16
1 PROCESSO PENAL I / AULA DE REVISÃO PONTO 1 O Direito de punir e a evolução do jus puniendi Fase privada Autotutela: vítimas ou seus familiares se vingavam contra o autor do crime. Autocomposição: vítimas ou familiares entravam em acordo com o autor do crime. Fase pública Jus puniendi como atribuição do Estado: Monopolio da jurisdição penal. A pena e o direito de liberdade Pena: retribuição para um mal cometido. Afirmação de um bem pela negação de um mal. Sanções penais do ordenamento jurídico brasileiro: pena e medida de segurança. Lide penal Lide: pretensão resistida: O Estado-acusação (Ministério Público) em confronto com o Estado- defesa (réu). Ha os que defendem a inexistencia de lide penal, acreditando que o Ministério Público, na atualidade, ja não busca a condenação e sim que “seja feita jusSça”. Não haveria LIDE PENAL e sim CASO PENAL. A resolução da lide ocorre através de um Processo Conceito de processo: conjunto de atos interdependentes, destinados a solucionar o litígio, com a vinculação das partes e do juiz a uma série de direitos e obrigações. O conjunto de normas que regulam o processo penal compõem o direito processual penal DITAR: expressão PROCESSO PENAL é utilizada em diversos sentidos: a) como o conjunto de normas que regulam a persecução penal e o provimento jurisdicional final e, sendo o caso, a execução da pena ou da medida de segurança eventualmente imposta.; b) como sinônimo de “ação judicial”; c) como o ramo do conhecimento jurídico que se propõe a estudar as normas que regulam a persecução penal e o provimento jurisdicional final e, sendo o caso, a execução da pena ou da medida de segurança eventualmente imposta. Processo Penal democratico: visualização do processo penal a partir dos postulados estabelecidos pela Constituição Federal, no contexto dos direitos e garantias humanas fundamentais, adaptando o Codigo de Processo Penal a essa realidade, ainda que, se preciso for, deixe-se de aplicar legislação infraconstitucional defasada e, por vezes, nitidamente inconstitucional.

Resumo Dos Pontos 1 a 4

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Resumo

Citation preview

Page 1: Resumo Dos Pontos 1 a 4

1

PROCESSO PENAL I / AULA DE REVISÃO

PONTO 1

O Direito de punir e a evolução do jus puniendiFase privadaAutotutela: vítimas ou seus familiares se vingavam contra o autor do crime.Autocomposição: vítimas ou familiares entravam em acordo com o autor do crime.

Fase públicaJus puniendi como atribuição do Estado: Monopolio da jurisdição penal.

A pena e o direito de liberdadePena: retribuição para um mal cometido. Afirmação de um bem pela negação de um mal.

Sanções penais do ordenamento jurídico brasileiro: pena e medida de segurança.

Lide penalLide: pretensão resistida: O Estado-acusação (Ministério Público) em confronto com o Estado-defesa (réu).Ha os que defendem a inexistencia de lide penal, acreditando que o Ministério Público, naatualidade, ja não busca a condenação e sim que “seja feita jusSça”. Não haveria LIDE PENAL esim CASO PENAL.

A resolução da lide ocorre através de um ProcessoConceito de processo: conjunto de atos interdependentes, destinados a solucionar o litígio, com avinculação das partes e do juiz a uma série de direitos e obrigações.

O conjunto de normas que regulam o processo penal compõem o direito processual penal

DITAR: expressão PROCESSO PENAL é utilizada em diversos sentidos: a) como o conjunto denormas que regulam a persecução penal e o provimento jurisdicional final e, sendo o caso, aexecução da pena ou da medida de segurança eventualmente imposta.; b) como sinônimo de “açãojudicial”; c) como o ramo do conhecimento jurídico que se propõe a estudar as normas que regulama persecução penal e o provimento jurisdicional final e, sendo o caso, a execução da pena ou damedida de segurança eventualmente imposta.

Processo Penal democratico: visualização do processo penal a partir dos postulados estabelecidospela Constituição Federal, no contexto dos direitos e garantias humanas fundamentais, adaptando oCodigo de Processo Penal a essa realidade, ainda que, se preciso for, deixe-se de aplicar legislaçãoinfraconstitucional defasada e, por vezes, nitidamente inconstitucional.

Page 2: Resumo Dos Pontos 1 a 4

2

Princípios informadores do processo penal: Dignidade da pessoa humana, Devido processo legal,Presunção de inocencia, Prevalencia do interesse do réu (in dubio pro reo), Imunidade aautoacusação, Ampla defesa, Plenitude de defesa, Contraditorio, Juiz natural e imparcial, Iniciativadas partes, Publicidade, Vedação das provas ilícitas, Economia processual, Duração razoavel daprisão cautelar, Sigilo das votações do juri, Soberania dos veredictos do juri, Competencia do juripara os crimes dolosos contra a vida, Legalidade estrita da prisão cautelar, Duplo grau de jurisdição,Promotor natural e imparcial, Obrigatoriedade da ação penal, Indisponibilidade da ação penal,Oficialidade, Intranscendencia (responsabilidade pessoal do autor do crime), Vedação do duploprocesso pelo mesmo fato (bis in idem), Busca da verdade real, Oralidade, Concentração,Imediatidade, Identidade física do juiz, Indivisibilidade da ação penal privada, Comunhão da prova,Impulso oficial, Persuasão racional, Colegialidade.

Tipos de processo penal: inquisitivo, acusatorio e misto. Sistema brasileiro: para uns, acusatorio(CF), para outros misto.

Fontes

PONTO 2

Eficacia da lei processual penal no espaçoDiz respeito a saber qual sera a norma processual aplicavel. Os atos processuais penais

praticados no Brasil, deve-se aplicar a norma processual brasileira. É o princípio da territorialidadeou do domínio da lex fori.

Os atos processuais devem seguir a lei do territorio onde serão praticados. Expressão da soberania.

Exceções à regra da territorialidade: a) aplicação da lei processual penal em territorio nullius (de ninguém); b) quando houver autorização do Estado onde deva ser praticado o ato; c) em caso de guerra, em territorio ocupado. (TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. São Paulo: Saraiva,

2009, p. 47)

Exceções a aplicação do Código de Processo PenalArt. 1o O processo penal reger-se-a, em todo o territorio brasileiro, por este

Page 3: Resumo Dos Pontos 1 a 4

3

Codigo, ressalvados: I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministrosde Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dosministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade(Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); III - os processos da competencia da Justiça Militar; IV - os processos da competencia do tribunal especial (Constituição, art. 122,no 17); V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130) Paragrafo único. Aplicar-se-a, entretanto, este Codigo aos processosreferidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam nãodispuserem de modo diverso.

CASOS ESPECIAIS:Imunidades Diplomaticas: Não pode ser preso nem processado sem autorização de seu

país. As sedes diplomaticas não são extensões do territorio do país, mas são inviolaveis(embaixador, corpo técnico da embaixada, familiares do agente diplomatico, chefes de EstadoEstrangeiro que visitam o país. Mas os empregados particulares não gozam de imunidade);

Imunidades dos Parlamentares: Garantia dos parlamentares para o exercício de suasfunções. Previstas no artigo 53 da Constituição Federal: “Os Deputados e Senadores sãoinviolaveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. A imunidade éirrenunciavel, entretanto, não alcança os parlamentares licenciados para ocupar outro cargo.

a) Imunidade Material ou Inviolabilidade Parlamentar: Os deputados e senadores sãoinviolaveis, civil e penalmente nos crimes de opinião (art. 53, caput da Constituição Federal).

b) Imunidade Formal: garante a quem esta no exercício de mandato eletivo aimpossibilidade de ser ou permanecer preso ou ser processado sem autorização de sua CasaLegislativa respectiva.

LEMBRAR QUE, NO CASO DOS TRATADOS (p.ex., sobre imunidades diplomaticas),conforme entendimento adotado pelo STF, o tratado somente é aplicado com primazia sobre leisfederais se for mais recente que a lei, e não podem entrar em conflito com a Constituição Federal. Caso especialíssimo – tratado sobre direitos humanos: Constituição Federal, Art. 5º, § 3º. Ostratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casado Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serãoequivalentes às emendas constitucionais.

Quando lei especial regular um procedimento diverso do previsto no Codigo de Processo Penal,pelo princípio da especialidade, aplica-se aquela e somente em carater subsidiario este último.Ilustrando: Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), Lei de Abuso de Autoridade (Lei 4.898/65) etc.

Eficacia da lei processual no tempo: Aplica-se a lei processual penal tão logo entre em vigor semvacatio legis (período proprio para o conhecimento do conteúdo de uma norma pela sociedade emgeral, antes de entrar em vigor).

Exceções1) quanto ao transcurso de prazo ja iniciado, que corre, como regra, pela lei anterior. é o

conteúdo do art. 3.° da lei de Introdução ao Codigo de Processo Penal (Decreto-lei 3.931, de 11 dedezembro de 1941);

2) NORMAS PROCESSUAIS PENAIS MATERIAIS: aquelas que, apesar de estarem no

Page 4: Resumo Dos Pontos 1 a 4

4

contexto do processo penal, regendo atos praticados pelas partes durante a investigação policial oudurante o tramite processual, tem forte conteúdo de Direito Penal. Tal como ocorre com aperempção, o perdão, a renúncia, a decadencia, entre outros. Podem ser aplicadas retroativamenteem benefício do réu.

Interpretação da lei processual penal: Interpretação é a atividade que consiste em extrair danorma seu exato alcance e real significado.

Espécies de interpretação processual penal:

1) Quanto ao sujeito que a elabora: a) Autentica ou legislativa: feita pelo proprio orgão encarrega- do da elaboração do texto.

Pode ser contextual (feita pelo proprio texto interpretado) ou posterior (quando feita apos a entradaem vigor da lei). Obs.: A norma interpretativa tem efeito ex tunc, uma vez que apenas esclarece osentido da lei.

b) Doutrinaria ou científica: feita pelos estudiosos e cultores do direi- to (atenção: asexposições de motivos constituem forma de interpretação doutrinaria, e não autentica, uma vez quenão são leis).

c) Judicial: feita pelos orgãos jurisdicionais. 2) Quanto aos meios empregados:

a) Gramatical, literal ou sintatica: leva-se em conta o sentido literal das palavras. b) Lógica ou teleológica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos seus fins e a sua

posição dentro do ordenamento jurídico. c) Interpretação progressiva, adaptativa ou evolutiva é aquela que, ao longo do tempo,

adapta-se as mudanças político-sociais e as necessidades do presente.

3) Quanto ao resultado: a) Declarativa: ha perfeita correspondencia entre a palavra da lei e a sua vontade. b) Restritiva: quando a letra escrita da lei foi além da sua vontade (a lei disse mais do que

queria) e, por isso, a interpretação vai restringir o seu significado. c) Extensiva: a letra escrita da lei ficou aquém de sua vontade (a lei disse menos do que

queria) e, por isso, a interpretação vai ampliar o seu significado.

Em processo penal, qualquer forma de interpretação é valida. O art. 3.° do Codigo de ProcessoPenal é claro ao autorizar a interpretação extensiva (logo, as demais formas, menos expansivas,estão naturalmente franqueadas), bem como a analogia (processo de integração da norma, suprindolacunas).

PONTO III

Como decorrencia do Direito de Punir do Estado surge a persecução penal, que pode ser divididaem dois momentos:

1. 1) Persecução penal extrajudicial – investigação, inquérito.

2. 2) Persecução penal judicial – ação penal.

PERSECUCÃO PENAL EXTRAJUDICIAL (EXTRAJUDICIO)

A persecução penal extrajudicial ocorre através da Investigação criminal. Por isso, é que se podeafirmar que a persecução penal extrajudicial é uma atividade preparatoria da ação Penal, de carater

Page 5: Resumo Dos Pontos 1 a 4

5

preliminar e informativo.

CONCEITO DE INQUERITO POLICIAL

Nucci: procedimento preparatorio da ação penal, de carater administrativo, conduzido pela políciajudiciaria e voltado a colheita preliminar de provas para apurar a pratica de uma infração penal esua autoria.

CONCEITO IP por SERGIO HUMBERTO SAMPAIO: Procedimento administrativo investigatoriodestinado a apuração da pratica de um fato supostamente delituoso.

NATUREZA DO INQUERITO POLICIAL

O inquérito tem natureza de procedimento administrativo e preliminar ao oferecimento de uma açãopenal.

FINALIDADE DO INQUERITO POLICIAL

O Inquérito Policial tem por finalidade: a) descobrir a ocorrencia e a autoria de uma infração penal;b) colher os elementos de informação relativos a infração; b) fornecer os elementos necessarios apropositura de uma ação penal.

POLICIA JUDICIARIA E POLICIA ADMINISTRATIVA

A polícia administrativa é aquela que atua com a finalidade de impedir a ocorrencia da infraçãopenal. Por isso, possui carater preventivo e atuação ostensiva.

A polícia administrativa tem sua participação na segurança pública antes da ocorrencia da infraçãopenal.

INQUERITOS FORA DO AMBITO DA POLICIA JUDICIARIA

A persecução extrajudicial é função exercida primordialmente pela polícia judiciaria, conformeexpressamente prescrito no art. 4o do CPP.

Entretanto, a atribuição legal de polícia investigativa e repressiva, no exercício da persecução penalextrajudicial, não coube exclusivamente a polícia judiciaria, pois é possível o exercício da funçãoinvestigativa por outros orgãos estatais, nos termos do art. 4o, § único do CPP.

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO

A Comissão Parlamentar de Inquérito é desenvolvida no ambito das casas legislativas Estaduais eFederais, conforme dispõe o paragrafo 3o do artigo 58 da CF/88.

§ 3o - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes deinvestigação proprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nosregimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Camara dos Deputados epelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimentode um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e porprazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas aoMinistério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminaldos infratores.

INQUERITO POLICIAL MILITAR

Conforme dispõe o paragrafo 4o do artigo 144 da CF/88 (in fine), as infrações penais militares estãoexcluídas do ambito de atribuição de investigação da Polícia Civil.

§ 4o - as polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,incumbem, ressalvada a competencia da União, as funções de políciajudiciaria e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

Page 6: Resumo Dos Pontos 1 a 4

6

INQUERITO DE ATRIBUICÃO DA POLICIA DA CAMARA E SENADO

As casas legislativas federais e estaduais são detentoras do poder de polícia. Assim, caso ocorra umcrime no ambito de uma casa legislativa federal ou estadual, a atribuição para investigação é dapropria casa legislativa através da Polícia Legislativa.

Esta hipotese esta fundamentada na súmula 397 do STF:

“O poder de polícia da Camara dos Deputados e do Senado Federal, em casode crime cometido nas suas dependencias, compreende, consoante oregimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito”.

INQUERITO NOS CRIMES PRATICADOS POR AUTORIDADE COM FORO ESPECIAL

No caso do cometimento de um crime por uma autoridade detentora de foro por prerrogativa defunção, a investigação desse crime sera feita pela polícia judiciaria, mas a presidencia do InquéritoPolicial fica a cargo de um membro do Tribunal (no caso de membro do MP, a autorização sera doprocurador geral) competente para julga-lo.

CARACTERISTICAS DO INQUERITO POLICIAL

DISCRICIONARIEDADE

O delegado de polícia conduz as investigações com liberdade de atuação, nos limites traçados nalei, ordenando as diligencias que julgar necessarias para apuração da materialidade e autoriadelitiva.

O delegado de Polícia pode negar diligencias requeridas pelo ofendido ou indiciado (art. 14, CPP).Entretanto não podera negar os requerimentos relativos ao exame de corpo de delito, nos casos emque a infração penal deixar vestígios (arts. 158 e 184, CPP).

O delegado não podera negar a realização das diligencias requisitadas pelo juiz ou promotor dejustiça (desde que sejam legais), artigo 13, II do CPP. Bem como não podera determinar oarquivamento do inquérito.

FORMA ESCRITA

Art 9o. CPP.

Entretanto, a lei permite outras formas de documentação, como a gravação de som e imagem (Art.405, § 1o).

SIGILOSO

Diferentemente do processo criminal, o Inquérito Policial não comporta publicidade, pois a surpresae o sigilo são indispensaveis para propria eficacia das investigações. Art. 20 CPP.

Entretanto o sigilo não é absoluto, haja vista que o sigilo não se opõe ao: Juiz: tem acesso amplo eirrestrito ao Inquérito Policial; Promotor de justiça: tem acesso amplo e irrestrito ao InquéritoPolicial; Advogado do investigado: em regra o advogado do investigado também tem acesso aoautor do

Inquérito Policial, mas este acesso do advogado não é irrestrito. Pois, no caso de diligencias emandamento que ainda não foram documentadas, o advogado não pode ter acesso.

Esse entendimento encontra-se na súmula vinculante no 14:

“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aoselementos de prova que, ja documentados em procedimento investigatoriorealizado por orgão com competencia de polícia judiciaria, digam respeito ao

Page 7: Resumo Dos Pontos 1 a 4

7

exercício do direito de defesa”.

Caso seja negado ao advogado o acesso aos autos do Inquérito Policial, fora dos casos dediligencias em andamento ainda não documentadas, é possível a impetração de mandado desegurança para tutelar seu direito líquido e certo ou ajuizar Reclamação Constitucional perante oSTF. Ainda, é possível a impetração de habeas corpus preventivo em favor do investigado paratutelar sua liberdade.

OBRIGATORIEDADE

Se o fato narrado perante a autoridade policial configurar em fato definido como crime, esta ficaobrigada a instaurar o respectivo inquérito policial para investigar a infração penal.

Entretanto, deve-se salientar que a autoridade policial tem autonomia para fazer juízo técnico-jurídico acerca da tipicidade ou atipicidade do fato narrado. Ademais, pode determinar a verificaçãoprévia acerca da procedencia das informações faticas narradas.

INDISPONIBILIDADE

A indisponibilidade reside na proibição de o Delegado de Polícia arquivar os autos de InquéritoPolicial, uma vez iniciado este. Se diante do caso concreto o delegado perceber que o fato não édefinido como infração, deixara de promove-lo, entretanto uma vez instaurado se tornaindisponível, em virtude do que prescreve o artigo 17 do CPP:

Art. 17. A autoridade policial não podera mandar arquivar autos de inquérito.

DISPENSABILIDADE

Sempre que o Inquérito Policial servir de base para propositura da ação penal deve acompanha-la.(Art. 12 CPP).

Entretanto, o Inquérito Policial é dispensavel para propositura da ação penal. Pois se os elementosde informação que servem de fundamento para ação penal forem colhidos por outro meioinvestigativo, habilitando o titular da ação penal a propô-la, neste caso não sera necessario aexistencia de Inquérito Policial.

OFICIOSIDADE

No caso da ocorrencia de uma infração penal que seja de ação pública incondicionada, tendo aautoridade policial conhecimento dessa infração, seja através de cognição espontanea ou cogniçãoprovocada, pode instaurar o inquérito para apurar a infração penal e a respectiva autoria, atuando deofício.

INQUISITORIEDADE

Pelo fato de o Inquérito Policial não se submeter ao contraditorio e ampla defesa, pode-se dizer queé um procedimento inquisitIvo

OFICIALIDADE

O orgão incumbido da atribuição de investigar, constituído pelos agentes estatais, é oficial.

TEMPORARIEDADE

O Inquérito Policial é um procedimento temporario, pois deve ser concluído dentro de umdeterminado prazo previsto na lei (art. 10, CPP).

ATRIBUICÃO PARA INSTAURACÃO DO INQUERITO POLICIAL

O Delegado de Polícia que detém atribuição para instaurar o inquérito é aquele que exerce suasfunções na circunscrição em que se consumou a infração.

Page 8: Resumo Dos Pontos 1 a 4

8

Art. 4o. A polícia judiciaria sera exercida pelas autoridades policiais no territorio de suasrespectivas circunscrições (...).

Entretanto, sera mera irregularidade o fato de o inquérito tramitar em local diverso da consumaçãoda infração penal, afinal, a violação de critérios de atribuição não tem o condão de invalidar ofuturo processo penal.

PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO INQUERITO

REGRA GERAL (art. 10 CPP)

Réu preso: 10 dias.

Réu solto: 30 dias. Caso o indiciado esteja solto, o prazo da conclusão do Inquérito Policial é de 30dias.

PRAZOS ESPECIAIS INQUERITOS EM TRAMITE PERANTE A POLICIA FEDERAL

Se o indiciado estiver preso o prazo é de 15 dias, prorrogavel por igual período se houverautorização judicial, artigo 66 da Lei 5.010/66.

Se o indiciado estiver solto o prazo sera de 30 dias, pois neste caso deve seguir a regra geral doartigo 10 do CPP, pois houve silencio da lei.

INQUERITOS NO CASO DA LEI ANTITOXICOS

A lei preve o prazo de 30 dias, para o término das investigações, prorrogavel por mais 30 dias,estando o indiciado preso, e de 90 dias, prorrogavel por mais 90 dias, estando o indiciado solto. Aprorrogação deve ser requerida pelo Delegado de Polícia ao Juiz competente, que decidira depois deouvir o Ministério Público.

Art. 51 da Lei 11.343/06.

INSTAURACÃO DE INQUERITO POLICIAL

O Inquérito Policial pode ser instaurado:

1. 1) De ofício;

2. 2) Delatio Criminis (A instauração do Inquérito Policial de ofício pode ocorrer por meio deuma provocação da autoridade policial, a respeito do fato criminoso, por meio de terceirapessoa, ou seja, qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento do fato criminoso –Delatio criminis apocrifa – denúncia anônima);

3. 3) Representação da vítima ou representante legal;

4. 4) Requisição do Ministro da Justiça;

5. 5) Requerimento da vítima ou representante legal;

6. 6) Requisição do Juiz ou Ministério Público.

ENCERRAMENTO DO INQUERITO

O encerramento do inquérito ocorre com o relatorio minucioso, no qual o Delegado informara todosos elementos levantados no curso da investigação.

Art. 10, § 1o. A autoridade fara minucioso relatorio do que tiver sido apurado e enviara os autos aojuiz competente.

Entretanto, sendo o Inquérito Policial um procedimento de carater informativo, a ausencia derelatorio não tera condão de anula-lo, nem de prejudicar eventual ação penal, isso constitui mera

Page 9: Resumo Dos Pontos 1 a 4

9

irregularidade.

VISTA DO INQUERITO AO MINISTERIO PUBLICO

O Ministério Público, ao ter vista do Inquérito Policial, pode tomar as seguintes decisões:

1) Requisitar a devolução do Inquérito Policial ao Delegado

2) Requerer o arquivamento do Inquérito Policial

FUNDAMENTOS PARA O ARQUIVAMENTO

1. 1) Falta de justa causa para oferecimento da ação penal, no que tange ao elemento autoriado crime contra o investigado;

2. 2) Atipicidade formal ou material da conduta;

3. 3) Presença evidente de alguma causa excludente de ilicitude;

4. 4 ) Presença evidente de alguma causa excludente de culpabilidade (exceto ainimputabilidade penal);

5. 5) Presença de alguma causa extintiva de punibilidade;

NULIDADES NO INQUERITO

As irregularidades ocorridas no Inquérito Policial não tem o condão de viciar a ação penal. Sedeterminado ato tiver irregularidade simplesmente sera desconsiderado pelo juiz.

VALOR PROBATORIO

Conforme preceitua o artigo 155 do CPP, não pode o juiz fundamentar sua decisão exclusivamentenos elementos informativos colhidos na investigação.

Valor relativo.

INCOMUNICABILIDADE

A incomunicabilidade, que se aplica ao indiciado preso, é a proibição de se comunicar com outrospresos e com outras pessoas (visitantes), não se aplicando ao seu advogado (art. 21, paragrafo única,parte final).

TRANCAMENTO

Para que um inquérito policial tenha justa causa é preciso, quando dirigido a investigar fatoimputado desde logo a alguém:

a. que o fato seja definido como infração penal.

b. que haja, em tese, a possibilidade de ser o investigado ou indiciado o autor da infração.

Se não existirem esses pressupostos, o inquérito não tem justa causa e pode ser trancado por habeascorpus.

DESARQUIVAMENTO

O Ministério Público pode entender que não ha base para o oferecimento da denúncia e pedir oarquivamento do inquérito ou peças de informação. Se o juiz concordar com a proposta doMinistério Público e determinar o arquivamento, o inquérito somente podera ser desarquivado sesurgirem novas provas, conforme preceitua a Súmula 524 do Supremo Tribunal Federal.

Page 10: Resumo Dos Pontos 1 a 4

10

LEI 9099/95 – JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS - TERMO CIRCUNSTANCIADO A Lei 9.099/1995, não previu a instauração de inquérito policial para apuração das condutas que seincluem no seu ambito de incidencia, quais sejam, as infrações de menor potencial ofensivo, assimcompreendidas as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena maxima não superior adois anos de prisão, cumulada ou não com multa (art. 61). Nestes casos, estabelece o art. 69 daquelediploma que deve ser lavrado o termo circunstanciado, que se constitui de uma peça semelhante aum boletim de ocorrencia policial.

PONTO IV

SUJEITOS PROCESSUAIS

(art. 251 a 281 do CPP)

SUJEITOS PROCESSUAIS: pessoas que atuam no processo .

Principais ou essenciais: juiz, autor e réu – existencia fundamental.

Secundários ou colaterais – demais sujeitos que intervém no feito (assistenteacusação, peritos, testemunhas e outros) – existencia não fundamental.

JUIZFunção de aplicar o direito ao caso concreto.É sujeito, mas não parte. Atua como orgão imparcial.

QUALIDADES

a. capacidade funcional: deve estar no regular exercício do cargo;b. capacidade processual: deve ser competente para a causa;c . imparcialidade: não pode ter interesse que a causa se resolva a favor deuma ou outra parte.

Poderes do juiz:

1) Poderes de polícia ou administrativos: para manter a ordem e do decoro noprocesso. (ex: art. 794 e art. 792, § 1o, CPP).

2) Poderes jurisdicionais: subdivididos em:

a) Poderes-meios: Atos ordinatórios: condução regular do feito. Atos instrutórios: realização de audiencias, diligencias etc.

b) Poderes-fins: de decisão e de execução.

Page 11: Resumo Dos Pontos 1 a 4

11

O juiz penal exerce, ainda, funções anômalas, tais como fiscalizar o princípio da obrigatoriedadeda ação penal (CPP, art. 28), requisitar a instauração de inquérito (CPP, art. 5º, II), bem comoarquiva-lo, receber a notitia criminis (CPP, art. 39) e leva-la ao Ministério Público (CPP, art. 40) etc

Vedações

Impedimento: Art. 252. CPP.Incapacidade objetiva do juiz, Relação com o objeto da lide. Presunção absoluta (juris et de jure) de parcialidade.

Incompatibilidade: Art. 253. Relacionado ao vínculo de parentesco entre juízes num mesmo orgãocolegiado. (Nucci trata como caso de Inpedimento).

Suspeição: Art. 254. Motivos de incapacidade subjetiva do juiz, pois o vinculam a uma daspartes.

Cessação e manutenção das vedações: Art. 255. O impedimento oususpeição decorrente de parentesco por afinidade cessara pela dissolução docasamento que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas,ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionara comojuiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte noprocesso.

Prerrogativas do juiz

Garantias conferidas pela Constituição Federal, art. 95.

a. vitaliciedade: apos dois anos, so o perdendo em caso de sentença condenatoria transitadaem julgado.

b . inamovibilidade: o juiz so podera ser removido de seu cargo em caso de interessepúblico, através de decisão por voto da maioria absoluta do tribunal a que estiver vinculado, ou doConselho Nacional de Justiça, assegurada a ampla defesa (art. 95, II, da CF);

c . irredutibilidade de vencimentos: garante ao magistrado que seu salario não serareduzido (art. 95, III, da CF). Cumpre frisar que ha ressalvas no art. 37, X e XI; art. 39, § 4º; art.150, II, e art. 153, III e § 2º, I, todos da Constituição da República.

A Carta Magna impõe certas vedações ao magistrado, também fundadas na preservação desua imparcialidade. Dispõe o art. 95, paragrafo único, incisos I, II, III, IV, V, da CF

DO MINISTERIO PUBLICO

Na esfera penal, o Ministério Público é o responsavel pela apresentação da pretensão punitiva aoEstado-juiz. Cabe-lhe, exclusivamente, a titularidade da ação penal pública, nos termos do art. 129,inciso I, da Constituição Federal e art. 257, I, do CPP.

Page 12: Resumo Dos Pontos 1 a 4

12

Em caso de ação penal privada, atua como custos legis, ou seja, é o fiscal da lei, zelando por suaboa aplicação. Assim, ou é ele parte (ação penal pública) ou fiscal da lei (ação penal privada), massempre é sujeito da ação penal.

Aplicam-se aos membros do MP as mesmas garantias e prerrogativas dos juízes.

Vedações aos membros do Ministério Público, previstas no art. 128, § 5º, II, a, b, c, d, e; e art.128, § 6º, c/c o art. 95, paragrafo único, V, da Constituição Federal

Princípios do Ministério PúblicoAplicam-se alguns princípios institucionais estabelecidos pela Constituição Federal (art.

127, § 1º):

a. Unidade: “significa que os seus membros fazem parte de uma mesmainstituição, esta chefiada por um Procurador-Geral. Essa unidade apregoada pelaConstituição Federal é considerada dentro de cada Ministério Público.

b. Indivisibilidade: A Indivisibilidade tem reflexo na possibilidade de serem“substituídos uns pelos outros no decorrer do processo”, ja que a causa “é” doMinistério Público e não do promotor. Deve-se lembrar o entendimento que tem sidomanifestado pelo Supremo Tribunal Federal, amparado por parte da doutrina, nosentido de ser proibida a designação casual de promotor de justiça peloprocurador-geral, por ofender o princípio do promotor natural, correlato aoprincípio do juiz natural.

c. Independencia funcional: Os membros do Ministério Público não estãovinculados a ordem de orgão algum, nem a qualquer Poder do Estado.

d) Autonomia funcional, administrativa e financeira (art. 127, §§ 2.º e 3.º,da CF).

DO ACUSADO ( E SEU DEFENSOR)

Acusado: sujeito passivo da ação penal. a) maior de 18 anos;b) imputavel e/ou semi-imputavel (art. 26, aplica-se medida desegurança);c) sem imunidade política ou diplomatica;d) pessoa jurídica (art. 3º da Lei 9.605/98, regulou art. 225, §1ºda CF) nos crimes contra o meio ambiente.

A ausencia de identificação nominal não impede a ação penal, desde que seja possível identificar oréu por outros meios (identidade física).

Art. 260. Se o acusado não atender a intimação para o interrogatorio, reconhecimento ou qualqueroutro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade podera mandar conduzi-lo a suapresença.

Page 13: Resumo Dos Pontos 1 a 4

13

- Princípio "nemo tenetur se detegere" (o direito de não produzirprova contra si mesmo), art. 5º, LXVIII da CF.- Alguns entendem que o art. 260 não pode ser mais utilizado (AuryLopes).- Outros entendem que vigora nos casos de reconhecimento, mas nãopara o interrogatorio (Nucci).

OUTROS DIREITOS DO ACUSADO/ BASE JURÍDICA

- Direito a ter respeitada sua integridade física e moral / Art. 5.º,XLIX, da CF- Direito de ser processado e sentenciado pela autoridade competente /Art. 5.º, LIII, da CF- Direito ao devido processo legal / Art. 5.º, LIV, da CF- Direito ao contraditorio e a ampla defesa / Art. 5.º, LV, da CF- Direito a presunção de inocencia até o transito em julgado dacondenação / Art. 5.º, LVII, da CF- Direito de não ser submetido a identificação criminal, salvo nashipoteses previstas em lei / Art. 5.º, LVIII, da CF e Lei 10.054/2000- Direito a processo e julgamento público, salvo quando necessario osigilo para preservação da intimidade ou dos interesses sociais / Arts.5.º, LX, e 93, IX, da CF- Direito de não ser preso, senão em flagrante ou mediante ordemescrita emanada da autoridade judiciaria competente, salvo nos casosde transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em leiArt. 5.º, LXI, da CF e art. 282 do CPP- Direito a ser informado de seus direitos quando preso, entre os quaiso de permanecer calado, bem como de assistencia da família e deadvogadoArt. 5.º, LXIII, da CF e art. 306, § 2.º, do CPP- Direito de não ser preso nem mantido na prisão, quando a lei admitirliberdade provisoria, com ou sem fiançaArt. 5.º, LXVI, da CF- Direito de ser cientificado quanto a identidade dos responsaveis pelasua prisão ou por seu interrogatorio policial, quando presoArt. 5.º, LXIV, da CF e arts. 288 e 291 do CPP- Direito de não serem admitidas em seu desfavor provas obtidas pormeios ilícitosArt. 5.º, LVI, da CF- Direito a assistencia jurídica integral e gratuita, quando não dispuserde recursos suficientes para constituir advogadoArt. 5.º, LXXIV, da CF e Lei 1.060/1950- Direito a indenização por erro judiciario ou pelo tempo quepermanecer preso, além do fixado na sentençaArt. 5.º, LXXV, da CF- Direito a um processo com duração razoavel e a meios que garantama celeridade de sua tramitaçãoArt. 5.º, LXXVIII, da CF

Page 14: Resumo Dos Pontos 1 a 4

14

- Direito a entrevista prévia e reservada com seu advogado,constituído ou nomeado, antes de ser interrogado em juízoArt. 185, § 2.º, do CPP - Direito a que seu silencio não seja interpretado como confissão fictaou utilizado pelo juiz como elemento de convicção em seu desfavorArt. 186, paragrafo único, do CPP- Direito a tradutor ou intérprete, quando desconhecer o idiomanacional ou não puder se comunicar por motivos relacionados adeficiencia auditiva ou vocalArts. 192 e 193 do CPP- Direito a defesa técnica fundamentada, quando assistido por defensordativo ou públicoArt. 261, paragrafo único, do CPP

Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, sera processado ou julgado semdefensor: O defensor, no atual estagio brasileiro, é o advogado. Não mais se admite a defesatécnica por alguém sem formação jurídica.

A O defensor constituído é o advogado com procuração do acusado ou que por ele foi indicado nointerrogatorio (art. 266).

B) O defensor dativo é o nomeado pelo juiz, se o acusado não tiver, não puder ter, ou mesmo nãoquiser ter defensor.

C) O defensor ad hoc é o nomeado pelo juiz para atos processuais determinados, na hipotese de odefensor, constituído ou dativo, apesar de regularmente intimado, e ainda que motivadamente, nãocomparecer.

DEFENSORIA PUBLICA: é instituição essencial a função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º,LXXIV.

Art. 262. Ao acusado menor dar-se-a curador.

A regra do art. 262 do CPP, no sentido de que ao acusado menor dar-se-a curador, encontra-seprejudicada. Codigo Civil de 2002. Revogação expressa do art. 194 do CPP, que continha identicaregra, pela Lei 10.792/2003.

Figura distinta é a do curador como defensor especial, nomeado pelo juiz ao incapaz ou suspeito deincapacidade mental, ou ao índio no regime de sua legislação.

BASE LEGAL CURADOR: réu submetido a incidente de insanidade, art. 149, § 2º, do CPP;reputado inimputavel pelos peritos art. 151 do CPP.

Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-a nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direitode, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenhahabilitação.

Autodefesa técnica: se o réu for advogado, querendo, pode se defender sozinho.

Page 15: Resumo Dos Pontos 1 a 4

15

Art. 265. O defensor não podera abandonar o processo senão por motivo imperioso,comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salarios mínimos, semprejuízo das demais sanções cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

Nesse caso, o juiz nomeia um defensor ad hoc

Focando-se a audiencia de instrução e julgamento única, prevista na maioria dos procedimentos daLei 11.719/2008, não é possível que se nomeie defensor ad hoc para acompanhar toda a colheita daprova e, pior, realizar os debates que precedem o julgamento. O réu estara, evidentemente, indefeso.Seu advogado, por alguma razão, faltou. Não é problema do acusado, que merece ter respeitada aampla defesa. (Nucci).

DOS ASSISTENTES

Art. 268. Em todos os termos da ação pública, podera intervir, como assistente do MinistérioPúblico, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas noArt. 31.São partes acessórias, secundarias contingentes ou eventuais, pois não são imprescindíveis para a existencia do processo.

HIPOTESE DE INTERVENCÃOA assistencia é possível somente na ação penal de iniciativa pública, condicionada ou incondicionada; em se tratando de ação penal de iniciativa privada (propriamente dita ou subsidiariada pública), o ofendido, seu representante ou sucessor atuam como parte.

FINALIDADE: Duas as posições acerca da finalidade da assistencia:

1) escopo de auxiliar o Ministério Público na busca da efetivação dojus puniendi e, so secundariamente, para preservar eventual direitoressarcitorio.

2 ) Outra corrente reputa a assistencia como atuação voltadaexclusivamente para a satisfação do direito à reparação do danoadvindo da infração.

O assistente so pode ser admitido apos o recebimento da denúncia.

PODERES DO ASSISTENTEa) Propor meios de prova.b) Requerer perguntas as testemunhas. c) Aditar o libelo e os articulados.d) Participar dos debates orais. e) Arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos

dos arts. 584, §]-°, e 598, ambos do CPP. O assistente pode oferecer razões em qualquer recursointerposto pelo Ministério Público. Pacífico o entendimento de que pode, também, contra-arrazoaros recursos interpostos pela defesa.

A lei preve, ainda, a possibilidade de o assistente interpor e arrazoar os seguintes recursos (arts.

Page 16: Resumo Dos Pontos 1 a 4

16

584, § j2, e 598): a) em sentido estrito, contra a decisão que impronuncia o réu; b) em sentido estrito, contra decisão que declara extinta a punibilidade do acusado; c) apelação supletiva, contra sentença proferida nas causas de competencia do juiz singular ou do Tribunal do Júri.

Se o assistente, apesar de regularmente intimado, faltar a audiencia, não sera desabilitado,mas não sera mais intimado.

DOS FUNCIONARIOS DA JUSTICA

O juiz necessita da colaboração de orgãos auxiliares, aos quais incumbe a realização de tarefas quenão podem ser efetivadas pessoalmente pelo magistrado.Esses orgãos auxiliares podem ser:

a) permanentes — são aqueles orgãos que atuam em todos os processos em tramite pelojuízo (escrivão, oficial de justiça, distribuidor etc.);

b) eventuais — são aqueles que intervem somente em alguns processos, nos quais realizarãotarefas especiais (intérpretes, peritos etc.).”

Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos serventuarios e funcionarios dajustiça, no que lhes for aplicavel.

DOS PERITOS E INTERPRETES

Os peritos podem ser oficiais (servidores públicos) ou não oficiais. Os primeiros integram osquadros da Justiça ou da Polícia. Os segundos são pessoas idôneas e com formação superior,estranhas aos quadros de funcionarios do Estado, escolhidos pelo juiz para prestar auxílio técnico.Em qualquer hipotese, estarão sujeitos a disciplina judiciaria (art. 275 do CPP).”

Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estara sujeito a disciplina judiciaria.

“A disciplina judiciaria o coloca em pé de igualdade com os demais funcionarios públicos,ainda que se trate de perito não oficial, podendo responder pelos crimes previstos noCapítulo I do Título XI da Parte Especial do Codigo Penal” ( - peculato, corrupção)

Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.

Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicavel, o disposto sobre suspeição dos juízes.

Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos.

Toda a disciplina dos peritos é aplicavel aos intérpretes