12
2 Suas Notas 5 Aqui na Weril: Banda Havana Brasil 6 Por Estas Bandas: Naipe de sopros da Ospa 8 Fique de Olho 9 Workshop: Embocadura 10 Música Viva: Problemas de saúde 12 Entrevista: Rick Condit Novembro/Dezembro - Ano 21 - nº 132 Distribuição Gratuita - www.weril.com.br Novembro/Dezembro - Ano 21 - nº 132 Distribuição Gratuita - www.weril.com.br R E V I S T A Sylas Xavier descobre o Regium Weril Efeito Sonoro – Págs. 4 e 5 Uma clarineta cada vez mais brasileira Pág. 11 Na festa do rock Márcio Montarroyos, único instrumentista de sopro a ter seu próprio show no Rock in Rio, explora novas melodias com seu trompete. Pág. 3

Revista Weril Nº 132

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Revista Weril Nº 132

2 Suas Notas

5 Aqui na Weril: Banda Havana Brasil

6 Por Estas Bandas: Naipe de sopros da Ospa

8 Fique de Olho

9 Workshop: Embocadura

10 Música Viva: Problemas de saúde

12 Entrevista: Rick Condit

Novembro/Dezembro - Ano 21 - nº 132Distribuição Gratuita - www.weril.com.br

Novembro/Dezembro - Ano 21 - nº 132Distribuição Gratuita - www.weril.com.br

R E V I S T A

Sylas Xavier descobreo Regium WerilEfeito Sonoro – Págs. 4 e 5

Uma clarineta cada vez mais brasileiraPág. 11

Na festa do rockMárcio

Montarroyos, únicoinstrumentista de

sopro a ter seupróprio show no

Rock in Rio, exploranovas melodias

com seu trompete.Pág. 3

Page 2: Revista Weril Nº 132

2 Revista Weril - nº 132 - Novembro/Dezembro-2000

SUAS NOTAS

Também recebemos e agradecemos as cartas e e-mails dos leitores: Adrequeciano O. Macedo, Cuiabá (MT),Alcides Soares da Silva, Belo Jardim (PE), Alessandro Cardoso de Almeida, Dianópolis (TO), Almir da Silva Gregório, VoltaRedonda (RJ), Amarildo Rainha (SP) Amois Fernandes, Ribeirão (PE), André Braga Nascimento (por e-mail), Antônio Carlos G.Vieira, Itaquaquecetuba (SP), Associação das Bandas de Música e Fanfarras de Alagoas, Maceió (AL), Associação de bandas efanfarras da zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), Avelino das Mercês, Londrina (PR), Banda Carlos Gomes (por e-mail), BrunoD’Angelo Vago (por e-mail), Carlos Roberto Pires Pereira, Pontal (SP), Célio Catalan, Barra Bonita (SP), Charley Soares Feitoza,Monteiro (PB), Clea Regina Rezende Lucena, Martins (RN), Clovis Valentim de Oliveira, Jaboticabal (SP), Corporação MusicalLira Itapevense, Itapeva (SP), Cristian Santos Oliveira – Sabará (MG), Daniel de Moraes Domingues, Porto Alegre (RS), DavidMamoe Torres, Belo Jardim (PE), Débora Bernardi (por e-mail), Edilson Gonçalves de Oliveira, Ponta Grossa (PR), Ednaldo Alvesdo Nascimento, Delmiro Gouveia (AL), Eliseu Cândido de Lima, Florianópolis (SC), Eliseu da Silva, Itaguajé (PR), Eluiro Rosa deOliveira, Buriti Alegre (GO), Enéas Reno Rodrigues Jardim – Jandira (SP), Erik Alessandro Correa (por e-mail), Escola de Arte eMúsica, Toledo (PR), Esmeraldino da Silva Nascimento (MG), Everton Leandro Silva, Ubatuba (SP), Évilon Senna Gaigher,Fabiana Alves Maia – Coronel Fabriciano (MG), Vila Velha (ES) Fabiano Carneiro, Ipiranga (PR), Fausto Bianchi,Missal (PR), Fernando G. Ross Maceiro, Palotina (PA), Fernando Santiago Salles, Palmital (SP), Flávio Ventura, Piranhas (AL),Filarmônica 28 de Junho, Condado (PE), Francelino Alexandre Costa, São José do Rio Claro (MT), Gedeão Mathias de Souza, VilaVelha (ES), Genilson Antônio da Silva, Jabotão dos Guararapes (PE), Gilson Webber Rui (por e-mail), Gilza da Silva Corrêa,Piabetá-Magé (RJ), Heitor Augusto Pereira, Pedralva (MG), Heltom Barreto da Silva, Pedralva (MG), Henrique Soares da Silva(por e-mail), Herson M. Amorim, Belém (PA), Hildor Dreyer, Marechal Cândido Rondon (PR), Hugo Leonardo Araujo BatistaBrito (BA), Ildean Lopes Lima, Santa Inês (MA), Isaac Nunes de Souza Félix, Palmital (SP), Ivan Meyer (por e-mail), Ivan RiboldiVargas (por e-mail), Jair Viana de Souza, Campo Grande (MS), Jakson Alves da Silva, Campo Grande (MS), Jalina dos SantosMenezes, Martins (RN), Jardel Luiz Pereira Barbosa, Mar de Espanha (MG), Jasiel Arruda da Silva, São Lourenço da Mata (PE),Jean Kelen da Costa, São José (SC), Jefferson da S. Ferreira, Itapevi (SP), Jerusa Sanches, Sorocaba (SP), Jorge de MedeirosNascimento, Barra do Pirai (RJ), Jorge dos Reis Ramos, São Francisco do Conde (BA), Jorge Nascimento (por e-mail), JoséHenrique Mattos Dias, Ouro Verde (SP), José Jairo Virgílio dos Santos, Pilar (AL), José Luiz da Costa Filho, São Paulo (SP), JoséMendes (por e-mail), Kátia Aparecida da Silva, Bias Fortes (MG), Kennya Fernanda Ito, Londrina (PR), Kleuber Marques SoaresLeite, Guarulhos (SP), Leando Passos Eller, São Sebastião do Alto (RJ), Leonardo Teixeira (por e-mail), Lissa Ito, Londrina (PR),Manoel Ferreira Filho, Campo Grande (MS), Marcel Carvalho Abreu, Pedralva (MG), Marcelo Souza Garcia. Lins (SP), MarcosFábio, São José dos Campos (SP), Marcos Farias, Petrolina (PE), Maria de Glória Ribeiro, Rio de Janeiro (RJ), Maria AlmeidaEspindula da Silva, Belo Jardim (PE), Milton T. Nakamoto (SP), Mustavá Veríssimo da Costa, Barreiros (PE), Natanael Lins deBarros, Catende (PE), Nelson O. Lima, Peruíbe (SP), Nilson Aleixo de Souza, Recife (PE), Nivan Lima Santos, Vitória da Conquista(BA), Noberto Berger, Vitória (ES), Odair Elias da Silva, Guarujá (SP), Pelichero Wagner (por e-mail), Renato Matos Alves (por e-mail), Ricardo Branquis (por e-mail) Ricardo Nunes (SP), Rosalvo Schlindwein, Brusque (SC), Rotary Club de Piedade, Piedade(SP), Samuel Francisco das Virgens, Votorantim (SP), Sociedade Musical “Carlos Gomes”, Laguna (SC), Sueli Genozien, Adamantina(SP), Tiago Campos de Oliveira, Catende (PE), Thiago Anacleto da Silva, Maracaí (SP), Valcimar Nunes Gomes (por e-mail),Valdinei da Silva Bonifácio (SP) Vladimir de Souza Fraga, Florianópolis (SC), Wanderley Medeiros, Patos (PB), Werik Ramos,Morrinhos (GO), Wilson Gomes da Silva, Felixlândia (MG) e Wilson Marimba (por e-mail).

REVISTA WERIL é uma publicação bimestral da Weril Instrumentos Musicais Ltda.Conselho Editorial: Angelino Bozzini, Antônio Seixas (Bocão), Demétrio Lima, Domingos Sacco, Gilberto Gagliardi,Renato Farias, Sílvio DepieriEditora: Aurea Andrade Figueira (MTb 12.333) - Redatores: Nelson Lourenço, Nanci Gonçalves e Cássio Paulino -Foto da capa: Divulgação - Redação e correspondência: Em Foco Assessoria de Comunicação - Rua Dr. Renato Paesde Barros, 926, São Paulo/SP 04530-001 e-mail: [email protected] gráfico, diagramação e editoração eletrônica: Matiz Design - Tiragem: 23 mil exemplaresAs matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos, desde que citada a fonte.

expediente

Atendimento ao Consumidor Weril 0800 175900

Prêmio Weril“Queria parabenizá-los pelo Prêmio Weril. Através dele, aWeril tem revelado grandes talentos da música brasileira.Gostaria também de dar os parabéns pela ótima reportagemsobre a clarineta Weril, feita com o professor Sérgio Burgani(edição 130)”Edney Vischi Matto Grosso – Espírito Santo do Pinhal (SP)R: Leia mais sobre clarineta na página 11 desta edição.

Curso no Forte das ArtesEntre os dias 23 e 26 de janeiro, a escola Forte das Artesestará promovendo o curso “Introdução ao ensino coletivode instrumentos para formação de bandas”, que visaapresentar aos participantes o ensino coletivo deinstrumentos de sopro e percussão. Direcionado ainstrumentistas, mestres de bandas e educadores musicaisque sejam músicos de instrumento de sopro ou percussão,o curso será ministrado por Joel Luís da Silva Barbosa,professor de pós-graduação em Música da UniversidadeFederal da Bahia. Joel é também autor de um inédito métodode ensino musical coletivo em português, com músicasbrasileiras, que merece ser conhecido. O programa inclui,além das aulas, uma visita à fábrica da Weril. Maisinformações pelo telefone (11) 3872.9063 ou e-mail:[email protected]

Música MilitarCom apoio cultural da Weril, foi lançado o livro “Música Militar & BandasMilitares” (foto), de Antonio Gonçalves Meira e Pedro Schirmer. A obra éuma importante referência sobre a contribuição das bandas militares aocenário musical brasileiro. Pedidos podem ser feitos pela editora Estandarte,fone (21) 232-0375, fax (21) 224-1028, ou pelo [email protected]. A remessa pelo correio, sob registro postal, custaa partir de R$ 18,30 por exemplar. Pedidos coletivos em nome de bandas eoutras sociedades musicais recebem desconto especial.

Beat

riz W

eing

rill

Page 3: Revista Weril Nº 132

3Revista Weril - nº 132 - Novembro/Dezembro-2000

PERFIL

O ano de 2001 começa agitado para o trompetista cariocaMárcio Montarroyos. No início de janeiro, ele estará seapresentando no Rock in Rio. Uma honra que certamenteconfirma o prestígio do músico, tanto no Brasil quanto noExterior, já que será o único instrumentista de sopro aparticipar do evento como atração solo. E o público que seprepare para ouvir uma das mais impressionantes peças doartista, o “Congado Celebration”, música inspirada namanifestação folclórica de Minas Gerais e que une trompete,vozes, bateria, contrabaixo e piano. “Tenho muito prazerem tocar, e acredito que tenha sido a satisfaçãoproporcionada pela música o que mais impulsionou minhacarreira”, diz o trompetista.

Essa satisfação, aliás, foi o que levou Márcio a aprenderoutros instrumentos além do piano (seu primeiro contatocom a música, antes mesmo do trompete). “Nasci em umafamília onde a música esteve muito presente. Aos quatroanos, já comecei a aprender piano, influenciado por minhamãe, que tocava o instrumento. Foi só aos treze anos queconheci o trompete”, conta.

Integrante de uma famíliaonde a música erudita sempreprevaleceu, Márcio sentiu-seatraído pela musicalidade dojazz. Pouco a pouco, foi per-cebendo que o trompete lhedava mais opções. “Como bemdescreveu um amigo, o arqui-teto Sérgio Bernardes, o trompete é a lapiseira do som,delineando linhas melódicas na música”, lembra Márcio.Para ele, o trompete é o instrumento que melhor consegueexprimir o seu interior. “A gente segura o instrumento,sopra ar e sai música. Não quero dizer que tenha deixadode tocar outros instrumentos, mas hoje minha técnica notrompete supera todas as outras. Porém, acho válidoconhecer as possibilidades. O aprendizado do piano, porexemplo, é extremamente importante para aprofissionalização do músico de sopro, pois desenvolve aharmonia e o ritmo”, considera.

Márcio e oídolo MilesDavis nacamiseta:bebendo nafonte do jazz

Fred

eric

o M

ende

s

Prazer em tocar

Influenciado por trompetistas como Dizzy Gilespie,Miles Davis, Freddie Hubbarde Lee Morgan, seu estilosempre agradou aos grandesnomes do meio artístico. Provadisso está nos artistas que jáacompanhou: Roberto Carlos,Tom Jobim, Maria Bethânia,Gal Costa e Steve Wonder,entre outros. E para aumentar

seu currículo, estará participando do Festival de Jazz deNew Orleans, em homenagem aos 100 anos de LouisArmstrong, ao lado de grandes feras.

Com dez discos gravados e se apresentando todasas segundas-feiras no Boteco 66, no Shopping Downtown,no Rio, sua mais recente inovação é tocar trompeteassociado à pedaleira de uma oitava cromática, o queaumenta sua gama de possibilidades melódicas, harmônicase percussivas. Mas já avisa aos interessados: “Tem que termuita coordenação motora e não esquecer os sapatos debico fino”, brinca.

“O trompete delineialinhas melódicas na

música”

Um músico precisa estarsempre em busca denovidades, ensina otrompetista Márcio

Montarroyos

Um músico precisa estarsempre em busca denovidades, ensina otrompetista Márcio

Montarroyos

Page 4: Revista Weril Nº 132

4 Revista Weril - nº 132 - Novembro/Dezembro-2000

EFEITO SONORO

RAIO XRegium, o trompete único da Weril

Feito por encomenda, o trompete Regium da Weril éum instrumento mais pesado que os modelos tradicionais,ideal para quem busca uma sonoridade única. O reforçoestrutural do instrumento faz com que não ocorram vi-brações secundárias, que interferem no timbre, afinação eresposta acústica.

O conjunto de válvulas do Regium garante precisão eagilidade ao instrumento, contando com anéis de neoprenepara regulagem de aperto dos capelotes inferiores.

O trompete Regium é apresentado com acabamentoacetinado, obtido por jateamento de micro-esferas de vidro.

Confira abaixo os detalhes que fazem do trompeteRegium um verdadeiro objeto de desejo dos instrumentistas.

Instrumento comacabamento acetinado

obtido por jateamentode micro-esferas de

vidro

Reforço estrutural

Parafusolimitador

Capelotes Pesados

Anéis de Neoprene pararegulagem de aperto

Reforçoestrutural

Reforço estrutural

Page 5: Revista Weril Nº 132

5Revista Weril - nº 132 - Novembro/Dezembro-2000

DICA DO MESTRE

AQUI NA WERIL

Integrantes do naipe de sopros da banda cult HavanaBrasil, que se apresenta semanalmente em São Paulo comsua mistura de ritmos latinos, o trompetista Cláudio Faria,o trombonista Matias Capovilla e os saxofonistas ChicoGuedes e Goio Lima estiveram na fábrica da Weril paraconhecer a linha de produção da empresa.

No caso de Cláudio Faria, não era a primeira vez queele visitava a Weril. “Conheço a empresa há mais de 30anos. Minha primeira visita aconteceu quando ainda eracriança”, lembra ele. O trompetista ficou impressionado como crescimento da fábrica e suas modernas instalações. Outrodetalhe que chamou a atenção foram os cuidados com asegurança dos funcionários. “Fiquei encantado ao ver ocarinho e a preocupação com que é feito o trompete,instrumento que me acompanha há anos”, completouCláudio Faria.

Com muita empolgação, o quarteto conheceu todas asinstalações da fábrica, testou instrumentos e prometeuretornar, assim que tiverem uma pausa em sua concorridaagenda de shows.

Beat

riz W

eing

rill

Tocar com o mínimo de esforço é algo totalmentepossível. “Trabalho com uma técnica que aprendi nosEstados Unidos que permite tocar com o mínimo de pressãopossível e bastante velocidade, utilizando 70% a menos dear que o normal”, explica Sylas Xavier, professor particularde técnica de trompete, que dá aulas no Brasil e em Portugal,e é músico da Camerata Brasiliensis, que executa obras deVilla-Lobos, e do octeto de jazz 286.

A técnica é simples e serve para todos os instrumentosde bocal - trombone, trompa, bombardino e tuba. Ela exigeapenas que a língua fique centralizada no lábio inferior, enão saia dessa posição para nada, seja flexibilidade oustacatto, atingindo assim as notas superagudas com maisfacilidade. “Se a pessoa não tiver um fortalecimento dodiafragma e da musculatura da parte inferior dos lábios,terá problemas para atingir certas tonalidades e ficará maiscansado ao tocar”, comenta Sylas. “A técnica possibilitaque se estude andando no meio da rua ou em outro ambien-te, fazendo um exercício característico, que é vibrar os lábiossem o bocal, produzindo assim o som semelhante aozumbido de uma abelha. Com isso, o músico fortalece as

Menos esforço, mais sonoridade

Visita “caliente”

musculaturas e aumenta a sua resistência”, completa omestre.

Recentemente, Sylas Xavier adquiriu um TrompeteRegium da Weril e está impressionado com sua sonoridade.“É um instrumento novo, com apenas um mês de uso, semter desenvolvido todo seu potencial sonoro. Porém, ele jápossui qualidades de afinação que nunca encontrei em outrotrompete”, finaliza o músico.

Sylas Xavier: mestre da técnica

Contato com o mestre : (21) 281-4584/ 9106-2703/548-6246.

Beat

riz W

eing

rill

Goio Lima, Matias Capovilla,Cláudio Faria e Chico Guedes:na Weril

Page 6: Revista Weril Nº 132

6 Revista Weril - nº 132 - Novembro/Dezembro-2000

OSPOSPAPOR ESTAS BANDAS

ContatoCorporação Musical Imaculada Conceição

– tel. (11) 4667-4128/ 4666-2301Ospa – tel. (51) 222-7387

50 anos em plena atividade

No ano de seu aniversário de 50 anos, a OrquestraSinfônica de Porto Alegre (Ospa) está comemorando oJubileu em grande estilo, apresentando-se em colégios epraças. Um repertório sacro foi preparado para as igrejas,enquanto peças populares são executadas em bairroscarentes da capital gaúcha. Até mesmo o valor do ingressode seus concertos foi reduzido, de R$ 20 para R$ 10. Tudopara democratizar o acesso à música erudita, um dos obje-tivos deste respeitado corpo musical, dirigido pelo maestroTiago Flores e tendo como regente principal Ion Bressan.Mantida e administrada pelo governo estadual, contaatualmente com 90 integrantes.

A Ospa mantém ainda um convênio com a UFRGS(Universidade Federal do Rio Grande do Sul), pelo qualapresenta gratuitamente um repertório mais didático eeducativo. Os moradores do interior também têm oportuni-dade de conhecer um pouco do trabalho da orquestra,através do projeto “Concertos no Interior”. Já a série “Espe-ciais” apresenta obras de grande peso, em várias datas aolongo do ano.

O maior investimento da orquestra é o projeto “Ouvira-vida”. Com ele, os componentes da Ospa vão ao bairro BomJesus, em Porto Alegre, ensinar música à população de baixarenda. Vamos conhecer, na seqüência, um pouco da carreirae do trabalho de alguns desses instrumentistas.

MúsicosFlauta – “A música e o músico fazem parte de um

casamento e não pode haver separação, a não ser que sedeixe de exercer a profissão.” A frase é do 1º flautista daOspa, Secundino Cimadevila Campos, 68 anos. Assim eledefine a dedicação, que considera fundamental na vida deum grande músico. “Uma boa formação é o ponto departida. Todos podem aprender a tocar, mas só os melhoresprofissionais ingressam em uma orquestra. Se não for assim,acaba atrapalhando todo o restante do grupo”, afirma.

Para Secundino, é preciso ensaiar quatro horas por diaem casa, além das apresentações com a orquestra. Antesde ingressar na Ospa, ele tocou na Espanha, seu país deorigem, e no Uruguai. O flautista não dá aulas, mas dedicouboa parte do seu tempo aos colegas de trabalho, fundandoa Associação dos Funcionários da Ospa em 84, e atuandocomo presidente dessa associação durante 10 anos.

Trompa – A Ospa conta com seis trompistas, e o líderdo naipe é Juan Antônio Correa Barbieri, 58 anos. Nascidono Uruguai, Juan está na Ospa desde 70. Antes, tocava naDifusão de Rádio Elétrica de Montevidéu. Pianista deformação, aprendeu a tocar trompa em função de umanecessidade da orquestra.

Juan leciona na escola da Ospa e tem satistação em terparticipado da formação de nomes que hoje atuam na áreacom sucesso, como o 1º trompista da Orquestra Municipalde São Paulo, Osias Arantes. Outro orgulho é pertencer auma família composta por músicos. “Minha esposa éclarinetista e um dos meus filhos é violista, também daOspa”, acrescenta o trompista. Na sua opinião, o músicodeve se dedicar inteiramente ao instrumento escolhido sedeseja seguir carreira. Concentração também é essencial.“Sou músico desde os 15 anos e aprendo um pouco a cadadia. Nosso aprendizado nunca termina”, conclui.

Tuba – Professor da escola da Ospa há quase 30 anos,Armando Ramon Moreira Córdoba, 68 anos, acredita queo importante é gostar de tocar. “O músico tem que apreciar

A Ospa, tendo àfrente seus

quatro maestros:Ion Bressan, Túlio

Belardi, TiagoFlores e

ManfredoSchmidt

Walter Fagundes

Page 7: Revista Weril Nº 132

7Revista Weril - nº 132 - Novembro/Dezembro-2000

PAPOR ESTAS BANDAS

o que faz. Eu mesmo já fui contrabaixista, trombonista eagora me dedico totalmente à tuba”, diz ele.

Aos 13 anos, Ramon aprendeu a tocar tuba com o pai.“Acho o instrumento uma peça importantíssima em umaorquestra, pois ela determina os sons graves e faz passagensque outros não conseguem fazer”, explica. A Ospa contacom três tubas e Ramon é o primeiro do naipe. Para seusalunos, que um dia o substituirão, ele aconselha muitoesforço e humildade. “Eles nunca podem achar que já sabemtudo, se quiserem progredir”, afirma. Uruguaio denascimento, Ramon sonha tocar “O Guarani”, de CarlosGomes, na capital de seu país. “É minha sinfonia preferida”,confirma o tubista.

Trombone – Líder de naipe, Joaquim Silveira Dias,60 anos, iniciou sua carreira profissional um pouco maistarde que a maioria dos músicos. Aos 17, começou a tocarem pequenos grupos de Porto Alegre e, desde 1975, atuana Ospa, ao lado de três outros trombonistas.

Joaquim também atua como professor e conta que umade suas maiores experiências foi fazer um intercâmbio comum músico alemão que esteve na PUC (PontifíciaUniversidade Católica de Porto Alegre), quando ele aindaestava se formando. “Quem quer aprender, deve buscarsempre mais. Além da escola, o músico precisa fazerintercâmbios, trocar partituras, ensaiar juntos, enfim, dedicarboa parte de seu tempo à música”, afirma ele.

Programa de Apoio a BandasO Ministério da Cultura desenvolve anualmente o Programa de Apoio a Bandas de Música,

com a finalidade de fornecer gratuitamente instrumentos musicais a bandas em todo o país.Desde 95, quando foi instalado o projeto, 1001 dos 5507 municípios participantes já foramcontemplados. Somente para o ano de 2000 , serão distribuídos 300 kits para as bandas.

Os interessados em montar sua banda podem se cadastrar no projeto e se candidatar àseleção para receber o kit. Para bandas já existentes, é preciso preencher o formulário“Reposição ou ampliação de instrumental para bandas de música”. Caso esteja montando acorporação, o formulário a ser solicitado é o de “Criação de banda de música”.

Para obter os formulários e outras informações sobre a doação de instrumentos, escrevapara o Ministério da Cultura: Secretaria da Música e Artes Cênicas – Esplanada dos MinistériosBloco B, 2º andar, Brasília – DF, 70068-900, ou ligue para (61) 316-2121, ou aindacomunique-se com a Funarte: Coordenação de Música – Rua da Imprensa, 16, 7º andar, Riode Janeiro (RJ), 20030-120 – fone: (21) 297-6116, ramais 261 e 277. O site do Ministérioda Cultura é o: minc.gov.br.

Fazendohistória

Imaculada Conceição: Mais de 100 anos de música

Criada em 13 de outubro de 1893, a centenáriaCorporação Musical Imaculada Conceição, de Itapecericada Serra (SP), é um exemplo de ecletismo, força de vontadee determinação. Ela é formada por mais de 50 músicos,todos voluntários da comunidade, entre estudantes,comerciantes e outros profissionais, com idades que vãodos 11 aos 60 anos. São nove flautas, 12 clarinetes, três saxsoprano, oito sax alto, quatro sax tenor, seis trompetes,quatro trombones, dois bombardinos, duas tubas e seispercussionistas.

No repertório, canções dos mais variados estilos, comoMPB, sertanejo, samba, bolero, infantil, choro, rock emúsica clássica. Os ensaios ocorrem duas vezes por semana,às sextas e sábados à noite, na sede própria da banda. “Osmúsicos vêm da nossa escola, onde aprendem prática eteoria, antes de ingressar na banda”, explica o regente EliasEvangelista da Silva Filho.

As apresentações acontecem em eventos cívicos nacidade, praças, colégios, cidades vizinhas e até mesmo forado Estado. “As crianças são as que mais se identificam como repertório, principalmente quando começamos a tocar asmúsicas infantis”, afirma Amarildo Rainha, um dos músicosda banda. Todos os arranjos são feitos pelo maestro e regenteElias, que desde 1969 está à frente da Corporação.Recentemente, ele conquistou o segundo lugar, na categoriaarranjo para banda com músicos iniciantes, no Concursopara Arranjadores para Bandas Sinfônicas, realizado peloConservatório de Tatuí (SP). Graças ao seu ecletismo, aCorporação já conquistou dois concursos estaduais e quatronacionais, realizados no município de Caieiras (SP).

Page 8: Revista Weril Nº 132

8 Revista Weril - nº 132 - Novembro/Dezembro-2000

FIQUE DE OLHO

Thiago Anacleto da Silva quer se corresponder com trompetistas de todo o Brasilpara trocar métodos de partitura. O endereço dele é: Rua Alfredo Garcia Duarte, 429, SãoPaulo (SP), 19840-000.Marcos Emídio de Freitas também quer trocar partituras com músicos instrumentistase maestros. O endereço para correspondência é: R. José Antônio dos Santos, 67, Resende(RJ), 27524-030.Márcio Vinicius Fabris Casal é trompetista e quer encontrar partituras de música dereggae e jazz pela Internet ou outros veículos. O e-mail dele é [email protected] Rabib, maestro, gostaria de trocar partituras de fanfarras com outros maestros eregentes. Ele pode ser contatado no seguinte endereço: R. Monteiro da Cruz, 24, Itaúna, SãoGonçalo (RJ), 24001-970, e-mail: [email protected]ômulo Couto Alves quer se corresponder com leitores da Revista Weril. Cartas para:Pça. Assis Távora, 342, Jaguaribe (CE), 63475-000.Andressa Rodrigues de Souza deseja se corresponder com flautistas de todo o Brasil.Endereço: R. José Catapani, 57, Jd. Bela Vista, Limeira (SP), 13485-144.Cleginaldo Egydio gostaria de manter correspondência com outros músicos que tocamsax alto. Cartas para: R. Adoniran Barbosa, 30, Barueri (SP), 06462-000. André Augusto da Silva deseja entrar em contato com tubistas de todo o Brasil.Endereço: Rua Francisco Lapenda, 130, Sertãozinho, Nazaré da Mata (PE), 55800-000.Andrey A. Demonti gostaria de receber arranjos para bandas. Seu endereço é: R. CarlosTridapalli, 247, Nova Trento (SC), 88270-000.Hazenclever Luiz procura literatura sobre sousafone. As informações podem ser enviadaspara o e-mail: [email protected] A. Souza Pereira busca material didático e partituras sobre flauta transversal.Seu contato: [email protected] Costa da Silva procura partituras evangélicas para clarineta. O endereço para

Realizado em setembro, com a participação dos artistas Weril SílvioDepieri, Quinzinho e Renato Farias (foto), entre outros, o Louvalerecebeu 3 mil pessoas por dia, confirmando ser o principal eventodedicado à música evangélica no país. Para o saxofonista Sílvio Depieri,encontros desse tipo, que possibilitam o contato do profissional comoutros músicos em workshops, são importantíssimos para o desen-volvimento da música instrumental, não apenas entre os adeptos dogospel, mas também de todos os gêneros.

Para saber mais sobre a programação dos artistas Weril, acesse o sitewww.weril.com.br.

www.imusica.com.brNeste site é possível fazer downloads de músicas, uma a uma, comqualidade próxima ao CD. Uma excelente saída, já que assim você podeadquirir somente as faixas de sua preferência, sem a necessidade decomprar o álbum completo. Mas a grande novidade é a aliança firmadacom a Microsoft, que permitiu a adoção de um sistema que assegura aoartista a coleta dos direitos autorais pelas músicas reproduzidas. Ointernauta também encontra informações e serviços ligados à música,entrevistas exclusivas, coberturas de shows e clipes.

Navegue

correspondência é Rua Joaquim Ferreira Lúcio, 716, Centro, São Bento(PB), 58865-000Osni L. Martins gostaria de se corresponder com saxofonistas. Enviemcartas para Rua Antonia Borelli Thomaz, 20, Jd. Anésia, Porto Ferreira(SP), 13660-000Salatiell Frank S. Ribeiro quer trocar partituras de músicasevangélicas para orquestras e bandas. Correspondência para Rua Goiânia,362, Caixa Postal 43, 76200-000.Reginaldo Reis dos Santos troca partituras e métodos didáticos.Interessados podem enviar cartas para Rua Bela União, 10, Centro,Saubara (BA), 44220-000.Willamer V. Silva gostaria de trocar partituras de músicas clássicase MPB para qualquer instrumento de sopro. Endereço: R. MarcelinoBarbosa, 220, Bayeux (PB), 58307-230.Everaldo G.C. Jr. deseja trocar partituras e informações comclarinetistas. Contato: Rua Ferreira de Albuquerque, 93, Timbaúba (PE),55870-000.O radialista Beto Martins procura fitas com músicas de fanfarras ebandas para divulgar na Rádio Jauense. Endereço: Rua Aristides LoboSobrinho, 95, Centro, Jaú (SP), 17207-300.Roberto L. M. Oliveira busca partituras e métodos de trompete.Anotem o endereço: Rua Emílio Falkembach, 772, Pq. Residencial Oásis,Martinópolis (SP), 19500-000.Edmílson Angelo da Silva pede para divulgar o telefone daAssociação dos Músicos Regentes e Instrutores de Bandas e Fanfarrasdo Estado da Paraíba (Amerifa-PB): (0xx83) 221-1228.

www.estadao.com.br/divirtase/musicaO site do jornal O Estado de São Paulo traz os lançamentosmais recentes do mercado fonográfico brasileiro com umdescritivo de cada trabalho. Também apresenta aprogramação de shows de São Paulo e do Rio de Janeiro,permite realizar compras de CDs com descontos e reservasde títulos. Há também um link com a página da RádioEldorado FM, onde o internauta encontra trechos de músicasda programação e acessa o site do artista de sua preferência.

Eventos

Intercâmbio

Page 9: Revista Weril Nº 132

9Revista Weril - nº 132 - Novembro/Dezembro-2000

WORKSHOP

A Embocadura noTrombone de Vara

* Paulo Lacerda é professor da Escola de Música da UFMG, presidente da AssociaçãoBrasileira de Trombonistas e artista Weril. Contato: [email protected]

Histórico

No início de meus estudos musicais, deparei-me comum dos pontos mais discutidos e polêmicos para uma boaexecução do trombone de vara: a “embocadura”. Desdeessa época, venho pesquisando e desenvolvendo inúmeraspossibilidades de lidar com tal assunto. Atualmente, sinto-me até privilegiado por ter encontrado, naquele período,um mestre de banda, possuidor de um bom conhecimentosobre esse tópico. Depois, observei os vários tipos deembocaduras existentes e suas conseqüências. No universonacional, notei que, geralmente, nas fanfarras e bandas demúsica (principalmente no interior do país), instrumentistasde metal tendem a colocar a maior parte do bocal (2/3 ou80%), com apoio do maxilar inferior, prejudicando qualquerestética e execução musical, pois o maxilar inferior é móvel,não nos fornecendo qualquer estabilidade de apoio. Assim,acabamos também dificultando a execução de algumaspossibilidades técnicas.

A embocadura

O que significa isso?

Embocadura é o ato de:• Encaixar• Colocar• Adaptar• Moldar• Modelar• Posicionar o bocal na boca, sendo que 80% dele deve

se deter na parte superior dos lábios (maxilar superior),enquanto os outros 20% ficam na parte de baixo (maxilarinferior), visando sempre uma posição centralizada emrelação à boca.

Por Paulo Lacerda

1a parte

Jamais devemos colocar o bocal “de lado” (esquerdoou direito) na boca.

A embocadura também se constitui numa relação decomunicação interfacial. Podemos observar estacomunicação entre os músculos faciais, os lábios, a arcadadentária, os dentes, a língua, a garganta e a coluna de ar. Ocomplexo dos músculos faciais movimenta-se de forma levee vigorosa, para termos tonicidade oro-facial, de modo aatingirmos registros graves, médios e agudos na extensãodo trombone de vara.

Esses princípios padronizam uma embocadura saudávele duradoura. A padronização de princípios leva otrombonista a um estágio no qual ele pode encontrar a formamais adequada de realizar seu desenvolvimento técnico-artístico.

Exemplo de um posicionamentoadequado de embocadura

Page 10: Revista Weril Nº 132

10 Revista Weril - nº 132 - Novembro/Dezembro-2000

MÚSICA VIVA

SAÚDE

Beatriz Weingrill

O simples ato decarregar o

instrumentoexige cuidados

básicos

Talento e horas dedicadas ao estudo não garantem,sozinhos, a boa performance do instrumentista. A postura

adequada e até mesmo oscuidados com os dentes podemser a diferença entre uma apre-sentação memorável e umaoutra apenas mediana. E amelhor maneira de evitarqualquer tipo de problema desaúde ainda é a prevenção.

No caso dos problemas depostura, a consciência corporal,aliada à preparação física, sãoos pontos chaves da prevenção.“É muito importante que omúsico tenha a percepção doseu corpo ao tocar ou mesmocarregar seu instrumento”,considera o fisioterapeuta JoãoMiranda Aires. Regular acadeira de acordo com a altura,alternar o lado em que secarrega o instrumento, manteras costas sempre eretas eflexionar os joelhos ao pegarpeso são cuidados necessáriospara que o profissional evitedistúrbios da postura.

Outro hábito que ajuda oinstrumentista a ter mais resis-tência e menos dores no corpo,além de ser indispensável paraassegurar uma vida saudável, é

a prática de esportes. “Fazer exercícios com regularidadeauxilia o músico a alcançar o preparo necessário paraenfrentar as horas de trabalho e estudo comuns daprofissão”, acrescenta o fisioterapeuta. O alongamentotambém é fundamental para prevenir os problemas físicos.“O instrumentista de sopro deve evitar abaixar a cabeçadurante a execução e alongar com freqüência a região

Os cuidados que o músicos de sopro deve ter com seu corpo

posterior, que sofre maior tensão. Uma maneira de fazerisso é deitar de costas e apoiar o pescoço em uma toalhaenrolada. Isso devolve a curvatura correta à nuca”, diz oespecialista.

Para os casos onde o problema já existe, as opções detratamento são muitas, de shiatsu e acupuntura à cirurgia.Elas dependem da preferência do profissional e da gravidadeda situação. A RPG (Reeducação Postural Global) e aOsteopatia também são indicadas. “A RPG visa buscar acausa do problema e trabalhar globalmente para eliminá-lo, acabando com as retrações musculares provocadas pelapostura incorreta. Já a Osteopatia trabalha articulação porarticulação, recolocando-as no lugar e evitando que sedesgastem”, explica o fisioterapeuta. Outro método bastanteprocurado pelos músicos é a Técnica de Alexander, queprocura promover o equilíbrio entre o corpo e a mente,prevenindo as tensões desnecessárias através doconhecimento do corpo. No entanto, o músico não precisaesperar surgir o problema para procurar ajuda especializada.Segundo João, a fisioterapia tem a função não apenas derestabelecer a postura e a função da musculatura, mastambém prevenir que os problemas apareçam.

A boa saúde dos dentes é outro fator essencial para obom desempenho do instrumentista de sopro. Tratamentosde canal, restaurações, problemas de gengiva e até umasimples cárie precisam ser avaliados e solucionados commuito critério, para não interferirem na qualidade dotrabalho do artista. “Cada músico adquire sua própriaembocadura ao longo dos anos. Uma mínima alteração,como o desgaste de 1 ou 2 mm de um dente, por exemplo,já pode possibilitar que o ar ́ vaze´ entre os dentes, alterandoa performance”, explica o dentista Alexandre de Alcântara.

Insatisfeito e, muitas vezes, com a autoconfiançaprejudicada, o músico pode começar a procurar novaembocadura, resultando em pressão inadequada nos dentes,o que acarretará outros problemas mais tarde. Para evitaresse tipo de desvio, o dentista aconselha a todoinstrumentista de sopro a fazer um molde de sua boca. Comele em mãos, fica mais fácil reproduzir o formato dos dentesem caso de necessidade.

Um toquepara sua

Page 11: Revista Weril Nº 132

11Revista Weril - nº 132 - Novembro/Dezembro-2000

TODOS OS TONS

1812 - O principal clarinetista português da época, José Joaquimda Silva, chega ao Brasil e aqui permanece até sua morte.

1855 - Inicia-se o funcionamento do Conservatório Nacionalde Música. Entre os cinco primeiros professores, é contratadoo clarinetista Antônio Luiz de Moura, que ensinou por 35 anos,até sua morte, em 1889.

Segunda metade do séc. XIX - Em São Paulo, o clarinetistaHenrique Levy, pai do compositor Alexandre Levy, torna-seum dos principais clarinetistas da cidade, tocando em diversasorquestras, organizando saraus em sua residência e na CasaLevy.

Início do séc. XX - O músico mais influente do período é AntãoSoares, sergipano. No Rio de Janeiro, torna-se professor doConservatório de Música e participa das primeirasapresentações de Villa-Lobos, inclusive durante a Semana deArte Moderna de 1922. Em São Paulo, o clarinetista evioloncelista Guido Rochi, solista de clarineta da Ópera do LaScala de Milão, fixa residência na cidade, após se desentendercom Toscanini. Rochi foi muito ativo como professor fundadordo Conservatório Dramático e Musical de SP, em 1906. Entreseus alunos, destaca-se Antenor Driussi, primeiro clarinetistada Orquestra do Teatro Municipal de SP.

Na internet: saiba mais sobre a clarineta acessando os siteswww.clarinet.org; www.geocities.com/Paris/3817/;www.sneezy.org/clarinet/index.html (dicas do clarinetista eprofessor Joel Barbosa, da Universidade Federal da Bahia).

A rica história daclarineta entre nós

Em 1783, o primeiro clarinetista a se apresentar no Brasil tocou ao lado de outrosmúsicos para saudar a chegada do novo governador. De lá para cá, o instrumento

conquistou muitos adeptos

Qual a influência da clarineta na moderna músicabrasileira? A pergunta foi uma das muitas questõeslevantadas durante o V Encontro Brasileiro de Clarinetistas,que aconteceu em novembro, no Paraná. Um de seusorganizadores, o professor Ricardo Freire, da Universidadede Brasília, conversou com a Revista Weril sobre o assunto.

Segundo Freire, foi apenas em 1955 que os compositoresbrasileiros descobriram a clarineta como instrumento demúsica erudita. “Para se ter uma idéia, 85% dascomposições eruditas foram produzidas após essa data”,afirma o professor.

Porém, desde a década de 80, uma nova geração demúsicos passou a mudar o cenário da clarineta no país,deixando de ser totalmente eruditos e começando a investirtambém em música popular. É o caso de Paulo SérgioSantos, que tocou no Teatro Municipal do Rio de Janeiropor sete anos e agora segue carreira individual, tocandocomo solista de música erudita e como solista de choros,além de gravar com vários artistas conhecidos, comoCaetano Veloso e Chico Buarque. Em São Paulo, o grupoSujeito a Guincho, formado por Sérgio Burgani, EdmilsonNery, Luca Raele, Luís Nivaldo Orsi e Luis Eugênio Afonso,representa a vanguarda musical da clarineta, tocando músicaerudita contemporânea, jazz, choro e MPB, em composi-ções próprias e arranjos inovadores.

Na opinião de Freire, o modelo europeu está sendosubstituído por um estilo brasileiro de tocar. “Nossosmúsicos mesclam hoje a sonoridade e o fraseado da músicaerudita com a espontaneidade da música popular brasileira.Essa tendência foi fortalecida nos últimos dez anos e já nãohá mais volta”, acredita. Para o professor, encontros comoo realizado em Curitiba favorecem a evolução do músicobrasileiro. “É uma oportunidade para eles mostrarem seutalento. Quanto mais intercâmbio, melhor”, completa.

Primórdios no país

Contatos:[email protected];[email protected]

Confira na próximaedição da RevistaWeril: entrevista como clarinetista italianoAlessandro Fantini.

Page 12: Revista Weril Nº 132

12 Revista Weril - nº 132 - Novembro/Dezembro-2000

ENTREVISTA

O saxofonista e professor Rick Condit é um americano de 57anos, apaixonado pelo jazz, estilo que conheceu aos 13 anosdurante os ensaios da big band do colégio. No Brasil pelaprimeira vez, ele veio divulgar o estilo que tanto gosta, atravésda Internacional Association of Jazz Educators (IAJE), umafundação que tem justamente o objetivo de promover ointercâmbio entre os amantes do estilo. Falando animadamente,ele concedeu esta entrevista à Revista Weril.

são universais

Rick Condit: suavida mudou após

ouvir uma bigband

Jazzefutebol

Co

nta

to:

rco

nd

it@

mai

l.mcn

eese

.ed

u

Revista Weril: Como foi sua iniciação musical?Rick Condit: Nos Estados Unidos, quando se está na escolapública, durante o ciclo básico, é obrigatório o estudo damúsica. Mas acho que comecei mesmo por causa doincentivo dado pelos meus pais. Apesar de não seremmúsicos, eles sempre me apoiaram. Na época, morávamosem São Francisco, havia uma cena musical muito forte nacidade. Meus pais foram assistir a apresentação de umclarinetista chamado Benny Goodman e se apaixonarampelo som do instrumento. Então me incentivaram a tocarclarineta na escola. Na época, tinha uns nove anos.

RW: Como senhor teve contato com o sax?RC: Quando tinha 13 anos, mudamos de cidade e minhavida também mudou. Meu novo colégio tinha uma big bande fiquei impressionado com aquela sonoridade e energia.Decidi então que queria fazer parte daquilo tudo. Como abig band não utiliza clarineta, parti para o saxofone. Emtrês semanas aprendi a tocá-lo. Isso aconteceu na décadade 60, o que foi ótimo, pois o cenário era muito positivopara o jazz. Além de ser a música dos bares na época, passoua ser incentivado pelo governo como elemento cultural nasescolas.

RW: Qual a importância do ensino obrigatório de músicana escolas?RC: A melhor idade para o aprendizado de qualquer coisaé a partir dos 10 anos, pela própria pré-disposiçãoneurológica que facilita todo o processo. É muito importanteque haja incentivo à cultura. Atualmente, nos EstadosUnidos, algumas cidades pequenas não estão investindomais no ensino de música, estão preferindo dar ênfase a

outras matérias acadêmicas, o que é um erro, dada aimportância da música.

RW: Como anda o mercado americano para o músico desopro?RC: O músico deve estar atento às oportunidades queaparecem. Ele não pode se ater apenas a um estilo, seja elequal for. É necessário ser versátil para sobreviver e nãoperder oportunidades, inclusive pelo aspecto financeiro.Outro problema é o fato de estarem diminuindo os

incentivos para a música nas escolas. É necessário ouvir ever bons músicos tocando para que aconteça com outrosjovens o mesmo entusiasmo que senti ao ver uma big band.

RW: O que é a IAJE?RC: A Internacional Association of Jazz Educators é umafundação criada há 30 anos com o objetivo de trocarexperiências entre músicos amadores, profissionais,professores, estudantes, profissionais da indústria deinstrumentos e amantes do jazz em geral. Realizamosanualmente congressos para troca de experiências einformações sobre o cenário mundial do jazz e workshopspelo mundo.

RW: O senhor já foi representante de uma marca deinstrumentos. O que é preciso ser feito para garantirinstrumentos de qualidade?RC: A Weril está no caminho certo quando procura diminuira distância entre o músico e a fábrica, pois ninguém melhorque o músico para saber o que deve ser melhorado noinstrumento. Outro ponto é utilizar o músico profissionalem um programa de endorsement. Assim, tanto a fábricaquanto o músico saem ganhando.

RW: Quais são os seus planos no momento?RC: Em breve estarei indo para à Romênia, onde ireidesenvolver um programa de incentivo ao jazz a convite deuma fundação. Quero também, com o apoio da embaixadaamericana, divulgar o jazz na região da África. Costumover o jazz como um elemento que ajuda a aproximar aspessoas, por ser algo universal, mais ou menos como ofutebol.