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CES – CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS
UNIVERSIDADE COIMBRA
RESPONSABILIDADES PARENTAIS PARTILHADAS:
REALIDADE,
FICÇÃO OU
UTOPIA
Leonor Valente Monteiro [email protected]
REALIDADE
Responsabilidades parentais partilhada ╪ residência partilhada
As responsabilidades parentais partilhadas são o melhor para a criança …. e é concretizável
Mas só funciona quando o casal sabe comunicar entre si (pelo menos sobre as questões relacionadas com a criança), estão de acordo ou cedem sobre as questões em desacordo, quando têm bom senso e não há história de violência na família.
Estes casais não precisam de decisão judicial nem da Lei.
Leonor Valente Monteiro [email protected]
FICÇÃO
Ainda há um caminho longo a percorrer….
Se compararmos a situação dos homens e
mulheres…
Leonor Valente Monteiro
O objetivo das normas sobre a regulação do poder paternal é o de
promover a continuidade da relação afectiva da criança
com a pessoa de referência.
As responsabilidades parentais relativas às questões de particular
importância para a vida do filho são exercidas em comum por ambos
os progenitores, nos termos em que vigoravam na constância do
matrimónio, salvo se tal for contrário aos interesses do menor.
Se as circunstâncias desaconselharem o exercício em comum, a
guarda do menor deve ser confiada ao progenitor que tem
com este uma relação afectiva mais profunda.
Acórdão Tribunal Relação
Coimbra 01-02-2011
90/08.8TBCNT-D.C1
Leonor Valente Monteiro
Leonor Valente Monteiro
Demonstram que
os progressos são
“desesperadamente lentos” e
que a
igualdade de género
não se encontra,
de facto, alcançada.
Conclusões do relatório da Comissão
Europeia de 21.09.2010 e 27.02.2012
Leonor Valente Monteiro
Leonor Valente Monteiro
Profunda assimetria na distribuição do
trabalho doméstico (incluindo as tarefas com
@s filh@s).
Leonor Valente Monteiro
Mãe porque é que o pai
vai mais depressa que tu?
Leonor Valente Monteiro
A tarefa de cuidar de familiares dependentes
continua a ser principalmente assumida
pelas mulheres.
Este facto, associado à falta de estruturas de
acolhimento para crianças e idosos, leva a
que as mulheres sejam muitas vezes forçadas
a abandonar o mercado de trabalho.
(Instituto Europeu para a Igualdade de
Género em http://europa.eu/legislation_summaries/employment_and_social_policy/equality_ between_men_and_women/c10938_pt.htm)
Cuidados
familiares/
abandono
trabalho
Leonor Valente Monteiro
• Igualdade na independência
económica;
• Igualdade na remuneração por
trabalho igual;
• Igualdade na tomada de decisões,
• Eliminação da violência de género;
• Igualdade nos papeis
desempenhados por homens e
mulheres
Estratégia para a igualdade entre
Homens e Mulheres (2010-2015)
Leonor Valente Monteiro
O combate às desigualdades entre H e M em
todas as esferas da sociedade é um desafio de longo prazo, uma vez que implica:
Mudanças comportamentais e
estruturais e
Redefinição dos papéis de
homens e mulheres.
Conclusão da
ficção
UTOPIA
Problemas relacionados com a Família e que são trazidos à esfera das Responsabilidades Parentais
Crença no “casal parental” eterno até que a morte os separe independentemente de qualquer circunstância (como se sofrêssemos de cegueira coletiva)
Às vezes, mais vale mesmo, que o casal se distancie antes da morte…
Para que a criança viva em Paz.
Leonor Valente Monteiro
Relatório Nacional de Segurança Interna 2011
Registadas 28.980 participações de violência doméstica pelas forças de segurança
- 27 Homicídios conjugais
-Em 41,5% das ocorrências participadas foi assinalada a presença de crianças
Leonor Valente Monteiro
Em 63% dos casos a vítima era cônjuge ou companheiro/a,
Em 15% era ex-cônjuge ou ex-companheiro/a,
Em 12% era filho/a ou enteado/a,
Quase 7% era pai/mãe/padrasto ou madrasta e
3% dos casos correspondiam a outras situações.
Leonor Valente Monteiro
Leonor Valente Monteiro
DADOS ESTATÍSTICOS 2011 OBSERVATÓRIO MULHERES ASSASSINADAS
DADOS 2011
Leonor Valente Monteiro
Em
Dezembro
houve + 4
mortes num
total de 27
mortes
+ 39
tentativas
Podiam ter
sido 66
mortes
HOMICÍDIOS POR MÊS VS DECISÕES JUDICIAIS
Leonor Valente Monteiro
Cautelas
acrescidas
Leonor Valente Monteiro
Estatísticas Relatório Anual de
Segurança Interna 2010/2011
ABUSO SEXUAL
DE CRIANÇAS
Leonor Valente Monteiro
Em cerca de metade dos casos de abuso sexual de crianças o conhecimento da
notícia dos crimes ocorreu quando a vitima tinha entre 8 e 13 anos de idade
(43,9%).
No entanto, em 20,6% do casos, esse conhecimento apenas foi adquirido após a
vítima ter ultrapassado os 14 anos (dados do ano 2011)
Da análise dos resultados constata-se
que cerca de um terço dos casos se
desenvolve no âmbito das relações de
conhecimento ou das relações
familiares
As relações familiares parecem ter
particular incidência no caso do abuso
sexual de menores dependentes (70%).
Dados do ano 2011
ABUSO SEXUAL DE
CRIANÇAS
Leonor Valente Monteiro
Estudo tese mestrado Dra. Patrícia José Anastácio Jardim
O estudo baseou-se na análise de relatórios periciais de alegados crimes de natureza
sexual, contra vítimas com idade inferior a 18 anos, submetidas a exame médico-legal
nos serviços do norte do INML,
entre 2004 e 2008,
para os quais se obteve os, despachos de arquivamento proferidos em sede
de inquérito dos serviços do MP
e as sentenças judiciais provenientes dos Tribunais Criminais
Os resultados revelaram que 69,2% dos processos foram arquivados ou suspensos provisoriamente
30,8% foram acusados e julgados, sendo que destes,
86% foram condenados (só 27% do total dos casos).
Leonor Valente Monteiro
ARQUIVAMENTO DE PROCESSOS CRIME DE
ABUSOS SEXUAIS DE CRIANÇAS
Leonor Valente Monteiro
ARQUIVAMENTO DE PROCESSOS CRIME DE
ABUSOS SEXUAIS DE CRIANÇAS
Não significa uma presunção de que a vítima tenha mentido,
Há abusos efetivamente verificados que nunca chegam a provar-se.
Apesar da convicção quanto à não ocorrência dos abusos, resultante do principio da livre apreciação da prova, o Tribunal deve proteger a criança de qualquer
mudança brusca na sua vida e respeitar a relação afetiva da criança com a sua figura primária de referencia.
A reputação do adulto acusado não pode prevalecer
ao superior interesse da criança,
O Ónus da prova é diferente
.
Leonor Valente Monteiro
ARQUIVAMENTO DE PROCESSOS CRIME DE
ABUSOS SEXUAIS DE CRIANÇAS
Em Portugal a
consciencialização social e a
incriminação do abuso sexual
(1995) e dos maus tratos
conjugais (1982) são muito
recentes
Leonor Valente Monteiro
A consciencialização social do abuso sexual é difícil, dolorosa e Portugal está a despertar para o fenómeno sendo que se evidencia ser um País que ainda não está preparado para enfrentar esta realidade,
(back lash)
Tentativa de desacreditar as vítimas
Movimentos:
- de agressores/abusadores e
- de pessoas que preferem manter o status quo
-Donde resulta o sucesso de algumas teses já desacreditadas noutros Países
Leonor Valente Monteiro
REALIDADE COM QUE NOS DEPARAMOS Deparamo-nos frequentemente com processos ( mais do
que o desejado) onde há indícios de abuso sexual ou de violência domestica e em todos eles surgem pareceres de psicólogos/as com diagnósticos de alienação parental, recomendando a transferência da guarda para o progenitor suspeito destes crimes,
Confunde-se as consequências da vitimização com alienação
Mesmo que a síndrome não seja utilizada como fundamento pelos tribunais de 1ª instância estão a aplicar conceitos similares e a usar a chamada teoria da ameaça que cumina com a transferência da guarda para o “progenitor alienado”, mesmo que haja suspeita de abuso sexual ou violência domestica.
Leonor Valente Monteiro
TEORIA DA AMEAÇA
Mãe em processo de separação do companheiro
- Fez comunicação à CPCJ e queixa crime de abuso sexual de crianças
contra o progenitor.
- Processo de regulação das responsabilidade parentais (Processo
1357/04.OTBVNG): mãe opõe-se às visitas, mas aceita o acordo com
medo de perder a guarda (juíz diz: ou aceita ou tiro-lhe a menina)
- Processo Crime Abuso sexual: Ministério Público, Tribunal Judicial de VNG
decisão de arquivamento de 17-01-2005 (Processo n.º 64/04.8GAVNG)
- Fundamento: síndrome de alienação parental
Leonor Valente Monteiro
Despacho de arquivamento funda-se:
No facto de o exame sexologia forense não revelar a presença
de traumatismo sexual;
Na palavra do arguido que negou os fatos
No fenómeno da Alienação Parental
referia o despacho a posição de Richard Gardner, segundo o
qual 95% das acusações são falsas, citando um artigo de Maria
Saldanha Pinto Ribeiro:
“É hoje moda acusar-se os pais de abusarem dos filhos. Os
processos litigiosos de RRP estão repletos destas malévolas
alegações. A razão do alastrar destas acusações está ligada ao
sucesso estrondosamente rápido deste tipo de “encenação”.
(…)
Leonor Valente Monteiro
Estudos Norte Americanos (Nancy Thonnes and Patricia G. Tjaden)
9.000 processos
Acusações de abuso em menos de 2% dos processos de divorcio
E em menos de 10% nos processos de RRP;
Cerca de metade das acusações são feitas pela mãe contra o pai;
As alegações de abuso feitas em processo de RP não apresentam uma maior probabilidade de serem falsas do que aquelas feitas noutros contextos,
A taxa de alegações falsas não é superior àquela que se verifica em relação a outros crimes, (roubo, falsificação assinaturas etc) contabilizada em cerca de 5%
Portanto não há motivo para uma suspeição generalizada em relação aos progenitores que fazem acusações deste tipo.
Leonor Valente Monteiro
Factos provados no processo crime (Processo n.º 64/04.8GAVNG)
“ Entre os 3 e 4 anos de idade da Maria (nome fictício), em várias
ocasiões, quase sempre quando tomava banho nú com a filha, após
chegar a casa vindo do trabalho, o arguido convencia a Maria a palpar-lhe
e a beijar-lhe o pénis, enquanto que por sua vez a beijava na região
vaginal.
- Por vezes, quando se encontrava a sós com a Maria a vesti-la no seu
quarto, solicitava à filha que lhe beijasse o pénis, enquanto ele próprio a
beijava na zona genital.
Progenitor confrontado com os fatos em sua defesa disse que: “não havia
problema porque estava lavada” E afirmou que estava a ensinar à filha
“as coisas da vida” para ela “aprender a ser uma mulher”
Leonor Valente Monteiro
APÓS RECURSO HIERÁRQUICO BEM SUCEDIDO
Condenação: Sentença da 2.ª Vara Mista do Tribunal de Comarca de V. N. de Gaia, de 21-12-2005, confirmada por acórdão RP 11-09-2006
Pena: 3 anos de pena de prisão suspensa, pelo crime continuado de abuso sexual de crianças, previsto no art. 172.º CP (actual art. 171.º do CP)
Pena acessória: inibição do poder paternal por 8 anos.
A inibição do exercício das responsabilidades parentais pode ser requerida/decretada na sentença de condenação do progenitor por crime:
- de abuso sexual (art. 179.º do CP)
- de violência doméstica (art. 152.º, n.º 6 do CP)
Leonor Valente Monteiro
Todos estes problemas entram em discussão quando se faz a
Regulação das Responsabilidades Parentais
Aqui é e sempre será utópico falar em Responsabilidades partilhadas a lei prevê a possibilidade do julgador decretar através de uma decisão fundamentada o exercício unilateral das responsabilidades parentais a favor de um dos progenitores, quando o exercício conjunto for contrário ao interesse da criança (art.º 1906.º, n.º 2 CC) ex. Violência Doméstica; abuso sexual, elevado conflito
Não podemos ignorar que estes problemas existem
quando atingem 25% das famílias
Leonor Valente Monteiro
WWW:APMJ.PT
[...]
Nunca digam: “isso é natural”
Estranhem o que não for estranho
Tomem por inexplicável o habitual
Sintam-se perplexos ante o quotidiano
Tratem de achar um remédio para o abuso
Mas não se esqueçam
De que o abuso é sempre a regra
Desconfie do mais trivial, na aparência
singela.
Examine o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceite,
O que é de hábito, como coisa natural.
[...]
in A Excepção e a Regra BertoId Brecht
Leonor Valente Monteiro