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Resumo – Português 11º 11º Ano: Sermão de Santo António aos Peixes (Padre António Vieira) Frei Luís de Sousa (Almeida Garrett) Os Maias (Eça de Queirós) Cesário Verde (Poemas) Matéria de 11º Ano Sermão de Santo António aos Peixes – Padre António Vieira Padre António Vieira Missionário, pregador (século XVII) Oratória (= discurso) Religiosa Sermão Texto Argumentativo (convencer os outros) - O Sermão foi pregado no Brasil (S. Luís do Maranhão) a 13 de Junho de 1654 (dia de St. António) 1- Estrutura a. Externa 6 Capítulos b. Interna: i. Introdução (Cap. 1) – Exórdio ii. Desenvolvimento (Cap. 2 a 5) – Exposição e Confirmação iii. Conclusão (Cap. 6) – Peroração Conceito Predicável Tirado de S. Mateus – é o ponto de partida da obra Vos estis sal terrae («Vós sois o sal da terra») 2- Síntese Exórdio (capitulo 1) Cristo: “Vós sois o sal da terra” – tal como o sal impede que os alimentos se estraguem, também os pregadores, com as suas palavras, impedem que as almas dos fiéis se corrompam. Mas, se naquela terra, há tantos pregadores, por que razão há nela tanta corrupção? O sal não salga A terra não se deixa salgar As palavras dos pregadores não são boas, não produzem efeito. As pessoas não querem ouvir e seguir os ensinamentos dos pregadores Se é este o caso

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Resumo Portugus 11

11 Ano: Sermo de Santo Antnio aos Peixes (Padre Antnio Vieira) Frei Lus de Sousa (Almeida Garrett) Os Maias (Ea de Queirs) Cesrio Verde (Poemas)

Matria de 11 Ano

Sermo de Santo Antnio aos Peixes Padre Antnio Vieira

Padre Antnio Vieira Missionrio, pregador (sculo XVII)Oratria (= discurso)Religiosa SermoTexto Argumentativo (convencer os outros)

- O Sermo foi pregado no Brasil (S. Lus do Maranho) a 13 de Junho de 1654 (dia de St. Antnio)

1- Estrutura a. Externa 6 Captulos b. Interna:i. Introduo (Cap. 1) Exrdioii. Desenvolvimento (Cap. 2 a 5) Exposio e Confirmaoiii. Concluso (Cap. 6) Perorao

Conceito Predicvel Tirado de S. Mateus o ponto de partida da obra

Vos estis sal terrae (Vs sois o sal da terra)

2- Sntese

Exrdio (capitulo 1) Cristo: Vs sois o sal da terra tal como o sal impede que os alimentos se estraguem, tambm os pregadores, com as suas palavras, impedem que as almas dos fiis se corrompam.Mas, se naquela terra, h tantos pregadores, por que razo h nela tanta corrupo?

O sal no salgaA terra no se deixa salgar

As palavras dos pregadores no so boas, no produzem efeito.As pessoas no querem ouvir e seguir os ensinamentos dos pregadores

Se este o caso

Os pregadores deviam ser deitados fora como inteisDeve-se seguir o exemplo de St. Antnio (no desistir)

Quando os homens no quiseram ouvir, voltou-se para o mar e, miraculosamente, os peixes puseram a cabea de fora para o ouvir ou seja, St. Antnio mudou o publico / no desistiu da doutrina

Neste sermo, imitando St. Antnio, o Padre Antnio Vieira vai pregar aos peixes j que os homens se no aproveitam.Termina o Exrdio com uma Invocao a Maria, Domina Maris, Senhora do Mar, para que no lhe falte com a inspirao.

Exposio e confirmao

Capitulo II Os peixes tm duas qualidades: Ouvem No falamNo se podem converter, mas isso to habitual que j nem se sente dor.

O sal tem duas propriedades: Conservar o so e preserva-lo para que no se corrompaTambm os pregadores devem louvar o bem, para o conservar, e repreender o mal, para o evitar.Por isso, este sermo ser dividido em dois pontos: louvor das virtudes e repreender os seus vcios

Comea pelos louvores em geral: A obedincia com que os peixes acorreram a ouvir St. Antnio. Revelam, ainda, respeito e devoo. No se deixam domesticar Foram os primeiros seres que Deus criou So maiores em nmero

Captulo III Virtudes em particular:

Santo Peixe de Tobias o fel bom para curar da cegueira; o corao para lanar fora os demnios. Este peixe comparvel a St. Antnio que pregava contra os hereges, alumiava e curava a cegueira dos homens e expurgava os demnios.

Rmora sendo to pequena, se se pega ao leme de uma nau da ndia a prende e amarra como um freio. Se houve alguma Rmora na terra, foi a lngua de St. Antnio que, sendo pequena, conseguiu domar a fria das paixes humanas. Conseguiu refrear a nau da Soberba, da Vingana, da Cobia, da Sensualidade de muitos homens. (orientou e refreou a natureza humana)

Torpedo que faz tremer o brao do pescador. Seria bom que os pescadores da terra tambm tremessem, pois pescam muito e tremem pouco (aqueles que exploram, dominam os outros e no tm escrpulos, no hesitam nem tm problemas de conscincia). na terra que h mais diversidade na forma de pescar: no mar pescam as canas, na terra, pescam as varas, as ginetas, as bengalas, os bastes e at os ceptros que pescam cidades e reinos e nunca tremem. Da mesma forma, St. Antnio fez tremer os pescadores (pecadores) quando estes ouviram as suas palavras a tal ponto que se converteram.

Quatro-Olhos tem dois olhos a olhar para cima e dois a olhar para baixo, como andam na superfcie da gua, defendem-se dos seus inimigos do ar e do mar. Se uma alma racional tivesse esses quatro olhos, seriam bom porque se lembraria constantemente de que h inferno e de que h cu.

Acrescenta o ltimo louvor: os peixes alimentam as ordens religiosas que professam a mais rigorosa austeridade, alimentam os mais pobres e podem ser comidos todos os dias. Capitulo IV Crticas / repreenses em geral: 1 Crtica: comem-se uns aos outros e so os grandes que comem os pequeninos so precisos muitos pequenos para alimentar um grande. Infelizmente os homens fazem o mesmo (d o exemplo de um homem que acabou de morrer e de outro que ainda anda metido em processos de tribunal) E no se comem, apenas, devoram-se e h quem devore povos inteiros.Podem dizer que no h outra forma de se sustentarem, mas no foi sempre assim. Depois do dilvio os animais no se podiam comer uns aos outros, pois desapareciam as espcies.

2 Crtica: os peixes deixam-se enganar por um retalho de pano. Tambm os homens fazem o mesmo. Podem morrer na guerra por vaidade, caso se deixem seduzir por um retalho de pano que so os hbitos das ordens militares de Malta, de Avis, de Cristo e de Santiago. E por isso deixam-se matar. No Maranho, h outros retalhos de pano que pescam a vida dos seus habitantes: os comerciantes que chegam l com tecidos e as pessoas endividam-se.

Desta vaidade no sofreu St. Antnio que, sendo jovem e nobre, abandonou as galas e riquezas, trocando-as pelo simples e pobre hbito de frade.

Capitulo V Repreenses/crticas em particular: Roncadores: peixes muito pequenos mas que fazem muito barulho, roncam muito (Os arrogantes e soberbos). Se fossem maiores provavelmente no roncavam tanto. Se as baleias roncassem a sua arrogncia podia ter alguma justificao, embora se saiba que at um gigante (Golias) pode ser vencido (pastorzinho com um cajado)Os arrogantes e os soberbos tomam-se com Deus e que se toma com Deus fica sempre por baixo. St. Antnio, que tanto sabia, nunca o ouviram falar (gabar) porque era humilde.

Pegadores so os parasitas que gostam de viver custa dos outros peixes/homens maiores e mais poderosos. Quando sai de Portugal um vice-rei ou um governador, vai rodeado de pegadores/parasitas que querem viver sua sombra (morrendo o tubaro, morrem tambm como ele os pegadores)

Peixe Voador so os ambiciosos. Peixes a quem no basta nadar no mar e quiseram tambm voar j que tm umas barbatanas muito grandes. Dessa forma sofrem duplamente, pois esto sujeitos aos perigos do mar e do ar. Ao voador mata-o a vaidade de voar e a sua isca o vento. a sua ambio que os leva a no ficar satisfeitos com o mar. Cada um deve contentar-se com o que tm e no se deve deixar levar pela ambio.St. Antnio usou as suas asas (sabedoria) para descer, para ser humilde.

Polvo: aparentemente inofensivo, tem a capacidade de se metamorfosear, sendo, por isso o maior traidor do mar, uma vez que usa o mimetismo para atacar e no para se defender, como acontece, nomeadamente, com o camaleo. Vieira compara o polvo ao monge, devido sua aparncia to modesta e hipocrisia to santa, e salienta que este molusco mais judas que o prprio Judas. Tal como o polvo, tambm os homens se escondem sob uma falsa aparncia criando embustes e ciladas com as quais traem o prximo. Novamente St. Antnio surge como exemplo a imitar: para este pregador nunca houve dolo, fingimento ou engano, mas antes candura, sinceridade e verdade.

Terminado com os louvores e repreenses, Padre Antnio Vieira deixa uma advertncia: aqueles que se aproveitam dos bens naufragados ficam excomungados e malditos (No h mais miservel morte que morrer com o alheio atravessado na garganta) um pecado que nem S. Pedro nem Sumo Pontfice podem perdoar.

PeroraoCaptulo VI Neste ltimo capitulo, Padre Antnio Vieira salienta dois aspectos fundamentais: A condio dos peixes, apesar da sua excluso como objetos de sacrifcio a Deus, superior dos outros animais pois, embora no Lhe ofeream o sangue e a vida, sacrificam-Lhe o respeito e a revernciaEu falo,Mas vs no ofendeis a Deus comAs palavras;

Eu lembro-me,A memria;

Eu discorro,O entendimento;

Eu quero,A vontade

Os peixes esto acima do prprio pregador e, para o provar, estabelece um paralelo entre ele e os peixes:

Vieira conclui, dizendo que ainda lhe falta muito para ser um modelo exemplar de um pregador, pelo que inveja a condio naturalmente superior dos peixes. Termina o sermo com o hino de Benedicite, no qual roga aos peixes que louvem sempre a Deus por tudo quanto Ele lhes concedeu.

Frei Lus de Sousa Almeida Garrett

Drama Pode ser definido como uma imitao da vida, j que pressupe uma aco baseada no real. uma forma oposta narrao, tendo em ateno que uma apresentao directa da aco. O drama a expresso literria mais verdadeira do estado da sociedade (...), que se reduz a pintar do vivo, desenhar do nu (...)

1- EstruturaFrei Lus de Sousa obedece estrutura caracterstica do texto dramtico: divide-se em atos e cenas e constitudo pela exposio, conflito e desenlace.

Estrutura Externa composto por trs atos1 Ato - 12 Cenas2 Ato - 15 Cenas3 Ato - 12 Cenas

Estrutura Interna

Exposio Ato I, (Cenas I a IV) Apresentao (atravs das falas das personagens) dos antecedentes da aco (que explicam as circunstancias atuais), das personagens e das relaes existentes entre elas. Conflito Ato I (Cenas V a XII); Ato II; Ato III (Cenas I a IX) Desenrolar gradual dos acontecimentos, com momentos de tenso e expectativa desde o conhecimento de que os governadores espanhis escolheram o palcio de Manuel de Sousa Coutinho para se instalarem at ao reconhecimento do Romeiro (clmax) que despoletaram uma srie de peripcias. Desenlace Ato III (Cenas X a XII) Desfecho motivado pelos acontecimentos anteriores consumao da tragdia familiar com a morte de Maria e a separao forada dos seus pais, que morrem um para o outro bem como para o mundo.

Sntese da Obra

Ato IA ao tem lugar no palcio de Manuel de Sousa Coutinho, onde predomina o luxo e caprichosa elegncia portuguesa dos princpios do sculo dezassete; ao fim da tarde.Cena I reflexo de Madalena a propsito de uns versos do episdio de Ins de Castro dOs Lusadas, que lhe despertam os seus prprios medos e terrores devido semelhana que vislumbra entre o amor ledo e cego de D. Ins por D. Pedro e o seu prprio amor por Manuel de Sousa Coutinho.

Cena II Dilogo entre Madalena e Telmo, a partir do qual so dados a conhecer os antecedentes da aco: Telmo foi o aio fiel de D. Joo de Portugal; D. Joo de Portugal, casado com D. Madalena, desapareceu na Batalha de Alccer Quibir; Madalena, viva e rf, apenas com 17 anos, encontrou em Telmo o carinho e proteco que necessitava, da a cumplicidade existente entre ambos; Durante 7 anos, Madalena empreendeu todos os esforos e diligencias ao seu alcance, para encontrar D. Joo de Portugal; Depois desta v busca incessante, e apesar da desaprovao de Telmo fundada na crena de que o amo ainda estaria vivo, Madalena casou-se com Manuel de Sousa Coutinho por quem fatalmente se apaixonara, na primeira vez que o vira; H 14 anos que Madalena se encontra casada com o segundo marido de quem teve uma filha, Maria de Noronha, no momento, com 13 anos.

Ainda nesta cena, Madalena pede ao seu bom Telmo que no alimente as fantasias de sua filha no que concerne sua crena no mito sebastianista, no s porque o estado de sade de Maria preocupante e frgil; mas tambm, e sobretudo, pelas implicaes nefastas desastrosas que tal quimera a ser verdade teria na sua vida.

Cena III Maria entra em cena e evoca a crena sebastianista, sua e do povo, segundo a qual D. Sebastio voltaria numa manha de nevoeiro cerrado, para salvar o reino do domnio filipino espanhol, restituindo a independncia e o orgulho nao. Madalena exprime a sua inquietao e desagrado perante este assunto, pois a probabilidade do regresso de D. Sebastio estava intrinsecamente ligada ao aparecimento do seu primeiro marido.Cena IV Dilogo entre Maria e Madalena do qual se apreende: O amor existente entre me e filha A forte intuio de Maria que a leva a aperceber-se da inquietao dos pais em relao a si prpria no advm apenas do seu estado de sade. O caracter proftico do sonho de Maria que a faz ver cousas A curiosidade de Maria relativamente ao retrato do pai vestido de Cavaleiro de Malta

Cena V Jorge chega com notcias de Lisboa, anunciando que os governantes espanhis, devido peste na capital, decidiram alojar-se em Almada, mais propriamente no palcio de Madalena e de Manuel de Sousa Coutinho. Entretanto, Maria ouve o pai chegar, apesar de este ainda se encontrar a alguma distncia do palcio; a audio apurada j um sintoma da sua doena (tuberculose)

Cena VI Miranda, criado da casa, comunica a chegada de Manuel de Sousa Coutinho.

Cena VII noite fechada. Manuel S.C. entra em cena alvoroado, dando ordens aos criados que o acompanham e transmitindo famlia a sua inteno de se mudarem para o palcio que fora de D. Joo de Portugal, deciso que deixa Madalena transtornada.

Cena VIII - Manuel procura convencer a esposa de que a nica sada que tm, no momento, irem viver para o palcio de D. Joo. Madalena, aterrorizada com esta ideia, tenta dissuadir o marido, pois acredita que tal situao poder separar irremediavelmente a famlia. No entanto, Manuel no se deixa impressionar com estas vs quimeras de crianas e mantm a sua deciso.

Cena IX - Telmo d conhecimento a Manuel S.C. da chegada antecipada dos governadores

Cena X Manuel S.C. pede a Jorge, seu irmo, para partir juntamente com a famlia e levar todos os haveres que puderem transportar, que ele ir depois ter com eles.

Cena XI Monlogo de Manuel S.C. em que este evoca a morte de seu pai que cara sobre a sua prpria espada e considera tirana a afronta dos governadores, pelo que decide atear fogo ao prprio palcio, para assim impedir que os intrusos ali se instalem.

Cena XII Consumao do incndio. Madalena, Maria, Jorge, Telmo e demais criados acodem. O retrato de Manuel S.C. consumido pelas chamas perante a aflio impotente de Madalena que em vo o procura salvar.

Ato IINo segundo ato, a aco passa-se durante o dia, no palcio que pertence a D. Joo, onde predomina o gosto melanclico e pesado, o que remete, desde logo, para a fatalidade e para a desgraa.

Cena I Maria entra em cena, puxando Telmo pela mo. Durante a conversa entre ambos so focados os aspectos seguintes: Maria invoca o inico do romance de Bernardim Ribeiro, Menina e Moa, o que aponta para o seu prprio afastamento da famlia; Comenta o facto de sua me viver de tal modo aterrorizada naquele palcio, que havia oito dias que se encontrava doente. Maria refere o refgio do pai, numa quinta to triste dalm do Alfeite, motivado pelo receio de represlias por parte dos governadores. Curiosa, interpela Telmo relativamente ao retrato que tanto assustara a me quando, ao entrar no palcio, pe de repente os olhos nele e d um grito Como Telmo procura desviar a ateno de Maria sobre esse assunto, conversam sobre D. Sebastio e Cames, cujos retratos tambm se encontram naquela sala.

Cena II Manuel S.C., ao entrar em cena, desvenda filha a identidade da figura masculina retratada no quadro e que Maria afirma desconhecer, embora suspeite de quem se trate.

Cena III Manuel S.C. e Maria falam sobre o ambiente religioso que os rodeia e sobre D. Joo P.

Cena IV Jorge chega com a notcia do perdo dos governadores por influncia do arcebispo e convida Manuel S.C. a ir com ele, e mais quatro religiosos, a Lisboa acompanhar o arcebispo, como forma de retribuir o favor concedido. Manuel concorda, ate porque tem de ir capital, ao Convento do Sacramento, falar com a abadessa. Maria, entusiasmada, manifesta vontade de acompanhar o pai.

Cena V - Madalena, na presena do marido, procura mostrar-se forte e recuperada, mas ao tomar conhecimento da sua ida a Lisboa, nessa sexta-feira, fica aterrada. Acaba, no entanto, por ceder e por autorizar a filha a ir tambm.

Cena VI Madalena faz presso a Telmo para ir com Maria nessa viagem.

Cena VII Madalena, extremamente preocupada, despede-se de Maria e de Manuel S.C.

Cena VIII Manuel S.C. fica admirado com a reaao exagerada de Madalena, considerando os seus medos infundados, e invoca o caso de Joana de Vimioso que, segundo afirma no fizera aqueles prantos, quando disse o ultimo adeus ao marido. Madalena inicialmente irnica, horroriza-se com essa lembrana.

Cena IX Monlogo de Jorge que se mostra apreensivo face ao que o rodeia, pois A todos parece que o corao lhes adivinha desgraa.

Cena X Madalena revela a Jorge o motivo dos seus temores: aquele dia era fatal para ela, uma vez que, fazia anos que casara com D. Joo de Portugal, que se perdera D. Sebastio e que vira Manuel S.C. pela primeira vez, por quem logo se apaixonara, embora j fosse casada com D. Joo.

Cena XI Miranda comunica a Madalena a chegada de um romeiro que deseja v-la e falar-lhe. Ela acede a receber o romeiro.

Cena XII Jorge aconselha Madalena a acautelar-se na presena do peregrino.

Cena XIII - Madalena e Jorge recebem o Romeiro

Cena XIV Em conversa com o Romeiro ficam a saber que este esteve em cativo 20 anos, em Jerusalm; que um homem s; que h trs dias que viaja com o intuito de ali chegar, naquele preciso dia, para dar um recado a D. Madalena; que foi libertado h um ano Jorge impaciente, pressiona o Romeiro a falar sobre o motivo que o trouxe presena de Madalena. Este, ento, numa atitude fria e insensvel, d a conhecer que D. Joo de Portugal ainda se encontra vivo. Madalena retira-se dali, espavorecida e a gritar.

Ato IIIA ao decorre durante a madrugada do dia seguinte ao dos acontecimentos descritos no ato anterior, na parte baixa do palcio de D. Joo de Portugal, na capela da Senhora da Piedade, espao repleto de adereos que reenviam para ideia de uma profunda introspeco religiosa, de sacrifcio e de morte, indiciando a tomada de hbito.

Cena I Manuel de S.C. conversa com o seu irmo Jorge, a quem exprime o atroz sofrimento que o atormenta, sobretudo em relao filha, no s pelo agravamento do seu estado precrio de sade, mas principalmente pela sua vida futura, dada a sua condio de filha ilegtima. Jorge procura consola-lo luz da religio crist, tentando faze-lo crer que a confiana em Deus pode muito, uma vez que Deus sabe melhor o que nos convm a todos.Manuel S.C. decide tomar o hbito e dizer adeus [a] tudo o que era mundo, resoluo que o seu irmo aprova, acrescentando que o arcebispo j tratara de tudo: ele ingressaria em Benfica e Madalena no Sacramento. A partir deste dilogo, sabe-se tambm que apenas Manuel S.C., Jorge e o arcebispo tm conhecimento da verdadeira identidade do Romeiro, que, entretanto, pedira a Jorge para falar com Telmo.

Cena II Telmo entra em cena e informa os presentes que Maria despertou. Antes de se retirarem para ver Maria, Jorge d algumas indicaes a Telmo.

Cena III Telmo segue as instrues de Jorge e aguarda a chegada do irmo converso.

Cena IV Monlogo de Telmo no qual bem visvel o seu conflito interior entre o amor e a fidelidade a D. Joo e o amor a Maria que venceuapagou o outro

Cena V O Romeiro trazido presena de Telmo. Este, ao ouvir a voz daquele, reconhece a sua verdadeira identidade. Ao longo da conversa entre ambos, D. Joo toma conscincia de que no s no tem mais lugar no corao de Madalena (que segundo o informou Telmo, usou todos os recursos possveis para o encontrar); como tambm perdeu irremediavelmente a sua vida passada, acabando por se compadecer da desgraa daquela famlia. Como tal, para remediar o sofrimento causado pelo seu regresso, pede a Telmo para mentir, dizendo que o peregrino era um impostor

Cena VI do lado de fora da porta, ouve-se Madalena desesperada a chamar pelo marido, gerando-se aqui uma confuso, pois o Romeiro, por momentos, tem a iluso de que ela o procura a ele.

Cena VII Madalena ainda tenta evitar separar-se do marido, procurando convence-lo de que estavam a ser precipitados ao acreditarem to prontamente nas palavras de um romeiro, um vagabundo, mas Manuel S.C. mantm-se firme na sua deciso.Em aparte a Jorge, tal como prometera ao Romeiro, Telmo procura restabelecer a ordem e a harmonia naquela famlia, mas em vo.

Cena VIII Madalena continua esperanosa de evitar a separao eminente, dirigindo-se a Jorge, mas tanto este como o marido so inflexveis.

Cena IX Madalena, despedaada pelo abandono a que se sente votada, refugia a sua dor na religio crist e, resignada, dirige-se para o local da cerimnia de tomada de hbito.

Cena X Incio da cerimnia da tomada de hbito

Cena XI Maria surge em cena e, revoltada contra a (in)justia divina, que cruelmente a priva da famlia, incita os pais a mentir para a salvar.

Cena XII Saindo detrs do altar-mor, o Romeiro ainda insiste com Telmo para os salvar; no entanto, tarde demais: Maria reconhece a sua voz e morre de vergonha.

Personagens Principais

Manuel de Sousa Coutinho Frei Lus de Sousa Segundo marido de Madalena; pai de Maria; pai e marido extremoso; teme que a sade dbil de sua filha progrida para uma doena grave; homem decidido, de coragem, bom portugus, honrado, patriota (incendeia o seu palcio, por motivos polticos, porque este iria ser ocupado pelos governadores espanhis); sofre e sente terrveis remorsos com o trgico final de Maria, optando pelo escapulrio e por uma vida de penitncia e redeno, enquanto Frei Lus de Sousa.

D. Joo de Portugal 1 marido de D. Madalena, desapareceu na batalha de Alccer Quibir, onde combateu ao lado de D. Sebastio, tido como morto, apesar das dvidas manifestadas na trama; austero; sofrido; o seu amor por Madalena e amizade por Telmo fazem-no sobreviver ao cativeiro e regressar na figura do Romeiro; pergunta Quem s tu?, D. Joo, na figura do romeiro, vai respondendo ningum.

D. Madalena Suposta viva de D. Joo de Portugal; casa com Manuel S.C.; nasce Maria, filha de Manuel; vive na angstia em relao suposta ilegitimidade do seu casamento e ai futuro da sua filha Maria; sofre de remorsos profundos por ter gostado de Manuel S.C., enquanto ainda casada com D. Joo; manifesta uma constante inquietao e medo; insegura; marcada pelo fatalismo dos seus pressentimentos; perfil romntico; solido na sua dor incompreendida.

Maria de Noronha Filha de D. Madalena e Manuel S.C; amor filial, puro e incondicional; precoce; mulher-anjo; sonhadora, intuitiva, inteligente; marcada pela fantasia e o idealismo nacionalista e patritico; sebastianista por influncia de Telmo; adivinhava, lia nos olhos e nas estrelas, que eu sabia de um saber c de dentro; ningum mo tinha dito; sempre febril, sofre de tuberculose. Tem um fim trgico, morrendo na ltima cena junto dos seus pais.

Telmo Pais Escudeiro de famlia dos condes Vimioso, nunca acreditou na morte de D: Joo; espicaa a conscincia de D. Madalena; sofre, porque antev o trgico fim de Maria, que tem como filha; acaba por reconhecer que o regresso do seu velho amo, nunca deveria ter ocorrido. Por amor a Maria e a pedido de D. Joo, dispe-se a declarar o Romeiro como um impostor; o confessor das personagens femininas; tem funo de coro (como na tragdia clssica conscincia); acredita na predestinao.

Frei Jorge Coutinho Irmo de Manuel S.C. e representante do clero; esta personagem marcada pelo uso da razo e comedimento nas situaes mais dramticas da obra; sbio; confessor de D. Madalena e de Manuel no fim do ato III; marca presena nos principais momentos da ao.

Exemplo de Textos B para Frei Lus de Sousa

1. Frei Lus de sousa (Personagens)No Frei Lus de Sousa, vrias personagens merecem destaque especial, como o caso de D. Madalena de Vilhena.Com efeito, logo no monlogo inicial esta mulher se apresenta com um medo secreto que a angustia. Revela-se, mais tarde, que ela receia que o primeiro marido, D. Joo de Portugal, desaparecido em Alccer Quibir, ainda estaria vivo, apesar de o ter procurado durante sete anos antes de fazer um segundo casamento com Manuel de Sousa Coutinho de quem tem uma filha, Maria. Apesar de este segundo casamento j durar h catorze anos, esse medo ainda no desapareceu. Quando v arder o retrato de Manuel S.C. no fim do primeiro Ato e quando tem de voltar a viver no palcio de D. Joo, Madalena sente os seus receios de ser separada do seu actual marido crescerem e os seus pressentimentos de desgraa a aumentarem. No reconhece o Romeiro e, no Ato terceiro, tenta ainda salvar o casamento pondo a hiptese de que ele seja um impostor. S entra no convento depois de Manuel entrar, inconformada com esta morte para o mundo.Concluindo, D. Madalena uma personagem muito interessante pela evoluo de sentimentos e emoes que se pode observar ao longo da pea.

2. Frei Lus de Sousa (indcios trgicos) Pistas que apontam para o desenlace trgicoEm Frei Lus de Sousa, vrios indcios apontam para o desenlace trgico.Na verdade, logo na Exposio se compreende que existe o medo de que o passado venha destruir o presente pois no h cem por cento de certeza de que D. Joo de Portugal, primeiro marido de D. Madalena desaparecido em Alccer Quibir, esteja morto. Quando queimado o retrato de Manuel S.C., o segundo marido, e aparece em cena o retrato de D. Joo, parece que o passado realmente se sobrepe ao presente e crescem os pressentimentos de desgraa e separao da famlia. Mas ainda no primeiro Ato, Frei Jorge, ao saber da mudana para o palcio de D. Joo que ficava ao lado do seu convento de S. Paulo, comenta que ficavam quase vivendo juntos, como se tivessem debaixo do mesmo teto. Isto prenuncia o que ir, de facto, acontecer no final da pea, quando Madalena e Manuel ingressam no convento.Em suma, desde o incio h um pressentimento de desgraa que se vai adensando no decorrer da ao e que se caracterizar no desenlace final, com a morte fsica de Maria e a morte para o mundo dos seus pais.

3. Frei Lus de Sousa, uma tragdia (caractersticas da tragedia presentes na obra)Embora tenha forma de drama romntico, em prosa, Frei Lus de Sousa pertencer sempre, pela sua ndole, como disse Garrett, ao antigo gnero trgico.Na verdade, D. Madalena desafiou a lei dos homens (hybris) casando pela segunda vez sem ter cem por cento de certeza da morte do primeiro marido. Sofre, por isso de angstia e medo (pathos) de que esse passado venha destruir a sua famlia. No final do Ato II, h o culminar dessa tenso dramtica (clmax) com a revelao da identidade do Romeiro (reconhecimento) o que causar uma radical mudana no curso dos acontecimentos (peripcia) j que o casamento de Madalena e Manuel deixa de ser vlido e eles vo ingressar no convento. No Ato III, a ao terminar numa catstrofe que abrange a morte fsica de Maria e a morte para o mundo dos seus pais.

4. O Mito sebastianista em Frei Lus de SousaO mito do sebastianismo evidente por toda a obra, sendo manifestada logo no 1 ato: Onde est el-rei D. Sebastio, que no morreu e que h-de vir um dia de nvoa muito cerradaQue ele no morreu, no assim, minha me?, voz do povo, voz de Deus eles que andam to crentes nisto, alguma coisa h-de ser (Maria, cena III, ato I)Logo no incio, Madalena afirma a Telmo mas as tuas palavras misteriosas, as tuas aluses frequentes a esse desgraado rei de d. Sebastio, que o seu mais desgraado povo ainda quis acreditasse que morresse, por quem ainda espera a sua leal incredulidade!Em Frei Lus de Sousa, a referncia a D. Sebastio permite enaltecer o espirito patritico e nacionalista de algumas personagens, constituindo um trao indubitavelmente romntico; por outro lado, as aluses ao possvel regresso dessa figura histrica permitem estabelecer um paralelo com o enredo criado em torno da dvida sobre a morte de D. Joo de Portugal, alimentando o sentimento de um trgico fim.

Os Maias Ea de Queirs

Romance: narrativa em prosa cuja ao extensa e complicada por aes secundrias. Envolve um, numero ilimitado de personagens, cuja caracterizao complexa, fazendo-se, muitas vezes a anlise da sua vida interior. H liberdade total de tempo e de espao e a recorrncia narrao, descrio, dilogo e, por vezes, monlogo; a ao no se desenvolve linearmente. Romance de Famlia Foca a sua ateno na sucesso de vrias geraes de uma famlia e das quais se destaca uma personagem.

1- Titulo:Os Maias Remete para o nome da famlia a que pertencem algumas das personagens mais importantes da ao. O plural (Os Maias) justifica-se pelo facto de serem representadas quatro geraes desta mesma famlia e a sua histria ao longo de todo o sculo XIX.

2- Subttulo:Episdios da vida romntica Refere-se relao que os Maias estabelecem com o contexto social, poltico e cultural em que vivem, centrando o narrador a sua ateno na narrao de cinco episdios centrais em que narra momentos que lhe servem para lanar a sua viso crtica sobre o Portugal oitocentista. (Portugal da Regenerao)

1. Jantar no Hotel Central1. Corrida de cavalos1. Jantar em casa dos Gouvarinho1. Sarau no Teatro da Trindade1. Episdio da Corneta do Diabo

3- Personagens:- A Famlia:

Vida de Pedro da Maia (intriga secundria; amores infelizes)Vida de Calos da Maia (intriga principal; amores incestuosos)

Vida dissolutaVida dissoluta

Encontro ocasional com Maria MonforteEncontra ocasional com Maia Eduarda

Procura de M MonforteProcura de M Eduarda

Encontro atravs de AlencarEncontro atravs de Dmaso

Oposio real de Afonso NegreiraOposio potencial de Afonso Amante

Encontros e casamentoEncontros e relaes

Elemento desencadeador do drama o napolitanoElemento desencadeador da tragdia Guimares

Infidelidade de Maria Monforte reaes de PedroDescoberta do incesto reaes de Carlos

Encontro de Pedro com Afonso e suicdio de PedroEncontro de Carlos com Afonso morte de Afonso

- Outras Personagens:

Vilaa Vilaa Jnior Tomas Alencar Representa o Ultra-Romantismo Padre Vasques Marqus Soveral Gertrudes (criada de Sta. Olvia) Teixeira (Mordomo) As Silveiras (Ana e Eugenia) Eusebiozinho Representa a educao tradicional portuguesa Viscondessa Tia Fanny Tancredo Ega Brown Cohen Representa a alta finana, a burguesia poderosa, mas nscia Gouvarinho Representa o poder poltico conservador, decadente e limitado Craft Representa a formao britnica, a aristocracia inglesa. Dmaso Representa o egocentrismo, o exibicionismo dos novos-ricos, a decadncia moral, a cobardia e a imoralidade Maria da Cunha Domingos Miss Sara Guimares Castro Gomes Steinbroken Representa a diplomacia Taveira Representa a aristocracia ociosa. Palma Cavalo e Neves Representam o jornalismo degradado, subornvel, corrompido e parcial Rufino Representa a oratria superficial e bajuladora Sousa Neto Representa a administrao pblica culturalmente medocre. Condessa de Gouvarinho e Raquel Cohen Representam a mulher portuguesa de educao romntica e com casamentos falhados.

Personagens-tipo Representam um estatuto social, cultural, econmico, profissional, com as qualidades e os defeitos que lhes so associados.

4- Tempo:Sculo XIX

Introduo 1875 (5 paginas +/-) Analepse 1820 a 1875 (85 paginas +/-) Ao Principal 1875 a 1877 (590 paginas +/-) Aps a Tragedia 1877 (20 pginas +/-) Passados 10 anos finais de 1886 (25 paginas +/-)Tempo Histrico: (momentos histrico-polticos e culturais) 1 GERAO: Afonso da Maia (M Eduarda Runa) Revoltas Liberais / Incio do Romantismo 2 GERAO: Pedro da Maia (M Monforte) Regenerao / Romantismo 3 GERAO: Carlos da Maia (M Eduarda) Regenerao / Ultra-Romantismo

5- Espao:Geogrfico:

Lisboa Casa de Benfica Ramalhete Coimbra Pao de CelasPortugal

Sintra Resende (Sta. Olvia)

Lisboa um dos grandes espaos privilegiados ao longo de todo o texto. As suas ruas, as suas praas, os seus locais de convvio, os seus teatros assumem quase o estatuto de personagem ao longo do romance. tambm o smbolo da sociedade portuguesa da Regenerao incapaz de se modernizar e que se agoniza na contemplao de um passado glorioso.

Coimbra o smbolo da bomia estudantil, artstica e literria, o espao de formao acadmica e cvica de Carlos.

Sintra a ida a Sintra de Carlos, Cruges e Alencar constitui um dos momentos mais poticos e ao mesmo tempo mais hilariantes de os Maias. Basta relembrarmos a cena de Eusebiozinho com as espanholas, a descrio da paisagem desde Seteais, o momento em que Alencar declama luz da lua e o esquecimento das queijadas por parte de Cruges.Desta forma, percebemos que o captulo VIII importante para completar os cenrios privilegiados da sociedade Lisboeta da poca.Sintra constitui-se ento como uma espcie de paraso romntico perdido, um refgio campestre, purificador e salutar, que as personagens procuram para fugir ao tdio da capital. Sintra ainda o local de eleio dos homens da capital para encontros furtivos com outras mulheres, fugindo do espao familiar.

Santa Olvia um lugar mgico para onde a famlia se desloca para recuperar as foras perdidas, para esquecer a dor e encarar o futuro. la que Afonso se refugia com Carlos aps o suicdio de Pedro.Depois da instalao dos Maias em Lisboa, Afonso passa as frias de Vero em Santa Olvia e quando, apos de 10 anos de exilio voluntrio em Paris, Carlos vem a Portugal, Santa Olvia o primeiro local de peregrinao.

Ramalhete a descrio do Ramalhete reveladora do bom gosto e do requinte dos Maias em geral, e de Carlos, em particular. Ao longo do texto o Ramalhete constitui um marco de referencia fundamental e o seu apogeu e/ou degradao acompanham o percurso da famlia. Smbolo deste percurso o jardim do velho casaro apresentado em 3 momentos diferentes da diegese:1. Capitulo I, p.61. Capitulo I, p.101. Capitulo XVIII, p.710Estes trs momentos descritivos do jardim revestem se de uma simbologia evidente. O primeiro momento, em que o jardim tem aspecto de abandono e degradao, poder associar-se ao desgosto e sofrimento de Afonso apos a morte de Afonso. J o segundo coincide com o renascimento e a esperana, a altura em que a juventude e a vitalidade de Carlos renovam o Ramalhete. A ltima imagem do jardim, areado e limpo, mas sombrio e solitrio simboliza o fim de um sonho e a morte de uma famlia.

A Toca a descrio do ninho de amor de Carlos e Maria Eduarda aponta para a expresso de um gosto extico e sensual, apropriado vivncia duma paixo marginal. Toca o covil animal, onde este se esconde das ameaas do exterior. Tambm Carlos e Maria Eduarda, num primeiro momento, vivem um amor marginal, um amor que necessita de ser preservado. Mas o facto de uma toca ser o habitat de um animal tambm pode ser relacionado com o caracter incestuoso da relao amorosa.

Espao Social: (Elevado e de Sociabilidade)O espao social comporta os ambientes (jantares, chs, soirs, bailes, espectculos), onde actuam as personagens que o narrador julgou melhor representarem a sociedade por ele criticada - as classes dirigentes, a alta aristocracia e a burguesia.Hotel Central, Teatro da Trindade, Casa dos Gouvarinho, Ramalhete, a Redaco do jornal a Corneta do Diabo, quinta de Sta. Olvia, Hipdromo.

Jantar no Hotel Central (cap. VI) Ambiente marcado pela ociosidade, futilidade e depreciao pela Ptria por parte da elite lisboeta; apresenta uma viso crtica relativamente aos exageros do Ultra-Romantismo (Alencar), ao confronto literrio eversivo (Ega Realismo / Naturalismo vs. Alencar), incompetncia do director do Banco Nacional (Cohen) e s limitaes da mentalidade da alta sociedade lisboeta.

As Corridas de Cavalos (cap. X) Ambiente marcado pelo desajuste do espao, pela indolncia e ausncia de motivao, pelo desfasamento entre o ser e o parecer, por comportamentos inapropriados; apresenta uma viso crtica relativamente mentalidade provinciana da elite da sociedade lisboeta que, na sua nsia de imitar o estrangeiro, acaba as corridas num sopro grosseiro de desordem reles, desmanchando a linha postia de civilizao e atitude forada de decoro

O Jantar em Casa dos Gouvarinho (cap. XII) Ambiente marcado pela frivolidade e ociosidade da alta burguesia e aristocracia lisboeta; apresenta uma viso critica relativamente mediocridade, ignorncia e superficialidade da elite social lisboeta, em geral, e incapacidade da classe politica dirigente, em particular.

O incidente relacionado com a Corneta do Diabo e A Tarde (cap. XV) Ambiente marcado pela incompetncia e ausncia de brio profissional de alguns jornalistas da poca; apresenta uma crtica relativamente degradao moral, corrupo, aceitao de subornos (Palma Cavalo) e ao jornalismo poltico tendencioso (Neves).

O Sarau Literrio do Teatro da Trindade (cap. XVI) Ambiente marcado pela ociosidade, ignorncia e superficialidade da elite social lisboeta; apresenta uma crtica poesia ultra-romntica (dissimulada por um lirismo com conotaes socias), eloquncia vazia e bajuladora da oratria politica, a comportamentos sociais afectados.

O passeio final de Carlos e de Ega em Lisboa (cap. XVIII) Ambiente marcado pela degradao, ociosidade, indolncia e pelo ridculo da sociedade lisboeta; apresenta uma crtica estagnao e incapacidade de desenvolvimento da mentalidade portuguesa, que em dez anos no progrediu significativamente.6- Educao

Pedro da Maia: Tpica educao portuguesa oitocentista conservadora e catlica: Apelo memria Super proteco feminina Primado da Cartilha (concepo punitiva da devoo religiosa) Aprendizagem de uma lngua morta (latim) Educao doutrinria sem fins prticos (fuga ao contacto direto com a natureza e s realidades prticas da vida)

Carlos da Maia: Educao tipicamente inglesa, moderna e laica: Apelo ao conhecimento prtico das coisas Cincia Aprendizagem de lnguas vivas Exerccio Fsico (mens sana in corpore sano) Privilgio da vida ao ar livre; contacto com a natureza

Eusebiozinho: Contemporneo de Carlos, recebe uma educao tradicional: Resistente mudana Super proteco feminina Tpica de um romantismo decadente Debilidade fsica (de notar os diminutivos utilizados na caracterizao) Deformao da vontade prpria atravs do suborno (manipulvel) Imerso na atmosfera melanclica e doentia do Romantismo decadente Desvalorizao da criatividade e do juzo crtico (recurso memorizao)

Pedro uma personagem que obedece aos cnones naturalistas: Educao tradicional + herana do carcter depressivo e melanclico de sua me + vivncia romntica = Homem fraco, incapaz, suicdio.

Carlos (no fim): dandy, diletante, ocioso, fracassado, vazio. Carlos fracassou apesar da educao, ajudado pela carga hereditria dos pais e, sobretudo, influenciado pelo meio decadente e ocioso em que se move.

Concluso: O percurso existencial de Carlos pode ser o smbolo da evoluo da sociedade portuguesa aps a regenerao, quando Portugal parecia estar a entrar numa poca diferente, marcada por uma certa prosperidade (tal com Carlos foi a esperana de renascimento dos Maias), o pas acaba por cair no indiferentismo, num retrocesso marcado por uma indefinio quanto ao futuro.

7- O Narrador

Classificao quanto presena:

- Heterodiegtico: o narrador no participa na ao como personagem; , portanto, exterior histria (uso da terceira pessoa gramatical e, neste caso, o recurso ao discurso indirecto livre)

Classificao quanto cincia / focalizao:

- Focalizao Omnisciente o narrador possui um conhecimento ilimitado de toda a histria, bem como do ntimo das personagens. Ele sabe tudo, assumindo uma posio de transcendncia no relato dos acontecimentos. Na obra a focalizao omnisciente, por exemplo, na narrao da juventude de Afonso da Maia, da educao e do suicdio de Pedro e da formao de Carlos da Maia.

- Focalizao Interna o narrador relata os acontecimentos, assumindo o ponto de vista de uma personagem, da que, neste caso, o seu conhecimento se restrinja ao que a personagem v/sabe. Na obra interna a partir do momento em que Afonso da Maia e seu neto se instalam definitivamente no Ramalhete, assumindo principalmente o ponto de vista de Carlos, a sua viso sobre os ambientes e as personagens que o rodeiam; mas tambm na perspectiva de Vilaa, nomeadamente, quando comenta a educao imposta a Carlos e a Eusebiozinho (cap. III); e de Ega, por exemplo, nos episdios da Corneta do Diabo e A Tarde (cap. XV) e do Sarau da trindade (cap. XVI)

- Focalizao Externa o narrador conhece apenas o que observvel exteriormente, sabendo menos do que a personagem. Na obra usada em alguns momentos de pausa ao servio da descrio.

Classificao quanto posio:

- Subjectiva o narrador defende uma posio / opinio face ao que conta, preferindo, explicita ou implicitamente, juzos de valor, comentrios, orientaes ideolgicas etc.Na obra, a posio do narrador fundamentalmente subjectiva, o que se compreende at pelo facto de ser basicamente a viso critica e opinativa de uma personagem que prevalece.

8- Estilo e Linguagem de Ea de Queirs Adjectivos: O adjectivo assume extrema importncia na obra de Ea de Queirs, sendo frequente o contraste entre o nome concreto qualificado por um adjectivo abstracto ou inverso, o que cria uma relao subjectiva muito particular entre as entidades nomeadas e as caractersticas que lhes so atribudas. Por outro lado, Ea o exmio do uso da dupla adjectivao, exprimindo as vertentes objectiva e subjectiva da realidade.

Ex: Por aquele sol macio e morno de um fim de Outono portugus, o Ega, o antigo bomia de batina esfarrapada, trazia uma pelia, uma sumptuosa pelia de prncipe russoE o Eusbio nem os viu, descado e molengo, seguindo com as grossas lunetas pretas o marchar lento da sua sombra.

Adverbio Ea usa o advrbio de maneira profusa e nica, de tal forma que chega mesmo a criar novos advrbios de modo a partir de adjectivos aos quais acrescenta o sufixo mente. Assim, o advrbio empregue com a funo de reiterar/intensificar o sentido do verbo e com a funo de descrever, adquirindo mesmo uma misso caracterizadora, caricatural e crtica.

Ex: ficar-lhe beijando a orla do vestido, devotamente, eternamente, sem querer mais nadaFalou de ti, constantemente, irresistivelmente, imoderadamente.

Gerndio Ea utiliza recorrentemente o gerndio, o que confere uma ideia de continuidade/durao, com grande teor descritivo, aos acontecimentos narrados. No raro, o gerndio surge associado a complexos verbais.

Ex: uma chamada mais forte ressaltou, rugiu alegrando tudo, avermelhando em redor as peles de urso.Estava-se sempre dirigindo quela amizade, como um cofre inesgotvel

Neologismo Os neologismos so igualmente frequentes na escrita de Ea que os forma a partir do advrbio, como j foi referido, mas tambm do nome e do adjectivo, aos quais acrescenta prefixos e sufixos, criando o efeito que pretende transmitir.

Ex: Tera-feira vou-te buscar ao Ramalhete, e vamo-nos gouvarinharMaria afeioara-se quele recanto, chamava-lhe o seu pensadoiro

Diminutivo Nesta obra o diminutivo usado no apenas com um sentido carinhoso, afectivo; mas sobretudo com uma carga bastante pejorativa de tom irnico e crtico.

Ex: Quase desde o bero este notvel menino [] com o craniozinho calvo de sbio [] de perninhas bambas [] estre o pasmo da mama e da titi, passava os dias a traar algarismos, com a linguazinha de foraTaveira e Paca, juntinhos na mesma cadeira [] debicavam copinhos de gelatina.

EstrangeirismoAo longo da obra predominam os termos de origem inglesa e francesa, no s pela necessidade de preencher lacunas da lngua portuguesa para designar determinadas realidades; mas tambm com o intuito de criticar e ridicularizar a elite lisboeta pelo facto de, ate na lngua, procurar imitar o estrangeiro.

Ex: Eu ainda hoje no pude cavaquear com a high life!...Mas Baptista oferecia a Carlos a chartreuse

Registos de lngua Nos Maias coexistem todos os registos de lngua, situando as personagens numa determinada classe social, ao mesmo tempo criado um tom oralizante [pelo uso dos registos familiar e popular] que estabelece uma relao de proximidade.

Ex: E isto um portugus forte exclamou Carlos, travando-lhe alegremente do brao.Eu sou piegas na garganta replicou o marqus, desprendendo-se dele e olhando-o com ferocidade E voc -o no sentimento. E o Craft -o na respeitabilidade. E o Dmasozinho -o na tolice. Em Portugal tudo Pieguice e Companhia!

Recursos estilsticos

Adjectivao uma gente fessima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada Assndeto sovados, humilhados, arrasados, escalavrados, tnhamos de fazer um esforo desesperado para viver. Comparao no tornaria mais a farejar a cidade como um rafeiro perdido Hiplage a gente vadiando pelos bancos: essa sussurrao lenta de cidade preguiosa Ironia A boa titi, uma velha pequenina, chamada Miss Jones, era uma santa, uma apostola militante da Igreja Anglicana, missionria da Obra da Propaganda; e todos os meses fazia assim uma viagem de catequizao provncia, distribuindo Bblias, arrancando almas treva catlica, purificando (como ela dizia) o tremedal papista Metfora todo ele uma bola entufada de pelo branco malhado de oiro Personificao O seu gabinete, no consultrio, dormia numa paz tpida entre os espessos veludos escuros Sinestesia Era uma manh muito fresca, toda azul e branca

Sntese Da Obra

Captulo IInicia-se com a descrio do Ramalhete, a casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no Outono de 1875, situando no espao e no tempo aquela que ser a intriga principal. Esta interrompida e h um recuo no tempo 1820. Conhece-se, ento, a juventude de Afonso da Maia, o seu casamento com Maria Eduarda Runa, o nascimento de Pedro, o exlio da famlia em Inglaterra por motivos polticos, a educao tradicional portuguesa ministrada a Pedro contra a vontade de Afonso, o regresso da famlia a Portugal, a morte de Maria Eduarda Runa, os amores de Pedro e de Maria Monforte, a aposio de Afonso ao enlace do filho com Maria Monforte e a ruptura entre pai e filho aps o casamento deste com M Monforte.

Captulo IIPedro e M Monforte viajam por Itlia e Paris em lua-de-mel; aps o regresso do casal a Portugal, M Monforte, grvida, pressiona Pedro a reatar relaes com o pai que se mantem inacessvel. Entretanto, nasce Maria Eduarda; Pedro da Maia e M Monforte vivem faustosamente. Segue-se o nascimento de Carlos Eduardo. Mais tarde, por intermdio do marido, M Monforte conhece Tancredo com quem acaba por fugir, levando a filha com ela. Pedro, desesperado, reconcilia-se com o pai, deixa Carlos aos seus cuidados e suicida-se. Afonso, abatido com a desgraa familiar, vai viver com o neto para Santa Olvia.

Captulo IIIAfonso da Maia e o neto vivem felizes em Santa Olvia, onde recebem assiduamente vrios amigos. Vilaa visita-os, comove-se com a cumplicidade entre o av e o neto, conversa com as irms Silveira sobre a educao ministrada a Carlos, totalmente diferente da imposta a Eusebiozinho que, a pedido da me, recita um poema ultra-romntico. No final da noite, Vilaa informa Afonso sobre a situao de M Monforte e entrega-lhe uma carta remetida por Alencar. Afonso mostra interesse em recuperar a neta e d conta ao procurador da carta que Pedro escrevera na noite em que se suicidara. Mais tarde, Vilaa morre e o filho assume as funes de procurador da famlia Maia. Entretanto, Carlos da Maia faz o seu primeiro exame com distino.

Captulo IV retratado o perodo de formao acadmica de Carlos, em Coimbra, no curso de Medicina, vocao j manifestada na infncia. Evidencia-se: o carcter diletante de Carlos, as reunies intelectuais em seu redor, a prtica de actividades diversas e a vivncia de casos amorosos fugazes. Carlos termina o seu curso e viaja, durante um ano, pela Europa. A ao principal, nesse Outono de 1875 retomada: Afonso encontra-se instalado no Ramalhete, aguardando ansiosamente a chegada do neto, no paquete Royal Mail. H um jantar em honra de Carlos. Aps a sua acomodao, Carlos traa vrios planos de trabalho, contudo dispersos; e aluga um primeiro andar no Rossio onde instala luxuosa e requintadamente o seu consultrio, faltando-lhe, no entanto, doentes. Ega visita-o no consultrio e ambos falam sobre os seus projectos. Carlos incita o amigo a aparecer o Ramalhete, dizendo-lhe em linhas gerais como e com quem a se passa o tempo. Ega prope a Carlos a organizao de um Cenculo, fala-lhe de Craft com admirao e comunica-lhe a inteno de publicar as Memorias de um tomo.

Captulo VOs amigos da famlia frequentam o Ramalhete, durante o sero: joga-se bilhar, cartas e conversa-se. Vilaa confidencia a Eusebiozinho que os Maias desperdiam dinheiro inutilmente. Carlos, quase sem pacientes, dispersa-se nas suas actividades. Entretanto ganha a primeira libra da famlia que adquirida atravs do trabalho. Ega, enamorado de Raquel Cohen, leva uma vida de dndi. Em sequncia da leitura de um excerto de Memorias de um tomo, na casa dos Cohen, Ega elogiado na Gazeta do Chiado, instigado por Ega, vai em vo ao Teatro de S. Carlos com o intuito de ver a Condessa de Gouvarinho. J em casa, no quarto, obtm de Baptista informaes sobre os Gouvarinho. Carlos apresentado, no Teatro de S. Carlos, por Ega ao Conde de Gouvarinho e conhece a esposa.

Captulo VICarlos visita Ega de surpresa, na Vila Balzac, ninho dos seus amores com Raquel Cohen. Inconsciente, Ega augura um futuro amoroso trgico para Carlos. Este apresentado por Ega e Craft, quando casualmente o encontram na entrada do Largo da Graa. Sucede-se o jantar no Hotel Central, organizado por Ega em honra de Cohen. No peristilo do Hotel Central, Carlos, na companhia de Craft, v Maria Eduarda pela primeira vez e fica deslumbrado. Dmaso apresentado por Ega a Carlos; aquele fala-lhe sobre os Castro Gomes e sobre o seu tio Guimares. Ega apresenta Alencar a Carlos, o qual afirma ter sido grande amigo do sei pai, Pedro da Maia. Cohen chega atrasado, Ega recebe-o com euforia e apresenta-o a Carlos. Durante o jantar, a conversa recai sobre literatura Alencar defende o Ultra-Romantismo, Ega o Naturalismo, Craft critica o Realismo, Carlos reage contra o Naturalismo e as finanas nacionais a inevitvel bancarrota do pas. Entretanto, Ega e Alencar desentendem-se violentamente numa discusso literria, acabando, contudo, por se reconciliar. Apos o jantar, Carlos e Alencar caminham juntos e este fala sobre o seu passado. J em casa, Carlos relembra o que Ega certo dia, completamente embriagado, lhe revelara sobre a me e o que a seu pedido, mais tarde, o av lhe contara, nomeadamente a morte da me e da irm em Viena. Nessa noite, Carlos sonha com Maria Eduarda.

Captulo VIIDepois do almoo, Afonso e Craft jogam uma partida de xadrez. Carlos tem poucos doentes e vai trabalhando no seu livro. Dmaso, semelhana de Craft, torna-se ntimo da casa dos Maias, seguindo Carlos para todo o lado e procurando imit-lo. Ega anda ocupado com a organizao de um baile de mscaras na casa dos Cohen. Carlos, na companhia de Steinbroken em direco ao Aterro, v, pela segunda vez, Maria Eduarda acompanhada do marido. Carlos desloca-se varias vezes, durante a semana, ao Aterro na esperana de ver novamente Maria Eduarda. A condessa do Gouvarinho, com a desculpa de que o filho se encontrava doente, procura Carlos no consultrio. Ao sero, no Ramalhete, joga-se domin, ouve-se musica e conversa-se. Carlos convida Cruges a ir a Sintra no dia seguinte, pois tomara conhecimento, por intermdio de Taveira, que Maria Eduarda a se encontrava na companhia do marido e de Dmaso.

Captulo VIIICarlos vai com Cruges a Sintra. Aquele procura Maria Eduarda discretamente. Ambos encontram, no Hotel Nunes, Eusebiozinho e Palma Cavalo, na companhia de Lola e Concha, duas prostitutas espanholas. Carlos e Cruges decidem ir a Seteais em passeio; entretanto, encontram Alencar que os acompanha; sobretudo Cruges e Alencar apreciam e deslumbram-se perante aquela paisagem. De regresso a Sintra, Carlos dirige-se ao Hotel Lawrence e, desiludido, constata que M Eduarda j partira. Em monlogo interior, Carlos imagina M Eduarda nas rendas do seu peignoir, em Lisboa. Depois de jantar, na Lawrence os trs amigos partem para a capital.

Captulo IXNa ausncia de Castro Gomes, Dmaso, aflito, leva Carlos, ao Hotel Central, para consultar a filha de Maria Eduarda que adoecera. Enquanto aguarda no gabinete de toilette, Carlos observa atentamente os objectos pessoais de M Eduarda; entretanto levado presena de Rosicler e conhece tambm Miss Sara. Nessa noite, Ega expulso por Cohen do baile de mscaras e quele pede a Carlos que v com ele aos Olivais conversar com Craft, pois pretende desafiar Cohen para um duelo. Craft e Carlos procuram acalmar Ega, dissuadem-no da sua inteno e aconselham-no a esperar que Cohen o desafie. A Sr Adlia, criada dos Cohen, chega com notcias, Raquel levara uma tareia do marido e reconciliara-se com ele. Depois disto, Ega decide ir uns tempos para Celorico, onde vive a me, para fugir aos sarcasmos de Lisboa. Em monlogo interior, Carlos reflecte sobre o fracasso dos projectos de Ega, considerando que tambm ele prprio, at ao momento, nada fizera de produtivo. Carlos v novamente Maria Eduarda com o marido. Passa algum tempo na companhia dos Gouvarinho e acaba por se envolver com a Condessa. Captulo XCarlos vive uma aventura amorosa com a Gouvarinho. Ela quer fugir com ele, mas Carlos dissuade-a. Em conversa com o marqus, Carlos confidencia-lhe que Ega est a escrever uma comdia em cinco atos, O Lodaal, para se vingar de Lisboa. Carlos avista Rosicler na companhia da me e cumprimenta-as, ficando novamente perturbado com a beleza de M Eduarda. Em monlogo interior, Carlos idealiza uma visita Quinta dos Olivais com os Castro Gomes. No Ramalhete, conversa-se sobre as corridas: Afonso defende as touradas como sport prprio da raa portuguesa; o marqus apoia-o; Dmaso considera que as corridas tinham outro chique. Carlos expe a Dmaso o seu plano para conhecer os Castro Gomes numa visita Quinta dos Olivais; este, embora desconfiado, acede, comprometendo-se a fazer o convite ao casal e a dar conhecimento do eventual encontro a Carlos. Carlos e o marqus vem Afonso a dar esmola a duas mulheres, o que o deixa embaraado por ter sido surpreendido na sua caridade. Segue-se o episdio das Corridas de Cavalos. Carlos e Craft vo juntos para o hipdromo; o ambiente tristonho, acabrunhado, montono e ocioso; h uma discusso entrada do hipdromo entre um dos sujeitos de flor ao peito e um polcia; os dois amigos observam o ambiente em redor e dirigem-se para a tribuna onde se encontravam as mulheres; Carlos conversa com D. Maria da Cunha; o rei D. Carlos anunciado pelo Hino da Carta; comeam as corridas; continuam a chegar pessoas e Carlos, inquieto, procura Dmaso e M Eduarda no meio da multido; Carlos, Craft e Clifford bebem champanhe, instala-se a desordem no hipdromo; discretamente, a condessa de Gouvarinho transmite a Carlos a sua inteno de ir ao aniversrio do pai ao Porto e o plano que arquitectou para que ambos pudessem ficar uma noite juntos; fazem-se apostas para a corrida do Grande Prmio Nacional e Carlos, ao contrrio do que seria de esperar, ganha todas as apostas; finalmente, Carlos encontra Dmaso, atravs do qual fica a saber que Castro Gomes partira para o Brasil e que M Eduarda estava instalado no primeiro andar de uma casa da me de Cruges; Carlos forado a aceder ao capricho da Gouvarinho; as corridas terminam e desaparece todo o interesse fictcio pelos cavalos; Carlos sai sozinho do recinto e passa pela rua de S. Francisco, onde se situa a casa alugada de M Eduarda. Ao chegar ao Ramalhete, Carlos toma conhecimento por Craft, que as corridas acabaram com uma cena de murros; ao entrar em casa, um criado entrega-lhe uma carta de Maria Eduarda, na qual esta lhe pede para ir ver, na manha seguinte, uma pessoa de famlia que se encontrava doente.Captulo XICarlos, na sua consulta a Miss Sara, conhece finalmente Maria Eduarda; ambos conversam e esta despede-se com um ate amanha que deixa Carlos radiante. Este, contrariado, vai ter com a Condessa estao de Santa Apolnia; aqui encontra Dmaso que ia a Penafiel em virtude do falecimento de um tio; inesperadamente, a Condessa aparece acompanhada pelo marido que, para gudio de Carlos, assim lhe estraga o plano de pernoitar com a amante. Com a desculpa da doena de Miss Sara, Carlos convive diariamente com M Eduarda; fica a saber que ela considera Dmaso insuportvel e que conhece o tio deste (Guimares) por intermdio da me. Novamente em Lisboa, Dmaso visita M Eduarda que o recebe friamente. Ao ver Carlos na companhia de Maria, Dmaso, pede-lhe mais tarde, explicaes. Depois de o tranquilizar, Carlos informa-o sobre a chegada de Ega a Lisboa, no sbado seguinte, e Dmaso diz-lhe que tambm os Cohen tinham regressado de Southampton, dois dias antes.

Captulo XIIEga regressa a Lisboa, instala-se no Ramalhete e confidencia a Carlos que a Condessa fala constantemente, irresistivelmente, imoderadamente dele. Em conversa com Afonso, Ega e Carlos justificam a sua inrcia com a prodigiosa imbecilidade nacional e aquele, apercebendo-se da falta de estmulo de ambas, incita-os a fazerem alguma coisa. Segue-se o jantar em casa dos Gouvarinho: Carlos e Ega vo juntos ao jantar; a Condessa recrimina Carlos devido s suas ausncias e f-lo saber que, por intermdio de Dmaso, conhece as suas visitas assduas brasileira (M Eduarda). Durante o jantar, o conde denuncia a sua ignorncia e falta de memria; a Condessa amuada com Carlos, d toda a ateno a Ega; D. Maria da Cunha na sua conversa com Carlos tece crticas negativas a Ega; Sousa Neto, acossado por Ega, revela-se ignorante relativamente Proudhon; j conciliada com Carlos, a Condessa simula um exame mdico rpido ao filho e marca um encontro amoroso com ele. Na tarde seguinte, em visita a M Eduarda, Carlos declara-lhe o seu amor, que correspondido, e ambos beijam-se pela primeira vez. Mediante o desejo de M Eduarda de viver num lugar mais recatado, com espao ao ar livre, Carlos compra a Quinta dos Olivais a Craft; Afonso aprova o investimento, desconhecendo, contudo, o verdadeiro motivo do mesmo. Carlos conta a Ega miudamente, difusamente, desde o primeiro encontro o seu romance com M Eduarda e a sua inteno de fugir com ela; Ega sente que esta mulher seria para sempre, o seu irreparvel destino

Captulo XIII Carlos recebe uma carta da Condessa que, num tom amargo, marca novo encontro com ele, ao qual este decide no comparecer. Ega conversa com Carlos e informa-o que Dmaso o tem andado a difamar, bem como a M Eduarda, por todos os lugares frequentados pelas pessoas importantes de Lisboa. Carlos vai aos Olivais proceder aos ltimos preparativos para a visita que M Eduarda far, no dia seguinte. De regresso ao Ramalhete, encontra Alencar que no via desde as corridas e confirma por este que Dmaso o anda a difamar. Maria Eduarda visita os Olivais; ela e Carlos cometem incesto inconscientemente. No dia seguinte, festeja-se o aniversrio de Afonso da Maia; Ega sabe pelo marqus que Dmaso tem sido visto na companhia de Raquel Cohen. A condessa procura Carlos e este separa-se dela definitiva e friamente.

Captulo XIVAfonso vai para Santa Olvia passar uns tempos. M Eduarda instala-se com Rosicler e seus criados, nos Olivais. Ega vai para Sintra no encalo de Raquel Cohen. Carlos encontra Alencar porta do Price que o informa sobre a estada dos Cohen em Sintra e mostra-se interessado em lhe apresentar Guimares, o que Carlos adia para outra altura. Em monlogo interior, Carlos relembra seu pai e projecta a sua fuga com M Eduarda para Itlia, mostrando-se apreensivo com a reao do av a esta aventura absoluta. Carlos e Maria Eduarda encontram-se diariamente na Quinta dos Olivais (A Toca) e refugiam-se, numa intimidade mais livre no quiosque japons. Acidentalmente, Carlos descobre o envolvimento secreto de Miss Sara com um homem que parecia um jornaleiro, o que o deixa bastante surpreendido e atordoado. M Eduarda visita o Ramalhete na companhia de Carlos; ela fala-lhe de sua me; Ega chega de Sintra. Carlos visita Afonso em Santa Olvia. Castro Gomes vai ao Ramalhete falar com Carlos e, em tom irnico, comunica-lhe que no casado com M Eduarda, nem Rosicler sua filha; Carlos fica transtornado e vai Toca pedir explicaes a Maria Eduarda que, humildemente, lhe revela toda a verdade reafirmando o seu amor por ele. Carlos, comovido, compreende e perdoa-lhe a omisso; pedindo-a em casamento.

Captulo XVNo quiosque japons, M Eduarda conta detalhadamente a Carlos o que conhece da sua vida passada. Dadas as circunstancias, e sobretudo para poupar a Afonso a esse desgosto, Ega convence Carlos a casar com M Eduarda apenas depois do falecimento do av. Ega vai jantar com Carlos e M Eduarda Toca e conversam sobre a ideia de criar o Cenculo e uma revista que dirigisse a literatura, educasse o gosto, elevasse a poltica, fizesse a civilizao, remoasse o carunchoso Portugal; M Eduarda, enlevada, apoia esta inteno. Apos este primeiro convvio, cria-se um crculo de amizades que passa a frequentar a Toca. Carlos, incentivado por M Eduarda, recomea a escrever artigos de Medicina para a Gazeta Mdica. Segue-se o incidente relacionado com a Corneta do Diabo e A Tarde: Ega envia a Carlos um bilhete, juntamente com a Corneta do diabo na qual vinha uma notcia escandalosa sobre a sua vida pessoal, envolvendo tambm M Eduarda. Carlos e Ega procuram Palma Cavalo, director do jornal, e este denuncia Dmaso, como autor do artigo, e Eusebiozinho, como seu intermedirio. Ega e Cruges vo a casa de Dmaso a fim de o desafiar para um duelo com Carlos devido ao artigo que tinha mandado publicar. Dmaso opta por escrever uma carta de desculpa a Carlos onde se declara bbado incorrigvel. Afonso regressa de Santa Olvia, Carlos v-se obrigado a deixar os Olivais e Maria Eduarda instala-se novamente na rua de S. Francisco. Depois de ver Dmaso a conversar intimamente com Raquel Cohen no ginsio, onde decorria uma festa de beneficncia, Ega, despeitado e vingativo, faz publicar no jornal a Tarde a carta que aquele remetera a Carlos. O Governo cai, forma-se um novo Governo e o conde Gouvarinho eleito ministro da pasta da Marinha. Dmaso parte para uma viagem de recreio a Itlia.

Captulo XVIEga e Carlos, este contrariado por deixar Maria sozinha, vo ao sarau da Trindade, no qual se destaca a oratria superficial e bajuladora de Rufino, o recital de Cruges e a declarao patritica de Alencar Guimares apresentado por Alencar a Ega; aquele pede-lhe explicaes sobre a carta de seu sobrinho (Dmaso), que fora publicada no jornal A Tarde; ao saber toda a verdade, e concordando que o sobrinho um mentiroso, troca um rasgado aperto de mos com Ega. Carlos ao avistar Eusebiozinho, vai no seu encalo e, em virtude de este ter andado metido nessa maroteira da Corneta, d-lhe uma sova. Findo o sarau, Guimares encontra Ega porta do Hotel Aliana e diz-lhe que tem em seu poder um cofre de Maria Monforte, de quem fora intimo em Paris, para entregar a Carlos ou irm; Ega aterrorizado descobre casualmente a verdadeira identidade de Maria Eduarda.

Captulo XVIIEga, transtornado com os acontecimentos do dia anterior, decide procurar Vilaa e encarrega-lo de revelar a verdadeira identidade de Maria Eduarda e Carlos. Este, angustiado com a fatdica noticia, interpela Afonso sobre o destino da sua irm, neta de Afonso, e constata que tambm o av desconhece o que realmente se passou. Carlos vai ter com Maria Eduarda a fim de lhe contar a desastrosa descoberta sobre as suas descobertas, mas irresistivelmente comete incesto de forma consciente. Afonso apercebe-se desta fraqueza do neto e morre com o desgosto. Depois do funeral de Afonso, Carlos refugia-se em Santa Olvia e encarrega Ega de revelar toda a verdade para a irm e de lhe pedi que esta parta para Paris. Ega encontra-se no dia seguinte com Maria Eduarda na estao de Santa Apolnia, ambos vo de viagem: ela segue para Paris e ele vai encontrar-se com Carlos em Santa Olvia. No Entroncamento, despedem-se definitivamente.

Captulo XVIIICarlos e Ega fazem uma viagem pelo mundo, durante um ano e meio. Ega regressa a Portugal, mas Carlos instala-se em Paris. Em 1886, Carlos passa o Natal em Sevilha e, no incio do novo ano, visita Portugal, reencontrando vrios amigos com quem combina um jantar no bragana. Segue-se o episdio do passeio final dos dois amigos; durante a deambulao de Carlos e Ega pela capital, destaca-se: a esttua triste de Cames, Dmaso que entretanto casara e era enganado pela mulher, um obelisco com borres de bronze no pedestal, uma gerao nova e mida que Carlos no conhecia, Charlie (filho da Condessa de Gouvarinho) a vaguear numa vitria com lentido e estilo e Eusbio que casara com uma avantesma que o derretia pancada. Os dois amigos vo ao Ramalhete e entristecem com o seu estado de degradao e abandono. Ambos concluem que falharam e Ega afirma que so Romnticos: isto , indivduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento, e no pela razo; Carlos declara que a sua teoria de vida se baseia no fatalismo muulmano. Nada desejar e nada recear. Tudo aceitar, o que vem e o que foge, com a tranquilidade com que se acolhem as naturais mudanas de dias agrestes e de dias suaves.. O captulo termina com os dois amigos que segundos antes afirmavam que no vale a pena fazer esforo, correr com nsia para coisa alguma? a correrem desesperadamente para apanhar o americano (elctrico), a fim de chegarem a tempo ao convvio marcado com os rapazes no Bragana.

Cesrio Verde (Poemas)

Temticas estruturantes: Reprter do quotidiano A mim o que me rodeia o que me preocupa Simpatia pelas classes oprimidas Identificao com os mais pobres Revolta contra a sociedade pela misria social Solidariedade com as vtimas das injustias sociais Binmio Campo / Cidade Vector organizador de toda a poesia de Cesrio Cidade Soturna e melanclica, mrbida, sufocante e claustrofbica, triste, perigosa, montona, nauseabunda e palco de dor. Campo Vitalidade, amplitude de horizontes, lio de vida frugal que encerra, possibilidade de amor idlico, sugesto de liberdade, fruio sensual, possibilidade, que oferece, de paz familiar, capacidade regeneradora que traz ao poeta

Cidade smbolo de:Sombra, Morte, Tristeza, Dor, Misria, Opresso.Campo smbolo de:Luz, Alegria, Sade, Libertao, Vida Natureza mito de Anteu, Vitalidade, Pureza

A imagem feminina

As varinas, as trabalhadoras genunas, a quem o poeta reconhece a fora fsica e a coragem; A engomadeira tsica, uma mulher doente que desperta a revolta, solidariedade e a emoo do poeta A hortaliceira, rota, pequenina, azafamada [], esguedelhada, feia [], magra enfezadita (Num Bairro Moderno) A actriz, que surge a saltitar por entre os trabalhadores msculos das obras de uma rua. Esta figura ganha contornos de individualidade ao atravessar a rua onde trabalham calceteiros, distinguindo-se destes pela sua delicadeza e fragilidade A mulher frgil, bela, pura, inocente, pulsando de vida, totalmente desinserida do espao urbano, que condena o poeta ao vicio do lcool (A Dbil) A milady, a femme fatale, frvola, arrogante, fria cruel, mas irresistivelmente tentadora, que suscita no sujeito potico sentimentos to contraditrios como atrao e desejo de vingana (Deslumbramentos) A mulher altiva, que menospreza o sujeito, que, no entanto, se sente incapaz de a rejeitar As prostitutas, personagens da noite citadina A mulher natural, espontnea, cuja beleza e sensualidade advm da sua prpria autenticidade (De Tarde) A mulher energtica, quase viril, que se sobrepe ao sujeito potico A mulher lbrica, que enfeitia, submete e arrasta o homem para o abismo dos prazeres sensuais A mulher velha e miservel, marginalizada pela sociedade

O Deambulismo O poeta percepciona o real minuciosamente atravs dos sentidos. Ou seja, andando pela cidade, deambulando por espaos fsicos vrios, o real exterior apreendido pelo mundo interior do sujeito potico, que o interpreta e recria com grande nitidez, numa atitude de captao do real pelos sentidos, com predominncia dos dados obtidos pela viso: cor, luz, recorte, formas, movimentos.A errncia pelos espaos atitude deambulatria a motivao para escrever. Os poemas de Cesrio que melhor ilustram esta deambulao so: Num Bairro Moderno; O Sentimento dum Ocidental; Cristalizaes; De Vero e Ns.

O realismo cintico, o visualismo e aspeto pictrico a poesia de Cesrio capta todos os motivos que a realidade lhe oferece, desde a epidemia que assola a cidade, estadia no campo e morte: A febre amarela que determinou a fuga da famlia para o campo (Ns) A morte dos habitantes da cidade e dos irmos, Joaquim e Jlia Os focos de infeco na capital

Relao com o impressionismo, cujo objectivo era apreender o real atravs de impresses: cor, luz, movimentoO sujeito potico oferece-nos as suas impresses, ou seja, as sensaes atravs das quais essa realidade chega at ns, leitores: Sugestes cromticas, de que a viso a principal responsvel Sugesto da luz Sugestes gustativas

O carcter sensorial resulta das sensaes que a realidade exterior suscita no sujeito potico e que so veiculadas atravs dos vrios sentidos: Carcter sensorial conseguido pela combinao de sensaes (sinestesia) visuais, gustativas, olfactivas, auditivas, tcteis []Os cheiros A luminosidade A cor Os rudos

Caractersticas estilsticas e lingusticas mais recorrentes:

a. Figuras de retrica

Sinestesia Comparao Hiplage Metfora Assndeto Enumerao Anttese

b. Outros recursos

Vocabulrio objectivo com recurso a termos concretos (rua macadamizada; a regateira) Imagens extremamente visuais de modo a criar uma dimenso realista do mundo: (E as poas de gua, como um cho vidrento/Reflectem a molhada casaria) Estrutura narrativa dos poemas; Pormenor descritivo Jogo do real e do irreal conseguido pelo poder da imaginao. Associao e/ou sucesso de imagens captadas pelo olhar (Madeiras, guas, multides, telhados) Jogo de contrastes Alternncia da dimenso fsica e psicolgica Diminutivo para sublinhar o contraste entre a elegncia e beleza da actriz e a rudeza das figuras pesadas dos calceteiros. Verbo expressivo (Negrejam os quintais) Presente com carcter durativo (Biam aromas []/Sobem padeiros []) Advrbio expressivo (Encaram-na sangunea, brutamente) Adjetivao mltipla (calosas mos gretadas) Emprstimos (milady; rez-de-chausse; mnages; brasserie) Anteposio do verbo ao sujeito (Surge um perfil direito; E abre-se o algodo azul da meia, Chegam do gigo emanaes sadias; Preferncia pelas quadras, em versos decassilbicos (dez slabas mtricas) ou alexandrinos (doze slabas mtricas) garantem um maior flego ao verso, do ponto de vista semntico e musical. Encavalgamento do verso (Os transparentes/Matizam uma casa; Um semblante/Nas posies de certos frutos; a trepadeira/ Duma janela azul)

Influncias Literrias na Poesia de Cesrio VerdeNa obra de Cesrio Verde coexistem influncias estticas: Realismo / Naturalismo Parnasianismo Impressionismo Modernismo (Neo-realismo, Surrealismo e Simbolismo)

Muito resumidamente:Aspetos gerais Base inspiradora do Modernismo PortugusViso realista e objectiva do real (influencia do Realismo e do Impressionismo pictrico)O quotidiano na poesia O empenhamento socialO empenhamento social (expresso da solidariedade para com as prias da sociedade)CalceteirosCalafatesCarpinteirosVarinasProstitutas[]Aspetos EspecficosCarcter deambulatrioVisualismo cintico e impressionistaNova imagem da mulher diversidade de tipos:Do povo, trabalhadora, sofredora e doenteLevianaBeataSedutora e belaFrigida e distantePura e regeneradoraQuestes socias:Simpatia pelas classes desfavorecidasIdentificao com o operariadoPretensa objectividade/ fuga imaginativaCaracter sensorialCaractersticas da linguagemProsasmoEmprstimosVerbos sensoriaisDiminutivosAdjetivao valorativa e expressivaSinestesiasVocabulrio preciso, conciso.