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Maio/Junho - Ano 21 - nº 123 Distribuição Gratuita - www.weril.com.br 2 Suas Notas 3 Perfil: José Miguel Wisnik 4 Efeito Sonoro 5 Aqui na Weril: Bocato 8 Intercâmbio 9 Workshop: Exercícios de respiração 10 Monte sua discoteca básica de jazz 12 Nivaldo Ornelas: reciclando emoções 2 Suas Notas 3 Perfil: José Miguel Wisnik 4 Efeito Sonoro 5 Aqui na Weril: Bocato 8 Intercâmbio 9 Workshop: Exercícios de respiração 10 Monte sua discoteca básica de jazz 12 Nivaldo Ornelas: reciclando emoções 6 O Sopro no Pagode 11

Revista Weril nº 123

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Revista com artigos sobre instrumentos musicais.

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Page 1: Revista Weril nº 123

Maio/Junho - Ano 21 - nº 123Distribuição Gratuita - www.weril.com.br

2 Suas Notas

3 Perfil: José Miguel Wisnik

4 Efeito Sonoro

5 Aqui na Weril: Bocato

8 Intercâmbio

9 Workshop: Exercícios de respiração

10 Monte sua discoteca básica de jazz

12 Nivaldo Ornelas: reciclando emoções

2 Suas Notas

3 Perfil: José Miguel Wisnik

4 Efeito Sonoro

5 Aqui na Weril: Bocato

8 Intercâmbio

9 Workshop: Exercícios de respiração

10 Monte sua discoteca básica de jazz

12 Nivaldo Ornelas: reciclando emoções

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O Sopro no Pagode11

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2 Revista Weril - nº 123 - Maio/Junho -1999

SUAS NOTAS

REVISTA WERIL é uma publicação bimestral da Weril Instrumentos Musicais Ltda.Conselho Editorial: Angelino Bozzini, Demétrio Lima, Eduardo Estela, Gilberto Gagliardi, Ivan Meyer, JesséMartinez, Magno D’Alcântara, Marcelo de J. Silva, Milton Lelis.Editora: Aurea Andrade Figueira (MTb 12.333) - Redatores: Nelson Lourenço e Maria Helena Diniz - Fotos dacapa: Beatriz Weingrill/Arquivo Pessoal - Redação e correspondência: Em Foco Assessoria de Comunicação - RuaDr. Renato Paes de Barros, 926, São Paulo/SP 04530-001 e-mail: [email protected] gráfico, diagramação e editoração eletrônica: Matiz Design - Tiragem: 15 mil exemplares

expediente

Atendimento ao Consumidor Weril 0800 175900

Registramos ainda as cartas e e-mails gentilmenteenviados por:Alexandre Votter Bruning, Entre Rios do Oeste (PR);AssociaçãoLira Musical Abadiense, Abadia dos Dourados (MG); Banda Mar-cial Nossa Senhora do Carmo, Pombos (PE); Cérlison Ohnesorge,Engº Coelho (SP); Charley Soares Feitosa, Monteiro (PB); CláudioCésar dos Santos, Sorocaba (SP); Desimar Mauro de Souza, SãoDomingos do Prata (MG); Eules Santos, Fortaleza (CE); EwertonCosta Gonzaga, Osasco (SP); Fabrício Costa Idalino, Laguna (SC);Fausto Ferreira da Silva, Itaúna (MG); Filarmônica Visconde doRio Branco, Visconde do Rio Branco (MG); Gledson Silva da Con-ceição, Camaçari (BA); Grupo Musical 2 de Janeiro, Canavieiras(BA); Henrique Perbeche, Pe., Ponta Grossa (PR); Irisnaldo SilvaSantos, Pilar (AL);Jaques Nirenberg (por e-mail); Jonathan J. Limados Santos, Várzea Grande (MT); José Antônio Pereira Bueno, NovoHorizonte (SP); José Carlos de Lima Jr., Sorocaba (SP); José SandroVentura Alencar, Piancó (PB); Josué Mendes da Silva, Paulista (PE);Juliana Soares da Costa (por e-mail); Junior O. Cruz, Campinas(SP); Leandro Cremasco, São Paulo (SP); Lídia Correa, São Paulo(SP); Luciano Luiz Torres, São Paulo (SP); Márcio Leandro de Oli-veira, Brasília (DF); Nelson Moreira Campos, Taubaté (SP); NeriRodrigues Contim, Juiz de Fora (MG); Olavo Belintani Filho (pore-mail); Orlando Russo Filho (por e-mail); Ozenildo Severino daSilva, Recife (PE); Paulo Antonio Cassiano, Juiz de Fora (MG);Ricardo G. de Figueiredo, Hortolândia (SP);Roberto Marques daSilva Filho, Itaúna (MG); Rosimeire Francisco, São José dos Cam-pos (SP); Sérgio Francisco Vieira, Leme (SP); Sidnei F. Coelho,Barra Mansa (RJ); Sidney Barros, Natal (RN); Wagner Gregório,Andirá (PR); Welliton C. Nogueira, Magé/RJ; Wilson de AlmeidaPinto, Sorocaba (SP); Zonir Pereira Menezes, Porto Alegre (RS).

Sinfônica x Filarmônica

“Qual a diferença entre orquestra sinfônica e orques-tra filarmônica?”

Moisés E. O. Tomaz, Nerópolis (GO)

R: Filarmônicas são orquestras patrocinadas por enti-dades privadas. As orquestras sinfônicas, por sua vez, sãomantidas por órgãos públicos.

Da clarineta ao sax

“Tenho 12 anos e comecei aestudar clarineta na Filarmônicade minha cidade. Foi minha mãeque me inscreveu nas aulas, saben-do que meu grande sonho semprefoi tocar saxofone. Por enquanto,estou aprendendo a tocar aclarineta Weril. Gostei bastante doinstrumento, parabéns pela quali-dade. Meu professor disse que logopoderei tocar saxofone e realizarmeu sonho. Só depende da minhadedicação”

Douglas Barros de Oliveira,Miguel Calmon (BA)

R: Estudar com muita vontadeé realmente o caminho mais curtopara um músico se destacar, sejaele iniciante ou profissional. Con-tinue se esforçando, nos estudos ena vida, que logo novos sonhos setornarão realidade.

Leitores aprovam a nova RevistaWeril

“A Revista Weril ficou linda demais no novo formato”Célio Martinato - Jundiaí (SP)

“Estou muito orgulhoso por receber a nova Revista Weril.Ela já era da melhor qualidade, mas agora a impressãoe suas matérias surpreenderam. Parabéns à equipe quetrabalha nesse projeto”

Carlos Antonio da Silva, por e-mail

“Parabéns pelo artigo “Música para Leigos” (edição nº122). Concordo com a professora Graziela Bortz quandodiz que devemos possibilitar o acesso da música a todos.Em tempo: a Revista ficou uma maravilha”

Daniel Carlos Moreira - Itu (SP)

Dicas & Técnicas

“Parabéns à Revista Weril e ao Ivan Meyer pelo texto‘Superagudos no Sax I’ (edição nº 121), que ficou exce-lente, didático e muito claro. Há tempos sentia falta deartigos assim em português. Ivan aborda o tema de for-ma objetiva, deixando o músico à vontade para iniciar otreinamento. Parabéns também ao Angelino Bozzini pelamatéria sobre os regentes”

Fábio José P. Lima, por e-mail

“A Revista Weril tem abordado com muita maestria atécnica musical, com textos bem elaborados e ilustraçõesesclarecedoras. A matéria sobre os superagudos no saxestava ótima”

Adão G. C. dos Santos, São João da Barra (RJ)

“Gostei muito das Dicas & Técnicas de Ivan Meyer so-bre as posições dos harmônicos. Já estou aplicando seusensinamentos no sax alto”

Carlos A. José Sobrinho, Taquaritinga (SP)

R: O objetivo do saxofonista Ivan Meyer era esse mes-mo: abordar um assunto importante como os superagudosde forma clara e objetiva, para incentivar seu estudo. Ésempre uma experiência enriquecedora conferir os arti-gos de nossos colaboradores.

“Achei espetaculares as Dicas & Técnicas sobre regên-cia (edições nº 120 e 121). As entrevistas com estrelas dojazz também são o máximo”

Daniel Estevão, Campos do Jordão (SP)

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3Revista Weril - nº 123 - Maio/Junho -1999

Música em todasPERFIL

O Som e o Sentido, de José Miguel Wisnik, 2ª edição, 284 páginas, acompanhaum CD. Editora Companhia das Letras, R$ 36,00

“Devemos estarsempre expandindoo conhecimentomusical, do sertanejoao clássico. Éimportante nãoempobrecer nossacapacidade de ouvir”

Um dos maiores estudiosos de música, professor deliteratura na Universidade de São Paulo, compositor eensaísta renomado, José Miguel Wisnik é unanimidadenaquilo que se propôs: tornar-se uma pessoa que pensa efaz música. Sua habilidade em transpor para o mundodos sons todo o conhecimento adquirido nos livros tor-nou-o fonte para o aprimoramento de estudantes, músi-cos e profissionais da área musical.

Por mais difícil que possa parecer, conciliar os encar-gos de músico, escritor e professor - com a realização dasmúltiplas tarefas que essas atividades impõem - comple-ta profissionalmente Wisnik. “Desse modo, me sinto in-teiro; é impossível desmembrar uma coisa da outra”. Hoje,ele considera-se uma pessoa que lida com música e pala-vras, duas frentes que se encontram. Entre seus projetospara 99 estão a preparação de um livro sobre GuimarãesRosa e o lançamento de um CD com composições exclu-sivamente de sua autoria.

O talento de Wisnik pode ser apreciado em composi-ções - sempre interpretadas por grandes nomes da MPB - ,espetáculos de dança, peças teatrais, cinema e ensaios,com destaque para o livro “O Som e o Sentido”, obra quese tornou uma referência para o segmento musical e quefoi relançada há pouco, acompanhada de um CD. Em “OSom e o Sentido”, Wisnik explica as relações entre ossons, criando uma analogia entre batimentos cardíacos erespiração com ritmos correlatos na música. “Um acordeé, na verdade, um jogo de ritmos”, ensina.

A poesia e a MPB

Desde criança, Wisnik teve sua vida ligada à música eà literatura. Das aulas de piano aos livros de MonteiroLobato, ele encontrou na canção popular uma das formasmais privilegiadas de poesia. Como crítico e ensaísta,defende com veemência que a música brasileira passa atu-almente por um dos seus momentos mais criativos. Sobrea Tropicália, diz que o movimento surgiu numa época de“grandes esperanças e grandes ilusões, para as quais aMPB era o grande fermento”. Ele não sente aquele “sau-dosismo doentio, que evita aceitar as boas novidades esegue insistindo no jargão de que nada de qualidade foifeito depois dos anos 60”.

Segundo Wisnik, grandes instrumentistas, arranjadores

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e compositores realizam, hoje, um trabalho ainda maisintenso do que o feito há 30 anos. A diferença é que amídia está preocupada em investir nos produtos que te-nham retorno imediato. Por isso, os profissionais talen-tosos acabam trafegando perifericamente. Compositoresjá consagrados, por sua vez, continuam recebendo o mes-mo destaque e produzindo música da melhor qualidade.

Para ele, também a música clássica evoluiu muito nosúltimos anos. “Na época em que estudava piano, o reper-tório era formado apenas por composições do século pas-sado, diferente dessa vanguarda da música instrumental,que domina vários instrumentos, toca música de câmara,contemporânea, barroca, entre outras. A faculdade demúsica contribuiu para esse fenômeno, formando músi-cos que transitam de um estilo para outro com a maiorfacilidade”, explica.

Diante desse quadro, Wisnik é da opinião que o músi-co precisa ampliar os horizontes, fugindo dos preconcei-tos para experimentar novos rumos musicais, sem medode ouvir. “Devemos estar sempre expandindo o conheci-mento musical, do sertanejo ao clássico. É importante nãoempobrecer nossa capacidade de ouvir”, sentencia ele.“Só podemos aprender abrindo mão do preconceito declasse, travestido de posição crítica. Todo tipo de músicavale a pena”, completa.

as suas formas

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4 Revista Weril - nº 123 - Maio/Junho -1999

Hipólito: “A música sacradeve expressar sentimentosespirituais, com sonoridadesuave e angelical, próprios daClarineta em Dó”

EFEITO SONORO

RAIO X

DICA DO MESTRE

O som suave e angelical da novaClarineta em Dó Weril

Se fosse só pela sonoridade, a nova Clarineta Werilem Dó já seria um arraso. Mas o design revolucionário, ocorpo em ABS com furação feita no Centro de UsinagemWeril e suas 13 chaves prateadas, produzidas por proces-so de microfusão, acrescentam ao instrumento maior du-rabilidade e beleza. A inovação fica por conta do novoregistro, com borda saliente, para facilitar a manipulaçãoe evitar erros. É perfeita para iniciantes e no acompanha-mento de hinários evangélicos, que exigem instrumentosafinados em Dó.

Para testar o lançamento, a Revista Weril convidou oregente e clarinetista Waltercides Hipólito da Silva. Mem-bro do corpo de regência da Congregação Cristã do Bra-

sil, ex-regente da Banda da Polícia Mi-litar de São Paulo, há 38 anos ele ado-tou a clarineta como instrumento e pro-fissão. Sobre a Clarineta em Dó Weril,Hipólito - como é conhecido - fez ques-tão de ressaltar a sonoridade e afinação.

“O instrumento é perfeito para iniciantes, pequenos con-juntos, sinfônicas ou bandas evangélicas. Não existe umabanda que não possua clarineta, é um instrumento de lar-ga utilização”, explica.

Segundo Hipólito, o transporte de Sib para Dó em uminstrumento é complicado e exige muita prática do músi-co. Se pensarmos que existem milhares de músicos espa-lhados pelo Brasil, principalmente em igrejas evangéli-cas, tocando música sacra, concluiremos que a Clarinetaem Dó facilitará o trabalho desses músicos, além de fazercom que mais pessoas sintam vontade de tocá-la.

Estudantes e iniciantes também são beneficiados, jáque o aprendizado desse instrumento é muito mais fácil,se comparado a outros instrumentos de sopro. No iníciodas aulas, o aluno já consegue executar, com facilidade, aescala de notas. A estrutura da Clarineta permite que oacionamento de cada chave emita uma nota musical. “Seo aluno tiver vontade e aptidão, não encontrará dificulda-de”, finaliza.

O hinário padrão executado em igrejas evangélicas nãousa agudos, preferindo tons médios e graves. Daí a utili-zação desse modelo de clarineta em todos os conjuntosevangélicos, harmonizando com o tom do piano, do ór-gão ou do teclado. “Vale ressaltar que o modelo não obri-ga o músico a realizar o transporte de Sib para Dó noinstrumento”, acrescenta Hipólito.

Tuba Compacta 4 Pistos em Dó da Weril

Detalhe da nova Clarineta em Dó Weril

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Atendendo a pedidos, a Weril preparou a versão em Dó da nova Tuba 4 Pistos. Com a mesma versatilidade do modeloem Sib, o instrumento possui estrutura especialmente reforçada e oferece mobilidade e qualidade sonora.

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4 anos

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Programa de workshops daWeril completa

A Weril desenvolve há quatro anos o “Como Montaruma Fanfarra”, um programa de workshops dirigido àsescolas públicas e privadas de São Paulo, que já passoupor 150 instituições de ensino em todo o estado. Coorde-nado pelo maestro Milton Pereira Lellis (Chocolate), oworkshop mostra a alunos, professores e diretores o quan-to o aprendizado musical pode ser fácil e divertido, prin-cipalmente quando se utilizam os recursos da fanfarra.

As atividades práticas e teóricas de Chocolate e seuauxiliar José Donizeti prendem a atenção das crianças eas estimulam a participar da fanfarra, com o incentivodos professores. O resultado é que muitos grupos surgi-ram, outros foram reativados e já existem as fanfarras quese transformaram em bandas.

Esse é o caso do Colégio Nossa Senhora das Dores,na capital, um dos primeiros a receberem o workshop. Àépoca, o próprio Chocolate foi convidado para dirigir afanfarra recém-criada. Hoje, quatro anos depois, o maes-tro está preparando os músicos para a mudança de umaformação simples, apenas com cornetas e percussão, paraa formação de banda, com naipe de sopros completo. “Oesforço dos alunos agora será muito maior, mas estão to-dos muito animados”, comenta Chocolate.

Segundo ele, o período de transição irá durar três me-ses. Esse é o tempo suficiente para os músicos adquiri-rem uma embocadura em instrumentos como o trombonede vara, por exemplo. “Para quem passa da corneta parao trompete é mais fácil. Mas a adaptação para outros ins-trumentos é mais demorada”, explica Chocolate.

Com a mudança, o repertório também amplia-se consi-deravelmente. “Poderemos executar peças populares, oque irá aumentar a procura dos alunos pela banda”, afir-ma Chocolate. Para ele, o período de quatro anos entre aformação da fanfarra e a passagem para banda está den-tro da média. No começo, foram 10 meses de ensaios atéa Nossa Senhora das Dores poder se apresentar com se-gurança.

Chocolate acredita que pelo menos 50% das escolasvisitadas ativaram ou reativaram sua fanfarra.

de Bocato4 anos

Chega ao Brasil “Samba de Zamba”, do internacional trombonistaBocato. Lançado oficialmente em 17 de maio, durante show no SescPaulista, o CD contou com o apoio da Weril na produção. Durantevisita à fábrica, em Franco da Rocha, Bocato conferiu as novidadesem instrumentos e entregou pessoalmente o CD ao diretor superin-tendente da empresa, Nelson Eduardo Weingrill.

Em “Samba de Zamba”, Bocato celebra a sua maturidade musi-cal, que, associada a excelentes condições técnicas, produziu umtrabalho capaz de transitar livremente no mercado da música, semrótulos. “Samba de Zamba” conta com a participação especial doconjunto formado pelos músicos Felipe Lamoglia (sax tenor), TiagoCosta, Gilberto Pinto, Marcelo Munari e Marco Costa.

Em uma combinação de vários estilos musicais brasileiros, Bocatoobtém uma mescla sutil e agradável do samba e do jazz, em suabusca por uma síntese harmônica do espírito nacional. “Este CDmarca minha retomada como compositor, sendo resultado de umtrabalho feito com liberdade e que expressa um estilo de músicafeita para os pés e para a cabeça também”, completa o trombonista.

Em “Samba deZamba”,Bocato celebrasuamaturidademusical

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6 Revista Weril - nº 123 - Maio/Junho -1999

POR ESTAS BANDAS

Ritmo, graça, desenvoltura, alegria, beleza. Acompa-nhar os movimentos da baliza é um atrativo a mais nagrande festa proporcionada por uma banda de música. Àfrente de suas corporações, juntamente com as porta-es-tandartes, guardas de honra e outros destaques, elas anun-ciam a passagem dos músicos com delicadeza e simpatia.É um momento de realização. Pouco importa se o sacrifí-cio para se apresentar é grande. O aplauso do públicocompensa as horas de treinamento, as viagens e, muitasvezes, a decepção com os rigorosos jurados dos desfiles.

As balizas começam a realizar suas evoluções muitocedo. A campeoníssima Priscila Yokoi é um exemplo. Elacomeçou a se apresentar com a Banda Marcial do Colé-gio João XXIII, de São Paulo, aos oito anos de idade.Hoje, aos 15 e se recuperando de uma fratura no pé, deci-diu “se aposentar” e se dedicar apenas ao curso de balé.

Inspiração divinaA maior orquestra evangélica do país surpreende pela

grandiosidade e pela maneira como consegue unir a tra-dição da música erudita de inspiração religiosa - realiza-

da por Bach, Haendel, Mendelsson e até mesmoBeethoven - à execução de temas da cultura “pop”, comoas trilhas dos filmes Guerra nas Estrelas e ET. São 137músicos, incluindo 11 trompetistas, 8 saxofonistas, 9trompistas e 7 trombonistas, que se revezam nos concer-tos. Com esse naipe de sopros invejável, toda apresenta-ção da Filarmônica AD Nipo acaba se transformando emuma celebração. O repertório contém, naturalmente, mui-

Filarmônica ADNipo: a maior

corporaçãomusical

evangélica dopaís

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tos hinos de louvor, que são a maioria entre as faixas doprimeiro CD gravado pela orquestra.

Lançado recentemente, o CD mostra ao público emgeral um pouco do trabalho da filarmônica, reconhecidacomo um centro formador de músicos de primeira linha,muitos deles já se apresentando profissionalmente nas me-lhores orquestras de São Paulo. O trompista Eraldo Alves,por exemplo, pertence à Sinfônica do Estado. Outro ta-lento da trompa, Francisco da Silva, segue carreirameteórica, atuando na Orquestra Jovem Estadual. “Amaioria dos músicos que conseguem projeção continuacolaborando conosco”, explica o maestro da corporação,Jeremias de Oliveira Rufino.

Para o ano 2000, o objetivo da AD Nipo é ampliar ocentro de música que possui e oferecer aulas gratuitaspara toda a comunidade. Os professores serão os própri-os músicos da Filarmônica. “A música instrumental ele-va o espírito, e a igreja é um local onde as pessoas des-pertam para a beleza proporcionada pelo som de um sax,de um trompete. Por isso, as orquestras evangélicas tor-naram-se um celeiro de músicos”, conclui o maestroJeremias.

Além da Filarmônica, a AD Nipo mantém a CelestialJazz Band, que agrupa os metais da orquestra. Quem qui-ser conferir as apresentações da Celestial pode compare-cer na sede da igreja em São Paulo, às quartas e sábados,das 19h30 às 21h30. A Filarmônica toca nos cultos do-minicais, sempre às 19 horas. Informações pelo telefone(011) 278-6844.

O show das “As balizas, assim como os músicos, fazem uma série desacrifícios apenas pela satisfação de desfilar”, diz ela.

Foi essa paixão que levou a baliza Márcia HelenaDuque a ingressar no meio das fanfarras. Em 1983, ela jáparticipava de desfiles. Tornou-se bailarina e coreógrafa,fez cursos de especialização em Nova York, mas não dei-xou o universo das bandas. Depois de ser a baliza damemorável banda do Colégio Paralelo (dirigida pelo ma-estro Domingos Sacco), aceitou o convite para se inte-grar à banda do Colégio Progresso, em Guarulhos, ondeestá atualmente. “Adoro participar de festivais. As via-gens de fim de semana são desgastantes, mas vale a pena.O mais gratificante é entrar na avenida e ganhar o aplau-so do público”, explica ela.

Além do eventual cansaço que as viagens podem pro-vocar, as balizas reclamam do rigor de alguns jurados ao

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7Revista Weril - nº 123 - Maio/Junho -1999

POR ESTAS BANDAS

Apoio às fanfarras e bandas do MSO governo do Mato Grosso do Sul lançou o Programa Estadual de Apoio às

Fanfarras e Bandas. O objetivo é cadastrar as agremiações existentes no Estado,oferecer instrumentos musicais dentro do Projeto Bandas, da Funarte, orientá-lassobre leis de incentivo, cursos e workshops e incentivar a realização de concursosmusicais.Informações: Fundação de Cultura - Secretaria de Estado de Cultura - Governo doEstado de Mato Grosso do Sul - Av. Afonso Pena, 2986 - Campo Grande (MS) -79002-075 - Telefones (067) 725-7181 e 742-1987, após as 13 horas.

Márcia Duque, balizahá 15 anos: paixãopelos desfiles

balizasaplicar o regulamento dos campeonatos Nacional e Esta-dual, que cobram delas movimentos acrobáticos de gi-nástica olímpica em pleno asfalto. “Os concursos exigemmuito nesse aspecto, mas acho que a ginástica olímpicanão é mais importante que a ginástica rítmica, por exem-plo. A baliza deve se preocupar com o conjunto da apre-sentação e utilizar técnicas e movimentos variados”, de-fende Márcia. A baliza Denise Kindermann, da FanfarraMarcial Independente Águias Negras, de São Paulo, con-corda com ela. “O que é importa é a dança, a beleza. Es-sas exigências estão afastando as meninas. Nós não so-mos ginastas, e o asfalto não é um lugar apropriado parafazer ginástica”, afirma Denise.

O coréografo Gilson Kindermann, tio de Denise, acom-panha o cenário das balizas e reforça: fazer evoluções deginástica olímpica é muito complicado na avenida. “Oespaço, as condições do terreno e, muitas vezes, as rou-pas, não são adequados para isso”, completa ele.

Coreografias

Assim como Márcia, Priscila e Denise, a maioria dasbalizas possui conhecimentos de balé clássico, ginásticaolímpica ou ginástica rítmica desportiva (GRD). Pode-mos considerar que há milhares delas no Brasil, já quepraticamente toda banda ou fanfarra possui uma balizaentre seus componentes. Mas esse número poderá se mul-tiplicar, pois algumas corporações já estão desfilando comgrupos de balizas. É o caso da Fanfarra com Pisto doColégio Pinheiro, em São Paulo (SP), onde o coreógrafoAbel de Morais introduziu uma apresentação com cincogarotas. Após muito ensaio, elas atingiram o grau deharmonização necessário para conseguir efeitos como atroca simultânea de objetos no ar, arremessados pelas cin-co balizas ao mesmo tempo.

A presença de coreógrafos como Abel e Gilson estáse tornando corriqueira entre as bandas. Eles se encarre-gam não apenas do trabalho com as balizas, mas tambémda performance de todo o pelotão de frente das corpora-ções. Abel orienta as balizas do Colégio Pinheiro comdicas importantes. Para ele, uma baliza não deve ser nemuma ginasta pura, nem uma bailarina, mas sim uma mis-tura das duas especialidades. “Sempre digo para as meni-nas para não correrem risco tentando ser uma ginasta noasfalto, pois sempre existe a possibilidade de surgir umproblema físico mais grave. Elas podem machucar o péou até mesmo a coluna”, comenta.

Apesar de todas as novidades, entre as coreografiasmais aplaudidas ainda estão as evoluções com fita, bola,

corda, bandeira ou bastão - objeto que, aliás, é muito li-gado à imagem da baliza.

Além das coreografias, a modernização atingiu tam-bém o vestuário. As roupas tradicionais das balizas cos-tumam ser repletas de bordados e lantejoulas. São pesa-das e dificultam os movimentos. Mas já existem vestidosmais leves e confortáveis. O uniforme geralmente incluium quepe ou chapéu no estilo da banda e as botas, quealguns coreógrafos abominam. “O couro acima dos tor-nozelos atrapalha a baliza. É melhor substituir a bota poruma polaina com sapatilha, que dá mais aderência e equi-líbrio”, explica Abel.

Todos esses detalhes tornam os concursos de balizascada vez mais disputados. Não é raro dar empate na con-tagem final e o título ter que ser dividido entre duas oumais concorrentes. De qualquer maneira, vencendo ounão, o apoio das corporações às suas balizas é fundamen-tal. “Nenhuma baliza é remunerada, então o mínimo queas bandas devem fazer é reconhecer o nosso esforço. Meuprimeiro uniforme foi pago do meu próprio bolso e issosó foi possível porque a costureira e o figurinista não co-braram pelo trabalho. Só mesmo quem ama as bandas éque pode entender todo esse nosso sacrifício”, lembraDenise.

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FIQUE DE OLHO

Quinteto de Sopros de Curitiba lança CDForam dois anos de espera, mas valeu a pena. Já está

disponível para quem quiser conferir o primeiro CD doQuinteto de Sopros de Curitiba, grupo formado para di-vulgar a música erudita brasileira, que conta com o ven-cedor do 1º Prêmio Weril para Solistas de Instrumentosde Sopro, o clarinetista Ovanir Buosi, em sua formação.

Gravado em 97 e remasterizado no ano passado, o dis-co só saiu com o apoio da Lei Municipal de Incentivo àCultura, de Curitiba. Inclui composições de Villa-Lobos,Ernesto Nazaré, Radamés Gnatalli e Júlio Medaglia, en-tre outros. Os interessados em adquiri-lo podem ligar paraa Sociedade Cultural Elysium, telefone (041) 262-8498.

Intercâmbiol Alessandro Alves da Silva deseja se corresponder com

trompetistas de todo o Brasil, para troca de partituras,métodos e experiências. Seu endereço é: Rua GeneralOsório, 50, Jd. João Paulo II, Sumaré/SP, CEP 13172-671.

l Maurício Soares de Alcântara quer trocar correspon-dência com coordenadores de bandas marciais efanfarras, para aprimorar seu trabalho à frente de suacorporação. Escrevam para ele: Rua das Rosas, 195,Paulista/PE, CEP 53413-030.

l Jailson Chaves da Costa participa de bandas evangéli-cas e tem interesse em trocar partituras de trombonecom músicos de todo o Brasil. Escrevam para: Rua daPalma, 531, Vergel do Lago, Maceió/AL, CEP 57015-000.

l Leandro Tussolini é saxofonista e gostaria de trocarpartituras de músicas evangélicas para sax alto. Ano-tem seu endereço: Rua Evangelista Diniz, 299,Guarapuava/PR, CEP 85100-000.

l André Souza, de Lins (SP), pede para divulgar seu e-mail. Ele quer trocar informações com apreciadoresde instrumentos de sopro. Mandem e-mails para:[email protected].

l O Centro Cultural Ana Maria Ferreira procura CDsgravados por bandas e fanfarras do Brasil e endereçosonde possa adquiri-los. Informações podem ser pas-sadas pelo endereço: Rua Ibirapitanga, 178, Centro,Pontas de Pedras, Goiana/PE, CEP 55908-000, ou peloe-mail: [email protected]

l Evelyn Patrícia Pereira, de Peruíbe (SP), procura ban-das que precisem de balizas. Cartas para: Rua 9 deJulho, 143, Centro, Peruíbe/SP, CEP 11750-000.

Quinteto de Sopros de Curitiba:Ovanir (segundo da esq. paradir.) venceu o 1º Prêmio Weril

mhopus.org/low/about/dreyfuss.shtml -Página da Mr. Holland’sOpus Foundation, dedicadaao músico e professor norte-americano, cuja vida foiretratada no filme“Adorável Professor”, comRichard Dreyfuss no papel-título. É destinada aprofessores, com o objetivode propagar o ensino demúsica nas escolas domundo inteiro. Oferecesuporte técnico,informações sobre novosprojetos, programas,partituras, letras, concursose um canal direto com todasas novidades do setor. Ainscrição é gratuita. Eminglês.

NAVEGUE

Curso - O Centro de Comunicação e Artes do Senac-SP está recebendo ins-crições para grupos iniciantes e intermediários de instrumentos de sopro. Infor-mações pelo telefone (011) 3872-6722.

Concurso - Conjuntos de metais, cordas ou vozes têm até o dia 17 de setem-bro para se inscrever no II Concurso de Música de Câmara Henrique Nirenberg.A promoção é da Academia Nacional de Música. Informações pelos telefones(021) 240-1491 (ramal 53), 543-9442, 547-3813 ou 552-2984. Ou ainda pelo fax(021) 551-7672/543-9442.

Partituras:onde comprar

Procurando novas partituras? Acompanhe a partir destaedição da Revista Weril as dicas de lojas em todo o paísonde é possível adquirir esses materiais.

Neste número, as lojas indicadas são de São Paulo. Ospedidos podem ser feitos pelo telefone. As partituras sãoenviadas pelo correio.São PauloFree Note - Rua Teodoro Sampaio, 785, Pinheiros, tele-fone (011) 853-4690. As compras também podem ser fei-tas através do site: http://www.freenote.com.br.Casa Manon - Rua 24 de Maio, 242, Centro, telefone(011) 222-3055; Av. Ibirapuera, 2956 - Ibirapuera, tele-fone (011) 542-5166. Aceita pedidos também pelo site:http://www.casamanon.com.brIrmãos Vitale - Rua França Pinto, 70, V. Mariana, tele-fone (011) 574-7001; Rua Direita, 115, Centro, telefone(011) 3107-5564. Aceita também pedidos pelo e-mail:[email protected]. É revendedora de instrumentosWeril.Casa Amadeus - Av. Ipiranga, 1129, Centro, telefone(011) 228-0098.

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WORKSHOP

RESPIRAÇÃOÉ redundante dizer que o aspecto mais importante para

a formação e manutenção de um instrumentista de soproé a respiração. De um modo geral, todas as atividades docorpo e da mente, e esta é uma delas, rendem muito maisquando se possui uma postura e uma respiração adequa-das. O próprio ditado diz: “Respire fundo e resolva talsituação”.

Como tocar um instrumento de sopro exige uma capa-cidade extra de ar, deve-se dar uma atenção especial aesta função.As dificuldades com a sonoridade sempre sãoatribuídas a uma embocadura inadequada, como se issofosse o mais importante. Se fosse realmente, os saxofo-nistas que possuem a palheta pronta para vibrar pratica-riam menos que os instrumentistas de bocal, mas isso nãoacontece.

Através de exercícios de respiração e notas longas,principalmente para o aquecimento antes dos estudos oude uma apresentação, consegui superar as dificuldades eobter progressos rapidamente. Exercícios de flexibilida-de com respiração contínua (fazer os intervalos sem se-

parar com a língua) também são importantes e eficazes,tais quais os que integram o método de trombone parainiciantes do prof. Gilberto Gagliardi. Não uso uma mo-vimentação específica do tórax e abdome para a inspira-ção e sustentação da coluna de ar, e sim procuro preen-cher o pulmão puxando o diafragma para baixo, as costas

Matias Capovilla*

para fora e o peito para frente e para cima, sempre man-tendo uma postura ereta e deixando os ombros relaxados,como se os músculos que trabalham para este processoestivessem independentes do quadril e da coluna verte-bral, sem interferir com os outros.

Para soprar o movimento é contrário, exceto pelo fatode que o abdome continuará tenso dessa vez, empurran-do o diafragma como um êmulo para cima. Nunca pressi-one o bocal contra os lábios. Quando se ensaia uma apre-sentação com um repertório pré-estabelecido e todo eleescrito, pode-se aos poucos prever e controlar os momen-tos em que se usa mais ou menos ar, como um maratonistaque já conhece o percurso e é consciente de sua capaci-dade. Já numa performance onde se abre para improvisa-ções é imprevisível a duração, as direções e a intensidadeque se irá precisar. É como um jogador de futebol queprecisa estar sempre pronto para um imprevisto, o quetorna sempre bom estar preparado além do necessário. Oaquecimento a seguir é muito simples, porém muito útilpara o primeiro contato do dia com o instrumento:

A dinâmica, a duração e a alternância da descendência eda ascendência são elementos positivos para um bomaquecimento.

* Matias Capovilla é trombonista, arranjador ecompositor (e-mail: [email protected])

RESPIRAÇÃO

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MÚSICA VIVA

Apure os ouvidos com os mestres

As sugestões do

crítico Carlos Calado

para começar a

montar sua discoteca

básica de jazz

O mercado fonográfico brasilei-ro ainda é carente de ofertas emmuitos gêneros musicais. O jazz cer-tamente é um deles. Por isso, quemestá interessado em montar uma dis-coteca básica e ter sempre à mão asmelhores gravações com as feras dosopro precisa estar preparado - essanão é uma tarefa fácil.

Atendendo à solicitação da Re-vista Weril, o crítico de músicaCarlos Calado, da Folha de S. Pau-lo, preparou uma relação de CDsque merecem um lugar na estantedos músicos de instrumentos de so-pro. Mas ele avisa que sua lista émuito circunstancial. “Com a alta dodólar, os importados subiram de pre-ço e o varejo não reabasteceu seusestoques. As lojas estão depenadas”,explica ele.

Até o ano passado, com o câm-bio próximo do 1 para 1, era vanta-joso importar discos. Em duas outrês semanas era possível receber o CD encomendado porum preço igual ou pouco superior ao do nacional. O acessoa catálogos estrangeiros era facilitado e a oferta era gran-de. Hoje, um CD importado custa em média 35 reais naloja. “Só mesmo quem deseja muito ter um determinadotítulo importado em sua discoteca é que paga esse pre-ço”, diz o crítico da Folha.

A evolução da situação vai depender da economia -muito provavelmente as gravadoras vão voltar a produziraqui os discos, o que é mais demorado: elas precisarão

As sugestões de discos de jazzTrompete Miles Davis - “Kind of Blue” (Columbia/Sony). Com Cannonball Adderley (saxalto) e John Coltrane (sax tenor)Trombone J.J. Johnson - “Proof Positive” (Impulse/GRP)Tuba Howard Johnson - “Gravity !!!” (Verve/PolyGram)Clarinete Benny Goodman - “Stompin’ at the Savoy” (Movieplay)Sax soprano Wayne Shorter & Herbie Hancock - “1 + 1” (Verve/PolyGram)Sax alto Charlie Parker - “Compact Jazz” (Verve/PolyGram). Com Dizzy Gillespie e MilesDavis (trompetes)Sax tenor John Coltrane - “Giant Steps” (Atlantic/Warner)Sax barítono Gerry Mulligan - “Re-birth of the Cool” (GRP/BMG). Com Phil Woods(sax alto), Wallace Rooney (trompete), John Clark (trompa), Bill Barber (tuba) e Dave Bargeron(trombone)

reproduzir capa, prensar e cuidar deoutros detalhes.

A lista de Calado tem indicaçõespara oito instrumentos. O críticoprocurou ser o “mais equilibradopossível”, e o resultado é uma rela-ção que inclui alguns clássicos dojazz, obras que devem fazer partenão só da discoteca de um músicodedicado ao sopro, mas de qualquerapreciador do gênero. Calado só la-menta não poder indicar um títulopara performance com flauta. “Atu-almente, não há boas gravações dis-poníveis nas lojas brasileiras”, afir-ma ele.

Praticamente todos os discos jáforam editados no Brasil, com ex-ceção de “Kind of Blue”, do mestreMiles Davis. Segundo a gravadoraSony, todos os trabalhos do músicosão importados para o mercado bra-sileiro. “Kind of Blue” foi gravadohá 40 anos (1959) e nunca saiu de

catálogo. É um sucesso de crítica e público, que, segundoCalado, merece um lugar entre os três melhores discos dejazz de todos os tempos. No ano passado, uma ediçãoespecial do disco foi lançada nos Estados Unidos, comuma faixa a mais.

Outros nomes da lista, como Wayne Shorter e o tubistaHoward Johnson, estiveram recentemente no Brasil, e suasgravadoras aproveitaram para abastecer as lojas com CDsdos artistas. No mais, encontrar os títulos da lista podesignificar um bom trabalho de garimpo nas lojasespecializadas. “Na verdade, se o músico não encontrar otítulo específico da lista, ele pode se basear no artista.Qualquer outro disco gravado por um Miles Davis, umJohn Coltrane, um Gerry Mulligan, será bom”, comentao crítico da Folha.

Com relação às gravações de músicos brasileiros, Ca-lado indica o comentado CD “Aldeia”, da Banda Manti-queira. “Apesar de ser ligado muito mais à MPB do queao jazz, o trabalho da Mantiqueira pode ser consideradouma referência entre a produção nacional. Nesse disco, oouvinte vai encontrar feras em praticamente todos os ins-trumentos de sopro”, explica. “Na verdade, o jazz hojeengloba muitos idiomas e fusões. Por, isso o músico deveestar com ouvidos abertos para a maior variedade possí-vel de sons”, completa.

Calado e os CDs escolhidos: umalista equilibrada, com clássicos

do jazz

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TODOS OS TONS

Os grupos de pagode costumam ter vários componen-tes. Alguns, como o Negritude Jr., possuem um naipe desopros que enriquece os arranjos e está presente tanto naslevadas mais animadas quanto nos momentos românti-cos. “O sopro nos oferece uma gama incrível de possibi-lidades sonoras. Nosso ouvinte fica extasiado ao ouvir ametaleira misturada com samba e pop”, comenta o saxo-fonista Lino Izaguirre, integrante da formação oficial doNegritude desde os primeiros anos da banda.

Além do sax alto de Lino, o naipe de sopros doNegritude inclui sax tenor, trompete e trombone de vara.Alguns arranjos utilizam flautas. Nos shows, os soprosestão presentes durante 70% do tempo. Momentosmarcantes são o tempero especial à romântica canção“Timidez” e o solo de trompete com toques caribenhosem “Tanajura”.

Outra banda de pagode consagrada, o grupoKatinguelê, estava à procura de um saxofonista que pu-desse suavizar os arranjos e explorar o lado romântico deseu repertório. O escolhido foi o músico Elias Maria, queacompanha a banda nos shows e participa das gravaçõesdo Katinguelê desde o disco “No Compasso do Criador”.Elias já passou pelo clássico, trabalhou em bailes, excur-sionou com o cantor Roberto Leal e participou de apre-sentações da Orquestra Paulista de Soul. Hoje, é um dosdois saxofonistas atuantes no Katinguelê. “Boa parte dosarranjos do grupo utiliza sopro”, explica ele.

O sax não é novidade no samba, mas sempre funcio-nou como coadjuvante do estilo percussivo desse ritmotipicamente brasileiro. O que grupos de pagode como oNegritude Jr. e o Katinguelê fizeram foi elevar os metais,teclados e outros instrumentos à condição de integrantesdo som que fazem. Eles acoplaram à raiz fortementepercussiva do samba elementos utilizados pelo pop e aMPB. “O samba é pop hoje”, arremata Lino.

O saxofonista pagodeiro

Como os saxofonistas dos grupos de pagode se prepa-ram para executar seus solos?

Lino estuda pela menos duas horas diárias e faz mui-tos exercícios, inclusive de solfejo. Ele possui seus méto-dos “de cabeceira”, aqueles aos quais o músico volta e

Samba,

meia deve estar recorrendo e recordando. Entre estes, Linocita o método de Eric Marienthal (exercícios de timbre eexecução de agudíssimos, “fabricação” de notas, embo-caduras, diafragmas e afinação para ter fluidez e suavida-de) e Ernie Watts (exercícios de velocidade com ênfase

pagode,soproe companhia

nos graves; execução de notas longas e rápidas no saxtenor, expandindo os recursos inclusive para se exercitarno sax alto).

O saxofonista inclui ainda os mestres Jimmy Dorsey,Paquito D’Rivera e John Louvano como suas referênci-as. Mas guarda elogios também para os brasileiros. “Otimbre do Leo Gandelman, do Paulo Freire, são incon-fundíveis. Infelizmente, gente como eles e mais IvanMeyer, Bolão, esses caras não produziram nenhum méto-do escrito”, acrescenta.

Diferente de Lino, Elias é músico de apoio e precisaestar preparado para acompanhar outros ritmos, além dosamba e do pagode. Foi essa a tônica de suas aulas parti-culares com o professor Eduardo Pecci, o Lambari. “Eleme ensinou que o músico deve desenvolver uma técnicaque lhe permita tocar de tudo”, completa.

Negritude Jr.: soproenriquece os arranjos

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ENTREVISTA

Reciclandoas emoções

Lançado em abril, o novo CD do saxofonista, arranjador e compositor Nivaldo Ornelasé uma produção independente, gravada ao vivo, sob o título “Reciclagem”. O momentopara ele é propício para resgatar as lembranças e os encontros com músicos famosos queatuaram ao seu lado, como Hermeto Pascoal, Nelson Ayres, Milton Nascimento, EgbertoGismonti, Wagner Tiso, Paulo Moura, entre outros.

Sem revelar a idade - “estou chegando aos 50” -, Ornelas já percorreu um longo cami-nho na música, desde os sete anos, quando tirava as primeiras notas de uma flauta de lata,em Belo Horizonte. No dia de seu aniversário, ele conversou com a Revista Weril no flatonde hospedou-se durante temporada de shows em São Paulo. Confiram a entrevista:

Maristela Martins

Revista Weril: Como foi sua formação musical?Nivaldo Ornelas: Eu venho de uma família de músicos. Meuspais têm até hoje um grupo de serestas em Belo Horizonte.Eles não estudaram música, mas fizeram questão que eu estu-dasse. Aos 10 anos já estava na Escola de Formação Musicalda Polícia Militar. Lá tinha uma banda de música formada porgarotos, um tipo de corporação que é muito importante para aformação do músico. Na banda ele treina, aprende a ler parti-tura. Foi uma formação muito sólida, super-disciplinada, maso objetivo nem era ser militar. Tive toda a base teórica atravésdesse incentivo. Depois passei pela Orquestra Sinfônica Jo-vem, onde tive uma formação mais clássica, que também foimuito boa.

RW: Como o sr. começou a se envolver com a MPB?NO: Só entrei mesmo no universo da música popular depoisdos 20 anos. Antes, vivia num ambiente de música erudita.Tocava clarinete, queria ser clarinetista clássico. Comecei atocar saxofone aos 23 anos, quando já era músico há muitotempo. Foi quando conheci a turma do Clube da Esquina, aquelepessoal todo lá de Minas. Não havia só interesse pela MPB,mas também pelo jazz. A gente ouvia muita bossa nova naque-la época. Aí surgiu uma nova proposta musical e conheci gen-te muito talentosa, como o Toninho Horta, Milton, Wagner Tiso,esse povo tudo. Nós criamos o Berimbau Clube, que era umaespécie de clube de jazz, de música instrumental.

RW: Por que o sr. parou de tocar clarinete?NO: Porque ele é, na minha opinião, o mais nobre dos instru-mentos de sopro, e precisa ter dedicação exclusiva. O clarinetejá é um universo a parte, não dá para dividir seu tempo comoutros instrumentos. Como já toco dois tipos de saxofone (N.R.:tenor e soprano), então deixei o clarinete para depois. Ocasio-nalmente também toco flauta.

RW: Qual seria a influência de movimentos pós-64 - como oClube da Esquina, do qual o sr. participou - na formação doatual perfil do público brasileiro de música?NO: O Clube da Esquina, a Tropicália e outros movimentostinham a ver com o Brasil de antes. Era o resultado de umapolítica de educação que tinha acontecido antes. Nós hojeestamos vivendo as conseqüências, os reflexos do golpe de 64.Durante vários anos, a educação não foi prioridade nesse paíse não é prioridade até hoje. Acredito até que o governo agoraesteja olhando para a educação com mais interesse, mas levatempo para se implantar um sistema de educação. Aconteceque faltam movimentos coletivos no Brasil e sobram ações in-dividuais. Nós perdemos a capacidade de se encontrar, de de-bater. Na música, por exemplo, não vejo movimentos, enten-dendo como movimento algo espontâneo, que reúna pessoasque tenham a mesma idéia.

RW: Como o sr. se prepara para um show?NO: Músico é como jogador de futebol, precisa ter trabalhodiário. O atleta treina a semana inteira para estar sempre emforma, senão não pode jogar, mesmo tendo muito talento. Como músico é a mesma coisa. A gente precisa se exercitar tododia, principalmente instrumentista de sopro, que trabalha comesforço físico. O lance musical é muito físico, você precisaestar preparado fisicamente. Nem precisa estudar durante mui-tas horas, a não ser que seja realmente época de show ou algu-ma coisa assim, mas precisa ser um esforço diário. Um shownão é só uma maratona física, mas também emocional e espiri-tual.

RW: O sr. acredita que o músico de sopro que não ensaia aca-ba perdendo a embocadura?NO: Não é questão de acreditar, ele perde mesmo a emboca-dura. Conheço gente que não estuda e tem o dom de sair tocan-do, mas são raros. E tem gente talentosa e super-estudiosa, comoo Hermeto Pascoal, que considero um dos maiores músicosdesse século. O Milton também, conheço ele desde os temposde baile. Infelizmente, nós não cultuamos nossos artistas, nos-sos ídolos.

RW: Quais são seus planos para o futuro?NO: Sou de uma geração pioneira na música popular e instru-mental brasileira, e acho que vou continuar nessa, acreditando.Com público, sem público, com espaço, sem espaço, não que-ro saber. A música não depende disso, depende da convicçãodo artista.

RW: O sr. teria um recado para quem está começando a carrei-ra?NO: Uma coisa boa nessa nova geração é que ela é muitotalentosa e tem muita informação, como livros e palestras. Hojeem dia, se você é talentoso e interessado, você progride muitorápido. O que falta para o jovem é abandonar o isolamento,deixar de ficar posando de gênio no quarto. Ele precisa se rela-cionar com os outros e participar de movimentos, associações,grupos onde possa debater, conversar. Sozinho é mais difícil.Juntos, adquirimos mais força em nosso conceito artístico.

Nivaldo Ornelas:lembranças do Clube da

Esquina