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Revisão de Literatura .1 Agregados Todos os revestimentos asfálticos constituem-se de associações de ligantes asfálticos, de agregados e, em alguns casos, de produtos complementares. Essas associações, quando executadas e aplicadas apropriadamente, devem originar estruturas duráveis em sua vida de serviço. O agregado escolhido para uma determinada utilização deve apresentar propriedades de modo a suportar tensões impostas na superfície do pavimento e também em seu interior. O desempenho das partículas de agregado é dependente da maneira como são produzidas, mantidas unidas e das condições sob as quais vão atuar. A escolha é feita em laboratório onde uma série de ensaios é utilizada para a predição do seu comportamento posterior quando em serviço. O termo agregados para a construção civil é usado no Brasil para identificar segmento do setor mineral que produz matéria-prima mineral para emprego na construção civil. Dentro dessa denominação estão as substâncias minerais areia, cascalho e rocha britada que entram em misturas para produzir concreto, asfalto e argamassa ou são utilizados in natura em base de pavimentos. .2 Brita A Brita, que é classificada como um agregado, é um material considerado artificial, pois é produzida a partir

Revisão de Literatura - Pavimentação

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Granulometria Pavimentação

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Revisão de Literatura

.1 Agregados

Todos os revestimentos asfálticos constituem-se de associações de

ligantes asfálticos, de agregados e, em alguns casos, de produtos

complementares. Essas associações, quando executadas e aplicadas

apropriadamente, devem originar estruturas duráveis em sua vida de serviço.

O agregado escolhido para uma determinada utilização deve apresentar

propriedades de modo a suportar tensões impostas na superfície do pavimento

e também em seu interior. O desempenho das partículas de agregado é

dependente da maneira como são produzidas, mantidas unidas e das

condições sob as quais vão atuar. A escolha é feita em laboratório onde uma

série de ensaios é utilizada para a predição do seu comportamento posterior

quando em serviço.

O termo agregados para a construção civil é usado no Brasil para

identificar segmento do setor mineral que produz matéria-prima mineral para

emprego na construção civil. Dentro dessa denominação estão as substâncias

minerais areia, cascalho e rocha britada que entram em misturas para produzir

concreto, asfalto e argamassa ou são utilizados in natura em base de

pavimentos.

.2 Brita

A Brita, que é classificada como um agregado, é um material

considerado artificial, pois é produzida a partir de uma outra fonte, que são as

rochas maiores extraídas de pedreiras e fragmentadas após um processo de

qualificação industrial. Ela tem várias classificações de acordo com o tamanho

na qual é fragmentada, e cada um desses tamanhos é usado para um

propósito específico no ramo da construção civil. Para que seja comercializada

ela deve ter qualidade comprovada, seguindo as especificações de resistência.

Setorialmente, em 2007 a construção civil demandou 66% do consumo

de rocha britada beneficiada, a construção/manutenção de estradas 15%, a

pavimentação asfáltica 4%, e os artefatos de cimento 3,5%. O setor de

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construção civil absorveu 48% da Rocha Bruta, sendo seguido pelo setor de

construção/manutenção de estradas com 23% e a Extração/Beneficiamento de

Minerais 4,51%. O grande setor consumidor de areia é o setor de construção

civil.

O gráfico abaixo mostra a segmentação do consumo de brita no Brasil:

.2.1 Características 

A granulometria correta garante que o concreto tenha poucos espaços

vazios. "A principal função do agregado é economizar cimento", lembra

Eduardo Brandau Quitete, do Laboratório de Materiais de Construção Civil do

Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

O geólogo Claudio Sbrighi Neto, diretor da Cooperativa de Serviços e

Pesquisas Tecnológicas e Industriais (CPTI), alerta que há tipos de britas

indicados para alguns usos e não para outros. A brita de calcário, por exemplo,

não é resistente à abrasão e, portanto, não é recomendada para pavimentos.

A cor da brita pode variar mesmo quando decorrente de um mesmo tipo

de rocha. Por isso, essa característica não é indicativa da qualidade, pois a

rocha gnaisse, por exemplo, pode apresentar cor amarelada e acinzentada.

A tabela a seguir mostra a granulometria de cada tipo de brita:

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Granulometrias

Nomenclatura Dimensão

Brita 3 19 mm a 50 mm

Brita 2 9,5 mm a 31,5 mm

Brita 1 4,75 mm a 25 mm

Brita 0 2,36 mm a 12,5 mm

Pó de Pedra < 6 mm

Fonte: Frank Cabral de Freitas Amaral (ITA)

.2.2 Cuidados

Para um bom desempenho do agregado, devem-se ter os seguintes cuidados:

O material deve ser armazenado em ambiente de acesso fácil;

Separe a brita de acordo com cada descarregamento;

Não misture britas de granulometrias diferentes;

Não deposite diretamente sobre o solo (coloque-a sobre plástico ou

lona).

.2.3 Aplicação dos agregados

Pó de brita: Sua malha é de 5 mm, e é muito utilizado para obtenção de

concreto com textura fina, como em calçadas com base asfáltica, na fabricação

de pré-moldados, já que dá maior facilidade de modelagem, como estabilizador

de solo na produção de argamassa para o contrapiso. É também muito usado

nas empresas que mexem com produção de asfalto.

Brita nº 0 ou Pedrisco: A malha é de 12 mm e ela é bem pequena,

sendo muito usada em pavimentos intertravados, na produção de vigas, laje

pré-moldadas, tubos, blocos de concreto para construção e fundação,

paralelepípedos de concreto moldados, aqueles de encaixe, para a produção

de chapisco, blocos e manilhas. Também utilizada em usinas de asfalto para a

fabricação da massa asfáltica, CBUQ. Nestas usinas, gera ainda uma

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economia de CAP, se associada ao pó misto. O material também é utilizado na

injeção de graunt, no envelopamento de tubos de gasodutos e caminhões de

tratamento asfáltico (triplo ou duplo) e para o capeamento de avenidas e

estradas vicinais.

Brita 1:  A malha é 24 mm, o dobro da brita 0 e é a mais usada em todos os processos da construção civil, pois é a mais usada na produção de concreto para as colunas, que não parte crucial quando se trata de qualidade necessária, vigas e lajes, ou seja, quase tudo. Nas construções de grande porte como prédios e grandes espaços comerciais ela é ainda mais usada.

Brita 2: Tem malha 30 mm e é utilizada somente quando há necessidade de um concreto mais resistente, normalmente em construções de porte maior e que tenha que suportar mais peso. O concreto é chamado de concreto bruto, e é requerido em pisos de maior espessura. Geralmente aplicada na fabricação de concreto de resistência mais elevada, como fundações.

Brita 3: A malha é ainda maior, dessa vez com 38 mm, e já não é mais usada em processos normais de construção, mas em obras de base, como aterramento, nivelamento ferroviário e na instalação de drenos.

Ainda há classificação para as pedras maiores, que não são britas, que é a Pedra Marroada, com 200 mm, usada normalmente em grandes muros de contenção, barreiras, aterramento, assentamento, etc.

.3 Pavimento de Estradas

A brita é usada nos pavimentos das estradas, na base, no macadame

hidráulico, no revestimento betuminoso e de concreto de cimento.

As funções do pavimento são: suportar e distribuir a carga do tráfego,

transferindo-a às camadas inferiores; proteger o subleito da ação dos agentes

intempéricos, principalmente da ação mecânica da água.

Os lastros de vias férreas e pavimentos de estradas, especialmente os

sem ligantes, são solicitados:

a) pelas forças mecânicas de compressão, impacto, atrito;

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b) pela ação da intempérie, principalmente umedecimento e secagem, e

variação da temperatura.

Nos pavimentos asfálticos ou de concreto essas solicitações ficam

atenuadas.

As propriedades que a rocha com a qual se produziu a brita deve ter:

a) resistência à compressão;

b) ao impacto;

c) ao desgaste;

d) resistência ao intemperismo.

A princípio qualquer rocha, pode ser britada e usada na construção civil.

Entretanto, para uso em concreto, em pavimento asfáltico, base e sub-base,

lastro de ferrovia e na produção de peças de cimento, algumas características

indesejáveis podem impedir seu uso, embora possam ser usadas em aterros,

contenção de encostas e erosão ou manutenção de estradas de terra.

Em termos de consumo, é mais prático falar genericamente em

agregado que separar brita e areia. Levantamento da Fundação Instituto de

Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (FIPE) constatou a

quantidade de agregados necessária para alguns tipos de obras:

auto-construção (unidade básica de 35 m² ) - 21 toneladas de

agregados;

habitação popular (unidade básica de 50 m² ) - 68 t;

edifício público (unidade básica de 1.000 m² ) - 1.360 t;

escola padrão (unidade básica de 1.120 m² ) - 1.675 t;

pavimentação urbana (1 km x 10 m) - 2.000 t a 3.250 t;

estrada vicinal - 2.800 t/km;

estrada pavimentada normal - cerca de 9.500 t/km.

Em mistura asfáltica para pavimentação, usa-se 40% de agregado

miúdo (0 a 5 mm) e 60% de agregados graúdo (6 a 12 mm). 95% em peso da

mistura asfática é constituído de agregados. Em base de pavimentos flexíveis

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de asfalto e sub-bases de pavimentos rígidos de concreto são usados

agregados.

As propriedades físicas e químicas dos agregados e das misturas

ligantes são essenciais para a vida das estruturas em que são usados. São

inúmeros os exemplos de falência de estruturas em que é possível chegar-se à

conclusão que a causa foi à seleção e o uso inadequado dos agregados. O uso

de agregados inadequados tem causado rápida deterioração de concreto de

cimento portland em condições severas de utilização (temperatura, cargas,

etc.). Pelo mesmo motivo, o material ligante em pavimento asfáltico pode se

descolar das partículas dos agregados, provocando rápida deterioração do

pavimento. Portanto, uma seleção adequada dos agregados é essencial para

atingir a uma desejada performance da estrutura. Decorre daí a importância do

uso de agregados com especificações técnicas adequadas.