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Revista Filosófica de Coimbra Publicação semestral do Instituto de Estudos Filosóficos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Director : Miguel Baptista Pereira Coordenação Redactorial : António Manuel Martins e Mário Santiago Carvalho Conselho de Redacção: Alexandre F. O. Morujão, Alfredo Reis, Amândio A. Coxito, Anselmo Borges, Antônio Manuel Martins, António Pedro Pita, Edmundo BaIscmão Pires. Fernanda Bernardo, I rangi se Vicira Jordão I. Henrique Jales Ribeiro, João Ascenso André, Joaquim das Neves Vicente, José Encarnação Reis, José M. Cruz Pontes, Luísa Porlocarrero F. Silva, Marina Ramos Themudo, Mário Santiago de Carvalho, Miguel Baptista Pereira As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos Autores Toda a colaboração é solicitada Distribuição e assinaturas: Fundação Eng. António de Almeida Rua Tenente Valadim, 331 P-4100 Porto Tel. 6067418; Fax 6004314 Redacção: Revista Filosófica de Coimbra Instituto de Estudos Filosóficos Faculdade de Letras P - 3049 Coimbra Codex Tel. 4109900; Fax 36733 E-Mail: [email protected] Preço ( IVA incluído): Assinatura anual 1995: 3.800$00 (Portugal) 5.000$00 (Estrangeiro) Número avulso: 2.000$00 (Portugal) 2.800$00 (Estrangeiro) REVISTA PATROCINADA PELA FUNDAÇÃO ENG. ANTÓNIO DE ALMEIDA

Revista Filosófica de Coimbra · Revista Filosófica de Coimbra Publicação semestral Vol. 4 • N.° 8 • Outubro de 1995 ISSN 0872-0851 Artigos Miguel Baptista Pereira -A Crise

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Revista Filosófica de Coimbra

Publicação semestral do Instituto de Estudos Filosóficos da Faculdade de Letras

da Universidade de Coimbra

Director: Miguel Baptista Pereira

Coordenação Redactorial : António Manuel Martins e Mário Santiago Carvalho

Conselho de Redacção: Alexandre F. O. Morujão, Alfredo Reis, Amândio A.

Coxito, Anselmo Borges, Antônio Manuel Martins, António Pedro Pita,

Edmundo BaIscmão Pires. Fernanda Bernardo, I rangi se Vicira Jordão I.

Henrique Jales Ribeiro, João Ascenso André, Joaquim das Neves Vicente,

José Encarnação Reis, José M. Cruz Pontes, Luísa Porlocarrero F. Silva,

Marina Ramos Themudo, Mário Santiago de Carvalho, Miguel Baptista

Pereira

As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos Autores

Toda a colaboração é solicitada

Distribuição e assinaturas:

Fundação Eng. António de Almeida

Rua Tenente Valadim, 331P-4100 PortoTel. 6067418; Fax 6004314

Redacção:

Revista Filosófica de Coimbra

Instituto de Estudos Filosóficos

Faculdade de LetrasP - 3049 Coimbra Codex

Tel. 4109900; Fax 36733E-Mail: [email protected]

Preço (IVA incluído):

Assinatura anual 1995: 3.800$00 (Portugal) • 5.000$00 (Estrangeiro)

Número avulso: 2.000$00 (Portugal) • 2.800$00 (Estrangeiro)

REVISTA PATROCINADA PELA FUNDAÇÃO ENG. ANTÓNIO DE ALMEIDA

Revista Filosófica de Coimbra

Publicação semestral

Vol. 4 • N.° 8 • Outubro de 1995

ISSN 0872-0851

Artigos

Miguel Baptista Pereira -A Crise do Mundo da Vida no Universo

Mediático Contemporâneo ........................................................... 217

Amândio Augusto Coxito - Luís A. Vernei e J. Locke: Linguagem e

Comunicação ................................................................................ 283

Maria Luísa Portocarrero F. Silva - Problemas da Hermenêutica

Prática ........................................................................................... 313

Hans-Ulrich Hoche - Universal Prescriptivism Revised or: The Ana-

lyticity of the Golden Rule ........................................................... 337

Maria Luísa Ribeiro Ferreira - A propósito da Formação de Pro-

fessores - Notas para um Debate ................................................ 365

J. Neves Vicente - Educação, Diálogo, Crítica e Libertação na

Acção e no Pensamento de Paulo Freire ................................. 373

Estudo

Diogo Ferrer - O Significado do Conceito em Fichte (1805) ......... 407

Nota

Mário A. Santiago de Carvalho -A "Summa" de Henrique deGaná .............................................................................................. 439

Ficheiro de Relvistas ........................................................................... 451

Rccensvres ............................................................................................ 457

ÍNDICE 1995

Artigos

Amândio Augusto Coxito - Luís A. Vernei e J. Locke: Linguagem eComunicação ................................................................................ 283

António Pedro Pita - Presença, representação e sentimento . Confi-guração da experiência estética segundo Mikel Dufrenne ....... 131

Hans-Ulrich Hoche - Universal Prescriptivism Revised; or: The Ana-lyticity of the Golden Rule ........................................................... 337

J. Neves Vicente - Educação, Diálogo, Crítica e Libertação naAcção e no Pensamento de Paulo Freire ................................. 373

João Maria André - Da mística renascentista à racionalidade cientí-fica pós moderna. (A propósito da articulação entre ciência,filosofia e misticismo em Nicolau de Cusa) .............................. 67

Maria Luísa Portocarrero F. Silva - Problemas da HermenêuticaPrática ........................................................................................... 313

Maria Luísa Ribeiro Ferreira - A propósito da Formação de Pro-fessores - Notas para um Debate ................................................ 365

Mário A. Santiago de Carvalho - Ler Tomás de Aquino, hoje?...... 103

Miguel Baptista Pereira - O Regresso do Mito no diálogo entreE. Cassirer e M. Heidegger ........................................................ 3A Crise do Mundo da Vida no Universo Mediático Contem-

porâneo ......................................................................................... 217

Colóquio: A filosofia no ensino secundário : O novo programa de

12.11 Ano ........................................................................................ 163

José Enes - Leitura Integral. Porquê? Como? ................................. 165

Alfredo Reis - 12." Ano: Leitura Integral do texto filosófico.

Porquê? Como?

Comentário .......................................................................................... 185

Estudo

Diogo Ferrer - O Significado do Conceito em Fichte (1805) ......... 407

Nota

Mário A . Santiago de Carvalho - A "Summa " de Henrique de

Gand . ............................................................................................. 439

Ficheiro de Revistas ................................................................ 195, 451

Recensões .................................................................................. 203, 457

BOLETIM DE ASSINATURA

Assinatura anual 1995 (IVA incluído):

Portugal ............................................................................. 3.800$00

Estrangeiro ........................................................................ 5.000$00

Desejo assinar os números relativos a 1995 da Revista Filosófica

de Coimbra. (n.°s 7 e 8)

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Morada

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Junto envio cheque n .° , sobre o

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na importância de $(

pagável à ordem de Revista Filosófica de Coimbra.

Data Assinatura

Enviar para:Fundação Eng. António de AlmeidaRua Tenente Valadim, 331P-4100 Porto

'h Contacte a Fundação Eng. António de Almeida, se desejar adquirir números

anteriores.

FICHEIRO DE REVISTAS

Analogía - México. IX(1995):N.° 1: J. L. Fuertes Herreros: Unificación yfragmentación de los saberes en

el Renacimiento (3-29); Gabriel Ferrer: Sartre: metodología del problema de Dios(31- 49); R. Kuri Camacho: La declaración de los derechos del hombre de 1789y Ia tradición judeo-cristiana (51-78); Fernando Torres: Poder político e imperioen Dante Alighieri (79-99); Nelson Medina F.: Leyendo a Rudolf Carnap(101-124); Ciro E. Schmidt Andrade: Sentido del tiempo y Ia historia desde Santo

Tomás de Aquino (125-156). Reyes Mate: La piedad de Ia pergunta (173-180);

A. B. Fernández del Valle: Ciencia, técnica y sabiduría (181-192); Luz María

A. Argüelles: Los valores en el pensamiento de F. Nietzsche (193-204); JuanaSánchez-Gey Venegas: La filosofia de los poetas en ta Fundación Fernando Rielo(205-207).

Convivium - Barcelona . N° 7 (1995):L. Alegre i Biosca: La inferència dialèctico-especulativa a Ia Ciência de Ia

Làgica de Hegel (5-14); Rolf Trauzettel: Eine Grundlegende Konzeptionelle

Denkfigur der Altchinesischen Philosophie (15-30); Alejandro S. Herreros:Defensa de Ia causalidad (31-49); J. Oroz Ezcurra: Función de Ia creatividad en

Ia filosofia de A. N. Whitehead (50-63); V. Méndez Baiges : ¿Quê Locke? Tra-

dición y cambio en Ia historia del liberalismo (64-80); A. Boadas-Llavat: Roger

Bacon (1214-94): Ética i reforma (81- 102); J. Temporal Oleart: «Il.luminar-te

el rostre, estimat». Ressons de Ia caverna al cicle rondallístic de !'animal-nuvi

(103-117); X. Zubiri: Sobre el problema de Ia filosofia (II) (118-136).

Diálogo Filosófico - Madrid.N° 30 (1994): J. Rubio Carracedo: Democracia y racionalidad. Una relación

conflictiva (324-361); A. Domingo Mortalla: Razón y poder: Ia radicalización

simbólica de Ia razón liberal (363-376); G. Marquinez Argote: ¿Existe en Zubiri

una protopolítica? (377-389); J.L. Pallarés Gonzalez: La intimidad como valor

antropológico y social (391-406); J. M. Palacios: Zubiri ante el problema del

valor (407-410); José M.a Vegas: Juventud, valores y crisis de nuestro tiempo

(411-424).

N° 31 (1995): J. Sanchez-Gey Venegas: Mujer y filosofa (4-29); J. Lorite

Mena: ¿ Es negociable Ia diferencia? (31-41); C. Canon Loyes: Anima hace

hablar a Ia razón con una voz diferente. Nuevos nexos entre Ia tecnociencia y el

Revista Filosófica de Coimbra - n.° 8 - vol. 4 (1995) pp. 451-456

452 Revista Filosófica de Coimbra

mundo de Ia vida (43-59); L. P. Wessell : Comentaria kafkiano a Ia obra Realidady Verdad de Antonio Pintor Ramos (61-72); A. Pintor Ramos : Carta abierta alDr. Wessell (73-76); G.L. Kline: La posible contribución de Ia filosofia clásicarusa a Ia construcción de una sociedad humanista (77-90).

Educação e Filosofia - Uberlândia, MG, Brasil.Vol. 8, N° 16 (1994): Cristina Guimarães Marcolini: O dentista educador e

sua competência para avaliar (11-22); Eduardo Ferreira Chagas: Diferença entrealienação e estranhamento nos Manuscritos Económico-Filosóficos de Karl Marx(23-33); Idalice Ribeiro da Silva: Natureza e História: os sentidos da liberdadee da igualdade (35-76); Laura C. Vieira Pizzi: Escola Pública: trabalho produtivoou improdutivo (77-86); Alcione Rodrigues: Pedagogia pelo e para o trabalho:acção disciplinadora da burguesia e a resistência dos trabalhadores (87-105);Thelma S. M. L. da Fonseca: Nietzsche: a origem da linguagem (107-118); SilviaC. Borges dos Santos: Violência e Poder em Hannah Arendt (119-128); JosephP. Cangemi: Mulheres em transição nos EUA hoje: escolhas e conflitos (129-150);Tânia M' Marinho Sampaio: O método Paulo Freire: a inter-relação da teoriado conhecimento com a teoria da sociedade (151-158); Edson R. Oaigen: A edu-cação e a autonomia do professor: caminhos para a emancipação (159-172); JoãoVergílio G. Cuter: Wittgenstein e o domínio da gramática: a ruptura com o Tracta-tus (173-181); Mariano Moreno Villa: Filosofia e pedagógica da libertaçãolatinoamericana (183-205); Lídia Ma Rodrigo: Entre a sabedoria silenciosa e afala sem fim (207-227); Márcio Chaves-Tannús: A teoria da predicação de PierreAbélard e a semântica da frase de Peter von Polenz: uma tentativa de aproxima-ção (229-237); Fernando Aguiar: Confianza y racionalidad (239-245); PauloGhiraldelli Jr.: Contribuição para as discussões ao projeto de implantação docurso de pedagogia na Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista"Júlio Mesquita Filho" (BAURU) (247-284); Luis Renato Vieira: Entre o socio-logismo e o individualismo: considerações sobre a sociologia de Pierre Bourdieu(285-300).

Estudios Filosóficos - Valladolid. XLIV (1995):125: Francisco J. Ayala: Teleología y adaptación en Ia evolución (7-33); Javier

de Lorenzo: Derivación formal: análisis crítico (35-65); J. Navarro Pérez: Larelación entre gramática y lógica en la filosofía dei lenguaje de W von Humboldt(67-85); R. de Luis Carballada: El concepto de historia de Walter Benjamin y Iacrisis de Ia modernidad (87-99); J. Cercós Soto: Del dinamismo de lo diferentey de lo idêntico (101-117); A. M. González Rodríguez: Sobre el dinamismoimaginativo y otras formas de representación de Gaston Bachelard (119-142); J.A. Rubia Guijaro: Nota sobre Ia vaguedad (143-157).

Les études philosophiques - Paris. (1995):1. Signification, phénoménologie et philosophie analytique. D. FOllesdal: La

notion husserlienne de noème (5-12); Fr. Rivenc: Husserl avec et contre Frege(13-38); J. Hintikka: Husserl: Ia dimension phénoménologique (39-64); Jean--Michel Roy: Comment peut-on parler du sens? Russell critique de Husserl(65-90); Elisabeth Rigal: De l'idéalité de Ia signification (91-106); Philippe de

pp. 451-456 Revista Filosófica de Coirrrbra - a.° 8 -vol. 4 (1995)

Ficheiro de revistas 453

Rouilhan: Introduction aux problèmes fondamentaux d'une logique du sens(107-128); Étude Critique. François Chenet: Nietzsche et Ia pensée de l'Asie(129-140).

2. Henri de Lubac et Ia philosophie. Vincent Carraud: La philosophie et Henride Lubac: te paradoxe (161-166); Jean Greisch: De Ia «lecture infinie» à l'infinimétaphysique. Enjeux métaphysiques de Ia doctrine du quadruple sens del'Écriture (167-192); X. Tilliette: Le Pére de Lubac et te débat de Ia philosophiechrétienne (193-204); Olivier Boulnois: Les deux fins de l'homme. L'impossibleanthropologie et te repli de Ia théologie (205-222); J.-Y. Lacoste: Le désir etl'inexigible. Préambules à une lecture (223-246); B. Pinchard: Sujei théologique,sujei initiatique. L'interprétation du joachimisme par Henri de Lubac et Iafigure de Dante (247-268).

Kant-Studien - Bona . 85(1994):1. A. Davidovich: How to Read Religion within the Limits of Reason Alone

(1-14); R. McCarty: Motivation and Moral Choice in Kant's Theory of RationalAgency (15-31); N. Rotenstreich: Needs and Essence (32-47); R. Lauth: KannSchellings Philosophie von 1804 als System bestehen? (48-77). Berichte undDiskussionen. H. Wagner: Kants Konzept von hypothetischen Imperativen(78-84);W. Bryuschinkin: Kants Philosophie und moderne Logik. Eine Tagung in Swetlo-gorsk (85-87).

2. M. Albrecht: Kants Maximenethik und ihre Begründung (129-146);P. Baumman: Zwei Seiten der Kantschen Begründung von Eigentum und Staat(147-159); J. Peijnenburg: Formal Proof or Linguistic Process? Beth and Hintikkaon Kant's Use of Analytic' (160-178); K Willems: Das neue Erkenntnisproblem.Erkenntniskritische Überlegungen zum "anthropischen Prinzip" in der neuerenPhysik (179-197); J. Court: Die Kant-Rezeption in der Sportwissenschaft(198-221).

3. M. Nichols: The Kantian Inheritance and Schopenhauer's Doctrine of Will(257- 279); K. Petrus: "Beschrieene Dunkelheit" und "Seichtigkeit". Historisch-systematische Vor-aussetzungen der Auseinandersetzung zwischen Kant und Garveim Umfeld der Gottinger Rezension (280-302); H. Wichmann: Probleme derKantischen Ethik. Überlegungen im Anschlu13 an Paul Menzers kritische Betra-chtung (303-308). Berichte und Diskussionen. N. Adler: Rückkehr zu Kants Kritikder reinen Vernunft für Erkenntnisfortschritt in der mathematischen Physik(309-336); Willia111 B. Hund: Paul Crowther and the Experience of the Sublime(337-340); M. Wheeler: The Uniformity of the Causal Connection in the SecondAnalogy, or How not to Doge Beck (341-351).

4. H. W. Ingensiep:Die biologischen Analogien und die erkenntnistheo-retischen Alternativen in Kants Kritik der reinen Vernunft B § 27 (381-393);H. Bussmann: Eine systemanalytische Betrachtung des Schematismuskapitels inder Kritik der reinen Vernunft (394-418); D. Dumouchel: La découverte de Iafaculté de juger réfléchissante (419-442). Berichte und Diskussionen.

G. Leaman, Bowling Green/G. Simon: Die Kant-Studien im Dritten Reich(443-469);

W. Stark: Kants Amtstatigkeit (470-472).

Revista Filosófica de Coimbra - a." 8 - vol . 4 (1995) pp. 451-456

454 Revista Filosófica de Coimbra

Kriterion - Belo Horizonte XXXV(1994);89: Nietzsche - 150 anos (1844-1994). Scarlett Moarton: Por uma filosofia

dionisíaca (9-20); Roberto Machado: Deus, Homem, Super-Homem (21-32); RosaMaria Dias: Conceito de acto criador no pensamento de Nietzsche (33-44); PauloR. Margutti Pinto: Nietzsche, a filosofia e a retórica: uma análise da "origemda tragédia" enquanto forma de argumentação (45-73); Rodrigo A. P. Duarte:Som musical e "reconciliação" a partir de O nascimento da Tragédia de Nietzsche(74-90); Maria José Campos: Nietzsche e a memória do futuro (91-99); MiguelA. de Barrenechea & Olímpio J. Pimenta Neto: Nietzsche: a questão do trágico(100-108).

90: Ruy Fausto: Ainda sobre o Capital e a Lógica de Hegel (7-41); PauloR. Margutti Pinto: Aspectos da crítica de Hume ao princípio de causalidade(42-55); Marco Heleno Barreto; Da epistemologia à estética. O nascimento davertente nocturna em Bachelard (56-69); José Carlos Reis: O historicismo: Aronversus Dilthey (70-82).

Tradução. Miguel Abensour: Reflexão sobre as duas interpretações do tota-litarismo no pensamneto de C. Lefort (83-125).

Manuscrito - Campinas. XVIII(1995):Manuel Serrano: Verdad y competencia pragmatica (11-36); Débora

Danowski: David Hume e a questão dos milagres (37-64); Gustavo AndrésCaponi: Epistemología en Clave Institucional (el sesgo sociológico de Ia meto-dologia popperiana) (65-96); Alfredo Pereira Jr.: Tempo e IrreversibilidadeFísica: algumas distinções conceituais (97-152).

Metalogicon - Nápoles/Roma. VII (1994):N° 1: A. Graziano Grappone: On polyadic connectives: a new language

(1-14); A Source on Paulus Venetus (t 1429) (15-16); Michele Malatesta: Errorilogici e devianze panteistiche. Saggio sull'ontologia severiniano-spinoziana diLeonardo Messinese (17-68); Giuseppe Tortora: Kierkegaard and Schopenhaueron Hegelianism: "Primum vivere, deinde philosophari" (69-84).

N° 2: M. Malatesta: On reductio ad unum of disjunctive Syllogism andModus Ponendo Ponens, Tollendo Tollens, Ponendo Tollens Primus (105-114);Michele Melaragno: Literary Metaphors "Six Characters in Search of an Author"(115-120); Emmanuele Riverso: The Vichian Concept of Interaction amongNations (121-132).

Pensamiento - Madrid. LI(1995):199. Javier Monserrat: Lectura epistemológica de Ia teoria unificada de Ia

cognición en Allen Newell (3-42); Armando Segura: «Identidad y relación enKant». Los juicios sintéticos a priori como principios. Einleitung § 5 (43-68); JoseD. Jimenez: Kant: Ia religión como «veneración moral pura de Diós» (69-88);Andres Martinez Lorca: «Communitas liberorum». En torno a «Sententia libriPoliticorum» de Tomás de Aquino ( 89-100); W. R. Daros: El hecho de conocery el ser del conocer (Problemática entre A. Rosmini y J. Balmes) (101-128);Antonio Gutierrez Pozo: Razón vital yfenomenología (Génesis del raciovitalismoorteguiano) (129-147). Notas, textos y comentarios. J. A. Martínez: Filosofía yhistoria según I. Ellacuría (149-153).

pp. 451-456 Revista Filosófica de Coimbra-n." R-vol. 4 (1995)

Ficheiro de revistas 455

Revista Portuguesa de Filosofia - L(1994):1-3. Homenagem ao Prof. Doutor José do Patrocínio Bacelar e Oliveira.

J.F.Pereira Borges: José do Patrocínio Bacelar e Oliveira.S.J_, o universitário, o

filósofo (7-13); Diogo F.L. C. Alcoforado: Em torno da noção de modernidade(15-24); A. Alves: Prolegómenos a unia ontologia futura (25-34); Vitorino Sousa

Alves: Crítica da Mecânica Quântica (35-50); Mafalda F. Blanc: Afecção e

Poética (51-63); A. J. de Brito: A propósito da síntese a priori (65-78); J. H.

Silveira de Brito: Responsabilidade e identidade (79-96); Roque Cabral: Unico

jesuíta português professor de teologia em Coimbra (97-102); F. Gama CAeiro:

Os jesuítas e a educação setecentista no Brasil (103-113); Jorge Coutinho:

Teixeira de Pascoaes: o pensamento da terra (115-122): Alfredo Dinis: Respon-

sabilidade moral dos cientistas (123-132); Gustavo de Fraga: Husserl e a filosofia

(133-141); A. Freire: Pedro da Fonseca, humanista e filósofo (143-153); M.B.

Costa Freitas: Natureza e fundamento ontológico da pessoa em Duns Escoto

(155-163); José Gama: O pensamento português e a hermenêutica da cultura

(165-172); M' L. S. Ganho: A filosofia reflexiva de Jean Nabert(173-178);

Joaquim Ferrira Gomes: O «Modus Parisiensis» como matriz da Pedagogia dos

Jesuítas (179- 196); Joaquim Cerqueira Gonçalves: A Universidade Católica na

Constituição Apostólica sobre as Universidades «Ex Corde Ecclesiae» (197-211);

Marina P. Lencastre: Epistemologia, metáfora e estética em J. Ortega y Gasset

(213-220); João Lupi: Lévi-Bruhl: a pré-lógica e o irracional (221-230); J. L.

Brandão da Luz: Descartes: a unidade das ciências e a metafísica (231-241); Levi

A. Malho: A fronteira da Lua (243-25 1); E. C. Rezende Martins: Crusius e KAnt:

crítica do racionalismo (253-260); Alexandre F. Morujão: Husserl e a inter-

pretação da história da filosofia moderna (261-275); M'. C. Patrão Neves: Entre

a psicologia e a metafísica: a «Ciência do Homem». Contributo de Maine de

Biran para a Antropologia Filosófica (277-289); Etelvina P. L. Nunes: Hieratismo

do Rosto? Levinas aproximado dos seus interlocutores (291-303); Manuel

F. Patrício: Três meditações filosófico-pedagógicas sobre o Método (305-312);

J. R. da Costa Pinto: Filosofia do futuro - futuro da filosofia: uma perspectiva

garaudiana (313-322); Celestino Pires: A metafísica em questão (323-343); Fran-

cisco Videira Pires: Josef Dietzgen, o «filósofo» de Marr (345- 355); Cassiano

Reimão: Ética e autenticidade em J.-P. Sartre(357-377); Acílio S. E. Rocha: Arte

e estruturalismo (379-395); J. Coelho Rosa: Participação. analogia e dialéctica:

o pressuposto do Uno (397-409); Carlos H. Carmo Silva: Da diferença pensada

ao discernimento vivido (411-441); Manuel Sumares: Quanto aos atributos de

Deus - De novo a hipótese de Girard (443-447; A. Braz Teixeira: A ideia de Deus

em Antero de Quental (449-458); Amadeu R. Torres: A «Grammatica Philo-

sophica» de Bernardo de Lima e Melo Bacelar (459-466); Henrique C. Lima Vaz:

Destino e Liberdade: as origens da ética (467-477); João J. Vila-Chã: The plu-

rality of action: Hannah Arendt and The Human Condition (477-484).

Revue Philosophique - Paris. (1995):N° 1: Matérialisme et Neuro-sciences. G. Droz-Vincent: L'atomisme dans le

monisme épicurien (3-17); F. Grandjean: David Hume: Ia révolution praxiologique

du matérialisme (19-32); G. Lantéri-Laura: La matière illussoire de Ia médicine

Revista FilosviJica de Coimbra - n." 8 - voi . 4 (1995) pp. 451-456

456 Revista Filosófica de Coimbra

mentale au X1Xe siècle (33-42); J.-N. Missa: Matérialisme et neuro-sciences: Iaquestion des localisations cérébrales (43-53); P. Engel: Causalité mentale etniveaux de causalité (55-69); B. Andrieu: Eléments pour un matérialismedynamique (71-82).

N° 2: XVIII Siècle: Mersenne, Descartes, Pascal, Spinoza, Leibniz. A. delPrete: L'univers infini: les interventions de Marin Mersenne et de Charles Sorel(145-164); Alberto Gajano: Enseigner et apprendre chez Descartes (165-190);Hélène Bouchilloux: Du beau et du sublime chez Pascal (191-210); DeniseLeduc-Fayette: La catégorie pascalienne de l'hérésie (211-228); Chantal Jacquet:La spéeificité de Ia conception spinoziste de l'éternité de l'esprit (229-237);François Guéry: Leibniz et les langues (239-250).

N° 3: Hypocoristiques. Robinsonnades. Maxime Chastaing: Fonctions deshypocoristiques (289-310); Claude Mouchet: Robinson Crusoé: un héros péda-gogique entre Rousseau et Campe (311-336).

Telos - Santiago de Compostela . RI (1994) N° 2:Margarita Costa: El utilitarismo de Hume (9-16); David Weinstein : Entre el

kantismo y el consecuencialismo en Ia filosofía moral de T. H. Green (31-58);Ana de Miguel Alvarez . Autonomía y conducta desviada : el problema delpaternalismo en Ia obra de J. S. Mill (59-70); Philip Pettit & Geoffrey Brennan:Consecuencialismo restrictivo (73- 97); Pedro Mercado Pacheco: Análisis econó-mico del derecho y utilitarismo . Concordancias y divergencias (99-123).

Thémata - Sevilha. N° 13 (1995):Jorge V. Arregui, La teleología de Ia belleza en Shaftesbury y Hutcheson

(11-36); Federico Basafiez: Entre Ia teoria económica y Ia economía política:Estudio sobre Ética a Nicómaco V.5 v Política I. 8-10 de Aristóteles. La filosofóade Ia economia de Aristóteles (37-72); Teresa Bejarano: Las emociones anteIa ficción (73-96); Jacinto Choza: La dualidad personal. Autor y actor(97-120); Alberto Ciria: Fiche en 1804-1806: Arrebato y entrega (121-156);Manuel Fontán: La estética de Kant como filosofía de Ia cultura (157-174);Marcelino Rodríguez Donís: El epicureísmo y su repercusión histórica (175-196).Notas. Jesús Martínez Velasco: El cambio científico y el modelo de soluciónde problemas de L. Laudan (199-210); Martín Zubiría: ¿Poetizar y Pensar?Desde Ia meditación heideggariana hacia el topos histórico de Hólderlin(211-230).

Theoria - Pisa. XV(1995):N° 1: Alain Badiou: La questione dell'essere, oggi (5-17); Philippe

Lacoue-Labarthe: 11 coraggio della poesia (19-39); Giivanni Scibilia: Heideggertra evento e figura. A proposito di "La question de 1'étre aujourd'hui" di AlanBadiou e "Le courage de la poésie" de Philippe Lacoue-Labarthe (41-48); MatteoBianchin: Husserl sull'intersoggettività e lafenomenologia (49-62); Stefano DiBella: Note sull'argumento ontologico nell'età moderna (63-80); Carlo Marletti:Teoremi di Glidel e meccanicismo (81-94). Jacques Derrida. Ermeneutica comeatto di scrittura. Colloquio con Paola Marrati-Guénoun (95-104).

pp. 451 -456 Revista FilosóJiea de Coimbra - n." 8 - vol. 4 (1995)

RECENSÕES

PAREDES MARTÍN, Ma del C . (Ed.) - Ortega Y Gasset. Pensamiento yConciencia de Crisis. Salamanca , Universidad de Salamanca, 1994,188 p.

A obra apresenta - nos um conjunto de artigos concebidos desde perspectivas e inte-resses distintos , mas contudo confluentes , que procuram dar conta da forma como Ortegay Gasset se esforçou por superar as graves crises da sua época , as quais, em grande parte,ainda hoje nos afectam . Os diferentes modos de ver e as diferentes interpretações que aquisão feitas da obra orteguiana não impedem contudo que se encontre uma linha decontinuidade entre os oito trabalhos . O tema da "crisis" surge mais ou menos explicita-mente em todos os artigos como grande tema unificador , como aliás o título da colectâneadeixa antever.

Ortega y Gasset tratou, de forma particular , este tema na obra "En Torno a Galileo"(O. C. V) sobretudo nas lições V, VI, VII e VIII , as quais foram inclusive publicadas emlivro com título sugestivo: "Esquema de las Crisis" (1942). Podemos, no entanto defenderque o tema é omnipresente na sua obra e estes estudos em análise confirmam isso mesmo.

O 1' estudo - "La Acción Pensante del Espectador"- de Mariano Alvarez Gómez aceitacomo legítima a estruturação e a divisão do pensamento de Ortega em períodos distintosmas recorda - nos, no entanto , o fundo de continuidade que atravessa toda a obra orteguianae que esse aspecto é de alguma forma já anunciado no "El Espectador". (Cfr. 2° vol... dasO. C. de Ortega, escritos situados entre 1916-1934). O que Ortega propõe ao longo do"Espectador" é acção pensante . E segundo A. Gómez a insistência orteguiana em pôr emprimeiro plano a contemplação mais pura, que busca exclusivamente o ser das coisas,poderá fazer pensar que a acção propriamente dita fica em segundo plano . Convémrecordar , contudo , que Ortega pretende destacar o carácter transformador que a contem-plação tem em si mesma (21). A acção de pensar aprofunda a descoberta da verdade dascoisas, liberta- nos de uma determinada forma de estar perante elas e possibilita - nos a suatransformação. Por isso deve ser então vista como válido contributo superador da "crisis"do pensamento e da atitude do homem perante o pensamento.

S. Álvarez Turienzo pretende, no 2° estudo - "La Crisis de Orrega Y Gasset, Fenómeno

Decadente o Renaciente? Análisis desde su Ética" - mostrar que a ética ocupa uma posição

privilegiada no pensamento de Ortega, embora o autor nunca tenha escrito qualquer tratado

ético específico, apesar de declarar em diversas passagens tal propósito. O autor refere as

diferentes periodizações / divisões que são comumente aceites pelos estudiosos de Ortega.

Propõe no entanto uma leitura / divisão da obra orteguiana a partir dos temas éticos (39).

Esta proposta de trabalho parece-nos particularmente interessante e merecia quanto a nós

um aprofundamento por parte de eventuais estudiosos do pensamento de Ortega, até porque

Revista Fi(nsóliiea de Cuimbn, - ti." 8 (1995) pp. 457-461

458 Revista Filosófica de Coimbra

o oriente do seu pensamento, desde cedo , parece apontar para uma vida que terá de sermais vida, mais rica, mais alta, mais bela e nobre, o que em termos práticos se traduz nadefesa de uma ética de magnanimidade que contrastava ( e contrasta ainda hoje!) com umcerto rigorismo e utilitarismo reinante.

Em "Ortega y Husserl: Aproximaciones en el Ámbito de Ia Intersubjetividad", M° del

Carmen Astigarraga pretende analisar o tema do outro e da intersu ' ectividade no

pensamento dos dois autores , defendendo que quer Ortega quer Husserl " partem de um

mundo intersubjectivo na quotidianidade constituinte do eu" ( 58), mas isso não significa

que não tenham posições diferentes : uma, a do filósofo que se situa na reflexão

fenomenológica transcendental (Husserl ) e outra, a do filósofo que se situa na reflexão

fenomenológica vital ( Ortega ). O estudo de Carmen Astigarraga recorda-nos que os

caminhos de Ortega e de Husseri são caminhos cruzados : enquanto a fenomenologia

husserliana incuba uma filosofia da vida, a filosofia da vida de Ortega vê - se necessitada

de um método fenomenológico para chegar a uma análise existenciária e estrutural do

mundo da vida.

O artigo de L. Espinosa Rubio - "Ortega Y Gasset : El Imperativo de Ia ReflexiónPolítica" - não pretende ser um estudo de carácter histórico ou qualquer juízo da condutapolítica de Ortega . Embora o vol . 11 das Obras Completas de Ortega reúna os "EscritosPolíticos " ( 1° ed. 1969 ), o interessante deste artigo de Espinosa Rubio é dar-nos conta deque o tema do "político" ocupou sempre no pensamento de Ortega um lugar de destaquee que inegavelmente podemos falar de uma Razão Política que se encontra diluída nopensamento do autor, mas à qual poderíamos conferir um estatuto próprio ao lado de outras(razão vital , razão vivente , razão histórica ) e que seria a tradução fiel do compromissodo autor com o seu tempo e com a sua circunstância.

O 5° estudo desta colectânea intitula-se "Ortega y Ia Crisis de Ia Cultura°. É de autoriade M' del Carmen Paredes Martín e defende que a interpretação orteguiana de cultura temlargas vantagens sobre a sua interpretação política. O mundo ocidental sofre essencialmenteuma crise de ideias e a saída passa pelo encontro de novos valores , novos princípios decivilização e de cultura . Ortega partilha da ideia husserliana de crise de ciência. Issocontudo não significa que nos encontramos perante uma ciência moribunda , uma vez queisso seria entender apenas negativamente a crise . Ortega refere a crise da ciência e dacultura mas está convicto do seu rejuvenescimento e das possibilidades novas sempre emaberto.

No estudo seguinte Pablo Redondo Sánchez trata o tema "El Nivel del Radicalismode Ortega en 'La Ideia de Principio en Leibniz "'. Trata-se de um estudo sobre o textomais extenso de Ortega , uma das obras mais tardias ( 1947) e que é também consideradonormalmente como um dos mais difíceis e densos . R. Sánchez centra- se sobretudo no §29 (O nível do nosso radicalismo ). Nesse § 29 aparece - nos um Ortega preocupado emclarificar o lugar que a sua filosofia ocupa assim como também o nível do seu radicalismo,querendo demarcar - se das duas tradições da filosofia contemporânea : a que parte deHusserl e a que parte de Heidegger. Se considerarmos "El Tema de Nuestro Tiempo"(O. C. vol. 3) ou "La Idea de Principio en Leibniz " podemos dizer que a crise analisadapor Ortega e Husserl tem algo de comum . Ortega no entanto defende que a distância queo separa de Husseri é tão grande que não precisa de demarcação explícita . Sabemos noentanto que a relação entre os dois autores foi durante largos anos uma relação tensa. Masem 1947, sem rodeios , Ortega explicita o problema que os separa : a distinta concepçãoque tinham das formas de consciência . Ortega considera a consciência executiva comofundamental e segundo Husserl essa consciência tinha de ser reduzida.

No que se refere à relação com Heidegger o autor do artigo destaca várias limitaçõese imprecisões que Ortega tem relativamente à obra do autor de "Ser e Tempo". Julga, e

pp. 457 -461 Revista Filosófica de Coi,nl,ra -ti." 8 (1995)

Recensões 459

quanto a nós bem, que tal facto de deve ao facto de Ortega desconhecer muitos textos deHeidegger. Defende também que a recente publicação de algumas obras de Heidegger doperíodo de 1919-1923, podem abrir um campo de investigação interessante para repensaresta problemática relação Ortega -Heidegger (131).

J. L. Rodríguez Molinero assina o 7° estudo o qual se intitula "La Concepción de Ia

Antropologia Filosófica como Saber Específico". Trata-se de um trabalho que começa por

discutir a "paternidade" da Antropologia Filosófica como disciplina específica. A razão

de ser desta discussão é simples. Max Scheler é comumente apontado o "fundador" da

disciplina uma vez que é na sua célebre conferência de Darmstadt "El Puesto dei Hombre

en el Cosmos" (1927) que aparece explicitamente a expressão. Acontece que Ortega Y

Gasset utiliza a mesma expressão em 1924 e 1925 respectivamente nos trabalhos

"Vitalidad, alma y espíritu" e "Para una psicologia dei hombre interesante ". E Ortega vai

mais longe, chegando a defender o seu carácter originário de elaborar uma antropologia

filosófica como nova disciplina! Esta questão parece contudo ter uma explicação fácil. No

prólogo do "El Puesto..." Scheler diz claramente que as suas preocupações neste campo

remontam a 1922 e foram claras nas suas lições de Antropologia Filosófica dadas na

Universidade de Colónia entre 1922 e 1928. Se considerarmos a admiração que Ortega

tinha por M. Scheler e se considerarmos que ele próprio confessa dever à Alemanha (país

onde se formou o seu espírito juvenil) 4/5 do seu saber intelectual, tudo se encaixa. Uma

obra central, citada aliás por R. Molinero, que pode ser preciosa ajuda nesta problemática

é a de N. Orringer (Cfr. Ortega y sus Fuentes Germúnicas. Madrid, 1979). Nessa obra

Orringer procura analisar o pensamento de Ortega em diálogo vivo com as suas fontes e

considera que não estamos perante um vulgar plagiador ou perante superficial ecletismo,

mas também não temos de considerar Ortega como exemplo de uma milagrosa liberdade

frente a todo o fluxo! O 2° momento do trabalho de Molinero pretende clarificar o

conteúdo da Antropologia Filosófica orteguiana, a qual pode ser vista sequencialmente

como psicologia descritiva, tectónica da pessoa e caracteriologia. coincidindo com o que

poderíamos chamar "uma psicologia da personalidade" (143). No que podemos considerar

o 3° momento do artigo o autor explicita "as grandes capas ou estratos de personalidade"

(vitalidade, alma propriamente dita, espírito).

O trabalho final é apresentado por Serafín - M. Tabernero del Rio e intitula-se "Valores

v Educación en Ortega". Consta de duas partes. Na primeira o autor procura expor comoé que Ortega entende os valores e quais são as suas características; na segunda procuraclarificar o papel que os valores desempenham na educação. Relativamente à primeira parte

cremos que é dos temas orteguianos mais divulgados e neste particular a originalidade deOrtega não será assim tão relevante uma vez que, como sabemos. segue muito de perto a

ética de M. Scheler. Quanto à segunda parte o objectivo do autor é dar-nos conta do modoorteguiano de entender a educação e porque é que ele defende que devem estar presentes3 classes fundamentais de valores: vitais, intelectuais e morais.

A crítica que eventualmente se poderia fazer a este último estudo é já de algum modo

pressuposta pelo autor uma vez que ele próprio reconhece que ficam de fora do seu estudoos valores estéticos, religiosos e os ecológicos. Mas como ele promete estudar tais valores

numa próxima pesquisa... resta-nos estar atentos, esperar por ela. Manancial de investigação

não lhe falta!Esperamos que o prazer que a leitura desta obra nos deu possa ser sentido também

por outros leitores. Estamos perante um rico conjunto de textos sobre Ortega, metodo-

logicamente bem apresentados e que oferecem algumas pistas sedutoras.

J. Vieira Lourenço

Revista Filosófica de Coimbra - n.° 8 (1995 ) pp. 457-461

460 Revista Filosófica de Coimbra

LOURENÇO, M. S. A Cultura da Subtileza. Aspectos da Filosofia Analítica . ( Lisboa:Gradiva, 1995).

De Lisboa chega - nos uma amostra da Cultura da Subtileza exemplificada notratamento de algumas questões importantes . A escolha aqui apresentada , necessariamenteincompleta para lá das contingências referidas por M . S. Lourenço no prefácio ( 10-11),constitui um documento interessante do que foi um exercício de comunicação e diálogonuma estação de radio-difusão ( RDP 2 ). A intervenção dos profissionais da filosofia nosmeios de comunicação social não é novidade absoluta , mesmo entre nós. O que torna, aum tempo, aliciantes e problemáticos estes actos de comunicação com um público maisvasto do que o habitual é a tensão entre o discurso de iniciação e o discurso de iniciados.Manter vivo, em todos os contextos em que se realiza uma intervenção deste tipo, comnumerosos participantes , de formações diferentes , o culto da subtileza sem perder acapacidade de interessar e interpelar ouvintes e leitores é algo muito difícil.

A variedade das intervenções é muito maior do que poderia fazer supor uma leiturasumária que as enquadrasse tematicamente naquilo a que M. S. Lourenço chama assubdisciplinas da lógica, teoria do conhecimento , estética e filosofia da linguagem. Logona Parte 1 - Perplexidade, Diálogo e Conflito - se espelha claramente a diversidade e nãoalinhamento disciplinar de muitas intervenções deste volume . Começando com A misériado essencialismo de Manuel Maria Carrilho em que se retoma novamente a querela emtorno das virtualidades do programa de filosofia para os alunos do secundário proposto,em 1989, pelo autor e terminando no ensaio de José Trindade Santos sobre uma questãodecisiva da hermenêutica do Corpus Platonicum - Porque escreveu Platão diálogos? -passando pelos ensaios de António Zilhão sobre A concepção de filosofia de Wittgensteine de António Marques em busca de uma resposta à pergunta , A filosofia apresentaresultados ? reflectem diversas concepções da filosofia e igualmente manifesta diversidadena interpretação do núcleo temático dos autores clássicos . Nada disto, por si , é negativo.Porém, o modo como M. S. Lourenço introduz a distinção entre filosofia analítica e outraque caracteriza de especulativa e vincula explicitamente à cultura filosófica dos países ondese falam as línguas românicas bem como algumas afirmações dos diversos colaboradoresdeste volume podem levar o leitor mais incauto a admitir que existe maior volume de tesescomuns aos textos que, razoavelmente , se podem caracterizar como sendo de filosofiaanalítica do que realmente acontece . Outro factor de perplexidade é o papel tutelar quea figura de Wittgenstein desempenha em muitos dos ensaios aqui publicados dada asua peculiar atitude pessoal perante a filosofia, como, aliás, muito bem reconheceM. S. Lourenço. Papel que se reflecte até na ilustração da capa com o retrato deMargaret Stonborough -Wittgenstein , a irmão do autor do Tractatus.

A Parte II - Lógica e Metafísica - inclui ensaios de: João Sáàgua sobre O papel dalógica na filosofia; de Fernando Ferreira sobre Lógica, filosofia e matemática e, ainda,de João Branquinho sobre Modalidade e existência.

A Parte 111 - Estética e Filosofia da Arte - inclui um conjunto significativo de cincoensaios que representarão , porventura , a maior novidade para os leitores com uma formaçãoacadémica convencional . Assim, Miguel Tamen analisa A origem da obra de arte literária:o caso de Proust; António M. Feijó retoma a questão da Mimese , a representação darealidade, tema igualmente abordado por Sidónio de Freitas Branco Paes no domínio damúsica (A representação da realidade na música ); João Paes sobre Tempo musical e tempoafectivo e, finalmente , João Bénard da Costa sobre A fronteira da arte.

Todos estes ensaios - muito breves - são precedidos de uma introdução de M. S. Lou-renço e seguidos de um diálogo de M. S. Lourenço com o autor de cada uma das comu-nicações no sentido de explorar articulações aí abordadas ou subentendidas . É claro que

pp. 457-461 Revista Filosófica de Coimbra -n.° 8 (/995)

Recensões 461

elas não podem/devem ser descontextualizadas mas cremos tratar-se, em geral, das partes

mais interessantes deste volume em boa hora publicado pela Gradiva. Nestes diálogos, M.

S. Lourenço revela toda a sua virtuosidade e amplitude de interesses.

A. M. M.

TOMAS DE AQUINO, O ente e a essência . Versão do latim e intro-

dução de Mário A. Santiago de Carvalho. (Porto : Contraponto, 1995)

A publicação deste texto não está, manifestamente, ligada a um renovado e crescente

interesse do público português, leitor de textos filosóficos, pela obra e pelo pensamento

de Tomás de Aquino. Está, antes, ligada, como é do conhecimento dos professores de

filosofia, ao facto de o novo programa de Filosofia para o 12` ano incluir o De ente et

essentia entre as obras que podem ser escolhidas para leitura integral. Não cabe aqui

discutir o acerto de tal medida programática. Acontece que, quando tal decisão foi tomada,

a única versão vernácula disponível era a de António Soares Pinheiro, profundo conhecedor

do texto e de uma exigência de rigor conceptual e terminológico extremos que o levaram

a apresentar uma versão que, precisamente pela exigência de rigor e de fidelidade ao texto

original, resultou inovadora mas de difícil leitura para quem não pudesse acompanhar o

labor interpretativo que lhe servia de suporte. E este seria o caso da maior parte dos leitores

já que se tratava de uma tradução sem comentário interpretativo. Por isso, impunha-se nova

versão portuguesa que, sem condescender no rigor interpretativo, pudesse mais facilmente

ser lida por quem não está familiarizado com a obra de Tomás de Aquino. Mário A.

Santiago de Carvalho, pensando nos docentes e alunos do secundário que tiverem a ousadia

de ler O ente e a essência mas sem esquecer os alunos de filosofia medieval das nossas

universidades, apresenta - nos uma tradução mais convencional mas mais legível para

uma parte significativa dos leitores potenciais deste texto. Para superar as dificuldades

que subsistem, fornece alguma ajuda nas notas de comentário e na introdução em que

esboça as grandes linhas da problemática abordada neste opúsculo de Tomás de Aquino.

As amplas e criteriosas referências bibliográficas permitem, ainda. ao leitor interessado,

aprofundar o conhecimento da obra de Tomás de Aquino e dos problemas por ela susci-

tados. A inclusão de um índice temático e onomástico tornam o manuseamento deste

volume ainda mais útil.

A. M. M.

Revista Filosófica de Coimbra - n." 8 (1995 ) pp. 457-461

Recensões 461

elas não podem/devem ser descontextualizadas mas cremos tratar- se, em geral , das partes

mais interessantes deste volume em boa hora publicado pela Gradiva . Nestes diálogos, M.

S. Lourenço revela toda a sua virtuosidade e amplitude de interesses.

A. M. M.

TOMAS DE AQUINO, O ente e a essência . Versão do latim e intro-

dução de Mário A. Santiago de Carvalho. (Porto: Contraponto, 1995)

A publicação deste texto não está, manifestamente, ligada a um renovado e crescenteinteresse do público português, leitor de textos filosóficos, pela obra e pelo pensamento

de Tomás de Aquino. Está, antes, ligada, como é do conhecimento dos professores de

filosofia, ao facto de o novo programa de Filosofia para o 12° ano incluir o De ente et

essentia entre as obras que podem ser escolhidas para leitura integral. Não cabe aqui

discutir o acerto de tal medida programática. Acontece que, quando tal decisão foi tomada,

a única versão vernácula disponível era a de António Soares Pinheiro, profundo conhecedor

do texto e de uma exigência de rigor conceptual e terminológico extremos que o levaram

a apresentar uma versão que, precisamente pela exigência de rigor e de fidelidade ao texto

original, resultou inovadora mas de difícil leitura para quem não pudesse acompanhar o

labor interpretativo que lhe servia de suporte. E este seria o caso da maior parte dos leitores

já que se tratava de uma tradução sem comentário interpretativo . Por isso , impunha-se nova

versão portuguesa que, sem condescender no rigor interpretativo, pudesse mais facilmente

ser lida por quem não está familiarizado com a obra de Tomás de Aquino. Mário A.

Santiago de Carvalho, pensando nos docentes e alunos do secundário que tiverem a ousadia

de ler O ente e a essência mas sem esquecer os alunos de filosofia medieval das nossas

universidades, apresenta-nos uma tradução mais convencional mas mais legível para

uma parte significativa dos leitores potenciais deste texto. Para superar as dificuldades

que subsistem, fornece alguma ajuda nas notas de comentário e na introdução em que

esboça as grandes linhas da problemática abordada neste opúsculo de Tomás de Aquino.

As amplas e criteriosas referências bibliográficas permitem , ainda, ao leitor interessado,

aprofundar o conhecimento da obra de Tomás de Aquino e dos problemas por ela susci-

tados. A inclusão de um índice temático e onomástico tornam o manuseamento deste

volume ainda mais útil.

A. M. M.

Revisor Filusújìea de Coimbra - n." 8 (1995) pp. 457-461