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Elementos básicos da LOGOSOFIA Edição comemorativa do VI Endel – Encontro Nacional dos Docentes de Escolas Logosóficas Publicação Cultural da Fundação Logosófica Nº 13

Revista Logosofia

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Revista de Logosofia e sobre a Pedagogia Logosófica e o Colégio Logosófico

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Page 1: Revista Logosofia

Elementos básicos da

LOGOSOFIA

Edição comemorativa do VI Endel – Encontro Nacionaldos Docentes de Escolas Logosóficas

Publicação Cultural da Fundação Logosófica Nº 13

Page 2: Revista Logosofia

Editorial

Uma concepção de educação baseada no conhecimento de si mesmo

O cultivo dos sentimentos

A correção da conduta da criança

Criando defesas para a mente

O valor pedagógico de uma explicação

A importância do ambiente escolar na formação da criança e do jovem

O poder da observação

Reflexões sobre o desafio de educar as novas gerações

Ensinando a ser bom, mas não ingênuo

Os estímulos e a formação do caráter

O sublime encanto da imaginação nos primeiros anos da infância

Os pensamentos, o pensar e a formação da consciência

A formação do professor

Uma palavra final

Glossário de alguns conceitos que fundamentam o processo educativo logosófico

Sumário

Diretores: Dalmy Gama e Flávio Friche Passos - MTb 2015/MG

Subdiretora: Joana Melo Bomfim PassosSecretária: Eliane Amélia C. Vieira MartinsEditores de Textos e Projeto Gráfico: Renato Ribeiro e Verônica CavalieriColaboradores: Kleber Pereira Gonçalves e

Maurício Saraiva de Abreu ChagasTiragem: 30.000 exemplaresAno: 2008

Publicação cultural da Fundação Logosóficaem Prol da Superação Humana

LOGOSOFIACaso queira receber gratuitamente as próximas edições, acesse o site www.logosofia.org.br, seção “Cadastro de Interessados”, e preencha seus dados.Se preferir, envie pelo correio para Coordenação de Divulgação Nacional – Rua Piauí, 742 – Funcionários – CEP 30150-320 – Belo Horizonte/MG.

Os textos entre aspas foram extraídos da Pedagogia Logosófica, de autoria de Carlos Bernardo González Pecotche – Raumsol, criador da Logosofia.

Os artigos que compõem esta revista podem ser reproduzidos livremente, desde que sejam mencionados a fonte e o nome do autor.

EXEMPLARES DE CORTESIA

Page 3: Revista Logosofia

Editorial

Uma concepção de educação baseada no conhecimento de si mesmo

O cultivo dos sentimentos

A correção da conduta da criança

Criando defesas para a mente

O valor pedagógico de uma explicação

A importância do ambiente escolar na formação da criança e do jovem

O poder da observação

Reflexões sobre o desafio de educar as novas gerações

Ensinando a ser bom, mas não ingênuo

Os estímulos e a formação do caráter

O sublime encanto da imaginação nos primeiros anos da infância

Os pensamentos, o pensar e a formação da consciência

A formação do professor

Uma palavra final

Glossário de alguns conceitos que fundamentam o processo educativo logosófico

Sumário

Diretores: Dalmy Gama e Flávio Friche Passos - MTb 2015/MG

Subdiretora: Joana Melo Bomfim PassosSecretária: Eliane Amélia C. Vieira MartinsEditores de Textos e Projeto Gráfico: Renato Ribeiro e Verônica CavalieriColaboradores: Kleber Pereira Gonçalves e

Maurício Saraiva de Abreu ChagasTiragem: 30.000 exemplaresAno: 2008

Publicação cultural da Fundação Logosóficaem Prol da Superação Humana

LOGOSOFIACaso queira receber gratuitamente as próximas edições, acesse o site www.logosofia.org.br, seção “Cadastro de Interessados”, e preencha seus dados.Se preferir, envie pelo correio para Coordenação de Divulgação Nacional – Rua Piauí, 742 – Funcionários – CEP 30150-320 – Belo Horizonte/MG.

Os textos entre aspas foram extraídos da Pedagogia Logosófica, de autoria de Carlos Bernardo González Pecotche – Raumsol, criador da Logosofia.

Os artigos que compõem esta revista podem ser reproduzidos livremente, desde que sejam mencionados a fonte e o nome do autor.

EXEMPLARES DE CORTESIA

Page 4: Revista Logosofia

É com alegria que lançamos esta edição especial da Revista Logosofia,

respondendo a solicitações crescentes de estudiosos – sejam pais, professores ou

pedagogos – que buscam conhecer algo mais sobre a Pedagogia Logosófica.

Há séculos, o homem busca conhecer-se e aperfeiçoar-se. Diversos caminhos têm

sido sugeridos. Fragmentos importantes de conhecimento incorporam-se à vida

do homem e é por meio da educação que o progresso e o aperfeiçoamento

humanos serão mais eficazes, contribuindo para a real felicidade dos seres em geral.

A Pedagogia Logosófica – instituída pela Logosofia, ciência criada pelo humanista

González Pecotche (1901–1963) – oferece uma proposta importante e inovadora

na área educacional. Trata-se de conduzir os processos educativos tendo em conta

a formação mental, moral e espiritual do ser humano, tanto do educador quanto do

educando.

A infância e a juventude, etapas formativas do caráter e preparatórias do espírito

para as lutas que a vida requer, merecem, pois, a mais acentuada dedicação por

parte dos pais e dos professores.

Nos Colégios Logosóficos, onde se aplica a Pedagogia Logosófica, é oferecido aos

alunos um ambiente de alegria, afeto, amparo e tranqüilidade. Procura-se despertar

neles, desde a mais tenra idade, a vontade de ser melhores e de contribuir para o

bem da humanidade.

Sem imposições de nenhuma natureza, mas sempre mediante o estímulo ao pensar

e ao sentir, os Colégios Logosóficos oferecem aos educandos concepções claras

sobre o homem, a vida, o Universo, Deus e as Leis Universais, sem nenhuma idéia

que limite esses conceitos. Assimilados gradualmente até a juventude, esses e

outros conceitos devem ainda evoluir com o passar dos anos e vão representar a

base moral da vida do indivíduo e da humanidade da qual faz parte.

Para a Pedagogia Logosófica, o ser humano possui recursos que o tornam apto a

participar do processo de sua própria educação. Assim, essa educação, que muitas

vezes é uma tarefa difícil, delicada e árdua, passa a ser também nobre e elevada,

desenvolvendo-se de forma natural, contínua, agradável e profunda.

É imprescindível que o educador queira conhecer-se e superar-se, antes de

pretender ensinar o educando a realizar essa tarefa. No processo educativo, estão

em colaboração constante essas duas psicologias. Cada um parte de onde está. Daí

a complexidade e beleza deste processo: envolve educador e educando.

Encontramos alguns desses temas no estudo e na documentação do VI Encontro

Nacional de Docentes de Escolas Logosóficas (Belo Horizonte, 2008), com

centenas de trabalhos apresentados. Educadores de todas as unidades do Sistema

Logosófico de Educação do Brasil, da Argentina e do Uruguai estão muito felizes

com os resultados alcançados ao longo de quase 50 anos de experiência.

O fato de sabermos que há ainda muito a investigar e aplicar dentro desta

Pedagogia é para nós um grande estímulo ao aprimoramento da arte de educar,

pois esta concepção de educação só se concretiza na medida em que os educadores

vão sendo capazes de aplicar em si mesmos ensinamentos tão especiais sobre a

formação mental, moral e espiritual do ser humano.

E já que falamos de estímulos para a formação humana, nada mais oportuno que

deixar com os educadores que nos lêem esta estimulante mensagem da Logosofia:

“Conseguir que as gerações futuras sejam mais felizes que a nossa

será o prêmio mais grandioso a que possamos aspirar. Não haverá

valor comparável ao cumprimento dessa grande missão, que consiste

em preparar para a humanidade futura um mundo melhor”

Page 5: Revista Logosofia

É com alegria que lançamos esta edição especial da Revista Logosofia,

respondendo a solicitações crescentes de estudiosos – sejam pais, professores ou

pedagogos – que buscam conhecer algo mais sobre a Pedagogia Logosófica.

Há séculos, o homem busca conhecer-se e aperfeiçoar-se. Diversos caminhos têm

sido sugeridos. Fragmentos importantes de conhecimento incorporam-se à vida

do homem e é por meio da educação que o progresso e o aperfeiçoamento

humanos serão mais eficazes, contribuindo para a real felicidade dos seres em geral.

A Pedagogia Logosófica – instituída pela Logosofia, ciência criada pelo humanista

González Pecotche (1901–1963) – oferece uma proposta importante e inovadora

na área educacional. Trata-se de conduzir os processos educativos tendo em conta

a formação mental, moral e espiritual do ser humano, tanto do educador quanto do

educando.

A infância e a juventude, etapas formativas do caráter e preparatórias do espírito

para as lutas que a vida requer, merecem, pois, a mais acentuada dedicação por

parte dos pais e dos professores.

Nos Colégios Logosóficos, onde se aplica a Pedagogia Logosófica, é oferecido aos

alunos um ambiente de alegria, afeto, amparo e tranqüilidade. Procura-se despertar

neles, desde a mais tenra idade, a vontade de ser melhores e de contribuir para o

bem da humanidade.

Sem imposições de nenhuma natureza, mas sempre mediante o estímulo ao pensar

e ao sentir, os Colégios Logosóficos oferecem aos educandos concepções claras

sobre o homem, a vida, o Universo, Deus e as Leis Universais, sem nenhuma idéia

que limite esses conceitos. Assimilados gradualmente até a juventude, esses e

outros conceitos devem ainda evoluir com o passar dos anos e vão representar a

base moral da vida do indivíduo e da humanidade da qual faz parte.

Para a Pedagogia Logosófica, o ser humano possui recursos que o tornam apto a

participar do processo de sua própria educação. Assim, essa educação, que muitas

vezes é uma tarefa difícil, delicada e árdua, passa a ser também nobre e elevada,

desenvolvendo-se de forma natural, contínua, agradável e profunda.

É imprescindível que o educador queira conhecer-se e superar-se, antes de

pretender ensinar o educando a realizar essa tarefa. No processo educativo, estão

em colaboração constante essas duas psicologias. Cada um parte de onde está. Daí

a complexidade e beleza deste processo: envolve educador e educando.

Encontramos alguns desses temas no estudo e na documentação do VI Encontro

Nacional de Docentes de Escolas Logosóficas (Belo Horizonte, 2008), com

centenas de trabalhos apresentados. Educadores de todas as unidades do Sistema

Logosófico de Educação do Brasil, da Argentina e do Uruguai estão muito felizes

com os resultados alcançados ao longo de quase 50 anos de experiência.

O fato de sabermos que há ainda muito a investigar e aplicar dentro desta

Pedagogia é para nós um grande estímulo ao aprimoramento da arte de educar,

pois esta concepção de educação só se concretiza na medida em que os educadores

vão sendo capazes de aplicar em si mesmos ensinamentos tão especiais sobre a

formação mental, moral e espiritual do ser humano.

E já que falamos de estímulos para a formação humana, nada mais oportuno que

deixar com os educadores que nos lêem esta estimulante mensagem da Logosofia:

“Conseguir que as gerações futuras sejam mais felizes que a nossa

será o prêmio mais grandioso a que possamos aspirar. Não haverá

valor comparável ao cumprimento dessa grande missão, que consiste

em preparar para a humanidade futura um mundo melhor”

Page 6: Revista Logosofia

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concepção apóia uma educação baseada no

conhecimento de si mesmo, sendo efetiva a

partir da realização desse conhecimento pelo

próprio educador.

Para a Logosofia, o ser humano possui uma

configuração biopsicoespiritual, ou seja, além

de sua natureza biológica ou física, possui os

mecanismos psicológico e espiritual. Nessa

concepção, a articulação harmônica e

equilibrada das partes psicológica e espiritual

cumpre funções importantes no processo de

aprendizagem ao longo da vida.

é favorecer a formação integral

do educando, estimulando e orientando o

desenvolvimento da inteligência e da

sensibilidade em todas as fases do processo

educativo da criança, do adolescente e do

jovem. Um dos resultados mais importantes

da aplicação dessa linha pedagógica é o

desenvolvimento harmônico dos organismos

físico, psicológico e espiritual do indivíduo.

Para alcançar esses resultados, o educando é

estimulado a cultivar e desenvolver seu

potencial intelectual e sensível.

No aspecto intelectual, o conjunto das

faculdades que formam a inteligência, com

suas funções de pensar, entender, observar,

raciocinar, recordar, imaginar, refletir, etc.,

deve funcionar na plenitude de seu potencial.

O trabalho pedagógico que se realiza com as

crianças e adolescentes nas escolas que

aplicam a Pedagogia Logosófica tem por

finalidade promover o desenvolvimento

equilibrado dos recursos da inteligência, e não

Um dos objetivos da Pedagogia

Logosófica

apenas da memória e da imaginação, como

geralmente ocorre, com maior ou menor

ênfase, na educação tradicional.

Uma concepção de educação baseada no

conhecimento si mesmode O desenvolvimento

equilibrado da

mente e da

sensibilidade

favorece a formação

de seres mais felizes,

que se relacionam bem

consigo mesmos, com

os semelhantes e com o

mundo em que vivem

Uma linha pedagógica pode ser vista como o

estudo de ideais educacionais, segundo uma

determinada concepção de vida, e dos meios mais

eficientes para realizar estes ideais. Neste sentido, toda

pedagogia apóia-se em uma concepção de ser

humano e de mundo, como base para a construção de

seus ideais educacionais.

A Pedagogia Logosófica fundamenta-se na

Logosofia, ciência que traz concepções originais

sobre o homem, a vida, Deus, o Universo e suas Leis.

Neste artigo, são focalizados aspectos da concepção

de homem ensinada pela Logosofia e como esta

Os resultados da aplicação

da Pedagogia Logosófica na

educação da infância e da

adolescência vêm-se

evidenciando na formação

de jovens e adultos com

marcada disposição para o

estudo, para a

aprendizagem, capazes de

pensar por conta própria e

ser livres na mais ampla

acepção da palavra

Eduardo Fernandes Barbosa*

No aspecto sensível, a sensibilidade é

outro pólo importante da configuração

psicológica humana. Neste campo, o

trabalho docente concentra-se em ensinar

os alunos a fazerem uso dos recursos da

sensibilidade e dos sentimentos. O conceito

que orienta esta forma de ensinar é o de que

não basta ser inteligente; é necessário ser

inteligente e sensível, pois os sentimentos –

como o de gratidão, de afeto, de amizade, de

generosidade, simpatia e respeito, entre

outros – são fatores equilibrantes da

conduta e facilitadores de uma convivência

saudável e de entendimento mútuo. Assim,

o desenvolvimento equilibrado da mente e

da sensibilidade favorece a formação de

seres mais felizes, que se relacionam bem

consigo mesmos, com os semelhantes e

com o mundo em que vivem.

Page 7: Revista Logosofia

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concepção apóia uma educação baseada no

conhecimento de si mesmo, sendo efetiva a

partir da realização desse conhecimento pelo

próprio educador.

Para a Logosofia, o ser humano possui uma

configuração biopsicoespiritual, ou seja, além

de sua natureza biológica ou física, possui os

mecanismos psicológico e espiritual. Nessa

concepção, a articulação harmônica e

equilibrada das partes psicológica e espiritual

cumpre funções importantes no processo de

aprendizagem ao longo da vida.

é favorecer a formação integral

do educando, estimulando e orientando o

desenvolvimento da inteligência e da

sensibilidade em todas as fases do processo

educativo da criança, do adolescente e do

jovem. Um dos resultados mais importantes

da aplicação dessa linha pedagógica é o

desenvolvimento harmônico dos organismos

físico, psicológico e espiritual do indivíduo.

Para alcançar esses resultados, o educando é

estimulado a cultivar e desenvolver seu

potencial intelectual e sensível.

No aspecto intelectual, o conjunto das

faculdades que formam a inteligência, com

suas funções de pensar, entender, observar,

raciocinar, recordar, imaginar, refletir, etc.,

deve funcionar na plenitude de seu potencial.

O trabalho pedagógico que se realiza com as

crianças e adolescentes nas escolas que

aplicam a Pedagogia Logosófica tem por

finalidade promover o desenvolvimento

equilibrado dos recursos da inteligência, e não

Um dos objetivos da Pedagogia

Logosófica

apenas da memória e da imaginação, como

geralmente ocorre, com maior ou menor

ênfase, na educação tradicional.

Uma concepção de educação baseada no

conhecimento si mesmode O desenvolvimento

equilibrado da

mente e da

sensibilidade

favorece a formação

de seres mais felizes,

que se relacionam bem

consigo mesmos, com

os semelhantes e com o

mundo em que vivem

Uma linha pedagógica pode ser vista como o

estudo de ideais educacionais, segundo uma

determinada concepção de vida, e dos meios mais

eficientes para realizar estes ideais. Neste sentido, toda

pedagogia apóia-se em uma concepção de ser

humano e de mundo, como base para a construção de

seus ideais educacionais.

A Pedagogia Logosófica fundamenta-se na

Logosofia, ciência que traz concepções originais

sobre o homem, a vida, Deus, o Universo e suas Leis.

Neste artigo, são focalizados aspectos da concepção

de homem ensinada pela Logosofia e como esta

Os resultados da aplicação

da Pedagogia Logosófica na

educação da infância e da

adolescência vêm-se

evidenciando na formação

de jovens e adultos com

marcada disposição para o

estudo, para a

aprendizagem, capazes de

pensar por conta própria e

ser livres na mais ampla

acepção da palavra

Eduardo Fernandes Barbosa*

No aspecto sensível, a sensibilidade é

outro pólo importante da configuração

psicológica humana. Neste campo, o

trabalho docente concentra-se em ensinar

os alunos a fazerem uso dos recursos da

sensibilidade e dos sentimentos. O conceito

que orienta esta forma de ensinar é o de que

não basta ser inteligente; é necessário ser

inteligente e sensível, pois os sentimentos –

como o de gratidão, de afeto, de amizade, de

generosidade, simpatia e respeito, entre

outros – são fatores equilibrantes da

conduta e facilitadores de uma convivência

saudável e de entendimento mútuo. Assim,

o desenvolvimento equilibrado da mente e

da sensibilidade favorece a formação de

seres mais felizes, que se relacionam bem

consigo mesmos, com os semelhantes e

com o mundo em que vivem.

Page 8: Revista Logosofia

curriculares oficiais, como para o processo

de formação consciente dos valores mentais,

morais e espirituais na vida do educando.

implica identificar e ter domínio

dos elementos que configuram a psicologia

humana. Assim, quando nos propomos, por

exemplo, incentivar o aluno a pensar, alguns

dos requisitos para que o docente tenha êxito

neste objetivo são: ter experimentado o

esforço que representa o ato de pensar com

uma finalidade específica; ter identificado os

fatores que favorecem e os que dificultam o

exercício desta função da inteligência; ter

compreendido o que representa o uso da

função de pensar nos diversos aspectos da

vida, especialmente naqueles que se aplicam

à realidade que vive a criança ou o adoles-

cente; etc.

A aplicação desta concepção de

educação

A Pedagogia Logosófica é uma

concepção de educação que requer a

participação ativa e consciente do educador

nos processos de ensino e de aprendizagem.

Portanto, a aplicação desta pedagogia na

educação da criança e do adolescente

depende da realização, pelo educador, de

processos que conduzem ao conhecimento

de si mesmo, ou seja: o domínio do próprio

mecanismo psicológico e mental.

Assim, o conhecimento da realidade interna

do educador, de agentes causais do

comportamento, dos fatores que movem a

vontade e dos recursos mentais e sensíveis da

psicologia humana é condição para práticas

educativas orientadas pela Pedagogia

Logosófica. Por isso, o ponto de partida para

tornar efetiva a prática desta linha pedagógica

é a formação docente que habilite o profes-

sor e o aluno a participarem, de forma volun-

tária e consciente, dos processos de ensino e

de aprendizagem. Isso vale tanto para o

ensino e aprendizagem dos conteúdos

Atuando dessa forma, o docente se

habilita para apresentar ao aluno algo

concreto que faz parte de sua experiência,

reforçando a ação docente com o incentivo

dos resultados que ele mesmo já experimen-

tou e cujo processo de realização lhe é familiar.

Essa forma de atuar difere muito da posição

docente que se limita apenas a repetir o que foi

estudado ou aprendido de forma intelectual

sobre a psicologia do aluno, sem vinculação

com a própria realidade psicológica.

Aplicar uma proposta inovadora como esta

requer um corpo docente disposto a especia-

lizar-se em certos cultivos, pois a educação a

ser praticada é, antes de tudo, uma educação

pelo exemplo. Portanto, o professor há de se

dispor a realizar em si mesmo aquilo que

queira que os alunos venham a realizar, em

termos dos valores pedagógicos propostos.

Neste contexto, a aplicação da Pedagogia

Logosófica requer um processo de formação

docente fundamentado em conceitos e

princípios claramente definidos, sobre os

quais a Logosofia fartamente se pronuncia,

devendo todos eles ser vivenciados e

experimentados pelo educador.

na educação da

infância e da adolescência vêm-se eviden-

ciando na formação de jovens e adultos com

marcada disposição para o estudo, para a

aprendizagem, capazes de pensar por conta

própria, de ser livres na mais ampla acepção

da palavra. São pessoas que mostram

valorizar a vida com noção clara de sua

transcendência, de sua importância para si e

para os demais, conduzindo-a com acerto,

equilíbrio e sensatez e colaborando ativa e

conscientemente para a melhoria da

sociedade em que vivem.

Os resultados da aplicação da

Pedagogia Logosófica

Diante de uma proposta

pedagógica assim, com

projeções de elevada

transcendência para a

educação da humanidade,

surge a questão: como se

realizam os ideais

educacionais propostos pela

Logosofia?

A aplicação da

Pedagogia Logosófica

requer um processo de

formação docente

fundamentado em

conceitos e princípios

claramente definidos,

sobre os quais a

Logosofia fartamente se

pronuncia*Doutor em Ciência da Computação/

Professor Associado da UFMG/ Autor de livros sobre Projetos/

Diretor-Geral do Colégio Logosófico – Unidade Cidade Nova – BH

8 9

Page 9: Revista Logosofia

curriculares oficiais, como para o processo

de formação consciente dos valores mentais,

morais e espirituais na vida do educando.

implica identificar e ter domínio

dos elementos que configuram a psicologia

humana. Assim, quando nos propomos, por

exemplo, incentivar o aluno a pensar, alguns

dos requisitos para que o docente tenha êxito

neste objetivo são: ter experimentado o

esforço que representa o ato de pensar com

uma finalidade específica; ter identificado os

fatores que favorecem e os que dificultam o

exercício desta função da inteligência; ter

compreendido o que representa o uso da

função de pensar nos diversos aspectos da

vida, especialmente naqueles que se aplicam

à realidade que vive a criança ou o adoles-

cente; etc.

A aplicação desta concepção de

educação

A Pedagogia Logosófica é uma

concepção de educação que requer a

participação ativa e consciente do educador

nos processos de ensino e de aprendizagem.

Portanto, a aplicação desta pedagogia na

educação da criança e do adolescente

depende da realização, pelo educador, de

processos que conduzem ao conhecimento

de si mesmo, ou seja: o domínio do próprio

mecanismo psicológico e mental.

Assim, o conhecimento da realidade interna

do educador, de agentes causais do

comportamento, dos fatores que movem a

vontade e dos recursos mentais e sensíveis da

psicologia humana é condição para práticas

educativas orientadas pela Pedagogia

Logosófica. Por isso, o ponto de partida para

tornar efetiva a prática desta linha pedagógica

é a formação docente que habilite o profes-

sor e o aluno a participarem, de forma volun-

tária e consciente, dos processos de ensino e

de aprendizagem. Isso vale tanto para o

ensino e aprendizagem dos conteúdos

Atuando dessa forma, o docente se

habilita para apresentar ao aluno algo

concreto que faz parte de sua experiência,

reforçando a ação docente com o incentivo

dos resultados que ele mesmo já experimen-

tou e cujo processo de realização lhe é familiar.

Essa forma de atuar difere muito da posição

docente que se limita apenas a repetir o que foi

estudado ou aprendido de forma intelectual

sobre a psicologia do aluno, sem vinculação

com a própria realidade psicológica.

Aplicar uma proposta inovadora como esta

requer um corpo docente disposto a especia-

lizar-se em certos cultivos, pois a educação a

ser praticada é, antes de tudo, uma educação

pelo exemplo. Portanto, o professor há de se

dispor a realizar em si mesmo aquilo que

queira que os alunos venham a realizar, em

termos dos valores pedagógicos propostos.

Neste contexto, a aplicação da Pedagogia

Logosófica requer um processo de formação

docente fundamentado em conceitos e

princípios claramente definidos, sobre os

quais a Logosofia fartamente se pronuncia,

devendo todos eles ser vivenciados e

experimentados pelo educador.

na educação da

infância e da adolescência vêm-se eviden-

ciando na formação de jovens e adultos com

marcada disposição para o estudo, para a

aprendizagem, capazes de pensar por conta

própria, de ser livres na mais ampla acepção

da palavra. São pessoas que mostram

valorizar a vida com noção clara de sua

transcendência, de sua importância para si e

para os demais, conduzindo-a com acerto,

equilíbrio e sensatez e colaborando ativa e

conscientemente para a melhoria da

sociedade em que vivem.

Os resultados da aplicação da

Pedagogia Logosófica

Diante de uma proposta

pedagógica assim, com

projeções de elevada

transcendência para a

educação da humanidade,

surge a questão: como se

realizam os ideais

educacionais propostos pela

Logosofia?

A aplicação da

Pedagogia Logosófica

requer um processo de

formação docente

fundamentado em

conceitos e princípios

claramente definidos,

sobre os quais a

Logosofia fartamente se

pronuncia*Doutor em Ciência da Computação/

Professor Associado da UFMG/ Autor de livros sobre Projetos/

Diretor-Geral do Colégio Logosófico – Unidade Cidade Nova – BH

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Page 10: Revista Logosofia

O sistema sensível ou sentimental. A

Pedagogia Logosófica estabelece que o

cultivo dos sentimentos na infância e na

adolescência é um investimento na felicidade,

na paz, em vidas equilibradas.

E por que essa afirmação?

Porque os sentimentos equilibram a vida

psíquica; infundem traços de humanidade às

atitudes dos homens; sustentam os propósitos

e as palavras de honra que muitas vezes a

mente esquece; criam laços existenciais

propícios à convivência entre seres com dife-

rentes modalidades psicológicas.

Quantas sociedades foram constituídas com

esforços, abnegações, lutas e sacrifícios, e

mais tarde desfeitas pela ausência de

sentimentos... Quantos seres humanos

conquistaram troféus nas áreas econômica,

tecnológica e científica, mas se tornaram

prisioneiros da falta de afeto e, por isso,

isolados de seus semelhantes?

Como seria a vida humana se, desde criança,

cada um compreendesse que tudo na vida

deve ser feito com gosto, com o mesmo

gosto e amor que vêem estampados em todas

as coisas criadas por Deus?

A Pedagogia Logosófica foi criada com o objetivo de educar para a vida. Integra o

seu extraordinário plano de educação o cultivo dos sentimentos em todas as

etapas da formação humana

Sendo a mente da criança “terra virgem e

fértil”, como ressalta a Logosofia, terra onde

tudo que é plantado tem amplas possibili-

dades de florescer e dar bons frutos, que valor

pedagógico assume a semeadura dos grandes

sentimentos edificadores da paz e da

felicidade no mundo?

Muito se tem escrito sobre a superficialidade

das relações entre os homens na vida social. É

visível que a sociedade atual se encontra,

geralmente, dominada pelo jogo de interesses,

pelo consumismo, pelas árduas lutas em

busca da sobrevivência e, em conseqüência,

por variadas estratégias direcionadas à

conquista do poder, da riqueza, do prazer e da

fama. A evidência dessa realidade no mundo

de hoje desafia os recursos pedagógicos de

quem tem, em suas mãos, a tarefa de educar.

A imagem que evidencia o

desamparo sensível de alguns seres humanos

é a de um recipiente sem fundo. Tudo que é

depositado nele se esvai, não permanece.

Nas relações humanas edificantes, constru-

tivas, duradouras, é o afeto que alicerça,

Vínculo sensível entre docente e

discente.

conserva tudo, inclusive o conteúdo dos bons

momentos e dos fatos vividos.

A Pedagogia Logosófica foi criada com o

objetivo de educar para a vida. Integra o seu

extraordinário plano de educação o cultivo

dos sentimentos em todas as etapas da

formação humana: infância, adolescência,

juventude e idade adulta. Para isso, ensina

que, na configuração do ser humano,

encontra-se o sistema sensível ou sentimen-

tal, formado pela sensibilidade e pelos

sentimentos. No âmbito da sensibilidade,

vamos encontrar as faculdades de sentir,

amar, querer, agradecer, perdoar, consentir,

compadecer e sofrer. Essas faculdades criam

e sustentam os sentimentos, intervêm em sua

A conservação dos

sentimentos na vida é

uma arte, contém

segredos, é um dos

tantos conhecimentos

em que a Pedagogia

Logosófica se baseia

para ativar, no homem,

as faculdades sensíveis

O cultivo

Sueli Moraes Martins*

sentimentos dos

10 11

RespeitoRespeito r tG a idãoGratid

ãolA egrial rA eg ia

BondadeBondadeAmizademA izade

GenerosidadeGeneros dadei

AfetoAfeto

CamaradagemCamaradagem

Page 11: Revista Logosofia

O sistema sensível ou sentimental. A

Pedagogia Logosófica estabelece que o

cultivo dos sentimentos na infância e na

adolescência é um investimento na felicidade,

na paz, em vidas equilibradas.

E por que essa afirmação?

Porque os sentimentos equilibram a vida

psíquica; infundem traços de humanidade às

atitudes dos homens; sustentam os propósitos

e as palavras de honra que muitas vezes a

mente esquece; criam laços existenciais

propícios à convivência entre seres com dife-

rentes modalidades psicológicas.

Quantas sociedades foram constituídas com

esforços, abnegações, lutas e sacrifícios, e

mais tarde desfeitas pela ausência de

sentimentos... Quantos seres humanos

conquistaram troféus nas áreas econômica,

tecnológica e científica, mas se tornaram

prisioneiros da falta de afeto e, por isso,

isolados de seus semelhantes?

Como seria a vida humana se, desde criança,

cada um compreendesse que tudo na vida

deve ser feito com gosto, com o mesmo

gosto e amor que vêem estampados em todas

as coisas criadas por Deus?

A Pedagogia Logosófica foi criada com o objetivo de educar para a vida. Integra o

seu extraordinário plano de educação o cultivo dos sentimentos em todas as

etapas da formação humana

Sendo a mente da criança “terra virgem e

fértil”, como ressalta a Logosofia, terra onde

tudo que é plantado tem amplas possibili-

dades de florescer e dar bons frutos, que valor

pedagógico assume a semeadura dos grandes

sentimentos edificadores da paz e da

felicidade no mundo?

Muito se tem escrito sobre a superficialidade

das relações entre os homens na vida social. É

visível que a sociedade atual se encontra,

geralmente, dominada pelo jogo de interesses,

pelo consumismo, pelas árduas lutas em

busca da sobrevivência e, em conseqüência,

por variadas estratégias direcionadas à

conquista do poder, da riqueza, do prazer e da

fama. A evidência dessa realidade no mundo

de hoje desafia os recursos pedagógicos de

quem tem, em suas mãos, a tarefa de educar.

A imagem que evidencia o

desamparo sensível de alguns seres humanos

é a de um recipiente sem fundo. Tudo que é

depositado nele se esvai, não permanece.

Nas relações humanas edificantes, constru-

tivas, duradouras, é o afeto que alicerça,

Vínculo sensível entre docente e

discente.

conserva tudo, inclusive o conteúdo dos bons

momentos e dos fatos vividos.

A Pedagogia Logosófica foi criada com o

objetivo de educar para a vida. Integra o seu

extraordinário plano de educação o cultivo

dos sentimentos em todas as etapas da

formação humana: infância, adolescência,

juventude e idade adulta. Para isso, ensina

que, na configuração do ser humano,

encontra-se o sistema sensível ou sentimen-

tal, formado pela sensibilidade e pelos

sentimentos. No âmbito da sensibilidade,

vamos encontrar as faculdades de sentir,

amar, querer, agradecer, perdoar, consentir,

compadecer e sofrer. Essas faculdades criam

e sustentam os sentimentos, intervêm em sua

A conservação dos

sentimentos na vida é

uma arte, contém

segredos, é um dos

tantos conhecimentos

em que a Pedagogia

Logosófica se baseia

para ativar, no homem,

as faculdades sensíveis

O cultivo

Sueli Moraes Martins*

sentimentos dos

10 11

tRespei oe tResp i o Gr ta idãoGratid

ãoAlegriaAlegria

BondadeBondadeAmizademA izade

GenerosidadeGenerosidade

feA tofetA o

CamaradagemCamaradagem

Page 12: Revista Logosofia

“A arte de educar consiste em

começar ensinando-se primeiro a si

mesmo.” Eis uma orientação da Pedagogia

Logosófica que, aparentemente, aponta para

uma obviedade. De fato, ela destaca algo que

muitos educadores, pais ou professores já

puderam comprovar em suas práticas: para

saber ensinar é preciso, antes de tudo, saber

aprender. Não se pode dar o que não se tem,

não se pode ensinar um caminho que não se

percorreu. Nada tão claro! Mas isso não

significa, absolutamente, que a tarefa seja

simples, como veremos a seguir.

Comecemos pelo fato de que não basta saber

algo; é preciso saber ensinar, é preciso

saber como ensinar. Isso envolve toda

uma docência, um tato, dosagem,

inteligência.

Para saber ensinar é preciso, antes de tudo, saber aprender. Não se pode dar o

que não se tem, não se pode ensinar um caminho que não se percorreu. Nada

tão claro! Mas isso não significa, absolutamente, que a tarefa seja simples

Dulce Regina Feu Alvim Moreira*

Sob esse enfoque, daremos com as formas

corretas e com as formas equivocadas de

atuar ao tratarmos de corrigir a conduta da

criança. As corretas são aquelas que

constroem, enquanto que as outras,

geralmente, são as que apenas reprimem.

Mais do que dizer

“não faça isto!”, é

preciso possibilitar que

o educando saiba a

forma correta de se

comportar

A Correção Conduta da Criança

daformação, dão-lhes vigor, ampliando-os e

conservando-os no curso da vida. Conhecer

cada uma delas – como são e como

funcionam – confere ao docente a posse de

inestimáveis recursos pedagógicos.

As ações docentes acompanhadas dos

sentimentos propiciam o vínculo sensível

entre docente e discente, e também são

poderosos estímulos que podem mover o

educando a se empenhar no cultivo dos

grandes sentimentos.

É importante

destacar que a conservação dos sentimentos

na vida é uma arte, contém segredos, é um

dos tantos conhecimentos em que a

Pedagogia Logosófica se baseia para ativar, no

homem, as faculdades sensíveis.

A Logosofia afirma que “tal como acontece

com os pensamentos, os sentimentos

requerem uma consagração íntima por parte

Multiplicando os afetos.

daquele que se dedique a seu cultivo, devendo

esforçar-se por conservá-los e incrementá-los,

enobrecendo-os gradualmente. Os sentimen-

tos se perpetuam pelo estímulo incessante da

causa que lhes deu origem.” Semelhantes a

uma planta, os sentimentos necessitam ser,

diariamente, alimentados com atitudes, gestos

e palavras para serem conservados e terem

vida no interno do ser humano.

Nos braços que acalentam os bebês,

encontram-se os mais belos e nobres senti-

mentos: o divino amor materno; a gratidão a

Deus pela graça de gerar um filho; o respeito à

vida que lhe foi entregue em confiança, para

ser cuidada, para ser amparada...

Entretanto, com o correr da idade do bebê, os

braços têm que se fazer gigantes, porque os

sentimentos precisam desdobrar-se em novas

e variadas formas de manifestação, crescer

com a criança, com o adolescente que já se

encaminha para a etapa adulta. Criados laços

sensíveis entre pais e filhos, entre alunos e

professores, e também entre os colegas,

passam estes a ocupar um lugar especial no

coração, na consciência e na vida de cada um,

multiplicando os afetos, atraindo mais e mais

amigos.

Dessa forma, a convivência humana ganha

matizes delicados, representados nos gestos

mais nobres, belos, justos, puros e

* Pedagoga pela PUC-MG / Pós-graduada em Docência do Ensino Superior / Diretora Pedagógica do Colégio

Logosófico – Unidade Cidade Nova – BH

12

Page 13: Revista Logosofia

“A arte de educar consiste em

começar ensinando-se primeiro a si

mesmo.” Eis uma orientação da Pedagogia

Logosófica que, aparentemente, aponta para

uma obviedade. De fato, ela destaca algo que

muitos educadores, pais ou professores já

puderam comprovar em suas práticas: para

saber ensinar é preciso, antes de tudo, saber

aprender. Não se pode dar o que não se tem,

não se pode ensinar um caminho que não se

percorreu. Nada tão claro! Mas isso não

significa, absolutamente, que a tarefa seja

simples, como veremos a seguir.

Comecemos pelo fato de que não basta saber

algo; é preciso saber ensinar, é preciso

saber como ensinar. Isso envolve toda

uma docência, um tato, dosagem,

inteligência.

Para saber ensinar é preciso, antes de tudo, saber aprender. Não se pode dar o

que não se tem, não se pode ensinar um caminho que não se percorreu. Nada

tão claro! Mas isso não significa, absolutamente, que a tarefa seja simples

Dulce Regina Feu Alvim Moreira*

Sob esse enfoque, daremos com as formas

corretas e com as formas equivocadas de

atuar ao tratarmos de corrigir a conduta da

criança. As corretas são aquelas que

constroem, enquanto que as outras,

geralmente, são as que apenas reprimem.

Mais do que dizer

“não faça isto!”, é

preciso possibilitar que

o educando saiba a

forma correta de se

comportar

A Correção Conduta da Criança

daformação, dão-lhes vigor, ampliando-os e

conservando-os no curso da vida. Conhecer

cada uma delas – como são e como

funcionam – confere ao docente a posse de

inestimáveis recursos pedagógicos.

As ações docentes acompanhadas dos

sentimentos propiciam o vínculo sensível

entre docente e discente, e também são

poderosos estímulos que podem mover o

educando a se empenhar no cultivo dos

grandes sentimentos.

É importante

destacar que a conservação dos sentimentos

na vida é uma arte, contém segredos, é um

dos tantos conhecimentos em que a

Pedagogia Logosófica se baseia para ativar, no

homem, as faculdades sensíveis.

A Logosofia afirma que “tal como acontece

com os pensamentos, os sentimentos

requerem uma consagração íntima por parte

Multiplicando os afetos.

daquele que se dedique a seu cultivo, devendo

esforçar-se por conservá-los e incrementá-los,

enobrecendo-os gradualmente. Os sentimen-

tos se perpetuam pelo estímulo incessante da

causa que lhes deu origem.” Semelhantes a

uma planta, os sentimentos necessitam ser,

diariamente, alimentados com atitudes, gestos

e palavras para serem conservados e terem

vida no interno do ser humano.

Nos braços que acalentam os bebês,

encontram-se os mais belos e nobres senti-

mentos: o divino amor materno; a gratidão a

Deus pela graça de gerar um filho; o respeito à

vida que lhe foi entregue em confiança, para

ser cuidada, para ser amparada...

Entretanto, com o correr da idade do bebê, os

braços têm que se fazer gigantes, porque os

sentimentos precisam desdobrar-se em novas

e variadas formas de manifestação, crescer

com a criança, com o adolescente que já se

encaminha para a etapa adulta. Criados laços

sensíveis entre pais e filhos, entre alunos e

professores, e também entre os colegas,

passam estes a ocupar um lugar especial no

coração, na consciência e na vida de cada um,

multiplicando os afetos, atraindo mais e mais

amigos.

Dessa forma, a convivência humana ganha

matizes delicados, representados nos gestos

mais nobres, belos, justos, puros e

* Pedagoga pela PUC-MG / Pós-graduada em Docência do Ensino Superior / Diretora Pedagógica do Colégio

Logosófico – Unidade Cidade Nova – BH

12

Page 14: Revista Logosofia

O educador pode, por exemplo, no

intuito de corrigir, utilizar a fórmula

fácil do temor,

-

-

da ameaça ou a da

promessa. Pode, também, apontar o erro e

ficar nisso, na censura, no castigo. É o

procedimento mais comum e, por vezes, o

que traz resultados mais imediatos.

Entretanto, quando se atua dessa forma,

não se propicia o mais importante na alma

do educando: a compreensão do erro ante a

visão clara da conduta correta a ser adotada,

o que abre espaço para o estímulo sincero de

mudar. Durante a correção, o educando

deve ser tocado em seu entendimento,

importantíssima faculdade da mente que é

peça básica em qualquer mudança que se

queira empreender. O ato de reprimir a má

conduta, sem produzir na criança a vontade

de mudar, costuma causar depressão,

tristeza, insegurança, ressentimento e a

sensação de ter sido injustiçada. Se a criança

é de temperamento tímido, verá acentuada a

falta de confiança em si mesma; porém, se

seu temperamento é mais agressivo, rebelde

ou argumentador, por falta da compre

ensão, insistirá na prática do erro, às vezes

explicitamente, às vezes de forma camu

flada, dissimulada.

Em vez de simplesmente reprimir, o ideal é

que o educador aprenda a corrigir, o que

significa ensinar a eliminar o erro e propiciar

o acerto. Isso implica educar para a vida, e

não para o momento. Implica ter segurança

daquilo que se ensina, visando, acima de

tudo, ao bem do educando, e não ao seu

bem-estar imediato.

Por outro lado, são duas

psicologias que estão em jogo: a de quem

ensina e a daquele que recebe a correção. É

indispensável, pois, um conhecimento dessas

duas psicologias.

Em um clima de afeto, na certeza de se estar

ao lado da criança e não contra ela, é possível

fazê-la pensar, para que surja a vontade de

mudar, fator indispensável, pois é ela mesma

quem, de fato, fará culminar o processo da

correção. A criança é quem se corrige, com os

elementos e recursos postos à sua disposição.

O educador poderá ensinar, aconselhar,

encaminhar, exigir, mas a verdadeira correção

só se inicia no momento em que ocorre a

compreensão do erro, a vontade de mudar e,

c o m p l e t a n d o o q u a d r o, a

compreensão clara da

conduta certa a ser

adotada. Assim,

mais do que dizer

“não faça isto”, é

p r e c i s o

possibilitar que o

A verdadeira correção deve ser feita

com afeto e com o sincero empenho

de ajudar.

A orientação da criança é, acima de tudo,

responsabilidade dos próprios pais.

Quando são muitos os que a educam, sem que

entre eles haja a devida unidade de

pensamento e ação, a criança se torna

caprichosa, manhosa. A escola entra como

complemento dessa orientação, como

importante auxiliar. Os pais, ainda que muito

ocupados no atendimento às exigências

profissionais, não podem delegar a outros

essa tarefa que a própria vida lhes confiou. Se

o ideal for difícil de cumprir, que se cumpra o

máximo que lhes for possível.

À criança devem ser dados conceitos

reais, evitando tudo que é falso. Isto facilita

correções no futuro. É importante propiciar

que as crianças adquiram bons hábitos e que

queiram ser boas. Evitar, também, tudo o que

estimule a violência: brincadeiras, brinquedos,

revistas, filmes, jogos, etc. Quando o assunto

são os desvios, também vale a fórmula do

mais vale prevenir que remediar.

Para a educação de uma criança, é impres-

cindível que lhe sejam transmitidos

conceitos reais do que é o homem, do que

é Deus e suas Leis, do que é o Universo. Os

conceitos formados ao longo da vida são os

orientadores da conduta. É importante que os

educandos cresçam gostando da boa conduta,

que se sintam felizes e estimulados, que não

tenham vergonha de ser obedientes aos

princípios de disciplina e de bem, sendo

cumpridores, generosos, gratos, etc.

É importante saber corrigir os caprichos

da criança, não atendê-los. O excesso de

consentimento e de tolerância faz a criança sentir

gosto em suas exigências, e, por esse caminho,

essas exigências crescem até se converterem em

caprichos. Por isso, não se deve mimar a criança

nem atender seus caprichos. Permiti-los costuma

ser a via de formação de um futuro ditador.

Devemos, sim, dar amor e amparo à criança, mas

sempre dentro do natural, e aplaudir sempre suas

ações boas, valorizando seus acertos, ainda que

pequenos.

A criança deve viver, dentro do possível, num

ambiente tranqüilo, de alegria. Alegria que

não significa agitação nem euforia. Quantas

vezes pode-se ensinar brincando! A alegria deve

ser tal qual uma música de fundo na vida do

educando, para que ele seja incentivado a pensar

e desenvolver, sem pressões, seu potencial

hereditário, muitas vezes adormecido por falta

de estímulos.

Antes de corrigir, escutar. Parece algo tão

simples, mas exige do educador consciência na

hora de atuar. A impulsividade leva,

freqüentemente, a um exagero na reação diante

do erro do educando, sem se ouvirem antes suas

razões.

Diálogo. Conversar não é sinônimo de

monólogo. Conversar constantemente vai

criando confiança. O educando tem de saber que

tem o direito de perguntar sempre que não

entender por que deve fazer isto ou aquilo. Deve

aprender a obedecer inteligentemente, ques-

Há aspectos básicos que, segundo a Pedagogia Logosófica, fundamentam a atuação

acertada no processo de correção da conduta de uma criança, seja quem for o

educador da vez. Dentre esses aspectos, destacaremos aqui os seguintes:

15

À criança devem ser dados conceitos reais, evitando

tudo que é falso. Isto facilita correções no futuro

14

Page 15: Revista Logosofia

O educador pode, por exemplo, no

intuito de corrigir, utilizar a fórmula

fácil do temor,

-

-

da ameaça ou a da

promessa. Pode, também, apontar o erro e

ficar nisso, na censura, no castigo. É o

procedimento mais comum e, por vezes, o

que traz resultados mais imediatos.

Entretanto, quando se atua dessa forma,

não se propicia o mais importante na alma

do educando: a compreensão do erro ante a

visão clara da conduta correta a ser adotada,

o que abre espaço para o estímulo sincero de

mudar. Durante a correção, o educando

deve ser tocado em seu entendimento,

importantíssima faculdade da mente que é

peça básica em qualquer mudança que se

queira empreender. O ato de reprimir a má

conduta, sem produzir na criança a vontade

de mudar, costuma causar depressão,

tristeza, insegurança, ressentimento e a

sensação de ter sido injustiçada. Se a criança

é de temperamento tímido, verá acentuada a

falta de confiança em si mesma; porém, se

seu temperamento é mais agressivo, rebelde

ou argumentador, por falta da compre

ensão, insistirá na prática do erro, às vezes

explicitamente, às vezes de forma camu

flada, dissimulada.

Em vez de simplesmente reprimir, o ideal é

que o educador aprenda a corrigir, o que

significa ensinar a eliminar o erro e propiciar

o acerto. Isso implica educar para a vida, e

não para o momento. Implica ter segurança

daquilo que se ensina, visando, acima de

tudo, ao bem do educando, e não ao seu

bem-estar imediato.

Por outro lado, são duas

psicologias que estão em jogo: a de quem

ensina e a daquele que recebe a correção. É

indispensável, pois, um conhecimento dessas

duas psicologias.

Em um clima de afeto, na certeza de se estar

ao lado da criança e não contra ela, é possível

fazê-la pensar, para que surja a vontade de

mudar, fator indispensável, pois é ela mesma

quem, de fato, fará culminar o processo da

correção. A criança é quem se corrige, com os

elementos e recursos postos à sua disposição.

O educador poderá ensinar, aconselhar,

encaminhar, exigir, mas a verdadeira correção

só se inicia no momento em que ocorre a

compreensão do erro, a vontade de mudar e,

c o m p l e t a n d o o q u a d r o, a

compreensão clara da

conduta certa a ser

adotada. Assim,

mais do que dizer

“não faça isto”, é

p r e c i s o

possibilitar que o

A verdadeira correção deve ser feita

com afeto e com o sincero empenho

de ajudar.

A orientação da criança é, acima de tudo,

responsabilidade dos próprios pais.

Quando são muitos os que a educam, sem que

entre eles haja a devida unidade de

pensamento e ação, a criança se torna

caprichosa, manhosa. A escola entra como

complemento dessa orientação, como

importante auxiliar. Os pais, ainda que muito

ocupados no atendimento às exigências

profissionais, não podem delegar a outros

essa tarefa que a própria vida lhes confiou. Se

o ideal for difícil de cumprir, que se cumpra o

máximo que lhes for possível.

À criança devem ser dados conceitos

reais, evitando tudo que é falso. Isto facilita

correções no futuro. É importante propiciar

que as crianças adquiram bons hábitos e que

queiram ser boas. Evitar, também, tudo o que

estimule a violência: brincadeiras, brinquedos,

revistas, filmes, jogos, etc. Quando o assunto

são os desvios, também vale a fórmula do

mais vale prevenir que remediar.

Para a educação de uma criança, é impres-

cindível que lhe sejam transmitidos

conceitos reais do que é o homem, do que

é Deus e suas Leis, do que é o Universo. Os

conceitos formados ao longo da vida são os

orientadores da conduta. É importante que os

educandos cresçam gostando da boa conduta,

que se sintam felizes e estimulados, que não

tenham vergonha de ser obedientes aos

princípios de disciplina e de bem, sendo

cumpridores, generosos, gratos, etc.

É importante saber corrigir os caprichos

da criança, não atendê-los. O excesso de

consentimento e de tolerância faz a criança sentir

gosto em suas exigências, e, por esse caminho,

essas exigências crescem até se converterem em

caprichos. Por isso, não se deve mimar a criança

nem atender seus caprichos. Permiti-los costuma

ser a via de formação de um futuro ditador.

Devemos, sim, dar amor e amparo à criança, mas

sempre dentro do natural, e aplaudir sempre suas

ações boas, valorizando seus acertos, ainda que

pequenos.

A criança deve viver, dentro do possível, num

ambiente tranqüilo, de alegria. Alegria que

não significa agitação nem euforia. Quantas

vezes pode-se ensinar brincando! A alegria deve

ser tal qual uma música de fundo na vida do

educando, para que ele seja incentivado a pensar

e desenvolver, sem pressões, seu potencial

hereditário, muitas vezes adormecido por falta

de estímulos.

Antes de corrigir, escutar. Parece algo tão

simples, mas exige do educador consciência na

hora de atuar. A impulsividade leva,

freqüentemente, a um exagero na reação diante

do erro do educando, sem se ouvirem antes suas

razões.

Diálogo. Conversar não é sinônimo de

monólogo. Conversar constantemente vai

criando confiança. O educando tem de saber que

tem o direito de perguntar sempre que não

entender por que deve fazer isto ou aquilo. Deve

aprender a obedecer inteligentemente, ques-

Há aspectos básicos que, segundo a Pedagogia Logosófica, fundamentam a atuação

acertada no processo de correção da conduta de uma criança, seja quem for o

educador da vez. Dentre esses aspectos, destacaremos aqui os seguintes:

15

À criança devem ser dados conceitos reais, evitando

tudo que é falso. Isto facilita correções no futuro

14

Page 16: Revista Logosofia

É certo que pensar no futuro das

crianças e adolescentes sempre

promove, em pais e educadores, uma

grande apreensão. O cenário no qual se

desenvolverão essas vidas que tanto

dependem de nossa ação educativa se mostra,

nos tempos atuais, muito pouco alentador, ao

caracterizar-se pela presença de mil fatores

adversos, perigosos, e por uma indissimulável

ausência de valores éticos e morais.

Como proteger as crianças e adolescentes

dessa realidade que os cerca e na qual terão de

saber viver, sem que incorramos no seu

cerceamento, sem criar os filhos ou alunos

numa redoma? Como prepará-los para se

defenderem dos pensamentos negativos da

época, ensinando e estimulando atitudes que

contribuam para a constante superação de

suas condutas, com repercussão positiva em

suas vidas e no exemplo que poderão oferecer

aos demais?

Como educar para a vida, tendo em vista

valores permanentes e não apenas aqueles

valores que contemplam as necessidades ou

os estímulos do momento?

foi tão necessário, útil e

instrutivo o conhecimento das defesas mentais

A Logosofia assinala que nunca, como

nos tempos atuais,

defesasCriando

mentepara a

A Logosofia assinala que nunca, como nos tempos atuais, foi tão necessário, útil e

instrutivo o conhecimento das defesas mentais que cada indivíduo pode instituir,

para preservar-se dos males que constantemente ameaçam sua integridade

física, moral e espiritual

Lúcia Maria Soares de Andrade*

uma bala docinha?

É importante saber esperar o resultado. A

mudança na conduta sempre exige um processo,

e esse processo exige um tempo, maior ou

menor. Evidentemente, em nenhum caso deverá

ser uma espera excessiva.

Elimina-se o erro com o acerto. A criança

precisará saber, bem sabido, que vai

experimentar muito mais satisfação fazendo o

bem do que fazendo o mal. Com isso, aprende-

rá a ser valente, a enfrentar os erros, a não

escondê-los ou dissimulá-los, a buscar o acerto.

A boa colocação do educador diante do erro da

criança infundirá nela confiança ante o futuro.

tionando, sim, mas não mais do que o neces-

sário; a argumentação tem de ser respeitosa, e a

palavra final da autoridade tem de ser acatada.

Quando a criança comete um erro, fica eviden-

te que ela necessita de uma explicação,

que deve chegar ao seu entendimento, e o

educador tem de ter segurança do que transmite.

A correção afetuosa e amiga não

constrange, não expõe a criança. Principal-

mente no caso de uma falta mais grave, é

preciso que a criança esteja sozinha no

momento da correção. (Se possível, nem

mesmo outros adultos deverão estar presentes.)

Esquecer isso é incorrer numa ação que

deprime e humilha a quem recebe a correção.

Nesse ambiente de confiança, é possível que o

educando pense, reflita, para que ele mesmo,

ajudado pelo docente, queira e enxergue a

melhor forma de agir.

É de todo recomendável uma enérgica

doçura. Muitas vezes, será preciso também

usar da energia para corrigir a criança, mas a

energia sem violência, usada com a consciência

de que se está fazendo o melhor para o filho,

para o aluno. É a enérgica doçura, que não

pressiona ninguém, que estimula a fazer. Usar

esta técnica exige, por parte de quem educa, um

controle dos próprios pensamentos: ser sereno,

ter tato, ser firme, medir o tom de voz... O

afeto nos faz dar, após uma correção às

vezes severa, uma palavra doce de

compre-ensão e carinho, para

que os racio-cínios feitos

penetrem e se fixem.

Depois do remédio

amargo, quem não aprecia

Como se vê, “a arte de educar consiste

em começar ensinando primeiro a si

mesmo". É uma arte envolvente, complexa

e profunda. Incidem nela vários fatores. Os

educadores são diferentes entre si. Cada

criança é única. Não há normas rígidas a

serem seguidas, mas há fundamentos

essenciais a serem considerados.

Os elementos aqui expostos representam

uma parte apenas da ampla concepção da

Pedagogia Logosófica. Não são – fica claro! –

aplicados isoladamente. Misturam-se e

complementam-se na aplicação diária e

objetivam formar um ser humano feliz e

consciente de sua responsabilidade diante da

própria vida e diante da sociedade em que

vive.

* Bacharela e licenciada em Letras, Línguas Neolatinas pela UFMG / Assessora Educacional do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH

16 17

Page 17: Revista Logosofia

É certo que pensar no futuro das

crianças e adolescentes sempre

promove, em pais e educadores, uma

grande apreensão. O cenário no qual se

desenvolverão essas vidas que tanto

dependem de nossa ação educativa se mostra,

nos tempos atuais, muito pouco alentador, ao

caracterizar-se pela presença de mil fatores

adversos, perigosos, e por uma indissimulável

ausência de valores éticos e morais.

Como proteger as crianças e adolescentes

dessa realidade que os cerca e na qual terão de

saber viver, sem que incorramos no seu

cerceamento, sem criar os filhos ou alunos

numa redoma? Como prepará-los para se

defenderem dos pensamentos negativos da

época, ensinando e estimulando atitudes que

contribuam para a constante superação de

suas condutas, com repercussão positiva em

suas vidas e no exemplo que poderão oferecer

aos demais?

Como educar para a vida, tendo em vista

valores permanentes e não apenas aqueles

valores que contemplam as necessidades ou

os estímulos do momento?

foi tão necessário, útil e

instrutivo o conhecimento das defesas mentais

A Logosofia assinala que nunca, como

nos tempos atuais,

defesasCriando

mentepara a

A Logosofia assinala que nunca, como nos tempos atuais, foi tão necessário, útil e

instrutivo o conhecimento das defesas mentais que cada indivíduo pode instituir,

para preservar-se dos males que constantemente ameaçam sua integridade

física, moral e espiritual

Lúcia Maria Soares de Andrade*

uma bala docinha?

É importante saber esperar o resultado. A

mudança na conduta sempre exige um processo,

e esse processo exige um tempo, maior ou

menor. Evidentemente, em nenhum caso deverá

ser uma espera excessiva.

Elimina-se o erro com o acerto. A criança

precisará saber, bem sabido, que vai

experimentar muito mais satisfação fazendo o

bem do que fazendo o mal. Com isso, aprende-

rá a ser valente, a enfrentar os erros, a não

escondê-los ou dissimulá-los, a buscar o acerto.

A boa colocação do educador diante do erro da

criança infundirá nela confiança ante o futuro.

tionando, sim, mas não mais do que o neces-

sário; a argumentação tem de ser respeitosa, e a

palavra final da autoridade tem de ser acatada.

Quando a criança comete um erro, fica eviden-

te que ela necessita de uma explicação,

que deve chegar ao seu entendimento, e o

educador tem de ter segurança do que transmite.

A correção afetuosa e amiga não

constrange, não expõe a criança. Principal-

mente no caso de uma falta mais grave, é

preciso que a criança esteja sozinha no

momento da correção. (Se possível, nem

mesmo outros adultos deverão estar presentes.)

Esquecer isso é incorrer numa ação que

deprime e humilha a quem recebe a correção.

Nesse ambiente de confiança, é possível que o

educando pense, reflita, para que ele mesmo,

ajudado pelo docente, queira e enxergue a

melhor forma de agir.

É de todo recomendável uma enérgica

doçura. Muitas vezes, será preciso também

usar da energia para corrigir a criança, mas a

energia sem violência, usada com a consciência

de que se está fazendo o melhor para o filho,

para o aluno. É a enérgica doçura, que não

pressiona ninguém, que estimula a fazer. Usar

esta técnica exige, por parte de quem educa, um

controle dos próprios pensamentos: ser sereno,

ter tato, ser firme, medir o tom de voz... O

afeto nos faz dar, após uma correção às

vezes severa, uma palavra doce de

compre-ensão e carinho, para

que os racio-cínios feitos

penetrem e se fixem.

Depois do remédio

amargo, quem não aprecia

Como se vê, “a arte de educar consiste

em começar ensinando primeiro a si

mesmo". É uma arte envolvente, complexa

e profunda. Incidem nela vários fatores. Os

educadores são diferentes entre si. Cada

criança é única. Não há normas rígidas a

serem seguidas, mas há fundamentos

essenciais a serem considerados.

Os elementos aqui expostos representam

uma parte apenas da ampla concepção da

Pedagogia Logosófica. Não são – fica claro! –

aplicados isoladamente. Misturam-se e

complementam-se na aplicação diária e

objetivam formar um ser humano feliz e

consciente de sua responsabilidade diante da

própria vida e diante da sociedade em que

vive.

* Bacharela e licenciada em Letras, Línguas Neolatinas pela UFMG / Assessora Educacional do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH

16 17

Page 18: Revista Logosofia

que cada indivíduo pode instituir, para

preservar-se dos males que constantemente

ameaçam sua integridade física, moral e

espiritual. Tais defesas se situam além dos

conhecimentos curriculares, definindo-se

como recursos de efeitos positivos e

instantâneos. Sua posse e utilização consciente

pela pessoa dependem de conhecimentos que

ela venha a adquirir de sua realidade interna.

Esses conhecimentos, unidos ao uso da

faculdade de pensar, permitem que ela

conheça seus próprios pensamentos, saiba

selecioná-los para servir-se dos melhores,

criando pensamentos próprios em vez de usar

sempre dos alheios. Ao fazê-lo, estará de posse

de uma chave para dominar seu campo mental

e estabelecer suas defesas mentais, protegendo

a si mesma onde quer que se encontre.

A Pedagogia Logosófica, além de oferecer os

recursos para a correção da conduta, atua na

prevenção do erro. Ao apresentar às crianças e

adolescentes, numa medida justa e inteligente,

a realidade do mundo interno de cada um,

estimula a melhor conduta, o cultivo dos

valores morais e éticos. Ensina a ver que todos

possuem, em potencial, os recursos para

superar suas limitações, dando-lhes condições

de desenvolver esses recursos e enfrentar os

desafios da vida com mais valentia e

segurança.

Ao apresentar às crianças e

adolescentes, numa medida justa

e inteligente, a realidade do

mundo interno de cada um, a

Pedagogia Logosófica estimula a

melhor conduta, o cultivo dos

valores morais e éticos

*Graduada em História UPIS – BSB / Pós-graduada em Administração Escolar UNIVERSO – BSB / Diretora do Colégio

Logosófico – Unidade Brasília

Dentre os inúmeros recursos da Pedagogia Logosófica que podemos utilizar em benefício da criação das defesas mentais, destacamos os seguintes:

No terreno de tais realizações

pedagógicas, o cultivo do conhecimento

transcendente adquire um significado especial.

Saber como pensar e ensinar como pensar no

Criador, na Criação, no ser humano e sua

configuração interior enseja uma progressiva e

constante ampliação do conceito de vida por

parte da criança e do adolescente. Permite, por

esse caminho, que cada um consiga traçar com

mais acerto seus objetivos. O bom e estimu-

lante futuro que todos almejam para si já não

estará em perigo diante da realidade dos

desvios em que a humanidade se encontra

atualmente, num mundo imerso em conflitos e

infeliz.

A formação de defesas mentais deverá

iniciar-se ainda na infância. Isto significa

que a ação educativa que conduz a esse fim

deve penetrar no mundo interno da criança e

do adolescente. O ser em formação precisa

compreender o mundo que o cerca, saber

analisá-lo, saber o que fazer por vontade

própria diante de todas as situações, saber por

que deve ou não acatar tal ou qual norma ou

orientação.

pensar;pensar;

Page 19: Revista Logosofia

que cada indivíduo pode instituir, para

preservar-se dos males que constantemente

ameaçam sua integridade física, moral e

espiritual. Tais defesas se situam além dos

conhecimentos curriculares, definindo-se

como recursos de efeitos positivos e

instantâneos. Sua posse e utilização consciente

pela pessoa dependem de conhecimentos que

ela venha a adquirir de sua realidade interna.

Esses conhecimentos, unidos ao uso da

faculdade de pensar, permitem que ela

conheça seus próprios pensamentos, saiba

selecioná-los para servir-se dos melhores,

criando pensamentos próprios em vez de usar

sempre dos alheios. Ao fazê-lo, estará de posse

de uma chave para dominar seu campo mental

e estabelecer suas defesas mentais, protegendo

a si mesma onde quer que se encontre.

A Pedagogia Logosófica, além de oferecer os

recursos para a correção da conduta, atua na

prevenção do erro. Ao apresentar às crianças e

adolescentes, numa medida justa e inteligente,

a realidade do mundo interno de cada um,

estimula a melhor conduta, o cultivo dos

valores morais e éticos. Ensina a ver que todos

possuem, em potencial, os recursos para

superar suas limitações, dando-lhes condições

de desenvolver esses recursos e enfrentar os

desafios da vida com mais valentia e

segurança.

Ao apresentar às crianças e

adolescentes, numa medida justa

e inteligente, a realidade do

mundo interno de cada um, a

Pedagogia Logosófica estimula a

melhor conduta, o cultivo dos

valores morais e éticos

*Graduada em História UPIS – BSB / Pós-graduada em Administração Escolar UNIVERSO – BSB / Diretora do Colégio

Logosófico – Unidade Brasília

Dentre os inúmeros recursos da Pedagogia Logosófica que podemos utilizar em benefício da criação das defesas mentais, destacamos os seguintes:

No terreno de tais realizações

pedagógicas, o cultivo do conhecimento

transcendente adquire um significado especial.

Saber como pensar e ensinar como pensar no

Criador, na Criação, no ser humano e sua

configuração interior enseja uma progressiva e

constante ampliação do conceito de vida por

parte da criança e do adolescente. Permite, por

esse caminho, que cada um consiga traçar com

mais acerto seus objetivos. O bom e estimu-

lante futuro que todos almejam para si já não

estará em perigo diante da realidade dos

desvios em que a humanidade se encontra

atualmente, num mundo imerso em conflitos e

infeliz.

A formação de defesas mentais deverá

iniciar-se ainda na infância. Isto significa

que a ação educativa que conduz a esse fim

deve penetrar no mundo interno da criança e

do adolescente. O ser em formação precisa

compreender o mundo que o cerca, saber

analisá-lo, saber o que fazer por vontade

própria diante de todas as situações, saber por

que deve ou não acatar tal ou qual norma ou

orientação.

pensar;pensar;

Page 20: Revista Logosofia

O valor pedagógico

explicaçãoGraciela Ranieri de Castro Ribeiro*

vida... e também dos perigos ocultos

entre as folhas de cada dia na vida de todos

nós!

Tudo o que ofereçamos à criança deverá, pois,

estar cercado de todo o cuidado e atenção.

A Pedagogia Logosófica recomenda que devemos

apresentar a ela imagens construtivas, relacionadas

ao bem.

A explicação, quando oportuna e adequada à faixa

etária, propicia sempre elementos de alto valor

para a mente. Seja criança ou jovem, a mente

precisa das explicações para desenvolver-se,

explicações que se transformam em matéria-prima

para o trabalho mental, que habilitam o ser a

chegar a conclusões e também a desenvolver o

gosto pela lógica.

Inserir no trabalho educativo o uso das

explicações, para que o educando pense e tenha

elementos para ampliar seu entendimento, é fator

fundamental na formação de um ser

humano que saiba pensar e atuar

bem na

de uma

Eu observava aquela mãe que seguia

com os olhos sua criança bem

novinha, brincando livre e confiante

naquele jardim onde normalmente

havia lagartas. Num dado momento,

não podendo mais se conter, veio a

advertência, num tom de voz acima

do habitual:

– Filhinha, cuidado com as lagartas!

Imediatamente, a criança correu

na direção da mãe, estampando

na fisionomia um grande susto.

*Pedagoga pela UFMG / Professora da Educação Infantil do Colégio Logosófico

– Unidade Funcionários – BH

20 21

O episódio me fez recordar uma das diretrizes que

a Pedagogia Logosófica apresenta a quem se

dispõe a educar-se para, então, poder educar outro

ser: um filho, um aluno... Refere-se à atenção que se

deve dar às causas – muitas vezes em nós – das

nossas atuações docentes e aos efeitos que elas

produzem.

Por que a forma de atuar daquela mãe amedrontou

a filha?

Numa análise ainda que superficial do fato,

percebe-se que não foi oferecido à mente daquela

criança nenhum elemento de defesa. Apenas

houve o alerta para um perigo: a lagarta, que ela

talvez pouco conhecesse. A sugestão do medo

precipitou-se e sobrepôs-se ao gesto educativo que

apontaria para um cuidado que esclareceria uma

situação, que ensinaria uma defesa.

Deve-se sempre ter em conta que a mente da

criança é muito sensível. Nela, as imagens que o

adulto oferece fixam-se com extrema facilidade.

No caso do quase-grito da mamãe, pode-se bem

concluir qual estímulo e qual conteúdo foram

recebidos pela criança, assim como quando se

ameaça com a repreensão do pai, com imagens do

castigo, do inferno.

Oferecer às crianças diretrizes e elementos para

que as faculdades da inteligência funcionem em

harmonia, sem agitação ou abalo, sem sugestões

negativas, é uma tarefa desafiadora que se

apresenta para os adultos. Tudo, principalmente as

atuações docentes, deve contemplar o fato de que,

na idade infantil, a inteligência está em pleno

desenvolvimento: entendimento, razão, a faculdade

de pensar...

Diante de qualquer oportunidade ou situação, seja

num jardim, num supermercado ou numa reunião

de família, não se pode negar à criança uma

explicação; explicação bem dada, sem muitos

rodeios. Os conhecimentos que a criança ouve e

aprende vão formando sua razão, possibilitando-

lhe pensar mais e melhor.

Uma das tantas formas de explicar é conversar com

a criança sobre fatos semelhantes ao que ela esteja

vivendo, ou que tenha vivido recentemente,

utilizando elementos que facilitem seu

entendimento. Outra forma é ajudá-la a estabelecer

relações entre os acontecimentos, levando-a a

perceber que o que se faz agora terá alguma

conseqüência no futuro, mesmo que este futuro

que ela consiga enxergar seja daí a uns poucos

minutos.

Outra técnica muito eficaz é levar o delicado

mecanismo mental da criança a movimentar-se,

por meio da análise do que ela vive, e fazer isso com

imagens claras e acessíveis, com estímulos sempre

positivos.

As crianças gostam das explicações, diríamos

mesmo que elas clamam por isso! Um docente

atento aos maravilhosos resultados que ações

simples como a descrita podem promover nas

crianças descobre que a explicação atenua temores,

defende contra excessos negativos da imaginação,

ilumina inteligências, aquece e aproxima corações...

Uma boa explicação, temperada com o amor da

mamãe ou da professora, amplia o quadro da

verdade que a criança já pode perceber e estimula

nela a formosa aventura do querer saber –

saber a verdade das coisas, das

lagartas, das tantas belezas da

Page 21: Revista Logosofia

O valor pedagógico

explicaçãoGraciela Ranieri de Castro Ribeiro*

vida... e também dos perigos ocultos

entre as folhas de cada dia na vida de todos

nós!

Tudo o que ofereçamos à criança deverá, pois,

estar cercado de todo o cuidado e atenção.

A Pedagogia Logosófica recomenda que devemos

apresentar a ela imagens construtivas, relacionadas

ao bem.

A explicação, quando oportuna e adequada à faixa

etária, propicia sempre elementos de alto valor

para a mente. Seja criança ou jovem, a mente

precisa das explicações para desenvolver-se,

explicações que se transformam em matéria-prima

para o trabalho mental, que habilitam o ser a

chegar a conclusões e também a desenvolver o

gosto pela lógica.

Inserir no trabalho educativo o uso das

explicações, para que o educando pense e tenha

elementos para ampliar seu entendimento, é fator

fundamental na formação de um ser

humano que saiba pensar e atuar

bem na

de uma

Eu observava aquela mãe que seguia

com os olhos sua criança bem

novinha, brincando livre e confiante

naquele jardim onde normalmente

havia lagartas. Num dado momento,

não podendo mais se conter, veio a

advertência, num tom de voz acima

do habitual:

– Filhinha, cuidado com as lagartas!

Imediatamente, a criança correu

na direção da mãe, estampando

na fisionomia um grande susto.

*Pedagoga pela UFMG / Professora da Educação Infantil do Colégio Logosófico

– Unidade Funcionários – BH

20 21

O episódio me fez recordar uma das diretrizes que

a Pedagogia Logosófica apresenta a quem se

dispõe a educar-se para, então, poder educar outro

ser: um filho, um aluno... Refere-se à atenção que se

deve dar às causas – muitas vezes em nós – das

nossas atuações docentes e aos efeitos que elas

produzem.

Por que a forma de atuar daquela mãe amedrontou

a filha?

Numa análise ainda que superficial do fato,

percebe-se que não foi oferecido à mente daquela

criança nenhum elemento de defesa. Apenas

houve o alerta para um perigo: a lagarta, que ela

talvez pouco conhecesse. A sugestão do medo

precipitou-se e sobrepôs-se ao gesto educativo que

apontaria para um cuidado que esclareceria uma

situação, que ensinaria uma defesa.

Deve-se sempre ter em conta que a mente da

criança é muito sensível. Nela, as imagens que o

adulto oferece fixam-se com extrema facilidade.

No caso do quase-grito da mamãe, pode-se bem

concluir qual estímulo e qual conteúdo foram

recebidos pela criança, assim como quando se

ameaça com a repreensão do pai, com imagens do

castigo, do inferno.

Oferecer às crianças diretrizes e elementos para

que as faculdades da inteligência funcionem em

harmonia, sem agitação ou abalo, sem sugestões

negativas, é uma tarefa desafiadora que se

apresenta para os adultos. Tudo, principalmente as

atuações docentes, deve contemplar o fato de que,

na idade infantil, a inteligência está em pleno

desenvolvimento: entendimento, razão, a faculdade

de pensar...

Diante de qualquer oportunidade ou situação, seja

num jardim, num supermercado ou numa reunião

de família, não se pode negar à criança uma

explicação; explicação bem dada, sem muitos

rodeios. Os conhecimentos que a criança ouve e

aprende vão formando sua razão, possibilitando-

lhe pensar mais e melhor.

Uma das tantas formas de explicar é conversar com

a criança sobre fatos semelhantes ao que ela esteja

vivendo, ou que tenha vivido recentemente,

utilizando elementos que facilitem seu

entendimento. Outra forma é ajudá-la a estabelecer

relações entre os acontecimentos, levando-a a

perceber que o que se faz agora terá alguma

conseqüência no futuro, mesmo que este futuro

que ela consiga enxergar seja daí a uns poucos

minutos.

Outra técnica muito eficaz é levar o delicado

mecanismo mental da criança a movimentar-se,

por meio da análise do que ela vive, e fazer isso com

imagens claras e acessíveis, com estímulos sempre

positivos.

As crianças gostam das explicações, diríamos

mesmo que elas clamam por isso! Um docente

atento aos maravilhosos resultados que ações

simples como a descrita podem promover nas

crianças descobre que a explicação atenua temores,

defende contra excessos negativos da imaginação,

ilumina inteligências, aquece e aproxima corações...

Uma boa explicação, temperada com o amor da

mamãe ou da professora, amplia o quadro da

verdade que a criança já pode perceber e estimula

nela a formosa aventura do querer saber –

saber a verdade das coisas, das

lagartas, das tantas belezas da

Page 22: Revista Logosofia

Juliana Zaroni Rabelo de Morais*

A ambiente escolar

formaçãocriança e do jovem

na da

importância do

Não se deve esquecer a força que a figura docente exerce no

ambiente da escola, servindo como exemplo de conduta, esforço e

perseverança na busca do conhecimento

O mundo passa por um momento crítico,

em que não são poucos os sinais de declínio da

cultura vigente. Cotidianamente, a grande maioria

das pessoas vive sua rotina voltada para o acúmulo

de capital, de bens materiais e para o desen-

volvimento de hábitos e costumes que estimulam

a falta de vontade, a inércia e a despreocupação em

relação aos aspectos superiores da vida, como par-

tes de um todo cada vez mais competitivo, indivi-

dualista e intolerante.

Nesse cenário, os educadores tentam desenvolver

sua atividade, visando à formação de seres que

possam reagir a tal situação, estimulando não só o

estudo das disciplinas que compõem o currículo

escolar, mas o exercício das faculdades da

inteligência e da sensibilidade, para que se tornem

seres que pensem e sintam de maneira mais ampla.

Porém, a tarefa não é fácil. Como “competir” com

elementos que estimulam tão fortemente o

consumo desenfreado, a cultura do fácil, o

descrédito aos semelhantes? E tudo isso

influenciando de maneira negativa a formação de

crianças e jovens? Como evitar que pensamentos

de violência, rivalidade e desrespeito – tão

divulgados nos dias atuais – tirem força do

processo educativo do aluno?

A Pedagogia Logosófica preconiza que o ambiente adequado para o

crescimento da criança e do jovem deve ser cálido, agradável,

marcado pela compreensão e pela ausência de agressões

Um dos aspectos apresentados pela

Pedagogia Logosófica é a importância

do ambiente para a formação das crianças;

este deve ser propício à utilização de seu

livre- arbítrio, de maneira consciente, e

constituir-se num convite constante para

que ela sinta vontade de contribuir para a

reestruturação da sociedade em que vive.

Desse modo, propiciar na sala de aula um

ambiente de tolerância e de respeito, onde o

afeto e a liberdade possam prevalecer nas

relações, é uma maneira de transformar a

escola no campo experimental de um novo

modo de relacionamento.

A Pedagogia Logosófica preconiza que o

ambiente adequado para o crescimento da

criança e do jovem deve ser cálido,

agradável, marcado pela compreensão e

pela ausência de agressões. Dessa maneira,

entende-se que a conduta docente, se

marcada por atitudes gentis, equilibradas e

alegres, estimula a colocação mais adequada

do aluno perante os colegas e, sobretudo,

perante si mesmo. Afinal, não é possível

oferecer a terceiros aquilo que não se é

capaz de exercitar na própria psicologia.

23

Page 23: Revista Logosofia

Juliana Zaroni Rabelo de Morais*

A ambiente escolar

formaçãocriança e do jovem

na da

importância do

Não se deve esquecer a força que a figura docente exerce no

ambiente da escola, servindo como exemplo de conduta, esforço e

perseverança na busca do conhecimento

O mundo passa por um momento crítico,

em que não são poucos os sinais de declínio da

cultura vigente. Cotidianamente, a grande maioria

das pessoas vive sua rotina voltada para o acúmulo

de capital, de bens materiais e para o desen-

volvimento de hábitos e costumes que estimulam

a falta de vontade, a inércia e a despreocupação em

relação aos aspectos superiores da vida, como par-

tes de um todo cada vez mais competitivo, indivi-

dualista e intolerante.

Nesse cenário, os educadores tentam desenvolver

sua atividade, visando à formação de seres que

possam reagir a tal situação, estimulando não só o

estudo das disciplinas que compõem o currículo

escolar, mas o exercício das faculdades da

inteligência e da sensibilidade, para que se tornem

seres que pensem e sintam de maneira mais ampla.

Porém, a tarefa não é fácil. Como “competir” com

elementos que estimulam tão fortemente o

consumo desenfreado, a cultura do fácil, o

descrédito aos semelhantes? E tudo isso

influenciando de maneira negativa a formação de

crianças e jovens? Como evitar que pensamentos

de violência, rivalidade e desrespeito – tão

divulgados nos dias atuais – tirem força do

processo educativo do aluno?

A Pedagogia Logosófica preconiza que o ambiente adequado para o

crescimento da criança e do jovem deve ser cálido, agradável,

marcado pela compreensão e pela ausência de agressões

Um dos aspectos apresentados pela

Pedagogia Logosófica é a importância

do ambiente para a formação das crianças;

este deve ser propício à utilização de seu

livre- arbítrio, de maneira consciente, e

constituir-se num convite constante para

que ela sinta vontade de contribuir para a

reestruturação da sociedade em que vive.

Desse modo, propiciar na sala de aula um

ambiente de tolerância e de respeito, onde o

afeto e a liberdade possam prevalecer nas

relações, é uma maneira de transformar a

escola no campo experimental de um novo

modo de relacionamento.

A Pedagogia Logosófica preconiza que o

ambiente adequado para o crescimento da

criança e do jovem deve ser cálido,

agradável, marcado pela compreensão e

pela ausência de agressões. Dessa maneira,

entende-se que a conduta docente, se

marcada por atitudes gentis, equilibradas e

alegres, estimula a colocação mais adequada

do aluno perante os colegas e, sobretudo,

perante si mesmo. Afinal, não é possível

oferecer a terceiros aquilo que não se é

capaz de exercitar na própria psicologia.

23

Page 24: Revista Logosofia

* Bacharela e licenciada em Língua Portuguesa e Literatura / Professora do Colégio Logosófico – Unidade Rio de Janeiro

A instabilidade mental, tão comum na

juventude, perde força quando os

alunos se vêem acolhidos pela escola,

sentindo-se estimulados a realizar as

tarefas escolares, a respeitar os

companheiros e seus professores.

Estimular a organização do espaço

físico da escola e o cultivo de

pensamentos conciliadores, permitindo

que a tolerância, o afeto e o respeito

funcionem como elementos de coesão

em tudo o que envolve o processo de

aprendizado, é instituir um ambiente

que haverá de nutrir esse processo.

Permite-se, assim, a atuação da

consciência, sobretudo se a mente, livre

da influência de pequenos conflitos, for

preservada quanto à livre atuação das

faculdades da inteligência. Este esforço

de organização interna tem como

resultado a redução da influência do

instinto na conduta dos alunos.

favorece a educação de crianças e

jovens, permite gerar energias que

proporcionem à mente melhores

condições para o desenvolvimento do

ser, estimulando o pensar e o sentir

conscientes.

Um ambiente de serenidade,

bem-estar e limpeza moral

Ainda que isso não seja fácil, não se deve

esquecer a força que a figura docente exerce

no ambiente da escola, servindo como

exemplo de conduta, esforço e perseveran-

ça na busca do conhecimento; é preciso que

o professor seja exemplo de alguém

empenhado em sua própria superação e

verdadeiramente dedicado à tarefa de

contribuir para a superação dos demais.

Cabe ao professor estimular o aluno

mediante uma postura diferenciada, inspirá-

lo com atuações que favoreçam não só o

seu processo de aprendizagem, mas

também o seu próprio desenvolvimento

como ser humano.

Afinal, não há tarefa que nos deixe mais

felizes e realizados do que a de favorecer

que os demais também possam ser muito

felizes.

Entretanto, para que a harmonia

prevaleça nos ambientes, apesar dos

inúmeros estímulos negativos aos

quais a juventude está exposta

atualmente, dificultando o processo

de aprendizado e a atuação

docente, é fundamental que o

professor exercite, em sua própria

psicologia, os aspectos aqui

mencionados

Para a Pedagogia Logosófica, a observação é uma faculdade da mente

que, bem utilizada, se faz eminentemente aperfeiçoadora das qualidades

humanas, ou seja, leva a pessoa a superar tudo quanto deva ser superado,

permitindo colher elementos úteis ao próprio bem e ao bem dos demais

Valéria Aparecida Mendonça*

Oobservação

poder da

Voltando o olhar à história da

humanidade, constatamos que a

observação tem sido um importante recurso

utilizado pelo ser humano em suas

descobertas e invenções. Em diversos

momentos da História, ele soube usar essa

grande prerrogativa, o que lhe possibilitou

extrair da Natureza – expressão da inteligência

de Deus e sua maior fonte de inspiração –

conhecimentos que o levaram a criar coisas

maravilhosas, tanto em benefício

próprio quanto no da humanidade.

É impressionante o extraor-

dinário avanço já alcançado pelo

homem em todas as áreas do

domínio científico e tecno-

lógico, numa demonstração

da potência da mente com

que foi dotado. Por outro

lado, o descontentamento, a desorientação e a

insatisfação, experimentados por muitos

diante da vida, têm sido cada vez mais

generalizados entre as pessoas. É uma

situação que evidencia um paradoxo: apesar

do progresso científico-tecnológico no

campo material, esse mesmo homem nos

parece cada dia mais triste e carente.

24

Page 25: Revista Logosofia

* Bacharela e licenciada em Língua Portuguesa e Literatura / Professora do Colégio Logosófico – Unidade Rio de Janeiro

A instabilidade mental, tão comum na

juventude, perde força quando os

alunos se vêem acolhidos pela escola,

sentindo-se estimulados a realizar as

tarefas escolares, a respeitar os

companheiros e seus professores.

Estimular a organização do espaço

físico da escola e o cultivo de

pensamentos conciliadores, permitindo

que a tolerância, o afeto e o respeito

funcionem como elementos de coesão

em tudo o que envolve o processo de

aprendizado, é instituir um ambiente

que haverá de nutrir esse processo.

Permite-se, assim, a atuação da

consciência, sobretudo se a mente, livre

da influência de pequenos conflitos, for

preservada quanto à livre atuação das

faculdades da inteligência. Este esforço

de organização interna tem como

resultado a redução da influência do

instinto na conduta dos alunos.

favorece a educação de crianças e

jovens, permite gerar energias que

proporcionem à mente melhores

condições para o desenvolvimento do

ser, estimulando o pensar e o sentir

conscientes.

Um ambiente de serenidade,

bem-estar e limpeza moral

Ainda que isso não seja fácil, não se deve

esquecer a força que a figura docente exerce

no ambiente da escola, servindo como

exemplo de conduta, esforço e perseveran-

ça na busca do conhecimento; é preciso que

o professor seja exemplo de alguém

empenhado em sua própria superação e

verdadeiramente dedicado à tarefa de

contribuir para a superação dos demais.

Cabe ao professor estimular o aluno

mediante uma postura diferenciada, inspirá-

lo com atuações que favoreçam não só o

seu processo de aprendizagem, mas

também o seu próprio desenvolvimento

como ser humano.

Afinal, não há tarefa que nos deixe mais

felizes e realizados do que a de favorecer

que os demais também possam ser muito

felizes.

Entretanto, para que a harmonia

prevaleça nos ambientes, apesar dos

inúmeros estímulos negativos aos

quais a juventude está exposta

atualmente, dificultando o processo

de aprendizado e a atuação

docente, é fundamental que o

professor exercite, em sua própria

psicologia, os aspectos aqui

mencionados

Para a Pedagogia Logosófica, a observação é uma faculdade da mente

que, bem utilizada, se faz eminentemente aperfeiçoadora das qualidades

humanas, ou seja, leva a pessoa a superar tudo quanto deva ser superado,

permitindo colher elementos úteis ao próprio bem e ao bem dos demais

Valéria Aparecida Mendonça*

Oobservação

poder da

Voltando o olhar à história da

humanidade, constatamos que a

observação tem sido um importante recurso

utilizado pelo ser humano em suas

descobertas e invenções. Em diversos

momentos da História, ele soube usar essa

grande prerrogativa, o que lhe possibilitou

extrair da Natureza – expressão da inteligência

de Deus e sua maior fonte de inspiração –

conhecimentos que o levaram a criar coisas

maravilhosas, tanto em benefício

próprio quanto no da humanidade.

É impressionante o extraor-

dinário avanço já alcançado pelo

homem em todas as áreas do

domínio científico e tecno-

lógico, numa demonstração

da potência da mente com

que foi dotado. Por outro

lado, o descontentamento, a desorientação e a

insatisfação, experimentados por muitos

diante da vida, têm sido cada vez mais

generalizados entre as pessoas. É uma

situação que evidencia um paradoxo: apesar

do progresso científico-tecnológico no

campo material, esse mesmo homem nos

parece cada dia mais triste e carente.

24

Page 26: Revista Logosofia

Temos de lembrar que, lamenta-

velmente, muitas das conquistas da

ciência e da tecnologia constituem, hoje,

perigos que atingem muitos, em especial

nossas crianças e jovens. Diante disso, é

natural que algumas reflexões venham a

nossa mente:

Por que muitas descobertas e invenções, ao

invés de colaborarem para a felicidade do

ser humano, têm trazido a ele tantos

problemas? Se o benefício desses avanços

era tão evidente, e se os esforços empre-

endidos obedeceram a inspirações quase

sempre tão nobres, o que faltou? Será que o

erro está na tecnologia? Na ciência? Ou no

uso que fazemos de seus frutos?

Novamente, temos de fazer prevalecer a

observação, mas a observação consciente-

mente praticada, dirigida desta vez para o

próprio ser interno, onde sempre é fácil

constatar a existência de movimentos

favoráveis e desfavoráveis à felicidade de

cada um de nós. Vemos, ali, a presença de

bons pensamentos, assim como a resis-

tência que pensamentos antigos e negativos

contrapõem ao nosso propósito de ser

melhores, de fazer sempre o bem, valendo-

nos dos elementos positivos colhidos dessa

mesma observação e das demais experi-

ências da vida.

de

favorecer a vida do ser humano, é preciso

que a observação se volte tanto para o que

está fora, a Natureza e o mundo, como para a

realidade que palpita dentro de nós mesmos,

constituída por sistemas, mecanismos,

Para que todo conhecimento cum-

pra seu papel fundamental

A criança deve iniciar-se no aprendizado

da utilização da observação de forma

ampla, ou seja, observando com os olhos

voltados para fora e para dentro,

encontrando nesse poder um dos

elementos fundamentais para uma vida

realmente produtiva e feliz

* Pedagoga pela UFGO / Especialista em Orientação Educacional UFGO /

Pós-graduada em Matemática UFGO / Diretora Pedagógica Geral – Unidade Goiânia

27

energias, recursos, etc. Essa realidade interior

não pode estar dissociada do mundo que nos

cerca, e nosso olhar deve conduzir a

observação e a inteligência nas duas direções.

É essa observação dos fatos e coisas do

mundo íntimo que nos facultará a utilização,

em benefício próprio e de todos, dos co

nhecimentos que tenhamos adquirido

A criança tem, desde a mais tenra idade, a

faculdade de observar muito desenvolvida.

Com que facilidade e rapidez ela percebe

qualquer novidade no espaço que a rodeia,

atentando para detalhes da nossa forma de

vestir, de pentear, ou para aspectos de nossa

fisionomia... Cabe a nós, educadores,

contribuir para o aprimoramento dessa

observação, a fim de que ela cumpra

finalidades superiores em termos de

aperfeiçoamento individual. Que a criança

aprenda, também, a voltar esse olhar para

dentro de si mesma, que se encante com as

maravilhas que ali podem ser observadas e

conhecidas, assim como se encanta com a

cena de um animalzinho cuidando de sua

prole ou com o desabrochar de uma flor.

Um outro aspecto da observação diz

respeito ao grande valor que ela adquire na

convivência com os demais. Quando somos

capazes de perceber na fisionomia do

semelhante aquilo que ocorre em sua

intimidade, colocamo-nos em sintonia com

seu pensar e sentir, podemos ser mais

bondosos em nossos julgamentos, mais

estimulantes em nossas ações.

-

.

A isso devemos acrescentar que as

observações efetuadas sobre os demais

devem também contribuir para o nosso

melhoramento individual, pois da obser-

vação justa e inteligente surge a capacidade

para corrigir os próprios defeitos. Cada se-

melhante se converterá num espelho no qual

cada um haverá de ver projetada sua

imagem.

Dessa forma, a observação possui uma

função específica: para a Pedagogia

Logosófica, trata-se de uma faculdade da

mente que, bem utilizada, se faz eminen-

temente aperfeiçoadora das qualidades

humanas, ou seja, leva a pessoa a superar

tudo quanto deva ser superado, permitindo

colher elementos úteis à prática do bem, a

começar pelo bem que se faz a si mesmo.

A observação é também uma faculdade que

alimenta as demais, oferecendo a elas

muitos elementos que favorecem o seu

movimento, como é o caso das faculdades

de refletir, entender e pensar. A criança deve

iniciar-se no aprendizado de sua utilização

de forma ampla, ou seja, observando com

os olhos voltados para fora e para dentro,

encontrando nesse poder um dos elementos

fundamentais para uma vida realmente

produtiva e feliz.

Page 27: Revista Logosofia

Temos de lembrar que, lamenta-

velmente, muitas das conquistas da

ciência e da tecnologia constituem, hoje,

perigos que atingem muitos, em especial

nossas crianças e jovens. Diante disso, é

natural que algumas reflexões venham a

nossa mente:

Por que muitas descobertas e invenções, ao

invés de colaborarem para a felicidade do

ser humano, têm trazido a ele tantos

problemas? Se o benefício desses avanços

era tão evidente, e se os esforços empre-

endidos obedeceram a inspirações quase

sempre tão nobres, o que faltou? Será que o

erro está na tecnologia? Na ciência? Ou no

uso que fazemos de seus frutos?

Novamente, temos de fazer prevalecer a

observação, mas a observação consciente-

mente praticada, dirigida desta vez para o

próprio ser interno, onde sempre é fácil

constatar a existência de movimentos

favoráveis e desfavoráveis à felicidade de

cada um de nós. Vemos, ali, a presença de

bons pensamentos, assim como a resis-

tência que pensamentos antigos e negativos

contrapõem ao nosso propósito de ser

melhores, de fazer sempre o bem, valendo-

nos dos elementos positivos colhidos dessa

mesma observação e das demais experi-

ências da vida.

de

favorecer a vida do ser humano, é preciso

que a observação se volte tanto para o que

está fora, a Natureza e o mundo, como para a

realidade que palpita dentro de nós mesmos,

constituída por sistemas, mecanismos,

Para que todo conhecimento cum-

pra seu papel fundamental

A criança deve iniciar-se no aprendizado

da utilização da observação de forma

ampla, ou seja, observando com os olhos

voltados para fora e para dentro,

encontrando nesse poder um dos

elementos fundamentais para uma vida

realmente produtiva e feliz

* Pedagoga pela UFGO / Especialista em Orientação Educacional UFGO /

Pós-graduada em Matemática UFGO / Diretora Pedagógica Geral – Unidade Goiânia

27

energias, recursos, etc. Essa realidade interior

não pode estar dissociada do mundo que nos

cerca, e nosso olhar deve conduzir a

observação e a inteligência nas duas direções.

É essa observação dos fatos e coisas do

mundo íntimo que nos facultará a utilização,

em benefício próprio e de todos, dos co

nhecimentos que tenhamos adquirido

A criança tem, desde a mais tenra idade, a

faculdade de observar muito desenvolvida.

Com que facilidade e rapidez ela percebe

qualquer novidade no espaço que a rodeia,

atentando para detalhes da nossa forma de

vestir, de pentear, ou para aspectos de nossa

fisionomia... Cabe a nós, educadores,

contribuir para o aprimoramento dessa

observação, a fim de que ela cumpra

finalidades superiores em termos de

aperfeiçoamento individual. Que a criança

aprenda, também, a voltar esse olhar para

dentro de si mesma, que se encante com as

maravilhas que ali podem ser observadas e

conhecidas, assim como se encanta com a

cena de um animalzinho cuidando de sua

prole ou com o desabrochar de uma flor.

Um outro aspecto da observação diz

respeito ao grande valor que ela adquire na

convivência com os demais. Quando somos

capazes de perceber na fisionomia do

semelhante aquilo que ocorre em sua

intimidade, colocamo-nos em sintonia com

seu pensar e sentir, podemos ser mais

bondosos em nossos julgamentos, mais

estimulantes em nossas ações.

-

.

A isso devemos acrescentar que as

observações efetuadas sobre os demais

devem também contribuir para o nosso

melhoramento individual, pois da obser-

vação justa e inteligente surge a capacidade

para corrigir os próprios defeitos. Cada se-

melhante se converterá num espelho no qual

cada um haverá de ver projetada sua

imagem.

Dessa forma, a observação possui uma

função específica: para a Pedagogia

Logosófica, trata-se de uma faculdade da

mente que, bem utilizada, se faz eminen-

temente aperfeiçoadora das qualidades

humanas, ou seja, leva a pessoa a superar

tudo quanto deva ser superado, permitindo

colher elementos úteis à prática do bem, a

começar pelo bem que se faz a si mesmo.

A observação é também uma faculdade que

alimenta as demais, oferecendo a elas

muitos elementos que favorecem o seu

movimento, como é o caso das faculdades

de refletir, entender e pensar. A criança deve

iniciar-se no aprendizado de sua utilização

de forma ampla, ou seja, observando com

os olhos voltados para fora e para dentro,

encontrando nesse poder um dos elementos

fundamentais para uma vida realmente

produtiva e feliz.

Page 28: Revista Logosofia

Liara Sia Moreira Salles*

Onde estamos? Temos de saber sobre nós mesmos.

Onde estamos nós, educadores, e onde está a criança

ou o jovem que queremos educar? Segundo sejam

nossa capacidade, nossos recursos e, com base nisso,

nosso empenho na ação educativa, assim será a

influência que poderemos exercer sobre o educando

Educar as novas gerações constitui,

cada vez mais, um desafio, pela

complexidade de fatores que interferem no

dia-a-dia das crianças e jovens e – por que

não? – também no cotidiano dos pais e

professores. Afinal, estamos num período

de franca decadência de conceitos e valores

em todo o mundo...

O desafio de educar nossas crianças e

jovens é, pois, altamente instigante! Com

ele, a vida nos traz inúmeros motivos para

observar, pensar, refletir, aprender sempre.

Vida é luta que move à ação, à conquista, e,

por isso mesmo, o desafio de educar

adquire maior transcendência e se

transforma em uma grande oportunidade.

Nossos filhos ou alunos, como seres

humanos, valem muito mais que qualquer

outro bem material. Ninguém diz o

contrário. Sendo assim, vale indagar: se

tanto nos organizamos para prover nossos

lares e nossas escolas dos itens materiais

mais apropriados, como temos nos

organizado para educar nossos filhos e

alunos? Que temos feito para ir além dos

aspectos físicos ou da formação acadêmica,

atendendo ao educando em sua configu-

ração física, psicológica e espiritual?

Reflexões sobre o desafio de

nd aSabe o onde

o he aquerem s c g r,

pr c o nhe isam s co ecer

s c nd õ rnossa o iç es pa a

e o e i ,p rc rr r o cam nho

conhecer nossa

medida

Para a Logosofia, essa questão abre o cenário da verdadeira educação, e, para atendê-

la, precisaremos de um plano de ações em todos os sentidos.

Três pontos são essenciais e se destacam neste plano:

qual é a imagem do ser humano

ideal para nós.

é o ponto de partida, consistindo, por um

lado, na nossa própria realidade; por outro, na realidade

biopsicoespiritual do educando, criança ou jovem, sem

deixar de considerar um só instante os diversos fatores

externos que também fazem parte deste onde estamos, que

são os ambientes em que vivemos (no lar ou na sociedade

em geral), os acontecimentos mundiais, as adversidades ou

fatalidades que podem ocorrer, entre tantos outros.

os recursos para irmos de um ponto a

outro, de onde estamos até aonde queremos chegar.

1.º) Aonde queremos chegar –

2.º) Onde estamos –

3.º) Com que contamos –

geraçõeseducar as novas

28 29

Page 29: Revista Logosofia

Liara Sia Moreira Salles*

Onde estamos? Temos de saber sobre nós mesmos.

Onde estamos nós, educadores, e onde está a criança

ou o jovem que queremos educar? Segundo sejam

nossa capacidade, nossos recursos e, com base nisso,

nosso empenho na ação educativa, assim será a

influência que poderemos exercer sobre o educando

Educar as novas gerações constitui,

cada vez mais, um desafio, pela

complexidade de fatores que interferem no

dia-a-dia das crianças e jovens e – por que

não? – também no cotidiano dos pais e

professores. Afinal, estamos num período

de franca decadência de conceitos e valores

em todo o mundo...

O desafio de educar nossas crianças e

jovens é, pois, altamente instigante! Com

ele, a vida nos traz inúmeros motivos para

observar, pensar, refletir, aprender sempre.

Vida é luta que move à ação, à conquista, e,

por isso mesmo, o desafio de educar

adquire maior transcendência e se

transforma em uma grande oportunidade.

Nossos filhos ou alunos, como seres

humanos, valem muito mais que qualquer

outro bem material. Ninguém diz o

contrário. Sendo assim, vale indagar: se

tanto nos organizamos para prover nossos

lares e nossas escolas dos itens materiais

mais apropriados, como temos nos

organizado para educar nossos filhos e

alunos? Que temos feito para ir além dos

aspectos físicos ou da formação acadêmica,

atendendo ao educando em sua configu-

ração física, psicológica e espiritual?

Reflexões sobre o desafio de

Sabendo aonde

equeremos ch gar,

rp ecisamos conhecer

nossas condições para

,percorrer o caminho

conhecer nossa

medida

Para a Logosofia, essa questão abre o cenário da verdadeira educação, e, para atendê-

la, precisaremos de um plano de ações em todos os sentidos.

Três pontos são essenciais e se destacam neste plano:

qual é a imagem do ser humano

ideal para nós.

é o ponto de partida, consistindo, por um

lado, na nossa própria realidade; por outro, na realidade

biopsicoespiritual do educando, criança ou jovem, sem

deixar de considerar um só instante os diversos fatores

externos que também fazem parte deste onde estamos, que

são os ambientes em que vivemos (no lar ou na sociedade

em geral), os acontecimentos mundiais, as adversidades ou

fatalidades que podem ocorrer, entre tantos outros.

os recursos para irmos de um ponto a

outro, de onde estamos até aonde queremos chegar.

1.º) Aonde queremos chegar –

2.º) Onde estamos –

3.º) Com que contamos –

geraçõeseducar as novas

28 29

Page 30: Revista Logosofia

Iniciemos refletindo sobre o

objetivo: aonde chegar. Qual é o

objetivo da educação que vamos

oferecer? Como é a imagem ideal do

ser humano que queremos ajudar a

formar?

Queremos educar um ser humano

para que seja bom, eficiente e muito

feliz! Sabemos que ele tem de ser

valente, generoso, inteligente, sensí-

vel... E o que mais? Precisa ser

também um bom profissional, um

bom pai ou mãe de família, um cida-

dão correto, alguém útil à sociedade e

a si mesmo...

Realmente, queremos contribuir para

a formação de um indivíduo muito

bom; se fosse possível, quase perfeito!

Entretanto, considerando que não

somos educadores perfeitos, o que

podemos e devemos fazer é educar

uma pessoa que queira aperfeiçoar-se,

e aperfeiçoar-se em termos integrais;

que queira ser melhor em tudo, que

considere a vida como um todo, que a

considere como um campo experimental

para o próprio aperfeiçoamento; que tam-

bém queira servir à humanidade, fazer o

bem, porque esta é uma exigência natural

do espírito humano, uma exigência que

tem muito a ver com a moral, a ética e a

felicidade.

Onde estamos? Onde estamos nós,

educadores, e onde está a criança ou o

jovem que queremos educar? Segundo

sejam nossa capacidade, nossos recursos

e, com base nisso, nosso empenho na ação

educativa, assim será a influência que

poderemos exercer sobre o educando.

De quais recursos dispomos? Que modali-

dades possuímos? Que tempo temos para

essa tarefa?

Sabendo aonde queremos chegar, precisa-

mos conhecer nossas condições para per-

correr o caminho, conhecer nossa medida e,

se esta for insuficiente, saber o que devemos

fazer para ampliá-la.

Temos de saber sobre nós mesmos.

A escola de nossos filhos também deve ser

escolhida com o necessário cuidado, com a

consciência dos objetivos que queremos

alcançar.

É preciso recordar que estaremos escolhen-

do com os olhos sempre postos na imagem

ideal, ou seja, aonde queremos chegar! É

preciso também ter em conta o mundo onde

vivemos, com tudo o que ele apresenta como

fatores positivos e negativos que influem na

educação da infância e da juventude. Os

olhos do educador precisam estar sempre

bem abertos a tudo que ocorre, para

trabalhar com cada um dos aspectos

oferecidos pelo mundo. E, nesse mundo,

estão os amigos de nosso educando, os quais,

especialmente na adolescência, são reais

companheiros e podem colaborar ou

dificultar a ação educativa que queremos

desenvolver.

No trabalho com o

conhecimento

transcendente,

um recurso muito

destacado é o do

uso de imagens

analógicas,

que favorecem a

compreensão

do que se quer

ensinar

E onde nosso educando está?

Como ele é? É uma criança, um

adolescente? O que já sabemos sobre a

constituição psicológica e espiritual de

um ser humano nessa ou naquela idade?

Como é o NOSSO filho, o NOSSO

aluno? Como é sua realidade interna, sua

mente, sua sensibilidade? Segundo a

realidade observada, levantaremos

nossas estratégias educacionais visando o

ideal a alcançar.

E chegamos ao terceiro ponto de nosso

plano: o que se refere aos recursos com

que contamos para ir de onde estamos

até aonde queremos chegar.

Afinal, quais são os recursos docentes, as

técnicas, que podemos utilizar para

responder bem a este desafio de educar?

PECOTCHE, no livro Deficiências e

Propensões do Ser Humano, ensina como

identificar e classificar as nossas próprias

falhas caracterológicas. Explica que

algumas deficiências psicológicas podem

ter origem congênita, na própria herança,

ou surgir por dificuldades experimen-

tadas na infância, por omissões ou erros

no processo educativo. Aprendendo a

identificar em nós tais deficiências,

podemos não só debilitá-las, mas

também observar com superior efici-

ência como elas influem em nossos

educandos, para ajudá-los de maneira

mais eficaz. Por conseguinte, o primeiro

passo é o trabalho que o educador realiza

em si mesmo.

31

Page 31: Revista Logosofia

Iniciemos refletindo sobre o

objetivo: aonde chegar. Qual é o

objetivo da educação que vamos

oferecer? Como é a imagem ideal do

ser humano que queremos ajudar a

formar?

Queremos educar um ser humano

para que seja bom, eficiente e muito

feliz! Sabemos que ele tem de ser

valente, generoso, inteligente, sensí-

vel... E o que mais? Precisa ser

também um bom profissional, um

bom pai ou mãe de família, um cida-

dão correto, alguém útil à sociedade e

a si mesmo...

Realmente, queremos contribuir para

a formação de um indivíduo muito

bom; se fosse possível, quase perfeito!

Entretanto, considerando que não

somos educadores perfeitos, o que

podemos e devemos fazer é educar

uma pessoa que queira aperfeiçoar-se,

e aperfeiçoar-se em termos integrais;

que queira ser melhor em tudo, que

considere a vida como um todo, que a

considere como um campo experimental

para o próprio aperfeiçoamento; que tam-

bém queira servir à humanidade, fazer o

bem, porque esta é uma exigência natural

do espírito humano, uma exigência que

tem muito a ver com a moral, a ética e a

felicidade.

Onde estamos? Onde estamos nós,

educadores, e onde está a criança ou o

jovem que queremos educar? Segundo

sejam nossa capacidade, nossos recursos

e, com base nisso, nosso empenho na ação

educativa, assim será a influência que

poderemos exercer sobre o educando.

De quais recursos dispomos? Que modali-

dades possuímos? Que tempo temos para

essa tarefa?

Sabendo aonde queremos chegar, precisa-

mos conhecer nossas condições para per-

correr o caminho, conhecer nossa medida e,

se esta for insuficiente, saber o que devemos

fazer para ampliá-la.

Temos de saber sobre nós mesmos.

A escola de nossos filhos também deve ser

escolhida com o necessário cuidado, com a

consciência dos objetivos que queremos

alcançar.

É preciso recordar que estaremos escolhen-

do com os olhos sempre postos na imagem

ideal, ou seja, aonde queremos chegar! É

preciso também ter em conta o mundo onde

vivemos, com tudo o que ele apresenta como

fatores positivos e negativos que influem na

educação da infância e da juventude. Os

olhos do educador precisam estar sempre

bem abertos a tudo que ocorre, para

trabalhar com cada um dos aspectos

oferecidos pelo mundo. E, nesse mundo,

estão os amigos de nosso educando, os quais,

especialmente na adolescência, são reais

companheiros e podem colaborar ou

dificultar a ação educativa que queremos

desenvolver.

No trabalho com o

conhecimento

transcendente,

um recurso muito

destacado é o do

uso de imagens

analógicas,

que favorecem a

compreensão

do que se quer

ensinar

E onde nosso educando está?

Como ele é? É uma criança, um

adolescente? O que já sabemos sobre a

constituição psicológica e espiritual de

um ser humano nessa ou naquela idade?

Como é o NOSSO filho, o NOSSO

aluno? Como é sua realidade interna, sua

mente, sua sensibilidade? Segundo a

realidade observada, levantaremos

nossas estratégias educacionais visando o

ideal a alcançar.

E chegamos ao terceiro ponto de nosso

plano: o que se refere aos recursos com

que contamos para ir de onde estamos

até aonde queremos chegar.

Afinal, quais são os recursos docentes, as

técnicas, que podemos utilizar para

responder bem a este desafio de educar?

PECOTCHE, no livro Deficiências e

Propensões do Ser Humano, ensina como

identificar e classificar as nossas próprias

falhas caracterológicas. Explica que

algumas deficiências psicológicas podem

ter origem congênita, na própria herança,

ou surgir por dificuldades experimen-

tadas na infância, por omissões ou erros

no processo educativo. Aprendendo a

identificar em nós tais deficiências,

podemos não só debilitá-las, mas

também observar com superior efici-

ência como elas influem em nossos

educandos, para ajudá-los de maneira

mais eficaz. Por conseguinte, o primeiro

passo é o trabalho que o educador realiza

em si mesmo.

31

Page 32: Revista Logosofia

Não há receitas nem medidas únicas;

nossa atuação deve ser equilibrada e ativa,

sempre inspirada em conhecimentos reais. É

preciso dar muitos elementos e ensinar a

pensar. Nossa atuação educativa não precisa

ser tão forte como um holofote, a ponto de

atordoar com sua luz intensa e impedir que os

educandos caminhem com as próprias

pernas, nem tão tênue como a chama de uma

vela, dificultando a visão do caminho que

precisa ser seguido. Equilíbrio! Aí está uma

das palavras-chave em educação!

Entre as leis que fundamentam a Pedagogia

Logosófica, está a Lei de Analogia. Por isso,

especialmente no trabalho com o conheci-

mento transcendente, um recurso muito

destacado é o do uso de imagens analógicas,

que favorecem a compreensão do que se quer

ensinar.

Num trabalho realizado com alunos de 6

anos, por exemplo, que apresentavam

dificuldades naturais de convivência entre si,

foram enfocados os conceitos de amizade e

de simpatia. Entre os registros realizados em

conjunto, pelos próprios alunos, vale

destacar:

Fizemos uma analogia da amizade com o ímã.

Se quisermos ter bons amigos perto de nós,

temos também que ser bons, alegres, educados

e simpáticos. Aprendemos que a amizade é

muito importante na vida das pessoas.

Pensamos em nossos amigos e nas coisas boas

que fazemos com eles. Estamos descobrindo

que, para os nossos amigos ficarem felizes,

devemos cultivar o respeito no trato com eles.

de suma utilidade,

dizem respeito à correção dos erros. Entre os

conceitos trabalhados está o de redenção de si

mesmo. Os erros são naturais no processo de

aperfeiçoamento, mas têm suas implicações e

responsabilidades. É preciso ensinar às

crianças e aos adolescentes que cada um pode

e deve ser seu próprio redentor. Que saibam

que dentro de si mesmos está a possibilidade

de cometer cada vez menos erros, o que já é

um princípio de redenção. Em seguida, surge a

prática regular de ações acertadas, baseada na

Outros recursos oferecidos pela

Pedagogia Logosófica,

Lei de Repetição. Este, por sinal, é outro

princípio relevante da Pedagogia Logo-

sófica: repetir o que se quer ensinar com

inteligência, com criatividade, repetir su-

perando a vez anterior!

Algo que também merece destaque se

refere à administração consciente dos

estímulos positivos. Que nossa ação

educativa se oriente sempre pelo estímulo,

e não pela repreensão, feita geralmente

com palavras bruscas e violentas. A

tendência comum é dar mais ênfase aos

erros do que aos acertos. Pergunte-se

quanto tempo é gasto no comentário

sobre uma prova escolar quando o filho

chega com um resultado negativo. E

quanto tempo é dedicado aos comen-

tários, quando ele obtém sucesso? Quanto

tempo gastamos com os parabéns? A

ênfase deve recair nos acertos: nos nossos,

nos dos alunos e nos dos nossos filhos.

Assim, tais acertos passam a ser fonte de

novos estímulos, podendo ser repetidos e

aperfeiçoados.

E, quando chegam os acertos, é

importante ensinar à criança e ao jovem que não

devem ser egoístas, guardando esse ouro só para

si. Eis aí outro estímulo: o de estender o bem

aos demais, ou seja, ensinar o que se aprendeu.

Além de influir no cultivo de valores

psicológicos e morais, tal procedimento ajuda

na fixação do que foi aprendido. Aprender

generosamente, como assinala a Pedagogia

Logosófica, é muito estimulante e também

constitui um dos trabalhos relevantes que se

realiza no Colégio Logosófico, onde as crianças,

desde pequenas, e os adolescentes são

estimulados a ensinar o que aprendem.

32 33

A Logosofia oferece

conhecimentos para que

sejamos melhores educadores, e

começa por nos ensinar a realizar

em nós um processo de lapidação

interna. É esse processo que

queremos ver como realidade em

nossos alunos, em nossos filhos, pela

convicção de que nesse caminho

irão conquistando a

verdadeira felicidade!

* Pedagoga pela UEMG / Especialista em

Psicopedagogia / MBA em Gestão de Instituições

Educacionais pela PUC / Diretora Pedagógica do

Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH /

Vice-Coordenadora do Colegiado do Sistema

Logosófico de Educação

Page 33: Revista Logosofia

Não há receitas nem medidas únicas;

nossa atuação deve ser equilibrada e ativa,

sempre inspirada em conhecimentos reais. É

preciso dar muitos elementos e ensinar a

pensar. Nossa atuação educativa não precisa

ser tão forte como um holofote, a ponto de

atordoar com sua luz intensa e impedir que os

educandos caminhem com as próprias

pernas, nem tão tênue como a chama de uma

vela, dificultando a visão do caminho que

precisa ser seguido. Equilíbrio! Aí está uma

das palavras-chave em educação!

Entre as leis que fundamentam a Pedagogia

Logosófica, está a Lei de Analogia. Por isso,

especialmente no trabalho com o conheci-

mento transcendente, um recurso muito

destacado é o do uso de imagens analógicas,

que favorecem a compreensão do que se quer

ensinar.

Num trabalho realizado com alunos de 6

anos, por exemplo, que apresentavam

dificuldades naturais de convivência entre si,

foram enfocados os conceitos de amizade e

de simpatia. Entre os registros realizados em

conjunto, pelos próprios alunos, vale

destacar:

Fizemos uma analogia da amizade com o ímã.

Se quisermos ter bons amigos perto de nós,

temos também que ser bons, alegres, educados

e simpáticos. Aprendemos que a amizade é

muito importante na vida das pessoas.

Pensamos em nossos amigos e nas coisas boas

que fazemos com eles. Estamos descobrindo

que, para os nossos amigos ficarem felizes,

devemos cultivar o respeito no trato com eles.

de suma utilidade,

dizem respeito à correção dos erros. Entre os

conceitos trabalhados está o de redenção de si

mesmo. Os erros são naturais no processo de

aperfeiçoamento, mas têm suas implicações e

responsabilidades. É preciso ensinar às

crianças e aos adolescentes que cada um pode

e deve ser seu próprio redentor. Que saibam

que dentro de si mesmos está a possibilidade

de cometer cada vez menos erros, o que já é

um princípio de redenção. Em seguida, surge a

prática regular de ações acertadas, baseada na

Outros recursos oferecidos pela

Pedagogia Logosófica,

Lei de Repetição. Este, por sinal, é outro

princípio relevante da Pedagogia Logo-

sófica: repetir o que se quer ensinar com

inteligência, com criatividade, repetir su-

perando a vez anterior!

Algo que também merece destaque se

refere à administração consciente dos

estímulos positivos. Que nossa ação

educativa se oriente sempre pelo estímulo,

e não pela repreensão, feita geralmente

com palavras bruscas e violentas. A

tendência comum é dar mais ênfase aos

erros do que aos acertos. Pergunte-se

quanto tempo é gasto no comentário

sobre uma prova escolar quando o filho

chega com um resultado negativo. E

quanto tempo é dedicado aos comen-

tários, quando ele obtém sucesso? Quanto

tempo gastamos com os parabéns? A

ênfase deve recair nos acertos: nos nossos,

nos dos alunos e nos dos nossos filhos.

Assim, tais acertos passam a ser fonte de

novos estímulos, podendo ser repetidos e

aperfeiçoados.

E, quando chegam os acertos, é

importante ensinar à criança e ao jovem que não

devem ser egoístas, guardando esse ouro só para

si. Eis aí outro estímulo: o de estender o bem

aos demais, ou seja, ensinar o que se aprendeu.

Além de influir no cultivo de valores

psicológicos e morais, tal procedimento ajuda

na fixação do que foi aprendido. Aprender

generosamente, como assinala a Pedagogia

Logosófica, é muito estimulante e também

constitui um dos trabalhos relevantes que se

realiza no Colégio Logosófico, onde as crianças,

desde pequenas, e os adolescentes são

estimulados a ensinar o que aprendem.

32 33

A Logosofia oferece

conhecimentos para que

sejamos melhores educadores, e

começa por nos ensinar a realizar

em nós um processo de lapidação

interna. É esse processo que

queremos ver como realidade em

nossos alunos, em nossos filhos, pela

convicção de que nesse caminho

irão conquistando a

verdadeira felicidade!

* Pedagoga pela UEMG / Especialista em

Psicopedagogia / MBA em Gestão de Instituições

Educacionais pela PUC / Diretora Pedagógica do

Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH /

Vice-Coordenadora do Colegiado do Sistema

Logosófico de Educação

Page 34: Revista Logosofia

Certa vez, ao preparar-me para uma conversa com pais de alunos adolescentes

sobre o que é ser bom nos dias de hoje, repassei mentalmente algumas das muitas

perguntas que as pessoas têm sobre esse assunto. Perguntas embaraçosas, muitas

vezes, como estas:

Afinal de contas, como ensinar a ser bom num mundo povoado de maldades? E essa

história de fazer o bem sem olhar a quem, quanto vale? E quanto vale ser bom? O

simples ato de não fazer o mal significa que estamos quites com as leis da

consciência, ou as leis da vida?

Ensinando a ser bom, mas não ingênuo

Afinal de contas, como ensinar a ser bom num mundo povoado de maldades?

Mas as dificuldades das pessoas vão além: O

bem é uma invenção do homem ou um

mandado divino? E o mal? Um e outro são

relativos? Como ensinar nossos filhos a ser

generosos, pessoas de bem, sem fazê-los

resvalar para a ingenuidade? No frigir dos

ovos, o que é mesmo ser bom?

Sabemos que só boa intenção – ainda que

seja muito boa – não basta. Fazer o bem

exige conhecimento. É definitiva a lição que

avulta na história de quem sai pela floresta

em busca de uma planta medicinal que não

conhece, com a bondosa intenção de curar a

outrem. A seguir dependendo de boas

intenções, sem o respaldo do conhecimento,

o doente seguirá com a doença.

Mas que tipo de conhecimento é necessário

possuir para fazer o bem? Das matemáticas?

Sim. Sem esse conhecimento, o engenheiro

não pode fazer os cálculos para a construção

de tantas coisas. Conhecimento de geogra-

fia? Também. A menina que previu o

tsunâmi, ao recordar-se do que havia apren-

dido na escola, salvou muitas vidas. E o que

falar do bem trazido ao mundo pelos

conhecimentos da medicina, da informática,

da mecânica, etc.?

Mas há uma outra categoria de conhecimen-

tos que é imprescindível cultivar. São eles os

que habilitam a pessoa a discernir entre o

bem e o mal, a determinar, a cada passo, a

medida certa de uma conduta, o momento

adequado para uma palavra, a forma eficaz

Conhecimento do mundo interno.

de esboçar um gesto de bem, a fórmula

inteligente do ser bom sem cair na

ingenuidade.

Referimo-nos ao conhecimento que a

pessoa pode ter de seu mundo interno, a

começar pelo conhecimento da própria

mente, pois é nela que as atuações boas e

más têm seu berço.

Mas esse voltar os olhos para o mundo

interno, como tudo mais, exige conhe-

cimento. Se aprendermos a fazê-lo conosco,

certamente saberemos fazê-lo com nossos

filhos.

A um adolescente que certa vez

me procurou, entristecido, dizendo que os

colegas não quiseram incluí-lo num grupo

de trabalho, perguntei: Mas por que fizeram

isso? Com o conhecimento que eu já tinha

das características psicológicas mais

marcantes desse adolescente, pude conduzi-

lo com reflexões até um exame sincero e

valente de sua conduta.

Causas do bem e do mal que

fazemos.

“Todo gesto generoso, todo

oferecimento de ajuda,

ainda que nas coisas mais

simples, cultiva a simpatia

e desperta sadias reações

de amizade e sinceridade”

34 35

Simone Castro de Miranda Raposo*

Page 35: Revista Logosofia

Certa vez, ao preparar-me para uma conversa com pais de alunos adolescentes

sobre o que é ser bom nos dias de hoje, repassei mentalmente algumas das muitas

perguntas que as pessoas têm sobre esse assunto. Perguntas embaraçosas, muitas

vezes, como estas:

Afinal de contas, como ensinar a ser bom num mundo povoado de maldades? E essa

história de fazer o bem sem olhar a quem, quanto vale? E quanto vale ser bom? O

simples ato de não fazer o mal significa que estamos quites com as leis da

consciência, ou as leis da vida?

Ensinando a ser bom, mas não ingênuo

Afinal de contas, como ensinar a ser bom num mundo povoado de maldades?

Mas as dificuldades das pessoas vão além: O

bem é uma invenção do homem ou um

mandado divino? E o mal? Um e outro são

relativos? Como ensinar nossos filhos a ser

generosos, pessoas de bem, sem fazê-los

resvalar para a ingenuidade? No frigir dos

ovos, o que é mesmo ser bom?

Sabemos que só boa intenção – ainda que

seja muito boa – não basta. Fazer o bem

exige conhecimento. É definitiva a lição que

avulta na história de quem sai pela floresta

em busca de uma planta medicinal que não

conhece, com a bondosa intenção de curar a

outrem. A seguir dependendo de boas

intenções, sem o respaldo do conhecimento,

o doente seguirá com a doença.

Mas que tipo de conhecimento é necessário

possuir para fazer o bem? Das matemáticas?

Sim. Sem esse conhecimento, o engenheiro

não pode fazer os cálculos para a construção

de tantas coisas. Conhecimento de geogra-

fia? Também. A menina que previu o

tsunâmi, ao recordar-se do que havia apren-

dido na escola, salvou muitas vidas. E o que

falar do bem trazido ao mundo pelos

conhecimentos da medicina, da informática,

da mecânica, etc.?

Mas há uma outra categoria de conhecimen-

tos que é imprescindível cultivar. São eles os

que habilitam a pessoa a discernir entre o

bem e o mal, a determinar, a cada passo, a

medida certa de uma conduta, o momento

adequado para uma palavra, a forma eficaz

Conhecimento do mundo interno.

de esboçar um gesto de bem, a fórmula

inteligente do ser bom sem cair na

ingenuidade.

Referimo-nos ao conhecimento que a

pessoa pode ter de seu mundo interno, a

começar pelo conhecimento da própria

mente, pois é nela que as atuações boas e

más têm seu berço.

Mas esse voltar os olhos para o mundo

interno, como tudo mais, exige conhe-

cimento. Se aprendermos a fazê-lo conosco,

certamente saberemos fazê-lo com nossos

filhos.

A um adolescente que certa vez

me procurou, entristecido, dizendo que os

colegas não quiseram incluí-lo num grupo

de trabalho, perguntei: Mas por que fizeram

isso? Com o conhecimento que eu já tinha

das características psicológicas mais

marcantes desse adolescente, pude conduzi-

lo com reflexões até um exame sincero e

valente de sua conduta.

Causas do bem e do mal que

fazemos.

“Todo gesto generoso, todo

oferecimento de ajuda,

ainda que nas coisas mais

simples, cultiva a simpatia

e desperta sadias reações

de amizade e sinceridade”

34 35

Simone Castro de Miranda Raposo*

Page 36: Revista Logosofia

Num lindo esforço, ele identificou em si a

causa principal de tudo, uma causa interna.

Reconheceu ter o hábito de brincar

enquanto todos trabalhavam, de ser quase

sempre impontual, indiferente quanto ao

aprendizado, preocupando-se tão-somente

com o resultado final: a nota que seria

distribuída.

Chegados a esse ponto, pude ajudá-lo na

formulação de um plano de mudanças, cujo

modelo retirei de trabalhos análogos que eu

já fizera comigo mesma, orientada pela

Pedagogia Logosófica.

A técnica de mergulhar nos exige, sempre,

um conhecimento, seja em águas que nos

prometem ostras ou emoções, seja no

mundo interno próprio, onde estão as causas

do bem e do mal que fazemos com nossas

palavras, nossos gestos e ações.

Outro

ponto importante nesse afã pedagógico é o

de ensinar a pensar. Quem pensa não é

ingênuo. Quem possui mais conhecimentos

pensa melhor. É o caminho traçado pela

análise do vivido, pela reflexão sobre o

observado, pela solução dos porquês.

Mas, para ensinar isso, também temos que,

primeiro, aprender. É necessário o

conhecimento para que exercitemos nosso

pensar e ensinemos esse exercício, com

eficiência, aos menores.

E tudo começa com a distinção entre o ato

de pensar e os pensamentos como entidades

autônomas, como ensina a Logosofia, cuja

Raciocínios vigorosos e férteis.

pedagogia é pródiga no estímulo dado à

alma juvenil para a vivência consciente do

sentimento de camaradagem, do afeto

fraterno, da bondade verdadeira, que não se

confunde com o sentimentalismo ou com a

ingenuidade.

É uma pedagogia que leva em conta ser

"muito importante que o espírito de

colaboração presida constantemente o

ânimo do ser na juventude. Dulcificará,

assim, a existência daqueles que o rodeiam e

desfrutará, por sua vez, o bem que outros

possam oferecer-lhe; para tudo isso, bastará

tão-somente usar do sentimento de

fraternidade humana. Todo gesto generoso,

todo oferecimento de ajuda, ainda que nas

coisas mais simples, cultiva a simpatia e

desperta sadias reações de amizade e

sinceridade”.

Crianças e adolescentes necessitam sempre

de estímulos sadios e nobres, vindos de

quem já os tenha; necessitam de raciocínios

vigorosos e férteis sobre sua conduta,

vindos de quem já aprendeu a fazê-los.

Nos dias que correm, é cada vez mais

urgente orientá-los sobre as experiências

instrutivas das lutas diárias, sobre o modo de

conduzir-se e, principalmente, sobre a

importância que a edificação do futuro tem

para eles mesmos e para a sociedade.

Importância da edificação do futuro.

* Pedagoga UEMG / Assessora Educacional do Ensino Médio no Colégio Logosófico – Unidade

Funcionários – BH

Caráter em formação. Como podemos conceituar o

caráter? Qualidade inerente a uma pessoa? Conjunto de

traços psicológicos? Modo de ser? Temperamento?

Índole?

E, quando dizemos formação do caráter, a que nos estamos

referindo? Podemos influir na formação do caráter de

alguém, de um aluno? Ou será que todos nascemos com o

caráter já definido, sendo, portanto, imutável?

Pensamos que não. Sabemos que podemos mudar, que nossos

alunos, nossos filhos, podem mudar, e encontramos na Pedagogia

Logosófica elementos inestimáveis para favorecer, para orientar essa

mudança. Entretanto, cabem aqui outras perguntas:

Temos o direito de interferir na formação do caráter de

uma criança, de um adolescente, ou isto significaria

moldar esse indivíduo? É possível favorecer uma

mudança positiva sem moldar, sem limitar?

E ainda: Na criança o caráter está em formação, mas... e no

adolescente?

Os estímulos e a formação do

caráterMayra de Castro Miranda Araújo*

36 37

Os primeiros estímulos que a criança recebe gravam-se em sua retina mental

com muita intensidade, porque sua mente é terra virgem e fértil. E, se esses

estímulos se repetem com freqüência, vão contribuindo para a formação do seu

caráter, influenciando toda a sua vida!

Page 37: Revista Logosofia

Num lindo esforço, ele identificou em si a

causa principal de tudo, uma causa interna.

Reconheceu ter o hábito de brincar

enquanto todos trabalhavam, de ser quase

sempre impontual, indiferente quanto ao

aprendizado, preocupando-se tão-somente

com o resultado final: a nota que seria

distribuída.

Chegados a esse ponto, pude ajudá-lo na

formulação de um plano de mudanças, cujo

modelo retirei de trabalhos análogos que eu

já fizera comigo mesma, orientada pela

Pedagogia Logosófica.

A técnica de mergulhar nos exige, sempre,

um conhecimento, seja em águas que nos

prometem ostras ou emoções, seja no

mundo interno próprio, onde estão as causas

do bem e do mal que fazemos com nossas

palavras, nossos gestos e ações.

Outro

ponto importante nesse afã pedagógico é o

de ensinar a pensar. Quem pensa não é

ingênuo. Quem possui mais conhecimentos

pensa melhor. É o caminho traçado pela

análise do vivido, pela reflexão sobre o

observado, pela solução dos porquês.

Mas, para ensinar isso, também temos que,

primeiro, aprender. É necessário o

conhecimento para que exercitemos nosso

pensar e ensinemos esse exercício, com

eficiência, aos menores.

E tudo começa com a distinção entre o ato

de pensar e os pensamentos como entidades

autônomas, como ensina a Logosofia, cuja

Raciocínios vigorosos e férteis.

pedagogia é pródiga no estímulo dado à

alma juvenil para a vivência consciente do

sentimento de camaradagem, do afeto

fraterno, da bondade verdadeira, que não se

confunde com o sentimentalismo ou com a

ingenuidade.

É uma pedagogia que leva em conta ser

"muito importante que o espírito de

colaboração presida constantemente o

ânimo do ser na juventude. Dulcificará,

assim, a existência daqueles que o rodeiam e

desfrutará, por sua vez, o bem que outros

possam oferecer-lhe; para tudo isso, bastará

tão-somente usar do sentimento de

fraternidade humana. Todo gesto generoso,

todo oferecimento de ajuda, ainda que nas

coisas mais simples, cultiva a simpatia e

desperta sadias reações de amizade e

sinceridade”.

Crianças e adolescentes necessitam sempre

de estímulos sadios e nobres, vindos de

quem já os tenha; necessitam de raciocínios

vigorosos e férteis sobre sua conduta,

vindos de quem já aprendeu a fazê-los.

Nos dias que correm, é cada vez mais

urgente orientá-los sobre as experiências

instrutivas das lutas diárias, sobre o modo de

conduzir-se e, principalmente, sobre a

importância que a edificação do futuro tem

para eles mesmos e para a sociedade.

Importância da edificação do futuro.

* Pedagoga UEMG / Assessora Educacional do Ensino Médio no Colégio Logosófico – Unidade

Funcionários – BH

Caráter em formação. Como podemos conceituar o

caráter? Qualidade inerente a uma pessoa? Conjunto de

traços psicológicos? Modo de ser? Temperamento?

Índole?

E, quando dizemos formação do caráter, a que nos estamos

referindo? Podemos influir na formação do caráter de

alguém, de um aluno? Ou será que todos nascemos com o

caráter já definido, sendo, portanto, imutável?

Pensamos que não. Sabemos que podemos mudar, que nossos

alunos, nossos filhos, podem mudar, e encontramos na Pedagogia

Logosófica elementos inestimáveis para favorecer, para orientar essa

mudança. Entretanto, cabem aqui outras perguntas:

Temos o direito de interferir na formação do caráter de

uma criança, de um adolescente, ou isto significaria

moldar esse indivíduo? É possível favorecer uma

mudança positiva sem moldar, sem limitar?

E ainda: Na criança o caráter está em formação, mas... e no

adolescente?

Os estímulos e a formação do

caráterMayra de Castro Miranda Araújo*

36 37

Os primeiros estímulos que a criança recebe gravam-se em sua retina mental

com muita intensidade, porque sua mente é terra virgem e fértil. E, se esses

estímulos se repetem com freqüência, vão contribuindo para a formação do seu

caráter, influenciando toda a sua vida!

Page 38: Revista Logosofia

Bens preciosos. Para responder a essas

perguntas, é preciso considerar a constituição

biopsicoespiritual do ser humano. No

momento de nascer, cada pessoa tem, latentes

em si mesma, impressas em sua herança

individual, as características conquistadas até

aquele instante, assim como as prerrogativas

inerentes ao seu grau de evolução. Essa

herança é como se fosse um grande arquivo

onde são guardados os bens espirituais,

conquistados nas diversas etapas de sua

existência.

A partir daí, esse potencial – com o qual todos

nascemos – será influenciado constantemente

pelos estímulos que recebe e, conforme seja

sua índole, positiva ou negativa , esse potencial

vai se enriquecendo ou desvanecendo. Podem-

se acrescentar valores ao grande arquivo,

multiplicá-los ou deixá-los como em sua

origem; podem-se ainda colocar nele apenas

entulhos ou – quem sabe? – usufruir os bens

preciosos que guarda.

Seria uma equação mais ou menos assim:

Cada termo dessa equação tem um valor

específico e único. Esta realidade pode ser

observada com clareza num lar com mais de

um filho: cada um tem sua herança, sua

modalidade, e, se somarmos a essas

características os mesmos estímulos, os resul-

tados serão diferentes! Podemos, ainda,

acompanhar situação diversa: crianças com

potenciais parecidos e que recebem estímulos

diferentes apresentam, posteriormente, resulta-

dos bem diferentes também.

Ser humano (educando) =

herança individual +

estímulos que recebe(no lar, na escola, nos relacionamentos e na vida em geral)

Analisando uma planta, constatamos que

todos os fatores podem influir no seu

crescimento; entretanto, nenhum deles pode

ir além das possibilidades impressas na

semente original, é um crescimento

condicionado às características da semente.

Não há como, por mais adequadas que sejam

as condições, fazer nascer uma laranjeira de

uma semente de maçã, por exemplo; mas

podemos, sim, favorecer o surgimento de

uma macieira linda e forte, ou deixar crescer

uma outra, anãzinha, fraca, que venha a dar

poucos frutos... Isso vai depender dos

elementos que envolverem o cuidado com a

planta.

Detendo nosso olhar na coluna correspon-

dente à criança e ao adolescente que estão

sob nossa responsabilidade, veremos,

analogamente, uma herança que deve ser

conhecida, respeitada, que determina certas

características e possibilidades. Não há como

exigir uma mudança que fuja à modalidade

expressa na herança de alguém, mas vemos

um campo de atuação rico e de suma

importância para a construção do futuro de

cada indivíduo, isto é, para esta planta em que

cada um se vai transformando ao longo de

muitas primaveras... No espírito humano há

ainda a possibilidade de se realizarem

transformações extraordinárias, capazes até

mesmo de dar nascimento a uma nova linha

genealógica.

As tendências negativas trazidas como

herança tanto podem ser corrigidas,

amenizadas, como podem arraigar-se. As

Região mental e sensível muito sutil.

positivas, por sua vez, podem solidificar-se, ser

superadas e enaltecidas ou, lamentavelmente,

podem também se perder.

Portanto, os estímulos que a criança e o

adolescente recebem são decisivos no

desenvolvimento de suas tendências. Esses

estímulos são importantes nas duas fases da

vida do ser humano e até mesmo em nós,

adultos; mas, na criança, os estímulos exercem

um fator especial, pois todas as coisas a

impressionam profundamente, de tal forma

que, segundo sejam os estímulos, assim serão

as reações que apresenta. Já no adolescente, no

jovem, no adulto, as coisas repercutem de

forma e intensidade diferentes.

A repercussão dos estímulos varia de acordo

com a idade e as características psicológicas do

indivíduo que está sob nossa influência; assim

como acontece com uma planta, a criança é

aquela mudinha bem delicada que pode

murchar com apenas uma breve exposição ao

sol forte, pois ela possui uma região mental e

outra sensível muito sutis. Veremos melhor essa realidade fazendo uma analogia entre o que acontece a uma

planta e a uma criança ou adolescente:

Em sua herança encontram-se impressas as características individuais, suas modalidades, possibilidades...

Influem no seu desenvolvimento:

ambiente do lar, da escola as orientações que recebeo que ouve e vêconceitos que vão formando seu caráteras más influências que recebeas repreensões e correçõesos limites que lhe são impostosetc.

Em sua semente encontram-se impressas as características individuais de sua espécie, suas possibilidades...

Na planta Na criança/No adolescente

Influem no seu crescimento:

solo onde é plantadaa luz que recebe

a água o aduboas pragasos controladores das pragasas podas etc.

38 39

Herança que deve ser conhecida e respeitada

Cada criança e cada

adolescente devem

receber estímulos

segundo sua

necessidade, sua

modalidade e

capacidade

Page 39: Revista Logosofia

Bens preciosos. Para responder a essas

perguntas, é preciso considerar a constituição

biopsicoespiritual do ser humano. No

momento de nascer, cada pessoa tem, latentes

em si mesma, impressas em sua herança

individual, as características conquistadas até

aquele instante, assim como as prerrogativas

inerentes ao seu grau de evolução. Essa

herança é como se fosse um grande arquivo

onde são guardados os bens espirituais,

conquistados nas diversas etapas de sua

existência.

A partir daí, esse potencial – com o qual todos

nascemos – será influenciado constantemente

pelos estímulos que recebe e, conforme seja

sua índole, positiva ou negativa , esse potencial

vai se enriquecendo ou desvanecendo. Podem-

se acrescentar valores ao grande arquivo,

multiplicá-los ou deixá-los como em sua

origem; podem-se ainda colocar nele apenas

entulhos ou – quem sabe? – usufruir os bens

preciosos que guarda.

Seria uma equação mais ou menos assim:

Cada termo dessa equação tem um valor

específico e único. Esta realidade pode ser

observada com clareza num lar com mais de

um filho: cada um tem sua herança, sua

modalidade, e, se somarmos a essas

características os mesmos estímulos, os resul-

tados serão diferentes! Podemos, ainda,

acompanhar situação diversa: crianças com

potenciais parecidos e que recebem estímulos

diferentes apresentam, posteriormente, resulta-

dos bem diferentes também.

Ser humano (educando) =

herança individual +

estímulos que recebe(no lar, na escola, nos relacionamentos e na vida em geral)

Analisando uma planta, constatamos que

todos os fatores podem influir no seu

crescimento; entretanto, nenhum deles pode

ir além das possibilidades impressas na

semente original, é um crescimento

condicionado às características da semente.

Não há como, por mais adequadas que sejam

as condições, fazer nascer uma laranjeira de

uma semente de maçã, por exemplo; mas

podemos, sim, favorecer o surgimento de

uma macieira linda e forte, ou deixar crescer

uma outra, anãzinha, fraca, que venha a dar

poucos frutos... Isso vai depender dos

elementos que envolverem o cuidado com a

planta.

Detendo nosso olhar na coluna correspon-

dente à criança e ao adolescente que estão

sob nossa responsabilidade, veremos,

analogamente, uma herança que deve ser

conhecida, respeitada, que determina certas

características e possibilidades. Não há como

exigir uma mudança que fuja à modalidade

expressa na herança de alguém, mas vemos

um campo de atuação rico e de suma

importância para a construção do futuro de

cada indivíduo, isto é, para esta planta em que

cada um se vai transformando ao longo de

muitas primaveras... No espírito humano há

ainda a possibilidade de se realizarem

transformações extraordinárias, capazes até

mesmo de dar nascimento a uma nova linha

genealógica.

As tendências negativas trazidas como

herança tanto podem ser corrigidas,

amenizadas, como podem arraigar-se. As

Região mental e sensível muito sutil.

positivas, por sua vez, podem solidificar-se, ser

superadas e enaltecidas ou, lamentavelmente,

podem também se perder.

Portanto, os estímulos que a criança e o

adolescente recebem são decisivos no

desenvolvimento de suas tendências. Esses

estímulos são importantes nas duas fases da

vida do ser humano e até mesmo em nós,

adultos; mas, na criança, os estímulos exercem

um fator especial, pois todas as coisas a

impressionam profundamente, de tal forma

que, segundo sejam os estímulos, assim serão

as reações que apresenta. Já no adolescente, no

jovem, no adulto, as coisas repercutem de

forma e intensidade diferentes.

A repercussão dos estímulos varia de acordo

com a idade e as características psicológicas do

indivíduo que está sob nossa influência; assim

como acontece com uma planta, a criança é

aquela mudinha bem delicada que pode

murchar com apenas uma breve exposição ao

sol forte, pois ela possui uma região mental e

outra sensível muito sutis. Veremos melhor essa realidade fazendo uma analogia entre o que acontece a uma

planta e a uma criança ou adolescente:

Em sua herança encontram-se impressas as características individuais, suas modalidades, possibilidades...

Influem no seu desenvolvimento:

ambiente do lar, da escola as orientações que recebeo que ouve e vêconceitos que vão formando seu caráteras más influências que recebeas repreensões e correçõesos limites que lhe são impostosetc.

Em sua semente encontram-se impressas as características individuais de sua espécie, suas possibilidades...

Na planta Na criança/No adolescente

Influem no seu crescimento:

solo onde é plantadaa luz que recebe

a água o aduboas pragasos controladores das pragasas podas etc.

38 39

Herança que deve ser conhecida e respeitada

Cada criança e cada

adolescente devem

receber estímulos

segundo sua

necessidade, sua

modalidade e

capacidade

Page 40: Revista Logosofia

Podemos tomar um outro exemplo: Que

diferença existe nas repercussões da falta d´água

numa mudinha e numa árvore já formada?

Certamente, uma diferença enorme!

Voltando-nos aos humanos: Representa o

mesmo para uma criança pequena ou para um ser

adulto assistir, por exemplo, a uma discussão

entre seus pais?

Os primeiros estímulos que a criança recebe

gravam-se em sua retina mental com muita inten-

sidade, porque sua mente é terra virgem e fértil. E,

se esses estímulos se repetem com freqüência, vão

contribuindo para a formação do seu caráter,

influenciando toda a sua vida!

Do acervo da Pedagogia

Logosófica, colhemos o seguinte:

“Desde o princípio até certa idade da vida – e

muitas vezes até o fim – sempre haverão de

predominar os primeiros estímulos, que se

prolongarão pela ação de outros estímulos

similares que o próprio caráter vai atraindo pela

força do hábito.”

Por esse motivo, a fase da infância é tão especial

para a vida. Deve merecer dos pais e educadores

uma atenção muito particular, o maior cuidado, o

maior zelo, a maior delicadeza no trato, a maior

dedicação, para que os primeiros anos se fixem

como fonte de inspiração para os anos que se

seguirão.

Que tipo de estímulos as crianças devem receber?

E os adolescentes? A Pedagogia Logosófica orienta

no sentido de que esses estímulos sejam sempre

naturais, positivos, nunca artificiais ou negativos.

Estímulos naturais.

Estímulos negativos.

Estímulos positivos.

Que exemplos de

estímulos negativos podemos citar?

Achar graça nas coisas erradas que a criança faz.

Fazer comentários depreciativos sobre pessoas a quem ela deve respeitar.

Ceder a seus caprichos.

Ameaçá-la ou atemorizá-la de diversas formas: Vou contar pro seu pai!; Desse jeito

você vai perder o ano; Vou levá-lo pra tomar injeção; Lá vem o guarda...; A professora é brava!...; Já, já, você vai para a Diretoria; Da próxima vez, você leva uma suspensão...

Poderíamos comparar esses recursos aos agrotóxicos: resolvem o problema na hora, mas deixam graves conseqüências!

Tratá-la com violência, seja com palavras, com o olhar ou mediante as imagens que lhe são oferecidas na escola ou no lar, na televisão...

Permitir que assista a cenas e filmes inadequados, que veiculam imagens terríveis do mal como sendo normais.

E que exemplos de

estímulos positivos podemos recordar?

Observar tudo de belo que existe à sua volta: a Natureza, as boas atuações de outras pessoas.

Estimular a busca de ideais.

Oferecer-lhe bons exemplos de toda ordem, como o entusiasmo e o gosto pelo trabalho, a alegria de viver e a boa disposição diante das lutas.

Estimular o saber olhar para dentro de si mesmo ao analisar o que vive.

1.

2. -

3.

4.

5.

6.

1.

2.

3.

4.

-

40 41

5.

6.

7

8

Relatar histórias de meninos que querem ser bons, falar de exemplos de benfeitores.

Fazer referências às coisas boas que desfrutamos e à gratidão que devemos cultivar por elas.

Analisar e valorizar os acertos.

Estudar situações observadas em outros seres, mas que podem ser vivenciadas por todos nós, estabelecendo em sua mente pensamentos já pensados.

Entretanto, será que esta classificação dos

estímulos – positivos e negativos – está

correta? As coisas acontecem sempre desta

forma? O estímulo positivo é sempre positivo?

E o negativo é sempre negativo? Existem

alguns que sempre são negativos ou positivos

em quaisquer circunstâncias, mas é certo que

cada criança, cada adolescente, deve receber

estímulos segundo sua necessidade, sua

modalidade e capacidade. Daí a importância de

que o adulto responsável sempre pense o que é

melhor em cada circunstância.

.

.

É preciso pensar nessas

delicadas e preciosas

plantinhas que são

nossas crianças, esses

seres que cada um

de nós tem sob sua

responsabilidade

Page 41: Revista Logosofia

Podemos tomar um outro exemplo: Que

diferença existe nas repercussões da falta d´água

numa mudinha e numa árvore já formada?

Certamente, uma diferença enorme!

Voltando-nos aos humanos: Representa o

mesmo para uma criança pequena ou para um ser

adulto assistir, por exemplo, a uma discussão

entre seus pais?

Os primeiros estímulos que a criança recebe

gravam-se em sua retina mental com muita inten-

sidade, porque sua mente é terra virgem e fértil. E,

se esses estímulos se repetem com freqüência, vão

contribuindo para a formação do seu caráter,

influenciando toda a sua vida!

Do acervo da Pedagogia

Logosófica, colhemos o seguinte:

“Desde o princípio até certa idade da vida – e

muitas vezes até o fim – sempre haverão de

predominar os primeiros estímulos, que se

prolongarão pela ação de outros estímulos

similares que o próprio caráter vai atraindo pela

força do hábito.”

Por esse motivo, a fase da infância é tão especial

para a vida. Deve merecer dos pais e educadores

uma atenção muito particular, o maior cuidado, o

maior zelo, a maior delicadeza no trato, a maior

dedicação, para que os primeiros anos se fixem

como fonte de inspiração para os anos que se

seguirão.

Que tipo de estímulos as crianças devem receber?

E os adolescentes? A Pedagogia Logosófica orienta

no sentido de que esses estímulos sejam sempre

naturais, positivos, nunca artificiais ou negativos.

Estímulos naturais.

Estímulos negativos.

Estímulos positivos.

Que exemplos de

estímulos negativos podemos citar?

Achar graça nas coisas erradas que a criança faz.

Fazer comentários depreciativos sobre pessoas a quem ela deve respeitar.

Ceder a seus caprichos.

Ameaçá-la ou atemorizá-la de diversas formas: Vou contar pro seu pai!; Desse jeito

você vai perder o ano; Vou levá-lo pra tomar injeção; Lá vem o guarda...; A professora é brava!...; Já, já, você vai para a Diretoria; Da próxima vez, você leva uma suspensão...

Poderíamos comparar esses recursos aos agrotóxicos: resolvem o problema na hora, mas deixam graves conseqüências!

Tratá-la com violência, seja com palavras, com o olhar ou mediante as imagens que lhe são oferecidas na escola ou no lar, na televisão...

Permitir que assista a cenas e filmes inadequados, que veiculam imagens terríveis do mal como sendo normais.

E que exemplos de

estímulos positivos podemos recordar?

Observar tudo de belo que existe à sua volta: a Natureza, as boas atuações de outras pessoas.

Estimular a busca de ideais.

Oferecer-lhe bons exemplos de toda ordem, como o entusiasmo e o gosto pelo trabalho, a alegria de viver e a boa disposição diante das lutas.

Estimular o saber olhar para dentro de si mesmo ao analisar o que vive.

1.

2. -

3.

4.

5.

6.

1.

2.

3.

4.

-

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5.

6.

7

8

Relatar histórias de meninos que querem ser bons, falar de exemplos de benfeitores.

Fazer referências às coisas boas que desfrutamos e à gratidão que devemos cultivar por elas.

Analisar e valorizar os acertos.

Estudar situações observadas em outros seres, mas que podem ser vivenciadas por todos nós, estabelecendo em sua mente pensamentos já pensados.

Entretanto, será que esta classificação dos

estímulos – positivos e negativos – está

correta? As coisas acontecem sempre desta

forma? O estímulo positivo é sempre positivo?

E o negativo é sempre negativo? Existem

alguns que sempre são negativos ou positivos

em quaisquer circunstâncias, mas é certo que

cada criança, cada adolescente, deve receber

estímulos segundo sua necessidade, sua

modalidade e capacidade. Daí a importância de

que o adulto responsável sempre pense o que é

melhor em cada circunstância.

.

.

É preciso pensar nessas

delicadas e preciosas

plantinhas que são

nossas crianças, esses

seres que cada um

de nós tem sob sua

responsabilidade

Page 42: Revista Logosofia

Entre as coisas capazes de

produzir um verdadeiro

encantamento em nós,

adultos, está o observar

uma criança abraçando sua

boneca com carinho,

ouvindo-a dizer coisas que

somente um coração de

mãe sabe expressar:

– Não chore, filhinha, a mamãe

está aqui e vai cuidar de você...

O que uma cena como

esta nos sugere?

O sublimeimaginação

nos primeiros

infância

encanto

anos da

Gizella Yamara de Oliveira Almeida*

da

42 43

Delicadas e preciosas plantinhas. Bem,

nossos educandos, sejam alunos ou filhos,

passam muitas horas em nossa companhia. E

quanto amor lhes dedicamos! O que temos feito

por eles? O que mais podemos fazer para ajudá-

los a enriquecer sua bagagem interna, para

contribuir mais na formação do seu caráter?

Voltando a uma das perguntas feitas no início

deste artigo: Podemos e devemos oferecer

muitos estímulos positivos ou isto seria moldar

os educandos segundo nossos critérios?

O que acontece a uma planta que não recebe

cuidados, cuja terra não é adubada, da qual não se

tiram as ervas daninhas, que vai crescendo sem

orientação ou estaca para sustentá-la?

Pensemos em nossos discentes: se não lhes

oferecermos os estímulos que julgamos

adequados, outros farão isto por nós, e os

resultados poderão ser muito diferentes daqueles

que, em princípio, idealizamos.

É preciso pensar nessas delicadas e preciosas

plantinhas que são nossas crianças, esses seres

que cada um de nós tem sob sua responsa-

bilidade. É preciso pegar a pá, o ancinho, o

rastelo, muito adubo, para desfrutarmos a ventu-

ra de observar, de participar dessa alquimia,

permitindo que cada educando transforme e

enriqueça sua herança individual, com estímulos

positivos e naturais, alcançando a tão almejada

felicidade!

Sejamos bons jardineiros!

* Pedagoga pela UEMG / Pós-graduada em Pedagogia Empresarial / Pós-graduada em Metodologia do Ensino Fundamental I pelo CEPEMG / Mestranda em educação tecnológica CEFET-MG / Vice-Diretora Pedagógica do

Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH

Em uma turma de alunos (adoles-centes de 15 e 16 anos), as profes-soras de Biologia e de Química desenvolveram um trabalho sobre as drogas no Brasil, que tinha entre seus objetivos o de oferecer estímu-los positivos diante da vida, evitando qualquer tipo de depen-dência química. Foram feitas pesquisas, debates, conversas e entrevistas, e até um seminário com a presença de uma delegada de entorpecentes, uma psicóloga e um professor de Ética e Cidadania. Elas relatam o seguinte:

Experimentando uma grande responsabilidade como professoras, no sentido de acercar elementos a nossos alunos, debruçamo-nos com muito carinho sobre o projeto As drogas no Brasil, com a consciência de que, muito, muito mais do que uma mera pesquisa e levantamento de dados, deveríamos trabalhar no sentido de que nossos alunos do 2º ano do Ensino Médio experimen-tassem dentro de si mesmos a força do conhecimento dos aspectos químicos e biológicos que envolvem o uso de drogas, e também de toda questão ética e social que elas envolvem.

Este foi nosso grande incentivo, inspiradas no ideal de fazer o bem, o verdadeiro bem a nossos alunos, pensando em cada qual como um ser humano que tem, em suas mãos, a possibilidade de construir um futuro muito feliz para suas vidas!

Page 43: Revista Logosofia

Entre as coisas capazes de

produzir um verdadeiro

encantamento em nós,

adultos, está o observar

uma criança abraçando sua

boneca com carinho,

ouvindo-a dizer coisas que

somente um coração de

mãe sabe expressar:

– Não chore, filhinha, a mamãe

está aqui e vai cuidar de você...

O que uma cena como

esta nos sugere?

O sublimeimaginação

nos primeiros

infância

encanto

anos da

Gizella Yamara de Oliveira Almeida*

da

42 43

Delicadas e preciosas plantinhas. Bem,

nossos educandos, sejam alunos ou filhos,

passam muitas horas em nossa companhia. E

quanto amor lhes dedicamos! O que temos feito

por eles? O que mais podemos fazer para ajudá-

los a enriquecer sua bagagem interna, para

contribuir mais na formação do seu caráter?

Voltando a uma das perguntas feitas no início

deste artigo: Podemos e devemos oferecer

muitos estímulos positivos ou isto seria moldar

os educandos segundo nossos critérios?

O que acontece a uma planta que não recebe

cuidados, cuja terra não é adubada, da qual não se

tiram as ervas daninhas, que vai crescendo sem

orientação ou estaca para sustentá-la?

Pensemos em nossos discentes: se não lhes

oferecermos os estímulos que julgamos

adequados, outros farão isto por nós, e os

resultados poderão ser muito diferentes daqueles

que, em princípio, idealizamos.

É preciso pensar nessas delicadas e preciosas

plantinhas que são nossas crianças, esses seres

que cada um de nós tem sob sua responsa-

bilidade. É preciso pegar a pá, o ancinho, o

rastelo, muito adubo, para desfrutarmos a ventu-

ra de observar, de participar dessa alquimia,

permitindo que cada educando transforme e

enriqueça sua herança individual, com estímulos

positivos e naturais, alcançando a tão almejada

felicidade!

Sejamos bons jardineiros!

* Pedagoga pela UEMG / Pós-graduada em Pedagogia Empresarial / Pós-graduada em Metodologia do Ensino Fundamental I pelo CEPEMG / Mestranda em educação tecnológica CEFET-MG / Vice-Diretora Pedagógica do

Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH

Em uma turma de alunos (adoles-centes de 15 e 16 anos), as profes-soras de Biologia e de Química desenvolveram um trabalho sobre as drogas no Brasil, que tinha entre seus objetivos o de oferecer estímu-los positivos diante da vida, evitando qualquer tipo de depen-dência química. Foram feitas pesquisas, debates, conversas e entrevistas, e até um seminário com a presença de uma delegada de entorpecentes, uma psicóloga e um professor de Ética e Cidadania. Elas relatam o seguinte:

Experimentando uma grande responsabilidade como professoras, no sentido de acercar elementos a nossos alunos, debruçamo-nos com muito carinho sobre o projeto As drogas no Brasil, com a consciência de que, muito, muito mais do que uma mera pesquisa e levantamento de dados, deveríamos trabalhar no sentido de que nossos alunos do 2º ano do Ensino Médio experimen-tassem dentro de si mesmos a força do conhecimento dos aspectos químicos e biológicos que envolvem o uso de drogas, e também de toda questão ética e social que elas envolvem.

Este foi nosso grande incentivo, inspiradas no ideal de fazer o bem, o verdadeiro bem a nossos alunos, pensando em cada qual como um ser humano que tem, em suas mãos, a possibilidade de construir um futuro muito feliz para suas vidas!

Page 44: Revista Logosofia

Lâmpada de Aladim. Há na criança, desde pequenina, notável capacidade de

registrar e reproduzir situações de sua vivência diária. Nos primeiros anos da

infância, algumas faculdades da inteligência se destacam, por sua prepon-

derância sobre as demais: a memória, a observação e a imaginação. Neste artigo,

abordaremos algo da forte influência que a faculdade de imaginar exerce nas

ações da criança.

Logosoficamente, imaginação significa imagens em ação. Imaginar é, pois, um

recurso precioso da mente humana, que não poucos estudiosos, escritores, pais

e educadores identificaram, louvaram, usaram – e usam – para se adequarem ao

gosto infantil.

Para a criança, a imaginação é sua lâmpada de Aladim, sua vara de condão ou seu

superpoder, que faz abrir as portas de um mundo onde tudo obedece ao menor

movimento de seus sentimentos, de sua vontade ou de seus caprichos. Ali tudo

pode acontecer. Com esse poder, a criança afasta-se habilmente da realidade,

protegendo-se de situações que sua incipiente razão ainda não pode discernir ou

compreender.

Poder que protege. Com que sublimes objetivos foi dotada a mente da

criança de condições tão favoráveis, tanto para afastar-se da realidade quanto

para reproduzir fragmentos dessa mesma realidade? Que segredos encerram tais

prerrogativas?

A Pedagogia Logosófica expressa que a imaginação tem, na infância, uma

função protetora. Essa função permite que a criança vá, paulatinamente, se

adaptando ao mundo, desde o seu nascimento até o momento em que os

primeiros movimentos de seu entendimento e de sua razão – com o auxílio dos

conhecimentos que vai adquirindo – possam dar à sua mente incipiente

condições para compreender o mundo e as coisas que a rodeiam.

O conhecimento da configuração da mente

infantil permite aos adultos, sejam pais ou

professores, selecionar as imagens a serem

oferecidas à criança e, mais ainda, respeitar o seu

pequeno mundo particular

Tal realidade deve inspirar, no adulto que a acompanha, o respeito que merece

tudo aquilo que Deus criou e estabeleceu como sendo o processo natural de um

crescimento sadio. Interferências nesse processo, introduzindo imagens

contrárias à pureza de tudo que povoa o mundo infantil, podem desvirtuar o

poder que, em princípio, protege e ampara a criança em todos os momentos de

sua vida.

É comum ver as crianças se relacionando com um

amiguinho imaginário ou expressando em brincadeiras o reflexo de uma

situação de sua vida real. É que ela usa a sua imaginação para suprir a falta de

seres e de coisas reais. Desconhecendo essa realidade, corre-se o risco de

estimular em excesso esse recurso da mente infantil, invalidando sua função

primordial nesta etapa da vida: adaptar a criança ao mundo real, tornando

menos brusco o contato de sua delicada psicologia com a realidade na qual deve

viver.

Com o passar dos anos, a criança amplia suas possibilidades físicas e mentais; o

adulto pode ajudá-la nesse crescimento psicológico, estimulando-a cons-

tantemente a que observe, reflita, pense, aumentando assim suas energias,

criando recursos para defender-se do mal e sendo capaz de fazer o bem aos

demais.

O conhecimento da configuração da mente infantil permite aos adultos, sejam

pais ou professores, selecionar as imagens a serem oferecidas à criança e, mais

ainda, respeitar o seu pequeno mundo particular, não introduzindo nele

elementos estranhos à sua vida cotidiana, natural, sem artifícios.

O acompanhamento amoroso e atento dessa ação educativa permite que, no

decorrer dos anos da infância e da adolescência, vá surgindo o indivíduo capaz

de pensar por si mesmo, e de criar, com base em elementos reais, as condições

de uma vida equilibrada, tendo todo o seu potencial mental e sensível apto para

torná-lo um ser humano útil à sociedade e ao mundo.

Pensar por si mesmo.

* Pedagoga pela FUMEC BH /Especialista em Psicopedagogia UEMG / Diretora do Colégio Logosófico – Unidade Uberlândia

44 45

Page 45: Revista Logosofia

Lâmpada de Aladim. Há na criança, desde pequenina, notável capacidade de

registrar e reproduzir situações de sua vivência diária. Nos primeiros anos da

infância, algumas faculdades da inteligência se destacam, por sua prepon-

derância sobre as demais: a memória, a observação e a imaginação. Neste artigo,

abordaremos algo da forte influência que a faculdade de imaginar exerce nas

ações da criança.

Logosoficamente, imaginação significa imagens em ação. Imaginar é, pois, um

recurso precioso da mente humana, que não poucos estudiosos, escritores, pais

e educadores identificaram, louvaram, usaram – e usam – para se adequarem ao

gosto infantil.

Para a criança, a imaginação é sua lâmpada de Aladim, sua vara de condão ou seu

superpoder, que faz abrir as portas de um mundo onde tudo obedece ao menor

movimento de seus sentimentos, de sua vontade ou de seus caprichos. Ali tudo

pode acontecer. Com esse poder, a criança afasta-se habilmente da realidade,

protegendo-se de situações que sua incipiente razão ainda não pode discernir ou

compreender.

Poder que protege. Com que sublimes objetivos foi dotada a mente da

criança de condições tão favoráveis, tanto para afastar-se da realidade quanto

para reproduzir fragmentos dessa mesma realidade? Que segredos encerram tais

prerrogativas?

A Pedagogia Logosófica expressa que a imaginação tem, na infância, uma

função protetora. Essa função permite que a criança vá, paulatinamente, se

adaptando ao mundo, desde o seu nascimento até o momento em que os

primeiros movimentos de seu entendimento e de sua razão – com o auxílio dos

conhecimentos que vai adquirindo – possam dar à sua mente incipiente

condições para compreender o mundo e as coisas que a rodeiam.

O conhecimento da configuração da mente

infantil permite aos adultos, sejam pais ou

professores, selecionar as imagens a serem

oferecidas à criança e, mais ainda, respeitar o seu

pequeno mundo particular

Tal realidade deve inspirar, no adulto que a acompanha, o respeito que merece

tudo aquilo que Deus criou e estabeleceu como sendo o processo natural de um

crescimento sadio. Interferências nesse processo, introduzindo imagens

contrárias à pureza de tudo que povoa o mundo infantil, podem desvirtuar o

poder que, em princípio, protege e ampara a criança em todos os momentos de

sua vida.

É comum ver as crianças se relacionando com um

amiguinho imaginário ou expressando em brincadeiras o reflexo de uma

situação de sua vida real. É que ela usa a sua imaginação para suprir a falta de

seres e de coisas reais. Desconhecendo essa realidade, corre-se o risco de

estimular em excesso esse recurso da mente infantil, invalidando sua função

primordial nesta etapa da vida: adaptar a criança ao mundo real, tornando

menos brusco o contato de sua delicada psicologia com a realidade na qual deve

viver.

Com o passar dos anos, a criança amplia suas possibilidades físicas e mentais; o

adulto pode ajudá-la nesse crescimento psicológico, estimulando-a cons-

tantemente a que observe, reflita, pense, aumentando assim suas energias,

criando recursos para defender-se do mal e sendo capaz de fazer o bem aos

demais.

O conhecimento da configuração da mente infantil permite aos adultos, sejam

pais ou professores, selecionar as imagens a serem oferecidas à criança e, mais

ainda, respeitar o seu pequeno mundo particular, não introduzindo nele

elementos estranhos à sua vida cotidiana, natural, sem artifícios.

O acompanhamento amoroso e atento dessa ação educativa permite que, no

decorrer dos anos da infância e da adolescência, vá surgindo o indivíduo capaz

de pensar por si mesmo, e de criar, com base em elementos reais, as condições

de uma vida equilibrada, tendo todo o seu potencial mental e sensível apto para

torná-lo um ser humano útil à sociedade e ao mundo.

Pensar por si mesmo.

* Pedagoga pela FUMEC BH /Especialista em Psicopedagogia UEMG / Diretora do Colégio Logosófico – Unidade Uberlândia

44 45

Page 46: Revista Logosofia

Os pensamentos,e a pensar

da consciênciaMarinelva Bonassi Machado*

formaçãoocontra os ditadores da casa mental. Era uma

luta interna, invisível aos olhos físicos. Chico

era um menino muito valente! (...) Sua pequena

mente já possuía grandes virtudes... (...) Quem

iria vencer a luta?(...) Mais um tempo e...

Chico abriu a porta. (...) Quanta alegria tinha

em seus olhos! Chico tinha vencido!

Ao identificar

um pensamento na própria mente, a criança,

como o adulto, tem a prerrogativa de ser

dona de seus atos, podendo autorizar ou não a

atuação do pensamento identificado. Este

conhecimento favorece o aumento dos

acertos, aumentando, também, a confiança

de cada um em si mesmo. Podemos dizer que

é um poder que confere a seu possuidor a

possibilidade de conquistar a verdadeira

liberdade, a liberdade interna! A Logosofia

ensina que o segredo da paz está nos

pensamentos. Mudando os pensamentos,

podemos mudar a vida.

O cultivo da inteligência.

Ensinar a criança a perceber os movimentos

e atuações de um pensamento em sua vida ou

na vida do outro, a conhecer a natureza dos

pensamentos e identificá-los, é colaborar no

processo de conhecimento de si mesmo e na

formação da consciência individual.

Durante a infância, contrariamente ao que

algumas pessoas podem pensar, ou seja, que a

mente ainda é inapta para compreender

certas manifestações da vida adulta, a mente

pode captar e compreender, sem maior

esforço, muitas dessas manifestações, pois o

próprio espírito da criança facilita isso.

O princípio consciente, para a Logosofia,

inicia-se na vida da criança quando esta

começa a discriminar os pensamentos do ato

de pensar, quando começa a não se deixar

manejar por pensamentos alheios, como

vivencia o personagem Chico, do livro infantil

de Zolet (p.6 – 12, 2003), nestes trechos da

história Chico - o valente:

Quando chegou em casa estava já sem forças

para lutar contra os pensamentos que queriam

mandar o Chico fazer coisas feias... Um deles

era o pensamento ditador, inimigo das

crianças. (...) Ele mandava o Chico pedir tudo

com o grito, chorando, mandando fazer as

coisas que queria, sem respeito, sem afeto e

suavidade. (...) Chico lutou feito Hércules

O pensar é uma faculdade da inteligência que

precisa ser cultivada, o mesmo acontecendo com as

faculdades de raciocinar, julgar, intuir, entender,

observar, imaginar, recordar, predizer, etc

46 47

Mente apta. Mas como tratar com a criança sobre

algo aparentemente tão complexo quanto o

pensamento?

A Logosofia afirma que o universo dos pensamentos,

como parte que é do mundo mental, é tão real quanto

a própria realidade física. Os pensamentos são

entidades autônomas, têm vida própria, migram de

uma mente para outra e podem ser vistos. Podem ser

vistos pelos olhos do entendimento, como o

pensamento de timidez ou de entusiasmo que se

desenha na fisionomia, nas atitudes ou na conduta

dos seres em diferentes situações cotidianas.

A Pedagogia Logosófica

permite que a criança,

desde cedo, aprenda a

conhecer os pensamentos

que existem em sua mente,

identificando-os em suas

ações.

Possibilita, ainda, diferençar

os próprios dos alheios,

os positivos e de índole

superior dos negativos,

de índole inferior

Page 47: Revista Logosofia

Os pensamentos,e a pensar

da consciênciaMarinelva Bonassi Machado*

formaçãoocontra os ditadores da casa mental. Era uma

luta interna, invisível aos olhos físicos. Chico

era um menino muito valente! (...) Sua pequena

mente já possuía grandes virtudes... (...) Quem

iria vencer a luta?(...) Mais um tempo e...

Chico abriu a porta. (...) Quanta alegria tinha

em seus olhos! Chico tinha vencido!

Ao identificar

um pensamento na própria mente, a criança,

como o adulto, tem a prerrogativa de ser

dona de seus atos, podendo autorizar ou não a

atuação do pensamento identificado. Este

conhecimento favorece o aumento dos

acertos, aumentando, também, a confiança

de cada um em si mesmo. Podemos dizer que

é um poder que confere a seu possuidor a

possibilidade de conquistar a verdadeira

liberdade, a liberdade interna! A Logosofia

ensina que o segredo da paz está nos

pensamentos. Mudando os pensamentos,

podemos mudar a vida.

O cultivo da inteligência.

Ensinar a criança a perceber os movimentos

e atuações de um pensamento em sua vida ou

na vida do outro, a conhecer a natureza dos

pensamentos e identificá-los, é colaborar no

processo de conhecimento de si mesmo e na

formação da consciência individual.

Durante a infância, contrariamente ao que

algumas pessoas podem pensar, ou seja, que a

mente ainda é inapta para compreender

certas manifestações da vida adulta, a mente

pode captar e compreender, sem maior

esforço, muitas dessas manifestações, pois o

próprio espírito da criança facilita isso.

O princípio consciente, para a Logosofia,

inicia-se na vida da criança quando esta

começa a discriminar os pensamentos do ato

de pensar, quando começa a não se deixar

manejar por pensamentos alheios, como

vivencia o personagem Chico, do livro infantil

de Zolet (p.6 – 12, 2003), nestes trechos da

história Chico - o valente:

Quando chegou em casa estava já sem forças

para lutar contra os pensamentos que queriam

mandar o Chico fazer coisas feias... Um deles

era o pensamento ditador, inimigo das

crianças. (...) Ele mandava o Chico pedir tudo

com o grito, chorando, mandando fazer as

coisas que queria, sem respeito, sem afeto e

suavidade. (...) Chico lutou feito Hércules

O pensar é uma faculdade da inteligência que

precisa ser cultivada, o mesmo acontecendo com as

faculdades de raciocinar, julgar, intuir, entender,

observar, imaginar, recordar, predizer, etc

46 47

Mente apta. Mas como tratar com a criança sobre

algo aparentemente tão complexo quanto o

pensamento?

A Logosofia afirma que o universo dos pensamentos,

como parte que é do mundo mental, é tão real quanto

a própria realidade física. Os pensamentos são

entidades autônomas, têm vida própria, migram de

uma mente para outra e podem ser vistos. Podem ser

vistos pelos olhos do entendimento, como o

pensamento de timidez ou de entusiasmo que se

desenha na fisionomia, nas atitudes ou na conduta

dos seres em diferentes situações cotidianas.

A Pedagogia Logosófica

permite que a criança,

desde cedo, aprenda a

conhecer os pensamentos

que existem em sua mente,

identificando-os em suas

ações.

Possibilita, ainda, diferençar

os próprios dos alheios,

os positivos e de índole

superior dos negativos,

de índole inferior

Page 48: Revista Logosofia

* Pedagoga / Especialista em Fundamentos Educacionais / Mestre em Ciências da Saúde

Humana / Coordenadora Pedagógica do Colégio

Logosófico – Unidade Chapecó

Os pressupostos da Pedagogia

Logosófica exigem um olhar atento,

sensível e compreensivo à formação

e ao desenvolvimento do ser

humano como um todo, ou seja,

sobre sua conformação biopsico-

espiritual. Uma pessoa vista de

forma indivisível, que possui corpo,

instinto, mente, sensibilidade,

espírito... Um indivíduo cultural e

social, que pode desenvolver sua

própria individualidade; um ser com

identidade, um cidadão participativo

que procura melhorar o lugar onde

vive e colabora efetivamente com a

humanidade, começando por sua

parcela mais próxima: ele mesmo!

Conversamos com a criança sobre a importância de

ser grato; dissemos-lhe que a ingratidão pode deixar

os seres indiferentes, amargurados, sem amigos... Que

a gratidão faz com que a pessoa se sinta ainda mais

humana, mais próxima de Deus, mais feliz... É o bem

que responde ao bem recebido. Que, diante daquela

atitude com o colega, teria de fazer algo, porque ele

ficara triste e chateado. Depois da conversa, a criança

fez um desenho; observei que se empenhava, inserindo

muitas cores. Terminou, dobrou a folha, nos

abraçamos, e ela retornou para a sala de aula. Na

tarde seguinte, vi que me esperava sorridente e

saltitante, na entrada da escola, e foi logo dizendo:

– Ó, eu fiz para o Fulano! É uma surpresa pro meu

colega Fulano, mas eu quero mostrar pra você antes.

Abri o envelope, feito de papel de presente –

provavelmente por ela própria –, era o desenho do dia

anterior, e, junto dele, a dobradura de um coração.

– Foi minha mãe que me ensinou!, disse, referindo-se

à dobradura.

Abaixei-me, olhamo-nos nos olhos por um instante e,

felizes, nos cumprimentamos, brincando com as mãos.

Estavam ali representados o exemplo de um esforço de

redenção de si mesmo, um gesto de gratidão da

criança pela atitude de amor ao ser corrigida, e a

minha alegria pela oportunidade de estar vivendo

aquele momento e ter podido colaborar comigo

mesma e com aquele espírito em evolução.

De um conjunto de anotações feitas por uma

docente do Colégio Logosófico, retiramos o registro

da vivência, transcrita a seguir, que descreve como

foi realizada a correção da conduta de uma criança de

5 anos. Segundo sua professora, a pequena havia

desprezado e jogado ao chão um presente que

ganhara de um colega:

As ilustrações deste artigo são de autoria de Marlowa P. Marin e foram extraídas do livro Chico - o valente, de Jaqueline Miotto Zolet.

Conversamos sobre a importância de ser grato, dissemos que a

ingratidão pode deixar os seres indiferentes, amargurados, sem

amigos... Que a gratidão faz com que a pessoa se sinta ainda mais

humana, mais próxima de Deus, mais feliz...

49

Identificar a atuação de um pensamento é

algo diferente quando comparado ao

movimento de pensar, porque este último

pressupõe um processo mental, a ação de

criar. Favorecer o ato de pensar na criança é

um dos itens preponderantes na aplicação da

Pedagogia Logosófica. Seu autor orienta para

que se aprenda a pensar em momentos de

alegria, de bem-estar, de otimismo e

entusiasmo, não em momentos de tristeza e

pessimismo, para que a faculdade de pensar

cumpra seu verdadeiro objetivo: abrir

possibilidades ao entendimento com a

atração de pensamentos úteis, assim como

com a criação de novos pensamentos.

O pensar é uma faculdade da inteligência

que precisa ser cultivada, o mesmo

acontecendo com as faculdades de racio-

cinar, julgar, intuir, entender, observar,

imaginar, recordar, predizer, etc. Daí a

importância de uma educação que promova

o desenvolvimento harmônico das facul-

dades mentais da criança e do adolescente,

não privilegiando determinadas faculdades –

como as de memorizar e imaginar, por

exemplo – , em detrimento de outras.

Unido a isso, a Pedagogia

Logosófica também oferece elementos

imponderáveis para que possamos estimular

no educando o desenvolvimento das

faculdades do sistema sensível – sentir, querer,

consentir, sofrer e amar –, desper-tando e

ativando a sensibilidade da criança e do

adolescente.

Com o propósito de buscar o equilíbrio entre

a cabeça e o coração, ou seja, entre a mente e a

sensibilidade, o docente logosófico insere, em

diferentes situações de aprendizagem,

imagens mentais, analogias, perguntas e

reperguntas, relatos de histórias de vida,

contos e outros recursos pedagógicos, tudo o

que constitui ações que permitem ao educan-

do ampliar o seu mundo, o mundo interior em

sua realidade psicológica e espiritual.

Olhar atento.

Page 49: Revista Logosofia

* Pedagoga / Especialista em Fundamentos Educacionais / Mestre em Ciências da Saúde

Humana / Coordenadora Pedagógica do Colégio

Logosófico – Unidade Chapecó

Os pressupostos da Pedagogia

Logosófica exigem um olhar atento,

sensível e compreensivo à formação

e ao desenvolvimento do ser

humano como um todo, ou seja,

sobre sua conformação biopsico-

espiritual. Uma pessoa vista de

forma indivisível, que possui corpo,

instinto, mente, sensibilidade,

espírito... Um indivíduo cultural e

social, que pode desenvolver sua

própria individualidade; um ser com

identidade, um cidadão participativo

que procura melhorar o lugar onde

vive e colabora efetivamente com a

humanidade, começando por sua

parcela mais próxima: ele mesmo!

Conversamos com a criança sobre a importância de

ser grato; dissemos-lhe que a ingratidão pode deixar

os seres indiferentes, amargurados, sem amigos... Que

a gratidão faz com que a pessoa se sinta ainda mais

humana, mais próxima de Deus, mais feliz... É o bem

que responde ao bem recebido. Que, diante daquela

atitude com o colega, teria de fazer algo, porque ele

ficara triste e chateado. Depois da conversa, a criança

fez um desenho; observei que se empenhava, inserindo

muitas cores. Terminou, dobrou a folha, nos

abraçamos, e ela retornou para a sala de aula. Na

tarde seguinte, vi que me esperava sorridente e

saltitante, na entrada da escola, e foi logo dizendo:

– Ó, eu fiz para o Fulano! É uma surpresa pro meu

colega Fulano, mas eu quero mostrar pra você antes.

Abri o envelope, feito de papel de presente –

provavelmente por ela própria –, era o desenho do dia

anterior, e, junto dele, a dobradura de um coração.

– Foi minha mãe que me ensinou!, disse, referindo-se

à dobradura.

Abaixei-me, olhamo-nos nos olhos por um instante e,

felizes, nos cumprimentamos, brincando com as mãos.

Estavam ali representados o exemplo de um esforço de

redenção de si mesmo, um gesto de gratidão da

criança pela atitude de amor ao ser corrigida, e a

minha alegria pela oportunidade de estar vivendo

aquele momento e ter podido colaborar comigo

mesma e com aquele espírito em evolução.

De um conjunto de anotações feitas por uma

docente do Colégio Logosófico, retiramos o registro

da vivência, transcrita a seguir, que descreve como

foi realizada a correção da conduta de uma criança de

5 anos. Segundo sua professora, a pequena havia

desprezado e jogado ao chão um presente que

ganhara de um colega:

As ilustrações deste artigo são de autoria de Marlowa P. Marin e foram extraídas do livro Chico - o valente, de Jaqueline Miotto Zolet.

Conversamos sobre a importância de ser grato, dissemos que a

ingratidão pode deixar os seres indiferentes, amargurados, sem

amigos... Que a gratidão faz com que a pessoa se sinta ainda mais

humana, mais próxima de Deus, mais feliz...

49

Identificar a atuação de um pensamento é

algo diferente quando comparado ao

movimento de pensar, porque este último

pressupõe um processo mental, a ação de

criar. Favorecer o ato de pensar na criança é

um dos itens preponderantes na aplicação da

Pedagogia Logosófica. Seu autor orienta para

que se aprenda a pensar em momentos de

alegria, de bem-estar, de otimismo e

entusiasmo, não em momentos de tristeza e

pessimismo, para que a faculdade de pensar

cumpra seu verdadeiro objetivo: abrir

possibilidades ao entendimento com a

atração de pensamentos úteis, assim como

com a criação de novos pensamentos.

O pensar é uma faculdade da inteligência

que precisa ser cultivada, o mesmo

acontecendo com as faculdades de racio-

cinar, julgar, intuir, entender, observar,

imaginar, recordar, predizer, etc. Daí a

importância de uma educação que promova

o desenvolvimento harmônico das facul-

dades mentais da criança e do adolescente,

não privilegiando determinadas faculdades –

como as de memorizar e imaginar, por

exemplo – , em detrimento de outras.

Unido a isso, a Pedagogia

Logosófica também oferece elementos

imponderáveis para que possamos estimular

no educando o desenvolvimento das

faculdades do sistema sensível – sentir, querer,

consentir, sofrer e amar –, desper-tando e

ativando a sensibilidade da criança e do

adolescente.

Com o propósito de buscar o equilíbrio entre

a cabeça e o coração, ou seja, entre a mente e a

sensibilidade, o docente logosófico insere, em

diferentes situações de aprendizagem,

imagens mentais, analogias, perguntas e

reperguntas, relatos de histórias de vida,

contos e outros recursos pedagógicos, tudo o

que constitui ações que permitem ao educan-

do ampliar o seu mundo, o mundo interior em

sua realidade psicológica e espiritual.

Olhar atento.

Page 50: Revista Logosofia

25

Educar, cuidar, informar e repassar legados culturais e sociais é tarefa da

sociedade e das instituições que esta mesma sociedade autoriza a fazê-lo.

No caso, a escola é uma das autorizadas a cumprir esta nobre missão. Nela

destacam-se dois personagens principais: o aluno e o professor, com fun-

ções definidas, ações determinadas e resultados esperados

A formação do

professorMarise Nancy Alencar*

Em toda parte do mundo tem-se falado da

importância de se formar o professor. É

como se, resolvido o problema da formação

do profissional da educação, estivessem

resolvidos todos os demais problemas. Há

um pouco de engano nisso!

Os sinais que aparecem ano a ano nos levam

a entender que a escola de um futuro

próximo será cada vez mais um espaço de

convivência e troca de saberes; será uma

escola das relações, lugar onde o aluno e o

professor se sentirão estimulados a

permanecer e a estender aos demais aquilo

que forem capazes de realizar.

*Pedagoga pela UEMG/Especialista em Alfabetização e Educação Infantil CEPEMG/Especialista em Docência do

Ensino Superior UCAM-RJ/ Mestranda em Educação Tecnológica CEFET-MG / Coordenadora Pedagógica do

Curso Infantil do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários

50 51

Page 51: Revista Logosofia

25

Educar, cuidar, informar e repassar legados culturais e sociais é tarefa da

sociedade e das instituições que esta mesma sociedade autoriza a fazê-lo.

No caso, a escola é uma das autorizadas a cumprir esta nobre missão. Nela

destacam-se dois personagens principais: o aluno e o professor, com fun-

ções definidas, ações determinadas e resultados esperados

A formação do

professorMarise Nancy Alencar*

Em toda parte do mundo tem-se falado da

importância de se formar o professor. É

como se, resolvido o problema da formação

do profissional da educação, estivessem

resolvidos todos os demais problemas. Há

um pouco de engano nisso!

Os sinais que aparecem ano a ano nos levam

a entender que a escola de um futuro

próximo será cada vez mais um espaço de

convivência e troca de saberes; será uma

escola das relações, lugar onde o aluno e o

professor se sentirão estimulados a

permanecer e a estender aos demais aquilo

que forem capazes de realizar.

*Pedagoga pela UEMG/Especialista em Alfabetização e Educação Infantil CEPEMG/Especialista em Docência do

Ensino Superior UCAM-RJ/ Mestranda em Educação Tecnológica CEFET-MG / Coordenadora Pedagógica do

Curso Infantil do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários

50 51

Page 52: Revista Logosofia

Perguntas como estas muitas vezes

fazem parte do repertório dos educadores que

já tiveram algum contato com docentes que

aplicam esta Pedagogia ou que visitaram uma

das unidades educacionais do Sistema

Logosófico de Educação, ou que conhece-

ram algum dos seus alunos ou ex-alunos. E

sempre surgem depois da participação em

cursos sobre esta forma de conceber a

educação, no contato com o acervo

pedagógico encontrado em livros, revistas e

demais publicações da Fundação Logosófica.

E são perguntas cada vez mais freqüentes, e

insistentes, porque não é fácil expressar ou

explicar, num ato meramente discursivo, o que

é e o que pode o educador realizar com o

auxílio da Pedagogia Logosófica. Penetrar em

seus segredos implica penetrar na própria

vida, na vida própria. É necessário sentir; é de

todo necessário experimentar.

Não sendo isso possível, ficam as muitas

evidências que a boa observação consegue

captar, ao perceber, por exemplo, na

fisionomia do educando, o encantamento

de quem é feliz por estar se descobrindo

como um ser humano cada vez melhor –

melhor para si mesmo, melhor para a

humanidade da qual faz parte!

são os

conceitos originais apresentados pela

Logosofia, como o de vida, de liberdade, de

defesas mentais e de pensamentos, de Deus

e de Leis Universais, de conhecimento de si

mesmo, entre tantos outros. A tudo isso e a

tudo o mais que signifique um saber

adquirido, se alia o aporte precioso que a

sensibilidade humana oferece.

O trabalho, pois, baseia-se em duas forças: o

conhecimento e o afeto, considerado este

como a expressão mais elevada e consciente

do amor. Aquele que se propõe aplicar as

diretrizes desta Pedagogia sente-se

constantemente estimulado ao cultivo de

valores internos e à prática do bem.

A base do trabalho pedagógico

Uma

palavrafinal

Francisco Liberato Póvoa Filho*

Afinal, o que é mesmo a

Pedagogia Logosófica?

É realmente uma nova

forma de educar? O que ela

se propõe? Em que se

baseia? Que resultados já

pode apresentar ao mundo?

“A Pedagogia Logosófica

é a pedagogia do bem-dizer,

do bem-pensar, a pedagogia

da felicidade, porque,

ao mesmo tempo

que ensina, faz feliz”

Os que se acham envolvidos neste trabalho são conscientes de que se

encontram ainda realizando as primeiras

investigações e experiências sobre uma concepção cujas vastas

projeções vão muito além do já realizado pela atual geração de educadores

25

52 53

oferecer múltiplas oportunidades para o

desenvolvimento das faculdades da inteligência;

ensinar o ser humano a compreender, amar e

respeitar o Autor da Criação e a descobrir sua

Vontade através de suas Leis;

favorecer a realização, pelo educando, do

conhecimento de si mesmo, do mundo mental

que o rodeia e que permeia seu ser, e tudo

quanto existe;

despertar no educando a vontade de ser

melhor, de buscar o aperfeiçoamento de si

mesmo como tarefa primordial da vida;

fomentar atividades úteis e o nascimento de

pensamentos construtivos;

possibilitar ao educando a formação do

conceito da própria responsabilidade como ser

inteligente e dono de uma vida que deve

dignificar com o exemplo;

preparar o ser humano para as altas funções

da vida superior, cujo conhecimento e domínio

profundo a Logosofia ensina a realizar;

desenvolver no ser humano o domínio

profundo das funções de estudar, de aprender,

de ensinar, de pensar e de realizar, que resultará

em aptidões individuais de incalculável

significado para o futuro pedagógico na

educação da humanidade.

Entre os objetivos da Pedagogia Logosó-

fica, adequados, naturalmente, à capacida-

de de cada faixa etária, podemos, na forma

breve que se espera de uma revista, men-

cionar os seguintes:

Page 53: Revista Logosofia

Perguntas como estas muitas vezes

fazem parte do repertório dos educadores que

já tiveram algum contato com docentes que

aplicam esta Pedagogia ou que visitaram uma

das unidades educacionais do Sistema

Logosófico de Educação, ou que conhece-

ram algum dos seus alunos ou ex-alunos. E

sempre surgem depois da participação em

cursos sobre esta forma de conceber a

educação, no contato com o acervo

pedagógico encontrado em livros, revistas e

demais publicações da Fundação Logosófica.

E são perguntas cada vez mais freqüentes, e

insistentes, porque não é fácil expressar ou

explicar, num ato meramente discursivo, o que

é e o que pode o educador realizar com o

auxílio da Pedagogia Logosófica. Penetrar em

seus segredos implica penetrar na própria

vida, na vida própria. É necessário sentir; é de

todo necessário experimentar.

Não sendo isso possível, ficam as muitas

evidências que a boa observação consegue

captar, ao perceber, por exemplo, na

fisionomia do educando, o encantamento

de quem é feliz por estar se descobrindo

como um ser humano cada vez melhor –

melhor para si mesmo, melhor para a

humanidade da qual faz parte!

são os

conceitos originais apresentados pela

Logosofia, como o de vida, de liberdade, de

defesas mentais e de pensamentos, de Deus

e de Leis Universais, de conhecimento de si

mesmo, entre tantos outros. A tudo isso e a

tudo o mais que signifique um saber

adquirido, se alia o aporte precioso que a

sensibilidade humana oferece.

O trabalho, pois, baseia-se em duas forças: o

conhecimento e o afeto, considerado este

como a expressão mais elevada e consciente

do amor. Aquele que se propõe aplicar as

diretrizes desta Pedagogia sente-se

constantemente estimulado ao cultivo de

valores internos e à prática do bem.

A base do trabalho pedagógico

Uma

palavrafinal

Francisco Liberato Póvoa Filho*

Afinal, o que é mesmo a

Pedagogia Logosófica?

É realmente uma nova

forma de educar? O que ela

se propõe? Em que se

baseia? Que resultados já

pode apresentar ao mundo?

“A Pedagogia Logosófica

é a pedagogia do bem-dizer,

do bem-pensar, a pedagogia

da felicidade, porque,

ao mesmo tempo

que ensina, faz feliz”

Os que se acham envolvidos neste trabalho são conscientes de que se

encontram ainda realizando as primeiras

investigações e experiências sobre uma concepção cujas vastas

projeções vão muito além do já realizado pela atual geração de educadores

25

52 53

oferecer múltiplas oportunidades para o

desenvolvimento das faculdades da inteligência;

ensinar o ser humano a compreender, amar e

respeitar o Autor da Criação e a descobrir sua

Vontade através de suas Leis;

favorecer a realização, pelo educando, do

conhecimento de si mesmo, do mundo mental

que o rodeia e que permeia seu ser, e tudo

quanto existe;

despertar no educando a vontade de ser

melhor, de buscar o aperfeiçoamento de si

mesmo como tarefa primordial da vida;

fomentar atividades úteis e o nascimento de

pensamentos construtivos;

possibilitar ao educando a formação do

conceito da própria responsabilidade como ser

inteligente e dono de uma vida que deve

dignificar com o exemplo;

preparar o ser humano para as altas funções

da vida superior, cujo conhecimento e domínio

profundo a Logosofia ensina a realizar;

desenvolver no ser humano o domínio

profundo das funções de estudar, de aprender,

de ensinar, de pensar e de realizar, que resultará

em aptidões individuais de incalculável

significado para o futuro pedagógico na

educação da humanidade.

Entre os objetivos da Pedagogia Logosó-

fica, adequados, naturalmente, à capacida-

de de cada faixa etária, podemos, na forma

breve que se espera de uma revista, men-

cionar os seguintes:

Page 54: Revista Logosofia

* Bacharel e licenciado em Geociências pelo Instituto de Geociências da UFMG/ Instrutor e Consultor em Gestão / Autor e co-autor de livros didáticos de Geografia e outros na área de Gestão de Instituições Educacionais/ Diretor-Geral do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH/ Coordenador do Colegiado do Sistema Logosófico de Educação

54 55

A proposta desta linha pedagógica é realizar tudo isto em

meio a uma grande alegria, experimentada por quem educa e por

quem é educado. Temos evidências de como esta prática tem se

constituído em um grande bem para muitas crianças, jovens e

respectivas famílias.

Os que se acham envolvidos neste trabalho são conscientes de que

se encontram ainda realizando as primeiras investigações e

experiências sobre uma concepção cujas vastas projeções vão

muito além do já realizado pela atual geração de educadores, mas

são conscientes de que os frutos de sua ação pedagógica vão se

mostrando tanto maiores e tanto melhores quanto maior e melhor

tenha sido a assimilação e a prática desses novos conhecimentos.

Fica aqui o convite para que os leitores conheçam mais a Logosofia

e, – quem sabe? –, que muitos se unam aos educadores que a

aplicam, nessa maravilhosa trilha da investigação e experimentação

aberta pela Pedagogia Logosófica ao descortinar uma nova forma

de conceber, sentir e viver a vida!

de alguns conceitos que fundamentam o processo educativo logosófico

Conhecimento

Cultura

Sabido é que tudo o que o homem conhece, possui e faz foi retirado por ele de uma única e exclusiva fonte: a Natureza. Para tanto, utilizou-se de sua inteligência, mediante o uso das faculdades de observar e de pensar. O saber acumulado através dos tempos é o que tem tornado factível a evolução humana, como também tem propiciado a sobrevivência e a expansão do conforto do homem.

Contudo, todo esse conhecimento, cultivado e transmitido

através das gerações, não tem sido suficiente para tornar o

homem um ser mais equilibrado, mais feliz, verdadeiramente

mais humano.

Adquiriu ele conhecimentos que lhe permitem explorar o

universo, conhecer outras galáxias, porém não possui

conhecimentos que lhe permitam viajar dentro de si mesmo,

explorando o que existe nesse infinito microcosmo. Enfim, seus

olhos e microscópios ultra-sensíveis se especializaram na ciência

do mundo físico, mas ele jamais correlacionou esses conheci-

mentos com a sua vida interna, sua vida mental.

A Logosofia é a ciência que vem preencher essa lacuna, abrindo

para o homem as mais amplas perspectivas de saber, de pesquisa

e de estudo de sua própria vida mental e espiritual, acercando-o

de conhecimentos de ordem transcendente.

Cultura é a soma de conhecimentos, conceitos, pensamentos e

idéias que dão conteúdo e corpo a uma civilização, que a

evidencia por meio das mais variadas formas de manifestação,

científica ou artística, nos padrões de comportamento e atitudes

de toda uma sociedade.

A Logosofia está dando nascimento no mundo a uma nova

cultura, ativa, construtiva e reformadora, porque traz um

conjunto de conhecimentos superiores que determinam uma

nova forma de sentir e de conceber a vida, uma nova forma de

comportamento do homem diante de si mesmo, diante dos

semelhantes, da vida e de Deus.

Glossário

Deus

Educação

A busca de Deus é inerente ao homem, por sua natureza

espiritual, e está relacionada com sua necessidade de penetrar

nos grandes conhecimentos que lhe expliquem o significado da

vida e da própria existência.

As indagações relacionadas com este conceito são freqüentes no

ser humano a partir dos seus primeiros anos e o acompanham ao

longo de toda a sua vida.

Ao contemplar a imensidão do Universo, a mente humana é

impelida a se perguntar: de onde vem tudo isto? As respostas a

esta e a outras indagações levam à causa primeira, ao princípio

regulador do universo: DEUS.

O homem buscou sempre sua vinculação metafísica com seu

Criador. Nesta busca, tem percorrido muitos caminhos e

enfrentado muitos sofrimentos, por não ter conseguido

realmente alcançá-la.

Crenças e preconceitos o têm impedido de atingir a razão de ser

de sua existência na Terra: encontrar Deus por meio do conheci-

mento e da evolução.

A concepção de Deus, criador de tudo quanto existe e ao qual se

chega por uma única via, a do conhecimento, é fundamental no

trabalho formativo do ser humano, porque liberta a mente de

temores e preconceitos que limitam sua ação e a impedem de

atingir seu pleno desenvolvimento.

Liberadas as faculdades mentais, pode o homem penetrar em

todos os ramos do conhecimento, que são a expressão da Divina

Sabedoria, e o faz consciente de que com isto está cumprindo

com o supremo mandado do Criador que o fez livre para pensar e

alcançar respostas a todas as indagações que sua mente formula.

Coerente com a concepção de homem que a Logosofia

apresenta, a Pedagogia Logosófica visa à formação integral do

ser humano.

Page 55: Revista Logosofia

* Bacharel e licenciado em Geociências pelo Instituto de Geociências da UFMG/ Instrutor e Consultor em Gestão / Autor e co-autor de livros didáticos de Geografia e outros na área de Gestão de Instituições Educacionais/ Diretor-Geral do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários – BH/ Coordenador do Colegiado do Sistema Logosófico de Educação

54 55

A proposta desta linha pedagógica é realizar tudo isto em

meio a uma grande alegria, experimentada por quem educa e por

quem é educado. Temos evidências de como esta prática tem se

constituído em um grande bem para muitas crianças, jovens e

respectivas famílias.

Os que se acham envolvidos neste trabalho são conscientes de que

se encontram ainda realizando as primeiras investigações e

experiências sobre uma concepção cujas vastas projeções vão

muito além do já realizado pela atual geração de educadores, mas

são conscientes de que os frutos de sua ação pedagógica vão se

mostrando tanto maiores e tanto melhores quanto maior e melhor

tenha sido a assimilação e a prática desses novos conhecimentos.

Fica aqui o convite para que os leitores conheçam mais a Logosofia

e, – quem sabe? –, que muitos se unam aos educadores que a

aplicam, nessa maravilhosa trilha da investigação e experimentação

aberta pela Pedagogia Logosófica ao descortinar uma nova forma

de conceber, sentir e viver a vida!

de alguns conceitos que fundamentam o processo educativo logosófico

Conhecimento

Cultura

Sabido é que tudo o que o homem conhece, possui e faz foi retirado por ele de uma única e exclusiva fonte: a Natureza. Para tanto, utilizou-se de sua inteligência, mediante o uso das faculdades de observar e de pensar. O saber acumulado através dos tempos é o que tem tornado factível a evolução humana, como também tem propiciado a sobrevivência e a expansão do conforto do homem.

Contudo, todo esse conhecimento, cultivado e transmitido

através das gerações, não tem sido suficiente para tornar o

homem um ser mais equilibrado, mais feliz, verdadeiramente

mais humano.

Adquiriu ele conhecimentos que lhe permitem explorar o

universo, conhecer outras galáxias, porém não possui

conhecimentos que lhe permitam viajar dentro de si mesmo,

explorando o que existe nesse infinito microcosmo. Enfim, seus

olhos e microscópios ultra-sensíveis se especializaram na ciência

do mundo físico, mas ele jamais correlacionou esses conheci-

mentos com a sua vida interna, sua vida mental.

A Logosofia é a ciência que vem preencher essa lacuna, abrindo

para o homem as mais amplas perspectivas de saber, de pesquisa

e de estudo de sua própria vida mental e espiritual, acercando-o

de conhecimentos de ordem transcendente.

Cultura é a soma de conhecimentos, conceitos, pensamentos e

idéias que dão conteúdo e corpo a uma civilização, que a

evidencia por meio das mais variadas formas de manifestação,

científica ou artística, nos padrões de comportamento e atitudes

de toda uma sociedade.

A Logosofia está dando nascimento no mundo a uma nova

cultura, ativa, construtiva e reformadora, porque traz um

conjunto de conhecimentos superiores que determinam uma

nova forma de sentir e de conceber a vida, uma nova forma de

comportamento do homem diante de si mesmo, diante dos

semelhantes, da vida e de Deus.

Glossário

Deus

Educação

A busca de Deus é inerente ao homem, por sua natureza

espiritual, e está relacionada com sua necessidade de penetrar

nos grandes conhecimentos que lhe expliquem o significado da

vida e da própria existência.

As indagações relacionadas com este conceito são freqüentes no

ser humano a partir dos seus primeiros anos e o acompanham ao

longo de toda a sua vida.

Ao contemplar a imensidão do Universo, a mente humana é

impelida a se perguntar: de onde vem tudo isto? As respostas a

esta e a outras indagações levam à causa primeira, ao princípio

regulador do universo: DEUS.

O homem buscou sempre sua vinculação metafísica com seu

Criador. Nesta busca, tem percorrido muitos caminhos e

enfrentado muitos sofrimentos, por não ter conseguido

realmente alcançá-la.

Crenças e preconceitos o têm impedido de atingir a razão de ser

de sua existência na Terra: encontrar Deus por meio do conheci-

mento e da evolução.

A concepção de Deus, criador de tudo quanto existe e ao qual se

chega por uma única via, a do conhecimento, é fundamental no

trabalho formativo do ser humano, porque liberta a mente de

temores e preconceitos que limitam sua ação e a impedem de

atingir seu pleno desenvolvimento.

Liberadas as faculdades mentais, pode o homem penetrar em

todos os ramos do conhecimento, que são a expressão da Divina

Sabedoria, e o faz consciente de que com isto está cumprindo

com o supremo mandado do Criador que o fez livre para pensar e

alcançar respostas a todas as indagações que sua mente formula.

Coerente com a concepção de homem que a Logosofia

apresenta, a Pedagogia Logosófica visa à formação integral do

ser humano.

Page 56: Revista Logosofia

25

56 57

A sua concepção de educação sobrepõe-se, pois, ao ensino dos

conteúdos que compõem os programas oficiais para expandir-se

até as esferas das necessidades espirituais do ser: o conhecimento

de si mesmo, do mundo mental, das leis universais que regem a

vida e o comportamento humanos, o conhecimento de Deus,

aspiração máxima do homem.

Objetiva, assim, uma educação superior, acorde com a condição

também superior do gênero humano.

O método logosófico estabelece que a função de ensinar não

pode ser exercida sem antes haver o ser adquirido os

conhecimentos que tornam possível o exercício dessa função,

respaldando o que ensina com o próprio exemplo. No que se

refere ao conhecimento da vida, afirma a Logosofia que “não se

pode ensinar o que se sabe se, ao fazê-lo, não vai refletida como

uma garantia do saber, a segurança que cada um deve dar com

seu próprio exemplo”.

O ato de ensinar é, para a Logosofia, um dos mais

transcendentes que pode o homem realizar. Consubstancia-se no

ato de ensinar o que se sabe, o que foi aprendido com o estudo e

a própria experiência, e com a posição generosa de ajudar os

demais a adquirir o mesmo saber.

Evidentemente, o ato de ensinar não se circunscreve ao ensino

dos conteúdos que formam os programas de ensino, mas, com

eles, devem fluir os conhecimentos de ordem transcendente,

que são os que atendem ao desenvolvimento mental, moral e

espiritual do ser humano, e não apenas ao seu desenvolvimento

intelectual.

A Logosofia afirma que o homem é um ser indivisível, porém

possuidor de duas naturezas: a física e a espiritual, mecanismo

possível de articular-se em conjunção harmônica:

a natureza física, dotada de um perfeito organismo com

função automática e permanente à margem da vontade, com

dispositivos e sistemas biológicos que atuam e se comunicam

maravilhosamente entre si, e um mecanismo psicológico que se

resume na alma;

a natureza espiritual do homem, ou seja, a que corresponde a

seu espírito, distingue-se da física pelo fato de ser incorpórea e

imperecível.

O organismo físico, corpóreo, visível, nasce e se desenvolve

como base material da existência humana. Acoplada ao físico, a

natureza espiritual, invisível aos olhos, mas tão real quanto o

Funções de ensinar e de aprender

Homem

primeiro, é a que oferece ao ser humano a verdadeira sensação de

existir, de pensar, de amar, de ansiar pela felicidade, de aspirar a

ser melhor e, principalmente, de manter vivas as inquietudes

sobre Deus, sobre a vida e a morte, que, desde a infância,

persistem e pressionam a inteligência.

A ciência logosófica descobre ao homem que o mundo físico é

tão-somente uma manifestação do mundo mental ou metafí-

sico, que o homem deve conhecer para nele identificar as

verdadeiras causas de tudo o que lhe acontece, quer individual,

quer coletivamente.

Esse mundo é tão real e palpável como o físico, e não é vedado

ao homem penetrar nele, desde que o faça por meio da única via

existente: o próprio mundo interno.

A Pedagogia Logosófica dá ao professor um papel principalís-

simo no processo de ensinar e de aprender.

Não pode ser ele um simples transmissor do saber adquirido em

qualquer ramo do conhecimento, mas um ser ativo e criador que

transfunde em sua ação a energia e a criatividade que o

conhecimento confere, bem como o gosto pelo saber.

Sua ação não pode limitar-se somente ao ramo do conhecimento

que ministra, dentro do qual deve propiciar a assimilação, pelo

aluno, dos conhecimentos que lhe são inerentes, por meio da

atividade fecunda das faculdades que formam sua inteligência;

deve expandir-se até os conhecimentos de índole superior, que

são os que formam o aluno internamente e não apenas o

ilustram. Este deve ser sempre o objetivo de toda ação

pedagógica: formar o ser integralmente, para que possa realizar

em si mesmo as altas funções para as quais foi criado.

A Logosofia declara que, em sua conformação psicológica, o

homem está dotado de três sistemas: o mental, o sensível e o

instintivo, que devem desenvolver suas atividades sob forma

harmoniosa e equilibrada, em favor da sua evolução consciente.

Na criança, o mecanismo psicológico está em desenvolvimento

e seu caráter, em formação. Recebe grande influência do meio

em que vive e sua razão, pouco menos que inativa, pela ausência

de conhecimentos que a auxiliem para distinguir os pensamentos

Mundo

Professor

Realidade psicoespiritual da criança e

do adolescente

25

geradores de sua conduta, atua tendendo ora para o bem,

ora para o mal.

“Durante a infância, o espírito se manifesta no ente

físico ou alma da criança para preservá-la dos males que a

espreitam e partilhar com ela momentos muito gratos.” A

criança tudo vê com os olhos do espírito; por isto guarda,

de forma quase indelével, as imagens que a impressionam,

que, às vezes, reaparecem no homem como incentivos ou

inspirações que iluminam sua marcha pelo mundo.

O despertar da puberdade traz como conseqüência o

retraimento do espírito. Isto ocorre porque, nessa idade,

o instinto adquire força, surgem as paixões e o ente

físico se vê, de repente, submerso em um materialismo

da maior crueza. Surgem a rebeldia e a contestação, as

críticas e ironias, os devaneios e ilusões, os estados

extremos de alegria e de tristeza, a insegurança e a

desconfiança diante do futuro e dos adultos. A Logosofia

declara que é possível neutralizar-se a influência do

instinto durante a puberdade e evitar que anule a do

espírito.

Conhecendo o papel que o espírito individual exerce

durante a infância e a adolescência, a educação

logosófica preocupa-se em favorecer suas manifestações

tutelares. Este conhecimento básico permite ao docente

preservar a criança de preconceitos, de crenças e de toda

idéia sugestionante e inibitória que atente contra o

normal desenvolvimento de sua natureza pensante e

demais atributos afins com sua condição superior entre

os seres criados.

Vida é tudo que vibra e respira na Criação Universal. É

uma expressão de força que alenta a existência de tudo

quanto existe. É atividade permanente que foi entregue

ao homem para que ele faça dela o melhor dos usos,

procurando conservá-la, ampliá-la e dignificá-la.

Significa para ele a oportunidade de adquirir e praticar os

conhecimentos num contínuo esforço de adestramento

mental para alcançar níveis mais elevados, acercando-se

passo a passo do Criador.

O homem não pode, assim, perder essa oportunidade

que lhe foi dada por Deus para que aprenda e evolua,

para que lute e se torne forte, já que a vida física é tão-

somente uma parte da educação do ser humano. Por ser

transitória, cessa com a morte. O que se constrói sobre

a vida espiritual permanece, não deixando de existir

quando cessa a vida física.

Vida

Para mais informações, indica-se a bibliografia logosófica mencionada nesta revista e contida nos livros de Logosofia, de autoria de Carlos Bernardo González Pecotche.

EDITORA LOGOSÓFICARua General Chagas Santos, 590 – Saúde

CEP 04146-051 – Fone: (11) 5584-6648

São Paulo – SP

www.editoralogosofica.com.br

A Herança de Si Mesmo

Bases para Sua Conduta

Curso de Iniciação Logosófica

Deficiências e Propensões do Ser Humano

Diálogos

Exegese Logosófica

Intermédio Logosófico

Introdução ao Conhecimento Logosófico

Logosofia Ciência e Método

O Espírito

O Mecanismo da Vida Consciente

O Senhor De Sándara

Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 1

Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 2

Page 57: Revista Logosofia

25

56 57

A sua concepção de educação sobrepõe-se, pois, ao ensino dos

conteúdos que compõem os programas oficiais para expandir-se

até as esferas das necessidades espirituais do ser: o conhecimento

de si mesmo, do mundo mental, das leis universais que regem a

vida e o comportamento humanos, o conhecimento de Deus,

aspiração máxima do homem.

Objetiva, assim, uma educação superior, acorde com a condição

também superior do gênero humano.

O método logosófico estabelece que a função de ensinar não

pode ser exercida sem antes haver o ser adquirido os

conhecimentos que tornam possível o exercício dessa função,

respaldando o que ensina com o próprio exemplo. No que se

refere ao conhecimento da vida, afirma a Logosofia que “não se

pode ensinar o que se sabe se, ao fazê-lo, não vai refletida como

uma garantia do saber, a segurança que cada um deve dar com

seu próprio exemplo”.

O ato de ensinar é, para a Logosofia, um dos mais

transcendentes que pode o homem realizar. Consubstancia-se no

ato de ensinar o que se sabe, o que foi aprendido com o estudo e

a própria experiência, e com a posição generosa de ajudar os

demais a adquirir o mesmo saber.

Evidentemente, o ato de ensinar não se circunscreve ao ensino

dos conteúdos que formam os programas de ensino, mas, com

eles, devem fluir os conhecimentos de ordem transcendente,

que são os que atendem ao desenvolvimento mental, moral e

espiritual do ser humano, e não apenas ao seu desenvolvimento

intelectual.

A Logosofia afirma que o homem é um ser indivisível, porém

possuidor de duas naturezas: a física e a espiritual, mecanismo

possível de articular-se em conjunção harmônica:

a natureza física, dotada de um perfeito organismo com

função automática e permanente à margem da vontade, com

dispositivos e sistemas biológicos que atuam e se comunicam

maravilhosamente entre si, e um mecanismo psicológico que se

resume na alma;

a natureza espiritual do homem, ou seja, a que corresponde a

seu espírito, distingue-se da física pelo fato de ser incorpórea e

imperecível.

O organismo físico, corpóreo, visível, nasce e se desenvolve

como base material da existência humana. Acoplada ao físico, a

natureza espiritual, invisível aos olhos, mas tão real quanto o

Funções de ensinar e de aprender

Homem

primeiro, é a que oferece ao ser humano a verdadeira sensação de

existir, de pensar, de amar, de ansiar pela felicidade, de aspirar a

ser melhor e, principalmente, de manter vivas as inquietudes

sobre Deus, sobre a vida e a morte, que, desde a infância,

persistem e pressionam a inteligência.

A ciência logosófica descobre ao homem que o mundo físico é

tão-somente uma manifestação do mundo mental ou metafí-

sico, que o homem deve conhecer para nele identificar as

verdadeiras causas de tudo o que lhe acontece, quer individual,

quer coletivamente.

Esse mundo é tão real e palpável como o físico, e não é vedado

ao homem penetrar nele, desde que o faça por meio da única via

existente: o próprio mundo interno.

A Pedagogia Logosófica dá ao professor um papel principalís-

simo no processo de ensinar e de aprender.

Não pode ser ele um simples transmissor do saber adquirido em

qualquer ramo do conhecimento, mas um ser ativo e criador que

transfunde em sua ação a energia e a criatividade que o

conhecimento confere, bem como o gosto pelo saber.

Sua ação não pode limitar-se somente ao ramo do conhecimento

que ministra, dentro do qual deve propiciar a assimilação, pelo

aluno, dos conhecimentos que lhe são inerentes, por meio da

atividade fecunda das faculdades que formam sua inteligência;

deve expandir-se até os conhecimentos de índole superior, que

são os que formam o aluno internamente e não apenas o

ilustram. Este deve ser sempre o objetivo de toda ação

pedagógica: formar o ser integralmente, para que possa realizar

em si mesmo as altas funções para as quais foi criado.

A Logosofia declara que, em sua conformação psicológica, o

homem está dotado de três sistemas: o mental, o sensível e o

instintivo, que devem desenvolver suas atividades sob forma

harmoniosa e equilibrada, em favor da sua evolução consciente.

Na criança, o mecanismo psicológico está em desenvolvimento

e seu caráter, em formação. Recebe grande influência do meio

em que vive e sua razão, pouco menos que inativa, pela ausência

de conhecimentos que a auxiliem para distinguir os pensamentos

Mundo

Professor

Realidade psicoespiritual da criança e

do adolescente

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geradores de sua conduta, atua tendendo ora para o bem,

ora para o mal.

“Durante a infância, o espírito se manifesta no ente

físico ou alma da criança para preservá-la dos males que a

espreitam e partilhar com ela momentos muito gratos.” A

criança tudo vê com os olhos do espírito; por isto guarda,

de forma quase indelével, as imagens que a impressionam,

que, às vezes, reaparecem no homem como incentivos ou

inspirações que iluminam sua marcha pelo mundo.

O despertar da puberdade traz como conseqüência o

retraimento do espírito. Isto ocorre porque, nessa idade,

o instinto adquire força, surgem as paixões e o ente

físico se vê, de repente, submerso em um materialismo

da maior crueza. Surgem a rebeldia e a contestação, as

críticas e ironias, os devaneios e ilusões, os estados

extremos de alegria e de tristeza, a insegurança e a

desconfiança diante do futuro e dos adultos. A Logosofia

declara que é possível neutralizar-se a influência do

instinto durante a puberdade e evitar que anule a do

espírito.

Conhecendo o papel que o espírito individual exerce

durante a infância e a adolescência, a educação

logosófica preocupa-se em favorecer suas manifestações

tutelares. Este conhecimento básico permite ao docente

preservar a criança de preconceitos, de crenças e de toda

idéia sugestionante e inibitória que atente contra o

normal desenvolvimento de sua natureza pensante e

demais atributos afins com sua condição superior entre

os seres criados.

Vida é tudo que vibra e respira na Criação Universal. É

uma expressão de força que alenta a existência de tudo

quanto existe. É atividade permanente que foi entregue

ao homem para que ele faça dela o melhor dos usos,

procurando conservá-la, ampliá-la e dignificá-la.

Significa para ele a oportunidade de adquirir e praticar os

conhecimentos num contínuo esforço de adestramento

mental para alcançar níveis mais elevados, acercando-se

passo a passo do Criador.

O homem não pode, assim, perder essa oportunidade

que lhe foi dada por Deus para que aprenda e evolua,

para que lute e se torne forte, já que a vida física é tão-

somente uma parte da educação do ser humano. Por ser

transitória, cessa com a morte. O que se constrói sobre

a vida espiritual permanece, não deixando de existir

quando cessa a vida física.

Vida

Para mais informações, indica-se a bibliografia logosófica mencionada nesta revista e contida nos livros de Logosofia, de autoria de Carlos Bernardo González Pecotche.

EDITORA LOGOSÓFICARua General Chagas Santos, 590 – Saúde

CEP 04146-051 – Fone: (11) 5584-6648

São Paulo – SP

www.editoralogosofica.com.br

A Herança de Si Mesmo

Bases para Sua Conduta

Curso de Iniciação Logosófica

Deficiências e Propensões do Ser Humano

Diálogos

Exegese Logosófica

Intermédio Logosófico

Introdução ao Conhecimento Logosófico

Logosofia Ciência e Método

O Espírito

O Mecanismo da Vida Consciente

O Senhor De Sándara

Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 1

Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 2

Page 58: Revista Logosofia

Principais sedes da Fundação Logosófica no Brasil

www.logosofia.org.br

Belo Horizonte - MGRua Piauí, 742 - FuncionáriosCEP 30150-320 - Fone: (31) 3273-1717

Brasília - DFSHCG Norte - Quadra 704 - Área Especial de EscolaCEP 70730-730 - Fone: (61) 3326-4205

Chapecó - SCRua Clevelândia, 1389 D - SaicCEP 89802-411 - Fone: (49) 3322-5514

Curitiba - PRRua Almirante Gonçalves, 2081 - RebouçasCEP 80250-150 - Fone: (41) 3332-2814

Florianópolis - SCRua Deputado Antônio Edu Vieira, 150 - PantanalCEP 88040-000 - Fone: (48) 3333-6897

Goiânia - GOAv. São João, 311 - Alto da GlóriaCEP 74815-280 - Fone: (62) 3281-9413

Rio de Janeiro - RJRua General Polidoro, 36 - BotafogoCEP 22280-001 - Fone: (21) 2543-1138

São Paulo - SPRua General Chagas Santos, 590 - SaúdeCEP 04146-051 - Fone: (11) 5584-6648

Uberlândia - MGRua Alexandre de Oliveira Marquez, 113 - Vigilato PereiraCEP 38408-458 - Fone: (34) 3237-1130

A Fundação Logosófica possui aindacentenas de escolas localizadas nas maisdiversas regiões do País e no exterior.

Oferecer à criança e à juventude, por meio da Pedagogia Logosófica, um amparo e um saber

que favoreçam o desenvolvimento pleno de suas aptidões físicas, mentais, morais e

espirituais, formando as bases de uma nova humanidade, mais consciente frente à própria

vida, à sociedade em que vive e ao mundo.

www.colegiologosofico.com.br

Unidades do Colégio Logosófico González Pecotche

Funcionários – Belo Horizonte/MG

Rua Piauí, 742 – Funcionários

CEP 30150-320

Telefone: (31) 3273-1717

Cidade Nova Belo Horizonte/MG–

Av. José Cândido da Silveira, 330

Cidade Nova

CEP 31170-000

Telefone: (31) 3482-9850

Brasília/DF

SHCG Norte – Quadra 704

Área Especial de Escola

CEP 70730-730

Telefone: (61) 3326-4205

Dois pilares sustentam as ações dos Colégios Logosóficos: o ensino do conteúdo curricular e o trabalho pedagógico de

formação do aluno para a vida, apoiado na concepção logosófica. Esta nova e original linha pedagógica vem

chamando a atenção do meio educacional pela originalidade dos seus princípios e pelos resultados

alcançados no encaminhamento da formação mental, moral e espiritual de crianças e adolescentes. Nos

Colégios Logosóficos encontra-se um ambiente de afeto e de respeito, onde se busca o cultivo de

valores essenciais à vida dos seus alunos, em ampla integração com as famílias. Por isso

mesmo, vêm sendo considerados como uma verdadeira “escola para filhos e pais”.

Sistema Logosófico de Educação

Missão

Chapecó/SCRua Clevelândia, 1389D – SaicCEP 89802-411Telefone: (49) 3323-3847

Goiânia/GOAv. São João, 311 – Alto da GlóriaCEP 74815-280 Telefone: (62) 3281-6088

Rio de Janeiro/RJRua General Polidoro, 36 – BotafogoCEP 22280-001 Telefone: (21) 2543-1138

Uberlândia/MGRua Alexandre de Oliveira Marquez, 113Vigilato Pereira – CEP 38408-458 Telefone: (34) 3237-1130

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A Fundação Logosófica possui aindacentenas de escolas localizadas nas maisdiversas regiões do País e no exterior.

Oferecer à criança e à juventude, por meio da Pedagogia Logosófica, um amparo e um saber

que favoreçam o desenvolvimento pleno de suas aptidões físicas, mentais, morais e

espirituais, formando as bases de uma nova humanidade, mais consciente frente à própria

vida, à sociedade em que vive e ao mundo.

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Área Especial de Escola

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Dois pilares sustentam as ações dos Colégios Logosóficos: o ensino do conteúdo curricular e o trabalho pedagógico de

formação do aluno para a vida, apoiado na concepção logosófica. Esta nova e original linha pedagógica vem

chamando a atenção do meio educacional pela originalidade dos seus princípios e pelos resultados

alcançados no encaminhamento da formação mental, moral e espiritual de crianças e adolescentes. Nos

Colégios Logosóficos encontra-se um ambiente de afeto e de respeito, onde se busca o cultivo de

valores essenciais à vida dos seus alunos, em ampla integração com as famílias. Por isso

mesmo, vêm sendo considerados como uma verdadeira “escola para filhos e pais”.

Sistema Logosófico de Educação

Missão

Chapecó/SCRua Clevelândia, 1389D – SaicCEP 89802-411Telefone: (49) 3323-3847

Goiânia/GOAv. São João, 311 – Alto da GlóriaCEP 74815-280 Telefone: (62) 3281-6088

Rio de Janeiro/RJRua General Polidoro, 36 – BotafogoCEP 22280-001 Telefone: (21) 2543-1138

Uberlândia/MGRua Alexandre de Oliveira Marquez, 113Vigilato Pereira – CEP 38408-458 Telefone: (34) 3237-1130

Page 60: Revista Logosofia

pesar das

desilusões e dos

enganos sofridos, a

humanidade, mesmo

mergulhada na mais profunda desorientação,

ainda espera e anseia por uma palavra nova.

O conhecimento logosófico focaliza o centro das grandes

interrogações que inquietam o ser humano e propõe uma

análise serena e profunda sobre as causas que detiveram até

hoje a evolução espiritual do homem.

Os livros logosóficos são, pois, portadores da nova

concepção sobre o homem e o Universo apresentada pela

Logosofia, que difere, pela originalidade de seu conteúdo, de

toda outra concepção filosófica ou científica do passado ou

do presente.

Em síntese, os livros logosóficos revelam à mente humana o

que ela não pensou nem imaginou sobre a grande incógnita

da vida e do destino do homem. E lançam os fundamentos de

uma nova cultura para toda a humanidade.