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ANO 1 > Nº 2 OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO 2011 REVISTA DE SUSTENTABILIDADE, RECURSOS HUMANOS E INOVAçãO BIOMA I N S I G H T ANO 1 > Nº 2 > OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO 2011 Raízes financeiras da > ver página 26 SUSTEN- TABILIDADE > Look page 66 THE FINANCIAL ROOTS OF SUSTAINABILITY

Revista Bioma - Volume 2 Ano 1

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Matéria: A laranja e o mercado - viés sustentável da globalização

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Page 1: Revista Bioma - Volume 2 Ano 1

Ano 1 > nº 2 outubro/novembro/dezembro 2011

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Sumário

Sustentabilidade paga dividendos financeirosPor Kelly Nascimento26

6 14

2032

cognitivo

verdeRumo a uma nova agenda

Capital

Por Ladislau Dowbor Por Ernesto Cavasine Dominic Schmal

Por Kelly Nascimento

Por Christian Lohbauer

Por Edgard Cravo

Por Josely Nunes,Emilio Eigenheere Gilson Brito Alvez Lima

50 Sustentáveis52 Versão Inglês (english version)

O quebra-cabeça dalogística reversa

O crepúsculo dassacolas plásticas

A laranjae o mercado

Celeiro deinovação em alimentos

viés sustentável da globalização

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Nº 2 outubro/novembro/dezembro de 2011

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e o mercado:A laranja

O Brasil já é um dos líderes mundiais na produção de alimentos,

consequência de trabalho intenso, competência científica e bioma único que

permite produzir muito, em pouca área, preservando a Natureza. Muito antes

de se falar em globalização, uma fruta já era símbolo da internacionalização

que conhecemos hoje. Nascida na Ásia e hoje encontrada nas mais diferentes

regiões do mundo, a laranja se tornou, há séculos, a fruta mais globalizada

de que se tem notícia. Da China, partiu para a Turquia, chegando à Espanha

e a Portugal. Da Península Ibérica seguiu para as Américas, quando chegou

ao Brasil, há mais de 400 anos. Hoje, a laranja faz o caminho inverso. Por

aqui, o solo fértil fez a diferença. Não à toa, das laranjas cultivadas no

Brasil, é produzido o suco mais bebido no mundo. Três a cada cinco copos

consumidos no planeta saem das fábricas brasileiras.

viés sustentável da globalização

por Christian LohbauerPresidente da CitrusBR

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mesmo presente no Brasil há quatro séculos, a grande transformação começou em 1920, quando no interior de São Paulo começou a

se estruturar o cinturão citrícola. Naquela época sur-giam os primeiros esboços de uma indústria proces-sadora de suco, nos arredores da cidade de Limeira. Os primeiros embarques de suco de laranja tiveram como destino Argentina, Inglaterra e outros países europeus. Aos poucos a região se consolidou como grande produtora de laranjas no país.

> TECNOLOGIA E INOVAÇÃOOs métodos de produção são continuamente apri-

morados. A produtividade nos pomares paulistas aumentou 39% entre 1995 e 2008, como resultado de pesquisas e investimentos. Se comparados aos pomares de outrora, há muita diferença em relação ao que se fazia 20 anos atrás, quando o número de árvores era de aproximadamente 250 por hectare. A principal mudança está na própria tecnologia de pro-dução. Atualmente, existe um número muito maior de árvores por hectare, chegando a mais de 800, um in-cremento de 230%, o que reflete na produtividade de uma propriedade. Isso porque, em média, uma laran-jeira produz duas caixas de 40,8 quilos. Em 1980, um citricultor conseguia produzir 500 caixas por hecta-re. Hoje, é possível chegar a mais de 1.600.

A tecnologia que vem ganhando os pomares brasi-leiros, principalmente nas áreas mais secas do esta-do de São Paulo, é a irrigação. Na citricultura existe a possibilidade de adoção de diferentes sistemas, mas, em média, a necessidade hídrica dos citros varia de 900 a 1.200 milímetros de água por ano. A demanda por água é elevada nos períodos de brotação, emis-são de botões florais, frutificação e início de desen-volvimento dos frutos, sendo menor nos períodos de

maturação, colheita e de repouso. Atualmente, cerca de 15% dos pomares de SP são irrigados. Contudo, a necessidade de água, se comparada à de outras culturas como soja, milho e café, faz da laranja uma cultura com baixo consumo, utilizando, basicamente, a chamada “irrigação de salvamento”.

Muitos avanços na citricultura mundial nasceram nos pomares brasileiros. O controle do cancro cítri-co, por exemplo, é fruto de pesquisas brasileiras que ajudaram o mundo a livrar pomares dessa terrível doença. Hoje, os esforços, em grande parte, estão voltados para a cura do greening.

> SUSTENTABILIDADEUm dos diferenciais da citricultura brasileira é

o investimento em critérios de sustentabilidade. No caso do suco de laranja, é possível dizer que esse suco tão conhecido é a bebida do futuro. Isso porque ele consegue agregar uma série de valores desde a sua produção que culminam com a criação de um ali-mento saboroso, nutritivo e que preserva o mundo em que vivemos. Ao todo, os laranjais que fornecem a fruta para a indústria processadora de suco de la-ranja ocupam uma área de apenas 600 mil hectares.

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Christian Lohbauer

“Foi pensando em alcançar a excelência na produção de suco de laranja, respeitando o meio ambiente e as gerações atual e futura, que as indústrias associadas à CitrusBR criaram já no ano de sua fundação o Subcomitê Técnico de Sustentabilidade”

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“Os laranjais que fornecem a fruta para a indústria processadora de suco de laranja ocupam uma área de apenas

600 mil hectares. Isso corresponde a 10% do total ocupado pela cana-de-açúcar e a 0,86% da área plantada no Brasil”

Isso corresponde a 10% do total ocupado pela cana--de-açúcar e a 0,86% da área plantada no Brasil.

A produção citrícola está localizada no estado de São Paulo, e atende a rigorosas legislações ambien-tais que exigem a preservação de mata nativa e a obrigatoriedade de respeitar áreas de preservação permanente, entre outras. A citricultura não desma-ta e não promove mudanças diretas ou indiretas no uso da terra. Do ponto de vista social, as cidades que têm pomares de laranja apresentam seus ín-dices de desenvolvimento humano (IDHs) bastante elevados, se comparados ao de cidades produtoras de outras commodities. Em toda a sua cadeia, o se-tor emprega mais de 200 mil trabalhadores, gerando uma massa salarial de mais de US$ 600 milhões. A segurança do trabalho é uma das principais preocu-pações da indústria processadora e exportadora de suco de laranja.

Ao todo, mais de 10 mil produtores tiram seu sus-tento da terra negociando laranja com a indústria, mas o que mais impressiona na produção do suco de laranja é a relação da indústria com uma das princi-pais fontes da vida: a água. Nas fábricas, procura-se usar o mínimo possível de água proveniente da rede de abastecimento ou de cursos de água. Em média, uma indústria capta apenas 25% da água necessária, ao passo que o restante provém do processo de con-centração do suco, que exige que a água seja evapo-rada. Em vez de simplesmente jogar fora esse patri-mônio, a água evaporada é reutilizada para diversas funções dentro da própria estrutura industrial, tais como lavagem de frutos e limpeza dos equipamen-tos. Além disso, as fábricas possuem estações de tratamento para efluentes líquidos e não há geração de resíduos sólidos, uma vez que todas as partes da fruta são aproveitadas. Outro ponto importante está na mensuração das emissões de carbono, uma exi-gência dos consumidores preocupados com o destino do planeta.

Fundada em 2009 pelas empresas Citrovita – Grupo Votorantim, Cutrale, Citrosuco – Grupo Fischer

e Louis Dreyfus Commodities, a CitrusBR tem como principal finalidade defender os interesses coletivos do setor em escalas nacional e internacional, inte-ragindo com outras entidades do agronegócio e pro-movendo o consumo e a imagem do suco de laranja brasileiro. Para alcançar o objetivo, investir em sus-tentabilidade é fundamental. Há mais de 50 anos a in-dústria brasileira de sucos cítricos trabalha para que seu produto proporcione benefícios a todos os envol-vidos na cadeia: a quem produz, a quem consome, à sociedade e ao planeta. Foi pensando em alcançar a excelência na produção de suco de laranja, respei-tando o meio ambiente e as gerações atual e futura, que as indústrias associadas à CitrusBR criaram já no ano de sua fundação o Subcomitê Técnico de Sus-

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tentabilidade, responsável por tratar dos assuntos técnicos relacionados ao tema. O grupo é formado por representantes das empresas associadas e seu objetivo é discutir internamente e com pesquisado-res, consultores e outros atores nacionais e interna-cionais os principais tópicos sobre a sustentabilidade do setor.

Um dos resultados da ação do subcomitê foi a con-clusão de um estudo pioneiro que identificou a pegada de carbono para o suco de laranja concentrado e não concentrado, até a entrega nos terminais europeus. Já foram compilados dados de 2009 e 2010, e prati-camente todo o setor exportador de sucos cítricos foi mapeado. Da produção da fruta, passando pelos pro-cessos agrícolas e industriais, transporte terrestre, transporte marítimo até os terminais europeus, tudo foi calculado. Contudo, segundo especialistas, não é possível medir a pegada de carbono com base ape-nas em uma safra, e novos cálculos serão feitos nos próximos anos para que seja possível identificar um número de toda a cadeia de produção citrícola. Mundo afora diversos segmentos da economia vêm buscan-do mensurar as suas emissões, mas o suco de laranja

brasileiro será o primeiro caso em que todo um setor terá a sua medição. Esse é um passo importante para mostrar a preocupação de produtores brasileiros não só com a saúde de seus negócios, mas com a saúde do planeta em que vivemos. A próxima etapa consis-te em atualizar o estudo com dados relativos a 2011, de forma a minimizar variações que possam ocorrer entre os anos, uma vez que se trata de um produto agrícola.

Todas essas ações são o segredo da liderança do suco de laranja brasileiro no mercado mundial. E dão a certeza ao consumidor de que se trata de um ali-mento fabricado com os mais rigorosos padrões tec-nológicos, sociais e ambientais, gerando renda dentro e fora do Brasil. Os desafios para os próximos anos já estão determinados. Entre eles, combater as do-enças mais proeminentes, aumentar a produtividade dos pomares e levar renda aos produtores de laranja, importantes aliados da indústria. Manter a citricultura como uma das mais rentáveis culturas por hectare e seus altos índices de sustentabilidade também estão entre os desafios para o futuro – que já começou há mais de 40 anos. ¢

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