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    Caro leitor(a)

    Saudaes!

    Temos o prazer de oferecer a voc e toda sociedade a Revista Inteligncia Operacional que a

    nica revista do Brasil especializada em Inteligncia de Estado e Inteligncia Operacional.

    Nesta edio especial de nmero 3, inauguramos uma srie diversifcada de contedos de intelignciade grande interesse, nas sees A Arte da Guerra, Srie Dossis e Servios Secretos, com arti-

    gos elucidativos sobre Espionagem Atmica, Recrutamento Virtual, Terrorismo, Investigao Policial e

    Inteligncia de Segurana Pblica, resenhas de flmes e livros, entrevistas e muito mais.

    Sentimo-nos satisfeitos e honrados de apresentar ao pas o melhor e mais abrangente contedo sobre

    a atividade de Inteligncia, compartilhando com todos os brasileiros conhecimentos fundamentais ao

    exerccio da cidadania e ao auto-aperfeioamento.

    Boa leitura!

    Andr Soares

    Dedicamos esta singelahomenagem a todas asmulheres valorosas quetrabalham no silncio, den-tro do mundo dos espe-lhos, por vezes atuandosob disfarce, inltradas em

    organizaes antagnicas,correndo risco de seremdescobertas.

    quelas, fabulosas e heri-cas prossionais de In-formaes, que esto es-crevendo a nossa prpriahistria e que, em razo desua prosso, sempre per-manecero no anonimato.No entanto, saibam queseus feitos sempre serolembrados.A vocs, Agentes(as) deInteligncia Operacional,

    nossos parabns e queDeus as proteja nessa em-preitada.

    EK.

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    EDITORIAL

    At que ponto a crena dogmti-

    ca de certas comunidades saem

    do considerado normal e pas-

    sam a ser fanatismo?

    Durante anos, o mundo ocidental

    foi inuenciado tremendamente

    com relao ao anticomunismo,

    um assunto que praticamente o

    dividiu em dois blocos, desde onal da Segunda Grande Guer-

    ra, at o nal da dcada de 80.

    A mensagem anticomunista

    no teria sido um tipo de fanatis-

    mo? Quantas pessoas morreram

    lutando por suas causas? A histria em nosso prprio pas

    revela que o mundo plenamente mutvel. Muitas das

    pessoas que foram consideradas subversivas nos perodos

    ureos dos Regimes Militares, chegaram ao poder, quer

    como proeminentes polticos, quer como governadores ou

    presidentes, para os quais os remanescentes do velho re-

    gime teriam que se sujeitar, trabalhando sob sua gide.

    O mundo mutvel. At mesmo os padres e crenas dog-

    mticas da Igreja tiveram que ser revistos, tal como a ideia

    de que a Terra era chata (plana) e que transpor os oceanos

    era impossvel. O perodo medieval nos trouxe importantes

    exemplos da intolerncia religiosa, tudo que ameaasse a

    f era passvel de ser expurgado nas fogueiras da Santa

    Inquisio, tudo era possvel em nome de Deus.

    O fanatismo levou ao Holocausto. O fanatismo levou irmos

    a materem seus prprios irmos. Hoje o foco o terroris-

    mo fundamentalista. Violncia gerando violncia. A Lei de

    Talio: olho por olho, dente por dente, ainda vigora e no

    nos demos conta disso. Essa luta intolerante ainda pena-lizar a vida de muitos inocentes que s querem viver suas

    liberdades. Seres humanos sim, mas humanos... talvez

    no. No h respeito s garantias individuais apregoadas

    pela Constituio Federal e pela Declarao Universal dos

    Direitos Humanos. Armar que existe tolerncia uma

    utopia. A luta armada ainda continuar, por causa da into-

    lerncia.

    Nossos Servios de Inteligncia esto se dando conta dis-

    so? Estamos preparados para garantir nossa sobrevivncia

    neste mundo de caos, diante da ameaa do terrorismo glo-

    balizado? Pois...

    Aquele que no estiver disposto a lutar pela sua paz...no a merece!

    Fbio F. de Arajo

    Comisso Editorial

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    Final de julho de 1945, os aliadoshaviam dividido o destino da Ale-manha conquistada, bem como acampanha contra o Japo e tam-bm o destino do mundo.

    Depois de nove encontros entre asmais altas autoridades americanas,britnicas e russas, chegou-se aum acordo. Todos estavam satis-

    feitos e conantes.Truman ouvira de seus especia-listas que haviam obtido xito emsuas investigaes, estavam combombas atmicas prontas para se-rem lanadas sobre o Japo. Tru-man e seus especialistas julgavamque o lanamento de apenas umabomba seria o suciente para asse-gurar a paz no mundo pelos anosvindouros.

    Depois de rodear a mesa de con-ferncias, o presidente Truman sedirigiu a Stalin, dizendo-lhe queaps anos de experincia, haviamconseguido produzir uma bombacom poder destruidor muito maiordo que qualquer coisa conhecidaat ento. Disse a Stalin que se oJapo no se rendesse, a Amricafaria uso em breve dessa arma.

    O que mais chamou a ateno deTruman foi que Stalin apenas repli-cou que estava contente por saberdisso, no entanto demonstrou niti-

    damente estar pouco impressiona-do com a notcia, at mesmo meiodesinteressado.

    Truman no havia divulgado exata-mente o mais bem guardado segre-do de guerra, porm, esse segredodeixaria de ser segredo, dentroem breve.

    Segundo Camargo (O Fogo dos

    Deuses, Ed. Contraponto, 2006,pg. 109), no mundo da energianuclear, a espionagem desempe-nhou e continuar a desempenharum papel fundamental.

    Por ocasio do desenvolvimento debombas atmicas com poder explo-sivo cada vez maior, no setor nu-clear acabaram sendo introduzidasa guerra psicolgica, as operaesde espionagem, a desinformao e

    os agentes de inuncia.A conceituao para o termo espio-nagem adotada por Camargo afornecida pelo verbete intelign-cia, no sentido poltico, dado pelaenciclopdia Mirador:

    Os servios de inteligncia tm pormisso captar, interpretar, avaliar eordenar informaes sigilosas sobreoutros pases, nos campos poltico,militar e econmico. Contempo-

    raneamente, tornam-se cada vezmenos ntidas as fronteiras entreestes trs campos. Da a tendnciacada vez maior centralizao dos

    servios de inteligncia e a conar-lhes a direo dos altos escalesdo governo.

    No entanto, a atividade de espiona-gem uma ferramenta agressiva deobteno de dados protegidos, quefaz parte integrante do arcabouoda Atividade de Inteligncia.

    As aes de agentes secretos ou de

    espies so reconhecidas desde aAntiguidade.

    A tcnica mais barata de obtenode informaes sigilosas a utiliza-o de redes de agentes, Camargo(2006, pg. 110) destaca que umadas tarefas mais importantes daInteligncia moderna o desen-volvimento de uma fonte de infor-maes e que essa fonte, nadamais do que um agente treinado

    para obter as informaes secretase necessrias produo de co-nhecimentos.

    O autor salienta que desenvolveruma fonte um trabalho perigosoe complexo. Interessante ressal-tar as consideraes de Camargo,nas quais explica que o trabalho dedesenvolvimento de uma fonteenvolve tcnicas especcas como,por exemplo:

    a) a correta aproximao;

    b) sua proteo e segurana; e, oque mais importante

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    c) a conabilidade de suas comuni-caes.

    Esse trabalho de desenvolvimentons chamamos de controle, utiliza-o ou operao de agentes e es-tes podem ser classicados comoagentes, informantes e/ou colabo-radores.

    Com relao ao termo agente, se-gundo a conceituao mais espec-ca universalmente aceita, refere-seexclusivamente ao ator que bus-car as informaes sigilosas queso requeridas.

    A agente pode ser um integrantedo Elemento de Operaes deInteligncia (que constitui o quechamamos de Servio Secretono jargo da Inteligncia), ou mes-mo um elemento que foi recrutadooperacionalmente, que trabalhapara o rgo de Inteligncia, masno faz parte de seus quadros.

    Normalmente, o controle dos agen-tes de uma (ou mais) rede(s) feito

    por um ocial de Inteligncia, oumesmo por um agente local maisexperiente que treinado para essem.

    Por vezes, o pagamento dessas fon-tes nem sempre feito em dinheiro.

    O fato principal do desenvolvimentoda Bomba Atmica desencadeouuma evoluo rpida de prossio-nalizao das aes de espiona-

    gem. Desde o primeiro projeto dedesenvolvimento da bomba, que foidenominado Manhattan, as aesde espionagem deram um saltoconsidervel com ns especcospara a corrida armamentista.

    Para se ter uma ideia, em julho de1945, um ms antes do bombardeiode Hiroshima, a Unio Sovitica jtivera acesso s informaes ultra-secretas mais importantes relativas

    construo da Bomba, principal-mente quanto aos processos de se-parao dos dois istopos de urnio( o U

    235e o U

    238), tambm quanto ao

    processos de produo do plutnio

    e sobre os sistemas e mecanismosde detonao.

    As informaes vieram das mosde espies russos que as obtiveramdiretamente de trs agentes recru-tados: precisamente trs cientistasque trabalhavam no Projeto Manhat-tan, bem como de mais um elementoimportante na rede de espionagem,um militar e tcnico que trabalhavana Base de Los Alamos.

    Esse militar era David Greenglass,ningum menos que irmo de EthelRosemberg, sendo que esta, maistarde, seria condenada mortepor espionagem, sendo executadajuntamente com seu marido JuliusRosemberg, logo aps um tumul-tuado julgamento.

    Espionagem Atmica -

    a motivao

    Nos dias de hoje, existem vrios tiposde armas de destruio em massa,como armas qumicas, biolgicas e/

    ou nucleares. No entanto, o poder dedestruio imediata e seus efeitos alongo prazo com relao bombaatmica o que instigou os lderesmundiais das grandes potncias,principalmente, na poca, a UnioSovitica, a querer detalhes de suaproduo, de forma a aperfeio-la,agregando maior poder de des-truio ainda.

    Para o leitor ter uma ideia do que

    motivou a corrida da espionagematmica, iremos apresentar algunsdados e imagens, para que possapor si mesmo tirar suas conclusesde qual fra a importncia consi-derada para a obteno desse se-gredo.

    O grau de destruio de umabomba atmica dado em quilo-tons (kton). Essa medida equivalea 1.000 (mil) vezes uma tonelada

    de dinamite (TNT). Ou seja, 1 ktonequivale a 1.000.000 kg de TNT (ummilho de quilos de dinamite).

    A bomba lanada sobre Hiroshima

    Ethel e Julius Rosemberg

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    tinha um poder de destruio de 15kton.

    A corrida armamentista possibili-tou o desenvolvimento de armasnucleares ainda mais poderosas,com poder de destruio avaliado

    em megatons (Mton), ou seja, ummilho de toneladas de TNT, ou, 1bilho de quilos de dinamite,

    Esse nmero assustador? No!Ainda no ...

    Com base inicial nos dados obtidoscom suas redes de espionagem,atravs de seus prprios cientistas,os russos superaram essas marcas,construindo a Tzar Bomb, com ca-pacidade de 50 Mton (comentare-mos em detalhes, mais adiante).

    Para ns, reles mortais, quandovemos na mdia televisiva os mo-vimentos pacistas contra o uso dearmas nucleares e a favor das cam-panhas de desarmamento nuclear,muitas vezes no nos passa sequeruma sombra do que est por trsdisso, ou seja, qual o poder e a ca-pacidade de destruio, caso ocor-

    resse uma Guerra em nvel mundiale alguns pases comeassem a uti-lizar armas nucleares.

    Porm, o grande problema no acapacidade das potncias que pos-

    suem um vasto arsenal de armasnucleares, o problema reside no in-tento que organizaes terroristastm em possuir um modelo porttilde uma bomba atmica, a m decausar maior destruio e mortecom um atentado terrorista dessetipo.

    No auge da Guerra Fria, duassuporpotncias se destacaramno desenvolvimento de armas dedestruio em massa, os EstadosUnidos e a Unio das RespublicasSocialistas Soviticas. Na mesmaproporo que houve o avano nodesenvolvimento cientco, ocor-reu uma exploso nas demandasde espionagem, as tcnicas foramaperfeioadas, bem como tambmforam aperfeioados e desenvolvi-dos equipamentos ultra-sosticadospara a obteno de segredos muitobem guardados.

    No entanto, por melhor que fossemos equipamentos, um antiqussimomtodo de obteno de informa-es secretas foi muito empregado:espies.

    Ociais de Inteligncia atuavamcomo recrutadores e controladoresde redes de agentes, cooptando osservios de pessoas que fossem

    locais, mas que tivessem acessos informaes secretas que fos-sem requeridas.

    O pior que poderia acontecer...Aconteceu... No somente pessoasque tinham acesso a tais informa-

    es haviam sido recrutadas, mascientistas que trabalharam direta-mente no desenvolvimento de ar-mas nucleares haviam tambm sidorecrutados, transmitindo informa-es valiosssimas aos pases con-correntes.

    A Agncia Central de Inteligncia(CIA) norte americana e o KGB (Co-mit para Segurana do Estado, daURSS) foram os principais protago-

    nistas na atuao de redes de es-pionagem.

    A Unio Sovitica, mais precisa-mente, possuia um programa detreinamento que comeava desdecedo, treinando seus agentes paraoperaram em solo estrangeiro, atu-ando como o que eles chamavamde ilegais.

    Em cada Embaixada havia um ocial

    do KGB sob cobertura diplomtica,como Adido Militar, Adido Cultural,Relaes Exteriores, dentre outros,mas era o ocial de Informaesque cuidava da transmisso das co-

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    municaes e relatrios dos agentes para Moscow, tambm para algumasdeterminaes, desde que no fosse pego, pois, pelo Artigo 9 da Conven-o de Viena, poderia ser classicado como persona non grata e ter quedeixar o pas.

    Tal ocial de Informaes era chamado de Residente. Da mesma forma,um ocial do KGB atuava como controlador de redes clandestinas, os ile-gais, sendo chamado de Residente Ilegal, essa rede de espionagem era

    Powers, que fora abatido na UnioSovitica. Ao retornar para a Russia,Abel se tornou instrutor dos novos

    ociais de Informaes do KGB.As duas primeiras bombas no ti-nham um poder to destruidor comoas que existem hoje.

    A primeira a ser lanada sobre oJapo foi a Little Boy e a segundaera chamada de Fat Man.

    As duas possuiam sistema diferen-ciados de funcionamento.

    O poder de devastao dessasduas armas atmicas, quando foivisto pelo mundo, causou grandeimpacro psicolgico, tanto no pas

    que fora palco dos testes reais desua utilizao em combate, quandono resto do mundo, sendo que athoje existem movimentos pacistasem prl da desativao das UsinasNucleares, bem como ao desarma-mento atmico.

    Os efeitos de uma detonao deuma arma nuclear so exponencial-mente maiores do que a explosode uma bomba comum.

    O primeiro efeito um ash, compoder de alguns milhares de sis,seguindo-se uma bola de fogo gi-gantesca que consumir pratica-mente tudo o que estiver dentro dohipocentro da exploso.

    O efeito seguinte a onda de choquepositiva, resultante da detonao.

    Em um explosivo comum, tipo C4,por exemplo, a onda de choque

    positiva possui uma presso comcerca de 250 toneladas por cm2,sendo uma massa de ar compactacom 5cm de espessura.

    O efeito devastador de uma onda dechoque de uma exploso atmica innitamente maior. Alm do que, sea exploso for area, ocorrer umareexo da onda de choque princi-pal, causando um efeito que chama-

    nominada de Residentura.

    Um dos verdadeiros cones de umaResidentura Ilegal foi o Coronel Ru-

    dolf Ivanovich Abel, do KGB, quedepois de um longo tempo de atu-ao em solo dos Estados Unidos,foi preso pelo FBI.

    Segundo a histria, as nicas pa-lavras mencionadas por ele foram:Sou Rudolf Ivanovich Abel, coroneldo KGB e nada mais.

    Abel foi posteriormente trocado pelopilodo do avio espio U2, Gary

    Bomba Atmica Little Boy Bomba de Plutnio Fat-Man

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    mos de Zona Mach, que intensicar o poder destruidor da onda de choque principal.

    O afastamento violento das molculas de ar partindo do hipocentro da exploso ir causar um vcuo muitogrande, o que ocasionar uma onda de choque negativa, ou seja, de fora para dentro, terminando de destruir oque ainda permaneceu em p.

    Sequido a isso, ocorrer a propagao do efeito trmico-incendirio, alm do que com a exploso principal ocorreum tremendo pulso eletro-magntico, torrando todo e qualquer aparelho eletrnico.

    Por m ,espalha-se a chuva de partculas radioativas, que contaminaro a rea por longos anos.

    Para termos uma ideia do poder destruidor da bomba atmica, vejamos as imagens abaixo, sendo representadapor uma maquete da cidade de Hiroshima, antes e depois da exploso, bem como uma representao do ta-manho da bola de fogo proveniente da exploso.

    Efeito devastador da exploso da Bomba Little Boy de 15 kton sobre Hiroshima

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    Da mesma forma, nas imagensao lado podemos vericar o efeitodestruidor da Bomba Fat Man, lan-ada sobre Nagasaki, bem como

    imagem do respectivo cogume-lo formado de poeira e fumaa(abaixo):

    Pior do que as bombas lanadasno Japo so as hoje existentes,com poder milhares de vezes maisdevastador, como por exemplo, sea Tzar Bomb fosse lanada sobreParis (imagem ao lado), somente abola de fogo teria cerca de 8 km e area de destruio total seria de 70km de dimetro.

    O grande problema que a espio-nagem atmica continua. Organiza-es e Governos mais radicais, quese utilizam do terrorismo como arma,ainda caminham para o desenvolvi-

    mento desse tipo de arma.O perigo no est em quem a pos-sui, mas em quem ainda no pos-

    sui. bom reetir...

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    *Luciano Carneiro de Paiva

    Delegado da Polcia Civil do Estado de So Paulo, professor de CrimesCibernticos da Academia de Polcia Civil Dr. Coriolano Nogueira Cobra, em So Paulo.

    Quando despertou nosso in-

    teresse pela investigao dos

    crimes eletrnicos, o primeiropensamento que veio mente

    foi: Nossa! Agora terei de li-

    dar com dispositivos eletrni-

    cos.

    Os sistemas informatiza-

    dos e dispositivos eletrnicos

    de comunicao so muito

    diversicados e a evoluodesses meios extremamente

    rpida, dessa forma, nor-mal que, ao nos depararmos

    com a problemtica dos deli-

    tos virtuais, voltemos nossos

    olhos para os equipamentos,

    computadores, notebooks e

    toda a parafernlia relacio-

    nada telemtica, que nada

    mais do que a juno dos

    meios de comunicao com a

    informtica pura.

    O problema, na realidade,

    no est nas mquinas e

    sistemas informatizados, nes-

    sa seara, o maior desao paraos prossionais de Intelign-cia reside em um ponto es-pecco: o ser humano. Este,feito imagem e semelhana

    de seu Criador, pode vir a ser

    alvo de qualquer servio de

    Inteligncia. Tanto alvo de

    ser recrutado, quanto alvopor possuir ou ter acesso aos

    dados que esto protegidos

    por algum meio e que so do

    interesse para a Atividade de

    Inteligncia, os quais chama-mos de dados negados. Esseser humano quem est por

    detrs dos computadores e

    dos dispositivos eletrnicos,

    dos Ipeds, dos cartes decrditos e de quaisquer meios

    eletrnicos que sejam capa-

    zes de ser utilizados para o

    cometimento de crimes.

    Assim, acreditamos que os

    Policiais Civis que forem es-

    colhidos para trabalharem

    nos rgos de inteligncia,precisam passar por treina-

    mento especializado, no qualos delitos cometidos por meios

    eletrnicos devem ser aborda-dos, para que o prossionalde inteligncia obtenha umacapacitao mais ampla.

    Denido quem o alvo,voltamos nossa ateno para

    os Servios de Inteligncia. Ahistria das agncias de In-

    teligncia (como so chama-das), principalmente aquela

    veiculada pela mdia ccio-nal, nos leva a crer que so

    organismos altamente tec-

    nolgicos, nos quais os dis-

    positivos eletrnicos so sem-

    pre exaltados e a tecnologia

    de ponta chega a se tornar

    mais importante do que seus

    prprios operadores.Ao assistirmos os lmes do

    superespio 007, ou mesmo,

    a memorvel srie televisiva

    de comdia O Agente 86,verica-se que os dispositi-vos e equipamentos eletrni-

    cos sempre so destaques. O

    sapato-fone, o cone do siln-cio, nas verses cmicas, ou

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    os equipamentos e veculos

    mais sosticados de JamesBond, repletos de alta tecno-

    logia, sem dvidas so o dife-

    rencial dessas produes c-cionais.

    No entanto, para que os tra-

    balhos de Inteligncia sejamdesenvolvidos com ecincia, necessrio que o homemde Inteligncia seja bem es-colhido dentre os seus pares,

    para exercer este verdadeiro

    sacerdcio. O Recrutamento

    Operacional sem dvidas

    uma fase extremamente im-

    portante, que precisa ser cui-

    dadosa e criteriosamente rea-

    lizada.

    Do ponto de vista da In-teligncia de Estado, ou mes-mo a de Segurana Pblica,

    o Recrutamento Operacional

    nada mais do que se con-

    seguir que alguma pessoa tra-

    balhe para um rgo de In-teligncia, com a nalidade defornecer informaes, dadose/ou conhecimentos que se-

    jam do interesse para a Ativi-

    dade de Inteligncia. O recru-tamento o que forma umaRede de Inteligncia Cls-sica.

    Neste ponto, destacamos a

    palavra rede: tal vocbulo

    torna-se um alerta para aque-

    les que se interessam pelo

    tema segurana das informa-

    es. Em nossa preocupa-o com os delitos cometidos

    por meios eletrnicos, quan-

    do ouvimos a palavra rede,

    praticamente impossvel

    no pensar na Grande RedeMundial de computadores,

    que bem conhecemos como

    internet.

    Dessa forma, surgem duas

    perguntas:

    O que o prossional de

    Inteligncia e os agentes re-crutados precisam saber paraserem ecientes na busca dedados negados? e

    possvel utilizar a in-ternet na formao de uma

    Rede de Inteligncia?

    Considerando-se nossas a-tribuies prossionais, gos-taramos de tratar sobre o

    prossional que desempenha-r a funo de Agente de In-teligncia de Segurana Pbli-ca: o policial.

    Sem uma formao espe-

    cializada que priorize as no-

    vas tecnologias de informa-o, o policial jamais poder

    integrar um rgo ou setor

    de Inteligncia de SeguranaPblica.

    Alm de um curso de forma-

    o em Inteligncia Policial,o prossional necessita pas-sar por cursos de capacita-

    o especializada, como por

    exemplo, o Curso de Inves-tigao de crimes cometidos

    por meios eletrnicos, este

    ministrado pela Academia de

    Polcia Civil do Estado de SoPaulo (Acadepol). Essa insti-tuio de ensino especializado

    tem se preocupado em formar

    e capacitar seus alunos poli-ciais, preparando-os para o

    combate e a investigao dos

    crimes digitais ou virtuais.

    Sem essa formao, de

    nada adianta a existncia deequipamentos e dispositivoseletrnicos nas Agncias deInteligncia Policial. O homemprecisa estar capacitado para

    enfrentar a tecnologia, caso

    contrrio, o Servio de In-teligncia no conseguiratingir seus objetivos com

    preciso, economia de meios,

    objetividade e sigilo, na sua

    misso precpua de detectar,identicar, localizar e neu-tralizar a ao de criminosos.

    Sem o conhecimento de como

    conseguir dados negadospor intermdio dos atuais re-

    cursos tecnolgicos, como a

    internet, por exemplo, o poli-

    cial no estar plenamente

    apto a integrar um setor de

    Inteligncia Policial, ou de Se-gurana Pblica -- haja vista o

    constante aprimoramento da

    criminalidade nesse setor--,

    ou mesmo possa executaruma operao com ecincia.

    Podemos armar que semuma rede de Intelignciabem estruturada, o trabalho

    de Inteligncia se torna muitodifcil. Dessa forma, pos-

    svel se formar uma excelente

    rede, utilizando para isso a

    internet.

    Dentro dos meandros opera-cionais de Inteligncia, porvezes, o recrutado nem ima-

    gina que est sendo recrutado

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    e, aps um perodo longo de

    interao recrutador/recruta-

    do, mesmo depois que descu-

    bra que est trabalhando para

    um rgo de Inteligncia, naprtica, o recrutado continua

    a desempenhar suas funesrotineiras. A internet pode

    ajudar muito na fase de recru-

    tamento. Basta procurarmos

    nos sites de relacionamentos

    existentes, como o Orkut, o

    Myspace, o Baboo e o Twitter,que teremos um verdadeiro

    tesouro na busca de pessoaspotenciais que possam vir a

    se tornar um recrutado para

    o Servio de Inteligncia.

    A partir do momento em que

    o indivduo se insere nessas

    redes de relacionamentos, a

    sua privacidade estar aberta

    a todos os usurios da inter-

    net, ou seja, sua vida passar

    a ser pblica e sem restriode acesso. Esse fato trans-forma essas redes virtuais

    de relacionamentos em um

    atalho para obteno de infor-

    maes sobre sua rotina, seuestilo de vida e as diferentes

    identidades atravs das co-

    munidades que participa.

    Recrutar uma pessoa para

    o Servio de Inteligncia emuma sala de bate-papo no

    uma tarefa difcil. Esses am-bientes virtuais esto cheios

    de pessoas carentes, que so

    facilmente manipuladas, po-

    dendo se tornarem colabora-

    doras na busca de informa-es.

    O recrutador/controlador,

    por exemplo, deve saber quan-do apelar para o patriotismo,

    ou mesmo o sentimento de

    justia do indivduo, quando

    lhe indicar que melhor con-

    vm no compactuar com as

    aes criminosas, ou quandolhe oferecer dinheiro ou algu-

    ma coisa material como formade pagamento pelos servios

    prestados.

    Dentre os fatores que se de-

    vem considerar quando bus-

    camos uma pessoa na inter-

    net, com ns de recrutamentopara o Servio de Intelign-cia, podemos mencionar as

    manifestaes patentes deseu carter, a maneira que

    pode servir aos interesses do

    Servio e a forma de desen-

    volver-se em seu prprio am-

    biente. A pessoa alvo de recru-

    tamento deve estar dentro ou

    prxima de onde se localiza oalvo da Inteligncia e o que mais importante: o recrutado

    em potencial deve ter acesso

    s informaes privilegiadasrequeridas.

    A utilizao de um perl fal-so como estria de cobertura,

    ao que chamamos de fake,

    criado pelo recrutador para

    conquistar a pessoa que sepretende recrutar uma fer-

    ramenta interessante. No en-

    tanto, o uso dessa ferramenta

    requer alguns cuidados. O

    primeiro deles no qual esba-

    ramos quanto legalidade

    de sua utilizao. impor-

    tante que o uso de um perlfalso visando o levantamento

    de informaes pelos setoresde Inteligncia seja semprecontrolado pelos superiores

    hierrquicos do recrutador/

    controlador que estar em-

    penhado no recrutamento e

    controle do agente, visando

    sempre a busca dos dados

    negados.

    Para garantir ainda a legali-

    dade do uso deste tipo de fer-

    ramenta, o Ministrio Pblico

    e o Judicirio devem ser infor-mados a cerca da utilizao

    desse expediente. Imagine oleitor que o alvo do Servio deInteligncia seja um pedlo,certamente o agente de In-

    teligncia acabar possuindomaterial de pedolia par con-quistar a conana do alvo.Se a utilizao do perl falsoe a posse do material de pedo-

    lia no estiverem na esferade conhecimento dos superio-

    res hierrquicos, do Minist-

    rio Pblico e do Magistrado, o

    agente de Inteligncia poder

    at mesmo sofrer represliapor parte de outro rgo de

    Segurana Pblica que por-

    ventura esteja investigando o

    mesmo alvo.

    No Brasil, como ainda no

    temos uma legislao espec-ca para controle da internet,devemos tomar muito cuidado

    na utilizao de ferramentas,

    como o uso de um perl falso.No podemos esquecer que aprova a ser produzida tem que

    respeitar os princpios consti-

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    tucionais, sob pena de vermos o trabalho do rgo de Inteligncia Policial ser consideradointil para o processo crime, devido ao vcio existente na colheita das provas.

    O Recrutamento Operacional feito pela internet certamente um procedimento vivel, desde

    que todos os cuidados anteriormente expostos sejam tomados pelo agente encarregado derealizar o recrutamento.

    Assim, conclumos nossa pequena assertiva armando que o recrutamento operacional uti-lizando o mundo virtual extremamente vivel, no entanto, so necessrios cuidados espe-

    ciais, principalmente com relao legalidade dos procedimentos, a m de que como rgocumpridor de leis no venha ele mesmo a infringi-las, vindo a tornar-se um criminosos com-

    batendo outro.

    No nos esqueamos de que em determinado momento o contato pessoal com o recrutado

    ser inevitvel. Nesse momento a habilidade do recrutador/controlador ser duramente tes-

    tada, pois como Leonardo da Vinci eternizou: Os olhos so a janela da alma e o espelho

    do mundo.

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    As aes realizadas pela Agn-

    cia Brasileira de Inteligncia

    (ABIN) em sua participao

    na operao da Polcia Fede-

    ral batizada de Satiagraha, asquais foram denominadas pelo

    presidente da chamada CPI dos

    Grampos de aes paralegais,

    e que levaram o Presidente da

    Repblica a ordenar o afasta-

    mento do Diretor-Geral da ABIN

    e de vrios diretores de suas

    funes, bem como a determi-

    nar a sua apurao rigorosa; im-

    pem a necessidade de revelaruma realidade dos servios de

    inteligncia que o imaginrio co-

    letivo supe existir apenas em

    livros e lmes de co de es-

    pionagem - as operaes clan-

    destinas.

    Pode-se denir operaes clan-

    destinas como sendo aes

    criminosas, patrocinadas por

    servios de inteligncia nacio-

    nais, em benefcio de pessoas

    ou grupos, revelia e em detri-

    mento do ordenamento jurdico

    vigente. Constituem grave aten-

    tado democracia, ameaa

    sociedade, e sempre resultam

    em srias, e no raras vezes

    trgicas, conseqncias para oEstado Democrtico de Direito.

    Tradicionalmente houve e con-

    tinua havendo, no pas, um

    desconhecimento da sociedade,

    dos dirigentes e dos governantes

    sobre os servios de intelign-

    cia, isso em razo do obscuran-

    tismo de suas aes, bem como

    da inecincia dos rgos res-

    ponsveis pelo controle dessa

    atividade.

    Este cenrio, aliado s irregula-

    ridades identicadas pela CPI do

    Grampo e pelas investigaes

    da Polcia Federal evidenciam

    a existncia de um ambiente fa-vorvel s aes ilegais e susci-

    tam questionamentos sobre sua

    ocorrncia.

    Responder a essas perguntas

    exige o conhecimento da reali-

    dade intestina dos servios de

    inteligncia, bem como do das

    operaes clandestinas, que

    so concebidas para no serem

    descobertas, pois, caso con-trrio, desacontecem.

    Quando falham os pilares da

    trade da Inteligncia de Estado

    - o sigilo, a legalidade e a tica

    -, a atividade passa a represen-

    tar elevado potencial de risco, e

    subverte a sua funo de instru-

    mento de defesa do Estado, da

    sociedade e dos valores em que

    se funda.

    No Brasil, j temos leis que re-gulamentam o emprego do sigilo

    e que constituem instrumentos

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    adequados para o exerccio da

    Inteligncia de Estado, a despeito

    da necessidade de aperfeioa-

    mento desses instrumentos.

    A Constituio Federal de 1988impe a publicidade aos atos da

    administrao pblica, exceo

    feita somente aos casos que re-

    presentem risco segurana da

    sociedade e do Estado. Assim, a

    publicidade dos atos estatais

    a regra, do que decorre o direi-

    to de acesso informao, de

    acesso ao poder judicirio, para

    a correo de atos ilegais queram direitos individuais ou co-

    letivos, bem como a obrigao

    dos rgos responsveis pelo

    controle interno e externo da in-

    teligncia de zelar pela obser-

    vncia da publicidade e pelo uso

    restrito do sigilo, circunscrito s

    necessidades reais de defesaexterna e da sociedade.

    Temos legislao bastante por-

    menorizada estabelecendo, por

    exemplo, as situaes em que

    caber o emprego do sigilo,

    os limites de sua aplicao, as

    autoridades investidas dessa

    atribuio, sobre os graus de si-

    gilo e seus prazos-limite. Portan-

    to, to-somente o cumprimentoda legislao em vigor constitui

    excelente instrumento de com-

    bate s aes clandestinas.

    Todavia, a principal forma por

    meio da qual os servios de in-

    teligncia transitam para a ile-

    galidade se d pela manipulao

    das operaes de inteligncia,que constituem o que h de

    mais sigiloso nos servios se-

    cretos. Estas possuem alto grau

    de compartimentao e sigilo,

    empregam verba sigilosa e tc-

    nicas operacionais, alm de se

    desenvolverem em condies

    especiais que, se desvirtuadas,

    proporcionam acobertamento a

    todo tipo de ilicitude.No Brasil, o conhecimento da

    genealogia das operaes de in-

    teligncia e de sua propedutica

    est restrito exclusivamente

    cpula dos servios de intelign-

    cia. Congura-se, assim, indevida

    e perigosa independncia dessas

    organizaes, para atuao em

    seara de grande sensibilidade

    aos interesses nacionais.Sobre o tema, vale destacar

    importantes fundamentos da

    doutrina de inteligncia, pratica-

    dos pelos melhores servios de

    inteligncia de pases mais de-

    senvolvidos, que constituem va-

    lioso saber relativo s melhores

    prticas dessa atividade.

    Consagra a doutrina que o em-

    prego de operaes de intelign-

    cia de atribuio e competncia

    exclusiva, pessoal e indelegvel

    do dirigente mximo do servio

    de inteligncia, previsto em legis-

    lao e normas regimentais insti-

    tucionais sigilosas. A autorizao

    para sua realizao, alteraes

    e encerramento se d mediante

    ordem expressa e direta deste

    dirigente, em documentos es-

    peccos, com aposio de suaassinatura pessoal e das demais

    autoridades responsveis, se-

    gundo rito procedimental admi-

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    nistrativo sigiloso.

    Em que pese esta doutrina es-

    tar prevista em alguns servios

    de inteligncia nacionais, como

    a ABIN, o que se verica de fato sua pouca efetividade. Assim,

    uma vez abertas, no inco-

    mum operaes de inteligncia

    terem seu propsito desvirtuado

    e serem conduzidas para o aten-

    dimento de interesses adversos,

    utilizando-se de seus recursos,

    pessoal, material e da proteo

    legal do Estado. Estes desvios,

    por vezes, se do com a aqui-escncia da cpula do prprio

    servio de inteligncia e, em ou-

    tras, em total desconhecimento

    do dirigente mximo que a au-

    torizou.

    Destaca-se que a referida doutri-

    na de inteligncia preconiza e

    normatiza, detalhadamente, o

    registro documental de todas as

    aes realizadas nas operaesde inteligncia, bem como seu

    histrico. Assim - ao contrrio de

    opinies equivocadas, segundo

    as quais operaes sigilosas so

    incompatveis com prestao de

    contas os gastos com verba

    sigilosa, o emprego de pessoal

    e material, bem como todas as

    aes operacionais realizadas

    so pormenorizadamente docu-

    mentados e classicados com

    alto grau de sigilo.

    A despeito da elevada salva-

    guarda dessas informaes, a

    legislao brasileira prescreve

    situaes e condies de acesso

    integral a elas, a qualquer tem-

    po, para o cumprimento de suas

    atribuies, especialmente aos

    rgos responsveis pelo con-

    trole da atividade de intelignciacomo a Comisso de Controle

    das Atividades de Inteligncia

    do Congresso Nacional (CCAI),

    o Poder Judicirio, o Ministrio

    Pblico Federal, os Ministrios

    Pblicos Estaduais, o Tribunal

    de Contas da Unio, os Tribu-

    nais de Contas dos Estados, oPoder Legislativo, a Cmara de

    Relaes Exteriores e Defesa

    Nacional do Poder Executivo, e

    a Secretaria de Controle Interno

    da Presidncia da Repblica

    (CISET). Portanto, o cumprimen-

    to da legislao em vigor cons-

    titui excelente instrumento de

    combate s aes clandestinas,

    por possibilitar s instituies ergos responsveis condies

    plenas de scalizao e auditoria

    sobre todas as aes sigilosas

    dos servios de inteligncia na-

    cionais.

    Cumpre mencionar que, dentre

    s instituies e rgos respon-

    sveis pelo controle da atividade

    de inteligncia no Brasil, cabe

    Comisso de Controle das Ativi-dades de Inteligncia do Con-

    gresso Nacional (CCAI) a maior

    responsabilidade por esta ao,

    em razo das atribuies e po-

    deres especiais de que dispe.

    A CCAI constitui a mais alta ins-

    tncia nacional de inteligncia e

    a sua atuao exemplar que

    possibilitar a efetiva apurao

    e devida responsabilizao por

    eventuais desvios cometidos,

    especialmente no caso de aes

    clandestinas. Desempenha, por-

    tanto, papel primordial e deter-

    minante na conduo da Poltica

    Nacional de Inteligncia no pas,

    a exemplo das estruturas cong-

    neres que, no plano internacional,

    tm protagonizado os maiores

    aperfeioamentos e avanos da

    Inteligncia de Estado de pasesdemocrticos, particularmente

    nas situaes de crise.

    Entretanto, nenhuma legislao

    se faz cumprir por si mesma.

    Essa uma responsabilidade

    das pessoas, da sociedade, das

    instituies e dos governos. A

    fora motivadora dessa ao re-presenta o verdadeiro signicado

    e exerccio da cidadania que, en-

    tretanto, no suciente para

    coibir completamente aes dele-

    trias que acometem os servios

    de inteligncia, particularmente

    as aes clandestinas. Estas

    conseguem, ainda, escapar aos

    instrumentos e controles objeti-

    vos do estado. Todavia, no so-brevivem ao derradeiro pilar da

    trade da inteligncia a tica.

    A tica no exerccio da Intelign-

    cia de Estado determinante

    na concepo, conduo e xi-

    to dos servios de inteligncia.

    Marginaliz-la, ao contrrio, a

    certeza de fracasso da atividade

    de inteligncia e dos ns a que

    se destina, como a histria vemdemonstrando.

    A despeito do discurso ocial

    das instituies de intelign-

    cia no Brasil em favor da tica,

    o enfrentamento deste tema

    causa profundo desconforto aos

    servios de inteligncia, que

    abordam esta questo mediante

    estratgias dissimuladoras em

    relao s suas prticas, nas

    quais, como se verica, a tica

    perigosamente negligenciada.

    O mago dessa questo de-

    monstra que a inexistncia de

    um cdigo de tica prprio e efe-

    tivamente adotado nos servios

    de inteligncia revela a falta de

    prossionalismo e de slida pos-

    tura tica de seus dirigentes, a

    existncia de dilemas e conitos

    internos, e a hegemonia de umamentalidade corporativista con-

    trria ao discurso ocial. Essa

    conjuntura agravada pelo di-

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    letantismo com que a atividade

    de inteligncia exercida e pelo

    despreparo de muitos de seus

    recursos humanos, incluindo-se

    dirigentes e operadores de in-teligncia.

    Consolida-se, assim, o domnio

    de uma cultura marginal de uma

    comunidade de inteligncia,

    cujo resultado nal a realizao

    de operaes de inteligncia no

    pas eivadas de irregularidades,

    impropriedades, vcios e ocio-

    sas.

    O alcance das aes opera-cionais ilimitado e envolve a

    participao de pessoal no

    orgnico. Forma-se, portanto,

    poderoso exrcito invisvel de

    fontes humanas, constitudo de

    colaboradores, cooptados, infor-

    mantes, recrutados, inltrados,

    agentes especiais e agentes

    duplos que, atuando sob as or-

    dens e patrocnio dos serviossecretos, realizam trabalhos

    cuja grande sensibilidade e risco

    representam signicativo com-

    prometimento para o Estado,

    inclusive em nvel internacional.

    Comandar este exrcito invi-

    svel tarefa difcil, sensvel e

    altamente sigilosa que deve ser

    afeta somente aos prossionais

    mais competentes, experientes,

    equilibrados, res-ponsveis e

    ticos. Todavia, invariavelmente,

    a inpcia de muitos dirigentes

    e operadores de inteligncia con-

    duz a erros operacionais srios

    com conseqncias graves, os

    quais, indevidamente protegidos

    pelo sigilo e pela compartimen-

    tao, acabam por desaconte-

    cer.

    A prevalncia deste cenrio de

    decincias e vulnerabilidades de

    ordem tica, aliado aos grandesinteresses envolvidos nas opera-

    es sigilosas acaba por propor-

    cionar o ambiente favorvel pior

    ameaa aos servios de intelign-

    cia a corrupo. Congura-se,

    ento, a falncia do sistema

    imunolgico do Estado, que se

    torna efetivamente vulnervel a

    toda espcie de ameaas adver-

    sas, especialmente aos serviosde inteligncia estrangeiros.

    Desnecessrio mencionar que o

    Brasil alvo dos servios secre-

    tos de vrios pases, em razo

    de sua importncia geopoltica,

    do grande valor de seus recur-

    sos naturais e de suas poten-

    cialidades e expertise em vrios

    campos do poder. Combat-los

    tarefa de alguns servios deinteligncia nacionais e misso

    exclusiva da ABIN, constituindo

    a prpria razo de sua existn-

    cia. Entretanto, no plano interna-

    cional, os alvos prioritrios dos

    servios de inteligncia so os

    seus congneres dos pases de

    interesse e, no Brasil, os controles

    de contra-inteligncia adotados

    no impedem que servios de

    inteligncia estrangeiros atuem

    livremente no pas. Nesse mister,

    signicativa a atuao em ter-

    ritrio nacional, particularmente

    da CIA (EUA), MOSSAD (Israel),

    BND (Alemanha), DGSE (Fran-

    a) e o servio secreto chins,

    patrocinando aes de signica-

    tivo prejuzo ao Estado, que a so-

    ciedade brasileira desconhece.

    Cumpre lembrar o destino dos

    prossionais de inteligncia

    ticos, homens e mulheres, quelutaram pela trade da intelign-

    cia de Estado, no Brasil. Muitos

    foram perseguidos e derrota-

    dos. Alguns tiveram suas vidas

    destrudas e caram em desgra-

    a. Outros, ainda persistem.

    Diante da grave crise de in-

    teligncia vivenciada pela atual

    conjuntura nacional, fundamen-

    tal ao Estado e sociedade con-hecer sua verdadeira dimenso,

    pois o povo que no conhece a

    sua histria est condenado a

    repeti-la. Se operaes clandes-

    tinas desaconteceram, ou es-

    to por desacontecer no Brasil,

    certamente prossionais de in-

    teligncia ticos combateram e

    esto combatendo o sorrateiro,

    porque tm a coragem moral etica de faz-lo, mesmo quando

    o prprio Estado no o faz.

    A soluo para os graves pro-

    blemas da Inteligncia de Estado

    no Brasil foi, h muito, proferida

    pelo Coronel Walther Nicolai

    (1873/1934 - Chefe do Servio

    de Inteligncia do Chanceler

    Bismarck), em sua mxima ine-

    xorvel:

    A Inteligncia um apangio

    dos nobres. Confada a outros,

    desmorona".

    (Coronel Walther Nicolai - 1873/1934 - Chefedo Servio de Inteligncia do Chanceler Bis-

    marck)

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    Notcias de Jornal Velho: A Inteligncia israelense

    O Servio de Inteligncia a batalha das mentes e crebros e a funo dos equipamentos ajudar o ser

    humano em seu desao conceitual. Mas na integrao do homem e da mquina o fator humano decisivo,

    mormente no Servio de Inteligncia(Meir Amit, diretor do MOSSAD de 1963 a 1968)

    I - Os servios de inteligncia de

    Israel, considerados durante d-

    cadas os melhores do mundo.

    Trinta e dois sculos aps Moisster acatado a ordem de Deus, es-colhendo 12 eminentes israelitaspara se inltrarem na Terra Prometi-da, o Estado de Israel foi criado, em1948, e Ben Gurion, seu primeiropresidente, fez exigncias rigoro-sas a seus agentes secretos: que

    fossem motivados pelo patriotismo;que representassem os melhoresaspectos da sociedade israelense;que obedecessem ao postuladosingular de comedimento; e quese lembrassem que defendiamuma democracia e no um Estadomonoltico.

    Nesse sentido, Israel um passingular sob muitos aspectos, umdos quais tem sido o total apoio de

    seus cidados aos Servios de In-teligncia, considerados entre osmelhores do mundo.

    Os Servios de Inteligncia de Is-rael, assim como os de outras na-es, so um reexo de suas socie-dades, das quais trazem seu poderde inspirao. Cada pas possuiuma estrutura de Inteligncia mol-dada sua prpria imagem, ree-

    tindo a ndole e as caractersticas

    culturais da Nao.

    O que est no centro dos Serviosde Inteligncia de Israel, diferen-ciando-os dos demais servios dequalquer outra Nao, a imigra-o. Desde a sua formao a co-munidade de Inteligncia de Israelemprenhou-se em proteger os ju-

    deus em todo o mundo e ajud-losa emigrarem para sua Ptria bbli-ca.

    Quem pode imaginar a CIA, porexemplo, com a tarefa de protegercada possuidor de passaporte dosEUA atravs do mundo?

    A tarefa de defender no apenas oEstado, mas tambm todo o povode Israel a misso precpua dos

    Servios de Inteligncia de Israel:MOSSAD (Inteligncia Externa,criado em 1951), AMAN (Intelign-cia Militar, criado em 1949), SHINBET (Segurana Interna), cria-do em 1948, Servio de Ligao(para a Imigrao Judaica, criadoem 1958), LAKAM (com a funoprimria de resguardar o progra-ma nuclear secreto e obter dadoscientcos e tecno-lgicos no ex-terior, criado em 1957) e Departa-mento Poltico do Ministrio do Ex-terior, criado em 1948.

    Desde sua criao, o Estado de Is-rael v-se cercado por um crculode naes rabes hostis. Todas es-sas naes, todavia, possuem mi-norias tnicas e religiosas e Israelsempre ps em prtica o desenvol-vimento de amizades com essasminorias, que sofrem, como Israel,em maior ou menor grau, com a as-censo do nacionalismo e radicalis-mo rabes. A idia por trs dessattica pode ser resumida em umafrase: os inimigos do meu inimigoso meus amigos.

    Qualquer fora que lute ou seoponha ao nacionalismo rabe considerada por Israel uma aliadaem potencial: a minoria maronita noLbano, os drusos na Sria, os cur-

    dos no Iraque e os cristos do Suldo Sudo, todos sofrendo o jugodas maiorias muulmanas de seuspases. O conceito de manter con-tato com todos eles tornou-se con-

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    hecido paras lideranas israelensescomo a aliana perifrica.

    Desde 1951, quando foi criada, aagncia externa, o MOSSAD, possuiacordos de cooperao com a CIA.Mas a grande abertura dos altosescales dos Servios de Intelign-cia ocidentais para com o MOSSADdecorreu de uma vitria conseguidana Europa em 1956, quando os is-raelenses conseguiram superar aCIA, o MI6 ingls, franceses, holan-deses e outros Servios de Intelign-cia ocidentais que buscavam o textode um discurso: o discurso secreto

    pronunciado por Nikita Kruschevno XX Congresso do PCUS, em fe-vereiro de 1956, que praticamentesepul-tou a era Stalin ao relatar,pela primeira vez, os horrores dosgulags, dos julgamentos encena-dos, dos assassinatos e das depor-taes de populaes inteiras.

    A partir de ento, a reputao doMOSSAD tornou-se uma lenda.

    Em suas memrias, Isser Harel, quedirigiu o MOSSAD de 1952 a 1963e o SHIN BET de 1948 a 1952,escreveu: Fornecemos a nossosequivalentes americanos um docu-mento que considerado uma dasmaiores realizaes na histriada espionagem: o discurso secre-to, completo, do 1 Secretrio doPCUS. Harel, entretanto, no re-

    velou como conseguiu o discurso.

    Como qualquer outro pas, o MOS-SAD possui agentes secretos tra-balhando nas embaixadas, sobcobertura diplomtica. Onde no possvel estabelecer relaes o-ciais ou estas so cortadas por di-vergncias polticas, os diplomatasalternativos do MOSSAD desempe-nham tarefas que normalmente noso da competncia dos Serviosde Inteligncia. Especicamente, na

    frica, a CIA forneceu mi-lhes dedlares para nanciar as atividadesclandestinas de Israel, pois sempreforam consideradas do interessegeral do Ocidente.

    De acordo com o conceito perifricodo primeiro diretor do MOSSAD,os vnculos sigilosos de Israel coma Etipia, Turquia e Ir nunca dei-

    xaram de existir. Tanto Israel quantoo Ir ajudaram a revolta dos curdoscontra o governo do Iraque; agentesdo MOSSAD no Imen do Sul aju-daram os realistas a combater osegpcios; no Sul do Sudo aviesisraelenses lanaram suprimentospara os rebeldes cristos; e, nofundo da frica, o MOSSAD operounum lugar to distante como Ugan-da, em outubro de 1970, ajudando

    Idi Amin a depor o presidente MiltonObote.

    Em todos os pases h Estaesdo MOSSAD , sempre operando

    com a cobertura diplomtica, dentrodas embaixadas. O chefe da Esta-o, todavia, no comunica suas

    atividades ao embaixador e remeteseus relatrios diretamente para oMOSSAD, em Tel-Aviv. Suas mis-ses incluem ligaes ociais com

    os Servios de Inteligncia do pas-antrio, mas tambm operam suas

    prprias redes, sem o conhecimentodo pas-antrio.

    A nfase em atividades semi-diplomticas concentra-se basica-mente em dois continentes: frica esia.

    O sucesso do SHIN BET em contro-lar os territrios tomados em junhode 1967, na Guerra dos Seis Dias(margem ocidental da Jordnia, Si-

    nai e Faixa de Gaza do Egito, e ascolinas de Golan) teve um preo: asociedade israelense passou a serjulgada no mundo exterior pelo que

    se podia observar a respeito de suapoltica de segurana. A subversoe os atentados com os homens emulheres-bomba foram e vm sen-do esmagadas, mas a boa vontadepara com Israel no resto do mundodiminui, graas, fundamentalmente, mdia. Em vez de admirado porgrande parte da opinio poltica in-ternacional, o Estado judaico tornou-se abominado para muita gente.

    O SHIN BET, forado pelas circun-stncias passou a ser encaradocomo uma fora opressora de ocu-pao. Teve que aumentar seus efe-tivos, os critrios de recrutamentoforam facilitados e o perl social de

    seu pessoal mudou. Os novos agen-tes baseavam sua atuao mais nafora do que na inteligncia. A na-tureza diferente da misso tambmdeterminou novos mtodos. Numa

    poca em que dois mil rabes eradetidos para interrogatrios, em quecarros explodiam e hotis e aviespassaram a ser alvo dos terroristas,o essencial era extrair informaesto rpido quanto possvel. O fatortempo alis, como em todas asguerras sujas - passou a ser o ele-mento mais importante e a ao r-pida passou a exigir a brutalidade.

    Em 23 de julho de 1968, um Boe-

    ing 707 da El AL, num vo de Romapara Tel-Aviv, foi sequestrado eaterrizou na Arglia. Os sequestra-dores eram trs rabes, militantesda Frente Popular pela Libertao

    da Palestina. Esse foi o primeiro e

    ltimo sequestro bem sucedido deum avio israelense. Israel introdu-ziu um esquema de segurana radi-calmente novo em seus avies depassageiros, colocando homens do

    SHIN-BET, armados, em cada vo,viajando em poltronas comuns, dis-farados de passageiros, tornandoa EL AL a empresa mais segura domundo.

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    O mundo, no entanto, s tomou co-nhecimento dessas medidas quan-do um desses agentes respondeu aum ataque terrorista, em Zurique,

    em fevereiro de 1969, na pista doaeroporto de Kloten.

    Em 1968, Meir Amit, diretor do MOS-SAD desde 1963, foi surpreenden-temente substitudo pelo general ZviZamir, sem experincia anterior noServio de Inteligncia . Segundo asespeculaes, ele havia sido substi-tudo por ser eciente demais. Os

    lderes do Partido Trabalhista, ento

    no Poder, no desejavam um chefe

    do Servio de Inteligncia que fosseforte demais...

    II - A crescente capacidade opera-

    cional da inteligncia israelense

    durante os anos 60 e 70.

    A primeira excurso de retaliao,no exterior, contra o terrorismo, foirealizada em 28 de dezembro de1968, aps o atentado no aeroportode Atenas, dois dias antes. Coman-

    dos Sayeret fora especial subor-dinada ao chefe do Estado-Maiordo Ministrio da Defesa foramenviados a Beirute, de onde haviampartido os terroristas. No AeroportoInternacional de Beirute, um grupo,chegado de helicptero, noite, ex-plodiu 13 avies vazios da MiddleEast Arlines do Lbano e outras em-presas rabes. O Ministro da De-

    fesa de Israel era, ento, o generalMoshe Dayan.

    Em 1969-1970, durante a chamadaGuerra de Atrito, em que disparosaleatrios de artilharia matarammilhares de egpcios e israelen-ses, comandos Sayeret voltaram a

    realizar um golpe espetacular, ex-plodindo um complexo de radar defabricao sovitica no lado egpciodo Golfo de Suez. Na noite de 26

    de dezembro de 1969, os Sayeret,utilizando dois helicpteros, retira-ram do Egito e transportaram paraIsrael uma estao completa de ra-dar, com suas antenas giratrias epainis de controle, pesando cercade 7 toneladas.A luta contra o terrorismo intensi-cou-se em 1972. Em 8 de maio

    desse ano, quatro palestinos se-

    questraram o avio da SABENAque realizava o voo 571 de Bruxe-las para Tel-Aviv, quando do pousoprevisto no aeroporto de Lod, em

    Israel. Mantendo 100 passageirose tripulantes como refns, exigirama liberdade de 317 guerrilheiros pa-lestinos presos em Israel. s 04:22horas do dia seguinte, 9 de maio,um comando Sayeret, disfaradocom os macaces do pessoal demanuteno, invadiu o Boeing ematou dois dos quatro terroristas,prendendo os outros dois. Um pas-sageiro israelense morreu e 97 re-

    fns foram libertados.

    Alemanha Ocidental, Inglaterra eoutros pases enviaram agentes desegurana e comandos militares aIsrael, onde receberam treinamentoministrado pelo Sayeret. Posterior-mente, a Alemanha Ocidental criouuma fora semelhante, denominadaGSG-9.

    O crculo vicioso da violncia atingiuo auge nos Jogos Olmpicos de Mu-nique, em 5 de setembro de 1972,quando sete terroristas rabes cap-turaram onze atletas israelensesna Vila Olmpica. Os terroristasdisseram-se membros do SetembroNegro, uma ramicao da OLP, e

    passaram a exigir a libertao de250 terroristas palestinos presosem Israel. O governo israelense

    manteve-se rme em sua poltica denunca negociar com terroristas.

    O governo alemo-ocidental nopermitiu que Israel enviasse um co-mando Sayeret para cuidar do caso,que cou entregue s autoridades

    locais, e Zvi Zamir, diretor do MOS-SAD, que se deslocara para Muni-que, assistiu, da torre de controledo aeroporto militar da cidade, osrefns israelenses sendo mortos,j sentados e algemados nos he-licpteros, na pista, em represliaa um desastrado ataque de atira-dores alemes mal equipados e mal

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    adestrados.Golda Meir, ento na direo do Es-tado de Israel determinou pessoal-mente que aqueles que haviam

    matado deveriam ser mortos, ondequer que estivessem, assumindo adeciso histrica, mas ultra-secreta,de assassinar todos os terroristas doSetembro Negro envolvidos, diretaou indiretamente, no planejamento,preparo e execuo do massacredos atletas olmpicos. A misso noprevia a captura de ningum. Trata-va-se, pura e simplesmente, de le-var o terror aos terroristas.

    Mike Harari, um dos veteranos agen-tes do Departamento de Operaesdo MOSSAD foi incumbido da tarefade matar os que mataram.

    O primeiro a morrer foi Adel WaelZwaiter, em Roma, em outubro de1972, apenas um ms aps o Mas-sacre de Munique. Nos 10 mesesseguintes a equipe de Mike Hararimatou 12 palestinos do SetembroNegro, em Paris, Roma e Niccia,

    no Chipre. Alm disso, dois coman-dantes do Setembro Negro Mu-hammad Najjar e Kamal Adwan -,bem como o porta-voz da OLP, Ka-mal Nasser, foram mortos em suascasas, no centro de Beirute, em 10de maro de 1973, por um comandoSayeret, em uma operao orga-nizada conjuntamente pelo AMAN eMOSSAD.

    Em julho de 1973, no entanto, aequipe de Mike Harari cometouum terrvel erro, que ps m ope-

    rao. Em Lillehammer, pequenacidade da Noruega, foi morto umgaron marroquino, na noite de 21de julho, confundido com Ali Has-san Salameh, ocial de operaes

    do Setembro Negro na Europa e co-mandante da Fora 17, uma unidadeda OLP responsvel pela segurana

    de Yasser Arafat. Seis agentes doMOSSAD foram presos pela polcianorueguesa e encontradas provasque ligavam o grupo aos assas-sinatos sem soluo de palestinos

    em diversos pases.Somente Mike Harariconseguiu escapar daNoruega.

    Cerca de cinco anosdepois, em 22 de ja-neiro de 1979, umaoutra equipe israe-lense estacionou umcarro cheio de explo-sivos beira de umaestrada, em Beirute, eo detonaram, por con-trole remoto, no exatomomento em que um

    outro carro passavapelo local. Ali HassanSalameh e seu carroforam pulverizados.

    Sabe-se que a CIA nocou satisfeita com

    essa operao, pois AliHassam Salameh eraa ligao secreta entrea OLP e a CIA. Esse

    fato comprova que os Servios deInteligncia, assim como as naes,no tm amigos. Apenas interessesfrios e objetivos.

    O aspecto espantoso da histria doLAKAM (Departamento de LigaoCientca) que, apesar de todas

    as suas atividades de espionagem,

    as agncias de Inteligncia es-trangeiras parece nunca terem tidoconhecimento de sua existncia. OLAKAM tornou-se parceiro da frica

    do Sul em projetos clandestinos, in-clusive a pesquisa nuclear e de ms-seis.

    A especialidade do LAKAM eraadaptar e no apenas copiar asinvenes de outros pases. Assim,o mssil MD-660, fornecido pelaFrana, gerou uma famlia de ms-seis: primeiro, o Luz; depois, o Je-ric.

    Aps a Guerra dos Seis Dias, em1967, o presidente Charles de

    Gaulle imps a Israel um embargode armamentos, recusando-se atmesmo a entregar munio, embar-caes e avies que Israel j haviapago. As cinco lanchas lanadorasde msseis adquiridas pela pequenaMarinha israelense antes do ann-cio do embargo, caram retidas no

    porto de Cherbourg. O impassediplomtico para a entrega dessasembarcaes foi resolvido quando

    o MOSSAD adotou a ao direta.Agentes secretos, que haviam veri-cado todos os pontos vulnerveis

    do estaleiro de Cherbourg, condu-ziram algumas dezenas de militares

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    da Marinha israelense Frana, emns de 1969 e, na vspera do Natal,

    o grupo apossou-se das lanchas, le-vando-as para o porto de Haifa, em

    Israel, a uma distncia de cincomil quilmetros. A parte burocrti-ca da operao, incluindo falsoscontratos e outros documentos,foi resolvida por empresas doPanam controladas pelo MOS-SAD.

    O LAKAM tinha o sentimento detomar tudo o que precisava masno conseguia obter atravs denegociaes. O roubo, o suborno

    e outros esquemas ilegais sem-pre foram usados para obter te-souros valiosos que ningum sedispunha a vender.

    Uma dessas manobras ocorreuna Sua, onde o Adido Militar deIsrael, coronel Dov Sion quepor acaso era genro do generalMoshe Dayan recrutou um en-genheiro suo, Alfred Fraven-knechet, que trabalhava em umafbrica de motores para o aviofrancs Mirage.

    Seis meses depois, Israel contavacom um novo avio de guerra, oNesher, que aproveitava um poucoda tecnologia do Mirage. A 29 deabril de 1975, Israel apresentou or-gulhosamente o seu mais novo caaa jato, o Kr, que tem extraordinria

    semelhana com o Mirage.

    A reputao do LAKAM na comu-nidade de Inteligncia israelenseadquiriu propores mticas na d-cada de 70, e havia a convico dis-seminada de que Israel alcanariaseu objetivo de entrar para o seletoclube nuclear atravs do reator deDimona montado em instalaesultra-secretas no deserto de Negev -,cedido pela Frana em 2 de outubrode 1957, atravs de um documento

    secreto assinado pelo Primeiro-Mi-nistro Bourge-Maunnoury, 24 horasantes de ser substitudo no cargo.

    III - Um dos maiores sucessos da

    inteligncia israelense: o resgate

    em Entebbe.

    Em 6 de outubro de 1973, um sba-do, dia do Yom Kippur, o dia maissagrado do calendrio judaico,quando Israel normalmente cessatodas as suas atividades, os exr-citos da Sria e Egito surpreende-ram as posies defensivas israe-lenses nos territrios que esses doisEstados haviam perdido na Guerra

    dos Seis Dias. Pela primeira vez,os Servios de Inteligncia israe-lenses fracassaram em sua missoprimria: dar o alerta antecipado daguerra. O fracasso foi atribudo fun-damentalmente ao AMAN, cujo efe-tivo era de cerca de 7 mil homens emulheres.

    A surpresa do Yom Kippur foi similar descrita pelos historiadores a res-peito do ataque a Pearl Harbor, em

    1941. Os informes existiam, mas oschefes da Inteligncia os integrarame analisaram de forma errnea e,por isso, os soldados israelensestiveram que compensar com suas

    vidas pelo erro dos Servios de In-teligncia.

    Os srios reconquistaram parte dasColinas de Golan, os egpcioscruzaram o Canal de Suez etomaram uma cabea-de-ponteno Sinai. Moshe Dayan, o herida Guerra dos Seis Dias, agoraMinistro da Defesa, entrou empnico. Estava to sombrio noterceiro dia da guerra que co-mentou aos editores dos jornaisisraelenses sobre a possveldestruio do Terceiro Templode Israel. A histria judaica faz

    aluso a um Primeiro Templosagrado em Jerusalm, destru-do pelos babilnicos, em 586A.C., e de um Segundo Tem-plo, arrasado pelos romanos noAno 70 da nossa Era. O TerceiroTemplo seria o prprio Estadode Israel, e Dayan considerava,ento, mnimas as suas chancesde sobrevivncia.

    Cogitou-se naquela semana dapossvel necessidade da utiliza-o de bombas nucleares, como

    um ltimo ato de defesa, quase sui-cida. Por ordem de Moshe Dayan,

    os msseis Jeric e as plataformasespeciais para bombas nos aviesPhantom chegaram a ser prepara-dos para a possvel utilizao de ar-mas atmicas.

    O desespero da Primeira-Ministra

    Golda Meir foi tamanho que ela che-gou a pensar em suicdio, segundorecorda sua condente Lou Kaddar.

    No entanto, os contra-ataques is-raelenses, custa de um preo ex-tremamente alto em vidas, acaba-ram levando vitria.

    O dano maior, em longo prazo, foique todo o Estado de Israel perdeua conana em sua outrora lendria

    Comunidade de Inteligncia. Esse

    no foi apenas um sentimento.Ficou por escrito, pois Golda Meirdeterminou a instaurao de um in-qurito sobre a mechdad (omisso)

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    dos Servios de Inteligncia, quetornaram a guerra uma surpresa to-tal.

    O relatrio do inqurito destruiu im-placavelmente as carreiras do chefedo AMAN, general Eli Zeira e trs deseus assistentes.

    Paralelamente, Golda Meir e Moshe

    Dayan no se livraram das crticase, em abril de 1974, quando aspresses tornaram-se insuportveis,ambos renunciaram.

    Yitzhak Rabin tornou-se o novoPrimeiro-ministro. Como chefe do

    Estado-Maior do Exrcito na Guerrados Seis Dias e, posteriormente,como embaixador nos EUA, Rabinno desconhecia os relatrios da In-teligncia.

    Em 1974, Rabin nomeou o generalYitzhak Ho para dirigir o MOSSAD.

    Nesse cargo, ele permaneceria at1982. Nascido em 1927, Ho tor-nou-se o primeiro sabra a chear o

    MOSSAD. Sabra, em hebraico fru-

    to do cacto, o termo usado paradesignar os cidados israelensesnascidos no pas, porque se diz queso espinhosos por fora, mas docespor dentro.

    A diplomacia secreta do MOSSADfoi enfatizada pelo general Ho. As

    ligaes clandestinas desenvolvi-das pelos diplomatas alternativosfoi invocada quando do sequestrode um avio comercial francs paraEntebe, Uganda, em 27 de junhode 1976. O vo 139 da Air-Francedeixara Tel-Aviv com destino a Paris

    e foi sequestrado por cinco guerri-lheiros da Frente Popular de Liber-tao da Palestina e dois membros

    do grupo alemo Baader-Meinhof.O avio conduzia 250 passageiros,83 dos quais israelenses. Somenteos israelenses foram mantidos sobseqestro, sendo os demais liber-

    tados. Essa segregao enfureceuos membros do MOSSAD e AMAN,pois recorda a seleo feita pelosnazistas na Segunda Guerra Mun-

    dial, para as cmaras de gs. OMOSSAD cou particularmente irri-tado porque Idi Amin, que assumirao Poder em Uganda trs anos an-

    tes, em um golpe com a ajuda doMOSSAD, mostrava-se simpticoao mundo rabe e aos sequestra-dores.

    Rejeitando libertar 40 terroristas emtroca dos refns, Israel optou poruma operao militar. Na noite de 3de julho de 1976, seis dias aps osequestro, a Fora Area transpor-tou vrias unidades Sayeret a maisde 3 mil quilmetros de Israel para

    acabar com o sequestro. AviesC-130 lotados de militares, armas eum hospital de campanha, aterram

    em Entebbe sem qualquer rudoe, em poucos minutos 81 refnsforam resgatados e dois morreramno tiroteio. Os sete sequestradores

    foram mortos. O Tenente-CoronelYonatan Nethanahu, comandanteda operao, foi o nico Sayeretmorto. 45 soldados de Uganda mor-reram.

    O fator fundamental do xito damisso foi o excelente trabalho pre-paratrio efetuado por annimosagentes do MOSSAD na frica. Al-guns deslocados rapidamente deoutros pases. Na poca, o Zaire,

    a Nigria e o Qunia eram os trscentros estratgicos do MOSSADna frica.

    O sucesso de Entebbe foi estimu-

    lante para os Servios de Intelign-cia, trs anos aps sua humilhaono Yom Kippur.

    IV Encerramento da anlise so-

    bre os servios de informao de

    Israel demonstrando seu gradual

    enfraquecimento ao longo dos

    anos 80

    Os tipos de questionamentos queabalaram a CIA na dcada de 70eram agora lanados na dcadade 80 contra os Servios de In-teligncia israelenses, com dvidas

    e verdades angustiantes e sem pre-cedentes. Tendo perdido a con-ana de grande parte da populaodo pas, os rgos de Intelignciade Israel tambm passaram a en-frentar uma crise de seus melhoresamigos no exterior.

    Essas relaes com o exterior foramagravadas em novembro de 1985com a descoberta e desmascara-mento, pelo FBI, de Jonathan JayPollard, judeu norte-americano, nas-cido no Texas, que trabalhava para oMOSSAD e o LAKAM. Jonathan eraanalista do Servio Naval de Inves-tigaes dos EUA e posteriormentedo Centro de Alerta Antiterrorismo,e foi recrutado pelo coronel-aviadorAviem Sella, um dos melhores pi-lotos da Fora Area Israelense,que havia participado do ataque aoreator iraquiano em 1981, e que se

    encontrava em Nova York fazendoum curso de computao.

    Jonathan Jay Pollard passou a ser

    controlado por Yossi Yagur AdidoCientco junto embaixada de Is-rael nos EUA, ligado diretamente aoLAKAM que passou a remuner-loregularmente. Isso, considerando-se que o espio que diz a seus con-troladores que age voluntariamente,por afeio ideolgica ao pas que

    ajuda ou dio profundo Nao quetrai, pode muito bem se sentir domi-nado pelo medo ou mudar de idia.Sendo um voluntrio, ele julga que

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    pode retirar-se no instante em quequiser.

    Isso, entretanto, no pode ser feitopor agente remunerado, pois l nofundo sempre existe a ameaa dechantagem, pois est implcito queros recrutadores podem, a qualquermomento, incriminar o agente comprovas concretas do dinheiro en-tregue. A motivao de Pollard era,

    portanto, um misto de sionismo eexcitamento.

    Foram levantados indcios de queo LAKAM controlava, na mesma

    poca, outros espies nos EUA,pois Yagur tinha o hbito de enco-mendar determinados documentos,sinal evidente de que tinha acessoao catlogo secreto de documentosda Agncia de Informaes de De-fesa e do Pentgono.

    Os promotores acusaram Pollard de

    haver vendido a Israel, ao todo, umvolume de documentos secretos deseis metros quadrados. Em 4 de

    maro de 1987 Pollard foi condena-do priso perptua.

    Tudo isso abalou o relacionamentodos Servios de Inteligncia dosEUA e Israel e a desconana nun-ca se dissiparia por completo. Comoconsequncia, o governo israelensedecidiu dissolver o LAKAM. Suasfunes, entretanto, foram passa-das para os demais rgos de In-teligncia do pas, que prosseguem

    na busca, por todos os meios, detudo o que seja considerado vitalpara a Segurana Nacional.

    Uma outra operao realizada peloMOSSAD, esta exitosa, foi o se-questro, em Londres, em setembrode 1986, e o transporte para Israel,de Mordecai Vanunu, que trabalharapor quase dez anos como tcnicona instalao nuclear de Dimona,no deserto de Neguev, tomando

    conhecimento de ali fora acumula-do um formidvel arsenal de armasnucleares, aps Vanunu vender suahistria para o Sunday Times, que a

    publicou na primeira pgina. Vanunufoi levado para Roma e, da, numnavio mercante israelense, para Is-rael.

    Foi julgado e condenado a 18 anosde priso, sendo libertado em junhode 2004.

    O SHIN BET destina-se a comba-ter os inimigos do Estado de Israeldentro das fronteiras do pas e, oca-sionalmente, no exterior. Porm,

    desde a Guerra dos Seis Dias asfronteiras do SHIN BET passarama incluir os territrios ocupados, ad-ministrados por Israel. Essa ocupa-o deu incio Intifada (livrar-se,em rabe), iniciada em dezembrode 1987, guerra suja que persisteat hoje.

    Quando a Intifada teve incio, asautoridades israelenses do Minis-trio da Defesa e dos Servios deInteligncia no atribuam signi-cado particular aos acontecimen-tos e descartaram os distrbios nos

    territrios ocupados como sendoinsignicantes, analisando que aagitao poderia ser reprimida comrelativa facilidade. No entanto, esselevante dos palestinos agravou-se eno foi ainda detido.

    No houve explicao dos Serviosde Inteligncia para o fracasso emno prever a Intifada. Alguns analis-tas desses rgos alegaram queentre as suas atribuies no es-

    tava includa a profecia e que asagncias nos territrios ocupadosno dispunham dos instrumentospara antecipar uma rebelio dessetipo, em larga escala.

    O assassinato de Abu Jihad (KhalilEl-Wazir, o pai da Guerra Santa),brao-direito e chefe militar de Ara-fat, por um comando Sayeret, emsua prpria casa, em Tunis, Tunsia,a 2.500 km de Tel-Aviv, em abril de

    1988, no contribuiu para a reduoda violncia cotidiana da Intifada.Ou seja, a morte de Abu-Jihad nofez a menor diferena.

    A Intifada tem atrado contnuo erenovado interesse pela questopalestina em todo o mundo e Israeldescobriu subitamente que seus

    Servios de Inteligncia encontra-vam-se sob vigilncia internacio-nal. Na medida em que a rebelioassumia um carter permanente,muitas verdades ocultas sobre acomunidade de Inteligncia israe-lense comearam a aorar. Anos de

    sucessos e de glrias intencional-mente vazadas haviam encobertoeventuais lapsos de amadorismo,arrogncia, brutalidade, complacn-

    cia, estratgias equivocadas e rivali-dades entre agncias. Isso fez comque, a partir de meados da dcadade 80, o povo israelense, os judeusdo mundo inteiro e outras pessoaspreocupadas com a segurana deIsrael comeassem a especular so-bre a ecincia dos Servios de In-teligncia israelenses.

    Israel o nico pas do mundo comcensura militar contnua e institucio-

    nalizada, e o escritrio da censurafunciona subordinado ao AMAN.Um acordo com os diretores dosrgos de comunicao dene que

    os jornais, emissoras de TV e rdioisraelenses, bem como os corres-pondentes estrangeiros baseadosno pas, tm o compromisso de hon-ra de submeter seus artigos e not-cias censura. Esse mais que umcompromisso de honra. Segundo o

    general Yitzhak Shani, dever decada reprter submeter suas not-cias ao censor. Aquele que deixade fazer isso criminoso (JanesDefense Weekly, 26 de agosto de1989).

    Tambm os veteranos do serviosecreto defrontam-se com a cen-sura ao escrever suas memrias.Vrios desperdiaram seu tempoescrevendo livros que a censura

    recusou-se a liberar.Outros israelenses, no entanto, quedeixaram as agncias de Intelign-cia ou unidades militares especiais,

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    revelam segredos sem publicaremuma nica palavra. So encontradosem qualquer parte do mundo, parti-lhando seus conhecimentos com

    estrangeiros que lhes paguem pelacompetncia de Israel na defesa esegurana. Os agora consultoresadquiriram seus conhecimentosquando trabalhavam para o governoisraelense. Apenas por fazer, e en-sinar a outros como fazer, revelamtantos segredos quanto algum queproduz a palavra escrita.

    Israel ingressou na era espacial em19 de setembro de 1988, quando

    um foguete subiu aos cus de umarampa de lanamento prxima doMediterrneo, a pouca distnciado reator nuclear de pesquisa emNahal Sorek. Foi a estria pblicado Shavit (Cometa), baseado nomssil Jeric, desenvolvido comopossvel veculo de transporte dabomba nuclear de Israel. O Shavitlevava um satlite chamado Ofek(Horizonte), colocando-o em r-

    bita. O Ofek era um artefato experi-mental e circulou em torno da Terradurante quatro meses.

    Aps ingressar no seleto clube nu-clear no mais absoluto sigilo, Israeldeclarou-se abertamente a oitavaNao a possuir msseis capazesde lanar satlites em rbita.

    Ao levar o Ofek para a rbita plane-jada, uma elipse variando de 250 a1000 km da Terra, o Jeric/Shavit,de fabricao israelense, demons-trou sua capacidade de atingir umalvo com preciso. O Ofek foi lana-do em 3 de abril de 1990, realizandocom xito testes de comunicaodurante trs meses.

    Como em outras reas da tecnologia,Israel quer eliminar toda e qualquerdependncia do estrangeiro: pediraos EUA que fornea fotos de sat-

    lites ou enviar agentes, como Jona-than Pollard, para roub-las.

    Israel tem muitas coisas em quexar seus olhos humanos e eletrni-

    cos. No incio da dcada de 90, noentanto, o Iraque tornou-se o inimi-go principal. Os cientistas iraquia-nos trabalhavam numa excepcional

    pea de artilharia. O Iraque contra-tou Gerald Bull, um perito canadenseem canhes de longo alcance quehavia trabalhado para os EUA, fri-ca do Sul, Israel e outros pases. ACorporao de Pesquisa Espacial,

    de Gerald Bull, forneceu aos iraquia-nos as plantas atualizadas de umapea de artilharia to grande quepoderia lanar um projtil em rbita.A m de montar essa super-arma, o

    Iraque necessitaria de tubos de aoabsolutamente lisos, com um metrode dimetro e cerca de 50 metrosde comprimento. O Ministrio da In-dstria do Iraque fez encomendas asiderurgias britnicas, ansiosas porexportaes. As empresas inglesasforam informadas que os tubos des-tinavam-se a um oleoduto.

    Entrementes, em 22 de maro de1990, Gerald Bull era assassinado

    em Bruxelas. Levou dois tiros nanuca e mais de US$12 mil em seusbolsos no foram levados. Diplo-matas europeus insinuaram que oMOSSAD liquidara Bull, mas Israelno conrmou nem desmentiu.

    Trs semanas, as autoridades al-fandegrias britnicas efetuaramuma batida num navio que estavasendo carregado em Teesport e queem breve partiria para o Iraque, con-

    scando a carga de tubos de ao edeclarando publicamente ao mundoque eram componentes para o queseria o maior canho jamais cons-trudo.

    No momento em que Israel alcan-ava o seu znite tecnolgico, suacomunidade de Inteligncia, ironica-mente, estava em seu ponto maisbaixo. No nal da dcada de 80, os

    Servios de Inteligncia israelenses

    no poderiam deixar de olhar paratrs e descartar a lembrana dosfracassos e retrocessos que ocor-reram em rpida sucesso:

    - os erros de julgamento do MOS-SAD no Lbano;- os assassinatos do SHIN BET nosterritrios ocupados;

    - a utilizao de Pollard para espio-nar os melhores amigos de Israel;- o vazamento de segredos nuclea-res;- a operao de um sistema de cen-sura superado e irrelevante;- o fracasso em prever a ecloso daIntifada.

    A imagem de uma Agncia de In-teligncia fundamentalmente im-portante. Uma sucesso de triunfos

    torna mais fcil recrutar agentes einformantes, pois quem quer tra-balhar para um perdedor? Quem ar-riscar sua vida a servio de rgosde Inteligncia incapazes de prote-ger e proteger-se de seus prpriosfuncionrios? Todos querem inte-grar uma equipe vencedora. Almdisso, os inimigos sentem-se intimi-dados, o que bastante til. maisfcil para qualquer militar ou agente

    de Inteligncia, de uniforme ou paisana, lutar com a certeza de quesua Nao o apoia plenamente.

    Concluindo esta srie de artigos:as necessidades de defesa de Is-rael no mudaram, basicamente,ao longo das ltimas dcadas. OEstado permanece cercado por na-es hostis que, embora cada vezmais dispostas a aceitar a realidadeda existncia de Israel, nunca dei-

    xaram de conspirar e lutar para en-fraquec-lo.

    A comunidade de Intelignciademonstrou ser forte em matria defatos e ideias e, inegavelmente, gu-

    ra entre as melhores do mundo naexecuo de misses especcas.

    Tudo isso comprova que Israelno pode exigir mais do que seusServios de Inteligncia podem ser:

    um excelente exemplo do que umapequena Nao, com escassos re-cursos, pode fazer ao aproveit-losao mximo, com chefes sem receiode tomar decises e de errar.

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    Referencial bibliogrco

    Noticirios diversos da imprensa nacional e internacional;

    MELMAN, Yossi; RAVIV, Dan. Todo Espio um Prncipe. Traduo de Alfredo Barcellos Pinheiro de Le-

    mos, Rio de Janeiro: Imago Editora, 1991.

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    Reinaldo Galhardo jornalista, professor universitrio e ps-graduado em Globa-lizao e Cultura pela Escola Ps-Graduada de Cincias Sociais da Fundao Es-

    cola de Sociologia e Poltica de So Paulo (Fespsp) onde apresentou a monografa

    Terrorismo Islmico e seus efeitos globais. O Brasil na rota do terror?.

    O que podemos identicarcomo transnacionalizaodo terror e que na denio deHobsbawm (2007) o terrorismoglobalizado integra a ordempblica em uma era de violn-cia no existe outra alternativapara as naes, incluindo o Bra-sil, que no seja reunir esforospara proteger-se e, dentro dopossvel, evitar a lista de pases

    vtimas do terrorismo.Hobsbawm argumenta que

    o maior desao dos governos,neste sculo XXI, fortalecer assuas instituies contra o crimeorganizado e o terrorismo quepreferem abalar por meio daviolncia e do medo a ordempblica estabelecida, isto , ospoderes Executivo, Legislativo

    e Judicirio. Como potnciaeconmica emergente o Brasiltambm ter que aprender aadministrar os efeitos da con-quista do seu desenvolvimentoque o estimula a reivindicar, porexemplo, um assento permanen-te no Conselho de Segurana(CS) das Organizaes Unidas

    (ONU). Porm, ressalta-se queas chances do Brasil conquistaruma cadeira esto vinculadas vigncia de uma legislao an-titerror, cuja proposta encontraresistncia no prprio governo.

    Por outro lado justamente nocampo geopoltico que as suascontradies tambm comeama surgir tendo como conse-quncia, num outro extremo, oalcance do radicalismo islmi-co, pronto para agir ao menorsinal de descontentamento oudesvantagem num jogo de vidae morte. Ainda como membrorotativo do CS o Brasil acenoucom uma mudana na polticaexterna ao apoiar resoluo doConselho de Segurana contrao Ir, a m de serem apuradas

    violaes dos direitos humanosde um pas governado por umfranco defensor do extremismoislmico, Mahmoud Ahmadine-jad.

    Se a votao tivesse aconte-cido durante o governo Lula apoltica do Itamaraty seria pelaabsteno do voto, mantendo a

    poltica externa de Lula de apoioquase irrestrito a Ahmadinejad.A sua sucessora, Dilma Rous-seff, tem demonstrado umanova linha de atuao na polti-ca externa, ou seja, reprovaona forma de Ahmadinejad go-vernar, inclusive por manter acondenao por apedrejamentoda iraniana Sakine MohammadiAshtiani, acusada de adultrio e

    participao no suposto assas-sinato do marido.

    O fato que no seria exageroconjecturarmos, especularmos,que em se tratando de um go-vernante como o presidente doIr, com trnsito livre entre ex-tremistas islmicos, Ahmadine-jad teria razes para dissuadir,frear qualquer plano terrorista

    que viesse a tomar conheci-mento, tendo o Brasil como alvofuturo. Agindo assim Ahmadine-jad manteria os laos com o seuamigo e presidente Lula. ComDilma esse quadro no existe, oque oferece margem para umadistenso poltica de interessesdifusos, at porque Dilma umamulher ocidental que se ope

    ao presidente de um pas ondea mulher e o Ocidente so vis-tos como algo a ser combatidofanaticamente.

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    Hamas - olhos famintos contra o Grande Sat (EUA) e seus

    aliados (chamados de ces inis pelos fundamentalistas)

    Desde cedo: o culto ao homem-bomba.

    Mas no apenas nessa ins-tvel regio do planeta que o Bra-sil orbita. Um dos ltimos gestosde Lula como presidente daRepblica, em dezembrode 2010, foi reconhecer oEstado palestino nas fron-teiras existentes em 1967,o que gerou protestos dosEstados Unidos e Israel.As infrutferas negociaespara a criao de um esta-do independente palestinoem Jerusalm Oriental tmcomo motivo o fato do Ir

    e grupos terroristas comoo Hamas e o libans Hezbollahdefenderem o m de Israel comoestado em detrimento da ex-istncia de uma nica nao, aPalestina.

    Mesmo com um processo dereconciliao rmado em maiodeste ano entre Hamas e Fataho governo israelense no aceita

    a condio de negociar as terraspalestinas ocupadas, em espe-cial na Cisjordnia. Infelizmenteo projeto de um estado palestino

    independente, mesmo que legti-mo, tende a no vingar devido aoradicalismo islmico que existe

    por trs das negociaes, anal,como poder existir uma naose uma outra precisa ser destru-da?

    O fato que o histrico do con-ito israelo-palestino que j dura64 anos desde a criao do esta-do de Israel, em 1947, produziu

    simpatizantes da causa pales-tina em todo o mundo, inclusiveno Brasil, o que no deixa de seruma manifestao legtima e dedireito. Porm, o que deve serquestionado a transposio domesmo discurso fatalista adapta-do a cultura local brasileira. EmIsrael, por exemplo, membros esimpatizantes do Hamas costu-

    mam sair s ruas para apedrejartanques de guerra israelenses acada manifestao popular anti-israel.

    No outro extremo o brao ar-mado do Hamas acusado porIsrael e pela comunidade in-ternacional de lanar foguetescontra o centro urbano israe-

    lense, artefatos que j matarame feriram centenas de pessoas.Considerado um grupo terroristapelos Estados Unidos e Israel

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    Torcedor palmeirense vestindo camiseta do grupo terrorista

    Hamas copia gestual de militantes terroristas palestinos.

    Cultura extremista nos gramados de futebol ou simples liberdade de expresso?

    as duas naes no aceitam ascondies de presso do Hamaspor entenderem ser um subterf-gio para fazer valer o direito pa-

    lestino pela fora e o terrorismo.No Brasil o apoio causa pa-

    lestina virou caso de polcia em2008.

    No dia 1 de julho daqueleano agentes da Delegacia deCrimes Raciais e Delitos de In-tolerncia (Decradi) e o promo-tor do Ministrio Pblico de SoPaulo, Paulo Srgio de Castilhorealizaram uma blitz na sede daMancha Alviverde, sede da tor-cida organizada do Palmeiras. Aoperao aconteceu com base

    em denncias da existncia dearmas no local e que torcedoresusavam camisetas alusivas aoHamas. Apesar da liberdade de

    expresso ser um direito cons-titucional o fato de torcedorescomparecerem aos estdioscom adereos relacionados a um

    grupo terrorista comeou a preo-cupar as autoridades, inclusive a

    comunidade judaica paulistana.

    Na blitz na sede da Manchafoi encontrada uma munio deum revlver calibre 38, mas ne-nhuma arma. Foram apreendi-das dezenas de camisetas com ainscrio Hamas Islamic Resist-ence. PMs que costumam fazer asegurana de estdios de futebolpaulista em dias de partidas, noesconderam: Ficamos de olhono pessoal que usa as camise-

    tas do Hamas porque sempre seenvolvem em brigas e confuso,armou um soldado, enquantooutro completou: Na torcida do

    So Paulo j vimos torcedorescom a camiseta do Hezbollah(grupo terrorista libans). Issono bom.

    Durante aquela operao poli-cial nenhum torcedor foi detidosob a acusao de ser um ter-rorista, simplesmente pelo fatode trajar uma camiseta. Mas essecenrio poder mudar quando oBrasil tiver aprovada lei antiterrorque, mesmo j elaborada pelogoverno, ainda no foi enviadaao Congresso Nacional para

    votao pelos deputados fede-rais e senadores.

    A existncia de uma legisla-o antiterror se faz urgentepelo fato de poder coibir o nas-cimento de uma eventual culturaterrorista no pas. Mesmo quejovens torcedores aleguem usarcamisetas alusivas a um grupoterrorista como smbolo da garra

    de um time de futebol, ao mesmotempo que apiam a criao doestado palestino ( apesar de es-tarem a milhares de quilmetrosde distncia do Oriente Mdio)poderiam esses mesmos jovensser cooptados e servir como umaespcie de laboratrio para ainltrao do radicalismo islmi-co nos estdios brasileiros?

    O projeto de lei antiterror prevo enquadramento de uma pes-soa ou grupo por incitao, apoiodireto e indireto e outras manifes-taes que tenham a ideologiaterrorista como fator motivador.Neste caso o uso de camisetascomo a do Hamas por membrosde torcida organizada, mesmopelo motivo mais inocente pos-

    svel, se enquadraria numa dastipicaes de legislao espe-cca, passvel de priso e jul-gamento do indiciado. Portanto,uma estampa com a imagem de

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    Terrorismo criminoso realizado pelo PCC em 2006 em So Paulo

    Bin Laden j seria o sucientepara algum ser abordado narua.

    Sob essa mesma tica osataques contra policiais mili-tares e civis entre 2006 e 2007do Primeiro Comando da Capi-tal (PCC) em So Paulo e Co-mando Vermelho (CV) no Rio deJaneiro tambm seriam interpre-tados como atentados terroristase no mais uma ao criminosa.At agora a propostado governo acabou

    congelada e noseguiu adiante devidoa polmica criada emtorno da tipicaodo ato terrorista quealcanaria movimen-tos sociais como oMovimento Sem Terra(MST).

    O atual debate que

    envolve a Comissode Relaes Exte-riores do CongressoNacional retomar adiscusso sobre o pro-jeto antiterror. Na inter-pretao de juristas ealguns parlamentaresa ideia reformular otexto original, ou seja,

    retirar os movimentossociais do enquadra-mento jurdico, cujos exces-sos como invaso de fazendas,reparties pblicas e at casosde depredao de prprios pbli-cos, poderiam continuar na es-fera de crimes comuns e no doterrorismo.

    Por hora, enquanto no temos

    uma legislao antiterror clara arespeito, a sociedade continuarconfrontada com a diferena legalentre crime comum e terrorismo.Um reexo dessa viso que

    os ataques do PCC e CV forammensurados como terrorismo,seja do ponto de vista da inter-pretao popular ou at mesmo

    pelas prprias autoridades. Oex-presidente Luiz Incio Lula daSilva, por exemplo, durante dis-curso de posse do seu segundomandato, no dia 1 de janeirode 2007, ao se declarar revol-tado com os ataques do CV naCidade Maravilhosa armou que

    essa barbaridade que aconteceuno Rio de Janeiro no pode sercombatida como crime comum.Isso terrorismo e tem que sercombatido com a poltica forte e amo forte do Estado brasileiro. Aj extrapolou o banditismo con-vencional que ns conhecamos(...) Foi uma prtica terrorista das

    mais violentas que eu tenho vistoneste pas.

    O fato que o reexo da rea-lidade mundial do terrorismo is-

    lmico, aps os atentados de 11de setembro, provocou transfor-maes na percepo do seutermo em medidas prticas para

    a sua preveno, medidas estasadotadas por inmeras naescomo USA, Inglaterra, Frana,Espanha, Alemanha e Portugalque reviram seu sistema jurdico,adaptados aos novos tempos doterrorismo globalizado.

    E o Brasil comeou a seguir omesmo caminho apartir da elabora-

    o da EstratgiaNacional de De-fesa, programa desegurana nacionaldo governo federalque engloba no-vas diretrizes defortalecimento dasForas Armadas eSoberania Nacio-

    nal. Uma das suasprincipais diretrizes dotar as ForasArmadas de maiorpoder de ao nasregies fronteiriasdo Brasil para com-bater tanto o crimeorganizado como otrco de drogas,armas e o terroris-mo, principalmente

    na Trplice Fronteira entre Brasil,Paraguai e