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FRATERNIDADE FRATERNIDADE Publicação Paroquial – Edição n.º 17 – Julho de 2014 Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo – Brasil Paróquia São Francisco de Assis – Área Pastoral de Vila Velha – ES Papa Francisco Papa Francisco para uma comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro para uma comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro Mensagem do Mensagem do Fique por dentro das atividades realizadas nas Comunidades da Paróquia São Francisco de Assis Página 3 Campanha “Vem Católico, Construa sua Igreja” chega na reta final. Mas ainda dá para participar Página 7 Igreja Católica reconhece novos Santos Página 14 Veja como fiéis recasados podem ter vida ativa na Igreja Página 15 Páginas 8 e 9 Páginas 8 e 9

Revista Fraternidade, Julho/2014

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Revista Fraternidade, edição 17, Julho/2014

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FRATERNIDADEFRATERNIDADE

Publicação Paroquial – Edição n.º 17 – Julho de 2014Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo – Brasil Paróquia São Francisco de Assis – Área Pastoral de Vila Velha – ES

Papa FranciscoPapa Franciscopara uma comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro

para uma comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro

Mensagem doMensagem do

Fique por dentro das atividades realizadas nas Comunidades da Paróquia São Francisco de AssisPágina 3

Campanha “Vem Católico, Construa sua Igreja” chegana reta final. Mas ainda dápara participarPágina 7

Igreja Católica reconhecenovos SantosPágina 14

Veja como fiéis recasados podem ter vida ativa na IgrejaPágina 15

Páginas 8 e 9Páginas 8 e 9

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2 FRATERNIDADE

Editorial

Pax et Bonum!

FRATERNIDADE

Rua Doutor Jair de Andrade, s/n.ºPraia de Itapoã - Vila Velha - Espírito SantoTel.: (27) 3329-8700 / Fax: (27) [email protected]

PÁROCOPadre Hiller Stefanon Sezini

EDIÇÃOMile4 Assessoria de ComunicaçãoTel.: (27) 3205-1004

JORNALISTA RESPONSÁVELIlda Castro – MTb 203/80

COLAbORADORES DESTA EDIÇÃOPapa Francisco; Guto Kater, Gerente de Marketing da Editora e Livrarias Santuário; Pe. Vanildo Filho, sj; D. Anselmo Chagas de Paiva, OSB, Diretor da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro e Doutor em Direito Canônico e Promotor de Justiça no Tribunal Eclesiástico do Rio de Janeiro/RJ; Jhonatan Roger Rodrigues Dias, Professor de Filosofia e Secretário de Administração e Tesouraria Paroquial São Francisco de Assis –Área Pastoral de Vila Velha, Espírito Santo.

FOTOSAcervo ParoquialDete Fotografias

PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃOComunicação ImpressaTel.: (27) 3319-9062

IMPRESSÃOGráfica e Editora GSATel.: (27) 3232-1266

TIRAGEMTrês mil exemplaresDistribuição gratuita

Acada ano sentimos de maneira vertigi-nosa os rápidos e voláteis avanços no campo das comunicações sociais sejam

através dos meios mais tradicionais como os impressos, rádios e tv’s, bem como com a cria-ção e o fomento de novas e modernas redes de relacionamentos e entretenimentos, divulgação, informação, formação e conhecimento. As novas plataformas móveis, as tecnolo-gias diversas e os meios de transporte encurtam cada vez mais as distâncias não somente entre as pessoas, mas também o mundo de um modo geral. Não obstante, urge a necessidade de es-tarmos atentos e em sintonia com tudo isso, que de certo modo marca de maneira incisiva um novo momento histórico. Diante desta avalanche nos perguntamos: o que são as fronteiras? Elas existem realmente? Até que ponto as mídias sociais digitais podem nos ajudar a desenvolver bem nossas tarefas e nos fazer mais próximos uns dos outros? Existem limites para tudo isso? E uma série de outros questionamentos que se pode fazer a cerca de um assunto, hoje, tão amplo e complexo e que a “velocidade da luz” vai mudando valores, rotinas, comportamentos e hábitos. Creio que neste sentido será muito

válida a leitura e meditação do texto do Santo Padre o Papa Francisco escrito por ocasião do “Dia Mundial das Comunicações Sociais” inti-tulado “Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro” que o(a) prezado(a) leitor(a) encontra nesta edição de nossa Revista Frater-nidade. Sem dúvida, penso ser este um texto de balizamento e uma palavra muito segura para quem cristãmente quer refletir sobre a temática em tela! Nesta edição ainda se pode encontrar: informações diversas sobre as comunidades que compõem a Paróquia São Francisco de Assis, importantes textos de formação e uma matéria especial sobre os fiéis casados e a comunhão eucarística, além de, claro, fatos e fotos que te ajudam a recordar e acompanhar a dinâmica da vida pastoral de nossa Comunidade Paroquial. Auspice Maria! (sob a proteção de Maria!) Então, desejo, de coração, boa leitura e bom proveito! Permaneçamos sempre unidos para espalharmos juntos o amor misericordioso de Deus. Com um forte abraço e a bênção do seu,

Pe. Hiller Stefanon SeziniPároco

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Caríssimo(a) Irmão(ã) em Jesus Cristo,

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FRATERNIDADEFRATERNIDADE

Comunidade São Francisco de Assis – Matriz

Crianças e adolescentes com uma grande missão: a evangelização

Desde 1843, quando Dom Carlos Forbin-Janson fundou, na França, a obra da Infância e Adolescência Missionária (IAM), crianças por todo o mundo têm sido ajudadas e evangelizadas pelo projeto. Na

comunidade São Francisco de Assis – Matriz Paroquial, em Itapoã, Vila Velha, Espírito Santo, ele existe desde 2009, formando crianças e adoles-centes como pequenos missionários e cultivando a fé cristã nos corações. A IAM surgiu com o objetivo de fazer com que as crianças se mobi-lizassem para ajudar outros menores necessitados. Hoje, na comunidade São Francisco de Assis eles preservam esse princípio. Os participantes se reúnem semanalmente para planejar suas ações e ter um momento de oração. Eles arrecadam materiais e fundos, por meio de um cofrinho, para doar a quem mais precisa, além de visitarem os necessitados para propagar a fé em Jesus Cristo. A ideia é que essas crianças e adolescentes conheçam outras reali-dades e tenham compaixão pelo próximo. Na IAM, eles mesmos são os responsáveis pela sua formação cristã e o amadurecimento da própria fé. Todo o processo é assistido pelos adultos da comunidade, mas são as crianças os verdadeiros protagonistas da obra. Atualmente, 48 adolescentes estão sendo formados pelo projeto, que está em processo de renovação. A nova turma deve ser composta, principalmente, por aqueles que acabaram de realizar a Primeira Eucaristia. Para mais informações é só entrar em contato pelo telefone da Paróquia: (27) 3329-8700.

A IAM surgiu em 2009 com o objetivo de fazer com que as crianças se mobilizassem para ajudar outros menores necessitados. A Comunidade São Francisco de Assis participa desta importante iniciativa.

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Comunidade Bom Pastor

CURIOSIDADES

Bênção dos PãesConhecido por sua bondade e devoção ao próximo, conta à história que Santo Antô-nio, comovido com a pobreza, doou todos os pães de seu convento aos necessitados. Quando o Frei responsável pelos alimentos percebeu o ocorrido ficou desesperado, já que o jantar se aproximava. Vendo a situação, Santo Antônio pediu para que o Irmão padeiro olhasse novamente a cesta onde os havia deixado. Para a surpresa do Frei os pães transbordavam e, além de alimentar a comunidade religiosa, saciou novamente aos pobres da localidade.

Dia do Bom PastorDuas missas solenes no 4º domingo de Páscoa, 11 de maio, às 8h30 e às 17h30, marcaram o dia de comemoração do padroeiro da Comunidade. Jesus Cristo é o pastor que deu a vida por seu rebanho e, com a doação total de sua vida, cuida de cada uma de suas ovelhas, que somos nós. Viva Jesus, o Bom Pastor!

Em homenagem a Santo Antônio de Pádua, a comunidade Bom Pastor pro-moveu orações durante os treze dias que

antecedem à sua festa. A Trezena de Santo Antônio de Pádua foi iniciada no domingo, 1° de junho, e só terminou com uma quermesse na sexta-feira, 13 de junho, dia solene do Santo, sempre com a celebração da Santa Missa, às 15 horas. A participação da comunidade foi ex-pressiva e acolhedora. Durante as celebrações realizadas todos os dias, às 15 horas, os fiéis levaram pães e lírios para receberem a bênção do Santo, uma forma de pedir e agradecer para nunca faltar o alimento nas mesas. A cada ano aumenta o número de participantes. No encerramento, também marcaram presença, às famosas barraquinhas de comidas típicas de festa junina, com cocadas, canjica e caldo verde. Todo o trabalho foi feito por membros da comunidade, que juntos colabo-raram para edificar ainda mais a Comunidade Bom Pastor, que integra a Paróquia São Fran-cisco de Assis, Área Pastoral de Vila Velha, Espírito Santo.

Trezena, bênção do pão e lírios para homenagear Santo Antônio de Pádua (e de Lisboa)

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Comunidade de São Pedro Pescador

Festa para celebrar dia do padroeiro

Felizes em celebrar mais uma vez a festa de seu Santo Padroeiro, a comunidade de São Pedro Pescador promoveu uma série de eventos para comemorar o seu dia.. Tudo começou com o Tríduo de orações, realizado nos dias 24, 25 e 26 de junho. Após as

celebrações foram vendidos deliciosos quitutes para arrecadar verba para a Igreja. O dia do padroeiro, 29 de junho, foi comemorado com a tradicional procissão saindo da Praia de Itapoã. Carregando a imagem do Santo, eles foram até a Igreja, onde foi cele-brada a Missa Solene de São Pedro e São Paulo, às 10 horas. Antes, às 9 horas, a procissão contou com a participação especial do Grupo do Terço dos Homens. As celebrações foram divididas entre as Comunidades irmãs da Paróquia São Francisco de Assis, em especial a Sagrado Coração de Jesus, que realizou atividades em parceria nesta comemoração. Além do dia do Santo Padroeiro, os fiéis festejaram orgulhosos os dois anos de dedicação do Templo de São Pedro Pescador, no dia 30, com missa às 6h30.

Muitos eventos marcaram as comemorações do dia do Santo Padroeiro, São Pedro Pescador. Missas, procissões e confraternizações fizeram parte da programação.

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Sagrado Coração de Jesus

Comunidade Santa Clara de Assis

Festejos para comemorar o dia do Sagrado Coração de Jesus

Juntos na construçãodesta obra

Fé, música e muita alegria durante os festejos em comemoração ao dia do Sagrado Cora-ção de Jesus. As homenagens começaram

na quarta-feira, 24 de junho, às 19 horas, com a realização do Tríduo, três dias de orações que contaram com a participação das demais Co-munidades da Paróquia São Francisco de Assis. Para louvar ao Padroeiro da Comunidade, os fiéis também realizaram a tradicional “Noite de Caldos”, no dia 27 de junho, logo após a missa solene, e continuaram as festividades,

AComunidade Santa Clara de Assis convida todos os féis da localidade de Praia de Itapoã para contribuir com a estruturação de suas atividades. Exis-tente desde 2009, atualmente ela conta com missas em todas as primeiras

e quartas terças-feiras de cada mês. Elas acontecem, provisoriamente, às 19h30, no estacionamento dos Correios, em Praia de Itapoã, Vila Velha, Espírito Santo. Ainda em formação, a Comunidade que escolheu homenagear a virtuosa freira italiana e discípula fiel de São Francisco de Assis, Santa Clara, precisa da união dos irmãos para construírem juntos essa obra. O espaço improvisado em que funciona impossibilita a realização de muitas atividades, mas o trabalho em equipe pode mover montanhas e estruturar de vez o que falta para essa comunidade.

no dia 28 junho, com uma festa junina, onde os alunos da catequese foram os responsáveis por animar os participantes com a quadrilha. Todo o dinheiro arrecadado com a venda dos caldos e comidas típicas será utilizado na reforma de manutenção da Igreja Sagrado Coração de Jesus, que necessita de reparos no telhado onde há infiltrações, troca de corrimões para acesso das pessoas com deficiência, pin-tura e sistema de ar condicionado, entre outras necessidades de manutenção do prédio.

Pastoral de Rua A Pastoral de Rua, realizada em conjunto com a Fraternidade “O Caminho”, convida aos fiéis inte-ressados em ajudar para fazer parte do projeto. Todas as sexta-feiras, por volta das 18 horas, os voluntários se reúnem na comunidade Bom

COnhEçA OUTRO TRABALhO DA COMUnIDADE:

Jesus para prepararem um sopão, que às 21 horas começa a ser distribuída aos irmãos de rua do município. Venha fazer parte você também!Mais informações com a Fraternidade “O Ca-minho” pelo telefone (27) 3033-1278.

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Comunidade Santa Clara de Assis

Nossa Senhora de Guadalupe

A ação social “Vem Católico, Construa a Sua Igreja” está chegando à reta final, mais ainda dá tempo de participar!O objetivo desta grande ação foi o de ajudar as comunidades eclesiais da Paróquia São Francisco de Assis nas suas mais diversas necessidades.

Agrande ação social “vem católico cons-trua a sua Igreja” empreendida pela Paróquia São Francisco de Assis – Área

Pastoral de Vila Velha, Espírito Santo, desde o dia 4 de agosto de 2013, está chegando à reta final. O último sorteio será no dia 26 de Julho, sábado, pela Loteria Federal e os desejados prêmios desta etapa final são um carro zero quilômetro e um caminhão de prêmios. Mas, até lá, ainda dá tempo de, sozinho ou em grupo, você colaborar com o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais) parcelado em 10 x de R$ 100,00 (cem reais) ou, ainda, o valor de R$ 200,00 (duzentos reais) parcelado em 5 x de R$ 40,00 (quarenta reais) no cartão de crédito ou no cheque. Basta procurar a secretaria de sua Comunidade! O objetivo desta grande ação social foi o de ajudar financeiramente as Comunidades Eclesiais de nossa Paróquia, bem como suas Obras Sociais nas suas mais urgentes e imediatas necessida-des. Estamos certos de que a sua

adesão foi, sem dúvida, um gesto concreto de evangelização e colaboração na construção dos projetos de sua Igreja. Caso não haja ganhador pela Loteria fede-ral, será promovido um evento (em dia, horário e local ainda a serem definidos) para que se proceda, o mais breve possível, aos sorteios dos respectivos prêmios, sendo que a renda deste evento resultará em benefício das obras de construção que acontecem na Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe, como já é do conhecimento e visibilidade de todos, e que, no momento, é a necessidade de maior relevân-cia, uma vez que a Comunidade está se

organizando financeiramente para a compra e instalação da complexa estrutura metálica do Templo, pois já é a hora! Na próxima edição da Revista Fraternidade será apresentado um balanço geral detalhan-do os resultados finais da grande ação social. Também divulgaremos a criação da ACASSFA (Associação Centro de Atendimento Social São Francisco de Assis) que funcionará nas dependências da Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe. Aguardem! Por tudo isso, Deus seja sempre louvado! E Salve Maria!

A Equipe

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Comunicação sem exclusão

Comunicação a Serviço de uma Autêntica Cultura do EncontroMensagem do Papa Francisco para o 48° Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje vivemos em um mundo que está se tornando cada vez menor, parecendo, por isso mesmo, que deveria ser mais fácil fazer-nos próximos uns dos outro. Os progressos dos transportes e das tecnologias de comunicação deixam-nos mais próximos, interligando-nos sempre mais, e a globalização faz-nos mais interdependentes. Todavia, dentro da huma-nidade, permanecem divisões, às vezes, muito acentuadas. Em âmbito global, vemos a distância escandalosa que existe entre o luxo dos mais ricos e a miséria dos mais pobres. Frequente-mente, basta passar pelas ruas de uma cidade para ver o contraste entre os que vivem nas calçadas e as luzes brilhantes das lojas. Estamos já tão habituados a tudo isso que nem nos im-pressiona. O mundo sofre de múltiplas formas

de exclusão, marginalização e pobreza, como também de conflitos para os quais convergem causas econômicas, políticas, ideológicas e, até mesmo, infelizmente, religiosas. Neste mundo, os meios de comunicação podem ajudar a sentir-nos mais próximos uns dos outros; fazer-nos perceber um renovado sentido de unidade da família humana, que impele à solidariedade e a um compromisso sério para uma vida mais digna para todos. Uma boa comunicação ajuda-nos a estar mais perto e a conhecer-nos melhor entre nós, a ser mais unidos. Os muros que nos dividem só podem ser superados se estivermos prontos a ouvir e a aprender uns dos outros. Precisamos harmonizar as diferenças por meio de formas de diálogo, que nos permitam crescer na compreensão e no respeito. A cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber de outros. Os meios de comunicação

podem ajudar-nos nisso, especialmente nos nossos dias em que as redes de comunicação humanas atingiram progressos sem precedentes. Particularmente, a Internet pode oferecer maio-res possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos; e isso é uma coisa boa, é um dom de Deus. No entanto, existem aspectos problemáti-cos: a velocidade da informação supera a nossa capacidade de reflexão e discernimento, e não permite uma expressão equilibrada e correta de si mesmo. A variedade das opiniões expressas pode ser sentida como riqueza, mas é possível também fechar-se numa esfera de informações que correspondem apenas às nossas expectativas e às nossas ideias, ou mesmo a determinados interesses políticos e econômicos. O ambiente de comunicação pode ajudar-nos a crescer ou, pelo contrário, desorientar-nos. O desejo de conexão digital pode acabar por nos isolar do

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nosso próximo, de quem está mais perto de nós. Sem esquecer de que a pessoa que, pelas mais diversas razões, não tem acesso aos meios de comunicação social corre o risco de ser excluída. Esses limites são reais, mas não justificam uma rejeição dos mass-media; antes recordam--nos que, em última análise, a comunicação é uma conquista mais humana que tecnológica. Portanto, haverá alguma coisa, no ambiente digital, que nos ajude a crescer em humanidade e na compreensão recíproca? Devemos, por exemplo, recuperar certo sentido de pausa e calma. Isso requer tempo e capacidade de fazer silêncio para escutar. Temos necessidade também de ser pacientes, se qui-sermos compreender aqueles que são diferentes de nós: uma pessoa expressa plenamente a si mesma não quando é simplesmente tolerada, mas quando sabe que é verdadeiramente acolhida. Se estivermos verdadeiramente desejosos de escutar os outros, então aprenderemos a ver o mundo com olhos diferentes e a apreciar a experiência humana tal como se manifesta nas várias cultu-ras e tradições. Entretanto, saberemos apreciar melhor também os grandes valores inspirados pelo cristianismo, como, por exemplo, a visão do ser humano como pessoa, o matrimônio e a família, a distinção entre esfera religiosa e esfera política, os princípios de solidariedade e subsidiariedade, entre outros. Então, como pode a comunicação estar a serviço de uma autêntica cultura do encontro? E - para nós, discípulos do Senhor - que significa, segundo o Evangelho, encontrar uma pessoa? Como é possível, apesar de todas as nossas limitações e pecados, ser verdadeiramente pró-ximos aos outros? Essas perguntas resumem-se naquela que, um dia, um escriba - isto é, um comunicador - fez a Jesus: “E quem é o meu próximo?” (Lc 10,29). Essa pergunta ajuda--nos a compreender a comunicação em termos de proximidade. Poderíamos traduzí-la assim: como se manifesta a “proximidade” no uso dos meios de comunicação e no novo ambiente criado pelas tecnologias digitais? Encontro respostas na parábola do bom samaritano, que é também uma parábola do comunicador. Na realidade, quem comunica faz-se próximo. E o bom samaritano não só se faz próximo, mas cuida do homem que encontra quase morto ao lado da estrada. Jesus inverte a perspectiva: não se trata de reconhecer o outro como meu semelhante, mas da minha capacidade para me fazer semelhante ao outro. Por isso, comunicar significa tomar consciência de que somos seres humanos, filhos de Deus. Gosto de definir esse poder da comunicação como “proximidade”. Quando a comunicação tem como objetivo

predominante induzir ao consumo ou à manipu-lação das pessoas, encontramo-nos perante uma agressão violenta como a que sofreu o homem espancado pelos assaltantes e abandonados na estrada como lemos na parábola. Naquele homem, o levita e o sacerdote não veem seu próximo, mas um estranho de quem é melhor manter distância. Naquele tempo, eram condicionados pelas regras da pureza ritual. Hoje, corremos o risco de que alguns meios nos condicionem até o ponto de fazer-nos ignorar o nosso próximo real. Não basta circular pelas “estradas” digi-tais, isto é, simplesmente estar conectados: é necessário que a conexão seja acompanhada pelo encontro verdadeiro. Não podemos viver sozinhos, fechados em nós mesmos. Precisamos amar e ser amados. Precisamos de ternura. Não são as estratégias comunicativas que garantem a beleza, a bondade e a verdade da comunicação. O próprio mundo dos meios de comunicação não pode estar alheio à solicitude pela humanidade, chamado como é a exprimir ternura. A rede digital pode ser um lugar rico de humanidade: não uma rede de cabos, mas de pessoas humanas. A neutralidade dos meios de comunicação é só aparente: só pode constituir um ponto de refe-rência quem comunica colocando-se a si mesmo em jogo. O envolvimento pessoal é a própria raiz da confiabilidade de um comunicador. É por isso mesmo que o testemunho cristão pode, graças à rede, alcançar as periferias existenciais. Tenho-o repetido já diversas vezes: entre uma igreja acidentada que sai pela estrada e uma igreja doente de autorreferencialidade, sem dúvida prefiro a primeira. E quando falo de estrada penso nas estradas do mundo onde as pessoas vivem: é lá que as podemos, efetiva e afetivamente, alcançar. Entre essa estradas estão também as digitais, congestionadas de humanidade muitas vezes ferida: homens e mulheres que procuram uma salvação ou uma esperança. Também graças à rede, a mensagem cristã pode viajar “até os confins do mundo” (At 1.8). Abrir as portas das igrejas significa também abrí-las no ambiente digital, seja para que as pessoas entrem, independentemente da condição de vida em que se encontrem, seja para que o Evangelho possa cruzar o limiar do templo e sair ao encontro de todos. Somos chamados a testemunhar uma igreja que seja casa de todos. Seremos nós capazes de comunicar o rosto de uma Igreja assim? A comunicação contribui para dar forma à vocação missionária de toda a Igreja, e as redes sociais são, hoje, um dos lugares onde viver essa vocação de redescobrir a beleza da fé, a beleza do encontro com Cristo. Inclusive no contexto da comunicação, é preciso

uma Igreja que consiga levar calor, inflamar o coração. O testemunho cristão não se faz com o bombardeio de mensagens religiosas, mas com a vontade de se doar aos outros “através da disponibilidade para se deixar envolver, pacien-temente e com respeito, nas suas questões e nas suas dúvidas, no caminho de busca da verdade e do sentido da existência humana” (BENTO XVI, Mensagem para o 47° Dia Mundial das Comunicações Sociais, 2013). Pensemos no episódio dos discípulos de Emaús. É preciso saber se inserir no diálogo com os homens e mulheres de hoje, para compreender os seus anseios, dúvidas, esperanças, e oferecer-lhes o Evangelho, isto é, Jesus Cristo, Deus feito homem, que morreu e ressuscitou para nos libertar do pecado e da morte. O desafio requer profundidade, atenção à vida, sensibilidade espiritual. Dialogar significa estar convencido de que o outro tem algo de bom para dizer, dar espaço ao seu ponto de vista, às suas propostas. Dialogar não significa renunciar às próprias ideias e tradições, mas à pretensão de que sejam únicas e absolutas. Que a imagem do bom samaritano enfai-xando as feridas do homem espancado, pondo nelas azeite e vinho, nos sirva como guia. A nossa comunicação seja azeite perfumado para a dor e vinho bom para a alegria. A nossa lu-minosidade não provenha de truques ou efeitos especiais, mas de nos fazermos próximos, com amor, com ternura, por quem encontramos ferido pelo caminho. Não tenhais medo de vos fazerdes cidadãos do ambiente digital. É importante a atenção e a presença da Igreja no mundo da comunicação, para dialogar com o ser humano de hoje e levá-lo ao encontro com Cristo: uma Igreja companheira de estrada sabe pôr-se a caminho com todos. Nesse contexto, a revolução nos meios de comunicação e de informação é um grande e apaixonante desafio, que requer energias renovadas e imaginação nova para transmitir aos outros a beleza de Deus.

FranciscusVaticano, 24 de Janeiro

Memória de São Francisco de Sales - do ano de 2014.

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Aconteceu

Eventos que marcaram a vida pastoral da Paróquia São Francisco de Assis durante o primeiro semestre de 2014

As atividades na Paróquia São Francisco de Assis são constantes. Celebrações, eventos de formação, confraternizações, entre outras, todos pautados na fé e nos en-sinamentos de Jesus. Entre eles se destacaram a Semana Santa, Corpus Christi, o VII Encontro de Jovens com Cristo - EJC, as Pri-meiras Eucaristias, o 1° ECRICRI, as Trezenas de Santo Antônio de Pádua, o 1º ano de Ordenação Sa-cerdotal de Pe. Gudialace Silva de Oliveira e o aniversário de 11 anos de Ordenação Sacerdotal do Pároco Pe. hiller Stefanon Sezini, entre outros. Confira a seguir as melhores imagens desse impor-tantes acontecimentos.

Primeira Eucaristia na Comunidade São Francisco de Assis

Aniversário de 11 anos de Ordenação Sacerdotal do Pároco Pe. hiller Stefanon Sezini

1º ano de Ordenação Sacerdotal de Pe. Gudialace Silva de Oliveira

Primeira Eucaristia na Comunidade São Pedro

Aniversário da Equipe de Bordados

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Primeiro ECRICRI Paroquial Semana Santa

Investidura dos novos coroinhas

Primeira Eucaristia na Comunidade nossa Senhora de Guadalupe

Primeira Eucaristia na Comunidade São Pedro

Aniversário da Equipe de Bordados

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Corpus Christi Evento em Barragem - São Paulo

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O valor dos Santos

Evangelizar com uma forte identidadeInegavelmente, a Igreja Católica Apostólica Romana, já a partir de sua denominação, é rica em significados e em tradição.

Uma das grandes características e virtu-des da Igreja, no meu ponto de vista, é valorizar a vida de pessoas comuns que

viveram as suas vidas pautadas pelos ensinamen-tos de Jesus e que, por meio de suas virtudes analisadas exaustivamente, anos após sua morte, são reconhecidamente santas, sendo canonizadas. Vejo isso como algo extremamente positivo e cristão, reconhecer a divindade presente na criatura humana, por meio de seus méritos e/ou sofrimentos, martírios e perseguições em vida. A capacidade de identificar e valorizar os santos que viveram entre nós, aliada à tradição da Igreja em denominar paróquias e comunidades com os nomes destes santos ou santas, faz da Igreja uma instituição acolhedora e lhe rende uma característica única entre as igrejas – um diferencial, do ponto de vista do marketing: o fortalecimento de sua identidade. Houve um período na Igreja em que os reis eram denominados santos, ainda que atualmente existentes nos registros da Igreja muito menos estão presentes no dia a dia das pessoas, pois não ganharam destaque, popularidade nem mesmo notoriedade entre o povo cristão. As devoções populares e a maioria das homenagens aos santos e às santas que têm seus nomes identificando paróquias e comunidades, vem daqueles santos e santas que viveram as virtudes de uma vida regrada, cheia de amor ao próximo e na restrita obediência ao Evangelho de Jesus Cristo. Dentre todas as devoções, a mais fre-qüente, sem dúvida, é a devoção mariana, por meio de inúmeros títulos recebidos ao longo da história, em povos e culturas diferentes... E nem poderia deixar de ser, afinal Maria é a mãe de Jesus e todos nós, sem exceção, temos um carinho especial por nossas mães, Então, como cativar nossos paroquianos

e nossas comunidades, incentivá-los a frequentar as nossas celebrações e a se tornarem féis ainda mais ativos? Dando sentido ao que fazemos, refor-çando a identidade da Igreja ou da Comunidade Paroquial a Jesus Cristo, por meio da devoção que se leva no nome. As festas da padroeira (ou do padroei-ro) são muito comuns em nossas paróquias e comunidades (particularmente nas pequenas cidades do interior do país), mas o trabalho de uma paróquia não se restringe a isso. Em muitos lugares, nessas festas, o santo (ou santa) em si são os últimos a serem lembrados pela maioria dos fiéis. As atividades, a preocupação com as barracas de comidas ou outras atrações, as muitas programações de entretenimento e os shows artísticos tomam mais tempo da comu-nidade do que a devoção que o povo tem com o padroeiro (a) em si... Um caminho que pode e deve ser trilhado é o de reforçar a identidade da sua paróquia ou de sua comunidade paroquial, aprendendo mais sobre a vida do santo e partilhando isso, de maneira criativa, com os fiéis que frequentam a comunidade. Não é preciso fazer uma apresentação sobre o santo ou santa em todas as missas ce-lebradas, mas o espírito (o carisma) da sua comunidade ou sua paróquia não pode deixar de lembrar e valorizar o(a) santo(a) padroeiro(a), identificando-se com ele(a). Pode-se, a título de sugestão, a cada missa, ler uma pequena frase atribuída ao padroeiro ou padroeira. Com o tempo estas frases acabaram sendo gravadas nas mentes e nos corações dos fiéis. Uma paróquia ou comunidade, que tenha uma forte identidade, levará Jesus Cristo ao mun-do de forma mais eficaz por meio do exemplo

do(a) seu(sua) santo(a) padroeiro(a), que, ao lermos suas biografias veremos que tiveram, de alguma forma ou de outra, o próprio Jesus como modelo de vida! Por meio dos santos e santas despertaremos em nossos fiéis um amor maior a Jesus, à Eucaristia, à caridade, enfim ao amor ao próximo e a Deus. Ora, amigos e amigas, isso é uma forma eficaz e comunitária de fazer brilhar a nossa luz (que provém de Jesus) no mundo, trilhando os mesmos caminhos que os nossos padroeiros e padroeiras trilharam no passado!

Fonte: Revista Marketing Católico, número 17

Guto KAtER, Gerente de Marketing da Editora e Livrarias Santuário

Outras sugestões práticas

w Celebrar a novena do(a) santo(a) padroeiro(a) valorizando as atividades sociais, mas princi-palmente dando maior ênfase aos momentos de oração, aos atos concretos da caridade fraterna;

w Distribuir um livreto, bastante objetivo e sintético, que fale da vida do(a) santo(a) de sua paróquia ou sua comunidade que seja fácil e agradável de se ler;

w Personalizar um caderno, uma bíblia ou agen-da – preparando em seu conteúdo algumas páginas com a história, orações, fragmen-tos de textos ou das obras, do(a) santo(a) padroeiro(a);

w Promover ações concretas que envolvam a comunidade em torno do carisma prin-cipal daquela devoção. Ex.: São Francisco – atividades relacionadas aos animais ou à ecologia; São Vicente de Paula – atividades relacionadas à ajuda aos mais pobres e mais necessitados, Dom Bosco – atividades rela-cionadas aos jovens; N. S. de Lourdes ou N. S. da Saúde – atividades ligadas aos enfermos, e assim por diante basta relacionar o carisma do padroeiro(a) com uma atividade concreta ligada a este carisma.

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Page 14: Revista Fraternidade, Julho/2014

Homens Santos

novos Santos são reconhecidos pela Igreja Católica PE. VAniLdo FiLHo, sj

Construção jesuítica do Brasil Colônia, esta obra arquitetônica foi erguida entre os séculos XVI e XVII, sendo o lugar escolhido pelo São José de Anchieta para viver os últimos anos de sua vida. Localizado na encosta do morro do Rio Benevente, na antiga Aldeia de Reritiba, em Anchieta, Sul do Espírito Santo, o Conjunto Jesuítico de Anchieta abriga o Museu Padre Anchieta e a sede da Paróquia Nossa Senhora da Assunção. O conjunto Jesuítico de Anchieta destaca-se pela extrema importância que teve no processo de catequização dos índios brasileiros conduzido pela Companhia de Jesus no tempo da Colônia. Em 1943, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, reconhecendo a relevante importância deste monumento para a Memória Nacional, promoveu seu tombamento. A partir de 1994 foi iniciado o Programa de Restauração do conjunto Jesuítico de Anchieta, para promover a conservação do monumento e resgatar características marcantes da arquitetura original. Aspectos e detalhes construtivos foram reconstituídos, bem como ornamentos e elementos de-corativos que não faziam parte da construção original foram removidos.

Santuário nacional Padre José de Anchieta

Acanonização do Papa João XXIII (1881-1963), do Papa João Paulo II (1920-2005) e do padre jesuíta José de Anchieta

(1534-1597) encheu de alegria os fiéis católicos espalhados pelos quatro cantos da terra. Conhe-cido como o “papa bom”, João XXIII inaugurou em 1959 o Concílio Vaticano II, o grande marco da reforma litúrgica e da atualização doutrinal da Igreja João Paulo II, que teve o terceiro pon-tificado mais longo da história (foram 26 anos no Trono de Pedro), foi o “pontífice peregrino” viajou pelo mundo afora ao encontro do seu rebanho o terceiro, o Padre José de Anchieta, conhecido como “apóstolo do Brasil”, viajou pelo nosso litoral inaugurando missões e in-fluenciando decisivamente para a construção do catolicismo no país. Todos eles foram homens que, em suas vidas, souberam colocar Deus e o amor ao próximo em primeiro lugar. Na trajetória de vida do Padre Anchieta, dá para perceber seu gosto por lugares próximos à praia e lugares simples. De modo particular, no

litoral do Espírito Santo, na cidade de Anchieta (antiga Reritiba), sua memória encontra-se pre-servada pelo povo com um carinho especial. Ele fundou a povoação e aí, de fato, procurou passar seus últimos dias. Ele quis ir ali para ficar mais próximo de Deus e das pessoas simples que amava. Na atividade e nos escritos de Anchieta vemos que seu ardor apostólico e sua dedica-ção ao povo indígena chegam a ultrapassar o esquema de um simples agente da colonização portuguesa no Brasil. O que buscava Anchieta e seus companheiros não era escravizar os índios, como queriam e faziam os colonos, para que trabalhassem nas suas fazendas. Pelo contrário, sempre se mostraram contra isso e por esse motivo entraram em conflito, mais de uma vez, com seus irmãos de raça. Fala-se que Anchieta se negava a ouvir a confissão de algum branco que ele sabia que tinha maltratado um índio, se soubesse que esse branco não se arrependia e não tivesse reparado o mal que havia feito. Há

também algumas homilias dele muito duras em relação a esses que maltratavam indígenas. O Pe. Anchieta nas cartas do último período, afirma que sua missão é com os índios e não com os portugueses. E, quando o seu sucessor no provincialato o deixa livre para escolher a sua destinação para os últimos anos, escolhe, com decisão, a aldeia de Reritiba (atual Anchieta). Quando de sua morte, uma multidão de índios fez o enterro dele até Vitória. Se estivesse entre nós, hoje, Anchieta nos convocaria para uma opção mais decidi-da e solidária com os povos indígenas e, em muitos casos, estimularia religiosos e leigos a uma maior convivência com eles. Indo além, abriria caminhos para uma maior inserção na cultura e na religiosidade popular, e nos aju-daria a sistematizar as experiências existentes. Em resumo, penso que um dos apelos para nós hoje é a missão com os povos indígenas, a fim de alcançar uma incidência maior nas políticas públicas em favor deles.

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Valores da fé

Os fiéis recasados e a comunhão eucarísticaD. Anselmo Chagas de Paiva, OSB, é Diretor da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro, Doutor em Direito Canônico, Defensor do Vínculo e Promotor de Justiça no Tribunal Eclesiástico do Rio de Janeiro/RJ.

Na qualidade de cristãos batizados, os fiéis divorciados recasados são cha-mados a tomar parte ativa na vida da

Igreja na medida em que isto seja compatível com a sua situação canônica. Existem várias possibilidades de participar da vida pastoral em uma paróquia, no campo extra sacramental. São constantes os ensinamentos do Ma-gistério da Igreja, que reafirmam a doutrina e a disciplina constante, a respeito dos divor-ciados que contraem novo matrimônio e a impossibilidade de receberem o sacramento da Eucaristia. A fundamentação principal para este impedimento está no próprio mandamento da lei de Deus: “Não cometerás adultério”. E ainda na exortação do Cristo Senhor: “Quem repudia sua mulher e casa com outra comete adultério em relação à primeira; e se uma mulher repudia seu marido e casa com outro, comete adultério”. Também é significativo o texto carta de São Paulo aos Efésios para a compreensão sacramental do matrimônio: “Maridos, amais vossas mulheres como também

Cristo amou a Igreja e por ela se entregou”. E nesta mesma carta, São Paulo ainda escreve: “Por isso, deixará o homem seu pai e sua mãe e se ligará à sua mulher, e serão ambos uma só carne. É grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e a Igreja”. Com isso, pode-se compreender que o matrimônio cristão é um sinal eficaz da aliança de Cristo e da Igreja. E o matrimônio entre batizados é um sa-cramento porque distingue e age como mediador da graça deste pacto. Mediante o sacramento, a indissolubilidade do matrimônio encerra um significado novo e mais profundo: torna-se imagem do amor de Deus pelo seu povo e a fidelidade irrevogável de Cristo à sua Igreja. Diante dessas afirmações bíblicas, a Igre-ja, ao longo dos séculos, sustenta que não pode reconhecer como válida uma nova união se o primeiro matrimônio foi válido. Contudo, há situações nas quais a convivência matrimonial torna-se praticamente impossível devido a graves dificuldades, como, por exemplo, a

violência física ou psicológica. Nessas situa-ções a Igreja sempre permitiu aos cônjuges a separação. Entretanto, deve ser esclarecido que o vínculo conjugal de um matrimônio celebrado validamente permanece estável diante de Deus e as partes não são livres de contrair novas núpcias enquanto o outro cônjuge estiver vivo. A legislação eclesiástica era severa em relação aos fiéis católicos divorciados e reca-sados, por viverem em situação religiosamente irregular. Tais cristãos eram considerados como pecadores públicos, privados dos seus sacra-mentos da Penitência e da Eucaristia, enquanto vivessem irregularmente no adultério. A partir do Concílio do Vaticano II, a Igreja, sem retocar a lei divina que proclama a indissolubilidade de um matrimônio validamente contraído e consumado, procura estimular tais fiéis a não se afastarem do convívio da comunidade católica. Com a promulgação do novo Código Canônico, em 1983, a Igreja confirmou a norma de não se admitir à comunhão Eucarística aos fiéis divorciados e recasados.

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Como o fato, se o sacramento do matri-mônio é indissolúvel, por instituição divina, os recasados, estão objetivamente em estado de pecado grave e, por isso, não podem ser admi-tidos à comunhão eucarística, como ressalta o Papa Bento XVI: “Se a Eucaristia exprime a irreversibilidade do amor de Deus em Cristo pela sua Igreja, compreende-se porque motivo a mesma implique, relativamente ao sacramento do matrimônio, aquela indissolubilidade a que todo o amor verdadeiro não pode deixar de anelar”. E completa: “Por isso, é mais que justi-ficada a atenção pastoral que o Sínodo reservou às dolorosas situações em que se encontram não poucos fiéis que, depois de ter celebrado o sacramento do matrimônio, se divorciaram e contrariam novas núpcias. Trata-se de um problema da pastoral espinhoso e complexo, uma verdadeira chaga de ambiente social contemporâneo que vai progressivamente corroendo os próprios ambientes católicos”. E o Papa Bento XVI ainda afirma: “O Sínodo dos Bispos confirmou a prática da Igreja, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir aos sacramentos os divorciados reca-sados, porque o seu estado e condição de vida contradizem aquela união de amor entre Cristo e a Igreja que é significada e realizada na Eu-caristia. Todavia os divorciados recasados, não obstante a sua situação, continuam a pertencer à Igreja, que os acompanha com especial soli-citude na esperança de que cultivem, quanto possível, um estilo cristão de vida, por meio da participação na Santa Missa, ainda que sem receber a comunhão, da escuta da palavra de Deus, da adoração eucarística, da oração, da cooperação na visão comunitária, do diálogo franco com um sacerdote ou um mestre de vida espiritual, da dedicação ao serviço da caridade, da obras de penitência do empenho na educação dos filhos”. Diante destas afirmações oriundas do

O sacramento da unidade Magistério da Igreja, cabe aos pastores de almas esclarecer aos fiéis implicados, que participação na vida da Igreja não se reduz exclusivamente à questão da recepção da Eucaristia. Os fiéis devem ser ajudados a aprofundar a sua compreensão a respeito do valor da participação no Sacrifício de Cristo na missa, a respeito da comunhão espiritual, da oração, da meditação da Palavra de Deus e das obras de caridade e de justiça. São eles chamados a educar os filhos na vida cristã e, sobretudo, preparando os jovens para um matrimônio consciente e responsável. É preciso notar que uma pessoa casada na Igreja, mas separada do seu cônjuge, não está impossibi-litada de receber os sacramentos, desde que não se una novamente a outro cônjuge. Na qualidade de cristão batizados, os fiéis divorciados recasados são chamados a tomar parte ativa na vida da Igreja na medida e que isto seja compatível com a sua situação canônica. Existem várias possibilidades de participar da vida pastoral em uma paróquia, no campo extra sacramental. Contudo, em virtude da sua situação irregular, os fiéis divorciados recasados não podem exercer certas funções na comunidade católica. Tais funções seriam, entre outras, a de padrinho ou madrinha do Batismo e da Crisma, pois tal tarefa implica dar testemunho de vivência católica aos afilhados, que necessitam ver, concretamente, a fidelidade dos mais velhos. Eis outras funções excluídas: a de ministros extraordinários da comunhão eucarística, a de catequista, a de membro do Conselho Pastoral, pois tais encargos exigem lúcido testemunho de vida católica; são funções de certo relevo, que não podem ser entregues aos que não vivem integralmente segundo o Evangelho, pois isto poderia suscitar confusão no povo de Deus. Estas restrições não implicam injusta discriminação, mas são consequências naturais da situação em que se encontram.

Alguns sacerdotes passaram a julgar demasiado rígida a legislação, sobretudo para com os casos daqueles cônjuges divorciados e recasados, com dúvidas fundadas a respeito da validade de sua primeira união, mas que não conseguiram apresentar provas suficien-tes para iniciar um processo de declaração de nulidade. Por essa razão, adotaram uma solução de foro meramente interno, afirmando que, em certos casos e sob certas condições, o confessor poderia autorizar os divorciados a receberem os sacramentos da Penitência e da Eucaristia. Por estas razões, a Congregação para a Doutrina da Fé houve por bem publicar uma Carta aos Bispos sobre a recepção da Comunhão Eucarística por parte dos fiéis divorciados e recasados. Tal documento reafirma uma vez mais as normas clássicas da Igreja para o caso: “Se os divorciados se casam civilmente, ficam em uma situação objetivamente contrária à lei de Deus e, por isso, não podem aproximar-se da comunhão eucarística, enquanto persiste tal situação”. O Catecismo da Igreja Católica, tam-bém faz uma referência a este assunto: “Se os divorciados tornam a casar-se no civíl, colocam-se em uma situação que contraria objetivamente a lei de Deus. Portanto, não tem acesso à comunhão enquanto perdurar tal situação. Pela mesma razão não podem exercer certas responsabilidades eclesiais. A reconciliação pelo sacramento da penitência só pode ser concedida aos que se mostram arrependidos por haver violado o sinal da aliança e da fidelidade a Cristo, e se compro-metem a viver numa continência completa”. O Papa João Paulo II, em sua Exortação Apostólica “Familiaris Consortio” relembra essa doutrina cristã: “A Igreja reafirma sua práxis, fundamentada na Sagrada Escritura, de não admitir à comunhão eucarística aos divorciados que contrariam nova união. Seu estado e condições de vida contradizem obje-tivamente àquela união de amor entre Cristo e a Igreja. Se estas pessoas fossem admitidas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro acerca da indissolubilidade do matrimônio”. Falando a respeito das pessoas unidas só civilmente, mais uma vez frisa o Papa: “Tratando-as embora com muita caridade, os pastores da Igreja não poderão infelizmente admití-las aos sacramentos”.

Temas Pertinentes

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Para receber o sacramento da Reconcilia-ção, que no caso é a única via para a Comunhão Eucarística, requer-se que o fiel faça o propósito de não retornar à via irregular. Isto implica que o cônjuge penitente se separe da ilegítima con-sorte ou, caso não seja possível, por causa dos filhos ou por outras razões, deixe de ter relações íntimas e passem a viver como irmãos. No caso de voltarem aos sacramentos, os dois interessa-dos deverão procurar evitar mal entendidos ou escândalos por parte do povo de Deus. Os divorciados recasados que estão con-victos da nulidade de seu precedente casamento, devem regularizar sua situação por vias do foto externo, ou seja, por vias jurídicas Para isso, a Igreja atribui aos tribunais eclesiásticos, presen-tes em cada diocese, o exame da validade dos casamentos dos fiéis católicos. Os pastores de almas não podem recusar batizar os filhos dos pais que estão em uma situação conjugal irregular diante da Igreja e que pedem espontaneamente o batismo para os seus filhos, pois não existe legislação eclesiástica que os impeçam a isso, uma vez que o filho que nasceu não tem culpa da situação irregular em que se encontram os pais. Caso falte uma responsabilidade dos pais ou dos padrinhos na educação cristã da criança, devem os pastores de almas assegurar-lhes ajuda, estimulá-los no crescimento da fé e criar estruturas para o acompanhamento, e não fechar as portas de modo definitivo, pois trata-se de um meio eficaz necessário à salvação. Por outro lado, deve-se ressaltar que o respeito pelo sacramento do matrimônio, proí-be, por qualquer motivo, os pastores de almas, dar uma bênção aos divorciados que contraem uma nova união e nem mesmo às alianças, pois poderia dar parecer celebração de novas núp-cias sacramentais e induziriam em erro sobre a indissolubilidade do matrimônio. A palavra “bênção” vem do latim “bene-dictio”, ou seja, aprovação por parte de Deus. Neste caso, o sacerdote está abençoando algo que contrapõe a vontade divina e deve ser considerado em si mesma uma contradição. O sacerdote, porém, não está proibido de abençoar a residência desse casal, em conformidade com o Ritual de Bênção, e não a bênção para a segunda união, uma vez que a benção matrimonial só é possível dentro da celebração do matrimônio. Mesmo diante desse quadro, que pode ser doloroso e de difícil compreensão para alguns, a Igreja crê e confia que mesmo aqueles que se afastaram dos mandamentos do Senhor e

Comunhão e participaçãovivem atualmente nesse estado, poderão obter do Senhor a graça da conversão e da salvação, se perseverarem na união com Deus pela vida de penitência e na fraternidade, que se concretiza quando se dirige a ele na fé, na esperança e na caridade, no arrependimento e na oração. Deus pode conceder a sua proximidade e a sua salva-ção às pessoas por diversos caminhos, mesmo se elas vivem em situações contraditórias. Como frisam constantemente os recentes documentos do Magistério, os pastores estão chamados a acolher com abertura e cordialidade as pessoas que vivem em situações irregulares, para estar ao seu lado, com a ajuda concreta e para lhes fazer sentir o amor do Bom Pastor. Cada homem e cada mulher em situação irregular perante a Igreja, deve também, lembrar que Deus é misericórdia. Um significativo texto evangélico narrado por São Lucas, caracteriza bem atitude do homem pecador diante de Deus. A parábola do fariseu e do publicano que vão ao templo para rezar, mostra a atitude humilde do pecador perante ao Senhor. O publicano reconhece as suas faltas aos olhos de Deus e dos homens. Mesmo reconhecendo a sua fragilidade, ele se volta para o Todo Poderoso com um coração contrito e humilhado. Está ele consciente que o pecado distorce, adultera e enfraquece a relação da criatura com o seu Criador. O publicano é plenamente conscien-te disso e, portanto, aproxima-se de Deus e limita-se apenas a suplicar ao Senhor com estas breves palavras: “Tem misericórdia de mim, que sou um pecador”. A oração do fariseu, ao con-trário, não obteve resposta porque ele não pediu coisa alguma, mas apenas teceu elogios a si mesmo, enquanto a oração do publicano obteve resposta, resultado, pois foi ele justificado e perdoado por Deus, sua oração provocou uma ação divina a seu favor. E o Papa Bento XVI lembra que a Igreja tem por todos os divor-ciados que contraíram novas núpcias a atenção de uma mãe. São eles cha-mados a cultivar o estilo cristão da vida, por meio da participação na Santa Missa, ainda que sem receber a Eucaristia, da escuta da Palavra de Deus, da adoração eucarística, da cooperação na vida comunitária, do diálogo e no empenho na educação dos filhos, como assinala: “Mesmo

se não é possível a absolvição na confissão, não deixa talvez de ser muito importante um contato permanente com um sacerdote, com um diretor espiritual, para que possam ver que são acompanhadas, guiadas. Além disso, é muito importante também que sintam que a Eucaristia é verdadeira e participam nela se realmente entram em comunhão com o Corpo de Cristo. Mesmo sem a recepção ‘corporal’ do sacramento, podemos estar, espiritualmente, unidos a Cristo no seu Corpo. É importante fazer compreender isto. Oxalá encontrem a possibilidade real de viver uma vida de fé, com a Palavra de Deus, com a comunhão da Igreja, e possam ver que o seu sofrimento é um dom para a Igreja, por que deste modo estão ao serviço de todos, mesmo para defender a estabilidade do amor, do ma-trimônio; e que este sofrimento não é só um tormento físico e psíquico, mas também um sofrer na comunidade da Igreja pelos grandes valores da nossa fé.

Fonte: Revista Paróquias & Casas Religiosas, número 47, Marco/Abril de 2014

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Entrevista

Padre hiller completa 11 anos de Ordenação Sacerdotalneste ano de 2014, especificamente aos 7 de junho de 2014 (sábado) – na Solene Vigília de Pentecostes, o nosso Pároco, o Revmº Srº Pe. hiller Stefanon Sezini – completou 11 anos de vida sacerdotal. Aproveitando a importância da data, a Revista Fraternidade desejou conhecer melhor a trajetória do Padre hiller. Então, vamos ouvi-lo na narrativa de sua vida, através da entrevista que segue.

REVISTA FRATERNIDADE: Padre, como surgiu a sua vocação sacerdotal? PADRE HILLER: A vocação é, na verdade, um chamado de Deus... E Deus chama a quem quer, quando quer, do jeito que quer e para onde quer... Acredito piamente que eu tenha sido chamado por Deus desde a minha mais tenra infância, ainda, criança, junto a minha família e a minha Comunidade Eclesial de origem. Nasci e fui criado num ambiente totalmente católico, bastante humano e familiar, fato que muito favoreceu a percepção do chamado de Deus em minha vida desde muito cedo. Só acho que não dá para contar agora a minha infância e adolescência, com pormenores. Mas, confesso de todo o coração que, pelo menos para mim, não foi difícil esta decisão, pois Deus sempre me deu, por diversos meios, sinais claros e nítidos do que Ele queria de mim. Creio sinceramente que Deus nunca complica as coisas. Nós é que muitas vezes somos complicados demais e colocamos dificuldades em tudo, inclusive em nossa própria vocação. Mas, houve um determinado momento que eu disse o meu sim, quando achei por bem dizê-lo, pois vi que era a hora, isto é, a hora marcada por Deus. Sou eternamente grato a minha Família, aos meus Pais Narci e Rosa particularmente, e a Paróquia Nossa Senhora da Conceição (de Alfredo Chaves/ES) – Área Pastoral Benevente– aos padres que por lá passaram neste período, às minhas catequistas e a todas as pessoas que foram muitíssimas importantes na minha traje-tória e formação, pelo apoio e incentivo na minha caminhada de fé. Por parte de todos esses nunca encontrei oposição. Sempre recebi muito sufrágio e estímulo. Como disse acima, venho de um ambiente totalmente católico, com a graça de Deus!

REVISTA FRATERNIDADE: Como foi para o senhor receber o chamado à Vocação Sacerdotal? O senhor sempre pensou em ser padre? Era isso mesmo que queria para a sua vida, do tipo “o que vou ser quando crescer”? PADRE HILLER: Eu simplesmente me coloquei a disposição de Deus e sem nada planejar fui deixando o próprio Deus conduzir a minha história, a minha

vida. A Ele pedi que sempre me guiasse segundo sua vontade, mostrando-me o caminho certo e os passos que deveria dar. Sozinho jamais iria descobrir coisa alguma, pois me faltaria coragem para uma decisão tão séria e envolvente. Deus sempre me respondeu por diversas situações e realidades e usando de sensatas pessoas, sobre as quais serei eternamente grato, foi me dizendo onde eu deveria ir, o que fa-zer, a quem procurar, a hora e o jeito certo de fazer as coisas. Passo a passo. Se, em algum momento, errei foi por negligência minha. Eu nunca coloquei dúvidas no meu chamado. Nem tampouco culpei a Deus por qualquer coisa que talvez tenha dado errado. Isso não. Sempre acreditei no Seu chamado e o vi como um presente generoso dado por Deus a mim. Creio mesmo que nunca mereci, mas Deus me fez, em Jesus, merecedor de tão sublime dom. A vocação é um dom. O sacerdócio um precioso dom. Um valor inestimável. Espero sempre poder corresponder... Sempre!

REVISTA FRATERNIDADE: Onde o senhor fez Seminário, a sua formação? PADRE HILLER: Inicialmente achei que deveria me tornar padre religioso (isto é, aquele sacerdote que pertence a uma congregação religiosa que nas-ceu segundo um carisma muito específico e sobre o mesmo se desenvolveu). E isso ficou na minha cabeça da adolescência até os quatro primeiros anos de Seminário, diga-se de passagem, quando eu era bem jovem... Todavia, por seus modos Deus me fez compreender que eu deveria permanecer aqui na Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, que é a minha origem. Assim, fiz toda a minha caminhada vocacional junto ao Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora da Penha (localizado no Morro de Santa Helena na Praia do Suá, em Vitória). Ainda cursando o ensino médio, de 1992 a 1994, fiz os Encontros Vocacionais, bem como o Retiro Vocacional e a Semana de Estágio Vocacional, alguns oferecidos por uma boa equipe vocacional arquidiocesana, que existia na época, e outros pelo próprio Seminário, especificamente. Entrei em 1995 (quando eu tinha 17 para 18 anos de idade) para fazer o chamado Ano

Propedêutico (e éramos um grupo de doze, naquela ocasião). De 1996 a 1998 (dos meus 19 a 21 anos de idade) cursei Filosofia. De 1999 a 2002 (dos meus 22 a 25 anos de idade) cursei Teologia no IFTAV-ES (Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo). Quando era Seminarista fiz estágio pastoral em duas Paróquias: São João Batista (de Cariacica Sede) – Área Pastoral de Cariacica (de 1996 a 2000) e São Francisco de Assis (de Porto de Santana e Flexal) – Área Pastoral de Cariacica (de 2000 a 2002). Então, foram oito anos de Seminário. Aos 8 de dezembro de 2002 (num domingo, às 9 horas) – Festa da Imaculada Conceição de Maria e Abertura do Ano Vocacional, naquela ocasião aqui em nossa Arquidiocese – fui ordenado Diácono (com 25 anos de idade), juntamente com mais quatro companheiros no Ginásio de Esportes dos Salesia-nos, em Vitória (isso por causa do espaço físico que comportava bem um grande número de pessoas), pela oração consacretória e imposição das mãos de Sua Excelência Reverendíssima Dom Silvestre Luíz Scan-dian, svd – Arcebispo Metropolitano, naquela época, e hoje emérito. Seis meses depois, aos 7 de junho de 2003 – Vésperas Solenes de Pentecostes e Aniversário Natalício de minha Mãe (faço questão de dizer isto também) – fui ordenado Sacerdote (com 26 anos de idade), juntamente com mais um companheiro, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição (de Alfredo Chaves/ES) – Área Pastoral Benevente – também pela oração e imposição das mãos do Arcebispo de então, Dom Silvestre Luíz Scandian, svd – a quem sou muitíssimo e eternamente grato por tudo.

REVISTA FRATERNIDADE: Onde o senhor trabalhou como Diácono e como Padre?PADRE HILLER: Primeiro preciso dizer que fiz o Diaconato (chamado diaconato transitório, isto é, em vista do presbiterato) em seis meses (de 8 de dezembro de 2002 a 7 de junho de 2003). Como Diácono tra-balhei na Paróquia Nossa Senhora da Conceição (em Guarapari/ES) – Área Pastoral Benevente. Quando fui ordenado Sacerdote (aos 7 de junho de 2003) continuei na mesma Paróquia, trabalhando como Vigário Paroquial, por um período de sete meses (de

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junho de 2003 a janeiro de 2004). Ao todo somam um ano e um mês (de dezembro de 2002 a janeiro de 2004). Neste período fui também o Coordenador de Pastoral da Área Benevente. Em seguida fui ser Vigário Paroquial na Paróquia de São Sebastião (em Afonso Claúdio/ES) – Área Pastoral Serrana – (de Março de 2004 a fevereiro de 2005) num período de 11 meses apenas. Ainda exerci ali a Coordenação de Pastoral da Área Serrana. Neste período já atuava como notário no Tribunal Eclesiástico Interdioce-sano de Vitória do Espírito Santo. Depois fui para a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro cursar o Mestrado em Direito Canônico e lá também trabalhei como Vigário Paroquial, na Paróquia Sangue de Cristo (na Tijuca/RJ) – Zona Pastoral Norte (de março de 2005 a janeiro de 2006). Terminado este período de Mestrado, voltei para a Arquidiocese de Vitória e assumi por vontade expressa do Arcebispo Metropolitano de Vitória do Espírito Santo Dom Luíz Mancilha Vilela, ss.cc, a recém-criada Paróquia São Francisco de Assis (em Itapoã) – Área Pastoral de Vila Velha/ES (desde 02 de fevereiro de 2007) até os dias de hoje!

REVISTA FRATERNIDADE: O senhor, além das Paróquias citadas, já trabalhou ou trabalha em alguma outra área em nossa Arquidiocese? PADRE HILLER: Sim. Quero ressaltar que nunca recusei serviço. Preguiça eu nunca tive. Este peca-do eu não levo. Deus sempre me preservou deste pecado, deste mal. É como se diz que deste mal eu não morro! Gosto muito de trabalhar, sempre gostei. Fui acostumado a isso. É para mim uma grande realização humana e vocacional. Costumo dizer que é uma diversão. Assim, sinto-me útil as pessoas. Mas, respondendo a questão quero dizer que, muito antes de ser padre (ainda como seminarista estudante de Teologia) lecionei duas disciplinas de Teologia (História da Igreja e Espiritualidade) no Curso de Teologia para Leigos na Paróquia São Francisco de Assis (em Jardim da Penha – Vitória/ES) – Área Pastoral de Vitória, bem como na Paróquia São José (em Carapina – Serra/ES) – Área Pastoral da Serra (e não sei dizer se ambos os cursos ainda existem), neste período já atuava no Tribunal Eclesiástico Interdio-cesano de Vitória do Espírito Santo, primeiro como simples voluntário que organizava papéis e xerox e depois como notário. Após o curso de Mestrado em Direito Canônico passei a atuar como Auditor e Juíz Eclesiástico, são cargos oficiais que exigem, por isso mesmo, a licenciatura. Além disso, atualmente leciono nesta área no IFTAV (Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese de Vitória) e na Escola Diaconal São Lourenço. Gosto muito de dar aulas. Ser professor também sempre foi um sonho. Fui, por um período de quase seis anos, Diretor Espiritual Arquidiocesano da Renovação Carismática Católica (RCC) e por um período de quatro anos Diretor Espiritual do Colégio São José aqui em Vila Velha. Continuo, e isso já tem mais de seis anos, Diretor Espiritual Arquidiocesano do Encontro de Casais com Cristo (ECC) em suas três etapas. Ainda aos sábados, das 12 às 13 horas, por um bom período

realizei o programa de Rádio pela Rede América de Comunicações AM 690 e FM 101,5 “Conversando com o Padre Hiller”. Iniciei o curso de Doutorado em Direito Canônico na Pontifícia Universidade Católica da Argentina (UCA), em Buenos Aires. O que significa mais serviço e um grande desafio pela frente. Recentemente fui nomeado Vigário Judicial Adjunto no Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Vitória do Espírito Santo, como foi mencionado no último número de Revista Fraternidade. E, claro, além de tudo o que tenho para fazer aqui em nossa Paróquia e tudo com que a ela se liga. Que Deus me ajude nesta empreitada e conto muito com as orações de todos, principalmente dos meus paroquianos. Meu maior desejo é corresponder sempre naquilo que me confiam!

REVISTA FRATERNIDADE: Padre, fale sobre sua experiência pastoral a frente da Paróquia São Francisco de Assis? O senhor imaginava vir trabalhar aqui? Tem algum lema especial? PADRE HILLER: Inicialmente quero fazer uma declaração de amor: Eu amo a Paróquia São Fran-cisco de Assis! Cada paroquiano pode se sentir muito amado por mim! Sempre lembrados por mim em minhas orações são os meus paroquianos. Que ninguém se sinta excluído de meu afeto sacerdotal. O Papa Francisco tem dito aos sacerdotes: “amem sua gente”. É o que tenho procurado fazer, mais do que um mero sentimento. Pois bem, foi para mim uma grande surpresa quando recebi o convite, em outubro de 2006, do Senhor Arcebispo Metropoli-tano de Vitória do Espírito Santo Dom Luíz Man-

cilha Vilela, ss.cc, para assumir, como 1º Pároco, de uma nova Paróquia que seria por ele criada e instalada nesta região de Itapoã. Na ocasião, me lembro bem que tinha dito ao Senhor Arcebispo que eu não queria ser Pároco. Gostaria de trabalhar no Tribunal Eclesiástico, lecionar e ajudar a algum outro Pároco como Vigário Paroquial, sobretudo aos finais de semana. Para mim já estava de bom tamanho. Mas, o Senhor Arcebispo, em conversa comigo, me fez compreender a necessidade pastoral e depositou na minha pessoa sua total confiança e o seu inestimado apreço, pelo que percebi na ocasião, convencendo-me do que seria capaz como Pastor. Além do mais, naquela hora, me lembrei de que no dia de minha Ordenação Sacerdotal (há onze anos) prometi ao Arcebispo respeito e obediência. Então, sem temer aceitei a nova Paróquia São Francisco de Assis – Área Pastoral de Vila Velha/ES. Nunca imaginei trabalhar aqui. De uma grande surpresa passou a ser um precioso presente, um caso de amor, um dom. Recebi a Paróquia como um dom de Deus e justamente por isso a ela me dedico com afinco, porque ela (a paróquia) é um dom, procurando dar o meu melhor. É como se fosse o meu “claustro”, o meu “mosteiro” e eu um “monge” para o qual o “mosteiro” faz todo o sentido. Só me ausento quando realmente preciso, assim mesmo por causa de algum outro serviço à Igreja. Digo com sinceridade que este tempo em que estou à frente da Paróquia São Francisco de Assis (já são sete anos e cinco meses) tem sido um período de grande aprendizado e cres-cimento. Só tenho a agradecer primeiro a Deus e ao meu Arcebispo pela oportunidade e depois ao bom povo deste lugar, aonde Deus realiza os seus sinais. Acho suspeito continuar falando. O povo pode dar o testemunho! Quanto ao lema... Boa pergunta. Quero falar sobre isto. Tenho sim. Desde a minha infância sempre fui muito devoto de Nossa Senhora, aprendi que se chega a Jesus por meio de Maria, sua Mãe e Mãe da Igreja. Ela é a estrada que conduz ao Caminho certo e seguro que é Jesus. A Mãe do Mestre é também uma grande Mestra. Meu Mestre Jesus e minha Mestra Maria. Tudo aprendi a confiar a ela. Por isso, quando na minha missa de posse e de instalação da Paróquia (naquela sexta feira à noite, às 20 horas do dia 2 de fevereiro de 2007, na igreja São Francisco de Assis que ficou sendo a Matriz Paroquial) fiz questão de trazer do Convento da Penha a imagem peregrina de Nossa Senhora da Penha. Eu pessoalmente fui buscar a imagem. Aqui somos peregrinos como Maria. E Maria Santíssima deveria presenciar tudo, acompanhar tudo. Ela precisava estar e permanecer aqui conosco. Enfim, por tudo o que já disse e pelo que podem sentir, tenho como lema “Auspice Maria” palavra latina que quer dizer “Sob a proteção de Maria”. Debaixo da proteção da Mãe o filho tem total segurança, amparo e conforto, que são necessidades da existência humana. Faço exatamente tudo por Jesus e tudo o que Ele desejar e pedir, o que Ele mandar farei, mas nada sem Maria, sem Maria não conseguiria obedecer a Jesus, pois sem Maria seria como se eu não estivesse fazendo de coração pra Deus! Ela é a Mãe do meu Deus e

Desde a minha infância sempre fui muito devoto de Nossa

Senhora. Aprendi que se chega a Jesus por meio de Maria, sua

Mãe e Mãe da Igreja”.

19FRATERNIDADE

Page 20: Revista Fraternidade, Julho/2014

Senhor! Peço que ela, a Mãe Santíssima, se lembre sempre de todos nós!

REVISTA FRATERNIDADE: Há ainda alguma outra realidade no âmbito da Paróquia São Fran-cisco de Assis que o senhor gostaria de ressaltar? PADRE HILLER: Claro, há sim. A presença de duas lindas Obras Sociais intimamente ligadas à vida de nossa Paróquia, por quem tenho grande carinho. Trata-se da ALFAS – Associação Lar Frei Aurélio Stulzer (do qual sou o atual Diretor Presidente) e da FAAVE – Fundação de Assistência e Amparo à Velhice (da qual sou o Diretor Presidente do Conselho Curador), e de uma terceira que está nascendo praticamente agora a ACASSFA – Asso-ciação Centro de Atendimento Social São Francisco de Assis (desta também segundo os seus estatutos sou o Diretor Presidente) mas não vou explicar aqui o trabalho que fazem. Quem sabe poderíamos fazer uma matéria para a revista só sobre estas instituições sociais, não é verdade? Ainda a presença do meu estimado amigo e irmão de ministério sacerdotal o Pe. Gudialace – Vigário Paroquial, que muito tem me ajudado. A presença, o trabalho de apostolado e o testemunho sempre alegre e bonito de consagração das Irmãs Servidoras do Senhor a da Virgem de Matará (da Família Religiosa do Verbo Encarnado), bem como a atuação dos Freis Franciscanos Pobres de Jesus Cristo (da Fraternidade “O Caminho”), ambas as famílias religiosas exercem conosco um valoroso serviço de caridade pastoral. São muito estimados, por todos. São presentes de Deus para mim e para a Paróquia. Somos Família! Quanta graça!

REVISTA FRATERNIDADE: Padre, o que o senhor mais gosta na Igreja? PADRE HILLER: Quer saber mesmo com toda franqueza do coração?! Tudo! É isso mesmo, sim-plesmente tudo o que é autenticamente da Igreja me encanta. A Igreja mexe com meu coração. Gosto de tudo o que é verdadeiramente eclesial. Considero-me um homem apaixonado pela Igreja Católica. Quanto mais eu a conheço mais a amo. Toda realidade eclesial é maravilhosa, quando verdadeiramente inspirada e suscitada pelo Espírito Santo e aprovada pelo autêntico magistério do Santo Padre o Papa e dos Bispos em comunhão com ele. A Igreja é também a minha mãe espiritual, mestra e guia. Por ela Deus fala. E é só por ela, por meio dela que posso exercer o meu sacerdócio ministerial, só por ela posso estar com Jesus e sua Mãe Santíssima. Nela a minha salvação. Eu não sei viver sem a Igreja, ainda que eu não fosse padre. Só sei ser católico. Nela está minha vida, meu dom. Defeitos há em nós seus membros. Por isso mesmo há sempre a necessidade de uma busca constante de conversão, de mudança. Somos pecadores sim, mas pecadores arrependidos buscando a misericórdia e a vontade de Deus. Mas, a Igreja não, ela é perfeita, pois Perfeito foi quem a quis (e é Aquele que a quer até o final dos tempos). Quem a fundou: Jesus de Nazaré! A Igreja é sinal de Seu Reino, sinal vivo de um mundo novo, de uma nova civilização, a civilização do amor, a mentali-

dade transformada pelo Evangelho, é timoneira da esperança, guardiã da vida e da verdade que não muda. Hoje, sobretudo, estão querendo mudar a Verdade, roubando os direitos de Deus. Até nisto está à corrupção. A Igreja não deixa cair a profecia! Estou com a Igreja! Estou com a Igreja!

REVISTA FRATERNIDADE: Padre, já que o senhor mencionou o assunto ao final de sua res-posta à pergunta anterior, poderia, sinteticamente, apresentar suas considerações acerca do hodierno de nossa história? PADRE HILLER: Esta é uma pergunta um tanto quanto difícil e filosófica e antropologicamente complexa e que exige, por isso mesmo, uma análise bem mais profunda, criticamente enraizada em todos os aspectos e dimensões do saber humano. Seria como construir diversos tomos de um livro. A his-tória é dialética, há avanços e retrocessos, positivos e negativos, luzes e sombras, altos e baixos, etc. Instituições que surgem, algumas permanecem, se transformam, sem perder a sua essência, como é o caso da Igreja, e outras passam, desaparecem. E por ai se compõe a história. Mas, posso apresentar alguns apontamentos do que penso a respeito da temática, sem aprofundamento para o momento, tempo e espaço me concedido e a finalidade da entrevista realizada. Começo pelo lado positivo da realidade...1. Os grandes avanços e descobertas, especialmente

no campo da pesquisa e prática científica e da tecnologia;

2. O encurtamento das distâncias, especialmente das distâncias comunicativas, criando um mundo quase que sem fronteiras pelos novos meios de comunicação social e de relacionamentos de redes;

3. O surgimento e a implementação de novos cursos acadêmicos, favorecendo o campo das especiali-zações;

4. O esforço por uma política democrática, pelo combate ao crime organizado, pela redução da violência e o empenho pela paz e concórdia entre as nações;

5. O intercâmbio, o encontro das culturas que possi-bilitem que os povos se conheçam e as iniciativas de solidariedade, etc...

Contudo, não falta o lado negativo da realidade... 1. A confusão em decorrência do pluralismo ético,

moral e também religioso, gerando a perda de referencial;

2. A perda dos valores humanos, cristãos e dos bons costumes;

3. A perda da identidade pessoal e familiar, que faz a pessoa buscar a sua identidade no outro, assumindo sua postura, sua projeção, seu posto, sua identidade sexual, etc.

4. Transferências de papéis e responsabilidades sendo terceirizadas;

5. A descriminalização do aborto sendo retirado, pelo Estado Brasileiro, do seu ordenamento jurídico, bem como o reconhecimento legal da união homo afetivo, igualando-a ao matrimônio e à família;

6. A corrupção e a impunidade política administrativa

nos níveis de governo e o descrédito político e, ao mesmo tempo, a acriticidade do povo em relação à escolha de seus governantes na hora do voto democrático;

7. As novas formas de paganismo, um crescente e galopante laicismo, a secularização, bem como a novas e veladas formas de comunismo travestido de maneira a não ser reconhecido, uma vez que o mesmo foi fortemente e dificilmente combatido no passado não muito distante de nós;

8. A ideologia de gênero e a passividade dos pais que acabam por aceitar que os políticos e governantes ditem e imponham a maneira como os filhos, especialmente as crianças e adolescentes, bem como os jovens serão educados e formados na esfera da escola e da universidade pública;

9. A desvalorização da vida e da dignidade humana e da instituição familiar, inclusive caminhando de modo contrário à própria Constituição Federal;

10. O mau uso dos meios de comunicação social e das novas e avançadíssimas formas de redes sociais, canalizadas a desmoralizar pessoas e instituições, invadindo o solapando o direito à privacidade, lesando a boa fama dos entes;

11. O tráfico humano, o trabalho escravo ainda exis-tente, a fome, a falta de moradia, de acesso à educação, à saúde e à segurança, que ajudam no fomento da cultura de morte, na cultura no descartável, gerando e adubando a exclusão social;

12. O lobismo, a intolerância, a violência e manifesta-ções anárquicas, que deturpam às pacíficas e justas, o aumento da drogadição, o abuso religioso, os direitos sendo confundidos com os desejos, etc...

13. Como afirmei no início da resposta, esta não é uma matéria tão simples de ser analisada, porém necessária se faz a análise e o debate equilibrado e sadio, que vise à solução dos males, dos problemas e a reparação dos danos existenciais no meio do quais submerge a comunidade humana. O joio cresce assustadoramente no meio do trigo e por vezes parece ser mais visível do que o próprio trigo. Contudo, não percamos a esperança!

REVISTA FRATERNIDADE: Querido Padre Hiller – nosso Pároco – certamente muitas outras perguntas gostaríamos de fazer, mas vamos encerrar por aqui nossa entrevista. Certamente numa outra ocasião voltaremos a conversar. Agradecemos de todo o coração a sua disponibilidade para nos conceder esta entrevista e acima de tudo pelo trabalho pastoral que o senhor vem desenvolvendo junto a Paróquia São Francisco de Assis. Permita-nos dizer: que Deus o abençoe! Nosso muito obrigado por tudo mesmo! PADRE HILLER: Eu é que digo: muito obrigado, povo querido. Aguardo uma próxima entrevista. Será uma boa oportunidade de partilhar a vida. Vamos juntos, eu e você, servir ao Senhor com alegria, pois você faz parte da minha história de vida e eu da sua. Sozinhos não, mas juntos sempre. Que Deus o abençoe hoje e sempre e Nossa Senhora cuide bem de você! Permitam-me saudá-los beijando os vossos corações, concedendo-lhes a minha bênção sacerdotal, extensiva às vossas famílias! Paz e Bem a todos!

20 FRATERNIDADE

Page 21: Revista Fraternidade, Julho/2014

Opinião

Sobre a Amizade

Estava me lembrando que um dia o professor de Antropologia Filosófica disse: “Só exis-te amizade entre os iguais! Desta forma,

o professor não é amigo do aluno, o patrão não é amigo do seu funcionário. Ninguém que está numa hierarquia pode ser amigo de alguém que ocupa outro grau!”. Não concordei, mas como não tinha um argumento, não falei nada. Outro dia me peguei pensando nisso, e acabei concluin-do que tal pensamento é razoavelmente certo. A igualdade em questão está para além do papel exercido socialmente; e também não se trata de uma igualdade ontológica. A igualdade exigida pela amizade é relacional, fruto de um contexto vivencial, no qual a reciprocidade não é uma exigência explícita, mas um implí-cito natural. Dentro da relação dos amigos não existe o superior e o inferior; existem o “eu” e o “tu”, dois seres que, naquele infinito universo

particular, são indubitavelmente iguais. Só é possível uma abertura sincera e recí-proca se ambas as partes da relação dispõem-se a igualar-se ao outro naquilo que se torna essencial para a convivência. Consequentemente, todas as representações sociais e todos os títulos, com seus respectivos pronomes de tratamento e adjetivos, são espontaneamente abdicados dentro de uma relação de amizade. Com isso, não há obstáculos para o diálo-go, termo essencial para as duas pessoas que se aventuram em um processo de confiança mútua e crescente. Frente a esta absurda abertura, é possível a cada uma das partes tornar-se, sem qualquer formalidade ou protocolo, significante e significada para o outro. Assim sendo, uma ver-dadeira relação de amizade dispensa expressões de declaração verbal, pois, superior à locução, encontra-se um laço afetivo, o qual possui um

valor incalculável, porém perfeitamente acessível aos fiéis aliados. O amigo é, em suma, aquele que se abre a um universo razoavelmente diverso do seu e, neste espaço, encontra um “tu”, um “outro” que também se abre, a fim de que esses dois mundos, com suas diferentes personalidades, compartilhem uma infinidade de sentimentos, razões e, por que não, desrazões pertinentes a um “eu” que não sou eu, mas que privilegia, sem esforços, o meu eu.

JHonAtAn RoGER RodRiGuES diAS, professor de Filosofia e Secretário

de Administração e tesourariaParoquial São Francisco de Assis

Área Pastoral de Vila VelhaEspírito Santo

21FRATERNIDADE

Page 22: Revista Fraternidade, Julho/2014

Lição Divina

Quer aprender como se faz a Lectio Divina?

Esclarecendo: Lectio Divina (expressão latina) quer dizer “Lição Divina”. Trata--se, na verdade, de rezar com a Bíblia

para encontrar-se com Deus. Com o método da “Leitura Orante da Bíblia” vamos desen-volver uma espiritualidade bíblica, que nasce da situação existencial a qual estamos vivendo, no momento em que nos exercitamos nela. A

DIA: 20 de Julho de 2014 Confira a Programação:15 horas Chegada da Imagem

peregrina de Nossa Senhora de Fátima

Início das Confissões15h15 Palestra com encenação

teatral16 horas Apresentação musical16h40 Intervalo17h10 Bênção e imposição de

escapulários18 horas Santa Missa Coroação da Imagem Procissão Luminosa (Favor trazer velas com

protetor)

Informações:Paróquia São Francisco de Assis, Rua Doutor Jair de Andrade, s/n.º - Praia de Itapoã - Vila Velha - Espírito SantoTel.: (27) 3329-8700www.portadeassis.com.brArautos do Evangelho - Associação Inter-nacional de Fiés de Direito Pontifício, Rua Esmeralda, 10 - São Geraldo - Cariacica - Espírito Santo. Tel.: (27) 3235-8230

1º PassoINVOCAR o Divino Espírito Santo (ficar em pé, de braços levantados ou com as mãos abertas e se for em grupos pode dar as mãos): por meio de uma oração, um canto, um louvor ou uma adoração silenciosa invoque o Divino Espírito Santo que é a força esclarecedora que nos ajuda a entender e vivenciar o sentido profundo das Sagradas Escrituras.

2º PassoLER atentamente um trecho do texto sagrado para compreender o seu sentido (escolha um tre-cho do texto sagrado, no AT ou no NT. Pode, se desejar, seguir a indicação da liturgia da palavra do dia e permaneça sentado confortavelmente e se estiver em grupo poder ser em círculo de

“Leitura Orante da Bíblia” é feita por meio de cinco passos simples e que pode ser feito todos os dias. Ela nos ajuda com simplicidade a rezar e a viver a Palavra de Deus encontrada nas Sa-gradas Escrituras. Pode ser feita individualmente ou em grupo, mas sem perder de vista o bem da comunidade de fé na qual devemos estar inseridos e dela participar ativamente!

modo também confortável): Lê-se o texto escolhido uma primeira vez em voz alta de modo pausado e atento. Depois lê-se uma segunda vez da mesma maneira (e se for necessário lê-se uma terceira vez do mesmo modo) e em seguida responde-se, para si mesmo ou para o grupo, à pergunta: O QUE O TEXTO DIZ? É importante repetir com as próprias palavras do texto, sem fugir do tema, do assunto, nem ficar fazendo acréscimos ou decréscimos. Identificar os personagens e suas falas. Ver o que Deus está falando no texto.

3º PassoMEDITAR para atualizar o sentido do texto (permaneça sentado confortavelmente, se estiver em grupo pode ser em círculo e é bom que seja de modo também confortável). Neste passo faça a seguinte pergunta: “O QUE O TEXTO ME DIZ?” É um importante momen-to de tomada de consciência do que Deus está falando para você (ou para o grupo) a partir do texto escolhido. Trata-se de ir um pouco mais além da letra do texto e perceber o que Deus lhe revela nas palavras do texto sagrado.

4º PassoORAR (ainda sentado, de joelhos ou em pé): procure responder a pergunta: “O QUE O TEXTO ME LEVA A FALAR COM DEUS?”A partir das descobertas feitas nos passos anteriores solte-se em oração segundo o seu modo de rezar, no íntimo do seu coração com as mãos sobre o peito, em silêncio, em voz alta com as mãos erguidas, de mãos postas, agradecendo, louvando, pedindo, supli-

cando, oferecendo e assumindo compromissos concretos diante de Deus.

5º PassoCONTEMPLAR para saborear a amizade com Deus(sentado confortavelmente): contemplar é olhar o mundo de um jeito novo, com um olhar silencioso e penetrante em direção à vida, deixando-se transfigurar por Deus. Este é o instante de maior intimidade com Deus. A pergunta orientativa é: “O QUE O TEXTO ME LEVA A EXPERIMENTAR?”

SIGA COM ATEnçãO OS PASSOS:

PARTICIPE DA TARDE DE LOUVOR COM MARIA

22 FRATERNIDADE

Page 23: Revista Fraternidade, Julho/2014

Dia Hora EvEnto

Segunda-feira 19h19h30

Novena Perpétua pelas Almas Missa pelas Almas do Purgatório

Terça-feira6h30

21 às 22h

Missa com a bênção do Pão de Santo AntônioAdoração ao Santíssimo Sacramento com os jovens

Quarta-feira 19h30 Grupo de Oração “O Bom Pastor”

Quinta-feira 19h30 MissaSexta-feira 6h30 Missa

Sábado6h30 Missa19h Missa

Domingo7h Missa17h Missa19h Missa

outras Missas

Primeirasexta-feira 6h30

Missa, seguida pela manhã de Adoração, finalizando às 12h, com a bênção do Santíssimo Sacramento

Todo dia 04 12h Missa devocional a São Francisco de Assis - Padroeiro Paroquial

Últimasegunda-feira

19h30 Missa (com Oração por Cura e Libertação)

Comunidade São Francisco de Assis – MatrizRua Doutor Jair de Andrade, s/n.º - Praia de Itapoã - Vila Velha/ES - CEP: 29.101-700Tel.: (27) 3329-8700 / Fax: (27) 3349-1491 - Email: [email protected]

Dia Hora EvEnto

Quarta-feira15h Grupo de Oração “Sagrado

Coração de Jesus”19h30 Missa

Sábado 18h Missa

Domingo10h Missa19h Missaoutras Missas

Primeira sexta-feira 15h Missa da Saúde e da Paz

Comunidade Sagrado Coração de JesusRua Fortaleza, n.º 645 - Praia de Itapoã - Vila Velha/ES - CEP: 29.101-575Tel.: (27) 3340-9391 - E-mail: [email protected]

Dia Hora EvEnto

Quarta-feira 8h9h às 11h

MissaAtendimento do Padre

Quinta-feira 19h30 Grupo de Oração “Imaculada Mãe de Deus”

Sexta-feira 19h30 MissaSábado 8h Missa

Domingo8h30 Missa17h30 Missa

Comunidade bom PastorRua Romero Botelho, s/n.º - Praia da Costa - Vila Velha/ES - CEP: 29.101-420Tel.: (27) 3299-5538 - Email: [email protected]

Dia Hora EvEntoTerça-feira 06h30 MissaQuinta-feira 19h30 MissaSábado 19h30 MissaDomingo 10h Missa

Comunidade São Pedro PescadorRua Goiânia, n.º 470 - Praia de Itapoã - Vila Velha/ES - Cep 29101-780 Tel.: (27) 3319-9987 - Email: [email protected]

Dia Hora EvEnto

Todas as 1as e 4as

terças-feiras do mês

19h30 Missa - no estacionamento dos Correios - ao lado da Casa Útil em Itapoã - Vila Velha - ES

Comunidade Santa Clara de Assis(Correspondências devem ser enviadas à Matriz)

Dia Hora EvEnto

Toda 1ª quinta-feirade cada mês

15h Missa

Faave - Fundação de Assistência a Amparo à VelhiceRua Mário de Almeida, n.º 50 - Praia de Itapoã - Vila Velha/ES - Cep 29101-752Tel.: 3329-9414 - E-mail: [email protected] / [email protected]

Dia Hora EvEnto

Todas as 2as terças-feiras do mês 15hMissa com a bênção do Pão de Santo Antônio

Alfas - Associação Lar Frei Aurélio StulzerRua Romero Botelho, s/n.º - Praia da Costa - Vila Velha - ES - CEP: 29.101-420Tel.: (27) 3329-7075 - Email: [email protected] / [email protected]

Dia Hora EvEntoTerça-feira 19h30 Missa

Quinta-feira

06h30

16h às 18h19h30

Missa seguida de Adoração ao Santíssimo com a bênção do Santíssimo Sacramento às 18 horasAtendimento do PadreGrupo de Oração “Nossa Senhora de Guadalupe”

Sábado 18h MissaDomingo 11h Missa

Comunidade Nossa Senhora de GuadalupeAv. Estudante José Júlio de Souza, s/n.º - Praia de Itaparica - Vila Velha/ES - Cep 29102-010Tel.: (27) 3299-0951 - E-mail: [email protected]

Atendimentodo Pároco

Terças-feirasQuartas-feirasSextas-feiras

Das 8 às 11hDas 14 às 18hDas 16 às 18h

SecretariaParoquial

Segundas-feirasàs Sextas-feirasSábados

Das 8 às 12h; e das 13h30 às 17h30Das 8 às 12h

Expediente na Igreja Matriz

Permanentes Atividades Religiosas na Paróquia São Francisco de Assis - Área Pastoral de Vila Velha/ES

Acesse nosso site: www.portadeassis.com.br

23FRATERNIDADE

Page 24: Revista Fraternidade, Julho/2014

Princípios da Paz1. Amar e respeitar a vida, especialmente a vida

humana, como dom precioso de Deus e valor absoluto;

2. Jamais portar armas que ferem ou matam;3. Dizer sempre não a qualquer forma de violência

ou de agressão física, moral e espiritual;4. Perdoar sempre sem restrições;5. Tomar a defesa dos mais fracos e indefesos;6. Cultivar sadias relações de amizade e de

reciprocidade, ternas e respeitosas;7. Participar dos grupos comunitários de

organização em benefício do povo;8. Dizer não as leis e as ordens que vão contra o

povo e o bem comum;9. Suportar os sofrimentos e perseguições por

causa da justiça;10. Vencer o medo e nas situações de conflitos e

tensões manter a serenidade buscando sempre a verdade com firmeza e segurança;

11. Recomeçar sempre a cada manhã, acreditando que a paz é possível!

o Senhor te dê a paz... El Señor te dé la paz... the Lord grant you peace... il Signore ti dia la pace...

Le Seigneur te donne la paix... der Herr gebe dir frieden...24 FRATERNIDADE