com diagnstico de AVC

    N. de inscritos

    Responsvel pela

    monitorizaoACES / ARS

    Dia 25 do ms n+1

    ARS

    Numerador:

    - Denominador;

    - Ter diagnstico de AVC (K90) sinalizado como activo na sua lista de problemas.

    Denominador:

    - Ter inscrio no ACES, no perodo em anlise.

    Percentagem de inscritos com diagnstico de AVC

    Transversal

    AVC: Prescrio MFR

    Aplicar a Norma da DGS

    Indicador que exprime a capacidade de diagnstico

    Trimestral

  • Norma n 054/2011 de 27/12/2011 19/19

    Designao

    Dimenso Entidade gestora ACES

    Norma Perodo aplicvel Ano

    Objectivo

    Descrio do indicador

    Frequncia de monitorizao Unidade de medida Custo mdio

    Frmula A / B

    Output Custor mdio

    Prazo entrega reporting Valor de refernciaA definir ao fim de um ano de

    aplicao da norma

    rgo fiscalizador MetaA definir ao fim de um ano de

    aplicao da norma

    Critrios de incluso

    Observaes

    Factor crtico

    Variveis Fonte informao/ SI Unidade de medida

    A - Numerador SI USF/UCSP

    B - Denominador SI USF/UCSP N. de inscritos

    Trimestral

    Custo mdio de tratamentos de MFR por inscrito

    Eficincia

    AVC: Prescrio MFR

    Aplicar a Norma da DGS

    Indicador que exprime a capacidade de diagnstico e teraputica

    Definio

    Valor total dos encargos com tratamentos de MFR a inscritos

    N. de inscritos

    Responsvel pela

    monitorizaoACES / ARS

    Dia 25 do ms n+1

    ARS

    Numerador:

    - Valor total de tratamentos de MFR facturados (todos os cdigos rea G - MFR, tabela SNS ou tabela convenes)

    Denominador:

    - Ter inscrio no ACES, no perodo em anlise;

    2011-12-28T16:23:35+0000Francisco Henrique Moura George