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MEIO AMBIENTE ENTRE A REALIDADE E SONHO População itabirana vive em meio ao descaso com a Fonte da Água Santa e a expectativa de criação do Cinturão Verde PARQUE DA ÁGUA SANTA Fotografia: Lucas Lima Torres

Revista Confidências

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Revista Eletrônica produzida por estudantes do Ensino Médio do Colégio Nossa Senhora das Dores de Itabira - MG

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Page 1: Revista Confidências

MEIO AMBIENTE ENTRE A REALIDADE E SONHOPopulação itabirana vive em meio ao

descaso com a Fonte da Água Santa e a

expectativa de criação do Cinturão Verde

PARQUE DA ÁGUA SANTA

Fotografia: Lucas Lima Torres

Page 2: Revista Confidências

Equipe de ProduçãoColégio Nossa Senhora das Dores

EQUIPE

Alunos das segundas séries do Ensino Médio/2010

Direção: Irmã Maria da Glória Alves Fonseca

Coordenação Geral: Luciene Aparecida Alvarenga

Orientação: Rosemary Pires Duarte Lage Costa

Textos: Estudantes da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Nossa Senhora das Dores

Editoria: Henrique Macedo, Cynthia Camilo, Gabriela Oliveira e Bruna Alves

Professoras responsáveis: Débora Ianusz (Literatura), Dora Lage (Matemática) e Margarida Gandra (Língua Portuguesa)

Foto da capa: Lucas Lima (foto vencedora do concurso de fotografia — uma das atividades do projeto)

Foto da contracapa: Juliana Oliveira (2ª colocada no concurso de fotografia)

Seleção dos textos: Margarida Gandra e Débora Ianusz

Revisão: Equipe da Editoria, Margarida Gandra e Débora Ianusz

Diagramação: Ana Clara Simões

Arte (CD e capa do CD): Valquíria Machado Gomes

Apoio técnico, organização do concurso de fotografia e divulgação da revista: Cíntia C. Figueiredo e Tatiane R. Moura

Organização do sarau e guia turístico: Ângela Maria Inácio

Público: Comunidade escolar

Itabira-MG

Setembro de 2010

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A história da nossa cidade começou por volta do

século XVIII, com a chegada do bandeirante FranciscoAlbernaz, que iniciou uma evolução política e a exploraçãomineral. A descoberta do ouro no Pico do Cauê e aimplantação de uma indústria de ferro e de duas fábricas detecido trouxeram pessoas de várias regiões do Brasil,devido à promessa de riqueza que o ouro traria.

Nessa época a sociedade ainda era fechada,casamentos eram arranjados com a finalidade de conservara riqueza das famílias, mas por fim percebeu-se que seriamais proveitoso o casamento entre famílias diferentes. Essaera a época dos vestidos longos e espartilhos, dos bailes epasseios à tardinha em parques e ruas com grandescasarões. Apesar das viagens ao exterior serem raras, oretorno dos viajantes era comemorado com festa e pompa;todos ficavam curiosos com os costumes diferentes doexterior.

A cidade do minério e a passagem do tempo

Das empresas que aqui se instalaram a Vale do RioDoce foi a que mais cresceu e mudou a paisagem itabirana,com os seus novos meios de extrair o ferro e de transportá-lo. Desde então a cidade ficou conhecida como ―berço daVale do Rio Doce‖. Itabira se viu cortada por trilhos emaravilhada com o desenvolvimento que o ferro traria.

Toneladas e mais toneladas eram retiradas, nãoapenas de ferro, mas também do ouro que foi descobertoem outros pontos da cidade algumas décadas depois. Com aextração constante de minério, aos poucos, o Pico do Cauêfoi diminuindo e tornou-se uma grande depressão e a buscapor novos recursos fez-se necessária. Com isso, vilas ebairros começaram a ser destruídos em favor da mineração.

A cidade ainda é a terra de Carlos Drummond deAndrade, que levou o nome da cidade muito além do Brasil,pois a poesia de Drummond percorreu todo o mundo, devidoao seu talento inegável ao escrever. Sua história sempreesteve vinculada ao nome da cidade desde que sua escritacomeçou a ser observada e ultrapassou a barreira doreconhecimento.

Atualmente, nossa cidade ainda se encontra emdesenvolvimento, continuamos a ter a história presente emnossas vidas, pois está entrelaçada com seus maioresprotagonistas: um poeta e uma mineradora. Continuamosvivendo em uma sociedade fechada, mas ainda assimcalorosa. Aprendemos a conservar o passado que estáescrito e gravado na forma da mais linda poesia, entretanto,devemos ainda ficar atentos quanto ao futuro da cidade paramanter viva toda essa história.

Foto

gra

fia:

Ana C

lara

Sim

ões

Por Marjorie e Anna Clara Santiago

Por Géssica Karoline, Victor Blasques, Marjorie Sophie, Sabrina, Samyr Henrique, Thiago Penna e Rafael José

Fonte: Atlas de Itabira, Prefeitura Municipal de Itabira, 2006

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ENTRE O EFÊMERO E O DURADOURO

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A história de Itabira traz consigo algumas fases marcantes na sua evolução. Entretanto, embora toda a vitalidade desuas raízes tenha como pano de fundo a exploração dos recursos minerais, pode-se entender seu desenvolvimento em duasfases distintas: uma diz respeito a uma exploração pouco profissional, mais voltada à busca do ouro até a sua exaustão;outra, mecanizada, com progressiva atuação industrial, que fortaleceu o município e fez emergir uma das maioresmineradoras do mundo. Além do ouro e do minério, vale lembrar que ainda hoje o subsolo de Itabira é um dos maioresdepósitos de esmeraldas do planeta.

Para maior evidenciação, tomemos por base a cidade antes da Vale e depois da Vale. Isso remonta aos anos de 1942,quando da fundação da antiga Companhia Vale do Rio Doce. Mas, pensemos em uma sequência, para melhor definir a cidadeantes da exploração industrial. Pesquisadores confirmam que por volta de 1700 a região já era frequentada por bandeirasadvindas de São Paulo. Essa versão se confirma na expedição à região pelos irmãos Albernaz, no ano de 1720, que, estandona região de Itambé, avistam um pico e atraídos pela sua saliência, se deslocaram a ele, encontrando ouro em abundâncianos rios que o circundavam.

Posteriormente, foi se formando um arraial, cujo centro político administrativo era a antiga Vila Itabira do Mato Dentro.Nesse formato de constituição, vários valores culturais se introduziram na região. Um exemplo disso foi a caracterização deum ponto de referência de transeuntes. Isso se deu em Ipoema, distrito de Itabira, que se notificou como ponto deconvergência de tropeiros, que por lá se estabeleciam temporariamente, conduzindo seus rebanhos e comércio deespeciarias. Apenas em 1848, Itabira é elevada à categoria de cidade, através de um decreto provincial. Essa condiçãoconsolida o status de sua importância política na região.

Em 1900 a Companhia Estrada de Ferro Vitória Minas é fundada. Entretanto, apenas em 1943 os trilhos da VitóriaMinas atingem a cidade e em 1944 chega à base da mina de ferro do Cauê. É interessante informar que uma empresaantecedeu a Companhia Vale do Rio Doce. Chamava-se Itabira Iron Ore Company. Em primeiro de junho de 1942 GetúlioVargas assina o decreto lei que cria a Companhia V ale do Rio Doce, que encampa a Itabira Iron e a Estrada de Ferro VitóriaMinas. Desse ponto, ao arranque econômico que se sucedeu no município.

Atualmente, vão se escasseando os testemunhos dessa transformação ocorrida, devido ao tempo passado. Entretanto,existem alguns itabiranos, que se não viveram o período anterior, podem ilustrar um pouco o cotidiano do começo doperíodo da exploração industrial. Esse é o caso de Francisco Marconi Gonçalves. Nascido em 1941, ou seja, bem no períodomarco das transformações, ele destaca a siderurgia já existente na cidade e as fábricas de tecido, embora em fase decadente.―Lembro-me perfeitamente do trânsito e acampamento dos tropeiros no comércio do Sr. Said Jabour e do Sr. João Moura, nobairro do Pará, que tinham máquinas de beneficiamento de café e arroz. Ficavam na minha rua‖.

Francisco Marconi Mendes - foto fornecida pelo

entrevistado.

Itabira antes do Minério

ENTRE O EFÊMERO E O DURADOURO

Por Camilla Coelho, Pollyana e Breno

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A vida era muito simples. A criançada circulava pelas ruas, sempre em busca de diversões. Futebol no ClubeAtlético Itabirano, no campo da Chacrinha, no campo da Garajal. Soltar pipa no alto da antiga Caixa D‘Água, localizada noPará de cima. De repente, Marconi solta uma pérola. ―Só vim a usar sapato com freqüência quando fiz o exame deadmissão para entrar no ginásio. Isso aos dez anos. Até então, a meninada circulava descalça pela cidade‖.

A política na cidade sempre foi quente. ―Embora não seja uma pessoa muito ligada a questões de política, euacompanhei de perto um acontecimento extremamente curioso na época. O Sr. João Cunha era filiado à UDN e a richa como PTB era muito grande. Em uma noite, em frente a sua residência, colocaram uma bomba, que causou estrago nas janelasem sua casa e em um bar que ficava situado na parte inferior a sua residência.‖ Para exemplificar a temperatura dasdiscussões, Marconi diz que presenciou muitas trocas de ofensas entre famílias opositoras em sua rua.

A religiosidade também era característica da sociedade. Segundo Marconi, como criança, percebia certacompetição entre os freqüentadores da Paróquia do Rosário e os adeptos da Paróquia da Saúde. Ele não sabe explicar omotivo, ―mas havia uma certa competição em torno das festividades promovidas pelas paróquias e sempre uma disputa porum troféu imaginário de qual era a melhor.‖

Mas, o que marca muito todo esse período é o início da dependência da cidade em relação à Companhia Vale doRio Doce. Para se ter um exemplo disso, até mesmo a energia era subsidiada pela Vale. Marconi conta que ―até as dez danoite, a usina da vale ajudava a fornecer luz para a cidade. Após isso, a luz da prefeitura, como chamávamos, não erasuficiente para que as rádios funcionassem com eficiência e vi muitas vezes minha mãe ligar o transformador paraacompanhar as programações.‖

Como quase todo jovem da cidade, o sonho era ingressar na vale e lá fazer carreira, pois não haviam muitasopções de emprego na cidade. Por uma obra do destino, Marconi teve seu sonho realizado no ano de 1962, lápermanecendo até a sua aposentadoria em 1991. Ele acompanhou grande parte do crescimento da empresa e da suarelação com os destinos da cidade. O fato é que a região e seus recursos minerais propiciaram uma cidade, que hoje sepreocupa intensamente com a possibilidade de exaustão desse processo industrial. É como pensar que todo essedesenvolvimento pode ter o mesmo destino dado ao famoso Pico do Cauê, ou seja, sua extinção.

Certamente, a cidade criou outros mecanismos de sobrevivência e oportunidades, mas, a possibilidade de retiradada Vale, com o fim da exploração do minério, pode significar uma nova transformação, já que o impacto econômico dacidade será muito grande. É o caso de se perguntar se a cidade e seus moradores estão preparados para novos tempos,onde a fartura dos recursos minerais já não existirá.

Por Géssica, Victor Blasques, Marjorie, Sabrina Souza, Samyr, Thiago e Rafael

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ENTRE O EFÊMERO E O DURADOURO

Page 6: Revista Confidências

Quem caminha pelo centro histórico de Itabira,

cidade hoje, com cerca de cem mil habitantes, e observa

verdadeiramente sua arquitetura, pode ter uma boa

demonstração do que foi a história de sua construção.

Casarões e igrejas de 1891 ―contam‖ que,

naquela época, ainda em Itabira do Mato Dentro, a vida

de numerosas famílias girava em torno de uma economia

voltada para o tropeirismo, o comércio, e a indústria,

como as fábricas de tecidos Girau (1816) e Pedreira

(1888).

Itabira, revivendo sua história, projetando seu futuro.

A partir de 1941, o município passou a se chamar “Presidente Vargas”. Quatro anos

depois, após uma forte e movimentada campanha promovida pela população, Vargas voltou a se chamar

Itabira, fazendo jus à sua riqueza original, geradora do pregresso: a tal ―pedra que brilha‖ que no aspecto

econômico teve seu desenvolvimento garantido pela extração do minério de ferro.

Tal feito foi alvo de inspiração para o poeta maior Carlos Drummond que deixou sua terra natal

para anunciá-la ao mundo. ―Itabira é apenas um retrato na parede‖. Em versos, contou a sua história,

vivida desde a infância.

O impulso econômico, através da presença da Companhia Vale do Rio Doce, hoje Vale, trouxe

realmente grandes realizações para a população nas áreas culturais, educacionais, de saúde e turismo.

Em pauta, nos dias atuais, o que se discute é: e o futuro da cidade? Como garantir a

sustentabilidade diante de um recurso não renovável? Como preservar a vida e garantir a diversificação da

economia?

É importante acompanhar os feitos dos políticos que comandam o destino do município. Mais

importante é que façamos nossa parte, agindo e contribuindo para que a cidade sobreviva e cresça ainda

mais.

‘Confidências de um Itabirano’, poema exposto no mirante do

Pico do Amor

Foto

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Por Henrique Macedo, Carolina Fonseca e Sabrina

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ENTRE O EFÊMERO E O DURADOURO

Page 7: Revista Confidências

Por Lucas Assis, Robson Ferreira Jr., Thalmer, e Ian Brandão

Alunos entrevistam a gerente comercial da CDL Itabira, Eline Moura, sobre as influências da Vale no comércio e em outrossetores de Itabira. Ela fala sobre a mineração em Itabira junto com seus benefícios e malefícios.

Confidências...: Quais os benefícios que a Vale trouxe para a cidade?O poder aquisitivo da população itabirana. A partir do momento em que as pessoas estão empregadas, elas podem adquirir

bens materiais, o que contribui para o crescimento econômico de Itabira, além de levar o nome da cidade para fora.

Confidências...: Como a mineração influencia no comércio itabirano?A partir do momento em que temos uma empresa do porte da Vale em Itabira, o número de empregos é bem maior. Então se

as pessoas têm emprego, quer dizer que elas têm renda, e se têm renda elas têm como comprar. Isso influencia diretamenteno comércio.

Confidências...: Por que o desenvolvimento das grandes cidades ainda não chegou à Itabira?Esta é uma questão voltada para os governantes da cidade; por exemplo, Itabira agora tem uma grande possibilidade de ter

uma siderúrgica, e isso vai depender do interesse dos governantes. Se isso acontecer Itabira vai se desenvolver mais ainda.

Confidências...: Por ser uma das cidades que mais arrecadam impostos em áreas que praticam a mineração,Itabira não é a mais desenvolvida. Como esse dinheiro é utilizado na cidade?A Vale tem uma parceria com a prefeitura que consiste em retirar os projetos do papel e colocá-los em prática. A grande

reforma do Hospital Nossa Senhora das Dores, por exemplo, foi realizada pela Vale.

Confidências...: Um assunto que vem sendo discutido pelos itabiranos, mas sem muita ênfase, é a questão dofim do minério e com isso o fim da Vale na Cidade. Com um possível término desse minério, o que será deItabira principalmente na questão econômica e de desenvolvimento?Há muito tempo se fala no fim do minério, mais foi constatado que há minério para muitos anos ainda, então o minério não

vai acabar agora. Recentemente teve início um novo projeto: o projeto Itabiritos na Mina de Conceição. Pega-se o rejeito dominério para poder conseguir recursos com ele. Estima-se a geração de dois mil empregos até o ano que vem.

Confidências...: Em questão de saúde, quais os danos que a inalação do minério de ferro pode causar?A questão da saúde é mais complicada. Em meses sem chuva, a gente vê o quanto a população sofre porque o ar está maisseco. Apesar de a Vale hoje se preocupar muito mais com o meio ambiente, infelizmente ela não faz chover.

Confidências...: Como seria Itabira se a Vale não tivesse se instalado aqui?Ela seria bem menor, não teria se desenvolvido tanto.

ENTREVISTA

A Vale e o desenvolvimento de Itabira

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Page 8: Revista Confidências

ARTIGO

Enquete realizada na cidade mostra que os cidadãos estão por fora quando o

assunto é política e participação social

Política, definitivamente, não é um assunto que agrada facilmente a todos, talvez por sua

complexidade no entendimento ou pela imagem que nos vem à cabeça logo que pensamos no governo, nos

impostos, nos deputados, senadores e vereadores corruptos espalhados por aí. Isso, é claro, não significa que

se trata de um tema menos importante do que outros mais atrativos, como música, futebol e televisão.

Uma enquete realizada em Itabira (MG), em que foram entrevistadas 50 pessoas, de ambos os

sexos, com idades entre 18 e 70 anos, nos dias 22 e 23 de Julho, sobre o nível de informação dos cidadãos

nas decisões tomadas no município, revelou exatamente essa falta de interesse explanada acima.

Infelizmente, isso já era esperado, convenhamos, já que se trata de um assunto nada atraente e muito pouco

presente no cotidiano da maioria da população.

Quando perguntadas se assistem às reuniões da Câmara, apenas 10% das pessoas responderam

que sim. Confirmando a triste verdade de que alguns cidadãos sequer sabem em quem votaram, a maioria

dos entrevistados responderam que não se lembram dos representantes que escolheram.

Além disso, ficou evidente também que o cidadão itabirano não se organiza em associações de

classe para reivindicar os seus direitos. Dos entrevistados, apenas 20% declararam participar desse tipo de

organização. Não é de estranhar que somente uma mínima parcela da população (7% dos entrevistados) já

tenha pedido à Câmara de Vereadores a criação de projetos que visassem à melhoria dos bairros onde

moram.

Todavia, o fato de não participarem das decisões no município não quer dizer que os itabiranos

desconheçam os problemas da cidade ou que não sejam afetados por eles. Quando inquiridos sobre isso,

foram citados vários problemas, da poluição (resposta de 7% dos entrevistados) aos relacionados à saúde,

apontados por 27% das pessoas.

Como podemos ver, os problemas são muitos e o desinteresse é evidente. Mas e se essa realidade

fosse diferente? E se as pessoas se interessassem mais pelo o que acontece no seu município? Talvez serviços

que são considerados precários na cidade, como a saúde pública, a poluição e a educação municipal

pudessem ser cobrados com mais seriedade se a população estivesse devidamente informada sobre os

problemas e suas respectivas soluções, fazendo com que estes fossem resolvidos com mais rapidez e

eficiência pelo poder público que, uma vez pressionado por essa população, não poderia maquiar suas ações

encoberto pela ignorância. Essa poderia ser uma maneira de os cidadãos participarem do que acontece no

seu município e perceberem o efeito que as ações tomadas pelo governo vêm trazendo para suas vidas.

Por Renato Nepomuceno

ARTIGO

O Itabirano participa das decisões sobre a cidade?

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Page 9: Revista Confidências

Por Camilla Lage, Gabriela Pereira e Larissa Coelho

Crescemos em uma sociedade em que muito se fala em política — muitas vezes malrotulada, rejeitada e taxada como politicagem —, mas poucos procuram saber o papel exercido pelospolíticos, acompanham a criação e propostas de projetos de lei, se estão sendo realizados serviçosnecessários e eficientes. Muitas vezes julgamos alguns políticos de corruptos, sem ao menos saberde suas verdadeiras participações políticas. Mas e a nossa parte, onde fica? Podemos cobrar o nossovoto? Podemos mudar ou melhorar o governo? Como?

Primeiramente devemos saber qual é a função de nossos governantes. O governo tem odever de trabalhar a favor da população, seja em nível municipal, estadual ou federal, visandosempre a melhorias na saúde, na educação, na economia e outras áreas. Para isso, primeiramente,devemos escolher bem nossos candidatos em quem pretendemos votar, pois são eles que vão nosrepresentar, que defenderão nossos interesses, que buscarão e conquistarão benefícios para toda asociedade. É ai onde começamos nossa decisão: pelo nosso voto. A conscientização da populaçãopara o voto certo é a melhor maneira de impedir um candidato corrupto se eleger, por isso devemosprocurar saber as suas propostas e sua participação política. Assim escolheremos bons candidatos epoderemos construir uma sociedade e um país mais justos.

Imaginamos então que assim funciona a democracia. Votamos e está tudo resolvido.Perguntamos às pessoas o porquê de votarem, e várias responderam ser por obrigação. A grandemaioria não soube responder a isso, pois 57% das pessoas não se lembram em quem votaram nasultimas eleições, fato que comprova a inconsciência das pessoas ao ir a uma urna. Elas não sabemque é importante, também, participar das decisões e se informar das melhorias de que seucandidato participou e que nós somos os primeiros a apelarmos por mudança.

A nossa participação também pode mudar decisões. Estamos elegendo pessoas para cuidardo nosso dinheiro suado que ganhamos por cada mês de trabalho, nada mais justo é querermossaber para onde ele está indo. Uma forma de se inteirar das decisões políticas é nas reuniõesabertas à população, na câmara de vereadores de nossa cidade. Nestas reuniões a população podeapresentar seus projetos e na tribuna discuti-los; pode se juntar e formar associações de bairro efazer valer os direitos tão falados, mas muito pouco respeitados na prática. Outra maneira departicipar é por meio das enquetes disponíveis no site do Senado. Com apenas um clique já teríamosuma importante participação.

Com pequenos atos, pequenos esforços, mudamos nosso cotidiano, fazemos valer nossosdireitos. É cobrando de nossos candidatos que nos representem bem que melhoramos nosso dia adia, que mudamos nossa realidade e acabamos com os problemas em que nossa sociedade estáenvolvida.

Independente de sua opinião sobre o governo, sobre a política e sobre partidos, é precisolembrar que a participação popular faz prevalecer a democracia, e que todo o desenvolvimento danossa cidade e do nosso país está em nossas mãos. Por mais que não nos interessemos, é precisoescolher bons candidatos, mas para isso é necessário que estudemos seus planos de governo,pensemos bem em suas propostas e votemos. Afinal, é votando que ajudamos estabelecer ademocracia e podemos cobrar melhorias. Só lamentamos por aqueles que não se conscientizam edeixam escapar tudo entre os dedos.

O poder em nossas mãos

ARTIGO

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Um novo Parque da Água SantaPor Anna Clara Santiago, Cynthia, Leonardo e GrazzianoColaboradores: Lucas Lima, Rayandra, Jhayne e Ingred.

Localizado no Parque Municipal da Água Santa, que ocupa uma

área de 12 mil metros quadrados, em pleno centro da cidade, o Poço daÁgua Santa faz parte do Museu de Território Caminhos Drummondianos,com a placa-poema ―Banho‖, de Carlos Drummond de Andrade. As águasque brotam no Poço da Água Santa são oriundas de fraturas de rocha oufalhas geológicas de grande profundidade e possuem temperaturaselevadas. Na água que jorra não existe poluição, mas, com o esgoto queé despejado ali, a água fica poluída.

A situação do Parque Natural Municipal da Água Santa éconsiderada no mínimo deplorável. Nele, encontra-se todo tipo delixo, desde chicletes até pacotes de preservativo. Todo material seencontra em locais indevidos mesmo havendo lixeiras e uma empresaresponsável pela limpeza. Há no parque, também, um esgoto que, pornão estar canalizado, se mistura com as águas térmicas da nascente.Outro problema do lugar é um vagão completamente abandonado queserve de dormitório para os moradores de rua que convivem com o maucheiro, a sujeira e principalmente o descaso por parte dos governantesda cidade que não cuidam do patrimônio público.

Recentemente foi aprovado um projeto de revitalização da área, e seu objetivo será reformar e adequar o vagão de tremcedido pela Vale. O vagão, como um Centro de Visitantes do município de Itabira, será um local estratégico e sede de apoio físicopara o desenvolvimento de uma série de atividades e programas de informação turística em Itabira e região.

Uma das importantes funções e objetivos desse Centro será propiciar a aproximação dos visitantes com atrativos naturais,culturais e históricos do município, permitindo que estes se familiarizem com tais atrativos e tenham interesse em visitá-los,contribuindo para maior troca cultural entre o visitante e a cidade, bem como a região na qual Itabira se encontra.

O Centro de Visitantes de Itabira objetiva ainda, de acordo com a Secretária de Urbanismo, mostrar ao visitante o significadodos diferentes atrativos de uma região, sua importância na preservação do patrimônio natural e cultural local e seu equilíbrioecológico, além de apresentar as características específicas do município visitado, com o fim de motivar o visitante para a visita e, aomesmo tempo, chamar a atenção para sua diversidade cultural, histórica, artística e arquitetônica.

O projeto executivo apresentado se refere à arquitetura interior e exterior do vagão, bem como o desenho dos móveis eequipamentos que o comporão e a sua disposição, com um valor total de aproximadamente R$100.000,00. O projeto foi feito pelaSecretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo e aprovado pela Prefeitura Municipal de Itabira

PROJETO ESPECÍFICOO Centro de Visitantes do município de Itabira será implantado na área externa do Parque Natural Municipal da Água Santa,

em um vagão de trem cedido pela Vale, próximo a um barracão e banheiros que serão reestruturados de acordo com o projeto. Terádecoração e equipamentos projetados dentro do estilo ―retrô‖ e seu planejamento interior será interpretativo. Dessa forma, adisposição dos equipamentos foi planejada de forma a convidar o visitante à exploração dos diferentes espaços do vagão econhecimento dos atrativos e história do município.

Croqui de localização dos espaços integrantes do Centro de Visitantes de Itabira

MEIO AMBIENTE – ENTRE A REALIDADE E O SONHO

Sujeira e descaso encontrados no Parque da

Água Santa

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Page 11: Revista Confidências

De acordo com a Secretária de Urbanismo, Marina Araújo, esta deve ser aparência do projeto após seu término.

O Barracão será o escritório administrativo do Centro de Visitantes e do Parque Municipal da Água Santa. A função desseespaço será recepcionar grupos maiores de visitantes, como escolas e excursões. Concebe-se também esse espaço como um localque abrigará palestras, pequenos eventos, oficinas, cursos e reuniões de interesse turístico do município. Os banheiros externos,que já existem, serão reformados para que possam ser utilizados. A área externa e interna do vagão será reformada e dentro deleirão construir uma cafeteria, além da exposição de diversos equipamentos de apoio à informação turística do município (mapas,fotos, quadros, vídeos). Será um espaço de convivência entre os visitantes.

Em uma entrevista concedida aos alunos do Colégio Nossa Senhora das Dores, o responsável pela Secretaria Municipal deObras, Sr. José de Arimatéia Ferreira, esclareceu os detalhes do projeto de revitalização e preservação do parque.

Um dos pontos destacados pelo entrevistado foram os problemas em Itabira quanto ao turismo. A Associação Turistíca deItabira Carlos Drummond de Andrade – ATCDA, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, se responsabilizapelo projeto do Parque da Água Santa.

Segundo o Sr. José de Arimatéia, o projeto está na fase final da execução estrutural, já que, para ser aprovado, passoupor inúmeras fiscalizações, como a apresentação do projeto elétrico e o hidrossanitário, para ser apresentado à Caixa, paraliberação dos recursos.

Um dos sérios problemas do parque é que ali deságua uma rede de esgoto que se mistura com a rede pluvial limpa quevem da nascente. De acordo com as informações cedidas, o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) já fez uma coleta doesgoto por via da tubulação, mas ainda há registros do lançamento de esgoto dentro da rede pluvial que cai dentro desse cursode água. Um trabalho de pesquisa já foi feito para identificar de onde é lançado o esgoto, mas muitos moradores próximos aoparque não entendiam, nem acreditavam neste trabalho, pois pensavam que a pesquisa era uma forma da prefeitura captar maisimpostos.

Perguntado se o parque não tinha sido recuperado antes por falta de planejamento, o secretário argumentou que anecessidade de recuperação veio em função de um ataque de vandalismo ao local. Com relação ao planejamento, esse existedesde que o parque foi criado. O secretário afirmou que o desvio da função do parque é consequência da falta de atividadesrecreativas e culturais, já que uma área não utilizada, naturalmente, é aproveitada por alguns cidadãos para desenvolverem açõescríticas, como o vandalismo.

Após a restauração, que deve começar depois do período das eleições, o parque contará com um sistema de vigilância.Uma vez que o Parque da Água Santa é um patrimônio cultural, deve ser preservado de vandalismos e outros tipos de ataques,para que turistas e cidadãos possam aproveitá-lo de forma devida.

O descaso dos políticos e a ausência de zelo por parte dos itabiranos já foram suficientes para a destruição parcial doparque, e agora a burocracia não bastará como desculpa para adiar as obras para um futuro que nunca chega. A área do parqueprecisa ser reformada, bem como preservada, já que o Parque Municipal da Água Santa também se inclui na história de Itabira.Caso o projeto se concretize, a participação da população na preservação do parque será primordial para evitar que ele se definhenovamente.

Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo

MEIO AMBIENTE – ENTRE A REALIDADE E O SONHO

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Confidências...: Por que o Poço da Água Santa ainda não foi recuperado?

O Poço da Água Santa na verdade é uma praça que oficialmente é um parque, mas as dimensões delesão tão pequenas que nós temos praças na cidade que são maiores do que ele. Ele tem uma grandeimportância pelo fato dele ser um dos Caminhos Drummondianos e estar no hino de Itabira, mas o queacontece é que lá há um problema ambiental: a cidade é muito antiga, e uma parte dela, ali no MoinhoVelho no fundo do Pará, foi construída há muitos anos. Então existe, naquela região, uma série deesgotos clandestinos que não estão ligados na rede principal, ou seja, na rede que faz a interceptação doesgoto. O SAAE já tentou, me parece que por duas vezes, estar caçando este esgoto e separando-o, masmesmo assim ainda existem esgotos de algumas daquelas casas que se ligam ao córrego da Água Santa.(...) Então o que precisa ser feito são trabalhos de caça esgoto naquela região do Moinho Velho eChacrinha para encaminhá-los até o interceptor.

Confidências...: Já existe uma proposta para este programa de caça esgoto acontecer?

É isto a gente discute e o SAAE já tentou fazer este trabalho lá uma vez. Conseguiu tirar algunsesgotos, mas ainda existem esgotos para serem retirados. (...) existe uma dificuldade de fazer estetrabalho: às vezes o morador da casa não aceita a vistoria das pessoas para ver qual a direção que oesgoto dele está tomando, então ele responde para as pessoas do SAAE que o esgoto dele está certo eeste está ligado com a rede. Então o que a gente já conversou e propôs é montar uma equipe com opessoal do SAAE, da Secretária de Obras, da Secretária de Meio Ambiente e fazer uma educaçãoambiental, um trabalho de conscientização na região para encontrar uma facilidade maior ao abordar asresidências e levantar estes esgotos que ainda caem curso da água do córrego da Água Santa.

Confidências...: Faz pouco tempo que estes esgotos estão caindo no canal do Poço?

Não. Há muitos e muitos anos, pois, como é uma região muito antiga, em várias casas o esgoto foiconstruído e levado para o curso d‘água. Inclusive se vocês forem ao parque verão no canto do barrancoque está passando um cano que serve como interceptor para o esgoto.

Confidências...: Dizem por aí que o Poço da Água Santa está sendo usado como pontopara uso de drogas e de prostituição. Qual a posição da Secretaria quanto a este usoindevido do local?

Qualquer local público, em qualquer lugar e em qualquer cidade, se não tiver uma vigilância, umamanutenção constante, vai ter vandalismo, muito vandalismo. Essas áreas são públicas e passam a serusadas por aquelas pessoas que a gente vê lá. Então qualquer área pública na verdade ela precisa tervigilância, pois mesmo que, com vigilância o vandalismo não deixe de acontecer, ele acontece em menorproporção.

Arnaldo Edgar Lage Silva, quarenta e oito anos deidade, responsável pela Secretaria Municipal deMeio Ambiente, trabalha com a questão do meioambiente há mais ou menos vinte anos. Ementrevista, ele falou aos alunos do Colégio NossaSenhora das Dores da reforma do Parque da ÁguaSanta.

Por Rayandra, Jhayne e Lucas Lima

ENTREVISTA

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Confidências...: Por que ainda não foram colocados seguranças no Poço da Água Santa?Na verdade é necessário que o poder público mantenha a vigilância lá dentro do parque.

Confidências...: Tem o custo muito alto manter esta vigilância no parque?Tem. Tudo tem um custo. Por exemplo, nós temos um custo lá com o Parque do Intelecto, pois nós

temos vigilância. Se não tiver, vai ser tudo destruído como já foi em outras épocas. Já tivemos lá noParque do Intelecto, nas instalações antigas destruição de muita coisa, arrombamento de porta,destruição de janela, roubo de porta, de vasos sanitários, de cerca, e hoje lá nós temos vigilância emtodas as extremidades do parque. Se nós quisermos manter o Parque do Intelecto bem cuidado, temosque ter vigilância e tem que ter uso. Então no parque da Água Santa o que falta é uma manutençãoconstante, e desta manutenção deve constar a vigilância.

Confidências...: Então a solução para o Poço seria ter uma vigilância lá dentro?A vigilância só não resolve. Faz parte da manutenção, porque além de vigilância tem que haver uma

pessoa para cuidar dos jardins, tem que ter um grupo de pessoas para fazer limpeza, para podar asárvores, para fazer manutenção da cerca, e tem que ter a conscientização da população. Na verdade, euconheço um projeto que foi aprovado pelo CODEMA há pouco tempo junto com a Secretaria de Turismoque visa a reformar o vagão, reestruturar a região para atendimento ao público. Então tudo isso envolve amanutenção e a vigilância, senão qualquer projeto que se implantar lá vai ser destruído.

Confidências...: Então a solução do problema está neste projeto aprovado pelo CODEMA?A Secretaria está com esta proposta de desenvolver este projeto lá no parque; não sei se será a

solução do problema.

Confidências...: Vai ser implantado este ano ainda?Eu não posso dar certeza, porque das datas ainda eu não sei para falar.

Confidências...: Em qual aspecto a poluição do Poço tem afetado o Meio Ambiente e avida dos Itabiranos?

Na verdade, na vida dos Itabiranos o que afeta é não haver um parque para visitar, um local gostosode estar que é parte da história da cidade. Então eu acredito que o aspecto é a questão histórica: seperde na verdade um ponto histórico, uma vez que não está tão bonito. Se você olhar a parte devegetação e da infraestrutura que tem lá com escadarias, você consegue chagar a um lugar bonito. Issoprejudica porque há um sentimento ruim na hora em que se chega e se vê o esgoto passando dentro docórrego da Água Santa.

Confidências...: Não está sujando a imagem de Itabira o Poço não ser recuperado?É claro. Qualquer coisa que não está correta prejudica a imagem da cidade. Não só o Poço, mas

qualquer lugar público que não estiver sendo bem cuidado prejudica a imagem da cidade.

Confidências...: Existe um site de turismo que fala que o Poço da Água Santa é um localbonito para as pessoas visitarem, mas esta afirmativa do site não pode ser comprovada hojeporque o Poço não está mais conservado. Desta forma a cidade não está deixando de crescerpor meio do turismo correto?

Claro. Qualquer lugar público que não estiver bem cuidado contribui para prejudicar a imagem dacidade. Na verdade, se você pegar o artigo 225 da constituição irá ver que cabe ao poder público e acoletividade o dever de conservar e cuidar do meio ambiente. Desta forma, nós como cidadãos tambémtemos nossas obrigações e nossos direitos sendo que para cada direito existe um dever. Nós temos quecobrar que as coisas sejam bem cuidadas e bem feitas, mas nós também temos que entender que atemos obrigação e temos que participar deste cuidar e ter este respeito com o meio ambiente.

ENTREVISTA

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Page 14: Revista Confidências

Entenda melhor o porquê da desapropriação da região da Vila Paciência pela Vale.

Quando a Vale foi privatizada, o maior temor da

população foi que as minas de ferro se esgotassem e que aempresa se retirasse da cidade, deixando muitosdesempregados.

Hoje, vemos uma situação oposta. Com a onda deexportação de minerais, Itabira voltou a ser a maiorexportadora de minério de Minas Gerais, só que agoraconvive com um novo problema: até quando a mineraçãopode ser positiva para a cidade?

A Vale, a par da preocupação de muitos itabiranos,deu o pontapé inicial nesse novo momento deprosperidade ao negociar a desapropriação, por meio deindenizações, de 200 casas nos bairros da Vila Paciência eVila Cisne, localizados próximos à Mina Cauê, que continuasendo o principal ponto de extração de recursos naturais,com o plantio de árvores na área, conhecido como oCinturão Verde.

O cinturão verde corresponderá a uma área verde depreservação da natureza da cidade, feita através doreflorestamento, que se encontra em seu entorno comdiferentes objetivos, desde a preservação dabiodiversidade, ao estímulo de atividadesautossustentadas.

Porém, há controvérsias sobre o que chamamosde Cinturão Verde, já que, na região onde se localizamos bairros da Vila Paciência e Vila Cisne, segundo o diretorda Funcesi – Fundação Comunitária de Ensino Superior deItabira – o senhor José Carlos, o que a Vale está fazendoatravés da desapropriação é uma Zona de Amortecimento.

Com o conceito parecido com os do cinturão verde, aszonas de amortecimento correspondem a uma área noentorno de uma unidade de conservação onde asatividades humanas estão sujeitas a normas e restriçõesespecíficas com o propósito de minimizar os impactosnegativos sobre a unidade, ou seja, a principal diferençaentre ambas é que, na zona de amortecimento, somenteuma área específica é protegida dos efeitos da poluiçãoprovocados pela mineradora, ao contrário do cinturãoverde, que deve contornar a cidade como um todo.

Os moradores reclamam que as residências sofrem como efeito da mineração e que muitas apresentamrachaduras e outros problemas devido às explosõesconstantes que acontecem na área da extração.

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Vista da cidade de Itabira do Mirante do Pico do Amor

Além dos problemas que surgiram nas casas, devido àsconstantes explosões, a poeira causada durante a retirada dominério também tem sido um motivo para a existência doprojeto, já que um dos benefícios do cinturão verde é arecuperação atmosférica.

A preservação da biodiversidade também é apresentadacomo um forte argumento para a implantação projeto, já que acidade conta apenas com a Mata do Intelecto para apreservação de aves e animais mamíferos como os macacos,que frequentemente são vistos pela população.

As desapropriações estão quase concluídas. Dos 200 imóveisprevistos, 193 já foram desapropriados, sendo a maioria muitopróxima a uma linha férrea da empresa.

O projeto tem como objetivo principal melhorar a qualidadede vida da população itabirana, com uma diminuição da poluiçãoatmosférica, e também da biodiversidade local, que terá umamaior área verde.

Agora há outro problema a resolver. Existe um empecilhopara finalização das desapropriações, causado pela dificuldadede acordo entre a mineradora e os proprietários de imóveisquanto ao valor oferecido como indenização. Todavia, asnegociações prosseguem e, ao que tudo indica, a via judicialserá a única alternativa para se chegar ao valor indenizatório.

Por Ana Carolina, Ana Clara Simões, Filipe, Hugo, Juliana Barbosa e Maria Tereza

REPORTAGEM

A polêmica do Cinturão Verde

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Page 15: Revista Confidências

Adote o VerdeWaldênia Maria de Souza acredita que sem parcerias é impossível resolver os

problemas ambientais itabiranos

Confidências...: Existe algum conhecimento da prefeitura sobre asituação do parque da água santa?Sim, a prefeitura está ciente da situação do Parque da Água Santa, mas semparceria não adianta a prefeitura fazer uma ação, pois logo depois do trabalho,ao invés da população estar ajudando com a preservação, está é danificando-o.

Confidências...: Por que o parque está tão abandonado?Ele nunca esteve abandonado. Sempre acontece uma vistoria da prefeitura aolocal, só que eu não posso garantir à população que sempre ao passar peloparque o verão sem lixos espalhados, com o mato podado, sem pichações, masgaranto que os serviços adequados estão sendo feitos.

Confidências...: Quais medidas poderiam ou vão ser tomadas?Encerrando no mês de agosto já tivemos 6 visitas da prefeitura ao local para alimpeza. Estamos também fazendo um projeto com os presidiários no qualcontamos com 12 ajudantes para a realização dos trabalhos de capina, roçageme pinturas. Com o projeto ―Adote o Verde‖, a prefeitura de Itabira visaestabelecer uma parceria com o empresariado e entidades da cidade, para quejuntos possam manter praças e jardins cada vez mais bonitos.

Por Clara, Isabela Monteiro, Juliana Oliveira e Natália

ENTREVISTA

Confidências...: Qual a forma de organização da Secretaria para solucionar os problemas ambientais emItabira?Os problemas ambientais em Itabira são analisados pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, mas sempre que podemos,juntamente a eles, realizamos pequenas ações, mas não menos importante como, por exemplo, a plantação de 1200 árvoresna Avenida Li Guerra no Bairro Praia.

Confidências...: Quais outras ações realizadas pela secretaria para a melhoria da cidade?Sempre lutamos para deixar Itabira cada vez mais bonita. Reconstituímos o piso de praças como, por exemplo, a Praça doRotary, no Bairro Amazonas, e a Praça Acrísio Alvarenga, mas infelizmente ao passar por lá vi que estava novamentedestruído. Toda semana mandamos um caminhão-pipa à Praça do Areão para que este faça a limpeza do vagão, que costumaestar muito sujo por falta de higiene das pessoas. Percebemos, com isso, que a prefeitura tem que ficar à frente da situação,mas não adianta nada se não tivermos a colaboração de todos.

Atual situação do vagão no Parque da Água

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Santiago

Você já passou pelo poço da água santa e viu como ele está? Mas você já fez algo para melhorá-lo?

Apontar problemas realmente é fácil, porém resolvê-los é uma tarefa bem mais difícil. Para Waldênia Mariade Souza, um trabalho feito em parceria se torna mais dinâmico e eficaz. Chefe de Departamento deServiços Urbanos em Itabira, Waldênia afirma que estão sendo realizados projetos a fim de que ocorra umamelhoria no município, mas, para isso, deve haver a conscientização da população. Do seu departamento,ela conversou com alunas do colégio sobre trabalho dela.

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Page 16: Revista Confidências

ENTRE PAREDÕES e montanhas – um outro olhar

Uma Cidade toda ParedãoPor Grazziano Santos

Se formos ao centro de Itabira e buscarmos os horizontes da cidade, veremos os prédios, o real, o

material. Daremos conta do que é óbvio, concreto. Mas se expandirmos a visão, veremos que estamoscercados. Cercado por imensos paredões. Montanhas de ferro desgastadas ao longo dos anos e que marcama cidade como cicatrizes em um rosto. Estamos no meio, no centro; enclausurados...

Há um século, um tímido homem já pensava dessa forma. Um itabirano que nas suas confidências jáfalava em paredão:

Paredão

Uma cidade toda paredãoParedão em volta das casas.Em volta, paredão, das almas.O paredão dos precipícios.O paredão familiar.Ruas feitas de paredão.O paredão é a própria rua,onde passar ou não passaré a mesma forma de prisão.Paredão de umidade e sombra,sem uma fresta para a vida.A canivete perfurá-lo,a unha, a dente, a bofetão?Se do outro lado existe apenasoutro, mais outro, paredão?

E, como ao se colocar um espelho sobre uma foto se tem aquela metade refletida, tem-se um paraleloentre as sociedades de ontem e de hoje, distantes pelo tempo, mas igualmente estagnadas nele. Ainda sevive cercado por paredões que isolam a cidade de um mundo diferente, o que, talvez o fato de estar isolada,faça com que ela fique parada no tempo.

Do ponto de vista econômico, Itabira é uma cidade que depende da Vale para cerca de 90% do seuPIB (Produto Interno Bruto). Feito marcante para a promissora Itabira do século XX, mas insuficiente para aItabira do século XXI. A Vale se instalou em Itabira no ano de 1942 e desde então vem se desenvolvendosobre vários aspectos, mas e o itabirano? Acompanhou esse desenvolvimento?

Quanto à estrutura social, em Itabira pode se dividir a população em dois bem distintos grupos: deum lado, há aqueles que sabem dos acontecimentos, programações culturais e de lazer que a cidadeoferece; de outro, existem os que raramente têm acesso à informação e ficam sabendo dos eventos um mêsdepois de ocorrido. Isso mostra que, até em termos de interesses, a cidade é dividida.

Paredão na Rua Tiradentes, um dos pontos

turísticos de ItabiraFoto

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Page 17: Revista Confidências

Além disso, tem-se em Itabira uma notável carência de lazer e cultura. Uma tradição que já perduraquase um século. Mas nenhuma tradição pode ser mais forte que as necessidades e a razão do ser humano.Quiçá falte o interesse das pessoas, a vontade de expandir seus horizontes e perspectivas, de abrir suamente para novas ideias o que seria uma boa maneira de evoluir. Afinal, como disse Albert Einstein, ―a menteque se abre para novas ideias, nunca retoma seu tamanho original‖.

De um lado, o isolamento; de outro, um tamanho enclausuramento. Isso pode moldar apersonalidade dos cidadãos itabiranos. O fato de estar cercado por paredões materiais que os prendem nosimateriais. Nas paredes em volta das famílias, em volta das casas, em volta da alma. E, como a própriacidade, o indivíduo fica isolado, ―sozinho na multidão‖. E se esse estar sozinho levasse a pessoa a ficartriste, deprimida? Não seria essa uma possível linha de raciocínio para tentar explicar os altos índices desuicídio que Itabira apresenta?

Mas o bom é que para transcender a esses paredões, basta abrir a mente e passar a ver as coisas deoutra forma. Buscar o que há além dos paredões, pelo simples prazer de saber o que há do outro lado. E,então, esse tão peculiar cidadão itabirano não terá apenas seu minério para oferecer. Terá suas ideias. E nãoserá reconhecido apenas por ser conterrâneo de Carlos Drummond de Andrade, mas também por morar emuma cidade que valoriza sua cultura, o conhecimento, o lazer, as verdadeiras relações interpessoais e quequer seguir, como diria Drummond, de ―mãos dadas‖.

Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro.Estou preso à vida e olho meus companheiros.Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.Entre eles, considere a enorme realidade.O presente é tão grande, não nos afastemos.Não nos afastemos muito,vamos de mãos dadas.Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.O tempo é a minha matéria,o tempo presente, os homens presentes, a vida presente. Estátua de Carlos Drummond de Andrade ,

localizada no Mirante do Pico do AmorFoto

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16ENTRE PAREDÕES e montanhas – um outro olhar

Page 18: Revista Confidências

EM ITABIRA, há algo, além do minério, para se respirar...

A Cultura em Itabira

É muito comum, nas cidades do interior, a presença de

pessoas que marcam a identidade de sua cidade por meiode seu talento pessoal. E em nossa querida Itabira não édiferente. A presença de grandes artistas como, porexemplo, Rosa Márcia (cantora) e Ângela Inácio (atrizteatral), traz para nossa cidade uma riqueza cultural aindamaior.

Mas, como em toda cidade do nossoterritório nacional, existem as dificuldades relacionadas àfalta de apoio para acontecerem as manifestaçõesartísticas. Segundo dados de artistas da cidade de Itabira— que foram entrevistados —, a realidade de nossa cidadenão foge muito do parâmetro nacional. De acordo com acantora Rosa Márcia, artista itabirana, ―A PrefeituraMunicipal de Itabira deveria ter uma participação maisativa no apoio às manifestações artísticas da cidade‖.

Hoje em dia, poucos artistas itabiranosconseguem sobreviver apenas de sua arte. Isso devido àmá infraestrutura que a Prefeitura de Itabira lhes oferece.Em uma entrevista, a professora, atriz e diretora de teatroÂngela Inácio disse o que ela acha da infraestruturafornecida pela Prefeitura. ―Quando se tem dinheiro,qualquer lugar se torna bom‖.

Isso indica que ainda falta a preocupação daPrefeitura em relação à melhoria da infraestrutura para osartistas da cidade. Mas, mesmo com todas essasdificuldades a serem superadas, os artistas itabiranos aindaestão otimistas e não pensam em desistir nunca, poisacreditam em seu talento, e muitos deles ainda têm aesperança de que um dia a arte e a cultura serão maisvalorizadas na cidade de Itabira. Conforme aconselha RosaMárcia: ―Lute pelo seu espaço! Corra atrás de seus sonhose invista sempre em aprimoramentos dentro do seu meioartístico.‖

Concha Acústica vista de cima no Mirante do Pico do Amor

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TULIO HENRIQUE E HIGOR MIGUEL

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Page 19: Revista Confidências

A cidade que respira poesiaPor Elias Gonçalves e Lorena

Itabira, cidade mundialmente conhecida através da poesia de Drummond, o maior poeta do mundo. Poeta esse que,por possuir uma grande obra, influencia artistas contemporâneos não só de Itabira mas de todo o mundo. Mas, Itabira, emrelação à arte, não vive só do nome de Drummond.

Nossa cidade respira poesia. Já faz parte da genética do povo itabirano o lirismo e as vocações artísticas de formageral. Recentemente, tivemos a oportunidade de acompanhar o 36º Festival de Inverno de Itabira, um evento lindíssimo, comapresentações de alguns de nossos conterrâneos e artistas renomados nacionalmente. Foram 20 dias inesquecíveis e quemassistiu às apresentações com certeza foi tocado pela emoção que só uma grande obra artística é capaz de provocar.

Entretanto, as manifestações culturais e artísticas devem ser proporcionadas à população itabirana durante todo oano, nas mais diversas formas, não apenas em um festival, que, por mais admirável que seja, dura poucos dias.

Drummond sem dúvida é um artista respeitável mundialmente, e ainda que muita gente se apegue à frase: ―Itabira,apenas um quadro na parede‖, o compositor, cantor e poeta Newton Baiandeira nos fala um pouco sobre fatos vivenciados porele: "Nas poucas vezes que ousei sair para São Paulo e Rio de janeiro ouvi de gente que rogava por ter um patrimôniohumano como Carlos Drummond de Andrade em sua terra natal e até quem achava um desperdício o poeta ter nascido aqui enão ter seu valor reconhecido. Nossa sorte é que aqui, felizmente, uma minoria que ainda pensa é assim. Eu entendo quetoda a minha paixão por Itabira e toda a minha obra, eu devo em grande parte ao nosso poeta maior."

Algo precisa ser feito para resgatar o gosto pelas artes! Uma forma de fazer esse resgate é a divulgação das obrasdos artistas locais, com o incentivo efetivo dos recursos municipais, e trazer para a cidade eventos, como o Festival, commaior frequência e maior participação da população. Temos um dos maiores teatros internos de Minas, que é o do CentroCultural, um ‗‘elefante branco‘‘, que recebe cinco espetáculos por ano e não é utilizado como um espaço cultural, onde artistasitabiranos poderiam apresentar obras de uma qualidade invejável, seja na poesia, na música, na pintura ou no artesanato.

A frase que deixo aos seus leitores é de um meu pequeno poema:Mestra, me deste a luz! Se a cruz ainda me pesa é que alguma lição ficou por fazer!

O Itabirano conhece sua cidade?

Itabira é carinhosamente apelidada pelos seus habitantes de ―cidade da poesia‖. É também conhecida por ―cidade doferro‖, já que foi palco da criação da Companhia Vale do Rio Doce em 1942.

Um estudo divulgado pela prefeitura, em 29 de abril de 2010, revelou que Itabira é a quarta cidade de Minas Geraisem qualidade de vida, comprovando o lema ―Cidade do Bem Viver‖. Itabira se destaca no reconhecimento artístico pela poesiade Drummond, sendo que vários poemas tematizam a cidade.Itabira é um lugar que possui pontos turísticos inumeráveis, oque mostra sua importância histórica, mas que vem sendo pouco aproveitados pelos habitantes que muitas vezes não têminteresse de conhecer a cidade onde vivem.

Visitar, participar e, principalmente, conhecer os pontos turísticos e tudo de bom que a cidade possa oferecer é maisque um direito, é um dever de cidadão consciente que se preocupa em usufruir ao máximo daquilo que contribua para o totalreconhecimento do lugar onde vive.

Fizemos uma enquete, no dia 25 de julho, e o resultado da enquete mostra que 64% dos entrevistados nãoconhecem os principais pontos turísticos (Poço da Água Santa, Pico do Amor, Memorial Carlos Drummond de Andrade,Fazenda do Pontal e a Casa de Drummond) apresentados pela enquete.

Por Alice, Helloine, Izabella Mota ,Pedro Henrique, Luizella

18ARTIGO

Page 20: Revista Confidências

Acorda pra realidade, a coisa é diferentePor Elias Gonçalves

―O Trem Que Leva Minas‖ é uma música de Newton Baiandeira, grande artista itabirano que, ao lado de Luiz Bira e RosaMárcia, coloca Itabira em uma posição privilegiada no cenário musical. Além de compositor Newton Baiandeira também é poeta, porque não dizer um de nossos orgulhos locais, que utiliza de todo lirismo de Itabira para realizar seu trabalho, seja na música ou napoesia, que caminham lado a lado, uma arte contemplando e complementando a outra.

Na canção ―O Trem Que Leva Minas‖, destacam-se suas qualidades de compositor, pois, por meio dela, ele nos conta opassado da cidade e retrata o presente, colocando, como elemento central e decisivo para as mudanças de nossa cidade, a atividademineradora.

Percebemos na canção várias figuras de linguagem, como comparações e metáforas, e até mesmo uma tendência românticacomo o saudosismo e o nacionalismo. Todos esses recursos enriquecem a obra e a atrelam a nossa realidade atual, levando-nos afazer uma reflexão, uma análise sobre as mudanças ocorridas na cidade.

Muitas vezes deixamos a reflexão para depois, porque não nos damos conta de que tudo o que foi perdido faz parte daidentidade itabirana. Esse trem que vai cheio, audaz e atrevido, sempre volta vazio, calmo, tímido, tentando passar despercebido aosnossos olhos. ―Acorda realidade/ A coisa é diferente!‖ Onde estão nossas matas, nossos tesouros que, até pouco tempo atrás, se viamda janela sem nenhuma dificuldade. Onde estão os homens e mulheres ―Usando calças verdes/ Camisas amarelas‖? Onde está nossaidentidade? Não podemos deixar de falar da maior perda. ―O trem que leva Minas levou nosso poeta, Carlos Drummond Andrade‖.Talvez toda a exploração tenha motivado Drummond a escrever levando o seu nome e o de Itabira para o exterior. Itabira se tornouuma cidade completamente dependente da Vale, não muito diferente de seus cidadãos, um povo que bate palmas sem saber, que secontenta com projetos que nunca saem do papel, com a péssima qualidade do ar, com uma universidade que trará inúmerosbenefícios para a cidade, mas que só veio atender às necessidades da mineradora.

Diante desse contexto, tendo sempre como guia ―O Trem Que Leva Minas‖, afirmamos que somente o desenvolvimentoeconômico não basta. É preciso resgatar a identidade do povo itabirano, a independência e, sobretudo, a alegria de viver, a coragemde bater no peito com orgulho e dizer ―Sou itabirano‖. Que o trem mudou nossa cidade não resta dúvida, mas, com certeza, deixou ogosto de saudade.

O Trem que Leva Minas é um olhar sobre a minha cidade, Itabira sua atividade mineradora, e sua relação apaixonada com ofilho mais ilustre, o poeta Maior‖ Carlos Drummond de Andrade.

O trem que leva minasTem fogo na caldeiraFumaça no cangoteTem lenha na fogueiraTem gosto de ferrugemTem cheiro de cirandaDe moças na janelaPor todas quinze bandasSonhar não tem limitesNem placa ―proibido‖Lá vai o trem mineiroAudaz e atrevidoSenão Vale do açoVale Do Rio DoceComo se a vida fosse um viajarE sai de ItabiraPassou Antônio DiasDrummond em Nova EraNa era da alegriaNa barra de IpatingaAcesita e CoronelLá vai o trem de minasFumaça pelo céuO trem parou de novoTenho três coraçõesUm de Belo OrienteUm de CachoeirõesO outro representaO topo da montanhaDe onde o olho arranha

Os chapadõesLá vai o maquinistaPassou em ValadaresLá vai o trem de minasFumaça pelos aresUm quê desritmadoNo coração da genteAcorda a realidadeA coisa é diferenteTão triste a gente ficaAo ver o chão de agoraLá vai o trem de mineiroVai por ai a foraE vai pelo impérioLotado de minérioE leva tudo pro exteriorAs coisas do passadoTêm gosto de saudadeMe lembro de ItabiraQuando era de verdadeUsando calças verdesCamisas amarelasAs matas e tesourosQue eu via da janelaO trem que leva MinasMudou nossa cidadeLevou nosso poetaCarlos Drummond de AndradeComprou a nossa almaUsou a nossa calmaE nós batemos palmas sem saber

O trem que leva MinasNewton Baiandeira

(Canção gravada em 1997)

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ARTIGO

Page 21: Revista Confidências

PORQUE HÁ O DIREITO AO GRITO…

Preconceito inibe a arte da dança

Como exemplo da falta de apoio à arte em

Itabira, podemos citar o preconceito que alunosda Cia de Danças Fiorentino sofreram no anopassado, em uma de suas apresentações. Comotodos os anos, a companhia promove um festivalde ritmos para a amostra de seu trabalho feitodurante todo o ano, mas os bailarinos nãopuderam se apresentar no Centro Cultural CarlosDrummond de Andrade, e, para justificarem estadecisão, alegaram que uma das modalidades, aDança de rua, não é cultura.

Com 18 anos exercendo este tipo de arte, aprofessora e proprietária da Cia, PolyaneFiorentino, relata nunca ter passado por umconstrangimento assim e lamenta: ―Infelizmenteos órgãos públicos da nossa cidade não têmvisão de cultura e desenvolvimento artístico‖.

Devido ao grande esforço e fé da professora,os alunos fizeram uma ilustre apresentação,prestigiada por mais de 2 mil pessoas no Centrode Eventos do nosso Colégio Nossa Senhora dasDores, mostrando os variados ritmos de dança, oque é raro assistir em nossa cidade.

Parabenizando nossa iniciativa e aoportunidade oferecida, a professora Polyanedeixa uma mensagem a quem está no caminhopara este meio artístico: ―Não desanime diantedos obstáculos, pois o sucesso é para aquelesque são vencedores diante de si‖.

E é assim, acreditando sempre, que esteincrível trabalho desenvolvido por ela estácrescendo e cada dia há mais espectadoresprestigiando-os.

A falta de apoio à dança e o preconceito sofrido por certas modalidades dessa arte inibem

a arte e o talento de muitos itabiranos.

Por Camilla Lage

Alunas da Cia. de dança Fiorentino

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Alunas da Cia. de Dança Fiorentino

Page 22: Revista Confidências

PAUSA PARA DIVERSÃO…

Itabira é um município carinhosamente apelidado por seus habitantes de cidade da poesia e possui belos pontosturísticos que valem a pena conhecer.

A Fazenda do Pontal, onde Drummond costumava passar as férias escolares. O Memorial Carlos Drummond deAndrade, que abriga exposições sobre vida e obra do poeta, está localizado no Pico do Amor, de onde se tem uma visãopanorâmica da cidade.

A Casa do Brás, localizada no Largo do Batistinha, abriga exposições e oferece diversos cursos e oficinas àcomunidade itabirana.

A Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, que tem esse nome em homenagem ao poeta maior, é umpolo cultural em Itabira e região.

A Casa de Drummond é um centro histórico, onde o poeta morou até os 12 anos de idade.A Mata do Intelecto é um parque que funciona como área de lazer, cultura e educação ambiental.O Poço da Água Santa, ponto turístico do município, atualmente abandonado, é citado até no hino da cidade.A Cachoeira Alta se destaca pela beleza e pelos seus poços perfeitos para banho.Está vendo? Há muitos lugares interessantes que contam um pouco da história de Itabira. Você não pode deixar de

conhecer estes e muito outros!Por agora, procure-os no caça-palavras.

Caça-palavras:

I N K G A B I K U V G C C S A N T A A P C K J G H O K N C C P O Q E N D N Y X H

O A C E N T R O E F V D P N G K J W A I G E C F S N H R J L E N N O G L J P W F

A M D U U V T B A K Z T H G O O A M Q A X O P U X R T M E Y I U D W U D R B Q D

X O E N O Q E H H I V Z G A L C M I K H E P X L L E M I A M T V N H D D A M Z R

F Q O X E Y P Q T F E D K B T I L V A N E D R W Q T P Y N Z Y Y O L I Z A R O U

A P D A L Z S A G G B A S R E P O X J I L F U C G A U E K P T A U C G I Y F X M

S H E M J H A I T X E Y V L R F V P L T P N L V J Y C R N C M M C S C L Q K F M

C C V Y U G S F C L A X U R C W W L O S U B X U G Y P F A X K E G W G M Z U G O

T L Q Z W A M E M O R I A L Q S F I B I B I O C S B J B C L Q O M E D Q K T S N

M D Z V L E A A D Z V M Q T K T C E H T N M A A C S D R T Y O F D O B B N M K D

C R T A V G P I X E J E J L Z J J V Y A K D N I N T E L E C T O H A R P X I H O

R G R C A C H O E I R A B I Q I B W J B J P O G D E H A K X K G D C Z I M S E Q

I D L C J K U R T N Q R O Y I A S A C B X Q P F H J Y H F F H P Z P U N A L X W

CONTINUE DIVERTINDO-SE e leve Carlos Drummond de Andrade até

a casa dele!

Por Juliana Oliveira, Clara, Natália, Isabela Monteiro

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Page 23: Revista Confidências

ARTIGO

O que falta para o jovem em Itabira?Para os jovens, falta quase tudo

O público jovem, com o tempo, se tornou um forte

formador de opinião e cobra com mais frequência seusdireitos e exigem que atendam às suas necessidades. Emuma conversa com jovens, que moram em Itabira, foipossível perceber que eles não estão satisfeitos commuitas coisas na cidade. Eles alegam que o governo localnão se preocupa com seus interesses, uma vez que tudo évoltado diretamente para a economia e o desenvolvimentofinanceiro.

A cidade não oferece uma boa infraestruturapara o lazer dos habitantes mais novos. Faltam não sólanchonetes, cinemas, shoppings, mas também cultura —salas de teatro, música, leitura —, porque, muito diferentedo que se pensa, os jovens não estão preocupadossomente com festas e baladas. Eles também pensam nofuturo, na evolução intelectual, no conhecimento demundo e é justamente isso que os torna tão exigentes.

Provavelmente o que mais leva o jovem acrer que os governantes não se importam muito com elesé que os lugares para realizar eventos existem, estãoprontos para serem utilizados, mas, como muitos outrospontos da cidade, ficam parados, às moscas. Odesinteresse é evidente.

Os que administram a cidade deveriamperceber que o futuro da cidade está diretamente ligadoaos seus habitantes mais jovens. Eles, que poderiam ser osfuturos governantes, donos de lojas, engenheiros emédicos, pretendem abandonar o lugar onde moramporque temem a falta de emprego, de pessoas e deatrativos culturais. Acham que a cidade vai se tornar cadavez mais deserta, que o desenvolvimento vai parar e que omelhor é ir embora o mais rápido possível, para que assimoutro futuro possa ser planejado. Tudo porque eles nãotiveram, em sua cidade, uma boa estrutura enquantocresciam.

Por Géssica, Victor Blasques, Marjorie, Sabrina Souza, Samyr, Thiago e Rafael

Por Sabrinna Mara e Maíra

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Page 24: Revista Confidências

Uma cidade com a cara do jovemIsso é possível?

Por Fernanda Lage, Géssica Karoline, Patrícia Graciano e Guilherme Gomes.

É comum ouvir dos jovens itabiranos que a cidade não oferece opções de lazer para eles.

Alguns levam isso tão a sério que não vêm a hora de entrar na faculdade como uma desculpa para irembora.

Em uma conversa rápida com alguns grupos de adolescentes de várias idades, podemosperceber seus desejos e o que gostariam que houvesse na cidade. Alguns dizem que poderia havershoppings, mais casas de festas, melhores shows, mais cultura, lazer e incentivo aos esportes (claroque tudo isso acessível a todas as classes sociais). Outros dizem que há espaço, porém não é bemaproveitado pela população. Muitos jovens têm a consciência de que Itabira não consegue suprir―necessidades‖ deles e buscam refúgio em cidades vizinhas, onde, para eles, há uma diversidade deentretenimento maior e melhor.

Também discutimos o assunto com Carolyne Benquerer de Oliveira Andrade, psicólogaprofissional na área de saúde. Ao longo da conversa, ela nos disse que é preciso valorizar e resgatarpontos positivos da cidade, ouvir a opinião dos jovens e levá-la em conta.

Os mais velhos dizem que se podem observar diferenças da Itabira de algum tempo atrás e ade hoje, no que se refere a entretenimento destinado aos jovens. Ela era mais animada, haviacarnavais, os feriados e os eventos eram mais atraentes e convidativos, o que gerava uma boaexpectativa nas pessoas, que preferiam, na maioria das vezes, permanecer na cidade e prestigiá-los.

De fato a cidade mudou. Não acompanhou as novas tendências e gostos dos jovens, o queacabou distanciando sua relação com ela. Porém, para contribuir ainda mais com esse distanciamento,a constante utilização da tecnologia de comunicação faz com que os jovens, na maioria das vezes,acabem optando por ficar conversando com amigos, virtualmente (geralmente via internet e celulares),a sair e conhecer novas pessoas, ter mais convívio social. Essa escolha acarreta um ―divertimentosolitário‖.

O pior de tudo isso é que cada vez mais adolescentes, como formas de refúgio, ficamretraídos emocionalmente e socialmente, e começam a entrar em um estado de introspecção intenso,podendo recorrer a drogas, bebidas e até mesmo ao ato de suicídio como forma de evadir darealidade, da cidade e de seus próprios problemas. Talvez, havendo mais ―espaço‖ para o jovem, issose resolvesse.

Mas isso não precisa continuar assim. Todos podem fazer sua parte para contribuir com oespaço em que vivem. Os jovens podem resgatar a cidade, basta que não desanimem e quecontinuem lutando para que a cidade tenha a cara deles. E que, principalmente, eles tenham voz e vezpara dizer como gostariam de ver a sua cidade.

ARTIGO

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AQUI, também, há educação

A escolha do curso superiorEscolher a profissão atormenta muitos os jovens de hoje. Mas além da vocação e

do custo, o que mais deve ser observado?

Para muitos estudantes, a hora de

escolher sua carreira é um grande desafio. Sepensar nas consequências que essa escolhapoderá trazer, tamanha insegurança écompreensível. Uma escolha que mudará arotina, o ―rumo‖ da vida, a situação financeirae colocará o jovem em contato com um novocírculo social.

Ao deparar com essa desafiante escolhaque determinará todo o seu futuro, é precisoanalisar cada ponto negativo e positivo de cadauma das opções disponíveis.

Geralmente, alguns pontos a seremobservados são o retorno financeiro, o prazer, odom para exercer a profissão, a realizaçãopessoal, a recepção pelo mercado de trabalhoe, por ultimo, a satisfação da família.

Comumente a maioria dos estudantesescolhe o curso no último ano do ensino médioe às vésperas do vestibular, mas nem sempretêm a certeza de que fizeram a escolha certa.

Uma boa dica é dedicar mais tempo àescolha de uma carreira, pesquisando eanalisando bastante cada uma das variáveisrelevantes de cada curso que lhe interessa.

De acordo com alguns Itabiranos, oscursos mais desejados são os de Medicina eEngenharia Civil. Mas, também, os cursos dePsicologia, Engenharia de Minas, EngenhariaQuímica e Veterinária foram citados.

• Cursos Superiores oferecidos pelas instituiçõesde ensino em Itabira:

FUNCESI UNIFEI UNIPAC CENSI

•Biomedicina•Ciências Contábeis•Direito•Enfermagem•Farmácia•Nutrição•Fisioterapia•Administração•Sistema de Informação•Engenharia de Produção•Engenharia Ambiental

•Engenharia Ambiental e Energética•Eng. da Computação•Eng. de Controle e Automação•Eng. Elétrica•Eng. Mecânica•Eng. de materiais•Eng. de Mobilidade•Eng. de Produção•Eng. de Saúde e Segurança Industrial

•Administração•Educação Física•Enfermagem•Pedagogia

•Direito

ISABELA MOREIRA, RENATA ROSSONI, SABRINA GUEDES E LAÍS GRACIANO

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O QUE a Unifei tem a dizer sobre isso

UNIFEI em Itabira

Confidências...: Como foi a escolha de Itabira comomunicípio de instalação da Unifei?Em relação à pergunta, na verdade a coisa foi ao contrário:foi Itabira que escolheu a UNIFEI, e a Unifei escolheuItabira pelo desafio de preparar a cidade para pós-términoda exploração do Minério de ferro. Ou seja, de que formapreparar Itabira quando acabar o minério? Isto estáprevisto para dentro de 50 a 60 anos. Então a "Educação"é um de nossos caminhos. Por outro lado, além,obviamente, dos recursos advindos do Governo Federalpara a Universidade, há também a parceria com a VALE(que patrocina a aquisição dos equipamentos paralaboratórios) e da Prefeitura (que doará o terreno e aconstrução dos prédios do Campus).

Confidências...: Quais cursos oferecidos? E quaisainda virão para Itabira?Os cursos oferecidos atualmente são de EngenhariaAmbiental, Engenharia da Computação, de controle eautomação, de materiais, de Produção, de saúde esegurança, Engenharia Elétrica, Engenharia da mobilidadee Engenharia mecânica. Ainda não existe uma previsão denovos cursos para o campus de Itabira, tendo em vista queos acima citados estão em fase de implantação.

Confidências...: Qual a previsão de término daconstrução do prédio?Em novembro de 2010.

Confidências...: Como será o vestibular da Unifei-Itabira este ano?O processo seletivo da UNIFEI Itabira para 2011 será pormeio da nota do ENEM. O aluno fará inscrição no SISUpara concorrer a uma vaga na universidade, assim comofoi feito no processo seletivo de 2010.

Confidências...: Os cursos têm alguma relação com aprincipal atividade econômica da cidade?Todos os cursos existentes no campus de Itabira foramimplantados de acordo com uma demanda apresentadapela empresa VALE, que fez um estudo das áreas de maiornecessidade da empresa e do município de Itabira.

Por Clara, Natália, Isabela Monteiro e Juliana Olvieria

Sem uma formação profissional para a principal atividade econômica de Itabira, o que faríamos? A

introdução da UNIFEI em nossa cidade representa um avanço no setor educacional e profissional. Segundo a AdministradoraRenata Santana Nepomuceno, 24 anos, responsável pelo núcleo de registro acadêmico do Campus de Itabira, os cursosimplantados se mostram relacionados com a demanda oferecida pela VALE. Ela ainda acrescenta que a UNIFEI é uma formade preparar Itabira para quando acabar o minério.

Abrindo caminho para o futuro

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Projeto

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Fotografia: Juliana Martins

O “Trem que leva Minas” é o mesmo quepode trazer aquilo de que nossa cidadeainda precisa. Para tanto, é necessárioque tomemos a direção dele em nossasmãos...

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