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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PROJOVEM URBANO: UM ESTUDO SOBRE A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL PARA O MERCADO TURÍSTICO DE JOÃO PESSOA, PARAÍBA. Danielle Abrantes de Menezes Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB Nelson Rosas Ribeiro Professor do Departamento de Economia - UFPB RESUMO A política pública deve buscar melhorias para a vida em sociedade, a exemplo de decisões no âmbito da educação, da saúde e da segurança pública, como expressa a Constituição Federal de 1988. Para tanto o governo é organizado a partir da construção da agenda política de um governante; uma destas ações, no Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi a efetivação do Projovem Urbano, como proposta de inclusão dos jovens de 18 a 29 anos no âmbito educacional utilizando a tríade: Educação Básica, Qualificação Profissional e Participação Cidadã. Como é aplicado nos municípios, Estados e no Distrito Federal, buscou-se analisar neste trabalho o vetor da qualificação profissional deste programa, no Arco de Turismo e Hospitalidade na cidade de João Pessoa, o perfil dos jovens egressos na qualificação de Turismo, bem como a repercussão deste programa no mercado de trabalho. A partir deste estudo foi possível perceber a dicotomia entre as propostas de Lei e a realidade educacional no Brasil, a exemplo a focalização da educação, e ao estudar o Projovem Urbano, delinear o perfil dos jovens da área de Turismo e Hospitalidade que, em sua maioria, ainda não tiveram sua oportunidade no mercado de trabalho na sua formação de qualificação profissional. Palavras-chave: Política Pública Municipal, Projovem Urbano João Pessoa, Turismo e Hospitalidade, mercado de trabalho. 1 INTRODUÇÃO Este trabalho versa sobre o Programa Nacional de Inclusão de Jovens Projovem Urbano como uma política pública Federal de aplicabilidade Municipal e sua repercussão no Mercado de Trabalho da qualificação profissional na área de Turismo e Hospitalidade. O Projovem é um Programa cujo objetivo é oferecer aos jovens de 18 a 29 anos, a inclusão social através da oportunidade educacional de conclusão do Ensino Básico (4º ao 9º ano), aliado a Participação Cidadã e a Qualificação Profissional. Ele é importante porque tem como proposta a inclusão social oportunizando uma possível mudança de vida para os jovens através da educação aliada a qualificação profissional e a cidadania. O

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PROJOVEM URBANO: UM ESTUDO SOBRE A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL PARA

O MERCADO TURÍSTICO DE JOÃO PESSOA, PARAÍBA.

Danielle Abrantes de Menezes

Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB

Nelson Rosas Ribeiro

Professor do Departamento de Economia - UFPB

RESUMO

A política pública deve buscar melhorias para a vida em sociedade, a exemplo de decisões no

âmbito da educação, da saúde e da segurança pública, como expressa a Constituição Federal

de 1988. Para tanto o governo é organizado a partir da construção da agenda política de um

governante; uma destas ações, no Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi a efetivação do

Projovem Urbano, como proposta de inclusão dos jovens de 18 a 29 anos no âmbito

educacional utilizando a tríade: Educação Básica, Qualificação Profissional e Participação

Cidadã. Como é aplicado nos municípios, Estados e no Distrito Federal, buscou-se analisar

neste trabalho o vetor da qualificação profissional deste programa, no Arco de Turismo e

Hospitalidade na cidade de João Pessoa, o perfil dos jovens egressos na qualificação de

Turismo, bem como a repercussão deste programa no mercado de trabalho. A partir deste

estudo foi possível perceber a dicotomia entre as propostas de Lei e a realidade educacional

no Brasil, a exemplo a focalização da educação, e ao estudar o Projovem Urbano, delinear o

perfil dos jovens da área de Turismo e Hospitalidade que, em sua maioria, ainda não tiveram

sua oportunidade no mercado de trabalho na sua formação de qualificação profissional.

Palavras-chave: Política Pública Municipal, Projovem Urbano João Pessoa, Turismo e

Hospitalidade, mercado de trabalho.

1 – INTRODUÇÃO

Este trabalho versa sobre o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – Projovem Urbano como

uma política pública Federal de aplicabilidade Municipal e sua repercussão no Mercado de Trabalho

da qualificação profissional na área de Turismo e Hospitalidade.

O Projovem é um Programa cujo objetivo é oferecer aos jovens de 18 a 29 anos, a inclusão social

através da oportunidade educacional de conclusão do Ensino Básico (4º ao 9º ano), aliado a

Participação Cidadã e a Qualificação Profissional.

Ele é importante porque tem como proposta a inclusão social oportunizando uma possível

mudança de vida para os jovens através da educação aliada a qualificação profissional e a cidadania. O

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aumento da escolaridade dos jovens e sua possível inserção no mercado de trabalho é fator importante

para o desenvolvimento da sociedade (DELORS, 1999).

A escolha deste tema para estudo deu-se a partir da atuação como educadora de qualificação

profissional da área de Turismo e Hospitalidade do Programa em duas edições, uma em 2008 e outra

2009, tendo a possibilidade de vivenciar de perto a execução do mesmo. Além disso, durante a

graduação em turismo pela UFPB foi possível estudar1 o turismo e a problemática que ele envolve, a

possibilidade de desenvolvimento deste setor de serviços no Nordeste brasileiro, com suas belas

características naturais e culturais, e a carência de mão-de-obra qualificada (BENI, 1997). O Projovem

Urbano vem procurar sanar as questões da qualificação para este serviço visando contribuir para o

desenvolvimento do turismo.

O crescimento saudável do turismo depende de profissionais responsáveis e compromissados

com a atividade. Caso a política pública do Projovem Urbano não esteja qualificando da forma

adequada, possivelmente os jovens, alvos do projeto, continuarão excluídos e as ofertas de empregos

continuarão necessitando de pessoas habilitadas a assumirem as vagas.

De forma mais abrangente e geral objetiva-se com este estudo Analisar o Programa Projovem

Urbano e suas repercussões no mercado de trabalho em Turismo e Hospitalidade na cidade de João

Pessoa. E, de maneira mais específica objetivou-se esclarecer os seguintes pontos:

Analisar o conteúdo do Projovem Urbano e o contexto social no qual ele se insere;

Analisar as estratégias e procedimentos que levam os futuros egressos ao mercado de trabalho;

Estudar como o mercado turístico percebe a atuação do Projovem Urbano;

Identificar se a proposta curricular do Programa efetivamente atende as necessidades e

expectativas do mercado;

Estudar o perfil dos egressos do Projovem Urbano.

Com isso buscou-se conhecer melhor o Projovem Urbano e sua aplicação na cidade de João

Pessoa.

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Conceituando Estado, Governo e Mercado: a busca do entendimento do governo

Lula, suas ideologias e aplicações no âmbito educacional.

1 Alguns estudos foram desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa: Desenvolvimento, planejamento e turismo (UFPB) / Linha

de Pesquisa: turismo e gestão do patrimônio cultural e natural.

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O Estado, o governo e o mercado compõem a organização base de funcionamento da

sociedade. No caso do governo, sua necessidade essencial foi de organização da vida da

população em sociedade, visto que cada indivíduo possui seu senso comum e seus conceitos

individuais, logo, seria necessária uma estrutura que permitisse organizar as ações do povo

num “consenso”, que trouxesse o menor prejuízo ao todo, e este é o sentido do voto: a eleição

do melhor representante.

Já os conceitos de Estado e Governo conforme Hofling (2001, p.02) é:

Estado como o conjunto de instituições permanentes – como órgãos legislativos, tribunais, exército e outras que não formam um bloco monolítico necessariamente –

que possibilitam a ação do governo; e Governo, como o conjunto de programas e

projetos que parte da sociedade (políticos, técnicos, organismos da sociedade civil e

outros) propõe para a sociedade como um todo, configurando-se a orientação

política de um determinado governo que assume e desempenha as funções de Estado

por um determinado período. [grifos meus]

Quanto ao mercado, este é caracterizado pelas empresas privadas que oferecem

produtos e serviços à sociedade, funcionando através de comercialização como ato de troca,

compra ou venda de mercadorias por “instituições” com a participação de “agentes”. Este

Mercado pode ser regulamentado pelo Estado para que os objetivos da coletividade sejam

atendidos, não ferindo os princípios legais.

Estes conceitos são importantes para que possamos entender como funciona a

organização da sociedade e, principalmente as ideologias e os modelos de Estado que mais se

destacaram na sociedade a fim de entendermos as características do Governo de Luiz Inácio

Lula da Silva e suas políticas públicas, dentre das quais se encontra o Projovem Urbano.

Dos ideais do Liberalismo e do Marxismo surgiram os principais modelos de Estado

como o Estado Liberal (Estado mínimo), o Estado Socialista, o Estado de bem-estar social e o

Neoliberalismo.

Para explicar as duas ideologias dominantes e importantes para a sociedade, pedimos

auxílio à Coelho (2009) e às suas reflexões.

A partir desta reflexão podemos fazer algumas considerações sobre o Governo Lula no

Brasil e suas ações no âmbito da educação, no caso, o Projovem Urbano.

Podemos dizer que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva adotou um modelo de

Estado onde se misturam características do Estado de Bem-estar social, e do Estado

Neoliberal, antes tão criticado pelo Partidos dos Trabalhadores – PT. Desta forma procura

“beneficiar”, de um lado, a população mais carente, mas, do outro, o empresariado.

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Coelho (2009) desde então descreve, para o nosso melhor entendimento o conceito básico

dos dois modelos de Estado utilizados no Governo Lula.

O Estado de bem-estar social - Criado no mundo após a crise de 1929, com a queda da

Bolsa de Valores de Nova Iorque, trouxe a necessidade da intervenção forte do Estado na

economia para reajustar a vida dos cidadãos; a forma de intervenção Estatal foi marcada pela

oferta de seguros (saúde, desemprego, entre outros). Contudo após um bom período de

bonança de cerca de 30 anos, este modelo de Estado não mais se desenvolvia, havendo uma

estagnação na economia, e uma inflação, ambos agravados pela crise do Petróleo na Guerra

de Yom Kipur (1973) e após a Revolução Islâmica (1979).

O Estado Neoliberal - Com a decadência do Estado de Bem-estar social ressurgiram os

ideais Liberais, todavia de forma renovada e mais adaptada às inovações tecnológicas e à

abertura comercial mundial, com a globalização. Para os neoliberais setores como do mercado

de trabalho e capitais, e de bens e serviços não deveriam ser regulados pelo Estado para

funcionar bem. O Estado seria reduzido a dimensões mínimas.

Sobre o Estado de bem-estar social, no Brasil, denominado Estado desenvolvimentista,

podemos afirmar, segundo Coelho (2009), que o Brasil, apresentou peculiaridades diante dos

demais países que adotaram o mesmo regime de Estado. Para atender aos requisitos propostos

o Estado teve que inovar a legislação brasileira; criar novas instituições, reestruturar o Estado;

criar e implementar Políticas Públicas e Sociais. Então o que é o no que resulta a Política

Pública?

A política pública (policy) é a resultante de uma ação política (politics), isso quer dizer

que, numa ampla possibilidade de escolhas, de necessidade populacional ou não, os atores

governamentais escolhem algumas ações que farão parte da sua agenda.

Decorrente da política, as políticas públicas, então, passam por um ciclo que envolve

conflituosamente governo e sociedade na busca de melhorias e soluções, revelando o modelo

interativo-iterativo da ação de concretização da política pública, desde sua implementação

passando por seu monitoramento e avaliação final. Desta forma acontece com todo o ciclo

governamental, independente de partidos políticos ou modelos de Estado. Assim, forma-se a

arena política que tende a escolher as políticas públicas que “maximizem” suas preferências,

possivelmente apoiadas no que os partidos políticos da situação mais atuantes decidem.

É possível considerá-las como estratégias que apontam para diversos fins, todos

eles, de alguma forma, desejados pelos diversos grupos que participam do processo

decisório. A finalidade última de tal dinâmica – consolidação da democracia, justiça social, manutenção do poder, felicidade das pessoas – constitui elemento orientador

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geral das inúmeras ações que compõem determinada política. Com uma perspectiva

mais operacional, poderíamos dizer que ela é um sistema de decisões públicas que

visa a ações ou omissões, preventivas ou corretivas, destinadas a manter ou

modificar a realidade de um ou vários setores da vida social, por meio da definição

de objetivos e estratégias de atuação e da alocação dos recursos necessários para

atingir os objetivos estabelecidos.” (SARAVIA, 2006, p.29) [grifos meus]

E, desta forma, o estudo da política pública de educação nos Governos LULA e

DILMA torna-se importante, principalmente no que tange a uma política pública que busca,

dentre outros objetivos, a qualificação profissional dos jovens. Para tanto, a política pública

Federal torna-se aplicável através da parceria dos Estados, dos Municípios e do Distrito

Federal, onde o Programa Projovem Urbano é executado. E, como se encontra expresso no

“Catálogo de Programas do Governo Federal (2008)” destinados aos municípios, há a

necessidade da assinatura do Termo de adesão dos representantes Estaduais e Municipais.

(Brasília, 2008). Esta ação apresenta-se como modelo Top-down, já que é uma política

pública criada no Governo Federal, porém direcionada para os Estados e Municípios. Mas, de

acordo com a legislação de criação do Programa, há características no Projovem Urbano

também do modelo interativo-iterativo quando, na pesquisa realizada pelo IBGE, percebe-se a

necessidade social da aplicação de tal ação política.

Os indicadores econômicos auxiliam então o Poder Público, no caso do Sistema

Público, a mensurar, em média, a situação da população para escolher medidas e projetos

eficazes para a melhoria da qualidade de vida do povo. Como afirma Jannuzzi (2009) apenas

um indicador é incapaz de demonstrar a realidade e a particularidade de cada comunidade. A

aplicação de várias pesquisas, associada ao levantamento in locu da realidade das

comunidades faz com que haja uma percepção mais apurada da realidade, logo metodologias

como a de Gini, o IDH e outras formas de medidas (fotografias, filmagens, entre outras) faz

com que a construção de Projetos seja mais eficaz.

2.2 A educação pública no Brasil: um problema de política educacional?

O Sistema Educacional no Brasil é um Direito social previsto na Constituição Federal

de 1988. Na própria Carta Magna está prevista a criação de uma Lei para regulamentar a

Educação no país, sendo ela a Lei de Diretrizes e Base da Educação - LDB, Lei nº 9.394, de

20 de dezembro de 1996. “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o

trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à

infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” Brasil (2010)

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De acordo com a Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 1988) a educação, a saúde,

a previdência e a moradia de qualidade são direitos básicos. Todavia, nem todos os brasileiros

têm acesso a esses direitos, apesar de cumprirem com seus deveres sociais, como o

pagamento de seus impostos.

A partir da LDB há uma estrutura segmentada da educação, de acordo com o grau de

instrução e os objetivos de cada um deles: a Educação infantil, para crianças de 0 a 6 anos;

Ensino fundamental, para crianças de 7 a 14 anos; o Ensino Médio e Profissionalizante, e por

fim o Ensino Superior.

No Capítulo III, Seção I, Art. 212 da Constituição Federal do Brasil, redação dada pela

Emenda Constitucional nº 59, de 2009, observa-se a seguinte afirmação no § 3º “A

distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades

do ensino obrigatório, no que se refere à universalização, garantia de padrão de qualidade e

equidade, nos termos do plano nacional de educação” [grifos meus].

De forma conceitual há uma diferenciação entre a Universalização e a Focalização nas

políticas públicas. A Focalização refere-se à aplicação direcionada de recursos em um

determinado Projeto governamental, onde haja características específicas e delimitadas, a

exemplo dos Projetos Sociais, como o Bolsa Família. Geralmente atingindo uma classe social

ou um grupo específico de pessoas, consideradas excluídas, à margem da sociedade. Já a

Universalização é a aplicação dos recursos de forma ampla que atenda a toda a sociedade,

sem delimitações ou restrições. A Universalização está diretamente ligada aos Direito

Fundamentais dos Cidadãos, como saúde, educação, previdência, entre outros; mas nem

sempre o alcance universal da educação é possível, visto que muitos jovens encontram-se fora

da faixa etária para a finalização do Ensino Básico regular, havendo a necessidade do governo

criar novos projetos e programas para atender a este público, como o EJA e o Projovem

Urbano

Santos (2009) refere que no Brasil existem as duas formas de direcionar as Políticas

Públicas, todavia percebe-se que esta aplicação, de forma universalista e focalizada, é

importante. No entanto, a Lei Maior do Brasil, a Constituição Federal de 1988 é ferida com a

ação das políticas focalizadas, isto porque ao invés de se investir para suprir as necessidades

de todos, proporcionando a equidade, acirra-se mais a desigualdade, tratando o igual como

diferente. Um exemplo desta ação é a Proposta do Programa Nacional de Inclusão de Jovens –

Projovem Urbano, criado para Incluir jovens de 18 a 29 anos que estão fora da faixa etária

para cursarem o Ensino Fundamental em Escola regular. Esta é uma política pública

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focalização, na medida em que o Governo Federal dá subsídio, inclusive financeiro aos

alunos, para incentivá-los a estudar. Contudo paralelamente faz-se necessária a continuidade

da escola regular para que este aluno venha a ser inserido nela e assim finalize o Ensino

Médio, por exemplo.

O problema é que ao investir em políticas focalizadas o Estado está deixando de

investir nas políticas universalistas causando um déficit social, o que é preocupante e injusto.

Segundo Santos (2009), em pesquisas oficiais, percebe-se que houve um avanço na

educação básica no Brasil, onde cerca de 97% dos alunos da faixa etária de 7 a 14 anos, ideal

para o ensino básico, matriculam-se.

Contudo podemos esclarecer que não é a taxa de matrícula que mede a qualidade do

ensino, ou mesmo a quantidade de jovens que realmente terminam a Educação Básica. Em

pesquisa realizada no Jornal Estadão, de 19 de janeiro de 2010, está expresso que, no

Relatório das Nações Unidas, a qualidade da Educação no Brasil ainda é precária,

principalmente no Ensino Básico, onde a maioria dos alunos não chega a concluir o 5º ano.

Para diminuir esta dicotomia entre Lei e realidade a LDB também legaliza aspectos da

educação de Jovens e Adultos, que é destinada aos jovens que não tiveram acesso ou não

deram continuidade ao ensino fundamental ou médio em idade apropriada; garante também

uma educação adequada a faixa etária deste grupo. Isso porque segundo Novaes (2007, p.02):

A juventude é como um espelho retrovisor da sociedade. Mais do que comparar

gerações é necessário comparar as sociedades que vivem os jovens de diferentes

gerações. (...). Os jovens do século XXI, que vivem em um mundo que conjuga um

acelerado processo de globalização e múltiplas desigualdades sociais, compartilham

uma experiência geracional historicamente inédita.

Apesar da garantia legal da qualidade, universalização e equidade na educação básica

e do reconhecimento da disparidade existente entre crianças e jovens no Ensino Fundamental,

com a criação de Projetos específicos para a juventude observa-se no Brasil problemas

permanentes que provavelmente precarizam o Ensino Fundamental.

2.3 O Turismo e suas repercussões no mercado e no desenvolvimento econômico no

país.

A atividade turística expande-se no mundo inteiro e seus indícios históricos são registrados

desde a Roma Antiga com os conhecidos “Grand Tour Europeu”. Fatores sociais, econômicos e

políticos aliados as mudanças no mundo do trabalho e consequentemente a expansão do tempo livre,

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fazem com que a atividade cresça de forma encadeada. Por movimentar a economia mundial

globalizada, a atividade turística abre espaço para novas oportunidades de empregos em todas as áreas

e para todos os níveis de escolaridade como expressa Coriolano (2005) ao relatar que o Turismo pode

ser globalizado, mas também inclusivo ao proporcionar oportunidades de emprego a população de

baixa renda, reduzindo a pobreza e fazendo circular a economia.

(...) pode-se encontrar experiências que fogem do modelo do turismo globalizado, que

privilegiam os lugares e, sobretudo, que têm como finalidade o desenvolvimento e a valorização das pessoas, das micro-economias, fazendo do turismo uma estratégia de

combate à pobreza. (CORIOLANO, 2005, p. 303)

Mas como então poderíamos definir a atividade turística em seu contexto holístico?

Definições não faltam para expressar o que significa esta atividade geradora de divisas

mundiais, todavia adotamos o conceito geral da Organização Mundial do Turismo – OMT: o

turismo “compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas

em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano,

com finalidade de lazer, negócios ou outras” (SANCHO, 2001, p. 38). Além disso, quatro

características são imprescindíveis no desenvolver da atividade: a demanda, o que busca o

turista; a oferta, o que cada destino tem a fornecer/oferecer; o espaço geográfico e suas

características climáticas, estruturais, etc. Além disso devem ser considerados os operadores

de mercado, ou seja, as agências de viagem, hoteís, bares e restaurantes, entre outros.

O aumento do PIB do Brasil, a melhoria nos déficits da balança comercial e diminuição da

dívida externa do país, segundo Rabahy (2003, p. 36) mostram que esta atividade expande-se no

Brasil como fator de desenvolvimento.

Dentro desse quadro econômico e ante as restrições de divisas, passa-se a valorizar, também

no Brasil, o turismo como “fator econômico”, atividade que, além de propiciar aumento na

produção de outros setores e no nível de emprego, é capaz de gerar saldos de divisas em sua

conta externa, contribuindo para a diminuição dos déficits da balança de pagamentos e do

agravamento da dívida externa.

As oportunidades de emprego surgidas a partir do crescimento deste setor de serviços faz com

que haja uma possibilidade maior de inclusão social da população mais carente através da qualificação

profissional. Em que sentido o termo desenvolvimento então estaria associado à inclusão social? De

acordo com Kushano e Almeida (2008), principalmente desde a década de 1950, que discussões são

projetadas para se entender o turismo, por sua amplitude econômica e social e os impactos que esta

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atividade suscita e envolve. Isso possibilita a discussão sobre inclusão e exclusão, mas focalizando o

indivíduo, como propõem o Política de Juventude macro-econômica do Projovem Urbano2.

A atividade turística então poderia fazer parte deste vetor de desenvolvimento do país. Aliás,

há uma diferença entre crescimento e desenvolvimento, um país ao crescer percebe-se um aumento na

circulação de divisas, contudo não obrigatoriamente com uma distribuição mais igualitária dos bens, já

o desenvolvimento é capaz de proporcionar uma melhor qualidade de vida a população3.

Para que esta ação obtenha sucesso pode haver ou não a intervenção do Governo na formulação

de políticas públicas para a organização, qualificação e inserção do povo no mercado de trabalho,

como do turismo. Neste contexto de inclusão, desenvolvimento e turismo, surge o Projovem Urbano

aplicado em todo o Brasil. Com isso Sancho (2001, p. 26) expressa que “O crescimento contínuo

do turismo, também motivará maiores investimentos no setor e nas políticas públicas

governamentais dirigidas a planificar o se desenvolvimento”.

Na relação entre cliente e mercado turístico deve existir uma relação sadia de forma que

o poder público deve ser o regulador da atuação dos agentes privados para que o setor privado

não se afaste do objetivo principal dela, a prestação de serviços. O Mercado de trabalho, em

seu efeito multiplicador, proporciona várias oportunidades e trabalho e esta “oferta de

trabalho na região deve estar em consonância com as necessidades do setor turístico, e se

não for assim, este não poderá vir a ser um autêntico setor produtivo e seu efeito

multiplicador não chegará a ser notório na economia da região” (SANCHO, 2001, p.169).

Portanto a qualificação profissional é fundamental para o funcionamento do setor de

serviços, todavia esta qualificação deve estar em consonância com as necessidades de

mercado.

Por trabalharem com a categoria serviços intangíveis a qualidade na formação dos

profissionais para a prestação dos serviços é imprescindível, logo:

(...) a formação de qualidade em todos os níveis é indispensável para obter

profissionais flexíveis, que sejam capazes de satisfazer as necessidades dos clientes

e as da própria indústria turística, sentindo-se, ao mesmo tempo, motivados e

envolvidos na organização em que trabalham. (SANCHO, 2001, p.348)

3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2Considera-se a Política de Juventude para o Projovem Urbano por estar localizada no Governo Federal para a sua expansão

em instância estadual e municipal, contudo tendo como objetivo a inclusão de cada indivíduo que encontrava-se excluído da

oportunidade de recuperar seus estudos e obter uma qualificação profissional na busca de um trabalho digno.

3 Para Almeida e Costa (2007: 4), “a dimensão conceitual do desenvolvimento reposta a condição de melhoria do padrão

geral de vida e bem-estar da população, fato que, segundo o Banco Mundial, é alcançado por meio de um conjunto de

riquezas, entre elas os recursos naturais, físicos, outros ativos produzidos, bem como os recursos humanos e o capital social”

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Como metodologia de pesquisa utilizamos a pesquisa bibliográfica em livros da área de políticas

públicas, de turismo, da sociologia, da história, entre outras áreas, bem como o estudo de alguns

documentos Oficiais de construção e base para o Projovem Urbano, como o Plano Político

Pedagógico Integrado – PPI, a Lei de Diretrizes e Base na Educação Nacional, a Constituição Federal,

entre outros, para que se conheça de forma mais detalhada o que já existe de escritos sobre o Programa

Federal. Além das bibliotecas utilizou-se a internet como meio de busca de artigos já publicados em

Congressos ou Livros on line, tanto sobre Turismo, como sobre o Projovem Urbano.

Já para sondar o perfil dos jovens do Projovem Urbano, no que tange a Qualificação profissional na

área de Turismo e Hospitalidade, na ocasião do Evento da Ciranda da Qualificação Profissional,

ocorrida no dia 11 de novembro de 2011, onde a maior parte dos alunos estavam presentes, aplicamos

30 questionários o que representa 10% da população de jovens deste Arco Ocupacional da

Qualificação Profissional.

Após a aplicação do questionário e após refletir sobre o mesmo e sua aplicação observamos que

como o Evento foi da Qualificação Profissional e os alunos interessados foram os que estavam

presentes no mesmo, pode ter havido uma focalização no público de alunos mais participativos, o que

pode ter influenciado o resultado das pesquisas. Como todos os alunos de todos os 26 Núcleos foram

convidados para o evento, a possível distorção não foi intencional e não invalida o resultado.

Já quanto às entrevistas com a representação do Mercado, a indisponibilidade dos representantes da

ABIH, bem como da ABRASEL de responder as questões presencialmente, obrigou ao enviá-lo por

e-mail e, apesar de toda a insistência as respostas não foram obtidas.

A solução seria aplicar questionários aos empreendimentos que empregam ou empregaram alunos

formados pelo programa, o que não foi possível.

Já na entrevista com a Coordenadora Geral do Projovem Urbano, Patrícia Drieskens, houve uma

abertura para o diálogo e ocorreu como planejada.

Quanto a coleta dos dados para pesquisa, como no IBGE, PNUD, entre outros, fizemos a busca

pelos dados mais atuais acessíveis ao público.

4 - ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1 – O Projovem Urbano, qual a necessidade de sua criação, que Programa é esse?

O Programa Nacional de Inclusão de Jovens e Adultos – Projovem Urbano surgiu a

partir de uma Política de Juventude para a inclusão de jovens à margem da sociedade por

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vários motivos, como exclusão do mercado de trabalho e da vida escolar. Este Projeto nasceu

no ano de 2005 quando denominava-se Programa Nacional de Inclusão de Jovens -

Projovem, que incluía jovens de 18 a 24 anos, oferecendo para eles acesso de qualidade a

educação básica, qualificação profissional, participação e ação comunitária. No entanto o

Projovem foi apenas um Projeto experimental para posterior implantação da Política Nacional

de Juventude e ampliação dos horizontes do Programa.

O Programa, regulamentado pelo Decreto n° 5.557, de 05/10/2005, obteve parecer

favorável da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação

CEB/CNE 2/2005, de 16/03/2005, aprovado pela Resolução 3/2006, de 15/08/2006,

como um curso experimental, de acordo com o artigo no 81 da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional. Dessa forma, viabilizou-se, por meio dos sistemas de

educação a certificação de conclusão do ensino fundamental e de qualificação

profissional (formação inicial). (Brasília, 2008, p. 13-14)

Após o período de experimento inicial, de 2005 a 2008 o Projovem passou então a ser

subdividido em modalidades sendo uma delas o Projovem Urbano, categoria expressa na Lei

11.692 de 10 de junho de 2008 que, em seu artigo 2º, inciso I, caracteriza a aplicação do

Programa nos Municípios, Estados e Distrito Federal, contanto que seja em zona urbana, com

200 mil habitantes.

Antes o Projovem atendia a uma clientela de jovens de 18 a 24 anos, já a nova

categorização do Programa em Projovem Urbano trouxe consigo modificações como a

ampliação da idade do público-alvo, jovens de 18 a 29 anos, que saibam, no mínimo, ler e

escrever e não tenham ainda concluído o Ensino Fundamental.

E como os alunos são selecionados? A partir da apresentação do histórico escolar ou

da aplicação de uma prova de conhecimentos básicos, no ato da matrícula. Vejamos o que

expressa a Lei 11.692 (BRASIL, 2008):

Art 11. Projovem Urbano tem como objetivo elevar a escolaridade visando à

conclusão do ensino fundamental, à qualificação profissional e ao desenvolvimento

de ações comunitárias com exercício da cidadania, na forma de curso, conforme previsto no art. 81 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Por traz desta organização do Projovem Urbano encontram-se os atores políticos,

dentre eles os atores governamentais, como o Presidente da República Luiz Inácio Lula da

Silva, que, por pertencer ao Partido dos Trabalhadores – PT, apresentara propostas sociais

para a população, sem deixar de lado as políticas Neoliberais.

O monitoramento e a avaliação do Projovem Urbano (PPI, 2008) é baseado no

modelo denominado “Sistema de Monitoramento e Avaliação do Programa”, com o intuito de

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avaliar a oferta local do Programa, monitorar matrícula, frequência, avaliação interna e

externa à sala de aula e fazer uma avaliação pedagógica e geral do Programa. Para tanto, este

exame é realizado pelas Universidades Federais distribuídas pelas cinco regiões geográficas

brasileiras.

Todavia percebe-se que a visão de atores externos ao processo da sala de aula traz

bonanças, como a não influência na aplicação das avaliações, e uma visão mais limpa do

processo. A possibilidade de se mascarar os dados obtidos nas pesquisas, por exemplo, é

possível, já que as Universidades Federais não participam da regularidade e funcionamento

dos Núcleos. A avaliação também é proposta do PPI e realizada da mesma forma que o

monitoramento.

Os alunos do Programa recebem uma quantia de R$ 100,00, como auxílio de custo

para a educação, e o recebimento está condicionado ao cumprimento de 75% de frequência e

75% das atividades obrigatórias de cada mês.

O Programa está organizado em Unidades Formativas – UF’s, de I a VI. O material

didático (livros) é disponibilizado a cada Unidade Formativa e contém o conteúdo das sete

matérias multidisciplinares ministradas; exceto a dos Arcos Ocupacionais, que compõe a

Qualificação Profissional ,por possuir material específico, livro do Arco escolhido e Caderno

do Projeto de Orientação Profissional. A cada UF os alunos são submetidos a avaliação

objetiva, corrigida e monitorada pelos educadores e, a cada duas UF’s são submetidos a

Avaliação de Ciclo, com uma prova objetiva, de monitoramento e correção da Universidade

Federal da Paraíba- UFPB, responsável pelo Monitoramento na cidade de João Pessoa. Logo

são seis avaliação de Unidades Formativa e 3 avaliações de Ciclo. Além dessas soma-se à

pontuação a autoavaliação realizada pelo por aluno no Caderno do CRA e por fim a avaliação

do Exame Nacional Externo, no final de todos os 18/20 meses de aula, todos de forma

simultânea e cumulativa.

Mas qual seria a necessidade da criação deste Programa ao observarmos aspectos

socioeconômicos de alguns Estados do Brasil?

Dentre os diversos indicadores socioeconômicos existentes para subsidiar o

planejamento das ações públicas, assim como para medir os índices sociais e econômicos dos

Estados brasileiros, escolheu-se três deles para detalhar neste trabalho: A taxa de

analfabetismo da população de 15 ou mais anos; o Produto Interno Bruto (PIB) per capita e

os Indicadores de Pobreza, referentes aos Estados da Paraíba, São Paulo e Pará. Os

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indicadores foram escolhidos em anos diferentes pela indisponibilidade dos dados buscados

nos mesmos anos.

A taxa de analfabetismo é importante, pois faz a medição do grau de analfabetismo da

população adulta que não sabe sequer escrever um bilhete simples, assim proporciona uma

análise da demanda de situações que necessitam de análise profunda na educação; contrapõe o

desenvolvimento do Estado associado ao aspecto educacional da população (explicando um

pouco sobre a situação de vida da população) possibilitando um melhor planejamento das

ações estratégicas para a melhoria deste indicador.

O PIB per capita refere-se ao valor médio, por indivíduo, de bens e serviços

produzidos em moeda corrente, medindo a proporção entre população e produção; o nível de

produção econômica de um espaço geográfico. Contudo este indicador é passível de esconder

a forte concentração de renda existente no país. Ao contrapormos o PIB aos Indicadores de

pobreza, essa desigualdade se evidencia, como veremos abaixo.

Já os indicadores de pobreza referem-se à população com renda até meio salário

mínimo, dimensionando a pobreza nas diferentes variações geográficas.

A partir dessa tríade é possível associar a pobreza da população relacionada ao nível

de educação e paralelamente à concentração de renda nas mãos de poucas pessoas.

Vejamos as tabelas abaixo para entendermos melhor os três Estados estudados das

regiões Nordeste, Norte, Sudeste.

Tabela 01: PIB per capita dos Estados da Paraíba, São Paulo e Pará dos anos 1996, 2000 e

2003 (em Reais).

ESTADO ANO

1996 2000 2003

PARÁ 13.855,00 18.914,00 29.215,00

PARAÍBA 6.549,00 9.238,00 13.711,00

SÃO PAULO 272.035,00 370.819,00 494.814,00 Fonte: IBGE/DATASUS (1996, 2000, 2003)

Tabela 02: Taxa de Analfabetismo dos Estados da Paraíba, São Paulo e Pará dos anos 1992,

1999 e 2008.

ESTADO ANO

1992 1999 2008

PARÁ 14,03% 12,43% 11,86%

PARAÍBA 35,41% 25,92% 23,49%

SÃO PAULO 8,90% 6,17% 4,74%

Fonte: IBGE/DATASUS (1992, 1999, 2008)

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Tabela 03: Indicadores de Pobreza (% pobres) dos Estados da Paraíba, São Paulo e Pará dos

anos 1991, 2000 e 2003.

ESTADO ANO

1991 2000 2003

PARÁ 55,87% 51,89% 43,14%

PARAÍBA 69,04% 55,26% 57,48%

SÃO PAULO 12,86% 14,37% 26,60% Fonte: IBGE/DATASUS (1991, 2000, 2003)

Pelos dados pode-se perceber que no Estado de São Paulo que uma minoria da

população é analfabeta, mas ao longo do tempo a taxa de pobreza cresce e o PIB aumenta,

refletindo a desigualdade socioeconômica. Os dados foram coletados em períodos distintos

porque a apresentação de todos os dados não são disponibilizados periodicamente em

modelos iguais e acessíveis.

Na Paraíba e no Pará o índice de pobreza é alto, o PIB aumenta e a taxa de

analfabetismo diminui paulatinamente. O Estado de São Paulo (Região Sul) é o que mais

cresce e, provavelmente, o que mais cobra qualificação da população; já a Paraíba (Região

Nordeste) necessita de mais investimento na educação e na melhoria de vida para diminuir a

pobreza que é alta; e no Pará a pobreza também é alta. A característica idêntica a todos os

Estados é a desigualdade social e a alta concentração de renda, já que maior parte da

população é pobre na Paraíba e no Pará e este índice só aumenta para o Estado de São Paulo.

Daí a importância da análise dos índices socioeconômicos, observar as características

peculiares dos territórios e poder analisá-los no contexto histórico para a melhor compreensão

da conjuntura atual e planejar melhorias, estratégias e ações.

4.2 – A política pública do Projovem Urbano na cidade de João Pessoa: a qualificação

profissional em Turismo e Hospitalidade e o perfil dos alunos.

Na cidade de João Pessoa, o Programa Projovem Urbano iniciou em 06 de abril de

2009, com o apoio da Prefeitura Municipal de João Pessoa, que cedeu salas das escolas

municipais, no total de 26, e com isso o Projovem Urbano compôs os 26 Núcleos de atuação

na cidade, distribuídos na maioria dos bairros carentes, e onde houve maior procura por

inscrição. Já na quinta entrada do Programa 2010-2011 houve a abertura de 20 núcleos em

outras áreas ainda não abrangidas antes pelo Programa.

Para a execução do Programa o Governo Federal repassa a verba através de Convênio

(RESOLUÇÃO/CD/FNDE nº 22 de 26 de maio de 2008 e RESOLUÇÃO/CD/FNDE nº 29 de

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19 de junho de 2009,) com a Prefeitura Municipal de João Pessoa. Além disso, a Prefeitura

também tem uma contrapartida financeira complementando os salários dos professores, com

uma gratificação, além da sessão da utilização das escolas, fardamentos entre outros

benefícios.

Os Municípios e os Estados entram em parceria para a execução do Programa, com a oferta dos

espaços das escolas públicas, material básico para os alunos (caderno, caneta, mochila, fardamento),

gratificação para os educadores, espaço na Secretaria de Educação para a equipe de apoio de

Coordenação do Programa, e Coordenação e auxílio da Secretaria de Educação para Gerir o

Programa.

Mas qual a importância de políticas públicas como o Projovem para a educação de jovens? A

melhoria da qualidade do ensino no Brasil, assim como o aspecto da inclusão e da oportunidade aos

jovens, fora da faixa etária, de 18 a 29 anos deve melhorar? De acordo com Carrano (2007, p.60)

podemos refletir:

Quanto à qualidade do ensino (fundamental e médio), a situação brasileira é de crescente piora nos índices de qualidade que afeta, de forma mais intensa e

preponderante, a rede escolar pública. As desigualdades regionais e intra-regionais

que se verificam nas estruturas básicas da vida material também se expressam na

diferenciação do acesso e permanência na escola, aos aparelhos de cultura e lazer e

aos meios de informação, especialmente no difícil acesso dos jovens mais

empobrecidos a computadores e Internet.

Mas, e a qualificação profissional ofertada pelo Projovem Urbano na cidade de João

Pessoa?

De acordo como o Manual de Orientações Gerais do Projovem Urbano a qualificação

profissional tem como objetivo:

o planejamento, a produção e a comercialização de bens e serviços, de modo que o jovem se

prepare para ser empregado, mas também pequeno empresário ou sócio de cooperativa (...) a

Qualificação Profissional inclui ainda a Formação Técnica Geral (FTG), que aborda

aspectos teórico-práticos importantes para qualquer tipo de curso profissionalizante”.

(SALGADO, M. U. C. 2009, p.24).

Como vimos o Projovem Urbano funciona com o currículo integrado: Educação

Básica, para os alunos que não concluíram o Ensino Fundamental e que incluem as disciplinas

de Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Matemática, Ciências Humanas e Ciências Naturais;

aliado a isso insere-se a Qualificação Profissional composta pela Formação Técnica Geral -

FTG e os Arcos Ocupacionais que são 23 a escolha do Município, de acordo com cada

realidade; e ainda a Participação Cidadã, formação dos alunos para o exercício pleno da

cidadania.

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Quanto aos Arcos Ocupacionais, proposta de estudo deste trabalho, há a opção de

escolha entre 23 deles que possuem material didático específico, pois em FTG o material é

integrado ao conteúdo do Ensino Fundamental. Os Arcos Ocupacionais Oferecidos são:

Administração, Agroextrativismo, Alimentação, Arte e Cultura I, Arte e Cultura II,

Construção e Reparos I, Construção e Reparos II, Educação, Esporte e Lazer, Gestão Pública

e Terceiro Setor, Gráfica, Joalheria, Madeira de Móveis, Metalmecânica, Pesca e Piscicultura,

Saúde, Serviços Domésticos I, Serviços Domésticos II, Serviços Pessoais, Telemática,

Transporte, Turismo e Hospitalidade e Vestuário.

A proposta da Qualificação Profissional (SALGADO, M. U. C, 2009) está alicerçada

da organização e tecnologia (conhecimento), autonomia e solidariedade (Valores) e

estratégias de inserção no mundo do trabalho (oportunidade). Cada cidade então poderá

oferecer de 2 a 5 Arcos Ocupacionais onde cada um está composto por quatro Ocupações. No

caso do Arco de Turismo e Hospitalidade as ocupações são: Organizador de Eventos,

Recepcionista de Hotel, Agente de Turismo Local e Cumim, que juntos compõem 247 horas

de aula.

Para os arcos ocupacionais o registro é realizado através do CRA e fica a critério do

educador a realização de demais atividades como relatórios de aula de campo, provas, entre

outros instrumentos que possibilitem avaliar os alunos.

Diante de todo o exposto sobre o Projovem Urbano e o seu aspecto fundamental da qualificação

profissional, considera-se a reflexão de Ferreira e Souza (2011, p.05) relevante:

A reinserção do indivíduo na sociedade trazendo-o de volta ao contexto escolar

como momento de favorecer o aprendizado, constitui um dos grandes desafios da

contemporaneidade porque é preciso dar ênfase às modificações sofridas pela

sociedade do conhecimento, no qual se exige um profissional qualificado para

enfrentar o mundo do trabalho.

Mas qual seria a contribuição do Projovem urbano para a cidade de João Pessoa,

aliando a esta cidade os aspectos da Qualificação Profissional? Qual o perfil da cidade de João

Pessoa perante a atividade turística?

A cidade de João Pessoa, localiza-se a 08º07’ de latitude sul e 341º52’ de longitude

oeste, por sua posição geográfica é a cidade que possui o ponto Extremo Oriental das

Américas. A capital paraibana já nasceu com a categoria de cidade (RODRIGUEZ, 1995,

p.14) e suas primeiras edificações marcam então o início do uso e da ocupação do solo da

cidade, como discorre Silveira (1999, p.21-22):

Iniciaram-se as primeiras edificações: um forte no rio Sanhauá, frente ao Varadouro;

o engenho Real Tibiri; a capela de Nossa Senhora das Neves, na área onde hoje se

situa a Catedral da capital paraibana; a abertura da rua Nova (atual General Osório);

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cadeia, casa de Câmara e Açougue. As ordens religiosas se instalaram: os

franciscanos da ordem de Santo Antônio, iniciando a construção da igreja de São

Francisco e do convento de Santo Antônio; os jesuítas, chegados desde as primeiras

expedições, fixando-se em São Gonçalo; os beneditinos , que construíram o

Mosteiro de São Bento, na rua Nova; os missionários carmelitas, que fundaram o

convento de Nossa Senhora do Carmo, na atual Praça Dom Adaulto.

O crescimento e a urbanização da capital, no século XVIII, era vagarosa, tanto que a

cidade ainda possuía aspectos rurais. Entretanto esta situação modifica-se em meados do

século XIX, como o desenvolvimento da cultura do algodão no Nordeste (KOURY, 2004).

Isso ocorre por causa do aumento das divisas econômicas que vem impulsionar o crescimento

populacional e social. No entanto é com a urbanização da Lagoa do Parque Solon de Lucena,

no século XX. Desta forma, a cidade avança em sentido leste (ao mar); criam-se novos

bairros, e avenidas como a Epitácio Pessoa são construídas. Com isso, começou-se a

desvalorizar o centro da cidade, onde antes viviam as famílias mais ricas. Estes vão morar nas

avenidas principais e por volta de 1970 começam a povoar a região da praia. (KOURY,

2004).

No século XXI (2010), se compararmos com os dados históricos, veremos que a

capital do estado da Paraíba, sofreu grandes alterações. Com uma população de 723, 514 mil

hab. (2010), está atualmente com cerca de 99% de seu território (211, 47 Km²) urbanizado,

bem diferente do que vislumbrava-se no século XVIII. Mesmo com o crescimento

populacional a cidade ainda possui problemas básicos para se preocupar; o Índice de

Desenvolvimento Humano – IDH municipal é de 0,783 (em 2000) , baixo; a Taxa de

analfabetismo (15 anos ou mais) ainda é de 8,1% (Censo 2010) e o mais preocupante a Taxa

de mortalidade infantil (até 1 ano de idade): 40,40 por mil nascidos (em 2000). Estes dados

requerem medidas de planejamento urgentes para que haja uma melhoria nos índices da

capital, só assim haverá uma melhoria na vida da população.

Mesmo com todos estes índices a cidade de João Pessoa possui vocação turística na

medida em que possui títulos como o “Ponto Extremo Oriental da Américas” por se localizar

em posição estratégica mais próxima da África; A cidade “Onde o sol nasce primeiro”, título

consequente de sua posição estratégica; além disso, possui o terceiro centro histórico mais

antigo do Brasil, com características coloniais específicas e importantes para a história do

Brasil. A hospitalidade da população pessoense e paraibana apresenta peculiaridade

aconchegante que a faz bem quista por muitos turistas visitantes. A cidade também se

posiciona vizinha a capitais importantes como Natal e a Metrópole Recife, mas com mais

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tranquilidade e valores mais acessíveis e passeios esplendorosos. Estas são básicas vocações

desta cidade acolhedora.

4.2.1 – Análise da população atendida pelo Projovem Urbano da cidade de João Pessoa,

do Arco Ocupacional da Qualificação Profissional em Turismo e Hospitalidade.

O resultado dos questionários aplicados aos alunos nos mostrou os seguintes

resultados.

O perfil dos jovens e suas expectativas e construções a respeito do Projovem Urbano e

da Qualificação Profissional em Turismo e Hospitalidade foi identificado através da aplicação

de questionários como observa-se abaixo.

Gráfico 01: Faixa etária dos alunos do Projovem Urbano João Pessoa, da Qualificação Profissional em Turismo

e Hospitalidade, 2011, por entrevistado.

De acordo com o primeiro gráfico a maior parte dos alunos entrevistados possuem

entre 26 e 29 anos, mas o preocupante é que boa parte deles também chegou a ultrapassar a

faixa etária de 29 anos, chegando até 31 anos.

Gráfico 02: Grau de Instrução dos alunos do Projovem Urbano João Pessoa, da Qualificação Profissional em

Turismo e Hospitalidade, 2011 por entrevistado.

Já quanto propositalmente perguntamos aos alunos o seu grau de instrução, já que

quem cursa o Projovem Urbano deve ter conhecimento que está no Ensino Fundamental,

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alguns alunos responderam possuir o Ensino Médio. Isto pode expressar a falta de informação

dos alunos quanto ao objetivo do Programa e dele no Programa, bem como pode ter havido

desatenção ao responder o questionário.

Gráfico 03: Renda Média Familiar dos alunos do Projovem Urbano João Pessoa, da Qualificação Profissional

em Turismo e Hospitalidade, 2011, por entrevistado.

A maior parte dos participantes da pesquisa revelou que recebem de 0 a 1 salário

mínimo e, provavelmente, enquadra-se no público necessitado de auxílio financeiro, o que é

oferecido pelo Projovem Urbano (R$ 100,00), bem como de um aumento da escolaridade para

que haja a busca de novas oportunidades no mercado de trabalho e uma melhoria de vida.

Gráfico 04: Dados sobre a satisfação quanto a formação recebida através do Projovem Urbano João Pessoa, em

âmbito geral, 2011, por entrevistado.

Gráfico 05: Dados sobre a satisfação quanto a formação recebida na Qualificação Profissional em Turismo e

Hospitalidade através do Projovem Urbano João Pessoa, 201, por entrevistado.

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Quanto a satisfação analisada a partir da formação adquirida no Projovem Urbano

(gráfico 05), bem como na Qualificação Profissional obtida no Programa (gráfico 06)

observa-se que a maioria dos entrevistados 23 e 20 pessoas, respectivamente, encontram-se

satisfeitos tanto com a Formação recebida no Projovem Urbano, bem como com a

qualificação profissional em Turismo e Hospitalidade.

Gráfico 06: Dados sobre busca de emprego na área de

Turismo e Hospitalidade, 2011, por entrevistado.

Gráfico 07: Dados sobre a oportunidade de atuação dos alunos

do Projovem Urbano, que se qualificam para a área de Turismo

e Hospitalidade na área de Turismo da cidade de João Pessoa,

2011.

Mesmo por uma parte dizendo-se satisfeitos com a educação recebida pelo Projovem

Urbano, de outro lado 73% dos alunos entrevistados acabaram por expressar que nunca

procuraram emprego na área de Turismo e Hospitalidade. O que, hipoteticamente, pode

expressar um despreparo dos alunos ou mesmo um desinteresse pela área de estudo.

Ao serem questionados sobre a atuação deles, no mercado de trabalho, em alguma das

quatro ocupações oferecidas pelo Arco Ocupacional de Turismo e Hopitalidade, da

Qualificação Profissional do Projovem Urbano, antes ou durante o decorrer do estudo no

Programa 83% dos entrevistados, esclareceram que nunca atuaran em nenhuma das ocupações

estudadas. Todavia, dos 04 alunos que declararam já possuirem experiência na área de

Organização de Eventos.

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Gráfico 08: A palavra que mais marca o Projovem Urbano João Pessoa na vida dos alunos da Qualificação

Profissional de Turismo e Hospitalidade, por entrevistado.

Quando perguntados sobre a palavra o que mais marcou a vida deles durante o

Projovem Urbano a resposta mais reproduzida foi “oportunidade”, bem parecido com que o

slogan do Programa expressa: “oportunidade para todos”.

4.2.2 O Mercado Turístico na cidade e João Pessoa: percepção dos gestores sobre a

formação da qualificação profissional em Turismo e Hospitalidade do Projovem

Urbano.

O mercado turístico na Paraíba é promissor, visto que suas belezas naturais são

singulares e isso proporciona o crescimento do mercado turístico. Para entender melhor este

processo de formação na qualificação profissional e a busca pelo mercado de trabalho

entrevistamos a Coordenadora Geral do Projovem Urbano, a Sra. Patrícia Drieskens que nos

revelara a seguinte informação sobre como ela visualiza o Projovem Urbano como uma

Política Pública Municipal.

O Projovem Urbano como política pública de juventude trará uma oportunidade e

um benefício ao público de jovens entre 18 e 29 anos, trazendo ainda a possibilidade

da elevação de sua escolarização, um curso de qualificação profissional, ainda que

em nível inicial e uma maior inserção na comunidade em que vivem os jovens.

Consolidar o programa como política de governo é trazer a força que a juventude precisa. (DRIESKENS, 2011)

Já quando perguntamos sobre qual o impacto deste Programa na cidade de João Pessoa

e se existe algum resultado concreto e mensurável do sucesso deste, a Coordenadora

respondeu que na percepção dela o maior impacto é o social, e o resultado concreto existe,

mas na mudança da realidade da vida dos alunos, corrigindo a exclusão social, ale´m disso a

mesma descreveu que há no Programa a mensuração através dos dados da matrícula dos

alunos, acesso, manutenção, índices de evasão e aprovação.

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Já que o Projeto Político Integrado do Projovem Urbano salienta que o Programa

oportuniza a Qualificação Profissional aos jovens de 18 a 29 anos contemplando uma tríade

que pode formar um sucesso educacional, solicitamos à Coordenadora Geral do Programa a

sua opinião Quanto à qualificação profissional no Projovem Urbano, e sua observação quanto

ao impacto empregatício do Arco Ocupacional de Turismo e Hospitalidade nas Ocupações

oferecidas pelo Programa:

(...) A formação dos jovens do programa é em nível básico, ou seja de primeiro ao

nono ano do ensino fundamental. Assegurar empregabilidade destes, não é o foco

do Projovem Urbano. Nosso município tem um potencial turístico em

desenvolvimento. Assim, mesmo com uma formação inicial podemos inferir que

num processo seletivo do mercado de trabalho um jovem que apresenta um

certificado contendo informações referentes à atividade da área de turismo, tende a

ser aproveitado. (DRIESKENS, 2011)

Mas não seria esta uma falha do Programa? Então para que qualificar sem pensar em

oportunizar abertura no mercado de trabalho para os alunos? Quanto a avaliação sobre o

material didático utilizado na formação profissional dos alunos do Projovem Urbano, no Arco

Ocupacional de Turismo e Hospitalidade, e a comparação com a realidade local da cidade de

João Pessoa obtivemos a seguinte resposta:

O guia como o próprio nome diz é um material de orientação que traz os elementos

norteadores do trabalho a ser desenvolvido pelos educadores durantes as atividades

pedagógicas do programa. O material foi elaborado pelo laboratório da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, a COOPE. Ele é fruto de pesquisas na área e merece nosso respeito as referências nele contidas. Quanto a realidade local, cabe a cada

educador aproximar das atividades os ajustes necessários para incluir a dinâmica da

nossa cidade e suas referências locais como força e aprofundamento do que é

proposto pelo guia. (DRIESKENS, 2011)

Para obter conclusões sobre a expectativa e visão dos empreendedores do mercado

turístico da cidade de João Pessoa. Para tanto encaminhamos o roteiro de entrevista para a

Associação Brasileira de Hotéis – ABIH; bem como para a Associação Brasileira de Bares de

Restaurantes – ABRASEL, porém não houve disponibilidade na resposta.

5– CONCLUSÕES

A partir das pesquisas realizadas e dos objetivos delineados podemos tirar a conclusão

que, diante da legislação brasileira que busca garantir a educação como um direito Universal,

a educação brasileira ainda está com muita defasagem, o que reflete na realidade da

população. Isso porque o Poder Público está deixando de investir maciçamente na Política

Pública educacional de forma Universal para criar Programas Focalizados, o que pode causar

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um aumento maior na defasagem na escola pública regular, visto que os investimentos são

divididos e não aumentados para se alcançarem os objetivos educacionais propostos; Ao invés

disso o investimento maciço na educação universal paralelo aos programas focais poderia ser

um caminho para solucionar esta dicotomia.

Um deste Programas de Focalização da Educação é o Projovem Urbano, que ao

analisarmos este Programa através das bibliografias pesquisadas na metodologia do trabalho,

bem como com a aplicação de questionários para os jovens formados nele no Arco

Ocupacional de Turismo e Hospitalidade, foi possível perceber que a maioria dos alunos

entrevistados, ao ser fazer uma média dos perfis, possuem de 26 a 29 anos, ganham entre 0 a 1

salário mínimo, cursam conscientemente o Ensino Fundamental, estão satisfeitos com a sua

Formação no Projovem Urbano e na Qualificação Profissional em Turismo e Hospitalidade,

todavia não procuraram emprego na área nem tiveram oportunidade de trabalharem na área

antes ou durante o Projovem Urbano, sendo mesmo assim a oportunidade a palavra mais

evidente que faz a ponte entre a vida do jovem e o Projovem Urbano.

Quanto à análise da entrevista junto a Coordenadora Geral do Projovem Urbano

observou-se que não há um objetivo concreto de inserção dos jovens no mercado de trabalho,

denominado qualificação inicial, isso pode haver um reflexo no alunado, visto que o resultado

da empregabilidade na área é baixa, de acordo com a pesquisa aplicada junto aos alunos.

Não é possível tirar conclusões sobre a eficiência do Programa e seus resultados, ou

grau de integração, a partir dos objetivos relativos a experiência da absorção desta mão-de-

obra no mercado turística da cidade de João Pessoa; nem mesmo se a identificação da proposta

curricular do Programa efetivamente atende as necessidades e expectativas do mercado, por motivo da

indisponibilidade da entrevista com os gestores das Associações de representação do Mercado, o que

ficará para posterior coleta e avaliação, conforme proposta metodológica.

6. REFERÊNCIAS

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MINICURRÍCULO

Danielle Abrantes de Menezes

Bacharel em Turismo pela Universidade Federal da Paraíba (2007), Especialista em Gestão Pública Municipal pela Universidade Federal da

Paraíba (2011). É Apoio a Qualificação Profissional, do Projovem Urbano João

Pessoa desde 2011. Possui experiência docente nas áreas de Turismo e Hospitalidade (desde 2008); Qualidade no Atendimento ao Cliente e políticas

públicas em Turismo (Secretaria de Turismo – SETUR João Pessoa), com

trabalhos nas áreas de formação e qualificação profissional de profissionais da rede hoteleira, bem como do público em geral, atuando também em instituições

como SENAC-PB.

Contato: [email protected]