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1 DIREITO PENAL - SILVIO MACIEL E-mail: [email protected] 1. INFRAÇÃO PENAL 1.1. ESPÉCIE DE INFRAÇÃO PENAL (Sistema dualista ou bipartite) Crime (Delito) Contravenção Penal Tipo de pena: Reclusão c/ ou s/ multa Detenção c/ ou s/ multa Prisão simples (não admite regime fechado em hipótese alguma) Prisão simples com ou sem multa Só multa A tentativa de crime é punida A tentativa não é punida. LCP art. 4º Admite 03 espécies de ação penal diferentes: - API - APC - APP Só admite API Art. 17 da LCP Existe Extraterritorialidade da lei penal, possibilidade da Lei penal Brasileira ser aplicada a um crime fora do Brasil Art. 2º da LCP. Não existe Extraterritorialidade Ex.: brasileiro joga em navio estrangeiro não comete crime, pois é contravenção. CP Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos Tempo máximo de prisão: 30 anos. Mas os benefícios da execução (ex.: progressão do regime etc) são calculados sobre o total da condenação e não sobre 30 ou 05 anos. Sumula 715 do STF Tempo máximo de prisão: 05 anos. Art. 10 da LCP Competência: Justiça Estadual e Justiça Federal Competência: Justiça Estadual, ainda que atinjam bens ou interesses da União (art. 109, IV, CF). Exceção: se o Contraventor tiver foro especial na JF, lá responderá. Ex.: Juiz federal comete contravenção penal, será julgado pelo seu TRF. 1.2. CONCEITO: as infrações penais constituem determinados comportamentos humanos proibidos por lei, ofende um bem jurídico, sob a ameaça de uma pena. OBS.:

REsumo da aula Professor Silvio Maciel - Direito Penal

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resumo da aula do professo Silvio Maciel , direito penal, parte geral e especial. Todos os trechos foram redigidos por mim. É um excelente resumo da aula de um grande professor.

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DIREITO PENAL - SILVIO MACIEL

E-mail: [email protected]

1. INFRAÇÃO PENAL

1.1. ESPÉCIE DE INFRAÇÃO PENAL (Sistema dualista ou bipartite)

Crime (Delito) Contravenção Penal

Tipo de pena:

Reclusão c/ ou s/ multa

Detenção c/ ou s/ multa

Prisão simples (não admite regime fechado em

hipótese alguma)

Prisão simples com ou sem multa

Só multa

A tentativa de crime é punida A tentativa não é punida. LCP art. 4º

Admite 03 espécies de ação penal diferentes:

- API

- APC

- APP

Só admite API

Art. 17 da LCP

Existe Extraterritorialidade da lei penal, possibilidade

da Lei penal Brasileira ser aplicada a um crime fora do

Brasil

Art. 2º da LCP. Não existe Extraterritorialidade

Ex.: brasileiro joga em navio estrangeiro não

comete crime, pois é contravenção.

CP Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas

privativas de liberdade não pode ser superior a 30

(trinta) anos

Tempo máximo de prisão: 30 anos. Mas os benefícios

da execução (ex.: progressão do regime etc) são

calculados sobre o total da condenação e não sobre 30

ou 05 anos. Sumula 715 do STF

Tempo máximo de prisão: 05 anos. Art. 10 da

LCP

Competência: Justiça Estadual e Justiça Federal Competência: Justiça Estadual, ainda que atinjam

bens ou interesses da União (art. 109, IV, CF).

Exceção: se o Contraventor tiver foro especial na

JF, lá responderá. Ex.: Juiz federal comete

contravenção penal, será julgado pelo seu TRF.

1.2. CONCEITO: as infrações penais constituem determinados comportamentos humanos proibidos por

lei, ofende um bem jurídico, sob a ameaça de uma pena.

OBS.:

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Teorias que conceituam Crime são:

Teoria causalista: crime é igual a fato típico + ilicitude + culpabilidade (dolo e culpa).

Teoria Finalista: crime é igual a fato típico (dolo e culpa) + ilicitude + culpabilidade.

Teoria finalista dissidente: crime é fato típico (dolo e culpa) e ilicitude.

Sanção penal

Pena. Aplicável aos imputáveis e semi-imputáveis (capacidade mental diminuída)

- Privativa de liberdade

- Restritiva de direito

- Multa (pecuniária)

Medida de segurança. inimputável ou semi-imputável, (art. 98 CP)

- Internação

- Tratamento ambulatorial

Obs.: não é possível aplicar pena e medida de segurança ao mesmo tempo. Brasil adota o

sistema Vicariante (ou um ou outro). Não adotamos o Sistema do Duplo Binário (pena e

medida de segurança).

Obs.: a sentença que aplica MS ao inimputável é chamada de sentença de absolvição

imprópria. Porque o réu é absolvido, porém condenado.

1.3. SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL.

1.3.1. SUJEITO ATIVO. É aquele que ofende o bem jurídico protegido por lei. Em regra só o ser

humano maior de 18 anos pode ser sujeito ativo de uma infração penal. A exceção acontece

nos crimes contra o meio ambiente onde existe a possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito

ativo, conforme preconiza o Art. 225, § 3º da Constituição Federal.

Obs.: STF entendeu que é admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime

ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de

direção do órgão responsável pela prática criminosa.

Obs.: art. 173, § 5º da CF. Possibilidade de responsabilidade de PJ nos crimes econômico e

financeira e contra economia popular (dispositivo não foi regulamentado)

OBs.: o único crime que PJ comente é contra o meio ambiente.

1.3.1.1. Espécies de crime quanto ao sujeito ativo.

a. Crime comum. Que pode ser praticado por qualquer pessoa.

b. crime próprio, o tipo exige determinada qualidade pessoal do agente. Ex: funcionário

público (no caso do crime de peculato), admitindo co-autoria.

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c. crime de mão própria, não se exige qualidade pessoal do agente, trata-se de crime

comum. Contudo, é impossível que o delito seja cometido em co-autoria, pois

somente o agente em pessoa pode praticar este tipo de crime. Ex: falso testemunho

(somente a testemunha pode praticar o delito, não se admitindo co-autoria).

OSB: cuidado, muito embora não possa o crime de mão própria ser praticado em co-

autoria, admite-se a participação . Ex: a tetemunha foi instruída pelo advogado a mentir.

Nesse caso o advogado torna-se partícipe da figura típica.

1.3.2. SUJEITO PASSIVO. Pessoa Física ou jurídica que sofre as consequências da infração

penal.

o Obs.: pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão mediante sequestro (art. 159 CP),

não na condição ser sequestrada, mas ter desfalcado parte de seu patrimônio.

o PJ não pode ser vítima de injúria porque não tem honra subjetiva.

o Não confundir Vítima com prejudicado (esposa da vítima de homicídio).

o Crime de dupla subjetividade passiva: Ex. crime de violação de correspondência

(art. 151 do CP). Dois sujeitos passivos, remetente e destinatário da

correspondência. Este crime é todo aquele que o tipo penal traz duas vítimas.

o Crime bipróprio. Aquele que o tipo penal exige uma qualidade especial do sujeito

ativo e do sujeito passivo. Ex.: art. 123 do CP

o Crime vago é aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade sem

personalidade jurídica, ou seja, uma comunidade inteira e não apenas uma pessoa.

o QUE NÃO PODE SER SUJEITO PASSIVO:

* Pessoa morta. No caso de calúnia (art. 138) e vilipêndio (art. 212), o morto

referido no tipo penal, não é vítima.

* Animais (nem ambiental). Animal é objeto de direito.

* Pessoa não pode ser autor e vítima ao mesmo tempo (princípio da lesividade).

* Crime de porte de droga para consumo pessoal (art. 28 da L 11.343). O indivíduo

não é punido por consumir, mas por porta. Não é vítima, mas autor.

* Na rixa (art. 137 CP) o agente é sujeito ativo da participação na rixa, e sujeito

passivo nos crimes que eventualmente sofrer durante a rixa.

1.4. OBJETO JURÍDICO DO CRIME. Vida, patrimônio e saúde pública. Há crimes de dupla

objetividade jurídica. Crimes que protegem dois ou mais bens jurídicos. Ex.: 157 CP – integridade

da vítima e o patrimônio.

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1.5. OBJETO MATERIAL DO CRIME. É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa.

No homicídio, o objeto material é a pessoa. No furto, a carteira. No porte de drogas, não há objeto

material.

2. PRINCÍPIOS.

2.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (Art. 1º do CP e art. 5º, XXXIX, CF). Somente lei Federal (União

– Congresso), ordinária ou complementar pode criar ou alterar infrações penais e sanções penais.

2.1.1. Não se pode criar ou modificar infrações e sanções penais por lei estadual/distrital ou

municipal. Nem por lei delegada. Nem por emenda constitucional. Medida Provisória (ato

do Presidente) CF/88, Art. 62. § 1º, b. Nem costumes, princípios gerais do direito e analogia.

APENAS POR LEI ORDINÁRIA OU COMPLEMENTAR FEDERAL.

2.1.2. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE (Art. 1º do CP e art. 5º, XXXIX, CF). Determina que

a lei penal deve ser anterior ao fato que busca incriminar. O princípio da anterioridade define

como regra a irretroatividade de lei penal. Exceção: quando se tratar de novatio legis in

pejus (lei nova que prejudica o réu), pois admite-se excepcionalmente a regra da

retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu (novatio legis in mellius).

a) REGRA: lei rege os fatos praticados durante sua vigência, não se aplica a fatos

ocorridos antes de sua vigência e nem depois dela.

b) ULTRATIVIDADE da lei penal: mesmo revogada, a lei mais benéfica continua sendo

aplicada aos fatos ocorridos em sua vigência.

c) Novatio legis incriminadora: lei nova que torna típico fato anteriormente não

incriminador. Não há retroatividade

d) Abolitio criminis: lei nova não considera mais crime uma conduta. Faz desaparecer

todos os efeitos penais, mas subsistem os efeitos civis (extrapenais).

o Ex.: adultério, sedução e rapto. Adultério deixou de existir, mas a obrigação de

indenizar a vítima de adultério ainda é válida.

o Efeitos: Retroatividade. A abolitio criminis é uma lei aplicada para frente e para

trás, retroagem e apaga todas as infrações penais ocorridas antes da sua

existência.

e) Novaio legis in pejus ou lex gravior lei nova mais severa (pena ou regime de inicio de

cumprimento). A lei nova não modifica o tipo penal, mas apenas lhe dá características

distintas. Não há retroatividade.

o Quem aplica essa lei mais benéfica, o juiz que condenou ou o juiz da execução?

O juiz da execução. Súmula 611 do STF.

f) Novatio legis in mellius ou lex mitior: lei mais branda, favorável. RETROAGE.

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g) Obs.: Mudança de jurisprudência favorável ao réu retroage? De acordo com o STJ, não

cabe revisão criminal com amparo em questão jurisprudencial controvertida nos

tribunais (Resp 759.256/SP).

h) Princípio da continuidade normativo-típica: migração do conteúdo criminoso para outro

tipo penal ou para outra lei. A intenção do legislador é manter o caráter criminoso do

fato.

o Ex: O tráfico de drogas ele estava no art. 12 da lei 6368/76 e passou a ser o art.

33 da lei 11.343/06. O tráfico ainda é crime, só mudou de tipo e de lei.

OBS: E possível combinar lei velha e lei nova? Se o juiz combinar as leis penais, ele

estará criando uma nova terceira lei não existente. A tese consolidada é de que a lei

pode retroagir, mas apenas se puder ser aplicada na íntegra. Dessa forma, caberá ao

“magistrado singular, ao juiz da vara de execuções criminais ou ao tribunal estadual

decidir, diante do caso concreto, aquilo que for melhor ao acusado ou sentenciado, sem

a possibilidade, todavia, de combinação de normas”. STJ HC 86797

A lei nova em relação à antiga se tornou mais gravosa em um aspecto e, ao mesmo

tempo, mais benéfica em outro. STJ – Súmula 501

Extra-Atividade da Lei Penal - Espécies

A extra-atividade pode se desdobrar no tempo para frente ou para trás, dando origem,

respectivamente à ultra-atividade ou à retroatividade.

Ultra-atividade – ocorre quando a lei, mesmo depois de revogada, continua a regular os

fatos ocorridos durante a sua vigência;

Retroatividade – possibilidade conferida à lei penal de retroagir no tempo, a fim de

regular os fatos ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor.

2.1.3. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE. (Art. 1º do CP e art. 5º, XXXIX, CF). A lei penal deve

trazer descrição pormenorizada de seus elementos essenciais e circunstanciais para que se

permita a proibição inquestionável de determinada conduta, deve ser CERTA. O princípio

da taxatividade impede que a lei penal seja ambígua ou apresente descrição imprecisa ou

vaga. A taxatividade da lei penal garante a segurança jurídica, pois espanca qualquer dúvida

em relação às condutas que podem ou não ser praticadas.

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3. LEI EXCEPCIONAL E TEMPORÁRIA. (art. 3º do CP).

3.1. Lei temporária (ou temporária em sentido estrito) é aquela que tem prefixado no seu texto tempo

de sua vigência. Lei excepcional (ou temporária em sentido amplo) é a que atende a transitórias

necessidades estatais, tais como guerra, calamidades etc.

o as circunstâncias de prazo (lei temporária) e de emergência (lei excepcional)

são elementos temporais do próprio fato típico, e, por isto, são ultrativas. Como

essas leis tem vigência provisória, elas não seriam respeitadas se perdessem a

eficácia após a sua revogação.

4. TEMPO DO CRIME. Em qual momento se considera praticado o crime? Conduta num momento,

resultado em outro. Considera-se praticado o crime no momento da conduta, ainda que em outro seja o

resultado (teoria da atividade ou da ação). L U Tempo Atividade.

o Teoria da atividade: momento da conduta.

o Teoria do resultado: momento do resultado.

o Teoria mista. Conduta e resultado.

OBS.: STF Súmula nº 711 A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado

ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade

ou da permanência.

5. LUGAR DO CRIME. Art 6º do CP. L U t a. Teoria da Ubiquidade / mista. Considera-se praticado o

crime tanto no lugar da conduta quanto no lugar do resultado.

5.1. Crimes Plurilocais: são aqueles que a conduta ocorre num lugar, resultado em outro, mas ambos no

Brasil.

5.2. Crimes a distância: são os que parte ocorre no Brasil e parte ocorre no estrangeiro.

o Caso 01. Infrator atira na vitima no Brasil. Vitima morre na Argentina.

o Caso 02. Da argentina, sujeito envia carta bomba para vítima no Brasil.

Obs.: para os dois casos, a lei brasileira será aplicada. Responderá nos dois

países. Não será bis in idem porque a pena cumprida no estrangeiro atenuará a

pena aqui no Brasil.

TEORIA DO CRIME (DO CRIME)

1. INTRODUÇÃO.

1.1. CORRENTES.

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1.1.1. BIPARTITE ou DICOTOMICA: CRIME=FATO TÍTPICO + ILICITO

(ANTIJURIDICO).

Obs.: a culpabilidade não é elemento do crime, e sim, pressuposto de aplicação da pena.

1.1.2. TRIPARTITE ou TRICOTOMICA: CRIME= FATO TÍPICO + ILICITUDE

(ANTIJURICIDADE) + CULPABILIDADE.

o A doutrina majoritária adotou esta corrente.

o Faltando qualquer um desses elementos, não há crime.

2. FATO TÍPICO.

2.1. CONCEITO: é iniciado por uma conduta humana que é produtora de um resultado naturalístico,

aqui há um elo que liga a conduta do agente ao resultado (nexo causal), e por fim, que esta conduta

se enquadra perfeitamente ao modelo abstrato de lei penal (tipicidade)

2.1.1 CONDUTA. Comportamento humano voluntário / comportamento humano.

2.1.1.1. TEORIAS SOBRE A CONDUTA.

2.1.1.2. CAUSAS QUE EXCLUEM A CONDUTA: Faltando algum dos elementos abaixo,

fato torna- se atípico.

i. Caso Fortuito ou força maior:

ii. Coação física irresistível: é o emprego de força física para que alguém faça ou

deixe de fazer alguma coisa. Exemplos de ausência de conduta: coação física

irresistível (o homem que está amarrado não pode praticar uma conduta

omissiva, por exemplo)

o Ex: O sujeito mediante força bruta, impede que o guarda ferroviário combine

os binários e impeça uma colisão de trens.

o Obs.: coação moral irresistível exclui culpabilidade .

iii. Atos reflexos. Pessoa que age por reflexo, não pratica conduta criminosa.

o Mulher segurava bebê no colo, um amigo sem perceber que ela estava com o

bebê no colo, lhe deu um susto. A criança cai no chão e morreu.

iv. Atos inconscientes. Ex.: Sonambulo mata em razão de seu estado.

2.1.1.3. ESPÉCIES DE CONDUTA:

2.1.1.3.1. DOLOSA ou CULPOSA

2.1.1.3.1.1 DOLOSO. Quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de

produzi-lo. É a vontade consciente dirigida a realizar ou aceitar

realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. VONTADE

(volutivo) + CONSCIENCIA (intelectivo)

TEORIAS DO DOLO.

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TEORIA DA VONTADE: é a vontade de praticar a infração penal

e produzir o resultado criminoso. Obs.: o CP adota essa teoria no

dolo direto.

TEORIA DA REPRESENTAÇÃO: há dolo quando o agente prevê

o resultado como possível e mesmo assim, decide continuar a

conduta. Peca por não diferenciar dolo eventual por culpa

consciente. Não adotado.

TEORIA DO CONSENTIMENTO OU ASSENTIMENTO: Há

dolo quando o agente prevê o resultado como possível e decide

continuar a conduta, aceitando o risco de produzir o resultado.

Diferencia dolo eventual de culpa consciente. OBs.: o CP adota

essa teoria no dolo eventual.

ESPÉCIE DE DOLO.

- DOLO DIRETO/DETERMINADO. Quando o

agente quer o resultado.

- DOLO INDIRETO/INDETERMINADO. Quando

o agente não busca um resultado certo e

determinado.

o Dolo alternativo. O agente prevê dois ou mais

resultados possíveis, aceitando qualquer

deles. Atira na vítima prevendo que pode ferir

ou matar (prevê dois resultados), aceitando

qualquer um deles como satisfatório.

o Dolo eventual. O agente também prevê dois

ou mais resultados como possíveis, ele quer

um resultado, mas assume o risco de

produzir o outro. Ex.: individuo atira na

vítima para ferir, não quer matar, mas assume

o risco de matar. Ao dirigir embriagado, o

motorista assumiu o risco de matar

- DOLO DE PRIMEIRO GRAU. Dolo direto. É o

resultado querido pelo agente (dolo direto).. Ex.: O

agente quer matar.

- DOLO DE SEGUNDO GRAU. diz respeito a um

efeito colateral típico decorrente do meio escolhido

e admitido, pelo autor, como certo ou necessário.

Exemplo citado pela doutrina alemã: o dono

provoca o incêndio em seu navio com o propósito

de enganar a seguradora. As mortes dos passageiros

e dos tripulantes constituem efeitos colaterais típicos

decorrentes do meio escolhido (incêndio). Com uma

só conduta o agente pratica vários crimes (concurso

formal)

- DOLO DE PROPÓSITO. É o dolo

pensado/refletido. Ex.: individuo já sabe que vai

matar a vítima daqui a dois dias. Em regra, aumenta

a quantidade de pena.

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- DOLO DE DANO. Quando o agente quer causar

um dano ao bem jurídico protegido.

- DOLO DE PERIGO. Quando o agente quer apenas

expor a perigo o bem jurídico protegido.

- DOLO GENÊRICO. O agente quer praticar a

conduta sem uma finalidade específica. O tipo penal

não prevê nenhuma penalidade específica.

- DOLO ESPECÍFICO. O agente quer praticar a

conduta buscando um fim específico.

Estes dois últimos, estão ultrapassadas e em desuso,

hoje se fala em dolo sem fim específico e dolo com

fim específico.

- DOLO DE ÍMPETO. Dolo não pensado,

repentino. Esse em regra é um atenuante de pena.

Ex.: numa briga de bar, um sujeito perde a cabeça e

mata o outro.

- DOLO NATURAL. Integra o fato típico. É

composto de dois elementos: consciência e vontade

- DOLO NORMATIVO. Integra a culpabilidade. É

composto de três elementos: vontade, consciência e

consciência atual da ilicitude.

A consciência atual da ilicitude é elemento

normativo.

Este dolo não é adotado pelo CP, porque dolo não

integra a culpabilidade.

- O dolo geral ou erro sucessivo ocorre quando o

agente, supondo já ter alcançado um resultado por

ele visado, pratica nova ação que efetivamente o

provoca. Ou seja, depois do primeiro ato, o agente

imagina já ter atingido o resultado desejado, que, no

entanto, somente ocorre com a prática dos demais

atos.

Exemplo: A atira em B e imagina que este morreu;

A joga B no mar, e apenas quando este é jogado no

mar é que efetivamente morre, afogado. O resultado

pretendido aconteceu, porém com nexo de

causalidade diverso (afogamento).

2.1.1.3.1.2 CULPOSO. (art. 18, inciso II do CP)

CONCEITO: consiste em uma conduta voluntária que causa um resultado não

querido pelo agente, mas que foi previsto por ele ou podia ser previsto por ele

e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado. Há crime

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culposo quando o agente não quer o resultado, não assume o risco de produzir

o resultado mas dá causa a esse resultado por imprudência, negligência ou

imperícia.

Obs.: não existe tentativa de crime culposo.

2.1.1.3.1.2.1. MODALIDADES DE CULPA

o IMPRUDÊNCIA. Um agir descuidado, de forma afoita. Ex.: dirigir automóvel

em excesso de velocidade. Ex.: Médico não solicita exames pré-operatórios que

sabe ser necessário e o paciente morre.

o NEGLIGÊNCIA. Omissão não adotar as cautelas devidas. Falta de precaução.

Ex.: Não retirar a caixa de fósforo da mão de uma criança.

o IMPERÍCIA. Falta de conhecimento ou aptidão par o exercício de uma arte

técnica, ofício ou profissão. Ex.: agente que não sabe dirigir automóvel. Ex.:

Médico realiza técnica cirúrgica nova que ele não conhece e deixa

deformidades no paciente.

Obs.: A denúncia ou queixa, deve descrever expressamente a modalidade de

culpa sob pena de ser denúncia inepta.

ESPÉCIES DE CULPA.

CULPA PRÓPRIA.

CULPA CONSCIENTE OU COM

PREVISÃO. O agente prevê o resultado,

mesmo assim prossegue na conduta

acreditando sinceramente que o resultado não

ocorrerá, ou seja, ele age com excesso de

confiança, excesso nas suas habilidades.

CULPA INCONSCIENTE OU CULPA SEM

PREVISÃO. O agente não prevê o resultado

que entretanto era previsível. Ou seja,

qualquer pessoa, nas mesmas circunstâncias

do agente teria previsto o resultado.

CULPA IMPRÓPRIA (CULPA POR

EXTENSÃO OU CULPA POR

Obs.: de acordo com o art. 18 do CP, se o tipo penal

não prevê a forma culposa, o crime só é punido na

forma dolosa. Ex.: art. 121, § 3º do CP.

No art. 68 do CP, não há previsão expressa da forma

culposa de dano.

Ex.: motorista atravessa o semáforo fechado e causa

dano ao outro automóvel. Não houve crime porque

não há crime de dano culposo, mas apenas ilícito

civil sujeito a reparação de danos.

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ASSIMILAÇÃO). O agente pratica conduta dolosa

por erro supondo equivocadamente estar agindo sob

uma causa excludente de ilicitude (legítima defesa e

etc), se o erro era evitável.

Ex.: dois inimigos caminhando na mesma calçada

em sentido contrário. Um deles leva a mão no bolso

do paletó para atender o celular. O outro supondo

que será morto, saca a arma e mata aquele que levou

a mão no paletó.

OBS.: NÃO EXISTE TENTATIVA DE CRIME

CULPOSO.

CRIME PRETERDOLOSO (art. 19 do CP).

É uma espécie de crime agravado pelo resultado, no qual o agente pratica uma conduta anterior dolosa, e desta

decorre um resultado posterior culposo. Há dolo no fato antecedente e culpa no consequente.

Ex.: sujeito quer dar lesionar com um soco, a vítima cai e bate a cabeça e morre. Dolo no soco e culpa na morte.

No homicídio culposo não há uma ação dolosa antecedente.

Ex.: art. 129, § 3º do CP. (lesão corporal seguida de morte).

2.1.1.3.2. AÇÃO ou OMISSÃO.

2.1.1.3.2.1. CRIME COMISSIVO. O Tipo penal PROÍBE DETERMINA

CONDUTA. O agente pratica o crime quando realiza a conduta proibida.

2.1.1.3.2.2. CRIME OMISSIVO. O tipo é mandamental. MANDA AGIR. O infrator

é punido por não praticar a conduta devida.

Espécies:

CRIME OMISSIVO PURO OU

PROPRIO

NÃO ADMITE TENTATIVA.

CRIME OMISSIVO IMPURO OU

IMPROPRIO

ADMITE TENTATIVA

Dever de agir está no tipo penal

incriminador

Dever de agir art. 13, § 2º letras a-c

O dever de agir é genérico, imposto a todos

(dever de solidariedade humana).

O dever de agir é específico (é imposto apenas a

quem está em uma das situações do art. 13, § 2º)

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Dever de agir e não de evitar o resultado.

Art. 135 - Deixar de prestar assistência,

quando possível fazê-lo sem risco pessoal

Art. 13 do Estatuto do Desarmamento.

O agente responde pelo resultado não porque o

causou, mas porque tinha a obrigação de evita-lo

e não evitou.

Descreve a simples omissão de quem tinha

o dever de agir

O agente não faz o que a norma manda.

É o que exige do sujeito uma concreta atuação

para impedir o resultado que ele devia (e podia)

evitar. Exemplo: guia de cego que no exercício

de sua profissão se descuida e não evita a morte

da vítima que está diante de uma situação de

perigo.

Obs.: o que é crime de conduta mista ou crime comissivo-omissivo? São aqueles que têm uma parte

comissiva e outra parte omissiva.

Ex.: crime de apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, inciso I, do CP). Achei algo. Eu tenho 15

dias para achar o dono. Se não achar eu tenho que entregar para a autoridade pública. Há uma parte positiva

(eu acho coisa na rua e pego) e uma parte negativa (eu deixo de entregar para a autoridade pública).

2.1.2. RESULTADO

1. Espécies de Resultado:

a) Resultado naturalístico: é a modificação do mundo exterior. Ex.: morte, diminuição

patrimonial, é a ofensa a honra.

b) Resultado jurídico / resultado normativo: É a lesão ou perigo concreto de lesão ao

bem jurídico protegido pelo tipo penal. Todo crime tem resultado jurídico ou

normativo, mas nem todo crime tem resultado naturalístico. Ex.: porte de drogas

(bem jurídico: perigo à saúde pública. Resultado naturalístico: não tem).

2. Classificação do crime quanto ao Resultado naturalístico:

a) Crime material: conduta + resultado naturalístico. O resultado naturalístico para o

crime está consumado, é indispensável para a consumação do crime.

b) Crime formal (crime de consumação antecipada): conduta + resultado naturalístico.

Mas o crime se consuma se consuma com a simples conduta, o resultado

naturalístico é dispensável. Se o resultado ocorrer é chamado de exaurimento do

crime já consumado (é considerado na dosagem da pena). Ex.: crime de concussão

(art. 316, CP). Se consuma pela simples exigência, se o resultado acontecer, será

apenas exaurimento do crime.

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c) Crime de mera conduta: tipo penal descreve apenas conduta. Não admite tentativa.

Ex.: violação de domicílio.

2.1.3. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ou NEXO CAUSAL (art. 13, caput do CP)

O nosso código penal, no tema “relação de causalidade”, adotou como regra, a de teoria da equivalência dos

antecedentes causais ou (da causalidade simples, ou “conditio sine qua non”), considerando causa toda a ação

ou omissão sem a qual o resultado não se teria produzido. Em suma, tudo o que contribui, in concreto, para o

resultado, é causa.

É o vínculo entre a conduta e o resultado. Causa: tudo que contribuiu para o resultado (teoria da equivalência

dos antecedentes causais).

Sem a conduta o resultado teria acontecido como aconteceu?

Sim. Então a conduta não foi a causa do resultado.

Não. A conduta foi a causa do resultado e o agente responderá pelo resultado.

Professor falou sobre morte por envenenamento de sopa. O Fabricante da sopa nem o vendedor da sopa não

agiram com DOLO nem CULPA em relação a morte da vítima, por isso não há regressão ao infinito.

CONCAUSAS.

Conceito: fatores humanos ou naturais que paralelamente a conduta do agente, colaboram na produção do

resultado.

a) ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE DA CONDUTA DO AGENTE. É a causa que não se

originou na conduta do agente.

Podem ser preexistente, concomitante e superveniente.

* PREEXISTENTE: quando a causa já existia antes da conduta do agente; Exemplo: "X" atirou contra

"Y", às 20:00h, mas às 19:00h "Y" já estava envenenado, chegando a óbito em razão deste

envenenamento. Por qual crime "X" responderá? Por ser uma causa absolutamente independente

preexistente, responderá por tentativa de homicídio.

* CONCOMITANTE: quando a causa efetiva ocorre ao mesmo tempo da conduta do agente;

Exemplo: Às 20:00h, "X" está envenenando "Y". Na mesma hora entra uma quadrilha no local do

crime e mata "Y". Por qual crime "X" responderá? Por ser uma causa absolutamente concomitante,

"X" responderá por homicídio na forma tentada e os sujeitos que integram a quadrilha pelo crime de

homicídio consumado.

* SUPERVENIENTE: quando a causa efetiva acontece depois da conduta do agente. Exemplo: Às

19:00h "X" deu veneno para "Y'. Às 08:00h, caiu um lustre na cabeça de 'Y", o qual morreu em razão

de traumatismo craniano. Neste caso, por ser causa absolutamente superveniente, "X", que ministrou

o veneno, vai responder por tentativa de homicídio.

14

Obs.: as causas absolutamente independentes excluem o nexo causal entre a conduta do agente e o resultado.

O agente não responde pelo resultado, mas apenas pelos atos já praticados. RESPONDE POR TENTATIVA

DE HOMICÍDIO.

b) RELATIVAMENTE INDEPENDENTE DA CONDUTA DO AGENTE. É a causa que se

“originou/tem alguma relação” da conduta do agente.

- PREEXISTENTE. Existe antes da conduta do agente.

Ex.: A desfere uma faca em B causando apenas lesão leve. B morre por ser hemofílico.

- CONCOMITANTE. Existe simultaneamente a conduta do agente.

Ex.: A desfere tiro em B e erra, mas B se assusta e sofre ataque cardíaco.

- SUPERVENIENTE. Quando acontece após a conduta do agente.

Ex.: A desfere tiro em B acertando o braço da vítima de “raspão” a vítima é levada ao pronto socorro e

no trajeto morre em razão do acidente da ambulância.

Também podem ser preexistente, concomitante e superveniente.

a) Preexistente: quando a causa efetiva é anterior à concorrente. Exemplo: "X" desfere golpes de faca

contra um hemofílico. Como ele já era portador dessa doença, a causa é relativamente independente

preexistente. "X" responderá pelo crime de homicídio consumado. Ressalte-se que, nesse caso, é

imprescindível que ele o agente saiba que a vítima era hemofílica.

b) Concomitante : quando a causa efetiva ocorre ao mesmo tempo que a concorrente. Exemplo: "x"

desfere um tiro contra "Y", este, vendo que a bala vem em sua direção sofre uma ataque cardíaco. Por

qual crime responde "X"? Por ser uma causa relativamente independente concomitante, responderá

por crime de homicídio consumado.

c) superveniente: quando a causa efetiva é posterior à concorrente. Aqui, trabalha-se com o art.

13,§1º, do Código Penal.

1) causa relativamente independente superveniente a conduta do agente que"por si só" produziu o

resultado: a causa efetiva sai da linha de desdobramento da causa do risco concorrente (diante de uma

causa efetiva imprevisível). Exemplo: "X" sofre um tiro, daí necessitou ir ao hospital. Lá o teto cai e

em razão desse evento a vítima morre. Quem deu o tiro, responderá por tentativa. Não responde

pelo resultado, apenas pelos atos praticados.

2) causa relativamente independente superveniente a conduta do agente que "não por si só" produziu

o resultado: a causa efetiva está na linha de desdobramento causal normal do risco concorrente (diante

de uma causa efetiva previsível). Exemplo: "X" sofre um tiro, que submeteu-se a uma cirurgia,

oportunidade em que ocorreu uma complicação médica e em razão desse evento a vítima morre. Erro

médico é "não por si só". Quem deu o tiro responde pelo crime consumado.

15

2.1.4. TIPICIDADE.

o Introdução: Antigamente só se falava em tipicidade formal. Hoje a TIPICIDADE é composta da

tipicidade FORMAL e da tipicidade MATERIAL.

TIPICIDADE FORMAL é o mero enquadramento da conduta no tipo penal incriminador. É

apenas uma relação de encaixe. O encaixe perfeito da conduta no tipo penal.

TIPICIDADE MATERIAL: é a relevância/significância da lesão ou perigo de lesão ao bem

jurídico.

CONCLUSÃO. Não há tipicidade se a conduta, apesar de se enquadrar a um tipo penal, não

gerar uma relevante lesão ou perigo ao bem jurídico. Ex.: A furta uma bala de R$ 0,10 centavos de real

de um mercado. Tem tipicidade formal, mas não tem material. O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

exclui a tipicidade material da conduta.

STF:

Mínima ofensividade da conduta do agente;

Nenhuma periculosidade social da ação;

Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;

E inexpressividade da lesão jurídica provocada.

TIPICIDADE CONBLOGANTE (ZAFARONE). Para ele, tipicidade é composta por

TIPICIDADE FORMAL e TIPICIDADE MATERIAL e ATOS ANTINORMATIVOS (são atos não

autorizados nem tolerados ou incentivados pelo Estado/Lei). Ex de Zafarone. Oficial de Justiça vai a

casa de um devedor para realizar penhora de um veículo. O devedor se recusa a autorizar a penhora. O

oficial de justiça chama reforço policial. Os policiais seguram o devedor enquanto o oficial leva o

automóvel. Se eu ficar só na tipicidade formal, o oficial e os policiais infringiram a norma do Art. 157

do CP (tipicidade formal). A penhora causou lesão ao bem jurídico do devedor (Tipicidade material).

Mas a penhora não é um ato anti-normativo porque a lei autoriza o oficial a penhorar. Para ZAFARONE

o exercício regular do direito e o estrito cumprimento do dever legal são causas excludentes de

tipicidade.

TIPICIDADE DIRETA. Quando a conduta do agente se enquadra diretamente no tipo penal

incriminador sem a necessidade do apoio de outra norma. Ex. art. 121 do CP.

16

TIPICIDADE INDIRETA também chamada de Adequação típica de subordinação indireta ou

mediata. Faz-se necessário o apoio de uma norma de extensão. Ocorre em 3 casos:

* Crimes tentados: A tentou matar B. A conduta do A não se enquadra diretamente no art. 121 do

CP. O art. 121 não pude a conduta de tentar matar alguém. Precisa somar o art. 121 e o art. 14

ambos do CP.

* Participação / na conduta do partícipe. O crime pode ter autor ou partícipe. Autor é o que realiza

/ executa o verbo do tipo penal. Se tenho mais de um autor, eu tenho co-autoria. O partícipe é aquele

que não realiza a conduta, mas colabora de alguma forma para o resultado (empresta a chave falsa

para o furtador). O art. 121 do CP não pune a conduta de auxiliar a matar alguém. O partícipe não

matou, auxiliou. Para punir o partícipe, precisa do apoio do art. 29 do CP que pune a participação.

* No crime omissivo impróprio ou impuro. É aquele que o agente responde por não ter evitado o

resultado, APESAR de obrigado a evita-lo. Ex.: Salva vidas não socorre pessoa, esta vem a falecer.

Não é possível enquadrar o salva vidas no art. 121 do CP. Este art. não pude a conduta de “não

impedir a morte de alguém”.

CRIME: FT + ILICITO + C

ILICITUDE (ANTIJURICIDADE)

1. CONCEITO:

1.1. ANALITICO: é o segundo elemento substrato do crime

1.2. MATERIAL: contrariedade do fato típico ao ordenamento jurídico. Violação do ordenamento jurídico

pelo fato típico.

2. CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE.

Essas causas estão no CP, nas leis penais e na doutrina e na jurisprudência.

2.1. ESTADO DE NECESSIDADE (art. 23, I, e art. 24 do CP).

ESTADO DE NECESSIDADE LEGITIMA DEFESA ESTRITO CUMPRIMENTO DO

DEVER LEGAL

Há dois bens jurídicos em situação de

perigo. O Estado permite que o titular de

um dos bens jurídicos em perigo, ou um

Agressão é sempre um ato

humano. Legitima defesa é contra

ato humano.

É o fato Típico praticado por um

agente público (funcionário público

para fins penais) em cumprimento a

um dever previsto em lei.

17

terceiro, sacrifique um outro bem jurídico

em perigo.

No Estado de necessidade, o

perigo é causado por ato humano.

Na legitima é contra o homem.

Ex.: Dois náufragos lutam pela vida.

Ex.: PM usa de força física para

prender criminoso. Entrada forçada

em residência para prender com

ordem judicial

Requisitos:

o Situação de perigo atual (pode

surgir por ato humano, ato animal

ou fato da natureza).

* Pode alegar estado de

necessidade quem está em perigo

eminente? 1ª Corrente: Pode.

Ninguém é obrigado a esperar que

o perigo se torne atual para

defender o direito ameaçado. 2ª

Não pode. Porque o art. 24 só

menciona perigo atual. Prova

objetiva, adote a 2ª Corrente.

o Situação de perigo não criada pela

vontade do agente.

* A pessoa que voluntariamente

criou a situação de perigo não pode

alegar Estado de Necessidade.

* A expressão vontade abrange

dolo ou culpa ou só o dolo? 1ª

Corrente: Abrange DOLO e

CULPA. 2ª C. A expressão só

abrange o DOLO.

Ex.: indivíduo dolosamente toca

fogo numa sala. Ao tentar fugir da

sala, ele lesiona alguém que

também tentava escapar.

Requisitos:

o Agressão injusta: sempre

é um comportamento

humano.

Obs.: cabe contra doente

mentais e menores.

Obs.: defesa contra

ataque de animal é Estado

de Necessidade.

o Atual ou eminente:

Obs.: no EM o perigo é

apenas atual.

Obs.: Professor citou caso

de um homem que brigou

num bar, passou em casa,

pegou arma e matou seu

adversário. Não é

agressão injusta

eminente, não é LD. Pode

ser caso de diminuição da

pena.

o Uso Moderado dos meios

necessários.

* Moderado: Se com um

disparo, consegui me

defender, tenho que parar.

Os demais será excesso.

* Meios necessários:

meio menos lesivo dentre

Requisito:

o Dever legal.

Obs.: a expressão legal deve

ser entendida em sentido

amplo. Qualquer ato

normativo.

o Estrito cumprimento.

o Requisito subjetivo: é

necessário que o agente saiba

que está no estrito

cumprimento do dever legal.

18

Responde pelo crime de lesão

corporal.

o Inevitabilidade da situação de

perigo.

*. A única forma de evitar o perigo

era praticar o fato típico.

o Salvação de direito próprio ou

alheio.

o Inexigibilidade de sacrifício do

direito ameaçado.

*. O direito ameaço não deveria ter

sido sacrificado, era razoável

preservado.

os quais o agente dispõe

para se defender com

sucesso.

o Defesa de direito próprio

ou alheio

o Requisito subjetivo: É

necessário que a pessoa

saiba que está agindo em

legítima defesa, se não

sabe, não há LD.

Ex.: A mata B. B queria

matar A. A não sabia

disso. A mata B.

Classificação:

o Próprio. Quando sujeito defende

seu direito.

o Terceiro: quando preserva direito

de terceiro.

o Real:

o Putativo: quando a situação de

perigo não existe de fato

(imaginário).

o Defensivo: o agente sacrifica o

bem jurídico do próprio causador

do perigo.

o Agressivo: o agente se vê obrigado

a sacrificar o bem jurídico de

terceiro alheio à criação da

situação de perigo. Não é ilícito

penal, mas ilícito civil.

EXISTE LEGÍTIMA DEFESA

CONTRA LEGÍTIMA DEFESA?

É impossível legítima defesa real

contra legítima defesa real

simultaneamente. A legítima

defesa é sempre reação contra

agressão injusta. Quem está

praticando agressão injusta não

pode estar em legítima defesa.

É POSSÍVEL legítima defesa real

contra legitima defesa real

sucessivamente. É a reação contra

o excesso da legítima defesa. Ex.:

A agride injustamente B. B

desfere paulada em A que cai no

chão ferido. B passa a chutar o

rosto desnecessariamente. A saca

arma da cintura e atira em B. A

legitima defesa de A foi depois da

19

OBSERVAÇÃO: furto famérico configura

Estado de Necessidade desde que seja

subtraída coisa capaz de mitigar a fome e

desde que o furto seja a última opção que o

agente tem para matar a fome.

legitima defesa do B (legitima

defesa sucessiva).

É POSSÍVEL legitima defesa real

contra legitima defesa putativa.

Ex.: A e B são inimigos e vão se

cruzar. B leva mão no bolso para

atender celular. A imagina que B

vai apanhar uma armar para mata-

lo. A saca uma arma de verdade.

B nota essa conduta e tmb saca

uma arma e atira primeiro em B.

CAPEZ – É POSSIVEL legitima

defesa putativa X legitima defesa

putativa. Dois loucos se

encontram, e ambos passam que

seriam agredidos.

EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO.

Exercício de um direito garantido por lei ou de outra norma legal, por parte do cidadão comum.

Estrito cumprimento do dever legal (agente público)

Exercicio regular do direito (particular)

Exemplos:

Art. 301 do CPP. Flagrante facultativo.

Violência desportiva. Boxeador que lesiona seu adversário.

Desforço imediato. Uso de força física para expulsar invasores da propriedade.

CONSENTIMENTO DO OFENDIDO (supralegal – doutrina e jurisprudência)

Que a discordância da vítima não seja elementar do tipo penal. A concordância / consentimento dela torna o fato

atípico. Ex.: art. 150 do CP. Na violação do domicilio, a discordância da vítima é elementar do tipo penal.

Que a pessoa seja capaz de consentir.

Que o consentimento seja livre e consciente. Não pode ser dado por força de violência/ameaça/fraude.

Que o bem seja disponível e próprio. O consentimento do ofendido só é excludente se o bem for disponível e do

próprio autor do consentimento.

O consentimento deve ser dado antes ou durante a execução do fato típico.

20

OFENDÍCULOS.

Conceito: aparatos colocados para proteção da propriedade.

Ex.: cerca elétrica, cão bravio, caco de vidro no muro.

Doutrina discute qual a natureza jurídica dos ofendículos. Temos 4 correntes:

1ª Corrente: não acionado, configura exercício regular do direito. Se acionado, legítima defesa.

2ª Corrente: acionado ou não constitui exercício regular do direito.

3ª Corrente: acionado ou não, os ofendiculos constituem sempre legítima defesa preordenada.

4ª Corrente: ofendiculo diferente de defesa mecânica predisposto. O ofendículo é o caco de vidro no Muro (ex.),

mas a defesa mecânica predisposta é sempre um aparato oculto, sem nenhum aviso, configura legítima defesa.

Obs.: Só são legítimos/lícitos se forem inacessíveis a terceiros inocentes. Ex.: cão bravio só morde quem invade.

EXCESSOS NA EXCLUDENTE DE ILICITUDE.

Em todas as excludentes de ilicitude, art. 23, o agente responderá pelo excesso que comentera. Se o excesso for

doloso, o agente responderá por crime doloso, se o excesso for culposo, o agente responderá por crime culposo

se houver previsão a forma culposa do crime.

Ex.: Motorista parado no semáforo é abordado por assaltante com arma na mão. Motorista apanha arma, dispara

no assaltante que cai desarcordado. Motorista vê que o assaltante tá vivo, efetua dois disparos letais.

Ex.: Policial prende criminoso. Depois que o infrator já estava imobilizado, PM chuta o criminoso. STF entende

que há concurso de crimes, abuso de autoridade e lesão corporal.

O que é EXCESSO EXCULPANTE? Excesso nem doloso nem culposo. Decorre de caso furtuito ou força

maior. É excludente de culpabilidade. Criação da doutrina e jurisprudência.

Exculpante = excludente de culpa.

CULPABILIDADE

No Conceito analítico de crime, temos duas correntes, a bipartite/bipartida o crime é composto de dois elementos

(fato típico e ilícito). Para esta primeira corrente, a culpabilidade não é elemento do crime , é somente,

21

pressuposto para aplicação de pena. Nesta corrente, há crime, mas o agente é isento de pena, porque falta o

pressuposto para aplicação da pena.

A segunda corrente é a tripartite/tripartida, a culpabilidade é elemento do crime e pressuposto para aplicação de

pena.

Para haver culpabilidade, são necessários 03 elementos:

- Imputabilidade

- Potencial consciência da ilicitude

- Exigibilidade de conduta diversa.

CAUSAS EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE ou CAUSAS EXCULPANTES

CAUSAS QUE EXCLUEM A IMPUTABILIDADE.

CONCEITO DE IMPUTABILIDADE: é a capacidade mental de entender o que esta fazendo.

DOENÇA MENTAL ou DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO ou RETARTADO (art. 26, caput

do CP). No momento da infração deixar o agente inteiramente incapaz.

Se depois de cometer a infração penal, vier a sofrer de doença mental, receberá pena, que poderá ser

convertida em medida de segurança.

Art. 26, parágrafo único do CP. Se a doença mental tornar o agente parcialmente incapaz (não inteiramente),

pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3. SEMI-IMPUTÁVEL. Causa de diminuição da pena. A

INIMPUTABILIDADE é causa de isenção de pena, sofrerá medida de segurança.

O SEMI-IMPUTÁVEL terá pena diminuída de 1/3 a 2/3 pode ser substituída por medida de segurança art. 98.

Não é causa de excludente, mas de diminuição de pena. Critério Biopsicológico.

Imputável só pode sofrer pena.

Inimputável só pode sofrer medida de segurança (art. 26, caput) só pode sofrer medida de segurança.

Semi-imputável (art. 26, p. único) sofre pena diminuída de 1/3 a 2/3 que pode ser substituída por medida de

segurança substitutiva (art. 98 do CP).

Não há nenhuma hipótese que seja aplicada PN + MS. Adotamos o sistema VICARIANTE. O BINARIO

deixou de existir em 1984.

INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTAL / RETARDADO (art. 26, caput do CP). Criterio

Biopsicologico.

MENORIDADE (inimputabilidade em razão da idade). Art. 27 do CP e 228 da CF. Não há a menor

possibilidade de um menor responder como adulto, não vai para vara criminal. Critério Biológico.

Art. 4 do CP, no momento da conduta (tempo) adota a teoria da atividade, momento da ação/omissão.

22

Ex.: Adolescente dispara arma de fogo em Alguém em 06/06. Em 06/07, ele completa 18 anos. Em 07/07,

vítima falece. Ele era inimputável.

Capacidade civil absoluta pela emancipação não modifica sua qualidade de inimputável para o direito penal.

ATO INFRANCIONAL é a conduta que corresponde a um crime ou uma contravenção.

Criança que comete ato infracional recebe medida de proteção.

Adolescente (12/18 anos incompletos) recebe medida sócio-educativa e podendo receber também medida de

proteção.

EMBRIAGUES INVOLUNTÁRIA E COMPLETA

Embriagues é a intoxicação por álcool ou pelo álcool ou substância de efeito análogo.

Voluntária (dolosa ou culposa). Tanto a voluntária completa quanto a voluntária incompleta, não excluem a

imputabilidade.

Culposa. Ex.: exagera na dose.

Na embriagues voluntária completa é possível punir o agente com base na “action libere in causa” : no

momento em que o agente se embriagou, ele era livre para embriagar-se ou não. O agente não atua com dolo

ou culpa no momento, porque nesse momento, ele está inteiramente incapaz de entender o que ele faz. Pune-se

o agente aplicando a teoria da action libere in causa. Ele podia escolher antes de beber.

OBS.: a embriagues patológica é tratada como doença mental. Aplica-se o 26 do CP.

Involuntária (acidental): caso fortuito ou força maior.

Involuntária completa exclui a imputabilidade. Deve ocorrer no momento da conduta, tornando o agente

inteiramente incapaz de entender.

Involuntária incompleta é causa de diminuição de pena.

Embriagues preordenada. É a embriagues voluntária e com intenção de cometer o crime. É agravante de pena

(art. 61, inciso II, letra L do CP).

Dependência de droga ou embriagues involuntária e completa. Droga é tudo que está na portaria SVS/MS

344/98. Art. 45 da lei de drogas. É causa excludente de imputabilidade desde que torne o agente inteiramente

incapaz. Neste caso, o juiz pode encaminhar o absolvido para tratamento médico.

CAUSA QUE EXCLUI A POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE DO FATO

23

ERRO DE PROIBIÇÃO ESCUSÁVEL / ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO (inevitável / desculpável /

invencível).

Qualquer um nas mesmas circunstâncias, cometeria o mesmo erro. Art. 21 do CP. O desconhecimento da lei é

indesculpável. O erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, diminui a pena de 1/6 a 1/3. A potencial

consciência da ilicitude, é a possibilidade do agente saber que a sua conduta é proibida. Qualquer pessoa na

mesma circunstância do agente pensaria que a conduta era proibida.

Ex.: um HOLANDES acabou de desembargar no Brasil e passa a fumar um cigarro de maconha.

O desconhecimento sobre a existência da lei é sempre indesculpável, inescusável. Presume-se que todos

conhecem a lei.

Se EVITÁVEL/CULPOSO, não excluí a culpabilidade, apenas pode diminuir a pena.

Se INEVITÁVEL, é causa excludente de culpabilidade.

Obs.: nem sempre o ERRO de PROIBIÇÃO é causa de exclusão de culpabilidade, pode ser causa de redução.

1. O agente desconhece a existência da lei. Não sabe que existe uma lei ambiental que proíbe caça a

canários, mas tem possibilidade de saber que sua conduta é proibida. Sofre pena, podendo ser apenas

beneficiado com uma atenuante genérica do CP.

2. O agente desconhece a existência da lei e não tem possibilidade de saber que sua conduta é proibida.

Isento de pena.

CAUSAS QUE EXCLUEM A EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

a) COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (art. 22 do CP)

Ex.: gerente de banco que é forçado por um perigosíssimo bandido a subtrair dinheiro do banco e

deixar a quantia numa praça.

Obs.: a coação moral resistível não exclui a conduta nem a culpabilidade, apenas atenua a pena.

b) OBEDIÊNCIA A ORDEM NÃO MANIFESTAMENTE ILEGAL DE SUPERIOR HIERÁRQUICO.

- Que a ordem não seja manifestamente / evidentemente ilegal não deve ser cumprida. Os dois

responde pelo crime.

- Que a ordem venha de superior hierárquico. Alguém que exerce função pública. Estão excluídos

dessa relação a hierarquia privada.

DO CRIME (art. 13 à 28) ITER CRIMINIS "caminho do delito", ou seja, etapas que se sucederam desde o momento em que surgiu a ideia

do delito até a sua consumação.

1. Cogitação. Fase interna. Mero pensamento sobre a prática do crime. Não punível.

24

2. Preparação. Fase interna. Providências anteriores ao início da execução do delito com vista a executá -lo. Ex:

a compra de veneno. Em regra não são puníveis, exceto quando forem tipificados como crimes próprios (ex:

art. 35 da lei de drogas).

3. Execução. Fase externa. Atos executórios são sempre puníveis.

Teorias sobre a diferença entre atos preparatórios e atos executórios.

- Teoria da hostilidade ao bem jurídico. Existem atos executórios quando a conduta gera uma concreta

situação de perigo ao bem jurídico.

- Teoria objetivo formal. Atos executórios são aqueles que iniciam a realização do tipo penal, realizar o

verbo do tipo penal. Predominante!

- Teoria objetivo individual. Atos executórios são aqueles que de acordo com o plano do autor demonstram

inequivocamente que são atos de início da execução do crime.

Se o crime não se consumar contra a vontade do agente, haverá tentativa.

Se o crime não se consumar pela vontade do agente, haverá desistência voluntária ou arrependimento eficaz.

4. Consumação. Fase externa. Quando o agente consegue obter o resultado jurídico ou naturalístico pretendido,

realiza por inteiro a conduta descrita no tipo penal incriminador. Punível.

Crime consumado diferente de crime exaurido (exaurimento).

- Exaurimento são circunstâncias que ocorrem após o crime já estar consumado, agravando as suas

consequências.

Ex.: o crime de concussão se consuma com a mera exigência ainda que o funcionário não consiga a

vantagem indevida. A obtenção da vantagem indevida, será exaurimento do crime já consumado. O

recebimento da vantagem aumenta as consequências do crime (59, CP).

CRIME TENTATO.

Aquele que não se consuma por fatores contrários a vontade do agente. Execução iniciada e não consumada.

Regra: punida com a mesma pena do crime consumado diminuída de 1/3 a 2/3. Tem natureza jurídica de causa geral de

diminuição de pena. Qual é o critério que o juiz utiliza para dosar a pena? O critério utilizado pelo juiz para dosar a

diminuição de pena na tentativa, é o chamado critério da proximidade da consumação ou critério do iter criminis

percorrido. Quando mais próximo o agente chegou da consumação, menor a redução de pena e vice versa.

Exceção: punida com a mesma pena do crime consumado sem qualquer diminuição. Isso que quer dizer “salvo disposição

em contrário” do art. 14, p/ único.

Ex.: art. 352 do CP. A tentativa é punida com a mesma pena do consumado.

Classificação da doutrina da tentativa

- imperfeita (inacabada). O agente não consegue esgotar todos os meios de execução de que dispõe e por isso não

consegue consumar o crime.

Ex.: indivíduo tem arma municiada é preso logo após efetuar o segundo disparo na vítima.

- perfeita (crime falho, acabada). O agente esgota os meios de execução disponíveis mas não consegue consumar o

crime.

- tentativa cruenta (vermelha). A vítima é atingida sofrendo lesão.

- tentativa incruenta (branca). A vítima não é atingida e não sofre lesão.

- idônea. O resultado era possível de ser alcançado embora não tenha sido por circunstâncias alheias a vontade do

agente. Punida.

- inidônea (CRIME IMPOSSÍVEL). O resultado era impossível de ser alcançado. Não é punida.

- simples .

- qualificada ou abandonada. O resultado não ocorre pela vontade do agente (desistência voluntária ou arrependimento

eficaz).

Infrações que não admitem tentativa:

1. Crime culposo. O resultado é involuntário (não querido pelo agente). Na tentativa o agente quer o resultado, mas

não consegue produzi-lo.

2. Crime preterdoloso. Pelas mesmas razões no crime culposo. Dolo na conduta e culpa no resultado.

3. Contravenção penal. Existe tentativa de contravenção penal, mas ela não é punida (art. 4º da LCP).

4. Crime de atentado (crime de empreendimento). Não existe porque a conduta tentada já é punida como infração

consumada (art. 352 do CP e abuso de autoridade art. 3º da 4898/65).

25

5. Crime habitual. É aquele que só existe após uma reiteração de condutas (art. 284 do CP, curandeirismo). Um ato

isolado, são fatos atípicos.

6. Crime unissubsistente. É aquele que é executado em um só ato. A conduta não tem como ser fracionado. Xingou

tá consumado, pensou em xingar, não é nada. Temos dois tipos de crime unissubsistente, crime omissivo

puro/próprio (ou socorre e o fato é atípico ou não socorre e o crime está consumado pela simples omissão), e crime

de mera conduta.

Obs.: há exceção no crime de mera conduta. Art. 150 CP.

Obs.: Dolo eventual. Prevalece na Jurisprudência que o Dolo eventual admite tentativa. Assumir o risco de

produzir o resultado não deixa de ser uma vontade.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ. (Afasta a tentativa).

“Tentativa qualificada ou abandonada”.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA.

O agente abandona a execução do crime quando ainda dispõe de meios de execução para consumá-lo. A

desistência precisa ser voluntária mas não precisa ser espontânea (pode ser sugerida por terceira pessoa). Se o

motivo da desistência foi uma circunstância exterior que fez o agente parar a execução, com receio de ser

surpreendido, haverá tentativa.

Ex.: infrator tem arma com 05 munições e efetua dois disparos da vítima e voluntariamente para de disparar

ARREPENDIMENTO EFICAZ.

O agente esgota os meios de execução do crime e logo em seguida, pratica algum ato que evita a ocorrência

do resultado.

Ex.: agente tem 05 munições e as dispara contra a vítima. Esgotou os meios de execução. Em seguida, se

arrepende, leva a vítima para o hospital e evita a morte dela.

Obs.: Responde pelos atos já praticados. Lesão (na lesão grave a pena é maior).

ARREPENDIMENTO POSTERIOR

ATENÇÃO: não confundir arrependimento eficaz com arrependimento posterior. No arrependimento eficaz,

não há consumação do crime. No arrependimento posterior, o crime já está consumado.

Natureza jurídica: Causa Geral de diminuição de pena.

Requisito: I) crime cometido sem violência ou grave ameaça a pessoa. Se a violência é contra coisa e não

contra pessoa, é cabível. Se a violência for culposa, é cabível arrependimento posterior. II) Reparação do dano

ou restituição da coisa até o recebimento da denúncia ou queixa. A reparação ou restituição deve ser integral,

se for parcial, não há o benefício. A reparação pode ser voluntária, não precisa ser espontânea.

26

CRIME IMPOSSÍVEL / TENTATIVA INIDÔNEA / QUASE CRIME / CRIME OCO

CONCEITO: execução absolutamente impossível de chegar a consumação.

PREVISÃO LEGAL: art. 17 do CP, Súmula 145 do STF e jurisprudência.

STF Súmula nº 145 - 06/12/1963

Existência do Crime - Preparação do Flagrante pela Polícia que Torna a Consumação Impossível

Não há crime, quando a preparação (provado) do flagrante pela polícia (ou particular) torna impossível a sua

consumação

Teoria Sobre a punição do crime impossível

i) Teoria Sintomática. No crime impossível, o agente demonstra ser perigoso. Deve ser punido ainda que o

resultado seja impossível de ocorrer.

ii) Teoria subjetiva. O agente demonstrou vontade de delinquir, mas não como não obteve o resultado, ele

deve ser punido com a pena do crime tentado.

iii) Teoria objetiva. Leva em conta se o resultado é possível ou não, não quer saber da intenção do agente.

- Teoria objetiva pura: se há impossibilidade absoluta ou relativa de consumação, o agente não deve ser

punido.

- Teoria objetiva temperada. Se há impossibilidade absoluta de consumação, o agente não deve ser

punido. Se há impossibilidade relativa o agente é punido pelo crime tentado / tentativa. O CP adotou

essa teoria.

HIPÓTESES DE CRIME IMPOSSÍVEL

CRIME IMPOSSÍVEL POR INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO DE EXECUÇÃO (art. 17 do CP). O meio

escolhido para executar o crime é absolutamente ineficaz para provocar o resultado.

Ex.: matar uma pessoa com uma arma de brinquedo

Ex.: Matar uma pessoa envenenada com açúcar.

Obs.: se a ineficácia for relativa, é tentativa. Ex.: arma com defeito que falha no disparo.

ABSOLUTA IMPROPRIEDADE DO OBJETO (art. 17 do CP). Quando a pessoa ou coisa não tem

absolutamente como ser atingida pela conduta.

Ex.: atirar em cadáver.

Ex.: infrator dispara na vítima que estava dormindo (na verdade já estava morta).

Ex.: tentar furtar dinheiro de vítima que não tem dinheiro.

Ex.: se a pessoa tem dinheiro, mas o infrator erra o bolso, há tentativa. A impossibilidade não foi absoluta.

FLAGRANTE PROVOCADO / FLAGRANTE PREPARADO (SUMULA 145 DO STF)

Não há crime quando a preparação do flagrante torna impossível sua consumação.

A polícia/particular induz/provoca o agente a cometer a conduta criminosa e prepara todas as providências

para tornar a absolutamente incapaz a consumação.

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Ex.: a empregadora deixa dinheiro à vista da empregada. Quando a empregada põe a mão no dinheiro, ela

recebe voz de prisão.

Obs.: não confundir flagrante provocado/preparado com flagrante esperado. No flagrante esperado, o agente

não é provocado/induzido a cometer a conduta criminosa. Ele a comete espontaneamente, sendo apenas

esperado o momento de prendê-lo.

Ex.: furto no mercado com sistema de vigilância. Sujeito entrou no mercado e furtou espontaneamente,

ninguém foi lá e induziu alguém a furtar. HÁ TENTATIVA.

FALSIDADE GROSSEIRA.

É aquela inapta a iludir a fé pública. É a falsidade incapaz de iludir qualquer pessoa, perceptível a olho nu.

Obs.: se o documento falsamente grosseiro, for utilizado numa tentativa de estelionato, o agente responderá

pelo estelionato.

OBS.: TENTATIVA DE FURTO EM ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS COM SISTEMA DE

VIGILÂNCIA.

Ex.: pessoa entra no mercado e passa a ser vigiada pelas câmaras e pelos vigilantes. Tentativa de furto. O

sistema de vigilância, por si só, não torna a consumação absolutamente impossível, porque o sistema de

vigilância pode não perceber o furto.

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ERRO –equivocado sentimento acerca da realidade. Exemplo: Se você vai à feira e compra um

tomate pensando que está comprando um caqui, você cometeu um erro, pois você teve um

sentimento equivocado da realidade.

TIPO – no âmbito penal, são os elementos que compõem o fato incriminador de modo que a

ausência destes elementos implicaria na inexistência do crime.

ERRO DE TIPO: É um erro sobre situação de fato. Falsa percepção da realidade. O agente não sabe o que faz.

Há duas espécies:

1. ESSENCIAL. É o que recai sobre elementos ou circunstância do tipo penal. SEMPRE EXCLUI O

DOLO, SEJA EVITÁVEL OU INEVITÁVEL, mas nem sempre exclui a culpa.

a) Elementos (elementares) do tipo penal: são dados do tipo penal. Faltando um elemento, o

crime desaparece ou se transforma em outro.

Ex.: “subtrair coisa alheia móvel”. Tire alguma das palavras e você mexerá no elemento.

b) Circunstância (vem de circundare = estar em volta). São dados que influenciam na fixação

da pena, aumentando-a ou diminuindo-a. Faltando uma circunstância, o crime não

desaparece.

Ex.: art. 155, §4º, I, CP mediante rompimento de obstáculo pena de 2-8 anos

1.1. ERRO INEVITÁVEL. Exclui o dolo e a culpa, não havendo conduta, nem fato típico, nem crime.

1.2. ERRO EVITÁVEL. Exclui ou dolo, mas permite a punição por crime culposo, desde que haja

previsão a forma culposa do crime.

Ex.: “subtrair coisa alheia móvel”. “A” leva o CP do amigo por engano, pensando ser o seu.

ERRO DO TIPO (alheia).

Se este for INEVITÁVEL – exclui dolo e culpa, não há crime.

Se este for EVITAVEL – exclui o dolo. Não há crime (não há crime).

Ex.: “matar alguém”. Um caçador atira no animal que está atrás de um arbusto, ao se

aproximar para apanhar o animal, percebe que atirou numa pessoa. ERRO DO TIPO

(alguém).

Se este for INEVITÁVEL – exclui dolo e culpa, não há crime.

Se este for EVITAVEL – exclui o dolo e responde pela culpa.

Ex.: art. 155, § 2º CP. Furto privilegiado.

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“A” furta um relógio falsificado (100,00) reais pensando ser um relógio original de 10 mil.

Erro de circunstância.

Mas neste caso, o agente não terá benefício do §2º (diminuição de pena). Responderá como

se tivesse furtado um relógio de 10 mil.

“coisa de pequeno valor” é coisa de valor de até 1 salario minino.

2. ACIDENTAL. Recai sobre dados secundários do tipo penal.

2.1. Sobre o objeto. Consequência não exclui dolo nem culpa e o agente responde pelo crime. O

agente responde considerando o objeto furtado.

Ex.: agente furta arroz pensando ser feijão. Responde pelo furto do ARROZ.

Obs.: se o objeto for elementar ou circunstância do tipo penal, o erro sobre ele, passa a ser

ESSENCIAL. Ex.: furto privilegiado (art. 155, §2º). Infrator subtrai um relógio falso de 10 reais

pensando ser de 10 mil. O pequeno valor da coisa / objeto, é circunstância que influencia da pena.

Se o pequeno valor é uma circunstância do furto, o erro passa a ser ERRO ESSENCIAL.

2.2. Sobre a pessoa (art. 20, § 3º do CP). Ocorre quando o infrator se confunde quanto a vítima.

Consequência: o agente responde considerando-se a pessoa que ele queria atingir e não a que

efetivamente atingiu. Não exclui dolo ou culpa.

Ex.: o infrator atinge as costas do irmão para ficar com toda a herança. Ao se aproximar da

vítima, percebe que atirou em um desconhecido por engano. Responderá por homicídio

qualificado por motivo torpe. Será denunciado por homicídio contra o irmão.

2.3. Erro na execução ou “aberratio ictus” art. 73 do CP

O agente por acidente ou erro na execução do crime atinge vítima diversa daquela que pretendia

atingir. Consequência: não exclui dolo ou culpa (há crime). O agente responde considerando-se a

pessoa que ele pretendia vitimar e não a que efetivamente vitimou.

Ex.: infrator atira em seu inimigo e erra, acertando outra pessoa. Agente responde por homicídio

doloso contra o irmão.

2.4. Resultado diverso do pretendido (art. 74 do CP). O agente por erro na execução comete um crime

diferente do que ele pretendia cometer. Consequência:

- não exclui dolo e culpa (há crime).

- o agente responde pelo resultado produzido (a título de culpa) e não pelo resultado que

pretendia produzir.

Ex.: “A” quer danificar o veículo de “B”. Lança uma pedra, erra o automóvel e acerta um

pedestre. “A” queria cometer um crime de dano, por erro, cometeu um crime de lesão corporal.

Responde por lesão corporal culposa (129, §6º do CP).

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Ex.: “A” quer lesionar “B”, joga-lhe uma pedra, erra, e atinge um automóvel de um terceiro.

Não há no código penal crime de dano por crime culposo.

ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO (art. 20, § 2º CP). O agente erra por ter sido induzido por terceiro ao

erro. Consequência: o terceiro quem provocou o erro é que responde pelo crime. Se o terceiro provocou o erro

dolosamente, vai responder por crime doloso. Se o terceiro provocou o erro culposamente, vai responder por

crime culposo.

Ex.: médico quer matar um paciente. O médico entrega um frasco para a enfermeira com veneno

e manda ela ministrar a dose no paciente. A enfermeira, pensando se tratar de remédio, ministra a

dose no paciente que morre. Medico responde pelo crime doloso.

Ex.: o médico, por erro, manda enfermeira ministrar 10ml de um medicamente num paciente,

quando a dose certa era um 1ml. O paciente morre. Médico responde pelo crime culposo.

Obs.: se nestes dois exemplos, a enfermeira também agiu com dolo ou culpa, também responderá

juntamente com o médico pelo homicídio doloso ou culposo.

DISCRIMINANTES PUTATIVAS (art. 20§1º CP). O agente, por erro, supõe estar agindo em uma situação de

excludente de ilicitude. Aplica se ao Estado de necessidade, legitima defesa, exercício regular do direito, estrito

cumprimento do dever legal (todos imaginários). Discriminante = causa excludente de ilicitude. Putativa =

imaginária. O agente, por erro, supõe estar agindo em uma situação excludente de ilicitude, que na verdade não

existe. Temos dois tipos de erro:

DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE TIPO. O agente por erro supõe uma situação de fato

que o leva a imaginar que ele está em uma excludente de ilicitude.

Ex.: o agente vê o inimigo vindo em sua direção. O agente ve seu inimigo lançar mão no bolso para

atender o celular. O agente imagina que o inimigo está pegando uma arma e o mata antes. Imaginou

legitima defesa putativa.

Ex.: funcionário trabalha até mais tarde no escritório. Alguém sai e tranca a porta. Alguém sai e tranca a

porta por fora. De repente, dispara o alarme de incêndio, o funcionário tenta sair a porta está trancada. Ele

imagina que está no meio de um incêndio. Cometeu o dano achando estar em Estado de necessidade

putativo.

Ex.: um PM por erro, prende o irmão gêmeo de um procurado pensando que o procurado. O PM imaginou

uma situação que o levou a agir em estrito cumprimento do dever legal putativo. Não existe crime de

abuso de autoridade culposo, só doloso.

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A descriminante putativa por erro de tipo, resolve pelo art. 20, §1º do CP.

Erro de tipo inevitável, agente isento de pena.

Erro de tipo evitável, agente responde pela forma culposa.

DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE PROIBIÇÃO. O agente tem plena ciência da situação

de fato, mas por erro supõe que sua conduta está autorizada por uma excludente de ilicitude. Não sabe

que sua conduta era proibida.

Ex.: esposa se recusa a manter relações sexuais com o marido. Ela a estupra pensando estar exercício

regular do seu direito.

Ex.: homem rústico leva um tapa no rosto, vai até a sua casa, apanha uma arma e mata seu agressor.

Este sabe que está atirando numa pessoa que acabou de agredi-lo, só que ele imagina que está em

legítima defesa da honra.

Resolvida pelo art. 21 do CP. Se este erro é inevitável, isenta de pena. Se este erro é evitável, há

diminuição de pena.

CONCURSO DE PESSOAS, CONCURSOS DE AGENTES OU CO-DELINQUÊNCIA. = (ART. 29

A 32)

CONCEITO: quando uma infração penal é praticada por duas ou mais pessoas.

ESPECIES DE CRIME QUANTO AO CONCURSO DE PESSOAS:

Crime monosubjetivo ou crime de concurso eventual: é aquele crime que pode ser cometido por

uma só pessoa e, eventualmente, por duas ou mais. Quase todos os crimes.

Crime plurisubjetivo ou crime de concurso necessário: só pode ser cometido por duas ou mais

pessoas.

OBS.: as regras do concurso de pessoas somente se aplica aos crimes unissubjetivos, porque nos

crimes plurisubjetivos, o concurso já é elementar do tipo penal, é uma questão de tipicidade.

AUTOR:

Teorias:

i. Teoria restritiva ou objetiva. Para esta teoria, autor é apenas quem executa o verbo do tipo penal.

Apenas quem realiza o núcleo do tipo penal. Só o que mata, o que subtrai, o que falsifica.

ii. Teoria extensiva ou subjetiva ou unitária. Todo aquele que de alguma forma contribuiu para o

resultado criminoso. Não distingue entre autor e partícipe, só reconhece a figura do autor. Para

esta teoria, é autor, tanto aquele que mata, quanto aquele que entrega a arma.

iii. Teoria do domínio final do fato. É quem tem o poder de decidir se, como e como será praticado o

crime. Nesta teoria, o autor nem sempre é o que executa o crime. Só se aplica nos crimes dolosos.

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CO-AUTORIA.

Ex.: “A” e “B” desferem tiros na vítima, previamente ajustados. Executaram o verbo.

CO-AUTORIA SUCESSIVA. Se todo os autores iniciam a execução do crime juntos, haverá co-autoria

simultânea. Se um autor ingressa no crime depois de já iniciada a execução, fala-se em co-autoria sucessiva.

Ex.: “A” e “B” estão agredindo a vítima. O infrator “C” entra no crime que já estava acontecendo. Vai

responder pelo crime (na medida de sua culpabilidade).

PARTICIPAÇÃO (PARTÍCIPE).

Pessoa que não executa a conduta típica, que não executa o verbo do tipo penal, mas colabora de alguma

forma para a ocorrência da infração.

Ex.: aquele que empresta a arma para o homicida sabendo que ele vai matar. Induz a pessoa a furtar.

FORMAS. A pessoa pode ser partícipe do crime por:

- induzimento (criar a ideia do crime no pensamento do autor). O autor não imaginava praticar a conduta

delituosa. (PARTICIPAÇÃO MORAL)

- instigação: reforçar a ideia do crime, já existente no pensamento do autor, convencendo-o decisivamente a

executar a infração. Se não fosse a instigação, o agente não teria praticado o crime. (PARTICIPAÇÃO

MORAL)

- auxílio material. Fornecer meios de execução para o autor. Ex.: emprestar arma, emprestar o automóvel para

transporte de objetos furtados, emprestar a chave falsa. (PARTICIPAÇÃO MATERIAL)

Obs.: a conduta do partícipe por si só é atípica. Ex,: emprestar a chave falsa não é nada. O partícipe precisa

sempre de um autor. Aqui existe uma hipótese de tipicidade indireta ou adequação típica de subordinação

mediata ou indireta. Enquadramento da conduta do agente ao tipo penal incriminador. O Professor explicou

que o partícipe não responde pelo art. 155, por exemplo. Para responder pelo crime, faz se necessário aplicar o

art. 29 do CP.

Ex.: o infrator “A” subtrai um televisor de alguém. Esta conduta pode ser encaixada diretamente no tipo penal

do art. 155 do CP. “B” emprestou a chave falsa para “A” furtar. Não é possível enquadrar a conduta de B

diretamente no art. 155. Para punir B, será aplicada a ele o art. 155 cumulado com o art. 29 do CP (pune o

auxílio). Adequação típica de subordinação mediata ou indireta.

ACESSORIEDADE DA PARTICIPAÇÃO

Como o participe não realiza a conduta do tipo penal, ou seja, não executa a conduta típica, a participação é

um comportamento acessório que depende da existe de um autor ou co-autores que realize, execute o tipo

penal. Conclusão: é impossível crime apenas com partícipe.

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Pode existir crime só com autor, só co-autores, autor+partícipe, co-autores+participe. Impossível só partícipe.

PUNIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO OU DO PARTÍCIPE.

1. Teoria da acessoriedade mínima. O partícipe é punido se a conduta do autor for típica, ainda que não

ilícita.

Ex.: “A” empresta uma arma para “B” matar em legítima defesa. Se adotar esta teoria, o autor não será punido

pela legítima defesa, mas o partícipe será punido. STJ afastou esta teoria.

2. Teoria da acessoriedade média ou acessoriedade limitada. O partícipe é punido se a conduta do

autor é típica e ilícita ainda que não culpável.

“A” induz um absolutamente incapaz (doente mental) a matar a vítima. “A” responderá pelo crime.

TEORIA ADOTADA (HC 69.741-DF, STJ e HC 69741 / DF STF)

3. Teoria da acessoriedade máxima. O partícipe é punido se a conduta do autor é típica, ilícita e culpável.

Um individuo que induz um doente mental a matar não responde pelo crime.

4. Teoria da hiperacessoriedade. O partícipe é punido se a conduta do autor for típica, ilícita, culpável e

punível. Se o autor do crime morrer, o partícipe não pode ser punido (morte extingue a punibilidade).

CONCURSO DE PESSOAS (ART. 29 A 31 DO CP)

AUTORIA MEDIATO OU INDIRETO. Aquele que realiza o crime sem executar a conduta típica, ou seja ,

realiza o crime utilizando de uma pessoa que age sem dolo ou culpa ou sem culpabilidade

Ocorre em 04 hipótese:

1. Erro determinado por terceiro (art. 20, §3º CP): entrega para a enfermeira uma dose de veneno dizendo

ser medicamento (quer matar paciente). A enfermeira sem saber, mata o paciente.

Autor do crime é o médico (autor mediato ou indireto).

2. Na coação moral irresistível (art. 22 CP). O coator é o autor mediato ou indireto do crime.

3. Obediência hierárquica (art. 22). O superior é o autor mediato ou indireto, pois utiliza o subordinado

como instrumento para executar o crime.

4. Instrumento impunível (art. 62, inciso II do CP). Individuo A induz absolutamente incapaz a matar a

vítima.

REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS

1. Pluralidade de agentes.

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2. Relevância causal das várias condutas. É necessário que haja nexo de causalidade entre todas as

condutas e o resultado.

3. Liame subjetivo ou vínculo subjetivo. Vontade de colaborar na conduta criminosa de outra pessoa,

ainda que a outra pessoa desconheça a colaboração.

Liame subjetivo é DIFERENTE de prévio ajuste (combinação dos agentes para prática do crime).

O requisito é liame de pessoa e não necessariamente o prévio ajuste. Pode haver concurso de pessoas sem que

os agente tenham combinados entre si a prática da infração penal.

Ex.: empregada doméstica descontente com as condições de trabalho, fica sabendo que um perigoso infrator

pretende furtar a residência onde ela trabalha. A emprega deixa o alarme desativo, a porta destrancada e o

cachorro preso. O ladrão sem saber da colaboração da empregada, entra no imóvel e comete o furto. Houve

concurso, ladrão autor e empregada partícipe.

4. Homogeneidade subjetiva. Só há concurso doloso em crime doloso e concurso culposo em concurso

culposo. Não há participação dolosa em crime culposo ou vice e versa. No exemplo da enfermeira, se ela

deixou de conferir se a substância que iria ser aplicada no paciente era a correta, agiu com negligência,

responde por homicídio culposo e o médico por homicídio doloso. Neste caso, não há concurso por falta de

homogeneidade subjetiva.

5. Identidade de infração. Autores, co-autores e participe respondem todos pelo mesmo crime.

- Teoria Monista / unitária. Todos respondem pelo mesmo crime, na medida da sua culpabilidade. Adotada.

- Teoria Pluralistíca ou pluralista. É a exceção no Brasil, é adotada excepcionalmente. Por esta teoria, os

agentes respondem por crimes diferentes.

Hipóteses em que a lei excepciona a teoria monista e aplica a pluralista:

Ex.1. O particular oferece propina (art. 333), o funcionário aceita a propina (art. 317)

Ex.2. Particular entra com mercadoria contrabandeada no Brasil (334) e é auxiliado pelo funcionário Público

(318).

Ex. 3. Traficante compra (art. 33 da lei 11.343) drogas com dinheiro fornecido por empresário (art. 36 da

11.343).

PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA (art. 29 §1º)

- Causa geral de diminuição de pena

- Só se aplica ao partícipe.

COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA (art. 29 § 2º do CP).

Considerando a hipótese dos meliantes A e B combinarem de furtar uma casa que aparentemente encontra-se

vazia, B entra na casa, enquanto A espera no carro para a fuga. Ao invadir a casa B encontra a dona da casa e

decide por conta própria estuprá-la. Após, o meliante B encontra A e ambos fogem com um televisor.

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A cooperação dolosamente distinta impede que alguém responda por um fato que não estava na sua esfera de

vontade ou de conhecimento, ou seja, considerando o exemplo acima A não poderá responder pelo crime de

estupro praticado por B pelo fato de não partilhar a intenção de estupro, mas apenas a intenção de furto

Mas: “A” sabia que havia uma moradora na casa e sabia que seu comparsa portava uma faca. Ele sabia que seu

comparsa poderia roubar e estuprar. O Fulano A responderá pelo 157 e 213 por dolo eventual. “tanto faz”.

Cinco meliantes decidem praticar um roubo. Um deles resolve atirar na vítima. Quem participa de um roubo

armado, está assumindo o risco (dolo eventual) de cometer latrocínio. O que atirou responde por dolo direto e

os demais respondem por dolo eventual.

COMUNICABILIDADE DAS ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS DO TIPO PENAL (Art. 30 do CP).

Elementares ou elementos são dados essenciais do tipo penal, desaparecendo uma elementar, desaparece ou

crime ou ocorre outro crime.

- objetivas. Meios/modos de execução do crime.

- subjetivas. Motivos do crime ou condições pessoais do agente.

As elementares sejam objetivas ou subjetivas sempre se comunicam aos demais agentes.

Circunstâncias (“circundare” estar em volta), são dados agregados ao tipo penal que influenciam na pena.

Qualificadoras, causas de aumento ou diminuição de pena e as agravantes e atenuantes genéricas.

- objetivas. Meios/modos de execução do crime.

- subjetivas. Motivos do crime ou condições pessoais do agente.

As circunstâncias só se comunicam as objetivas (tem que ter conhecimento), desde que ingressem no dolo do

outro agente. As subjetivas jamais se comunicam.

Ex.: um funcionário público auxiliado por um particular, se apropriam de dinheiro público que está na posse

de um funcionário em razão da função.

A condição funcional do servidor, é elementar subjetiva e vai se comunicar ao outro particular. O particular

também responde por peculato.

Ex. A e B querem matar. A fica encarregado de servir comida envenena e executar o crime. O emprego de

veneno é uma circunstância do homicídio (art. 121, 2§ III). É circunstância objetiva que se comunica, ambos

responderam pelo homicídio qualificado pelo emprego de veneno.

Ex.: “A” empresta arma para “B” matar a vítima. Mas no momento da execução, “A” resolve envenenar a

vítima sem conhecimento do comparsa “B”. “A” vai responder por homicídio simples e o “B” por homicídio

qualificado pelo emprego de veneno.

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Ex.: “A” e “B” cometem furto. A é reincidente e semi imputável. B é primeario e imputável. A reincidência é

uma agravante e a semi imputabilidade é causa de diminuição de pena e são circunstâncias subjetivas (que se

referem a condições pessoais do agente). Somente “A” sofrerá a agravante da reincidência e a diminuição de

pena da semi imputabilidade. Estas circunstâncias subjetivas de “A” não se comunicam a “B”.

CASOS DE IMPUNIBILIDADE (art. 31)

“inter criminis”

1. Cogitação – não punível

2. Preparação – não punível

3. Execução – são puníveis como tentado, salvo desistência voluntária e arrependimento efeicaz.

4. Consumação – são puníveis, crime consumado.

QUESTÕES FINAIS DOUTRINÁRIAS SOBRE CONCURSO DE PESSOA.

1. PARTICIPAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO

É possível existir crime só com o autor, só com co-autores, autores e partícipe. Não é possível haver crime só

com partícipe.

EX.: “A” instiga “B” a auxiliar “C” a matar a vítima. É possível participação de participação.

2. PARTÍCIPE POR OMISSÃO

Sim, desde que o omitente tenha o dever de agir de evitar o resultado. É necessário que o omitente queira

participar da conduta do autor.

Ex.: PM vendo pessoa ser agredida e querendo que ela seja agredida, nada faz para evitar a agressão.

3. CONCURSO DE AGENTES EM CRIMES OMISSIVOS.

- primeira corrente. Não é possível. Cada omitente responde por sua omissão por crime autônomo.

- segunda corrente. Admite concurso de pessoas, tanto co-autoria como participação.

- terceira corrente (Majoritária). Admite participação mas não admite co-autoria.

4. Concurso de pessoas em crime culposo.

- é possível co-autoria em crime culposo, mas não é possível a participação (majoritária)

Ex.: Dois pedreiros jogam uma tábua do 6º andar de um prédio em construção em direção a lixeira (deveriam

carregar até a lixeira). A tábua acerta um pedestre. Ambos praticaram a conduta imprudente e produziram o

resultado involuntário.

Ex.: passageiro instiga o condutor a exceder a velocidade do veículo. Motorista acaba atropelando alguém.

Segundo esta corrente, haveria co-autoria de ambos.

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- é possível tanto co-autoria quanto participação (minoritária). Para esta segunda corrente, no exemplo do

passageiro, o condutor seria o autor e o passageiro seria o partícipe (Rogério Greco).

5. AUTORIA COLATERAL, AUTORIA INCERTA E AUTORIA IGNORADA (desconhecida)

- Autoria colateral: quando duas pessoas executam a infração simultaneamente sem que uma saiba da conduta

da outra (mera coincidência).

Ex.: vítima jurada de morte chega em seu casa e desce do automóvel. O matador “A” escondido num ponto

atira na vítima. O matador “B” escondido num ponto, atira na vítima. Ambos desconhecem a presença um do

outro.

- Autoria incerta. Ocorre quando na autoria colateral, não foi possível qual dos agentes consumou o crime.

- Autoria ignorada (desconhecida). O infrator não foi identificado

-

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