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RESUMO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO EXERCÍCIOS AO FINAL DE CADA PONTO DA MATÉRIA SUMÁRIO 01. Meios de Solução dos Conflitos Trabalhistas. Autodefesa. Autocomposição. Heterocomposição. 02. Jurisdição. Princípios da Jurisdição. 03. Conceito de Direito Processual do Trabalho. 04. Autonomia do Direito Processual do Trabalho. 05. Princípios do Direito Processual do Trabalho. 06. Relações do Direito Processual do Trabalho. 07. Fontes do Direito Processual do Trabalho. 08. Aplicação das Normas de Direito Processual do Trabalho. Eficácia das Leis no Tempo e no Espaço. Interpretação e Integração. 09. Órgãos da Justiça do Trabalho. Composição dos Tribunais. Ministério Público do Trabalho. 10. Competência da Justiça do Trabalho: Competência em Razão da Matéria, das Pessoas, Funcional e do Lugar. Cessação da Competência. Cláusula Contratual de Foro de Eleição. Incompetência da Justiça do Trabalho. Conflitos de Competência. 11. Atos, Termos e Prazos Processuais. 12. Nulidades. Preclusão. Perempção. 1

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RESUMO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

EXERCÍCIOS AO FINAL DE CADA PONTO DA MATÉRIA

SUMÁRIO

01. Meios de Solução dos Conflitos Trabalhistas. Autodefesa. Autocomposição.

Heterocomposição.

02. Jurisdição. Princípios da Jurisdição.

03. Conceito de Direito Processual do Trabalho.

04. Autonomia do Direito Processual do Trabalho.

05. Princípios do Direito Processual do Trabalho.

06. Relações do Direito Processual do Trabalho.

07. Fontes do Direito Processual do Trabalho.

08. Aplicação das Normas de Direito Processual do Trabalho. Eficácia das Leis no

Tempo e no Espaço. Interpretação e Integração.

09. Órgãos da Justiça do Trabalho. Composição dos Tribunais. Ministério Público do

Trabalho.

10. Competência da Justiça do Trabalho: Competência em Razão da Matéria, das

Pessoas, Funcional e do Lugar. Cessação da Competência. Cláusula Contratual de Foro

de Eleição. Incompetência da Justiça do Trabalho. Conflitos de Competência.

11. Atos, Termos e Prazos Processuais.

12. Nulidades. Preclusão. Perempção.

13. Partes. Procuradores e Terceiros. Jus Postulandi. Assistência Judiciária. Ética no

Processo do Trabalho (Litigância de Má-Fé). Sucessão Processual. Substituição

Processual. Litisconsórcio. Intervenção de Terceiros.

14. Dissídio Individual e Dissídio Coletivo. Distinções Fundamentais.

15. Reclamação Trabalhista. Petição Inicial. Requisitos. Tutela Antecipada. Comissão

de Conciliação Prévia.

16. Audiência. Ordem dos Acontecimentos. Arquivamento. Revelia. Confissão.

Conciliação. Resposta do Reclamado: Exceções. Preliminares. Contestação.

Reconvenção. Compensação.

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17. Procedimento Sumaríssimo.

18. Instrução Processual. Meios de Prova. Ônus da Prova. Presunções. Valoração da

Prova.

19. Razões Finais. Sentença. Valor da Condenação. Custas Processuais. Publicação.

Trânsito em Julgado.

20. Procedimentos (Ritos): Ordinário, Sumário e Sumaríssimo. Inquérito Judicial Para

Apuração de Falta Grave. Ação de Cumprimento. Mandado de Segurança. Habeas

Corpus. Ação de Consignação em Pagamento. Prestação de Contas. Ações Possessórias.

Habilitação Incidente. Restauração de Autos. Ação Civil Pública. Medidas Cautelares

Nominadas e Inominadas. Ação Anulatória. Ação rescisória. Ação Monitória.

21. Recursos. Generalidades. Efeitos: Suspensivo e Devolutivo. Pressupostos. Espécies

de Recursos Cabíveis no Processo do Trabalho.

22. Liquidação de Sentença. Execução. Procedimento. Embargos à Execução e

Impugnação à Sentença de Liquidação. Defesa do Executado Sem Embargos (“Exceção

ou Objeção de Pré-Executividade”). Alienação de Bens e Embargos. Suspensão e

Extinção da Execução.

23. Dissídio Coletivo. Poder Normativo da Justiça do Trabalho. Dissídio Coletivo de

Natureza Econômica e de Natureza Jurídica. Dissídio Coletivo de Greve. Sentença

Normativa. Recurso.

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01. MEIOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS TRABALHISTAS.

AUTODEFESA. AUTOCOMPOSIÇÃO. HETEROCOMPOSIÇÃO.

Conflito – pode ser entendido como controvérsia ou dissídio.

Conflitos podem ser individuais ou coletivos.

Meios:

01.1 Autodefesa: as próprias partes procedem à defesa de seus interesses. A solução do

conflito somente ocorre quando uma parte cede à outra. Ex: greve e lock-out.

a) greve: no Brasil é um direito.

b) Lock-out: proibido no Brasil.

01.2. Autocomposição: realizada pelas próprias partes, sem a intervenção de um

terceiro. Ex: celebração de acordos coletivos de trabalho e de convenções coletivas de

trabalho.

a) acordos coletivos de trabalho: celebrados entre sindicato de empregados e uma ou

mais empresas.

b) convenções coletivas de trabalho: celebradas entre sindicado de empregados e

sindicato de empregadores.

01.3 Heterocomposição: quando a solução dos conflitos trabalhistas é determinada por

um terceiro. Ex: mediação, arbitragem e a jurisdição do Estado.

a) mediação: ocorre quando um terceiro, chamado pelas partes, propõe soluções às

partes vindo estas a colocar termo ao litígio. Não há necessidade que o mediador tenha

conhecimentos jurídicos. As partes não estão obrigadas a aceitar as propostas feitas pelo

conciliador, razão pela qual este não pode coagi-las de forma alguma. O mediador não

toma nenhuma decisão servindo apenas como intermediário entre as partes. Geralmente

a mediação é extrajudicial, mas nada impede que seja judicial.

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A mediação é instituto aplicado largamente em outros países como França, Espanha,

Argentina, Austrália, EUA, etc.

No Brasil foi editado o Decreto nº 1.572/95 de 28/07/1995 que estabelece regras sobre

mediação na negociação coletiva. Pode o mediador ser escolhido livremente pelas partes

e se não houve escolha, pode ser indicado o Ministério do Trabalho e Emprego.

A Portaria nº 817/95 de 30/08/1995 do Ministério do Trabalho e Emprego especifica

critérios para a participação do mediador nos conflitos de negociação coletiva de

natureza trabalhista.

b) arbitragem: é a forma de solução dos conflitos feita por um terceiro estranho em

relação às partes, que é escolhido por estas, impondo a solução do litígio. É forma

voluntária de terminar o conflito, ou seja, não é obrigatória. Largamente utilizada na

Europa e EUA.

No Brasil foi aprovada a Lei nº 9.307/96 de 23/09/1996 que dispõe sobre referido

diploma legal preconiza que esse instituto somente é aplicável se o litígio versar sobre

direitos patrimoniais disponíveis sendo necessário que as estejam aptas a contratar.

Convenção de arbitragem = cláusula compromissória + compromisso arbitral.

Cláusula compromissória – é a convenção através da qual as partes em um contrato de

trabalho comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir

relativamente a tal contrato – artigo 4º da Lei nº 9.307/96.

Explicar os riscos de inserção de cláusula compromissória nos contratos de trabalho.

Compromisso arbitral – é a convenção por meio da qual as partes submetem um litígio à

arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. Artigo 9º da

Lei nº 9.307/96.

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Prazo para a solução do litígio – 6 meses podendo ser prorrogado a critério das partes

envolvidas.

Decisão do árbitro deve ser escrita e conter relatório, fundamentos da decisão e

dispositivo.

A sentença arbitral é título executivo judicial (artigo 475-N, do Código de Processo

Civil), razão pela qual não necessita de homologação pelo Poder Judiciário e pode ser

executada de imediato.

Vantagens do procedimento arbitral – rapidez e segredo.

Desvantagens do procedimento arbitral – alto custo em alguns casos sendo

desaconselhável para solucionar conflitos que envolvem pequenas quantias.

Nulidade da sentença arbitral – hipóteses: artigo 32 da Lei nº 9.307/96:

-for nulo o compromisso.

-emanou de quem não podia ser árbitro.

-não contiver os requisitos do artigo 26 da Lei nº 9.307/96.

-for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem.

-não decidir todo o litígio submetido à arbitragem.

-comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva.

-proferida fora do prazo, respeitado o disposto no artigo 12, inciso III, da Lei nº

9.307/96.

-forem desrespeitados os princípios de que trata o artigo 21, parágrafo 2º, da Lei nº

9.307/96.

Princípios da arbitragem: contraditório

igualdade das partes

imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento

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Nulidade da sentença arbitral deve ser pleiteada junto ao Poder Judiciário competente

devendo ser proposta no prazo de 90 dias após o recebimento da notificação da mesma.

Quando tal ocorrer a sentença de nulidade proferida pelo Poder Judiciário determinará

que o árbitro profira nova sentença arbitral. A nulidade da sentença arbitral também

poderá ser argüida mediante ação de embargos do devedor, nos termos do artigo 741 do

Código de Processo Civil, se houver execução judicial.

Arbitragem – único dispositivo constitucional que trata da arbitragem está previsto no

artigo 114, parágrafo 1º, da CF/88, in verbis: Frustrada a negociação coletiva, as partes

poderão eleger árbitros.

Dissídio coletivo – indiscutível a possibilidade da arbitragem nos termos do artigo 114,

parágrafo 1º, da Constituição Federal de 1988.

Dissídio individual – É possível a arbitragem? Em nosso entendimento é possível a

arbitragem no dissídio individual trabalhista, desde que atendidas algumas

especificidades, a saber:

-Não é possível a arbitragem antes mesmo do início da relação jurídica trabalhista e nem

mesmo a inclusão de cláusula compromissória de arbitragem no contrato de trabalho, na

medida em que resta presumida a mácula na vontade do trabalhador de se submeter a tal

procedimento ao invés de buscar a justiça pública.

-Também não é possível a submissão do trabalhador ao procedimento arbitral durante o

pacto laboral pelo mesmo motivo declinado acima, ou seja, em razão da mácula à

vontade do trabalhador quanto à submissão a tal procedimento.

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-Admitimos, respeitando entendimentos em contrário, que o procedimento arbitral no

dissídio individual trabalhista possa ser realizado após findo o contrato de trabalho,

desde que devidamente homologada a rescisão contratual junto ao sindicato da categoria

profissional ou junto à Delegacia Regional do Trabalho e Emprego (quando o contrato

de trabalho tenha mais de um ano) ou devidamente homologada a rescisão contratual

diretamente pelo empregador (quando o contrato de trabalho tenha menos de um ano) e

desde que não se trate de matéria de ordem pública. Isto porque a arbitragem não é um

instituto que se preste a homologar rescisão contratual e também porque o artigo 1º da

Lei nº 9.307/96 preconiza que a arbitragem somente pode ser utilizada para solução de

conflitos de pessoas capazes e decorrentes de direitos patrimoniais disponíveis.

c) jurisdição do Estado: os conflitos solucionados pelo Poder Judiciário.

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02. JURISDIÇÃO.

02.1. Conceito – é o poder de dizer o direito. É inerente a todos os juízes investidos

nessa função pelo Estado.

02.2. Princípios Inerentes à Jurisdição – Segundo Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada

Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco são princípios inerentes à jurisdição:

investidura, aderência ao território, indelegabilidade, inevitabilidade, inafastabilidade,

juiz natural e inércia.

02.2.1. princípio da investidura: a jurisdição só será exercida por quem tenha sido

regularmente investido na autoridade de juiz. A jurisdição é um monopólio do Estado e

este, que é uma pessoa jurídica, precisa exercê-la através de pessoas físicas que sejam

seus órgãos ou agentes: essas pessoas físicas são os juízes.

02.2..2. princípio da aderência ao território: manifesta-se, em primeiro lugar, a limitação

da própria soberania nacional ao território do país. Além disso, como os juízes são

muitos no mesmo país, distribuídos em comarcas ou seções judiciárias também se infere

daí que cada juiz só exerce a sua autoridade nos limites do território sujeito por lei à sua

jurisdição. Esse princípio estabelece limitações territoriais à autoridade dos juízes.

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02.2.3. princípio da indelegabilidade: é, em primeiro lugar, expresso através do

princípio constitucional segundo o qual é vedado a qualquer dos Poderes delegar

atribuições. A Constituição fixa o conteúdo das atribuições do Poder Judiciário e não

pode a lei, nem pode muito menos alguma deliberação dos próprios membros deste,

alterar a distribuição feita naquele nível jurídico-positivo superior. Além disso, no

âmbito do próprio Poder Judiciário não pode juiz algum, segundo seu próprio critério e

talvez atendendo à sua própria conveniência, delegar funções a outro órgão, na medida

em que o magistrado exerce a jurisdição como agente do Estado e não em seu próprio

nome.

02.2.4. princípio da inevitabilidade: significa que a autoridade dos órgãos jurisdicionais,

sendo uma emanação do próprio poder estatal soberano, impõe-se por si mesma,

independentemente da vontade das partes ou de eventual pacto para aceitarem os

resultados do processo.

02.2.5. princípio da inafastabilidade: (ou princípio do controle jurisdicional), garante a

todos o acesso ao Poder Judiciário, o qual não pode deixar de atender a quem venha a

juízo deduzir uma pretensão fundada no direito e pedir solução para ela (artigo 5º,

inciso XXXV, da CF/88).

02.2.6. princípio do juiz natural: assegura que ninguém pode ser privado do julgamento

por juiz independente e imparcial, indicado pelas normas constitucionais e legais. A

Constituição proíbe os chamados tribunais de exceção, instituídos para o julgamento de

determinadas pessoas ou crimes de determinada natureza, sem previsão constitucional

(artigo 5º, inciso XXXVII da CF/88).

02.2.7. princípio da inércia: por sua própria natureza, os órgãos jurisdicionais são

inertes, ou seja, só age mediante provocação das partes. Exceção que ocorre no

processo do trabalho: artigo 878 da CLT, o qual preconiza que o juiz do trabalho pode

impulsionar a fase executória de ofício.

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03. CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.

Cleber Lúcio de Almeida – direito processual do trabalho é o conjunto de normas e

princípios que organizam e disciplinam a solução judicial dos conflitos de interesses de

natureza trabalhista (entendendo-se como tais os que decorrem de uma relação de

trabalho ou que sejam conexos à relação de emprego).

Renato Saraiva – direito processual do trabalho é o ramo da ciência jurídica, dotado de

normas e princípios próprios para a atuação do direito do trabalho e que disciplina a

atividade das partes, juízes e seus auxiliares, no processo individual e coletivo do

trabalho.

Amauri Mascaro Nascimento - direito processual do trabalho é o ramo do direito

processual destinado à solução judicial dos conflitos trabalhistas.

Sérgio Pinto Martins - direito processual do trabalho é o conjunto de princípios, regras e

instituições destinado a regular a atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos

dissídios, individuais ou coletivos, entre trabalhadores e empregadores.

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Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 é certo que a

competência da Justiça do Trabalho foi significativamente ampliada, razão pela qual

outros litígios que não apenas entre trabalhadores e empregadores são solucionados por

esse ramo do Poder Judiciário.

04. AUTONOMIA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.

No dizer de Amauri Mascaro Nascimento o direito processual do trabalho, que nunca se

separa do direito processual civil, tem os seguintes aspectos:

-jurisdição especial destinada a julgar dissídios individuais.

-dissídio coletivo econômico, jurídico e de greve como uma de suas peculiaridades.

-existência de lei processual específica, embora com larga aplicação subsidiária do

direito processual comum.

-singularidade do tipo de contrato que interpreta - o vínculo de trabalho - que, diante da

inafastabilidade entre o trabalho e a pessoa que o presta, difere dos contratos de direito

civil, na medida em que em seu objeto está envolvida a pessoa que trabalha, seus

direitos de personalidade e o poder de direção daquele que é beneficiado pelo trabalho,

uma troca salário-trabalho, mas, também, diante das pessoas típicas que figuram como

sujeitos do vínculo, o empregado e o empregador.

Dessa forma, diz o doutrinador, o direito do trabalho e o direito processual do trabalho

são autônomos, porque o primeiro é ramo do direito material, e o segundo, do direito

processual.

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A CLT contém tanto normas de direito material, quanto normas de direito processual.

A maioria dos cursos de bacharelado tem a cadeira específica de direito processual do

trabalho.

Por fim, a produção doutrinária de direito processual do trabalho em nosso País é uma

das maiores entre todos os países esclarecendo o renomado doutrinador que há livros de

curso, livros monográficos e de prática forense.

5. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.

05.1. Conceito – José Cretella Junior – princípios de uma ciência são as proposições

básicas, fundamentais, típicas que condicionam todas as estruturações subseqüentes.

São os alicerces da ciência.

05.2. Princípios Constitucionais do Direito Processual:

05.2.1. Acesso à justiça – direito de ação. Nenhuma lei pode contemplar vedação ao

direito de cada um acionar o Poder Judiciário. Nesse sentido, incabível a possibilidade

de discussão de qualquer litígio em instância administrativa, antes da propositura de

ação judicial. A única exceção encontra-se prevista no artigo 217, parágrafo 1º, da Lei

Magna que assim preconiza:

Art. 217 - ...

...

Parágrafo 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às

competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça

desportiva, reguladas em lei.

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Sobreleva mencionar, portanto, a passagem por instância administrativa, nesse caso,

somente tem cabimento quando o litígio for exclusivamente ligado às questões

desportivas. Disso é forçoso concluir que quando se trate de questões trabalhistas ou

desportivas e trabalhistas, simultaneamente, é permitido o ajuizamento de ações

trabalhistas (grifei e negritei).

05.2.2. Inafastabilidade da prestação jurisdicional – vivemos num Estado Democrático

de Direito. Assim sendo em vista que não é possível fazer justiça com as próprias mãos

é direito de cada um obter uma decisão judicial para o seu pleito.

05.2.3. Dever de fundamentar a decisão – tal encontra-se consagrado no artigo 93,

inciso IX, da Carta Constitucional de 1988. Não é admissível que o juiz defira ou

indefira pedidos sem dizer como e porque de sua decisão.

05.3. Princípios Constitucionais do Direito Processual do Trabalho:

05.3.1. Competência conciliatória e decisória dos órgãos judiciais trabalhistas – no

processo do trabalho a conciliação deve ser buscada à exaustão, na medida em que tal se

presta como instrumento de pacificação social. No processo do trabalho pode-se tentar a

conciliação a qualquer tempo, bem como em inúmeras vezes. Todavia, em duas

oportunidades tal deve ser obrigatória em audiência, a saber: antes da apresentação da

defesa e após as razões finais.

05.3.2. Poder normativo para decidir conflitos coletivos de trabalho – a legislação

processual trabalhista permite que se solucionem conflitos trabalhistas tanto de forma

individual, como de forma coletiva. O litígio individual é a própria reclamação

trabalhista ou ação trabalhista, no qual há solução do mesmo in concreto (sentença

condenatória). Por outro lado, no litígio coletivo a solução se dá por meio de uma

sentença normativa em que o Poder Judiciário tem a possibilidade de criar norma com a

aprovação de cláusulas normativas, atuando em verdadeira função atípica, quando a

solução do litígio ocorre in abstrato (sentença declaratória-constitutiva).

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05.3.3. Respeito, nos dissídios coletivos, às disposições convencionais e legais mínimas

de proteção ao trabalho – não é permitido ao Poder Judiciário proferir sentença

normativa que viole acordos coletivos de trabalho ou convenções coletivas de trabalho

que estejam em vigor e que tragam mais direitos aos trabalhadores e nem proferir

sentença normativa que consagre direitos trabalhistas inferiores àqueles previstos na

Constituição Federal de 1988 ou na Consolidação das Leis do Trabalho.

05.4. Princípios específicos do Direito Processual do Trabalho:

05.4.1. Oralidade - prevalência da produção oral de provas reduzida a termo.

Hodiernamente referido princípio tem sido mitigado pelos operadores do direito, na

medida em que os litígios trabalhistas se tornam mais complexos. Contudo, referido

princípio ainda remanesce, quando possível de aplicação.

05.4.2. Concentração - prevalência da realização de todos os atos num só momento. Em

regra a audiência trabalhista deve ser UNA. Entretanto, cabe ao juiz do trabalho decidir

sobre a adoção dessa modalidade de audiência ou mesmo de audiência fracionada.

Sustentamos a audiência UNA como regra justamente para conferir observância ao

princípio sob estudo. Mas nem sempre é possível a realização de audiência UNA como,

v.g., no caso de necessidade de realização de prova pericial ou no mesmo no caso de

oitiva de testemunha por meio de carta precatória ou de carta rogatória.

05.4.3. Irrecorribilidade das decisões interlocutórias - diferentemente do processo civil,

o Agravo de Instrumento no processo do trabalho somente se presta a destrancar recurso

cujo seguimento tenha sido denegado. Exceções: impugnação ao valor atribuído à causa

(Lei nº 5.584/70 – artigo 2º, parágrafo 1º) e o acolhimento de exceção de incompetência

terminativa do feito perante a Justiça do Trabalho.

05.4.4. Celeridade - o processo não é fim em si mesmo, mas apenas meio para obtenção

do direito violado. Por isso a necessidade de uma solução rápida para o litígio que,

lembre-se, tem natureza alimentar. Com o advento da Emenda Constitucional nº

45/2004 foi aprovado o inciso LXXVIII ao artigo 5º, in verbis:

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Art. 5º ...

...

Inciso LXXVIII – a todos, no âmbito judicial ou administrativo, são

assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitação.

05.4.5. Identidade física do juiz – com o cancelamento da Súmula 136 do TST é de se

concluir que no processo do trabalho, à semelhança do que ocorre no processo civil, há

identidade física do juiz. Assim, o juiz do trabalho que instruir o feito deverá julgá-lo.

05.4.6 Impulso oficial na fase executória - o juiz pode impulsionar o processo de ofício

quando o mesmo estiver na fase executória. É o que se depreende do disposto no artigo

878, caput, do Texto Consolidado, conforme abaixo:

Art. 878 – A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex

officio, pelo próprio juiz ou presidente ou tribunal competente, nos termos

do artigo anterior.

Justamente por conta desse artigo é que a doutrina e a jurisprudência divergem sobre a

existência ou não de prescrição intercorrente no processo do trabalho, matéria que

melhor será estudada no ponto que trata da execução trabalhista.

QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM IX – FGV – 1ª FASEUm dos princípios norteadores do Processo do Trabalho é o da celeridade, dada a natureza salarial do crédito trabalhista. Entretanto, por força de Lei, algumas causas especiais possuem preferência na tramitação. Das situações listadas a seguir, assinale aquela que terá preferência em todas as fases processuais: A) a que será executada contra a União, Estados ou Municípios. B) a que será executada perante o juízo da falência. C) a que será executada em face de empregador doméstico D) a que será executada em face de empresa pública.

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06. RELAÇÕES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.

Segundo Sérgio Pinto Martins, o direito processual do trabalho relaciona-se com outros

ramos do direito, a saber:

a) Direito do Trabalho: os dispositivos processuais inseridos na CLT se prestam a

concretizar o direito material do trabalho inserido no mesmo diploma legal.

b) Direito Processual: vários conceitos consagrados no direito processual como ação,

autor, réu, exceção, reconvenção, recurso, etc são trazidos do direito processual.

c) Direito Administrativo: utilização de toda a organização da Justiça do Trabalho e o

regime jurídico dos seus servidores públicos.

d) Direito Penal: utilização dos conceitos caracterizadores da justa causa aplicada ao

empregado, vez que são infrações que muito se assemelham com as infrações cometidas

pelas pessoas e que estão previstas no Código Penal. Além disso, pode ocorrer o

cometimento de crimes como falso testemunho, falsa perícia, fraude processual, coação

no curso do processo, crimes de funcionários públicos da Justiça do Trabalho.

e) Direito Empresarial: utilização de regras contidas na lei de falências e de recuperação

judicial no processo do trabalho.

f) Direito Civil: utilização de regras contidas no Código Civil como, por exemplo,

habilitação de herdeiros, conceitos de parentesco para saber se a testemunha pode ou

não depor, etc.

g) Direito Tributário: utilização subsidiária da Lei nº 6.830/80 (lei de execuções fiscais)

na fase executória, por força do contido no artigo 889 da CLT. Também a incidência de

imposto de renda, contribuição previdenciária e fundiária sobre verbas de natureza

trabalhista apontam para o relacionamento do direito processual do trabalho com essa

matéria. Por fim, a fixação de custas processuais, tributo da espécie taxa.

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07. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.

São classificadas em: fontes formais e fontes materiais.

07.1. Fontes materiais – Sérgio Pinto Martins - são o complexo de fatores que

ocasionam o surgimento de normas, envolvendo fatos e valores. São analisados fatores

sociais, psicológicos, econômicos, históricos, etc. São os fatores reais que irão

influenciar na criação da norma jurídica.

07.2. Fontes formais – Sérgio Pinto Martins – são as formas de exteriorização do

Direito. Exemplo: lei, costume, etc.

Fontes formais – são classificadas em heterônomas e autônomas.

07.2.1. Fontes heterônomas: são aquelas impostas por agente externo. Exemplo:

constituição, lei, decreto, sentença normativa, regulamento de empresa.

07.2.2. Fontes autônomas: são aquelas elaboradas pelos próprios interessados. Exemplo:

costume, convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de trabalho, regulamento de

empresa, contrato de trabalho.

07.3. Fontes Formais Encontradas nas Normas Processuais Trabalhistas:

07.3.1. Na Constituição Federal de 1988 – artigo 111 e seguintes tratam de direito

processual trabalhista sobre competência, organização e composição da Justiça do

Trabalho.

07.3.2. A lei como fonte formal de Direito Processual do Trabalho - Leis Ordinárias –

CLT, CPC, Decreto-Lei nº 779/69, Lei nº 5.584/70, Lei nº 6.830/80, Lei nº 7.701/88.

07.3.3. Decretos que regulamentam as leis.

07.3.4. Regimentos dos Tribunais.

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07.3.5. O negócio jurídico como fonte formal do Direito Processual do Trabalho –

Normalmente o negócio jurídico contempla normas de direito material trabalhista.

Todavia, podem as convenções coletivas de trabalho e os acordos coletivos de trabalho

trazer regras sobre mediação e arbitragem.

07.3.6. Costumes – nem todos os doutrinadores entendem possível, pois, em regra, as

normas são elaboradas pelo Estado.

Observação: Direito Processual do Trabalho, em princípio, é exclusivamente estatal.

Todavia, tratados internacionais podem conter normas processuais. Ex: Tratado de

Itaipu, Tratado de Roma, Tratado de Assunção.

07.3.7. Jurisprudência – Súmula: também pode versar sobre Direito Processual do

Trabalho. Ex: quando tratam de prazo, quando tratam de cabimento de recursos, quando

tratam de cabimento de ação rescisória, quando trata de mandado de segurança, quando

trata de substituição processual, etc.

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08. APLICAÇÃO DAS NORMAS DE DIREITO PROCESSUAL DO

TRABALHO. EFICÁCIA DAS LEIS NO TEMPO E NO ESPAÇO.

INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO.

08.1. Eficácia, no entendimento de Sérgio Pinto Martins, significa a aplicação ou a

execução da norma jurídica. É a produção de efeitos jurídicos concretos ao regular as

relações.

Esclarece o doutrinador que a eficácia não se confunde com validade, que é a força

imponível que a norma tem, isto é, a possibilidade de ser observada.

Esclarece o doutrinador, ainda, que a eficácia também não se confunde com a vigência

da norma, que diz respeito ao seu tempo de atuação.

08.1.1. Eficácia das leis processuais trabalhistas no tempo: geralmente a lei entra em

vigor na data de sua publicação. Se não existir disposição expressa a lei começa a

vigorar 45 dias depois de oficialmente publicada (artigo 1º da Leis de Introdução ao

Código Civil). Normalmente, a eficácia da lei processual trabalhista é imediata, razão

pela qual se aplica aos processos em curso ficando resguardados os atos já praticados

pelo direito adquirido e pelo ato jurídico perfeito. Contudo, o retromencionado

legislador cita como exemplo a Lei nº 9.957/2000 que criou o procedimento

sumaríssimo, a qual entrou em vigor 60 dias após sua publicação no Diário Oficial.

08.1.2. Eficácia das leis processuais trabalhistas no espaço: diz respeito ao território em

que vai ser aplicada a norma. A lei processual trabalhista se aplica no território

brasileiro tanto para os trabalhadores nacionais, quanto para os trabalhadores

estrangeiros que buscam a prestação jurisdicional em nosso País.

08.2. Interpretação das Normas Trabalhistas Processuais – para Sérgio Pinto Martins

interpretar a norma é compreender o que o legislador quer dizer. Em suma: interpretar é

buscar o verdadeiro sentido da norma.

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Os recursos de interpretação podem ser classificados de diversas formas. Alguns

critérios:

08.2.1. Com relação às fontes de interpretação:

a) autêntica – feita pelo autor da norma.

b) doutrinária – feita pelos doutrinadores: é a opinião dos doutos.

c) jurisprudencial – é a estabelecida pelos tribunais.

08.2.2. Com relação aos meios de interpretação:

a) gramatical ou literal - consiste em verificar qual o sentido do texto gramatical da

norma jurídica, o alcance das palavras encerradas no texto da lei. É a mais pobre de

todas as interpretações da lei.

b) lógica - em que se estabelece conexão entre vários textos legais a serem

interpretados.

c) teleológica ou finalística - a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo

com o fim colimado pelo legislador.

d) sistemática - a interpretação será dada ao dispositivo legal conforme a análise do

sistema no qual está inserido, sem se ater à interpretação isolada de um dispositivo, mas

ao seu conjunto.

e) histórica - leva em conta o contexto histórico existente à época da edição da lei, sua

exposição de motivos, mensagens, emendas, discussões parlamentares.

f) sociológica - em que se verifica a realidade e a necessidade social na elaboração da lei

e em sua aplicação. Diz a lei de introdução ao Código Civil que o juiz, ao aplicar a lei,

deve ater-se aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

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08.2.3. Com relação aos efeitos (resultado da interpretação):

a) taxativa – prevalece rigorosamente aquilo que foi previsto pelo legislador.

b) restritiva – a conclusão é no sentido de que o legislador quis incluir menos casos do

que aqueles que, à primeira vista, estão incluídos na redação da norma.

c) extensiva ou ampliativa – a conclusão é no sentido de que o legislador quis aplicar a

norma a casos aparentemente não previstos na redação da norma.

08.3. Integração das Normas Processuais Trabalhistas - integrar é suprir lacunas do

ordenamento jurídico. Mesmo com a enorme quantidade de normas que existe no

ordenamento jurídico, e em especial no ordenamento jurídico trabalhista que conta com

fontes específicas de produção de normas (acordo coletivo, convenção coletiva,

sentença normativa), pode ocorrer de determinado problema concreto não encontrar

preceito próprio que diga como as partes devem se comportar. Nessa hipótese, o

intérprete e o operador do Direito (advogados, juízes, membros do Ministério Público)

deverão apelar para critérios ou técnicas apropriadas para integrar o sistema jurídico,

criando por esses meios a norma que falta.

08.3.1. As técnicas de integração: o intérprete está autorizado a suprir lacunas existentes

na norma jurídica por meio de utilização de técnicas jurídicas. O artigo 8º da

Consolidação das Leis do Trabalho autoriza o juiz, na falta de disposição legal ou

convencional, a utilizar a analogia e a equidade. Também podem ser usados a doutrina,

os princípios e a jurisprudência. São elas:

a) analogia: consiste na utilização de uma regra semelhante para o caso em exame.

Divide-se em analogia legis (aplicação de texto de lei que soluciona caso concreto a

caso semelhante) ou analogia juris (aplicação de princípio).

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b) equidade: tem dois significados. Pode ser chamado de equidade o processo de criação

da norma jurídica para a sua integração no ordenamento jurídico, sendo, pois, por esse

prisma, uma técnica de integração da norma. Tem também o significado de igualdade,

de benignidade, de equilíbrio. Nesse último sentido, deve ser lembrado que em nosso

sistema jurídico o juiz só pode julgar por eqüidade nas hipóteses expressamente

autorizadas em lei (art. 127 do Código de Processo Civil).

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09. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO. COMPOSIÇÃO DOS

TRIBUNAIS.

09.1. Poder Judiciário - ramos:

a) Poder Judiciário da União que se subdivide em:

Justiça Federal;

Justiça do Trabalho;

Justiça Eleitoral;

Justiça Militar.

b) Poder Judiciário dos Estados Membros.

Quanto à Justiça do Trabalho pode-se dizer o seguinte:

09.2. Constituição Federal de 1934 – artigo 122 – Justiça do Trabalho instituída para

dirimir questões entre empregadores e empregados, não se aplicando aos juízes as

garantias pertinentes aos juízes do Poder Judiciário. Isto porque nessa época a Justiça do

Trabalho era órgão pertencente ao Poder Executivo.

09.3. Constituição Federal de 1937 – artigo 139 – redação semelhante ao artigo 122 da

Constituição Federal de 1934 mencionando que ficaria instituída a Justiça do Trabalho

para dirimir os conflitos oriundos das relações entre empregadores e empregados, sendo

regulada em lei e à qual não se aplicam as disposições constitucionais relativas à

competência, ao recrutamento e às prerrogativas da justiça comum.

09.4. Decreto-Lei nº 1.237/39 de 05/05/39 regulamentado pelo Decreto nº 6.596/40 de

12/12/40 - organizou a Justiça do Trabalho. Era considerado órgão autônomo do Poder

Executivo, mas ainda não pertencia ao Poder Judiciário.

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09.5. Constituição Federal de 1946 – artigo 122 – inclusão da Justiça do Trabalho como

órgão do Poder Judiciário. Passa também a ter uma organização estabelecida pela

própria Constituição. O artigo 122 da referida norma consagrou o que foi repetido nas

demais constituições: os órgãos da Justiça do Trabalho são o Tribunal Superior do

Trabalho, Tribunais Regionais do Trabalho e Juntas de Conciliação de Julgamento.

Também versam sobre o tema: artigo 133 da Constituição Federal de 1967.

artigo 141 da Emenda Constitucional nº 1/69.

artigos 111 a 116 da Constituição Federal de 1988.

09.6. Peculiaridades da Justiça do Trabalho:

09.6.1. dá efetividade ao direito do trabalho.

09.6.2. não há divisão em entrâncias nas Varas.

09.6.3. não existem Varas especializadas.

09.6.4. os tribunais têm sido criados por regiões e não por Estados. Contudo, aos poucos

essa realidade foi mudando e, hoje, a maioria dos Estados é contemplada com um

Tribunal Regional do Trabalho, exceto nos seguintes casos: 8ª Região – Pará (abrange

Pará e Amapá), 11ª Região – Amazonas (abrange Amazonas e Roraima) e 14ª Região –

Rondônia (abrange Rondônia e Acre). Além disso, ao contrário do que acaba de ser

dito, o único Estado que possui dois Tribunais Regionais do Trabalho é São Paulo (2ª

Região que abrange a Capital, Grande São Paulo e parte da Baixada Santista e 15ª

Região – Campinas que abrange todo o restante do Estado).

09.7. Varas do Trabalho.

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09.7.1. Decreto nº 22.132 de 1932: criou as Juntas de Conciliação e Julgamento -

avocatória pelo Ministro do Trabalho de processos no prazo de seis meses, tanto a

requerimento da parte, como se houvesse prova da parcialidade dos julgadores ou

violação de direito. O trânsito em julgado das decisões das Juntas só se dava após esse

prazo. Composição de um presidente e dois vogais.

09.7.2. Constituição Federal de 1946: Juntas de Conciliação e Julgamento passaram a

fazer parte da Justiça do Trabalho como órgãos do Poder Judiciário. Onde não havia

Junta de Conciliação e Julgamento havia atribuição aos juízes de direito.

09.7.3. Emenda Constitucional nº 24/99: extinção da representação classista

transformando Juntas de Conciliação e Julgamento em Varas do Trabalho.

09.7.4. Lei nº 6.947/81: critérios para criação de Varas do Trabalho:

a) o Tribunal Superior do Trabalho a cada dois anos analisa propostas de criação de

novas Varas e encaminha projeto de lei ao governo.

b) é preciso que existam mais de 24.000 empregados na localidade ou que tenham sido

ajuizadas 240 reclamações trabalhistas anuais, em média, nos últimos três anos.

c) nos locais onde já existam Varas só serão criadas outras quando o número de

processos por ano for de 1.500 nas existentes.

d) a jurisdição de uma Vara é estendida aos Municípios próximos num raio máximo de

100 quilômetros da sede, desde que existam meios de acesso e de comunicação

regulares com os referidos locais.

09.7.5. Garantias do juiz – artigo 95 da CF/88:

a) vitaliciedade – um juiz de primeiro grau se torna vitalício após dois anos de efetivo

exercício e somente poderá ser desligado do cargo por decisão judicial;

b) inamovibilidade – um juiz somente deixa uma Vara ou uma Comarca por interesse

próprio (remoção a pedido) não podendo ser removido por interesses particulares, salvo

por motivo de interesse público;

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c) irredutibilidade de subsídio – o subsídio de um juiz não pode ser reduzido

nominalmente. Esclareça-se que para o STF o fato de o juiz não receber ou receber

parcialmente reajuste salarial decorrente de inflação não caracteriza redução salarial.

09.8. Tribunais Regionais do Trabalho:

09.8.1. Decreto-Lei nº 1.237/39: Conselhos Regionais do Trabalho – um presidente e

quatro vogais – mandato de dois anos.

09.8.2. Constituição Federal de 1946: criou os Tribunais Regionais do Trabalho

09.8.3. Nomeação dos juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho: Presidente da

República. Feita entre juízes de carreira, advogados e membros do Ministério Público

do Trabalho.

09.8.4. Composição: número de juízes integrantes do órgão.

09.8.5. Funcionamento: número de juízes necessário para serem feitos os julgamentos.

09.8.6. Tribunais Regionais do Trabalho com + de 25 julgadores: poderá ser constituído

de órgão especial (com 11 no mínimo e 25 no máximo) para o exercício das atribuições

administrativas e jurisdicionais da competência do Tribunal Pleno.

09.8.7. Tribunais Regionais do Trabalho com 7 julgadores: há o Presidente e o Vice-

Presidente

09.8.8. Tribunais Regionais do Trabalho maiores: há Corregedor e Vice-Corregedor.

09.8.9. Tribunais Regionais do Trabalho (composição plena): deliberam com a presença

de metade mais um do número de juízes.

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09.8.10. Turmas: compostas de cinco juízes. Só podem funcionar estando três juízes.

09.8.11. Presidente do Tribunal Regional do Trabalho: voto de desempate. Todavia, nas

questões sobre a constitucionalidade de leis ou de atos do poder público e

administrativas terá voto como qualquer outro juiz.

09.8.12. Turma ou Seção: não podem atuar parentes consangüíneo ou afins em linha

reta, bem como em linha colateral até o terceiro grau.

09.8.13. Emenda Constitucional nº 24/99: extinguiu a representação classista.

09.9. Tribunal Superior do Trabalho:

09.9.1. Decreto nº 16.027/23: criou o Conselho Nacional do Trabalho no âmbito do

Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Era integrado por 12 membros e tinha

como finalidade ser órgão consultivo do Ministério, de funcionar como instância

recursal em matéria previdenciária e atuar como órgão autorizador de dispensas dos

empregados que, no serviço público, gozavam de estabilidade.

09.9.2. Constituição de 1934 e Decreto nº 24.784/34: órgão de cúpula da Justiça do

Trabalho.

09.9.3. Decretos-leis nºs 1.237 e 1.346/39: passou a ter 19 membros.

09.9.4. Constituição Federal de 1946: criação do Tribunal Superior do Trabalho quando

a Justiça do Trabalho passou a integrar o Poder Judiciário.

09.9.5. Decreto-Lei nº 9.797/46: reduziu o número de juízes do Tribunal Superior do

Trabalho para 11.

09.9.6. Constituição Federal de 1967: número de 17 ministros. 11 togados e vitalícios,

nomeados pelo Presidente da República, 7 magistrados, 2 advogados e 2 membros do

Ministério Público do Trabalho. 6 juízes classistas e temporários com representação

paritária.

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09.9.7. Emenda Constitucional nº 1/69 repetiu a formação de 1967.

09.9.8. Constituição Federal de 1988: número de 27 ministros. 17 togados e vitalícios

(11 juízes escolhidos dos tribunais regionais, 3 advogados e 3 membros do MPT) e 10

classistas e temporários com representação paritária.

09.9.9. Emenda Constitucional nº 24/99: extinguiu a representação classista, o que

implicou na redução de 27 para 17 ministros.

09.9.10. Emenda Constitucional nº 45/2004: aumentou o número de ministros do

Tribunal Superior do Trabalho para 27 (artigo 111-A da CF/88).

09.9.11. Pleno do Tribunal Superior do Trabalho: funciona com, no mínimo, 11

ministros.

09.9.12. Tribunal Superior do Trabalho: 8 Turmas com 3 Ministros em cada Turma.

Funcionamento: quorum integral.

SDI-I 14 ministros

Funciona com 7 julgadores

Composição:

Presidente

Vice-Presidente

Corregedor

Presidentes de Turmas

Alguns ministros de Turmas.

SDI-II 9 ministros

Funciona com 5 julgadores

Composição:

Presidente

Vice-Presidente

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Corregedor

6 Ministros integrantes de Turmas.

SDC 9 ministros

Funciona com 6 ministros.

Órgão Especial - 14 ministros.

Composição:

Presidente

Vice-Presidente

Corregedor

6 Ministros mais antigos do Tribunal.

09.9.13. Presidente do Tribunal Superior do Trabalho: vota somente para desempatar,

nas questões sobre inconstitucionalidade das leis ou de atos do poder público e em

matéria administrativa.

09.9.14. Competência do Tribunal Superior do Trabalho: encontra-se prevista na Lei nº

7.701/88.

09.9.15. Órgãos Auxiliares da Justiça do Trabalho:

a) Secretaria;

b) Distribuidor;

c) Contadoria – nem todo Tribunal tem.

d) Oficial de Justiça – é cargo e não órgão.

09.10. Ministério Público do Trabalho:

09.10.1. Aspectos gerais:

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Até o advento da Constituição Federal de 1988 o Ministério Público era órgão

vinculado ao Poder Executivo.

Após a Constituição Federal de 1988 o Ministério Público é órgão extra-poderes não

estando vinculado a nenhum dos poderes constituídos. É dotado de autonomia funcional

e administrativa (artigo 127, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988).

Artigo 127, caput, da Constituição Federal de 1988 – O Ministério Público é instituição

permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da

ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais

indisponíveis.

Com o advento da Constituição Federal de 1988 o Ministério Público – também

incluído o Ministério Público do Trabalho – ganhou destaque com atuação bem mais

efetiva em prol da sociedade.

09.10.2. Ministério Público abrange:

a) Ministério Público da União Ministério Público Federal

Ministério Público do Trabalho

Ministério Público Militar

Ministério Público do Distrito Federal e Territórios

b) Ministério Público dos Estados

09.10.3. Garantias – artigo 128, parágrafo 5º, inciso I, da Constituição Federal de 1988:

a) vitaliciedade;

b) inamovibilidade;

c) irredutibilidade de subsídio.

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09.10.4. Atuação:

a) Órgão Agente – instauração de inquéritos civis públicos e propositura de Ações Civis

Públicas.

b) Órgão Interveniente – emissão de pareceres circunstanciados.

09.10.5. Lei Complementar nº 75/93 – Lei Orgânica do Ministério Público da União.

09.10.6. Artigo 83 da Lei Complementar nº 75/93 – atribuições do Ministério Público

do Trabalho:

I - promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis

trabalhistas;

II - manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do

juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a

intervenção;

III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de

interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente

garantidos;

IV - propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato,

acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas

ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores;

V - propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, incapazes

e índios, decorrentes das relações de trabalho;

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VI - recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto nos

processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem como

pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior do

Trabalho;

VII - funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente

sobre a matéria em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o

direito de vista dos processos em julgamento, podendo solicitar as requisições e

diligências que julgar convenientes;

VIII - instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o

interesse público assim o exigir;

IX - promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da

paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos processos,

manifestando sua concordância ou discordância, em eventuais acordos firmados antes

da homologação, resguardando o direito de recorrer em caso de violação à lei e à

Constituição Federal;

X - promover mandado de injunção, quando a competência for da Justiça do Trabalho;

XI - atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de

competência da Justiça do Trabalho;

XII - requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos

processos e para a melhor solução das lides trabalhistas;

XIII - intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de

jurisdição da Justiça do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica de Direito Público,

Estado estrangeiro ou organismo internacional.

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09.10.7. Artigo 84 da Lei Complementar nº 75/93 - Outras atribuições do Ministério

Público do Trabalho:

I – integrar os órgãos colegiados previstos no parágrafo 1º do artigo 6º, que lhes sejam

pertinentes;

II – instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos, sempre que

cabíveis, para assegurar a observância dos direitos sociais dos trabalhadores;

III – requisitar à autoridade administrativa federal competente, dos órgãos de proteção

ao trabalho, a instauração de procedimentos administrativos, podendo acompanhá-los e

produzir provas;

IV – ser cientificado pessoalmente das decisões proferidas pela Justiça do Trabalho, nas

causas em que o órgão tenha intervido ou emitido parecer escrito;

V – exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, desde que compatíveis

com sua finalidade.

09.10.8. Artigo 85 da Lei Complementar nº 75/93 – Órgãos do Ministério Público do

Trabalho:

I – o Procurador-Geral do Trabalho;

II - o Colégio de Procuradores do Trabalho;

III – o Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho;

IV – a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho;

V – a Corregedoria do Ministério Público do Trabalho;

VI – os Subprocuradores-Gerais do Trabalho;

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VII – os Procuradores Regionais do Trabalho;

VIII – os Procuradores do Trabalho.

10. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA, DAS PESSOAS FUNCIONAL

E DO LUGAR. CESSAÇÃO DA COMPETÊNCIA CLÁUSULA DE FORO DE

ELEIÇÃO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONFLITOS

DE COMPETÊNCIA.

10.1. Competência – é a medida da jurisdição; é o grau da jurisdição. Segundo a

doutrina de Liebman é a quantidade de jurisdição concretamente conferida a cada órgão

judicante, segundo alguns critérios predeterminados em lei.

10.2. Competência da Justiça do Trabalho – artigo 114 da Constituição Federal de 1988:

em razão da matéria

Competência absoluta: em razão da pessoa improrrogável

funcional

Competência relativa: em razão do lugar prorrogável

10.3. Competência em Razão da Matéria.

Uma das alterações mais importantes promovidas pelo Congresso Nacional quando da

aprovação da Emenda Constitucional nº 45/2004 é que a partir de agora a Justiça do

Trabalho não tem como competência apenas apreciar questões ligadas à relação de

emprego, mas sim da relação de trabalho (artigo 114 da Constituição Federal de 1988).

A questão não é de mera semântica, mas de alteração efetiva na medida em que relação

de trabalho é gênero da qual é uma das espécies a relação de emprego. Também

questões ligadas ao direito sindical foram transferidas para a Justiça do Trabalho.

conhecida de ofício pelo juiz

o juiz não pode conhecer de ofício

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Assim, a partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, questões que eram da

competência da Justiça Comum Estadual passaram para a competência da Justiça do

Trabalho. Exemplos:

a) trabalhadores autônomos ou representantes comerciais autônomos – Lei nº

4.886/1965 de 09/12/1965 (artigo 114, inciso I, da Constituição Federal de 1988).

Há doutrinadores que fazem uma distinção entre relação de trabalho e relação de

consumo. Tal diferenciação, segundo esses doutrinadores, redundaria na competência da

Justiça do Trabalho quando a prestação de serviços sem vínculo empregatício não tiver

o tomador com destinatário final dos mesmos e da Justiça Comum Estadual quando o

tomador dos serviços for o destinatário final destes.

Quanto à competência supracitada, embora a nosso ver a alteração constitucional tenha

efetivamente ocorrido, é certo que no tocante aos trabalhadores autônomos o

deslocamento da competência tem se mostrado matéria discutível nos Tribunais

Superiores. Exemplo disso é que mesmo após a Emenda Constitucional nº 45/2004

houve por bem o Superior Tribunal de Justiça aprovar a Súmula 363 que preconiza que

a cobrança de honorários decorrentes de serviços prestados por profissionais liberais

contra cliente é da Justiça Comum Estadual e não da Justiça do Trabalho. Sobre o tema,

algumas turmas do Tribunal Superior do Trabalho divergiram, ora sustentando a

competência da Justiça Especializada, ora sustentando a competência da Justiça Comum

Estadual.

b) trabalhadores eventuais – antes apenas os litígios decorrentes de contrato de

empreitada em que o empreiteiro seja operário ou artífice conforme artigo 652, alínea

“a”, III, da Consolidação das Leis do Trabalho eram da Justiça do Trabalho (artigo 114,

inciso I, da Constituição Federal de 1988).

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Neste caso há necessidade de separar o grande do pequeno empreiteiro. A

jurisprudência dos Tribunais do Trabalho é no sentido de que pequeno empreiteiro é

aquele que trabalha sem o auxílio de empregados. Somente nesta hipótese é que a

competência para julgar litígios é da Justiça do Trabalho. De se destacar que, nesse

caso, o autor da ação perante a Justiça do Trabalho não postula reconhecimento do

vínculo empregatício e verbas trabalhistas decorrentes do mesmo, mas sim o direito às

importâncias decorrentes do contrato de empreitada inadimplido.

c) parceiros, meeiros e arrendatários (artigo 114, inciso I, da Constituição Federal de

1988).

Nesse caso o questionamento é o mesmo feito na letra “a” acima. A Justiça do Trabalho

por ora não tem sido chamada a decidir litígios decorrentes de contrato de parceria,

meação e arrendamento. Todavia, se aplicável a jurisprudência dos Tribunais

Superiores, por certo a competência para apreciar litígios continuará com a Justiça

Comum Estadual, embora entendamos que o deslocamento da competência após a

Emenda Constitucional nº 45/2004 é de clareza solar quando trata não mais de “relação

de emprego”, mas sim de “relação de trabalho”.

d) contribuição sindical (artigo 114, inciso III, da Constituição Federal de 1988).

Até o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 qualquer litígio decorrente de

contribuição sindical era apreciado pela Justiça Comum Estadual. Esse entendimento se

dava em razão de ser uma contribuição prevista em lei, ao contrário das contribuições

assistenciais e confederativas, que são inseridas em normas coletivas. Contudo, a partir

da citada emenda a competência para apreciar tal litígio foi deslocada para a Justiça do

Trabalho.

e) disputa de representatividade sindical (artigo 114, inciso III, da Constituição Federal

de 1988).

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Da mesma forma que o legislador constituinte derivado houve por bem deslocar a

competência da Justiça Comum Estadual para a Justiça do Trabalho no tocante aos

litígios que envolvam contribuições sindicais, também o fez em relação às disputas de

representatividade sindical. Nesse sentido, podemos dizer que ações entre sindicatos que

lutam pela representatividade de uma categoria ou no caso de parte de uma categoria

abrangente que possa ser desmembrada é de competência da Justiça do Trabalho.

Também tivemos que apreciar litígio no qual um grupo de trabalhadores postulou a

nulidade de uma eleição sindical, sob o argumento de que a chapa da situação teria

fixado prazo exíguo para constituição de outras chapas de oposição.

Além das competências acima também é competente a Justiça do Trabalho em razão da

matéria:

a) Contrato de empreitada: artigo 652, inciso III, da Consolidação das Leis do Trabalho

– nos casos em que o empreiteiro seja operário ou artífice. Comentários encontram-se

acima.

b) Competência normativa: artigo 114, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988 –

ação de cumprimento – com a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº

45/2004.

c) Leis esparsas: Ex: Lei nº 8.984/95 de 07/02/1995 – dissídios que tenham origem no

cumprimento de convenções coletivas de trabalho ou acordos coletivos de trabalho

mesmo quando ocorram entre sindicatos ou entre sindicato de trabalhadores e

empregador.

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Alguns sindicatos têm ajuizado ações de cobrança de contribuições assistenciais e

confederativas de empregadores que deixam de descontá-las dos empregados e repassá-

las à entidade. Não obstante as discussões travadas perante o Poder Judiciário acerca da

obrigatoriedade ou não dessas contribuições para trabalhadores não associados do

sindicato (Súmula 666 do Supremo Tribunal Federal e Precedente Normativo 119 do

Tribunal Superior do Trabalho), é certo que a competência para dirimir tais conflitos é

da Justiça do Trabalho. Vejamos o conteúdo dessa Súmula e desse Precedente

Normativo:

Súmula 666 do STF – CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA – ART. 8º,

IV, DA CONSTITUIÇÃO - FILIADOS – EXIGÊNCIA.

A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é

exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

Precedente Normativo 119 do TST – CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS –

INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS CONSTITUCIONAIS.

A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito

de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de

liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença

normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título

d taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou

fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores

não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição,

tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados.

d) Contribuições previdenciárias: Emenda Constitucional nº 45/2004 – artigo 114,

inciso VIII, da Constituição Federal de 1988.

Muitas foram as discussões acerca dessa alteração constitucional. Por primeiro merece

relevo esclarecer que tal deslocamento deu-se já com o advento da Emenda

Constitucional nº 20/1998 e confirmada pela Emenda Constitucional nº 45/2004.

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É cediço que compete à Justiça Federal julgar litígios decorrentes do inadimplemento

das contribuições previdenciárias por parte das empresas. Contudo, é certo que parte

dessa competência foi deslocada para a Justiça do Trabalho. Contudo, a mudança é de

pequena amplitude, embora o volume arrecadado seja significativo.

O deslocamento da competência no tocante às contribuições previdenciárias para a

Justiça do Trabalho limita-se apenas e tão-somente aos tributos devidos em decorrência

das decisões condenatórias proferidas por esta última. Assim, permanece com a Justiça

Federal a competência para apreciar ações de execução das contribuições

previdenciárias não satisfeitas pelas empresas de forma integral, ou seja, não pagas em

sua totalidade. A competência da Justiça do Trabalho limita-se a executar as

contribuições previdenciárias decorrentes de verbas condenatórias de natureza salarial

com trânsito em julgado e bem assim de verbas de natureza salarial pagas em acordos

judiciais.

Houve um período após a Emenda Constitucional nº 45/2004 em que foi sustentada a

competência da Justiça do Trabalho para executar contribuições previdenciárias não só

decorrentes de verbas condenatórias, mas também no caso de sentenças declaratórias

nas quais era reconhecido o vínculo empregatício. Contudo, não foi o que prevaleceu no

Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 569.056 e, por conta disso, foi

aprovada a Súmula 368 pelo Tribunal Superior do Trabalho que trata da limitação da

competência apenas em relação às verbas condenatórias em pecúnia. Dispõe a citada

Súmula:

Súmula 368 – DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS –

COMPETÊNCIA – REESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO –

FORMA DE CÁLCULO.

I – A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das

contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quando à

execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças

condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo

homologado, que integrem o salário de contribuição.

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II – É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das

contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado

oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos

fiscais, sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis,

calculado ao final, nos termos da Lei n. 8.541/1992, art. 46, e Provimento da

CGJT n. 01/1996.

III – Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração

encontra-se disciplinado no art. 276, § 4º, do Decreto n. 3.048/99, que

regulamenta a Lei n. 8.212/91 e determina que a contribuição do

empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês,

aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo

do salário de contribuição.

Como corolário disso, é o trabalhador que vai sofrer as consequências se não tiver seu

contrato de trabalho assinado quando da contratação e que necessitará fazê-lo perante a

Justiça do Trabalho e, depois disso, ajuizar outra ação perante a Justiça Federal com o

intuito de obter o reconhecimento do tempo de serviço para fins de aposentadoria.

e) execução: tanto dos acordos celebrados e não cumpridos quanto das sentenças

transitadas em julgado. Também quanto à execução dos acordos celebrados perante a

Comissão de Conciliação Prévia quanto os Termos de Compromisso de Ajustamento de

Conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho.

A primeira observação acerca do item acima é no sentido de que esse rol é taxativo e

não exemplificativo. Isto porque o legislador ordinário preocupou-se em vedar qualquer

possibilidade do empregador induzir o trabalhador menos esclarecido a assinar

documentos que pudessem implicar no reconhecimento de dívidas com o primeiro.

Quanto aos dois primeiros títulos executivos, estes são judiciais e não comportam

qualquer dúvida.

No que respeita aos dois títulos executivos restantes, estes são extrajudiciais.

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Com efeito, o Termo de Acordo firmado perante a Comissão de Conciliação Prévia não

cumprido deve ser executado perante a Justiça do Trabalho. Note-se que, nesse caso,

não haverá nenhuma discussão dos direitos trabalhistas como, por exemplo, aviso

prévio, saldo salarial, 13º salário, férias com o terço constitucional, horas extras e

reflexos, entre outros, mas sim apenas a execução do valor do acordo avençado e não

cumprido.

No que pertine ao Termo de Ajustamento de Conduta firmado perante o Ministério

Público do Trabalho e não cumprido há que ser salientado que a redação do artigo 876

da Consolidação das Leis do Trabalho foi alterada com a edição da Lei nº 9.958/2000

com o intuito de incluí-lo no rol dos títulos executivos extrajudiciais. Até então o

empregador que descumpria normas trabalhistas era investigado e, depois, chamado à

Procuradoria do Trabalho para assinar o referido Termo, que não era cumprido sob a

alegação de que sua executividade não estava prevista em lei. A controvérsia, portanto,

resta superada.

Além disso, por força do artigo 114, inciso VII, da Carta Magna de 1988, com a redação

dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004, também é título executivo extrajudicial a

Certidão de Dívida Ativa decorrente das multas aplicadas pelas autoridades

administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de

trabalho. Assim, ações de mandado de segurança, ações anulatórias de débito fiscal e

ações de embargos à execução são de competência da Justiça do Trabalho.

f) ações possessórias: se decorrente da relação de emprego. Ex 1: imóvel utilizado pelo

empregado para o exercício do trabalho. Ex: zelador. Ex 2: ferramentas não devolvidas

pelo empregado ou mostruários de vendas. Ex: no caso de greve quando houver

necessidade do ajuizamento de ações de reintegração de posse ou de interdito

proibitório. A propósito disso, com o advento da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo

Tribunal Federal ficou pacificado o entendimento de que a competência para apreciar

ações possessórias decorrentes de greve é da Justiça do Trabalho.

g) Programa de Integração Social – PIS – Programa de Integração Social: cadastramento

– Súmula nº 300 do Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:

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Súmula 300 – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO –

CADASTRAMENTO NO PIS.

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por

empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no

Programa de Integração Social (PIS).

h) FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço: levantamento do saldo da conta

vinculada - quando há dissídio entre empregado e empregador.

i) complementação de aposentadoria: até 19/02/2013 era da Justiça do Trabalho.

Contudo, conforme decisão do STF de 20/02/2013 a competência material para apreciar

litígios decorrentes de complementação de aposentadoria em função do contrato de

trabalho é da Justiça Comum Estadual.

j) indenização por danos morais: a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no

sentido de que se a causa de pedir decorre do contrato de trabalho a Justiça do Trabalho

é competente para apreciar o litígio. O Tribunal Superior do Trabalho, seguindo

orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, aprovou a Orientação

Jurisprudencial nº 327 da SDI-I do Tribunal Superior do Trabalho – Seção de Dissídios

Individuais I do Tribunal Superior do Trabalho, depois convertida na Súmula 392.

Entretanto, a decisão sob enfoque fala apenas “quando decorrer da relação de trabalho”,

sem especificar se seria em quaisquer causas de pedir. Diz a Súmula 392:

Súmula 392 – DANO MORAL – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO

TRABALHO.

Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça do

Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização por dano

moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de

acidente do trabalho e doenças a ele equiparadas.

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Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 (artigo 114, inciso

VI, da Constituição Federal de 1988) imaginou-se que a matéria teria sido pacificada

com entendimento de que, qualquer que fosse a causa de pedir, a competência seria da

Justiça do Trabalho, quando ajuizada ação em face do empregador. Contudo, em

julgamento proferido no dia 09/03/2005 em sede de controle difuso o Supremo Tribunal

Federal entendera, por 8 votos a 2, que quando a causa de pedir da indenização por

danos morais ou materiais fosse decorrente de acidente do trabalho seria competente a

Justiça Comum Estadual (Recurso Extraordinário nº 438.639). Também esse sempre foi

o entendimento do Superior Tribunal de Justiça ao apreciar conflitos negativos de

competência acerca dessa matéria. Todavia, em julgamento mais recente (junho/2005) o

Supremo Tribunal Federal mudou o entendimento e, por unanimidade, conferiu

competência à Justiça do Trabalho para apreciar pedido de indenização por danos

morais e materiais, ainda que a causa de pedir seja decorrente de acidente do trabalho,

em decisão proferida no Conflito de Competência nº 7.204-1 - MG. Com o advento da

Súmula Vinculante nº 24 do Supremo Tribunal Federal ficou pacificado o entendimento

no sentido de que a competência para apreciar pedidos de indenização por danos morais

em razão de acidente do trabalho é da Justiça do Trabalho.

k) greve: abusividade ou não - competência da Justiça do Trabalho – Súmula 189 do

Tribunal Superior do Trabalho. Lei nº 7.783/89 de 28/06/1989 – artigo 8º.

Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 (artigo 114, inciso

II, da Constituição Federal de 1988) todas as questões ligadas ao direito de greve são de

competência da Justiça do Trabalho, inclusive aquelas que até então estavam a cargo da

Justiça Comum Estadual (ex: ação de interdito proibitório quando os trabalhadores

ameaçam invadir e tomar uma fábrica). Se se tratar de dissídio coletivo de greve a

competência para apreciação é dos Tribunais Regionais do Trabalho ou do Tribunal

Superior do Trabalho. Se se tratar, por exemplo, de ação de interdito proibitório ou de

ação de reintegração de posse, a competência é do juiz do trabalho de 1º grau (titular ou

substituto), como já dito no item de ações possessórias.

l) meio ambiente do trabalho: atribuição do Ministério Público do Trabalho e/ou dos

sindicatos de categoria profissional para propositura de Ação Civil Pública.

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m) Habeas Corpus: quando decretada prisão civil no caso de depositário infiel de um

bem garantidor da execução. Com o advento da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo

Tribunal Federal ficou pacificado o entendimento no sentido de que não é possível a

prisão civil do depósito infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. Diz a

referida Súmula:

Súmula Vinculante 25 do STF.

É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade

do depósito.

n) mandado de segurança: em decorrência de ato de abuso de autoridade em processo

trabalhista.

Observação: Até a Emenda Constitucional nº 45/2004 a competência para apreciação do

mandado de segurança era funcional dos juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho

(das decisões dos juízes de 1º grau) e do Tribunal Superior do Trabalho (dos juízes de 2º

grau). Isto porque até então o juiz de 1º grau não tutelava nenhum ato de autoridade

administrativa. Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 (artigo 114, inciso

VII, da Constituição Federal de 1988) a Justiça do Trabalho passa a apreciar ações

relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de

fiscalização das relações do trabalho. Com isso, multas aplicadas pela DRTE –

Delegacia Regional do Trabalho e Emprego poderão ser questionadas na Justiça do

Trabalho - o que até então era de competência da Justiça Federal – e a competência para

sua apreciação é do juiz do trabalho de 1º grau (titular ou substituto).

10.4. Competência em Razão da Pessoa:

a) litígio entre trabalhador e empregador decorrente da relação de emprego: regime de

contratação da Consolidação das Leis do Trabalho.

b) trabalhadores domésticos: Lei nº 5.859/72 de 11/12/1972.

c) trabalhadores temporários: Lei nº 6.019/74 de 03/01/1974.

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d) trabalhadores portuários: Medida Provisória nº 2.164/41 de 24/08/2001 – DOU

27/08/2001.

e) trabalhadores rurais: Lei nº 5.889/1973 de 08/06/1973.

f) empregados de empresas públicas e de sociedades de economia mista: regime da

Consolidação das Leis do Trabalho de acordo com o artigo 173, parágrafo 1º, inciso II,

da Constituição Federal de 1988.

g) funcionários públicos: desde que se trate de regime celetista. Se vinculado ao regime

estatutário será competente a Justiça Federal (se funcionário público federal) ou a

Justiça Estadual (se funcionário público estadual ou municipal).

1ª Observação: O governo do Estado de São Paulo admite trabalhadores tanto no regime

estatutário (regime de direito administrativo), como no regime da Consolidação das Leis

do Trabalho (regime celetista). Não satisfeito, o Poder Legislativo Estadual houve por

bem aprovar a Lei Estadual nº 500/74 para contratação de servidores públicos estaduais.

Referida lei contempla parte dos direitos dos servidores públicos estatutários e parte dos

direitos dos servidores públicos celetistas. É o que se pode chamar de terceiro gênero.

No tocante à competência para apreciar litígios desses servidores, o Supremo Tribunal

Federal, no início da década de 2000, constatou que a prestação dos serviços dos

admitidos pela Lei Estadual nº 500/74 mais se aproxima do regime administrativo do

que do regime contratual, razão pela qual decidiu que a competência para apreciá-los é

da Justiça Comum Estadual.

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2ª Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 sustentou-se a

tese de que mesmo no caso dos funcionários públicos regidos pelo Estatuto (regime

estatutário) a competência teria sido passada para a Justiça do Trabalho. Todavia, a

AJUFE – Associação dos Juízes Federais ajuizou ADI – Ação Direta de

Inconstitucionalidade, com pedido de liminar, para que fosse preservada a competência

da Justiça Federal no caso de servidores públicos federais regidos pela Lei nº 8.112/90.

O Supremo Tribunal Federal concedeu a liminar requerida pela AJUFE. Lembre-se que

em se tratando de ADI o efeito dessa liminar é erga omnes e vinculante. Assim, no

tocante aos servidores públicos federais regidos pelo Estatuto (Lei nº 8.112/90) a

competência para apreciação dos litígios é da Justiça Federal. Por óbvio que, em se

tratando de funcionários públicos estaduais e municipais regidos pelo Estatuto a

competência para apreciação dos litígios é da Justiça Comum Estadual.

h) entes de direito público externo: imunidade absoluta como regra e imunidade relativa

como exceção. A imunidade relativa diz respeito a separar os atos de império dos atos

de gestão – Convenção de Viena de 1961 trata da imunidade de jurisdição. Imunidade

de jurisdição abrange embaixadas e respectivos representantes diplomáticos. Wilson de

Souza Campos Batalha entende que os cônsules não estão abrangidos pela imunidade

diplomática por exercerem funções notariais e de caráter administrativo.

i) servidores de cartórios extrajudiciais: regime celetista e competência da Justiça do

Trabalho. Lei nº 8.935/94 de 18/11/1994.

j) atletas profissionais de futebol: Lei nº 6.354/76 artigo 29 c/c a Lei nº 9.615/98 de

24/03/1998 – competência da Justiça do Trabalho a teor do artigo 114 da Constituição

Federal de 1988.

k) aprendizes: a competência é da Justiça do Trabalho, eis que se trata de contrato de

trabalho com fins simultâneos de ensino – artigo 403 e artigo 424 e seguintes da

Consolidação das Leis do Trabalho.

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l) autorização para trabalho de menores antes da idade mínima – no último dia

10/12/2013, a Terceira Turma, unanimemente, decidiu, seguindo lúcido voto da colega

Rosana Buono, que a competência para análise dos pedidos de autorização para o

trabalho antes da idade mínima é da justiça do trabalho.

10.5. Competência Funcional:

10.5.1. Conceito: é a competência prevista em lei distribuída às Varas do Trabalho,

Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunal Superior do Trabalho.

Varas do Trabalho ou Juízes de Direito investidos de competência trabalhista nas

comarcas onde não há Vara do Trabalho instalada pela Justiça do Trabalho –

competência originária para apreciação de dissídios individuais.

Tribunais Regionais do Trabalho – competência recursal para reapreciação de dissídios

individuais julgados pelas Varas do Trabalho. Além disso, têm competência originária

para apreciar dissídios coletivos, mandados de segurança, ações rescisórias, habeas

corpus, entre outras.

Tribunal Superior do Trabalho – competência originária e recursal nos termos da Lei nº

7.701/88.

1ª Observação sobre a competência absoluta: quando se trate de acolhimento de exceção

de incompetência material da Justiça do Trabalho ou mesmo de declaração dessa

incompetência de ofício pelo juiz do trabalho deve ser aplicado o disposto no artigo

113, parágrafo 2º, in fine, do Código de Processo Civil que consagra que o feito deva

ser encaminhado àquele juízo que se entender por competente, seja em razão da matéria,

da pessoa ou funcional e não ser extinto sem julgamento do mérito. Contudo, nas ações

trabalhistas há uma peculiaridade qual seja a de que, em regra, ocorre cumulação

objetiva de pedidos e isso implica que se possa acolher apenas parcialmente a exceção

de incompetência absoluta devendo o feito permanecer na Justiça Especializada para

julgamento dos demais pedidos. Nesse caso resta imperioso extinguir o pedido do qual

o juiz do trabalho deu-se por incompetente sem exame do mérito.

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2ª Observação sobre a competência absoluta: tendo em vista a implantação do PJE –

Processo Judicial Eletrônico a regra prevista no artigo 113, parágrafo 2º, in fine, do

Código de Processo Civil não tem sido cumprida, eis que incompatíveis tais sistemas

em relação ao outro ramo do poder judiciário. Nesse caso, resta ao juiz do trabalho

extinguir o feito sem exame do mérito e à parte interessada repropor a ação perante o

poder judiciário competente para apreciar o litígio.

10.6. Competência Territorial:

10.6.1. Conceito: é aquela determinada à Vara do Trabalho para apreciar os litígios

trabalhistas no espaço geográfico de sua jurisdição. São instituídas visando facilitar a

propositura da ação trabalhista pelo trabalhador, para que este não tenha gastos

desnecessários com locomoção e possa melhor fazer sua prova.

10.6.2. Regra geral: local da prestação da prestação dos serviços – artigo 651, caput, da

Consolidação das Leis do Trabalho.

10.6.3. Exceções:

a) agente ou viajante comercial – competência da Vara da localidade em que a empresa

tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será

competente a Vara da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade

mais próxima – artigo 651, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

b) a competência das Varas do Trabalho estabelecida no artigo 651 estende-se aos

dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja

brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.

c) empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de

trabalho – é facultado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do

contrato ou no foro da prestação dos respectivos serviços – artigo 651, parágrafo 3º, da

Consolidação das Leis do Trabalho.

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Observação: surge uma corrente jurisprudencial admitindo, excepcionalmente, que um

empregado que tenha trabalhado em uma cidade e depois de deixar o emprego mudou-

se para outra cidade, possa propor ação trabalhista na cidade onde tem domicílio

atualmente, sob o argumento de que a regra insculpida no caput do artigo 651 da CLT

poderia implicar na impossibilidade de acesso ao poder judiciário trabalhista.

10.7. Competência por Distribuição:

No processo civil fica o juízo prevento desde que tenha despachado em primeiro lugar a

ação, conforme artigo 106 do Código de Processo Civil.

No processo do trabalho, diferentemente do processo civil, não há despacho do juiz

determinando a citação do réu. Na prática tem-se entendido que a prevenção do juízo

trabalhista dá-se onde o feito foi distribuído por primeiro.

10.8. Cessação da Competência:

Juiz de direito investido da competência trabalhista – instalada a Vara do Trabalho cessa

a competência do juiz de direito em matéria trabalhista, inclusive para a execução das

sentenças por ele proferidas – Súmula nº 10 do Superior Tribunal de Justiça.

10.9. Foro de Eleição:

10.9.1. Conceito: é aquele em que as partes, num contrato, acordam no sentido de que

qualquer pendência será resolvida em determinado local. É comum nos contratos de

direito civil e comercial.

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Em matéria trabalhista não se admite foro de eleição, pois o patrão poderia

perfeitamente eleger foro inacessível ao trabalhador e, com isso, inviabilizar a

propositura de ação trabalhista. No contrato de trabalho é cláusula tida como não

escrita.

10.10. Incompetência da Justiça do Trabalho:

a) ações de acidentes do trabalho – em face do INSS – Instituto Nacional do Seguro

Social - ação proposta perante a Justiça Comum Estadual.

b) ação contra a Previdência Social – por exemplo: revisão de cálculo de aposentadoria -

ação proposta perante a Justiça Federal.

c) ações penais decorrentes de crimes contra a organização do trabalho – tais ações não

foram deslocadas para a Justiça do Trabalho. Destaque-se que haveria grande

dificuldade de adoção dos procedimentos trabalhistas nas ações penais o que poderia

redundar em significativo número de decretos judiciais de nulidade das mesmas.

Permanece a competência da Justiça Federal para apreciar tais ações no caso de

abrangência coletiva e da Justiça Comum Estadual no caso de abrangência individual.

d) ações de execução de anuidade de ordens e conselhos – embora a princípio se

pudesse sustentar que o pagamento das anuidades é que permite ao profissional

trabalhar, a competência para a execução das mesmas permanece com a Justiça Federal,

na medida em que ordens e conselhos são autarquias federais.

10.11. Conflito de Competência:

Quando dois ou mais juízes se derem por competentes ou incompetentes dá-se o

conflito de competência, positivo no primeiro caso e negativo no segundo caso.

Conflito entre:

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a) Varas do Trabalho e Juízes de Direito investidos na competência trabalhista –

conflito será julgado pelos TRTs no caso de ambos tiverem jurisdição no mesmo

território e pelo TST se ambos não tiverem jurisdição no mesmo território (artigo 114,

inciso V, da Constituição Federal de 1988).

b) Varas do Trabalho pertencentes à mesma Região – conflito será julgado pelo

Tribunal Regional do Trabalho da Região a que ambas estão vinculadas.

c) duas Varas do Trabalho pertencentes a Regiões diversas – competente para apreciar o

conflito é o Tribunal Superior do Trabalho – Emenda Constitucional nº 45/2004 - artigo

114, inciso V, da Constituição Federal de 1988.

d) Tribunais Regionais do Trabalho – competência do Tribunal Superior do Trabalho –

Emenda Constitucional nº 45/2004 - artigo 114, inciso V, da Constituição Federal de

1988.

e) Varas do Trabalho e Juízes de Direito ou Juízes Federais – competente é o Superior

Tribunal de Justiça conforme artigo 105, inciso I, alínea “d”, da Constituição Federal de

1988. Todavia, o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento de que compete ao

Tribunal Regional do Trabalho dirimir conflito de competência verificado na respectiva

região conforme Súmula 180. Diz a referida Súmula:

Súmula 180 – LIDE TRABALHISTA – CONFLITO DE COMPETÊNCIA –

JUIZ ESTADUAL E JUNTA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO –

COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA

RESPECTIVA REGIÃO.

Na lide trabalhista, compete ao Tribunal Regional do Trabalho dirimir conflito

de competência verificado, na respectiva região, entre juiz estadual e Junta de

Conciliação e Julgamento.

f) Tribunal Superior do Trabalho e Juízes de Direito ou Juízes Federais – Supremo

Tribunal Federal é o competente (artigo 102, inciso I, alínea “o”, da Constituição

Federal de 1988).

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g) o Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal Superior do Trabalho – é competente o

Supremo Tribunal Federal conforme artigo 102, inciso I, alínea “o”, da Constituição

Federal de 1988.

h) Tribunal Regional do Trabalho e Tribunal Regional Federal ou Tribunal de Justiça –

é competente o Superior Tribunal de Justiça por se tratar de conflito entre quaisquer

tribunais, conforme artigo 105, inciso I, alínea “d”, da Constituição Federal de 1988.

Observação: inexiste conflito entre Tribunal Superior do Trabalho e Tribunal Regional

do Trabalho, bem como entre Tribunal Regional do Trabalho e Varas do Trabalho, pois

há hierarquia entre esses órgãos.

Observação: artigo 795, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho – a

doutrina e a jurisprudência interpretam que a incompetência a que se referiu o legislador

ordinário é a absoluta e não a incompetência relativa (de foro). Isto porque a declaração

“de ofício” de incompetência somente se aplica às hipóteses de incompetência absoluta.

Observação: artigo 653, caput, alínea “c”, da Consolidação das Leis do Trabalho –

competência das Varas do Trabalho para julgar as suspeições argüidas contra os seus

membros. Aplica-se ou não o disposto no artigo 313, in fine, do Código de Processo

Civil?

Artigo 313 do Código de Processo Civil – Despachando a petição, o juiz, se

reconhecer o impedimento ou a suspeição, ordenará a remessa dos autos ao

seu substituto legal; em caso contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas

razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver,

ordenando a remessa dos autos ao tribunal.

Tem-se notícia que em algumas decisões o juiz do trabalho de 1º grau fez remessa do

feito ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região-SP e a Turma houve por bem

devolvê-lo ao juízo de origem para que a suspeição fosse apreciada em 1º grau.

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Assim parece-nos que a competência para apreciar a suspeição do juiz do trabalho é do

próprio juiz do trabalho de 1º grau arguido de suspeito. A nosso ver, o mesmo

raciocínio se aplica na hipótese de argüição de impedimento.

QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM V – FGV – 1ª FASECom relação à competência material da Justiça do Trabalho, é correto afirmar que: (A) não compete à Justiça do Trabalho, mas à Justiça Federal, o julgamento de ação anulatória de auto de infração lavrado por auditor fiscal do trabalho. (B) é da competência da Justiça do Trabalho o julgamento das ações ajuizadas em face da Previdência Social que versem sobre litígios ou medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho. (C) de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é da competência da Justiça do Trabalho processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente. (D) a Justiça do Trabalho é competente para julgar ação ajuizada por sindicato de categoria profissional em face de determinada empresa para que esta seja condenada a repassar-lhe as contribuições assistenciais descontadas dos salários dos empregados sindicalizados.

EXAME DE ORDEM VIII – FGV – 1ª FASESe for  instalado  conflito de  competência positivo entre dois juízes  do  Trabalho  do  Estado  de  Pernambuco,  qual será  o órgão competente para julgá-lo?   

A) O TST. B) O STJ. C) O TRT de Pernambuco. D) O STF. 

EXAME DE ORDEM VI – FGV - 2ª FASEJuventino, brasileiro, residente e domiciliado em João Pessoa, foi contratado pela empresa Engenho Engenharia S.A., com sede em Salvador, para trabalhar como mestre de obras. Após dois anos trabalhando em João Pessoa, foi transferido para trabalhar no Japão, onde ficou por três anos. Retornando ao Brasil, após laborar por um mês, foi dispensado imotivadamente. Insatisfeito, ajuizou ação trabalhista requerendo que lhe fossem pagos todos os direitos previstos na legislação brasileira no período em que trabalhou fora do país, pois no Japão tinha apenas 7 dias de férias por ano, não tinha FGTS e a jornada de trabalho era de 9 horas. O juiz julgou o pedido improcedente fundamentando a decisão no princípio da lei do local da prestação de serviços; logo,

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aplicação da lei brasileira no Brasil, e a japonesa no Japão, mesmo porque Juventino trabalhou mais tempo fora do que dentro do Brasil. Essa decisão foi acertada? Por quê? Fundamente. (Valor: 1,25)

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11. ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS.

11.1. Atos processuais:

Nas palavras de Moacyr Amaral Santos atos processuais são aqueles que têm o efeito de

constituir, conservar, desenvolver, modificar ou cessar a relação processual. São

necessariamente aqueles atos praticados no processo.

Para Amauri Mascaro Nascimento os atos processuais classificam-se em atos do juiz,

atos das partes e atos de terceiros.

Os atos do juiz são: a sentença, o interrogatório, o despacho, a autorização, a

advertência à testemunha, a informação às autoridades judiciárias superiores etc.

Os atos das partes são: a petição inicial, a defesa, o depoimento, as alegações, os

recursos, as sustentações etc.

Os atos de terceiros são: a perícia, a diligência cumprida pelo oficial de justiça, a

tradução feita pelo intérprete, o pregão etc.

Os atos processuais são revestidos de publicidade e devem ser conhecidos pelas partes,

ou, às vezes, mesmo por terceiros, impondo-se, como necessidade prática da realização

do princípio, a sua divulgação, que, no processo trabalhista, é feita pelas formas

clássicas do direito processual comum, a saber:

a) a intimação, que significa dar conhecimento de um ato processual a alguém, bem

como esse mesmo conhecimento dado, porém, com o fim de que a pessoa pratique ou

deixe de praticar, por sua vez, um ato processual.

b) a citação, que é a comunicação a alguém da propositura de uma ação para que venha

defender-se em juízo. A lei trabalhista utiliza-se da palavra “notificação”, a qual tem

força de citação.

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11.2. Termos:

Para Wagner D. Giglio termo é a reprodução gráfica dos atos processuais. Estes últimos

poderão ser consignados nos autos à tinta, datilografados ou carimbados, e os termos

relativos ao movimento dos processos constarão de simples notas, datadas e rubricadas

pelos diretores de Secretaria ou escrivães.

No processo informatizado, de acordo com a Lei nº 11.419/2006 de 10/12/2006:

a) todas as comunicações (citações, notificações e intimações) serão realizadas por

meios eletrônicos.

b) as distribuições, juntadas, contestações, recursos, etc serão feitos automaticamente,

sem intervenção de serventuário, de tal sorte que não haverá mais espaço ou

necessidade para os “termos”. Estes restarão como um resquício, uma lembrança do

processo burocrático e ultrapassado ainda vigorante.

11.3. Prazos processuais:

Para Sérgio Pinto Martins prazo processual é o período em que o ato processual deve

ser praticado.

Diz o doutrinador que os prazos processuais podem ser:

a) particulares, concernentes a apenas uma das partes.

b) comuns, quando fluem para ambas as partes.

c) legais, quando previstos em lei.

d) judiciais, quando fixados pelo juiz do trabalho.

d) convencionais, quando houver convenção feita entre as partes.

e) peremptórios, aqueles considerados fatais e improrrogáveis, que não podem ser

alterados pelas partes.

f) prorrogáveis, aqueles que não estão previstos em lei podendo o juiz dilatar tais prazos

a seu livre arbítrio.

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Quando não existir prazo determinado em lei, a prática dos atos processuais deve ser

feita em 05 (cinco) dias, nos termos do artigo 185 do Código de Processo Civil.

No recesso forense não são praticados atos processuais. Poderão, entretanto, ser

praticados atos processuais como o arresto, seqüestro, penhora, arrecadação, busca e

apreensão, o depósito, a prisão do depositário infiel, os embargos de terceiros etc. Os

atos que importarem em resposta do réu só começarão a correr no primeiro dia útil

seguinte ao término do recesso, utilizando-se por analogia o parágrafo único do artigo

173, parágrafo único, do Código de Processo Civil.

Preleciona Wagner D. Giglio que segundo o artigo 774 da Consolidação das Leis do

Trabalho os prazos são contados a partir da data em que a notificação for feita

pessoalmente, recebida do correio, ou da publicação do edital ou do expediente no

jornal oficial, ou ainda da fixação do edital na sede do juízo, salvo disposição em

contrário.

Cita o doutrinador, ainda, que o artigo 774 da Consolidação das Leis do Trabalho

preconiza que os prazos são contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser

prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, pelo juiz ou Tribunal, ou em virtude

de força maior devidamente comprovada.

Para o renomado doutrinador são exceções à regra de contagem do prazo:

a) o período de 20/12 a 06/01 de cada ano é considerado como recesso e não como

férias coletivas. De acordo com a Súmula 262, item II, esse período de recesso forense

implica na suspensão dos prazos recursais.

b) quando a intimação é feita no sábado o início do prazo dar-se-á no primeiro dia útil

imediato e a contagem, no subsequente (Súmula 262, item I, do Tribunal Superior do

Trabalho).

Diz a citada Súmula:

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Súmula 262 – PRAZO JUDICIAL – NOTIFICAÇÃO OU INTIMAÇÃO

EM SÁBADO – RECESSO FORENSE.

I – Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no

primeiro dia útil e a contagem, no subsequente.

II – O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal

Superior do Trabalho (art. 177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos

recursais.

c) suspensão do prazo nos termos do artigo 180 do Código de Processo Civil na

hipótese de obstáculo criado pela parte, pela morte ou perda da capacidade processual

de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador.

d) os prazos que vençam em sábados, domingos e feriados são prorrogados até o

primeiro dia útil seguinte.

e) quando a intimação é feita na sexta-feira o prazo judicial será contado da segunda-

feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que fluirá no dia útil

que se seguir, conforme Súmula 1 do Tribunal Superior do Trabalho, a saber.

Súmula 1 – PRAZO JUDICIAL - INTIMAÇÃO NA SEXTA-FEIRA.

Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com

efeito de intimação foi feita nesse dia, o prazo judicial será contado da

segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso

em que fluirá no dia útil que se seguir.

f) o prazo para recorrer deve ser considerado em dobro em relação aos litisconsortes

com procuradores diferentes (artigo 191 do Código de Processo Civil).

g) os entes públicos da administração direta, autárquica e fundacional gozam do

privilégio de prazo em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar (Decreto-Lei

nº 779/69, artigo 1º, incisos II e III).

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QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM VI – FGV – 1ª FASEUma ação é movida contra duas empresas integrantes do mesmo grupo econômico e uma terceira, que alegadamente foi tomadora dos serviços durante parte do contrato. Cada empresa possui um advogado. No caso de interposição de recurso de revista: (A) o prazo será computado em dobro porque há litisconsórcio passivo com procuradores diferentes. (B) o prazo será contado normalmente. (C) o prazo será de 10 dias. (D) fica a critério do juiz deferir a dilação do prazo para não prejudicar os réus quanto à ampla defesa.

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12. NULIDADES. PRECLUSÃO. PEREMPÇÃO.

12.1. Conceito de Nulidade: é a sanção determinada pela lei, que priva o ato jurídico de

seus efeitos normais, em razão do descumprimento das formas mencionadas na norma

jurídica.

12.2. Sistema de Nulidades: Segundo Sérgio Pinto Martins, nosso direito processual,

inclusive o direito processual do trabalho, adota o sistema francês que permite que o ato

irregular que alcance sua finalidade seja aproveitado em alguns casos e repetido em

outros casos. Adota, também, o sistema alemão na medida em que a lei determina que o

juiz, ao pronunciar a nulidade, esclareça a partir de que momento o processo é nulo.

12.2.1. Vícios: sanáveis e insanáveis.

12.2.1.1. vícios sanáveis: nulidade relativa.

12.2.1.2. vícios insanáveis: nulidade absoluta e inexistência. Hipóteses:

a) nulidade relativa: se a norma descumprida tiver por base interesse da parte e não

interesse público. Exemplo: se a parte não estiver devidamente representada o juiz pode

conceder prazo para sanear o ato. Também se presta como exemplo a repetição ou

ratificação de ato já praticado para que cumpra sua finalidade.

b) nulidade absoluta: se a norma descumprida tiver por base interesse público. Exemplo:

regras de competência absoluta que podem ser declaradas de ofício pelo Juízo.

c) inexistência: Exemplo: a sentença assinada por um não-juiz.

12.3. Anulabilidade – são atos realizados em desacordo com a lei, assim como os atos

nulos. A diferença entre atos nulos e atos anuláveis é que nestes últimos não há

possibilidade de serem desfeitos por impulso do juiz. Ou seja, há necessidade de

provocação do interessado, exceto se este houver dado causa ao vício que esteja a

contaminar o ato.

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12.4. Princípios:

12.4.1. Princípio da transcendência: não há nulidade se não houver prejuízo processual à

parte. (artigo 249, parágrafo 1º, artigo 250, parágrafo único, ambos do Código de

Processo Civil e artigo 794 da Consolidação das Leis do Trabalho). Exemplo:

indeferimento de prova requerida pelo autor. O advogado do autor “protesta” alegando

cerceamento de defesa. Quando da prolação da sentença o autor tem o feito julgado

inteiramente procedente. Portanto, o indeferimento da prova requerida pelo autor não

lhe causou qualquer prejuízo.

12.4.2. Princípio da convalidação: não havendo reação da parte, o ato nulo não argüido

no tempo oportuno vem a se convalidar e permanece válido. (artigo 245 do Código de

Processo Civil e artigo 795 da Consolidação das Leis do Trabalho). Exemplo: a Vara

que era incompetente em razão do lugar e o réu não opõe exceção de incompetência.

Torna-se competente a referida Vara.

12.4.3. Princípio da Proteção: a nulidade só deve ser pronunciada se não for possível

suprir-se a falta ou repetir-se o ato. (artigo 249, parágrafo 2º, do Código de Processo

Civil e artigo 796, alínea “a” da Consolidação das Leis do Trabalho). Exemplo: se o

juiz, antes de proferir a sentença, perceber que deixou de oferecer oportunidade para a

apresentação de razões finais, ou de formular a segunda proposta de conciliação, deverá

converter o julgamento em diligência, a fim de que a falta seja suprida. Com isso,

colocará o processo a salvo de arguição de nulidade.

12.4.4. Princípio da instrumentalidade: o ato deve se ater à observância das formas;

porém, se de outro modo o ato atingir sua finalidade haverá validade do ato praticado.

(artigos 154 e 244 do Código de Processo Civil). Exemplo: o réu não é citado, mas

comparece à audiência e apresenta defesa.

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12.5. Conceito de Preclusão: Para Ísis de Almeida preclusão é a perda da faculdade de

praticar um ato pela transposição de um momento processual, que pode estar marcado,

também, por um prazo determinado, e não apenas pelo ordenamento formal ou lógico

dos atos do processo, ou pela incompatibilidade de um ato com outro. Pode haver

também preclusão se o ato processual já foi validamente exercido.

Sérgio Pinto Martins faz questão de diferenciar preclusão de prescrição ou decadência

lembrando que o primeiro é instituto de direito processual, enquanto os últimos são

institutos de direito material.

Para Sérgio Pinto Martins a preclusão se classifica em: temporal, lógica e consumativa.

12.5.1 preclusão temporal: ocorre quando o ato processual deveria ter sido praticado em

certo prazo e não o foi, não podendo mais ser praticado. Exemplo: artigo 879, parágrafo

2º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

12.5.2. preclusão lógica: ocorre quando um ato não mais pode ser praticado, pelo fato de

ter sido praticado outro ato que, pela lei, é definido como incompatível com aquele já

realizado ou quando esta circunstância deflua inequivocamente do sistema. Exemplo: a

reclamada contesta a ação e depois pretende apresentar exceção de suspeição do juiz do

trabalho.

12.5.3. preclusão consumativa: ocorre quando praticado validamente um ato processual

previsto na lei e consumado este ato, não poderá a parte pretender praticá-lo novamente.

Há consumação do ato processual praticado, que não pode ser renovado. Exemplo:

interposto o recurso uma vez, não pode ele ser apresentado novamente.

12.6. Conceito de Perempção: Para Ísis de Almeida perempção é a extinção do direito

de praticar um ato processual ou de prosseguir com o processo, quando, dentro de certo

tempo ou dentro de certa fase, não se exercita esse direito de agir, seja por iniciativa

própria, seja pela provocação de ação (ou omissão) da parte contrária, ou ainda por

determinação do juiz ou de disposição legal.

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A perempção ocorre quando a parte abandona o processo por mais de 30 dias, sem

promover os atos e diligências que lhe compete (artigo 267, inciso III, do Código de

Processo Civil), ou quando der causa à extinção do processo por três vezes por esse

motivo. Não poderá o autor intentar novamente ação contra o réu com o mesmo objeto,

salvo para alegar em defesa o seu direito (artigo 268, parágrafo único, do Código de

Processo Civil).

Para Ísis de Almeida não há que se aplicar o rigor mencionado acima que se encontra

previsto no Código de Processo Civil. Isto porque a lei processual trabalhista contempla

hipótese de perempção temporária (artigos 731 e 732 da Consolidação das Leis do

Trabalho) na qual o reclamante fica impedido de propor ação trabalhista por seis meses,

quando der causa a arquivamento por duas vezes seguidas.

Observação: o legislador ordinário silenciou na hipótese de ocorrência de arquivamento

da terceira ação trabalhista, ou seja, se teria perdido o direito de ação ou se teria de

aguardar por mais seis meses para propor a quarta ação trabalhista. Preferimos ficar com

a segunda hipótese.

QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM V – FGV – 1ª FASEA respeito das nulidades no processo do trabalho, é correto afirmar que: (A) declarada a nulidade, por qualquer fundamento, todos os atos processuais posteriores serão nulos. (B) as partes poderão alegar nulidade enquanto estiver aberta a instrução, mesmo que já tenham tido oportunidade de manifestação nos autos. (C) é desnecessária a provocação da parte para a declaração de nulidade. (D) só serão considerados nulos os atos que alegadamente causarem manifesto prejuízo às partes litigantes.

EXAME DE ORDEM XI – FGV – 1ª FASEUm determinado trabalhador ajuizou uma reclamação trabalhista e, na data designada, faltou injustificadamente à audiência. Seu advogado requereu o desentranhamento dos documentos, no que foi atendido. Dois meses depois, apresentou a mesma reclamação, mas posteriormente resolve desistir dela em mesa de audiência, o que foi homologado

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pelo magistrado, sendo extinto o processo sem resolução do mérito. Caso queira ajuizar uma nova ação, o trabalhador: A) terá de aguardar o prazo de seis meses, pois contra ele será aplicada a pena de perempção. B) poderá ajuizar a nova ação de imediato, contanto que pague o valor de uma multa que será arbitrada pelo juiz. C) não precisará aguardar nenhum prazo para ajuizar nova ação. D) deverá aguardar seis meses para ajuizar ação contra aquele empregador, mas não para outros que porventura venha a ter.

EXAME DE ORDEM V – FGV - 2ª FASEReginaldo ingressou com ação contra seu ex-empregador, e, por não comparecer, o feito foi arquivado. Trinta dias após, ajuizou nova ação com os mesmos pedidos, mas dela desistiu porque não mais nutria confiança em seu advogado, o que foi homologado pelo magistrado. Contratou um novo profissional e, 60 dias depois, demandou novamente, mas, por não ter cumprido exigência determinada pelo juiz para emendar a petição inicial, o feito foi extinto sem resolução do mérito. Com base no relatado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Para propor uma nova ação, Reginaldo deverá aguardar algum período? Em caso afirmativo, qual seria? (Valor: 0,65) b) Quais são as hipóteses que ensejam a perempção no Processo do Trabalho? (Valor: 0,60)

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13. PARTES. REPESENTAÇÃO. PROCURADORES E TERCEIROS. JUS

POSTULANDI . ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. ÉTICA NO PROCESSO DO

TRABALHO (LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ). SUCESSÃO PROCESSUAL.

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. LITISCONSÓRCIO. INTERVENÇÃO DE

TERCEIROS.

13.1. Partes:

Conceito de Deocleciano Torrieri Guimarães: é o sujeito ativo ou passivo de uma

relação jurídica processual.

Exemplos:

Ação trabalhista – reclamante e reclamado ou autor e réu.

Consignação em pagamento – consignante e consignado.

Inquérito para apuração de falta grave – requerente e requerido.

Ação cautelar – requerente e requerido.

Ação de Execução – exeqüente e executado.

Mandado de segurança, Habeas corpus e Habeas Data – impetrante e impetrado.

13.1.1. Capacidade de direito - Sérgio Pinto Martins: também chamada de capacidade

jurídica ou de gozo - é a aptidão determinada pela ordem jurídica para o gozo e

exercício de um direito por seu titular.

13.1.2. Capacidade processual – Sérgio Pinto Martins: é que se denomina capacidade de

fato ou de exercício – aquele que detém capacidade de direito, mas não pode

efetivamente exerce-la. Necessita de alguém que o represente ou o assista.

13.2. Representação:

13.2.1. Representação: alguém que age em nome de outrem manifestando a vontade do

representado, substituindo-o. Pode ser legal (decorre da lei) ou convencional (decorre da

vontade das partes).

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13.2.2. Assistência: manifestação pessoal da vontade dos relativamente incapazes.

Segundo Wagner D. Giglio o assistente, ao contrário do representante, apenas supre a

deficiência de vontade do assistido e não o a substitui.

Observação: Tanto Sérgio Pinto Martins como Wagner D. Giglio são unânimes em

afirmar que a Consolidação das Leis do Trabalho não primou pela correção

terminológica, com o que termina por confundir os conceitos de representação e

assistência.

13.2.3. Algumas regras sobre representação em processos trabalhistas:

a) menor de 14 a 16 anos (aprendiz) ou menor de 16 a 18 anos – pode receber salário

sem nenhuma assistência, mas deve ser assistido quando da rescisão contratual.

b) menor sem representação – será feita pelo Ministério Público do Trabalho - artigo

793 da Consolidação das Leis do Trabalho.

c) União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios - será feita por seus

procuradores – artigo 12, inciso I, do Código de Processo Civil.

d) Município – será feita pelo Prefeito ou procurador – artigo 12, inciso II, do Código

de Processo Civil.

e) massa falida – será feita pelo administrador (antigo síndico) nomeado pelo juiz,

conforme artigo 12, inciso III, do Código de Processo Civil.

f) herança jacente ou vacante – será feita por seu curador – artigo 12, inciso IV, do

Código de Processo Civil.

g) espólio – representação será feita pelo inventariante, conforme artigo 12, inciso V, do

Código de Processo Civil ou pela pessoa designada pelo de cujus como seu dependente

perante a Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.858/80.

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h) as pessoas jurídicas são representadas por quem os respectivos estatutos designarem,

ou não os designando, por seus diretores, conforme artigo 12, inciso VI, do Código de

Processo Civil.

i) as sociedades sem personalidade jurídica – será feita pela pessoa a quem couber a

administração dos seus bens.

j) pessoa jurídica estrangeira – será feito pelo gerente, representante ou administrador de

sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil – artigo 12, inciso VIII do

Código de Processo Civil.

k) condomínio – será feita pelo administrador ou síndico – artigo 12, inciso IX, do

Código de Processo Civil.

l) o sindicato representa a categoria em juízo conforme artigo 8º, inciso III, da

Constituição Federal de 1988 e artigo 513, alínea “a” da Consolidação das Leis do

Trabalho.

13.3. Procuradores:

13.3.1. Procurador: diz respeito à capacidade de postular em juízo. É feita por

advogados. Todavia, no processo do trabalho é aplicável o jus postulandi, ou seja, o

direito de postular em juízo sem a necessidade de advogado. Está previsto no artigo 791

da Consolidação das Leis do Trabalho.

No entendimento de Sérgio Pinto Martins não há incompatibilidade entre o preceituado

no artigo 133 da Constituição Federal de 1988 e o artigo 791 da Consolidação das Leis

do Trabalho, este último se caracterizando como exceção à regra de necessidade de

constituição de advogado para postular em juízo.

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Contudo, o artigo 14 da Lei nº 5.584/70 trata da atuação do advogado da categoria

profissional na hipótese do trabalhador ser beneficiário de justiça gratuita em

decorrência de perceber salário inferior ao dobro do mínimo legal, ou, se superior a esse

patamar, apresentar declaração de pobreza. Nessa hipótese o juiz fixa honorários

advocatícios em favor do sindicato da categoria profissional.

Além dessa hipótese de fixação de honorários como acima mencionado deve o juiz do

trabalho fazê-lo em outros três casos, como previsto na Súmula 219 do TST e na

Orientação Jurisprudencial 421 da SDI-I do TST:

a) no caso de ação rescisória trabalhista;

b) no caso de ação de cumprimento;

c) no caso de litígio não relacionado à relação de emprego;

d) no caso de ações acidentárias distribuídas na Justiça Comum Estadual e que por

força da Emenda Constitucional nº 45/2004 foram deslocadas para a Justiça do

Trabalho.

13.3.2. Mandado Tácito: ocorre pelo comparecimento da parte acompanhada de

advogado à audiência, aceitando os atos praticados em seu nome e em sua presença pelo

causídico.

A Súmula 164 do Tribunal Superior do Trabalho admite o mandato tácito, desde que

ratificados os atos praticados pelo procurador no prazo de 15 dias, prorrogáveis por

mais 15 dias (artigo 5º, parágrafo 1º, da Lei nº 8.906/94).

13.3.3. Estagiário: não pode praticar ato privativo de advogado como, por exemplo,

assinar petições e recursos sem o advogado ou fazer audiências.

13.3.4. Ainda, no tocante ao mandato, importa estudarmos o contido na nova redação da

Orientação Jurisprudencial nº 52 da SDI-I:

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REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. PROCURADOR DA UNIÃO,

ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL, SUAS

AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS. JUNTADA DE

INSTRUMENTO E MANDATO.

I – A união, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e

fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e

passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de

instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação.

II – Para os efeitos do item anterior, é essencial que o signatário ao

menos declare-se exercente do cargo de procurador, não bastando a

indicação do número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.

13.4. Terceiros:

13.4.1. Substituição processual: é a legitimação extraordinária, autorizada por lei, para

que alguém pleiteie, em nome próprio, direito alheio, em processo judicial.

Distingue-se a substituição processual da representação processual, na medida em que

esta última não é parte, enquanto o substituto processual é parte formal no feito.

Observação: O Tribunal Superior do Trabalho cancelou a Súmula 310 que tratava das

hipóteses de substituição processual em matéria trabalhista. Isto porque o Supremo

Tribunal Federal decidiu que a substituição processual é ampla. Assim, é de se concluir

que a amplitude de que trata essa decisão ocorre tanto no aspecto objetivo (na

substituição processual pode o sindicato postular qualquer verba trabalhista), como no

aspecto subjetivo (na substituição processual o sindicato representa os associados e os

não associados).

Observação: em recente julgado o TST não admitiu a substituição processual, mais

precisamente por conta da postulação que foi de diferenças salariais por equiparação

salarial, sob o argumento de que haveria necessidade de ações individuais, nesse caso.

Substituição processual:

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Segundo Sérgio Pinto Martins substituição processual é a legitimação extraordinária,

autorizada pela lei, para que alguém pleiteie, em nome próprio, direito alheio em

processo judicial. No entender desse doutrinador trata-se, portanto, de legitimação

anômala para a propositura de ação. O substituto processual é parte formal, portanto, é o

sujeito da relação processual.

No processo do trabalho a substituição processual é ampla pelo sindicato da categoria

profissional, conforme se depreende do artigo 8º, da Constituição Federal de 1988, de

entendimento do Supremo Tribunal Federal e também por conta do cancelamento da

Súmula 310 do Tribunal Superior do Trabalho.

No entender de Sérgio Pinto Martins há necessidade de o sindicato da categoria

profissional carrear com a exordial o rol de substituídos, na medida em que o réu

necessita verificar se o substituído é empregado da empresa, bem como por conta deste

último poder ajuizar ação individual, o que caracterizaria litispendência.

13.4.2. Litisconsórcio: é a aglutinação de pessoas em um ou em ambos os pólos da

relação jurídica processual, de maneira ordinária ou superveniente, voluntária ou coacta,

nos casos previstos em lei.

13.4.3. O litisconsórcio se classifica em:

a) quanto ao momento de sua constituição: inicial ou superveniente.

b) quanto à necessidade ou não de sua constituição: necessário ou facultativo.

c) quanto à posição das partes na relação processual: ativo, passivo ou misto.

d) quanto à natureza da decisão: simples ou unitário.

13.5. Intervenção de Terceiros:

Terceiras pessoas, estranhas à lide, podem ingressar no processo, por provocação de

uma das partes, ou, até mesmo, voluntariamente, para defender interesse próprio.

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As hipóteses de intervenção de terceiros são: nomeação à autoria, denunciação da lide,

chamamento ao processo, oposição e assistência.

Observação: a doutrina não se manifesta de forma unânime quanto à sua aplicabilidade

no processo do trabalho. Alguns doutrinadores entendem que todas as formas de

intervenção de terceiros são cabíveis, enquanto outros doutrinadores entendem o

contrário.

13.5.1. Assistência: é o ato pelo qual terceiro intervém, voluntariamente, no processo,

pelo fato de ter interesse jurídico em que a sentença venha a ser favorável ao assistido.

Pode ser simples (artigo 50 do Código de Processo Civil) ou litisconsorcial (artigo 54

do Código de Processo Civil).

Difere a assistência simples da assistência litisconsorcial.

No dizer de Renato Saraiva na assistência simples o assistente não mantém relação

jurídica com o adversário do assistido. Sustenta, ainda, que o direito discutido em juízo

pertence somente ao assistido. Na assistência litisconsorcial, diz o doutrinador, o

assistente mantém relação jurídica com o adversário do assistido. Preleciona, ainda, que

o direito discutido em juízo pertence tanto ao assistente quanto ao assistido (Curso de

Direito Processual do Trabalho, Ed. Método, 3ª edição, 2006, pág. 231).

13.5.2. Oposição: ocorre quando terceiro pretende, no todo ou em parte, a coisa ou

direito sobre que controvertem autor e réu. (artigo 56 do Código de Processo Civil).

13.5.3. Nomeação à autoria: quando aquele que detiver a coisa em nome alheio for

demandado em nome próprio, devendo indicar quem é o verdadeiro proprietário ou o

possuidor (artigo 62 do Código de Processo Civil).

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13.5.4. Denunciação da lide – conceito de Sydney Sanches: é a ação incidental proposta

por uma das partes (da ação principal), em geral contra terceiro, pretendendo a

condenação desta à reparação do prejuízo decorrente de sua eventual derrota na causa,

seja pela perda da coisa (evicção), seja pela perda de sua posse direta, seja por lhe

assistir direito regressivo previsto em lei ou em contrato (relação jurídica de garantia) –

artigo 70 do Código de Processo Civil.

13.5.5. Chamamento ao processo: é aquele que envolve relações jurídicas que envolvem

fiadores e também quando se tratar de todos os devedores solidários, quando o credor

exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum (artigo 77 do

Código de Processo Civil).

13.5.6. Factum Principis – artigo 486, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do

Trabalho: chamada à autoria da pessoa jurídica de direito público apontada como

responsável pela paralisação do trabalho.

13.6. Jus Postulandi – artigo 791 da Consolidação das Leis do Trabalho :

As partes podem ingressar em juízo e acompanhar sua reclamação sem a intermediação

de procurador.

A matéria tem sido objeto de muitas discussões doutrinárias com posicionamentos

divergentes, sobretudo ante o contido no artigo 133 da Constituição Federal de 1988

que preconiza que o advogado é indispensável à administração da justiça.

No final do ano de 2009 o Tribunal Superior do Trabalho foi provocado a se manifestar

acerca da possibilidade ou não de litigar na Justiça do Trabalho sem advogado. A mais

alta Corte Suprema Trabalhista decidiu que somente é possível litigar sem advogado até

a instância ordinária, ou seja, até os Tribunais Regionais do Trabalho. Via de

conseqüência, a partir do momento que o jurisdicionado necessite de interpor recursos

perante o Tribunal Superior do Trabalho necessitará constituir profissional habilitado

para tanto.

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Com isso, houve por bem o Tribunal Superior do Trabalho aprovar a Súmula 425 que

preconiza ser possível o exercício do jus postulandi até o âmbito dos Tribunais

Regionais do Trabalho, exceção feita a alguns litígios, a saber:

JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO, ALCANCE. O

jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às

Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não

alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança

e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

Com o devido respeito deixamos claro nossa preocupação com a mantença do jus

postulandi, mesmo de forma limitada, na medida em que o tecnicismo do processo

aumenta a cada dia o que implica na necessidade de um profissional habilitado para

representar os trabalhadores nos atos do processo.

Observação: Com o advento da Lei nº 12437/2011 de 06/07/2011 houve por bem o

legislador ordinário em aprovar o parágrafo 3º ao artigo 791 da CLT para esclarecer que

a constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada,

mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado

interessado, com anuência da parte representada.

13.7. Assistência judiciária:

Segundo Sérgio Pinto Martins assistência judiciária gratuita envolve a defesa gratuita

por advogado do Estado ou pelo sindicato à pessoa necessitada.

No entendimento do citado doutrinador assistência judiciária é termo genérico cujas

espécies são a isenção de custas processuais e a isenção de honorários periciais.

Preleciona o mesmo doutrinador que na Justiça do Trabalho a assistência judiciária é

prestada pelo sindicato da categoria profissional do trabalhador, nos termos do artigo 14

da Lei nº 5.584/70.

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Os requisitos para o deferimento da assistência judiciária ao trabalhador são: a prestação

de assistência pelo sindicato da categoria profissional e a percepção de remuneração de,

no máximo, dois salários mínimos por mês ou, se superior a esse patamar, a

apresentação de declaração de pobreza ou de que esteja desempregado, nos termos da

Lei nº 1.060/50.

Observação: não há previsão legal para a concessão de assistência judiciária gratuita ao

empregador. Contudo, tramita projeto de lei que permitirá que alguns empregadores

sejam beneficiários de justiça gratuita como, por exemplo, empregadores domésticos,

microempresas e empresas de pequeno porte.

13.8. Ética no processo do trabalho (litigância de má-fé):

Tem as partes o dever de agir com lealdade processual. Se assim não procederem

poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, reconhecer uma das partes como litigante de

má-fé.

As hipóteses de litigância de má-fé são aquelas previstas no artigo 17 do Código de

Processo Civil, de aplicação subsidiária no processo do trabalho, por força do artigo 769

da Consolidação das Leis do Trabalho.

As hipóteses são essas:

a) deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;

b) alterar a verdade dos fatos;

c) usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

d) opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

e) proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

f) provocar incidentes manifestamente infundados;

g) interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

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A multa decorrente do reconhecimento da litigância de má-fé reverterá em favor da

parte prejudicada e será fixada em 1% (um por cento) sobre o valor atribuído à causa e a

indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários

advocatícios e todas as despesas que efetuou (artigo 18, caput, do Código de Processo

Civil).

Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na

proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se

coligaram para lesar a parte contrária (artigo 18, parágrafo 1º, do Código de Processo

Civil).

O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a 20%

(vinte por cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento (artigo 18,

parágrafo 2º, do Código de Processo Civil).

QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM IX – FGV – 1ª FASENa Justiça do Trabalho, segundo o entendimento sumulado pelo TST, é correto afirmar-se que o jus postulandi: A) não se aplica à ação rescisória, à ação cautelar, ao mandado de segurança e aos recursos de competência do TST. B) não tem mais aplicação na Justiça do Trabalho desde o advento da emenda constitucional 45. C) aplica-se em todas as causas cujo valor seja inferior a 20 salários mínimos, porque, a partir deste patamar, o advogado é indispensável. D) aplica-se irrestritamente na seara trabalhista, em todas as esferas, instâncias e ações, sendo uma de suas características marcantes.

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14. DISSÍDIO INDIVIDUAL E DISSÍDIO COLETIVO. DISTINÇÕES

FUNDAMENTAIS.

14.1. Dissídios individuais:

14.1.1. Para Wagner D. Giglio dissídios individuais são conflitos de interesses

concretos de pessoas determinadas.

14.1.2. Visam a aplicação de norma jurídica ao caso concreto.

14.1.3. São as próprias reclamações trabalhistas, também denominadas ações

trabalhistas.

14.2. Dissídios coletivos:

14.2.1. Para Wagner D. Giglio nos dissídios coletivos se discute interesses abstratos de

uma categoria composta de número indeterminado de pessoas.

14.2.2. Objetivam a criação de normas gerais ou a interpretação de norma geral

preexistente.

14.2.3. Os dissídios coletivos se classificam em;

a) dissídios coletivos de natureza econômica;

b) dissídios coletivos de natureza jurídica;

c) dissídios coletivos de greve.

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15. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. PETIÇÃO INICIAL. REQUISITOS.

COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA.

15.1. Ação: é o direito de provocar o exercício da tutela jurisdicional pelo Estado, a fim

de solucionar determinado conflito existente entre certas pessoas.

Nas palavras de Vicente Greco Filho, em verdade o direito de ação não é dirigido contra

o réu, mas sim contra o Estado, porque é o direito de obter dele uma decisão sobre

determinado pedido. Logicamente que com o pedido ao Judiciário pretende o autor que

os efeitos almejados se produzam contra alguém, o réu, mas o direito de agir se exerce

perante o estado-Juiz.

15.2. Natureza jurídica do direito de ação: direito autônomo totalmente desvinculado do

direito material. O direito de ação está consagrado na Constituição Federal de 1988,

mais precisamente no artigo 5º, inciso XXXV. É direito subjetivo, pois se trata de

faculdade de agir, de ajuizar a ação e não de uma obrigação legal.

Ainda, segundo Vicente Greco Filho, o direito de ação é dividido em dois planos: o

plano do direito constitucional e o plano processual, tendo o primeiro um maior grau de

generalidade. Sob esse aspecto, o direito de ação é amplo, genérico e incondicionado,

salvo as restrições constantes da própria Constituição Federal. Sua definição encontra-se

no já referido artigo 5º, inciso XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder

Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

Continua o doutrinador esclarecendo que já o chamado direito processual de ação não é

incondicionado e genérico, mas conexo a uma pretensão, com certos liames com ela. O

direito de ação não existe para satisfazer a si mesmo, mas para fazer atuar toda a ordem

jurídica, de modo que o seu exercício é condicionado a determinados requisitos, ligados

à pretensão, chamados de condições da ação.

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15.3. Termos utilizados no processo do trabalho: dissídio trabalhista, reclamação

trabalhista, ou ação trabalhista.

15.4. Processo: conjunto de atos concatenados tendentes a um fim que é a prestação

jurisdicional.

15.5. Procedimento: é a forma do andamento do processo. Para alguns doutrinadores

temos três procedimentos no direito processual do trabalho, a saber: sumário,

sumaríssimo e ordinário. Para outros doutrinadores o procedimento sumário foi

tacitamente revogado pela Lei nº 9.957/2000 que instituiu o procedimento sumaríssimo

para as causas cujo valor não ultrapasse a 40 salários mínimos.

15.6. Elementos da Ação:

São eles: partes, pedido ou objeto e causa de pedir.

15.6.1. Partes: são os sujeitos da ação (autor e réu ou reclamante e reclamada)

15.6.2. Pedido: é o que se pleiteia em juízo. Pode ser: mediato e imediato.

a) Pedido imediato: prolação de uma sentença. Tem relação direta com o direito

processual.

b) Pedido mediato: é o bem jurídico que o autor procura proteger com a sentença. Tem

relação direta com o direito material.

1ª Observação: Os pedidos devem ser expressos. Exceções: juros de mora (artigo 293 do

Código de Processo Civil) e correção monetária.

2ª Observação: Os pedidos podem ser alternativos (artigo 288 do Código de Processo

Civil) citando-se como exemplo o pedido de reintegração ao emprego em decorrência

de estabilidade provisória ou indenização substitutiva.

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3ª Observação: Os pedidos podem ser sucessivos (artigo 289 do Código de Processo

Civil) citando-se como exemplo o pedido de reconhecimento da condição de empregado

bancário e conseqüentes direitos da categoria profissional previstos em norma coletiva

quando há alegação de fraude na contratação por empresa de terceirização e, se não

reconhecida a fraude e a condição de bancário, os direitos previstos na categoria

profissional da empresa terceirizada.

4ª Observação: Nas ações trabalhistas de procedimento ordinário faculta-se ao

reclamante postular direitos ilíquidos, enquanto que nas ações trabalhistas de

procedimento sumaríssimo o reclamante está obrigado a liquidar todos os pedidos

(artigo 852-B, inciso I, da Consolidação das Leis do Trabalho), exceto aqueles de valor

inestimável como, por exemplo, o pedido de reconhecimento do vínculo empregatício, a

expedição de ofícios a outros órgãos públicos, etc.

15.6.3. Causa de pedir: é o fato jurídico que o autor aponta como fundamento para sua

demanda. Pode ser: próxima e remota.

a) Causa de pedir próxima: fundamentos jurídicos do pedido.

b) Causa de pedir remota: fatos constitutivos do direito lesado.

15.6.3.1. Acerca da causa de pedir temos duas teorias – da substanciação e

individualização.

a) Teoria da substanciação: adotada pelo legislador pátrio – exige a descrição dos fatos

dos quais decorre a relação do direito.

b) Teoria da individualização: basta apenas a afirmação da relação jurídica

fundamentadora do pedido para a caracterização da ação.

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1ª Observação: Quando no pólo passivo consta mais de um reclamante deverá o juiz do

trabalho verificar se se trata apenas de pleito que envolva exclusivamente matéria de

direito, eis que poderia haver evidente tumulto se dois ou mais autores estivessem

postulando direitos baseados em situação fática específica de cada um.

2ª Observação: Quando no pólo passivo consta mais de uma reclamada deverá o

reclamante indicar o que pretende em relação a cada uma delas. Alguns exemplos

podem ser declinados:

a) muito comum é o pleito em face de duas reclamadas sendo a primeira a

empregadora que presta serviços terceirizados e a segunda a tomadora e efetiva

beneficiária dos serviços prestados pelo reclamante. Nesse caso o pleito é de

condenação da primeira reclamada (responsável principal) às verbas trabalhistas

e a condenação subsidiária da segunda reclamada (responsável subsidiária –

Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho);

b) se houver mais de uma tomadora dos serviços terceirizados deverá o reclamante

apontar o período de trabalho para cada uma delas, a fim de que o juiz do

trabalho, se reconhecer a responsabilidade subsidiária de todas, possa fixar o

período dessa responsabilidade;

c) outra hipótese ocorre quando o trabalhador aponta fraude na sua contratação por

meio de cooperativa de trabalho. Nesse caso o pleito é de reconhecimento da

alegada fraude e conseqüente condenação solidária de ambas as reclamadas

(tomadora dos serviços e cooperativa);

d) também pode-se citar situação em que o reclamante alega que trabalhava para

várias empresas do mesmo grupo econômico e que não teve sua CTPS – Carteira

de Trabalho e Previdência Social anotada. Nesse caso, deverá o reclamante

apontar com quem pretende o vínculo empregatício e qual a responsabilidade

das demais reclamadas, que normalmente é solidária, nos termos do artigo 2º,

parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

15.7. Classificação das ações:

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15.7.1. Ações individuais:

declaratórias

a) ações de conhecimento constitutivas

condenatórias

b) ações de conhecimento declaratórias: existência ou inexistência de relação jurídica.

Ex: reconhecimento do vínculo empregatício.

c) ações de conhecimento constitutivas: para criação, modificação ou extinção de uma

relação jurídica. Ex: fixação de salário que não foi ajustado. Ex: desconstituição de

penalidade aplicada ao empregado.

d) ações de conhecimento condenatórias: buscam a obtenção de um título judicial que

assegure o direito material pretendido.

e) ações de execução: acordos judiciais não cumpridos e sentenças trabalhistas

transitadas em julgado (também chamada de fase de execução, vez que a execução se

reflete em mera continuidade do processo de conhecimento).

Além disso, os acordos firmados perante a Comissão de Conciliação Prévia e os Termos

de Ajustamento de Conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho (títulos

executivos extrajudiciais).

f) ações cautelares: se prestam a garantir o resultado prático do processo principal.

15.7.2. Ações coletivas: dissídios coletivos de natureza econômica e dissídios coletivos

de natureza jurídica e dissídios coletivos de greve.

15.8. Condições da Ação: São três: legitimidade de parte, interesse de agir e

possibilidade jurídica do pedido.

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15.8.1. Possibilidade jurídica do pedido: o pedido do autor tem que estar amparado por

uma norma de direito material que o assegure. Ex: aviso prévio proporcional ao tempo

de serviço (artigo 7º, XXI, da Constituição Federal de 1988). Ex: adicional de

penosidade (artigo 7º, inciso XXIII, 1ª parte, da Constituição Federal de 1988). Ainda

não há lei dispondo sobre tais matérias.

15.8.2. Interesse de agir: é a necessidade de se recorrer ao Poder Judiciário para a

obtenção do resultado pretendido. Para verificar-se se o autor tem interesse de agir para

a ação deve-se responder afirmativamente à seguinte indagação: Para obter o que

pretende o autor necessita da providência jurisdicional pleiteada? Se o autor não puder

alcançar o resultado por outro meio extraprocessual a resposta é positiva e o interesse

manifesto. Ex: o empregado não pode postular o 13º salário do final do ano estando no

mês de abril desse mesmo ano.

15.8.3. Legitimidade de parte: deve haver identidade da pessoa que faz o pedido (autor)

com a pessoa a quem a lei assegura o direito material. O mesmo ocorre quanto ao pólo

passivo. Ex: o empregado não pode mover ação em face de uma empresa para a qual

não trabalhou. Ex: o sindicato não pode ajuizar ação como substituto processual, se não

detém essa qualidade.

15.9. Pressupostos Processuais de Existência e Validade do Processo:

15.9.1. Conceito – Moacyr Amaral Santos: são requisitos necessários à existência e

validade da relação processual. Podem ser: subjetivos e objetivos.

15.9.1.1. Pressupostos processuais subjetivos: dizem respeito aos sujeitos da relação

processual, juiz e partes. São eles:

a) referentes ao juiz:

-órgão estatal investido de jurisdição.

-competência originária ou adquirida.

-imparcialidade do juiz.

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b) referentes às partes:

-capacidade de ser parte.

-capacidade de estar em juízo.

-capacidade postulatória.

15.9.1.2. Pressupostos processuais objetivos: Podem ser: extrínsecos à relação

processual ou intrínsecos à relação processual.

a) pressupostos processuais extrínsecos à relação processual: dizem respeito à

inexistência de fatos impeditivos. São eles:

-inexistência de litispendência.

-inexistência de coisa julgada.

-inexistência de compromisso arbitral.

-pagamento de custas do processo idêntico anterior já extinto sem exame do mérito.

b) pressupostos processuais intrínsecos à relação processual: dizem respeito à

subordinação do procedimento às normas legais. São eles:

-petição inicial apta.

-citação válida.

-forma processual adequada à pretensão.

15.10. Termos utilizados nas ações trabalhistas:

15.10.1. Autor:

a) na ação trabalhista – é chamado de reclamante.

b) no inquérito judicial para apuração de falta grave – requerente.

c) na consignatória – consignante.

d) na ação cautelar – requerente.

e) no mandado de segurança e no habeas corpus – impetrante.

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15.10.2. Ré:

a) na ação trabalhista - é chamada de reclamada.

b) no inquérito judicial para apuração de falta grave – requerida.

c) na consignatória – consignada.

d) na ação cautelar – requerida.

e) no mandado de segurança e no habeas corpus – impetrado.

15.11. Petição inicial:

15.11.1. Artigo 840, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho:

a) designação do presidente da Vara ou do Juiz de Direito a quem for dirigida.

b) qualificação do reclamante e do reclamado.

c) uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio.

d) o pedido.

e) a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.

15.11.2. Artigos 282/283 do Código de Processo Civil:

a) o juiz ou tribunal a que é dirigida.

b) os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu.

c) o fato e os fundamentos jurídicos do pedido.

d) o pedido, com as suas especificações.

e) o valor da causa.

f) as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados.

g) o requerimento para a citação do réu.

Deverão ser juntados os documentos indispensáveis à propositura da ação.

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Artigo 284 do Código de Processo Civil – emenda ou aditamento à petição inicial. Além

da possibilidade concreta de emenda ou aditamento previstos no artigo em estudo, a

Súmula 263 do TST contempla hipótese na qual, antes de indeferir a petição inicial,

deve o juiz do trabalho oportunizar prazo para emenda ou aditamento.

1ª Observação: aplicam-se subsidiariamente no processo do trabalho os artigos 282,

283, 284, 288 e 289 do Código de Processo Civil.

2ª Observação: Não há que se falar em inépcia da exordial quando o reclamante postula

concomitantemente adicional de periculosidade e adicional de insalubridade. Isto

porque o pleito depende de prova técnica, não estando obrigado o reclamante e nem seu

advogado a conhecer de matéria que depende de prova técnica (prova pericial).

15.12. Tutela Antecipada no Processo do Trabalho:

Artigo 273 do Código de Processo Civil – requisitos:

a) prova inequívoca;

b) verossimilhança da alegação;

c) haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;

d) ficar caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório

do réu.

1ª Observação: Importante lembrar que não deve ser concedida a tutela antecipada

quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. Exemplo: mesmo

com a comprovação do desligamento sem justa causa (pré-aviso) o pleito de tutela

antecipada não deve ser deferido, ante a possibilidade do autor ter cometido falta grave

durante o período do aviso prévio.

2ª Observação: Revogação ou modificação da tutela antecipada – a qualquer tempo, em

decisão fundamentada.

15.12.1. Natureza jurídica – antecipação da decisão de mérito.

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15.12.2. Situações específicas de tutela antecipada em matéria trabalhista:

a) artigo 659, inciso IX, da Consolidação das Leis do Trabalho – concessão de medida

liminar, até decisão final do processo em reclamações trabalhistas que visem a tornar

sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do artigo 469 da Consolidação

das Leis do Trabalho;

b) artigo 659, inciso X, da Consolidação das Leis do Trabalho – concessão de medida

liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem reintegrar

no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador.

15.13. Comissão de Conciliação Prévia:

Prevista na Lei nº 9958/2000. Acrescentou à Consolidação das Leis do Trabalho os

artigos 625-A a 625-H.

Artigo 625-A – Faculdade e não obrigatoriedade de empresas ou sindicatos instituírem

Comissões de Conciliação Prévia.

Artigo 625-B – Comissões de Conciliação Prévia no âmbito empresarial devem ser

compostas por, no mínimo, dois membros e, no máximo, dez membros. A composição é

paritária. Haverá suplentes de ambas as partes. O mandato é de um ano, permitida uma

recondução.

Artigo 625-C – Comissões de Conciliação Prévia instituídas no âmbito sindical terão

são constituição e normas de funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo

de trabalho.

Artigo 625-D – Submissão do litígio à Comissão de Conciliação Prévia se esta tiver

sido instituída no âmbito da categoria do trabalhador. Demanda será feita por escrito.

Frustrada a conciliação será feita uma declaração.

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Observação: Essa justamente é a discussão ora superada de que não há obrigatoriedade

de submissão do litígio à Comissão de Conciliação Prévia, antes do ajuizamento de ação

judicial.

Artigo 625-E – Feita a conciliação será lavrado termo com a assinatura do empregado e

do empregador e pelos membros integrantes da Comissão de Conciliação Prévia.

Referido documento é titulo executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral,

exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.

Artigo 625-F – Prazo das Comissões de Conciliação Prévia para realizara a sessão – 10

dias

Artigo 625-G – Prazo prescricional fica suspenso.

Artigo 625-H – Regramento a ser observado pelas futuras Comissões de Conciliação

Prévia que vieram a ser criadas.

A origem da Comissão de Conciliação Prévia decorre do fim da representação classista.

Aqueles que até o advento da Emenda Constitucional nº 24/99 eram juízes classistas

deixaram de sê-lo passando a Junta de Conciliação e Julgamento a atuar como Vara do

Trabalho apenas com o juiz togado (juiz concursado).

Podem ser criadas: por empresa.

por grupo de empresas.

sindical – por meio de acordo coletivo de trabalho.

intersindical – por meio de convenção coletiva de trabalho.

É condição da ação ou é pressuposto processual?

Súmula 02 do E. Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região editada em

23/10/2002:

COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. EXTINÇÃO DE

PROCESSO.

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O comparecimento perante a Comissão de Conciliação Prévia é uma

faculdade assegurada ao Obreiro, objetivando a obtenção de um título

executivo extrajudicial, conforme previsto pelo artigo 625-E, parágrafo

único da CLT, mas não constitui condição da ação, nem tampouco

pressuposto processual na reclamatória trabalhista, diante do comando

emergente do artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal.

1ª Observação: Referida forma de solução dos conflitos trabalhistas caiu em relevante

descrédito tendo em vista que várias irregularidades foram detectadas em algumas

dessas Comissões como, por exemplo, a cobrança da denominada “taxa de conciliação”

a cargo do trabalhador, a vedação de acompanhamento de advogado do indicado pelo

trabalhador, etc.

2ª Observação: Algumas decisões de Turmas do Tribunal Superior do Trabalho têm

entendido que é necessária a passagem pela Comissão de Conciliação Prévia antes do

ajuizamento da ação trabalhista (4ª Turma), enquanto outras Turmas entendem ser

desnecessária (1ª Turma).

3ª Observação: Decisão do Supremo Tribunal Federal de 2009 foi no sentido de que não

há obrigatoriedade do empregado passar pela Comissão de Conciliação Prévia antes de

ajuizar ação trabalhista.

4ª Observação: São totalmente incompatíveis entre si a ausência de proposta de acordo

em audiência e, ao mesmo tempo, a inserção de preliminar de extinção do feito sem

exame do mérito ante a não submissão do litígio perante a Comissão de Conciliação

Prévia. Dependendo do entendimento do julgador tal fato pode implicar na aplicação da

pena de litigância de má-fé à reclamada.

QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM XI – FGV - 2ª FASEEm reclamação trabalhista movida por uma empregada contra o ex-empregador, o pedido de indenização por dano moral foi julgado improcedente na sentença. Inconformada, a empregada recorreu e o TRT deferiu parcialmente este pedido.

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Irresignada com o valor deferido, que entendia insuficiente, a empregada ainda manejou recurso de revista, sendo mantida pelo TST a quantia já fixada. Adveio em seguida o trânsito em julgado. Diante dessa situação, responda aos seguintes itens. A) A partir de quando será computada a correção monetária do pedido de dano moral? Justifique sua resposta. (Valor: 0,65) B) Se os juros não fossem requeridos na petição inicial, analise se haveria julgamento extra petita se o juiz os deferisse. Justifique sua resposta. (Valor: 0,60) A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

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16. AUDIÊNCIA. ORDEM DOS ACONTECIMENTOS. ARQUIVAMENTO.

REVELIA. CONFISSÃO. CONCILIAÇÃO. RESPOSTA DO RECLAMADO:

EXCEÇÕES. PRELIMINARES. CONTESTAÇÃO. RECONVENÇÃO.

COMPENSAÇÃO.

16.1. Ordem dos Acontecimentos na Audiência UNA:

-apregoamento.

-qualificação das partes.

-1ª tentativa de conciliação obrigatória.

-se rejeitada a 1ª tentativa de conciliação obrigatória, o juiz do trabalho deve receber a

defesa (termo genérico) que abrange 3 espécies: exceções, contestação e reconvenção,

se for o caso do réu se utilizar de todas elas.

-oitiva das partes.

-oitiva das testemunhas de ambas as partes.

-declaração de encerramento da instrução processual se não houver outras provas a

serem produzidas.

-razões finais.

-2ª tentativa de conciliação obrigatória.

-se rejeitada a 2ª tentativa de conciliação obrigatória, o juiz do trabalho designa

audiência de julgamento.

Observação: quando o litígio implica na produção de prova oral em audiência e também

de prova pericial (por exemplo, laudo pericial médico, de insalubridade ou de

periculosidade), em regra, os juízes do trabalho determinam, por primeiro, a produção

da prova pericial, sob o argumento de que as provas orais apenas complementam a

prova pericial. Nesse caso é recebida a defesa e fixado prazo judicial de réplica ao autor.

Em conseqüência, o feito fica adiado sine die até a juntada do laudo pericial e das

manifestações de ambas as partes sobre o trabalho do perito para, somente após isso, ser

designada audiência de instrução.

Artigo 840, parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho – se verbal, a

reclamação será reduzida a termo pelo funcionário da Justiça do Trabalho.

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16.2. Procedimento Ordinário:

Artigo 841 da Consolidação das Leis do Trabalho - notificação ao reclamado dentro de

48 (quarenta e oito) horas com designação de audiência com, no mínimo, 5 (cinco) dias

de prazo.

Observação: a notificação tem força de citação.

Artigo 841, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho – notificação postal,

por oficial de justiça ou por edital.

Artigo 843, da Consolidação das Leis do Trabalho - comparecimento das partes,

independentemente da presença de seus procuradores.

Artigo 843, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho – representação do

reclamado por gerente ou preposto com conhecimento dos fatos. Pela Súmula 377 do

Tribunal Superior do Trabalho há necessidade de o preposto ser empregado, salvo em

alguns casos. Vejamos o contido na Súmula 377:

Súmula 377 – PREPOSTO – EXIGÊNCIA DA CONDIÇÃO DE

EMPREGADO.

Exceto quanto à reclamação de empregado doméstico, ou contra micro ou

pequeno empresário, o preposto deve ser necessariamente empregado do

reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei

Complementar n. 123 de 14 de dezembro de 2006.

1ª Observação: De acordo com o artigo 54 da Lei Complementar nº 123/2006 (Estatuto

Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte): “É facultado ao

empregador de microempresa ou de empresa de pequeno porte fazer-se substituir ou

representar perante a Justiça do Trabalho por terceiros que conheçam dos fatos, ainda

que não possuam vínculo trabalhista ou societário.” Referida situação também se

encontra prevista na nova redação da Súmula 377 supracitada.

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2ª Observação: Por vezes ocorre a situação de quem representa o empregador não é um

empregado seu e também não se trata das exceções previstas na Súmula 377 do TST.

Portanto, é uma situação em que não compareceu o empregador (proprietário) e nem um

empregado seu, mas sim um procurador ad negotia (ou seja, aquele que gere os

negócios do proprietário). Nesse caso, embora o posicionamento dos juízes do trabalho

não seja uniforme, pensamos ser regular essa representação, na medida em que o

empregador concede mais poderes a esse procurador do que a um preposto.

Artigo 843, parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho – ausência do

reclamante por doença ou motivo ponderoso – poderá se fazer representar por outro

empregado que pertença à mesma profissão ou pelo seu sindicato. Motivo – segundo a

doutrina evitar o arquivamento do feito.

Artigo 844 da Consolidação das Leis do Trabalho

a) ausência do reclamante na audiência UNA ou na audiência inicial (de conciliação) –

arquivamento.

b) ausência do reclamante na audiência de instrução – pena de confissão ao reclamante,

donde se tem por verdadeiros os fatos alegados pela reclamada.

c) ausência da reclamada na audiência UNA ou na audiência inicial (de conciliação) –

revelia e conseqüente pena de confissão quanto à matéria de fato.

d) ausência da reclamada na audiência de instrução – pena de confissão à reclamada,

donde se tem por verdadeiros os fatos alegados pelo reclamante.

Observação: Não é uniforme a doutrina acerca das consequências da ausência da

reclamada ou do seu preposto na audiência UNA ou na audiência inicial (de

conciliação), mas presente o seu advogado com procuração, defesa e documentos.

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Parte dos doutrinadores sustenta que ainda assim a reclamada deve ser declarada revel e

confessa, com base na Súmula 122 do Tribunal Superior do Trabalho. Diz a referida

Súmula:

Súmula 122 – REVELIA – ATESTADO MÉDICO.

A reclamada, ausente à audiência em que deveria apresentar defesa, é revel,

ainda que presente seu advogado munido de procuração, podendo ser ilidida a

revelia mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar,

expressamente, a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu

preposto no dia da audiência.

Parece-nos que a Súmula 122 do Tribunal Superior do Trabalho, embora trate da

impossibilidade de comparecimento do empregador ou preposto devidamente

justificado por meio de atestado médico, leva-nos à conclusão no sentido de que o

reclamado deva ser considerado revel e confesso.

Todavia, para aqueles doutrinadores que sustentam que a defesa com documentos deva

ser recebida e que, consequentemente, sustentam apenas a aplicação da pena de

confissão, o fazem com base no princípio constitucional da isonomia das partes e

também porque se revela manifesto o ânimo de defesa da reclamada, corrente à qual nos

filiamos.

Artigo 844, parágrafo único, da Consolidação das Leis do Trabalho – motivo relevante

– o juiz pode suspender o julgamento e designar nova audiência. Ex: greve dos

transportes públicos.

Artigo 845 da Consolidação das Leis do Trabalho – comparecimento de partes e

testemunhas. Na reclamação trabalhista são três testemunhas para cada parte.

Artigo 846 da Consolidação das Leis do Trabalho – tentativa de conciliação.

Artigo 847 da Consolidação das Leis do Trabalho – prazo para defesa oral – 20 (vinte)

minutos, após a leitura da exordial.

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Artigo 848 da Consolidação das Leis do Trabalho – instrução. Súmula 74 do Tribunal

Superior do Trabalho – dispõe a referida Súmula que se uma das partes não comparece

para prestar depoimento será declarada a sua confissão ficta, a qual somente poderá ser

elidida por prova pré-constituída nos autos. Ou seja, não é possível utilizar-se o

depoimento da parte contrária e nem de testemunhas para afastar a confissão ficta.

Contudo, somente se aplica a referida Súmula se se tratar de intimação pessoal das

partes para comparecimento com o intuito de prestar depoimento e não apenas dos seus

advogados.

Artigo 848, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho – Em nosso

entendimento não há efeito prático, pois, na prática, o juiz do trabalho não permite a

saída da sala de audiência das partes que já depuseram, na medida em que as

testemunhas ainda vão depor.

Artigo 849 da Consolidação das Leis do Trabalho – fracionamento da audiência –

audiência, em regra, deve ser contínua. Excepcionalmente, se impossível concluí-la no

mesmo dia, o juiz designará a sua continuação para a primeira desimpedida,

independentemente de notificação.

16.3. Defesa: Resposta do Réu:

Abrange as exceções, a contestação e a reconvenção.

16.3.1. Exceções:

Suspendem o andamento do processo. São elas: de impedimento, de suspeição e de

incompetência (artigo 799 da Consolidação das Leis do Trabalho).

Podem ser feitas verbalmente ou por escrito. Em nosso entendimento o mais correto é

que se faça a exceção de incompetência relativa seja feita em peça autônoma, enquanto

que as exceções de incompetência absoluta, de suspeição e de impedimento sejam feitas

como preliminares da contestação.

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São elas:

16.3.1.1. Exceção de impedimento:

-aplicação subsidiária do artigo 134 do Código de Processo Civil.

-causas geradoras de natureza objetiva.

-situações:

a) em que for parte;

b) em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como

órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;

c) que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou

decisão;

d) quando nele estiver postulando, como advogado da parte, seu cônjuge ou qualquer

parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral até o segundo

grau;

e) quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta

ou, na colateral, até o terceiro grau;

f) quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica.

16.3.1.2. Exceção de suspeição:

-artigo 801 da Consolidação das Leis do Trabalho e, subsidiariamente, aplica-se o artigo

135 do Código de Processo Civil.

-causas geradoras de natureza subjetiva.

-situações:

a) inimizade pessoal;

b) amizade íntima – amizade decorrente de sociedade em negócios, de moradia comum,

de visitas freqüentes entre as pessoas, do fato de serem compadres, de serem padrinhos

dos respectivos filhos; ou seja, não se trata de mera amizade, mas de amizade íntima;

c) parentesco por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau civil. – em verdade

essa é hipótese de impedimento conforme artigo 134 do Código de Processo Civil;

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d) interesse particular na causa – se o juiz tiver algum interesse no feito, como por

exemplo, ser credor da parte.

1ª Observação: Rol do artigo 801 da Consolidação das Leis do Trabalho não é

exaustivo.

2ª Observação: Se o recusante praticar algum ato pelo qual haja consentido na pessoa do

juiz, não mais poderá alegar exceção de suspeição, salvo sobrevindo novo motivo. Se

não alegada suspeição quando a parte já a conhecia, não poderá mais fazê-lo ante a

ocorrência de preclusão.

3ª Observação: A suspeição pode ser declarada de ofício pelo juiz, ou seja, sem

provocação da parte.

4ª Observação: Arguida suspeição ou impedimento – será designada audiência em 48

horas para produção de provas e posterior julgamento. Se julgada procedente a exceção

será convocado o suplente do suspeito, o qual continuará a funcionar no feito até

decisão final.

5ª Observação: Quem julga a exceção de suspeição do juiz do trabalho de primeiro grau:

pela Consolidação das Leis do Trabalho – artigo 653, alínea “c” – Juiz do Trabalho.

6ª Observação: Considerando-se o fato de que, por expressa disposição legal conforme

acima, a exceção de suspeição é julgada pelo próprio juiz do trabalho, afirmamos que o

mesmo deve ocorrer em relação à exceção de impedimento – cujo regramento do

Código de Processo Civil também se aplica no direito processual do trabalho, por força

do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Suspeição e impedimento também se aplicam:

a) ao membro do Ministério Público;

b) ao serventuário de justiça;

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c) ao perito;

d) ao intérprete.

Observação: Das decisões de exceção de suspeição e impedimento não cabe recurso, eis

que são consideradas decisões interlocutórias.

16.3.1.3. Exceção de incompetência:

em razão da matéria

Competência absoluta: em razão da pessoa improrrogável

funcional

Competência relativa: em razão do lugar prorrogável

Oferecida a exceção – vista ao exceto para contestá-la no prazo improrrogável de 24

horas ou na própria audiência onde foi oferecida a exceção. Se for o caso poderá ser

feita instrução. A decisão pode ser proferida na hora ou na primeira audiência que se

seguir.

Acolhida a exceção – é feita a remessa, com urgência, à autoridade competente, após

decisão fundamentada.

Acolhida a exceção de incompetência em razão da matéria ou das pessoas, se

terminativa do feito perante a Justiça do Trabalho, cabe Recurso Ordinário.

conhecida de ofício pelo juiz

o juiz não pode conhecer de ofício

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16.3.2. Contestação:

Vigora o princípio da eventualidade – deve ser deduzida toda a matéria de defesa e

juntados todos os documentos necessários à comprovação das alegações contidas na

peça defensiva.

Observação: não se admite contestação por negativa geral.

Contestação – abrange argüição de preliminares (artigo 301 do Código de Processo

Civil, exceto quanto ao inciso XI que se revela inaplicável em direito do trabalho),

prejudiciais de mérito e mérito.

16.3.2.1. Preliminares:

a) inexistência ou nulidade de citação – no processo do trabalho fala-se em notificação

postal com força de citação;

b) inépcia da inicial – artigo 267, inciso I, c/c o artigo 295, ambos do Código de

Processo Civil;

c) perempção – em processo do trabalho fala-se em perempção temporária – quando o

autor der causa, por duas vezes, a arquivamento de ação trabalhista por ele proposta –

deve aguardar seis meses contados a partir do segundo arquivamento para propor a

terceira ação trabalhista – artigo 732 da Consolidação das Leis do Trabalho;

d) litispendência – quando se repete ação em curso;

e) coisa julgada – quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não

caiba recurso;

f) conexão – são conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto ou a

causa de pedir – artigo 103 do Código de Processo Civil;

g) continência – dá-se entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às

partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras

– artigo 104 do Código de Processo Civil;

h) carência de ação – são elas: possibilidade jurídica do pedido, legitimidade de parte e

interesse de agir;

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i) incapacidade de parte, defeito de representação ou falta de autorização;

j) convenção de arbitragem.

Observação: artigo 301, parágrafo 4º, do Código de Processo Civil – exceto quanto ao

compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria retromencionada.

16.3.2.2. Prejudiciais de mérito:

São elas:

a) prescrição – perda do direito de ação em virtude da inércia de seu titular no decorrer

de certo período – artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal de 1988 e artigo 11

da Consolidação das Leis do Trabalho;

b) decadência – consiste na perda do próprio direito, em razão de este não ter sido

exercitado no prazo legal. Exemplos no direito do trabalho: prazo decadencial para

suspender o empregado estável nos termos da Súmula 403 do Supremo Tribunal

Federal; prazo de dois anos para propor ação rescisória, cujo teor é o seguinte:

Súmula 403 – INQUÉRITO JUDICIAL – DECADÊNCIA.

É de decadência o prazo de trinta dias para a instauração de inquérito

judicial, a contar da suspensão, por falta grave, de empregado estável.

c) compensação – forma indireta de extinção de obrigações. Requisitos: a) reciprocidade

de dívidas; b) dívidas líquidas e certas; c) dívidas vencidas; d) dívidas homogêneas. De

acordo com o artigo 767 da Consolidação das Leis do Trabalho a compensação somente

pode ser arguida em contestação, conforme dispõe a Súmula 48 do Tribunal Superior do

Trabalho, a saber:

Súmula 48 – COMPENSAÇÃO – QUANDO PODE SER ARGUIDA.

A compensação só poderá ser arguida com a contestação.

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d) retenção – é uma forma de compensação utilizando-se de uma coisa. Somente pode

ser alegada como matéria de defesa.

Observação: Em nosso entendimento as matérias relativas ao reconhecimento do

vínculo empregatício e à Súmula 330 do Tribunal Superior do Trabalho são prejudiciais

de mérito e não de mérito.

15.3.2.3. Mérito:

a) negativa dos fatos apontados na exordial. Ex: o autor alega ter sido injustamente

despedido e a reclamada alega que o autor pediu demissão;

b) reconhecimento do pedido ou de parte do pedido. Ex: admite o não pagamento de

salários por falta de caixa;

c) admite os fatos narrados na peça vestibular, mas com oposição de suas conseqüência.

Ex: o autor pede adicional de transferência e a reclamada alega que não houve

transferência, pois inexistiu mudança de domicílio do empregado.

Observação: Não impugnados todos ou alguns dos fatos alegados na exordial

presumem-se verdadeiros (artigo 302 do Código de Processo Civil).

Contestação – diferentemente do processo civil, é ato de audiência.

Desistência da ação – somente com a concordância da reclamada.

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Observação: Não raro o reclamante requer a desistência do feito em audiência. Nem

sempre a reclamada concorda com a desistência, mas apenas com a renúncia. Não

obstante devamos ter em mente o princípio trabalhista da irrenunciabilidade dos direitos

trabalhistas, também é certo que, com o fenômeno da flexibilização, tal princípio resta

mitigado em sua importância. Assim, entendemos que se o empregado estiver presente

na audiência juntamente com seu advogado e houver concordância com a renúncia,

deve o juiz do trabalho, a nosso ver, homologar a renúncia, cuja consequência

inexorável implicará na impossibilidade de postular aqueles direitos trabalhistas em

outro feito.

Após a contestação só é lícito deduzir novas alegações quando:

a) relativas a direito superveniente;

b) competir ao juiz conhecer delas de ofício, como na decadência;

c) por expressa autorização legal, haja a possibilidade de sua formulação em qualquer

tempo e juízo (artigo 303 do Código de Processo Civil). É o que ocorreria em relação à

incompetência absoluta (artigo 113 do Código de Processo Civil) ou ao incidente de

falsidade (artigo 390 do Código de Processo Civil).

16.3.3. Reconvenção:

Conceito: é a ação proposta pelo réu em face do autor, no mesmo processo em que está

sendo demandado. É um contra-ataque.

Ante a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil (artigo 769 da Consolidação

das Leis do Trabalho) a maioria dos doutrinadores entende cabível no direito laboral.

Não se confunde a reconvenção com compensação ou retenção. A reconvenção é

matéria de direito processual, enquanto que a compensação e a retenção são institutos de

direito material.

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Exemplo típico na Justiça do Trabalho: empregado ajuíza ação pretendendo o

pagamento das verbas rescisórias; empregador alega na contestação que houve justa

causa para o despedimento, oferecendo reconvenção na qual pede a pagamento de saldo

credor que o empregado ficou devendo ao primeiro, ou então ressarcimento de danos

dolosos causados pelo empregado, que foram objeto da despedida por justa causa.

16.3.3.1. Pressupostos da reconvenção:

a) que o juiz tenha competência em razão da matéria;

b) se a matéria puder ser alegada em contestação a parte não terá interesse de agir para

apresentar reconvenção;

c) que o procedimento seja o mesmo da ação e da reconvenção;

d) que exista um processo pendente em primeiro grau de jurisdição e que não tenha

havido a primeira audiência para apresentação da contestação;

e) a matéria da reconvenção deve ser conexa com a ação principal ou com o fundamento

da defesa.

QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM IV – FGV – 1ª FASEEm audiência de conciliação, instrução e julgamento, o reclamado não respondeu ao pregão, mas compareceu o seu advogado, munido de procuração e dos atos constitutivos da empresa. Dada a palavra ao reclamante, seu advogado requereu que a empresa fosse considerada revel e confessa, pelo que o juiz indeferiu a juntada da defesa escrita que o advogado da parte reclamada pretendia apresentar. Assinale a alternativa correta, indicando como deve o advogado da parte reclamada proceder: (A) Deve lançar em ata o protesto, alegando que, no processo do trabalho, a revelia decorre da falta de apresentação de defesa, pelo que a presença do advogado, munido de procuração, supre a ausência da parte. (B) Deve conformar-se, pois, no processo do trabalho, a revelia decorre da ausência da parte ré, importando em confissão quanto a qualquer matéria, pelo que a presença do advogado da parte ausente, munido de procuração e defesa, é irrelevante. (C) Deve lançar em ata o protesto, alegando que, no processo do trabalho, a revelia decorre da ausência da parte ré, importando em confissão quanto à matéria de fato, pelo que o juiz deve receber a defesa apresentada pelo advogado da parte ausente, desde que munido de procuração, para o exame das questões de direito.

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(D) Deve conformar-se, pois, no processo do trabalho, a revelia tanto pode decorrer da ausência da parte ré quanto da falta de apresentação da defesa, estando ou não presente o advogado da parte ausente (ainda que munido de procuração) e sempre importa em confissão quanto a qualquer matéria, de fato ou de direito.

EXAME DE ORDEM VI – FGV – 1ª FASENo processo trabalhista, a compensação ou retenção: (A) só poderá ser arguida como matéria de defesa. (B) poderá ser arguida em qualquer fase do processo, mesmo na execução definitiva da sentença. (C) poderá ser arguida em qualquer momento, até que a sentença seja proferida pelo juiz de 1ª instância. (D) poderá ser arguida em qualquer momento, até que a sentença tenha transitado em julgado.

EXAME DE ORDEM IX – FGV – 1ª FASEUma das espécies de resposta é a reconvenção, que vem a ser a ação do réu contra o autor no mesmo feito e juízo em que é demandado. Malgrado não estar formalmente previsto na CLT, é pacífico o cabimento da reconvenção nas lides trabalhistas. Das hipóteses abaixo listadas, assinale aquela em que, pela natureza da pretensão deduzida, seria inviável a apresentação de reconvenção na Justiça do Trabalho: A) Quando a empresa pretender a condenação do empregado no valor do aviso prévio por ele não concedido, ao pedir demissão. B) Quando a empresa pretender o ressarcimento por dano causado pelo empregado no decorrer do contrato de trabalho. C) Quando a empresa pretender a devolução do valor de um curso pago em benefício do empregado e pelo qual o obreiro comprometeu-se a não pedir demissão durante determinado período, o que depois foi descumprido pelo trabalhador. D) Quando a empresa pretender a devolução de valor pago pela compra de um bem do seu empregado que, após, verificou possuir vício redibitório.

EXAME DE ORDEM VII – FGV - 2ª FASECristiano é empregador de Denílson, de quem é amigo pessoal, motivo pelo qual aceitou ser fiador no contrato de locação residencial desse empregado. Ocorre que Denílson, durante quatro meses, não pagou aluguel e encargos, tendo  Cristiano sido  executado  pela  quantia  de  R$  3.000,00  na  condição  de  fiador.  Para  vingar-se,  Cristiano dispensou Denílson. Este, a seu turno, ingressou com reclamação trabalhista contra a empresa de Cristiano, valendo-se do procedimento sumaríssimo, no qual almeja a quantia total de R$ 12.000,00. Em defesa, a empresa sustenta que nada é devido, mas, se houver vitória total ou parcial do trabalhador, pretende a compensação dos R$ 3.000,00 que Cristiano foi obrigado a pagar pelos aluguéis atrasados que o ex-empregado devia ao seu locador. Com  base  no  relatado,  responda  aos  itens  a  seguir,  utilizando  os  argumentos  jurídicos  apropriados  e  a fundamentação legal pertinente ao caso. 

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A) A fase processual para alegar o instituto da compensação, como pretendido pela ré, foi adequada? (Valor: 0,50) B) A tese de defesa poderá ser acolhida? (Valor: 0,50) C) Qual é a diferença entre compensação e dedução? (Valor: 0,25) 

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17. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO.

Artigo 852-A da Consolidação das Leis do Trabalho – dissídios cujo valor da causa não

exceda 40 vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação.

Observação: enquadramento automático e não facultativo.

Artigo 852-B da Consolidação das Leis do Trabalho (petição inicial no procedimento

sumaríssimo):

a) o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente.

b) não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome e

endereço do reclamado.

c) a apreciação do litígio deverá ocorrer no máximo em 15 dias do seu ajuizamento

podendo constar de pauta especial.

Observação: o não preenchimento dos requisitos das letras “a” e “b” acima implicará no

arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de custas sobre o valor da

causa.

Artigo 852-C da Consolidação das Leis do Trabalho – litígios instruídos e julgados em

audiência única.

Artigo 852-D da Consolidação das Leis do Trabalho – o juiz é o diretor do processo.

Artigo 852-E da Consolidação das Leis do Trabalho – tentativa de conciliação.

Artigo 852-F da Consolidação das Leis do Trabalho – ata deve registrar os atos

essenciais, as afirmações fundamentais das partes e as informações úteis à solução da

causa trazidas pela prova testemunhal.

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Artigo 852-G da Consolidação das Leis do Trabalho – incidentes e exceções serão

decididos de plano e as demais questões em sentença.

Artigo 852-H da Consolidação das Leis do Trabalho – produção de provas em

audiência, salvo absoluta impossibilidade. Ex: necessidade de prova pericial sendo que

o prazo para manifestação acerca do laudo pericial é comum de 5 dias.

Testemunhas – no máximo duas para cada parte.

Ausência de testemunha – convite para a testemunha ausente deve ser comprovado

documentalmente em audiência.

Artigo 852-I da Consolidação das Leis do Trabalho – sentença – dispensa de elaboração

do relatório.

Artigo 852-I, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho – decisão por

equidade. Sérgio Pinto Martins cita Aristóteles para explicar o que vem a ser equidade.

Para Aristóteles equidade é sinônimo de justiça. Tem por objetivo corrigir a lei quando

está incompleta. Seria a justiça do caso particular. Para Sérgio Pinto Martins, ao julgar

ação de procedimento sumaríssimo, o juiz deve observar a parte final do artigo 8º da

Consolidação das Leis do Trabalho, quando determina de que nenhum interesse

particular prevaleça sobre o interesse público. O mesmo doutrinador ainda cita o artigo

5º da Lei de Introdução ao Código Civil no sentido de que o juiz deve atender aos fins

sociais da lei e às exigências do bem comum.

Artigo 852-I, parágrafo 3º, da Consolidação das Leis do Trabalho – intimação da

sentença em audiência.

Observação: Situação concreta no qual a reclamada não foi citada por via postal e nem

por oficial de justiça. Resta, então, citá-la por edital. Por conta vedação legal dessa

forma de citação no procedimento sumaríssimo a maioria dos juízes do trabalho tem

convertido o rito de sumaríssimo para ordinário e, ato contínuo, determinado a citação

da reclamada por edital.

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QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM VII – FGV - 1ª FASE Nos processos trabalhistas submetidos ao rito sumaríssimo, é correto afirmar que:  A) não cabe a produção de prova pericial. B) a  citação  por  edital  somente  será  permitida  se efetivamente for  comprovado pelo  autor que o réu se encontra em local incerto ou desconhecido. C)o recurso ordinário terá parecer circunstanciado escrito do Ministério Público do Trabalho nos  casos em que o desembargador  relator  entender  estritamente necessário,  diante  da  existência  de  interesse  público  a ser tutelado. D) se submetem  ao rito sumaríssimo  as  causas  cujo  valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da ação. 

EXAME DE ORDEM VIII – FGV – 1ª FASEA  respeito  do  procedimento  sumaríssimo  no  processo  do trabalho, assinale a afirmativa correta:    A)A apreciação da reclamação trabalhista deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias da data de seu ajuizamento.  B) A citação por edital somente é cabível se esgotadas todas as tentativas de se localizar o reclamado. C) As  partes  devem  ser  intimadas  da  sentença  por notificação postal. D) Não cabe a interposição de recurso de revista.   

EXAME DE ORDEM X – FGV – 1ª FASEJosé ajuizou reclamação trabalhista contra a empresa Libertação Ltda., valendo-se do procedimento sumaríssimo. Contudo, José não liquidou os pedidos. De acordo com a CLT, o juiz deve: A) conceder prazo de 10 dias para que José sane o vício. B) enviar os autos ao calculista da Vara, que liquidará o pedido. C) arquivar a reclamação trabalhista e condenar o autor em custas. D) prosseguir na reclamação e enfrentar o assunto caso provocado pela ré.

EXAME DE ORDEM XII - FGV – 1ª FASEPaulo ajuizou reclamação trabalhista pelo rito sumaríssimo em face da sua empregadora Carregada Ltda.. Arrolou suas testemunhas na petição inicial e pediu a notificação das mesmas, solicitação que foi indeferida. Na audiência, o advogado de Paulo requereu o adiamento pela ausência das testemunhas, dizendo que protestava pelo indeferimento da

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notificação e por isso não convidou espontaneamente as testemunhas. O requerimento foi indeferido pelo juiz, que prosseguiu com a audiência. Sobre a decisão do juiz, a partir da hipótese apresentada, assinale a opção correta. A) A decisão foi equivocada, devendo ser deferido o adiamento, pois o prosseguimento do feito poderia gerar a nulidade por cerceamento de defesa. B) A decisão foi correta, já que o procedimento sumaríssimo não contempla a oitiva de testemunhas. C) A decisão foi correta, pois o procedimento sumaríssimo não admite a intimação de testemunhas. D) A decisão foi correta, pois no procedimento sumaríssimo as testemunhas deverão comparecer à audiência independentemente de intimação. Em caso de ausência e mediante comprovação de convite, as testemunhas serão intimadas.

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18. INSTRUÇÃO PROCESSUAL. MEIOS DE PROVA. ÔNUS DA PROVA.

PRESUNÇÕES. VALORAÇÃO DA PROVA.

Em matéria processual a prova tem por objeto os fatos da causa e que se prestam a

esclarecer o juiz. Sua finalidade é a formação da convicção do juiz a respeito dos fatos

da causa. Portanto, o juiz é o destinatário da prova.

18.1. Finalidade da Prova: segundo Francisco Antonio de Oliveira toda prova produzida

tem uma finalidade prática, que é a de convencer o julgador da veracidade ou não dos

fatos alegados.

18.2. Princípios da Prova segundo Amauri Mascaro Nascimento:

a) necessidade da prova – é preciso que a parte faça a prova das suas afirmações.

b) unidade da prova – a prova deve ser apreciada em seu conjunto, de forma global e

não de forma isolada.

c) lealdade ou probidade da prova – não é permitida prova obtida por meio ilícito.

d) contradição – permissão à parte contrária para que se manifeste sobre a prova

produzida e a impugne, se quiser.

e) igualdade de oportunidade da prova – ambas as partes têm os mesmos direitos de

apresentar a prova nos momentos adequados.

f) legalidade – somente podem ser produzidas as provas previstas em lei.

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Observação: uso da psicografia (espiritismo) como prova perante os Tribunais -

segundo reportagem publicada no jornal “O Estado de São Paulo” no dia 25/05/2008 há

uma corrente de delegados de polícia, advogados, promotores, procuradores e juízes que

sustentam que aplicar o direito é “missão de vida” e nada impediria os juízes de

embasar suas decisões em princípios religiosos. Contudo, a matéria é muito

controvertida embora a discussão não seja recente. Isto porque para a corrente

doutrinária tradicional trata-se de meio de prova não previsto em lei.

g) imediação – o juiz dirige o processo e a prova deve ser produzida diante do mesmo.

h) obrigatoriedade da prova – a prova não é de interesse apenas das partes, mas também

do Estado que pretende o esclarecimento da verdade. Tendo em vista que o juiz dispõe

de ampla liberdade na direção do processo (artigo 765 da Consolidação das Leis do

Trabalho) pode determinar a produção que julgue necessário. Ex: determinação do juiz

para que uma das partes colacione aos autos um documento imprescindível para o

deslinde do litígio.

18.2. Momento da Produção da Prova: em audiência, exceto quando restar impossível

sua produção naquele ato. Ex: prova pericial.

Observação: Ainda em se tratando do momento da produção da prova esclareça-se que

resta prevista no ordenamento jurídico pátrio a produção antecipada de prova, medida

esta de natureza cautelar, como previsto nos artigos 846/851 do Código de Processo

Civil de aplicação subsidiária no processo do trabalho por força do artigo 769 da

Consolidação das Leis do Trabalho.

18.3. Local da Produção da Prova: em regra a produção da prova ocorre na sede do

juízo, exceto quando restar impossível sua produção naquele local. Ex: oitiva de

testemunha por carta precatória.

18.4. Valoração da Prova – 3 teorias:

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a) sistema da prova legal – segundo Francisco Antonio de Oliveira nesse sistema de

prova o juiz não tinha função de análise ou de convicção íntima. Sua função consistia

em assistir o experimento probatório e declarar o seu resultado (sistema da ditadura

legal).

b) sistema da livre convicção – segundo Francisco Antonio de Oliveira nesse sistema o

juiz estava completamente livre na apreciação da prova, preso apenas ao seu

convencimento íntimo (sistema da ditadura jurisdicional).

c) sistema da livre persuasão racional – segundo Francisco Antonio de Oliveira esse

sistema é uma reação a ambos os sistemas retromencionados. É o sistema adotado pelo

legislador pátrio no artigo 131 do Código de Processo Civil, in verbis:

“O juiz apreciará livremente a prova, atendendo os fatos e circunstâncias

constantes nos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá

indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento.”

18.5. Classificação das Provas Segundo Amauri Mascaro Nascimento:

a) quanto ao objeto: provas diretas e indiretas e principais ou acessórias.

b) quanto à forma: escritas ou orais.

c) quanto à estrutura ou natureza: pessoais e reais ou materiais.

d) quanto à função: históricas, críticas ou lógicas.

e) quanto à finalidade: prova e contraprova.

f) quanto ao resultado: provas plenas, perfeitas ou completas e imperfeitas ou

incompletas.

g) quanto ao grau ou categoria: provas primárias ou secundárias.

h) quanto aos sujeitos proponentes: de ofício, das partes ou de terceiros.

i) quanto ao momento da produção: provas processuais ou judiciais e extrajudiciais e

provas pré-constituídas e casuais.

j) quanto à sua contradição: sumárias ou controvertidas.

k) quanto à utilidade: pertinentes e impertinentes ou irrelevantes, úteis e inúteis,

possíveis e impossíveis.

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l) quanto à sua relação com outras provas: provas simples e compostas ou complexas e

concorrentes ou contrapostas.

m) quanto à sua licitude ou ilicitude: provas lícitas ou ilícitas.

18.6. Artigo 334 do Código de Processo Civil - Fatos Que Independem de Prova:

a) notórios.

b) afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária.

c) admitidos, no processo, como incontroversos.

d) em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. Ex: artigos 447

e 456, parágrafo único, ambos da Consolidação das Leis do Trabalho.

Observação: vigora no direito pátrio o princípio iura novit curia (o juiz conhece o

direito). Todavia, em algumas situações cabe à parte fazer prova de algumas normas

jurídicas (artigo 337 do Código de Processo Civil), a saber:

a) quando a parte alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário

deverá provar o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.

b) convenções coletivas de trabalho, acordos coletivos de trabalho e sentenças

normativas.

c) regulamentos de empresa.

d) tratados e convenções internacionais.

18.7. Meios de Prova Segundo Amauri Mascaro Nascimento: depoimento pessoal,

testemunhas, documentos, perícias e inspeções judiciais.

18.8. Ônus da Prova – segundo Sérgio Pinto Martins é o dever de a parte provar em

juízo suas alegações para o convencimento do juiz.

18.8.1. Ônus da prova de fato constitutivo: é do reclamante conforme dispõe o artigo

818 da Consolidação das Leis do Trabalho c/c o artigo 333, inciso I, do Código de

Processo Civil.

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18.8.2. Ônus da prova de fato impeditivo, modificativo ou extintivo: é da reclamada

conforme dispõe o artigo 333, inciso II, do Código de Processo Civil. Neste caso deve o

juiz inverter o ônus da prova ouvindo por primeiro as testemunhas da reclamada e, logo

depois, as testemunhas do reclamante.

18.8.3. Situações específicas em processo trabalhista:

a) o reclamante alega ter trabalhado para a reclamada e postula reconhecimento do

vínculo empregatício; a reclamada, por sua vez, nega de forma peremptória a prestação

dos serviços – o ônus da prova é do reclamante.

b) o reclamante alega ter trabalhado para a reclamada e postula reconhecimento do

vínculo empregatício; a reclamada, por sua vez, confirma a prestação dos serviços, mas

na condição de trabalhador autônomo - o ônus da prova é da reclamada.

c) o reclamante alega ter exercido as mesmas funções que um determinado colega de

trabalho a quem aponta como paradigma; a reclamada alega, por exemplo, que o

trabalho do paradigma era exercido com maior perfeição técnica ou com maior

produtividade que o reclamante – o ônus da prova é da reclamada (Súmula 6, item

VIII do Tribunal Superior do Trabalho). Diz esse item da Súmula:

Súmula 6 – EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT.

...

VIII – É do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou

extintivo de equiparação salarial.

d) o reclamante alega ter sido injustamente despedido pela reclamada; a reclamada, por

sua vez, nega o despedimento – o ônus da prova é da reclamada (Súmula 212 do

Tribunal Superior do Trabalho). Diz a citada Súmula:

Súmula 212 – DESPEDIMENTO – ÔNUS DA PROVA.

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O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a

prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da

continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao

empregado.

e) o reclamante alega ter trabalhado em sobrejornada sem ter recebido horas extras; a

reclamada contesta o fato e colaciona aos autos os controles de frequência que

demonstram que a jornada é de 44 horas semanais, pelo que não há falar-se em horas

extras – o ônus da prova é do reclamante se a jornada nos controles estiver anotada

de forma variável (Súmula 338 do TST).

f) o reclamante alega ter trabalhado em sobrejornada sem ter recebido horas extras; a

reclamada contesta o fato e colaciona aos autos os controles de frequência que

demonstram que a jornada é de 44 horas semanais, pelo que não há falar-se em horas

extras – o ônus da prova é da reclamada se a jornada nos controles estiver anotada

de forma invariável (Súmula 338 do TST).

g) o reclamante alega ter trabalhado na função de gráfico, embora tenha sido registrado

na função de auxiliar de serviços gerais. Postula diferenças salariais. A reclamada alega

que a função exercida pelo reclamante foi de mesmo de auxiliar de serviços gerais,

conforme anotado em Carteira de Trabalho e Previdência Social – o ônus da prova é

do reclamante.

h) o reclamante alega que não recebeu salários dos últimos três meses do pacto laboral;

a reclamada alega que todos os salários foram rigorosamente pagos ao reclamante – o

ônus da prova é da reclamada que é detentora dos recibos de pagamento (artigo

464 da Consolidação das Leis do Trabalho).

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i) o reclamante alega que o FGTS não foi depositado durante todos os meses do pacto

laboral; a reclamada, por sua vez, alega que o FGTS foi depositado corretamente

durante o contrato de trabalho – há juízes que entendem que o ônus da prova é do

reclamante, pois lhe é permitido buscar extrato analítico da conta vinculada junto

à CEF – Caixa Econômica Federal. Outros juízes entendem que o ônus da prova é

da reclamada, na medida em que ela é quem detém os recibos dos depósitos

fundiários.

j) o reclamante alega que no curso do pacto laboral nasceu seu filho e que a reclamada

não lhe pagou o salário-família correspondente; a reclamada, por sua vez, nega que o

reclamante tenha informado acerca do nascimento de seu filho – o ônus da prova da

entrega da certidão de nascimento é do reclamante.

k) o reclamante disse ter sido injustamente despedido; a reclamada nega o fato aduzindo

que o obreiro foi despedido por justa causa – o ônus da prova é da reclamada (grifei e

negritei).

l) o reclamante pleiteou horas extras; a reclamada disse que o autor não faz jus às

suplementares, pois sempre se ativou em cargo de confiança – o ônus da prova é da

reclamada (grifei e negritei).

m) o reclamante propõe ação trabalhista em litisconsórcio de empresa de terceirização e

de ente público como tomador dos serviços; o ente público alega em contestação que

não inexiste nenhuma responsabilidade subsidiária ante o contido no artigo 71 e seu

parágrafo 1º, da Lei nº 8666/1993. No julgamento da Ação Declaratória de

Constitucionalidade – ADC nº 16 no final de 2010 o Supremo Tribunal Federal

considerou que é necessário que os Tribunais Trabalhistas investiguem se houve ou não

fiscalização do contrato de prestação de serviços - o ônus da prova de que o contrato

de prestação de serviços foi fiscalizado é do ente público tomador dos serviços.

18.9. Meios de Prova:

18.9.1. Depoimento Pessoal: segundo Amauri Mascaro Nascimento é uma declaração

prestada pelo autor ou pelo réu, sobre os fatos objeto do litígio, perante o juiz.

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1ª Observação: Súmula 74 do Tribunal Superior do Trabalho prevê que se aplica a pena

de confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não

comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria depor.

2ª Observação: Entendemos, com a devida vênia e respeito ao posicionamento do

Tribunal Superior do Trabalho na Súmula 74, que se a parte estiver com advogado

constituído e a intimação for expedida em nome deste nos termos do artigo 39 do

Código de Processo Civil, trata-se de intimação regular. Contudo, esse não é o

posicionamento do TST quando editou a Súmula em estudo.

Diz a Súmula 74:

Súmula 74 – CONFISSÃO.

I – Aplica-se a confissão à parte que, expressamente intimada com aquela

cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual deveria

depor.

II – A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para

confronto com a confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando

cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores.

III – A vedação à produção de prova posterior pela parte confessa somente a

ela se aplica, não afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de

conduzir o processo.

O fim buscado pela parte ao ouvir a parte contrária é a obtenção da confissão.

18.9.2. Confissão: segundo Amauri Mascaro Nascimento é uma prova que pesa sobre

quem a faz e em favor da parte contrária, que confirma as alegações do adversário.

Confissão: pode ser judicial ou extrajudicial.

Confissão: é revogável quando emanar de erro, dolo ou coação (artigo 352 do Código

de Processo Civil).

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Confissão: pode ser real quando obtida através do depoimento pessoal e ficta que é

presumida quando a parte não comparece na audiência na qual deveria depor.

1ª Observação: embora a lei processual trabalhista não esclareça se o depoimento

pessoal de uma parte pode ou não ser presenciado pela outra parte o Código de Processo

Civil preconiza no parágrafo único do artigo 344 que “é defeso a quem ainda não depôs

assistir ao interrogatório da outra parte”.

2ª Observação: pode ocorrer da Vara do Trabalho adotar o sistema de audiência

fracionada. Se for o caso e na impossibilidade de conciliação na audiência inicial, o juiz

recebe a defensiva e designa audiência de instrução sendo que as partes saem

devidamente intimadas para a audiência em continuação quando deverão prestar

depoimento (Súmula 74 do Tribunal Superior do Trabalho). Na audiência de instrução a

falta do reclamante ou da reclamada – ainda que presente o advogado de uma ou outra

parte – induz na aplicação da pena de confissão quanto à matéria de fato (confissão

ficta). Todavia, de acordo com a nova redação da Súmula 74, item II, do Tribunal

Superior do Trabalho, a confissão ficta pode ser elidida por prova pré-constituída nos

autos.

18.9.3. Prova testemunhal: segundo Amauri Mascaro Nascimento, citando Echandia, é

um meio de prova que consiste na declaração representativa que uma pessoa, que não é

parte no processo, faz ao juiz, com fins processuais, sobre o que sabe a respeito de um

fato de qualquer natureza.

Testemunha: deve ser compromissada tendo o dever de falar a verdade, sob pena de

cometimento de crime de falso testemunho.

Testemunha: será inquirida pelo juiz e reinquirida pelos advogados das partes (artigo

820 da Consolidação das Leis do Trabalho).

18.9.3.1. Pessoas proibidas de depor como testemunha:

a) incapazes;

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b) impedidos;

c) suspeitos.

18.9.3.2. Testemunha funcionário civil ou militar: depoimento a ser prestado durante o

horário de expediente – será requisitada ao chefe da repartição ou ao comando do corpo

em que servir para comparecer à audiência designada conforme dispõe o artigo 823 da

Consolidação das Leis do Trabalho.

18.9.3.3. Depoimento em separado de cada testemunha: o depoimento prestado por uma

testemunha não deve ser presenciado por outras testemunhas – artigo 824 da

Consolidação das Leis do Trabalho.

18.9.3.4. Comparecimento da testemunha em audiência: mediante convite, independente

de notificação ou intimação (artigo 825, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho).

18.9.3.5. Ausência de testemunha devidamente convidada: no Tribunal Regional do

Trabalho da 2ª Região há um provimento pelo qual a parte pode requerer que a

testemunha seja intimada pelo juízo. Nova ausência da testemunha, ainda que intimada

pelo juízo, implica na necessidade de condução coercitiva (artigo 825, parágrafo único,

da Consolidação das Leis do Trabalho), sem prejuízo de aplicação de multa em caso de

falta injustificada na audiência anterior.

18.9.3.6. Substituição de testemunha no processo do trabalho: é possível e, nesse caso,

ante a omissão da Consolidação das Leis do Trabalho, aplica-se o disposto no artigo 408

do Código de Processo Civil, a saber: falecimento da testemunha, enfermidade que não

permite condições da testemunha depor e mudança de residência da testemunha quando

esta não for encontrada pelo oficial de justiça.

18.9.4. Prova documental: Segundo Sérgio Pinto Martins documento é a forma de uma

coisa poder ser conhecida por outra, de modo a reproduzir certa manifestação de

pensamento. Em suma, o ilustre autor, o documento representa um fato ocorrido.

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1ª Observação: Com o advento da Lei nº 11925/2009 foi alterada a redação do artigo

830 da Consolidação das Leis do Trabalho, conforme abaixo:

Artigo 830 – O documento em cópia oferecido para prova poderá ser

declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade

pessoal.

Parágrafo único – Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a

produziu será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou

o original, cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e

certificar a conformidade entre esses documentos.

2ª Observação: segundo preconiza o artigo 389 do Código de Processo Civil quando se

tratar de falsidade de documento o ônus da prova cabe à parte que a argüir, enquanto

que se argüida de falsa a assinatura o ônus da prova é da parte que produziu o

documento.

18.9.4.1. Arguição de incidente de falsidade: é cabível subsidiariamente no processo do

trabalho conforme previsto no artigo 390 e seguintes do Código de Processo Civil, por

força do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho.

18.9.5. Prova pericial: Segundo Sérgio Pinto Martins consiste em exame, vistoria ou

avaliação feita por um perito sobre fatos objeto da causa. O perito nomeado pelo juízo

detém conhecimento técnico especializado que falta ao magistrado.

Observação: Compromisso: está o perito obrigado a prestar compromisso (artigo 827 da

Consolidação das Leis do Trabalho).

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18.9.5.1. Aplicabilidade da prova pericial: na fase de conhecimento nos litígios que

envolvem pedido de condenação da reclamada no adicional de insalubridade e no

adicional de periculosidade. Também utilizada na fase de conhecimento quando a parte

requer perícia médica a fim de comprovar nexo de causalidade entre o labor exercido a

doença adquirida para fins de indenização. Na fase de liquidação de sentença tem

aplicabilidade quando os cálculos do reclamante se apresentam em total

desconformidade com os cálculos apresentados pela reclamada, o que implica na

designação de prova pericial contábil.

18.9.5.2. Contraditório e ampla defesa na prova pericial: após a apresentação do laudo

pelo perito as partes devem ser intimadas para se manifestar sobre o mesmo e até

mesmo impugná-lo, em observância ao princípio do contraditório e da ampla defesa nos

termos do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988.

18.9.5.3. Prova pericial emprestada: a doutrina não é uníssona acerca da possibilidade

de utilização de prova pericial emprestada. No caso do pedido de adicional de

insalubridade pode-se dizer que, não raro, o meio ambiente do trabalho é desativado em

razão de mudança da sede do empreendimento ou complemente reestruturado. Nesse

passo, se o empregado se ativou em condições não mais existentes, o novo laudo

pericial não se prestará como prova em seu favor. O problema do laudo pericial

emprestado é que nem sempre as condições de trabalho daquele outro trabalhador que

foi beneficiado por um laudo positivo de insalubridade se aplicavam ao empregado ora

postulante ao mesmo adicional. Em nosso entendimento não é possível o uso da prova

emprestada.

18.9.6. Inspeção judicial: Segundo Moacyr Amaral Santos, é a percepção sensorial

direta do juiz, a fim de esclarecer quanto a fato, sobre qualidades ou circunstâncias

corpóreas de pessoas ou coisas.

Observação: Nada impede que o juiz, ao invés de determinar inspeção judicial e

comparecer pessoalmente ao local dos fatos, determine que se faça por oficial de justiça

por intermédio de “mandado de constatação”.

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QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM II – FGV – 1ª FASECom relação às provas no processo do trabalho, assinale a alternativa correta:

(A) As testemunhas devem ser necessariamente arroladas pelas partes dentro do prazo estabelecido pelo juiz, a fim de que sejam notificadas para comparecimento à audiência.(B) Cada uma das partes não pode indicar mais de três testemunhas, inclusive nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, salvo quando se tratar de inquérito para apuração de falta grave, caso em que este número pode ser elevado a seis.(C) Na hipótese de deferimento de prova técnica, é vedada às partes a apresentação de peritos assistentes.(D) Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito.

EXAME DE ORDEM V – FGV – 1ª FASEA respeito da prova testemunhal no processo do trabalho, é correto afirmar que:

(A) em se tratando de ação trabalhista pelo rito ordinário ou sumaríssimo, as partes poderão ouvir no máximo três testemunhas cada; sendo inquérito, o número é elevado para seis. (B) apenas as testemunhas arroladas previamente poderão comparecer à audiência a fim de serem ouvidas. (C) no processo do trabalho sumaríssimo, a simples ausência da testemunha na audiência enseja a sua condução coercitiva. (D) as testemunhas comparecerão à audiência independentemente de intimação e, no caso de não comparecimento, serão intimadas ex officio ou a requerimento da parte.

EXAME DE ORDEM VII – FGV – 1ª FASEJosenildo da Silva ajuizou reclamação trabalhista em face da empresa  Arca  de  Noé  Ltda.,  postulando  o  pagamento  de verbas resilitórias, em razão de dispensa imotivada; de horas extraordinárias com adicional de 50% (cinquenta por cento); das repercussões devidas em face da percepção de parcelas salariais  não  contabilizadas  e  de  diferenças  decorrentes  de equiparação salarial  com  paradigma  por  ele  apontado.  Na defesa,  a reclamada  alega  que,  após  discussão  havida  com colega  de  trabalho,  o  reclamante  não  mais  retornou  à empresa,  tendo  sido  surpreendida  com  o  ajuizamento  da ação; que a empresa não submete seus empregados a jornada extraordinária;  que  jamais  pagou  qualquer  valor  ao reclamante que não tivesse sido contabilizado e que não havia identidade de funções entre o autor e o paradigma indicado. Considerando que a ré possui 10 (dez) empregados e que não houve a juntada de controles de ponto, assinale a alternativa correta:    

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A) Cabe  ao  reclamante  o  ônus  de  provar  a  dispensa imotivada.  B)Cabe à reclamada o ônus da prova quanto à diferença entre as funções do equiparando e do paradigma. C) Cabe  ao  reclamante  o  ônus  de  provar  o  trabalho extraordinário. D) Cabe à reclamada o ônus da prova no tocante à ausência de pagamento de salário não contabilizado.

EXAME DE ORDEM VIII – FGV – 1ª FASEA respeito do preposto no Processo do Trabalho, de acordo com a legislação, assinale a afirmativa correta:   A) Não precisa ter conhecimento dos fatos, uma vez que tal característica é própria das testemunhas. B)Não precisa ter conhecimento dos fatos, já que atua como representante do empregador. C) Deve ter conhecimento dos fatos. D) Deve ter conhecimento da interpretação do empregador quanto aos fatos ocorridos.   

EXAME DE ORDEM X – FGV – 1ª FASEEm reclamação trabalhista movida contra um município, este não comparece à audiência inaugural. Diante dessa hipótese, assinale a afirmativa correta. A) Não se cogita de revelia porque o direito é indisponível. B) Aplica-se a revelia contra o ente público. C) Não há revelia, mas se aplica a confissão. D) O juiz deve designar audiência de instrução, haja vista tratar-se de ente público.

EXAME DE ORDEM XII – FGV – 1ª FASEEm 10/04/2013 a empresa AlfaBeta Ltda. recebeu cópia da petição inicial de ação em face dela ajuizada, com notificação citatória para audiência no dia 14/04/2013. Nesta data, compareceu apenas o preposto da ré, munido da respectiva carta e carteira de trabalho, sem portar defesa, requerendo oralmente o adiamento da audiência. A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. A) O juiz deverá manter a audiência e aplicar a revelia por ausência de defesa. B) O juiz deverá adiar a audiência pela exiguidade de tempo entre a citação e a realização da audiência. C) O juiz deverá manter a audiência, podendo o preposto apresentar defesa oral no prazo legal de 20 minutos, já que vigora o jus postulandi. D) Face aos princípios da celeridade e economia processual, o juiz deverá manter a audiência, mas em razão da presença da ré, evidente o ânimo de defesa, não aplicará a revelia.

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EXAME DE ORDEM VI – FGV - 2ª FASETício ajuizou ação trabalhista em face da empresa Hora Certa Ltda., na qual pretendia receber horas extras e reflexos. Na própria petição inicial já havia impugnado os controles de ponto aduzindo que não havia variação de horário. Na audiência, a ré trouxe os documentos, juntando-os com a contestação e declarou que pretendia produzir prova testemunhal acerca do pedido do autor. O juiz, após examinar a documentação, indeferiu a prova testemunhal da ré. Na sentença, o juiz julgou procedente o pedido do autor. Considerando as regras de distribuição do ônus da prova, o juiz agiu corretamente? Fundamente. (Valor: 1,25)

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19. RAZÕES FINAIS. SENTENÇA. VALOR DA CONDENAÇÃO. CUSTAS

PROCESSUAIS. PUBLICAÇÃO. TRÂNSITO EM JULGADO.

19.1. Razões Finais:

Artigo 850 da Consolidação das Leis do Trabalho: razões finais – 10 (dez) minutos para

cada parte. Após as razões finais deve o juiz renovar a proposta conciliatória.

Artigo 851 da Consolidação das Leis do Trabalho: transcrição da audiência em ata.

19.2. Sentença:

Artigo 162 do Código de Processo Civil - atos do juiz:

a) sentenças;

b) decisões interlocutórias;

c) despachos.

19.2.1. Sentença: é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos artigos

267 e 269 desta Lei (Código de Processo Civil).

19.2.2. Decisão interlocutória: é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve

questão incidente.

19.2.3. Despachos: todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a

requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma. Tais atos não

contém qualquer carga decisória.

19.3. Valor da Condenação:

É o valor fixado pelo juiz do trabalho na sentença e sobre a mesma irá incidir custas

processuais, bem como deverá balizar o valor do depósito recursal.

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Observação: o depósito recursal tem limite fixado em lei, independentemente do valor

atribuído à condenação.

19.4. Custas Processuais:

Fundamentação legal: artigos 789, 789-A, 789-B, 790, 790-A e 790-B da Consolidação

das Leis do Trabalho:

a) acordo ou condenação: sobre o respectivo valor;

b) extinção do processo sem exame do mérito ou julgamento de improcedência – sobre

o valor atribuído à causa;

c) procedência em ação declaratória ou constitutiva – sobre o valor atribuído à causa;

d) quando o valor foi indeterminado – sobre o valor que o juiz fixar.

19.4.1. Custas nos dissídios individuais: pagas pelo vencido após o trânsito em julgado.

Em caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do

prazo recursal.

19.4.2. Custas nos dissídios coletivos: as partes vencidas responderão solidariamente

pelo pagamento das custas que serão calculadas sobre o valor arbitrado na decisão pelo

Presidente do Tribunal.

19.4.3. Entes públicos e Ministério Público do Trabalho – isentos de custas.

19.4.4. Ação trabalhista parcialmente procedente – as custas ficam somente a cargo do

reclamado (empregador) sobre o valor arbitrado à condenação pelo juiz, eis que no

processo do trabalho não há falar-se em sucumbência recíproca para fins de pagamento

de custas processuais.

19.5. Publicação:

Artigo 852 da Consolidação das Leis do Trabalho – as partes devem ser regularmente

intimadas da sentença para que, se quiserem, possam recorrer em caso de sucumbência

total ou parcial.

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19.5.1. Formas:

a) em audiência.

b) pelo Diário Oficial.

c) Súmula 197 do Tribunal Superior do Trabalho. Diz a citada Súmula:

Súmula 197 – PRAZO PARA RECURSO DA PARTE QUE, INTIMADA,

NÃO COMPARECE À AUDIÊNCIA.

O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer à audiência em

prosseguimento para a prolação da sentença conta-se de sua publicação.

19.6. Trânsito em Julgado:

Decisão imutável sobre a qual não é permitida a interposição de mais nenhum recurso.

Observação: mesmo no caso de revelia e confissão da reclamada o artigo 852 da

Consolidação das Leis do Trabalho determina que a mesma seja intimada da sentença.

QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM II – FGV – 1ª FASECom relação às despesas processuais na Justiça do Trabalho, assinale a afirmativa correta:

(A) As entidades fiscalizadoras do exercício profissional, em face de sua natureza autárquica, são isentas do pagamento de custas.(B) As custas devem ser pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, estas devem ser pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal.(C) O benefício da gratuidade de justiça não pode ser concedido de ofício pelo juiz, devendo ser necessariamente requerido pela parte interessada.(D) A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da gratuidade de justiça.

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EXAME DE ORDEM VIII – FGV – 1ª FASEEm  relação  ao  valor  das  custas  no  processo  do  trabalho, assinale a afirmativa correta:   A) Quando houver acordo, incidirão à base de 10% sobre o valor respectivo. B) Quando  o  pedido  for  julgado  improcedente,  sempre haverá a isenção de pagamento. C) Quando  for  procedente  o  pedido  formulado  em  ação declaratória,  incidirão  à  base  de  2% sobre  o  valor  da causa. D) Quando  o  valor for  indeterminado,  incidirão  à  base  de 20% sobre o que o juiz fixar.

EXAME DE ORDEM XII – FGV – 2ª FASESerafim Almeida ajuizou reclamação trabalhista contra o ex-empregador postulando o pagamento de horas extras e verbas resilitórias. Em audiência, entabulou acordo com o reclamado, que foi homologado judicialmente, no qual conferiu quitação geral quanto ao extinto contrato de trabalho. Tempos depois contratou novo advogado e ajuizou nova demanda contra a mesma empresa, desta feita pedindo apenas diferença em razão de equiparação salarial – verba não perseguida na 1ª ação.Diante desse quadro, responda aos itens a seguir.A) Analise a validade, ou não, de um acordo judicial no qual a parte concede quitação sobre objeto que não foi postulado na petição inicial, justificando em qualquer hipótese (Valor: 0,85).B) Informe o fenômeno jurídico que inviabiliza o prosseguimento da 2ª ação ajuizada, apresentando o fundamento legal respectivo (Valor: 0,40).

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20. PROCEDIMENTOS (RITOS): ORDINÁRIO, SUMÁRIO E SUMARÍSSIMO.

INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE. AÇÃO DE

CUMPRIMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. HABEAS CORPUS . AÇÃO

DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. PRESTAÇÃO DE CONTAS. AÇÕES

POSSESSÓRIAS. HABILITAÇÃO INCIDENTE. RESTAURAÇÃO DE AUTOS.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MEDIDAS CAUTELARES NOMINADAS E

INOMINADAS, AÇÃO ANULATÓRIA, AÇÃO RESCISÓRIA, AÇÃO

MONITÓRIA.

20.1. Procedimento: é a forma do andamento do processo. Para alguns doutrinadores

temos três procedimentos no direito processual do trabalho, a saber: sumário,

sumaríssimo e ordinário. Para outros doutrinadores o procedimento sumário foi

tacitamente revogado pela Lei nº 9.957/2000 que instituiu o procedimento sumaríssimo

para as causas cujo valor não ultrapasse a 40 salários mínimos. A Súmula 356 do

Tribunal Superior do Trabalho, de forma implícita, consagra a existência de

procedimento sumário.

Portanto, três seriam os procedimentos existentes no processo do trabalho, a saber:

a) de 0 a 2 salários mínimos de valor da causa – procedimento sumário.

b) mais de 2 até 40 salários mínimos de valor da causa – procedimento sumaríssimo.

c) mais de 40 salários mínimos de valor da causa – procedimento ordinário.

20.2. Os Procedimentos Especiais São os Seguintes:

20.2.1. Inquérito Para Apuração de Falta Grave:

Artigo 853 da Consolidação das Leis do Trabalho: quando da ocorrência de fato grave

do empregado estável o empregador apresentará reclamação trabalhista por escrito no

prazo de 30 (trinta) dias contados a partir da data da suspensão do empregado.

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Artigo 821, in fine, da Consolidação das Leis do Trabalho – número máximo de

testemunhas é de 06 (seis).

Nesta ação as partes são chamadas de requerente e requerido.

Observação: O inquérito para apuração de falta grave deve ser observado também no

caso do dirigente sindical que goza de estabilidade provisória, consoante interpretação

nesse sentido ao artigo 543, parágrafo 3º, in fine, da Consolidação das Leis do Trabalho

(Súmula 379 do Tribunal Superior do Trabalho). Todavia, não se aplica às outras

modalidades de estabilidade provisória como os detentores de mandato da Comissão

Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, as gestantes e os acidentados no trabalho.

Preconiza a Súmula 379:

Súmula 379 – DIRIGENTE SINDICAL – DESPEDIDA – FALTA GRAVE

– INQUÉRITO JUDICIAL.

O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante

a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, § 3º, da

CLT.

20.2.2. Ação de Cumprimento:

Ensina-nos Sérgio Pinto Martins que o cumprimento do dissídio coletivo (quer se trate

de acordo homologado ou de decisão), quando os empregadores não satisfizerem o

pagamento devido, se obtém por meio de reclamação individual, denominada de ação de

cumprimento, perante a Vara do Trabalho.

Preleciona Wagner D. Giglio que o conteúdo da decisão normativa não é executado,

mas cumprido, da mesma forma pela qual é cumprida a lei: espontaneamente ou

coercitivamente, através de ações judiciais de dissídios individuais.

Não se tratando, pois, de sentença condenatória a decisão normativa, não comporta

execução, mas apenas cumprimento, por ter conteúdo constitutivo-declaratório.

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A Lei nº 8984/95 menciona expressamente que compete à Justiça do Trabalho o

julgamento de dissídios para cumprimento de convenções ou acordos coletivos de

trabalho.

A Súmula 286 do Tribunal Superior do Trabalho, por sua vez, permite a propositura de

ação de cumprimento de convenção coletiva de trabalho ou de acordo coletivo de

trabalho e não apenas de sentença normativa. Diz a referida Súmula:

Súmula 286 – SINDICATO – SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL –

CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVOS – REDAÇÃO DADA PELA

RES. 98/2000, DJ 18.9.2000.

A legitimidade do sindicato para propor ação de cumprimento estende-se

também à observância de acordo ou convenção coletivos.

20.2.3. Mandado de Segurança:

Nas palavras de Amauri Mascaro Nascimento mandado de segurança é o meio

impugnativo constitucional para a proteção de direito individual, próprio, líquido e

certo, não amparado por habeas corpus.

O remédio heróico encontra-se previsto no artigo 5º, inciso LXIX, da Carta Republicana

de 1988 e regulamentado pela Lei nº 12016/2009 que revogou expressamente a Lei nº

1.533/51.

Com o advento da Lei nº 12016/2009 o mandado de segurança se presta a impugnar ato

de abuso de autoridade não amparado por habeas corpus ou habeas data.

O mandado de segurança pode ser individual ou coletivo.

Até o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 a competência para apreciação do

mandado de segurança era apenas dos Tribunais Regionais do Trabalho e do Tribunal

Superior do Trabalho.

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Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 o mandado de

segurança pode ser impetrado em primeiro grau. As hipóteses de impetração, que antes

eram de competência da Justiça Federal, são aquelas em que sejam autoridades coatoras

as autoridades administrativas do Ministério do Trabalho e Emprego. Exemplos:

lavratura de autos de infração em abuso de autoridade, negativa de autorização de

empresa de trabalho temporário, etc.

É cabível o mandado de segurança contra ato que impeça ou coíba o abuso de

autoridade.

O prazo para propositura do mandado de segurança é de 120 dias. Tem natureza jurídica

decadencial.

O pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial, se

a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

Todo o procedimento do mandado de segurança encontra-se previsto na Lei nº

12.016/2009 que revogou expressamente a Lei nº 1.533/51.

Os pressupostos do mandado de segurança são: fumus boni iuris (fumaça do bom

direito) e o periculum in mora (perigo na demora).

Sempre que haja possibilidade de interposição de um recurso (judicial ou administrativo

sem efeito suspensivo) não caberá, na hipótese, o mandado de segurança.

A autoridade coatora será intimada para prestar informações no prazo de 10 dias.

É obrigatória a emissão de parecer do Ministério Público do Trabalho no prazo de 10

dias.

Com ou sem parecer do Ministério Público do Trabalho os autos serão conclusos ao

juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em 30 dias.

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Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.

Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de

jurisdição.

Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.

Pode o julgador conceder ou não a medida liminar postulada em sede de mandado de

segurança, cuja natureza jurídica é de antecipação de mérito.

A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada provisoriamente,

salvo nos casos em que for vedada a concessão de medida liminar.

Não se concederá medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos

tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação

ou equiparação de servidores públicos e a concessão ou aumento ou a extensão de

vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da

sentença. Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento.

As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas no artigo 7º da nova

Lei se estendem à tutela antecipada a que se referem os artigos 273 e 461 do Código de

Processo Civil.

O TST editou as seguintes súmulas sobre mandado de segurança:

Súmula 33 – MANDADO DE SEGURANÇA – DECISÃO JUDICIAL

TRANSITADA EM JULGADO.

Não cabe mandado de segurança de decisão judicial transitada em julgado.

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Súmula 424 – RECURSO ADMINISTRATIVO – PRESSUPOSTO DE

ADMISSBILIDADE – DEPÓSITO PRÉVIO DA MULTA

ADMINISTRATIVA – NÃO RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO

FEDERAL DO § 1º DO ART. 636 DA CLT. O § 1º do art. 636 da CLT,

que estabelece a exigência de prova do depósito prévio do valor da multa

cominada em razão de atuação administrativa como pressuposto de

admissibilidade de recurso administrativo, não foi recepcionado pela

Constituição Federal de 1988, ante a sua incompatibilidade com o inciso

LV do art. 5º.

Súmula 414 - MANDADO DE SEGURANÇA – ANTECIPAÇÃO DE

TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA.

I – A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta

impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável

mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter

efeito suspensivo a recurso.

II – No caso de tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da

sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da

inexistência de recurso próprio.

III – A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o

objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela

antecipada (ou liminar).

Súmula 415 – MANDADO DE SEGURANÇA – ART. 284 DO CPC –

APLICABILIDADE.

Exigindo o mandado de segurança prova documental pré-constituída,

inaplicável se torna o art. 284 do CPC quando verificada, na petição inicial

do mandamus, a ausência de documento indispensável ou de sua

autenticação.

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Súmula 416 – MANDADO DE SEGURANÇA – EXECUÇÃO – LEI N.

8.432/92, ART. 897, § 1º, DA CLT – CABIMENTO.

Devendo o agravo de petição delimitar justificadamente a matéria e os

valores objeto de discordância, não fere direito líquido e certo o

prosseguimento da execução quanto aos tópicos e valores não

especificados no agravo.

Súmula 417 – MANDADO DE SEGURANÇA – PENHORA EM

DINHEIRO.

I – Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que

determina penhora em dinheiro do executado, em execução definitiva,

para garantir crédito exequendo, uma vez que obedece à gradação prevista

no art. 655 do CPC.

II – Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o

executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro

fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do

art. 666, I, do CPC.

III – Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do

impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados

outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se

processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do

CPC.

Súmula 418 – MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À

CONCESSÃO DE LIMINAR OU HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO.

A concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade

do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado

de segurança.

20.2.4. Habeas corpus:

Nas palavras de Wagner D. Giglio o habeas corpus, expressão latina que significa ter a

disposição de seu próprio corpo, constitui a mais antiga salvaguarda do cidadão contra

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os desmandos do poder estatal, pois suas origens se encontram na Inglaterra do tempo

de João Sem Terra, que o introduziu na Magna Carta de 1215.

Continua o ilustre doutrinador a esclarecer que tal remédio constitucional foi inserido já

na Constituição do Império de 1824 e depois mantida na primeira Constituição

Republicana de 1891.

Em matéria trabalhista foi com a Emenda Constitucional nº 45/2004 que a competência

foi consagrada para apreciação do remédio constitucional, eis que expressamente

previsto, embora a jurisprudência fosse amplamente favorável à sua aplicabilidade.

Conforme previsto no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº 8906/94) não

há obrigatoriedade de impetração desse remédio heróico por meio de profissional

habilitado naquele Órgão de fiscalização profissional.

Como se trata de cerceamento da liberdade de locomoção o habeas corpus tem

prioridade absoluta sobre os outros processos.

No tocante à matéria objeto do remédio heróico é pacífico o entendimento de que a

hipótese mais corriqueira é aquela da prisão decretada pelo juiz do trabalho do

depositário infiel na execução trabalhista.

Nesse caso, decretada a prisão do depositário infiel pelo juiz do trabalho de primeiro

grau o habeas corpus deverá ser impetrado junto ao Tribunal Regional do Trabalho

respectivo.

No que pertine a essa hipótese de impetração do habeas corpus importa salientar que no

ano de 2008 o Supremo Tribunal Federal decidiu não ser possível o decreto prisional do

depositário infiel, na medida em que aderiu ao Pacto de São José da Costa Rica que

contempla prisão civil apenas no caso de dívida decorrente de alimentos. A propósito

disso, como já dito anteriormente, o Supremo Tribunal Federal aprovou a Súmula

Vinculante nº 25 que considera ilícita a prisão do depósito infiel, qualquer que seja a

modalidade do depósito.

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Surgiu uma nova situação fática na qual foi admitido o remédio heróico do habeas

corpus, qual seja, o do jogador de futebol “Oscar” que, vinculado ao São Paulo Futebol

Clube não queria mais jogar por aquela agremiação. Assinou contrato com o Clube de

Futebol Internacional. No julgamento de ação trabalhista proposta pelo São Paulo

Futebol Clube foi determinado o retorno do jogador àquela agremiação. O Clube de

Futebol Internacional impetrou um habeas corpus que lhe permitiu continuar nesse

clube.

É obrigatória a emissão de parecer do Ministério Público do Trabalho no habeas corpus.

Segundo Wagner D. Giglio da decisão denegatória do habeas corpus pelo juiz do

trabalho de Tribunal Regional cabível é o Recurso Ordinário para o Tribunal Superior

do Trabalho.

20.2.5. Ação de Consignação em Pagamento:

Consiste na propositura de uma ação por parte do empregador em face do empregado a

fim de desonerar de mora o primeiro por conta de juros, correção monetária e também

da multa do artigo 477, parágrafo 8º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

20.2.5.1. Hipóteses – situações mais freqüentes em matéria trabalhista segundo Wagner

D. Giglio:

a) recusa de recebimento pelo empregado dos salários ou das verbas rescisórias, ou dar

a respectiva quitação, sem justo motivo;

b) quando o empregado deixa de comparecer ao local de trabalho para receber salários,

ou ao sindicato da categoria ou perante autoridade do Ministério do Trabalho para

homologação da rescisão contratual;

c) quando o empregado for declarado ausente, ou falecer deixando saldo de salário e

seus herdeiros forem desconhecidos e quando o empregado se tornar legalmente

incapaz;

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d) quando, embora conhecidos, houver litígio entre os herdeiros do empregado falecido

sobre o direito ao saldo de salário;

e) quando houver litígio entre o empregado e pessoa que seja seu credor por alimentos.

-cabimento no processo do trabalho – a doutrina é pacífica no entendimento que cabe

ação consignatória de pagamento no processo do trabalho, por força do disposto no

artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho.

20.2.5.2. Consignação extrajudicial – Lei nº 8951/94 de 13/12/94 acrescentou

parágrafos ao artigo 890 do Código de Processo Civil que tratam da consignação

extrajudicial – não tem sido utilizada em matéria trabalhista.

20.2.5.3. Consignação judicial – esta tem larga aplicação no processo do trabalho.

20.2.5.4. Procedimento segundo Sérgio Pinto Martins:

a) Petição inicial – deverá o consignante requerer o depósito da quantia a ser efetivado

no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese em que o

depósito já tenha sido feito.

b) O juiz designará dia, hora e local para que o depósito seja feito e para o respectivo

levantamento.

c) Citação (notificação) – é automática no processo do trabalho.

d) Deverá o réu – consignado – levantar o depósito ou oferecer defesa.

e) Contestação: ausência do autor – arquivamento do feito (artigo 844 do Código de

Processo Civil). Ausência do réu – aplicação dos efeitos da revelia e conseqüente pena

de confissão quanto à matéria de fato.

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f) Alegações do réu na defesa que pode ser escrita ou oral no tempo de 20 (vinte)

minutos:

-não houve recusa ou mora para o recebimento da quantia;

-foi justa a recusa;

-o depósito não foi efetuado no prazo ou no lugar do pagamento;

-o depósito não é integral – nessa hipótese o réu deverá indicar o montante que entende

devido.

g) Depósito pode ser feito na conta vinculada ou em conta judicial com rendimento de

juros e correção monetária.

h) Uma vez contestada a ação consignatória passa-se ao rito ordinário. É permitida a

produção de provas.

i) Reconvenção – é possível desde que se trate do mesmo objeto e da mesma causa de

pedir. Deve ser apresentada em peça autônoma. Em havendo divergência quanto aos

pedidos e quanto à causa de pedir não caberá ação reconvencional. Exemplo: na ação se

consignam verbas rescisórias e na reconvenção se postula o pagamento de horas extras.

j) Se o consignado receber e der quitação o juiz extinguirá o processo com julgamento

do mérito devendo ser condenado no pagamento das custas, salvo se isento.

k) Sentença: deverá o juiz estabelecer expressamente quais verbas que estão sendo

quitadas para que não haja dúvida a respeito do que está sendo pago, pois o empregado

poderá ter interesse em propor outra ação e a empresa irá alegar coisa julgada.

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Observação: não raro o empregado – consignado – comparece à audiência sem

advogado ante o recebimento da notificação pelo Juízo. Desnecessário tecer

esclarecimentos acerca da hipossuficiência da maioria dos trabalhadores brasileiros.

Assim, é dever do juiz orientar à exaustão o trabalhador acerca de eventual

requerimento do empregador – consignante – no sentido de se dar quitação total ao

contrato de trabalho e se recusar a fazê-lo sempre com o intuito de preservar direitos do

trabalhador se postula-los futuramente.

20.2.6. Prestação de Contas:

A doutrina tem adotado entendimento pacífico quanto à possibilidade de propositura de

ação de prestação de contas em matéria trabalhista. Todavia, mister destacar que tal

ação não tem sido usada regularmente na Justiça do Trabalho. É uma espécie de ação

cominatória.

As hipóteses trazidas por Wagner D. Giglio e Sérgio Pinto Martins são decorrentes da

controvérsia entre empregado vendedor ou cobrador e seu empregador, ou também de

empregado comprador que pretende prestar contas ao empregador do que comprou dos

fornecedores.

Esclarece Sérgio Pinto Martins que normalmente o vendedor comissionista não recebe

as comissões das vendas realizadas, nem lhe são ofertadas as cópias dos pedidos de

vendas, para que possa ter controle do que vendeu, pagando-lhe o empregador com

adiantamentos e na forma de vales. Valer-se-ia o empregado, assim, da ação de

prestação de contas para exigir do empregador o demonstrativo das vendas realizadas e

das correspondentes comissões que lhe deveriam ser pagas.

Na prática, diz o doutrinador supracitado, o empregado costuma ingressar com a

reclamação trabalhista para que o empregador não só exiba os pedidos de vendas como

pague a diferença das comissões não recebidas.

Referida ação pode ser ajuizada tanto por quem tiver o direito de exigi-las ou a

obrigação de prestá-las.

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Aplica-se, no que couber, subsidiariamente o disposto no artigo 914 e seguintes do

Código de Processo Civil.

20.2.7. Ações Possessórias:

A doutrina nunca foi unânime acerca da possibilidade ou não do ajuizamento de ações

possessórias. Sempre pareceu-nos razoável acerca da possibilidade dessas ações na

Justiça do Trabalho, desde decorrentes da relação de emprego. Exemplos podem ser

citados: imóvel utilizado pelo empregado para o exercício do trabalho ou ferramentas

não devolvidas pelo empregado ou mostruários de vendas.

Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 que alterou o artigo 114 da

Constituição Federal de 1988 a competência da Justiça do Trabalho foi ampliada para

apreciar todos os litígios decorrentes do direito de greve (grifei e negritei).

Nessa esteira de raciocínio a partir da Emenda Constitucional nº 45/2004 à Justiça do

Trabalho compete apreciar ações de interditos proibitórios ou ações de reintegração de

posse no caso de deflagração de movimento paredista, além de outras ações

possessórias decorrentes desse fato.

Como já dito anteriormente, em decisão de 2008 o Supremo Tribunal Federal entendeu

que as ações possessórias de interditos proibitórios decorrentes de atos de greve são de

competência da Justiça do Trabalho. Nesse sentido a Súmula Vinculante nº 25 daquela

Corte.

20.2.8. Restauração de autos:

A Consolidação das Leis do Trabalho é omissa quanto à restauração de autos

trabalhistas desaparecidos. Portanto, resta aplicável subsidiariamente o contido nos

artigos 1063 a 1069 do Código de Processo Civil.

Explica Wagner D. Giglio que a restauração de autos somente no caso de ausência de

autos suplementares.

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Esclarece o renomado doutrinador, ainda, que se já houverem sido produzidas provas e

não existirem cópias (de atas, documentos, laudos, etc) para substituí-las, serão

repetidas, reinquirindo-se partes e testemunhas, realizando-se nova perícia e suprindo-se

os documentos originais por outros meios de prova, limitada à existência dos mesmos

documentos. Se qualquer testemunha houver falecido ou se achar impossibilitada de

depor, seu depoimento poderá ser comprovado pela inquirição de novas testemunhas,

suprindo-se de forma idêntica o laudo do perito falecido ou impossibilitado, por outra

razão, de renová-lo.

Se o juiz possuir cópia da sentença, será juntada aos autos e terá a mesma autoridade da

original.

Se porventura posteriormente aparecerem os autos originais a eles serão apensados os

restaurados, prosseguindo-se com o processamento normal daqueles.

20.2.09. Ação Civil Pública:

Ação civil pública é o tipo de ação onde se postula em juízo a defesa de direitos difusos,

interesses coletivos e interesses individuais homogêneos.

Tendo em vista que o objeto da ação ultrapassa a esfera individual de direitos costuma-

se dizer que a ação civil pública tutela direitos transindividuais.

Direitos difusos são aqueles de natureza transindividual, de natureza indivisível, de que

sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.

Direitos coletivos são aqueles de natureza transindividual, de natureza indivisível, de

que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte

contrária por uma relação jurídica base.

Direitos individuais homogêneos são aqueles decorrentes de origem comum.

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A ação civil pública está regulada na Lei nº 7.347/85 e complementada pela Lei nº

8.078/90.

Difere a ação civil pública da ação de dissídio coletivo, na medida em que a primeira

implica na prolação de sentença condenatória, enquanto que a segunda implica na

prolação de sentença declaratória-constitutiva.

A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho já se posicionou de forma taxativa

no sentido de que a ação civil pública deve ser proposta perante a Vara do Trabalho e

não perante o Tribunal Regional do Trabalho, eis que tal deve ocorrer no local do dano

(artigo 2º da Lei nº 7.347/85).

Vários são os co-legitimados para a propositura da ação civil pública (artigo 5º da Lei nº

7.347/85). Todavia, quem mais a utiliza é o Ministério Público.

Em matéria trabalhista, também é co-legitimado o sindicato da categoria profissional.

Todavia, pouco uso faz desse remédio processual. Isto porque o poder investigatório é

atribuição exclusiva do Ministério Público do Trabalho, órgão com poderes de requisitar

documentos, realizar diligências etc.

Como já dito aqui o pleito é condenatório em obrigação de fazer ou não fazer ou o

pagamento de multa.

A atuação do Ministério Público do Trabalho pode ser como órgão agente ou como

órgão interveniente. Como órgão agente o Ministério Público do Trabalho instara

inquéritos civis públicos e ajuíza ações civis públicas, enquanto que como órgão

interveniente o Ministério Público do Trabalho emite pareceres circunstanciados em

processos nos quais haja interesse público.

Exemplos de atuação do Ministério Público do Trabalho como Órgão Agente:

a) discriminação dos trabalhadores.

b) falso cooperativismo de trabalho.

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c) meio-ambiente do trabalho.

d) lides simuladas.

e) contratação de servidores públicos celetistas sem prévia realização de concurso

público.

f) trabalho escravo.

g) revista vexatória promovida por empresas aos seus empregados.

Sobre a competência para apreciação da Ação Civil Pública importa trazer à colação a

Orientação Jurisprudencial nº 130 da Seção de Dissídios Individuais II do TST:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA. LOCAL DO DANO. LEI

7.347/85, ART. 2º. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR,

ARTIGO 93.

I – A competência para a Ação Civil Pública fixa-se pela extensão do

dano.

II – Em caso de dano de abrangência regional, que atinge cidades

sujeitas à jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho, a competência

será de qualquer das varas das localidades atingidas, ainda que

vinculadas a Tribunais Regionais do Trabalho distintos.

III – Em caso de dano de abrangência suprarregional ou nacional, há

competência concorrente para a ação civil pública das varas do trabalho

das sedes dos Tribunais Regionais do Trabalho;

IV - Estará prevento o juízo a que a primeira ação houver sido

distribuída.

20.2.10. Medidas Cautelares Nominadas e Inominadas:

Como já dito, as medidas cautelares visam a garantir o resultado prático do processo

principal. Estão reguladas no artigo 796 e seguintes do Código de Processo Civil.

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No dizer de Sérgio Pinto Martins medida cautelar é a ação que visa estabelecer meios

processuais para garantia de futura execução do julgado ou a garantia de proteção

probatória. Pode ser jurisdicional, que tem por objetivo assegurar a execução do

julgado, como no arresto ou no seqüestro ou administração pública de interesses

privados, como o protesto, a notificação ou a interpelação.

Humberto Teodoro Junior, entende por medida cautelar como a providência concreta

tomada pelo órgão judicial para eliminar uma situação de perigo para direito ou

interesse de um litigante, mediante conservação do estado de fato ou de direito que

envolve as partes, durante todo tempo necessário para desenvolvimento do processo

principal.

As medidas cautelares podem ser preparatórias, quando ainda não proposta a ação

principal, ou incidentais, quando já ajuizada a ação principal.

Os pressupostos da ação cautelar são: fumus boni iuris (fumaça do bom direito) e o

periculum in mora (perigo na demora).

Lembra Sérgio Pinto Martins que a ação cautelar não pode ser utilizada como medida

satisfativa para obtenção do direito material.

Esclarece Amauri Mascaro Nascimento que a eficácia da medida autorizada é de trinta

dias, prazo dentro qual o requerente tem de propor a ação, quando se trata de medida

cautelar preparatória. Cumprido o prazo, estende-se a eficácia até o processo principal.

As ações cautelares podem ser nominadas e inominadas.

As ações cautelares nominadas estão previstas no artigo 813 e seguintes do Código de

Processo Civil. São elas o arresto, o seqüestro, a caução, a busca e apreensão, a

exibição, a produção antecipada de provas, os alimentos provisionais, o arrolamento de

bens, a justificação, os protestos, notificações e interpelações e o atentado.

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Para Manoel Antonio Teixeira Filho, citado por Sérgio Pinto Martins, é possível

também a propositura de ação cautelar inominada com o objetivo de obter do juiz um

decreto de indisponibilidade de bens do empregador, embora não tenha prova literal de

dívida líquida e certa, como ocorreria no arresto.

As medidas cautelares são requeridas ao juiz da causa e, quando preparatórias, ao juiz

competente para conhecer da ação principal.

O recurso cabível no processo do trabalho é o recurso ordinário.

Pode ser concedida medida liminar inaudita altera parte ou após justificação prévia

daquilo que foi postulado na exordial.

As medidas liminares podem ser revogadas a qualquer tempo, como previsto no artigo

807 do Código de Processo Civil.

20.2.11. Ação Anulatória:

A ação anulatória cabível no processo de trabalho refere-se às cláusulas convencionais.

Para Renato Saraiva a ação anulatória consiste numa ação de conhecimento, de natureza

constitutiva-declaratória, que tem por objetivo a declaração de nulidade de cláusulas

estabelecidas em convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de trabalho, ou

mesmo em contratos individuais de trabalho, que violem as liberdades individuais ou

coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores.

Embora a competência para apreciar referida ação seja controvertida o entendimento

que prevalece na doutrina é no sentido de que, por tratar-se de ação de natureza coletiva,

são competentes os Tribunais Regionais do Trabalho ou o Tribunal Superior do

Trabalho, dependendo da abrangência territorial dos entes acordantes da respectiva

convenção coletiva de trabalho ou do acordo coletivo de trabalho.

Para o citado doutrinador, se se tratar de cláusula de contrato individual de trabalho a

competência para apreciar o litígio é das Varas do Trabalho.

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Por outro lado, com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004, outro tipo de ação

anulatória de competência da Justiça do Trabalho é aquela na qual pretende uma

empresa obter pronunciamento favorável no sentido de anular auto de infração emitido

pelos órgãos de fiscalização do trabalho como, por exemplo, no caso de nesse auto de

infração faltar capitulação legal ou mesmo quando contiver capitulação errônea em

relação ao fato narrado no referido documento.

20.2.12. Ação Rescisória:

Para Wagner D. Giglio o pressuposto para o ajuizamento de uma ação rescisória é o

trânsito em julgado de uma decisão. Isto porque se a decisão não transitou em julgado é

porque ainda passível de impugnação pela via recursal.

Referida decisão que transitou em julgado e que pode ser objeto da ação rescisória deve

deverá ter apreciado o mérito do litígio.

Para Manoel Antonio Teixeira Filho ação rescisória é aquela por meio da qual se pede a

desconstituição da coisa julgada, nos casos previstos em lei, podendo haver novo

julgamento da causa.

De acordo com o artigo 836 da Consolidação das Leis do Trabalho é cabível a ação

rescisória no processo do trabalho. Contudo, as hipóteses de cabimento são aquelas

previstas no artigo 485 do Código de Processo Civil, de aplicação subsidiária no

processo do trabalho, por força do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho.

É pressuposto para o ajuizamento da ação rescisão que o autor deposite 20% (vinte por

cento) do valor atribuído à causa, salvo prova de miserabilidade jurídica (artigo 836, da

Consolidação das Leis do Trabalho, in fine).

O prazo para a propositura é de 2 (dois) anos a partir do trânsito em julgado,prazo esse

de natureza decadencial, conforme artigo 495 do Código de Processo Civil.

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1ª Observação: Súmula 259 do Tribunal Superior do Trabalho - somente por ação

rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no parágrafo único do artigo

831 da Consolidação das Leis do Trabalho. Dispõe a Súmula 259:

Súmula 259 – TERMO DE CONCILIAÇÃO – AÇÃO RESCISÓRIA.

Só por ação rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no

parágrafo único do art. 831 da CLT.

2ª Observação: Além disso, preleciona a Súmula 100 do Tribunal Superior do Trabalho:

Súmula 100 - AÇÃO RESCISÓRIA – DECADÊNCIA.

I – O prazo de decadência, na ação rescisória, conta-se do dia imediatamente

subsequente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa,

seja de mérito ou não.

II – Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-

se em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial

para a ação rescisória do trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o

recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar insubsistente a

decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em

julgado da decisão que julgar o recurso parcial.

III – Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso

intempestivo ou a interposição de recurso incabível não protrai o termo

inicial do prazo decadencial.

IV – O juízo rescindente não está adstrito à certidão de trânsito em julgado

juntada com a ação rescisória, podendo formar sua convicção através de

outros elementos dos autos quanto à antecipação ou postergação do dies a

quo do prazo decadencial.

V - O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível,

na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em

julgado na data da sua homologação judicial.

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VI – Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação

rescisória somente começa a fluir para o Ministério Público, que não

interveio no processo principal, a partir do momento em que tem ciência da

fraude.

VII – Não ofende o princípio do duplo grau de jurisdição a decisão do TST

que, após afastar a decadência em sede de recurso ordinário, aprecia desde

logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em

condições de imediato julgamento.

VIII – A exceção de incompetência, ainda que oposta no prazo recursal, sem

ter sido aviado o recurso próprio, não tem o condão de afastar a consumação

da coisa julgada e, assim, postergar o termo inicial do prazo decadencial

para a ação rescisória.

IX – Prorroga-se até o primeiro dia útil, imediatamente subsequente, o prazo

decadencial para ajuizamento de ação rescisória quando expira em férias

forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que não houve expediente

forense. Aplicação do art. 775 da CLT.

X – Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o decurso do

prazo legal previsto para a interposição do recurso extraordinário, apenas

quando esgotadas todas as vias recursais ordinárias.

Outras Súmulas do TST que tratam de ação rescisória:

Súmula 158 – AÇÃO RESCISÓRIA – RECURSO.

Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho, em ação rescisória, é

cabível recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho, em

face da organização judiciária trabalhista.

Súmula 192 – AÇÃO RESCISÓRIA – COMPETÊNCIA E

POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO.

I – Ser não houver o conhecimento de recurso de revista ou de

embargos, a competência para julgar ação que vise a rescindir a

decisão de mérito é do Tribunal Regional do Trabalho, ressalvado o

disposto no item II.

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II – Acórdão rescindendo do Tribunal Superior do Trabalho que não

conhece de recurso de embargos ou de revista,

III – Em face do disposto no art. 512, do CPC, é juridicamente

impossível o pedido explícito de desconstituição de sentença quando

substituída por acórdão de Tribunal Regional ou superveniente

sentença homologatória de acordo que puser fim ao litígio.

IV – É manifesta a impossibilidade jurídica do pedido de rescisão de

julgado proferido em agravo de instrumento que, limitando-se a aferir

o eventual desacerto do juízo negativo de admissibilidade do recurso

de revista, não substitui o acórdão regional, na forma do art. 512 do

CPC.

V – A decisão proferida pela SDI, em sede de agravo regimental,

calcada na Súmula n. 333, substitui acórdão de Turma do TST, porque

emite juízo de mérito, comportando, em tese, o corte rescisório.

Súmula 298 – AÇÃO RESCISÓRIA – VIOLAÇÃO DE LEI –

PREQUESTIONAMENTO.

I – A conclusão acerca da ocorrência de violação literal de lei,

pressupõe pronunciamento explícito, na sentença rescindenda, sobre a

matéria veiculada.

II – O prequestionamento exigido em ação rescisória diz respeito à

matéria e ao enfoque específico da tese debatida na ação e não,

necessariamente, ao dispositivo legal tido por violado. Basta que o

conteúdo de norma, reputada como violada, tenha sido abordado na

decisão rescindenda para que se considere preenchido o pressuposto

do prequestionamento.

III – Para efeito de ação rescisória, considera-se prequestionada, a

matéria tratada na sentença quando, examinando remessa de ofício, o

Tribunal simplesmente a confirma.

IV – A sentença meramente homologatória, que silencia sobre os

motivos de convencimento do juiz, não se mostra rescindível, por

ausência de prequestionamento.

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V – Não é absoluta a exigência de prequestionamento na ação

rescisória. Ainda que a ação rescisória tenha por fundamento violação

de dispositivo legal, é prescindível o prequestionamento quando o

vício nasce no próprio julgamento, como se dá com a sentença extra,

citra e ultra petita.

Súmula 299 – AÇÃO RESCISÓRIA – DECISÃO RESCINDENDA –

TRÂNSITO EM JULGADO – COMPROVAÇÃO – EFEITOS.

I – É indispensável ao processamento da ação rescisória a prova do

trânsito em julgado da decisão rescindenda.

II – Verificando o relator que a parte interessada não juntou à inicial o

documento comprobatório, abrirá prazo de 10 (dez) dias para que o

faça, sob pena de indeferimento.

III – A comprovação do trânsito em julgado da decisão rescindenda é

pressuposto processual indispensável ao tempo do ajuizamento da ação

rescisória. Eventual trânsito em julgado posterior ao ajuizamento da

ação rescisória não reabilita a ação proposta, na medida em que o

ordenamento jurídico não contempla a ação rescisória preventiva.

IV – O pretenso vício de intimação, posterior à decisão que se

pretende rescindir, se efetivamente ocorrido, não permite a formação

da coisa julgada material. Assim, a ação rescisória deve ser julgada

extinta, sem julgamento do mérito, por carência de ação, por inexistir

decisão transitada em julgado a ser rescindida.

Súmula 397 – AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, IV, DO CPC –

AÇÃO DE CUMPRIMENTO – OFENSA À COISA JULGADA

EMANADA DE SENTENÇA NORMATIVA MODIFICADA EM

GRAU DE RECURSO – INVIABILIDADE – CABIMENTO DE

MANDADO DE SEGURANÇA.

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Não procede ação rescisória calcada em ofensa à coisa julgada

perpetrada por decisão proferida em ação de cumprimento, em face de

a sentença normativa, na qual se louvava, ter sido modificada em grau

de recurso, porque em dissídio coletivo somente se consubstancia

coisa julgada formal. Assim, os meios processuais aptos a atacarem a

execução da cláusula reformada são a exceção de pré-executividade e

o mandado de segurança, no caso de descumprimento do art. 572 do

CPC.

Súmula 398 – AÇÃO RESCISÓRIA – AUSÊNCIA DE DEFESA –

INAPLICÁVEIS OS EFEITOS DA REVELIA.

Na ação rescisória, o que se ataca na ação é a sentença, ato oficial do

Estado, acobertado pelo manto da coisa julgada. Assim sendo, e

considerando que a coisa julgada envolve questão de ordem pública, a

revelia não produz confissão na ação rescisória.

Súmula 399 – AÇÃO RESCISÓRIA – CABIMENTO – SENTENÇA

DE MÉRITO. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DE

ADJUDICAÇÃO, DE ARREMATAÇÃO E DE CÁLCULOS.

I – É incabível ação rescisória para impugnar decisão homologatória

de adjudicação ou de arrematação.

II – A decisão homologatória de cálculos apenas comporta rescisão

quando enfrentar as questões envolvidas na elaboração da conta de

liquidação, quer solvendo a controvérsia das partes quer explicitando,

de ofício, os motivos pelos quais acolheu os cálculos oferecidos por

uma das partes ou pelo setor de cálculos, e não contestados pela outra.

Súmula 400 – AÇÃO RESCISÓRIA DE AÇÃO RESCISÓRIA –

VIOLAÇÃO DE LEI – INDICAÇÃO DOS MESMOS

DISPOSITIVOS LEGAIS APONTADOS NA RESCISÓRIA

PRIMITIVA.

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Em se tratando de rescisória de rescisória, o vício apontado deve

nascer na decisão rescindenda, não se admitindo a rediscussão do

acerto do julgamento da rescisória anterior. Assim, não se admite

rescisória calcada no inciso V do art. 485 do CPC para discussão, por

má aplicação dos mesmos dispositivos de lei, tidos por violados na

rescisória anterior, bem como para arguição de questões inerentes à

ação rescisória primitiva.

Súmula 401 – AÇÃO RESCISÓRIA – DESCONTOS LEGAIS –

FASE DE EXECUÇÃO – SENTENÇA EXEQUENDA OMISSA –

INEXISTÊNCIA DE OFENSA À COISA JULGADA.

Os descontos previdenciários e fiscais devem ser efetuados pelo juízo

executório, ainda que a sentença exequenda tenha sido omissa sobre a

questão, dado o caráter de ordem pública ostentado pela norma que os

disciplina. A ofensa à coisa julgada somente poderá ser caracterizada

na hipótese de o título exequendo, expressamente, afastar a dedução

dos valores a título de imposto de renda e de contribuição

previdenciária.

Súmula 402 – AÇÃO RESCISÓRIA – DOCUMENTO NOVO –

DISSÍDIO COLETIVO – SENTENÇA NORMATIVA.

Documento novo é o cronologicamente velho, já existente ao tempo da

decisão rescindenda, mas ignorado pelo interessado ou de impossível

utilização, à época, no processo. Não é documento novo apto a

viabilizar a desconstituição de julgado:

a) sentença normativa proferida ou transitada em julgado

posteriormente à sentença rescindenda;

b) sentença normativa preexistente à sentença rescindenda, mas não

exibida no processo principal, em virtude de negligência da parte,

quando podia e deveria louvar-se de documento já existente e não

ignorado quando emitida a decisão rescindenda.

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Súmula 403 – AÇÃO RESCISÓRIA – DOLO DA PARTE

VENCEDORA EM DETRIMENTO DA VENCIDA – ART. 485, III,

DO CPC.

I – Não caracteriza dolo processual, previsto no art. 485, III, do CPC, o

simples fato de a parte vencedora haver silenciado a respeito de fatos

contrários a ela, porque o procedimento, por si só, não constitui ardil

do qual resulte cerceamento de defesa e, em consequência, desvie o

juiz de uma sentença não-condizente com a verdade.

II – Se a decisão rescindenda é homologatória de acordo, não há parte

vencedora ou vencida, razão pela qual não é possível a sua

desconstituição calcada no inciso III do art. 485 do CPC (dolo da parte

vencedora em detrimento da vencida), pois constitui fundamento de

rescindibilidade que supõe solução jurisdicional para a lide.

Súmula 404 – AÇÃO RESCISÓRIA – FUNDAMENTO PARA

INVALIDAR CONFISSÃO – CONFISSÃO FICTA –

INADEQUAÇÃO DO ENQUADRAMENTO NO ART. 485, VIII,

DO CPC.

O art. 485, VIII, do CPC, ao tratar do fundamento para invalidar a

confissão como hipótese de rescindibilidade da decisão judicial,

refere-se à confissão real, fruto de erro, dolo ou coação, e não à

confissão ficta resultante de revelia.

Súmula 405 – AÇÃO RESCISÓRIA – LIMINAR – ANTECIPAÇÃO

DE TUTELA.

I – Em face do que dispõe a MP 1.984-22/00 e reedições e o artigo

273, § 7º, do CPC, é cabível o pedido liminar formulado na petição

inicial de ação rescisória ou na fase recursal, visando a suspender a

execução da decisão rescindenda.

II – O pedido de antecipação de tutela, formulado nas mesmas

condições, será recebido como medida acautelatória em ação

rescisória, por não se admitir tutela antecipada em sede de ação

rescisória.

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Súmula 406 – AÇÃO RESCISÓRIA – LITISCONSÓRCIO –

NECESSÁRIO NO PÓLO PASSIVO E FACULTATIVO NO ATIVO

– INEXISTENTE QUANTO AOS SUBSTITUÍDOS PELO

SINDICATO.

I – O litisconsórcio, na ação rescisória, é necessário em relação ao pólo

passivo da demanda, porque supõe uma comunidade de direitos ou de

obrigações que não admite solução díspar para os litisconsortes, em

face da indivisibilidade do objeto. Já em relação ao pólo ativo, o

litisconsórcio é facultativo, uma vez que a aglutinação de autores se

faz por conveniência e não pela necessidade decorrente da natureza do

litígio, pois não se pode condicionar o exercício do direito individual

de um dos litigantes no processo originário à anuência dos demais para

retomar a lide.

II – O Sindicato, substituto processual e autor da reclamação

trabalhista, em cujos autos fora proferida a decisão rescindenda, possui

legitimidade para figurar como réu na ação rescisória, sendo descabida

a exigência de citação de todos os empregados substituídos, porquanto

inexistente litisconsórcio passivo necessário.

Súmula 407 – AÇÃO RESCISÓRIA – MINISTÉRIO PÚBLICO –

LEGITIMIDADE AD CAUSAM PREVISTA NO ART. 487, III, “A” E

“B” DO CPC – AS HIPÓTESES SÃO MERAMENTE

EXEMPLIFICATIVAS.

A legitimidade ad causam do Ministério Público para propor ação

rescisória, ainda que não tenha sido parte no processo que deu origem

à decisão rescindenda, não está limitada às alíneas “a” e “b” do inciso

III do art. 487 do CPC, uma vez que traduzem hipóteses meramente

exemplificativas.

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Súmula 408 – AÇÃO RESCISÓRIA – PETIÇÃO INICIAL – CAUSA

DE PEDIR – AUSÊNCIA DE CAPITULAÇÃO OU CAPITULAÇÃO

ERRÔNEA NO ART. 485 DO CPC – PRINCÍPIO IURA NOVIT

CURIA.

Não padece de inépcia a petição inicial de ação rescisória apenas

porque omite a subsunção do fundamento de rescindibilidade no art.

485 do CPC ou o capitula erroneamente em um de seus incisos.

Contanto que não se afaste dos fatos e fundamentos jurídicos

invocados como causa de pedir, ao Tribunal é lícito emprestar-lhes a

adequada qualificação jurídica (iura novit curia). No entanto,

fundando-se a ação rescisória no art. 485, inc. V, do CPC, é

indispensável expressa indicação, na petição inicial da ação rescisória,

do dispositivo legal violado, por se tratar de causa de pedir da

rescisória, não se aplicando, no caso, o princípio iura novit curia.

Súmula 409 – AÇÃO RESCISÓRIA – PRAZO PRESCRICIONAL –

TOTAL OU PARCIAL – VIOLAÇÃO DO ART. 7º, XXIX, DA

CF/88 – MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL.

Não procede ação rescisória calcada em violação do art. 7º, XXIX, da

CF/88 quando a questão envolve discussão sobre a espécie de prazo

prescricional aplicável aos créditos trabalhistas, se total ou parcial,

porque a matéria tem índole infraconstitucional, construída, na Justiça

do Trabalho, no plano jurisprudencial.

Súmula 410 – AÇÃO RESCISÓRIA – REEXAME DE FATOS E

PROVAS - INVIABILIDADE.

A ação rescisória calcada em violação de lei não admite reexame de

fatos e provas do processo que originou a decisão rescindenda.

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Súmula 411 – AÇÃO RESCISÓRIA – SENTENÇA DE MÉRITO –

DECISÃO DE TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO EM

AGRAVO REGIMENTAL CONFIRMANDO DECISÃO

MONOCRÁTICA DO RELATOR QUE, APLICANDO A SÚMULA

N. 83 DO TST, INDEFERIU A PETIÇÃO INICIAL DA AÇÃO

RESCISÓRIA – CABIMENTO.

Se a decisão recorrida, em agravo regimental, aprecia a matéria na

fundamentação, sob o enfoque das Súmulas ns. 83 do TST e 343 do

STF, constitui sentença de mérito, ainda que haja resultado no

indeferimento da petição inicial e na extinção do processo sem

julgamento do mérito. Sujeita-se, assim, à reforma pelo TST, a decisão

do Tribunal que, invocando controvérsia na interpretação da lei,

indefere-se a petição inicial de ação rescisória.

Súmula 412 – AÇÃO RESCISÓRIA – SENTENÇA DE MÉRITO –

QUESTÃO PROCESSUAL.

Pode uma questão processual ser objeto de rescisão desde que consista

em pressuposto de validade de uma sentença de mérito.

Súmula 413 – AÇÃO RESCISÓRIA – SENTENÇA DE MÉRITO –

VIOLAÇÃO DO ART. 896, “A”, DA CLT.

É incabível ação rescisória, por violação do art. 896, “a”, da CLT,

contra decisão que não conhece de recurso de revista, com base em

divergência jurisprudencial, pois não se cuida de sentença de mérito.

20.2.12.1. Hipóteses de cabimento:

a) se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz.

b) proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente.

c) resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão

entre as partes, a fim de fraudar a lei.

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d) ofender a coisa julgada.

e) violar literal disposição de lei.

f) se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja

provada na própria ação rescisória.

g) depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de

que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável.

h) houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se

baseou a sentença.

i) fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa.

A competência originária para apreciar a ação rescisória é dos Tribunais Regionais do

Trabalho ou do Tribunal Superior do Trabalho.

Distribuída a ação rescisória, que sempre deve ser por escrito, com os requisitos do

artigo 840, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho e dos artigos 282 e 283

do Código de Processo Civil por aplicação subsidiária, será sorteado o relator.

O relator determinará a citação do réu para apresente sua defesa no prazo de 15 a 30

dias, conforme artigo 491 do Código de Processo Civil.

Lembra Wagner D. Giglio que a ação rescisória não suspende a execução do julgado

rescindendo, mas a Lei nº 11.280/2006 alterou o texto do artigo 489 do Código de

Processo Civil para ressalvar, cautelosamente, a concessão, caso imprescindíveis e sob

os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de

tutela, seguindo uma tendência revelada há tempos pela jurisprudência trabalhista.

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Na peça vestibular o pleito, dependendo do inciso invocado do artigo 485 do Código de

Processo Civil, poderá ser de corte rescisório e da prolação de nova decisão ou apenas

de corte rescisório.

Exemplo no qual se postula apenas o corte rescisório ocorre quando invocada violação

da coisa julgada ou de decisão proferida por juiz absolutamente incompetente.

20.2.13. Ação Monitória:

Ação prevista pela Lei nº 9.079/95 de 14/07/95 que inseriu os artigos 1102a a 1102c no

Código de Processo Civil, como espécie de procedimento especial.

Monitório, segundo Sérgio Pinto Martins, é sinônimo de injunção, ordem ou aviso

formal do juiz: mandado judicial. Para o ilustre doutrinador a monitória seria uma

advertência destinada ao devedor para que pague ou entregue alguma coisa.

Natureza jurídica: é uma ação especial. Uma vez contestada assume o rito ordinário.

Finalidade: visa a formação do título executivo, mediante cognição sumária, mediante a

expedição de um mandado ao devedor.

Classificação: (Sérgio Pinto Martins) - duas formas:

a) puro – quando não há prova documental.

b) documental – quando há necessidade de prova escrita da obrigação.

20.2.13.1. Direito Pátrio – adotou o legislador pátrio a segunda forma, conforme artigo

1102a do Código de Processo Civil, in verbis: A ação monitória compete a quem

pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de

soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.

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20.2.13.2. Cabimento no processo do trabalho – Sérgio Pinto Martins entende ser

incabível referida ação no processo do trabalho (Direito Processual do Trabalho, Ed.

Atlas, 21ª ed., 2004, pág. 552). Outros doutrinadores entendem ser plenamente cabível.

É o caso de Wagner D. Giglio (Direito Processual do Trabalho, Ed. Saraiva, 13ª ed.,

2003, págs. 291/292) e de Leonardo Dias Borges (Direito Processual do Trabalho, Ed.

Impetus, 4ª ed., 2004, pág. 314).

20.2.13.3. Exemplos de cabimento da ação monitória no processo do trabalho:

a) Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho - TRCT não quitado.

b) acordo para pagamento parcelado das verbas rescisórias.

c) confissão de dívida.

Observação: não cabe ação monitória em face da Fazenda Pública tendo em vista que a

execução deve obedecer ao contido nos artigos 730 e 731 do Código de Processo Civil.

20.2.13.4. Competência para apreciação: juiz do trabalho de primeiro grau ou juiz de

direito de primeiro grau investido da jurisdição trabalhista.

20.2.13.5. Procedimento segundo Wagner D. Giglio:

a) Propositura de ação em obediência ao contido no artigo 840, parágrafo 1º, da

Consolidação das Leis do Trabalho. Após análise perfunctória, se o juiz do trabalho

estiver convencido acerca do pedido e da prova escrita deferirá a expedição de mandado

para que o réu efetue o pagamento ou a entrega no prazo de 15 dias (artigo 1102b do

Código de Processo Civil). Em caso contrário, o juiz indeferirá o pedido de injunção,

em decisão terminativa do procedimento monitório que abre margem a recurso de

agravo de petição.

b) Tomando ciência da ordem judicial o réu poderá ter três reações:

b.1 - quitar o débito entregando a coisa ou depositando a quantia devida em juízo,

mediante guia;

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b.2 - insurge-se apresentando embargos ao mandado no prazo de 15 dias;

b.3 - permanece inerte sem satisfazer a obrigação nem contrariar o pedido.

No primeiro caso a obrigação e o processo se extinguem e o réu fica isento do

pagamento de custas e dos honorários advocatícios, conforme preconiza o artigo 1102c,

parágrafo 1º, do Código de Processo Civil.

No segundo caso instrui-se o processo pelo rito dos embargos à execução ficando

suspensa a eficácia do mandado inicial até decisão final dos embargos. Será possível ao

devedor discutir a constituição do título executivo ou argüir problemas referentes aos

pressupostos processuais genéricos e às condições da ação. Os embargos independem

de prévia segurança do juízo e serão processados nos próprios autos, pelo procedimento

ordinário (artigo 1102c, parágrafo 2º, do Código de Processo Civil). Se rejeitados os

embargos constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, intimando-se o

devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro II, Título II, Capítulos II e IV, do

Código de Processo Civil, conforme preceituado no artigo 1102c, parágrafo 3º, do

Código de Processo Civil.

No terceiro caso constitui-se de pleno direito o título executivo judicial.

QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM III – FGV – 1ª FASETício, gerente de operações da empresa Metalúrgica Comercial, foi eleito dirigente sindical do Sindicato dos Metalúrgicos. Seis meses depois, juntamente com Mévio, empregado representante da CIPA (Comissão Interna para Prevenção de Acidentes) da empresa por parte dos empregados, arquitetaram um plano para descobrir determinado segredo industrial do seu empregador e repassá-lo ao concorrente mediante pagamento de numerário considerável. Contudo, o plano foi descoberto antes da venda, e a empresa, agora, pretende dispensar ambos por falta grave. Você foi contratado como consultor jurídico para indicar a forma de fazê-lo. O que deve ser feito?

(A) Ajuizamento de inquérito para apuração de falta grave em face de Tício e Mévio, no prazo decadencial de 30 dias, caso tenha havido suspensão deles para apuração dos fatos. (B) Simples dispensa por falta grave para ambos os empregados, pois o inquérito para apuração de falta grave serve apenas para a dispensa do empregado estável decenal.

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(C) Ajuizamento de inquérito para apuração de falta grave em face de Tício, no prazo decadencial de 30 dias, caso tenha havido suspensão dele para apuração dos fatos; e simples dispensa por justa causa em relação a Mévio, independentemente de inquérito. (D) Ajuizamento de inquérito para apuração de falta grave em face de Tício, no prazo decadencial de 30 dias, contados do conluio entre os empregados; e simples dispensa por justa causa em relação a Mévio, independentemente de inquérito.

EXAME DE ORDEM III – FGV – 1ª FASEO sindicato representante de determinada categoria profissional ajuizou ação civil pública em face da Construtora Beta Ltda., postulando sua condenação na obrigação de se abster de coagir seus empregados a deixarem de se filiar ao respectivo ente sindical. A pretensão foi julgada procedente, tendo transitado em julgado a decisão condenatória. Diante dessa situação hipotética, assinale a alternativa correta: (A) Seria obrigatória a intervenção do Ministério Público do Trabalho como fiscal da lei nesse processo. (B) O ajuizamento dessa ação civil pública visou à tutela de interesses ou direitos meramente individuais. (C) A sentença fará coisa julgada às partes entre as quais é dada (inter partes), não beneficiando nem prejudicando terceiros. (D) A competência funcional para julgamento dessa ação civil pública é do Tribunal Regional do Trabalho que tenha jurisdição no local onde se situa a sede da empresa.

EXAME DE ORDEM IV – FGV – 1ª FASEQuanto ao cabimento do mandado de segurança na Justiça do Trabalho, assinale a alternativa correta:

(A) O mandado de segurança impetrado contra decisão liminar que concedeu a tutela antecipada perde o objeto quando da superveniência de sentença nos autos originários. (B) É permitido o exercício do jus postulandi das partes quando da impetração do mandado de segurança na Justiça do Trabalho. (C) Tratando-se de execução provisória, não fere direito líquido e certo do impetrante a determinação de penhora em dinheiro, ainda que nomeados outros bens à penhora, uma vez que obedece à gradação da lei processual. (D) Cabe a impetração de mandado de segurança da decisão que indefere liminar ou homologação de acordo.

EXAME DE ORDEM XI – FGV – 1ª FASENo acordo coletivo em vigor firmado pela empresa Pluma Comércio de Óculos Ltda. existe uma cláusula na qual os seus empregados podem adquirir as mercadorias lá produzidas a preço de custo. Emerson, empregado desta firma, pretendia comprar um par de óculos, mas o empregador exigiu que ele pagasse também o valor da margem

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mínima de lucro do comércio local. Diante do ocorrido, assinale a alternativa que contempla a ação que, de acordo com a CLT, deverá ser ajuizada por Emerson para fazer prevalecer o seu direito: A) Execução de Título Extrajudicial. B) Mandado de Segurança. C) Ação de Cumprimento. D) Ação Monitória.

EXAME DE ORDEM XII – FGV – 1ª FASEPedro realizou um acordo em reclamação trabalhista que moveu contra o seu ex-empregador, conferindo quitação quanto ao extinto contrato de trabalho e, em contrapartida, recebeu, no ato da homologação judicial, a quantia de R$ 2.500,00 em espécie. Dez dias após, Pedro arrependeu-se de ter aceitado a transação, entendendo que a quantia recebida seria inferior à que faria jus. Considerando as circunstâncias do caso e de acordo com o entendimento legal e jurisprudencial, assinale a afirmativa correta. A) Pedro poderá ajuizar ação rescisória, no prazo de dois anos, cujo prazo se inicia oito dias após a homologação do acordo. B) Pedro poderá ajuizar ação anulatória, buscando o desfazimento do ato jurídico. C) Pedro nada poderá fazer, pois houve trânsito em julgado, impedindo recursos, além do que o motivo apresentado não autoriza ação rescisória. D) Pedro poderá ajuizar nova ação, postulando outros direitos que não aqueles postulados na ação que redundou no acordo, permitindo a dedução dos R$ 2.500,00 recebidos.

EXAME DE ORDEM VII – FGV - 2ª FASEProlatada sentença, impugnada via recurso recebido apenas em seu efeito devolutivo, em processo judicial movido por ente coletivo obreiro em face de sindicato patronal, onde se busca o estabelecimento de normas  coletivas, inclusive reajuste salarial, a empresa GAMA SERVIÇOS LTDA. deixou de implementar o reajuste salarial deferido.  Sabendo-se que tal sentença foi prolatada em 05/07/2009 e o recurso interposto ainda não foi apreciado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. A) Na qualidade de advogado procurado por empregado da referida empresa, após 06/07/2011, qual medida judicial deve ser proposta para garantir a imediata aplicabilidade do reajuste salarial concedido na sentença? (Valor: 0,65) B) Qual o termo a quo prescricional a ser considerado para efeito de exigibilidade dos créditos referentes ao reajuste salarial concedido? (Valor: 0,60) 

EXAME DE ORDEM XII – FGV – 2ª FASEO juiz deferiu o pagamento de férias vencidas + 1/3 em reclamação trabalhista, sob o fundamento de inexistência de comprovação de fruição ou pagamento destas, já que a empresa ré não produziu qualquer prova da alegação de que o empregado gozara ou recebera as férias. Transitada em julgado a decisão, a ré ajuizou ação rescisória juntando

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recibo da época da rescisão do contrato de trabalho do autor, no qual estava comprovado o pagamento do período de férias objeto da condenação. Alegou tratar-se de documento novo, mas que não foi juntado por esquecimento do advogado.A) Qual o entendimento do TST acerca de documento novo para efeitos de ajuizamento de Ação Rescisória? Fundamente (Valor: 0,65).B) Qual deverá ser a decisão sobre o cabimento ou não da Ação Rescisória nesta hipótese? Fundamente (Valor:0,60).

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21. RECURSOS. GENERALIDADES. EFEITOS: SUSPENSIVO E

DEVOLUTIVO. PRESSUPOSTOS. ESPÉCIES DE RECURSOS CABÍVEIS NO

PROCESSO DO TRABALHO.

21.1. Conceito: Sérgio Pinto Martins: é o meio processual estabelecido para provocar o

reexame de determinada decisão visando à obtenção de sua reforma ou modificação.

21.2. Princípios:

21.2.1. Princípio do duplo grau de jurisdição: não está expresso, mas sim implícito na

Constituição Federal de 1988 – Ex: artigos 108 e 109 da Constituição Federal de 1988

quando estabelecem a competência dos juízes federais e dos tribunais regionais federais.

21.2.2. Princípio da uni-recorribilidade: somente é possível a interposição de um recurso

de cada vez.

21.2.3. Princípio da fungibilidade: é o aproveitamento de um recurso erroneamente

nominado, como se fosse o que devia ser interposto.

21.2.3.1. Requisitos da fungibilidade recursal:

a) dúvida sobre o recurso cabível.

b) inexistência de erro grosseiro.

c) deve ser interposto no prazo para o recurso que seria cabível.

21.3. Peculiaridades dos recursos no processo do trabalho:

21.3.1. Irrecorribilidade das decisões interlocutórias.

Acerca dessa peculiaridade vejamos os contido na Súmula 214 do Tribunal Superior do

Trabalho:

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Súmula 214 – DECISÃO INTERLOCUTÓRIA –

IRRECORRIBILIDADE – NOVA REDAÇÃO.

Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as

decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas

hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à

Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do

Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo

Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a

remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se

vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da

CLT.

21.3.2. Inexigibilidade de fundamentação – para Sérgio Pinto Martins tal peculiaridade

tem aplicação apenas quando da interposição de Recurso Ordinário.

O artigo 899 da Consolidação das Leis do Trabalho dispõe que os recursos serão

interpostos por simples petição, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a

execução provisória até a penhora.

Contudo, a Súmula 422 do Tribunal Superior do Trabalho dispõe que:

Súmula 422 - RECURSO – APELO QUE NÃO ATACA OS

FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA – NÃO

CONHECIMENTO – ART. 514, II, DO CPC.

Não se conhece de recurso para o TST, pela ausência do requisito de

admissibilidade inscrito no art. 514, II, do CPC, quando as razões do

recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos

em que fora proposta.

21.3.3. Instância única – nos litígios de alçada, assim considerados aqueles cujo valor da

causa não ultrapasse dois salários mínimos – não cabimento de qualquer recurso, salvo

se a matéria debatida nos autos for de natureza constitucional.

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21.4. Efeitos:

São eles: devolutivo e suspensivo.

21.4.1. Efeito devolutivo – inerente a todos os recursos – devolve à apreciação do

tribunal a matéria recorrida.

21.4.2. Efeito suspensivo – somente em alguns casos.

Observação: Nelson Nery Junior sustenta existir, também, o efeito translativo, assim

entendido como aquele que autoriza o tribunal a julgar fora do que consta das razões ou

contra-razões do recurso, ocasião em que não se pode falar em julgamento ultra petita,

extra petita ou citra petita. Isto ocorre normalmente com as questões de ordem pública,

que devem ser conhecidas de ofício pelo juiz e a cujo respeito não se opera a preclusão

– artigos 515, parágrafos 1º e 2º e 516 do Código de Processo Civil.

21.4.3. Efeito substitutivo: nos termos do artigo 512 do Código de Processo Civil o

julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que

tiver sido objeto de recurso.

21.4.4. Efeito extensivo: segundo Renato Saraiva o referido efeito é aplicado em caso de

litisconsórcio unitário, em que a decisão tenha de ser uniforme para todos os

litisconsortes. Lembra o citado doutrinador que nos termos do artigo 509 do Código de

Processo Civil o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se

distintos ou opostos os seus interesses.

21.4.5. Efeito regressivo: Para Renato Saraiva é a possibilidade de retratação ou

reconsideração pela mesma autoridade prolatora da decisão. Cabível, segundo o

doutrinador, nos casos de agravo de instrumento e de agravo regimental e se presta a

conferir observância aos princípios da economia processual e da celeridade.

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21.5. Pressupostos Recursais:

Juízo de admissibilidade – juízo a quo e juízo ad quem. O juízo ad quem não está

jungido à decisão acerca do juízo de admissibilidade proferida pelo juízo a quo. Em

ambos os juízos se verifica a existência dos pressupostos recursais objetivos e

subjetivos.

São eles:

21.5.1. Pressupostos objetivos: são eles:

a) recurso previsto em lei: a parte deve dispor de recurso previsto em lei. Exceção:

agravo regimental;

b) adequação: o recurso deve ser aquele que se preste à revisão da decisão;

c) tempestividade: o recurso deve ser interposto no prazo previsto na lei;

d) preparo: para o reclamante, se sucumbente e não beneficiário da justiça gratuita, são

devidas apenas as custas processuais. Para a reclamada, se sucumbente, custas

processuais e depósito recursal;

e) representação regular: na Justiça do Trabalho vigora o jus postulandi. Todavia, se

constituído advogado este deverá juntar procuração.

21.5.2. Pressupostos subjetivos: são eles:

a) legitimidade: pode recorrer quem teve a sentença desfavorável. Também podem

recorrer o terceiro interessado e a Procuradoria do Trabalho (artigo 499 do Código de

Processo Civil);

b) capacidade: a parte sucumbente deve estar em pleno gozo de sua capacidade. Por

exemplo, se se tratar de pessoa com enfermidade ou deficiência mental que não possa

exprimir sua vontade deverá estar representada por seus pais, tutores ou curadores

(artigo 8º do Código de Processo Civil);

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c) interesse: o recurso tem que ser útil e necessário à parte, sob pena de não

conhecimento, segundo Renato Saraiva. Por outro lado, o terceiro deverá demonstrar o

interesse em recorrer. Não basta o interesse meramente econômico, mas sim o interesse

jurídico. Ex: INSS – Instituto Nacional do Seguro Social tem interesse de recorrer

quando fixadas as contribuições previdenciárias em sentença. O mesmo se diga nos

acordos quando discriminadas as verbas trabalhistas pagas em desacordo com os

pedidos formulados na exordial.

21.6. Juntada de documentos quando da interposição de recurso:

Em regra não é possível a juntada de documentos quando da interposição de recurso.

Com efeito, a juntada de documentos pelo autor se faz com a petição inicial, enquanto

que o mesmo faz o réu quando da apresentação da contestação em audiência.

Contudo, excepcionalmente poderão as partes juntar documentos quando da

interposição do apelo. Nesse sentido, vejamos o contido na Súmula 8 do Tribunal

Superior do Trabalho:

Súmula 8 – A juntada de documentos na fase recursal só se justifica

quando provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou

se referir a fato posterior à sentença.

Logicamente que o ônus da prova é da parte que pretende a juntada do referido

documento devendo provar o justo impedimento para juntada ao tempo do trâmite do

feito na primeira instância ou mesmo quando se referir a fato posterior à prolação da

sentença.

21.7. Espécies de Recursos Cabíveis no Processo do Trabalho:

21.7.1. Pedido de Revisão do Valor da Causa:

Cabimento – artigo 2º da Lei nº 5584/70:

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No caso do autor não mencionar na petição inicial o valor da causa o juiz do trabalho,

antes de iniciar a fase instrutória, deverá fixá-lo.

No momento das razões finais qualquer das partes poderá impugnar o valor fixado pelo

juiz do trabalho.

Se o juiz do trabalho mantiver o valor fixado a parte interessada poderá pedir revisão da

decisão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Presidente do Tribunal Regional do

Trabalho.

O pedido de revisão, que não terá efeito suspensivo, deverá ser instruído com a petição

inicial e a ata da audiência, em cópia autenticada pela Secretaria da Vara, e será julgado

em 48 (quarenta e oito) horas, a partir do seu recebimento, pelo Presidente do Tribunal

Regional do Trabalho.

21.7.2. Embargos de Declaração:

Cabimento:

a) quando houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição.

b) quando for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal.

Observação: o referido recurso também se presta a prequestionar violação de matéria

constitucional nas instâncias inferiores. Se não adotada tal postura pelo recorrente nas

instâncias inferiores o Recurso Extraordinário não será conhecido pelo Supremo

Tribunal Federal.

Previsibilidade: artigos 535/538 do Código de Processo Civil – cabível no processo do

trabalho em face da aplicação subsidiária no Código de Processo Civil no processo do

trabalho por força do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Natureza jurídica: integração da decisão.

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Prazo de interposição: 5 dias a contar da intimação da sentença.

Efeito modificativo: Súmula 278 do Tribunal Superior do Trabalho – a natureza da

omissão suprida pelo julgamento de embargos declaratórios pode ocasionar efeito

modificativo no julgado.

Efeito modificativo: Orientação Jurisprudencial nº 142 da SDI-I do TST – Seção de

Dissídios Individuais I do Tribunal Superior do Trabalho – se os embargos de

declaração tiverem efeito modificativo, deve ser dada vista à parte contrária quando aos

mesmos, sob pena de nulidade.

O Supremo Tribunal Federal também adota esse procedimento sob o argumento de que

a ausência de vista à parte contrária importa em violação do princípio do contraditório

(STF EDRE 144.981-4, 1ª T., Rel. Min. Celso de Mello, LTr 60-03/365).

21.7.3. Recurso Ordinário:

Cabimento:

a) das decisões definitivas ou terminativas do juiz do trabalho e do juiz de direito no

prazo de oito dias.

b) das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de

sua competência originária, no prazo de oito dias, tanto para os dissídios individuais,

como coletivos.

Estende-se o cabimento do Recurso Ordinário nas seguintes hipóteses:

a) das decisões interlocutórias, de caráter terminativo do feito, como a que acolhe a

exceção de incompetência em razão da matéria.

b) do indeferimento da petição inicial, seja por inépcia ou qualquer outro vício.

c) do arquivamento dos autos em razão do não-comparecimento do reclamante à

audiência.

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d) da paralisação do processo por mais de um ano, em razão da negligência das partes.

e) do não-atendimento, pelo autor, do despacho que determinou que se promovessem os

atos e diligências que lhe competir, pelo abandono da causa por mais de 30 dias.

f) verificando o juiz a ausência dos pressupostos de constituição e de desenvolvimento

válido e regular do processo.

g) se o juiz acolher a alegação de litispendência ou de coisa julgada.

h) se o processo for extinto por carência de ação, por não estarem presentes a

possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir, ou a legitimidade da parte.

i) pela desistência da ação.

j) se ocorrer confusão entre autor e réu.

k) da decisão que aplica pena ao empregado de não poder reclamar por seis meses

(perempção temporária).

l) nos casos em que o juiz extinguir o processo sem julgamento de mérito por falta de

pedido certo ou determinado e de indicação do valor correspondente no procedimento

sumaríssimo.

Observação: não cabe Recurso Ordinário da decisão que homologa acordo entre as

partes, pois tal decisão é irrecorrível (artigo 831, parágrafo único, da Consolidação das

Leis do Trabalho), exceto quanto ao INSS – Instituto Nacional do Seguro Social quando

discorda das verbas discriminadas que compõe o citado acordo.

Efeito do Recurso Ordinário: meramente devolutivo nos dissídios individuais.

Prazo de interposição: 8 dias a contar da intimação da sentença.

1ª Observação: Nos dissídios coletivos poderá ser dado efeito suspensivo ao Recurso

Ordinário, na medida e extensão conferidas em despacho do Presidente do Tribunal

Superior do Trabalho (artigo 14 da Lei nº 10.192/2001 de 14/02/2001).

2ª Observação: a Lei nº 4.725/65 de 13/07/65 – artigo 6º, parágrafo 3º - O provimento

do recurso não importará na restituição dos salários ou vantagens pagos, em execução

do julgado.

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Procedimento Sumaríssimo: na apreciação de recurso ordinário no procedimento

sumaríssimo há juiz relator, mas não há juiz revisor. O acórdão consistirá unicamente na

certidão de julgamento, com a indicação do suficiente do processo e da parte

dispositiva, e das razões de decidir do voto prevalente. O acórdão não terá relatório.

Preparo:

Custas: para o reclamante, se recorrer e não for beneficiário de justiça gratuita e para a

reclamada.

Depósito Recursal: apenas para a reclamada e no caso de decisão de natureza

condenatória.

Súmula 128 do Tribunal Superior do Trabalho

DEPÓSITO RECURSAL

I – É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em

relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido o

valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer

recurso.

II – Garantido o Juízo, na fase executória, a exigência de depósito para

recorrer de qualquer decisão viola os incisos II e LV do art. 5º da

CF/1988. Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a

complementação da garantia do juízo.

III – Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito

recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa

que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.

21.7.4. Recurso de Revista:

Cabimento:

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a) das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos

Tribunais Regionais do Trabalho quando derem ao mesmo dispositivo de lei federal

interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, seu Pleno ou

Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a

Súmula de Jurisprudência Uniforme dessa Corte.

b) das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos

Tribunais Regionais do Trabalho quando derem ao mesmo dispositivo de lei estadual,

Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento

empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do

Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da

aliena “a”.

c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à

Constituição Federal.

Efeito do Recurso de Revista: meramente devolutivo (artigo 896, parágrafo 1º, da

Consolidação das Leis do Trabalho).

Prazo de interposição: 8 dias a contar da intimação do acórdão.

Procedimento Sumaríssimo: somente admitido por contrariedade à súmula da

jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho e violação da Constituição

Federal de 1988. No entender de Sérgio Pinto Martins súmula uniforme abrange apenas

e tão-somente as Súmulas e não as Orientações Jurisprudenciais. Há necessidade de

relatório no acórdão.

Preparo:

a) na fase de conhecimento: custas e depósito recursal.

b) na fase de execução: custas pelo executado (art. 789-A, VI, Consolidação das Leis do

Trabalho).

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Prequestionamento: deve ser feito até o Recurso Ordinário.

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Súmulas aprovadas pelo Tribunal Superior do Trabalho sobre o recurso de revista:

Súmula 126 – RECURSO – CABIMENTO.

Incabível o recurso de revista ou de embargos (arts. 896 e 894, b, da

CLT) para reexame de fatos e provas.

Súmula 221 – RECURSO DE REVISTA. VIOLAÇÃO DE LEI.

INDICAÇÃO DE PRECEITO.

A admissibilidade de recurso de revista por violação tem como

pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da

Constituição tido como violado.

Súmula 266 – RECURSO DE REVISTA – ADMISSIBILIDADE –

EXECUÇÃO DE SENTENÇA – REVISÃO DA SÚMULA 210. A

admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão proferido

em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo

incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende de

demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal.

Súmula 297 – PREQUESTIONAMENTO – OPORTUNIDADE –

CONFIGURAÇÃO – NOVA REDAÇÃO.

I – Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão

impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito.

II – Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido

invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios

objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.

III – Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no

recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese,

não obstante opostos embargos de declaração.

Súmula 333 - RECURSOS DE REVISTA. CONHECIMENTO.

Não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa,

notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

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Súmula 337 – COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA

JURISPRUDENCIAL. RECURSOS DE REVISTA E DE

EMBARGOS.

I – Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é

necessário que o recorrente:

a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a

fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e

b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos

acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito

de teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os

acórdãos já se encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o

recurso.

II – A concessão de registro de publicação como repositório autorizado

de jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições

anteriores.

III – A mera indicação da data da publicação, em fonte oficial, de

aresto paradigma é inválida para comprovação de divergência

jurisprudencial, nos termos do item I, “a”, desta súmula, quando a

parte pretende demonstrar o conflito de teses mediante a transcrição de

trechos que integram a fundamentação do acórdão divergente, uma vez

que só se publicam o dispositivo e a ementa dos acórdãos.

IV – É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial

justificadora do recurso a indicação de aresto extraído de repositório

oficial na internet, desde que o recorrente:

a) transcreva o trecho divergente;

b) aponte o sítio de onde foi extraído;

c) decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão e a data

da respectiva publicação no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho.

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Súmula 442. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. RECURSO DE

REVISTA FUNDAMENTADO EM CONTRARIEDADE A

ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL. INADMISSIBILIDADE.

ART. 896, § 6º, DA CLT, ACRESCENTADO PELA LEI Nº 9.957,

DE 12.01.2000.

Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade

de recurso de revista está limitada à demonstração de violação direta a

dispositivo da Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do

Tribunal Superior do Trabalho, não se admitindo o recurso por

contrariedade a Orientação Jurisprudencial deste Tribunal (Livro II,

Título II, Capítulo III, do RITST), ante a ausência de previsão no art.

896, § 6º, da CLT.

21.7.5. Embargos no Tribunal Superior do Trabalho – Normatizado pela Lei nº

7.701/88:

Cabimento:

21.7.5.1. Embargos Infringentes para a SDC - Seção de Dissídios Coletivos: das

decisões não unânimes proferidas em processo de dissídio coletivo de sua competência

originária, como nos dissídios coletivos que excedam a área de um Tribunal Regional.

21.7.5.2. Embargos de Divergência para a SDI – Seção de Dissídios Individuais:

divergência das decisões das Turmas, ou destas com decisão da SDI, ou com Enunciado

da Súmula da jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho.

21.7.5.3. Embargos de Nulidade para a SDI – Seção de Dissídios Individuais: das

decisões proferidas contra violação literal de preceito de lei federal, tratados

internacionais, convenções da OIT – Organização Internacional do Trabalho ratificadas

pelo Brasil ou da Constituição Federal de 1988. (HIPÓTESE SUPRIMIDA COM O

ADVENTO DA LEI Nº 11.496/2007 DE 22/06/2007).

Efeito do recurso de Embargos: meramente devolutivo.

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Procedimento Sumaríssimo: é cabível, eis que não há vedação legal.

Prazo: 8 dias a contar da intimação do acórdão.

Preparo: se não atingido o limite total da condenação com os depósitos recursais no

recurso ordinário e no recurso de revista, deve a parte pagar integralmente o valor do

depósito recursal ou complementá-lo até o valor daquela.

21.7.6. Agravo de Instrumento:

Cabimento:

-dos despachos que denegarem seguimento a outros recursos.

Observação: Súmula 218 do Tribunal Superior do Trabalho:

Súmula 218 – RECURSO DE REVISTA – ACÓRDÃO PROFERIDO EM

AGRAVO DE INSTRUMENTO.

É incabível recurso de revista interposto de acórdão regional prolatado em

agravo de instrumento.

Efeito do Agravo de Instrumento: meramente devolutivo.

Prazo de interposição: 8 dias a contar da intimação da decisão de 1º ou 2º grau.

Peças que instruem o apelo: artigo 525 do Código de Processo Civil:

a) obrigatoriamente: cópia da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e

das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, da petição

inicial, da contestação, da decisão originária, do depósito recursal referente ao recurso

que se pretende destrancar, da comprovação do recolhimento das custas e do depósito

recursal a que se refere o parágrafo 7º do artigo 899 da CLT.

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b) facultativamente: outras peças que o agravante entender úteis ao deslinde da matéria

de mérito controvertida.

Preparo:

a) na fase de conhecimento: não há pagamento de custas. Contudo, de acordo com a Lei

nº 12.275/2010 de 29/06/2010, que inseriu o parágrafo 7º ao artigo 899 da

Consolidação das Leis do Trabalho, há necessidade de depósito recursal correspondente

a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pretende

destrancar.

b) na fase de execução: há pagamento de custas pelo executado (art. 789-A, III,

Consolidação das Leis do Trabalho). Entendemos que o disposto na Lei nº 12.275/2010

de 29/06/2010, que inseriu o parágrafo 7º ao artigo 899 da Consolidação das Leis do

Trabalho, não se aplica ao presente recurso quando cabível na fase executória se

denegado seguimento, por exemplo, ao recurso de Agravo de Petição, na medida em

que o juízo já se encontra integralmente garantido quando tramitou na fase de

conhecimento.

Observação: Cabe Agravo de Instrumento para destrancar a denegação de subida dos

seguintes recursos: Recurso Ordinário, Revista de Revista, Agravo de Petição e

Recurso Extraordinário.

21.7.7. Agravo de Petição:

Cabimento:

-das decisões do juiz na execução.

Efeito do Agravo de petição: meramente devolutivo.

Prazo de interposição: 8 dias a contar da intimação da decisão de 1º grau.

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Admissibilidade: delimitação das matérias e dos valores impugnados. Segundo Sérgio

Pinto Martins quando da interposição do presente recurso deverão ser indicados os

valores incontroversos, em especial quanto interposto pela reclamada.

Preparo:

Recurso cabível somente na fase de execução – não há necessidade de depósito

recursal, mas há pagamento de custas pelo executado (art. 789-A, IV, Consolidação das

Leis do Trabalho).

21.7.8. Agravo Regimental:

Cabimento e objetivo:

-para obter o reexame de certa decisão. Normalmente cabe o presente apelo das

decisões do relator designado.

-é recurso previsto nos regimentos dos Tribunais.

-o prazo também é fixado nos regimentos. No Tribunal Superior do Trabalho o prazo é

de 08 dias (artigo 243 do Regimento Interno). No Supremo Tribunal Federal o prazo é

de 05 dias. Nos Tribunais Regionais normalmente o prazo é de 05 dias contados da

decisão.

Observação: Cabe Agravo Regimental e não Agravo de Instrumento para destrancar a

denegação de seguimento dos Embargos para o Tribunal Superior do Trabalho,

conforme dispõe o artigo 3º, inciso III, alínea “c” da Lei nº 7.701/88.

Sobre o recurso de Agravo Regimental veja-se o contido na Orientação Jurisprudencial

nº 412 da SDI-I do C. TST:

Orientação Jurisprudencial nº 412 – AGRAVO INOMINADO OU

AGRAVO REGIMENTAL. INTERPOSIÇÃO EM FACE DE

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DECISÃO COLEGIADA. NÃO CABIMENTO. ERRO

GROSSEIRO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA

FUNGIBILIDADE RECURSAL.

É incabível agravo inominado (art. 557, § 1º, do CPC) ou agravo

regimental (art. 235 do RITST) contra decisão proferida por órgão

colegiado. Tais recursos destinam-se, exclusivamente, a impugnar

decisão monocrática nas hipóteses expressamente previstas.

Inaplicável, no caso, o princípio da fungibilidade ante a configuração

de erro grosseiro.

21.7.9. Recurso Extraordinário:

Cabimento:

-Em matéria trabalhista é cabível nas causas decididas em única ou última instância

quando:

a) for contrariado dispositivo da Constituição.

b) houver a necessidade de se declarar a inconstitucionalidade de tratado ou de lei

federal.

c) for julgada válida lei ou ato do governo local contestado em face da Constituição.

Efeito: meramente devolutivo.

Prequestionamento: segundo o Supremo Tribunal Federal deve ser feito até o Recurso

de Revista.

Preparo: se não atingido o limite total da condenação com os depósitos recursais no

recurso ordinário, no recurso de revista e no recurso de embargos, deve a parte pagar

integralmente o valor do depósito recursal ou complementá-lo até o valor daquela.

Prazo de interposição: 15 dias a contar da intimação do acórdão.

21.7.10. Recurso Adesivo:

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Cabimento:

-quando vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles, poderá aderir a

outra parte. Tem cabimento quando interpostos os seguintes recursos: Recurso

Ordinário, Recurso de Revista, Embargos e Agravo de Petição.

Observação: incabível no caso de Recurso Ex-Officio (também chamado de Reexame

Necessário ou Remessa Oficial).

-aplicável no processo do trabalho em face da aplicação subsidiária no Código de

Processo Civil no processo do trabalho por força do artigo 769 da Consolidação das

Leis do Trabalho.

Admissibilidade:

a) sucumbência recíproca.

b) a parte deveria ter condições de recorrer autonomamente.

Prazo de interposição: 8 dias a contar da intimação para contra-razões do recurso

principal.

Preparo: há pagamento de custas e, se recorrente a reclamada, também deve haver

depósito recursal.

Observações Sobre o Recurso Adesivo:

a) o recurso adesivo subordina-se ao principal;

b) não conhecido o recurso principal, também não deve ser conhecido o recurso

adesivo;

c) em caso de desistência do recurso principal não será conhecido o recurso adesivo;

d) a parte que interpôs recurso adesivo também pode desistir do apelo,

independentemente da anuência da parte contrária;

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e) se a parte ingressou com recurso e este foi considerado intempestivo, não poderá

apresentar recurso adesivo ao apelo da parte contrária, ante o instituto da preclusão. Ou

seja, não é possível substituir o recurso ordinário intempestivo pelo adesivo.

21.7.11. Correição Parcial:

Cabimento:

-normalmente utilizada para corrigir erros, abusos e atos contrários à boa ordem

processual e que importem em atentado a fórmulas legais do processo, da inexistência

de recurso ou outro meio processual específico.

A doutrina é pacífica que somente cabe Correição Parcial quando evidenciado error in

procedendo, vez que contra error in judicando é cabível um dos recursos elencados na

Consolidação das Leis do Trabalho ou no Código de Processo Civil.

Conceito: Sérgio Pinto Martins – é o remédio processual destinado a provocar a

intervenção de uma autoridade judiciária superior em face de atos tumultuários do

procedimento praticados no processo por autoridade judiciária inferior.

Natureza jurídica: para alguns doutrinadores é de recurso, embora não contemplado

como tal na Consolidação das Leis do Trabalho. Para outros doutrinadores é de

incidente processual.

Fundamentação legal: Edílson Soares de Lima sustenta que a fundamentação legal da

Correição Parcial está prevista no artigo 709, inciso, da Consolidação das Leis do

Trabalho, mas sob o rótulo de “reclamações”.

Preparo: não há.

Prazo de interposição: fixado nos regimentos internos dos Tribunais. Normalmente é de

5 dias a contar da intimação da decisão.

Requisitos da Correição Parcial:

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a) o ato deve ser atentatório da boa ordem processual.

b) inexista recurso contra esse ato.

c) que haja prejuízo processual à parte decorrente do referido ato.

Observação: Dispõe o artigo 709, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho

que das decisões proferidas pelo Corregedor, nos casos do artigo, caberá agravo

regimental para o Tribunal Pleno.

21.7.12. Recurso Ex-officio – Artigo 1º, inciso V, do Decreto-Lei nº 779/69 e artigo 475

do Código de Processo Civil:

Cabimento:

Artigo 1º, inciso V, do Decreto-Lei nº 779/69 – de sentenças trabalhistas condenatórias

de entes públicos.

Também regula a matéria o artigo 475 do Código de Processo Civil.

Sentença que depende de confirmação pelo tribunal - hipóteses:

a) quando proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as

respectivas autarquias e fundações de direito público.

b) que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa

da Fazenda Pública.

Observação: por força da nova competência atribuída pelo legislador constituinte

derivado no sentido de que cabe à Justiça do Trabalho apreciar litígios decorrentes de

penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização do

trabalho (artigo 114, inciso VII, da Constituição Federal de 1988, com a redação dada

pela Emenda Constitucional nº 45/2004) pode-se dizer que o recurso ex officio teve seu

cabimento ampliado na Justiça do Trabalho quando os embargos do devedor forem

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julgados procedentes no caso de multas aplicadas pelas Delegacias Regionais do

Trabalho e Emprego – DRTE.

Exceções: artigo 475, parágrafo 2º (quando a condenação, ou o direito controvertido,

for de valor certo não excedente a sessenta salários mínimos, bem como no caso de

procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor) e

parágrafo 3º (quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do

Supremo Tribunal Federal ou de súmula deste Tribunal ou do tribunal superior

competente), ambos do Código de Processo Civil.

Dispõe a Súmula 303 do Tribunal Superior do Trabalho:

FAZENDA PÚBLICA – DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO.

I – Em dissídio individual, está sujeita ao duplo grau de jurisdição,

mesmo na vigência da CF/88, decisão contrária À Fazenda Pública,

salvo:

a)quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 60

(sessenta) salários mínimos;

b)quando a decisão estiver em consonância com decisão plenária do

Supremo Tribunal Federal ou com súmula ou orientação jurisprudencial

do Tribunal Superior do Trabalho.

II – Em ação rescisória, a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau

está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável

ao ente público, exceto nas hipóteses das alíneas “a” e “b” do inciso

anterior.

III – Em mandado de segurança, somente cabe remessa “ex officio” se,

na relação processual, figurar pessoa jurídica de direito público como

parte prejudicada pela concessão da ordem. Tal situação não ocorre na

hipótese de figurar no feito como impetrante e terceiro interessado

pessoa jurídica de direito privado, ressalvada a hipótese de matéria

administrativa.

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Ainda, sobre o recurso ex officio preconiza a Orientação Jurisprudencial nº 334 da SDI-

I do C. TST que:

Orientação Jurisprudencial 334 – REMESSA EX OFFICIO. RECURSO

DE REVISTA. INEXISTÊNCIA DE RECURSO ORDINÁRIO

VOLUNTÁRIO DE ENTE PÚBLICO.

Incabível recurso de revista de ente público que não interpôs recurso

ordinário voluntário da decisão de primeira instância, ressalvada a

hipótese de ter sido agravada, na segunda instância, a condenação

imposta. ERR 522601/1998, Tribunal Pleno. Em 28.10.2003, o Tribunal

Pleno decidiu, por maioria, ser incabível recurso de revista de ente

público que não interpôs recurso ordinário voluntário.

QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM III – FGV – 1ª FASEDeterminada turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu de recurso de revista interposto pela empresa Alfa Empreendimentos Ltda. em razão de a decisão recorrida (proferida por Tribunal Regional do Trabalho em sede de recurso ordinário, em dissídio individual) estar em perfeita consonância com enunciado de súmula de direito material daquela Corte Superior. Transcorrido in albis o prazo recursal, essa decisão transitou em julgado. Na condição de advogado contratado pela respectiva empresa, para ajuizamento de ação rescisória, é correto afirmar que a decisão rescindenda será a proferida pelo: (A) Tribunal Regional do Trabalho, em recurso ordinário, tendo competência originária para o seu julgamento o próprio Tribunal Regional do Trabalho. (B) Tribunal Superior do Trabalho, que não conheceu do recurso de revista, tendo competência originária uma das turmas do próprio Tribunal Superior do Trabalho. (C) Tribunal Regional do Trabalho, em recurso ordinário, tendo competência originária para o seu julgamento a Seção Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho. (D) Tribunal Superior do Trabalho, que não conheceu do recurso de revista, tendo competência originária a Seção Especializada em Dissídios Individuais do próprio Tribunal Superior do Trabalho.

EXAME DE ORDEM IV – FGV – 1ª FASE

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A respeito do recurso de revista, é correto afirmar que: (A) é cabível para corrigir injustiças de decisões em recurso ordinário, havendo apreciação das provas produzidas nos autos do processo. (B) é cabível nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente por contrariedade à súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho e violação direta à Constituição da República. (C) é cabível em sede de execução, de decisão em embargos à execução, nas mesmas hipóteses de cabimento das decisões decorrentes de recurso ordinário. (D) não é cabível para reforma de decisão visando à uniformização de jurisprudência e restabelecimento da lei federal violada.

EXAME DE ORDEM V – FGV – 1ª FASECaio, metalúrgico, ajuizou ação trabalhista em face da empresa Ômega postulando sua reintegração ao emprego, pois, segundo suas alegações, teria sido dispensado no curso de estabilidade sindical. Postulou ainda a concessão de medida liminar visando a tal reintegração até o final do processo, com base no art. 659, X, da CLT. O juiz, ao apreciar o pedido de medida liminar antes da citação da ré, decidiu pela sua denegação, dando prosseguimento ao feito. A esse respeito, assinale a alternativa correta: (A) A natureza jurídica da decisão denegatória da liminar é de decisão interlocutória, não cabendo interposição de recurso imediato, devendo ser deferida a liminar. (B) A natureza jurídica da decisão denegatória da liminar é de decisão interlocutória, não cabendo interposição de recurso imediato, razão pela qual é cabível a impetração de mandado de segurança. (C) A natureza jurídica da decisão denegatória da liminar é de decisão terminativa, cabendo interposição de recurso ordinário, razão pela qual é incabível a impetração de mandado de segurança por haver recurso próprio. (D) A natureza jurídica da decisão denegatória da liminar é de decisão definitiva, cabendo impetração de mandado de segurança, pois não há recurso próprio no caso.

EXAME DE ORDEM VII – FGV – 1ª FASECom relação aos recursos no direito processual do trabalho, é correto afirmar que:   A) cabe  a  interposição  de recurso  de revista  em  face  de acórdão regional proferido em agravo de instrumento.  B) o  recurso  adesivo  é  compatível  com  o  processo  do trabalho e cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de  interposição  de  recurso  ordinário,  de  agravo  de petição, de revista e de embargos, sendo necessário que a matéria  nele  veiculada  esteja relacionada  com  a  do recurso interposto pela parte contrária. C)são incabíveis embargos de declaração opostos em face de decisão de admissibilidade do recurso de revista, não interrompendo sua interposição qualquer prazo recursal. D)na Justiça do Trabalho todas as decisões interlocutórias são irrecorríveis de imediato. 

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EXAME DE ORDEM X – FGV – 1ª FASEUma reclamação trabalhista é ajuizada em São Paulo (TRT da 2ª Região) e, na audiência designada, a reclamada apresenta resposta escrita sob a forma de contestação e exceção de incompetência relativa em razão do lugar, pois o autor sempre trabalhara em Minas Gerais, que na sua ótica deve ser o local onde tramitará o feito. Após conferida vista ao exceto, na forma do Art. 800, da CLT, e confirmada a prestação dos serviços na outra localidade, o juiz acolhe a exceção e determina a remessa dos autos à capital mineira (MG – TRT da 3ª Região). Dessa decisão, de acordo com o entendimento do TST, e independentemente do seu mérito: A) cabe de imediato recurso de agravo de instrumento para o TRT de São Paulo, por tratar-se de decisão interlocutória. B) nada há a fazer, pois das decisões interlocutórias, na Justiça do Trabalho, não é possível recurso imediato. C) compete à parte deixar consignado o seu protesto e renovar o inconformismo no recurso ordinário que for interposto após a sentença que será proferida em Minas Gerais. D) cabe de imediato a interposição de recurso ordinário para o TRT de São Paulo.

EXAME DE ORDEM X – FGV – 1ª FASESobre o manejo do recurso adesivo na Justiça do Trabalho, assinale a afirmativa correta: A) É cabível e a matéria nele veiculada não precisa estar relacionada ao recurso principal. B) É incabível na Justiça do Trabalho porque não há previsão dele na CLT. C) É cabível, pressupondo sucumbência recíproca e, caso interposto pela empresa, ela fica isenta de preparo. D) É cabível, mas a matéria nele veiculada precisa estar relacionada ao recurso principal.

EXAME DE ORDEM XII – FGV – 1ª FASEA empresa Restaurante M foi condenada em reclamação trabalhista a pagar diversos direitos sonegados a um dos seus ex-empregados. Na sentença, entendendo que o ex-empregador teve um comportamento processual reprovável, o Juiz ainda o condenou como litigante de má-fé. De acordo com o entendimento pacificado do TST, caso a empresa pretenda recorrer ordinariamente desta decisão, ela:

A) deverá recolher as custas, o depósito recursal e o valor da multa por litigância de má-fé para viabilizar o recurso. B) não havendo nenhum normativo a respeito, deverá opor embargos declaratórios, requerendo ao juiz que diga se o depósito da multa é necessário. C) em razão da peculiaridade do Processo do Trabalho, deverá recolher a multa, imediatamente, pela metade e o restante quando do trânsito em julgado, caso mantida.

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D) não precisará recolher o valor da multa, já que tal recolhimento não é pressuposto para interposição dos recursos trabalhistas.

EXAME DE ORDEM V – FGV - 2ª FASEInconformada com uma sentença desfavorável aos seus interesses, a empresa dela recorre. Contudo, entendeu o magistrado que o recurso era intempestivo, e a ele negou seguimento. Ciente disso, a reclamada interpôs recurso de agravo de instrumento no 5º (quinto) dia e efetuou o depósito adicional previsto no artigo 899 da CLT no 8º (oitavo) dia do prazo recursal. Novamente o juiz negou seguimento ao agravo de instrumento, argumentando que ele estava deserto. Diante dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às seguintes indagações: a) Há alguma medida que possa ser tomada pela recorrente contra a última decisão do juiz? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,50) b) O que significa deserção? No caso em exame, o agravo de instrumento estava deserto? Justifique. (Valor: 0,75)

EXAME DE ORDEM VII – FGV - 2ª FASEUm recurso de revista é interposto em face de acórdão proferido por Tribunal Regional do Trabalho em recurso ordinário, em dissídio individual, sendo encaminhado ao Presidente do Regional.  Diante desta situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às seguintes indagações:   A) Se o Presidente admitir o recurso de revista somente quanto a parte das matérias veiculadas, cabe a interposição de agravo de instrumento? (Valor: 0,65) B) É cabível a oposição de embargos de declaração contra decisão de admissibilidade do recurso de revista? (Valor: 0,60) 

EXAME DE ORDEM IX – FGV - 2ª FASEOpostos embargos declaratórios pelo reclamante com pedido de efeito modificativo, o juiz dá provimento aos embargos e adiciona à condenação o pagamento de uma verba que não havia sido apreciada na sentença, apesar de requerida na petição inicial. Ciente disso, a empresa rebela-se afirmando que deveria ter sido observado o contraditório e que ela deveria ter tido a oportunidade de se manifestar. Como isso não aconteceu, sustenta ser nula a decisão dos embargos. Diante disso, responda justificadamente, aos itens a seguir. A) Os embargos de declaração podem ter efeito modificativo do julgado? (Valor: 0,65) B) Procede a alegação empresarial quanto à nulidade da decisão dos embargos declaratórios opostos contra sentença não submetidos ao contraditório? (Valor: 0,60)

EXAME DE ORDEM X – FGV – 2ª FASE

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Numa reclamação trabalhista movida em litisconsórcio passivo, o autor e a empresa reclamada “X” (sociedade de economia mista) foram vencidos reciprocamente em alguns pedidos, tendo ambos se quedado inertes no prazo recursal. Porém, a empresa reclamada “Y” (pessoa jurídica de direito privado), vencida também em relação a alguns pedidos na referida ação trabalhista, interpôs recurso ordinário, com observância dos pressupostos legais de admissibilidade, tendo inclusive efetuado o preparo. Em seguida, o Juiz do Trabalho notificou as partes para que oferecessem suas razões de contrariedade, em igual prazo ao que teve o recorrente. Considerando os fatos narrados acima, responda, de forma fundamentada, aos itens a seguir. A) Analise a possibilidade de o autor recorrer, ou não, dos pedidos em que foi vencido, e de que maneira isso se daria, se possível for. (Valor: 0,65) B) Caso ambas as empresas tivessem recorrido ordinariamente, e tendo a empresa “Y” requerido sua exclusão da lide, analise e justifique quanto à necessidade, ou não, de a reclamada “X” efetuar preparo. (Valor: 0,60) A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

EXAME DE ORDEM XI – FGV - 2ª FASERoberto interpôs Recurso Ordinário ao ter ciência de que foi julgado improcedente o seu pedido de reconhecimento de vínculo empregatício em face da empresa NOVATEC LÍNEA COMPUTADORES LTDA. Ele não juntou declaração de miserabilidade na petição inicial e no recurso, mas requereu, em pedido expresso no apelo, o benefício da gratuidade de justiça, afirmando não ter recursos para recolher o valor das custas sem prejuízo do seu sustento e de sua família. O juiz prolator da sentença negou seguimento ao recurso, considerando-o deserto. Diante deste panorama, responda justificadamente: A) Considerando que Roberto não juntou a declaração de miserabilidade, analise se é possível o deferimento da gratuidade de justiça na hipótese retratada. (Valor: 0,65) B) Analise se, tecnicamente, a decisão que negou seguimento ao recurso está correta. (Valor: 0,60) A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

EXAME DE ORDEM XII – FGV – 2ª FASE Um ex-empregado ajuíza reclamação trabalhista contra a ex-empregadora (a empresa “A”) e outra que, segundo alega, integra o mesmo grupo econômico (a empresa “B”). Em defesa a empresa “A” afirma que pagou tudo ao reclamante, nada mais lhe devendo, enquanto a empresa “B” sustenta sua ilegitimidade passiva, negando a existência de grupo econômico. Considerando que: 1) as reclamadas possuem advogados diferentes; 2) que o pedido foi julgado procedente, condenando-se solidariamente as rés; 3) que a empresa “A” recorreu efetuando o recolhimento das custas e depósito recursal, responda às indagações a seguir.A) O prazo para recurso das empresas é diferenciado, haja vista terem procuradores diferentes? (Valor: 0,65).B) A empresa “B” deverá efetuar depósito recursal para viabilizar o recurso, no qual insistirá na sua absolvição por não integrar com a litisconsorte um grupo econômico? (Valor: 0,60).

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22. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. EXECUÇÃO. PROCEDIMENTO.

EMBARGOS E IMPUGNAÇÃO À SENTENÇA DE LIQUIDAÇÃO. DEFESA

DO EXECUTADO SEM EMBARGOS (“EXCEÇÃO OU OBJEÇÃO DE PRÉ-

EXECUTIVIDADE”). ALIENAÇÃO DE BENS E EMBARGOS. SUSPENSÃO E

EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO.

22.1. Liquidação de sentença.

22.1.1. Conceito.

Para Amauri Mascaro Nascimento é fase preambular do processo de execução em que

tal se faz quando proferida sentença ilíquida.

Para Sérgio Pinto Martins é uma fase da execução, que irá preparar a execução,

quantificando o valor devido ao empregado, pois o que é devido já foi estabelecido na

sentença, faltando quantificá-la. Tem natureza declaratória. No entender do citado

doutrinador não é fase pertencente ao processo de conhecimento.

22.1.2. Tipos de liquidação de sentença.

São três:

a) por artigos: quando haja necessidade de prova de fatos novos para a fixação do valor

devido (artigo 475-E do Código de Processo Civil). Nessa hipótese de liquidação, os

elementos não estão integralmente nos autos, sendo que alguns estão fora dos autos,

mas podem ser obtidos. Exemplo dado por Sérgio Pinto Martins: uma sentença fixa o

pagamento de horas extras, sem especificar seu número. O rito é o comum do processo

de conhecimento a teor do que dispõe o artigo 475-F da Lei Adjetiva Civil. É preciso

que a parte apresente petição inicial, alegando os fatos que serão objeto de prova, bem

como os meios a serem utilizados. A parte contrária será citada para que, no prazo de 15

dias, conteste o pedido. Não contestados os fatos alegados na peça vestibular os mesmos

serão tidos por verdadeiros.

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b) por arbitramento: Segundo Sérgio Pinto Martins nessa hipótese os elementos para a

liquidação não estão nos autos, sendo necessário um conhecimento técnico para obtê-los

ou avaliá-los. Preconiza o artigo 475-C do Código de Processo Civil que ocorre quando:

b.1) for determinado pela sentença ou convencionado pelas partes.

b.2) a natureza do objeto da liquidação exigir essa forma de liquidação.

Exemplo fornecido pelo citado doutrinador quando houver necessidade de fixação do

salário do empregado (artigo 460 da Consolidação das Leis do Trabalho) ou quando

tiver que ser fixada indenização por danos morais ao mesmo.

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c) por cálculos: Para Sérgio Pinto Martins nessa hipótese todos os elementos já estão

nos autos, sendo o caso apenas de fazer as contas para se chegar ao valor devido. É

hipótese cabível quando a determinação do valor depender apenas de cálculo aritmético,

situação em que o credor procederá à execução instruindo o pedido com a memória

discriminada e atualizada do cálculo. Nada impede que o próprio devedor apresente o

cálculo do valor que entende devido (artigo 475-B do Código de Processo Civil). Os

juros de mora são devidos a partir do ajuizamento do feito à razão de 1% (um por cento)

ao mês, de forma simples e não capitalizada desde 01/03/91. A correção monetária é

devida a partir do vencimento da obrigação. Todavia, doutrina e jurisprudência

divergem se a correção monetária deve ser calculada a partir do mês da prestação dos

serviços ou a partir do mês seguinte àquele da prestação dos serviços. Segundo o artigo

459, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho, a Súmula 381do Tribunal

Superior do Trabalho prevalece a segunda hipótese. O mesmo entendimento é adotado

por Sérgio Pinto Martins, que faz ressalva apenas quando o salário é pago dentro do

próprio mês da prestação do serviço. Por fim, no tocante aos encargos fiscais e

previdenciários aqui também doutrina e jurisprudência divergem sobre a possibilidade

ou não de fazê-los da parte do crédito trabalhista devido ao empregado. Não obstante tal

divergência, certo é que tanto a Receita Federal quanto o INSS – Instituto Nacional do

Seguro Social não ficam prejudicados quanto aos recolhimentos fiscais e

previdenciários, eis que, se não autorizado o desconto do crédito trabalhista devido ao

empregado, o empregador deverá arcar tanto com a sua parte (quota patronal, no caso

do INSS), quanto à quota do empregado (imposto de renda e INSS).

Observação: Com o advento da Lei nº 12.405/2011 de 16/05/2011 houve por bem o

legislador ordinário em aprovar o parágrafo 6º ao artigo 879 da CLT que prevê que

tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz poderá nomear perito para a

elaboração e fixará, depois da conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários

com observância, entre outros, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade.

22.1.3. Momento Para Manifestação Sobre a Conta de Liquidação.

Importante alteração trouxe o legislador pátrio com o advento da Lei nº 8432/92 que

inseriu o parágrafo 2º ao artigo 879 do Texto Consolidado, in verbis:

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Artigo 879, parágrafo 2º - Elaborada a conta e tornada líquida, o

Juiz poderá abrir às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para

impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores

objeto da discordância, sob pena de preclusão. (grifei e negritei).

O primeiro comentário que se deve fazer é no sentido de que a doutrina é pacífica ao

interpretar tal dispositivo como uma faculdade do Magistrado e não como imposição ao

mesmo no sentido de que deva fixar tal prazo às partes. Com efeito, à expressão

“poderá” deve ser conferida interpretação literal.

O dispositivo legal em comento fala em preclusão. No dizer de Sérgio Pinto Martins

deve o juiz fundamentar a sentença de liquidação e não meramente homologá-la.

Lembra o retromencionado autor que a pena de preclusão é dirigida à parte e não ao

próprio juiz. Nessa esteira de raciocínio o juiz pode rever os cálculos mesmo tendo

havido preclusão da parte, se houver um erro manifesto.

Se os cálculos tiverem sido feitos por contador ou por perito, será fixado o prazo

sucessivo de dez dias para cada parte se manifestar a respeito, sendo os primeiros dez

dias ao exequente e os dez dias subseqüentes ao executado. Todavia, se a conta for

apurada por uma das partes, em não havendo manifestação da outra parte, também

haverá preclusão.

22.1.4. Natureza Jurídica da Sentença de Liquidação.

Como já dito, a natureza jurídica da sentença de liquidação é declaratória. Lembra

Sérgio Pinto Martins acerca da necessidade de fundamentação dessa decisão por parte

do juiz, em observância ao contido no artigo 93, inciso IX, da Lei Maior de 1988.

Registra o autor que embora se rotule tal decisão de sentença, em verdade nada mais é

do que decisão interlocutória, pois do contrário caberia recurso imediato, o que não é o

caso. De lembrar que somente em sede de Embargos à Execução poderá o devedor

impugnar a sentença de liquidação.195

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Lembra o doutrinador, ainda, que, mesmo que o devedor não oponha Embargos à

Execução, o credor poderá impugnar a sentença, devendo o juiz abrir prazo para que o

credor assim o faça, assegurando-lhe a referida oportunidade.

22.2. Execução.

22.2.1. Conceito – é a fase processual na qual deve haver constrição patrimonial visando

o cumprimento da decisão.

22.2.2. Artigos da Consolidação das Leis do Trabalho que tratam da execução: artigos

876 a 887.

22.2.3. Aplicação Subsidiária na Falta de Disposição Expressa: conforme artigo 889 da

CLT quando omissa a Consolidação das Leis do Trabalho, aplica-se subsidiariamente a

Lei de Execução Fiscal (Lei nº 6.830/80) e na omissão desta última, aplica-se o Código

de Processo Civil. A única exceção a essa regra é a hipótese do artigo 882 da

Consolidação das Leis do Trabalho que dispõe sobre a ordem preferencial para

indicação de bens à penhora, quando remissão direta ao contido no artigo 655 do

Código de Processo Civil.

22.2.4. Princípios Que Norteiam a Execução Trabalhista:

Sustenta Manoel Antonio Teixeira Filho que os princípios informativos da execução

trabalhista são:

a) da igualdade das partes: isonomia processual conferindo observância ao princípio do

contraditório e da ampla defesa.

b) da natureza real: a execução deve alcançar o patrimônio do devedor.

c) da limitação expropriatória: execução deve se limitar ao valor da dívida.

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d) da utilidade para o credor: não se fará penhora quando for evidente que o produto da

alienação de bens for inteiramente absorvido pelo pagamento das custas da execução.

e) da não prejudicialidade do devedor: a execução deve observar o modo menos gravoso

ao devedor.

f) da especificidade: como regra a execução deve respeitar a entrega de coisa e as

obrigações de fazer e de não fazer, pois somente em casos excepcionais se permite a

substituição da prestação pelo equivalente em dinheiro.

g) da responsabilidade pelas despesas processuais: deve ficar a cargo do devedor não

apenas o pagamento dos valores devidos ao credor, mas também as custas,

emolumentos, despesas com publicação de editais, honorários periciais, etc.

h) do não aviltamento do devedor: a execução não pode afrontar a dignidade humana do

devedor, razão pela qual não poderão ser penhorados bens indispensáveis à sua

subsistência e à dos membros de sua família (artigo 649 do Código de Processo Civil,

Lei nº 8.009/90).

i) da livre disponibilidade do processo pelo credor: pode o credor desistir da execução

ou de algumas medidas executivas independentemente da concordância do devedor.

Somente produz efeitos se homologada por sentença.

22.2.5. Execução pode ser:

a) execução provisória: conforme requisitos do artigo 475-O do Código de Processo

Civil e artigo 899, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho é feita mediante

extração de carta de sentença sendo implementada até a penhora. Ainda que opostos

Embargos à Execução o juiz não irá julgá-los, eis que poderá se tornar inútil se a

sentença for modificada por meio de recurso. Se confirmada a sentença condenatória a

execução passa a ser definitiva. Se reformada a sentença por meio de recurso com

julgamento de improcedência o executado levanta a penhora ou o depósito.

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b) Execução definitiva: quando já houve trânsito em julgado da decisão de mérito.

22.2.6. Execução compreende:

a) sentenças transitadas em julgado (artigo 876 da CLT);

b) acordos judiciais não cumpridos (artigo 876 da CLT);

c) apenas três títulos extrajudiciais, a saber: Termo de Compromisso de Ajustamento de

Conduta firmado perante o Ministério Público do Trabalho, o Termo de Acordo firmado

perante a Comissão de Conciliação Prévia (artigo 876 da CLT) e a Certidão da Dívida

Ativa da União decorrente das penalidades impostas aos empregadores pelos órgãos de

fiscalização do trabalho (artigo 114, inciso VII, da CF/88).

d) custas calculadas.

22.2.6.1. Sentenças Executáveis:

a) sentenças condenatórias de obrigação de dar, de pagar, de fazer ou não fazer.

b) sentenças que fixam honorários de advogado, honorários periciais, multas, custas

processuais e outras despesas judiciais.

22.2.7. Atos Atentatórios à Dignidade da Justiça.

Dispõe o artigo 600 da Lei Adjetiva Civil que são hipóteses de ato atentatório à

dignidade da Justiça quando o devedor:

a) frauda a execução.

b) opõe-se maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos.

c) resiste injustificadamente às ordens judiciais.

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d) intimado, não indica ao juiz em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens

sujeitos à penhora e seus respectivos valores.

22.2.7.1. Ocorre fraude à execução quando há a alienação ou oneração de bens se:

a) sobre eles pender ação fundada em direito real.

b) ao tempo da alienação ou oneração corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-

lo à insolvência (artigo 593 do Código de Processo Civil).

22.2.8. Execução Provisória de Obrigação de Fazer.

No dizer de Sérgio Pinto Martins as hipóteses de obrigação de fazer geralmente contidas

em sentença trabalhista:

a) reintegração ou readmissão do empregado no emprego.

b) concessão de férias.

c) anotação do contrato de trabalho na Carteira de Trabalho e Previdência Social.

d) fornecimento de carta de referência.

Alardeia o citado doutrinador acerca da divergência doutrinária e jurisprudencial quanto

à possibilidade de execução provisória de obrigação de fazer.

Sustenta referido doutrinador pela impossibilidade de se implementar tal execução, ante

a dificuldade do retorno ao status quo ante no caso de provimento do recurso

apresentado pela parte sucumbente em primeiro grau. Aponta o autor, também, que tal

execução seria definitiva e não provisória.

22.2.9. Legitimidade Ativa e Passiva Para a Execução:

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a) Legitimidade Ativa.

A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, pela parte, de ofício pelo

juiz e pela Procuradoria do Trabalho, em relação às custas e multas administrativas

impostas pelas Turmas ou pelo Pleno do Tribunal Regional do Trabalho.

A expressão “interessado” abrange tanto o credor como o devedor.

A execução ex officio pelo juiz do trabalho ou pelo Tribunal do Trabalho encontra-se

prevista no artigo 878 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Segundo Sérgio Pinto Martins a execução poderá, ainda, ser proposta, ou nela poderão

prosseguir: o espólio, os herdeiros ou sucessores do credor, havendo transmissão do

crédito pela herança (artigo 567 do Código de Processo Civil).

A doutrina discute, ainda, a possibilidade de cessão de crédito trabalhista valendo

salientar que não há norma proibitiva para tanto. Segundo Sérgio Pinto Martins o que

não é proibido é permitido.

b) Legitimidade Passiva.

A legitimidade passiva caberá ao executado que é o responsável pelo cumprimento da

condenação, conforme dispõe o artigo 880 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Também estão legitimados passivamente para a execução o fiador, o espólio, a massa

falida, o responsável e os sucessores a qualquer título (artigo 4º da Lei 6830/80).

Também haverá responsabilidade solidária por créditos trabalhistas nas seguintes

hipóteses:

a) entre a empresa estrangeira e a empresa domiciliada no Brasil, conforme preconizado

no artigo 19 da Lei nº 7.064/82.

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b) quando condenadas empresas de um mesmo grupo econômico, conforme preceituado

no artigo 2º, parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

c) no caso de consórcio de empregadores rurais.

d) no caso de falência da empresa de trabalho temporário, situação na qual o tomador

dos serviços responde pelo salário e indenização do trabalhador temporário.

Também haverá responsabilidade do tomador dos serviços – nesse caso subsidiária –

quando se tratar de serviços terceirizados, a teor do que dispõe a Súmula 331 do

Tribunal Superior do Trabalho.

Poderão ser responsabilizados os sócios das empresas nos casos previstos em lei - no

caso, as leis comerciais.

22.2.10. Modalidades de Execução.

A Execução pode ocorrer:

a) contra devedor insolvente: Nos termos do artigo 748 do Código de Processo Civil dá-

se a insolvência quando as dívidas excederam à importância dos bens do devedor.

Dispõe o artigo 449 da Consolidação das Leis do Trabalho que a totalidade dos créditos

passou a gozar de privilégio na falência, inclusive a totalidade das indenizações.

Observação: a nova lei de falências manteve o crédito trabalhista como privilegiado,

mas apenas até o limite de 150 salários mínimos por reclamante em ação trabalhista. Se

o crédito trabalhista for excedente a esse limite, o excesso será tratado como crédito

quirografário.

Explica Sérgio Pinto Martins que por se tratar de juízo universal de credores, todos os

créditos devem ser dirigidos ao juízo da insolvência, inclusive o crédito trabalhista,

porém este gozará de preferência sobre os demais.

201

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b) para entrega de coisa: Segundo Wagner D. Giglio é rara nos processos trabalhistas.

Tratando-se de coisa incerta, o executado será citado para entregá-la individualizada, se

lhe couber a escolha, ou para entregar a indicada pelo exeqüente, caso contrário (artigo

629 do Código de Processo Civil). Se, no prazo de 48 horas, qualquer das partes

impugnar a escolha da outra, o juiz decidirá de plano após ouvir perito (artigo 630 do

Código de Processo Civil).

Será feita a citação para entrega de coisa, certa ou incerta, no prazo de 10 dias. Se não

forem apresentados embargos ou se estes forem rejeitados, não cumprida a ordem,

emitir-se-á mandado de imissão de posse dos imóveis, ou de busca e apreensão dos

móveis (artigo 625 do Código de Processo Civil).

Se a coisa se deteriorar ou não for encontrada, converte-se a obrigação de entregar em

obrigação de pagar o equivalente, apurado em liquidação (artigo 627 e seus parágrafos

do Código de Processo Civil).

c) para obrigação de fazer e de não fazer: A sentença que determine obrigação de fazer

ou obrigação de não fazer deve ser cumprida como previsto no artigo 461 do Código de

Processo Civil.

Nas palavras de Sérgio Pinto Martins as condenações de obrigações de fazer no

processo do trabalho são, por exemplo, de entregar a guia de levantamento do FGTS ou

do seguro desemprego, de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social ou de

concessão de férias.

O procedimento na obrigação de fazer encontra-se previsto no artigo 632 do Código de

Processo Civil e tem início com a citação para a parte cumpri-la no prazo que o juiz

assinar, salvo se outro não estiver determinado na sentença.

Preconiza o artigo 633 do Código de Processo Civil que, se no prazo fixado, o devedor

não satisfizer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer

que ela seja executada à custa do devedor, caso em que ela se converte em indenização.

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Quanto à obrigação de não fazer, se o devedor pratica o ato, a cuja abstenção estava

obrigado pela lei ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para

desfazê-lo. Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mande

desfazer o ato a sua custa.

d) de prestações sucessivas: podem ser por tempo determinado (artigo 891 da

Consolidação das Leis do Trabalho) e por tempo indeterminado (artigo 892 da

Consolidação das Leis do Trabalho).

Na execução de prestações sucessivas por tempo determinado o não pagamento de uma

prestação compreenderá as que lhe sucederem (artigo 891 da Consolidação das Leis do

Trabalho). Exemplo citado por Sérgio Pinto Martins é a hipótese de acordo judicial não

cumprido pela reclamada.

Na execução de prestações sucessivas por tempo indeterminado tal compreenderá

inicialmente as prestações devidas até a data do ingresso na execução (artigo 892 da

Consolidação das Leis do Trabalho).

e) em relação às contribuições previdenciárias: Com o advento da Emenda

Constitucional nº 20/98 foi acrescentado o parágrafo 3º ao artigo 114 da Lei Magna de

1988, que depois tornou-se o inciso VIII do mesmo artigo in verbis:

Artigo 114 – Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

...

a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a e

II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir.

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Com isso, vários dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho foram modificados

ou acrescidos por meio da Lei nº 10.035/2000 com o intuito de a Justiça do Trabalho

promover a execução das contribuições previdenciárias. Ainda há controvérsia acerca

da execução das contribuições previdenciárias apenas sobre o valor da condenação ou,

se se conferir interpretação ampliativa aos dispositivos inseridos no ordenamento

jurídico pelo diploma legal sob enfoque no sentido de se executar também as

contribuições previdenciárias sobre todo o contrato de trabalho. De acordo com algumas

decisões do Tribunal Superior do Trabalho prevalece esta última corrente.

Sobre essa modalidade de execução Wagner D. Giglio fez os seguintes comentários:

Vários acréscimos e modificações à CLT foram introduzidos pela

Lei n. 10.035, de 25 de outubro de 2000, que foi recebida pelos

juristas com acerbas e merecidas críticas, não apenas por

desconsiderar princípios assentes, mas também por arranhar

garantias constitucionais e, principalmente, por prejudicar o

processo de execução, transformando a Justiça do Trabalho em

órgão auxiliar da arrecadação do Instituto de Previdência, com

desvio de sua missão precípua: a satisfação dos direitos

reconhecidos ao trabalhador cedeu lugar ao atendimento dos

interesses da Previdência Social.

Esse desvio de função da Justiça do Trabalho não se justifica,

mas se explica, historicamente, por sua origem administrativa;

até sua constitucionalização, em 1946, esse ramo judiciário

estava vinculado ao Ministério do Trabalho e em certa medida

sujeito ao cumprimento de ordens do Poder Executivo.

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O normal seria que o INSS, tomando conhecimento de um

crédito seu por meio de comunicação da Justiça do Trabalho,

providenciasse sua apuração, sua inscrição como débito do

contribuinte e sua cobrança administrativa ou judicial. Mas o

quadro de pessoal do Instituto, embora integrado por

procuradores ativos e capazes, compõe-se de uma fração ínfima

do número ideal para atender às centenas de milhares de

processos trabalhistas que atingem a fase de execução, a cada

ano. Assim, a determinação de execução, ex officio, na Justiça do

Trabalho, foi o expediente utilizado para economizar tempo e

dinheiro, ainda que causando danos graves ao processo normal de

execução dos direitos dos trabalhadores.

Entre muitos outros inconvenientes, a Lei n. 10.035/2000 criou

obstáculos ao andamento das execuções ao tornar discutível e

recorrível o teor dos acordos, ao introduzir novo litigante (o

INSS), ao abrir outra possibilidade de impugnação à liquidação,

ao ensejar recurso do Instituto etc.

Juridicamente, a execução ex officio, prevista na Lei n.

10.035/2000, ofende o princípio do devido processo legal ao

prescindir da iniciativa do INSS para instauração da execução;

beneficia quem não tem título executivo; fixa obrigação

específica sem possibilitar oportunidade de defesa ou de recurso

do obrigado; faculta recurso do INSS que nada pleiteou, e,

portanto, não sucumbiu; atribui ao juiz a função de apurar débito

etc. Além disso, divide a competência absoluta, em razão da

matéria, entre a Justiça Federal e a Justiça do Trabalho, criando

área de conflito de competência; constitui obrigação fiscal sem

determinar se sua cobrança obedecerá à Lei n. 6.830/80, dos

executivos fiscais, ao CPC ou à CLT, nem fixar qual seria o

prazo prescricional.

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Não são menores as dificuldades, do ponto de vista prático: não

se cogitou de fornecer meios de atuação para suprir as

necessidades acrescidas das Varas do Trabalho; o número de

variáveis, nos cálculos das contribuições devidas ao Instituto, é

bastante extenso, tais como a opção do empregador pelo

SIMPLES, sua classificação de risco de acidentes do trabalho, o

teto das contribuições, fruição de benefícios etc.

O segundo problema e o mais agudo, sob o ângulo prático, será

definir o montante exato devido ao INSS. Sem a atuação deste, a

do juiz, ex officio, lhe acarretaria o dever de propor a liquidação

do valor das contribuições, dos juros e das multas, o que seria no

mínimo inusitado, se não inviável, por comprometer sua isenção

de ânimo e implicar atribuir-lhe função de parte. A simples

remessa de todos os processos ao contador não solucionaria o

problema, pois apenas acrescentaria ao acúmulo de serviço das

Secretarias das Varas do Trabalho o assoberbamento das

contadorias. E o ingresso do INSS na fase de liquidação, poderia

causar o deslocamento da competência ou o conflito de

competências, além de inviabilizar o andamento processual, por

falta de procuradores do Instituto para atender a todos os

processos trabalhistas, e o conseqüente retorno ao problema

original.

Outros problemas foram lembrados pelo professor José Augusto

Rodrigues Pinto, como o da prescrição e o da lei processual

aplicável, no brilhante ensaio publicado na Revista LTr de maio

de 1999, sob o significativo título de “Os graves embaraços

processuais da Emenda Constitucional n. 20/98”.

...

(Direito Processual do Trabalho, Editora Saraiva, 13ª ed., 2003,

págs. 516/518).

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Com a reforma do Poder Judiciário aprovada pela Emenda Constitucional nº 45/2004 a

execução, de ofício, das contribuições previdenciárias passou a constar no inciso VIII

do artigo 114 da Constituição Federal de 1988.

f) contra devedor solvente: tem início com a citação que pode ser requerida pela parte

ou determinada de ofício pelo juiz. O executado é citado para cumprir espontaneamente

a sentença ou acordo judicial, da forma como estabelecida na decisão. No mandado de

citação constará o prazo de 48 horas para que o executado pague o valor da condenação

ou garanta a execução, sob pena de penhora, nos termos do artigo 880 da Consolidação

das Leis do Trabalho. A citação na execução é feita por oficial de justiça na pessoa do

executado e não na pessoa de seu advogado. Procurado duas vezes no espaço de 48

horas e não encontrado, deve o oficial de justiça certificar essas ocorrências para fins de

determinação judicial no sentido de se fazer a citação por edital.

Se o executado pretender discutir a execução, dispõe o artigo 882 da Consolidação das

Leis do Trabalho que se o executado não pagar a importância reclamada poderá garantir

a execução mediante depósito da mesma, atualizada e acrescida das despesas

processuais, ou nomeando bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida

no art. 655 do Código de Processo Civil.

Observação: Poderá o exeqüente recusar a nomeação feita pelo executado, conforme

dispõe o artigo 656 do Código de Processo Civil.

22.2.11. Citação na Execução e Penhora de Bens.

Nesse momento é possível ao executado quitar a dívida trabalhista utilizando de um

benefício que a lei lhe confere e que está previsto no artigo 745-A do Código de

Processo Civil, in verbis:

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Artigo 745-A – No prazo para os embargos, reconhecendo o crédito do

exequente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor da

execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado

requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais,

acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês.

Na obstante alguns juízes trabalhistas relutem em aplicar subsidiariamente o dispositivo

legal supracitado é certo que, de forma majoritária, tem-se entendido que se trata, de

fato, de um benefício dado ao devedor e sua aplicação no processo do trabalho, com a

devida vênia, é medida que se impõe.

Citação na Execução: como já dito acima, a citação é ato formal no qual o executado é

chamado a cumprir espontaneamente a sentença ou acordo judicial. Pode o executado

pagar ou garantir a execução nomeado bens para serem penhorados. O prazo é de 48

horas, sob pena de penhora de bens por determinação judicial.

Observação: forte discussão doutrinária tem sido travada entre os operadores do direito

processual trabalhista diz respeito à aplicabilidade ou não do artigo 475-J do Código de

Processo Civil aos feitos trabalhistas. Referido dispositivo legal preleciona que:

Artigo 475-J – Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa

ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante

da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a

requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta

Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.

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Respeitando posicionamentos em contrário sustentamos a inaplicabilidade do

dispositivo legal retromencionado, sobretudo porque a Consolidação das Leis do

Trabalho não é omissa a respeito. De lembrar que, na fase executória dos feitos

trabalhistas, a aplicação subsidiária da Lei de Execução Fiscal (Lei 6830/80) e do

Código de Processo Civil somente tem cabimento quando omisso o Texto Consolidado.

Além disso, o artigo do Código de Processo Civil contempla punição (acréscimo de dez

por cento em razão de multa pelo não pagamento), o que não está previsto na

Consolidação das Leis do Trabalho.

22.2.12. Penhora de Bens.

Na lição de Manoel Antonio Teixeira Filho penhora “representa o ato material que o

Estado realiza com o objetivo de ensejar a expropriação e a conseqüente satisfação do

direito do credor. É um típico ato de imperium do juiz da execução.” (Execução no

Processo do Trabalho, Editora LTr, 6ª ed., 1998, pág. 398).

Segundo o renomado doutrinador processualista a penhora não é medida acautelatória e

sim ato executivo, que, dentre outras coisas:

a) limita o poder de disposição dos bens apreendidos.

b) implica a sub-rogação, pelo Estado, do poder de dispor.

c) está a serviço da execução, a quem está vocacionada a satisfazer.

d) traduz-se em ato de execução.

Por outro lado, Sérgio Pinto Martins assim define penhora: “apreensão dos bens do

executado, tantos quantos bastem ao pagamento da condenação atualizada, acrescida de

juros e demais despesas processuais.”

Os artigos 10 e 30 da Lei nº 6.830/80 preconizam que a penhora recairá sobre qualquer

bem do executado, salvo os que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

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No auto de penhora deve constar:

a) a indicação do dia, mês e ano e lugar em que foi feita.

b) os nomes do credor e do devedor.

c) a descrição dos bens penhorados, com suas características.

d) a nomeação do depositário dos bens (art. 665 do Código de Processo Civil).

Observação: se houver resistência por parte do devedor o juiz do trabalho expedirá

mandado autorizando o arrombamento.

22.2.13. Bens Impenhoráveis.

São absolutamente impenhoráveis (artigo 649 do Código de Processo Civil):

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução.

II – os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do

executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns

correspondentes a um médio padrão de vida.

III – os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de

elevado valor.

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de

aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de

terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador

autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3º deste

artigo.

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V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens

móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão.

VI - o seguro de vida.

VII – os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem

penhoradas.

VIII – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela

família.

IX – os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação

compulsória em educação, saúde ou assistência social.

X – até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta

de poupança.

Observação: A Lei nº 8.009/90 trata da impenhorabilidade do bem de família. O artigo

1º do referido diploma legal assim preleciona:

Art. 1º - o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade

familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de

dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra

natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que

sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses

previstas nesta Lei.

De outra parte, o artigo 2º da mesma Lei assim dispõe:

Art. 2º - Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de

transporte, obras de arte e adornos suntuosos.

Por fim, o artigo 3º da mesma Lei trata das hipóteses nas quais não se aplica a regra da

impenhorabilidade, a saber:

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Art. 3º - A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo

de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra

natureza, salvo se movido:

I – em razão dos créditos de trabalhadores da própria

residência e das respectivas contribuições previdenciárias.

(grifei e negritei)

II – pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado

à construção ou aquisição do imóvel, no limite dos créditos e

acréscimos constituídos em função do respectivo contrato.

III – pelo credor de pensão alimentícia.

IV – para cobrança de impostos, predial e territorial, taxas e

contribuições devidas em função de imóvel familiar.

V – para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como

garantia real pelo casal ou pela entidade familiar.

VI – por ter sido adquirido com produto de crime ou para

execução de sentença penal condenatória a ressarcimento,

indenização ou perdimento de bens.

VII – por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato

de locação.

1ª Observação: A avaliação do bem penhorado deve ser feita pelo Oficial de Justiça

quando do ato de constrição, eis que também é avaliador. Somente se impossível ao

Oficial de Justiça proceder à avaliação é que será nomeado avaliador pelo Juízo.

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2ª Observação: Penhora sobre cotas de empresa limitada - a penhora sobre cotas de

empresa constituída sob a forma de responsabilidade limitada somente poderá ocorrer

no caso de se tratar de sociedade de capital e não de sociedade de pessoas. Tal condição

deve ser verificada no contrato social que conterá ou não cláusula no sentido de que se

um dos sócios quiser se desligar da sociedade deverá, antes de tudo, oferecer as suas

quotas aos sócios remanescentes (sociedade de pessoas), enquanto que se tal cláusula

não estiver inserida no contrato social significa dizer que é possível vendê-las a

terceiros (sociedade de capital).

3ª Observação: Penhora on line - a penhora on line encontra-se prevista no Convênio

Bacen-Jud. Posteriormente foi inserida no ordenamento jurídico pátrio, mais

precisamente no artigo 655-A do Código de Processo Civil. É a possibilidade de

bloqueio dos ativos financeiros do executado e posterior penhora que se concretiza com

a transferência do dinheiro para a conta judicial.

É possível a penhora on line de valores constantes em aplicações financeiras. Se se

tratar de caderneta de poupança, desde que o valor da aplicação seja superior a 40

salários mínimo.

Não é possível a penhora on line de crédito decorrente de cheque especial e nem de

crédito decorrente de previdência privada.

A penhora on line pode ser utilizada tanto contra o empregador (regra) como contra o

empregado (exceção).

4ª Observação: Sobre o artigo 649, inciso X, do Código de Processo Civil no nosso

entender é permitido ao juiz que penhore várias cadernetas de poupança se ficar

provado que o devedor executado o fez com o intuito de fracionar seu patrimônio com o

intuito de fraudar a lei;

5ª Observação: Ainda, sobre o artigo 649, inciso X, do Código de Processo Civil, no

nosso entender a melhor interpretação ao dispositivo do Código de Processo Civil

retromencionado é que, ainda que se trate de uma única caderneta de poupança, se esta

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estiver com saldo superior a quarenta salários mínimos, é permitido ao juiz a penhora

por inteiro e não apenas pelo montante que excede esse patamar.

6ª Observação: Penhora de bens sucessórios – alei não contempla de nenhuma vedação.

Contudo, é de bom alvitre verificar os arestos abaixo:

Agravo de Instrumento - Execução - Penhora de Direitos Possessórios Sobre

Imóvel em Condomínio Irregular - Possibilidade – Desnecessidade de

Registro - Valor Patrimonial - Ausência de Vedação Legal.

1. A penhora de direitos sobre imóvel não levado a registro se encontra

absolutamente perfeita e seu objeto pode ser, regularmente, levado a leilão.

a única conseqüência da falta de registro é a impossibilidade de ser a

restrição oposta a terceiros de boa-fé.

2. Para ser objeto de penhora o bem tem que obedecer a apenas dois

requisitos: tem que ser economicamente expressivo e não pode estar

incluído no rol legal dos bens que são impassíveis de penhora (art. 649, cpc

e lei n. 8.009/90).

3. Tendo o imóvel localizado em condomínio irregular expressão

econômica, os direitos possessórios sobre o mesmo podem ser objeto de

penhora, pois poderão satisfazer o crédito do exeqüente.

4. Agravo provido. (TJDF – Agravo de Instrumento 20040020038464 DF

– 4ª Turma Cível, Relator Sérgio Rocha, em 20/09/2004, DJU

02/12/2004, pág. 53).

Agravo de Instrumento. Execução de Título Extrajudicial. Penhora. Direitos

Possessórios do Executado Sobre os Bens Imóveis Indicados à Penhora.

Possibilidade. Decisão Reformada. Agravo a que se dá provimento.

Contrato particular de compromisso de compra e venda, mesmo não levado

a registro, desde que comprovado com a efetiva posse sobre o imóvel, pode

ser indicado à penhora que recairá sobre os direitos de posse do executado

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sobre o bem em tela. (TJPR – Agravo de Instrumento 274591-7 PR, 14ª

Câmera Cível, relator Luiz Antônio Barry, em 29/04/2005, DJ 6858).

TJSP. Execução. Penhora. Posse decorrente de invasão de área.

Admissibilidade somente quando cabível de cessão ou transferência. CPC,

art.655.

«A penhora de direitos possessórios somente é cabível quando passíveis de

cessão e transferência. (...) A simples expectativa de que tais direitos

venham a ser legalizados pela Prefeitura Municipal, como aguardado pelo

agravante (fls. 81), não significa que eles já constituam patrimônio dos

devedores e portanto passíveis da penhora reclamada. ...» (Des. S. Oscar

Feltrin).» (...)

22.2.14. Segunda Penhora.

Dispõe o artigo 667 do Código de Processo Civil que:

Art. 667 – Não se procede à segunda penhora, salvo se:

I – a primeira for anulada;

II – executados os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento

do credor;

III – o credor desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens, ou por

estarem penhorados, arrestados ou onerados.

22.2.15. Exceção ou Objeção de Pré-Executividade.

Sobre o tema em comento veja-se a lição de Nelson Nery Junior:

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O primeiro meio de defesa de que dispõe o devedor no processo de

execução é a exceção de executividade. Admite-se quando desnecessária

qualquer dilação probatória para a demonstração de que o credor não

pode executar o devedor. Daí ser exceção de executividade e não de pré-

executividade: o credor não tem execução contra o devedor. Denomina-

se exceção porque instrumento de defesa de direito material, que contém

matérias que o juiz somente pode examinar a requerimento da parte. São

argüíveis por meio de exceção de executividade: a prescrição, o

pagamento e qualquer outra forma de extinção da obrigação

(adimplemento, compensação, confusão, novação, consignação,

remissão, sub-rogação, dação etc.), (Gomes, Obrigações, n. 67, p. 87)

desde que demonstráveis prima facie. Havendo necessidade de dilação

probatória para que o devedor possa demonstrar a existência da causa

liberatória da obrigação, ou a prescrição da eficácia executiva do título

que aparelha a execução, é inadmissível a exceção de executividade.

Nesse caso o devedor, caso queira defender-se, terá de segurar o juízo e

ajuizar ação de embargos do devedor (Código de Processo Civil

Comentado, Editora Revista dos Tribunais, 6ª ed., 2002, págs.

1039/1040).

Para Sérgio Pinto Martins a natureza jurídica da pré-executividade é de defesa, sem que

haja constrição no patrimônio do devedor, que não precisará garantir a execução para

apresentar suas alegações. É um incidente processual defensivo contra ilegalidades,

quando, na verdade, não existe título executivo. Sustenta o autor pela inaplicabilidade

do instituto no processo do trabalho, embora ressalve que, para aqueles que entendem

cabível, o fundamento encontrado é o princípio da celeridade processual e a matéria

argüível é de ordem pública, como por exemplo, pressupostos processuais e condições

da ação na execução (Direito Processual do Trabalho, Editora Atlas, 21.ª ed., 2004, pág.

676).

22.2.16. Execução Contra a Fazenda Pública.

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Dispositivo Constitucional – artigo 100 da Constituição Federal de 1988.

Lembra Sérgio Pinto Martins que a execução contra a Fazenda Pública não é feita como

em relação a qualquer outro devedor. Deverá a Fazenda ser citada, não para pagar a

dívida ou oferecer bens a penhora, mas para embargar, se o desejar, pois seus bens são

impenhoráveis (artigo 730 do Código de Processo Civil). (Direito Processual do

Trabalho, Editora Atlas, 21ª ed., 2004, pág. 678).

A forma de pagamento de créditos devidos por ente público faz-se por meio de

precatório quando de se tratar de valores mais relevantes.

Para o retromencionado doutrinador precatório é o documento em que se pede alguma

coisa. É o ato de pedir, de deprecar. É a requisição feita pelo juiz da execução ao

presidente do tribunal, para que a Fazenda Pública expeça as ordens de pagamento para

saldar o débito a que foi condenada. O juiz de primeiro grau não ordena, apenas solicita

ao presidente do tribunal que requisite o numerário necessário para o pagamento do

débito da Fazenda Pública.

O ente público executado deve inserir o crédito no orçamento do próximo ano. Tal

inserção deve ocorrer até primeiro de julho de cada ano.

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O pagamento por precatório é feito mediante ofício requisitório e tem por escopo a

garantia do pagamento e a observância da ordem cronológica de sua entrada.

Com efeito, pode-se concluir que a forma de execução contra a Fazenda Pública implica

em privilégio que, apesar disso, não fere o princípio da isonomia.

Quando se tratar de valores de pequena monta o pagamento é feito pela denominada

RPV – Requisição de Pequeno Valor. Nesse sentido veja-se o contido no artigo 87 do

ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de

1988, que trata da RPV em relação aos Estados e Municípios, in verbis:

Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição

Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a

publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da

Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição

Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário,

que tenham valor igual ou inferior a:

I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do

Distrito Federal;

II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios.

Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste

artigo, o pagamento far-se-á, sempre, por meio de precatório, sendo

facultada à parte exeqüente a renúncia ao crédito do valor excedente,

para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da

forma prevista no § 3º do art. 100.

De outra parte, na esfera federal o limite encontra-se previsto na Lei nº 10.259/2011, in

verbis:

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Artigo 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar,

conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de

sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.

Artigo 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o

trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de

sessenta dias, contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à

autoridade citada para a causa, na agência mais próxima da Caixa

Econômica Federal ou do Banco do Brasil, independentemente de

precatório.

Parágrafo 1o Para os efeitos do § 3 o do art. 100 da Constituição Federal ,

as obrigações ali definidas como de pequeno valor, a serem pagas

independentemente de precatório, terão como limite o mesmo valor

estabelecido nesta Lei para a competência do Juizado Especial Federal

Cível (art. 3o, caput).

Por fim, importa mencionar que o STF – Supremo Tribunal Federal, ao julgar as ADIs

4357 e 4425, considerou parcialmente inconstitucional a Emenda Constitucional nº

62/2009 que estabeleceu o regime especial de pagamento parcelado de precatórios em

15 anos.

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22.2.17. Execução Contra a Massa Falida.

Quando é decretada a falência de uma empresa seus sócios perdem a administração dos

bens da mesma. Preconiza a lei falimentar que ao juiz cível designar síndico que, a

partir de então, passará a gerir os bens da massa falida, sob a fiscalização do Poder

Judiciário. Uma vez decretada a quebra o juízo cível passa a ser o único onde os

credores devem postular seus haveres. Isto é feito em observância ao princípio da par

conditio creditorum (condição de paridade dos credores).

Vale ressaltar que no caso de ações trabalhistas todo o processo de conhecimento se

desenvolve perante a Justiça do Trabalho. Uma vez transitada em julgado a decisão na

esfera trabalhista deve o trabalhador se habilitar no juízo falimentar, eis de, de acordo

com a nova lei falimentar, os créditos trabalhistas são privilegiados até 150 salários

mínimos.

22.2.18. Embargos à Execução e Matérias Alegáveis.

a) Natureza jurídica: os embargos à execução têm natureza jurídica de ação e não de

defesa e nem de recurso. Segundo Sérgio Pinto Martins também tem natureza de ação

incidental desconstitutiva do título judicial.

Observação: o artigo 475-M do Código de Processo Civil com a redação dada pela Lei

nº 11232/2005 dispõe que “A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz

atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da

execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil

ou incerta reparação” (para impugnação do cumprimento de sentença), enquanto que o

artigo 739-A do Código de Processo Civil, com a redação dada pela Lei nº 11382/2006

dispõe que: “Os embargos do executado não terão efeito suspensivo.” (para execução de

título executivo extrajudicial). Nesses casos a questão é saber se esses dispositivos

legais se aplicam subsidiariamente ao processo do trabalho. (grifei e negritei).

b) Prazo: 5 dias (artigo 884, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho) a contar da

data da intimação da penhora pelo oficial de justiça, se ente de direito privado.

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c) Matéria alegável:

A matéria alegável encontra-se prevista no parágrafo 1º, do artigo 884, da Consolidação

das Leis do Trabalho, a saber:

c.1) cumprimento da decisão ou do acordo – para Sérgio Pinto Martins deve ser

espontâneo, como de que já foi feito o pagamento da condenação ou do acordo nas

condições determinadas.

c.2) quitação – para Sérgio Pinto Martins é a quitação de que trata o legislador é a

posterior à sentença do processo de conhecimento.

c.3) prescrição da dívida.

Observação: a doutrina é pacífica no entendimento de que a prescrição da dívida a que

se refere o legislador é aquela que ocorre durante a execução, ou seja, a prescrição

intercorrente.

Prescrição Intercorrente: segundo Manoel Antonio Teixeira Filho é a prescrição que se

forma no curso da ação de execução. Lembra Sérgio Pinto Martins que tal ocorre em

razão do processo ficar parado na fase de execução por muito tempo.

Jurisprudência sobre Prescrição Intercorrente:

Súmula 327 do Supremo Tribunal Federal – O direito trabalhista admite a

prescrição intercorrente.

Súmula 114 do Tribunal Superior do Trabalho – É inaplicável na Justiça do

Trabalho a prescrição intercorrente.

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Observação: Doutrina e jurisprudência são majoritárias no sentido de que há

possibilidade de aplicação subsidiária do artigo 475-L do Código de Processo Civil às

matérias retromencionadas, de forma parcial ou total. Dispõe o artigo 475-L do Código

de Processo Civil:

Artigo 475-L – Na execução fundada em título judicial, os

embargos só poderão versar sobre:

I – falta ou nulidade de citação no processo de conhecimento, se

o processo correu à revelia.

II – inexigibilidade do título.

III – penhora incorreta ou avaliação errônea.

IV – ilegitimidade das partes.

V – excesso de execução.

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da

obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação

ou prescrição, desde que superveniente à sentença.

22.2.19. Impugnação à sentença de liquidação.

Garantida a execução pode o executado opor embargos à execução. Ao mesmo tempo

pode o exequente e o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social impugnar a sentença

de liquidação.

Preleciona o parágrafo 4º, do artigo 884, da Consolidação das Leis do Trabalho, que na

mesma sentença serão julgados os embargos à execução e as impugnações à sentença de

liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário.

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Dessa decisão caberá às partes, se quiserem, interpor Agravo de Petição que é o recurso

cabível na execução.

22.2.20. Embargos de Terceiros no Processo do Trabalho.

a) Previsão legal: artigos 1046 a 1054 do Código de Processo Civil.

b) Cabimento no processo do Trabalho: tanto a doutrina como a jurisprudência

entendem como plenamente aplicável no processo do trabalho.

c) Natureza jurídica: tem natureza jurídica de ação e não de defesa ou de recurso.

Segundo Sérgio Pinto Martins no processo do trabalho tem natureza de incidente de

execução, pois esta constitui fase processual. Ensina o citado doutrinador que, “na

verdade, os embargos irão desconstituir a sentença que determinou a penhora de bem do

embargante, fazendo que se retorne a situação anterior. São opostos por quem não é

parte no processo, mas sofreu turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de

apreensão judicial (artigo 1046 do Código de Processo Civil).”

Os embargos poderão ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas possuidor dos bens,

conforme previsto no parágrafo 1º, do artigo 1046 do Código de Processo Civil.

Lembra o doutrinador retromencionado, ainda, que os embargos de terceiro podem ser

opostos em qualquer fase processual, ou seja, no processo de conhecimento ou no

processo de execução, sendo mais utilizado neste último.

Preconiza o artigo 1049 do Código de Processo Civil que os embargos de terceiro

devem ser distribuídos por dependência ao mesmo juiz que ordenou a apreensão e

processados em apartado.

Prazo para oposição dos embargos de terceiro:

a) no processo de conhecimento: a qualquer tempo, enquanto não transitada em julgado

a sentença.

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b) no processo de execução: 5 dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas

sempre antes da assinatura da respectiva carta.

Contestação: prazo de 10 dias presumindo-se verdadeiros os fatos alegados, caso não

haja defesa do exequente.

Depósito recursal – não é necessário, eis que a medida judicial em estudo tem natureza

de ação e não de recurso.

Em havendo julgamento de procedência dos embargos de terceiro o juiz expedirá em

favor do embargante mandado de manutenção.

Em havendo julgamento de improcedência dos embargos de terceiro fica mantida a

constrição dos bens do embargante.

Observação: No de serem opostos embargos à execução e embargos de terceiro será este

último julgado por primeiro, eis que pode ter reflexos sobre os embargos à execução.

Da decisão proferida pelo juiz cabe Agravo de Petição, que é o recurso cabível na

execução.

22.2.21. Alienação de Bens em Juízo.

Tendo sido o Juízo garantido por bens e não por dinheiro, esses deverão ser levados à

hasta pública para que sejam vendidos para, ao final, ser satisfeito o crédito trabalhista.

Dispõe o parágrafo 2º, do artigo 686, do Código de Processo Civil:

Artigo 686 – Parágrafo 2º - A praça realizar-se-á no átrio do edifício do

Fórum, o leilão, onde estiverem os bens, ou no lugar designado pelo juiz.

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Sustenta Sérgio Pinto Martins que no processo do trabalho não há falar-se em praça e

leilão, eis que este último é feito por leiloeiro, o que não ocorre efetivamente. Por conta

disso, o citado doutrinador aponta como existente uma segunda praça quando não

ofertado o valor da avaliação na primeira praça, na medida em que ambas são feitas por

funcionários da Justiça do Trabalho.

Atualmente estão sendo designados leilões unificados das Varas e presidido por uma

comissão de juízes do trabalho e, em praticamente todos os casos, designados leiloeiros

particulares para tentar fazer com que haja arrematação por um valor mais próximo

daquele da avaliação.

O conteúdo do edital está previsto no artigo 686, caput, do Código de Processo Civil, de

aplicação subsidiária no processo do trabalho.

Os atos executórios são os seguintes:

a) Adjudicação: é o ato judicial por intermédio do qual se transferem ao patrimônio do

credor, a requerimento deste e de modo coativo, bens penhorados ao devedor.

Forma de adjudicação:

Pelo próprio exequente: De acordo com o disposto no artigo 685-A, parágrafo único, do

Código de Processo Civil, com a redação dada pela Lei nº 11382/2006, o exequente

pode adjudicar o bem por valor não inferior àquele da avaliação, antes da realização da

praça ou leilão.

Não adjudicados os bens é possível a alienação por iniciativa particular, a saber: de

acordo com o disposto no artigo 685-C, caput, do Código de Processo Civil, com a

redação dada pela Lei nº 11382/2006, se não adjudicados os bens penhorados pelo

exeqüente, este poderá requerer sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por

intermédio de corretor credenciado do CRECI perante a autoridade judiciária e com 05

(cinco) anos de experiência sendo certo que a comissão será de no máximo 5% (cinco

por cento) sobre o valor da alienação (alienação por iniciativa particular). A Justiça do

Trabalho não tem adotado a alienação particular.

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b) Arrematação: no dizer de Sérgio Pinto Martins, é o ato de adquirir bem em hasta

pública ou leilão pelo melhor lanço. Há a transferência determinada pelo Estado dos

bens penhorados ao terceiro que oferecer o melhor lance. O bem é levado à hasta

pública se o reclamante não tiver adjudicado-o e nem ter havido alienação particular

determinada pelo juízo.

Não adjudicados os bens pelo exeqüente e não realizada alienação por iniciativa

particular o bem será levado a leilão.

O arrematante deverá garantir o lance com o sinal de 20% (vinte por cento) do seu

valor, conforme previsto no artigo 888, parágrafo 2º, da Consolidação das Leis do

Trabalho.

Se o arrematante ou seu fiador não pagar dentro de 24 (vinte e quatro) horas o preço da

arrematação, perderá, em benefício da execução, o sinal de que trata o item acima,

conforme previsto no artigo 888, parágrafo 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

1ª Observação: Com o advento da Lei nº 690-A, parágrafo único, do Código de

Processo Civil, com redação dada pela mesma Lei nº 11382/2006, o exequente também

pode arrematar o bem, se não adjudicá-lo antes da praça ou leilão.

2ª Observação: De acordo com o mesmo artigo 690-A, parágrafo único, do Código de

Processo Civil, com redação dada pela mesma Lei nº 11382/2006, o exeqüente, se vier a

arrematar os bens, não estará obrigado a exibir o preço, mas se o valor dos bens exceder

o seu crédito, este deverá depositar, dentro de três dias, a diferença, sob pena de ser

desfeita a arrematação, hipótese em que retornarão os bens à praça ou leilão à custa do

exeqüente.

c) Remição: é o ato judicial no qual o próprio executado pode pagar o valor da

condenação, nos termos do artigo 13 da Lei nº 5584/70 a fim de resgatar os bens até

então penhorados pelo juízo.

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Observação: No processo civil o instituto da remição foi totalmente revogado pela Lei

nº 11.382/2006. A hipótese prevista como remição nos artigos 787 a 790 então

revogados foi incluída como adjudicação no artigo 685-A, parágrafo 2º, do Diploma

Processual Civil.

22.2.22. Embargos à Arrematação e à Adjudicação.

Sérgio Pinto Martins sustenta pelo não cabimento dos embargos à arrematação e à

adjudicação no processo do trabalho, ante o contido no artigo 884, parágrafo 3º, da

Consolidação das Leis do Trabalho.

Todavia, outros doutrinadores admitem sua aplicação subsidiária no processo do

trabalho, por força do disposto no artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho

sendo certo que as hipóteses de cabimento e o prazo de 05 (cinco) dias para oposição

estão previstos no artigo 746 do Código de Processo Civil, com a redação dada pela Lei

nº 11382/2006.

22.2.23. Suspensão e Extinção da Execução no Processo do Trabalho.

Dispõe o artigo 791 do Código de Processo Civil:

Artigo 791 – Suspende-se a execução:

I – no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo

os embargos à execução (artigo 739-A).

II – nas hipóteses previstas no art. 265, I a III.

III – quando o devedor não possuir bens penhoráveis.

De outra parte assim prelecionam os incisos I a III do artigo 265 do Código de Processo

Civil:

Artigo 265 – Suspende-se o processo:

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I – pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das

partes, de seu representante legal ou de seu procurador.

II – pela convenção das partes.

III – quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da

câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento

do juiz.

...

Além disso, dispõem os artigos 792 e 793 do Código de Processo Civil:

Artigo 792 – Convindo as partes, o juiz declarará suspensa a

execução durante o prazo concedido pelo credor, para que o

devedor cumpra voluntariamente a obrigação.

Parágrafo único. Findo o prazo sem cumprimento da obrigação, o

processo retornará o seu curso.

Artigo 793 – Suspensa a execução, é defeso praticar quaisquer

atos processuais. O juiz poderá, entretanto, ordenar providências

cautelares urgentes.

Preconizam os artigos 794 e 795 do Código de Processo Civil:

Artigo 794 – Extingue-se a execução quando:

I – o devedor satisfaz a obrigação.

II – o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio,

a remissão total da dívida.

III – o credor renunciar ao crédito.

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Artigo 795 – A extinção só produz efeito quando declarada por

sentença.

Observação: aplicam-se subsidiariamente os dispositivos do Código de Processo Civil

que tratam da suspensão e da extinção da execução, por força do disposto no artigo 769

da Consolidação das Leis do Trabalho.

QUESTÕES DA PROVA DA OAB

EXAME DE ORDEM II – FGV – 1ª FASECom relação à execução trabalhista, assinale a afirmativa correta:

(A) A execução deve ser impulsionada pela parte interessada, sendo vedado ao juiz promovê-la de ofício.(B) O termo de compromisso de ajustamento de conduta firmado perante o Ministério Público do Trabalho, para que possa ser executado no processo do trabalho, depende de prévia homologação pelo juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à matéria.(C) Conforme disposição expressa na Consolidação das Leis do Trabalho, considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal.(D) Garanti da a execução ou penhorados os bens, é de 10 (dez) dias o prazo para o executado apresentar embargos à execução, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação.

EXAME DE ORDEM III – FGV – 1ª FASEEm relação aos embargos de terceiro na execução por carta precatória, é correto afirmar que: (A) devem ser oferecidos no juízo deprecante, exceto quando se tratar de vício ou irregularidade de penhora, avaliação ou alienação dos bens, praticados pelo juízo deprecado. (B) devem ser oferecidos no juízo deprecado, que possui competência por delegação para a execução em outra localidade. (C) devem ser oferecidos no juízo deprecante, pois a carta precatória se presta apenas para que se pratiquem atos em outra localidade, mantida a competência para atos decisórios no juízo principal da execução. (D) podem ser oferecidos no juízo deprecante ou deprecado, sendo do juízo deprecante a competência para julgamento, exceto quando se tratar de vício ou irregularidade de penhora, avaliação ou alienação dos bens, praticados pelo juízo deprecado.

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EXAME DE ORDEM III – FGV – 1ª FASESegundo o texto da Consolidação das Leis do Trabalho, é correto afirmar que a lei de execução fiscal:

(A) é fonte subsidiária para a aplicação das normas na execução trabalhista. (B) somente é fonte subsidiária para aplicação das normas na execução trabalhista caso não exista regramento sobre o assunto no Código de Processo Civil, que é a primeira fonte subsidiária da legislação processual do trabalho. (C) somente é fonte subsidiária do Processo do Trabalho na execução das contribuições previdenciárias. (D) somente é fonte subsidiária do Processo do Trabalho na execução das contribuições previdenciárias e sindicais.

EXAME DE ORDEM IV – FGV – 1ª FASEAssinale a alternativa correta no que diz respeito à execução trabalhista: (A) As partes devem ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, exceto da contribuição previdenciária incidente, que ficará a cargo da União. (B) Tratando-se de prestações sucessivas, por tempo indeterminado, a execução compreenderá inicialmente as prestações devidas até a data do ingresso na execução. (C) Na execução por carta precatória, os embargos de terceiro serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los será sempre do juízo deprecante. (D) Em se tratando de execução provisória, não fere direito líquido e certo do impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, uma vez que obedece à gradação prevista em lei.

EXAME DE ORDEM VI – FGV – 1ª FASENuma reclamação trabalhista, o autor teve reconhecido o direito ao pagamento de horas extras, sem qualquer reflexo. Após liquidado o julgado, foi homologado o valor de R$ 15.000,00, iniciando-se a execução. Em seguida, as partes comparecem em juízo pleiteando a homologação de acordo no valor de R$ 10.000,00. Com base no narrado acima, é correto afirmar que: (A) o juiz não pode homologar o acordo porque isso significaria violação à coisa julgada. (B) é possível a homologação do acordo, mas o INSS será recolhido sobre R$ 15.000,00. (C) a homologação do acordo, no caso, dependeria da concordância do órgão previdenciário, pois inferior ao valor homologado. (D) é possível a homologação do acordo, e o INSS será recolhido sobre R$ 10.000,00.

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EXAME DE ORDEM VII – FGV – 1ª FASERelativamente  à  execução  trabalhista,  assinale  a  afirmativa correta:   A) Pode ser por título  judicial  ou  extrajudicial.  São títulos extrajudiciais os termos de ajuste de  conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho, os termos de conciliação firmado perante as Comissões de Conciliação Prévia  e  os  cheques  sem  fundo  passados  pelo empregador ao empregado.  B) Pode ser por título  judicial ou  extrajudicial.  São títulos judiciais  unicamente  as  decisões  passadas  em  julgado com  efeito  suspensivo  e  são  títulos  extrajudiciais  os termos  de  ajuste  de  conduta  firmados  perante  o Ministério  Público  do  Trabalho  e  os  termos  de conciliação firmado perante as Comissões de Conciliação Prévia. C)Dependem de prévia liquidação, pelo que só podem ser executados a sentença e o acordo não cumpridos. D) Pode ser por título judicial, caso do acordo descumprido, e  por título  extrajudicial,  caso  do termo  de  ajuste  de conduta  firmado  perante  o  Ministério  Público  do Trabalho. 

EXAME DE ORDEM VIII – FGV – 1ª FASEEm 30/7/2008 foi efetuada a penhora de um veículo BMW, modelo X1, por meio de carta precatória executória. Depois de devolvida a  carta, o executado Eliezer Filho, proprietário do veículo,  opôs  embargos  à  execução  em  4/8/2008,  dirigindo essa ação incidental ao juízo deprecante. Em seus embargos, alegando  a  existência  de  um  grosseiro  vício,  o  embargante apontou para a irregularidade na avaliação do bem, uma vez que constou do auto da constrição judicial sua avaliação em R$ 15.000,00, montante muito abaixo do valor de mercado. Logo, por força do princípio da execução menos onerosa ao devedor,  requereu  a  reavaliação  do  bem,  sob  pena  de nulidade da execução. Com base nesse caso concreto, é correto afirmar que o juiz deprecante:   A) deve remeter os autos ao juízo deprecado, uma vez que o ato  de  avaliação  foi  por  ele  praticado,  sendo  sua  a competência para decidir. B) deve realizar o julgamento antecipado da lide e acolher os embargos, haja vista o notório erro de avaliação. C) deve determinar a realização de perícia, a fim de aferir o correto valor de mercado do bem. D) não deve conhecer dos embargos e extinguir o processo sem  julgamento  do  mérito,  haja  vista  a  sua intempestividade.   

EXAME DE ORDEM IX – FGV – 1ª FASEDe acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho, assinale a afirmativa correta:

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A) não há citação para a execução, uma vez que a fase executiva pode ser iniciada de ofício. B) a citação na execução será realizada por via postal. C) a citação na execução será realizada por mandado. D) a citação na execução será realizada por mandado, mas, se o executado não for encontrado após três tentativas, caberá a citação por edital.

EXAME DE ORDEM IX – FGV – 1ª FASEA liquidação tem por objetivo a apuração do quantum debeatur nas sentenças proferidas de forma ilíquida e que tenham deferido, ao menos em parte, a pretensão deduzida. De acordo com a CLT, assinale a alternativa que indica as formas possíveis de liquidação da sentença nas obrigações de dar (pagar) e, caso o juiz conceda prazo às partes para manifestação, o número de dias para a impugnação: A) Artigos, cálculo ou arbitramento. Prazo de 8 dias. B) Cálculo, arbitramento ou artigos. Prazo de 10 dias. C) Artigos ou arbitramento. Prazo de 15 dias. D) Cálculo ou arbitramento. Prazo de 5 dias.

EXAME DE ORDEM X – FGV – 1ª FASEA requerimento do credor e após não localizar bens da pessoa jurídica ex-empregadora, o juiz desconsiderou a personalidade jurídica numa reclamação trabalhista, incluiu um dos sócios no pólo passivo e o citou para pagamento. Este sócio, então, depositou a quantia exequenda, mas pretende questionar o valor da execução. Assinale a alternativa que indica a maneira pela qual ele materializará seu inconformismo: A) Ação Rescisória. B) Embargos de Terceiro. C) Impugnação de Credor. D) Embargos à Execução.

EXAME DE ORDEM VIII – FGV - 2ª FASEJoana e Guilherme, ambos com 30 anos de idade, ajuizaram reclamação trabalhista plúrima contra um Município, dos quais são empregados nos moldes da CLT, postulando diversos direitos lesados. A sentença, proferida de forma líquida, julgou o pedido procedente em parte e condenou o réu ao pagamento de R$ 13.000,00 para Joana e R$ 22.000,00 para Pedro. Com base na hipótese apresentada, responda aos itens a seguir. A) Analise se a sentença proferida estará sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório. (Valor: 0,60) B) Caso a sentença transite em julgado nos termos originais, de que forma será feito o pagamento da dívida aos exequentes? (Valor: 0,65)

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EXAME DE ORDEM IX – FGV - 2ª FASEA Fazenda Pública Estadual, na condição de tomadora de serviços terceirizados, é condenada pela Justiça do Trabalho ao pagamento de verbas trabalhistas devidas ao empregado da empresa prestadora de serviços. Diante disso, entendendo a Fazenda Pública a presença de algumas omissões no fundamento do julgado, responda, justificadamente, aos itens a seguir. A) Qual é o prazo que a Fazenda Pública Estadual terá para opor embargos de declaração? (Valor: 0,65) B) Confirmada a sentença e sobrevindo a execução, que prazo a Fazenda Pública Estadual terá, de acordo com a Lei, para ajuizar embargos de devedor? (Valor: 0,60)

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23. DISSÍDIO COLETIVO. PODER NORMATIVO DA JUSTIÇA DO

TRABALHO. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA E DE

NATUREZA JURÍDICA. DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE. SENTENÇA

NORMATIVA. RECURSO.

23.1. Conceito: Sérgio Pinto Martins – é o processo que vai dirimir os conflitos

coletivos de trabalho, por meio de pronunciamento do Poder Judiciário, criando ou

modificando condições de trabalho para certa categoria ou interpretando determinada

norma jurídica.

Enquanto nos dissídios coletivos o objeto principal é a criação de novas condições de

trabalho para a categoria, nos dissídios individuais o objeto é a aplicação dos direitos

individuais do trabalhador.

Os dissídios coletivos podem ser: de natureza econômica, de natureza jurídica e de

greve.

a) Dissídios Coletivos de Natureza Econômica: são aqueles em que os trabalhadores

reivindicam novas e melhores condições de trabalho, especialmente novas condições

salariais.

b) Dissídios Coletivos de Natureza Jurídica: são aqueles em que há divergência na

aplicação ou interpretação de determinada norma jurídica. Nesse caso, quaisquer das

partes podem ajuizar referida ação para obter declaração do Poder Judiciário no sentido

de explicitar norma coletiva já existente.

c) Dissídios Coletivos de Greve: são aqueles em que foi deflagrada greve dos

trabalhadores de uma determinada empresa ou de toda a categoria, esta última mais rara,

segundo Amauri Mascaro Nascimento. O interessado, que pode ser qualquer das partes,

poderá ajuizar a ação de dissídio coletivo de greve. São partes que podem ajuizar a ação

tanto o sindicato da categoria profissional, como o empregador. Se se tratar de greve em

atividade essencial também pode ajuizar a ação o Ministério Público do Trabalho, se

houver ameaça de grave lesão ao interesse público.

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23.2. Poder Normativo – artigo 114, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988 – é o

poder de que dispõe a Justiça do Trabalho de estabelecer normas e condições,

respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao trabalho. O

Poder Judiciário Trabalhista prolata uma Sentença Normativa.

Observação: no caso do dissídio coletivo de natureza econômica, a Emenda

Constitucional nº 45/2004 trouxe alteração no sentido de que, para o seu ajuizamento,

há necessidade de comum acordo entre as partes (grifei). Tem-se noticia que tramita

perante o Supremo Tribunal Federal ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade quanto

à essa exigência sob o argumento de que o comum acordo fere o direito constitucional

de ação (artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988).

Preconiza Ísis de Almeida o seguinte: A rigor, pois, amplia-se o poder jurisdicional da

Justiça além das partes litigantes, estabelecendo-se como um poder “legislativo

suplementar”.

Trata-se, portanto, de verdadeira função atípica do Poder Judiciário ao criar normas

trabalhistas que vinculam as partes litigantes.

23.3. Natureza Jurídica da Sentença Normativa – ato jurisdicional de natureza

constitutiva e sem efeito retroativo.

23.4. Quorum da Assembléia Sindical – artigo 859 da Consolidação das Leis do

Trabalho – a representação dos sindicatos para instauração da instância fica subordinada

à aprovação de assembléia, da qual participem os associados interessados na solução do

dissídio coletivo, em primeira convocação, por maioria de 2/3 dos mesmos, ou, em

segunda convocação, por 2/3 dos presentes.

23.5. Prazo Para Instauração – artigo 616, parágrafo 3º, da Consolidação das Leis do

Trabalho – se existir convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de trabalho ou

sentença normativa em vigor, o dissídio coletivo deverá ser instaurado dentro de

sessenta dias anteriores ao respectivo termo final, para que o novo pacto coletivo tenha

vigência no dia imediato a este termo.

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23.6. Instauração de Ofício - Artigo 856 da Consolidação das Leis do Trabalho c/c o

artigo 8º, da Lei nº 7783/89 – na ocorrência de greve pode o dissídio coletivo ser

instaurando ex officio pelo Presidente do Tribunal Regional, ou a requerimento do

Ministério Público do Trabalho.

23.6.1. Legitimidade Ativa: é do Sindicato e, na ausência de sindicato, da Federação.

Não estando a categoria organização em nível de Federação, a representação será feita

pela Confederação.

23.6.2. Tentativa de negociação coletiva prévia: é obrigatória constituindo-se em

verdadeira condição da ação.

23.6.3. Procedimentos:

a) petição escrita.

b) petição inicial deve conter a indicação da delimitação territorial da representação,

indicação das pretensões coletivas aprovadas em assembléia de forma clausulada.

23.6.4. Documentos necessários:

a) correspondência, registros e atas alusivas à negociação coletiva tentada ou realizada

diretamente ou mediante intermediação do órgão competente do Ministério do

Trabalho.

b) cópia autenticada da ata da assembléia da categoria que aprovou as reivindicações e

concedeu poderes para a negociação coletiva e para o acordo judicial, ou, ainda, de

aprovação das cláusulas e condições acordadas, observando o quorum legal.

c) cópia autenticada do livro ou das listas de presença dos associados participantes da

assembléia deliberativa, ou, outros documentos hábeis à comprovação de sua

representatividade.

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23.6.5. Contestação:

Embora não prevista na Consolidação das Leis do Trabalho deve ser feita. No dizer de

Wagner D. Giglio a ausência de contestação não induz nos efeitos da revelia e na pena

de confissão, na medida em que o dissídio coletivo implica em criação ou interpretação

de norma jurídica e não em aplicação de norma jurídica.

23.6.6. Reconvenção:

Decisão do Tribunal Superior do Trabalho considerou o dissídio coletivo ação sui

generis, pelo que seria incompatível a reconvenção (SDC do TST, RO DC 77.623/93,

Rel. Juiz Rider Nogueira de Brito, j. 30-8-94, DJU, I, 30-9-94, p. 25.303/08).

23.6.7. Tentativa inicial de Conciliação: se frustrada terá início a fase instrutória.

23.6.8. Instrução: serão realizadas diligências necessárias.

23.6.9. Nova tentativa de conciliação: será distribuído mediante sorteio, em que será

escolhido o relator.

23.6.10. Parecer do Ministério Público do Trabalho: é obrigatório.

23.6.11. Prolação de Sentença Normativa: faz coisa julgada formal e está sujeita a

revisão em razão da mudança das condições econômicas quando de sua prolação.

23.6.12. Recurso Ordinário: a sentença normativa é recorrível mediante Recurso

Ordinário.

Observação: Recurso Ordinário – artigo 14 da Lei 10192/2001 – somente cabível nos

dissídios coletivos de natureza econômica - o recurso interposto de decisão normativa

da Justiça do Trabalho terá efeito suspensivo, na medida e extensão conferidas em

despacho do presidente do Tribunal Superior do Trabalho.

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23.7. Dissídio Coletivo de Funcionário Público: a Justiça do Trabalho não tem

competência para julgar dissídios coletivos de funcionários públicos, ante o princípio da

legalidade que rege a administração pública (artigo 37 da Constituição Federal de

1988).

O Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucionais as alíneas “d” (direito de

negociação coletiva) e “e” (direito de ajuizar dissídios coletivos) do artigo 240 da Lei nº

8.112/90 (Estatuto dos Funcionários Públicos Federais).

Observação: Nada obstante o contido acima acerca dos vetos mencionados o TST deu

nova redação à Orientação Jurisprudencial nº 5 da Seção de Dissídios Coletivos, a

saber:

DISSÍDIO COLETIVO. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO

PÚBLICO. POSSIBILIDADE JURÍDICA. CLÁUSULA DE

NATUREZA SOCIAL.

Em face de pessoa jurídica de direito público que mantenha

empregados, cabe dissídio coletivo exclusivamente para apreciação de

cláusulas de natureza social. Inteligência da Convenção nº 151 da

Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Decreto

Legislativo nº 206/2010.

23.8. Extensão das decisões – artigos 868 a 871 da Consolidação das Leis do Trabalho.

-dissídio coletivo que tenha por objeto novas condições de trabalho e no qual figure

como parte apenas uma fração de empregados de uma empresa, poderá o tribunal

competente, na própria decisão, estender tais condições de trabalho, se julgar justo e

conveniente, aos demais empregados da empresa que forem da mesma profissão dos

dissidentes.

O prazo de vigência de uma sentença normativa, de acordo com o parágrafo único do

artigo 868 da CLT, não pode ser superior a 04 (quatro) anos.

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23.9. Ação de Cumprimento – artigo 872 da Consolidação das Leis do Trabalho.

-o parágrafo único do artigo 872 da Consolidação das Leis do Trabalho permite que, no

caso de inadimplência dos empregadores que não pagarem salários na conformidade da

decisão prolatada no dissídio, tanto os empregados como os seus sindicados,

independentemente de outorga de poderes poderão ajuizar ação de cumprimento, com a

juntada da certidão da decisão naquele feito.

Revisão – artigos 873 a 875 da Consolidação das Leis do Trabalho.

-após um ano de vigência da decisão no dissídio caberá revisão das decisões que

fixarem condições de trabalho, quando se tiverem modificado as circunstâncias que as

ditaram, de modo que tais condições se hajam tornado injustas e inaplicáveis.

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