respostaà acusação

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EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2 VARA CRIMINAL DE JUAZEIRO DO NORTE/CE.

AUTOS N 12234-56.78.0000

Thiago da Silva, j devidamente qualificado nos autos do processo em epgrafe, vem com o devido acatamento e respeito presena de Vossa Excelncia, atravs de seu advogado legalmente constitudo (procurao em anexo), apresentar:RESPOSTA ACUSAOnos termos dos artigos 396 e 396-A do Cdigo de Processo Penal Brasileiro, pelos fatos e fundamentos jurdicos que passa a expor:DAS PRELIMINARES:Inicialmente, insta avocar um dos princpios que regem o nosso ordenamento jurdico ptrio, o princpio da insignificncia. Segundo ele, a norma penal incriminadora tem a sua razo de ser na proteo de um bem jurdico, excluindo de seu mbito de proibio as condutas que no afetam o bem juridicamente tutelado.A afetao insignificante, portanto, exclui a tipicidade, devendo ser estabelecida atravs da considerao conglobada da norma, ou seja, a insignificncia surge luz da finalidade geral que d sentido ordem normativa, no podendo ser estabelecida de uma considerao isolada da norma.A doutrina trata o assunto com as seguintes definies:A esse respeito, Mrcia Dometila Carvalho discorre no seguinte sentido:O princpio da insignificncia, ou falta de relevncia social, o campo onde se situam todos aqueles atos que afetam insignificantemente o bem jurdico. Todavia, ele no est explcito na nossa lei penal, sendo deduzido do seu carter fragmentrio em uma verdadeira criao jurisprudencial. Na doutrina penal, sua introduo deveu-se a Claus Roxin. Tal princpio, alis, deve ser inferido do confronto com os princpios constitucionais vigentes e no, apenas, de estudo do bem jurdico isoladamente considerado ou atrelado, to-somente, aos fins da pena.

Nossos tribunais tm-se manifestado da seguinte maneira:HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE FURTO SIMPLES CONSIDERADO PRIVILEGIADO. PRINCPIO DA INSIGNIFICNCIA. APLICABILIDADE. MNIMO DESVALOR DA AO. VALOR NFIMO DARES FURTIVA. IRRELEVNCIA DA CONDUTA NA ESFERA PENAL. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE. HABEAS CORPUS CONCEDIDO.1. A conduta imputada ao Paciente - tentativa de furto de uma pea de picanha, com peso de 1,3 kg (um quilograma e trezentos gramas), avaliada em R$ 24,00 - insere-se na concepo doutrinria e jurisprudencial decrime de bagatela. Precedentes.2. O furto no lesionou o bem jurdico tutelado pelo ordenamento positivo, excluindo a tipicidade penal, dado o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente, o mnimo desvalor da ao e o fato no ter causado maiores conseqncias danosas.3. Habeas corpus concedido para absolver o Paciente. (STJ- HC 250.574; Proc. 2012/0162440-7; SP; Quinta Turma; Rel Min Laurita Vaz; Julg. 18/12/2012; DJE 01/02/2013)

No caso em tela, facilmente se pode vislumbrar que a aplicabilidade do princpio pode gerar uma excludente de ilicitude, conforme adotado pelo nosso ordenamento, uma vez que: o autor no ofereceu nenhum tipo de resistncia, no apresentou em nenhum momento riscos sociedade, alm de uma leso jurdica pequena, se que podemos dizer que houve leso, uma vez que o valor monetrio do bem nfimo (apenas R$5.00). Ademais, convm tratar neste tpico da completa embriaguez que se encontrava o autor no momento do fato, tendo em vista que estava participando de uma recepo de alunos de sua faculdade e que somente recuperou a lucidez total na delegacia.O autor ainda possui residncia fixa, alm da primariedade, conforme antecedentes em anexo.Destarte, em obedincia aos ditames legais, oferecida a resposta acusao, requeremos Vossa Excelncia, na forma do artigo 397, III:I) o reconhecimento da presente preliminar e a aplicao do Princpio da Insignificncia, afastando a tipicidade material do fato; com a ABSOLVIO SUMRIA do denunciado.

DA SINOPSE FTICA:

Segundo a pea acusatria, ao autor foi imputado o tipo penal alocado no Art. 155 do CPB. O parquet elaborou a pea, com base no ocorrido no ltimo dia 04, quando o autor, calouro na sua faculdade, participou do chamado trote, evento no qual os veteranos armam situaes para que de alguma maneira os novatos sejam entrosados com a turma.Em quase todos esses eventos ocorre a ingesto de lcool em excesso e com este no foi diferente. Na prpria faculdade os calouros forma obrigados a ingerir diversas bebidas alcolicas e provados a diversos tipos de brincadeiras vexatrias.A partir da o autor sob COMPLETO efeito do lcool, afirma veemente que no se recordada de mais nada e que sua prxima lembrana j seria na delegacia.Aps isso, foi aberto o inqurito e oferecida a denncia. O juiz ento determinou a citao do ru para oferecer resposta acusao como preceitua os Arts. 396 e 396 A do CPP.

DO DIREITO:A resposta acuusao est prevista no artigo 396-A do nosso Cdigo Processual Penal e permite que, in verbis:Art. 396-A. Na resposta, o acusado poder argir preliminares e alegar tudo o que interesse sua defesa, oferecer documentos e justificaes, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimao, quando necessrio O ordenamento jurdico brasileiro cristalino ao tratar do assunto do assunto da querela. No prprio Cdigo Penal, temo que:Art. 28 - No excluem a imputabilidade penal:(...)II - a embriaguez, voluntria ou culposa, pelo lcool ou substncia de efeitos anlogos.1- isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou fora maior, era, ao tempo da ao ou da omisso, inteiramente incapaz de entender o carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

No caso em tela possvel vislumbrar todos os requisitos que a norma penal exige para que o autor seja isento de pena: (a) proveniente de um caso fortuito, tendo em vista que fora foradoa ingerir bebidas alcolicas, at pela natureza do evento (trote para calouros) (b) estava inteiramente incapaz de entender o fato, o que pode ser comprovado atravs dos depoimentos dos colegas e da prpria autoridade policial que presenciou o momento.O artigo 397 do CPP, traz as hipteses de absolvio sumria, cabvel na questo. In verbis: Art. 397. Aps o cumprimento do disposto no art. 396-A, e pargrafos, deste Cdigo, o juiz dever absolver sumariamente o acusado quando verificar:

I- a existncia manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II- a existncia manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;

III- que o fato narrado evidentemente no constitui crime; ou

IV- extinta a punibilidade do agente.

A doutrina ptria trata do assunto. O penalista Jlio Fabrinni Mirabete, traz o assunto da seguinte maneira: H fora maior na embriaguez provocada por terceiro, sem responsabilidade do agente (o agente forado a beber, ingere sustncia alcolica que lhe foi ministrada). Frase que se encaixa perfeitamente nos fatos em questo.DOS PEDIDOS:Diante de todo o exposto, requer de Vossa Excelncia:I) Que seja reconhecida a preliminar arguida;II) O recebimento da pea para que ela surta os seus efeitos legais;III) Que o ru seja ABSOLVIDO SUMARIAMENTE com base no artigo 397 do CPP;IV) A oitiva das testemunhas, caso haja necessidade, ao final arroladas.Nestes Termos,Pede Deferimento.

Juazeiro do Norte, 26 de maro de 2014.

JOS ANTONIO DE LUNA NETOOAB/CE 45678

Rol de Testemunhas:

1. Carlos Pereira, brasileiro, solteiro, estudante, residente Rua Padre Pedro Ribeiro, 123, Centro, Juazeiro do Norte/CE;2. Paula dos Santos, brasileira, solteira, estudante, residente Rua Santa Luzia, 134, Centro, Juazeiro do Norte/ CE;3. Sicrano dos Anjos, brasileiro, casado, comercirio, residente Rua Todos os Santos, 789, Santa Teresa, Juazeiro do Norte/ CE;4. Asdrubl Ferreira, brasileiro, solteiro, estudante, residente Rua 01, Piraj, Juazeiro do Norte/CE;5. Tcio dos Santos, brasileiro, solteiro, autnomo, residente Rua 03, Piraj, Juazeiro do Norte/CE;6. Maria da Silva, brasileira, casada, estudante, residente Rua 07, Piraj, Juazeiro do Norte/CE.