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R E V I S T A Maio/Junho 2000 - Ano 22 - nº 129 Distribuição Gratuita - www.weril.com.br Maio/Junho 2000 - Ano 22 - nº 129 Distribuição Gratuita - www.weril.com.br 2 Suas Notas 5 Aqui na Weril: Bubu (Los Hermanos) 6 Por Estas Bandas 9 Workshop: Exercícios para Tuba 11 Todos os Tons: Músicos do New Jazz 12 Entrevista: Malte Burba, professor alemão Após anos de predomínio do piano e violão, alunos de música passaram a escolher um amplo leque de instrumentos para aprender Pág. 10 Após anos de predomínio do piano e violão, alunos de música passaram a escolher um amplo leque de instrumentos para aprender Pág. 10 A Vez do Sopro nas Escolas A Vez do Sopro nas Escolas Um Músico Chamado Proveta Pág. 3 Euphonium Superafinado Pág. 4 Jovens Talentos Disputam a Final do Prêmio Weril Pág. 8

Revista Weril nº 129

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Artigos sobre instrumentos musiciais, acessórios e música em geral.

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Page 1: Revista Weril nº 129

R E V I S T A

Maio/Junho 2000 - Ano 22 - nº 129Distribuição Gratuita - www.weril.com.br

Maio/Junho 2000 - Ano 22 - nº 129Distribuição Gratuita - www.weril.com.br

2 Suas Notas

5 Aqui na Weril: Bubu (Los Hermanos)

6 Por Estas Bandas

9 Workshop: Exercícios para Tuba

11 Todos os Tons: Músicos do New Jazz

12 Entrevista: Malte Burba, professor alemão

Após anos de predomínio do piano e violão, alunos demúsica passaram a escolher um amplo leque deinstrumentos para aprender

Pág. 10

Após anos de predomínio do piano e violão, alunos demúsica passaram a escolher um amplo leque deinstrumentos para aprender

Pág. 10

A Vez do Sopronas EscolasA Vez do Sopronas Escolas

Um Músico Chamado ProvetaPág. 3

Euphonium SuperafinadoPág. 4

Jovens TalentosDisputam a Final doPrêmio WerilPág. 8

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2 Revista Weril - nº 129 - Maio/Junho-2000

CORREÇÃO

SUAS NOTAS

REVISTA WERIL é uma publicação bimestral da Weril Instrumentos Musicais Ltda.Conselho Editorial: Angelino Bozzini, Demétrio Lima, Eduardo Estela, Gilberto Gagliardi, Ivan Meyer, Jessé Martinez,Magno D’Alcântara, Marcelo de J. Silva, Milton Lelis.Editora: Aurea Andrade Figueira (MTb 12.333) - Redator: Nelson Lourenço - Foto da capa: Beatriz Weingrill - Redação ecorrespondência: Em Foco Assessoria de Comunicação - Rua Dr. Renato Paes de Barros, 926, São Paulo/SP 04530-001 e-mail: [email protected] gráfico, diagramação e editoração eletrônica: Matiz Design - Tiragem: 20 mil exemplaresAs matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos, desde que citada a fonte.Matérias técnicas assinadas são de responsabilidade dos autores, não exprimindo necessariamente a opinião da Weril.

expediente

Atendimento ao Consumidor Weril 0800 175900

Lembranças“A edição 127 levou-me aos meus tempos de músico,

na Tupi, quando toquei com os grandes maestros daépoca. Outra grata lembrança é a de Gilberto Gagliardi,um dos melhores trombonistas que conheci. Um abraçopara ele e também para o Angelino Bozzini, que explicoumuito bem a técnica da respiração contínua”

Darcy Barbosa Pinto, Agostinho Porto (RJ)

Sax Soprano“Gostaria que a Revista fizesse um Raio X com o

sax soprano da Weril”Ildean Lopes Lima, Santa Inês (MA)

R: Ildean, o sax soprano Weril em Sib foi o primeiroinstrumento a ser abordado na série “Raio X”, quepublicamos sempre à página 4. Ele foi testado na edição119, pelo professor Demétrio Lima. Se você não possuieste exemplar, entre em contato conosco para quepossamos encaminhá-lo

Também recebemos e agradecemos cartas e e-mails de:Adiel R. Damazio, Jaboticabal (SP); Aldina F. S. Soares, São Paulo(SP); Anair Aparecida R. Pereira, Malacacheta (MG); Anderson R.Temponi, Volta Redonda (RJ); Antonio B. F. Filho, Fortleza (CE);Antonio M. dos Santos, Pilar (AL); Banda Euterpe Fraternidade,Brasília de Minas (MG); Carlos Armando V. Corrêa, Viamão (RS);Carlos R. da Silva, Itaúna (MG); Clea R. Lucena, Martins (RN);Cristian S. Cândido, Mauá (SP); David B. Gerbin, Palmital (SP);Domício R. Xavier, Timburi (SP); Elias Alves, Araraquara (SP); EltonC. Porto, Catende (PE); Elton Fernando de Castro (por e-mail);Erinaldo Arcanjo, São Paulo (SP); Fábio R. Pardini, Sorocaba (SP);Fernando G. Roos, Palotina (PR); Francisca M. A. Lopes, Boa Vista(PB); Hilton C. Silva, Rio de Janeiro (RJ); Isael R. da Luz, TelêmacoBorba (PR); Ivanildo L. de Oliveira, São Paulo (SP); Ivonildes S.Cordeiro, Salvador (BA); Izaias M. de Oliveira, Lins (SP); JandyraC. Chagas, Muqui (ES); Jasiel A. da Silva, São Lourenço da Mata(PB); Jefferson A. Barbosa, Paranavaí (PR); Jefferson F. Bastos, Mauá(SP); João S. Filho, Poá (SP); Jonatas Arruda da Silva, São Lourençoda Mata (PE); Josué C. de Souza, Uruará (PA); Juliano C. da Silva,Catende (PE); Juranay Costa Alves, Patos (PB); Liderado Martin (pore-mail); Lilian E. S. Zanella, Hortolândia (SP); Luciano de Lima Leite,Lorena (SP); Luiz A. Alves, Mococa (SP); Marcelo Aparecido daConceição (por e-mail); Marcos Abreu, Londrina (PR); Marcos E.de Freitas, Resende (RJ); Micarlos Rodrigues, Parnamirim (RN);Orquestra Filadélfia, Rio Longo (AL); Oswaloir R. dos Santos, SãoPaulo (SP); Paulo A. M. Cardoso (por e-mail); Pedro Celso Elói,Itapuí (SC); Rafael S. Oliveira, Fortaleza (CE); Railvisson C. dosSantos, Vera Cruz (BA); Raniere Leite Soares, Boa Vista (PB);Raylton Lopes, Santa Inês (MA); Reginaldo G. da Costa, Rio deJaneiro (RJ); Renato R. Batista, Ourinhos (SP); Renato R. F. Monteiro,Marapanim (PA); Ricardo Barbosa Pereira, São José do Rio Preto(SP); Roberto C. Ferreira, Paranaíba (MS); Ronaldo S. Dias, Sabará(MG); Ronilson Avelino Soares, Porto Ferreira (SP); Rossana G. L.Soares, Campina Grande (PB); Rubens A. C. Junior (por e-mail);Samuel de Barros, São Paulo (SP); Tarlim S. Amorim (por e-mail);Vagner Petinelli, Paranaíba (MS); Valdirene de Brito Cavalcanti, BeloJardim (PE); Waldemar C. Alves Cunha, Várzea Grande (MT);Wendel G. Antunes, Palmital (SP); Wilker C. Marques, Teresina (PI);Wilson F. V. Jr., Cabo (PE).

• Prossegue em maio o Programa de Apoio às Bandas e Fanfarras, organizadopela Secretaria de Estado de Cultura, Desporto e Lazer de Mato Grosso doSul, com o apoio da Weril e outras empresas. Em junho, dia 24, será realizadoo Festival Estadual de Fanfarras. No mês seguinte, de 10 a 14, acontecem oscursos de reciclagem para músicos e maestros de bandas. Informações: (67)725-7181 ou pelo fax (67) 725-5007.

• O 1º Concurso Nacional de Arranjos para Banda Sinfônica será promovidopela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, por intermédio doConservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos de Tatuí. O primeirocolocado leva como prêmio R$ 5 mil. Mais informações pelo telefone (15)251-4573.

• A Secretaria Municipal de Volta Redonda (RJ) está organizando o II Concursode Fanfarras e Bandas da Cidade do Aço, que acontece no dia 2 de julho.Podem participar bandas nas categorias: Fanfarra Simples Tradicional, FanfarraSimples com Gatilho, Fanfarra com 1 Pisto e Banda Marcial. Informações einscrições: (24) 346-6851 ou pelo e-mail: [email protected].

Na última edição, foi noticiado que a final do 4ºPrêmio Weril para Solistas de Instrumentos de Soproseria realizada em 30 de maio, mas esta data foialterada. O evento acontece no dia 29, na Sala São Luiz,em São Paulo. Leia mais sobre o 4º Prêmio Weril napágina 8.

Eventos e Concursos

Correção

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3Revista Weril - nº 129 - Maio/Junho-2000

PERFIL

PuraLíder da Banda Mantiqueira, o saxofonista Proveta querescrever uma história de pureza no cenário instrumental

A história de um músico de sucesso é povoada delembranças. Com Nailor Azevedo, o Proveta, isso nãoé diferente. Aos 38 anos, ele recorda com emoçãodetalhes de suas experiências, desde que começou aestudar música com o pai, ainda na infância. Acor-deonista talentoso, seu Geraldo Azevedo é até hoje amaior influência de vida do líder da Banda Mantiqueira.Proveta o acompanhava nos coretos de Leme, interiorde São Paulo, onde nasceu. “Tenho muita admiração erespeito pela figura do meu pai, sua presença ainda temgrande valor no meu trabalho”, atesta ele.

Antes de se estabelecer em definitivo em São Paulo,Proveta viajou pelo interior e “rodeou” a capital. Chegouaté a trabalhar na fábrica da Weril (quando esta era aindaem Mairiporã), durante quase um ano. Ao passar pelaorquestra de Sílvio Mazzuca, ganhou a sua marcaregistrada, de maneira prosaica. Na época, o primeirobebê de proveta era novidade. Sendo o mais novo daturma e tendo um primeiro nome complicado, alguémachou que o Nailor poderia ganhar o apelido. Mais tarde,o maestro Nelson Ayres chegou a afirmar que osaxofonista era tão bom que só poderia ser de proveta.“É uma palavra de sonoridade legal, que mexe com aspessoas”, diz o músico.

Proveta mudou-se depois para São Bernardo doCampo, onde tocou com a Banda Sinfônica local. Emmeados dos anos 80, finalmente chegaria à cidade ondemora até hoje. E foi uma estréia em grande estilo.Convidado pelo maestro Hector Costita, passou a fazerparte da 150 Night Club, jazz band que permaneceudurante anos como atraçãofixa no hotel MaksoudPlaza. “A gente se apre-sentava de smoking, nomelhor lugar da noite pau-listana, ganhando em dó-lar. Era uma fase festiva, memorável”, recorda.

O reconhecimento viria com a Banda Mantiqueira,que ele formou em 92, com a proposta de realizar umtrabalho profissional na área instrumental. Indicada parao Grammy em 1998 (na eclética categoria “jazz latino),

Alquimiaa Mantiqueira é inte-grada por 13 músicoscom grande afinidade,fiéis ao projeto inicialdo grupo. “Acho quevocê não deve subir aopalco e tocar por tocar,sem um propósito, semtentar transcender apartitura e mostraratravés de sua músicaum pouco de sua expe-riência. Com a Manti-queira, isso nunca a-contece, pois nós te-mos uma relação afi-nada. Também sintoessa sintonia com ou-tras pessoas, que con-seguem passar o filmede suas vidas e fazerpoesia no palco”, ex-plica Proveta.

Os oito anos àfrente da banda deram a ele uma base muito forte comoarranjador. Proveta é do tipo inquieto, não consegueparar de estudar. Procura uma música humana e divina,que resgate a pureza de outros tempos. “Não quero sercool ou elitizado, essa não é minha história. Prefiropinceladas firmes e vívidas ao polimento. A tecnologia

facilita muito, mas nosafasta daquilo que épessoal”, acredita ele.

Vislumbrando novostrabalhos a curto prazocom gente que admira, en-

tre compositores, músicos e cantores, Proveta desejaseguir essa trilha da autenticidade, aberta por seu pai.“Música é a expressão de uma vida, e eu queropermanecer verdadeiro, sem rótulos e fiel aos valoresque aprendi”, conclui.

“Não quero ser cool ou elitizado, essanão é minha história. Prefiro pinceladas

firmes e vívidas ao polimento”

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4 Revista Weril - nº 129 - Maio/Junho-2000

EFEITO SONORO

RAIO X

DICA DO MESTRE

Euphonium daWeril temexcelentes

recursosO Euphonium (ou

bombardino) de quatro válvulas(pistões) da Weril é uminstrumento fabricado comtodos os recursos disponíveispara garantir uma sonoridadesuperior. Este modelo comquatro válvulas possui cali-bragem interna ideal para obternotas graves e facilitar aafinação do Dó grave e Sinatural. A quarta válvula podeser regulada por uma volta deafinação, que fica atrás doinstrumento e deve trabalharcom pelo menos meia polegadade abertura. Assim, em relaçãoao modelo de três válvulas, aspossibilidades de afinação eamplitude sonora aumentamconsideravelmente. Confira nasfotos desta página.

Tocar um euphonium com a ponta dos dedos é muitoimportante. O mau posicionamento dos dedos pode ser oresponsável por dificuldades comuns, como as constantesreclamações de que a válvula do instrumento está empenadaou mesmo problemas de tendinite.

A dica é do professor de euphonium e trombone daEscola Municipal de Música de São Paulo, DonizeteFonseca. Para conservar o instrumento e tirar dele ummelhor proveito, Donizete recomenda segurar o euphoniumcom a mão esquerda e deixar a direita livre para tocar asválvulas, da forma mais confortável possível, de acordocom uma posição anatômica. “Nunca se deve dobrar opulso”, reforça o professor.

Quanto mais natural a posição, mais rápido se conseguetocar. “Na ponta dos dedos, estão localizadas asterminações nervosas de maior sensibilidade e querespondem mais rápido aos comandos para a execução dasnotas. Usando o meio dos dedos, além de forçar amusculatura da mão e provocar a perda de agilidade, vocêacaba ainda entortando e danificando as válvulas”, explicaDonizete. “Se alguém toca o

Euphonium da Weril assim, é uma pena, pois não estáexplorando toda a qualidade deste instrumento”, conclui.E-mail do mestre: [email protected]

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Volta de afinação

Válvulas

Donizete:euphonium

na ponta dosdedos

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5Revista Weril - nº 129 - Maio/Junho-2000

Weril

AQUI NA WERIL

BUBUEntre uma apresentação e outra com o grupo pop

Los Hermanos, o trompetista e flugelhornista Bubu(Valtecir Freitas Silva) realizou uma visita às instalaçõesda Weril em Franco da Rocha (SP), onde foi recebidopor toda a equipe da fábrica. Para Bubu, o salto dequalidade que a empresa deu nos últimos anos pode sercomprovado ao acompanhar a produção de uminstrumento com a marca Weril. “Fiquei admirado aover o extremo cuidado que existe em todos os processosque envolvem a fabricação da linha Weril”, disse ele.

O trompetista se surpreendeu também com as novastecnologias e elogiou a preocupação com a qualidade.Atualmente, Bubu está participando da turnê nacionalda banda Los Hermanos, emprestando ao grupo todosos seus conhecimentos como instrumentista e seapresentando com o trompete da Weril. “No momento,minha dedicação é exclusiva para essa temporada deshows”, afirma. E não poderia ser diferente, já que ogrupo está se apresentando, em média, 20 vezes a cadamês, com os sucessos “Ana Júlia” e “Primavera”.

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(Los Hermanos)

visita a fábrica

Em sua visita, Bubu tocou e aprovouos instrumentos da Weril

mostra sualinha

naFeira de

Frankfurt

Em abril, pela vigésima vez consecutiva, a Werilparticipou com estande próprio da Feira Internacionalde Frankfurt, onde foi prestigiada pela presença derepresentantes de empresas de vários países: Alemanha,Suíça, Noruega, Itália, Suécia, Espanha, Portugal, ReinoUnido, França, Síria, Emirados Árabes Unidos,Indonésia, África do Sul, Grécia, Estados Unidos,Taiwan, Japão e China.

Os visitantes receberam o CD comemorativo dos 90anos da Weril e louvaram a iniciativa da empresa. Entreos instrumentos apresentados, foram muito bem-recebidos os trombones G. Gagliardi, que provocaramelogios quanto ao funcionamento e sonoridade. Ointeresse despertado pela nova linha confirmou asolidificação da marca Weril como destaque da indústriainternacional de instrumentos de sopro. Tubas,euphoniuns, trompetes, saxofones e clarinetas tambémconfirmaram sua aceitação no mercado estrangeiro, oque atesta a competitividade do produto brasileiro.

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6 Revista Weril - nº 129 - Maio/Junho-2000

POR ESTAS BANDAS

Unibanda forma instrumentistasO campus da Unicamp, em Campinas, São Paulo, é

quase uma cidade, com hospital, espaços para eventose diversos outros locais visitados pela comunidade. Écomum os freqüentadores ouvirem o som dos integrantesda Unibanda, um projeto coordenado pelo maestroCarlos Lima, que oferece a oportunidade para qualquerinteressado ter uma iniciação musical. As apresentaçõespodem acontecer nos setores de pediatria e psiquiatriado Hospital das Clínicas, em campanhas educativas eabertura de seminários e festivais.

A formação de instrumentistas de banda é ministradaem quatro níveis (pré-elementar, elementar,intermediário e avançado). As classes são coletivas, comno máximo 30 alunos no nível elementar. No inter-mediário, são cinco alunos por sala, e a partir do avan-çado, as aulas passam a ser individuais. “Em média,cada etapa dura um ano, mas esse período pode serencurtado, de acordo com o rendimento do aluno”,detalha Lima. Os grupos do nível intermediário emdiante formam suas próprias bandas, colocando naprática o que aprendem na teoria.

Entre os instrumentos de sopro ensinados estão aflauta, clarineta, trompete, tropa, trombone, euphoniume tuba. Os alunos passam por teste e entrevista antes deescolherem o instrumento. A carga de ensaios é de trêshoras de duração. uma vez por semana. O repertório Si

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ano

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Dona de uma política cultural pioneira,criativa e diversificada, a OrquestraSinfônica Municipal de Campinas estácomemorando 25 anos. Sob a batuta domaestro Benito Juarez, a Sinfônica tem umrepertório de mais de 300 arranjos damúsica popular brasileira e é recordistanacional de apresentações: já subiu aopalco quase duas mil vezes, para tocar nãoapenas em salas de espetáculos e teatros,mas também em espaços variados, comocircos, praças e campos de futebol.

Um dos momentos mais emocionantesde sua trajetória foi a participação nocomício pelas Diretas Já, na década de 80,que reuniu mais de um milhão de pessoasno vale do Anhangabaú, em São Paulo.

Eventos mostram o melhor da

Será realizado no próximo mês o Louvação, o maiorevento musical da Igreja Batista no Brasil. Os workshopsdo Louvação terão 1500 vagas distribuídas em diversasmodalidades de cursos, incluindo os de instrumentosde sopro. O encontro acontece de 22 a 25 de junho, na1a Igreja Batista de Curitiba (PR). Mais informaçõessobre a programação podem ser obtidas com a MCMEventos, telefone (11) 3641-6067.

Entre as atrações musicais do evento, destaque para abig band de Silvio Depieri e Quinzinho Oliveira, ambosartistas Weril. “Vamos levar nossos arranjos para big bande aplicá-los no workshop que daremos na ocasião”, conta

trabalhado é muito vasto, indo do popular ao erudito,inclusive com rearranjos de composições. “Isso énecessário para garantir o interesse do aluno em suainiciação”, confirma o coordenador.

A prova de que essa estratégia vem dando certo é afila pela qual os interessados devem passar antes deserem chamados para as aulas da Unibanda.

Silvio. “No final, todos os alunos irão participar de umsessão especial”, acrescenta ele. O saxofonista tambémirá divulgar seu último CD, “Razão”.

Uma boa mostra do que o público poderá encontrarno Louvação foi dada em São Paulo, que sediou seuprimeiro encontro do gênero. O LouvaSampa recebeude 30 de março a 2 de abril uma média de 1.500 visitan-tes, a maioria formada por músicos ou interessados emmúsica religiosa. O evento foi considerado um sucessopelos organizadores, e já tem data marcada para o ano2001: será realizado de 13 a 15 de abril, na Igreja Batistada Água Branca.

Louvação acontece de 22 a 25 de junho, na 1a Igreja Batista de Curitiba

música evangélica

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7Revista Weril - nº 129 - Maio/Junho-2000

POR ESTAS BANDAS

Brasil tem preferência norepertório do Metal Nobre

Em 1990, cinco jovens músicos paulistanos resol-veram tocar juntos e incrementar o estudo de seusinstrumentos de sopro (muitos grupos surgem assim eevoluem para o profissionalismo). Com o entrosamentoobtido nos ensaios, surgiu o Quinteto Metal Nobre, quetem a proposta de divulgar a música brasileira. A bandaé formada por instrumentistas de sopro de estilo renas-centista, com destaque para as peças do nosso repertório.

“Existe muita dificuldade em se conseguir partiturasde composições nacionais. Por isso, contamos com aajudar dos amigos”, explica o trombonista Reinaldo Joséde Camargo, um dos fundadores do grupo, que está nabanda desde a primeira formação, junto com otrompetista Marcelo Benedito Costa.

A formação do Quinteto Metal Nobre faz com queele possua um timbre rico. “Cada metal reproduzexatamente uma voz distinta, dando suavidade e belezaà sonoridade. Os agudos são reproduzidos por doistrompetes, os médios pela trompa e trombone e os gravespela tuba”, acrescenta Reinaldo.

No momento, a banda está ensaiando um novo reper-tório. Ampliando sua atuação dedicada prioritariamenteaos autores brasileiros, o Metal Nobre prepara umahomenagem ao aniversário de 250 anos da morte deBach. Outra atividade importante é a preparação doprimeiro CD demo do grupo. A boa recepção do públicoanima o quinteto, que busca consolidar seu som dife-renciado e de qualidade.

O Quinteto Metal Nobre prepara umahomenagem a Bach, sem se esquecer dosautores brasileiros

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DIVULGUESUA

BANDA

• A Rádio Educativa AM de Curitiba está recebendo gravações de todo o Brasil para divulgação no programa“Bandas e Fanfarras”, que é apresentado aos sábados, das 15h às 16h. O material pode ser enviado aos cuidadosde Rogério Tomazi, no endereço: Rua Nunes Machado, 2195, Curitiba (PR), CEP 80220-070.

• Se você deseja divulgar sua orquestra, banda, fanfarra ou grupo instrumental, inclusive dedicado à músicagospel, envie material detalhado com foto para a Redação da Revista Weril: Revista Weril – Rua Dr. Renato Paesde Barros, 926 – Itaim Bibi – São Paulo (SP) – CEP 04530-001. As correspondências serão aproveitadas de acordocom o espaço editorial.

ContatoUnibanda: (19) 289-3965, com Vicente de Paulo Juste; e-mail:

[email protected]

Quinteto Metal Nobre: (11) 7924-1809.

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8 Revista Weril - nº 129 - Maio/Junho-2000

FIQUE DE OLHO

Prêmio WerilRealizado pela quarta vez, o concurso dedicadoa jovens solistas de sopro recebeu númerorecorde de inscrições

Foi um trabalho difícil,mas o júri coordenado pelomaestro Júlio Medaglia che-gou à lista com os dez partici-pantes que irão se apresentardurante a final do 4º PrêmioWeril para Solistas de Instru-mentos de Sopro. Entre os

140 inscritos, os jurados encontraram exce-lentes trabalhos, dois deles inclusive enviadospor participantes com apenas 10 anos de idade.Ao final de uma exaustiva seleção, Medaglia,Sérgio Cascapera, Eduardo Pecci e DonizeteFonseca apresentaram a relação de classifi-cados, composta de dois saxofonistas, doistrompetistas, dois clarinetistas, um trompista,um trombonista, um flautista e um bombar-dinista (confira o box).

Todos os leitores da Revista Weril estãoconvidados a assistir a final do 4º Prêmio Weril,que será encerrado com grande show de Bocatoe Banda. Será a última apresentação dotrombonista antes de sua turnê européia. Aentrada é gratuita.

Não perca no próximo número a coberturacompleta do evento, com os vencedores do 4ºPrêmio Weril.

Os classificadosAdemilson Santana da Silva (Tatuí/SP) ............................... EuphoniumAdenilson Roberto Telles (São Paulo/SP) ............................... TrompeteDaniel Rosas (São Paulo/SP) ...................................................ClarinetaJone Santos Costa (São Paulo/SP) ............................................ TrompaJúlio César Vieira Merlino (Rio de Janeiro/RJ) .............. Saxofone TenorMarim Alves Moreira (Mauá/SP) .......................................... TromboneMarlon Hunphreys (São Paulo/SP) ........................................ TrompeteOtávio F. de Almeida Bloes (Tatuí/SP) ......................................... FlautaPedro Souza Bittencourt (Rio de Janeiro/RJ) ......................... SaxofoneTiago Francisco Naguel (Leme/SP) ................................. Saxofone Alto

Bocato será a atração dafinalíssima

Intercâmbio• Abel Vieira Melo deseja manter contato com maestros e regentesde fanfarras. Cartas podem ser enviadas para o endereço: Rua Araguaia-na, 38, Vila Sobrinho, Campo Grande (MS), CEP 79110-010.• Ana Kléssia F. Soares quer se corresponder com clarinetistas detodo Brasil para trocar partituras. Cartas podem ser enviadas para:Travessa Monsenhor Fernandes Távora, 124, Jaguaribe (CE), CEP63475-000.• Antonio B. Freire quer se corresponder com saxofonistas de todoBrasil. Seu endereço: Rua Cecil Salgado, 757, Fortaleza (CE), CEP60346-200.• Edevaldo Silva procura maestros de bandas evangélicas para trocarpartituras de hinos e dobrados. Seu endereço é Rua Vicente Bazari,138, Jd. Helena, Mogi Mirim (SP), CEP 13800-000.• Elton A. Ramos quer trocar partituras de trompa em fá com músicosde todo o Brasil. Seu endereço: Rua Chico Mendes, 89, Goiana (PE),CEP 55900-000.• Luciano de Lima Leite procura músicos para trocar partituras defanfarra. Seu endereço é Rua Francisco R. Alves, 60, Lorena (SP), CEP12600-000.• Genésio Sanvido procura músicos evangélicos para trocar partiturase métodos. Cartas podem ser enviadas para o endereço: Rua ArnaldoBentamaro, 135, CDHU, Mogi Mirim (SP), CEP 13800-000.• A Fanfarra Estudantil de Camaçari (BA) está com vagas paramúsicos. Contatos: Jucilene Brito Silva, Rua 3ª do Parque, 15, Gleba“B”, Camaçari (BA), CEP 42800-000.• Herson M. Amorim quer receber doações de métodos para qualquerinstrumento de sopro. O material pode ser enviado para Estrada doOuteiro, 1ª Vila dos Inocentes, 93, Icoaraci, Belém (PA), CEP 66815 –520.• Hugo Biavati oferece sua participação em bandas e orquestras paratocar em bailes. Correspondências para: Rua Don Hugo, 574–A,Machado (MG), CEP 37750-000.• José Cosme dos Santos procura partituras de jazz. O materialpode ser enviado para 1ª Travessa Madre Leopoldina, 44, Vitória deSanto Antão (PE), CEP 55600-000.• José Elton A. dos Santos é trompetista e quer trocar partituras.Correspondências podem ser enviadas para Rua Antonio Macedo, 53,Patos (PB), CEP 58704-050.• José Carlos M. dos Santos deseja se corresponder com músicosque queiram trocar materiais didáticos. Seu endereço paracorrespondência é Rua do Sinimbu, 19, Sto Amaro da Purificação (BA),CEP 44200-000.• A Banda Marcial da Feban, de Barra Mansa (RJ), procurapartituras que possam ser doadas. O material pode ser enviado paraRua Leotônio F. P. Jr, 399, Barra Mansa (RJ), CEP 27360-000.• Josiane C. de Oliveira, da Fanfarra Marambaia de Bandeira doSul (MG), quer se corresponder com alunos de outras fanfarras paratrocar material. Seu endereço é Rua Idelfonso F. de Oliveira, 311,Bandeira do Sul (MG), CEP 37740-000.• Odair Carlos deseja se corresponder com pessoas que trabalhem outoquem em fanfarras simples e de um pisto. Cartas podem ser enviadaspara: Caixa Postal 4404, Presidente Prudente (SP), CEP 19020-990.• Pedro Mendes procura partituras de jazz, música brasileira, eruditae afins. Seu telefone para contato é o (11) 211-0183.• Reginaldo N. Lacerda procura arranjos para banda musical. Omaterial pode ser enviado para Rua Rafael Vaz e Silva, 2676, Liberdade,Porto Velho (RO), CEP 78902-700.As seções “Navegue” e “Partituras: onde encontrar”voltam na próxima edição.

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Tudo pronto para a finalda maior edição do

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9Revista Weril - nº 129 - Maio/Junho-2000

WORKSHOP

Exercícios para TubaDonald Smith*

(Legato)

Os estudos desta página são indicados para iniciantes. Reparem na diferença da execuçãoentre as tubas em Eb e BBb. Cada uma delas exige um tipo especial de exercícios. Aoexecutá-los, o tubista irá aprimorar sua percepção auditiva, treinar a respiração e se

aquecer para novas execuções.

* Donald Smith éprofessor e tubista daOrquestra Rádio eTelevisão Cultura.Contatos:(11) 222-4163.

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10 Revista Weril - nº 129 - Maio/Junho-2000

MÚSICA VIVA

O sopro ganha espaço nas escolas

Pesquisa daUFMG mostra

crescimento nonúmero de

alunosdedicados ao

sax, trompete eoutros

instrumentos dogênero

Houve época em quemandar o filho para as au-las de piano era uma tradi-ção entre as famílias. Aobrigatoriedade muitas ve-zes desagradava a criança.Afinal, mesmo quando nãotinha a aptidão necessária,ela precisava se esforçarpara apresentar seus parcosconhecimentos diante depais orgulhosos. Depois,com o advento do rock,bossa nova e tropicália,cresceu o interesse pelo

violão. Todo mundo queria tocar as músicas de Caetano,Chico Buarque, Beatles ou Led Zeppelin. Porém, apreferência popular está mudando nos últimos anos,principalmente devido ao aumento do número de estu-dantes de sopro. É o que mostra uma pesquisa realizadapelos professores Ewaldo Mello de Carvalho, Maria InezLucas Machado e Maria do Carmo Souza Campos, daEscola de Música da Universidade Federal de MinasGerais.

Segundo o levantamento, que ouviu 106 pessoas, osalunos de sopro já somam 40% dos matriculados noscursos de licenciatura e bacharelado da EM/UFMG. “Éuma realidade diferente por exemplo da época em queestudei, quando todos queriam aprender apenas piano eviolão”, acrescenta a professora Maria do Carmo.

No Conservatório Souza Lima, em São Paulo, essarealidade já está sendo comprovada. Dedicando-seatualmente ao sax, o aluno Alberto de Oliveira Netoestudou piano durante dois anos, antes de abandoná-lo.“Sempre tive vontade de estudar um instrumento desopro, pois sentia que nele existia a liberdade paraexplorar meu sentimento artístico”, afirma ele. O jovem,que toca apenas com o objetivo de aliviar as tensões dodia-a-dia, lembra ainda que foi em frente na decisãomesmo quando alguns lhe disseram que o sax era uminstrumento difícil. “Todo mundo falava que seriacomplicada a mudança, mas não foi nada disso”,confirma Alberto.

Outro aluno do Souza Lima, Murilo Aquino Iaco-vone, de 14 anos, começou a tocar sax há três meses,abandonando assim o órgão, que estudou por um ano emeio. “No começo, meus pais não gostaram muito daidéia. Mas, eles já assimilaram e estão até curtindo”,conta ele.

O sax tenor é hojeo preferido entre afamília dossaxofones,superando o alto

Números

A pesquisa da EM/UFMG revelou ainda outros dadosinteressantes: 80% dos alunos sobrevive única eexclusivamente de música, 8% aliam-na a outraatividade e 88% consegue retorno financeiro com suaprodução musical (tabelas 1 e 2). 63% dos entrevistadosdedicam-se ao ensino e 28% deles trabalham dando aulasem colégios públicos e particulares (tabela 3).

“Com base nesse resultado, podemos dizer que épossível sim viver de música no Brasil. Música évocação, paixão e também profissão”, finaliza Mariado Carmo.

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Tabela 1

Tabela 2

Tabela 3

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11Revista Weril - nº 129 - Maio/Junho-2000

TODOS OS TONS

Novos jazzistasalmejam a perfeição

Falta derevoluçõessonoras nãoprejudica aqualidade daexecução dosmúsicosconhecidoscomo “younglions”. Oprincipalnome dessageração, otrompetistaWyntonMarsalis, vemao Brasil nosegundosemestre

“Tudo nele é perfeito. Perfeito até demais para muitagente, que o critica como artista e como pessoa.” É assimque o jornalista e saxofonista Roberto Muggiati começao capítulo sobre Wynton Marsalis em seu livro “NewJazz – De Volta para o Futuro”. Lançada no último FreeJazz, a obra traça o perfil de uma série de músicos queficaram conhecidos como “young lions”. São os respon-sáveis pela difícil tarefa de renovar o jazz neste final deséculo, e Marsalis é o nome mais emblemático destageração.

O trompetista, que tocou aqui em 98 com a suaLincoln Center Jazz Orchestra e volta ao Brasil nosegundo semestre, é um gentleman. Faz questão de

manter o visual bem-cuidado,e seu comportamento é sempresério e muito organizado, ape-sar de suas múltiplas ativida-des. Musicalmente, é dono deuma técnica impecável, com aqual pode viajar por váriosritmos, resgatando desde ossons do início do século atéinfluências recentes. Apresentatambém uma fabulosa desen-voltura no erudito. É o younglion perfeito. “Marsalis é ooposto daquela imagem jásuperada do músico drogado emarginal que existia há algunsanos”, explica Muggiati. “Osmúsicos de sua geração podemnão produzir uma músicarevolucionária, mas é um somexcelente de ouvir, as grava-ções são quase sempre acimada média”, completa.

Segundo Muggiati, que jáescreveu também sobre blues e rock, o atual cenário deprofissionalismo começou a ser desenhado na décadade 60, época difícil para o jazz. “Foi a pior fase paraquem vivia desse tipo de música. Muita gente talentosapassou a dar aulas ou até mesmo fazer um bico comomotorista de táxi para sobreviver. Porém, isso nãosignifica que o período não tenha sido criativo. Alicomeçavam muitas experimentações, inclusive com osprimeiros young lions”, recorda ele.

Wynton Marsalis, o “ícone” da atualgeração

A lista dos músicos representativos do new jazz égrande, e inclui nomes como Antonio Hart, CourtneyPine, Branford Marsalis, Anthony Braxton, SteveColeman e Joshua Redman (saxofonistas) Leroy Jones,Terence Blanchard e Wallace Roney (trompetistas). Emseu livro, Muggiati classifica como precursores dessaturma os saxofonistas Ornette Coleman e John Coltrane.Uma consideração importante feita pelo autor é que osax tenor é hoje o preferido entre a família dossaxofones, superando o alto, que perde terreno tambémpara o soprano. Outra tendência é a valorização do somacústico, sem trucagem.

Diante de tanto bom-mocismo entre os músicos dejazz, é possível aguardar alguma mudança radical nopanorama desse tipo de som nos próximos anos? Sedepender de Wynton Marsalis, o padrão deverá continuaro mesmo. Em 98, ele foi entrevistado pela Revista Werile confirmou sua posição conservadora. “Acredito nojazz que vem da primeira metade do século, feito porgente como Duke Ellington, Armstrong e outros, eprocuro preservar a essência dessa arte”, disse ele àépoca. Mas, para amantes do jazz, como RobertoMuggiati, seria importante encontrar algo realmentenovo para ouvir. “Quem acompanha a música sempreespera por uma surpresa”, resume.

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Malte Burba:trompete écontrole, nãoforça

ENTREVISTA

TocaAs lições de Malte Burba,professor alemão quemergulhou nos estudos deanatomia e de outras áreaspara desenvolver umrevolucionário método deensino

Um dos melhores professores de trompete do mundo,Malte Burba realizou uma série de workshops no Brasil,a convite da Weril Instrumentos Musicais. Falando paraestudantes de Campinas e Rio de Janeiro, o mestrealemão apresentou ao público as linhas-mestras de seusensinamentos, a exemplo do que já fez em dezenas deoutros países, em palestras e encontros com músicos.Ele desenvolveu uma abordagem completamente nova,baseada na natureza física diferenciada dos instrumentosde sopro. Em um dos intervalos de suas aulas, Burbaconcedeu esta entrevista à Revista Weril:

Revista Weril: Qual é a essência de seu trabalho comopesquisador?Malte Burba: Além da musicologia, meus estudosforam influenciados por diversas disciplinas que nuncatinham sido valorizadas no ensino de instrumentos desopro. Queria simplesmente tocar bem trompete a partirda lógica e do raciocínio. Estudei fonética, verificandocomo as sílabas são formadas e a conexão que a fala

possui com o som pro-duzido pelo instrumentode sopro. Depois, par-tindo do princípio deque o corpo é a máquinaque produz esse som,mergulhei nas pesquisasem anatomia. Normal-mente, os instrumentosmusicais consistem dedois componentes físi-cos: o gerador e o res-sonante, que amplificao som. As cordas daguitarra e a palheta dosaxofone funcionamcomo gerador, enquantoo corpo do instrumentoserve como ressonante.Trompetes, por sua vez,são apenas ressonantes.Isso significa que nós

devemos produzir e contornar os problemas da emissãode som em sua origem, ou seja, nosso próprio corpo. Osom não é involuntário, nós devemos saber exatamentecomo produzi-lo. Por isso, é necessário ter a capacidadede dominar esse instrumento que é nosso corpo parafazer boa música.

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O Corpo

RW: Quais são os fundamentos de sua técnica?MB: Os três fundamentos de um bom trompetista devemser controle da pressão, língua e sistema muscular.Trompete não é força, é controle. Tive um aluno quesofreu um acidente de carro e ficou com um lado daface paralisado. Mesmo perdendo a força deste lado,ele voltou a tocar, porque se dedicou ao estudo docontrole desses itens básicos. Esse caso mostra quepodemos mudar totalmente nosso sentimento em relaçãoao instrumento se tentarmos novas abordagens. Quemtoca sempre com o lábio seco, por exemplo, deveriaexperimentar a execução com os lábios umedecidos.Cada uma das maneiras tem suas vantagens edesvantagens. Os lábios secos exigem menos força nosagudos, mas os umedecidos nos proporcionam maissensibilidade e flexibilidade em regiões médias. O queaconteceu com aquele meu aluno que sofreu o acidenteé que ele descobriu uma nova forma de tocar, e todosnós podemos descobrir também uma maneira diferente.

RW: Como os brasileiros que perderam seus workshopspoderão ter contato com suas técnicas?MB: A base de meus ensinamentos está na minha homepage (endereço: www.burba.de - há uma versão eminglês).

RW: Quais são seus conselhos para quem decidir aplicaressas técnicas?MB: O importante é você trocar os maus hábitos porbons hábitos. É melhor treinar coisas novas do quemudar algo que não está dando certo. É preciso terdisciplina contínua e estudar de duas a quatro horas comconcentração. Outro bom conselho, para quem tiver aoportunidade, é estudar em nossos musikhochsles(conservatórios). O ensino de música é gratuito naAlemanha.