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3 Março/Abril - Ano 21 - nº 122 Distribuição Gratuita - www.weril.com.br Março/Abril - Ano 21 - nº 122 Distribuição Gratuita - www.weril.com.br 2 Suas Notas 4 Efeito Sonoro 5 Clécio Fortuna, o sax do Rei Roberto 7 Osesp programada para brilhar em 99 9 Workshop: Exercícios para Flauta 10 Graziela Bortz: Música para leigos 11 Como escolher o estúdio 12 Raul de Souza: Músico sem fronteiras 2 Suas Notas 4 Efeito Sonoro 5 Clécio Fortuna, o sax do Rei Roberto 7 Osesp programada para brilhar em 99 9 Workshop: Exercícios para Flauta 10 Graziela Bortz: Música para leigos 11 Como escolher o estúdio 12 Raul de Souza: Músico sem fronteiras Julio Medaglia, um sonhador Julio Medaglia, um sonhador Nova Tuba Sib 4 Pistos da Weril

Reviosta Weril nº 122

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Artigos sobre instrumentos musicais, acessórios e tudo sobre arte musical.

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Page 1: Reviosta Weril nº 122

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Março/Abril - Ano 21 - nº 122Distribuição Gratuita - www.weril.com.br

Março/Abril - Ano 21 - nº 122Distribuição Gratuita - www.weril.com.br

2 Suas Notas

4 Efeito Sonoro

5 Clécio Fortuna, o sax do Rei Roberto

7 Osesp programada para brilhar em 99

9 Workshop: Exercícios para Flauta

10 Graziela Bortz: Música para leigos

11 Como escolher o estúdio

12 Raul de Souza: Músico sem fronteiras

2 Suas Notas

4 Efeito Sonoro

5 Clécio Fortuna, o sax do Rei Roberto

7 Osesp programada para brilhar em 99

9 Workshop: Exercícios para Flauta

10 Graziela Bortz: Música para leigos

11 Como escolher o estúdio

12 Raul de Souza: Músico sem fronteiras

Julio Medaglia, um sonhadorJulio Medaglia, um sonhador

Nova Tuba Sib 4 Pistos da Weril

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2 Revista Weril - nº 122 - Março/Abril-1999

SUAS NOTAS

REVISTA WERIL é uma publicação bimestral da Weril Instrumentos Musicais Ltda.Conselho Editorial: Angelino Bozzini, Demétrio Lima, Eduardo Estela, Gilberto Gagliardi, Ivan Meyer, JesséMartinez, Magno D’Alcântara, Marcelo de J. Silva, Milton Lelis.Editora: Aurea Andrade Figueira (MTb 12.333) - Redatores: Nelson Lourenço e Maria Helena Diniz - Fotos dacapa: Beatriz Weingrill - Redação e correspondência: Em Foco Assessoria de Comunicação - Rua Dr. Renato Paesde Barros, 926, São Paulo/SP 04530-001 e-mail: [email protected] gráfico, diagramação e editoração eletrônica: Matiz Design - Tiragem: 15 mil exemplares

expediente

Há 21 anos, a Weril começou a distribuir gratuitamente um informativo dedicadoà música de sopro produzida no Brasil e no mundo. Independente, atenta às mudançase à evolução do cenário instrumental, a publicação ganhou corpo, sempre contandocom o apoio de seus leitores, e agora chega à sua maioridade totalmente remodelada,com novo Conselho Editorial, formado por músicos de expressão. Tornou-se a Revis-ta Weril , cuja primeira edição temos a honra de apresentar, através deste editorial.

No Brasil, a Revista Weril é a única do gênero voltada para o segmento de instru-mentos de sopro. Ao ampliar sua cobertura, nós da Weril reafirmamos nosso compro-misso com a evolução do músico, profissional ou amador, com o qual caminhamoslado a lado, nestes 90 anos de atuação da empresa.

Esperamos que vocês participem cada vez mais desta publicação que deve crescersempre. E que ela colabore com a formação e o sucesso de nossos leitores.

Nelson Eduardo WeingrillDiretor-superintendente

EDITORIAL

“Por que vocês não incluem na Revista Weril, que jáé excelente, reportagens com pessoas que estejam fazen-do sucesso, como Banda Eva e Skank? Será que esse pes-soal não tem endereço eletrônico para que eu possa mecorresponder com eles?”

Wilton de Oliveira Silva,Mossoró (RN)

R: Wilton, na edição 117, a Revista Weril publicouuma matéria sobre a música baiana. Na edição 119, vocêpode ler “De Minas para o Brasil”, onde falamos sobrebandas de Minas Gerais e entrevistamos o saxofonista doSkank, Marcelo Rocha (o e-mail da banda é[email protected]). Isso não nos impede de fazeroportunamente novas matérias sobre esses grupos.

Envie suas sugestões para a Revista Weril, via e-mail ou carta. Os endereços estão no Expediente,

nesta página.

Também recebemos e agradecemos cartas ee-mails de:

Amarildo F. Estanício, Araras (SP); Carlos Tenório F.Júnior, Cabo de Santo Agustinho (PE); Denise de FreitasMazuri, São Paulo (SP); Iradilson Alves, Vitória de San-to Antão (PE); Irina Milani Bezzan, São Paulo (SP); ItiroTakeda, São Paulo (SP); José Maria de Souza Nunes,Campo Grande (MS); Mônica Leoni Maffei, Salvador(BA); Ruth Araújo dos Santos, Araras (SP).

“Gostaria que vocês publicassem matéria sobre re-gência na Revista Weril”

Arnon Gomes de Lemos,São Paulo (SP)

R: Arnon, a Revista Weril publicou Dicas & Técnicassobre regência nas edições 120 e 121, mas, como o as-sunto é muito amplo, voltaremos ao tema. Confira!

“Em nome daqueles que fazem parte da Banda Cida-de do Recife, agradeço pela matéria publicada na edi-ção número 120, sobre os 40 anos da agremiação.”

Waldemar Pedra Rica Filho,Recife (PE)

“As Dicas e Técnicas são muito úteis para o aperfei-çoamento dos músicos amadores. Mais uma vez, parabe-nizo esse trabalho maravilhoso”

Anderson Marinheiro da Silva,Várzea Paulista (SP)

Os 60 anos de Marlos Nobre serão comemoradosno Brasil e Exterior. De 21 a 24 de março, Berlimirá sediar a “Semana Marlos Nobre”, com apresen-tações de obras do compositor. Em abril, o Quarte-to de Cordas de Nova York irá apresentar um pro-grama com audições inéditas do músico brasileiro.

Atendimento ao Consumidor Weril 0800 175900

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3Revista Weril - nº 122 - Março/Abril-1999

PERFIL

Julio Medaglia,O maestro Júlio Medaglia é mais conhecido atualmente

por seu trabalho como coordenador e regente da orques-tra Amazonas Filarmônica. Seu nome, contudo, figuraentre os mais ferrenhos defensores e divulgadores damúsica brasileira. A carreira construída com dedicação ereconhecimento internacional foi marcada por uma in-tensa participação em diferentes áreas da cultura nacio-nal. Do tropicalismo à poesia concreta, ele continua com-pondo trilhas para espetáculos teatrais e concertos. “Omundo nunca me ofereceu fronteiras”, confirma ele.

Em suas viagens, teve oportunidade de reger diversasorquestras - principalmente na Europa - e descobriu queo Brasil é o país de maior musicalidade que existe. Entre-tanto, a globalização e o crescimento desenfreado do con-sumo musical foram superiores à produção. Isso compro-meteu a qualidade, entorpecendo gerações mais recentescom um produto inferior. “Se pudéssemos fazer uma fo-tografia da trajetória musical brasileira, teríamos um au-têntico retrato da história do nosso país”, declara o maes-tro. “E o retrato das últimas décadas refletiria a ambiçãodos produtores e empresários, que vêem a música comouma máquina de fazer dinheiro”, completa.

Considerando-se um “sonhador de olhos abertos”,Medaglia sempre perseguiu seus ideais. Por isso, acaboubatendo de frente com personalidades da música, políti-cos, burocratas e empresários. Sua fama de briguento fezcom que abandonasse alguns projetos.

Segundo Medaglia, o músico é prejudicado pelo gran-de número de empregos que é obrigado a aceitar. “O pro-fissional toca em vários lugares, comprometendo o tem-po para estudo, ensaio ou aperfeiçoamento”, diz ele. Adificuldade em en-contrar músicos queaceitassem traba-lhar em apenas umemprego obrigou-oa buscar alternati-vas na Europa Ori-ental. A AmazonasFilarmônica possui 80% de estrangeiros entre seus com-ponentes. Ele acredita que, no futuro, os grandesinstrumentistas venham a se fixar em um único lugar.“Será uma exigência, o aprimoramento deverá ser umaconstante”, esclarece.

Porém, ele não reclama da experiência de dois anos à

frente da Amazonas Filarmônica. A orquestra é adminis-trada por uma associação, o que proporciona total liber-dade para Medaglia. O resultado do trabalho pode serconferido no recém-lançado CD, que leva o nome da or-questra. O designer gráfico Hans Donner idealizou, naforma de uma vitória-régia, a logomarca da Filarmônica.

Profetizando o futuro dos jovens que estão começan-do agora na música, o maestro acredita que a profissio-nalização antecipada acaba sendo prejudicial, subtrain-do-lhes um tempo que deveria ser dedicado exclusiva-

mente ao aprendi-zado. “Além dashoras dedicadas àprática do instru-mento, o principi-ante deve mergu-lhar nas profunde-zas do mar da cul-

tura”, acrescenta, lembrando de suas próprias leituras edas sessões de cinema alemão que freqüentava na adoles-cência. Corais e exposições também foram importantesem sua bagagem cultural, com a qual Medaglia teve umavaliosa participação em movimentos como a Tropicália ena composição de sua maior obra-prima: ele mesmo.

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“Além das horas dedicadas à prática doinstrumento, o principiante deve

mergulhar nas profundezas do mar dacultura”

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4 Revista Weril - nº 122 - Março/Abril-1999

EFEITO SONORO

A versatilidade danova Tuba de 4Pistos Weril

RAIO X

Exercendo o papel de alicerce do som em uma orquestra ou banda, a tuba precisa ser um instru-mento cada vez mais versátil, com grande alcance de graves e agudos, para acompanhar a evolu-

ção da música moderna. O novo modelo J680 Bb/F da Weril preenche todos esses requisitos esurpreende pelo seu peso reduzido. Com apenas 6,875 quilos, é uma tuba compacta, indicadapara quem está começando ou para aqueles que já se profissionalizaram.

Fabricado com estrutura especial reforçada pelo processo de expansão hidráulica, o novomodelo possui quatro pistos de ação frontal que permitem ao músico excelente controle do instru-

mento em toda sua extensão, sempre mantendo a qualidade sonora, do pianíssimo ao fortíssimo.

DICA DO MESTRESegundo o professor e tubista da Orquestra Rádio e

Televisão Cultura, Donald Smith, “o grande compositorbrasileiro Villa-Lobos (1887-1959) já antecipara em suascomposições solos para a tuba de quatro pistos, inexistentenaquela época. Villa Lobos sonhava com um instrumen-to que pudesse realizar vários graus de dinâmicos e tocarescalas e arpejos em 3/8as ”. Um instrumento como o quea Weril está lançando, que, graças aos quatro pistos, podeprover recursos até então limitados a outras tubas.

As partituras modernas estão exigindo cada vez maisparticipação da tuba. O quarto pisto do novo modelo com-pacto da Weril vem ao encontro dessa necessidade, ofe-recendo ainda conforto no manusear, afinação consisten-te e muita versatilidade. “O músico pode tocar qualquerobra com ela, desde jazz até rock’n’roll”, explica.

Ele também observa que o tamanho compacto e o pesodo instrumento facilitam sua execução por jovens e mu-lheres. Vivendo no Brasil desde 1972, Smith teve seu pri-meiro contato com a tuba aos 13 anos, quando ainda esta-va nos Estados Unidos. Seu primeiro professor foi ummestre de banda. “Ele achou que eu tinha jeito para tuba,

Os quatro pistos do modelo J680 Bb/Fpermitem excelente controle do instrumento

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caso contrário, estaria tocando flauta”, declarou Smith,que testou o novo instrumento especialmente para a Re-vista Weril.

A Dica do Mestre é tentar executar o famoso Prelú-dio da Suíte nº 3, de Bach, Segundo Smith, não existemaior desafio para amantes e profissionais da tuba. “Oquarto pisto do modelo J680 Bb/F da Weril oferece re-cursos que possibilitam ao tubista tocar esse solo, queexige, na mesma melodia, ir do mais agudo ao grave fun-damental”, completa o professor.

Donald Smith e anova Tuba Weril: do

jazz ao rock

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5Revista Weril - nº 122 - Março/Abril-1999

AFORTUNADOAFORTUNADO

AQUI NA WERIL

Clécio Fortuna tocasax soprano Weril emvisita à fábrica

AFORTUNADO

No Brasil do início dos anos 50, não havia escolas demúsica em todas as cidades. Conservatórios também nãoeram muito comuns. Quem quisesse seguir carreira pro-fissional tinha que começar em bandas de música ou empequenas orquestras. Assim foi com Clécio Fortuna, hojesaxofonista da orquestra de Roberto Carlos. Ele come-çou aprendendo a ler partitura e tocando clarineta na bandamirim de Assis, São Paulo, sua cidade natal.

Filho de músico, Clécio viajou por várias cidades bra-sileiras, integrando a Orquestra Mantovani. Era uma épocade muito trabalho: sempre havia onde tocar. Mas, em 1963,ele “fugiu” de uma orquestra em Tupã, interior paulista,para conquistar a cidade grande. Foi a primeira grandevirada de sua carreira.

Em pouco tempo, estava tocando na noite paulistana.Amigos do cenário musical arrumaram “bicos” na TVExcelsior, na Orquestra Simonetti, programa semanal querecebia os famosos da época. Em 64, ousando pela se-gunda vez, Clécio aceitou o convite do trompetistaHaroldo “Lelé” Paladino para integrar um grupo deinstrumentistas brasileiros na Alemanha. A atuação se-guinte aconteceu em um quinteto de músicos alemães,onde, durante três anos, Clécio tocou, aprendeu a línguae conheceu a cultura de várias cidades européias por ondese apresentou.

Com o Rei

De volta ao Brasil em 68, Clécio recebeu um convitepara tocar na orquestra que acompanhava Roberto Carlos.A oportunidade de participar de um dos grupos mais se-lecionados do país deixou o saxofonista entusiasmado.“Roberto sempre teve fama de exigente. Para ele, a per-feição era e ainda é o limite” , confessa o músico. Com oRei, o acorde certo no momento certo é regra, e não háespaço para improvisações.

Clécio testemunhou a evolução de repertório na car-reira de Roberto Carlos, que, de roqueiro da Jovem Guar-da, passou a ser um dos ícones da música romântica bra-sileira. “No final dos anos 70, chegamos a utilizar har-pas. Todos os arranjos e melodias ressaltavam essa veiaromântica e tivemos uma das maiores orquestras daquelaépoca”, conta ele.

As turnês do Rei foram tomando o tempo do saxofo-nista. A orquestra, hoje com 10 componentes, chegou areunir 70 músicos, em momentos de grandes alegrias, ain-da presentes na memória de Clécio. Dos gloriosos tem-pos da Jovem Guarda, o músico resgata todo o fôlegopara, aos 60 anos, continuar tocando com maestria seusaxofone.

A música traçou o destino de Clécio Fortuna,saxofonista do Rei Roberto

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6 Revista Weril - nº 122 - Março/Abril-1999

POR ESTAS BANDAS

História de títulos

Contato: Banda Cícero Canuto de Lima: (011) 6694-6366. Banda Osesp: (011) 223-5199 · Sociedade de Cultura Artística (011) 256-02

Desde 1995, quando passou da formação de Fanfarra com Pistopara Banda Marcial, a Noé Azevedo é o orgulho dos moradores dobairro do Tremembé, São Paulo (SP). Em quatro anos, conquistou dois

vices e um primeiro lugarem sua categoria no Cam-peonato Estadual de Ban-das e Fanfarras.

O sucesso não é surpre-sa para o regente MarcoAntonio Rodrigues, quetrabalha ao lado de 55 mú-sicos. A dedicação de to-dos é o grande segredo dabanda. Os ensaios exigemparticipação semanal, in-clusive durante todo o diade domingo.

Preocupado com o cres-cimento da Noé Azevedo,Marco Antonio não medeesforços para manter a ban-

da em atividade. Ele está desenvolvendo um projeto paralelo, com alu-nos de idades variadas e diferentes níveis de conhecimento musical. Aidéia gerou uma banda infantil feminina e uma sênior, ambas parainiciantes. “Com isso, evitamos o choque inicial entre os mais experi-entes e aqueles que ainda estão começando. A tendência é que, depois,todos acabem se integrando à banda principal”, explica o maestro.

Conhecida pelo repertório eclético, que vai de Beethoven a VillagePeople, a Noé Azevedo conseguiu ultrapassar as dificuldades financei-ras típicas de uma banda de escola municipal, provando que, com dedi-cação, boa música e união, é possível alcançar o mais alto lugar nopódio.

Mais do que uma mera coincidência, a relaçãoentre a religião e a música revela uma vitória emmuitas igrejas: ir além do culto e abrir as portas dacultura musical aos cristãos. A tal ponto que se tor-na difícil encontrar num coro ou orquestra alguémque não tenha entoado algum dia um belo salmo.Segundo Gilberto Massambani, maestro da orques-tra Jahn Sorheim da Assembléia de Deus, os fiéissão sempre incentivados a participar dos corais ebandas que acompanham a liturgia dos cultos, mes-

mo que tenham pouca idade.Assim acontece com a banda Pastor Cícero

Canuto de Lima, composta por 80 membros da Igre-ja Evangélica Assembléia de Deus, em Itaquera, to-dos com idade entre 9 e 16 anos. Fundada em 1989,vem formando músicos para bandas e orquestrasfiliadas à Igreja, e conduz dezenas de meninos emeninas a uma escola gratuita de música, que chegaa reunir cerca de 200 alunos.

O ensino musical vai de hinos a liturgias, passan-do por produções religiosas e clássicas, tão freqüen-tes quanto os ensinamentos da Bíblia. A igreja, alémde formar, acaba exercendo o papel de incentivadorade talentos, abastecendo sinfônicas, filarmônicas ebandas militares.

Regidos pelo maestro Benedito Souza Vieira, os

Toda vez que um conceito se desenvolve e cresce mais do que se ima-ginava originalmente, é importante refletirmos sobre sua própria evoluçãoe o que ela acarretou. No caso de instrumentos de sopro, as grandes discus-sões sobre o assunto emanam das pessoas que estavam mais próximas domomento criativo. Cheguei a esta questão como um estranho, que só acom-panhou a transformação dos instrumentos de sopro como um interessadocientista.

Os compositores desenharam um importante capítulo na história dodesenvolvimento das formas dos instrumentos de sopro, de acordo comsuas preferências individuais. Giovanni Gabrieli, em particular, compro-vou as vantagens artísticas das bandas, escrevendo para mais de oito ins-trumentos.

Seus contemporâneos foram motivados por fatores sociais e econômi-cos. Durante a Revolução Francesa, por exemplo, as pessoas reagiram con-tra os excessos da realeza e qualquer coisa que carregasse conotações aris-tocráticas: o oboé, considerado um instrumento da aristocracia, foi logosubstituído pela clarineta, uma mudança de incalculável importância paraas bandas de sopro.

O mundo dos negócios também contribuiu para a criação de um novomodelo de bandas. Múltiplos instrumentistas foram designados para cadainstrumento, formando bandas de 40 ou mais componentes, que enchiamos palcos onde quer que se apresentassem.

Tais invenções, como o sistema de válvulas de Blumel, o sistema dechaves para a flauta de Boehm, a adaptação da clarineta por Buffet e osinstrumentos de Adolphe Sax, contribuíram para a formação das modernasbandas sinfônicas.

Mais tarde, a Revolução Industrial teve papel determinante na produ-ção e distribuição de instrumentos, com a aplicação da tecnologia e docontrole de qualidade.

A influência das letras no deJames E

Quando fé e músic

Divulgação

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7Revista Weril - nº 122 - Março/Abril-1999

POR ESTAS BANDAS

Noé Azevedo: (011) 6281-9323 - Mozarteum (011) 815-6377223 · Teatro Alfa Real (011) 5181-7333.

AbrilOrquestra Sinfônica de Budapeste, Teatro Cultura ArtísticaRadio Philharmonie de Hannover, MozarteumMaioOrquestra Experimental de Repertório (Brasil), Teatro Alfa RealJunhoOrchestra Sinfonica Nazionale della RAI, Teatro Cultura ArtísticaStrauss Festival Orchester Wien, MozarteumAgostoOrquestra Filarmônica da Radio France, MozarteumSetembroOrquestra Filarmônica de Kiev, MozarteumRoyal Philharmonic Orchestra, Teatro Cultura ArtísticaOutubroFilarmônica de Viena, Teatro Cultura ArtísticaNovembroOslo Philharmonic Orchestra, MozarteumRussian National Orchestra, Teatro Alfa Real

Osesp programadapara brilhar em 99

Depois dos elogios da crítica especializada, a Orquestra Sinfônica doEstado de São Paulo abriu a temporada de concertos sob grande expec-tativa. Renovada, a corporação ganhou os aplausos do público em 98 epromete manter o nível internacional de seus concertos.

Estão previstas quase 100 apresentações ao longo do ano. Além deJohn Neschling (diretor artístico e regente titular) e Roberto Minczuk,serão convidados maestros como Celso Antunes, Ronald Zollman eChristian Mandel. Entre os solistas, destaque para Nelson Freire, GaryGraffman e Shlomo Mintz. A Osesp também deverá realizar concertosno interior de São Paulo e no Rio de Janeiro.

Confira abaixo outros destaques da agenda de concertos em 1999 nacidade de São Paulo:

garotos da Pastor Cícero são presença constante emcomemorações cívicas, cultos e festas evangélicaspor diversas cidades do país, apresentando um re-pertório recheado de hinos religiosos. “Oferecemosconhecimento teórico, uniformes e alimentação,unindo fé e música para formar grandesinstrumentistas e cidadãos de bem”, completa Be-nedito Vieira.

esenvolvimento das bandasE. Croft

Quaisquer que sejam as razões descritas para a evolução das bandas, agrande limitação nesse processo foi a música escrita exclusivamente paraelas. Raras foram as exceções contabilizadas no final do século XVIII, quan-do as bandas eram tratadas apenas como órfãos que os compositores nãoquiseram adotar.

As mudanças históricas não contribuíram para mudar a percepção doscompositores quanto às bandas: eles acreditavam que as bandas, em geral,existiam para suprir uma função definida, não para a arte. Assim, escrevi-am apenas para promoção de alguns serviços, como cerimoniais, danças eocasiões militares que exigiam música. Tais condições não são muito dife-rentes hoje em dia. As bandas continuam se apresentando em paradas, even-tos externos, comemorações cívicas e políticas e, mais recentemente, emcompetições esportivas.

Seria um erro dizer que somente algumas das bandas mais recentespossuem músicos competentes ou regentes famosos. A literatura especi-alizada, entretanto, misturou os propósitos funcionais nos quais as bandasse enquadram. Com poucas exceções, as bandas não despertaram nos com-positores tanto interesse quanto as orquestras sinfônicas, recitais de câmarae óperas, pelo menos no século XX. As contribuições ocasionais de Strauss,Dvorák, Berlioz, Wagner, Rimsky-Korsakov e Mendelssohn não foram tãorepresentativas quanto as obras de arte que estes mestres fizeram em outroscampos.

É importante ressaltar que todas as disciplinas acadêmicas e artísticasdependem de pesquisa, habilidade e letras inspiradas (motivo de críticas àsbandas). Entretanto, as mentes criativas por trás do repertório para bandasforam lapidadas no dia-a-dia de apresentações, o melhor laboratório parapraticar e escrever composições .

(Tradução de texto publicado originalmente na The Instrumentalist/junho 1997)

a caminham juntas

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FIQUE DE OLHO

Livro - A Banda Municipal Benedito Marinho, deLins (SP), acaba de publicar um livro que conta os80 anos de sua história. A publicação foi organizadapor José Roberto Franco da Rocha. Para entrar emcontato com a banda, enviar cartas ao maestro Fran-cisco Botasso Costa (Rua Brasil, 522, Bairro doJunqueira, Lins/SP, CEP 16400-000).CD - Com o apoio da Weril, a premiada Banda Mar-cial do Colégio João XXIII (São Paulo/SP) está lan-çando o CD “Metais & Percussão”. O repertório in-clui a trilogia “Where the river flows”, de JamesSwearinger, e a abertura da ópera “Salvador Rosa”,

de Carlos Gomes, entre outras faixas. As adaptações, ar-ranjos e regência são do maestro Eduardo Estela (Frigi-deira). Informações pelo telefone (011) 6914-9299.Prêmio - O maestro Carlos Moreno, de 30 anos, foi oprimeiro colocado no 5º Concurso Latino-Americano deRegência Orquestral da USP. Contatos com ele podemser feitos por carta (Rua F, nº 08, Vale do Sossego, Corrêas,Petrópolis/RJ, CEP 25720-000).

Naveguewww.schoolmusic.com

Escrita em inglês, é voltada para professores de músi-ca, com divisões que procuram ajudar desde as mais sim-ples questões até as mais complexas. Contém materialpara pesquisa, novos métodos, partituras, softwares. Tam-bém apresenta as novidades do mercado, instrumentos eacessórios, informando quais são os melhores modelos equanto custam.

CD - O saxofonista Leo Gandelman é o terceiro instrumentista brasileiro agravar pelo célebre selo americano Verve, dedicado ao jazz. Radicado nosEstados Unidos, Gandelman acredita que “Brazilian Soul” é o trabalho que iráconsolidar sua carreira internacional. O lançamento internacional do CD estáprevisto para abril.

Congresso - Aconteceu de 2 a 6 de fevereiro o 5º Con-gresso Nacional de Trombonistas, em Belo Horizonte(MG). Organizado pela Associação Brasileira de Trombo-nistas, o encontro promoveu palestras, workshops e con-certos, trazendo professores e músicos de todo o Brasil,além de convidados dos Estados Unidos e da Macedônia,como Kiril Ribarski (foto), que experimentou os instru-mentos Weril.

sheetmusicplus.comTotalmente em inglês, pode ser considerada um su-

permercado virtual da música. Oferece mais de 260 miltítulos de músicas, com letras e partituras. Bem organiza-da, facilita a pesquisa e vende de tudo: songbooks, mi-crofones, baquetas, cabos de som, coleções exclusivas,entre outros. Atende consumidores de mais de 60 países,com preços fixados em dólares.

l O mestre de bandas Nilson Antonio dos Santos pro-cura alguma banda para reger, em qualquer cidade.Entrar em contato pelo telefone (017) 442-2871.

l Odair dos Santos Adôrno gostaria de receber materialsobre bandas, fanfarras e escolas de samba (organiza-ção e formação), além de dicas sobre conservação deinstrumentos musicais. Contato: Rua Prof. NempukuSato, nº 2-217 - Núcleo Geisel, Bauru/SP, CEP 17033-610.

l O Conservatório P.M. Sol Maior quer trocar partitu-ras com regentes e músicos de bandas e orquestras.Cartas aos cuidados de Rodrigo de J. Silva - Av. Dr.Sérgio Romanelle, 699, Centro, Coronel Fabriciano/MG, CEP 35170-060.

l Osmir Hidalgo Peres procura banda para reger e tempartituras de músicas evangélicas para ceder. Seu en-dereço é: Rua 13 de Junho, 1712, Porto Murtinho/MS,CEP 79280-000.

l Eliezer Souza dos Santos quer obter referências sobretuba (vale a pena conferir a matéria da página 4 destaedição). Cartas devem ser endereçadas para: Rua LuigiCaruso, 39, São Norberto, Santo Amaro/SP, CEP04884-000.

l Gezisleine M. Ramos Banin procura partituras e mé-todos de compositores e teoria musical para piano.Eventuais colaboradores podem escrever para RuaCapão Bonito, 27, Santo André/SP, CEP 09250-770.

l Reginaldo Dornelas Angnoleto quer trocar partiturasde trompete, trombone de vara e mecânico. Contato:Rua Dom Pedro II, 523, V. Aurora, Rondonópolis/MT,CEP 78740-200, ou pelo e-mail: [email protected]

Nesta seção, dicasde alguns sites sobre

música escolhidosespecialmente para

os leitores daRevista Weril:

Intercâmbio

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Curso - Em São Paulo, o Sesc Vila Mariana abre inscrições em abril para novas turmas em seus cursos de música,destinados a amadores e profissionais. Entre as opções, aulas de iniciação à teoria musical, prática de repertório einiciação aos metais, sax, clarineta e flauta transversal. Informações: (011) 5080-3080/5080-3081

Fotos: Divulgação

Page 9: Reviosta Weril nº 122

9Revista Weril - nº 122 - Março/Abril-1999

WORKSHOP

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FLAUTA (Exercícios)

* Marta Ozzetti

Os princípios básicos para se ter uma boa performancena flauta transversa são:

Postura - devemos encontrar o ponto de equilíbrioentre a flauta e o corpo. Como segurá-la, o peso para cadamão e posição adequada da coluna, cabeça e braços sãoalguns dos itens relevantes.

Sonoridade - está diretamente ligada ao domínio dosopro. Daí a boa respiração ser fundamental.

Respiração - é a base para o instrumento de sopro.Ter uma boa respiração significa aproveitar ao máximo oar para a execução do som.

A respiração no instrumento de sopro é diafragmática.O ar espirado é controlado pelo músculo diafragma situadono abdome, através de uma leve pressão, formando a co-luna de ar. A garganta deve estar relaxada, permitindo alivre passagem do ar, que fica armazenado na cavidadebucal, finalizando com o direcionamento deste ar peloslábios e maxilar inferior.

Tão importante quanto o controle da saída de ar é per-mitir que a musculatura ligada ao movimento do diafrag-ma relaxe totalmente no momento da inspiração, para que,desse modo, o ar necessário possa entrar livremente, semprovocar tensão no corpo. É o momento em que a muscu-latura tem seu movimento involuntário. A inspiração de-verá acontecer normalmente, conforme a necessidade docorpo. O trabalho ativo do flautista se dá no ato daespiração.

No sopro, devemos observar os espaços vazios inter-nos do corpo, como o tronco, a laringe e a cavidade daboca, para que esses favoreçam a passagem do ar. Osombros, pescoço, maxilar e a base da língua estão direta-mente relacionados a essa performance.

Para a prática diária básica, há alguns exercícios res-piratórios. A seguir estão descritos alguns deles:A. Inspiração: deixe o ar entrar pelo nariz, conduzindo-onaturalmente à base dos pulmões. Continue inspirandoaté encher a região média e depois a superior. Segure o arpor alguns segundos. Solte-o lentamente.Espiração: exale o ar lentamente por alguns segundos.Nas repetições, vá aumentando o tempo de exalação. Useo som “SSSSS” quando estiver soltando o ar.B.1. Deite-se de costas com os pés apoiados no chão (ob-serve a cabeça, ombros, quadris e pernas)2. Coloque as mãos sobre o abdome3. Inspire lentamente pelo nariz, fazendo com que o ab-dome se expanda4. Segure o ar por alguns segundos5. Solte o ar pela boca, lentamente

C. 1. Continue deitado2. Coloque as mãos sobre o abdome3. Inspire pelo nariz, expandindo o abdome4. Espire com pequenas interrupções, soltando parte doar. Segure o ar (sem inspirar novamente), solte-o e assimsucessivamente.

Observe de forma que a respiração não fique na partesuperior dos pulmões. Relaxe os ombros, pescoço e con-centre a atenção no músculo do diafragma.

A seguir, pratique com a flauta os seguintes exercíci-os de sonoridade:

Pratique no seu limite de forte e piano, observando sempre a respiração. Nãopratique até a exaustão. Descanse quando cansar.

Exercícios de respiração são importantes para flauta e devem obedecer o limitede cada indivíduo.

A prática de uma atividade física paralela, como natação, andar de bicicleta, en-tre outras, amplia a capacidade pulmonar e também aumenta a agilidade da muscu-latura que sustenta o diafragma.

Há ainda aspectos e exercícios adicionais sobre respiração não mencionados nes-se texto. A seguir, algumas indicações de referências que poderão ser úteis paraaqueles que quiserem se aprofundar nesse assunto:GUNNA BRIEGHEL, Müller. Eutonia e Relaxamento, Summus EditorialTAFFANEL E GAUBERT. Méthode Complète de Flute, Afonse LeducWOLTZENLOGEL, Celso. Método Ilustrado de Flauta, Ed. OpusMOYSE, Marcel. De La Sonorité, Alfonse LeducGAINZA, Violeta Hemsy de. Conversas com Gerda Alexander, Summus Editorial* Marta Ozzetti é flautista e professora.Contato: (011) 5508-0737 código 4254232

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10 Revista Weril - nº 122 - Março/Abril-1999

“Passei a perceberque, a partir de

cursos diletantes, épossível musicalizar

adultos”

OPINIÃO

MÚSICA para LeigosSempre se ouviu dizer que o início do aprendizado de

música deve acontecer muito cedo na vida. Do contrário,será tarde demais para que o corpo possa desenvolver a

coordenação necessária para se tocar um instrumento.No entanto, com esse conceito de aprendizado musi-

cal, os amadores, que não desejam nada da música alémde apreciá-la e, quem sabe, tocar algum instrumento des-pretensiosamente por curiosidade ou prazer, são excluí-dos, especialmente em nosso país, cujo currículo escolarprocura disfarçar o ensino da música por trás da discipli-na de nome genérico: Artes.

Sem o ensino específico da música nas escolas, porum lado negligenciamos o acesso à música por parte da-queles que poderiam vir a ser músicos se tivessem conta-to com essa arte. Por outro, também negamos esse mes-mo acesso àqueles que poderiam consumi-la de formacrítica, como conhecedores e apreciadores.

Desde que passei a lecionar instrumentos de metal emaulas coletivas no Instituto de Artes da Unesp, para estu-dantes do curso de Educação Artística e do curso de ex-tensão universitária (muitos deles totalmente leigos emmúsica), passei a perceber que, a partir de cursos dile-tantes, é possível musicalizar adultos, o que seria umaforma de preencher nossa enorme lacuna existente noensino das artes, em particular da música.

Graziela Bortz

Logo após essa experiência, ensinei por dois mesesno Sesc Vila Mariana da mesma forma. Um grupo de adul-tos que não tinha nenhuma experiência em música, cuja

idade variava de 18 a 35 anos, passou a compre-ender através da prática dos instrumentos demetal (trompete, trompa, trombone ebombardino) um pouco da linguagem e do fazermusicais. As dificuldades encontradas não eramdiferentes das dificuldades de uma criança. Aprincipal diferença era o senso crítico. As crian-ças, quando iniciam o aprendizado da música,não se importam tanto em errar, elas estão brin-cando. Os adultos sentem vergonha. Se todospercebem que estão na mesma situação, entre-tanto, a crítica passa a não interferir a ponto deimpossibilitar o aprendizado. O mais importan-te para esses adultos é a novidade em se apren-der os hieróglifos musicais, aquelas bolinhas so-bre linhas, as técnicas e características dos ins-trumentos e o artesanato envolvido em se pro-duzir os sons nesses instrumentos.

A formação artística, todos sabemos, desen-volve a percepção de todos os nossos sentidos,bem como a capacidade de raciocínio. Quemestuda música sabe o quão matemática é sua es-trutura. Privar toda uma sociedade deste conhe-

cimento é, no mínimo, crime de sonegação.É evidente que a melhor opção para mudarmos o pa-

norama de ignorância musical vigente neste país (a des-peito do famoso talento musical do brasileiro), seria avolta do ensino de música nas escolas. É possível, no en-tanto, oferecer cursos às pessoas de diversas faixas etáriase interesses em centros de formação técnica ou centrosde lazer, ou mesmo nas universidades, através de cursosde extensão. Universidades que tanto podem oferecer àcomunidade que as sustentam, e que tão distantes têmpermanecido dela, talvez pelos baixos salários ofereci-dos aos docentes, ou simplesmente por desleixo e me-nosprezo por cursos de extensão, como se fossem menosimportantes que os cursos de graduação e pós-gradua-ção.

Em minha opinião, existe a necessidade de criarmosmeios de alfabetizar nosso povo em música, para quetenhamos um aprimoramento de nossas formas de expres-são cultural, e para que essa expressão não fique restritaaos padrões repetitivos e pobres da cultura de massa.

Graziela Bortz é maestrina e professora de música naUnesp e Senac/SP. E-mail: [email protected]

Beatriz Weingrill

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11Revista Weril - nº 122 - Março/Abril-1999

MÚSICA VIVA

Gravar um CD ou uma fita demo pode ser o primeiropasso de um grupo musical que aspira ao sucesso. Sejaem estúdios consagrados ou caseiros (os chamados “homestudios”), é preciso observar algumas recomendaçõesbásicas para garantir o sucesso da gravação. Nesta pági-na, alguns músicos dão as dicas para quem está pensandoem deixar seu trabalho registrado em CD:

EQUIPAMENTO“Você pode gravar tranqüilamente em um home studio.O problema é na hora de mixar, pois nem todos eles têmequipamento para isso. Aí, é preciso procurar um estúdiomais adequado” - Haroldo Ferretti, baterista do Skank

“O estúdio deve ter os recursos certos para o seu tipo degravação. Para um CD com efeitos de voz, por exemplo,é recomendável que o possua o sistema Protools (equipa-mento de última geração diretamente acoplado ao com-putador, que permite melhor tratamento de som)” - Fá-bio Freire, vocalista da banda Tio Crispiniano

“Um ponto importante, mas nem sempre valorizado, é aqualidade do microfone, principalmente em se tratandode sopros” - Marcelo Rocha, saxofonista

ESPECIALISTAS“O que faz a diferença, realmente, é o profissional queestá por trás da gravação” - Haroldo

“O operador de som precisa ter bom conhecimento doofício, principalmente quando se trata de metais” - Fabio

PREÇO“Um bom equipamento é imprescindível, mas o grandeproblema para quem está começando é o preço. Por isso,no Rio, indico o Toca Estúdio. O lugar é confortável, otécnico de som é muito bom e, acima de tudo, o preço éacessível (R$ 35,00/hora)” - Guta Menezes, flautista

“Mesmo que demore um pouco, vale a pena juntar di-nheiro para ter condições de gravar um CD que seja aporta de entrada da banda no mercado” - Alexandre Carlo,vocalista da banda Nativus

“Para a gravação de um naipe de sopros, é importantíssi-mo que os músicos estejam bem ensaiados. Isso evita quea gravação dure muito tempo e o custo com o aluguelaumente” - Haroldo

CONFORTO“O tamanho da sala de gravação deve ser sufi-ciente para a disposição e locomoção dos mú-sicos” - Sérgio Soffiatti, vocalista da bandaSkuba

“Uma vez gravei em um estúdio onde o bate-rista tocava olhando para a parede! Foi horrí-vel!” - Fabio

ACÚSTICA“O resultado da gravação depende muito daacústica do estúdio” - Marcelo

Os recursos tecnológicos de hoje permitem montar um estúdio com excelente quali-dade de gravação até mesmo dentro de casa. São os chamados home studios, um sonhopossível de ser realizado, se o músico ou a banda decidirem investir pelo menos R$ 4mil.

Com esse dinheiro, adquire-se um bom set de microfones (imprescindível para ga-rantir a qualidade) e um computador do tipo PC, equipamentos essenciais para se conse-guir a pureza do som digital. Mas é possível ir ainda mais longe. Um “rack de efeitos”permite concentrar toda a função de “recortar” as partes ruins, colar outras por cima efiltrar ruídos, bem como modificar o som e a voz. Tudo isso para se alcançar o chamado“som tridimensional”.

No entanto, é bom saber que a gravação de uma orquestra, por exemplo, não teriacondições de ser feita em um estúdio caseiro, principalmente pelo espaço. Imagine umnaipe completo de sopro dentro de uma garagem - é inconcebível.

Grave em casa

Como escolher o

estúdio

Contato:Confira abaixo os telefones dos estúdios in-dicados pelos músicos ouvidos nesta maté-ria:SÃO PAULONota Por Nota - (011) 532-0725Mosh - (011) 861-0022BELO HORIZONTENas Montanhas - (031) 282-6738Estúdio Ferretti - (031) 344-0718CURITIBASolo Studio - (041) 263-2004RIO DE JANEIROToca Estúdio - (021) 551-4156 / 552-9951BRASÍLIAEstúdio Zen - (061) 328-1007

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12 Revista Weril - nº 122 - Março/Abril-1999

ENTREVISTA

Revista Weril: Por que o sr. decidiu morar em Paris?Raul de Souza: Infelizmente, o mercado brasileiroainda não dá muito valor para o músico instrumental. Eolha que nós temos público para esse tipo de música. Fizdois shows no Sesc Paulista, sendo um deles extra, comlotação esgotada. O que falta é promoção, cobertura damídia e, principalmente, apoio ao músico. Ter um bominstrumento fabricado aqui é ótimo, mas sem proteção aoartista nada funciona. Pelo lado do músico, posso dizerque o importante é manter a estima em alta e forjar seupróprio estilo. Sempre ir em frente e estar preparado parasofrer até conseguir seu espaço.

RW: Qual foi seu itinerário como músico antes de chegara Paris?RS: Morei muitos anos nos Estados Unidos, onde existeum mercado diferente do europeu. Lá você tem que tocarjazz, o som norte-americano por excelência. Na França,o músico pode ser mais eclético. O público gosta de bos-sa nova, ritmos africanos, música para dançar. Há inte-resse por tudo.

RW: Qual dica o sr. daria para o músico que pretendetentar uma carreira no Exterior?RS: É preciso estudar muito, fazer muita pesquisa, paranão cair no estereótipo. Nos Estados Unidos, por exem-plo, músico brasileiro ainda é sinônimo de bossa nova,que foi algo muito abrangente e já evoluiu para novossons. Sem o conhecimento desta evolução, você fica pre-so a uma imagem pré-concebida.

RW: Em sua visita, o sr. tem acompanhado a produçãode música instrumental no Brasil?RS: Não ouvi nada que tivesse me impressionado. Acon-tece que, com o volume de informação que temos hoje, omúsico fica perdido, não sabe que caminho seguir. Muitasvezes, ao ouvir uma gravação, sinto que houve uma tenta-tiva de agradar a gregos e troianos. Então temos aquelamistura de ritmos, a música perde sua força. Mas reconhe-ço que não é fácil escolher um bom repertório e conseguirum bom resultado de som. Hoje, o músico precisa ser cadavez melhor de ouvido para separar o joio do trigo.

Poucos brasileiros dedicados à músicainstrumental podem se orgulhar daglória internacional. Considerado umdos maiores trombonistas do mundo,Raul de Souza é uma dessas rarasexceções. Radicado em Paris há poucomais de um ano, ele esteve no Brasil

para lançar o CD “Rio”,gravado pela Mix House,tendo como convidadoespecial o norte-americano Conrad Herwig(trombone) e umasuperbanda, que incluiu ocubano Felipe Lamoglia(sax tenor) e ViníciusDorin (sax soprano, alto eflauta).Simpático, Raul de Souzaaproveitou as “férias”para visitar a fábrica daWeril em Franco da Rocha,falando na oportunidadepara a Revista:

Músicosemsemfronteiras

Raul de Souza naWeril: som ecléticopara não cair noestereótipo

Bea

triz

Wei

ngril

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