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ANO XVII - Nº 2 - março/abril 2011 Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras Mudança de patamar na inovação (!?) Empresas de pequeno porte são maioria no programa de subvenção à inovação. Pág. 10 O Brasil inova bem, mas inova pouco. Esse quadro poderá ser alterado – inovar bem, e bastante – caso se concretizem intenções e sugestões recentemente apresentadas. Em abril, a CNI entregou a representantes do governo estudo com dez propostas de aprimoramento do marco legal da inovação, de modo a torná-lo mais abrangente, flexível e efetivo (veja página 5). Já o presidente da Finep, Glauco Arbix, em entrevista exclusiva ao Engenhar, disse que quer multiplicar a capacidade da agência financiar projetos de inovação, a ponto de “transformar a estrutura produtiva brasileira” (página 6). Arbix: o foco é inovação. Inovação nas cadeias produtivas e em rede As estratégias para fazer com que os diferentes elos das cadeias produtivas sejam inovadores e, ao mesmo tempo, se implantem redes de inovação, são importantes para elevar conjuntos de empresas a um estágio superior de competitividade. É o que vai mostrar a XI Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, nos dias 20 a 22 de junho, em Fortaleza, Ceará. As inscrições já estão abertas. Págs 3 e 4 Desafios do crescimento Pág 2

Revista Engenhar

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Publicaçao do mes de abril confeccionada para a ANPEI (Associaçao Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras)

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ANO XVII - Nº 2 - março/abril 2011

Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

das Empresas Inovadoras

Mudança de patamar na inovação (!?)

Empresas de pequeno porte

são maioria no programa de

subvenção à inovação. Pág. 10

O Brasil inova bem, mas inova pouco. Esse quadro poderá ser alterado – inovar bem, e bastante – caso se concretizem intenções e sugestões recentemente apresentadas. Em abril, a CNI entregou a representantes do governo estudo com dez propostas de aprimoramento do marco legal da inovação, de modo a torná-lo mais abrangente, flexível e efetivo (veja página 5). Já o presidente da Finep, Glauco Arbix, em entrevista exclusiva ao Engenhar, disse que quer multiplicar a capacidade da agência financiar projetos de inovação, a ponto de “transformar a estrutura produtiva brasileira” (página 6).

Arbix: o foco é inovação.

Inovação nas cadeias produtivas e em rede

As estratégias para fazer com que os diferentes elos das cadeias produtivas sejam inovadores e, ao mesmo tempo, se implantem redes de inovação, são importantes para elevar conjuntos de empresas a um estágio superior

de competitividade. É o que vai mostrar a XI Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, nos dias 20 a 22 de junho, em Fortaleza, Ceará. As inscrições já estão abertas. Págs 3 e 4

Desafios do crescimento Pág 2

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Presidente Carlos Eduardo Calmanovici Vice-presidente Guilherme Marco de Lima Diretores Celso Antonio Barbosa, Darcton Policarpo Damião, Fábio Lopes Bueno Netto, José Roberto Fagundes Netto, Luciana Hadashi, Luis Cláudio Silva Frade, Martín Izarra, Paulo Roberto Santos Ivo, Ronald Martin Dauscha, Sebastião Lauro Nau, Sérgio Augusto Lourenço.Secretário-executivo Naldo Medeiros Dantas

Conselho editorialAna Paula AndrielloNaldo DantasRicardo Magnani

Editor José Roberto Ferreira

Editora executiva Angela Trabbold

Repórter Evanildo da Silveira

Design/Editoração Antonio Carlos Prado

Engenhar é uma publicação da Anpei, com produção editorial e gráfica da Acadêmica Agência de Comunicação (www.academica.jor.br). É permitida a reprodução de reportagens e artigos, desde que citada a fonte. Os pontos de vista expressos nos artigos não refletem necessariamente a posição da Anpei.

Anpei – Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas InovadorasRua Helena 170, conj. 134. 04552-050 São Paulo, SPFone (11) 3842-3533 | Fax (11) [email protected] | www.anpei.org.br

EDITORIAL

Carlos CalmanoviciPresidente da Anpei

Desafios do crescimento

Hoje em dia, no Brasil, ciência e tecnologia fazem

parte do cotidiano das pessoas por meio da inovação

quando, por exemplo, se abastece um automóvel com

etanol biocombustível ou quando as informações do

mundo todo aparecem numa tela em qualquer lugar e a

qualquer momento. Assim, percebe-se que a inovação

vem se deslocando da agenda da ciência para ocupar

cada vez mais espaço na agenda econômica que lhe é,

de fato, mais natural e adequada, pois, com isso, ciência

e tecnologia assumem também um olhar mais definitivo

sobre o mercado com foco nas demandas da sociedade.

Para garantir a maximização dos resultados positivos desse

processo, bem como visando sua continuidade no longo

prazo, temos que construir estruturas robustas e uma

cultura de inovação genuína.

O que se observa, no entanto, é que estamos

caminhando nesse processo de modo muito tímido ainda

e numa velocidade incompatível com nossas ambições de

inserção diferenciada do Brasil no cenário mundial. Outros

países, principalmente emergentes como Índia, China

e Coreia, indicam estar bastante mais avançados nessa

evolução. O distanciamento do Brasil fica evidente

quando se considera que, nos últimos cinco

anos, o País passou de uma posição de superávit

para uma posição de déficit no comércio exterior

de manufaturados. De fato, em 2010, atingimos

um déficit perigoso de quase US$ 35 bilhões no comércio

desses bens. Fica clara a necessidade de reposicionamento

da competitividade do Brasil, principalmente no que diz

respeito aos custos de produzir que devem ser reduzidos

significativamente.

Políticas públicas bem articuladas são fundamentais

para garantir esses objetivos. Precisamos de uma política

industrial que estimule a inovação como forma de acelerar

os ganhos para a sociedade, do aumento da produtividade

industrial ao lançamento de novos produtos, melhores, mais

competitivos em custos e mais sustentáveis.

Não é tarefa fácil e sabemos que é necessário

contar com a mobilização de diversos setores da

sociedade. O investimento, público ou privado,

nacional ou estrangeiro, em empresas que recuperam

e valorizam conhecimento científico, transformando-o

em tecnologias com retorno para a sociedade, é o

elemento fundamental desse processo de construção

das trajetórias sustentáveis para a inovação.

Além disso, temos que considerar a educação e a

conscientização da população para seus principais

problemas. Aí estarão nossas maiores oportunidades.

Estamos participando de um ambiente dinâmico e

num contexto internacional extremamente complexo e

competitivo. Teremos que endereçar essas questões se

quisermos algum protagonismo na economia mundial.

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XI CONFERÊNCIA ANPEI

Inovação para quem precisaXI Conferência da Anpei levará a cultura inovativa para o Nordeste, região em que

a demanda por inovação cresce no mesmo ritmo de seu desenvolvimento.

Com o tema central “Redes de inovação e cadeias pro-dutivas”, será realizada entre os dias 20 e 22 de junho, no Centro de Convenções do Ceará, em Fortaleza, a XI Confe-rência Anpei de Inovação Tecnológica. O evento é organiza-do pela Anpei em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Sebrae-Ceará, Fundação Edson Queiroz/Universidade de Fortaleza (Unifor), Secretaria de Ci-ência, Tecnologia e Educação Superior do Estado (Secitece) e Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Como nas Conferências anteriores, o objetivo é reunir um grande número de partici-pantes, entre empresários, executivos e profissionais ligados às atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação do Brasil e especialistas do exterior.

A escolha do tema foi feita a partir de uma pesqui-sa com os participantes da Conferência Anpei do ano passado, realizada em Curitiba. A opção por debater as redes de inovação e as cadeias produtivas surgiu após a avaliação das opiniões recolhidas pela pesquisa e das propostas e sugestões feitas pela equipe técnica da Anpei. O tema foi escolhido também por se tratar de um

assunto que vem desper-tando interesse e gerando discussões entre os gesto-res de inovação no Brasil e no exterior.

Ponto estratégicoO local, Fortaleza,

igualmente teve suas ra-zões para ser escolhido para abrigar o evento. “A começar pela necessidade de serem multiplicadas as

oportunidades de criação e consolidação de empresas na região, pela adoção de inovações, já que, das firmas com 500 ou mais pessoas ocupadas na indústria e que investem em P&D, apenas 6,5% estão loca-lizadas no Nordeste”, explica Mário Barra, membro da diretoria da Anpei e coordena-dor da XI Conferência. Também pesou para a escolha, o fato de o PIB cearense ter cres-cido, em média, 6,47% entre 2007 e 2010, enquanto no mesmo período o PIB brasilei-ro teve crescimento médio de 4,10%.

Além disso, recentemente foram anun-ciados diversos investimentos no setor pro-dutivo do Estado, como, por exemplo, a implantação de uma companhia siderúrgica no Complexo Industrial do Pecém, na região

metropolitana de Fortaleza. “Também foi assinado um de-creto para a criação da Zona de Processamento de Ex-portação (ZPE) do Pecém e a realização de estudos para a criação de um pólo petroquímico e de um estaleiro na região”, lembra Barra. “Com essa movimentação de inves-timentos privados no Estado, na avaliação da Anpei a difu-são da cultura da inovação será um ponto estratégico para a competitividade da indústria local e um fator propulsor do desenvolvimento econômico da região e, consequen-temente, do País.”

ProgramaçãoA programação da Conferência começará na segun-

da-feira, dia 20, às 9h, com o workshop Papel das mi-cro e pequenas empresas na construção de redes de inovação e cadeias produtivas, que se estenderá até às 12h45, com a participação do Sebrae Nacional. À tarde, às 14h30, ocorrerá a abertura oficial do evento, seguida de uma mesa-redonda, com pronunciamentos de vários atores da inovação no Brasil. Às 18h, o representante do grupo Odebrecht e presidente da Braskem, Carlos Fadigas, fará a palestra magna, em cuja parte final será realizado um debate entre ele e empresários.

Na terça-feira, 21, a programação será aberta com o workshop Cenários futuros e oportunidades de negó-cios no Nordeste, a cargo do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), seguido de uma sessão em que a Petrobras mostrará suas iniciativas e experiências dentro do tema central da Conferência.

A programação da manhã será concluída com a apresentação do key note speaker estrangeiro, que fa-lará sobre o tema “Os desafios do futuro e o papel da inovação”.

Participantes da Conferência Anpei em Curitiba ajudaram a

definir o tema para evento em Fortaleza.

Mário Barra: difusão da cultura da inovação como ponto estratégico para a competitividade da indústria.

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Novidade neste anoA parte da tarde será iniciada com a apresentação da

nova versão da Política de Desenvolvimento Produtivo, seguida da demonstração, em sessão plenária, dos quatro cases de destaque selecionados pelo comitê técnico da Conferência.

No momento seguinte, terão início as sessões pa-ralelas. Na primeira rodada delas, os participantes da Conferência conhecerão os trabalhos realizados pelos três comitês temáticos da Anpei (“Interação ICT-Empre-sa”, “Propriedade Intelectual” e “Indicadores de Inova-ção e Benchmark”). Na segunda rodada, haverá a apre-sentação dos cases de sucesso, dentro da temática da Conferência.

Simultaneamente à apresentação dos comitês temá-ticos e dos casos de sucesso, ocorrerão apresentações

Para o secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará, René Barreira, a realização da XI Conferência Anpei em Fortaleza é uma oportunidade única para a troca de experiências entre os atores da inovação cearenses e de outros Estados. Na entrevista abaixo, ele fala sobre esse assunto e dá um panorama da inovação no seu Estado.

Qual a importância da Conferência Anpei para o Ceará?

A escolha do Ceará para sediar um evento com o porte da Conferência Anpei certamente irá contribuir para fortalecer e solidificar a cul-tura da inovação no Estado. Durante três dias, iremos receber o que há de mais expressivo na produção de inovação tecnológica do País, uma honra e, certa-mente, um marco para o setor.

O que o governo do Ceará espera que a reunião da Anpei leve para o Estado?

Para nós, que fazemos o governo do Ceará, em especial a Secitece, responsável pelos rumos do sistema estadual de ciên-cia, tecnologia e inovação, o evento da Anpei é uma oportuni-dade ímpar para a troca de experiências entre os diversos ato-res que compõem esta cadeia. Nossa expectativa é reunir um número expressivo de participantes, aproximando as experti-ses nas diversas áreas da inovação: pesquisa, desenvolvimento e o setor produtivo do Brasil, além de especialistas do exterior.

Como estão os investimentos em inovação no Ceará? Se observarmos os indicadores do MCT para os Estados

brasileiros, o Ceará aplicava no ano de 2000 a quantia de R$ 17,8 milhões de reais em C,T&I, em valores correntes, e em 2009, última informação oficial do MCT disponível, passou a destinar a quantia de R$ 385,1 milhões. Enquanto em 2000

o dispêndio do governo do Ceará em C&T cor-respondia a 6% do valor global aplicado pelos Estados do Nordeste, em 2009, o orçamento do Estado executado passou a representar 20% da soma total da região.

Quais são as principais iniciativas de estímulo à inovação em seu Estado?

Uma das principais conquistas foi a imple-mentação do Fundo de Inovação Tecnológica (FIT) do Ceará, uma ferramenta importante com que passam a contar, agora, as empresas cearenses para incorporar novas tecnologias e, consequentemente, ampliar seus mercados. O primeiro edital do FIT foi lançado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientí-

fico e Tecnológico (Funcap), com recursos da ordem de R$ 6 milhões. Outro fator importante foi a criação da Lei de Ino-vação do Estado, que estabeleceu uma regulamentação legal para o incentivo à inovação tecnológica das empresas localiza-das no Ceará. A inauguração do Instituto de Pesquisa, Desen-volvimento e Inovação (IPDI), em abril, foi mais um passo dado pelo governo estadual em direção à consagração da cultura de inovação. O IPDI tem a finalidade de realizar pesquisas cientí-ficas, inovações tecnológicas e promover o desenvolvimento econômico e social do Ceará.

aos cuidados das agências federais BNDES, Finep, CNPq e ABDI, que mostrarão seus programas de financiamen-to e de apoio à inovação. Será uma ocasião propícia às empresas interessadas em mapear as condições ofereci-das pelas agências e saber quais os passos necessários para pleiteá-las. “Trata-se de um networking dirigido, uma novidade na programação da Conferência Anpei, que também visa atender aos pedidos dos participantes da última reunião, realizada em Curitiba”, diz Barra.

No último dia, a programação contará com uma am-pla gama de cases de sucesso em inovação aderentes ao tema da Conferência.

Como de hábito, o evento será encerrado com um balanço das atividades realizadas no seu decorrer e com a apresentação de recomendações para o aprimo-ramento do ambiente da inovação no País.

Oportunidade ímparCeará espera reunir um número expressivo de participantes,aproximando as expertises nas diversas áreas da inovação.

René Barreira, secretário de C&T do Ceará.

XI CONFERÊNCIA ANPEI

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Marco trilegal

Análises Propostas.1. Lei do Bem: ampliação dos incentivosA Lei do Bem, principal instrumento de apoio à inovação, tem sido eficaz em alavancar o gasto em P&D. A ampliação dos incentivos pode elevar mais do que proporcionalmente os gastos em P&D.

Alteração da legislação de incentivos, permitindo que os dispêndios com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica possam ser abatidos efetivamente em dobro.

2. Incentivos menos pró-cíclicosA inovação tecnológica é uma decisão de longo prazo e o lucro é um resultado do momento. A maioria dos projetos de P&D tem prazo superior ao da apuração dos tributos sobre a renda. É preciso reduzir a natureza excessivamente pró-cíclica dos incentivos atuais, pois o gasto público é também eminentemente pró-cíclico.

Alteração da legislação para indicar que o valor que exceder o lucro real e a base de cálculo da CSLL poderá ser aproveitado em períodos posteriores, observando, para tanto, o mesmo procedimento relativo aos prejuízos acumulados em períodos anteriores (utilização limitada a 30% do lucro auferido em cada exercício).

3. Ampliar o universo de empresas incentivadasO maior problema da Lei do Bem é a limitação dos incentivos às empresas em regime de lucro real. Isso exclui a grande maioria das empresas brasileiras.

Estender o benefício às empresas que operam pelo regime de lucro presumido e às que optam pelo Simples Nacional, com a obrigação assessória de escriturar as despesas em P&D destas empresas.

4. Permitir a contratação de P&D externaO governo coloca restrições às atividades de P&D externas às empresas beneficiárias da Lei do Bem, com receio de os incentivos fiscais serem duplicados, o que gera insegurança na contratação de serviços .

Eliminar qualquer restrição para a contratação de outras empresas para a realização de P&D externo, ainda que não tributadas pelo lucro real, deixando claro que o benefício fiscal da Lei do Bem só poderá ser utilizado pelo contratante.

5. Maior eficácia do incentivo para patentesA Lei do Bem admite um adicional de 20% de incentivo para despesas relativas a patentes concedidas. Mas é comum que empresas brasileiras aguardem a concessão de uma patente por mais de oito anos. Com esta demora, as empresas não se sentem estimuladas a contabilizar esse benefício adicional, que se torna inócuo.

Que o incentivo possa ser utilizado com base em declaração do INPI de admissibilidade da patente, nos termos previstos no Tratado de Cooperação sobre Patentes. Que os gastos em P&D sejam corrigidos pela Selic. Que a Lei do Bem deixe claro que a proteção pode ser feita em qualquer país e não apenas no Brasil.

6. Incentivo para mestres e PhDs

A subvenção prevista em Lei para contratação de mestres e doutores não tem sido posta em prática. Desde a aprovação da Lei do Bem, houve apenas uma chamada, com baixa demanda e baixo número de empresas beneficiadas. Seria mais efetivo trocar esta subvenção por um incentivo direto, que não dependesse do orçamento fiscal.

Substituir a subvenção para contratação de mestres e doutores por um dispositivo que permita às empresas abater em dobro as despesas com pesquisadores dedicados exclusivamente às atividades de P&D. Tal como previsto na subvenção RH, esse benefício teria a duração de três anos contatos a partir da data de contratação do pesquisador.

7. Incentivo para RRHH internosA política de RH de muitas empresas incentiva a progressão interna das pessoas. Com isso, muitos integrantes das equipes de P&D iniciaram sua carreira em outras unidades. O incentivo para mestres e doutores nas empresas seria mais eficaz se admitisse esse tipo de transferência interna e levasse em conta que muitas pessoas dedicam-se parcialmente às atividades de P&D.

Admitir a possibilidade da transferência interna de pessoal técnico, comprovando-se com o registro profissional a realização de atividade de pesquisa, superando as restrições do incentivo apenas para o pessoal ‘contratado’. Permitir que o pesquisador contratado possa atuar em outras áreas da empresa, eliminado a exigência de dedicação exclusiva para P&D.

8. Gastos em P&D com não residentes

A realização de P&D de muitas empresas demanda aquisição de bens ou serviços no exterior, como insumos e consultorias especializadas.

Admitir que um determinado percentual (10%) das despesas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) seja realizado com não residentes.

9. Subvenção para despesas de capitalQualquer tipo de subvenção econômica está limitado por Lei a despesas de custeio. Mas em muitos projetos de P&D, há elevados dispêndios em ativos fixos, tais como plantas piloto.

Criar uma modalidade de contribuição de capital para atividades de P&D do setor privado, alterando a legislação federal em diversos aspectos.

10. Subvenção e Contribuição de Capital do FuntecO BNDES/Funtec restringe à empresa o papel de parceiro de uma instituição sem fins lucrativos, quando o objetivo maior da política industrial é criar competências tecnológicas internas às empresas.

Possibilitar que o Funtec apóie diretamente empresas, com subvenção econômica ou contribuição de capital, na forma já prevista na Lei de Inovação para o FNDCT.

PROPOSTAS

MEI apresenta propostas de melhorias no marco legal para inovação

A Confederação Nacional da Indústria, durante reunião de sua Mobilização Empresarial pela Inova-ção (MEI), apresentou e entregou a representantes do governo federal um conjunto de propostas para melhoria do marco legal para inovação, com ênfase na Lei do Bem. A reunião ocorreu no dia 8 de abril, em São Paulo. Ao lado dos empresários que com-põem o comitê de líderes da MEI, estavam dirigen-tes do BNDES, da Finep, do MCT e da ABDI.

Coube ao presidente do Grupo Ultra e do con-

selho superior da Anpei, Pedro Wongtschowski, realizar o estudo e, na reunião de 8 de abril, apre-sentar dez sugestões de melhorias no marco legal. A maioria se refere à Lei do Bem, que, acentuou Wongtschowski, “não está atingindo seu objetivo”. “Como somente as empresas que declaram o im-posto de renda pelo lucro real podem usufruir os inventivos da Lei do Bem, ela é, de per si, um ins-trumento limitado”, disse.

Na tabela abaixo, uma síntese das propostas:

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Inovação é o foco

Arbix: “Queremos ter como alvo o coração da indústria”.

ENTREVISTA

Novo presidente da Finep quer que a agência ajude a mudar o perfil da economia brasileira, de modo que a inovação seja um de seus componentes centrais.

O novo presidente da Finep, Glauco Arbix, está disposto a promover uma mudança radical no ambiente da inovação no Brasil. Estudioso do tema, notadamente a partir de 2003, quando assumiu a presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA (onde ficou até 2006), Arbix quer fazer da agência que preside o principal ente de estímulo à inovação no País, a ponto de promover mudanças estruturais na economia brasileira. “Em 2010 a Finep investiu quatro bilhões de reais, foi um avanço gigantesco em relação há dez anos, mas nós queremos investir 20, 30, 40 bilhões de reais em inovação. Do contrário, não vamos transformar a estrutura produtiva brasileira”, afirmou ele em entrevista ao editor do Engenhar, José Roberto Ferreira.Enquanto não chega a esses patamares de investimento, Arbix vai procurar acentuar o perfil da Finep como agência de inovação. “A Finep vai investir nas áreas intensivas em tecnologia. Não importa se a empresa é micro, pequena, média ou grande. O foco é inovação”.

a inovação ser feita na margem da economia. Outra coisa é se ter uma economia inovadora como, por exemplo, a americana, a japonesa e a alemã. Elas têm uma estrutura toda voltada para as áreas que trabalham exatamente a intensidade do conhecimento. São as áreas que se voltam para aquilo que há de mais nobre no processo produtivo. Agora, o conhecimento sempre fez parte da vida da huma-nidade, desde que o homem começou a dominar o fogo.

Enfim, o Brasil inova pouco...Depende. Se você considerar o período de abertura da

economia, a partir da década de 1990, eu acho que o Brasil até inova bastante, mais do que outros países. É claro que a competição se dá em regras diferenciadas, mas isso depende muito da área, do setor, não é? Por exemplo, em prospecção em águas profundas, o Brasil inova muito. Então, como é que fica a afirmação de que o Brasil inova pouco?

Prospecção em águas profundas foi um setor que o País escolheu investir.

Os americanos, os alemães, os japoneses também esco-lheram os seus setores. Todo mundo escolhe setor. Só nós achamos que eles não escolhem, que são regidos pelo livre mercado. Essa é uma tolice que muita gente repete, achan-do que ninguém escolhe setores. Eu nunca vi nenhum país escolher setores e ter uma política industrial, científica, tec-

O CGEE realizou um estudo recentemente em que compara o desenvolvimento econômico de 14 países asiáticos e latino-americanos no período de 1950 a 2007, e uma de suas conclusões é que a inovação é mais relevante em estágios avançados de desenvolvi-mento. Como o Brasil não se encontra nessa situação, há riscos de os esforços atuais para a inovação se frus-trarem?

Eu não conheço esse estudo, portanto vou responder sobre o que você está me perguntando. A inovação sem-pre existiu nas sociedades com maior ou menor desenvol-vimento. O problema é que, no Brasil, ela nunca existiu como sendo a parcela da economia que puxa o conjunto da economia. Essa é a questão de fundo. Mesmo quando a economia brasileira era fechada e protegida – avessa, portanto, à inovação –, tínhamos empresas que inovavam. Hoje o Brasil está iniciando o seu caminho para entrar em uma fase em que a sua economia será baseada na ino-vação. Houve avanços significativos nos últimos anos no sentido de criarmos uma estrutura para a inovação, mas estamos em um patamar que não é satisfatório para ajudar as empresas a inovar. Ao mesmo tempo, as empresas bra-sileiras têm dificuldade muito grande para inovar. Mesmo entre as que compreendem a inovação, são poucas as que incorporaram a inovação como sua estratégia permanente. Essa é a questão de fundo que está colocada. Uma coisa é

João

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nológica e de inovação tão dirigida quanto os Estados Uni-dos. Nas questões que envolvem inovação, um país vai se di-ferenciar dos outros quanto mais ele se aproximar da fronteira do conhecimento – e esse é um problema para nós. A esma-gadora maioria das nossas empresas não está trabalhando nas áreas de fronteira do conhecimento. Elas trabalham com o conhecimento já maduro, disponível. Algumas inovam de vez em quando. Poucas inovam permanentemente, porque sabem que, se não inovarem, não conseguem definir uma estratégia e manter a sua posição de liderança ou avançar para assumir uma posição de liderança. Exemplos típicos são a Petrobrás e a Embraer.

Mas temos também exemplos mais recentes de em-presas que inovam e se destacam no mercado.

Sem dúvida; temos a Totvs e a Natura, por exemplo, que perceberam a necessidade de exportar, de disputar mercados mais competitivos e sofisticados. Apesar de todas as dificul-dades que as empresas brasileiras enfrentam, há um grupo significativo delas que se internacionaliza. São empresas mais agressivas, mais consistentes, que colocam o Brasil na vanguarda do processo de internacionalização.

O exemplo exitoso dessas empresas deveria servir de inspiração para a nova versão da Política de Desenvol-vimento Produtivo?

A questão central é como se desenvolve um movimen-to consistente pela inovação. A primeira versão da PDP, de 2008, representou um avanço importante porque ela tentou equacionar a questão do investimento com a inovação. Ou seja, indicou que o País tem que melhorar o ambiente econô-mico para que as empresas possam mais facilmente inovar. A segunda versão da PDP tem que discutir essas questões, basicamente. Precisamos avançar a economia brasileira, para que ela se torne mais amigável à inovação.

E o chamado custo Brasil, que dificulta a vida das em-presas brasileiras, inclusive para inovar?

O custo Brasil obviamente é um dado importante, mas trata-se de um problema já diagnosticado e sabemos que vai demorar algum tempo para ser resolvido. Mas, do pon-to de vista da inovação, há muito o que se fazer. Institu-cionalmente, o Brasil não fica nada a dever hoje, a ne-nhum país do mundo, no que se refere a ter um arsenal de instrumentos para ajudar a inovação. E esses instrumentos podem ser melhorados? Claro! Eles podem e devem ser melhorados, todos eles.

A PITCE (Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior), de 2004, foi basicamente uma ação de go-verno. Para a versão da PDP que está sendo gestada, haverá participação importante do empresariado na sua definição?

Eu participei da última reunião da MEI [Mobilização Em-presarial pela Inovação], que contou a presença de grandes empresários, dos ministros da Ciência e Tecnologia e do De-senvolvimento, e do presidente do BNDES. Essa reunião foi muito interessante porque houve cenas de concordância ex-

plícita, em várias áreas, entre empresários e governo. É como se a gente dissesse: bom, alguma coisa diferente está aconte-cendo, porque o empresariado tem uma agenda de transfor-mação, de proposições, que mostra uma similaridade, uma compatibilidade, uma adequação muito grande com a agen-da pública. Então, para a PDP que está sendo gestada, acho que temos todas as condições para desenvolver uma sintonia fina com o empresariado.

Qual a opinião do senhor entre a PDP escolher seto-res ou contemplar a diversidade do sistema industrial brasileiro?

A PDP tem que combinar as coisas. As escolhas não são contraditórias. Você sempre trabalha muito as ações chamadas horizontais, dentro da infraestrutura, tudo aqui-lo que deve mudar, o que atinge todas as estruturas das empresas e, depois, você acentua as áreas que são mais portadoras de futuro do que outras. Mas isso é mais ou menos óbvio, isso sempre foi feito, no mundo inteiro. Os americanos têm um plano nacional de nanotecnologia, mas não têm um plano nacional de indústria mais madura. Por quê? Porque a nanotecnologia tem um impacto hori-zontal; contempla vários setores.

É o caso das tecnologias de informações de comuni-cação?

É caso das TICs. Alguém pode achar que, ao escolher as TICs, estará escolhendo um setor. Eu não acho. Por quê? Porque software está em toda a parte, na indústria, na agri-cultura, no comércio, na importação, na exportação, está em todo lugar. Há algumas áreas em que o Brasil é altamente dependente e que precisa se desenvolver de uma forma mais intensiva e concentrada do que em outras.

Por exemplo?Fármacos! Um país que conseguiria gerar os medica-

mentos para sua população, mas não faz isso, é porque está acontecendo alguma coisa de estranho, certo? Então, esse país tem obrigação de pesquisar e produzir fárma-cos. Além do que, é uma área de vanguarda; desenvolver o setor de fármacos significa que se está trabalhando com novas moléculas, com patentes, ou seja, com aquilo que temos dificuldades de trabalhar. Significa que você está entrando em um universo que mescla pesquisa com apli-cação, que é o grande nó da inovação.

Qual a razão de o Brasil ter dificuldade de transformar conhecimento em inovação?

Não é só o Brasil, o mundo inteiro tem essa dificuldade; mas é engraçado que poucos países têm experiências exi-tosas como nós nesse campo. Por exemplo, a Petrobras não seria o que é se não fosse a universidade brasileira. São mais de dois mil, três mil contratos com universidades que susten-taram a atividade da Petrobras e o dinamismo de seu centro de pesquisa e desenvolvimento. A mesma coisa é a Embraer. A união entre o ITA e o CTA foi a base da constituição da Em-braer e da consolidação da engenharia aeronáutica no Brasil. A competitividade do agronegócio brasileiro está alicerçada

ENTREVISTA

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em pesquisas realizadas pelas universidades e pela Embrapa. Então, temos experiências muito exitosas, mas frequentemen-te nos esquecemos delas para falar de outras. De qualquer maneira, temos uma riqueza de conhecimento muito grande aqui, que poderia ser melhor aproveitada.

Nesse sentido, seria necessário, então, que a nova PDP e o novo Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Ino-vação fossem articulados, certo?

Não tenha a menor dúvida. Essa é uma questão-chave. A Finep, inclusive, pela primeira vez, está na comissão execu-tiva da PDP. Esse é um dado extremamente importante pela integração de instrumentos e pela integração do processo ge-rador da nova política. O sonho de todos é que não tenhamos planos diferentes, mas sim que se tenha uma única política.

Uma política que agregue desenvolvimento industrial com desenvolvimento científico e tecnológico?

Claro! Se conseguirmos transformar em produtos, proces-sos ou serviços uma parcela significativa do conhecimento que já geramos, o Brasil dará um salto como poucos poderiam imaginar. E nem sempre isso é claro para as universidades e também para as empresas. Ainda que seja muito difícil – e não são todas as empresas que sentem necessidade e que precisam, efetiva-mente, do apoio da universidade, e vice-ver-sa –, acho que faria bem para ambas e para o País se elas conversassem mais, buscassem formas efetivas de realizar esse casamento. Acredito que a força da Finep é exatamente essa: trabalhar intensamente com as universidades, com os centros de pesquisa e, ao mesmo tempo, trabalhar com as empresas. Isso dá à Finep condições excepcionais para ser uma espécie de juiz da paz para realizar esse casamento. Não é fácil, há resistências e preconceito de ambas as partes. Há uma dificuldade de compreensão do que fazer com o conhecimento. Há, também, uma compreensão equivocada das empresas, que acham que a universidade fica flutuando. Tem gente na universidade que flutua, como tem gente nas empresas que flutua. Então, aqui, o problema é escolher as pessoas certas, as instituições certas, os programas certos e se trabalhar para fazer esse entroncamento.

Diante do tamanho do Brasil e dessa potencialidade toda que o senhor disse, no sentido de transformar conhecimento em riqueza, os recursos para financiar a inovação estão em boa medida?

Nada, no Brasil, está em boa medida. O Brasil é um poço de carência. Se você pergunta para mim se o Bolsa-Família está em boa medida, vou responder que não, ainda que esse programa tenha ajudado a reduzir a pobreza de forma signi-ficativa. Se o governo fizesse uma avaliação, há cinco anos, que o Bolsa-Família era insuficiente, ele poderia ter parado o programa. No entanto, o Bolsa-Família teve um impacto positivo gigantesco. A subvenção econômica à inovação, de um ponto de vista genérico, está adequada à necessidade do Brasil? Eu vou responder sempre que não. Mas a questão é

que temos uma demanda limitada, e não se gera demanda artificialmente. Então, a pergunta é a seguinte: houve alguma empresa que não inovou porque não tinha financiamento?

Nos editais de subvenção, por exemplo, a procura é bem maior do que a demanda: grosso modo, duas mil propostas para serem aprovadas duzentas.

São aprovadas duzentas porque as outras não têm qua-lidade.

A reprovação alta é por falta de qualidade dos projetos?No caso da subvenção, porque os projetos não têm a ver

com inovação; eles têm a ver com modernização da empre-sa, com a expansão da empresa, eles têm a ver com contador, eles têm a ver com pagar advogado... Mas isso não é o lugar da Finep. O lugar da Finep é financiar a inovação. E temos financiado todos os projetos que são aprovados.

Isso quer dizer que todos os projetos que se referem a inovação são aprovados?

Os motivos de não aceitação de um projeto são vários. Não é só porque ele não é inovador. Às vezes, faltam documentos. Outras vezes, a empre-sa apresenta um projeto de inovação, mas ela não tem as garantias mínimas, não tem a contraparti-da. Então, são vários processos que desclassificam uma empresa.

Como está o processo de a Finep ser transfor-mada em banco?

Estamos avançando, e muito rapidamente, nes-se debate. Por quê? Porque a Finep tem que crescer. Em 2010 a Finep investiu quatro bilhões de reais, foi um avanço gi-gantesco em relação há dez anos, mas nós queremos investir 20, 30, 40 bilhões de reais em inovação. Do contrário, não vamos transformar a estrutura produtiva brasileira. Esse é o problema. Queremos ter como alvo o coração da indústria. Mas isso tem que crescer junto com a demanda. Se você pu-ser hoje 40 bilhões de reais na Finep para inovação, e colocar aqui o rei da cocada preta do mercado financeiro, ele não conseguirá executar cinco bilhões. Se você acha que o nosso problema é de oferta de recursos, você está enganado; nosso problema é de demanda.

A Finep, portanto, vai mais do que nunca investir em inovação?

A Finep vai investir nas áreas intensivas em tecnologia. Não importa se a empresa é micro, pequena, média ou grande. É em-presa que trabalha com o conhecimento, com tecnologia? Nós vamos investir. Vamos investir pesado em todas elas.

Investir somente em P&D ou também em outras ativi-dades inovativas?

Em P&D, engenharia, o que você quiser, desde que seja inovação. O que não podemos fazer é achar que a Finep vai ter um programa para pequenas empresas ou para médias empresas ou para grandes empresas, sem foco definido. Não. O foco é inovação.

ENTREVISTA

A questão central é como se desenvolve um movimento consistente pela

inovação.

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Novos associados AnpeiDBTEC

Fundada em 1998, a DBTEC atua no desenvolvimento e fa-bricação de sinalizadores para balizamento noturno e na mon-tagem de painéis elétricos para várias finalidades. Seus produtos são geralmente utilizados em lugares críticos, onde a confiabi-lidade é fator chave e decisivo, tais como torres de telecomuni-cações, estações de rádio base, centrais de processamento de dados, sistemas de energia, centrais hidrelétricas, fornos, entre outras aplicações.

FIECFundada em 12 de maio de 1950 e hoje composta por

39 sindicatos patronais, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará, atua na representação e defesa dos interesses das indústrias Cearenses. A Fiec contribui ainda para elevar a com-petitividade das empresas por meio da atuação das entidades a ela ligadas, como Senai, Sesi, IEL e Instituto FIEC de Responsa-bilidade Social, por exemplo, em áreas como educação profis-sional, inovação, comércio exterior, valorização da qualidade de vida do trabalhador e responsabilidade social.

Fotosensores Tecnologia EletrônicaFundada em 1993, a Fotosensores Tecnologia Eletrônica

Ltda tem como objetivo o desenvolvimento de soluções ino-vadoras voltadas ao trânsito. A empresa nasceu no Parque de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal do Cea-rá. De capital privado, a Fotosensores tem um mix de produtos voltados para a reeducação dos motoristas e principalmente no apoio à administração pública no que diz respeito à gestão de dados, engenharia de tráfego e fiscalização das vias.

Hidroenergia Eng. e AutomaçãoA empresa desenvolve tecnologia e produtos para pequenas

centrais hidroelétricas. Da criação à execução do projeto, da construção à entrega da usina em funcionamento, a empresa oferece soluções completas. Com mais de 20 anos de atuação, ela usa engenharia própria e está em constante evolução tecno-lógica. Também atua em reformas e repotenciação de usinas. Os programas são criados conforme as necessidades específicas de cada usina, otimizando os recursos técnicos disponíveis.

IxiaA Ixia foi fundada em 2005 por um grupo de especialis-

tas em inteligência artificial, com a missão de aperfeiçoar o atendimento não humano. Especializada em soluções e ser-viços de telecom que facilitem o relacionamento entre seus clientes e seus respectivos consumidores, e ao mesmo tempo aportem ganhos financeiros a seus clientes, tanto na redução de custos como no incremento de suas vendas. A Ixia tem se destacado no mercado de atendimento porque atua com o foco nas metas de cada cliente.

Madeplast

Voltada à produção de madeira plástica, ecologicamente correta, a Madeplast atua nos mercados da indústria de trans-formação, de construção civil e de arquitetura. O produto combina a resistência e a impermeabilidade do plástico com a aparência da madeira. É feito à base de resíduos sólidos urbanos e industriais, resistente à umidade e a insetos. A em-presa foi criada a partir desta inovação, que foi resultado de anos de pesquisa e desenvolvimento.

Mowa Empresa brasileira há nove anos no mercado, a Mowa tra-

balha desde sua fundação com soluções de mobilidade, como a criação de sites para serem acessados por celulares e aplicativos para smartphones e tablets. Nesse período, ela vem habilitan-do empresas e marcas a se inserirem no universo mobile. Em seu portfólio, a Mowa conta com soluções desenvolvidas para empresas como Vivo, Brasilveículos, Confederação Brasileira de Futebol, Votorantim, Samsung, ArcelorMittal, Daslu e Melhora-mentos, entre outras.

PepsicoPresente desde 1953 no território nacional, a PepsiCo está

do dia-a-dia dos brasileiros com marcas conhecidas como Pep-si-Cola, Elma Chips, Quaker, Toddy e Toddynho e Gatorade. No Brasil, a PepsiCo conta com 15 plantas distribuídas em todo o território nacional, quase 100 filiais de vendas e cerca de nove mil funcionários. As bebidas da PepsiCo podem ser encontradas hoje em mais de um milhão de pontos de venda no Brasil. Para isso, a PepsiCo conta com uma forte parceria com a Ambev.

RadixA Radix é uma empresa de engenharia e software

100% nacional que oferece serviços e soluções de tec-nologia. Chegou ao mercado em abril de 2010, com esti-mativa de somar R$ 20 milhões em vendas e 200 funcio-nários em seu primeiro ano de atuação. Com sede no Rio de Janeiro e escritórios em Belo Horizonte e Salvador, a empresa foi criada pelos fundadores e principais gestores da Chemtech, do Grupo Siemens.

RochazLocalizada no município do Iconha, no sul do Espírito

Santo, a empresa é uma das maiores fabricantes de máqui-nas e equipamentos para o segmento de extração de rochas da América Latina. Apostando na inovação e em idéias sim-ples que já viraram sinônimo de produtividade, redução de custos e atendimento ágil, a Rochaz vem transformando o mercado no qual atua, levando qualidade aos serviços. É a primeira empresa no setor a oferecer três anos de garantia nos equipamentos que fabrica.

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O bom peso das pequenasRelatório revela que 60% das empresas apoiadas pelo Programa

de Subvenção Econômica à Inovação são de pequeno porte e médias.

SUBVENÇÃO À INOVAÇÃO

Sessenta por cento das empresas apoiadas pelo Progra-ma de Subvenção Econômica à Inovação, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), são de pequeno porte e mé-dias, com faturamento entre R$ 240 mil e R$ 16 milhões. Essa é uma das informações contidas no relatório elabora-do pela instituição e divulgado em fevereiro, que traça o perfil das 500 empresas contratadas pelo programa desde que ele foi lançado em 2006 até outubro de 2010. No to-tal, elas têm 695 contratos referentes aos editais de 2006, 2007, 2008 e parte do de 2009, que ainda tem 40 projetos aprovadas em fase de contratação.

Intitulado Perfil das empresas apoiadas pelo Programa de Subvenção Econômica 2006 a 2009, o relatório anali-sou 10 indicadores: número de empresas por região geo-gráfica; por Unidade da Federação, por idade, em 2009; por natureza jurídica, porte, em 2009; e por setor da eco-nomia, de acordo com a Classificação Nacional de Ativi-dades Econômicas (CNAE); distribuição por edital, porte e faturamento médio; número de contratos por ano do edital e porte; valor dos contratos por ano do edital e porte; e distribuição de projetos por área de concentração.

Maioria jovemAs análises mostraram que a carteira do Programa de

Subvenção Econômica é composta por empresas distribuídas em 20 estados e mais o Distrito Federal das cinco regiões geográficas. Os estados que não têm nenhuma companhia beneficiada são Acre, Amapá, Alagoas, Mato Grosso, Piauí e Tocantins. A região Sudeste é a que tem o maior número delas, 288 ou 57% do total, seguida da região Sul com 124 (25%). Depois vem o Nordeste com 62 empresas (12%), o

Centro-Oeste com 17 (4%) e a região Norte com 10 (2%). Os cinco estados com maior número de empresas apoiadas são: São Paulo (180), Minas Gerais (60), Rio Grande do Sul (55), Rio de Janeiro (46) e Santa Catarina (37).

No que se refere à distribuição por idade, em 2009, 246 empresas tinham menos de dez anos, o que representa 49,2% do total. Apenas seis, ou seja, pouco mais de 1,2% ti-nham mais de 50 anos de idade. A segunda faixa com maior número de firmas foi a de 11 a 20 anos, com 156 ou 31,2%, seguida pelas de 21 a 30, com 55 (11%); de 31 a 40; com 27 (5,4%); e a de 41 a 50, com 10 (2%).

Para a analista da Finep, Vittoria Cerbino, que coordenou a elaboração do relatório, esse resultado está de acordo com o esperado. “Há mais pequenas empresas no País do que grandes, então é normal que elas sejam em maior número no Programa da Subvenção Econômica”, explica. “No caso das mais antigas, além de serem em menor número, em geral elas são maiores, razão pela qual têm mais facilidade para conseguir financiamento em programas reembolsáveis da própria Finep.”

Importância da subvençãoO diretor da Anpei, Luis Cláudio Silva Frade, tem opinião

semelhante. “No Brasil muitas pequenas e micro empresas nascem a cada dia e muitas morrem antes de completar cin-co anos, logo é muito natural que metade das beneficiadas pela subvenção tenha menos de dez anos”, diz. “Em con-trapartida, poucas são as empresas com mais de 50 anos e ainda menos aquelas que submetem projetos a subvenção, pois já estão estabelecidas com produtos consolidados no mercado e muitas até exportam.”

Na opinião de Frade, em se tratando de inovação ou de aporte de recursos, é importante estimular as empresas mais novas, já que muitas delas nascem com uma boa ideia, uma inovação, uma patente ou um bom plano de negócios, mas não possuem os recursos para levar isso ao mercado. “É nes-sa situação que a subvenção é muito útil”, diz. “Talvez neste ponto também a Finep pudesse inovar, segmentando os re-cursos para inovação por categoria ou por idade, como ela faz com os segmentos de TI, energia e saúde, por exemplo.”

O relatório da Finep também traz dados sobre a natureza jurídica das empresas. De acordo com o documento, 77% são sociedades empresariais limitadas. As sociedades anôni-mas fechadas representam 19% e as abertas, 2%. Há ainda o apoio a uma empresa do setor público.

Hegemonia da TIQuanto à listagem por setor da economia, foi utiliza-

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eEstudo analisou dez indicadores

sobre as empresas subvencionadas

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me o relatório The global Innovation 1000, aplicaram mais de 15% do seu faturamento em P&D, o que corresponde a mais de US$ 20 bilhões”, diz. “O que vem sendo observa-do entre os avaliadores dos projetos Finep é o numero de projetos submetidos por empresas de software, cujo escopo do negócio é desenvolver novas aplicações. Onze dos 27 projetos avaliados em novembro de 2009, ou 41% do total, beneficiaram essas empresas.”

da a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) versão 2.0. Assim, as ocorrências mais comuns, considerando o nível de divisão, são empresas com “ati-vidades dos serviços de TI”, “fabricação de produtos de informática, produtos eletrônicos e ópticos” e “pesquisa e desenvolvimento científico”.

De acordo com Frade, isso não quer dizer necessaria-mente que os setores de TI e informática sejam os mais inovadores do País, embora suas empresas inovem muito. “A maioria de produtos que são fabricados hoje tem al-gum componente eletrônico, que envolve algum tipo de controle e/ou comunicação embarcado, logo a TI perpassa tudo o que fazemos, e desta forma o universo dessas em-presas é enorme”, explica. “No próprio resultado da sub-venção, ao longo dos últimos quatro anos, vários projetos selecionados em outras áreas, como energia, saúde e bio-tecnologia envolvia algum desenvolvimento onde a TI es-tava incluída.”

O ex-presidente e atual membro da diretoria da Anpei, Mário Barra, lembra outro aspecto que levou o setor de TI a se destacar. “Não só é um dos mais inovadores, como depen-de da inovação para sobreviver”, diz. “Basta considerar que três dos quatro grupos americanos desse segmento, da lista das 20 que mais investiram em inovação em 2010, confor-

SUBVENÇÃO À INOVAÇÃO

Em compasso de espera

Luis Frade: recursos segmentados por categoria ou idade das empresas

Resultado final do quinto edital nacional de subvençãoeconômica da Finep deverá ser divulgado em maio.

Lançado em agosto de 2010 pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o quinto edital nacional de subvenção econômica deverá ter seu resultado final conhecido até maio, de acordo com expectativa da própria instituição. Inicialmente prevista para feverei-ro, a divulgação das empresas contempladas está atra-sada em razão do contingenciamento das verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecno-lógico. Os recursos do FNDCT financiam o Programa de Subvenção Econômica mas foram retidos pelo governo federal como parte do corte de R$ 50 bilhões no seu orçamento para 2011.

O resultado preliminar do edital foi divulgado em fevereiro, com a lista das 252 empresas habilitadas na primeira fase de seleção. Agora, elas estão pas-sando pela etapa da avaliação de mérito dos proje-tos que apresentaram. No total, a Finep recebeu 993 propostas, totalizando uma demanda de aproxima-damente R$ 1,92 bilhão.

O volume dos recursos pleiteados em conjunto pelas 252 empresas classificadas na primeira fase chegou a R$ 564 milhões, valor superior aos R$ 500 milhões oferecidos pelo edital. Isso significa que nem todas vão receber o que pediram. Após a avaliação do mérito, o total solicitado por cada empresa pode

ser reduzido. Esta avaliação é feita exatamente para que os analistas da Finep chequem a viabilidade e o teor das requisições financeiras, analisando se os valores são procedentes. Além disso, algumas delas poderão ter seus projetos não aprovados. Por isso, o total que a Finep irá despender poderá ser menor do que o previsto no edital.

Na primeira etapa, os melhores índices de apro-vação em relação ao total de projetos apresentados foram obtidos pelas regiões Centro-Oeste, com cerca de 38%, e Nordeste, com cerca de 31%. O menor per-centual ficou com a região Norte, com 18%. Em rela-ção ao tamanho da empresa, as micro e as de peque-no porte foram as que tiveram as taxas de aprovação mais baixas, apenas 17%. Muito pouco, se compa-rado com o índice de 60% alcançado pelas grandes empresas. O das pequenas, médias e médias-grandes empresas, por sua vez, ficou entre 31 e 41%.

Entre os principais motivos da não habilitação das 741 propostas eliminadas na primeira etapa es-tão a solicitação de recursos acima do permitido (176 casos); documentação incompleta (166), não enqua-dramento no tema (102), solicitação de valor inferior ao mínimo estabelecido (91), total falta de documen-tação física (64); e envio fora do prazo (12).