Resumo de Direito Administrativo

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- Introdução

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  • So princpios bsicos da Administrao Pblica:

    a legalidade, segundo o qual, ao administrador somente dado realizar o que estiver previsto na lei;

    impessoalidade, que exige que a atuao do administrador pblico seja voltada ao atendimento

    impessoal e geral, ainda que venha a interessar a pessoas determinadas, no sendo a atuao

    atribuda ao agente pblico, mas entidade estatal a que se vincula;

    moralidade, que estabelece a necessidade de toda a atividade administrativa atender a um s tempo

    lei, moral e eqidade, Revista da EMERJ, v. 11, n 42, 2008 133 em suma, aos deveres da boa e

    honesta administrao;

    publicidade, que faz com que sejam obrigatrios a divulgao e o fornecimento de informaes de

    todos os atos praticados pela Administrao Pblica.

    eficincia, que impe a necessidade de adoo, pelo administrador, de critrios tcnicos e

    profissionais, que assegurem o melhor resultado possvel, rechaando-se qualquer forma de atuao

    amadorstica e ineficiente do Poder Pblico.

    Outros princpios de Direito Pblico, consagrados na legislao infraconstitucional, tambm

    marcam o estudo e aplicao das normas referentes ao ramo do direito, ora em anlise.

    O princpio da supremacia do interesse pblico ensina-nos que, no confronto entre o interesse do

    particular e o interesse pblico, prevalecer o segundo, no qual se concentra o interesse da

    coletividade, o que no significa, inquestionavelmente, que o Poder Pblico possa imotivadamente

    desrespeitar os direitos individuais

    princpio da indisponibilidade, no concedida liberdade absoluta ao administrador, para

    concretizar transaes de qualquer natureza, sem prvia autorizao legal.

    Revela-nos o princpio da continuidade que a atividade administrativa, mxime a prestao dos

    servios pblicos, no pode sofrer paralisaes abruptas e imotivadas.

    Em decorrncia do princpio da autotutela, a Administrao Pblica tem o poder de rever os seus

    prprios atos, seja para revog- los, quando inconvenientes, ou seja, para anul-los, quando ilegais.

    De acordo com o princpio da especialidade, as entidades estatais no podem abandonar, alterar ou

    modificar as finalidades para as quais foram constitudas. Atuaro as ditas entidades sempre

    vinculadas e adstritas aos seus fins que motivaram sua criao.

    Quanto ao princpio da presuno de legitimidade, de legalidade e de veracidade, foroso

    convir que, para materializar o interesse pblico que norteia a atuao administrativa, as decises da

  • Administrao Pblica so dotadas do atributo da presuno de legitimidade e de legalidade,

    tornando-se presumivelmente verdadeiras quanto aos fatos e adequadas quanto legalidade. Tal

    atributo permite, inclusive, a execuo direta, pela prpria administrao, do contedo do ato ou

    deciso administrativa, mesmo que no conte com a concordncia do particular.

    O princpio da proporcionalidade impe Administrao Pblica a permanente adequao entre os

    meios e os fins, banindo-se medidas abusivas, com intensidade superior ao estritamente necessrio.

    O princpio da segurana jurdica visa garantir certa perpetuidade nas relaes jurdicas

    estabelecidas pela Administrao Pblica. Insta salientar que o administrador pblico no deve, sem

    justa causa, invalidar atos administrativos, desfazendo relaes ou situaes jurdicas consolidadas.

    Quando possvel, porque legal e moralmente aceitos, deve convalidar atos, que, a despeito de

    pequenas irregularidades, cumpram ou atinjam a finalidade pblica.

    PODERES

    Poder hierrquico.

    Poder hierrquico o de que dispe o Executivo para organizar e distribuir as funes de seus rgos, estabelecendo a relao de subordinao entre o servidores do seu quadro de pessoal.

    Inexistente no Judicirio e no Legislativo, a hierarquia privativa da funo executiva, sendo elemento tpico da organizao e ordenao dos servios administrativos.

    O poder hierrquico tem como objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas, no mbito interno da Administrao Pblica. Ordena as atividades da administrao ao repartir e escalonar as funes entre os agentes do Poder, de modo que cada qual exera eficientemente o seu cargo, coordena na busca de harmonia entre todos os servios do mesmo rgo, controla ao fazer cumprir as leis e as ordens e acompanhar o desempenho de cada servidor, corrige os erros administrativos dos seus inferiores, alm de agir como meio de responsabilizao dos agentes ao impor-lhes o dever de obedincia.

    Poder disciplinar.

    Faculdade de punir internamente as infraes funcionais dos servidores, o poder disciplinar exercido no mbito dos rgos e servios da Administrao. considerado como supremacia especial do Estado.

    Correlato com o poder hierrquico, o poder disciplinar no se confunde com o mesmo. No uso do primeiro a Administrao Pblica distribui e escalona as suas funes executivas. J no uso do poder disciplinar, a Administrao simplesmente controla o desempenho dessas funes e a conduta de seus servidores, responsabilizando-os pelas faltas porventura cometidas.

  • Poder regulamentar.

    Poder regulamentar o poder dos Chefes de Executivo de explicar, de detalhar a lei para sua correta execuo, ou de expedir decretos autnomos sobre matria de sua competncia ainda no disciplinada por lei. um poder inerente e privativo do Chefe do Executivo. , em razo disto, indelegvel a qualquer subordinado.

    O Chefe do Executivo regulamenta por meio de decretos. Ele no pode, entretanto, invadir os espaos da lei.

    Poder de polcia. Conceito.

    MEIRELLES conceitua: "Poder de polcia a faculdade de que dispe a Administrao Pblica para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefcio da coletividade ou do prprio Estado".(4)

    Explica o autor que poder de polcia o mecanismo de frenagem de que dispe a Administrao Pblica para conter os abusos do direito individual.

    Polcia administrativa.

    A polcia administrativa tem um carter preventivo. Seu objetivo ser no permitir as aes anti-sociais. Entretanto, a diferena no absoluta. A polcia administrativa protege os interesses maiores da sociedade ao impedir, por exemplo, comportamentos individuais que possam causar prejuzos maiores coletividade.

    Polcia judiciria.

    A polcia judiciria de carter repressivo. Sua razo de ser a punio dos infratores da lei penal.

    A polcia judiciria se rege pelo Direito Processual Penal. Ela incide sobre pessoas.

    A polcia judiciria exercida pelas corporaes especializadas, chamadas de polcia civil e polcia militar.(8)

    Caractersticas.

    As caractersticas do poder de polcia que costumam ser apontadas so, segundo Maria Sylvia Zanella DI PIETRO, a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade.(9)

    A discricionariedade uma liberdade existente ao administrador para agir quando a lei deixa certa margem de liberdade para a escolha da oportunidade ou da convenincia de agir, ou, como diz DI PIETRO, "o motivo ou o objeto", do ato a ser realizado. Quando a Administrao Pblica tiver que decidir "qual o melhor momento de agir, qual o meio de ao mais adequado, qual a sano cabvel diante das previstas na norma legal. Em tais circunstncias, o poder de polcia ser discricionrio".(10)

    Pode-se dizer, no entanto, que o poder de polcia pode ser discricionrio ou vinculado.(11)

    Outra caracterstica a auto-executoriedade. Ela a possibilidade da Administrao utilizar seus prprios meios para executar as suas decises sem precisar recorrer ao Poder Judicirio.

    Como opina DI PIETRO:

  • "Pelo atributo da auto-executoriedade, a Administrao compele materialmente o administrado, usando meios diretos de coao. Por exemplo, ela dissolve uma reunio, apreende mercadorias, interdita uma fbrica".(12)

    Finalmente, o poder de polcia tem como caracterstica a coercibilidade indissociavelmente ligada auto-executoriedade.

    Lembra a autora: "O ato de polcia s auto-executrio porque dotado de fora coercitiva".(13)

    AGENTES

    Agentes Pblicos: Definies, Espcies e Classificaes

    Agente Pblico todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remunerao, por eleio, nomeao, designao, contratao ou qualquer forma de investidura ou vnculo, mandato, cargo, emprego ou funo pblica. Tal definio tem origem na Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), em seu art. 2. De forma sucinta, percebemos que agente pblico toda pessoa fsica que presta servios ao Estado, remuneradamente ou gratuitamente, permanentemente ou transitoriamente, politicamente ou administrativamente.

    Portanto, agente pblico todo indivduo ligado ao Estado por algum tipo de vnculo, e sua atuao nessa qualidade representa a manifestao de vontade estatal. Nesse contexto, torna-se claro que o servidor pblico uma espcie do gnero agente pblico, pois, em sentido estrito, o servidor pblico o agente ligado ao Estado pelo regime estatutrio. O servidor pblico aquele que ocupa cargo pblico, j agente pblico o ocupante de cargo, emprego, funo ou mandato. Sendo os servidores pblicos espcies de agentes pblicos, os mesmos so classificados como agentes administrativos. Cargos Pblicos

    Quais so as espcies de cargos pblicos presentes no Direito Administrativo brasileiro? Observamos que h trs cargos distintos no servio pblico, a citar:

    a) Cargo Vitalcio: uma espcie de super estabilidade, na qual a exonerao se faz somente com sentena com trnsito em julgado. O exemplo de cargo desta natureza o Juiz de Direito.

    b) Cargo Efetivo: aquele constitudo mediante concurso pblico e caracterizado pela estabilidade.

    c) Cargo em Comisso: aquele livre de nomeao e de exonerao, preenchido sem concurso e caracterizado por no possuir estabilidade.

    a) Agentes Polticos: so aqueles integrantes do alto escalo do Governo, possuindo competncia definida diretamente pela Constituio Federal, exercendo funes governamentais, judiciais e quase judiciais, elaborando normas legais, conduzindo os negcios pblicos, decidindo e atuando com independncia nos assuntos de sua competncia. No se submetem aos regimes jurdicos prprios dos servidores pblicos em geral, pois possuem regras prprias, devido importncia de suas funes. Normalmente, seus cargos so providos mediante eleio, nomeao ou designao. Exemplos:

    o Membros do Poder Executivo o Chefe do Poder Executivo (Presidente da Repblica, Governador e Prefeito) e seus auxiliares imediatos (Ministros de Estado e Secretrios Estaduais e Municipais);

  • o Membros do Poder Legislativo Senadores, Deputados (Federais, Estaduais e Distritais) e Vereadores

    o Membros do Poder Judicirio Magistrados (Juzes, Desembargadores, Ministros de Tribunais Superiores);

    o Membros do Ministrio Pblico (Procuradores e Promotores) e Membros dos Tribunais de Contas (Ministros e Conselheiros);

    o Representantes diplomticos (diplomatas);

    b) Agentes Administrativos: so aqueles que possuem uma relao funcional com a Administrao Pblica. Exercem atividade profissional e remunerada e sujeitam-se hierarquia administrativa e a regime jurdico prprio. So os servidores pblicos, os empregados pblicos, os contratados temporariamente (excepcional interesse pblico art. 37, IX, CF), os ocupantes de cargo em comisso etc.

    Como regime jurdico devemos entender o conjunto de regras que estabelecem a relao existente entre a Administrao Pblica e seus agentes pblicos. De modo sucinto, podemos concluir que tal expresso abrange o conjunto de direitos e deveres existente em tal vnculo funcional (A Lei 8.112/90 - Estatuto do Servidor Pblico Federal representa o regime jurdico dos servidores pblicos civis no mbito federal, mas existem tambm outros estatutos). Alguns autores utilizam a expresso servidores pblicos em sentido amplo, englobando os servidores pblicos em sentido estrito (estatutrios) e os empregados pblicos.

    Distines de Agentes Administrativos

    1. Servidor Pblico: ocupante de cargo pblico, efetivo ou comissionado (Lei 8.112/1990); mantm relao funcional com o Estado em regime estatutrio, sempre sujeito a regime jurdico de direito pblico.

    2. Empregado Pblico: ocupante de emprego pblico, no tem estabilidade, mas possui direito ao fundo de garantia (regime contratual trabalhista celetista); sujeitos a regime jurdico de direito privado. Ex: Banco do Brasil.

    c) Agentes Honorficos: no possuem qualquer vnculo funcional com o Estado. Possuem, geralmente, uma funo gratuita e temporria, mas respondem penalmente pelo exerccio arbitrrio delas. Segundo a doutrina, colaboram com o Estado prestando servios especficos em decorrncia de sua condio cvica, de sua honorabilidade ou de sua notria capacidade profissional. Nessas condies, temos: mesrios do TRE, jurados do Tribunal de Jri, membros de Conselhos Tutelares, dentre outros. So apenas considerados funcionrios pblicos para fins penais e usualmente atuam sem remunerao.

    d) Agentes Delegados: so os particulares contratados pela Administrao, que agem em nome prprio, executando as atribuies para as quais foram contratados, sob a permanente fiscalizao do poder delegante. No so servidores pblicos e no atuam em nome do Estado, mas apenas colaboram com o Poder Pblico (descentralizao por colaborao). Sujeitam-se, todavia, no exerccio da atividade delegada, responsabilidade civil objetiva (CF, art. 37, 6) e ao mandado de segurana (CF, art. 5. LXIX). Enquadram-se como funcionrios pblicos para fins penais (CP, art. 327). Dividem-se, basicamente, em: concessionrios, permissionrios e autorizatrios de servios pblicos, bem como leiloeiros, tradutores pblicos, entre outros.

  • e) Agentes Credenciados: so os que recebem da Administrao a incumbncia de represent-la em determinado ato ou praticar certa atividade especfica, mediante remunerao do Poder Pblico credenciante. Como exemplo, podemos citar as clnicas especializadas credenciadas pelo SUS (Sistema nico de Sade), as clnicas especializadas credenciadas pelo DETRAN e a atribuio a alguma pessoa da tarefa de representar o Brasil em determinado evento internacional (ex., artistas). Tambm so considerandos funcionrios pblicos para fins penais.

    a) atos normativos: contm comando geral visando a correta aplicao da lei. Detalhar melhor o que a lei previamente estabeleceu. Ex. decretos, regulamentos

    b) atos ordinatrios visam a disciplinar o funcionamento da Administrao e a conduta funcional dos seus agentes (fundamento do poder hierrquico). Ex. instrues, circulares, ordens de servio.

    c) atos negociais contm uma declarao de vontade da Administrao para concretizar negcios com particulares, nas condies previamente impostas pela Administrao Pblica. Ex. autorizaes, permisses de uso, concesso de servio.

    d) atos enunciativos so todos aqueles em que a Administrao se limita a certificar ou atestar um fato, ou ento a emitir uma opinio acerca de um determinado tema. Ex. certido, emisso de atestado, parecer.

    e) atos punitivos so aqueles que contm uma sano imposta pelo poder pblico em razo da prtica de uma infrao de natureza funcional, imposta de forma unilateral

    Anulao - Ilegalidade do ato / Administrao / Judicirio (5, XXXV) Ex tunc (j nasceu ilegal)

    Revogao - Razes de convenincia e oportunidade (o ato vlido, porm, no mais conveniente/

    Administrao / Ex nunc (os efeitos gerados at o momento so vlidos)

    - Ato nulo e anulvel para o Hely ou o ato atinge o interesse da coletividade e valido, se contrrio

    ser nulo. Para Celso e outros h possibilidade de ato anulvel, o que contm um vcio formal, no

    atingindo a essncia.

    Convalidao transformao de ato anulvel em vlido. S pode recair sobre a competncia e a

    forma.

    Diferente de converso = a oportunidade de um ato imprestvel para uma determinada

    finalidade, mas aproveitvel em outra para a qual apresenta os requisitos necessrios (ex. transformar

    uma concesso, a princpio nula porque no havia lei que a previsse, em uma permisso que atingiria

    praticamente os mesmos fins da concesso)

  • De maneira bem simples, os atos vinculados so aqueles que so executados em conformidade s

    delimitaes previamente delineadas pela norma jurdica, ou seja, cujo objeto foi prvia e

    objetivamente tipificado de maneira a permitir um nico comportamento possvel em face de uma

    situao. Podemos tomar como exemplo a contratao para cargos pblicos: o administrador s

    poder faz-lo mediante concurso pblico de provas ou de provas e ttulos. V-se que a conduta do

    administrador foi para uma determinada situao (preenchimento de cargo pblico),

    previamente pautada(antevista) pelo legislador.

    J os atos discricionrios so aqueles que no foram delimitados (no antevistos abstratamente)

    pela norma jurdica, permitindo que o ato administrativo possa ser praticado de acordo com a

    oportunidade e a convenincia vislumbrada pelo agente. Em outros termos, a situao para a prtica

    do ato administrativo discricionrio no encontra-se prevista objetivamente e, por isto mesmo,

    inexiste restrio ou delimitao de conduta estipuladas. Como exemplo de situao que comporta

    ao discricionria, podemos citar a deciso de um prefeito de asfaltar 1 (uma) rua determinada: a

    escolha e determinao de qual ser esta rua de sua prerrogativa.