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resumo da aula do professo Silvio Maciel , direito penal, parte geral e especial. Todos os trechos foram redigidos por mim. É um excelente resumo da aula de um grande professor.
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DIREITO PENAL - SILVIO MACIEL
E-mail: [email protected]
1. INFRAÇÃO PENAL
1.1. ESPÉCIE DE INFRAÇÃO PENAL (Sistema dualista ou bipartite)
Crime (Delito) Contravenção Penal
Tipo de pena:
Reclusão c/ ou s/ multa
Detenção c/ ou s/ multa
Prisão simples (não admite regime fechado em
hipótese alguma)
Prisão simples com ou sem multa
Só multa
A tentativa de crime é punida A tentativa não é punida. LCP art. 4º
Admite 03 espécies de ação penal diferentes:
- API
- APC
- APP
Só admite API
Art. 17 da LCP
Existe Extraterritorialidade da lei penal, possibilidade
da Lei penal Brasileira ser aplicada a um crime fora do
Brasil
Art. 2º da LCP. Não existe Extraterritorialidade
Ex.: brasileiro joga em navio estrangeiro não
comete crime, pois é contravenção.
CP Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas
privativas de liberdade não pode ser superior a 30
(trinta) anos
Tempo máximo de prisão: 30 anos. Mas os benefícios
da execução (ex.: progressão do regime etc) são
calculados sobre o total da condenação e não sobre 30
ou 05 anos. Sumula 715 do STF
Tempo máximo de prisão: 05 anos. Art. 10 da
LCP
Competência: Justiça Estadual e Justiça Federal Competência: Justiça Estadual, ainda que atinjam
bens ou interesses da União (art. 109, IV, CF).
Exceção: se o Contraventor tiver foro especial na
JF, lá responderá. Ex.: Juiz federal comete
contravenção penal, será julgado pelo seu TRF.
1.2. CONCEITO: as infrações penais constituem determinados comportamentos humanos proibidos por
lei, ofende um bem jurídico, sob a ameaça de uma pena.
OBS.:
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Teorias que conceituam Crime são:
Teoria causalista: crime é igual a fato típico + ilicitude + culpabilidade (dolo e culpa).
Teoria Finalista: crime é igual a fato típico (dolo e culpa) + ilicitude + culpabilidade.
Teoria finalista dissidente: crime é fato típico (dolo e culpa) e ilicitude.
Sanção penal
Pena. Aplicável aos imputáveis e semi-imputáveis (capacidade mental diminuída)
- Privativa de liberdade
- Restritiva de direito
- Multa (pecuniária)
Medida de segurança. inimputável ou semi-imputável, (art. 98 CP)
- Internação
- Tratamento ambulatorial
Obs.: não é possível aplicar pena e medida de segurança ao mesmo tempo. Brasil adota o
sistema Vicariante (ou um ou outro). Não adotamos o Sistema do Duplo Binário (pena e
medida de segurança).
Obs.: a sentença que aplica MS ao inimputável é chamada de sentença de absolvição
imprópria. Porque o réu é absolvido, porém condenado.
1.3. SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL.
1.3.1. SUJEITO ATIVO. É aquele que ofende o bem jurídico protegido por lei. Em regra só o ser
humano maior de 18 anos pode ser sujeito ativo de uma infração penal. A exceção acontece
nos crimes contra o meio ambiente onde existe a possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito
ativo, conforme preconiza o Art. 225, § 3º da Constituição Federal.
Obs.: STF entendeu que é admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime
ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de
direção do órgão responsável pela prática criminosa.
Obs.: art. 173, § 5º da CF. Possibilidade de responsabilidade de PJ nos crimes econômico e
financeira e contra economia popular (dispositivo não foi regulamentado)
OBs.: o único crime que PJ comente é contra o meio ambiente.
1.3.1.1. Espécies de crime quanto ao sujeito ativo.
a. Crime comum. Que pode ser praticado por qualquer pessoa.
b. crime próprio, o tipo exige determinada qualidade pessoal do agente. Ex: funcionário
público (no caso do crime de peculato), admitindo co-autoria.
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c. crime de mão própria, não se exige qualidade pessoal do agente, trata-se de crime
comum. Contudo, é impossível que o delito seja cometido em co-autoria, pois
somente o agente em pessoa pode praticar este tipo de crime. Ex: falso testemunho
(somente a testemunha pode praticar o delito, não se admitindo co-autoria).
OSB: cuidado, muito embora não possa o crime de mão própria ser praticado em co-
autoria, admite-se a participação . Ex: a tetemunha foi instruída pelo advogado a mentir.
Nesse caso o advogado torna-se partícipe da figura típica.
1.3.2. SUJEITO PASSIVO. Pessoa Física ou jurídica que sofre as consequências da infração
penal.
o Obs.: pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão mediante sequestro (art. 159 CP),
não na condição ser sequestrada, mas ter desfalcado parte de seu patrimônio.
o PJ não pode ser vítima de injúria porque não tem honra subjetiva.
o Não confundir Vítima com prejudicado (esposa da vítima de homicídio).
o Crime de dupla subjetividade passiva: Ex. crime de violação de correspondência
(art. 151 do CP). Dois sujeitos passivos, remetente e destinatário da
correspondência. Este crime é todo aquele que o tipo penal traz duas vítimas.
o Crime bipróprio. Aquele que o tipo penal exige uma qualidade especial do sujeito
ativo e do sujeito passivo. Ex.: art. 123 do CP
o Crime vago é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade sem
personalidade jurídica, ou seja, uma comunidade inteira e não apenas uma pessoa.
o QUE NÃO PODE SER SUJEITO PASSIVO:
* Pessoa morta. No caso de calúnia (art. 138) e vilipêndio (art. 212), o morto
referido no tipo penal, não é vítima.
* Animais (nem ambiental). Animal é objeto de direito.
* Pessoa não pode ser autor e vítima ao mesmo tempo (princípio da lesividade).
* Crime de porte de droga para consumo pessoal (art. 28 da L 11.343). O indivíduo
não é punido por consumir, mas por porta. Não é vítima, mas autor.
* Na rixa (art. 137 CP) o agente é sujeito ativo da participação na rixa, e sujeito
passivo nos crimes que eventualmente sofrer durante a rixa.
1.4. OBJETO JURÍDICO DO CRIME. Vida, patrimônio e saúde pública. Há crimes de dupla
objetividade jurídica. Crimes que protegem dois ou mais bens jurídicos. Ex.: 157 CP – integridade
da vítima e o patrimônio.
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1.5. OBJETO MATERIAL DO CRIME. É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa.
No homicídio, o objeto material é a pessoa. No furto, a carteira. No porte de drogas, não há objeto
material.
2. PRINCÍPIOS.
2.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (Art. 1º do CP e art. 5º, XXXIX, CF). Somente lei Federal (União
– Congresso), ordinária ou complementar pode criar ou alterar infrações penais e sanções penais.
2.1.1. Não se pode criar ou modificar infrações e sanções penais por lei estadual/distrital ou
municipal. Nem por lei delegada. Nem por emenda constitucional. Medida Provisória (ato
do Presidente) CF/88, Art. 62. § 1º, b. Nem costumes, princípios gerais do direito e analogia.
APENAS POR LEI ORDINÁRIA OU COMPLEMENTAR FEDERAL.
2.1.2. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE (Art. 1º do CP e art. 5º, XXXIX, CF). Determina que
a lei penal deve ser anterior ao fato que busca incriminar. O princípio da anterioridade define
como regra a irretroatividade de lei penal. Exceção: quando se tratar de novatio legis in
pejus (lei nova que prejudica o réu), pois admite-se excepcionalmente a regra da
retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu (novatio legis in mellius).
a) REGRA: lei rege os fatos praticados durante sua vigência, não se aplica a fatos
ocorridos antes de sua vigência e nem depois dela.
b) ULTRATIVIDADE da lei penal: mesmo revogada, a lei mais benéfica continua sendo
aplicada aos fatos ocorridos em sua vigência.
c) Novatio legis incriminadora: lei nova que torna típico fato anteriormente não
incriminador. Não há retroatividade
d) Abolitio criminis: lei nova não considera mais crime uma conduta. Faz desaparecer
todos os efeitos penais, mas subsistem os efeitos civis (extrapenais).
o Ex.: adultério, sedução e rapto. Adultério deixou de existir, mas a obrigação de
indenizar a vítima de adultério ainda é válida.
o Efeitos: Retroatividade. A abolitio criminis é uma lei aplicada para frente e para
trás, retroagem e apaga todas as infrações penais ocorridas antes da sua
existência.
e) Novaio legis in pejus ou lex gravior lei nova mais severa (pena ou regime de inicio de
cumprimento). A lei nova não modifica o tipo penal, mas apenas lhe dá características
distintas. Não há retroatividade.
o Quem aplica essa lei mais benéfica, o juiz que condenou ou o juiz da execução?
O juiz da execução. Súmula 611 do STF.
f) Novatio legis in mellius ou lex mitior: lei mais branda, favorável. RETROAGE.
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g) Obs.: Mudança de jurisprudência favorável ao réu retroage? De acordo com o STJ, não
cabe revisão criminal com amparo em questão jurisprudencial controvertida nos
tribunais (Resp 759.256/SP).
h) Princípio da continuidade normativo-típica: migração do conteúdo criminoso para outro
tipo penal ou para outra lei. A intenção do legislador é manter o caráter criminoso do
fato.
o Ex: O tráfico de drogas ele estava no art. 12 da lei 6368/76 e passou a ser o art.
33 da lei 11.343/06. O tráfico ainda é crime, só mudou de tipo e de lei.
OBS: E possível combinar lei velha e lei nova? Se o juiz combinar as leis penais, ele
estará criando uma nova terceira lei não existente. A tese consolidada é de que a lei
pode retroagir, mas apenas se puder ser aplicada na íntegra. Dessa forma, caberá ao
“magistrado singular, ao juiz da vara de execuções criminais ou ao tribunal estadual
decidir, diante do caso concreto, aquilo que for melhor ao acusado ou sentenciado, sem
a possibilidade, todavia, de combinação de normas”. STJ HC 86797
A lei nova em relação à antiga se tornou mais gravosa em um aspecto e, ao mesmo
tempo, mais benéfica em outro. STJ – Súmula 501
Extra-Atividade da Lei Penal - Espécies
A extra-atividade pode se desdobrar no tempo para frente ou para trás, dando origem,
respectivamente à ultra-atividade ou à retroatividade.
Ultra-atividade – ocorre quando a lei, mesmo depois de revogada, continua a regular os
fatos ocorridos durante a sua vigência;
Retroatividade – possibilidade conferida à lei penal de retroagir no tempo, a fim de
regular os fatos ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor.
2.1.3. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE. (Art. 1º do CP e art. 5º, XXXIX, CF). A lei penal deve
trazer descrição pormenorizada de seus elementos essenciais e circunstanciais para que se
permita a proibição inquestionável de determinada conduta, deve ser CERTA. O princípio
da taxatividade impede que a lei penal seja ambígua ou apresente descrição imprecisa ou
vaga. A taxatividade da lei penal garante a segurança jurídica, pois espanca qualquer dúvida
em relação às condutas que podem ou não ser praticadas.
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3. LEI EXCEPCIONAL E TEMPORÁRIA. (art. 3º do CP).
3.1. Lei temporária (ou temporária em sentido estrito) é aquela que tem prefixado no seu texto tempo
de sua vigência. Lei excepcional (ou temporária em sentido amplo) é a que atende a transitórias
necessidades estatais, tais como guerra, calamidades etc.
o as circunstâncias de prazo (lei temporária) e de emergência (lei excepcional)
são elementos temporais do próprio fato típico, e, por isto, são ultrativas. Como
essas leis tem vigência provisória, elas não seriam respeitadas se perdessem a
eficácia após a sua revogação.
4. TEMPO DO CRIME. Em qual momento se considera praticado o crime? Conduta num momento,
resultado em outro. Considera-se praticado o crime no momento da conduta, ainda que em outro seja o
resultado (teoria da atividade ou da ação). L U Tempo Atividade.
o Teoria da atividade: momento da conduta.
o Teoria do resultado: momento do resultado.
o Teoria mista. Conduta e resultado.
OBS.: STF Súmula nº 711 A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado
ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade
ou da permanência.
5. LUGAR DO CRIME. Art 6º do CP. L U t a. Teoria da Ubiquidade / mista. Considera-se praticado o
crime tanto no lugar da conduta quanto no lugar do resultado.
5.1. Crimes Plurilocais: são aqueles que a conduta ocorre num lugar, resultado em outro, mas ambos no
Brasil.
5.2. Crimes a distância: são os que parte ocorre no Brasil e parte ocorre no estrangeiro.
o Caso 01. Infrator atira na vitima no Brasil. Vitima morre na Argentina.
o Caso 02. Da argentina, sujeito envia carta bomba para vítima no Brasil.
Obs.: para os dois casos, a lei brasileira será aplicada. Responderá nos dois
países. Não será bis in idem porque a pena cumprida no estrangeiro atenuará a
pena aqui no Brasil.
TEORIA DO CRIME (DO CRIME)
1. INTRODUÇÃO.
1.1. CORRENTES.
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1.1.1. BIPARTITE ou DICOTOMICA: CRIME=FATO TÍTPICO + ILICITO
(ANTIJURIDICO).
Obs.: a culpabilidade não é elemento do crime, e sim, pressuposto de aplicação da pena.
1.1.2. TRIPARTITE ou TRICOTOMICA: CRIME= FATO TÍPICO + ILICITUDE
(ANTIJURICIDADE) + CULPABILIDADE.
o A doutrina majoritária adotou esta corrente.
o Faltando qualquer um desses elementos, não há crime.
2. FATO TÍPICO.
2.1. CONCEITO: é iniciado por uma conduta humana que é produtora de um resultado naturalístico,
aqui há um elo que liga a conduta do agente ao resultado (nexo causal), e por fim, que esta conduta
se enquadra perfeitamente ao modelo abstrato de lei penal (tipicidade)
2.1.1 CONDUTA. Comportamento humano voluntário / comportamento humano.
2.1.1.1. TEORIAS SOBRE A CONDUTA.
2.1.1.2. CAUSAS QUE EXCLUEM A CONDUTA: Faltando algum dos elementos abaixo,
fato torna- se atípico.
i. Caso Fortuito ou força maior:
ii. Coação física irresistível: é o emprego de força física para que alguém faça ou
deixe de fazer alguma coisa. Exemplos de ausência de conduta: coação física
irresistível (o homem que está amarrado não pode praticar uma conduta
omissiva, por exemplo)
o Ex: O sujeito mediante força bruta, impede que o guarda ferroviário combine
os binários e impeça uma colisão de trens.
o Obs.: coação moral irresistível exclui culpabilidade .
iii. Atos reflexos. Pessoa que age por reflexo, não pratica conduta criminosa.
o Mulher segurava bebê no colo, um amigo sem perceber que ela estava com o
bebê no colo, lhe deu um susto. A criança cai no chão e morreu.
iv. Atos inconscientes. Ex.: Sonambulo mata em razão de seu estado.
2.1.1.3. ESPÉCIES DE CONDUTA:
2.1.1.3.1. DOLOSA ou CULPOSA
2.1.1.3.1.1 DOLOSO. Quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo. É a vontade consciente dirigida a realizar ou aceitar
realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. VONTADE
(volutivo) + CONSCIENCIA (intelectivo)
TEORIAS DO DOLO.
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TEORIA DA VONTADE: é a vontade de praticar a infração penal
e produzir o resultado criminoso. Obs.: o CP adota essa teoria no
dolo direto.
TEORIA DA REPRESENTAÇÃO: há dolo quando o agente prevê
o resultado como possível e mesmo assim, decide continuar a
conduta. Peca por não diferenciar dolo eventual por culpa
consciente. Não adotado.
TEORIA DO CONSENTIMENTO OU ASSENTIMENTO: Há
dolo quando o agente prevê o resultado como possível e decide
continuar a conduta, aceitando o risco de produzir o resultado.
Diferencia dolo eventual de culpa consciente. OBs.: o CP adota
essa teoria no dolo eventual.
ESPÉCIE DE DOLO.
- DOLO DIRETO/DETERMINADO. Quando o
agente quer o resultado.
- DOLO INDIRETO/INDETERMINADO. Quando
o agente não busca um resultado certo e
determinado.
o Dolo alternativo. O agente prevê dois ou mais
resultados possíveis, aceitando qualquer
deles. Atira na vítima prevendo que pode ferir
ou matar (prevê dois resultados), aceitando
qualquer um deles como satisfatório.
o Dolo eventual. O agente também prevê dois
ou mais resultados como possíveis, ele quer
um resultado, mas assume o risco de
produzir o outro. Ex.: individuo atira na
vítima para ferir, não quer matar, mas assume
o risco de matar. Ao dirigir embriagado, o
motorista assumiu o risco de matar
- DOLO DE PRIMEIRO GRAU. Dolo direto. É o
resultado querido pelo agente (dolo direto).. Ex.: O
agente quer matar.
- DOLO DE SEGUNDO GRAU. diz respeito a um
efeito colateral típico decorrente do meio escolhido
e admitido, pelo autor, como certo ou necessário.
Exemplo citado pela doutrina alemã: o dono
provoca o incêndio em seu navio com o propósito
de enganar a seguradora. As mortes dos passageiros
e dos tripulantes constituem efeitos colaterais típicos
decorrentes do meio escolhido (incêndio). Com uma
só conduta o agente pratica vários crimes (concurso
formal)
- DOLO DE PROPÓSITO. É o dolo
pensado/refletido. Ex.: individuo já sabe que vai
matar a vítima daqui a dois dias. Em regra, aumenta
a quantidade de pena.
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- DOLO DE DANO. Quando o agente quer causar
um dano ao bem jurídico protegido.
- DOLO DE PERIGO. Quando o agente quer apenas
expor a perigo o bem jurídico protegido.
- DOLO GENÊRICO. O agente quer praticar a
conduta sem uma finalidade específica. O tipo penal
não prevê nenhuma penalidade específica.
- DOLO ESPECÍFICO. O agente quer praticar a
conduta buscando um fim específico.
Estes dois últimos, estão ultrapassadas e em desuso,
hoje se fala em dolo sem fim específico e dolo com
fim específico.
- DOLO DE ÍMPETO. Dolo não pensado,
repentino. Esse em regra é um atenuante de pena.
Ex.: numa briga de bar, um sujeito perde a cabeça e
mata o outro.
- DOLO NATURAL. Integra o fato típico. É
composto de dois elementos: consciência e vontade
- DOLO NORMATIVO. Integra a culpabilidade. É
composto de três elementos: vontade, consciência e
consciência atual da ilicitude.
A consciência atual da ilicitude é elemento
normativo.
Este dolo não é adotado pelo CP, porque dolo não
integra a culpabilidade.
- O dolo geral ou erro sucessivo ocorre quando o
agente, supondo já ter alcançado um resultado por
ele visado, pratica nova ação que efetivamente o
provoca. Ou seja, depois do primeiro ato, o agente
imagina já ter atingido o resultado desejado, que, no
entanto, somente ocorre com a prática dos demais
atos.
Exemplo: A atira em B e imagina que este morreu;
A joga B no mar, e apenas quando este é jogado no
mar é que efetivamente morre, afogado. O resultado
pretendido aconteceu, porém com nexo de
causalidade diverso (afogamento).
2.1.1.3.1.2 CULPOSO. (art. 18, inciso II do CP)
CONCEITO: consiste em uma conduta voluntária que causa um resultado não
querido pelo agente, mas que foi previsto por ele ou podia ser previsto por ele
e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado. Há crime
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culposo quando o agente não quer o resultado, não assume o risco de produzir
o resultado mas dá causa a esse resultado por imprudência, negligência ou
imperícia.
Obs.: não existe tentativa de crime culposo.
2.1.1.3.1.2.1. MODALIDADES DE CULPA
o IMPRUDÊNCIA. Um agir descuidado, de forma afoita. Ex.: dirigir automóvel
em excesso de velocidade. Ex.: Médico não solicita exames pré-operatórios que
sabe ser necessário e o paciente morre.
o NEGLIGÊNCIA. Omissão não adotar as cautelas devidas. Falta de precaução.
Ex.: Não retirar a caixa de fósforo da mão de uma criança.
o IMPERÍCIA. Falta de conhecimento ou aptidão par o exercício de uma arte
técnica, ofício ou profissão. Ex.: agente que não sabe dirigir automóvel. Ex.:
Médico realiza técnica cirúrgica nova que ele não conhece e deixa
deformidades no paciente.
Obs.: A denúncia ou queixa, deve descrever expressamente a modalidade de
culpa sob pena de ser denúncia inepta.
ESPÉCIES DE CULPA.
CULPA PRÓPRIA.
CULPA CONSCIENTE OU COM
PREVISÃO. O agente prevê o resultado,
mesmo assim prossegue na conduta
acreditando sinceramente que o resultado não
ocorrerá, ou seja, ele age com excesso de
confiança, excesso nas suas habilidades.
CULPA INCONSCIENTE OU CULPA SEM
PREVISÃO. O agente não prevê o resultado
que entretanto era previsível. Ou seja,
qualquer pessoa, nas mesmas circunstâncias
do agente teria previsto o resultado.
CULPA IMPRÓPRIA (CULPA POR
EXTENSÃO OU CULPA POR
Obs.: de acordo com o art. 18 do CP, se o tipo penal
não prevê a forma culposa, o crime só é punido na
forma dolosa. Ex.: art. 121, § 3º do CP.
No art. 68 do CP, não há previsão expressa da forma
culposa de dano.
Ex.: motorista atravessa o semáforo fechado e causa
dano ao outro automóvel. Não houve crime porque
não há crime de dano culposo, mas apenas ilícito
civil sujeito a reparação de danos.
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ASSIMILAÇÃO). O agente pratica conduta dolosa
por erro supondo equivocadamente estar agindo sob
uma causa excludente de ilicitude (legítima defesa e
etc), se o erro era evitável.
Ex.: dois inimigos caminhando na mesma calçada
em sentido contrário. Um deles leva a mão no bolso
do paletó para atender o celular. O outro supondo
que será morto, saca a arma e mata aquele que levou
a mão no paletó.
OBS.: NÃO EXISTE TENTATIVA DE CRIME
CULPOSO.
CRIME PRETERDOLOSO (art. 19 do CP).
É uma espécie de crime agravado pelo resultado, no qual o agente pratica uma conduta anterior dolosa, e desta
decorre um resultado posterior culposo. Há dolo no fato antecedente e culpa no consequente.
Ex.: sujeito quer dar lesionar com um soco, a vítima cai e bate a cabeça e morre. Dolo no soco e culpa na morte.
No homicídio culposo não há uma ação dolosa antecedente.
Ex.: art. 129, § 3º do CP. (lesão corporal seguida de morte).
2.1.1.3.2. AÇÃO ou OMISSÃO.
2.1.1.3.2.1. CRIME COMISSIVO. O Tipo penal PROÍBE DETERMINA
CONDUTA. O agente pratica o crime quando realiza a conduta proibida.
2.1.1.3.2.2. CRIME OMISSIVO. O tipo é mandamental. MANDA AGIR. O infrator
é punido por não praticar a conduta devida.
Espécies:
CRIME OMISSIVO PURO OU
PROPRIO
NÃO ADMITE TENTATIVA.
CRIME OMISSIVO IMPURO OU
IMPROPRIO
ADMITE TENTATIVA
Dever de agir está no tipo penal
incriminador
Dever de agir art. 13, § 2º letras a-c
O dever de agir é genérico, imposto a todos
(dever de solidariedade humana).
O dever de agir é específico (é imposto apenas a
quem está em uma das situações do art. 13, § 2º)
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Dever de agir e não de evitar o resultado.
Art. 135 - Deixar de prestar assistência,
quando possível fazê-lo sem risco pessoal
Art. 13 do Estatuto do Desarmamento.
O agente responde pelo resultado não porque o
causou, mas porque tinha a obrigação de evita-lo
e não evitou.
Descreve a simples omissão de quem tinha
o dever de agir
O agente não faz o que a norma manda.
É o que exige do sujeito uma concreta atuação
para impedir o resultado que ele devia (e podia)
evitar. Exemplo: guia de cego que no exercício
de sua profissão se descuida e não evita a morte
da vítima que está diante de uma situação de
perigo.
Obs.: o que é crime de conduta mista ou crime comissivo-omissivo? São aqueles que têm uma parte
comissiva e outra parte omissiva.
Ex.: crime de apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, inciso I, do CP). Achei algo. Eu tenho 15
dias para achar o dono. Se não achar eu tenho que entregar para a autoridade pública. Há uma parte positiva
(eu acho coisa na rua e pego) e uma parte negativa (eu deixo de entregar para a autoridade pública).
2.1.2. RESULTADO
1. Espécies de Resultado:
a) Resultado naturalístico: é a modificação do mundo exterior. Ex.: morte, diminuição
patrimonial, é a ofensa a honra.
b) Resultado jurídico / resultado normativo: É a lesão ou perigo concreto de lesão ao
bem jurídico protegido pelo tipo penal. Todo crime tem resultado jurídico ou
normativo, mas nem todo crime tem resultado naturalístico. Ex.: porte de drogas
(bem jurídico: perigo à saúde pública. Resultado naturalístico: não tem).
2. Classificação do crime quanto ao Resultado naturalístico:
a) Crime material: conduta + resultado naturalístico. O resultado naturalístico para o
crime está consumado, é indispensável para a consumação do crime.
b) Crime formal (crime de consumação antecipada): conduta + resultado naturalístico.
Mas o crime se consuma se consuma com a simples conduta, o resultado
naturalístico é dispensável. Se o resultado ocorrer é chamado de exaurimento do
crime já consumado (é considerado na dosagem da pena). Ex.: crime de concussão
(art. 316, CP). Se consuma pela simples exigência, se o resultado acontecer, será
apenas exaurimento do crime.
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c) Crime de mera conduta: tipo penal descreve apenas conduta. Não admite tentativa.
Ex.: violação de domicílio.
2.1.3. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ou NEXO CAUSAL (art. 13, caput do CP)
O nosso código penal, no tema “relação de causalidade”, adotou como regra, a de teoria da equivalência dos
antecedentes causais ou (da causalidade simples, ou “conditio sine qua non”), considerando causa toda a ação
ou omissão sem a qual o resultado não se teria produzido. Em suma, tudo o que contribui, in concreto, para o
resultado, é causa.
É o vínculo entre a conduta e o resultado. Causa: tudo que contribuiu para o resultado (teoria da equivalência
dos antecedentes causais).
Sem a conduta o resultado teria acontecido como aconteceu?
Sim. Então a conduta não foi a causa do resultado.
Não. A conduta foi a causa do resultado e o agente responderá pelo resultado.
Professor falou sobre morte por envenenamento de sopa. O Fabricante da sopa nem o vendedor da sopa não
agiram com DOLO nem CULPA em relação a morte da vítima, por isso não há regressão ao infinito.
CONCAUSAS.
Conceito: fatores humanos ou naturais que paralelamente a conduta do agente, colaboram na produção do
resultado.
a) ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE DA CONDUTA DO AGENTE. É a causa que não se
originou na conduta do agente.
Podem ser preexistente, concomitante e superveniente.
* PREEXISTENTE: quando a causa já existia antes da conduta do agente; Exemplo: "X" atirou contra
"Y", às 20:00h, mas às 19:00h "Y" já estava envenenado, chegando a óbito em razão deste
envenenamento. Por qual crime "X" responderá? Por ser uma causa absolutamente independente
preexistente, responderá por tentativa de homicídio.
* CONCOMITANTE: quando a causa efetiva ocorre ao mesmo tempo da conduta do agente;
Exemplo: Às 20:00h, "X" está envenenando "Y". Na mesma hora entra uma quadrilha no local do
crime e mata "Y". Por qual crime "X" responderá? Por ser uma causa absolutamente concomitante,
"X" responderá por homicídio na forma tentada e os sujeitos que integram a quadrilha pelo crime de
homicídio consumado.
* SUPERVENIENTE: quando a causa efetiva acontece depois da conduta do agente. Exemplo: Às
19:00h "X" deu veneno para "Y'. Às 08:00h, caiu um lustre na cabeça de 'Y", o qual morreu em razão
de traumatismo craniano. Neste caso, por ser causa absolutamente superveniente, "X", que ministrou
o veneno, vai responder por tentativa de homicídio.
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Obs.: as causas absolutamente independentes excluem o nexo causal entre a conduta do agente e o resultado.
O agente não responde pelo resultado, mas apenas pelos atos já praticados. RESPONDE POR TENTATIVA
DE HOMICÍDIO.
b) RELATIVAMENTE INDEPENDENTE DA CONDUTA DO AGENTE. É a causa que se
“originou/tem alguma relação” da conduta do agente.
- PREEXISTENTE. Existe antes da conduta do agente.
Ex.: A desfere uma faca em B causando apenas lesão leve. B morre por ser hemofílico.
- CONCOMITANTE. Existe simultaneamente a conduta do agente.
Ex.: A desfere tiro em B e erra, mas B se assusta e sofre ataque cardíaco.
- SUPERVENIENTE. Quando acontece após a conduta do agente.
Ex.: A desfere tiro em B acertando o braço da vítima de “raspão” a vítima é levada ao pronto socorro e
no trajeto morre em razão do acidente da ambulância.
Também podem ser preexistente, concomitante e superveniente.
a) Preexistente: quando a causa efetiva é anterior à concorrente. Exemplo: "X" desfere golpes de faca
contra um hemofílico. Como ele já era portador dessa doença, a causa é relativamente independente
preexistente. "X" responderá pelo crime de homicídio consumado. Ressalte-se que, nesse caso, é
imprescindível que ele o agente saiba que a vítima era hemofílica.
b) Concomitante : quando a causa efetiva ocorre ao mesmo tempo que a concorrente. Exemplo: "x"
desfere um tiro contra "Y", este, vendo que a bala vem em sua direção sofre uma ataque cardíaco. Por
qual crime responde "X"? Por ser uma causa relativamente independente concomitante, responderá
por crime de homicídio consumado.
c) superveniente: quando a causa efetiva é posterior à concorrente. Aqui, trabalha-se com o art.
13,§1º, do Código Penal.
1) causa relativamente independente superveniente a conduta do agente que"por si só" produziu o
resultado: a causa efetiva sai da linha de desdobramento da causa do risco concorrente (diante de uma
causa efetiva imprevisível). Exemplo: "X" sofre um tiro, daí necessitou ir ao hospital. Lá o teto cai e
em razão desse evento a vítima morre. Quem deu o tiro, responderá por tentativa. Não responde
pelo resultado, apenas pelos atos praticados.
2) causa relativamente independente superveniente a conduta do agente que "não por si só" produziu
o resultado: a causa efetiva está na linha de desdobramento causal normal do risco concorrente (diante
de uma causa efetiva previsível). Exemplo: "X" sofre um tiro, que submeteu-se a uma cirurgia,
oportunidade em que ocorreu uma complicação médica e em razão desse evento a vítima morre. Erro
médico é "não por si só". Quem deu o tiro responde pelo crime consumado.
15
2.1.4. TIPICIDADE.
o Introdução: Antigamente só se falava em tipicidade formal. Hoje a TIPICIDADE é composta da
tipicidade FORMAL e da tipicidade MATERIAL.
TIPICIDADE FORMAL é o mero enquadramento da conduta no tipo penal incriminador. É
apenas uma relação de encaixe. O encaixe perfeito da conduta no tipo penal.
TIPICIDADE MATERIAL: é a relevância/significância da lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico.
CONCLUSÃO. Não há tipicidade se a conduta, apesar de se enquadrar a um tipo penal, não
gerar uma relevante lesão ou perigo ao bem jurídico. Ex.: A furta uma bala de R$ 0,10 centavos de real
de um mercado. Tem tipicidade formal, mas não tem material. O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
exclui a tipicidade material da conduta.
STF:
Mínima ofensividade da conduta do agente;
Nenhuma periculosidade social da ação;
Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;
E inexpressividade da lesão jurídica provocada.
TIPICIDADE CONBLOGANTE (ZAFARONE). Para ele, tipicidade é composta por
TIPICIDADE FORMAL e TIPICIDADE MATERIAL e ATOS ANTINORMATIVOS (são atos não
autorizados nem tolerados ou incentivados pelo Estado/Lei). Ex de Zafarone. Oficial de Justiça vai a
casa de um devedor para realizar penhora de um veículo. O devedor se recusa a autorizar a penhora. O
oficial de justiça chama reforço policial. Os policiais seguram o devedor enquanto o oficial leva o
automóvel. Se eu ficar só na tipicidade formal, o oficial e os policiais infringiram a norma do Art. 157
do CP (tipicidade formal). A penhora causou lesão ao bem jurídico do devedor (Tipicidade material).
Mas a penhora não é um ato anti-normativo porque a lei autoriza o oficial a penhorar. Para ZAFARONE
o exercício regular do direito e o estrito cumprimento do dever legal são causas excludentes de
tipicidade.
TIPICIDADE DIRETA. Quando a conduta do agente se enquadra diretamente no tipo penal
incriminador sem a necessidade do apoio de outra norma. Ex. art. 121 do CP.
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TIPICIDADE INDIRETA também chamada de Adequação típica de subordinação indireta ou
mediata. Faz-se necessário o apoio de uma norma de extensão. Ocorre em 3 casos:
* Crimes tentados: A tentou matar B. A conduta do A não se enquadra diretamente no art. 121 do
CP. O art. 121 não pude a conduta de tentar matar alguém. Precisa somar o art. 121 e o art. 14
ambos do CP.
* Participação / na conduta do partícipe. O crime pode ter autor ou partícipe. Autor é o que realiza
/ executa o verbo do tipo penal. Se tenho mais de um autor, eu tenho co-autoria. O partícipe é aquele
que não realiza a conduta, mas colabora de alguma forma para o resultado (empresta a chave falsa
para o furtador). O art. 121 do CP não pune a conduta de auxiliar a matar alguém. O partícipe não
matou, auxiliou. Para punir o partícipe, precisa do apoio do art. 29 do CP que pune a participação.
* No crime omissivo impróprio ou impuro. É aquele que o agente responde por não ter evitado o
resultado, APESAR de obrigado a evita-lo. Ex.: Salva vidas não socorre pessoa, esta vem a falecer.
Não é possível enquadrar o salva vidas no art. 121 do CP. Este art. não pude a conduta de “não
impedir a morte de alguém”.
CRIME: FT + ILICITO + C
ILICITUDE (ANTIJURICIDADE)
1. CONCEITO:
1.1. ANALITICO: é o segundo elemento substrato do crime
1.2. MATERIAL: contrariedade do fato típico ao ordenamento jurídico. Violação do ordenamento jurídico
pelo fato típico.
2. CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE.
Essas causas estão no CP, nas leis penais e na doutrina e na jurisprudência.
2.1. ESTADO DE NECESSIDADE (art. 23, I, e art. 24 do CP).
ESTADO DE NECESSIDADE LEGITIMA DEFESA ESTRITO CUMPRIMENTO DO
DEVER LEGAL
Há dois bens jurídicos em situação de
perigo. O Estado permite que o titular de
um dos bens jurídicos em perigo, ou um
Agressão é sempre um ato
humano. Legitima defesa é contra
ato humano.
É o fato Típico praticado por um
agente público (funcionário público
para fins penais) em cumprimento a
um dever previsto em lei.
17
terceiro, sacrifique um outro bem jurídico
em perigo.
No Estado de necessidade, o
perigo é causado por ato humano.
Na legitima é contra o homem.
Ex.: Dois náufragos lutam pela vida.
Ex.: PM usa de força física para
prender criminoso. Entrada forçada
em residência para prender com
ordem judicial
Requisitos:
o Situação de perigo atual (pode
surgir por ato humano, ato animal
ou fato da natureza).
* Pode alegar estado de
necessidade quem está em perigo
eminente? 1ª Corrente: Pode.
Ninguém é obrigado a esperar que
o perigo se torne atual para
defender o direito ameaçado. 2ª
Não pode. Porque o art. 24 só
menciona perigo atual. Prova
objetiva, adote a 2ª Corrente.
o Situação de perigo não criada pela
vontade do agente.
* A pessoa que voluntariamente
criou a situação de perigo não pode
alegar Estado de Necessidade.
* A expressão vontade abrange
dolo ou culpa ou só o dolo? 1ª
Corrente: Abrange DOLO e
CULPA. 2ª C. A expressão só
abrange o DOLO.
Ex.: indivíduo dolosamente toca
fogo numa sala. Ao tentar fugir da
sala, ele lesiona alguém que
também tentava escapar.
Requisitos:
o Agressão injusta: sempre
é um comportamento
humano.
Obs.: cabe contra doente
mentais e menores.
Obs.: defesa contra
ataque de animal é Estado
de Necessidade.
o Atual ou eminente:
Obs.: no EM o perigo é
apenas atual.
Obs.: Professor citou caso
de um homem que brigou
num bar, passou em casa,
pegou arma e matou seu
adversário. Não é
agressão injusta
eminente, não é LD. Pode
ser caso de diminuição da
pena.
o Uso Moderado dos meios
necessários.
* Moderado: Se com um
disparo, consegui me
defender, tenho que parar.
Os demais será excesso.
* Meios necessários:
meio menos lesivo dentre
Requisito:
o Dever legal.
Obs.: a expressão legal deve
ser entendida em sentido
amplo. Qualquer ato
normativo.
o Estrito cumprimento.
o Requisito subjetivo: é
necessário que o agente saiba
que está no estrito
cumprimento do dever legal.
18
Responde pelo crime de lesão
corporal.
o Inevitabilidade da situação de
perigo.
*. A única forma de evitar o perigo
era praticar o fato típico.
o Salvação de direito próprio ou
alheio.
o Inexigibilidade de sacrifício do
direito ameaçado.
*. O direito ameaço não deveria ter
sido sacrificado, era razoável
preservado.
os quais o agente dispõe
para se defender com
sucesso.
o Defesa de direito próprio
ou alheio
o Requisito subjetivo: É
necessário que a pessoa
saiba que está agindo em
legítima defesa, se não
sabe, não há LD.
Ex.: A mata B. B queria
matar A. A não sabia
disso. A mata B.
Classificação:
o Próprio. Quando sujeito defende
seu direito.
o Terceiro: quando preserva direito
de terceiro.
o Real:
o Putativo: quando a situação de
perigo não existe de fato
(imaginário).
o Defensivo: o agente sacrifica o
bem jurídico do próprio causador
do perigo.
o Agressivo: o agente se vê obrigado
a sacrificar o bem jurídico de
terceiro alheio à criação da
situação de perigo. Não é ilícito
penal, mas ilícito civil.
EXISTE LEGÍTIMA DEFESA
CONTRA LEGÍTIMA DEFESA?
É impossível legítima defesa real
contra legítima defesa real
simultaneamente. A legítima
defesa é sempre reação contra
agressão injusta. Quem está
praticando agressão injusta não
pode estar em legítima defesa.
É POSSÍVEL legítima defesa real
contra legitima defesa real
sucessivamente. É a reação contra
o excesso da legítima defesa. Ex.:
A agride injustamente B. B
desfere paulada em A que cai no
chão ferido. B passa a chutar o
rosto desnecessariamente. A saca
arma da cintura e atira em B. A
legitima defesa de A foi depois da
19
OBSERVAÇÃO: furto famérico configura
Estado de Necessidade desde que seja
subtraída coisa capaz de mitigar a fome e
desde que o furto seja a última opção que o
agente tem para matar a fome.
legitima defesa do B (legitima
defesa sucessiva).
É POSSÍVEL legitima defesa real
contra legitima defesa putativa.
Ex.: A e B são inimigos e vão se
cruzar. B leva mão no bolso para
atender celular. A imagina que B
vai apanhar uma armar para mata-
lo. A saca uma arma de verdade.
B nota essa conduta e tmb saca
uma arma e atira primeiro em B.
CAPEZ – É POSSIVEL legitima
defesa putativa X legitima defesa
putativa. Dois loucos se
encontram, e ambos passam que
seriam agredidos.
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO.
Exercício de um direito garantido por lei ou de outra norma legal, por parte do cidadão comum.
Estrito cumprimento do dever legal (agente público)
Exercicio regular do direito (particular)
Exemplos:
Art. 301 do CPP. Flagrante facultativo.
Violência desportiva. Boxeador que lesiona seu adversário.
Desforço imediato. Uso de força física para expulsar invasores da propriedade.
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO (supralegal – doutrina e jurisprudência)
Que a discordância da vítima não seja elementar do tipo penal. A concordância / consentimento dela torna o fato
atípico. Ex.: art. 150 do CP. Na violação do domicilio, a discordância da vítima é elementar do tipo penal.
Que a pessoa seja capaz de consentir.
Que o consentimento seja livre e consciente. Não pode ser dado por força de violência/ameaça/fraude.
Que o bem seja disponível e próprio. O consentimento do ofendido só é excludente se o bem for disponível e do
próprio autor do consentimento.
O consentimento deve ser dado antes ou durante a execução do fato típico.
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OFENDÍCULOS.
Conceito: aparatos colocados para proteção da propriedade.
Ex.: cerca elétrica, cão bravio, caco de vidro no muro.
Doutrina discute qual a natureza jurídica dos ofendículos. Temos 4 correntes:
1ª Corrente: não acionado, configura exercício regular do direito. Se acionado, legítima defesa.
2ª Corrente: acionado ou não constitui exercício regular do direito.
3ª Corrente: acionado ou não, os ofendiculos constituem sempre legítima defesa preordenada.
4ª Corrente: ofendiculo diferente de defesa mecânica predisposto. O ofendículo é o caco de vidro no Muro (ex.),
mas a defesa mecânica predisposta é sempre um aparato oculto, sem nenhum aviso, configura legítima defesa.
Obs.: Só são legítimos/lícitos se forem inacessíveis a terceiros inocentes. Ex.: cão bravio só morde quem invade.
EXCESSOS NA EXCLUDENTE DE ILICITUDE.
Em todas as excludentes de ilicitude, art. 23, o agente responderá pelo excesso que comentera. Se o excesso for
doloso, o agente responderá por crime doloso, se o excesso for culposo, o agente responderá por crime culposo
se houver previsão a forma culposa do crime.
Ex.: Motorista parado no semáforo é abordado por assaltante com arma na mão. Motorista apanha arma, dispara
no assaltante que cai desarcordado. Motorista vê que o assaltante tá vivo, efetua dois disparos letais.
Ex.: Policial prende criminoso. Depois que o infrator já estava imobilizado, PM chuta o criminoso. STF entende
que há concurso de crimes, abuso de autoridade e lesão corporal.
O que é EXCESSO EXCULPANTE? Excesso nem doloso nem culposo. Decorre de caso furtuito ou força
maior. É excludente de culpabilidade. Criação da doutrina e jurisprudência.
Exculpante = excludente de culpa.
CULPABILIDADE
No Conceito analítico de crime, temos duas correntes, a bipartite/bipartida o crime é composto de dois elementos
(fato típico e ilícito). Para esta primeira corrente, a culpabilidade não é elemento do crime , é somente,
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pressuposto para aplicação de pena. Nesta corrente, há crime, mas o agente é isento de pena, porque falta o
pressuposto para aplicação da pena.
A segunda corrente é a tripartite/tripartida, a culpabilidade é elemento do crime e pressuposto para aplicação de
pena.
Para haver culpabilidade, são necessários 03 elementos:
- Imputabilidade
- Potencial consciência da ilicitude
- Exigibilidade de conduta diversa.
CAUSAS EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE ou CAUSAS EXCULPANTES
CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE.
CONCEITO DE IMPUTABILIDADE: é a capacidade mental de entender o que esta fazendo.
DOENÇA MENTAL ou DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO ou RETARTADO (art. 26, caput
do CP). No momento da infração deixar o agente inteiramente incapaz.
Se depois de cometer a infração penal, vier a sofrer de doença mental, receberá pena, que poderá ser
convertida em medida de segurança.
Art. 26, parágrafo único do CP. Se a doença mental tornar o agente parcialmente incapaz (não inteiramente),
pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3. SEMI-IMPUTÁVEL. Causa de diminuição da pena. A
INIMPUTABILIDADE é causa de isenção de pena, sofrerá medida de segurança.
O SEMI-IMPUTÁVEL terá pena diminuída de 1/3 a 2/3 pode ser substituída por medida de segurança art. 98.
Não é causa de excludente, mas de diminuição de pena. Critério Biopsicológico.
Imputável só pode sofrer pena.
Inimputável só pode sofrer medida de segurança (art. 26, caput) só pode sofrer medida de segurança.
Semi-imputável (art. 26, p. único) sofre pena diminuída de 1/3 a 2/3 que pode ser substituída por medida de
segurança substitutiva (art. 98 do CP).
Não há nenhuma hipótese que seja aplicada PN + MS. Adotamos o sistema VICARIANTE. O BINARIO
deixou de existir em 1984.
INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTAL / RETARDADO (art. 26, caput do CP). Criterio
Biopsicologico.
MENORIDADE (inimputabilidade em razão da idade). Art. 27 do CP e 228 da CF. Não há a menor
possibilidade de um menor responder como adulto, não vai para vara criminal. Critério Biológico.
Art. 4 do CP, no momento da conduta (tempo) adota a teoria da atividade, momento da ação/omissão.
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Ex.: Adolescente dispara arma de fogo em Alguém em 06/06. Em 06/07, ele completa 18 anos. Em 07/07,
vítima falece. Ele era inimputável.
Capacidade civil absoluta pela emancipação não modifica sua qualidade de inimputável para o direito penal.
ATO INFRANCIONAL é a conduta que corresponde a um crime ou uma contravenção.
Criança que comete ato infracional recebe medida de proteção.
Adolescente (12/18 anos incompletos) recebe medida sócio-educativa e podendo receber também medida de
proteção.
EMBRIAGUES INVOLUNTÁRIA E COMPLETA
Embriagues é a intoxicação por álcool ou pelo álcool ou substância de efeito análogo.
Voluntária (dolosa ou culposa). Tanto a voluntária completa quanto a voluntária incompleta, não excluem a
imputabilidade.
Culposa. Ex.: exagera na dose.
Na embriagues voluntária completa é possível punir o agente com base na “action libere in causa” : no
momento em que o agente se embriagou, ele era livre para embriagar-se ou não. O agente não atua com dolo
ou culpa no momento, porque nesse momento, ele está inteiramente incapaz de entender o que ele faz. Pune-se
o agente aplicando a teoria da action libere in causa. Ele podia escolher antes de beber.
OBS.: a embriagues patológica é tratada como doença mental. Aplica-se o 26 do CP.
Involuntária (acidental): caso fortuito ou força maior.
Involuntária completa exclui a imputabilidade. Deve ocorrer no momento da conduta, tornando o agente
inteiramente incapaz de entender.
Involuntária incompleta é causa de diminuição de pena.
Embriagues preordenada. É a embriagues voluntária e com intenção de cometer o crime. É agravante de pena
(art. 61, inciso II, letra L do CP).
Dependência de droga ou embriagues involuntária e completa. Droga é tudo que está na portaria SVS/MS
344/98. Art. 45 da lei de drogas. É causa excludente de imputabilidade desde que torne o agente inteiramente
incapaz. Neste caso, o juiz pode encaminhar o absolvido para tratamento médico.
CAUSA QUE EXCLUI A POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE DO FATO
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ERRO DE PROIBIÇÃO ESCUSÁVEL / ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO (inevitável / desculpável /
invencível).
Qualquer um nas mesmas circunstâncias, cometeria o mesmo erro. Art. 21 do CP. O desconhecimento da lei é
indesculpável. O erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, diminui a pena de 1/6 a 1/3. A potencial
consciência da ilicitude, é a possibilidade do agente saber que a sua conduta é proibida. Qualquer pessoa na
mesma circunstância do agente pensaria que a conduta era proibida.
Ex.: um HOLANDES acabou de desembargar no Brasil e passa a fumar um cigarro de maconha.
O desconhecimento sobre a existência da lei é sempre indesculpável, inescusável. Presume-se que todos
conhecem a lei.
Se EVITÁVEL/CULPOSO, não excluí a culpabilidade, apenas pode diminuir a pena.
Se INEVITÁVEL, é causa excludente de culpabilidade.
Obs.: nem sempre o ERRO de PROIBIÇÃO é causa de exclusão de culpabilidade, pode ser causa de redução.
1. O agente desconhece a existência da lei. Não sabe que existe uma lei ambiental que proíbe caça a
canários, mas tem possibilidade de saber que sua conduta é proibida. Sofre pena, podendo ser apenas
beneficiado com uma atenuante genérica do CP.
2. O agente desconhece a existência da lei e não tem possibilidade de saber que sua conduta é proibida.
Isento de pena.
CAUSAS QUE EXCLUEM A EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
a) COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (art. 22 do CP)
Ex.: gerente de banco que é forçado por um perigosíssimo bandido a subtrair dinheiro do banco e
deixar a quantia numa praça.
Obs.: a coação moral resistível não exclui a conduta nem a culpabilidade, apenas atenua a pena.
b) OBEDIÊNCIA A ORDEM NÃO MANIFESTAMENTE ILEGAL DE SUPERIOR HIERÁRQUICO.
- Que a ordem não seja manifestamente / evidentemente ilegal não deve ser cumprida. Os dois
responde pelo crime.
- Que a ordem venha de superior hierárquico. Alguém que exerce função pública. Estão excluídos
dessa relação a hierarquia privada.
DO CRIME (art. 13 à 28) ITER CRIMINIS "caminho do delito", ou seja, etapas que se sucederam desde o momento em que surgiu a ideia
do delito até a sua consumação.
1. Cogitação. Fase interna. Mero pensamento sobre a prática do crime. Não punível.
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2. Preparação. Fase interna. Providências anteriores ao início da execução do delito com vista a executá -lo. Ex:
a compra de veneno. Em regra não são puníveis, exceto quando forem tipificados como crimes próprios (ex:
art. 35 da lei de drogas).
3. Execução. Fase externa. Atos executórios são sempre puníveis.
Teorias sobre a diferença entre atos preparatórios e atos executórios.
- Teoria da hostilidade ao bem jurídico. Existem atos executórios quando a conduta gera uma concreta
situação de perigo ao bem jurídico.
- Teoria objetivo formal. Atos executórios são aqueles que iniciam a realização do tipo penal, realizar o
verbo do tipo penal. Predominante!
- Teoria objetivo individual. Atos executórios são aqueles que de acordo com o plano do autor demonstram
inequivocamente que são atos de início da execução do crime.
Se o crime não se consumar contra a vontade do agente, haverá tentativa.
Se o crime não se consumar pela vontade do agente, haverá desistência voluntária ou arrependimento eficaz.
4. Consumação. Fase externa. Quando o agente consegue obter o resultado jurídico ou naturalístico pretendido,
realiza por inteiro a conduta descrita no tipo penal incriminador. Punível.
Crime consumado diferente de crime exaurido (exaurimento).
- Exaurimento são circunstâncias que ocorrem após o crime já estar consumado, agravando as suas
consequências.
Ex.: o crime de concussão se consuma com a mera exigência ainda que o funcionário não consiga a
vantagem indevida. A obtenção da vantagem indevida, será exaurimento do crime já consumado. O
recebimento da vantagem aumenta as consequências do crime (59, CP).
CRIME TENTATO.
Aquele que não se consuma por fatores contrários a vontade do agente. Execução iniciada e não consumada.
Regra: punida com a mesma pena do crime consumado diminuída de 1/3 a 2/3. Tem natureza jurídica de causa geral de
diminuição de pena. Qual é o critério que o juiz utiliza para dosar a pena? O critério utilizado pelo juiz para dosar a
diminuição de pena na tentativa, é o chamado critério da proximidade da consumação ou critério do iter criminis
percorrido. Quando mais próximo o agente chegou da consumação, menor a redução de pena e vice versa.
Exceção: punida com a mesma pena do crime consumado sem qualquer diminuição. Isso que quer dizer “salvo disposição
em contrário” do art. 14, p/ único.
Ex.: art. 352 do CP. A tentativa é punida com a mesma pena do consumado.
Classificação da doutrina da tentativa
- imperfeita (inacabada). O agente não consegue esgotar todos os meios de execução de que dispõe e por isso não
consegue consumar o crime.
Ex.: indivíduo tem arma municiada é preso logo após efetuar o segundo disparo na vítima.
- perfeita (crime falho, acabada). O agente esgota os meios de execução disponíveis mas não consegue consumar o
crime.
- tentativa cruenta (vermelha). A vítima é atingida sofrendo lesão.
- tentativa incruenta (branca). A vítima não é atingida e não sofre lesão.
- idônea. O resultado era possível de ser alcançado embora não tenha sido por circunstâncias alheias a vontade do
agente. Punida.
- inidônea (CRIME IMPOSSÍVEL). O resultado era impossível de ser alcançado. Não é punida.
- simples .
- qualificada ou abandonada. O resultado não ocorre pela vontade do agente (desistência voluntária ou arrependimento
eficaz).
Infrações que não admitem tentativa:
1. Crime culposo. O resultado é involuntário (não querido pelo agente). Na tentativa o agente quer o resultado, mas
não consegue produzi-lo.
2. Crime preterdoloso. Pelas mesmas razões no crime culposo. Dolo na conduta e culpa no resultado.
3. Contravenção penal. Existe tentativa de contravenção penal, mas ela não é punida (art. 4º da LCP).
4. Crime de atentado (crime de empreendimento). Não existe porque a conduta tentada já é punida como infração
consumada (art. 352 do CP e abuso de autoridade art. 3º da 4898/65).
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5. Crime habitual. É aquele que só existe após uma reiteração de condutas (art. 284 do CP, curandeirismo). Um ato
isolado, são fatos atípicos.
6. Crime unissubsistente. É aquele que é executado em um só ato. A conduta não tem como ser fracionado. Xingou
tá consumado, pensou em xingar, não é nada. Temos dois tipos de crime unissubsistente, crime omissivo
puro/próprio (ou socorre e o fato é atípico ou não socorre e o crime está consumado pela simples omissão), e crime
de mera conduta.
Obs.: há exceção no crime de mera conduta. Art. 150 CP.
Obs.: Dolo eventual. Prevalece na Jurisprudência que o Dolo eventual admite tentativa. Assumir o risco de
produzir o resultado não deixa de ser uma vontade.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ. (Afasta a tentativa).
“Tentativa qualificada ou abandonada”.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA.
O agente abandona a execução do crime quando ainda dispõe de meios de execução para consumá-lo. A
desistência precisa ser voluntária mas não precisa ser espontânea (pode ser sugerida por terceira pessoa). Se o
motivo da desistência foi uma circunstância exterior que fez o agente parar a execução, com receio de ser
surpreendido, haverá tentativa.
Ex.: infrator tem arma com 05 munições e efetua dois disparos da vítima e voluntariamente para de disparar
ARREPENDIMENTO EFICAZ.
O agente esgota os meios de execução do crime e logo em seguida, pratica algum ato que evita a ocorrência
do resultado.
Ex.: agente tem 05 munições e as dispara contra a vítima. Esgotou os meios de execução. Em seguida, se
arrepende, leva a vítima para o hospital e evita a morte dela.
Obs.: Responde pelos atos já praticados. Lesão (na lesão grave a pena é maior).
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
ATENÇÃO: não confundir arrependimento eficaz com arrependimento posterior. No arrependimento eficaz,
não há consumação do crime. No arrependimento posterior, o crime já está consumado.
Natureza jurídica: Causa Geral de diminuição de pena.
Requisito: I) crime cometido sem violência ou grave ameaça a pessoa. Se a violência é contra coisa e não
contra pessoa, é cabível. Se a violência for culposa, é cabível arrependimento posterior. II) Reparação do dano
ou restituição da coisa até o recebimento da denúncia ou queixa. A reparação ou restituição deve ser integral,
se for parcial, não há o benefício. A reparação pode ser voluntária, não precisa ser espontânea.
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CRIME IMPOSSÍVEL / TENTATIVA INIDÔNEA / QUASE CRIME / CRIME OCO
CONCEITO: execução absolutamente impossível de chegar a consumação.
PREVISÃO LEGAL: art. 17 do CP, Súmula 145 do STF e jurisprudência.
STF Súmula nº 145 - 06/12/1963
Existência do Crime - Preparação do Flagrante pela Polícia que Torna a Consumação Impossível
Não há crime, quando a preparação (provado) do flagrante pela polícia (ou particular) torna impossível a sua
consumação
Teoria Sobre a punição do crime impossível
i) Teoria Sintomática. No crime impossível, o agente demonstra ser perigoso. Deve ser punido ainda que o
resultado seja impossível de ocorrer.
ii) Teoria subjetiva. O agente demonstrou vontade de delinquir, mas não como não obteve o resultado, ele
deve ser punido com a pena do crime tentado.
iii) Teoria objetiva. Leva em conta se o resultado é possível ou não, não quer saber da intenção do agente.
- Teoria objetiva pura: se há impossibilidade absoluta ou relativa de consumação, o agente não deve ser
punido.
- Teoria objetiva temperada. Se há impossibilidade absoluta de consumação, o agente não deve ser
punido. Se há impossibilidade relativa o agente é punido pelo crime tentado / tentativa. O CP adotou
essa teoria.
HIPÓTESES DE CRIME IMPOSSÍVEL
CRIME IMPOSSÍVEL POR INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO DE EXECUÇÃO (art. 17 do CP). O meio
escolhido para executar o crime é absolutamente ineficaz para provocar o resultado.
Ex.: matar uma pessoa com uma arma de brinquedo
Ex.: Matar uma pessoa envenenada com açúcar.
Obs.: se a ineficácia for relativa, é tentativa. Ex.: arma com defeito que falha no disparo.
ABSOLUTA IMPROPRIEDADE DO OBJETO (art. 17 do CP). Quando a pessoa ou coisa não tem
absolutamente como ser atingida pela conduta.
Ex.: atirar em cadáver.
Ex.: infrator dispara na vítima que estava dormindo (na verdade já estava morta).
Ex.: tentar furtar dinheiro de vítima que não tem dinheiro.
Ex.: se a pessoa tem dinheiro, mas o infrator erra o bolso, há tentativa. A impossibilidade não foi absoluta.
FLAGRANTE PROVOCADO / FLAGRANTE PREPARADO (SUMULA 145 DO STF)
Não há crime quando a preparação do flagrante torna impossível sua consumação.
A polícia/particular induz/provoca o agente a cometer a conduta criminosa e prepara todas as providências
para tornar a absolutamente incapaz a consumação.
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Ex.: a empregadora deixa dinheiro à vista da empregada. Quando a empregada põe a mão no dinheiro, ela
recebe voz de prisão.
Obs.: não confundir flagrante provocado/preparado com flagrante esperado. No flagrante esperado, o agente
não é provocado/induzido a cometer a conduta criminosa. Ele a comete espontaneamente, sendo apenas
esperado o momento de prendê-lo.
Ex.: furto no mercado com sistema de vigilância. Sujeito entrou no mercado e furtou espontaneamente,
ninguém foi lá e induziu alguém a furtar. HÁ TENTATIVA.
FALSIDADE GROSSEIRA.
É aquela inapta a iludir a fé pública. É a falsidade incapaz de iludir qualquer pessoa, perceptível a olho nu.
Obs.: se o documento falsamente grosseiro, for utilizado numa tentativa de estelionato, o agente responderá
pelo estelionato.
OBS.: TENTATIVA DE FURTO EM ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS COM SISTEMA DE
VIGILÂNCIA.
Ex.: pessoa entra no mercado e passa a ser vigiada pelas câmaras e pelos vigilantes. Tentativa de furto. O
sistema de vigilância, por si só, não torna a consumação absolutamente impossível, porque o sistema de
vigilância pode não perceber o furto.
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ERRO –equivocado sentimento acerca da realidade. Exemplo: Se você vai à feira e compra um
tomate pensando que está comprando um caqui, você cometeu um erro, pois você teve um
sentimento equivocado da realidade.
TIPO – no âmbito penal, são os elementos que compõem o fato incriminador de modo que a
ausência destes elementos implicaria na inexistência do crime.
ERRO DE TIPO: É um erro sobre situação de fato. Falsa percepção da realidade. O agente não sabe o que faz.
Há duas espécies:
1. ESSENCIAL. É o que recai sobre elementos ou circunstância do tipo penal. SEMPRE EXCLUI O
DOLO, SEJA EVITÁVEL OU INEVITÁVEL, mas nem sempre exclui a culpa.
a) Elementos (elementares) do tipo penal: são dados do tipo penal. Faltando um elemento, o
crime desaparece ou se transforma em outro.
Ex.: “subtrair coisa alheia móvel”. Tire alguma das palavras e você mexerá no elemento.
b) Circunstância (vem de circundare = estar em volta). São dados que influenciam na fixação
da pena, aumentando-a ou diminuindo-a. Faltando uma circunstância, o crime não
desaparece.
Ex.: art. 155, §4º, I, CP mediante rompimento de obstáculo pena de 2-8 anos
1.1. ERRO INEVITÁVEL. Exclui o dolo e a culpa, não havendo conduta, nem fato típico, nem crime.
1.2. ERRO EVITÁVEL. Exclui ou dolo, mas permite a punição por crime culposo, desde que haja
previsão a forma culposa do crime.
Ex.: “subtrair coisa alheia móvel”. “A” leva o CP do amigo por engano, pensando ser o seu.
ERRO DO TIPO (alheia).
Se este for INEVITÁVEL – exclui dolo e culpa, não há crime.
Se este for EVITAVEL – exclui o dolo. Não há crime (não há crime).
Ex.: “matar alguém”. Um caçador atira no animal que está atrás de um arbusto, ao se
aproximar para apanhar o animal, percebe que atirou numa pessoa. ERRO DO TIPO
(alguém).
Se este for INEVITÁVEL – exclui dolo e culpa, não há crime.
Se este for EVITAVEL – exclui o dolo e responde pela culpa.
Ex.: art. 155, § 2º CP. Furto privilegiado.
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“A” furta um relógio falsificado (100,00) reais pensando ser um relógio original de 10 mil.
Erro de circunstância.
Mas neste caso, o agente não terá benefício do §2º (diminuição de pena). Responderá como
se tivesse furtado um relógio de 10 mil.
“coisa de pequeno valor” é coisa de valor de até 1 salario minino.
2. ACIDENTAL. Recai sobre dados secundários do tipo penal.
2.1. Sobre o objeto. Consequência não exclui dolo nem culpa e o agente responde pelo crime. O
agente responde considerando o objeto furtado.
Ex.: agente furta arroz pensando ser feijão. Responde pelo furto do ARROZ.
Obs.: se o objeto for elementar ou circunstância do tipo penal, o erro sobre ele, passa a ser
ESSENCIAL. Ex.: furto privilegiado (art. 155, §2º). Infrator subtrai um relógio falso de 10 reais
pensando ser de 10 mil. O pequeno valor da coisa / objeto, é circunstância que influencia da pena.
Se o pequeno valor é uma circunstância do furto, o erro passa a ser ERRO ESSENCIAL.
2.2. Sobre a pessoa (art. 20, § 3º do CP). Ocorre quando o infrator se confunde quanto a vítima.
Consequência: o agente responde considerando-se a pessoa que ele queria atingir e não a que
efetivamente atingiu. Não exclui dolo ou culpa.
Ex.: o infrator atinge as costas do irmão para ficar com toda a herança. Ao se aproximar da
vítima, percebe que atirou em um desconhecido por engano. Responderá por homicídio
qualificado por motivo torpe. Será denunciado por homicídio contra o irmão.
2.3. Erro na execução ou “aberratio ictus” art. 73 do CP
O agente por acidente ou erro na execução do crime atinge vítima diversa daquela que pretendia
atingir. Consequência: não exclui dolo ou culpa (há crime). O agente responde considerando-se a
pessoa que ele pretendia vitimar e não a que efetivamente vitimou.
Ex.: infrator atira em seu inimigo e erra, acertando outra pessoa. Agente responde por homicídio
doloso contra o irmão.
2.4. Resultado diverso do pretendido (art. 74 do CP). O agente por erro na execução comete um crime
diferente do que ele pretendia cometer. Consequência:
- não exclui dolo e culpa (há crime).
- o agente responde pelo resultado produzido (a título de culpa) e não pelo resultado que
pretendia produzir.
Ex.: “A” quer danificar o veículo de “B”. Lança uma pedra, erra o automóvel e acerta um
pedestre. “A” queria cometer um crime de dano, por erro, cometeu um crime de lesão corporal.
Responde por lesão corporal culposa (129, §6º do CP).
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Ex.: “A” quer lesionar “B”, joga-lhe uma pedra, erra, e atinge um automóvel de um terceiro.
Não há no código penal crime de dano por crime culposo.
ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO (art. 20, § 2º CP). O agente erra por ter sido induzido por terceiro ao
erro. Consequência: o terceiro quem provocou o erro é que responde pelo crime. Se o terceiro provocou o erro
dolosamente, vai responder por crime doloso. Se o terceiro provocou o erro culposamente, vai responder por
crime culposo.
Ex.: médico quer matar um paciente. O médico entrega um frasco para a enfermeira com veneno
e manda ela ministrar a dose no paciente. A enfermeira, pensando se tratar de remédio, ministra a
dose no paciente que morre. Medico responde pelo crime doloso.
Ex.: o médico, por erro, manda enfermeira ministrar 10ml de um medicamente num paciente,
quando a dose certa era um 1ml. O paciente morre. Médico responde pelo crime culposo.
Obs.: se nestes dois exemplos, a enfermeira também agiu com dolo ou culpa, também responderá
juntamente com o médico pelo homicídio doloso ou culposo.
DISCRIMINANTES PUTATIVAS (art. 20§1º CP). O agente, por erro, supõe estar agindo em uma situação de
excludente de ilicitude. Aplica se ao Estado de necessidade, legitima defesa, exercício regular do direito, estrito
cumprimento do dever legal (todos imaginários). Discriminante = causa excludente de ilicitude. Putativa =
imaginária. O agente, por erro, supõe estar agindo em uma situação excludente de ilicitude, que na verdade não
existe. Temos dois tipos de erro:
DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE TIPO. O agente por erro supõe uma situação de fato
que o leva a imaginar que ele está em uma excludente de ilicitude.
Ex.: o agente vê o inimigo vindo em sua direção. O agente ve seu inimigo lançar mão no bolso para
atender o celular. O agente imagina que o inimigo está pegando uma arma e o mata antes. Imaginou
legitima defesa putativa.
Ex.: funcionário trabalha até mais tarde no escritório. Alguém sai e tranca a porta. Alguém sai e tranca a
porta por fora. De repente, dispara o alarme de incêndio, o funcionário tenta sair a porta está trancada. Ele
imagina que está no meio de um incêndio. Cometeu o dano achando estar em Estado de necessidade
putativo.
Ex.: um PM por erro, prende o irmão gêmeo de um procurado pensando que o procurado. O PM imaginou
uma situação que o levou a agir em estrito cumprimento do dever legal putativo. Não existe crime de
abuso de autoridade culposo, só doloso.
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A descriminante putativa por erro de tipo, resolve pelo art. 20, §1º do CP.
Erro de tipo inevitável, agente isento de pena.
Erro de tipo evitável, agente responde pela forma culposa.
DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE PROIBIÇÃO. O agente tem plena ciência da situação
de fato, mas por erro supõe que sua conduta está autorizada por uma excludente de ilicitude. Não sabe
que sua conduta era proibida.
Ex.: esposa se recusa a manter relações sexuais com o marido. Ela a estupra pensando estar exercício
regular do seu direito.
Ex.: homem rústico leva um tapa no rosto, vai até a sua casa, apanha uma arma e mata seu agressor.
Este sabe que está atirando numa pessoa que acabou de agredi-lo, só que ele imagina que está em
legítima defesa da honra.
Resolvida pelo art. 21 do CP. Se este erro é inevitável, isenta de pena. Se este erro é evitável, há
diminuição de pena.
CONCURSO DE PESSOAS, CONCURSOS DE AGENTES OU CO-DELINQUÊNCIA. = (ART. 29
A 32)
CONCEITO: quando uma infração penal é praticada por duas ou mais pessoas.
ESPECIES DE CRIME QUANTO AO CONCURSO DE PESSOAS:
Crime monosubjetivo ou crime de concurso eventual: é aquele crime que pode ser cometido por
uma só pessoa e, eventualmente, por duas ou mais. Quase todos os crimes.
Crime plurisubjetivo ou crime de concurso necessário: só pode ser cometido por duas ou mais
pessoas.
OBS.: as regras do concurso de pessoas somente se aplica aos crimes unissubjetivos, porque nos
crimes plurisubjetivos, o concurso já é elementar do tipo penal, é uma questão de tipicidade.
AUTOR:
Teorias:
i. Teoria restritiva ou objetiva. Para esta teoria, autor é apenas quem executa o verbo do tipo penal.
Apenas quem realiza o núcleo do tipo penal. Só o que mata, o que subtrai, o que falsifica.
ii. Teoria extensiva ou subjetiva ou unitária. Todo aquele que de alguma forma contribuiu para o
resultado criminoso. Não distingue entre autor e partícipe, só reconhece a figura do autor. Para
esta teoria, é autor, tanto aquele que mata, quanto aquele que entrega a arma.
iii. Teoria do domínio final do fato. É quem tem o poder de decidir se, como e como será praticado o
crime. Nesta teoria, o autor nem sempre é o que executa o crime. Só se aplica nos crimes dolosos.
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CO-AUTORIA.
Ex.: “A” e “B” desferem tiros na vítima, previamente ajustados. Executaram o verbo.
CO-AUTORIA SUCESSIVA. Se todo os autores iniciam a execução do crime juntos, haverá co-autoria
simultânea. Se um autor ingressa no crime depois de já iniciada a execução, fala-se em co-autoria sucessiva.
Ex.: “A” e “B” estão agredindo a vítima. O infrator “C” entra no crime que já estava acontecendo. Vai
responder pelo crime (na medida de sua culpabilidade).
PARTICIPAÇÃO (PARTÍCIPE).
Pessoa que não executa a conduta típica, que não executa o verbo do tipo penal, mas colabora de alguma
forma para a ocorrência da infração.
Ex.: aquele que empresta a arma para o homicida sabendo que ele vai matar. Induz a pessoa a furtar.
FORMAS. A pessoa pode ser partícipe do crime por:
- induzimento (criar a ideia do crime no pensamento do autor). O autor não imaginava praticar a conduta
delituosa. (PARTICIPAÇÃO MORAL)
- instigação: reforçar a ideia do crime, já existente no pensamento do autor, convencendo-o decisivamente a
executar a infração. Se não fosse a instigação, o agente não teria praticado o crime. (PARTICIPAÇÃO
MORAL)
- auxílio material. Fornecer meios de execução para o autor. Ex.: emprestar arma, emprestar o automóvel para
transporte de objetos furtados, emprestar a chave falsa. (PARTICIPAÇÃO MATERIAL)
Obs.: a conduta do partícipe por si só é atípica. Ex,: emprestar a chave falsa não é nada. O partícipe precisa
sempre de um autor. Aqui existe uma hipótese de tipicidade indireta ou adequação típica de subordinação
mediata ou indireta. Enquadramento da conduta do agente ao tipo penal incriminador. O Professor explicou
que o partícipe não responde pelo art. 155, por exemplo. Para responder pelo crime, faz se necessário aplicar o
art. 29 do CP.
Ex.: o infrator “A” subtrai um televisor de alguém. Esta conduta pode ser encaixada diretamente no tipo penal
do art. 155 do CP. “B” emprestou a chave falsa para “A” furtar. Não é possível enquadrar a conduta de B
diretamente no art. 155. Para punir B, será aplicada a ele o art. 155 cumulado com o art. 29 do CP (pune o
auxílio). Adequação típica de subordinação mediata ou indireta.
ACESSORIEDADE DA PARTICIPAÇÃO
Como o participe não realiza a conduta do tipo penal, ou seja, não executa a conduta típica, a participação é
um comportamento acessório que depende da existe de um autor ou co-autores que realize, execute o tipo
penal. Conclusão: é impossível crime apenas com partícipe.
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Pode existir crime só com autor, só co-autores, autor+partícipe, co-autores+participe. Impossível só partícipe.
PUNIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO OU DO PARTÍCIPE.
1. Teoria da acessoriedade mínima. O partícipe é punido se a conduta do autor for típica, ainda que não
ilícita.
Ex.: “A” empresta uma arma para “B” matar em legítima defesa. Se adotar esta teoria, o autor não será punido
pela legítima defesa, mas o partícipe será punido. STJ afastou esta teoria.
2. Teoria da acessoriedade média ou acessoriedade limitada. O partícipe é punido se a conduta do
autor é típica e ilícita ainda que não culpável.
“A” induz um absolutamente incapaz (doente mental) a matar a vítima. “A” responderá pelo crime.
TEORIA ADOTADA (HC 69.741-DF, STJ e HC 69741 / DF STF)
3. Teoria da acessoriedade máxima. O partícipe é punido se a conduta do autor é típica, ilícita e culpável.
Um individuo que induz um doente mental a matar não responde pelo crime.
4. Teoria da hiperacessoriedade. O partícipe é punido se a conduta do autor for típica, ilícita, culpável e
punível. Se o autor do crime morrer, o partícipe não pode ser punido (morte extingue a punibilidade).
CONCURSO DE PESSOAS (ART. 29 A 31 DO CP)
AUTORIA MEDIATO OU INDIRETO. Aquele que realiza o crime sem executar a conduta típica, ou seja ,
realiza o crime utilizando de uma pessoa que age sem dolo ou culpa ou sem culpabilidade
Ocorre em 04 hipótese:
1. Erro determinado por terceiro (art. 20, §3º CP): entrega para a enfermeira uma dose de veneno dizendo
ser medicamento (quer matar paciente). A enfermeira sem saber, mata o paciente.
Autor do crime é o médico (autor mediato ou indireto).
2. Na coação moral irresistível (art. 22 CP). O coator é o autor mediato ou indireto do crime.
3. Obediência hierárquica (art. 22). O superior é o autor mediato ou indireto, pois utiliza o subordinado
como instrumento para executar o crime.
4. Instrumento impunível (art. 62, inciso II do CP). Individuo A induz absolutamente incapaz a matar a
vítima.
REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS
1. Pluralidade de agentes.
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2. Relevância causal das várias condutas. É necessário que haja nexo de causalidade entre todas as
condutas e o resultado.
3. Liame subjetivo ou vínculo subjetivo. Vontade de colaborar na conduta criminosa de outra pessoa,
ainda que a outra pessoa desconheça a colaboração.
Liame subjetivo é DIFERENTE de prévio ajuste (combinação dos agentes para prática do crime).
O requisito é liame de pessoa e não necessariamente o prévio ajuste. Pode haver concurso de pessoas sem que
os agente tenham combinados entre si a prática da infração penal.
Ex.: empregada doméstica descontente com as condições de trabalho, fica sabendo que um perigoso infrator
pretende furtar a residência onde ela trabalha. A emprega deixa o alarme desativo, a porta destrancada e o
cachorro preso. O ladrão sem saber da colaboração da empregada, entra no imóvel e comete o furto. Houve
concurso, ladrão autor e empregada partícipe.
4. Homogeneidade subjetiva. Só há concurso doloso em crime doloso e concurso culposo em concurso
culposo. Não há participação dolosa em crime culposo ou vice e versa. No exemplo da enfermeira, se ela
deixou de conferir se a substância que iria ser aplicada no paciente era a correta, agiu com negligência,
responde por homicídio culposo e o médico por homicídio doloso. Neste caso, não há concurso por falta de
homogeneidade subjetiva.
5. Identidade de infração. Autores, co-autores e participe respondem todos pelo mesmo crime.
- Teoria Monista / unitária. Todos respondem pelo mesmo crime, na medida da sua culpabilidade. Adotada.
- Teoria Pluralistíca ou pluralista. É a exceção no Brasil, é adotada excepcionalmente. Por esta teoria, os
agentes respondem por crimes diferentes.
Hipóteses em que a lei excepciona a teoria monista e aplica a pluralista:
Ex.1. O particular oferece propina (art. 333), o funcionário aceita a propina (art. 317)
Ex.2. Particular entra com mercadoria contrabandeada no Brasil (334) e é auxiliado pelo funcionário Público
(318).
Ex. 3. Traficante compra (art. 33 da lei 11.343) drogas com dinheiro fornecido por empresário (art. 36 da
11.343).
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA (art. 29 §1º)
- Causa geral de diminuição de pena
- Só se aplica ao partícipe.
COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA (art. 29 § 2º do CP).
Considerando a hipótese dos meliantes A e B combinarem de furtar uma casa que aparentemente encontra-se
vazia, B entra na casa, enquanto A espera no carro para a fuga. Ao invadir a casa B encontra a dona da casa e
decide por conta própria estuprá-la. Após, o meliante B encontra A e ambos fogem com um televisor.
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A cooperação dolosamente distinta impede que alguém responda por um fato que não estava na sua esfera de
vontade ou de conhecimento, ou seja, considerando o exemplo acima A não poderá responder pelo crime de
estupro praticado por B pelo fato de não partilhar a intenção de estupro, mas apenas a intenção de furto
Mas: “A” sabia que havia uma moradora na casa e sabia que seu comparsa portava uma faca. Ele sabia que seu
comparsa poderia roubar e estuprar. O Fulano A responderá pelo 157 e 213 por dolo eventual. “tanto faz”.
Cinco meliantes decidem praticar um roubo. Um deles resolve atirar na vítima. Quem participa de um roubo
armado, está assumindo o risco (dolo eventual) de cometer latrocínio. O que atirou responde por dolo direto e
os demais respondem por dolo eventual.
COMUNICABILIDADE DAS ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS DO TIPO PENAL (Art. 30 do CP).
Elementares ou elementos são dados essenciais do tipo penal, desaparecendo uma elementar, desaparece ou
crime ou ocorre outro crime.
- objetivas. Meios/modos de execução do crime.
- subjetivas. Motivos do crime ou condições pessoais do agente.
As elementares sejam objetivas ou subjetivas sempre se comunicam aos demais agentes.
Circunstâncias (“circundare” estar em volta), são dados agregados ao tipo penal que influenciam na pena.
Qualificadoras, causas de aumento ou diminuição de pena e as agravantes e atenuantes genéricas.
- objetivas. Meios/modos de execução do crime.
- subjetivas. Motivos do crime ou condições pessoais do agente.
As circunstâncias só se comunicam as objetivas (tem que ter conhecimento), desde que ingressem no dolo do
outro agente. As subjetivas jamais se comunicam.
Ex.: um funcionário público auxiliado por um particular, se apropriam de dinheiro público que está na posse
de um funcionário em razão da função.
A condição funcional do servidor, é elementar subjetiva e vai se comunicar ao outro particular. O particular
também responde por peculato.
Ex. A e B querem matar. A fica encarregado de servir comida envenena e executar o crime. O emprego de
veneno é uma circunstância do homicídio (art. 121, 2§ III). É circunstância objetiva que se comunica, ambos
responderam pelo homicídio qualificado pelo emprego de veneno.
Ex.: “A” empresta arma para “B” matar a vítima. Mas no momento da execução, “A” resolve envenenar a
vítima sem conhecimento do comparsa “B”. “A” vai responder por homicídio simples e o “B” por homicídio
qualificado pelo emprego de veneno.
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Ex.: “A” e “B” cometem furto. A é reincidente e semi imputável. B é primeario e imputável. A reincidência é
uma agravante e a semi imputabilidade é causa de diminuição de pena e são circunstâncias subjetivas (que se
referem a condições pessoais do agente). Somente “A” sofrerá a agravante da reincidência e a diminuição de
pena da semi imputabilidade. Estas circunstâncias subjetivas de “A” não se comunicam a “B”.
CASOS DE IMPUNIBILIDADE (art. 31)
“inter criminis”
1. Cogitação – não punível
2. Preparação – não punível
3. Execução – são puníveis como tentado, salvo desistência voluntária e arrependimento efeicaz.
4. Consumação – são puníveis, crime consumado.
QUESTÕES FINAIS DOUTRINÁRIAS SOBRE CONCURSO DE PESSOA.
1. PARTICIPAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO
É possível existir crime só com o autor, só com co-autores, autores e partícipe. Não é possível haver crime só
com partícipe.
EX.: “A” instiga “B” a auxiliar “C” a matar a vítima. É possível participação de participação.
2. PARTÍCIPE POR OMISSÃO
Sim, desde que o omitente tenha o dever de agir de evitar o resultado. É necessário que o omitente queira
participar da conduta do autor.
Ex.: PM vendo pessoa ser agredida e querendo que ela seja agredida, nada faz para evitar a agressão.
3. CONCURSO DE AGENTES EM CRIMES OMISSIVOS.
- primeira corrente. Não é possível. Cada omitente responde por sua omissão por crime autônomo.
- segunda corrente. Admite concurso de pessoas, tanto co-autoria como participação.
- terceira corrente (Majoritária). Admite participação mas não admite co-autoria.
4. Concurso de pessoas em crime culposo.
- é possível co-autoria em crime culposo, mas não é possível a participação (majoritária)
Ex.: Dois pedreiros jogam uma tábua do 6º andar de um prédio em construção em direção a lixeira (deveriam
carregar até a lixeira). A tábua acerta um pedestre. Ambos praticaram a conduta imprudente e produziram o
resultado involuntário.
Ex.: passageiro instiga o condutor a exceder a velocidade do veículo. Motorista acaba atropelando alguém.
Segundo esta corrente, haveria co-autoria de ambos.
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- é possível tanto co-autoria quanto participação (minoritária). Para esta segunda corrente, no exemplo do
passageiro, o condutor seria o autor e o passageiro seria o partícipe (Rogério Greco).
5. AUTORIA COLATERAL, AUTORIA INCERTA E AUTORIA IGNORADA (desconhecida)
- Autoria colateral: quando duas pessoas executam a infração simultaneamente sem que uma saiba da conduta
da outra (mera coincidência).
Ex.: vítima jurada de morte chega em seu casa e desce do automóvel. O matador “A” escondido num ponto
atira na vítima. O matador “B” escondido num ponto, atira na vítima. Ambos desconhecem a presença um do
outro.
- Autoria incerta. Ocorre quando na autoria colateral, não foi possível qual dos agentes consumou o crime.
- Autoria ignorada (desconhecida). O infrator não foi identificado
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