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GERENCIAMENTO DE PROJETOS Projetos com sucesso ou fracasso: como atingir metas de maneira segura (pág.22) ENTREVISTA Silvia Velázquez explica como os biocombustíveis líquidos podem contribuir para o meio ambiente e para a saúde no Brasil (pág.42) Aplicações para controles visuais e indicação remota (pág.11) TRANSMISSOR MAGNETORRESISTIVO Ano 2 Número 23 2014 TUBULAÇÃO SAIBA MAIS SOBRE O CONCEITO DOS MISTURADORES ESTÁTICOS

Revista Engeworld Novembro 2014

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Revista Engeworld Tecnologia e Inovação para o seu Projeto Engenharia

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GERENCIAMENTO DE PROJETOSProjetos com sucesso ou fracasso: como atingir metas de maneira segura (pág.22)

ENTREvISTA Silvia Velázquez explica como os biocombustíveis líquidos podem contribuir para o meio ambiente e para a saúde no Brasil (pág.42)

Aplicações para controles visuais e indicação remota (pág.11)

TRANSMISSOR MAGNETORRESISTIvO

Ano 2 • Número 23 • 2014

TUBULAÇÃOSAIBA MAIS SOBRE O CONCEITO DOS MISTURADORES ESTáTICOS

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www.engeworld.com.br

A Revista Engeworld é uma publicação mensal e dirigida aos profissionais de projetos da engenharia brasileira

Publisher Sandra L. [email protected]

Editor e Jornalista ResponsávelAmorim Leite MTb. 14.010-SP [email protected]

ReportagemFernando Saker e Thiago Borges

ColunistasCynthia Chazin Morgensztern,Sérgio Roberto Ribeirode Souza, Daniela Atienza Guimarães, Eli Rodrigues.

PublicidadeAlex MartinTelefone: (11) 5539-1727Celular: (11) [email protected]

Fernando PolastroTelefone/Fax: (11) 5081-6681Celular: (11) [email protected]

Débora GomesCelular: (21) [email protected]

Direção de ArteEstúdio LIA / Vitor Gomes

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Engenharia, tecnologia e informação andam lado a lado. Nosso trabalho, seja na engenharia elétrica, mecânica, civil, de instrumentação ou qualquer outra área, precisa acompanhar os novos materiais e equipamentos e as novas tendências e práticas para aumentar a eficiência, otimizar tempo, evitar possibilidade de erros e minimizar impactos sobre o meio ambiente.Sim, todos esses avanços em nosso setor proporcionam uma série de benefícios. Surge, porém, a questão: como acompanhar todas essas mudanças, como conhecer o que há de novo – às vezes, nem tão novo assim – e adequar-se a ele? É exatamente nisso que pensa a equipe da Revista Engeworld e é por isso que buscamos trazer, todo mês, artigos técnicos escritos por profissionais com experiência e credibilidade para expor, de forma clara e abrangente, assuntos que merecem ser disseminados entre os profissionais de engenharia.Para esta edição, trouxemos um artigo sobre medição de nível por meio do transmissor magnetorrestritivo, explicando suas aplicações, variedades, princípio de funcionamento e tipos de medições, diretas e indiretas, dentro da indústria de controle de processos. Outros artigos apresentam os modelos disponíveis e aplicações de misturadores estáticos, dispositivos instalados diretamente na tubulação, responsáveis pela produção da mistura e dispersão desejadas na passagem do fluido por suas partes fixas; os secadores para tratamento de ar comprimido; e as características técnicas, térmicas, acústicas e de resistência ao fogo presentes nos blocos de concreto celular autoclavado (CCA).A busca pela sustentabilidade também é uma preocupação nossa. Por isso, entrevistamos a engenheira química Silvia Velázquez, que fala sobre as características, potencial e ganhos ambientais proporcionados pelos biocombustíveis líquidos. Um desses biocombustíveis, o etanol de cana-de-açúcar, tem as etapas de sua produção detalhadas no infográfico desta edição. Ainda em sustentabilidade, vale conhecer as opções de telhado capazes de garantir às residências maior conforto térmico e gastos menores com energia elétrica, bem como respeito ao meio ambiente, tais como os telhados verdes, brancos, de telhas ecológicas e de mantas térmicas.Confira ainda um artigo sobre como atingir metas de maneira segura e garantir o sucesso de seu projeto, além de nossas colunas, que este mês apresentam a validação de processos especiais, as normas regulamentadoras para uso de veículos industriais, as qualidades necessárias para uma liderança eficaz na área de recursos humanos, e a necessidade de evitar que um novo funcionário tenha sua produtividade afetada pelos colegas de trabalho dispostos a manter o status quo.Boa leitura!

EDITORIAL

Adaptando-se às novas tendências e práticas

Sandra L. WajchmanPublisher

GERENCIAMENTO DE PROJETOSProjetos com sucesso ou fracasso: como atingir metas de maneira segura (pág.22)

ENTREvISTA Silvia Velázquez explica como os biocombustíveis líquidos podem contribuir para o meio ambiente e para a saúde no Brasil (pág.42)

Aplicações para controles visuais e indicação remota (pág.11)

TRANSMISSOR MAGNETORRESISTIvO

Ano 2 • Número 23 • 2014

TUBULAÇÃOSAIBA MAIS SOBRE O CONCEITO DOS MISTURADORES ESTáTICOS

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notícias 29 sustentabilidade

34 coluna segurança

36 coluna qualidade

38 coluna rh

40 coluna gestão

42 entrevista

46 inFograFia

tubulação - artigo

Projetos com sucesso ou Fracasso

civil - artigo

Processo - artigo

instrumentação - artigo

ecotelhado

veículos industriais

validação de processos especiais

liderança na área de recursos humanos: quais são os ingredientes necessários para vencer o desafio?

‘não queremos pessoas produtivas em nossa empresa!’

o cenário dos biocombustíveis líquidos no brasil

Produção de etanol

Misturador estático

‘Não queremos pessoas produtivas em nossa empresa!’

Bloco de concreto celular autoclavado

Fique por dentro do que acontece no mundo da engenharia

Tratamento de ar comprimido

Medição de nível com transmissor magnetorresistivo

ÍNDICE

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NOTÍCIAS

pesquisas em relação a essa fonte de luz no início da década de 1990. A tecnologia desenvolvida apresenta um consumo de energia até 90% mais baixo em relação ao das lâmpadas incandescentes.Ao anunciar o prêmio aos três cientistas, a Real Academia Sueca de Ciências destacou que o advento das lâmpadas LED proporcionou alternativas mais duradouras e eficientes para as fontes de luz mais antigas. O prêmio concedido foi de 8 milhões de coroas suecas (1,1 milhão de dólares).

A Petrobras informou, em outubro, que descobriu nova acumulação de gás no pós-sal da Bacia do Espírito Santo. A descoberta se deu durante a perfuração do poço 3-BRSA-1259-ESS (nomenclatura ANP) / 3-ESS-222 (nomenclatura Petrobras), informalmente conhecido como Tanganika, em profundidade de água de 1.043 m, localizado no Plano de Avaliação da Descoberta (PAD) Malombe, a 72 km da costa do Estado do Espírito Santo. O consórcio é operado pela Petrobras (88,89%) em parceria com a Repsol Sinotec (11,11%).Também na Bacia do Espírito Santo, em sua camada pós-sal, a estatal confirmou a extensão de uma acumulação de hidrocarbonetos em águas ultraprofundas, por meio da perfuração do poço de extensão 3-BRSA-1253D-ESS (nomenclatura ANP) / 3-ESS-219D (nomenclatura Petrobras),

freeimages Foto: Arthur Calazans

Foto: Agência Petrobras

No dia 7 de outubro, os cientistas Isamu Akasaki, Hiroshi Amano e Shuji Nakamura foram condecorados com o Prêmio Nobel de Física pela invenção dos diodos de luz azul, componente que permitiu a criação do LED (diodo emissor de luz) com luz branca e a sua disseminação como fonte de iluminação. O LED é reconhecido como uma fonte de luz energeticamente eficiente e amigável para com o meio ambiente.Os cientistas — dois deles japoneses e um nipoamericano — concluíram suas

No mês de setembro, a CasaE (Casa de Eficiência Energética da Basf ) completou seu primeiro ano de existência. Trata-se da primeira CasaE no Brasil e da décima unidade da empresa no mundo, cujo projeto recebeu soluções inovadoras desenvolvidas pela Basf e pelas dezoito empresas parceiras envolvidas com o objetivo de reduzir o consumo de energia e a emissão de dióxido de carbono (CO2), além de definir a gestão de sua operação de forma sustentável para assegurar seu bom desempenho.Ao longo de seu primeiro ano, a CasaE — construída na cidade de São Paulo — recebeu mais de 5 mil visitantes, como profissionais de construção, sustentabilidade e do setor elétrico, além de estudantes. Segundo a empresa, a instalação tem se tornado um termômetro para identificar o grau de interesse dos setores envolvidos em relação às tecnologias, observando quais soluções despertam mais a atenção dos visitantes. “Esse retorno permite que as empresas estudem formas de melhorar seus produtos e atender às exigências ou necessidades dos consumidores”, afirma Flávia Tozatto, gerente de Sustentabilidade da Basf.Visitas à CasaE estão abertas e podem ser agendadas pelo [email protected]

Inventores do Led azuL recebem PrêmIo nobeL casae comemora um

ano com 5 mIL vIsItantes

informalmente conhecido como Pudim, em profundidade de água de 1.886 m. O poço encontra-se na área do PAD de Brigadeiro, a 121 km da cidade de Vitória. A Petrobras é a operadora do consórcio para sua exploração (65%), em parceria com a Shell Brasil Petróleo Ltda. (20%) e Inpex Petróleo Santos Ltda. (15%).Segundo a Petrobras, os consórcios para ambas as explorações darão continuidade às operações previstas.

Petrobras anuncIa descobertas na bacIa do esPírIto santo

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CIvIL artigo

Bloco de concreto ceLuLar autocLavado

Atualmente, a construção civil é uma das áreas que mais investem em tec-nologias construtivas. Os processos têm sido

otimizados por meio de materiais que propiciam economia, geram ganhos na produtividade e diminuição dos re-síduos produzidos pelo setor, além de adaptar-se às exigências dos usuários que estão contempladas na norma de desem-penho NBR 15.575.

Dentre as ações que vêm sendo imple-mentadas nas obras, está o uso do bloco de concreto celular autoclavado (CCA), o qual possui características interessan-tes aos apelos ambientais lançados ao mercado. Além de atender às normas técnicas vigentes para a execução de al-venarias de vedação, o seu processo pro-dutivo lhe outorga características para melhorias quanto ao conforto térmico, acústico e resistência ao fogo.

O concreto celular autoclavado sur-giu originalmente na Suécia, em 1924, criado por Joahan Axel Erickon, que estudava um produto com caracterís-

Stefane VitorinoEngenheira e gerente de Produtos da Precon Material de Construção

ticas semelhantes às da madeira, como estrutura sólida, conforto térmico e facilidade de trabalho e manuseio. Em 1929, teve início a produção em escala industrial do concreto celular autocla-vado, na Escandinávia.

O bloco CCA é leve e seu processo industrial inicia-se na moagem de areia quartzosa rica em sílica, que é misturada com cimento, cal, filler calcário, agente expansor e outros aditivos. Durante a etapa denominada de pré-cura, a massa

se expande, liberando gases de hidrogê-nio e formando células não interligadas que contribuirão para o conforto térmi-co e acústico do produto.

Após o corte nas dimensões dispo-nibilizadas ao mercado, o produto é submetido a uma autoclavagem por meio de alta pressão e temperatura controladas. Durante esse processo, ocorre a aceleração das reações quími-co-físicas que conferirão resistências mecânicas após aproximadamente 24 horas de sua produção.

O processo de autoclavagem também confere estabilidade química aos blocos CCA. Eles não degradam e nem alteram a composição ao longo dos anos e, por se-rem incombustíveis, oferecem resistência ao fogo superior à dos blocos convencio-nais e possuem baixo índice de conduti-bilidade térmica. No que diz respeito à resistência térmica, vale salientar que uma parede de CCA com 10 cm de espessura equivale a uma constituída de blocos con-vencionais de 25 a 30 cm de espessura.

Por ser constituído de uma estrutura aerada, o bloco CCA permite me-

O processo de autoclavagem também confere estabilidade química aos blocos CCA. Eles não degradam e nem alteram a composição ao longo dos anos

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lhor absorção das ondas sonoras, dificul-tando a transmissão para outro ambien-te. Pode ser facilmente serrado, furado e escareado, sem prejudicar a integridade do produto, evitando assim excessos e acúmulo de resíduos na construção. É importante ressaltar que as células de ar fechadas que caracterizam essa aeração do CCA não são conectadas — e isso di-ficulta a migração de umidade por meio das paredes, proporcionando estanquei-dade ao produto, podendo este ser utili-zado em ambientes úmidos.

Leve, esse bloco gera uma economia em torno de 11% na taxa de armação das estruturas de concreto. No volume de concreto das fundações, o ganho chega a 5%, podendo chegar a 25% nos produtos utilizados para assentamento e revestimento.

As construções constituídas com alve-narias compostas por blocos de concre-to celular autoclavado conferem maior estabilidade global à edificação. Uma construção de alvenaria externa pode chegar a uma carga total (considerando a argamassa de assentamento/revesti-mento) de 154,0 kg/m², equivalente 18% a 33% menor se comparado ao sis-tema convencional.

O processo executivo das alvenarias de vedação com o bloco CCA é mais otimi-zado, chegando a um índice de produti-vidade em torno de 18% a mais, compa-rando-se com os sistemas convencionais. Esse índice se dá ao fato de os blocos terem dimensões maiores e serem facil-mente cortados e modulados ao sistema.

Importante ressaltar que a geração de resíduo durante a etapa de execução das

alvenarias tende a zero e o pouco resíduo gerado poderá ser 100% reaproveitado. Por ser um produto leve, muitos o uti-lizam para enchimento das áreas frias, dentre outras finalidades.

1. CaraCterístiCas téCniCas

O bloco CCA está de acordo com as normas técnicas vigentes NBR 13438:2013 — Blocos de concreto ce-lular autoclavado – Requisitos e NBR 13440:2013 — Blocos de concreto celular autoclavado – Métodos de ensaio. Peso específico seco: 5,0 kN/m³; Peso específico de cálculo: 5,8 kN/m³; Resistência à compressão média: 2,5

kN/m²; Resistência à tração por flexão: 0,8

kN/m²; Coeficiente de condutibilidade térmi-

ca: 0,16 W/m.ºC; Coeficiente de dilatação: 0,008 mm/

m.oC; Módulo de elasticidade: 2300 N/mm²;

Ponto de fusão: 500 °C; Coeficiente de retração: 0,3 mm/m; Coeficiente de Poisson: 0,15 – 0,25.

2. CaraCterístiCas térmiCas

Abaixo, apresenta-se a avaliação do de-sempenho térmico da vedação vertical externa (fachada) constituída por blocos de CCA, considerando-se o seu uso nas oito zonas bioclimáticas do Brasil.

TRAnsmiTânCiA TéRmiCA DE PAREDEs ExTERnAs

As construções constituídas com alvenarias compostas por blocos de concreto celular autoclavado conferem maior estabilidade global à edificação

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O valor obtido para a fachada executada com bloco CCA é de U = 1,6781 W/ (m².K), que satisfaz todas as zonas bioclimáticas, independentemente da cor da pintu-ra da fachada, possuindo um excelente desempenho (além do mínimo exigido).

CAPACiDADE TéRmiCA DE PAREDEs ExTERnAs

A fachada de bloco apresentou valor de 174 kJ/m².K para capacidade térmica (CT) e possui, portanto, desempenho melhor que o mínimo, conforme os cri-térios estabelecidos. Quanto à avaliação do desempenho térmico do bloco para vedação externa (fachada), tem-se que atende aos requisitos e critérios estabele-cidos na ABNT NBR 15575.

O bloco também possui baixo índice de condutibilidade térmica, sendo de oito a dez vezes mais eficientes que os blocos convencionais, protegendo o am-biente interno das variações de tempera-tura externa.

3. CaraCterístiCas aCústiCas

Realizaram-se testes sonoros em pro-tótipos de laje constituídos com alvena-ria de CCA de 15 cm e 12,5 cm de es-pessuras. Os cômodos foram feitos com janelas de vidro laminado fixo e portas de madeira maciça com vedação de bor-

unidade habitacional e áreas de corredo-res, halls e escadaria nos pavimentos-tipo; Parede de dormitórios entre uma

unidade habitacional e áreas comuns de trânsito eventual como corredores, halls e escadaria nos pavimentos-tipo. Parede entre unidades habitacionais

autônomas (geminada)O cômodo executado com paredes de 12,5 cm atendeu ao seguinte requisito: Parede de salas e cozinhas entre uma

unidade habitacional e áreas de corredo-res, halls e escadaria nos pavimentos-tipo.

4. resistênCia ao fogoMuitas das aplicações dos blocos de

CCA são em caixas de escada atendendo às exigências dos corpos de bombeiros, por se tratar de área de fuga. As caixas de escada podem ser facilmente executadas sem revestimentos de argamassa, permi-tindo pinturas diretamente no bloco.

Os resultados obtidos em ensaio foram: Espessura de 12,5 cm do bloco

60 x 30: o item apresentou resistência ao fogo no grau corta-fogo e grau para--chama pelo período de 240 minutos (CF240 e PC240, respectivamente), conforme requisitos estabelecidos na norma NBR 10.636. O corpo de prova (parede), depois de submetido à expo-sição ao fogo, manteve-se estável com resultados satisfatórios após choque mecânico.

Espessura de 15 cm do bloco 60 x 30: apresentou resistência ao fogo no grau corta-fogo e grau para-chama pelo período de 360 minutos, respec-tivamente conforme requisitos

racha macia no perímetro de contato en-tre as folhas da porta e do portal.

O cômodo executado com paredes de 15 cm atendeu às exigências da NBR 15.575-4 nos seguintes requisitos: Parede de salas e cozinhas entre uma

Realizaram-se testes sonoros em protótipos de laje constituídos com alvenaria de CCA de 15 cm e 12,5 cm de espessuras. Os cômodos foram feitos com janelas de vidro laminado fixo e portas de madeira maciça

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estabelecidos na norma NBR 10.636. O corpo de prova (parede), depois de submetido à exposição ao fogo, mante-ve-se estável com resultados satisfató-rios após choque mecânico.

Espessura de 10 mm do bloco 60 x 30: apresentou resistência ao fogo no grau corta-fogo e grau para-chama pelo período de 180 minutos, respecti-vamente conforme requisitos estabeleci-dos na norma NBR 10.636. O corpo de prova, depois de submetido à exposição ao fogo, manteve-se estável com resulta-dos satisfatórios após choque mecânico.

O bloco CCA também possui eleva-do ponto de fusão e baixo coeficiente de dilatação térmica. Seu ponto de fusão encontra-se na faixa de 1.200 °C.

DimensõesVários são os estudos que contem-

plam o bloco CCA. A cada estudo, é conferido o desempenho do produto

e do sistema que ele constituirá. Os re-sultados demonstraram que os sistemas de alvenaria de vedação com CCA são superiores se comparados aos demais produtos e sistemas.

Uma mestranda da Universidade Fe-deral de Minas Gerais, que publicou sua tese no ano de 2011, estudou sistemati-camente os sistemas de alvenaria com-postos pelo bloco de concreto celular autoclavado, comparando o seu desem-penho às alvenarias constituídas por blo-cos cerâmicos. Conclui-se que, em todos os aspectos, o sistema de alvenaria com o CCA tem desempenhos superiores aos do sistema convencional — e mais uniformes quando aplicada argamassa industrializada para o assentamento do bloco de concreto celular autoclavado.

Sugere-se a contratação de um pro-jetista para melhor aproveitamento do produto e sistema do qual fará parte.

Assim, é possível afirmar que o CCA

confere aos requisitos critérios referentes à norma de desempenho NBR 15.575, no que tange:1. Segurança — segurança estrutural, contra o fogo e no uso e operação;2. Habitabilidade — estanqueida-de; desempenho térmico, acústico e lumínico; saúde; higiene; funcionali-dade e acessibilidade; e conforto tátil e antropodinâmico.3. Sustentabilidade — durabilidade, manutenibilidade e impacto ambiental.

A economia relacionada ao uso dos blocos CCA não se refere ao custo uni-tário do material, mas nas interfaces do processo construtivo, como, por exemplo, economia no revestimento interno e externo nas estruturas de concreto por meio das armações em função da leveza, entre outros. Os ga-nhos também são na produtividade e na diminuição de resíduos.

Fontes: Eng.a Stefane Vitorino (Gerência de Produtos da Precon Material de Construção); dissertação de mestrado de Fabiana de Carvalho Ferraz (UFMG); Cândida e Paulo Neto.

em todos os aspectos, o sistema de alvenaria com o CCA tem desempenhos superiores aos do sistema convencional — e mais uniformes quando aplicada argamassa industrializada

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Nível talvez não seja a va-riável mais comum usa-da em aplicações indus-triais, mas certamente é a mais utilizada se con-

siderarmos os recursos disponíveis no mercado para realizar a medição dessa grandeza. A importância dessa medição para a indústria vai além da própria ope-ração do processo: também é aplicada para fins econômicos por meio dos cál-culos de custo e inventário.

Os sistemas de medição de nível va-riam em complexidade desde simples réguas, controles visuais e boias até indi-cações remotas, por registros e por meio de instrumentos automatizados. Entre-tanto, neste artigo, vamos nos limitar à medição de nível pela aplicação de con-troles visuais e indicações remotas por

medIção de níveL com transmIssor magnetorrestrItIvo

INSTRUMENTAÇÃO artigo

Aplicações para controles visuais e indicação remota, por meio do transmissor

Vitor Hugo Pizzolante Engenheiro de Produto (linha de Nível) da WIKA do Brasil

meio do transmissor magnetorrestritivo 4 a 20 mA com protocolo Hart e Foun-dation Fieldbus.

introDuçãoNa indústria de controle de processos, costuma-se definir a grandeza nível como sendo a altura do conteúdo den-tro de um reservatório ou a interface en-tre dois meios que podem ser um líquido ou um sólido.

Em função da evolução tecnológica, níveis de exigências das diversas aplica-ções industriais, requisitos e normas de segurança, como a determinação de ní-vel em tanques da indústria nuclear que motivou acidentes graves, foram desen-volvidos diversos tipos de instrumentos de medição de nível nos últimos anos, com precisões que chegam a ± 0,1 mm.

ClassifiCação e tipos De meDiçãoNa maioria das literaturas técnicas, a me-dição é classificada como sendo direta ou indireta. Essa classificação é dada pela forma como se mede o nível.

Usando a medição direta, compa-ramos diretamente a distância entre o nível do produto a ser medido e um referencial pré-definido. Nesse tipo de medição, podemos utilizar instrumen-tos de observação visual direta, como trenas, visores graduados (tipo refletivo, transparente e tubular) e indicadores de nível magnético tipo bandeirola. Já na medição indireta, a posição da superfí-cie do produto cujo nível se quer medir é determinada por meio de uma outra grandeza física, utilizando a tecnologia magnética, como, por exemplo, o trans-missor de nível magnetorrestritivo, com sinal analógico de 4 a 20 mA, protocolo Hart e Foundation Fieldbus. Nessa

Os sistemas de medição de nível variam em complexidade desde simples réguas, controles visuais e boias até indicações remotas, por registros e por meio de instrumentos automatizados

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classificação, também podemos encon-trar os instrumentos que medem o nível pela pressão da coluna hidrostática de um líquido, como os transmissores dife-renciais com leitura remota, ou, ainda, os instrumentos específicos para determi-nar o nível por meio da variação do peso do equipamento que contém o produto a ser medido.

esColha Da teCnologiaA escolha da tecnologia a ser empregada na medição de nível deve ser definida começando pela exigência metrológica da medição do processo. Deve-se ques-tionar qual o objetivo da medição: se operacional ou para uma transferência de custódia. A medição operacional nor-malmente requer incerteza maior que a medição para transferência de custódia (medição usada na compra e venda de um determinado produto). Tomando como base a indústria de petróleo, um dos segmentos mais importantes nos dias atuais, em que as medições devem seguir os critérios estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), as precisões requeridas são de 6 e 12 mm, respectivamente. Não há regras que de-finam qual tipo de medidor deve ser uti-lizado. Porém, qualquer escolha deve ser aprovada pela agência. O medidor pode ser manual ou automático, tudo vai de-pender da exatidão e confiabilidade que se deseja alcançar. Nos tanques de petró-leo, o medidor mais usual ainda é a tre-na, mas, devido às incertezas desse tipo de medição, que está sempre associada à sensibilidade do operador, a migração para os indicadores de nível tipo bypass acoplados com transmissores de nível magnetorrestritivo com indicação remo-ta vem sendo cada vez mais constante.

Na medição para transferência de cus-tódia, é comum as partes envolvidas defi-nirem uma faixa percentual de incerteza para mais ou para menos e, assim, as par-tes, estando de acordo com o percentual pré-definido, são fechados os contratos. Além da exatidão, outros parâmetros de-vem ser estudados como:

retirada do sensor, e sua periodicidade; Instalação - É preciso observar se o

instrumento será inserido ao processo ou instalado externamente. A segunda op-ção geralmente é mais segura e simples;

Manutenção - Depende da instala-ção (os sistemas em que existem peças móveis normalmente requerem mais calibrações e controle dessas partes).

meDição De nível por meio Do transmissor magnetorrestritivo — prinCípio De funCionamentoO princípio de funcionamento está basea-do no deslizamento da boia magnética no tubo guia, gerando um impulso de corren-te no fio magnetorrestritivo (1). Esse fio está localizado dentro do tubo guia (2).

Essa corrente gera um campo magnéti-co circular no fio (3). Quando ele se en-contra com o campo magnético do ímã que está localizado dentro da boia (4), é gerada uma torção de onda magnética (5) - efeito chamado Wiedermann. Essa torção percorre o fio como uma onda (5). A medição ocorre no percurso da onda de ida e volta entre o sensor até a posição da boia (proporcional ao nível do líquido). Esse princípio de medição proporciona alta precisão para o instrumento.

A medição operacional normalmente requer incerteza maior que a medição para transferência de custódia (medição usada na compra e venda de um determinado produto)

Custos - Operacional, de compra, instalação, manutenção e calibração. Normalmente, o instrumento de maior capacidade técnica é também a opção com custo mais elevado para se comprar;

Calibração - Devem-se verificar se a calibração será feita no local, sem a

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CaraCterístiCa Do transmissorO transmissor magnetorrestritivo tem como características principais a alta pre-cisão e a confiabilidade na medição. Esses intrumentos suportam uma faixa de tem-peratura de -200°C até +200°C, pressão -1 até +100 bar e densidades ≥ a 400 kg/m3. Como possuem unidades de engenharia, podem ser configurados com qualquer unidade de medição. Os transmissores magnetorrestritivos possuem uma ele-trônica inteligente, ou seja, se o usuário programar os dados do tanque, tais como altura, diâmetro e o formato do tanque, o transmissor calcula automaticamente o volume do fluido com as unidades de engenharia escolhidas pelo usuário. Esse cálculo pode ser feito com qualquer tipo de tanque, ou seja, horizontal, vertical, tipo cone, com formato cilíndrico e esfé-rico. Essas configurações podem ser feitas pelo usuário de maneira fácil e rápida por meio de três botões que ficam localizados no display, conforme figura acima:

Construção Do transmissorOs transmissores magnetorrestritivos são fabricados de acordo com as con-

dições de processo, tais como pressão, temperatura, densidade e viscosidade do fluido. Para fluidos corrosivos, usamos materiais nobres tais como Hastelloy C-276, Titânio, Monel, revestimento em ECTFE e PTFE. Os instrumentos stan-dards precisam ser de aço inox, pois o princípio de funcionamento é por meio do campo magnético.

Na especificação desse instrumen-to, também é avaliada a classificação de área, pois, se ele for instalado em tanques de combustível ou perto de alguma área explosiva, os transmissores precisam ser fabricados para suportar uma explosão interna ou reduzir o consumo de corren-te para que não haja combustão.

As normas de fabricação são escolhi-das pelo usuário através do fluido a ser medido. As mais conhecidas pelo merca-do de instrumentação são: ASME B16,5, ASTM, NACE MR0175 / MR0103. Para os processos sanitários, nós usamos a norma 3A, que garante a qualidade ne-cessária para que não tenhamos conta-minação nos líquidos a serem medidos.

Esses transmissores, além da ótima pre-cisão na medição, possuem uma vida útil muito longa devido ao seu funcionamen-to ser por meio do campo magnético.

instalação Do transmissor magnetorrestritivoConforme já informado anteriormente, a instalação desse transmissor pode ser feita de duas formas:

Instalação de topo (direto no processo);

Instalação na lateral do tanque (junto com o indicador de nível magnético);

A escolha dessa instalação é definida pelo usuário ou pela construção do tan-que. Para facilitar a manutenção e a me-lhor visualização do fluido, a instalação mais indicada seria na lateral do tanque junto ao indicador de nível magnético, pois se tem a visualização do fluido por meio da caixa indicadora e a indicação remota para sala de controle.

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referênCias bibliográfiCas e leitura aDiCional• Arquivos de artigos técnicos WIKA; • Documentos e apostilas Uniban - Osasco; Medição de Nível com Transmissor Magnetorestritivo; • Apresentações da linha de Nível- WIKA: 2013-2014; • Manuais de Operação e Instalação do Transmissor Magnetorestritivo WIKA; • Catálogos e Folhas de especificações WIKA;Conteúdo e Imagens pertencentes à WIKA do Brasil

Engenharia e Design para Construções Enxutas A solução de Engenharia e Design Integrados (IE&D) da AVEVA permite que cada disciplina crie e controle a evolução da informação a qual é responsável, e ao mesmo tempo permite que ela fique visível para todas as disciplinas que a utilizam em seu próprio trabalho.

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onDe poDemos usar os transmissores magnetorrestritivosEsses transmissores são bastante utilizados em fluidos que precisam ter um controle especial, como, por exemplo, empresas farmacêuticas que controlam a quantidade de fluido que vai em cada substância para fabri-car o remédio, empresas de bebidas que precisam controlar a quantidade exata de cada fluido para compor o produto final, empresas de armazena-mento de combustível que precisam controlar a entrada e a saída do flui-

do (controle sob custódia). Portanto, esses instrumentos são usados para medições com alta precisão e confia-bilidade na medição.

ConClusãoNeste artigo, observamos um pouco do conceito da medição de nível com o transmissor magnetorrestritivo, suas aplicações, variedades e tipos de medi-ção dentro da indústria de controle de processos. Como ênfase, mostramos as medições diretas e indiretas com os transmissores magnetorrestritivos, com suas características e aplicações.

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PROCESSO

A contaminação do ar com-primido é a soma da con-taminação do ar ambien-te com outras substâncias que são introduzidas

durante o processo de compressão. O ar ambiente é contaminado por partículas sólidas (poeira, micro-organismos etc.), vapor d’água (umidade relativa), vapores de hidrocarbonetos (fumaça de óleo die-sel etc.), dióxido de carbono, monóxido de carbono, óxido nitroso e dióxido de enxofre, entre outros.

Durante o processo de compressão, o ar comprimido também é contaminado pelo óleo lubrificante do compressor e

tratamento de ar comprimido

artigo

Edgard Dutra Diretor-comercial da Metalplan Equipamentos

por partículas sólidas provenientes do desgaste de suas peças móveis. Na tu-bulação de distribuição, ele ainda pode arrastar ferrugem e outras partículas só-lidas. A pressão e a temperatura poten-cializam os efeitos prejudiciais de todos esses contaminantes.

A redução gradual da temperatura do ar comprimido ao longo da tubulação causa a condensação de alguns contaminantes gasosos. Ao atingir a fase líquida (con-densado), esses contaminantes estarão presentes no fluxo de ar comprimido sob diferentes aspectos, desde um conjunto amorfo (filete de condensado) deposi-tado nas partes inferiores da tubulação

e dos equipamentos, passando por pe-quenas gotas e chegando até a aerossóis microscópicos dispersos entre as molé-culas do ar comprimido. Por definição da ISO-8573/2.4, aerossol é uma “suspensão num meio gasoso de partículas sólidas e/ou líquidas com uma desprezível veloci-dade de queda (< 0,25 m/s)”.

O resultado da mistura de todos esses contaminantes é uma emulsão ácida e abrasiva que compromete o correto funcionamento de um sistema de ar comprimido em qualquer tipo de aplicação. Por exemplo: um compres-sor com vazão de 5.100 m³/h operan-do em três turnos, sob temperatura de 25°C e umidade relativa de 75%, intro-duzirá, diariamente, mais de 2 mil litros de contaminação no sistema.

norma ‘is0-8573-1’A norma internacional ISO-8573-1

é a referência central sobre a qualidade do ar comprimido para uso geral — não valendo para usos particulares, como ar medicinal, respiração humana e outros. A tabela a seguir apresenta as classes de

Contaminantesinstalação paDrão iso-8573

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qualidade do ar comprimido em fun-ção dos seus três contaminantes típicos (água, óleo e partículas sólidas).

Para a obtenção dos diferentes níveis de pureza do ar comprimido (classes de qual idade), a norma recomenda a se-guinte sequência de equipamentos:

o seCaDor De ar ComprimiDo

Sua função é eliminar a umidade (líquido e vapor) do fluxo de ar. Um secador deve estar apto a fornecer o ar comprimido com o Ponto de Orvalho especificado pelo usuário. Ponto de Or-valho é a temperatura na qual o vapor d’água contido no ar comprimido come-ça a condensar.

Há dois conceitos principais de se-cadores de ar comprimido: por refri-geração (cujo Ponto de Orvalho padrão é +3ºC) e por adsorção (com Ponto de Orvalho mais comum de –40ºC). Há uma norma própria (ISO-7183) que trata do projeto e testes de desempenho desses equipamentos.

Secadores instalados em climas tem-perados devem obedecer à norma ISO-7183-A1, que especifica a tempera-tura ambiente em 25°C e a temperatura de entrada do ar no secador em 35°C. Já os secadores instalados em climas tropi-cais seguem a ISO-7183-A2, que especi-fica a temperatura ambiente em 38°C e a temperatura de entrada do ar no secador em 38°C.

o seCaDor por refrigeração

O secador por refrigeração opera resfriando o ar comprimido até tempe-raturas próximas a 0ºC, quando é pos-sível obter a máxima condensação dos vapores de água e óleo (sem o risco de congelamento). Na maioria dos mode-los, um circuito frigorífico realiza essa tarefa. No ponto mais frio do sistema, é importante uma eficiente separação dos condensados formados, evitando sua re-entrada no fluxo de ar comprimido. De-pendendo do tipo de secador, isso é feito por separadores de condensado, filtros coalescentes e purgadores automáticos.

Depois de removido o conden-

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sado, a maioria dos secadores por refrigeração reaquece o ar comprimido por meio do recuperador de calor, que reapro-veita o calor do próprio ar comprimido na entrada do secador, devolvendo-o ao sistema numa condição mais adequada ao uso. Ao entrar no secador, recomenda-se que o ar comprimido esteja numa temperatura próxima à ambiente, permitindo a re-dução no consumo de energia do equipamento.

Se o secador for resfriado a ar, deve-se ter um cuidado espe-cial com a temperatura ambiente em que será instalado. Tabelas de correção são usuais para dimensionar o correto secador por refrigeração em função das condições de operação.

Em termos construtivos, um secador de ar por refrigeração é composto por trocadores de calor, um circuito frigorífico, separa-dor de condensado, filtros coalescentes, purgador automático, pai-nel elétrico e outros itens, podendo ser resfriado pelo ar ambiente ou por água.

o seCaDor por aDsorçãoOs secadores por adsorção se caracterizam por remover os

vapores do ar comprimido sem condensá-los. Devido ao baixo Ponto de Orvalho que conseguem proporcionar (até –100ºC), são indicados para aplicações muito especiais, quando o seca-dor por refrigeração deixa de ser eficaz. Também em função de seu baixo Ponto de Orvalho, consomem muito mais energia do que os secadores por refrigeração, recomendando cautela em sua especificação.

A adsorção, como já foi dito, é o efeito de atração das molécu-las de gases e líquidos para a superfície de um sólido (material adsorvedor), mantendo-as aderidas ali. O material adsorvedor de um secador por adsorção tem um altíssimo poder de atração e retenção das moléculas de água sobre sua superfície. Há di-versos tipos de materiais adsorvedores (sílica-gel, alumina ati-vada, molecular sieve, H-156 etc.), cada um com características mais apropriadas a certos tipos de aplicação.

A superfície dos materiais adsorvedores atinge áreas de 300 m² por g. O gráfico abaixo exibe o desempenho de diferentes ti-pos de materiais adsorvedores em função da umidade relativa.

Alguns secadores por adsorção utilizam mais do que um tipo de material adsorvedor em seu leito de secagem, a fim de garan-tir o Ponto de Orvalho especificado. Em geral, um secador por adsorção possui dois leitos de secagem, de modo a permitir que um esteja secando o ar comprimido, enquanto o outro, já satu-

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rado, possa ser regenerado/reativado.Em qualquer tipo de secador por ad-

sorção, um fluxo de ar despressurizado e extremamente seco (pré-aquecido ou não) é o veículo condutor para a extra-ção das moléculas de água do leito satu-rado no sentido oposto ao da secagem. Um painel de comando determina a frequência e a amplitude dos ciclos de regeneração e adsorção desse tipo de se-cador. Um sistema de válvulas também comandado pelo painel permite que a umidade deixe o leito saturado para o meio ambiente.

Em pequenas e médias vazões (até 3 mil m³/h) — e sempre que haja dispo-nibilidade de ar comprimido para rege-neração —, os secadores por adsorção heaterless mostram-se os mais indicados. Quando o ar comprimido de regenera-ção torna-se mais escasso, seu substituto

preferencial é o do tipo vacuum assisted.Entretanto, em altas vazões, o custo do

ar comprimido para a regeneração passa a justificar a adoção dos secadores por adsorção com uma fonte auxiliar de ca-

lor. Em termos construtivos, um secador por adsorção possui dois vasos sob pres-são (leitos) verticais, base, tubulação de interligação, sistema de válvulas, silencia-dor de purga e um painel de comando.

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TUBULAÇÃO

Misturadores estáticos são dispositivos insta-lados diretamente na tubulação. Produzem a mistura e a disper-

são desejadas na passagem do fluido pe-las partes fixas do misturador. Eles repre-sentam a alternativa aos tradicionais vasos agitados (misturadores dinâmicos) e po-dem ainda ser utilizados nos processos de forma contínua, o que proporciona um excelente ganho de produção. São com-postos basicamente por um tubo (corpo)

o que é um mIsturador estátIco?

artigo

Henri Branco Gerente-comercial da Semco

e por elementos de mistura fixados em seu interior, formando um conjunto úni-co. Esse conjunto (tubo e elementos) é inserido em trechos da tubulação em que os ingredientes serão misturados.

Os misturadores estáticos têm cres-cente aplicação e interesse, pois utili-zam parte da energia cedida pelo bom-beamento dos fluidos para promover a mistura em um processo contínuo, minimizando o uso de equipamentos e instalações industriais. Essa parte de energia utilizada pelo misturador está-tico é denominada perda de carga. A principal vantagem dos misturadores estáticos em relação aos equipamentos convencionais é econômica. A redução dos custos de investimento e de produ-ção pode alcançar de 30% a 40%, levan-do-se em conta a economia de espaço da instalação, pois se torna desnecessária a utilização de tanques. O processo de au-tomatização é mais simples, pois requer uma quantidade menor de sensores de

temperatura e vazão, além de reduzir a necessidade de operadores. Por não con-tar com partes móveis, não apresentam problemas de selagem ou desgastes de rolamentos, minimizando assim custos com manutenção.

Sua utilização é comumente encon-trada em aplicações que requerem mis-tura de produtos miscíveis, dispersão, troca térmica e transferência de massa. Podem operar em larga faixa de vazões e temperaturas, sob altas pressões e em ambientes químicos severos. Os mistu-radores podem ser utilizados nos mais variados ramos industriais, tais como alimentício, químico, farmacêutico, tra-tamento de águas e efluentes, papel e celulose e outros.

Dentre os diversos modelos existen-tes no mercado, os tipos SMV e SMX se destacam pela sua grande eficiência de mistura em espaço reduzido. Em linhas gerais, o modelo é selecionado pelo re-gime de escoamento do fluido na tubu-lação, podendo ser laminar, transacional ou turbulento.

Regimes de escoamento turbulento exigem menos dos misturadores está-ticos, já que a própria turbulência do fluido pode ser utilizada para realizar a mistura. Alguns modelos de mercado,

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o KVM e o Compax, são desenvolvidos especificamente para realizar esse tipo de trabalho. O modelo KVM é consti-tuído internamente por um gerador de vórtices com sentidos contrários, o qual garante a mistura completa dos produtos numa distância de 3 a 5 diâmetros da sa-ída do misturador. O modelo Compax possui característica de mistura seme-lhante e ainda permite a injeção do adi-tivo diretamente em seu corpo.

Para os trabalhos mais difíceis de mis-tura em regime laminar, o modelo SMX é a escolha ideal. Com sua estrutura ge-ométrica única, que promove continua-

mente a redistribuição e separação dos fluidos, a mistura ocorre facilmente após a passagem em poucos elementos. Esse tipo de misturador ainda altera a curva de velocidade do fluido dentro da tubu-lação, tornando os vetores de velocidade mais uniformes, mesmo próximos à pa-rede do tubo. Esse é um efeito desejado em processos de troca térmica.

O mais recente desenvolvimento do mercado em mistura estática é o elemen-to de mistura SMX Plus.

Os misturadores estáticos SMX Plus são a nova geração revolucionária de mis-turadores estáticos — apresentam meta-

de da perda de carga do misturador SMX. Como resultado, pode ser conseguida uma economia significativa por meio da redução do diâmetro do tubo dos mistu-radores ou usando bombas menores. O misturador SMX Plus, portanto, muito provavelmente irá substituir o modelo SMX em um futuro próximo.

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GESTÃO DE PROJETOS

Tomar a decisão de investir em um novo empreendi-mento ou mesmo ampliar unidades existentes para atendimento a estratégias

corporativas exige do empreendedor visão sobre a viabilidade, custos envolvi-dos, o que deve ser realizado e tempo ne-cessário para a implantação. É necessário saber se o empreendimento é factível dentro dos recursos disponíveis, incer-tezas existentes, contingências, riscos en-volvidos e metodologias de controle que permitam a tomada de ações corretivas a tempo. A questão exige gestão adequada, assertiva e integrada, por meio do conhe-cimento especializado e aplicação de sis-temas de controle adequados.

Uma gestão integrada consiste na identificação, estruturação e organiza-ção de todas as fases do projeto, seus componentes, influências, interfaces, incertezas e contingências. Devem-se avaliar os riscos e desvios que possam

projetos com sucesso ou fracasso

artigo

Ubirajara Rodrigues Silveira e José Piqué HernandoDiretores da UP Brasil Consultores

comprometer o projeto em todos os seus aspectos de custos, prazo, rentabi-lidade e até mesmo visão de sociedade e filosofia dos investidores.

prátiCas ConvenCionaisAs empresas especializadas se apóiam em certificações, metodologias e casos de projetos similares para sustentar o tra-balho desenvolvido. Entretanto, quando da implantação do projeto, baseiam-se apenas nos itens principais e desprezam, ou mesmo contingenciam, os demais.

No início dos trabalhos, não são ava-liados a abrangência do projeto e seus riscos, nem o atendimento e cumpri-mento das etapas são fixados por uma metodologia, comprometendo assim o projeto em todos os seus aspectos.

projetos Com suCesso ou fraCassoUm projeto é normalmente definido como um processo colaborativo, fre-

quentemente envolvendo fases, as quais são cuidadosamente planejadas para al-cançar um objetivo particular. Projetos podem ainda ser definidos como siste-mas oriundos de uma demanda de mer-cado, necessidade organizacional, solici-tação de investidor, avanço tecnológico ou requisito legal.

prinCipais CaraCterístiCas Dos projetos

Temporários, pois possuem prazos determinados (início e fim definidos);

Planejados, exigindo programação e controle;

Entregam produtos, serviços ou resul-tados exclusivos;

Desenvolvidos em etapas, exigindo encadeamento e elaboração progressiva;

Realizados por pessoas; Possuem recursos limitados.

Saber se um projeto foi um sucesso ou fracasso depende de quem avalia, ou

Como atingir metas de maneira segura

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seja, os stakeholders podem perceber de maneira diferente o resultado de um pro-jeto. A natureza subjetiva de determinar o sucesso ou o fracasso torna difícil esta-

belecer formas objetivas de medir o que é um ou outro.

O sucesso normalmente está relacio-nado ao fato de se alcançar alguma coisa que se desejava e que foi planejada — dentro do orçamento, dentro do prazo e adequado aos objetivos da empresa.

O fracasso decorre do contrário, quando os objetivos esperados não fo-ram alcançados.

Avaliar um projeto depende do esta-belecimento de padrões de desempenho que permitam comparar os resultados obtidos com as metas traçadas.

fatores que eviDenCiam o suCesso

Resultados obtidos dentro do prazo, orçamento, qualidade, performance, metas de saúde, segurança e meio am-biente, valor comercial e conquis-

O sucesso normalmente está relacionado ao fato de se alcançar alguma coisa que se desejava e que foi planejada — dentro do orçamento, dentro do prazo

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ta de mercado prevista; Satisfação dos stakeholders com os

resultados do projeto; Avanços que podem trazer vantagem

competitiva para a organização.

fatores que eviDenCiam o fraCasso

O projeto excedeu prazo e custos e não atingiu outras metas previstas, pois foram aplicados processos inadequados de gerenciamento;

Insatisfação dos stakeholders com os resultados alcançados;

O projeto cumpriu as exigências, mas não resolveu as necessidades do negócio.(Referência: Cleland, David & Ireland Lewis, Gerência de projetos, Reichman & Affonso Editores, tradução 2002)

Causas mais frequentes Do fraCasso

Falta de um estudo de viabilidade adequado;

Não ter sido implantado gerenciamen-to integrado em todas as fases do proje-to, disposto em metodologia consistente e completa, abrangendo todos os itens componentes de forma detalhada;

Plano de riscos incompleto - conse-quentemente, não eliminando, mitigando ou contingenciando os riscos detectados;

Plano de comunicação não desenvol-vido ou executado de forma eficiente, de modo a atingir todos os níveis dos grupos envolvidos.

gerenCiamento integraDo e a Certeza Do esCopoQualquer que seja a complexidade, por-te ou tipo de projeto, devem-se levar em conta a necessidade do gerenciamento integrado, com a estruturação, organiza-

ção e avaliação de todas as fases envolvi-das, e a aplicação de metodologias que permitam a gestão e o controle de cada uma delas.

O gerenciamento integrado, junta-mente com o planejamento integrado, deve contemplar todas as fases com-ponentes do projeto, levando em conta suas interfaces, o desenvolvimento pro-gressivo com as informações necessárias e a assertividade e controle do escopo que garantem seu sucesso. Essa avaliação deve ser feita com constância, garantindo a intervenção corretiva a tempo.

Dentro da gestão integrada para implan-tação de um projeto, deve-se considerar no mínimo a análise dos alguns tópicos:

Governança corporativa do projeto (planejamento estratégico, uso de incentivos fiscais, recursos humanos,

controle contábil e fluxo de caixa); Análise e estruturação do empreen-

dimento quanto a pessoas e empresas envolvidas, suas especializações, porte e responsabilidades;

Análise do escopo previsto e sua abrangência;

Locação do empreendimento (lo-gística, utilidades disponíveis, licenças ambientais e eventuais impedimentos e relação com a comunidade e autorida-des locais);

Análise do site survey e eventuais impactos no projeto;

Análise e avaliação dos dados disponíveis;

Analise da engenharia (conceitual, básica e de detalhamento), seu grau de desenvolvimento, qualidade e sua avalia-ção segundo regras internacionais;

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Análise do grau dos riscos envolvidos, seu gerenciamento e contingenciamento;

Filosofia de gerenciamento e plano de controle do projeto;

Gestão de contratos (tipos de contra-tos, garantias mínimas) e acompanha-mento de todas as fases (equalização de propostas, adjudicação e acompa-nhamento do escopo, performance e liberação de pagamentos);

Plano de controle de custos do projeto, estabelecimento de métricas e acompanhamento de tendências;

Gestão e controle de mudanças; Organograma, sua adequação e

definição de papéis e responsabilidades (matriz de responsabilidades);

Análise e/ou elaboração do plano de execução do projeto e dos planos espe-cíficos de todas as fases envolvidas;

SMS (segurança, meio ambiente e saúde) - plano, atendimento à legislação e metas;

Plano da garantia da qualidade e seu controle;

Recursos de tecnologia da informação (hardware e software);

Construção e montagem - metodolo-gia construtiva, grau de pré-fabricação, equipamentos envolvidos, compatibi-lidade quanto ao cronograma, mão de obra envolvida e espaços necessários;

Estudo de sazonalidade de chuva, mão de obra e equipamentos e suas implica-ções no cronograma;

Suprimentos (compras, diligencia-mento e inspeção, transporte e logística, seguros);

Comissionamento - metodologia e procedimentos;

Partida e ramp up; Garantia de performance - gestão

(acompanhamento e análise); Operação assistida e treinamento

de operadores - acompanhamento e gestão.

metoDologiaUma metodologia consistente e segura deve ser aplicada e seguida até a entrega do projeto. A metodologia de gerencia-mento a ser implantada precisa ser uma ferramenta abrangente e adequada para uma completa e minuciosa análise do

projeto, permitindo a implantação de todas as fases e processos envolvidos de forma estruturada e organizada. Com isso, será permitido verificar cada deta-lhe do progresso de todas as fases e itens, bem como as suas interfaces.

A metodologia dos trabalhos tem de ser compatível com os processos que atendam aos órgãos internacionais vol-tados ao gerenciamento de projetos, fornecendo, no decorrer dos trabalhos, a avaliação e classificação quanto ao grau de qualidade das informações utilizadas em cada fase. Assim, identificar-se-ão os pon-tos fortes, fracos e desvios, permitindo to-mar decisões e ações corretivas imediatas.

Caso o projeto se encontre na fase ini-cial, a metodologia deve consistir em se certificar de que todo o escopo e fases do projeto foram devidamente estruturados conforme dados corretos. Caso esses não atendam aos fundamentos estabe-lecidos, desvios serão imediatamente identificados, de modo a permitir medi-das corretivas adequadas.

Nesse estágio, a análise e implantação de um projeto se tornam mais seguras e assertivas, visto que deverão seguir uma metodologia previamente estabe-lecida, com fundamentos claramente definidos, permitindo monitoramento próximo e imediato.

Entretanto, se o projeto já se encontra em andamento, a metodologia deve per-mitir a certificação de que todo o escopo e fases do projeto sejam devidamente executados, conforme dados assertivos. Em caso de não atender aos fundamen-tos estabelecidos, têm-se condições de identificar de imediato os desvios e apli-car as necessárias medidas corretivas.

Uma das técnicas utilizadas que per-

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mite a estruturação de forma detalhada e completa, desenvolvida pelos autores, por exemplo, criou e dividiu a análise do projeto em grupos, os quais são desenvol-vidos e analisados de maneira totalmente integrada entre si. Veja a seguir.

grupo Da engenharia e Do esCopoA análise do projeto de engenharia nes-sa metodologia tem como objetivo não apenas verificar se ele foi estruturado e de-senvolvido conforme boas práticas, mas também como foi concebido, abrangen-do todos os aspectos que influenciam em suas fases e devem ser considerados no

escopo do projeto. Os resultados influen-ciarão nos riscos e nos valores de contin-gências de custos e prazos.

grupo Dos suprimentosTrata-se da validação de todo o pro-cesso, verificando desde a qualificação dos fornecedores, a completa lista da-queles compatíveis com o escopo en-volvido, a logística de compras e todo o processo de escolha dos preços e po-tenciais fornecedores.

grupo Da Construção e montagem Por se tratar de um item sensível a custos

e prazos, é imprescindível que os editais sejam completos com respeito ao es-copo, às condições do local da obra, ao cronograma e a todas as exigências rela-cionadas ao grupo de SMS e qualidade. Devem ser considerados ainda todos os aspectos das instalações provisórias, utilidades, metodologia construtiva e equipamentos necessários, bem como a implantação da “construtabilidade” du-rante o desenvolvimento da engenharia.

grupo Da saúDe, meio ambiente e segurança (sms) É um item sensível que pode afetar nega-tivamente, quando não incorpora-

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do desde o início, ou se não tiver suporte adequado da alta direção.

grupo Da garantia e Con-trole Da qualiDaDe (qa/qC) A garantia da qualidade e o controle da qualidade também precisam ser consi-derados desde o início do projeto, pois garantem a qualidade sobre todos os as-pectos, influenciando os custos e prazos.

grupo Do tiC e ‘buDget’É um grupo de suma importância, pois nele verificamos a compatibilidade das informações e fases do projeto com os recursos disponibilizados pelo investidor.

grupo Dos risCos Nesse grupo, estabelecemos e identi-ficamos os riscos inerentes a todas as fases do projeto, conduzindo a análise de modo a estabelecer o seguimento, ex-tinção, mitigação e até mesmo proteção contra os riscos, tanto para os investido-res como para os stakeholders.

grupo Dos Controles Compreendem a metodologia e ferra-mentas de controles que permitem a to-mada de ações corretivas a tempo, exigin-do gestão adequada, assertiva e integrada.

grupo Complementar São todos os itens complementares, porém necessários e importantes para a avaliação total:

Bases do projeto; Características do projeto; Integração do projeto; Comunicação; TI e RH; Comissionamento e partida; Treinamento operacional e manutenção.

análise De risCosA análise de riscos e sua classificação de-vem ser feitas de modo assertivo, sendo executadas levando em conta todos os itens componentes das fases e avalian-do as informações disponíveis a cada tempo, permitindo analisar/reanalisar o projeto de acordo com sua maturidade, baseada nas informações disponíveis no momento, e fornecendo expectativas de sucesso ou insucesso.

A ferramenta deve fornecer, de forma clara, avaliação e classificação do projeto conforme o grau dos riscos identificados.

plano De exeCução Do projetoTodos os ajustes e correções do plano de execução do projeto (PEP) devem

ser feitos, se possível, antes do início do empreendimento e sempre que identifi-cadas revisões necessárias, pois a detec-ção dos riscos, pontos fracos e desvios precisam ser claramente incorporados ao PEP para a devida informação e apro-vação dos investidores e stakeholders. É o documento que norteia o desenvolvi-mento de todo o projeto.

Nele estão descritas todas as fases do projeto, requisitos, metas e filosofias do investidor, os objetivos e o modo pre-visto para atingi-los, suas interfaces e planos específicos.

monitoramento Dos resultaDosO monitoramento dos resultados da avaliação das fases componentes em tempo e ações corretivas imediatas, tomadas de maneira segura e eficien-te, é de fundamental importância para a avaliação, classificação e sucesso do projeto.

A gestão integrada somente termina na entrega do projeto ao cliente, pois o acompanhamento deve ocorrer em to-das as fases até seu completo término, já que desvios em uma delas podem influir nas seguintes, comprometendo o resul-tado como um todo.

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Segundo pesquisador da Lawrence Berkeley Na-tional Laboratory (CA, EUA), cerca de 25% da superfície de uma cidade

consiste de telhados.

transmissão De Calor Por condução térmica - Através de

materiais que conduzem calor. Há mate-riais que oferecem maior condutividade (como metais, por exemplo) e outros com menor condutividade (algumas ce-râmicas, isopor, fibra de vidro, etc.).

Os maus condutores são conside-rados isolantes. Além de depender dos materiais, depende da área exposta e da diferença de temperatura entre um lado e outro.

ecoteLhado

SUSTENTABILIDADE artigo

Miriam Morata Novaes Arquiteta

Por convecção - Através de mate-riais e fluidos que levam calor à medida que se movimentam. A convecção pode ser natural (ar quente tende a subir; ar frio, a descer, por exemplo), ou forçada (mediante ventiladores, por ex. - envolve gasto de energia).

Por irradiação - Transporte de ca-lor por radiação eletromagnética. É a for-

ma pela qual o calor do Sol chega até nós. Depende da intensidade da fonte,

assim como da cor e material de super-fície receptora - revestimentos brancos podem refletir até 70% da energia solar.

telhaDo e a raDiação solarCerca de 93% do calor que chega no

telhado vem por radiação. Com

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isso, o Sol aquece o telhado e o telha-do quente vai, então, transmitir grande parte desse calor para dentro da casa por radiação também.

telhaDo verDe Um telhado verde é uma fina cama-

da de vegetação instalada no alto de um telhado plano ou inclinado. A vegetação pode variar de gramado, arbustos ou mes-mo árvores, dependendo do clima e da capacidade de carga do telhado.

Consiste em um sistema com im-permeabilização, drenagem, solo e vege-tação compatível com o local.

Telhados verdes resfriam a cidade: Nas edificações horizontais ou mes-

mo nas verticais, o isolamento térmico

proporcionado pela cobertura verde gera economia de energia, sendo capaz de reduzir em até 10°C a temperatura interna do ambiente.

O climatologista Stuart Gaffin afir-ma que telhados verdes podem mitigar os efeitos das mudanças climáticas nas ilhas de calor urbanas. O resfriamento da superfície das cidades chega à casa dos 16,4ºC por área.

telhaDo branCo Coberturas escuras absorvem 80%

do calor externo, enquanto as claras re-fletem até 90% da luz solar.

A maioria dos tetos planos é escura

Um telhado verde é uma fina camada de vegetação instalada no alto de um telhado plano ou inclinado. A vegetação pode variar de gramado, arbustos ou mesmo árvores

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e reflete não mais que 20% da luz solar. Pintados de branco ou outra cor clara, com reflexão de 0,60 ou mais, os efeitos da incidência solar diminuiriam.

A pintura do telhado na cor branca, incentivada pela ONG Green Building Council Brasil, visa a melhorar o desem-penho térmico da edificação, ao propor-cionar a redução da temperatura do te-lhado, devido à menor absorção externa da irradiação solar pelo teto.

Essa campanha foi norteada por es-tudos anteriores, pela Universidade da Califórnia, em laboratório no qual foram verificadas reduções significativas na temperatura das habitações ao pintar o teto de branco.

A menor absorção da irradiação so-lar no telhado cerâmico pintado de bran-co, em relação ao vermelho, proporciona temperaturas mais baixas no telhado, com menor irradiação de calor (ondas longas) para o interior das zonas, e me-nor dissipação de calor por convecção para o ar externo.

Inconveniente: é necessária manu-tenção da pintura periodicamente.

telhas eCológiCas As telhas chamadas ecológicas surgi-

ram mais recentemente como alternativa às telhas convencionais, cujas matérias--primas, em geral, provêm de extração mineral, prejudicial ao meio ambiente.

Elas usam em sua formulação mate-rial reciclado ou proveniente de manejo florestal, no caso de madeira.

telhas De fibras vegetais Nas telhas produzidas com resíduos

de fibras vegetais, são usadas fibras vege-

tais de madeiras, como pinho e eucalip-to, e de não madeiras, como sisal, bana-neira e coco, empregadas no reforço dos materiais cimentícios.

Inconveniente: em alguns casos re-latados, ocorreu deformação da telha em função do calor da região.

As telhas têm uma composição revolucionária: uma monocamada de fibras vegetais impregnadas de betume, pigmentadas para se obter a cor deseja-

da e, em seguida, protegidas por uma resina especial.

Essa resina oferece proteção contra os raios ultravioleta (UV), preservando a cor do produto, e impede a escamação da superfície, tão comum nas telhas mul-ticamadas.

Comportamento técnico: As telhas compostas de fibras

A menor absorção da irradiação solar no telhado cerâmico pintado de branco, em relação ao vermelho, proporciona temperaturas mais baixas no telhado, com menor irradiação de calor

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vegetais são mais escuras que as de cimento amianto, mais claras que as cerâmicas e têm tamanho e espessura intermediários entre as telhas cerâmi-cas e as de amianto. A associação dessas duas caracterís-

ticas fez com que apresentassem com-portamento térmico bastante seme-lhante ao das telhas cerâmicas.

embalagem tetra pak Trata-se de um novo tipo de cober-

tura para construção civil feita de papel, alumínio e plástico reciclados, tendo como matéria-prima caixas de leite lon-ga vida (Tetra Pak). Fabricadas por meio de um processo que usa pressão e calor, a telha ecológica tem o mesmo formato que os da de amianto.

A embalagem Tetra Pak é compos-ta por seis camadas de proteção, de fora para dentro: uma de polietileno para proteger a embalagem contra a umida-de externa; uma de papel, que confere estrutura e resistência à embalagem; uma de polietileno para aderência entre as camadas internas; uma de alumínio, para evitar a passagem de oxigênio, luz e micro-organismos; e, por fim, duas ca-madas de polietileno, que evitam todo e qualquer contato do leite com os mate-riais internos da embalagem.

Inconveniente: esse material “esca-ma” e solta farpas de plástico. Não aceita pintura (branco).

telha tubo Tem como matéria-prima tubos

de creme dental provenientes de re-

síduos de produção desse produto, composto por 75% de plástico e 25% de alumínio. Por essa razão, recebe a alcunha de telha tubo.

O resíduo usado na sua fabricação são aparas de corte ou tubos de creme dental que não passaram pelo controle de qualidade. Para fabricar uma telha com dimensões de 2 x 0,60 m, são neces-sárias, em média, setecentas unidades de tubo de creme dental.

lose), por ter alumínio em sua compo-sição, atua na reflexão solar, deixando o ambiente com eficiência térmica quan-do comparada à telha de fibrocimento.

manta térmiCa A subcobertura é uma manta que se

instala por baixo da cobertura, funcio-nando como uma barreira na transmis-são do calor.

Por ter uma face aluminizada, a caixa de leite mostrou-se perfeita para exercer a função da manta, com a vantagem de ser uma solução ecológica. Com a man-ta, a casa fica mais confortável porque funciona como isolante térmico, refle-tindo o calor para cima.

Composição: Composição das caixinhas: formadas

por 5% de alumínio, 20% de plástico e 75% de papelão. O alumínio reflete mais de 95% do calor, ajudando a diminuir a temperatura interna dos ambientes. Cada m2 de manta consome vinte

caixinhas em até 8ºC. Colocação: Para o perfeito funcionamento do

isolamento térmico, é muito impor-tante que a manta não encoste nas te-lhas, deixando um espaço mínimo de 2 cm para a circulação do ar. A face de alumínio deve ficar para

baixo, em direção ao ambiente. O pro-fessor Celso Arruda, da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universida-de de Campinas, diz que a manta de Tetra Pak bem aplicada tem o mesmo desempenho das placas de alumínio (foils) vendidas no mercado.

Comportamento térmico: A telha tubo tem composição muito

semelhante à da telha Tetra Pak: sub-metida a ensaio específico, apresentou temperatura superficial de 47ºC, en-quanto a telha cerâmica apresentou o resultado de 41ºC. Já a temperatura no interior foi de 22 e 23,5ºC, respectiva-mente, para as duas telhas. A telha feita com embalagem Tetra Pak

reciclada (polietileno, alumínio e celu-

A telha tubo tem composição muito semelhante à da telha Tetra Pak: submetida a ensaio específico, apresentou temperatura superficial de 47ºC

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COLUNA SEGURANÇA

Veículos industriais são equi-pamentos importantes e de grande utilidade para o bom desenvolvimento de muitas atividades nos

ambientes de trabalho. No entanto, se utilizados em condições inadequadas e/ou de forma incorreta, podem ser os causadores de acidentes graves. Por isso, gerenciar os riscos de atividades em que exista esse tipo de equipamento deve ser prioridade em qualquer planejamento e programa de segurança no trabalho.

Na verdade, por detrás do uso dos ve-ículos industriais ocultam-se uma série de riscos que, muitas vezes, passam sem ser notados nas atividades cotidianas. É comum observarmos estabelecimentos em que a operação de veículos indus-triais é realizada por profissionais não capacitados. Além disso, também existe a questão de problemas de leiaute, seja pela falta de espaço compatível com a necessidade de manobras ou que possi-bilite a sua realização com certa margem de segurança, ou ainda, pela falta de or-ganização que acaba implicando maior redução do espaço, criando uma situa-ção evidente de risco de acidente.

Portanto, logo de inicio, devemos ter

Veículos IndustrIaIs

em mente que prevenir acidentes nas operações com veículos industriais é assunto que, para ser bem cuidado, deve envolver muito mais do que apenas pre-ocupações com o veículo em si.

A norma regulamentadora NR-11 — Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais deve ser tomada como referência para a elaboração de qualquer atividade preventiva ao uso de veículos industriais, mas, tal como todas as demais normas regulamentadoras, não esgota de forma alguma o assunto, havendo necessidade da atuação de um engenheiro de segurança do trabalho para o desenvolvimento e detalhamento de um programa especifico.

Outras normas regulamentadoras

importantes, que devem ser levadas em consideração em um projeto envolven-do movimentação de veículos indus-triais, são:

NR-26 - Sinalização de segurança - É preciso estar seguro de que existem características de segurança adequadas. Poderá ser necessário colocar sinais de direção, limite de velocidade e priorida-de. Deverá determinar se é necessário colocar restrições físicas de velocidade como, por exemplo, barreiras plásticas, sinalizadores verticais, balizadores, pisca de advertência etc.

NR-12 - Máquinas e equipamen-tos - Recomenda que as máquinas au-topropelidas, fabricadas a partir de maio de 2008, devem possuir faróis, lanternas traseiras de posição, buzina, espelho re-trovisor e sinal sonoro automático de ré acoplado ao sistema de transmissão.

NR-18 - Construção civil - Os equi-pamentos que operam em marcha a ré devem possuir alarme sonoro acoplado ao sistema de câmbio e retrovisores em bom estado.

NR-22 - Mineração - Equipamentos de transporte sobre pneus, de materiais e

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Com 10 anos de experiência como engenheira de segurança do trabalho, em empresas de grande porte, Daniela Atienza Guimarães é diretora adjunta da APAEST (Associação Paulista de Engenheiros de Segurança do Trabalho) e docente do curso de Engenharia de Segurança do Trabalho da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial).

www.adelco.com.br

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Somos especialistas em projetos e fabricação de TRANSFORMADORES A SECO, REATORES, UPS, RETIFICADORES/CARREGADORES DE BATERIAS E RETIFICADORES DE PROTEÇÃO CATÓDICA.

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Soluções de projeto específico, quanto a dimensões e peso. · Grau de proteção de IP-00 a IP-65 · Ex-n, Ex-d, Ex-p, ... · Projeto e fabricação de acordo com Órgãos Certificadores (BV, DNV, ABS, UL), entre outros.”

Soluções de projeto específico, quanto a dimensões e peso. · Grau de proteção de IP-00 a IP-65 · Ex-n, Ex-d, Ex-p, ... · Projeto e fabricação de acordo com Órgãos Certificadores (BV, DNV, ABS, UL), entre outros.”

pessoas, devem possuir, em bom estado de conservação e funcionamento, faróis, luz e sinal sonoro de ré acoplado ao siste-ma de câmbio de marchas, buzina e sinal de indicação de mudança do sentido de deslocamento e espelhos retrovisores.

NR-29 - Trabalho portuário - Os veículos automotores utilizados nas operações portuárias que trafeguem ou estacionem na área do porto orga-nizado e instalações portuárias de uso privativo devem possuir sinalização sonora e luminosa adequadas para as manobras de marcha a ré.

NR-31 - Agricultura - Recomenda

que as máquinas autopropelidas, fabri-cadas a partir de maio de 2008, devem possuir faróis, lanternas traseiras de po-sição, buzina, espelho retrovisor e sinal sonoro automático de ré acoplado ao sistema de transmissão.

Seguindo nessa linha, é possível afir-mar que, se existisse um estudo com-pleto de gerenciamento de riscos em atividades desse tipo em fase de projeto, e que, além disso, uma perspectiva de crescimento do empreendimento fosse considerada nas avaliações, muitos aci-dentes seriam evitados.

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COLUNA qUALIDADE

ValidaÇÃo de Processos esPecIaIs

De forma surpreendente, recentemente me deparei com várias pessoas com dúvidas sobre a aplicabi-lidade do elemento 7.5.2

— Validação dos processos de produção e prestação de serviço da norma ABNT NBR ISO 9001:2008. Digo surpreenden-te porque, durante as discussões, várias pessoas mostraram ter dúvidas sobre a compreensão e aplicabilidade desse re-quisito normativo.

Assim, vamos iniciar pelo esclare-cimento conceitual, cuja parte inicial do texto tem a seguinte redação: “A organização deve validar quaisquer processos de produção e prestação de serviço onde a saída resultante não possa ser verificada por monitoramen-to ou medição subsequente e, como consequência, deficiências tornam-se aparentes somente depois que o produ-to estiver em uso ou o serviço tiver sido entregue. A validação deve demonstrar a capacidade desses processos de alcan-çar os resultados planejados”.

Exemplo típico desse tipo de pro-cesso, que denominamos de processos especiais, é o processo de tratamento su-

perficial, cuja qualidade não é passível de verificação após produção por meio de inspeção, pois os procedimentos de teste necessários para tal, em geral, são destrutivos (e muitas vezes demorados), tornando o produto inutilizável.

Nesses casos, como podemos garantir a qualidade dos produtos fabricados?

Até hoje, só conhecemos um cami-nho possível, o qual deve considerar os seguintes passos:

Definir de forma clara os métodos a serem aplicados na produção, assim como as especificações dos equipa-mentos produtivos envolvidos. Em geral, esses métodos são definidos por especialistas na tecnologia aplicada;

Estabelecer e qualificar profissional-mente (conhecimentos e habilidades) o pessoal envolvido na execução das atividades do processo, na extensão ne-cessária de sua influência nos resultados;

Definir os padrões operacionais de qualidade aplicáveis ao produto, ou seja, as características a serem avaliadas (especifi-cações), como devem ser avaliadas e quais os critérios para aceitação/reprovação;

Realizar o processo (produzir quantidade significativa de produtos), utilizando operadores qualificados e mantendo os registros necessários para evidenciar que foram produzidos conforme métodos e equipamentos previamente definidos;

Analisar criticamente os resultados obtidos (atendimento ou não das espe-cificações estabelecidas), utilizando para tal as orientações contidas no padrão operacional de qualidade.

Com base nos resultados obtidos e na análise crítica, podemos concluir se os produtos fabricados nas condições estabelecidas (métodos, equipamentos e mão de obra) atenderam ou não aos re-sultados desejados ou especificados. Tais registros são de validação.

Nos casos em que os resultados não são satisfatórios, concluímos que o pro-cesso estabelecido não é capaz de alcan-çar os resultados desejados ou especifi-cados e, portanto, não pode ser validado.

Já nos casos nos quais os resultados são satisfatórios, ou seja, o produto aten-

Com base nos resultados obtidos e na análise crítica, podemos concluir se os produtos fabricados nas condições estabelecidas atenderam ou não aos resultados desejados

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Engenheiro mecânico formado pela Escola de Engenharia Mauá, Sérgio Roberto Ribeiro de Souza tem 28 anos de experiência no desenvolvimento de projetos para Gestão Empresarial, possui Certificação Bkack Belt pela ASQ (American Society for Quality) e é sócio-diretor da Quality Way Consultoria.

de às especificações preestabelecidas, concluímos pela validade do processo, ou seja, de que ele é capaz de alcançar os resultados planejados.

A partir desse momento, se manti-vermos a operação do processo dentro das condições previamente definidas e validadas (métodos, equipamentos, pa-râmetros de processo e mão de obra), evidenciadas por meio de registros pre-viamente estabelecidos, podemos ofe-recer certa segurança sobre a qualidade dos produtos nele fabricados sem neces-sidade de inspeções e ensaios.

Recomenda-se, todavia, a coleta de amostras rotineiras e periódicas de pro-

dutos fabricados que possam ser testa-dos para confirmar a manutenção dos resultados planejados.

Por fim, todo o ciclo acima descrito deve ser repetido dentro de intervalos planejados (anual, por exemplo) e os registros correspondentes mantidos, for-mando assim evidências de revalidações contínuas do processo.

Deve ficar clara a exigência de consta-tarmos que o processo é capaz de aten-der aos resultados planejados antes do início de produção em massa. Enquanto essa constatação não for obtida, o pro-cesso não está validado e, portanto, não deve entrar em operação normal.

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COLUNA Rh

lideranÇa na área de recursos humanos

Há dez anos, a área de Re-cursos Humanos – ou, ainda, Gestão de Pes-soas – tem se tornado cada vez mais estratégi-

ca e influente nas decisões de grandes impactos para as organizações. Isso se deve ao fato de as empresas compre-enderem as pessoas como principais agentes de mudanças e responsáveis pelo sucesso e, consequentemente, lu-cratividade dos negócios.

Antigamente, a área de Recursos Hu-manos era formada por profissionais que hoje são chamados de administradores de Pessoal, os quais atuam na realização da folha de pagamento e dos pagamen-tos de encargos sociais inerentes a todas as práticas e políticas da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Nos últimos vinte anos, a área de Re-cursos Humanos, somou aos seus es-forços algumas atividades que pareciam desconexas, mas que têm grande relação entre si, nomeando-as como subsiste-mas: Recrutamento e Seleção; Remu-neração e Benefícios; Treinamento e Desenvolvimento. Algumas empresas

Quais são os ingredientes necessários para vencer o desafio?

de grande porte agregam Saúde e Segu-rança do Trabalho, e Relações Sindicais. Também existem organizações menores que encabeçam dois subsistemas como, por exemplo, Recrutamento e Seleção e Treinamento e Desenvolvimento, sendo comandados por apenas uma pessoa.

No entanto, independentemente do número de pessoas que fazem parte da

área de Recursos Humanos, o líder deve estar muito preparado para lidar com as nuances e complexidades enfrentadas por essa gestão. Eu poderia me referir a empresas de menor porte, mas acho im-portante tratar como enxergo as grandes empresas com necessidades diversifica-das, dirigindo e manobrando pessoas e processos que devem acontecer de for-ma simultânea, dinâmica e criativa.

Para falar de atributos de gestores de Recursos Humanos, a pessoa não preci-sa ter curso superior em Administração ou Psicologia. Eu tive um diretor forma-do em Engenharia e suas aptidões ultra-passavam a lógica numérica, alcançando altos padrões de conhecimento em rela-ções humanas.

Outro ponto é a experiência profis-sional. O profissional deve ter atuado em áreas que aprofundam o quesito relacio-namento, mas, ao mesmo tempo, se preo-cupar em adquirir conhecimentos na área de Recursos Humanos para conquistar a migração de área na carreira, uma vez que já assume posição gerencial. Além disso, deve seguir as principais competências comportamentais, que são:

O profissional deve ter atuado em áreas que aprofundam o quesito relacionamento, mas, ao mesmo tempo, se preocupar em adquirir conhecimentos na área de Recursos Humanos

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Cynthia Chazin Morgensztern — Consultora em gestão estratégica de pessoas e certificada pela Socie-dade Brasileira de Coaching nas modalidades personal & professional coach e executive coach. Graduada em psicologia pela Universidade Presbiteriana Macken-zie, além de pós-graduada em gestão estratégica de pessoas e MBA em gestão educacional. Possui dois cursos de educação continuada na Faculdade Getúlio Vargas nas áreas de administração estratégica e economia e acumula quinze anos de experiência em projetos na área de recursos humanos em empresas nacionais e multinacionais.www.genteemmovimento.com.br e [email protected]

para lidar com pessoas, reconhecendo suas necessidades e, principalmente, entendendo que não estamos falando a respeito de números, mas de indivídu-os munidos de sentimentos e emoções, que devem ser devidamente respeitados, tratados e compreendidos.

Tirar o melhor proveito dos profis-sionais é um dos principais desafios do gerente de Recursos Humanos, o qual precisa conquistar os números almeja-dos e metas fixadas por meio de quem pode fazer sempre mais e melhor: os se-res humanos.

“Nas horas difíceis os olhos ficam ce-gos. É preciso, então, enxergar com o co-ração” – Antoine de Saint-Exupéry

Outro fator preponderante é como esse líder irá gerir os subsistemas cita-dos com excelência, uma vez que existe uma relação fundamental entre eles. A atuação do gerente de Recursos Huma-nos deve obter o resultado de sua equi-pe e prover ferramentas e recursos para que os gestores de outras áreas também atinjam e superem os seus objetivos ali-nhados aos de seus liderados. Um pon-to fundamental é a pessoa ter aptidão

Ficar antenado às novidades e tendências do mercado;

Aprimorar o conhecimento constantemente;

Ser um profundo conhecedor e cuidar das políticas de RH;

Equilibrar os objetivos organizacionais e individuais de forma natural;

Proporcionar competitividade à organização, por meio das pessoas;

Possibilitar à organização pessoas bem treinadas e motivadas;

Incentivar e manter qualidade de vida no trabalho por meio de campanhas de saúde e bem-estar;

Administrar e impulsionar a mudança.

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COLUNA GESTÃO

Todos sabemos que seres humanos preferem viver em grupos, caso contrário não haveriam cidades abar-rotadas de gente. Também

se sabe que costumam imitar uns aos outros, por isso pensamos, agimos e nos vestimos como aqueles com quem nos identificamos. Mas por que isso ocorre?

Os primatologistas têm uma expli-cação interessante: dizem que os pri-matas agem de forma parecida para se protegerem dos predadores. Se obser-varmos documentários de primatas vi-giando seu território, veremos que são extremamente parecidos com soldados vigiando o perímetro de um acampa-mento de guerra. Mas não só os prima-tas agem assim, todos os animais que buscam a proteção do grupo subme-tem-se às suas regras, é algo que se ma-nifesta instintivamente, especialmente nos mamíferos. Se agirem de forma si-milar, saberão quem são os inimigos, ou

nÃo queremos Pessoas ProdutIvas em nossa emPresa!

seja, quem ameaça o status quo.Nós, humanos, agimos exatamente

como esses animais: buscamos pro-teção e aprovação do grupo para nos sentirmos seguros. Isso acontece na família, nas empresas, nos grupos de amigos e é bem evidente em grupos de interesses como ciclistas, executi-

vos, religiosos etc.Essa identidade de grupo, no entanto,

tem um lado negativo. Ela nos leva a criar preconceitos, que nada mais são que me-canismos de defesa sobre aqueles que agem de forma diferente. Pense comigo, se formos ciclistas, nos uniremos em repúdio aos motoristas que invadem as ciclovias; se formos enxadristas, achare-mos que os que gastam horas na acade-mia são menos inteligentes; e se formos “ratos de academia”, acharemos que ape-nas nós estamos cuidando realmente da saúde. Essa identidade pode se tornar tão forte a ponto de causar rupturas sociais, e as guerras são ótimas alegorias para observamos o comportamento coletivo face a um propósito e um inimigo.

Nas empresas, funciona da mesma forma: os que chegam cedo reprovam os que saem tarde, os que usam roupa so-cial reprovam os que usam roupas casu-ais e aqueles que se esforçam demais são vistos pelos colegas como “alpinistas de carreira”, indignos do convívio do grupo. Tudo isso acontece sem que perceba-mos que são apenas nossos instintos de proteção nos fazendo agir sem pensar e, quando uma opinião encontra abrigo no grupo, estabelece-se uma crença.

Tenho visto uma quantidade significa-tiva de pessoas desistirem de empregos porque não se adaptaram. Por que isso ocorre? Simples, porque vieram de ou-tros grupos e se sentem ameaçados pela mudança, especialmente se não tiverem nenhum apoio. Por isso, preferem buscar grupos com os quais se identifiquem mais ao invés de lutar por seu espaço. Sendo ainda mais simplista, todo ser hu-

os que chegam cedo reprovam os que saem tarde, os que usam roupa social reprovam os que usam roupas casuais e aqueles que se esforçam demais são vistos pelos colegas como “alpinistas de carreira”

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mano normal leva em média três meses para se adaptar em um novo emprego, não é verdade? É o tempo que se leva para se desprender das crenças que trou-xe de empregos passados e se adaptar às novas, daquele grupo.

O problema, descoberto lá na década de 1920 na experiência de Hawtorne, é quando um funcionário mais inte-ressado em ser produtivo, seja lá qual for sua razão, desperta o sentimento de ameaça nos demais colegas: iniciam-se as “piadinhas”, as acusações de bajulação e favoritismo. Já vi muitos bons funcio-nários perderem o ritmo e a disposição apenas para “agradar” aos demais, que estão numa condição estável e não têm interesse em “mostrar serviço”.

Livrar-se desses “caipiras organizacio-nais” e mudar a cultura da empresa não é tarefa fácil, muitos resistirão bravamente à mudança, principalmente os “líderes informais”. A mudança nunca será agra-dável e sempre trará insegurança, duvi-damos de nossa própria capacidade de adaptação, será que conseguiremos so-breviver ao novo mundo?

Acontece que o mundo, as empresas, os grupos e as pessoas estão sempre mu-dando. As motivações são várias: pode ser uma nova filosofia de gestão, um concorrente mais agressivo, um novo equipamento, uma nova técnica, assim como podem ser situações mais drásti-cas como guerras, catástrofes naturais, surtos de doenças etc. Será que a mera chegada de um colega melhor capacita-do ou com maior vontade de “realizar” é motivo para nos protegermos? Será que devemos deixar nossos instintos

guiarem nossas ações, palavras e pensa-mentos? Devemos nos unir em revolta às mudanças, à autocracia, às injustiças? Será que estamos enxergando claramen-te ou nossos medos estão nos levando à dissonância cognitiva?

soa representa um “trauma” para o grupo. Chamo de trauma, pois irá desestabilizar o status quo e trazer a necessidade de reorga-nização. Alguns perderão influência, outros ganharão espaço e uma nova configuração se estabelecerá naturalmente.

Esse processo natural precisa ser monitorado, evitando que o novo fun-cionário “murche” e se torne “mais um”. Aos que preferem permanecer na mé-dia cabe a mediocridade, por isso toda empresa deve premiar seus talentos e, de tempos em tempos, expurgar aque-les que não desempenham a contento. Quero dizer com isso que a produti-vidade não deve ser mensurada pela média, mas pelos extremos. Precisa-mos entender quanto o contexto tem influenciado o comportamento indivi-dual e como isso impacta as metas de trabalho. Só então formaremos equipes com o que há de melhor – e não pelo que há de pior.

as empresas, os grupos e as pessoas estão sempre mudando. As motivações são várias: pode ser uma nova filosofia de gestão, um concorrente mais agressivo, um novo equipamento...

Eli Rodrigues, PMP, CSM . Atual Diretor de Ne-gócios do grupo TAP4, Eli tem dezenas de projetos entregues nas áreas de consultoria, infraestrutura e desenvolvimento de software. Vivência na coorde-nação de equipes em cenários globais, fábricas de software e desenvolvimento organizacional.

Como gestor, tenho identificado e apoiado funcionários dispostos a traba-lhar a “milha extra”. São esses que trarão novas ferramentas, novas técnicas e novas perspectivas. Àqueles que per-manecem presos a um comportamento antigo, costumo apresentar a mudança como alternativa, como um caminho melhor, ajudando-lhes a perceber que são capazes e que não precisam temer.

Se deixarmos, os “caipiras organizacio-nais” sempre gritarão em grupo o lema: “Não queremos funcionários produtivos em nossa empresa”; assim, sentir-se-ão novamente no controle, expurgando es-ses super-heróis que brotam de vez em quando. Se desejamos construir equipes de alto desempenho, precisamos ter em mente que a entrada de qualquer nova pes-

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ENTREvISTA

o cenário dos bIocombustíveIs LíquIdos no brasIL

Segundo projeção do Ins-tituto Saúde e Sustenta-bilidade, realizada por pesquisadores da Uni-versidade de São Paulo,

a poluição atmosférica deve matar até 256 mil pessoas nos próximos dezesseis anos, apenas no Estado de São Paulo. Uma parcela considerável das emissões de poluentes à atmosfera vem de auto-móveis e outros veículos, o que mostra a urgência de se buscar combustíveis mais limpos e menos agressivos para o meio ambiente.

Entre as opções mais limpas, encon-tram-se os biocombustíveis, ou seja, combustíveis produzidos a partir de fon-tes de biomassa, tais como cana-de-açú-car, palma, girassol e gordura animal, en-tre outras. Combustíveis como o etanol e o biodiesel já estão presentes na matriz energética veicular brasileira; contudo, sua participação nessa matriz ainda pode — e precisa — crescer muito.

A fim de levar aos nossos leitores mais conhecimento sobre o tema, a Revista Engeworld conversou com a en-genheira química Silvia Velázquez, que

já fez parte da equipe do Centro Nacio-nal de Referência em Biomassa (Cen-bio) e hoje trabalha como professora e pesquisadora em instituições como a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e Universidade Presbiteriana Mackenzie. Na entrevista, Silvia explica como os biocombustíveis líquidos po-dem contribuir para a saúde e o meio ambiente, comenta as observações realizadas durante o desenvolvimento do Projeto BioEthanol for Sustainable Transport (Best) no Brasil e aponta o que falta para que tais combustíveis limpos possam crescer no País.

engeWorlD - Atualmente, o etanol já se encontra difundido como uma opção de combustível veicular no Brasil. Quais os benefícios que ele oferece em relação à gasolina?silvia velázquez - O etanol é um combustível que contém oxigênio na sua composição química, o que contribui para que a sua combustão ocorra de for-ma mais completa no motor, resultando em menor emissão de poluentes.

A utilização de etanol, produzido no Brasil a partir da cana-de-açúcar, reduz em, aproximadamente, 89% a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2), me-tano (CH4) e óxido nitroso (NO2), se comparada à utilização da gasolina. Esse fato ocorre devido à reabsorção do CO2 gerado durante a sua combustão, no ci-clo de crescimento da cana-de-açúcar.

Há também a redução na emissão de poluentes locais, que comprometem a saúde da população, como monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), além da emissão de óxidos de enxofre (SOx), que provocam as chuvas ácidas, pois o etanol não contém enxofre.

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engeWorlD - A noção de que o etanol combustível tem rendimento inferior ao da gasolina é verdadeira?silvia - Sim. É uma lei da Física. O po-der calorífico do etanol é 65% do poder calorífico da gasolina. Ou seja, cada qui-lograma de etanol queimado libera apro-ximadamente 65% da energia de cada quilograma de gasolina queimada. Ou, ainda, um veículo que percorra 10 km com 1 litro de gasolina percorreria 6,5 km utilizando etanol como combustível no mesmo motor.

Felizmente, como o etanol tem índi-ce de octano bem maior que a gasolina, pode ser comprimido no motor a pres-sões maiores que a gasolina. A maior compressão no motor aumenta a efici-ência de uso de qualquer combustível. Portanto, os motores projetados para consumir etanol têm maior compressão. Logo, o motor dos veículos movidos a etanol é mais eficiente que o a gasolina. Assim, o resultado prático observado é que o rendimento do etanol é 70% do rendimento da gasolina, ou seja, um veí-culo percorre 10 km com gasolina e o ve-ículo equivalente, com motor projetado para etanol, percorre 7 km. Logo, nesse ponto, não há o que ser feito.

engeWorlD - Alguns críticos à adoção do etanol afirmam que a ex-pansão do cultivo da cana-de-açúcar contribui para o desmatamento no Brasil. Essa afirmação procede?silvia - Não. O cultivo de cana-de--açúcar ocupa cerca de 5% da área total que é utilizada para a agricultura, sen-do 2,5% destinados à cana-de-açúcar

para a produção de etanol. O cultivo de soja, a criação de gado e a ação dos madeireiros são os maiores responsá-veis pelo desmatamento.

incentivo à substituição do diesel pelo etanol em ônibus do transporte público urbano. Para cumpri-la, houve a aproxi-mação com o prefeito da cidade de São Paulo e seus secretários de Transporte e Meio Ambiente. Durante o desenvol-vimento do projeto, foi criada a Lei de Mudanças Climáticas do Município de São Paulo e, para começar a atendê-la, foi assinado um protocolo de intenções para a compra dos primeiros cinquenta ônibus a etanol, que teve a participação das secretarias municipais de Transpor-tes (SMT) e do Verde e do Meio Am-biente (SVMA), da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e das em-presas Scania, fabricante dos ônibus no Brasil; Viação Metropolitana, operado-ra dos ônibus; e Cosan, fornecedora do etanol aditivado utilizado pelos veícu-los. Os veículos foram financiados pelo Finame e adquiridos pela Metropolita-na, empresa de transporte urbano com sede em Pernambuco (representando 15% da sua frota na cidade de São Pau-lo). A Unica e a prefeitura garantiram o custo do etanol aditivado em 70% do custo do diesel, compromisso que seria válido até 2013, quando acabariam os contratos com as empresas de ônibus em São Paulo. Após a nova licitação (2013 – 2022), a empresa que ganhas-se, na área então operada pela Metropo-litana, seria obrigada a comprar os ôni-bus a etanol. Entretanto, a licitação tem sido adiada e ainda não foi feita.

Foi entregue um documento ao go-vernador de São Paulo que defende a adoção de uma série de medidas pelo Estado, fundamentais para viabili-

engeWorlD - Entre 2006 e 2009, você participou da implementação, em São Paulo, do ‘Projeto BioE-thanol for Sustainable Transport (Best)’, financiado pela União Europeia, que tinha entre seus obje-tivos a avaliação comparativa entre o desempenho de ônibus movidos a etanol fabricados pela Scania, na Suécia, e o de ônibus movidos ex-clusivamente a diesel. Na pesquisa, constatou-se a viabilidade da adoção de ônibus movidos a etanol no Bra-sil? Houve algum avanço nessa área desde então?silvia - Uma das metas do Projeto Best foi a formulação de políticas públicas de

como o etanol tem índice de octano bem maior que a gasolina, pode ser comprimido no motor a pressões maiores que a gasolina. A maior compressão no motor aumenta a eficiência de uso de qualquer combustível

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zar a utilização dessa tecnologia em larga escala, que vão desde a desoneração fis-cal para que o preço do combustível seja competitivo com o preço do óleo diesel, até incentivos que facilitem a amortiza-ção da aquisição desses ônibus pelas em-presas operadoras do transporte público. A busca pela parceria com o Governo do Estado foi o passo seguinte ao apoio que vem sendo dado ao projeto pela Prefei-tura da Cidade de São Paulo, pois não é possível viabilizar o uso da tecnologia de maneira autossuficiente sem o apoio de-cisivo do poder público, da mesma ma-neira que ocorreu com os outros meios de transporte público como metrô e os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Entre as políticas públicas de incen-tivo que foram criadas, a tecnologia de ônibus movido a etanol passou a ser be-neficiada, desde fevereiro de 2012, pelo subprograma Máquinas e Equipamen-tos Eficientes do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), com taxa de juros de 6,9% ao ano, prazo de finan-ciamento de até 96 meses e participação em até 90% dos itens financiáveis, fruto de estudos e negociações com o gover-no federal.

Foram também adquiridos mais dez ônibus pela empresa Viação Tupi Transportes que, assim como a Viação Metropolitana, também faz parte do consórcio Unisul. A Viação Tupi é uma empresa que está no mercado desde 1960 e os ônibus a etanol representam 5% da sua frota. Todos os ônibus foram entregues em maio de 2011 e estão cir-culando até hoje.

O modelo de transporte público mo-vido a etanol precisa, no entanto, receber incentivos do Poder Público, uma vez que é uma alternativa sustentável. Os es-tudos iniciais já indicaram que o ônibus consome, aproximadamente, 60% a mais de etanol do que de diesel para percorrer a mesma distância. Observe que a com-

potenciais na saúde pública e na quali-dade de vida da população das regiões metropolitanas, a tecnologia de motores Diesel movidos a etanol aditivado en-frenta barreiras, como qualquer outra alternativa, pois compete diretamente com a tecnologia de motores Diesel convencionais que têm um custo infe-rior, além de ter de enfrentar a insegu-rança do setor de transportes em ad-quirir uma nova tecnologia nunca antes utilizada em larga escala no Brasil, bem como a produção dos motores e do adi-tivo no Brasil.

Até a tecnologia adquirir economia de escala e a confiabilidade das empresas concessionárias de ônibus, a produção de motores e a do aditivo no Brasil de-penderiam de incentivos fiscais promo-vidos pelo governo para que se tornem competitivos frente à tecnologia Diesel convencional.

É importante enfatizar que, ao ana-lisar que a poluição causa redução de, aproximadamente, um ano e meio na expectativa de vida de um morador de um centro urbano, que os gastos gover-namentais com problemas de saúde re-lacionados à poluição são grandes e que os resultados dos testes de emissão aten-dem e superam os limites estabelecidos pelas normas citadas, pode-se concluir que é uma solução para a saúde públi-ca, para possível realocação desses gas-tos evitados em educação e saúde, por exemplo, e essa solução está disponível a curto prazo.

engeWorlD - Com relação ao bio-diesel, que matérias-primas costu-

petição com diesel é mais difícil do que com gasolina: nos motores Diesel não se pode aumentar a taxa de compressão, pois a maior octanagem do etanol não é fisicamente útil; além disso, 1 litro de diesel tem mais massa (cerca de 13,5% a mais) e, portanto, maior poder calorí-fico do que a gasolina. Mesmo o etanol sendo 50% mais barato que o diesel, as despesas precisam de análise, pois há a necessidade de acrescentar o custo do aditivo. Então, mesmo com os ganhos

Entre as políticas públicas de incentivo que foram criadas, a tecnologia de ônibus movido a etanol passou a ser beneficiada, desde fevereiro de 2012, pelo subprograma Máquinas e Equipamentos Eficientes

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mam ser utilizadas para sua produ-ção no Brasil e quais delas são mais vantajosas para essa finalidade?silvia - O biodiesel pode ser produzi-do a partir de óleos vegetais, como os de soja, mamona, palma, girassol ou de gordura animal. Os custos de produção do biodiesel de soja e de gordura animal são mais baixos quando comparados aos de outras oleaginosas. Entretanto, há um alto impacto ambiental, devido ao fato de a soja e o gado serem os grandes responsáveis pela expansão da fronteira agrícola. A palma é uma cultura muito eficiente para a produção de óleo vege-tal, que tem um custo mais elevado, en-tretanto, pode ser produzido de forma sustentável.

engeWorlD - Quais são os princi-pais usos do biodiesel atualmente no País?silvia - Essencialmente no setor de transportes, misturado ao diesel, por for-ça de lei.

engeWorlD - Para usar o biodiesel no abastecimento de veículos, um motor convencional precisa ser adaptado ou mesmo ser substituído por um motor fabricado especifica-mente para essa finalidade?silvia - Para utilizar a porcentagem de biodiesel no diesel imposta por lei, de 5%, não há necessidade de adaptação no motor ciclo Diesel.

Diversas iniciativas de prefeituras que estão testando em alguns ônibus mistu-ras maiores vêm sendo divulgadas, como em São Paulo, 1.200 ônibus com B20, e no Rio de Janeiro, com B30.

A prefeitura de Curitiba, em parceria com a Scania e a Volvo, Secretaria Mu-nicipal de Meio Ambiente e a Tecpar, foi a primeira a utilizar 100% de biodiesel, também à base de soja (B100), em seis ônibus híbridos (elétrico e biodiesel). Depois de um ano de testes, foi divulga-do que não houve desgastes nem com-prometimento do motor.

da biomassa, o dimetil éster (DME). Há ainda alguma especulação de que se pode produzir, a partir de açúcares fer-mentados, o butanol que, essencialmen-te, é a união de duas moléculas de etanol. Porém, até agora, nenhum deles, obtidos da biomassa, tem mercado comercial.

engeWorlD - Que ganhos o Brasil poderia ter com o aumento da participação de biocombustíveis em sua matriz energética veicular? E o que falta para que esse aumento possa acontecer?silvia - Os ganhos ambientais, sociais e econômicos estão documentados em vários artigos. Considere o valor de re-duzir quase a zero as emissões de CO2 no setor de transporte rodoviário e, des-sa forma, mitigar o efeito das mudanças climáticas. Considere os dados do Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE), que mostram o progresso econômico das regiões produtoras de cana-de-açúcar, comparados ao mesmo indicador para regiões sem cultivo de cana. Observe o que poderia ser feito de melhoria, caso o País não tivesse investi-do no pré-sal e sim no etanol.

Entretanto, um grande avanço da cana-de-açúcar exige um empenho em nível mundial, para que outros pa-íses produzam ou usem mais o etanol. Atualmente, poucos países o fazem e isso limita a credibilidade do combus-tível. Na opinião de muitos autores, se a cana-de-açúcar fosse uma cultura apro-priada para o solo e clima dos Estados Unidos, o mundo não estaria mais con-sumindo petróleo. Portanto, o que falta realmente é juízo.

engeWorlD - Há outros biocom-bustíveis líquidos além do etanol e do biodiesel?silvia - Sim. O mais conhecido é o me-tanol, que pode ser obtido a partir da ga-seificação da biomassa, mas comercial-mente é quase todo produzido a partir do gás natural. Também se produz diesel da cana-de-açúcar, a partir de um trata-mento bioquímico do caldo da cana, diferente da fermentação tradicional que gera etanol. Fora do Brasil, há muita li-teratura e projetos-piloto para produzir,

Considere o valor de reduzir quase a zero as emissões de CO

2 no setor de

transporte rodoviário e, dessa forma, mitigar o efeito das mudanças climáticas

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INfOGRAfIA

O etanol, também chamado de álcool etílico ou, simplesmente, álcool, é produzido a partir de mo-léculas de açúcar, encontradas em vegetais como cana-de-açú-car, milho, beterraba, batata, trigo e mandioca. O principal processo

Produção de etanoLpara se obter o etanol é por meio da fermentação, embora existam outras maneiras de se fazer o pro-duto, incluindo reações químicas em laboratório. A cana-de-açúcar é a mais simples e produtiva matéria-prima: em média, um

Fontes: União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) e novaCana.com

hectare de cana produz cerca de 7,5 mil l do combustível. Com mais de 30% da produção mun-dial, o Brasil é o segundo maior produtor de etanol do planeta – atrás apenas dos Estados Unidos – e o principal exportador.

plantio Da Cana-De-açúCarO processo começa com a escolha de variedades da cana de acordo com as condições de solo e clima. Existem mais de 600 variedades no Brasil.

lavagem A cana-de-açúcar, chegando às usinas em sua forma pura, é submetida a uma lavagem que retira possíveis impurezas.

fermentaçãoO etanol é produzido por meio da fermentação e destilação do caldo da cana. O caldo é purificado por vários processos de filtragem para formar o mosto, mistura açucarada que será fermentada com a ajuda de leveduras (fungos). Nessa etapa, o líquido é chamado de “vinho fermentado”.

ColheitaA colheita é realizada de abril a dezembro, coincidindo com a época mais seca do ano e permitindo que a cana alcance o melhor ponto de maturação. Por ser perecível, a cana deve chegar o mais rápido possível à usina para evitar perda de qualidade.

moagemNesse processo, a cana é moída por rolos trituradores. Após a moagem, tem-se o bagaço, resíduo fibroso que será encaminhado às caldeiras para gerar bioeletricidade, e o caldo, que segue para a produção de açúcar e etanol.

Destilação e DesiDrataçãoO álcool desse “vinho” é recuperado em colunas de destilação e retificação. Nessas colunas, o líquido é aquecido até evaporar para, em seguida, ser condensado. Aqui surge o etanol hidratado, utilizado como combustível em carros com motores flex. Para se obter o etanol anidro, misturado à gasolina, é preciso mais uma etapa de desidratação (remoção de água).

armazenamentoO combustível pronto é armazenado em tanques de grande capacidade até a comercialização.

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