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No Eixo|| 1 Fome de Vida: a banda Nuvens e seu financiamento pelos fãs Entrevista Elias Frenzel fala sobre a banda Sevenaid Conheça Sambulus Eder Miguel Glad Azevedo Divulgue sua banda Ferramentas gratuitas para pontecializar sua divulgação

Revista No Eixo - Novembro 2011

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Revista no Eixo

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No Eixo|| 1

Fome de Vida: a banda Nuvens e seu financiamento pelos fãs

EntrevistaElias Frenzel falasobre a banda Sevenaid

ConheçaSambulusEder MiguelGlad Azevedo

Divulgue sua bandaFerramentas gratuitas para pontecializar sua divulgação

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SumárioEspaço do fã 6Espaço destinado aos fãs e seus relatos de shows

Cliques 7Fotos de shows, porque eles são o motivo de nossa existência

Cd, Mp3 ou SMD 8Qual o formato ideial para lançar sua música?

Novidades 9Lila Polese conta um pouco as novidades da Puerto Madero

Conheça Bandas e artistas que você deve conhecer- Sambulus 10- Mitre 11- Eder Miguel 12- Glad Azevedo 13

Entrevista 14Elias Frenzel conversou sobre a Sevenaid e conta um pouco sobre a sua saída da Reação em Cadeia

Definições 16 Tamy Antunes apresenta a cena Billie e suas particularidades

Era uma vez... 18 Conheça a história da banda curitibana Poléxia que marcou o cenário independente da cidade

Profissão: baterista 20 Diego Andrade escolheu a bateria como sua profissão e conta como é sua vida

Perfil 24Conheça um pouco mais do músico e cantor Tico Santa Cruz

Festivais 26Oportunidades para artistas e bandas mostrarem seus trabalhos pelo Brasil e no mundo

Foi importante porque 28 Músicos que participaram de festivais contam a importancia dele na carreira da banda

Albuns Clássicos 33 Marcos Paulo conta um pouco sobre a banda gaúcha Defalla

CAPA

Financiamento pela multidão 30 Conheça o crowndfunding e saiba o que ele pode fazer por sua banda. Nuvens apresenta Fome de Vida, resultado de seu financiamento bem sucedido

Divulgue sua banda 34 Ferramentas gratuitas para pontecializar sua divulgação pela rede

Dentro e fora do mainstream 36 Leo Richter fez parte do mainstream brasileiro e hoje está fora dele e conta como é viver fora dele e continuar na música

Todas vez que ver um * clique que abrirá

uma tela com a explicação do que a

palavra significa

Todas as bandas citadas tem links para

que você possa conhecer seu trabalho

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EDITORIAL + EXPEDIENTEOlá, como estão vocês?

A música está presente em nossa vida em todos os momentos, até mesmo naqueles em que nós não queremos, mas pode ser pior afinal, nem sempre gostamos do que somos “obrigados” a ouvir. A música é estado de espírito, pode ajudar a acalmar ou extravasar a raiva, ajuda a espantar aquela preguiça e ainda nos faz lembrar momentos marcantes de nossas vidas, mesmo que eles não sejam bons para se recordar.

Mais do que falar de música, o objetivo é ouvir música! A cada nome de banda que você encontrar na revista com apenas um clique no nome você será direcionado ao espaço utilizado pela banda para divulgar seu trabalho. Outra novidade é que toda vez que você ver um * e clicar abrirá uma janela explicando o que a palavra no meio musical.

A revista No Eixo dá oportunidade as bandas de mostrarem o que estão fazendo, como estão fazendo e o pensam sobre esse universo tão extenso. Em um mundo onde a Internet ocupa cada vez mais espaço no dia a dia a revista digital quer ter seu espaço garantido no espaço virtual e também no disco rígido dos mais interessados.

Escrever sobre bandas e artistas conhecidos é muito bom e fácil, porque se existe sucesso existe publico garantido. Mas é justamente aí que surgiu a pergunta: o sucesso está somente no mainstream ou existe sucesso fora dele?

Em um país tão grande como o nosso, muitos vivem de música – e para a música – e não estão na mídia. O objetivo aqui é justamente o de mostrar que nem só do mainstream vive a música. E mais mostrar que nem todo artista conhecido faz parte do meio mais famoso da música.

Vamos mostrar o underground* e apresentar o circuito médio* – a cena que existe entre o main e o under – onde vive esse artista que é conhecido, mas que não faz parte da “elite musical” se é que essa elite realmente existe.

O nosso diferencial? Uma revista eletrônica feita integralmente com entrevistas via web: email, Facebook, Twitter e MSN foram essenciais nessa edição.

Bem vindos e boa leitura, Talita Lima

qEditora-chefe: Talita [email protected]

Redação: Talita [email protected]

Diagramação: Camila [email protected]

Talita [email protected]

Periodicidade: Mensal

Colaboração: Lila Polese em NovidadesMarcos Paulo em Álbúns ClássicosTamires Antunes em Definições

Fotos:a1. Banda Nuvens por Rodrigo Torrezan 2. Detonautas, Tihuana, Luxúria, Te Extraño, Ludov, Lemoskine, Mr. Einstein, O Homem Amarelo, Sukhoi, Terminal Guadalupe, Relespública, Ramirez e Ímpar em Cliques por Talita Lima 3. Sambulus por Cleverson Amaral 4. Mitre por Leonardo Rocha 5. Sevenaid divulgação 6. Poléxia por Fabiana Bubniak e Talita Lima 7. Diego Andrade por Karen Ferreira 8. Tico Santa Cruz por Talita Lima 9. Defalla divulgação 10. Billies por Tamy Antunes 11. Leo Richter por Luiza Bergamaschi 12. Eder Miguel por Renato Guimarães 13. Glad Azevedo por Talita Lima

Contato:Twitter: @noeixoE-mail: [email protected]

Critícas, dúvidas, elogios e sugestões são sempre bem vindas.

Participe e ajude a revista a ficar com a sua cara além de divulgar o trabalho do sua banda ou artista preferido.

As opiniões expressas aqui não representam a opinião da revista No Eixo.

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Quando? 08 de outubro de 2011Local: MatrizOnde? Belo Horizonte/ MGQuem? ScrachoRelato por Carol Lages

No último dia 8 de outubro, aconteceu o lançamento do cd do Scracho chamado Mundo a descobrir. O Matriz estava lotado e a banda carioca não deixou a desejar. Cantou antigos sucessos acompanhados pelo coro alto dos fãs. O que mais me surpreendeu é que todas as músicas do novo cd foram cantadas pelo público presente. Da mesma maneira que a banda não decepcionou os fãs também fizeram sua parte, fazendo que o vocalista Diego falasse que era um momento inesquecível pra ele.

Uma das melhores partes do show foi quando a baterista Dedé cantou sozinha A menina dança, música dos Novos Baianos.

Um dos momentos em que o grupo interage com os fãs é quando os fãs são autorizados para subir no palco e enquanto a música é tocada pela banda, eles podem dançar no palco. Uma das fãs que subiu ao palco dessa vez foi Débora de Paula, que é apaixonada pela banda. “Nunca me senti tão bem e feliz ao estar ao lado dos meus ídolos”.

Ao meu ponto de vista, tenho que’ confessar que vi uma evolução da banda desde o último show em BH para o atual. A banda amadureceu, mas não deixou de lado as letras que fazem com que cada fã se identifique com elas. No meu caso, a música com que me identifico é Tudo bem. q

Quando? 21 de outubro de 2011Local: Nova FarolOnde: São Miguel do Oeste/ SCQuem? Detonautas Roque ClubeRelato por Izadora Motta Na sexta-feira, 21 de outubro, o Detonautas fez seu segundo show da tour no Sul. Foi em São Miguel do Oeste/ SC. A banda já havia se apresentado na cidade, inclusive no mesmo local em 2006.

Antes do show, como de praxe rolou a passagem de som, na qual produção e banda trabalham juntos para deixar tudo certo para que tudo funcione na hora do show. Mesmo com a correria e os atrasos, a passagem ocorreu de forma tranquila e conforme o previsto.

Bom, a casa estava lotada e o show foi lindo! O público cantou praticamente tudo! O repertório foi parecido com o do show feito dia 02 de outubro, no Rock in Rio.

A galera enlouqueceu, principalmente quando a banda tocou O Retorno de Saturno, O Inferno são os outros e a nova Um Cara de Sorte, que está tocando direto nas rádios aqui de Santa Catarina. Já nos outros momentos do show o público ficou mais tranquilo, mas ainda assim reagia a todos os estímulos do Tico.

No final do show, como sempre, a banda atendeu a todos os fãs no camarim. Mais uma vez reinava a alegria e o clima era de amizade.

Esse foi meu 5º show, e posso dizer que foi um dos melhores. A Farol é um excelente local, com um bom som e iluminação adequada. q

ESPACO DO FÃ, ~

Eu fui....Espaço destinado aos fãs e seus relatos de shows

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CliquesPorque são os shows que fazem a nossa Terra girar...

Detonautas Roque Clube, Tihuana, Luxúria, Te Extraño, Ludov, Lemoskine, Mr. Einstein, O Homem Amarelo, Sukhoi, Terminal Guadalupe, Relespública, Ramirez e Ímpar.

Fotos por Talita Lima

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E m 17 de agosto de 1982, Sony e Philips apresentam ao mundo o sucessor do vinil: o compact disc ou simplesmente CD.

Com tamanho reduzido, maior capacidade de armazenamento e qualidade sonora, o CD não tardou a tomar conta do mercado. Sua popularidade chegou ao topo nos anos 90 como a mídia mais utilizada para distribuições digitais. O vinil se tornou artigo de colecionador e, nos dias atuais, discos lançados nesse formato se tornam raridades rapidamente.

A popularização do CD não fez com que os custos de sua produção diminuíssem. Gravar um disco no formato ainda é caro. O processo padrão para gravar um disco é basicamente composição, demos, pré-produção, produção, gravação, mixagens e masterização. Com o custo alto, são poucas as bandas que resolvem investir no formato sem ter uma gravadora. Uma delas é a curitibana, O Homem Amarelo. O vocalista, Neto Albuquerque, falou para a No Eixo. “No nosso caso, para uma banda independente, mas com um disco bem gravado, de forma profissional entre esses processos e a confecção da arte, fotos e prensagem do disco, o custo final ficou em torno de R$25 mil”. Os custos poderiam ser menores se a banda tivesse optado por fazer parte do processo em casa. “Atualmente, muitas bandas e artistas optam por gravar em casa. Com um bom computador, uma boa placa de som e um software específico. Logicamente esse método irá baratear e muito o custo de gravação, pois não se contam as horas de estúdio”.

Mas atualmente o CD tem um rival quase desconhecido no Brasil. O semi metalic disc (SMD), criado e desenvolvido no Brasil, é uma das tentativas de combate à pirataria. O formato é compatível com todos os aparelhos que reproduzem o CD, mas tem um custo de produção 30% mais barato que um CD. A prensagem de um único CD custa em torno de R$4

enquanto um SMD pronto com disco, capa de papel e encarte é vendido a R$ 5.

A banda carioca Rabugentos apostou no SMD e não se arrependeu. “O SMD tem a mesma qualidade técnica do CD e não precisa de diferença na produção, além de ter lucro mesmo vendendo a R$5 reais, preço que é estampado na capa do disco”. Paulinho ainda brinca “A R$5 até quem não gosta da banda compra”.

Por outro lado, temos a banda goiana Violins, que escolheu para seu sétimo álbum o lançamento em duas plataformas: a virtual e a física. O álbum lançado em abril de 2011 - Direito de ser nada - possui duas opções para download: gratuita com dez músicas e a paga - R$ 10 - com onze músicas de qualidade sonora superior. O álbum físico estará disponível em breve, a banda conta com o apoio de um selo, a Monstro Discos para a distribuição dos discos. Beto Cupertino, vocalista da Violins, explica: “A versão física é algo que sempre fizemos e ainda continuaremos a fazer, pois o disco físico é, querendo ou não, é o que marca a existência de um álbum, principalmente em termos de mídia impressa.” Beto alega que conhece o SMD, mas que nunca pensaram em utilizar o formato. “Já vi algumas bandas lançarem disco nesse formato, mas nunca pensamos em lançar . Preferimos o tradicional cd mesmo”.

A carioca Ramirez, até pouco tempo era de uma gravadora, lançou três discos, sendo os dois primeiros em CDs. Fora da gravadora e sem um selo, o álbum Bonanza foi lançado em MP3 para download gratuito em maio de 2011 e também em CD. Segundo Thiago Pedalino, o lançamento em MP3 é justamente atrair público. “O motivo é atingir o maior número de pessoas possível, e hoje não existe melhor meio que pela internet”. A banda gravou seu disco em um estúdio e, para bancar os custos, conta apenas com a venda de seus shows e dos CDs físicos. q

Cd, SMD ou MP3Talita Lima

Essas siglas podem até confundir, mas para um músico elas são essenciais para determinar o quanto poderá ou não gasto na produção de um disco. Afinal qual o formato ideal para lançar sua música?

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A Puerto Madero, do ABC Paulista, é formada por Barnez (voz e guitarra), André (baixo e voz) e Filipe (bateria). O trio que já teve outras formações está

junto há pouco mais de um ano e foi vencedor do festival Teenage Riot do site Zona Punk, além de ter sido convidado para tocar no evento Promessas do ABC.

O primeiro CD, que leva o nome da banda, foi lançado de forma independente e começou a ser gravado em abril de 2011, para que tudo saísse com a melhor qualidade possível. Os meninos passaram meses compondo e ensaiando para alcançar a sincronia perfeita. O baterista Filipe nunca havia gravado antes e conta: “Era a primeira vez que iria usar o metrônomo e isso me deixou com receio, mas, na hora que sentei na bateria e vi todos aqueles equipamentos em volta, a emoção entrou no lugar do nervosismo e tudo saiu bem”.

Para realizar esse sonho, os integrantes da banda se dispuseram a enfrentar uma verdadeira maratona, exercendo outras funções durante o dia para captar recursos, cursando a faculdade, além dos ensaios nos finais de semana e as gravações acontecendo nas madrugadas no meio da semana. Mesmo assim, o trio ainda arrumava força para correr atrás da parte burocrática que foi toda feita por eles. “No meio de uma rotina onde sou cobrado 24h por dia e não paro um segundo sequer, eu precisava de mais alguma coisa além da minha fé, dos meus amigos e do meu pai, que sempre estiveram ao meu lado, pra me dar forças pra continuar. Foi então que eu pedi pro meu tatuador desenhar a minha guitarra junto com umas asas de fogo, como se fosse a Phoenix. Agora, quando estou em um dia difícil, eu olho minha tatuagem e vejo que tem algo esperando por mim” conta Barnez.

Com 13 faixas, todas compostas pelo vocalista e guitarrista Barnez, o álbum é para se ouvir da primeira à última canção, surpreendendo não só pela qualidade, mas pela diversidade do som. Com letras sobre o dia a dia, política e sobre o amor, a banda procura expressar seus sentimentos e opiniões através do som. André conta sobre o processo de composição e o resultado final: “O ato de escrever uma musica e colocá-la no papel já é algo muito gratificante, representa uma liberdade de expressão, tanto de

sentimentos, como o que se pensa sobre o determinado assunto. Mas nada se compara à grandiosidade da junção de todas essas ‘expressões’ em um único CD, o qual cada detalhe, cada frase, cada nota, cada intenção de voz foi planejada”.

A faixa Não quero mais abre o CD com um refrão daqueles que dá vontade de cantar bem alto junto com a banda. Em seguida Sonho profundo, com um ótimo jogo de vozes do Barnez e do André. Ao lado dos brothers, talvez seja a faixa que mais permita notar o talento do baixista André, que também solta a voz no refrão.

A música Sexta-feira tem em um dos refrões um coro formado por amigos cantando com a banda. Só de ouvir já é possível imaginar a galera cantando junto nos shows. Lá vamos nós é a faixa mais hardcore do CD, destaque para um ótimo solo de guitarra.

Desde o primeiro acorde, é possível notar que Mundo de mentiras é a faixa mais romântica do CD, sem perder a principal influência da banda, o SKA. A música ainda surpreende com um trecho de voz e violão. Outra que segue o mesmo estilo romântico é oitava faixa do CD, Beijos Seus, essa um pouco mais dançante que a primeira.

Deslize e Até eu descobrir são, sem dúvida, as mais fortes do CD. A primeira fala sobre política, já a segunda merece um destaque para baterista Filipe. Pense nisso é a única música acústica do álbum e conta a história da banda. Assombrações conta a história de um ídolo do rock esquecido. Quem canta é o baixista André, a voz feminina que acompanha é da Paps, amiga da banda que fez uma participação no CD. O álbum é encerrado com as duas únicas músicas que sobrevivem do antigo EP, são elas O tombo, um reggae que também fala sobre política, e O meu som, com uma pegada punk e letra divertida.

A banda Puerto Madero segue agora para a próxima etapa, a de divulgação, pois o primeiro sonho já se realizou, como disse o baixista André: “Em poucas palavras pode-se dizer, sem medo de ser um clichê, que foi um sonho realizado. Creio que nós três soubemos a importância e a responsabilidade de respeitarmos a divisão desse sonho que lutamos juntos. E, com certeza, isso nos ajudou e ajudará a superar os desníveis dessa longa estrada”. q

Puerto MaderoNovidades

Lila Polese

Paulista, relações públicas. Transita entre a música, o esporte e o amor.

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Quando falamos em Jimi Hendrix, é fácil se lembrar da guitarra e do cabelo black power do músico. Quarenta anos após a sua morte, um disco feito

em sua homenagem apresenta uma encantadora surpresa: uma poderosa voz feminina, um piano e, como não poderia deixar de ser, uma guitarra. O disco Up From The Skies foi lançado em 2010 por um duo carioca: Luana Mariano e Caesar Barbosa. O disco pode parecer inusitado, mas é primoroso.

A história da dupla é completamente diferente, e só se cruzou tardiamente. Luana, 29 anos, nasceu em São Paulo e começou a estudar piano clássico aos 2 anos de idade. Aos 15 foi para Viena aperfeiçoar seus estudos. Caesar, 29 anos, nascido no Rio de Janeiro, começou a tocar guitarra de forma autodidata ainda criança. Tocou com nomes importantes da música nacional como Elza Soares e Mauricio Baia. Dois músicos natos com histórias totalmente diferentes que tiveram suas vidas cruzadas após um concurso realizado na UFRJ onde Luana estudava Medicina após retornar de Viena. Luana venceu o concurso como melhor cantora e foi convidada a participar de uma apresentação de blues. Durante o ensaio conheceu aquele que seria seu parceiro na música e na vida, Caesar. “Nos conhecemos, nos aproximamos e nos apaixonamos - um pelo outro e os dois pela nossa música”, declara Luana.

A Sambulus gravou e lançou Up From The Skies em poucas semanas e mesmo com pouco tempo, engana-se quem pensa que tudo aconteceu de forma não planejada. Muitas experimentações foram feitas até o resultado final. “Montamos um laboratório em casa: antropofagicamente queríamos saber o que é que sairia da gente explorando ao máximo as nossas potencialidades. E somente com o que a gente soubesse fazer dentro de casa, com o que tivéssemos à mão. Qual era o limite? Existiria um? Aonde chegaríamos? Foi um tal de amplificador em armário, corredor, colchão no piano, voz no banheiro” conta Luana.

Com a autorização da Experience Hendrix LLC, o disco foi lançado pelo selo Discobertas em setembro de 2010. O disco ficou pronto a tempo de o duo embarcar para Londres com ele na bagagem. A Sambulus foi convidada a participar das homenagens ao guitarrista na cidade de Londres, lançando seu disco no exterior em uma série de eventos, todos com lotação esgotada. A crítica se rendeu a Luana e Caesar, ressaltando a inovação e sensibilidade

presentes nas interpretações. Somente no mês de novembro, Up From The Skies foi lançado no Brasil. E com o lançamento internacional, a dupla consolidou sua carreira no exterior e recebe inúmeros convites de apresentações. Recentemente, o duo retornou da Itália e o próximo passo será embarcar para os Estados Unidos. Luana conta que, hoje, a carreira no exterior está consolidada. “Nossa carreira tem bases mais sólidas no exterior por uma questão muito simples: o público no exterior tem maior curiosidade, historicamente e culturalmente, pela mistura, pelo inesperado, pelo novo, pelo inusitado. Tem maior respeito pelo talento, pela criação, pela habilidade técnica, pela arte. Aqui, no Brasil, as coisas mudaram muito em 50, 60 anos: houve uma pasteurização musical, fomentada, talvez, pela interrupção da educação musical nas escolas. As pessoas deixaram de ter ouvidos educados e críticos, de apreciadores musicais, para ter ouvidos mais próximos da música de fácil assimilação, associada a festas e afins. Música de “curtição”, como dizem. Hoje o “diferente” é praticamente igual a todos os outros. É muito mais uma questão de mídia, do que uma questão artística de fato”. q

CuriosidadesCaesar Barbosa fala sobre a escolha do nome:

“Sambulus surgiu numa brincadeira. Pensávamos em São Blues, mas achava que iria incutir no público a ideia de que a gente só tocava um estilo musical. Amamos o blues e ele está no meio de tudo o que fazemos, mas não é a única coisa. Então, de tanto brincar com São Blues, São Blues, São Blues, virou Sambulus. Algum tempo depois é que descobrimos que Sambulus existe! Na verdade, é o nome de uma árvore africana que, segundo a religiosidade local, é de proteção! Adoramos!!!”

Clássico para Hendrix Talita Lima

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M-THree... MyThree...A banda Mitre nasceu em 2007, depois que os

amigos de colégio Kiko Costa e Beto Gonzaga se reencontraram. Reencontro esse que não

foi o primeiro. Kiko e Beto se conheceram em 1994 no colégio, até que no final de 1995, ambos foram expulsos do colégio. “Éramos ótimos exemplos de alunos: fazíamos muita coisa errada e não queríamos nada com nada. Eu e o Beto fazíamos parte dos vilões do mundo só porque meu avô era dono de faculdade e o pai do Beto cinegrafista da Rede Globo”.

Depois da expulsão, cada um seguiu seu rumo, até que em 1999, Kiko e Beto estavam novamente no mesmo colégio. Do reencontro, surgiu a banda Angels of Rock, com composições em inglês e uma linha hard rock. As famosas “divergências musicais” marcaram o fim da banda depois de três anos.

Não muito tempo depois, em 2003, Kiko formou a Macacos Me Mordam e ligou para Beto para fazer parte da banda. “Eu precisava de um guitarrista base na MMM, mas que fosse um bom cantor também, aí liguei pro Beto. Nunca deixamos de ser amigos”. Quando tudo ia bem, a banda foi chamada para tocar em um espaço no shopping New York City Center, no Rio de Janeiro. Poucos dias antes do show, eles descobriram por email que já existia uma banda com esse nome. “Foi uma ducha de água fria na galera”.

E enquanto eles ainda decidiam um novo nome para a banda, Kiko e Beto, mais uma vez, se desentenderam. “A gente

começou a discutir um nome pra b a n d a . . . mas a b a n d a acabou e só anos depois que voltou como Mitre”. O nome Mitre saiu de uma conversa no bar entre Kiko e Helinho Fazolato. “O nome é uma analogia às três letras M que abriam as palavras do antigo nome: Macacos Me Mordam... M3 ... M-THree... MyThree... Mitre”.

Hoje a Mitre é formada por Kiko Costa na guitarra e Beto Gonzaga no vocal e Gustavo Abreu no baixo. Baterista? Até o momento eles sempre tem um convidado. O objetivo é trazer de volta o hard rock visceral com uma roupagem moderna, sem exageros de cores e palhaçadas. “As músicas falam de amor e diversão, mas as guitarras berram e os vocais são rasgados. Resumindo, muito rock de verdade sem firula e sem colorido. Simples e direto como sempre foi e sempre deve ser!”, completa Kiko. q

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Talita Lima

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No mesmo lugarTalita Lima

Eder Miguel é o pseudônimo de Eder Araújo Borges dos Santos, cantor e compositor paulista. Começou a frenquentar o barracão

da escola de samba Mocidade Alegre aos 5 anos, e tem no samba sua principal influência para optar pelo estilo de música que faz na atualidade. “O samba sempre esteve em minha vida, desde os 5 anos frequento uma escola de samba para a qual torço, Mocidade Alegre! Com certeza, por esse motivo optei por cantar samba!”

Já aos 8 anos, Eder ouvia Michael Jackson e os sucessos da rádio na época. “Eu gostava de dançar as músicas do Michael Jackson, de ouvir os pagodes da época!” Um ano depois começou a ter suas primeiras aulas de violão, com o amigo Ari. “O Ari me ensinou os primeiros acordes, as primeiras músicas, como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso. Depois fui estudar pra conhecer melhor o violão!”

Ainda com 9 anos de idade, deu início a sua carreira de cantor nas noites da cidade de São Paulo e não parou mais. Começar na noite cedo deu a Eder experiência e maturidade. “Experiência e maturidade pra entender que a música existe, e o status é realmente uma ilusão! Me fez estudar mais cedo, enfim, só me ajudou”.

Além do samba, tem influência de outros estilos como jazz nacional e internacional, Luis Miguel e na MPB em artistas como Vinicius, Tom, Chico, Emilio, Djavan, Jorge Vercilo. Eder aprimorou seus estudos para viver de música. É formando em Técnica Vocal pela Universidade Livre de Música Tom Jobim, estudou por um ano piano erudito e ainda fez teatro e música para melhorar a sua interpretação. “Na verdade, se for a fundo no piano e no violão, eu não toco nenhum dos dois, posso dizer que sou um cantor. Mas me viro melhor no violão, o piano ainda não é familiar como o violão pra mim”. Mas ainda assim, para o cantor, “estudar música não tem nada a ver com música”.

Como cantor, fundou o grupo de samba Doce Encontro em 1998, onde permaneceu durante 12 anos e nesse período gravou dois discos Além dos Limites e Ascendente. Além de cantar, Eder compôs e arranjou músicas em ambos os trabalhos. Depois de todos

esses anos com o Doce E n c o n t r o , Eder resolveu lançar sua carreira solo em maio de 2010 por um motivo simples “O grupo tinha uma visão diferente da minha, e era como um relacionamento amoroso, igual a qualquer um, quando não dão certo, naturalmente se separam.”

Hoje Eder está trabalhado seu primeiro disco solo, No mesmo lugar traz músicas de sua autoria e parcerias com Rodrigo Oliveira, Cleverson Luiz e Sidnei Souza. O título do CD No Mesmo Lugar é de uma canção que foi arranjada e composta pelo próprio cantor. Mesmo sem uma gravadora, Eder não se sente prejudicado. “Hoje, devido à pirataria, as gravadoras não são mais o motivo maior de um trabalho concreto! Por isso qualquer artista vive muito bem sem”.

Além de cantar, Eder já produziu dois discos: do Grupo Pura Inocência e do cantor Cyro Aguiar. Teve também músicas gravadas por artistas como Art Popular e Marlon e Maicon.

Eder já tem um fã-clube fiel e é muito grato por isso. “Essas pessoas que me fazem existir no cenário musical, fora que nunca imaginei ter um fã-clube”. Ele pretende continuar divulgando seu disco além de ter planos para um DVD. “Daqui a um ano, se Deus quiser, quero gravar meu primeiro DVD.”

Eder pode ser considerado um artista completo. Canta, compõe, toca, arranja e produz, faz o que ama e vive de sua arte simplesmente por ter tido todo o apoio que necessitava de sua família e por nunca ter se dedicado a outra coisa na vida além da música. “Amo música!” q

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Cantos da minha terraCrescer cercado pela música pode não

influenciar na escolha de uma carreira na área, pode somente trazer um carinho

especial pela arte e pelos momentos proporcionados pela música. Mas, com o maranhense Glad Azevedo, ter a música presente em sua vida desde a infância o fez seguir sua carreira como cantor e compositor.

Glad nasceu na cidade de São Luís em 1972, com a música fluindo de todos os lados. “Cantar eu sempre gostei desde que me entendo por gente. Meus pais frequentavam saraus de música na casa de amigos e sempre que podiam me levavam. Minha mãe sempre gostou de cantar e minha avó cantava, mas não seguiu a carreira profissional”.

Em um desses saraus, Glad conheceu Agostinho Reis, violonista, que seria responsável pelo incentivo ao estudo do violão. “O Agostinho me impressionava por tocar muito bem o violão e foi quem me incentivou a estudar o instrumento”. Aos 9 anos, começou a estudar violão. Já com 11 anos, recebeu o maior incentivo para se tornar cantor. “Participei do Festival Festa no Colégio Santa Tereza e ganhei o prêmio de melhor intérprete, o que me incentivou a não parar mais e me tornar um cantor profissional”. Glad participou de um trio chamado Os Brasas e teve uma banda chamada Digital 4, na qual tocava guitarra e cantava. “Comecei a cantar num trio chamado Os Brasas, influenciados pela Jovem Guarda, nas igrejas e praças de São Luís. Depois criei com amigos a banda Digital 4. Foi nessa época que começamos a tocar em eventos e fazer abertura de shows para artistas locais. Com a Digital 4 que gravei minha primeira música em parceria com Valdenor Lopes, Noção do Tempo, que chegou a tocar nas rádios da cidade, a partir daí fizemos mais shows, em shoppings, bares e boates”.

Com 18 anos, Glad se mudou para a cidade do Rio de Janeiro e começou a estudar harmonia e também fez aulas de canto, sem jamais deixar o violão de lado. Glad lançou seu primeiro disco em 1989, Independência. “No final dos anos 80, eu reuni alguns músicos e fomos pra Recife gravar meu primeiro disco solo Inocência foi gravado na maior inocência mesmo, um Lp. Depois que

gravei esse disco, passei a divulgá-lo em São Luís e senti a necessidade de sair da cidade pra d i v u l g á -lo onde havia mais mercado. Foi aí que vim pro Rio de Janeiro tentar um contrato com uma gravadora e também tentar me apresentar num programa de TV”. Já estabelecido no Rio, em 1994, lançou seu primeiro cd intitulado Marcas, também de forma independente.

Em 2003, Glad consegue o apoio do selo Mills Records, parceria estabelecida até hoje, e que já possibilitou o lançamento de mais dois cds Por Inteiro e o Quase Tudo, em 2003, e mais recentemente, Canto de lá, lançado em 2010. “Por Inteiro e o Quase Tudo foi basicamente todo bancado pelo selo e lançamos em 2005 no Teatro Rival, com participações especiais de Orlando Morais e Milton Guedes. Atualmente estamos divulgando o Canto de Lá, onde interpreto clássicos de compositores importantes da minha terra”.

Canto de lá é uma homenagem de Glad a sua terra natal e aos grandes compositores que sempre estiveram presentes em sua vida. Algumas das músicas que compõem o repertório são Minha História de João do Vale, Oração Latina de César Teixeira, Namorada do Sol de Nonato Buzar e O Bonde do compositor Papete, composta em 1968. “Esse projeto é para quem gosta de ouvir música brasileira e entende que no Brasil afora existe uma rica flora de bons compositores a germinar obras que contribuem e confirmam nossa ampla cultura musical popular. Esse é um projeto onde eu interpreto músicas e não deve ficar só no primeiro volume, creio eu que Canto de Lá volume 2, em breve, deve pintar por aí”. q

Talita Lima

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Como você descreveria hoje um músico sem gravadora?

Vivemos num tempo um pouco diferente do passado nesse quesito. A gravadora ainda é muito importante para promover o artista em grandes meios de comunicação. Entretanto, com muitas ferramentas gratuitas à disposição, temos um potencial quase que infinito e isso tornou muitas coisas mais fáceis. Hoje o artista grava suas obras, divulga sozinho ou junto com amigos e admiradores o seu trabalho para praticamente todo canto do plan eta, e isso abre um novo universo de possibilidades. Sendo assim, eu descrevo um músico sem gravadora como um batalhador, uma pessoa que trabalha um pouco mais que um músico com gravadora, mas com isso aprende muitas outras coisas. Vejo que um bom trabalho independente resulta em admiradores reais, fãs verdadeiros, e em muitos casos, um contrato com uma gravadora. Conclusão: é possível sobreviver sem uma gravadora tranquilamente, mas a gravadora te possibilita voar mais alto.

Após você sair da Reação em Cadeia, passou pela Isaias. Quais foram os motivos que te fizeram entrar na Sevenaid?

Acredito que eu precisava lavar a alma. Fazia muitos anos que não tocava o que realmente queria tocar. Um som mais enérgico, com um grau de exigência técnica um pouco maior e isso tudo a Sevenaid me proporciona. Aceitei o convite com muita honra e decidi gravar músicas e composições de bateria que dessem o que falar. Hoje vejo que fiz uma sábia decisão, pois acredito muito na banda e acredito que fará sucesso tocando um estilo que não é muito conhecido no Brasil.

O que te fez abandonar a Reação em

Cadeia e a Isaias? Na verdade eu não abandonei a REC. Antes da

minha saída oficial, eu já havia pedido para sair por vontade própria, porque não estava mais contente com o ambiente. Sentia falta de algumas coisas, mas, como a banda estava em um momento importante, pediram para que eu permanecesse e então acabei ficando. Mas depois disso, cerca de um ano depois, o clima já não estava muito bem entre nós e algumas atitudes estavam causando incômodo. Já na Isaias permaneci por alguns anos, mas como os integrantes residem em outras cidades do litoral norte gaúcho, estava complicada a minha atuação, então, para o bem da banda, me afastei do projeto.

Quais são os projetos da Sevenaid? Com a Sevenaid, pretendemos conquistar fãs e

amigos verdadeiros, que sejam parceiros do projeto, mas sem pressa para que isso aconteça. Queremos trabalhar, viajar com os nossos amigos e fazer muitos shows por esse país gigantesco.

Quais são as influências da Sevenaid?Na Sevenaid, todos os integrantes tocam com

outros projetos, então todos colocam suas influências pessoais, sem nos preocuparmos muito se isso ou aquilo estará dentro de algum estilo, se ficar legal, já era! Tudo muito livre. Então a Sevenaid tem influência de hard rock, metal, pop, jazz, soul e até funk, o verdadeiro é claro.

Todos os integrantes da Sevenaid têm projetos paralelos à banda? Quais são os seus?

Não, quase todos os integrantes da Sevenaid possuem outros projetos, o Johnny é o único que não tem. O Daniel tem outra banda, a OH!, já o Will Pedra

A Sevenaid é uma banda de rock gaúcha formada por Will Pedra no vocal, Afonso Gaviraghi na guitarra, Jhonny U.S no baixo e Elias Frenzel na bateria. A banda faz um rock pesado e com um vocal marcante e tem como objetivo fazer a diferença na vida das pessoas com músicas que mostram atitude, mas falam de amor. O baterista da Sevenaid, Elias Frenzel, conversou com a No Eixo e contou um pouco sobre o novo projeto e sobre a sua saída da Reação em Cadeia.

Entrevista: Elias Frenzel

“Conquistar fãs e amigos verdadeiros, que sejam parceiros do projeto”

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é baterista do cantor Catuípe. O Afonso é guitarrista da cantora Luka – aquela mesma do “Tô nem aí, tô nem aí”. E eu toco bateria em uma banda gospel chamada Castelo Forte e toco também com o cantor Evandro Moah.

O que fez com que vocês optassem pelo rock mais pesado?

Acredito que essa opção foi devido a uma satisfação pessoal de todos da banda, é o estilo de som que todos nós gostamos e que poucas vezes temos a oportunidade de tocar. Como a maioria da banda vive da música, seja dando aulas ou tocando na noite, nem sempre conseguimos tocar o que realmente queremos, e na Sevenaid isso é possível. Todos nós gostamos de som pesado.

Como a Sevenaid lida com o assédio dos fãs?

Como em outros projetos que participei ou participo, quando rola esse carinho e admiração de fãs, é sempre muito gostoso, é uma das maiores recompensas que podemos receber. E todos da Sevenaid pensamos igual e tratamos sempre cada pessoa com muito carinho e atenção, até porque sem elas a banda não faria muito sentido. Algumas vezes já me senti um pouco invadido por alguns fãs. Às vezes você está em algum lugar para descansar ou com sua família, mas ainda assim penso que para aquela pessoa é muito importante estar ali com você naquele momento, então trocar algumas palavras ou tirar uma foto nunca me incomodou.

O que fazer para que a Sevenaid não fique conhecida somente no Rio Grande do Sul?

Esse é um ponto muito importante. Um dos fatores que acredito que possa contribuir para que isso não aconteça é o nosso estilo de som. Tocamos um rock universal, nosso estilo de música agrada a muitas pessoas no mundo todo e isso ajuda para que

não fiquemos presos a uma região determinada. E a internet hoje contribui muito também para que isso não aconteça.

Uma vez vocês falaram em uma entrevista que tocam por hobbie. Como foi a decisão de viver desse hobbie?

Como disse antes, o estilo da Sevenaid não era o que tocávamos frequentemente, pois vivemos da música num mercado delicado e ditado por modas. Mas começamos a perceber frutos significativos do nosso som muito antes do esperado e isso nos motivou a levar mais a sério a Sevenaid, nos fazendo enxergar a banda como uma possível carreira promissora e não mais só um hobbie.

A Sevenaid já participou de algum festival? Qual o maior ensinamento que vocês tiraram disso?

A Sevenaid fez poucos shows, mas todos muito importantes. Foi possível perceber que algumas pessoas estavam ali somente para nos ver e isso é o mais importante. Mas sim, tocamos em um grande festival na cidade de São Leopoldo/ RS e as principais bandas da noite eram Nx Zero, Tchê Guri Vide Bula e a Sevenaid. Esse festival nos proporcionou poder mostrar nosso trabalho para muitas pessoas que ainda não conheciam e isso sempre é importante. Mesmo sendo um estilo não muito comum, percebemos a aceitação do público em geral, devido a nossa energia de palco. Foi uma experiência maravilhosa. q

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Definições

Não conhece? Então vem comigo agora! Conheça os três gêneros que chacoalham Curitiba há um certo tempo e agora vão conquistar você também.

Hoje, Curitiba é uma das cidades referência quando o assunto são os gêneros “billies”. Essa cena é formada por três estilos musicais: hillbilly, rockabilly e psychobilly. Grande parte do desenvolvimento desta cena em Curitiba é responsabilidade do Psycho Carnival, que acontece na capital desde 2000 em todos os feriados de Carnaval. Mas, para esclarecer o que é cada um, vamos começar essa história cronologicamente.

A mistura da música country com o jazz tocado por orquestras negras no Texas fez surgir nos anos 1930 uma variação que enfatizava o som dos violões e dava mais suingue às canções country. Estava nascendo nos Estados Unidos um dos primeiros tipos de rock’n’roll, o hillbilly. A fusão do country com o rock intensificou-se nos anos 60 e 70, quando vários grupos de rock norte-americanos se inspiraram na canção

country para compor boa parte de seus repertórios. Dois dos principais artistas do gênero são Hank Williams e Johnny Cash.

O termo “rockabilly” é uma junção das expressões rock e hillbilly. Outras influências importantes para o gênero foram a música country, o blues e o hillbilly. A influência e a notoriedade do estilo sofreram um baque nos anos 60, mas durante o final dos anos 70 e começo dos 80 o rockabilly passou por uma recuperação em sua popularidade e permanece firme até agora.

Um dos pioneiros, Bill Haley, em 12 de abril de 1954, gravou com a sua banda Bill Haley and His Comets o sucesso Rock Around the Clock, pela Decca Records de Nova York. Quando a música foi lançada, em maio daquele ano, permaneceu nas

paradas por uma semana na 23ª colocação, vendendo 75.000 cópias. Outro ícone do rokcabilly é o rei Elvis Presley!

O termo psychobilly foi usado pela primeira vez por Johnny Cash em sua canção One Piece at Time. A primeira banda considerada psychobilly foi a Meteors, formada no sul de Londres em 1980. Com um integrante que fazia parte da sub-

cultura do rockabilly, outro envolvido com a sub-cultura punk e um terceiro que era fã de filmes de terror, suas ideias musicais se juntaram e formataram o gênero como ele existe atualmente.

O Meteors também inventou o conceito de o psychobilly ser apolítico, encorajando seus shows a serem zona “não-politizada” em função de evitar brigas entre os fãs, como estava se tornando recorrente no cenário punk da época. Até hoje, praticamente nenhuma música de psychobilly fala de política, apesar de a maioria dos fãs do estilo repudiarem os pensamentos de extrema direita.

Para deixar uma dica especial de cada billy tratado nesta matéria vou puxar a sardinha para os meu conterrâneos, Hillbilly Rawhide - banda que leva o hillbilly até no nome, os rokabillies Anne & The Malaguetas Boys e os power psychobillies Sick Sick Sinners. q

Tamy Antunes

Jornalista, apaixonada por psychobilly, topetes e tatuagens.A tríade billie: hillbilly, rockabilly e

psychobilly

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Em 2002, nasceu em Curitiba uma das mais promissoras bandas independentes da cidade: a Poléxia. A banda que leva o

nome de uma das groupies* do filme ‘Quase famosos’ é formada inicialmente pelos vizinhos Rodrigo Lemos na guitarra e Eduardo Cirino no teclado. Tempos depois, a banda ficaria completa com a entrada de Raphael Moraes no baixo e Juninho Jr na bateria.

No mesmo ano de nascimento, a banda lançava o seu primeiro registro musical. A capa do EP* trazia uma boneca segurada por um band aid e com isso o disco ficou conhecido pelo mesmo nome do curativo. A canção Sal de Fruta sempre foi destaque e sempre pedida em coros pelo público em todos os shows da banda.

Já em 2003, a banda gravou um acústico ao vivo no lendário Teatro Paiol em Curitiba, com participações de músicos curitibanos como Dary Jr (Terminal Guadalupe), Maryelle Loyola (Cores D Flores) e Fábio Elias (Relespública). O acústico foi lançado com edição especial e limitada. A banda, com apenas dois anos, já tinha no repertório vários sucessos como Garotos de Aluguel, Melhor Assim e Violetas na Janela.

O primeiro álbum de estúdio da banda saiu em 2004, e é considerado o primeiro álbum oficial da Poléxia. O avesso foi gravado com recursos próprios, fruto do

esforço da banda para ter um disco bem produzido e gravado em CD. O resultado não poderia ser melhor: críticas positivas pelos quatro cantos do país além de a Poléxia ser considerada uma das revelações da década no cenário curitibano. A mistura de influências como Los Hermanos, Smashing Pumpkins e Mutantes resultou em um álbum inteligente e com sensibilidade à flor da pele. Muitas músicas receberam destaque e projetaram a banda em definitivo no cenário nacional. Violetas na Janela e Garotos de Aluguel foram bem executadas nas rádios locais em 2005. E Garotos de aluguel trouxe outros trunfos positivos: foi confundida como uma das novas músicas dos Los Hermanos e teve seu clipe exibido na MTV Brasil.

Quando tudo pareciam flores em 2005, a banda começa a passar por mudanças. Juninho resolve deixar a música e cuidar de sua vida profissional longe dos palcos. Com a baixa, a banda sofre sua primeira mudança - a saída de Juninho abriu espaço para a entrada de Neto na bateria.

No ano de 2006, a Poléxia foi uma das convidadas para participar do álbum em tributo a Odair José,

gravando a faixa A maça e a serpente, e depois lançou mais três músicas novas Eu te amo, porra; Onde você quer chegar e O triste fim de Baltazar da Rocha. Um

Era uma vez... PoléxiaA história da Poléxia é a prova de que uma banda dá origem a outras e, mais, de que uma vez no circuito você não sai mais dele.Talita Lima

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mimo aos fãs foi o lançamento do disco ao vivo com sete faixas, incluindo a inédita Inércia já em 2007.

Ainda em 2007, quem resolve mudar de ares é Raphael, e aí sim a banda passa por mudanças significativas. Mas o que parecia ser o início do fim trouxe um troca de baixistas até a entrada definitiva de Francis Yokohama. A saída de Raphael para a Poléxia não foi só a perda de um músico, mas também de um grande compositor e desse rompimento nasceu mais uma banda curitibana, a primeira banda de um ex-Poléxia, a Nuvens.

Em 2008, a Poléxia seguia em frente com uma nova formação sólida e já traçava planos para um novo álbum de estúdio. Quem voltou, oficialmente, ao cenário musical nesse mesmo ano foi Juninho, que assumiu as baquetas na Banks.

A entrada de Francis deu à banda estabilidade e um novo fôlego. E já em 2009, a banda lançou A força do Hábito, com participações de Vanessa Krongold, Habacuque Lima e Mauro Motoki da banda Ludov e a produção de John Ulhoa do Pato Fu. Mas o que parecia ser o renascimento das cinzas trouxe a notícia do adeus.

Em 12 de junho de 2009, a Poléxia chega ao fim pouquíssimo tempo depois do lançamento de seu segundo álbum oficial. Com o fim da Poléxia, outras bandas surgiram: Te Extraño, com a participação de Neto e Dudu, e, mais recentemente, a Lemoskine, do vocalista vocalista Rodrigo, que é o último poléxio a lançar uma nova banda. Antes disso, entretanto, participou oficialmente da Sabonetes e trabalhou em em vários projetos, incluindo sua outra banda, que virou web hit em junho, A Banda Mais Bonita da Cidade. Importante lembrar que todas essas bandas marcam a história do cenário musical fazendo um som próprio com letras autorais dos próprios integrantes.

A Poléxia chegou ao fim, mas deixou sua história gravada no cenário musical do país de forma definitiva e, além disso, nos deu a oportunidade de conhecer novos sons e novas bandas. Com isso fica a prova de que, uma vez na música, não há outra saída a não ser continuar nela. q

Discografia

Nome: Band aidAno: 2002Músicas: 5Destaque: Sal de Fruta

(em duas versões)

Nome: AcústicoAno: 2003Músicas: 15Destaque: Violetas nas

janela

Nome: O AvessoAno: 2004Músicas: 14Destaque: Aos Garotos de

Aluguel

Nome: Ao vivo na Grande Garagem que Grava

Ano: 2007Músicas: 7Destaque: Inércia

Nome: A Força do HábitoAno: 2009Músicas: 14Destaque: Você já teve mais

cabelo

Participação Tributo a Odair José - Vou tirar você desse lugar

Ano: 2006Faixa: A maça e a serpente

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Profissão: bateristaSer músico no Brasil não é fácil e não é considerado profissão por muitos. Afinal, dá para viver apenas de música? Talita Lima

Qual músico nunca ouviu a clássica pergunta “Ah sim, você é musico, mas trabalha com quê?” O preconceito ainda

é forte com relação à classe que muitas vezes não é vista como um emprego.

O carioca Diego Andrade é um dos representantes dessa classe. Tem na bateria sua profissão e seu sustento. A música e a bateria são partes incondicionais de sua vida. “A bateria é meu retiro espiritual, quando eu sento e começo a tocar entro num mundo particular, com a sensação de estar no meu lugar fazendo algo que eu nasci para fazer. A música é começo, o meio e o fim de tudo na minha vida... A música me alimenta e me sustenta de todas as formas. Em todos os momentos da minha vida ela fez parte, desde muito pequeno até agora; nos momentos bons e ruins ela esteve comigo. Eu não sei o que seria da minha vida sem música!”

Diego toca bateria desde os 10 anos e aprendeu a tocar sozinho. Diego conta que seu pai também tocava, mas que não pegou essa época, mas cresceu vendo seu primo tocar bateria, até que um dia pegou as baquetas e não as largou mais. “Aprendi sozinho, nunca tive aula de bateria. Fui muito influenciado pelas bandas que gostava e também pelo meu primo que era baterista, aí eu ia nos ensaios, shows e fui pegando gosto pela música como um todo”. Quando criança ouvia muito rock dos anos 80 mas a guinada na forma de tocar o instrumento veio em 1994. “Quando era pequeno, ouvia muito rock anos 80 - eram os anos 80 - principalmente Paralamas do Sucesso e Titãs. Gostava também de Rush e The Doors. Já mais velho, o disco que mudou minha maneira de tocar bateria foi o primeiro do Korn, em 94”. Segundo Diego, o Korn mudou sua forma de tocar por ser uma banda nova com um novo estilo, o new metal. “Eles trouxeram um conceito novo para a música. No meu caso, o que mais me chamou a atenção foi a bateria, outros tipos de

levada, as ideias eram novas, saíam da mesmice dos anos 80, viradas com pedal duplo sem ser repetitivo, enfim, depois que ouvi esse cd quis tocar bateria daquele jeito, independente do estilo do artista que eu toco hoje eu trago muito das influência do Korn e das bandas de new metal que se sucederam naquela época, até agora”.

Com influências diversas desde a infância, Diego tem uma opção que muitos músicos não têm: ele é freelancer e toca em diversas bandas ao mesmo tempo “Eu estava fazendo musicais em SP, Hedwig e o Centímetro Enfurecido, que terminou recentemente, e eram todos os finais de semana, então acabei dando um tempo com as bandas, já que a maioria dos shows são sextas, sábados e domingos. Mas eu tenho projetos meus e toco com muita gente, mas nem sempre esses artistas estão fazendo shows, então quando rola eles me chamam, posso enumerar pelo menos 8 trabalhos ao mesmo tempo com artistas e bandas diferentes”. Como conciliar a agenda? “O certo seria dar prioridade onde me pagam mais, mas eu levo pela ordem de chamada mesmo, quem me chamar primeiro eu vou. Tento ao máximo não deixar furos com ninguém, já fiz dois shows com artistas diferentes no mesmo dia para poder cumprir a agenda com todos. Quando não dá indico algum baterista de confiança pra me substituir”. Entre as bandas em que está atualmente podemos dar destaque às cantoras Jullie e Sabrina Sanm, e as bandas dos atores Daniel Del Sarto e Theo Becker.

Hoje, Diego toca em 8 bandas, mas já não sabe ao certo em quantas bandas tocou que hoje não existem mais. “Depois que eu saí de algumas eu não mantive mais contato, então não sei se acabaram mesmo ou se estão sumidas, mas posso dizer que já fiz parte de muitas bandas; que não existem mais deve ter mais de 10”. Isso sem contar as bandas de baile que tocava, nas quais adquiriu experiência e pôde transitar portodos os

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estilos musicais possíveis.;De todas essas bandas, a que mais teve potencial

de estar no mainstream foi a Sukhoi. “Tenho sorte de sempre tocar em bons projetos, mas o destaque é o Sukhoi. Estivemos bem perto do mainstream. Tínhamos uma gravadora, empresário, música na rádio, clipe na TV, fomos trilha sonora da Malhação. Era uma excelente banda e músicos. O som bem feito e as letras maduras. Estávamos no momento certo, porém quando o trabalho sai das mãos da banda e passa a ser gerenciado por outros, você fica à mercê da vontade deles, fomos trabalhados de forma errada por pessoas sem talento. Gastou-se muito dinheiro em coisas erradas e faltou dinheiro nas ações de marketing certas. Ficamos presos a pessoas que não souberam trabalhar o potencial da banda e colocá-la no devido lugar no mercado. O tempo passou e o projeto esfriou”. Oficialmente, a Sukhoi não acabou, está parada e passou por mudanças em sua formação. “Quem sabe um dia dá certo?”

Como baterista freelancer, Diego consegue se sustentar e conta com o apoio de alguns patrocinadores. “Consigo viver de música aos trancos e barrancos, não tenho a vida mais luxuosa e confortável do mundo, porém, faço o que amo e pago o preço da escolha que fiz pra minha vida, mas não me vejo fazendo outra coisa. Com relação aos patrocínios, eu só uso instrumentos e acessórios dos quais eu gosto,

geralmente conheço algum representante, mostro meu trabalho, com quem eu toco, e sendo algo vantajoso para ambos rola a parceria. O bom é que isso me ajuda a ter um equipamento profissional de qualidade e em contra partida eu os ajudo divulgando a marca”.

Como músico, se pudesse, mesmo que estivesse no mainstream, não deixaria de ter mais de uma banda. “Eu não deixaria, mas se fosse uma banda com uma

agenda lotada e com muitos compromissos, seria difícil conciliar tempo com outras, mas por vontade própria seguiria tocando com todas”.

Mas, para Diego, um fato é recorrente, no mainstream ou no underground “está cada vez mais difícil viver de musica no Brasil”. q

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Há quem diga que ele é hipócrita, falso moralista e mal educado. Por outro lado, os amigos e a família discordam em número, gênero e grau, e

ele também: “Posso ser qualquer coisa, mas meu caráter dinheiro nenhum compra”. Esse é Luís Guilherme Brunetta Fontenelle de Araújo, nascido no Rio de Janeiro, mineiro por parte de mãe e carioca nato por parte de pai. Mas não é por esse nome que ele é conhecido; seu nome para muitos não é Luís Guilherme e nunca será. Para o mundo, ele é Tico Santa Cruz.

Tico recusou o sobrenome no início da carreira musical porque “família é um lance complicado, muitos querem aproveitar a fama do sobrenome”. Sai o sobrenome, entra Santa Cruz. É a união do apelido de infância com o nome que escolheu para si.

Tico é sempre muito falante – se não estiver assim algo está errado. Sem papas na língua, fala o que pensa para quem quiser e também para quem não quer ouvir. Defende sua verdade a qualquer hora e lugar. Personalidade forte e crítica. “Criticas são sempre bem-vindas”.

Tico é músico, voluntário, poeta, escritor, contestador, pai de família. Como pessoa, mudou muito nos últimos anos. Apaixonado por livros, tem neles uma fonte de conhecimento inesgotável. “A maior rebeldia num país como o Brasil, repleto de analfabetos e analfabetos funcionais, é ser inteligente. Ler é a maior rebeldia”.

Em 2006, a violência da cidade do Rio bateu à porta e era impossível não deixar que ela passasse por cima. Rodrigo Netto, seu amigo e companheiro de banda, foi assassinado. “Por que isso foi acontecer com ele? Eu preferia que tivesse sido comigo. Trocaria de lugar se pudesse voltar no tempo e deixá-lo aqui nesse universo injusto, porque sem dúvida nenhuma sua forma leve de viver a vida deve ser um exemplo a ser seguido”.

Uma época de mudanças, um visual desleixado e a barba sem fazer. “Eu vagava noites em claro chorando as saudades do meu amigo que partira. Havia perdido completamente a esperança nos humanos, mergulhei num poço de revolta, angústia e medo de não conseguir mais sorrir”.

Quando tudo parecia perdido, surgiu a luz: o Corujão da Poesia. “Foi amor à primeira vista. Amor por pessoas que tinham em seus olhares, bocas e expressões poesia,

música, arte. Foi o pulsar de um coração que estava quase se entregando. Foi o resgate”.

Depois de conhecer o Corujão, nasceu o projeto Voluntários da Pátria. Um coletivo de música, poesia, teatro e reflexão que viaja o país divulgando trabalhos independentes e que visam criar uma juventude pensante. Política, amor, violência e sexo, não importa o tema, ele será discutido pelos artistas e pelo público que tem participação cativa a qualquer momento. “Ao sentir a transformação em mim, que já não acreditava mais em nada, percebi que a poesia, a música, as reflexões propostas por aquele grupo poderiam ser úteis também a outros corações perdidos.”

Protestos ele tem alguns nas costas: do Rio de Janeiro a Brasília, nunca deixou de fazer a sua parte, mesmo que fosse sozinho. “Já fiquei pelado no meio da rua, quase ninguém viu. Era jogo do Brasil na Copa do Mundo.” Mesmo sem o apoio de uma geração que quer fazer a revolução via internet, ele prefere fazer a ficar calado. “Sou o idiota no país dos espertos.”

Entre as diversas atividades, ainda encontra tempo para participar ativamente das redes sociais. E faz questão de fazer tudo sozinho, sem ninguém para falar por ele. Assessoria de imprensa? Somente para a banda.

Em setembro de 2010, aceitou um desafio, para ele um desafio pessoal. Viver um reality show. “Não aceitei o convite de primeira. Como muitas pessoas, também tinha preconceito com esse tipo de programa. Pensei insistentemente a respeito. Foi depois de conversar com pessoas muito próximas e refletir bastante que decidi que poderia ser uma experiência humana interessante.”

Dessa experiência, surgiram novas críticas, elogios, fãs e também novos “anti Tico”. É também dessa experiência que quem o conhece afirma mais do que nunca: “Tico, ame ou odeie, não existe meio termo.” Mas, para ele, a única coisa que importa é que voltou para a sua vida, sua família e para a estrada com a banda. “Porque aqui é meu lugar.” Em 2011, Tico realiza um sonho construído na adolescência, quando o menino via o show dos ídolos: Guns N’ Roses, no Rock in Rio. “Ter o Detonautas no festival foi um grande cala boca para aqueles que diziam que estávamos mortos. Sempre disse que um dia iria tocar no festival, e chegou a minha vez.” q

As mil faces de um homemTalita Lima

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FESTIVAISPRÉVIAS FESTIVAL TOMARROCK

Inscrições até 07 de novembro 2011Quando? De 11 a 18 novembro de 2011Onde? Boa Vista/ RRVagas: 8Site: http://www.festivaltomarrock.wordpress.comO IV Festival TomaRRock acontece em dezembro e traz diversas atrações a Boa Vista. Parte das bandas que vão se apresentar no Festival serão escolhidas nas prévias realizadas entre 11 e 18 de novembro.

Condições: As bandas são responsáveis por todas as despesas.Restrições: Show autoral de 30 minutos. Estilos: Axé, Big Band, Blues, Bossa Nova, Clássico, Cumbia, Dub, Eletrônico, Erudito, Experimental, Folk, Folklore, Forró, Frevo, Gospel, HardCore, Hip-Hop, Indie, Instrumental, Jazz, Metal, MPB, Pagode, Pop, Punk, Quarteto, R&B, Rap, Reggae, Regional, Rock, Samba, Sertanejo, Ska, Soul, Tango, Tecno Brega, Vallenato.

HONKY TONKInscrições até 01 de dezembro 2011Quando? De 17 de maio a 31 de dezembro de 2011Onde? Ribeirão Preto/ SPVagas: indeterminadas

Oportunidade para artistas apresentarem seu trabalho em Ribeirão Preto, na casa de show Pub House.

Condições: a produção garante hospedagem, alimentação, transporte local e cachê.Restrições: nenhuma.

ITATIKIDS WEB RÁDIOInscrições até 31 de dezembro de 2011Quando? 14 de julho a 31 de dezembro de 2011Onde? São Paulo/ SPVagas: ilimitadasSite: http://www.itatikids.com.br

Tem uma nova banda? Uma dupla? Um trio? Qualquer outro talento musical ou humorístico? Então entre em contato. Envie seu material em formato mp3 e gravado em estúdio, fotos, um histórico ou resumo do seu talento. Se for aprovado, divulgamos na Itatikids, a web rádio dos novos talentos.

Oportunidades para você mostrar seu trabalho no Brasil e no exterior

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SERRA DA MESA FESTIVAL OF MUSIC AND DIGITAL ARTS AND ORGANICInscrições até 30 de abril 2012Quando? De 11 de novembro de 2011 a 30 de abril de 2012Onde? Uruaçu/ GOVagas: ilimitadas, mas dependem de aprovação da curadoria do festival.

Um festival como um meio de expressão de multidentidades culturais, não se concentrando em apenas um dos aspectos artísticos, Serra da Mesa Festival of Music and Digital Arts and Organic é um evento de interações estéticas e culturais, que surgiu da necessidade de espaços continuados para intercâmbio de várias redes sociais urbanas, nascidas de uma cultura que tem crescido à margem da cultura mainstream, atingindo novas expressões e visões, num ambiente onde haja total possibilidade, mutualidade cultural do novo, do tradicional e dos milenares onde todos poderão exercer livremente sua cidadania universal e cultural.

Pensamentos, músicas, esculturas, pinturas, roupas, filmes, fotos, ideologias, experiências, comunicação, filosofia e muito mais, todos reforçando as possibilidades de trocas de experiências de vida e estéticas.

Condições: o festival garante hospedagem, alimentação e transporte local.Restrições: estilos musicais: Axé, Big Band, Blues, Bossa Nova, Cumbia, Folk, Forró, Gospel, HardCore, Hip-Hop, Indie, Metal, MPB, Pagode, Pop, Punk, Quarteto, R&B, Rap, Reggae, Rock, Samba, Sertanejo, Ska, Soul, Tango, Tecno Brega, Vallenato.

EDITAL: PROGRAMA DE INTERCÂMBIO E DIFUSÃO CULTURALInscrições até 30 de novembro de 2011Local: Nova Yorque, NY / EUAEstabelecimento: The Gabarron Foundation - Carriage House Center for the ArtsSite http://www.cultura.gov.br/site/2011/09/27/programa-de-intercambio-e-difusao-cultural-41/Vagas: ilimitadas

O objetivo é estimular a difusão e o intercâmbio da cultura brasileira em todas as áreas culturais: artes cênicas, artes visuais, música, audiovisual, memória, movimento social negro, patrimônio museológico, patrimônio cultural, novas mídias, design, serviços criativos, humanidades, diversidade cultural, dentre outras expressões.

Além do transporte pessoal, o benefício pode ser utilizado para custear despesas com o transporte de material, cenários ou equipamentos utilizados na realização da atividade; estada durante o período de participação no evento; inscrição; e confecção de material para a atividade a ser realizada no evento; entre outras despesas, devendo o candidato ter informado, no ato da inscrição, de que forma utilizará o auxílio financeiro.

Condições: o edital dá recursos financeiros que podem garantir hospedagem, alimentação, transporte local, transporte entre cidades. O que não pode ser contabilizado como despesa é o cachê, que não é permitido.Restrições: País de origem e residência: Brasil. Consultar edital para mais especificações.

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Fiz a inscrição porque achava que o perfil do festival "Brazilian Beat" tinha a ver com o do trabalho - que sai um pouquinho de pop rock e abraça uns ritmos sincopados - Seria legal poder representar o país além das fronteiras, mas fomos prejudicados pela alteração de horários em cima da hora.

Foi importante para nós porque divulgamos o nosso trabalho através do nome de uma grande marca de instrumentos musicais. Um evento como esse nos proporciona mais credibilidade e nos ajudou a ter mais reconhecimento até mesmo aqui em Curitiba.

Luciano Costa, guitarrista e backing vocal da Colorphonic, sobre o festival Yamaha Brazilian Beat – etapa Curitiba e São Paulo, em 2011

“Rodrigo Lemos, vocalista da Lemoskine, sobre o festival Yamaha Brazilian Beat – etapa Curitiba, em 2011.

Tocar nesses grandes festivais é além de ser uma grande ferramenta de divul-gação do nosso trabalho, é um movimento que gera a união de bandas e seus públicos. Participamos de algumas edições de festivais que movimentaram a juventude do rock, que marcou pra muita gente uma fase especial de suas vi-das. Para o Granada, é muito importante essa união e essa troca de energia que os festivais geram. Hoje temos orgulho de termos feito parte dessa nova geração do rock e saber que estaremos sempre marcados na história desses festivais que fazem um grande bem para as bandas, o público e os profission-ais relacionados. Que venham muitos outros

”Zeh Nery, vocalista do Granada, sobre os festivais Sampa Music Festival, ABC pró HC e Senhas Rock nos anos de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011.

Foi importante porque...Participar de festivais pode ser uma experiência produtiva ou frustante para uma banda.Aqui alguns músicos contam um pouco de sua participação e se a participação foi positiva ou não.

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“O lugar era legal, o Gárgulas Pub em São José dos Pinhais/PR, além de ter bastante público era uma maneira de mostrar o cd que estávamos gravando, mas foi foda (sic) porque fomos bem, mas perdemos pontos por termos estourado o tempo porque demorou para arrumarem nosso palco”.

Anubis, guitarrista da Archityrants (que na época era chamada de A Tribute to the Plaige) sobre o festival Sanjo Music, em 2010

O Sampa é um festival que já participamos quatro vezes e ajudou muito a banda a conquistar mais seguidores. Isso porque em um festival você não toca só para seu público, mas também para públicos que foram assistir as outras bandas e que normalmente não iriam conhecer o seu som se não estivessem ali. Um festival é muito legal, pois soma diferentes estilos e etnias, galeras variadas unidas, além de render sempre ótimos encontros nos camarins

Para as bandas o mais importante é a divulgação e o prêmio. Foi legal por termos a oportunidade de tocar no Jokers Pub que é um lugar que nunca havia tocado com nenhuma banda. O ponto negativo é porque o intuito principal é a marca que promove lucrar e não o de apoiar as bandas locais, mas isso todo mundo sabe

Teco Martins, vocalista da banda Rancore, sobre o Sampa Music Festival em 2010 e 2011

Taís D’Albuquerque Viana, baixista da banda Lasttape, sobre o Klein Rock Contest, em 2011

Foi importante porque é uma maneira ótima de divulgação da banda. O público do metal em geral se encontra num mesmo lugar, as vezes para ver uma só banda, e acabam conhecendo várias outras. A partir do momento que se participa de um festival de grande porte como River Rock, por exemplo que teve um público de 6mil pessoas no ano em que participamos, surgem muito mais oportunidades para a banda como convites, entrevistas, resenhas, enfim... O interesse pela banda é muito maior e, consequentemente, a procura por materiais da banda como CDs, bottons, adesivos e etc cresce muito mais.”

Mizuho Lin, vocal feminino da banda SEMBLANT, sobre o festival River Rockem 2010

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O termo pode parecer complicado - crowdfunding - mas a ideia é simples: são financiamentos coletivos, ou se preferir a

tradução ao pé da letra: financiamento pela multidão. As plataformas de financiamentos coletivos no Brasil são relativamente novas e muitas ainda esbarram na burocracia da lei. O mais importante é não confundir sites de compras coletivas com o crowdfunding. Nas plataformas de financiamento coletivo, você ajuda e pode escolher um prêmio como recompensa de acordo com o valor que você está contribuindo.

Algumas das principais plataformas em funcionamento no Brasil podem ser separadas por foco de atuação. Alguns exemplos de plataformas são: para projetos criativos temos a BePart e a Movere. Se o seu projeto for para eventos ou shows tem a Embolacha e a Showzasso. Uma plataforma que já é conhecida tem

algum tempo é a Vakinha, que a princípio pode ser confundida como um simples meio de doar um valor ao criador do pedido.

O valor mínimo para contribuir em algumas plataformas é R$10 e não existe valor máximo; quem escolhe o valor máximo é quem está disposto a ajudar o projeto em questão. O importante é ressaltar que o idealizador do projeto só recebe o valor do financiamento se o valor de contribuições for igual ou maior do que o solicitado por ele, caso contrário, o valor é estornado para o contribuinte. Existem também plataformas que possibilitam a contribuição com materiais e mão de obra, como é o caso da Benfeitoria. Outra característica que muda entre as plataformas são as taxas cobradas, tanto que o aconselhável é que os donos dos projetos acrescentem ao valor necessário para a realização do projeto o valor destinado a essas taxas. Por exemplo,

Financiamento pela multidãoTalita Lima

Essa é a ideia do crowdfunding, que já é considerado o futuro dos financiamentos de projetos criativos

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o Movere dá a dica para que seja acrescentada ao valor total do projeto uma porcentagem de 12%. Por isso é importante que o dono do projeto conheça as diferenças entre cada uma das plataformas bem como as características de cada uma delas.

Com já foi dito, existem várias plataformas do gênero cada uma com sua particularidade. Uma dessas plataformas é o Catarse, que entrou em funcionamento em 17 janeiro de 2011. O Catarse já ajudou a financiar projetos de teatro, cinema, arte, circo, web, jornalismo, fotografia, música, entre outros.

A banda curitibana Nuvens utilizou o Catarse para conseguir dinheiro para financiar a prensagem de seu novo álbum Fome de Vida. O baterista Guima Scartezini, conversou conosco sobre o projeto e diz que conheceu o crowdfunding por meio de uma artista canadense, junto com a produção da banda, começaram a pesquisar sobre o assunto e descobriram o Catarse. “Vi que essa ideia era genial e que poderia ser usada na nossa banda. Porém, não conhecíamos nenhum site aqui no Brasil que fazia isso até que a Milena achou o Catarse na internet. Conversamos sobre o que colocaríamos para ser financiado e decidimos colocar a prensagem do CD, que custará R$4.500 reais”.

Com o projeto definido e a plataforma escolhida, é necessário escolher o tempo para arrecadação das contribuições que, no caso do Catarse, é de 30, 60 ou 90 dias. A Nuvens optou por 60 dias, como contou Guima. “Escolhemos 60 dias porque achamos que mais que isso seria tempo demais. Conseguimos o valor total em 51 dias”. A banda conseguiu arrecadar 22% além do valor estimado e vai utilizar parte do valor para a produção e envio das recompensas dos contribuintes. Entre as recompensas oferecidas pela banda estavam: jantar com a banda, kits contendo produtos da banda e CDs autografados. Sobre o valor extra, Guima diz: “O que sobrar disso iremos lucrar. Mas o valor extra que arrecadamos será para cobrir os gastos de todo o projeto que realmente não está barato”.

Quer saber mais sobre crowdfunding e suas plataformas? Então seguem duas dicas que podem trazer dicas importantes sobre o assunto. O Crowdfunding Brasil http://crowdfundingbr.com.br trata sobre o assunto com matérias e artigos redigidos por blogueiros e por fundadores de plataformas.

O outro blog é o Crow do que? http://crowdoque.typepad.com que da mesma maneira que o anterior aborda o assunto com artigos e matérias sobre o assunto, mas está em constante atualização além de trazer um mapa de plataformas e a possibilidade de baixar e-books sobre o tema.

Lembrando que o importante é acessar o site das plataformas e ler sobre seu funcionamento nos FAQs.

Financiamento pela multidão Essa é a ideia do crowdfunding, que já é considerado o futuro dos financiamentos de projetos criativos

O discoA Nuvens arrecadou com o Catarse a verba

necessária para a prensagem do disco Fome de Vida, que é um disco com 10 músicas, que abordam temas amplos, apresentando mais que apenas dois opostos como o som e o silêncio ou o certo e o errado. As canções passam de forma, ora passional, ora reflexiva, por um contexto que se torna uma apologia ao ato de estar vivo.

As músicas foram compostas com a certeza de que tudo se transforma o tempo todo, entre viagens, paixões, perdas e alegrias. Além das experiências do dia a dia, três obras foram fundamentais nas composições e no conceito: “O poder do mito”, de Joseph Campbell, “Lobo da estepe”, de Herman Hesse e “A alma imoral”, de Nilton Bonder.

A sonoridade do disco surgiu da busca pela energia do ao vivo ou do máximo que podia ser alcançado em estúdio. Com riqueza nos arranjos, a banda buscou valorizar os climas e intenções das letras. Num disco que cita Cazuza, Jimi Hendrix e Renato Russo, é perceptível a influência do rock 70, da psicodelia e da música brasileira, presente nas harmonias e temas. Um trabalho com personalidade única, sem medo de buscar a fundo cada som e palavra.

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A amizade que produz showsMobilização de amigos abriu portas para a realização de shows considerados sem público na cidade do Rio de Janeiro.

Em 2010, uma iniciativa inédita foi tomada no Rio de Janeiro: o financiamento de shows pelo próprio público. Pode parecer

impossível, mas não é. A ideia é dividir por uma fatia do público o valor necessário para produção de um evento, garantindo assim a sua realização e com a possibilidade de reembolso integral para esses investidores com a arrecadação da bilheteria. Assim nasceu o projeto Queremos http://queremos.com.br.

O Queremos funciona como divulgador e uma plataforma de financiamento. O pagamento das cotas é feito por cartão de crédito através do sistema PayPal*. Identificada a possibilidade da realização de um evento, são levantados os custos de produção.

Com o valor definido, o valor total é dividido em unidades - cada unidade é chamada de ingresso-reembolsável - que tenham um valor possível para a compra ser feita por um fã. Quando todas as unidades são vendidas dentro do prazo estipulado, o valor mínimo necessário para a realização do evento está assegurado, e o evento é confirmado. Com a confirmação, é iniciada a venda de ingressos normais para o público em geral.

Todos que compraram o ingresso-reembolsável têm direito a um reembolso que é proporcional à venda de ingressos, sendo assim, o reembolso pode ser de zero até o valor integral. Por exemplo, no primeiro show realizado do grupo sueco Miike Snow, foram 100 unidades de R$ 200, e todos que compraram o ingresso-reembolsável assistiram ao show de graça.

O ingresso reembolsável não é físico, entretanto, o comprador do ingresso retira seu ingresso no dia do show na entrada da casa, apresentando sua identidade e seu nome estará em uma lista especial. Caso o valor mínimo não seja atingido - no dia seguinte à data estabelecida como limite - todos que colaboraram serão imediatamente reembolsados, via estorno no cartão de crédito utilizado para compra, e o evento não é confirmado.

Mas caso sejam somente vendidas as unidades reembolsáveis, o evento está garantido com o valor mínimo arrecadado. E o evento acontece apenas para

os que pagaram e sem nenhum reembolso, por não ter havido venda de ingressos.

A equipe do Queremos atualmente é formada por cinco pessoas, porém, já existem planos para expansão do projeto para fora da cidade do Rio de Janeiro, podendo chegar a outros estados.

Com essa iniciativa, os amigos Bruno Natal, Tiago Lins, Felipe Continentino, Pedro Seiler, Pedro Garcia e Lucas Bori craiaram em 2010 a primeira plataforma para a realização de shows no Brasil e de forma inédita - até onde se sabe - com a possibilidade de reembolso integral do valor investido pelo fã.

Seu primeiro festival

Não satisfeitos com a realização de show com uma banda, o Queremos - contando com o apoio exclusivo de uma grife de roupas - lançou o desafio para realizar seu primeiro festival com o nome de Eu Quero Festival http://euquerofestival.com.br.

“Depois de trazer tantas bandas, perdemos as contas de quantas vezes nos disseram: “Eu Quero Festival!” Se é um festival que vocês querem, é um festival que vocês terão!”, dizem os organizadores orgulhosos.

O lançamento da proposta do Eu Quero Festival foi no dia 11 de agosto de 2011 e em apenas nove horas todos os 400 ingressos reembolsáveis necessários para a realização do festival estavam vendidos. Cada ingresso teve o custo de R$ 200 reais.

O custo do festival é de R$ 160 mil reais e a parceria com a grife de roupas ajudou e muito na realização do evento, porque o patrocínio cobriu metade dos gastos, então, ao invés de serem vendidos 800 ingressos, foi necessária a venda de metade deles para garantir o evento. O festival foi confirmado e os ingressos já estão à venda.

Os shows acontecem no Circo Voador, na cidade do Rio de Janeiro, nos dias 7 e 8 de novembro de 2011.

No dia 7, a noite será comandada por Beady Eye (+ banda internacional a confirmar + abertura nacional) e o ingresso custa R$ 90.

Já na noite do dia 8 de novembro, a festa será por conta de Broken Social Scene e Toro Y Moi (+ abertura nacional) com o ingresso a R$ 70.

Além de uma iniciativa inédita na realização de shows, o Queremos proporciona transparência no valor real da realização de um show ou de um festival. q

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Nos anos 1980, a banda gaúcha Defalla já fazia, no Brasil, boa parte da mistura entre o rock e o funk, americano é claro, que o

Red Hot Chili Peppers levou para o grande público no mundo. Era o início do rock brasileiro, e algumas bandas começavam a ser conhecidas, como o Ira! e a Plebe Rude. Além dos grandes centros, Rio de Janeiro e São Paulo, Brasília e Porto Alegre começavam a revelar boas bandas.

Edu K era o maluquete do grupo. Entre outras coisas, o cara se vestia de mulher, em alguns shows, com cinta-liga, sutiã e outros adereços. Se você acha isso estranho, em 2011, imagine nos anos 1980...

O Defalla tocou no festival Rock na Estação, que comemorava os dois anos da rádio curitibana Estação Primeira, realizado em 1988 no Palácio de Cristal, no Círculo Militar, ao lado do Ira!, dos Mulheres Negras, ex-banda do multi-instrumentista André Abujamra, dos Replicantes e do Nenhum de Nós. Foi um dos primeiros grandes shows que Curitiba presenciou.

Edu K, depois do término da banda, simplesmente virou um cantor de música romântica, de terninho e tudo mais. Imaginem...

Sua primeira aparição no cenário nacional foi na coletânea Rock Grande do Sul, lançada em 1986. Defalla, de 1987, e Defalla Vol. 2, de 1988, trazem grandes clássicos do rock underground* brasileiro, como Não me mande flores, Repelente e Sobre amanhã. Os caras foram um dos primeiros grupos a compor letras em inglês. Junte isso com um som swingado e pesado, ao mesmo tempo, e teremos uma química poderosa. Você imagina um cover de Sossego, do mestre do soul brasileiro, Tim Maia, tocada em uma levada funk que depois vira um death metal?

Os gaúchos talvez tenham sido a primeira banda do país a ter uma

baterista, uma fêmea segurando as baquetas... Biba Meira. Apesar do seu um metro e meio, Biba, em um português claro, desce a lenha na batera.

Aliás, falando em Rio Grande do Sul, o estado já nos deu grandes bandas como os Engenheiros do Hawaii e o Nenhum de Nós. Ao lado de São Paulo de do Rio de Janeiro, os gaúchos foram os grandes produtores de cultura rock nesse início de rock brasileiro.

A banda voltou a fazer shows em 2011. Especula-se um novo trabalho, em breve, que pode ter qualquer estilo, afinal a banda já tocou baladas, passou pelo funk e chegou até ao heavy metal.

Se você, como a grande maioria do público, só lembra do Defalla pela famigerada Popozuda Rock and roll, vá atrás da história dos caras, principalmente nos anos 80.

Mesmo sem nunca ter sido considerada uma “banda de ponta”, de levar grandes multidões aos seus shows, o público do Defalla sempre foi fiel, pois os caras não faziam de sua música uma coisa vendável. Ao contrário, usavam todos os elementos disponíveis, na época, para diferenciarem o seu som.

A banda sempre pertenceu ao underground* da música brasileira e é um dos poucos grupos que sobreviveram, mesmo que com que com um longo período de inatividade, desde os primeiros passos do rock nacional. q

Álbuns ClássicosDefalla: A metamorfose do rock brasileiro

Marcos Paulo

Curitibano, jornalista e músico.Atleticano desde sempre.

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Divulgue sua bandaSoundcloudhttp://soundcloud.com

Plataforma para postagens de músicas no formato mp3, com espaço para divulgação de links de redes sociais e site da banda. Também é possível a inclusão de email e telefone para contato com a banda ou para venda de shows.

O Soundcloud tem opção de inscrição gratuita ou premium. As opções têm algumas diferenças entre si, mas o que mais pode pesar para uma banda contratar um dos planos da plataforma é poder aumentar o número de downloads permitidos de uma música e o tempo total de músicas que pode ser enviado.

O site deixa disponível para qualquer usuário a opção de colocar um player pré definido com as músicas postadas pela banda em blogs ou outros sites. Mesmo com uma predefinição, o usuário pode modificar cores e optar para que a música comece automaticamente com o carregamento da página onde o player será postado.

Toque no Brasil (TNB)www.tnb.art.br

O Toque no Brasil é uma rede de oportunidades para dinamizar e fortalecer laços entre elos da cadeia de valor da música, além de facilitar o encontro entre quem faz a música e quem contrata músicos e bandas.

No TNB, artistas de qualquer estilo podem criar um perfil e se inscrever para as diversas oportunidades abertas no formato de convocatória, onde o gestor da oportunidade realiza a curadoria online e divulga os resultados, tudo dentro do site. As oportunidades podem ser apresentações ao vivo (shows, festivais e turnês); publicidade (propaganda, jingle e trilha sonora) ou interações com marcas (patrocínio, competições e concursos).

Tudo isso é feito na lógica das redes sociais, onde todo usuário tem um perfil inteiramente customizável, onde consegue carregar arquivos e interagir com os demais.

Podem ser disponibilizadas músicas para downloads, releases, rider técnico e contatos com a banda.

Punkshophttp://www.punkshop.com.br/shop/index_

cab.php?Quem=40

A Punkshop é uma loja de vendas online mas que é uma empresa que fabrica todo tipo de merchandise para bandas. A marca foi criada em 1997 e entrou para o setor de vendas online em 2003. Até 2010 a Punkshop atendeu mais de 60 mil pedidos. Hoje a loja online trabalha com mais de cinco mil tipos de produtos oficiais, autorizados e licenciados por seus autores e proprietários.

Algumas sugestões dadas pela empresa para bandas divulgarem seu trabalho são diversos modelos de camisetas, bottons, adesivos, mouse pads, chaveiros, canetas e muitos outros produtos. No site existem informações sobre valores e quantidade mínima de produtos que devem ser adquiridos, uma boa pedida para bandas que desejam ter merchandising próprio.

Wix http://pt.wix.com

O Wix é um site para fazer sites! Sites em flash com conteúdo pronto, mas que podem ser editados para que fiquem com a personalidade do dono. A Wix nasceu em 2006, mas só disponibilizou sua primeira versão em junho de 2008.

O site tem cadastro gratuito e está disponível em português. Uma maneira fácil e rápida para criar um site com traços profissionais mesmo sem entender - muito ou quase nada - de programação.

A opção premium dá direito a domínio próprio gratuito por um ano, sem anúncio da Wix, além de um cupom que dá direito a um anúncio do seu site no Facebook. q

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Dentro e fora do mainstreamTalita Lima

O mainstream* é um desejo de muitos, mas que pode ser alcançado por poucos. Estar nele e sair pode ser frustrante, ou não.

Viver de música, para muitos, é um sonho. Sonho que muitas vezes não pode ser mantido pelas dificuldades de conseguir

se sustentar financeiramente. Para alguns músicos, ter uma banda com uma gravadora e todos os aparatos necessários para se manter somente como músico é essencial. Mas há aqueles que consigam, sim, viver somente da música mesmo sem todo esse apoio. Existe

também uma parcela de músicos que já estiveram no mainstream e que hoje, fora dele, conseguem se manter apenas com a música. O que é inegável é que o mainstream também faz com que você aprenda a fazer as coisas da maneira certa mesmo quando se vai utilizar o conhecimento fora dele.

Um bom exemplo disso é Leo Richter, que ficou conhecido nos anos 2000 com a boy band brasileira,

Twister. Uma época em que o pop dominava o cenário musical tanto no Brasil quanto no exterior. No auge do sucesso de artistas como Backstreet Boys, *Nsync e Five, o Brasil não poderia ficar de fora, e foi nessa época que surgiu o Twister.

O Twister, além de Leo, era composto em sua formação inicial por Gilson Campos, Sander Mecca e Luciano Borba, sob os cuidados do empresário Hélio Batista. Hélio havia sido responsável pela turnê dos Menudos no Brasil anos antes e tinha bastante experiência no ramo. A banda estava erradicada em São Paulo, conseguiu um contrato com a gravadora Abril Music e o sucesso foi conquistado com a música 40 graus. Tudo ia muito bem até a saída repentina de Luciano e a entrada de Alex Bandeira. A história ficou mal explicada, mas a banda seguiu em frente até o Twister trocar o empresário Hélio Batista e chamar Luciano de volta. Com isso o quarteto virou quinteto, e

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Dentro e fora do mainstreamO mainstream* é um desejo de muitos, mas que pode ser alcançado por poucos. Estar nele e sair pode ser frustrante, ou não.

de quebra arrumou as malas rumo ao México, onde já havia uma carreira consolidada com muitos fãs e era responsável pela música tema de uma novela intitulada El Juego de La Vida. Com o sucesso no México, a banda ainda foi responsável pelo show de abertura do grupo *Nsync.

A banda seguiu bem até que em meados de 2002, sem muitas explicações, a banda acabou. Segundo Leo, o caminho foi lógico. “Com o fim da gravadora e também do contrato com o empresário, a banda perdeu espaço na mídia o que contribuiu para o fim. Foi na mesma época também que alguns na banda tinham começado seus trabalhos solo reforçando a decisão de encerrar a banda Twister”.

De lá pra cá muito aconteceu, mas Leo não deixou a música e acredita que, se fosse hoje, talvez a banda pudesse continuar, mesmo sem uma gravadora, mas Leo ainda completa que somente a internet não é suficiente. “Se tivéssemos na época esse apelo da internet como nos dias de hoje, talvez pudéssemos continuar com a banda em atividade. Sinceramente eu não acho que somente a internet possa fazer com que um artista se projete a ponto de ter grande público ou mantê-lo, já foi o tempo que isso deu certo. Nem todos que curtem o seu trabalho pela internet vão aos shows ou compram os discos.”

Depois do Twister, Leo voltou com uma banda anterior, a Deex. “A Deex era a banda que eu tinha antes do Twister só que com outro nome – A.R-15 – e estilo, com a mesma formação, o som era Hard e Heavy Metal Melódico, e as composições eram em inglês. Quando saí do Twister e remontei a Deex, o trabalho era mais pop, pois as minhas influências nessa época eram mais pop e foi um seguimento do trabalho que vinha fazendo”.

Desde 2008, Leo está com a banda La Madre, uma banda de rock, com composições autorais. “Quando montei a La Madre, resolvi voltar às minhas origens e resgatar a sonoridade rock que sempre esteve presente

na minha vida, mesmo na época do Twister. Além de cantar e tocar também é produtor, uma tendência de bandas independentes. “A verdadeira arte não é um produto, e o fato de a banda ter autonomia ajuda muito para compor algo com essência e originalidade. Afinal é assim que se faz história. Aos poucos o público tem procurado mais por bandas que não estejam na moda e que tenham conteúdo diferenciado. Hoje vivemos um bom momento para a música, todos podem mostrar seu trabalho, porém nem sempre vemos conteúdo ou originalidade. Vejo um futuro onde não existirão mais gravadoras físicas, mídia de cd, TV aberta, tudo será bem democrático, você grava suas músicas e apresenta ao público, os shows serão transmitidos pela internet, muitos já são transmitidos. Será a era da autonomia, quem tiver talento sobreviverá.”

Segundo Leo, atualmente existe uma inversão de papeis entre mainstream e undreground*, e que logo o under vai precisar de um novo nome. “Hoje o underground virou mainstream, as gravadoras têm se interessado muito por bandas que têm seu público e sobrevivem no underground, consequentemente essas bandas farão parte do mainstream. Vejo que terão que criar uma nova sigla para underground, pois nenhum artista quer ser totalmente underground, precisam conquistar um público maior, e pra isso precisam do mainstream. A própria internet hoje é o mainstream dessa galera.”

Mesmo fora do mainstream, hoje Leo se considera mais preparado para o cenário musical e não sente nenhuma frustração por ter saído do meio. “Para mim não há diferença, basta trabalhar que aos poucos vai reconquistando o seu espaço. Em termos de composição e produção, hoje, me sinto muito mais preparado, e tudo graças ao fato de não estar mais no mainstream e ter tempo de me dedicar às novas ideais. Costumo dizer, devagar e sempre, vejamos o que o futuro nos reserva.” q

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