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REVISTA ON-LINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE ANO III - N° 11 - JUNHO A SETEMBRO DE 2015 pantanal matogrossense brasil - a pátria do Avatara

REVISTA ON-LINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE … · que busca transformar os estados de consciência já ultrapassados ... Já a Ética é reconhecida como ramo da filoso- ... gradantes

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REVISTA ON-LINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE ANO III - N° 11 - JUNHO A SETEMBRO DE 2015

pantanal matogrossense

brasil - a pátria do Avatara

Existem questões mile-nares que inquietam o homem. A cada civilização, a cada geração, estas questões são enfrentadas e parcialmente equacionadas. Uma delas é sobre a origem do universo, a origem de Deus e do próprio ho-mem.

Nossos ancestrais ao con-templarem a imensidão do céu estrelado tinham dois sentimentos aparentemente antagônicos: a an-gústia de não conseguirem enten-der completamente aquele infinito e as relações com sua vida pessoal e tribal, marcadas pela certeza da finitude, e ao mesmo tempo, a alegria de fazerem parte, mesmo desconhecendo as razões, daquele universo.

Esta dualidade - alegria do “pertencimento” e angústia causada pela certeza da morte - foi com certeza a matriz estrutural das diversas teogonias, mitos, lendas e milhares de explicações do mundo. Inclusive as atuais de caráter cien-tífico.

A Sabedoria Iniciática das Idades, da qual a Sociedade Brasileira de Eubiose é expressão atual no mundo, apontou e aponta, durante milhares de anos, uma me-todologia para que seus pesquisa-dores - dentro da máxima iniciática “formule corretamente a pergunta que te responderei” - possam en-tender as relações entre sua vida singular e o plano divino.

Formular corretamente a questão, a pergunta, a indagação, é uma verdadeira chave iniciática e por que não, também científica. Entender e aproximar por afini-dades e disparidades as diversas variáveis de um problema já é um caminho seguro para a sua solução.

O grau de complexidade e de espiritualidade das questões ela-boradas pelos discípulos vão dizer

do seu estágio atual de evolução, de seu estado de consciência.

Na Sabedoria Iniciática das Idades existem três cami-nhos, três eixos pelos quais o discípulo pode trilhar e organizar sua evolução. Entretanto estes caminhos não são excludentes. O que acontece na prática do dis-cípulo é a predominância de um deles, de acordo com sua trajetó-ria evolucional.

O primeiro deles é o caminho da emoção, do amor, da dedicação, do altruísmo. As grandes questões universais são equacionadas pelo caminho do amor que leva à santificação. O vazio da existência, a angústia da finitude são preenchidos, resol-vidos pela emoção superior, que transborda do discípulo e, nos graus superiores, atinge a toda humanidade e, por consequên-cia, até Deus.

O segundo caminho é o do conhecimento. É o estudo dos textos sagrados, a pesquisa científica, a geração incessante de novos saberes que vão dando sentido à existência do universo, de Deus e da própria humani-dade. É o vetor que alimenta a evolução humana sob a ótica do conhecimento.

Por último, existe o cami-nho da ação. Da ação consciente que busca transformar os estados de consciência já ultrapassados em situações individuais e histó-ricas condizentes com os ensina-mentos do Avatara. É o caminho dos profetas, dos revolucioná-rios, dos que lutam por trazer a consciência divina ao cotidiano das pessoas. Porque as pessoas são as imagens mais próximas de Deus que conhecemos.

editorial

sumário

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A ÉTICA POLÍTICA CONCEBIDA PELO SAU-DOSO HELIO JEFFERSON DE SOUZA FILHO

Silvio Piantino...Chegamos ao tema deste nosso encontro. Política é definida como uma arte de negociação para compatibilizar interesses. Já a Ética é reconhecida como ramo da filoso-fia dedicado aos assuntos morais. Aquilo que pertence ao caráter...

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A MISTERIOSA PERSONALIDADE DE CAGLIOSTRO

Henrique José de SouzaUm “adepto” tão mal compreendido pelo mundo profano, e sob quem pesa uma fama tão injusta, aliás pela obra nefasta dos “eternos inimigos dos Portadores da Verdade” – os jesuítas – tomamos como dever, dizer algumas palavras em defesa do mesmo, para que uma outra opinião seja forma-da a respeito de quem nada mais foi do que “um instrumento do Karma” a favor da coletividade.

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DUAS TERRAS DE AQUI

Luis César de SouzaÉ como se fossem dois planetas: um olhando para cima (onde?), outro para baixo (onde?). Um vê o outro, mas o outro não vê o um. O outro está preso à terra, materrea, o um mira a Terrah... um lugar inexistente, somente presente na mente dos crentes, diferente.

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A ESCOLA EUBIÓTICA

Laudelino Santos NetoAcreditamos que a Escola Eubiótica, como as demais Escolas Iniciáticas que existiram e ainda existem, possuem suas especificidades, que as fazem diferirem muito das escolas normais de ensino. Ao mesmo tempo, possuem todas um de-nominador comum, que é a questão da transmis-sibilidade. Mas antes de abordamos este último ponto, que consideramos fulcral, vamos tecer algumas considerações sobre a escola grega matriz de tudo o que se sucedeu sobre ensino, aí incluído também a universidade, que poderão melhor aclarar nossos raciocínios.

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RESPEITO, AMOR E UNIÃO, A GRANDE TRANSFORMAÇÃO

Ricardo FerreiraEsse artigo está apresentado em três enfoques e/ou abordagens: Amarela (PAI), Azul (MÃE) e Vermelho (FILHO). Assim o tema é revisado a cada etapa com um enfoque específico. Isso per-mite trazer do plano das ideias para a aplicação prática no dia a dia de cada um de nós.

pantanal matogrossense

A ÉTICA POLÍTICA CONCEBIDA PELO SAUDOSO

HELIO JEFFERSON DE SOUZA FILHO

Texto baseado na palestra apresentada na 67ª Convenção da SBE em São Lourenço

Silvio Piantino

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 4

Honestamente, não me senti confortável quando fui convidado para fazer esta palestra. O tema não seria o que eu escolheria para

falar. Imaginei, em um primeiro momento, que o entrave era tentar relacionar ética e política sem cair nos extremos de ser utópico, um sonhador tentando conciliar dois aparentes opostos – ética e politica, ou um pessimista, jogando mais luz neste mar de lama ao qual somos diariamente expostos nos noticiários. Mas percebo agora que a questão maior estava no final do título. Helio Jefferson de Souza Filho. Per-doem-me os mais formais, mas eu nunca conheci um Helio Jefferson de Souza Filho. Para mim, e para to-dos que tiveram a dádiva de conviver com ele, sempre foi e sempre será o HELINHO. Muitas tentativas fo-ram feitas para mudar isto e nunca deu certo porque, simplesmente, ele mesmo o impedia.

Dentre todas as suas qualidades, ressaltava enormemente a humildade. A qualidade dos sábios. A árvore que naturalmente se curva, vítima do peso de seus próprios frutos. Seu carisma era também contagiante, atraía e forçava a todos a se sentirem bem perto dele. Para ele era algo natural e espon-tâneo. As pessoas aglomeravam-se onde quer que ele estivesse e ali permaneciam felizes e contentes. Sua dedicação aos filhos me fazia pequeno frente aos meus. Nossos filhos foram criados juntos e eu inconscientemente temia uma natural comparação. Seu pai era seu norte, e ele receava nunca ser capaz de, um dia, substituí-lo à altura. Confesso que não tive o privilégio de conhecer mais ninguém que pudesse demonstrar, tão bem quanto ele, que aqui viemos para servir, que somos todos semelhantes em uma mesma família espiritual, na qual deve imperar a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

Helinho viveu a tríade Escola-Teatro-Templo.

Como Escola adotou o SGR. Organizou e comandou caravanas durante os Dhyanis. Nestas colocava-se ombro a ombro, com os demais, em atividades que iam desde a realização de rituais até desatolar o ônibus. Nenhum destaque, nenhuma bar-

reira. Sentava-se e servia-se entre todos os demais. Nunca faltou a uma convenção em Nova Xavantina. Lá era o seu lugar. Se existia uma possibilidade de um dia perdê-lo, seria para o Roncador, constante-mente refletia eu.

O aspecto do Teatro foi suprido pela políti-ca. Às vezes podemos nos perder, ficando somente na incubação. Algo do tipo ser eternamente a semente da nova era. Mas a semente tem que morrer, tem que deixar de ser semente. Germinar. Sombra e frutos são seu motivo, seu destino. Semente é apenas uma promessa de realização, nada mais que isto. Os fru-tos do COGEP foram inúmeros e por muito tempo ainda nos beneficiaremos deles. Como cume deste trabalho podemos citar o Dia Nacional da Eubiose, conforme proposto e apresentado em 10 de agosto de 2012 na Câmara dos Deputados em Brasília.

No Templo, poucos sentiram a Obra como ele. Era extremamente comum ele se emocionar muito, chegando inclusive a chorar quando conver-sávamos sobre a Obra. O peso de seu destino teimava em lhe esmagar os dias. Ele demorou muito a falar dentro do Templo, justamente por sentir a impor-tância e magnitude do local. Lembro que todo ritual eu ficava na expectativa dele falar, pois sabia do que ele seria capaz. Sempre que ia terminar o ritual, eu olhava para ele para saber o que fazer e ele invaria-velmente dava sinal para simplesmente encerrar. Até que um dia ele falou. E pudemos ser, a partir deste ritual, constantemente brindados com sua sabedoria e sensibilidade. Desnecessário dizer que se hoje a Ordem dos Templários possui a estrutura que temos, devemos grandemente a ele. Sem sua ação direta e incisiva, hoje não teríamos o lugar que temos. Sinto que isto nunca poderemos pagar.

Chegamos ao tema deste nosso encontro. Política é definida como uma arte de negociação para compatibilizar interesses. Já a Ética é reconhecida como ramo da filosofia dedicado aos assuntos mo-rais. Aquilo que pertence ao caráter. Pergunta: como poderíamos compatibilizar nossos interesses, agindo de uma forma respeitosa a todos, e sem, logicamen-

...Chegamos ao tema deste nosso encontro. Política é definida como uma arte de negociação para compatibilizar interesses. Já a Ética é reconhecida como ramo

da filosofia dedicado aos assuntos morais. Aquilo que pertence ao caráter...

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 5

te, ferir nossa moral ou nosso caráter? Surge outra questão um pouco mais incisiva: quem faria parte deste grupo pelo qual lutaríamos para compatibi-lizar os interesses? Nossa família? Amigos? Nossa cidade? A SBE? A humanidade? Qual o tamanho do nosso mundo? Estamos realmente preparados para esquecer o eu, o meu, adotando integralmente o ou-tro?

“A Fraternidade e a Irmandade são as ra-zões e os sentimentos que devem, invaria-velmente, permear todos os nossos atos. Acima da razão, da opinião, das desaven-ças ou das diferenças, existe a fraternida-de, a grande irmandade que une a todos os homens, sem distinção de idade, credo, raça ou cor.” HJSF

Há uns dois anos, um amigo me disse uma frase que adotei como meu mantra pessoal. “Melhor ter paz do que ter razão”. O efeito prático desta ver-dade é miraculoso. Todo peso é arrancado. O Céu se precipita. Dentro de nossas funções na SBE às vezes somos forçados a nos manifestar. Algumas vezes somos ouvidos, outras não. Nem tudo é do jeito que gostaríamos que fosse, tanto dentro quanto fora da Instituição. Mas isto não implica necessariamente estar errado. Quando o outro não está em nosso ca-minho, não significa que ele esteja perdido, mas sim, que ele simplesmente não compartilha de nossas escolhas. Somente isto. Nada mais. É libertador não nos autoimputarmos responsabilidades por tudo e por todos. Na Yoga de Patanjali o primeiro passo é Ahinsa (não violência) só depois é que se apresenta Satya (verdade). Portanto se tivermos que optar por dizer a “nossa verdade” ou mantermos a paz, o me-lhor, irrefutavelmente, é manter a paz.

“Qualquer sentimento de separabilidade gera o ódio, em qualquer um dos seus de-gradantes níveis de manifestação. O ódio invariavelmente mata e destrói tanto a quem o recebe quanto a quem o emite. So-mos todos iguais, não importando o quan-to nos sentimos superiores a quem quer que seja.” HJSF

Quando se diz “qualquer” é qualquer mesmo. Não importa se separamos supostos grupos do bem e do mal, passado e futuro, oriente e ociden-te, Eubiotas e o restante da humanidade...“O todo sem a parte não é todo, é parte” já disse Padre Vieira. Ou nos unimos ou estamos sozinhos, excluídos. Divisão é um comportamento meramente humano, uma convenção para excluir o que deveria estar uni-do. Se olharmos para o céu, não veremos nenhuma divisão, na terra sim, temos fronteiras e limites. Todos impostos pelo homem. Nós não vemos o mun-do como o mundo é, mas sim como nós somos. Se somos pequenos nosso mundo é pequeno. À medida que crescemos, nosso mundo também se expande e dia virá que abarcará todo ser vivo, esteja ele perto ou distante de nós. A questão aqui não é si, mas sim, quando.

“Saibamos reconhecer as diferenças como possibilidades a serem trabalhadas em benefício mútuo, e nunca como pontos de atrito causadores de desavenças e conse-quentes infortúnios(...) A beleza reside nas nossas grandes igualdades, mas a for-ça está em nossas pequenas diferenças.” HJSF

Quando eu entrei para a GHSG, tive uma grande decepção logo na primeira reunião. Eles não eram como eu esperava que deveriam ser. Depois entendi que eles eram como deveriam ser, e que cada um tinha uma característica própria marcante e que juntos tinham uma força enorme. Esta força vem jus-tamente da diversidade. É muito bom que tenhamos quatro ordens-filhas dentro da OSG. Cada uma com sua tônica e área de atuação. É salutar que tenhamos um leque de funções que permitam que os irmãos com tendências templárias, administrativas, ensino, música, teatro etc, etc. possam sempre encontrar um lugar. O seu lugar. Uma chave para cada fechadura.

“Nada, absolutamente nada, justifica a desunião entre nós. Somos todos filhos do mesmo Pai, viemos de uma mesma Causa e possuímos o mesmo destino. Isto, por si só, justifica qualquer ação no sentido de preservar esta bendita aliança intacta.” HJSF

É libertador não nos autoimputarmos responsabilidades por tudo e por todos. Na Yoga de Patanjali o primeiro passo é Ahinsa (não violência) só depois é que se apresenta Satya (verdade). Portanto se tivermos que optar por

dizer a “nossa verdade” ou mantermos a paz, o melhor, irrefutavelmente, é manter a paz.

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 6

“Absolutamente nada” é meio forte demais. Deveríamos meditar muito sobre isto. Aqui nos é indicado aparar todas as arestas, nivelar todos os nossos apegos mentais e conceituais. As desaven-ças, a desunião só ocorre pelo apego que temos ao nosso ponto de vista. Que, como o próprio nome diz, é apenas um ponto. Por vezes pequeno e míope. Deveríamos ser capazes de trocar de lugar. Realizar a metástase com os “outros”.

Uma vez eu disse ao VGM que eu só conti-nuava na SBE porque eu ainda não a entendia. O que eu sinto é de uma grandiosidade absurda, mas o que eu vejo, digamos que nem tanto assim. Mas se tem uma coisa que eu sei é que somos uma mesma famí-lia. Não importa, em absoluto, se esta representa o máximo da evolução ou do que quer que seja. Esta necessidade de autoafirmação é coisa do ego. Basta-me saber que é minha família, minha casa, enfim, meu lugar. Todos nós aqui fomos resgatados de um mesmo passado. Alguns filhos do 5º, outros do 6º. Daí nos odiarmos e nos amarmos em igual intensida-de. Acontece que os Dois já se entenderam, já bebem da mesma Taça, e alguns de nós, infelizmente, ainda não.

“Que a paz possa sempre reinar em nosso meio. Que a união das essências prevaleça sempre sobre a diferença das aparências. Que o mesmo teto que agora nos abriga e nos protege possa também o fazer a todos os nossos Irmãos em humanidade, estejam eles onde estiverem. “ HJSF

Para existir paz exterior deve haver neces-sariamente paz interior. A mente precede toda a ma-nifestação. Se uma floresta está seca, o que devemos fazer? É possível aguar a floresta como um todo? Não, claro que não. Devemos nutrir cada árvore in-dividualmente. Quando cada árvore florir, a floresta naturalmente estará refeita. Não adianta pedir paz e fraternidade para quem não as possui. Um bando de porcos-espinho, fechados em uma caixa, vão necessariamente se espetar. Não adianta implorar para que não se firam entre si. O que cada um deveria fazer é tratar de retirar seus próprios espinhos. Mas é infinitamente mais suportável olhar para o outro do que para si mesmo.

União das essências significa a eutanásia do ego. Mas qual ego quer realmente morrer? Só pode haver união quando não tiver mais um eu. Qualquer

Escola Iniciática, digna de tal nome, deve necessaria-mente trabalhar para reduzir o ego até a sua total ani-quilação. O boneco de sal que atraído se dissolve no mar. Se nosso ego está se inflamando, se está ficando cada vez maior, se a cada vez mais eu vejo o “eu” e os “outros”, estamos com certeza no caminho errado. Existe a possibilidade, mesmo que remota, que “sal-var a humanidade” possa ter sido a isca para atrair os que caíram pelo orgulho.

O Helinho não se encontra mais disponível aos nossos sentidos físicos. Mas ele nos deixou uma mensagem de vida. Um exemplo de comportamento e dedicação à Obra que merece ser fielmente seguido. Entendo que não precisamos mais homenageá-lo seja de que forma for. A melhor homenagem que poderíamos ainda lhe dar seria adotar e cuidar o que ele nos deixou. Não deveria haver mais tristeza. Não precisamos de saudades. Devemos agradecer, sim, a Lei, por nos ter concedido o privilégio de conviver com tamanho Ser. Ele se foi para seu lugar de origem. É isto que propagamos, seria, portanto, isto que deveríamos viver. Nós estamos ainda aqui. Nossa missão ainda não foi encerrada. Devemos con-tinuar, é este o nosso Dhamma. Mas bem no fundo, a verdade é que com ele seria muito mais fácil para todos nós.

União das essências significa a eutanásia do ego.

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 7

A MISTERIOSA PERSONALIDADE DE

CAGLIOSTROHenrique José de Souza

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 8

Publicando no presente número a fotografia de um “adepto” tão mal compreendido pelo mundo profano, e

sob quem pesa uma fama tão injusta, aliás pela obra nefasta dos “eternos inimigos dos Portadores da Ver-dade” – os jesuítas – tomamos como dever, dizer al-gumas palavras em defesa do mesmo, para que uma outra opinião seja formada a respeito de quem nada mais foi do que “um instrumento do Karma” a favor da coletividade.

A História – essa mãe bastarda da Humani-dade – que não nos diz com exatidão, os fatos mais recentes de nossa época; ela que até hoje desco-nhece o berço natal do grande descobridor do Novo Mundo – Cristóvão Colombo – ousa atirar sobre a memória de Cagliostro, a pecha de charlatão e... até de conivente, ou pior ainda, principal autor do furto do célebre “colar da Rainha”, estribada, única e ex-clusivamente, no que subsiste de falso e de perverso, nos Arquivos da Polícia parisiense, como já foi dito, obra maquiavélica da “Companhia de Jesus”, pois até mesmo os seus livros foram queimados em uma fogueira pública, por ordem da respeitabilíssima “Santa Inquisição”.

No entanto, despreza tudo quanto ele fez em benefício da Humanidade – como um fiel e dedicado membro da Maçonaria egípcia – ou o Tronco de onde emanou “Aquela que, em todos os tempos, foi consi-derada “a gloriosa Mensageira da Verdade e do Bem, que através dos séculos vem abrindo largo sulco de caridade e justiça”.

Em um dos cantões da Suíça, por exemplo, cujo nome a memória nos falha neste momento, mas que se poderá encontrar lendo uma obra que se diz da autoria dele (Cagliostro), e cujo título é L’Evan-gile de Cagliostro, foi erguido um monumento em homenagem aos benefícios por ele prestados aos habitantes daquela localidade, e no mármore, canta-dos em versos os seus gloriosos feitos. Uma cópia da dita estátua se acha no frontispício da mesma obra, e aliás foi que serviu para a reprodução de um quadro que esta Sociedade possui em sua sala de reuniões, juntamente com as de outros adeptos.

Baseados, ainda nos falsos arquivos da Polí-cia parisiense, foi que o ilustre romancista português

Camillo Castello Branco inspirou-se para escrever o seu livro José Bálsamo, e também o insigne escritor francês Alexandre Dumas – sendo que este ainda fez outras buscas em diferentes lugares por onde dizem ter passado o “misterioso adepto” –, para escrever as suas Mémoires d’un médecin, – tal como as demais obras suas, um verdadeiro repositório de ensinamen-tos iniciáticos.

O mundo teosófico, por sua vez, através da erudição de Mr. A. Gedalor, de quem o dicionário “Rhéa” se serve para descrever a personalidade de Cagliostro, diz dele o seguinte: “Este ‘iluminado’ de quem tanto bem como mal se diz, nem é digno ‘desse excesso de honra’, nem dessa indignidade. Fundador de um ‘Rito Egípcio’ (seria ele mesmo o fundador? perguntamos nós), procurou, evidentemente, aliar as formas maçônicas com o “Iluminismo” e serviu-se

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 9

da magia, do hipnotismo, do mesmerismo etc., etc. (isso, muita gente boa o tem feito, até mesmo Jesus, porquanto a Humanidade para não viver afastada da Lei, exige que se lhe faça milagres). Ele tomava, então, o título de “Grão-Copta”, e por outra parte, foi conhecido sob diversos nomes. Desgraçadamente envolvido (diz-se), no assunto do ‘colar da Rainha’ (com vistas aos sotainas de sua época...), ele perdeu pouco a pouco o crédito e morreu (o grifo e demais interpolações são nossos), fora da França, no Castelo Sant’Angelo, em Roma (“si non é vero é bene trova-to!...”), onde dizem que, pelos maus tratos que lhe deram seus carcereiros (?), foi forçado a suicidar-se. Nada é menos seguro, entretanto (ainda bem!) e o mistério paira sobre o fim desse original adepto das “ciências secretas”.

Motivos que não desejamos interpretar, levaram a nossa amada Mestra H. P. B. a dar uma opinião toda pessoal a seu respeito (dele Cagliostro), tal como se pode ver à pág. 126 de seu Glossário Teo-sófico (ed. Esp. trad. e aumentada por J. Roviralta Borrell, Barcelona, 1916): “Sua história corrente, diz ela, é conhecida de sobra, para que haja necessidade de repeti-la, enquanto que a sua verdadeira história nunca se relatou (é nosso o grifo). Finalmente, foi processado e sentenciado em Roma, como herege, e diz-se que foi forçado a suicidar-se em seu cárcere. Entretanto, seu fim não foi de todo imerecido, por-quanto Cagliostro havia sido infiel aos seus votos em alguns conceitos... e quebrado o seu estado de casti-dade e cedido à ambição e ao egoísmo”.

Quando um outro não menos “misterioso ser” assim se expressa... principalmente quando para conduzir “os sequiosos de Luz” através da Vereda dos Mestres, por sua vez, foi forçado a lançar mão dos “véus mayavicos da iniciação”1, tal como a todo instante dizia o seu dedicado auxiliar – Cel. Olcott, “que não sabia se tal ou qual fato era real... mas se devido à “maya hipnótica” de H. P. B. que poderemos nós, míseros discípulos seus, dizer desse seu julga-mento para com o “pobre” Cagliostro, senão aquilo que a nossa opinião pessoal nos induz a fazê-lo, em-bora com todo respeito que a sua memória nos mere-ce, e como fiéis servidores de sua Obra grandiosa no mundo?

É opinião de alguns que Cagliostro afastou-se da Lei etc., etc. No entanto, tendo a Mestra H. P. B. tomado parte na batalha de Montana, ao lado de

Garibaldi, onde foi ferida mortalmente... estando, portanto, de armas na mão lutando contra irmãos, não deixou com isso de ser “a excelsa inspiradora dos ensinos teosóficos no mundo, como discípula eleita da Loja Branca”.

Não, absolutamente não!

Do mesmo modo, Cagliostro cuja missão até hoje desconhecida, como a própria Mestra o afir-ma, foi o escolhido para uma missão espinhosíssima, mui principalmente para a corte de um “rei devas-so”... e em época de céticos e maliciosos como os Vol-taires, os d’Argens, os Diderots e outros muitos!...

Assim foi, na mesma época, a missão do Conde de Saint-Germain!...

Diz o adágio: “Cada povo tem o governo que merece”, cujo adágio pode muito melhor ser aplicado ao verdadeiro governo oculto que dirige os destinos humanos.

jeanne D’arc

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 10

Sim, Cagliostro era um charla-tão; porém, desde que a opinião pública fez dele o “divino Cagliostro”, ele devia operar prodígios... e foi o que aconteceu.

Jeanne d’Arc também era char-latã, porque o “charlatanismo” quando triunfa é, pois, “em Magia, como em tudo mais, um grande instrumento de poder”. Jeanne d’Arc era, portanto, Magia à fren-te do exército, mas em Rouen a pobre moça não foi feiticeira”.

Levada à fogueira inquisitorial, no entanto, hoje seu nome e as suas prá-ticas de feitiçaria, outrora condenados pela Igreja Romana... e demonstrados pela eminentíssima pena do Sr. Marquês de Mirville, como obras satânicas... trans-formaram-se, por sua vez, segundo a MÁGICA Igreja... em “milagres” de uma “santa”, digna de figurar no Flos Sancto-rum!...

Napoleão à frente de suas tro-pas, era um verdadeiro mago... mas deixou de sê-lo quando pronunciou as memoráveis palavras: “a minha estrela já não mais me protege”.

Dizem, ainda, os sábios e historiadores que Saint-Germain era enviado especial de Paris, en-quanto que Cagliostro vinha de Nápoles.

Achamos esses dois lugares demasiadamen-te “exotéricos” para serem, em realidade, os pontos de onde os mesmos vieram em missão especial para o mundo!...

Assim, preferiríamos, antes, afirmar que o primeiro procedesse da Índia ou mesmo do Tibete... e o segundo, de misteriosa Fraternidade africana... lugares esses para onde deveriam ter voltado, após realizadas as suas missões, embora isso prejudique a lenda do suicídio em Saint-Angelo e outras tantas fantasias que correm sobre o nosso biografado de hoje.

Quem nos poderá negar que a “Queda da Bastilha” não houvesse sido, de fato, um dos muitos manejos ocultos empregados pelo “misterioso adep-to” enviado do Egito?

Do mesmo modo que Saint-Germain, Ca-gliostro poderia dizer a respeito de seus pais: “Com sete anos de idade fui proscrito e vaguei com minha mãe na floresta”... Sim, porque a sua verdadeira mãe era a ciência dos “adeptos”; os seus sete anos, a dos iniciados promovidos ao grau de Mestres; as flores-tas, são os impérios privados da Verdadeira civili-zação e da verdadeira Luz, “como ainda, o glorioso Agarta ou o Sacrossanto lugar onde se realizam as grandes Assembleias dos deuses!

Salve Cagliostro; é outro charlatão quem te defende!...

H. J. SouzaPresidente da S. T. B.Niterói, 15 de novembro de 1928

1 Que seria de Dhâranâ, hoje Sociedade Teosófica Brasileira, se não houvesse empregado os mesmos recursos para poder fazer a tão difícil separação do “bom trigo do joio”, para transfor-má-la no que hoje é: uma agremiação de homens que vivem na mais perfeita harmonia, que se compreendem e se justapõem como peças da mesma máquina, como dedos de uma só mão?

Quem nos poderá negar que a "Queda da Bastilha" não houvesse sido, de fato, um dos muitos manejos ocultos empregados pelo

"misterioso adepto" enviado do Egito?

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 11

É como se fossem dois planetas: um olhando para cima (onde?), outro para baixo (onde?). Um vê o outro, mas o outro não vê o um. O outro está preso à terra,

materrea, o um mira a Terrah... um lugar inexistente, somente presente na mente dos crentes, diferente.

As crianças estarão nele, os loucos, os santos, os embelezados de amor, puro. Os que não se deixarem levar levarão um barco qualquer, uma nave mental e tal, tal coracional.

Um universo a mais, uma presença para o amigo, uma palavra, um abrigo, um abraço fraterno, terno.

Um beijo azul, uma transparência intransparente, um sem medo qualquer. Uma tragicomédia grega, lusa, brasílica. Um osso duro de roer, uma sensação de

ambiguidade, uma verdade encoberta, um cobertor de plástico, a frieza nas mãos, a desatenção, o desalento. Um momento então no ar que nos liberte de nós, assim feito nós.

Emparelhados, mas, lado a lado?

A tinta negra pinta cinzas da escuridão, uma ebulição, um trombone. Um ponto final, sem juízo fatal, sem perigo depois do salto para o alto, um assalto de cor ação, uma

benção, um axé, uma oferenda infinda, cheia de lágrimas, sal, água e risos.

Nas profundezas dos risos a paixão inusitada pelo inconcluso, o obtuso, a perscrutância, a jactância e a simplicidade no existir, a miséria dos deuses, a exuberância das dores,

flores do amanhã, que não secarão de manhã. Regarão, serão regadas, carregadas invisíveis indivisíveis nas mãos de um poeta, um profeta embriagado, um

bem-aventurado qualquer um.

De aqui de uma Terra a outra dá para muito céu ver de entardecer. A gente precisa crer para ver.

Luis César de Souza

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 12

A ESCOLA EUBIÓTICALaudelino Santos Neto

Acreditamos que a Escola Eubiótica, como as demais Escolas Iniciáticas que existiram e ainda existem, possuem suas especificidades, que as fazem diferirem muito das escolas normais

de ensino. Ao mesmo tempo, possuem todas um denominador comum, que é a questão da transmissibilidade. Mas antes de abordamos este último ponto, que consideramos fulcral, vamos

tecer algumas considerações sobre a escola grega matriz de tudo o que se sucedeu sobre ensino, aí incluído também a universidade, que poderão melhor aclarar nossos raciocínios.

Peregrino - Helena Jefferson de Souza

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 13

Dentro de uma visão eubiótica, podemos afirmar que ele já realizava naquela época século VI a.C. algo parecido com a trilogia proposta pelo Fundador da SBE, Sociedade

Brasileira de Eubiose, Professor Henrique José de Souza: Escola, Teatro e Templo.

A ESCOLA GREGA

Da Grécia Antiga o primeiro a falar foi Homero. Ele relata-nos sobre um educador famoso da época, Quíron,

que era um centauro, isto é, metade homem e metade cavalo. Quíron teria educado Aquiles, o mais célebre e valente herói homérico; Asclépio, conhecido como Esculápio em Roma, era filho de Apolo e deus da me-dicina; Nestor, o lendário rei de Piro; Jasão, o do ve-lócino de ouro, herói da Tessália e também Héracles, ou Hércules; herói já por demais conhecido.

O método pedagógico de Quíron era muito interessante. Ele retirava a criança do seu ambiente, da sua casa, e a levava para uma caverna afastada.

Lá ensinava a elas esportes, caça, equitação, manuseio de arenas, cirurgia, uso de medicamentos e também a prática da lira e do canto. A música e o canto eram importantes na cultura grega, principal-mente nesta época, porque era uma forma de preser-vação da memória cultural dos gregos.

Como uma espécie de hiato do que enten-demos por escola grega antiga e os desdobramentos subsequentes, existiu a escola pitagórica, que tinha caráter iniciático. Teve apenas alguns dos seus deta-lhes registrados historicamente, porque era proibido aos seus membros falar sobre os assuntos estudados aos não iniciados. Pitágoras torna-se importante

para nós nos dias de hoje, porque reunia em sua es-cola aspectos propedêuticos e também místicos, am-bos alicerçados na música e na matemática.

Dentro de uma visão eubiótica, podemos afirmar que ele já realizava naquela época século VI a.C. algo parecido com a trilogia proposta pelo fundador da SBE, Sociedade Brasileira de Eubio-se, Professor Henrique José de Souza: Escola, Tea-tro e Templo.

Após a sua morte, Pitágoras é praticamente divinizado. Então vai ocorrer uma coisa muito inte-ressante, que pode ter tido desdobramentos muito sérios no futuro da Grécia. Não foi mais possível manter a unidade entre mística e ciência, que era as-segurada pelo próprio Pitágoras. Haverá então uma nítida separação em sua escola entre os místicos e os matemáticos. Os primeiros são os acousmatikoi, os ouvintes, que vão preservar os conteúdos místicos. Os outros são os matematikoi, os estudiosos da mate-mática, que vão dar importância apenas aos aspectos científicos.

Pelo pouco que chegou até nós do siste-ma pitagórico, ele considerava a alma como sendo uma substância imortal e de essência divina, que se opunha ao corpo, que era transitório. A alma se reencarnaria sucessivamente até superar seus erros

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É Pitágoras que vai deixar para a posteridade a noção do homem como uma unidade singular, uma

estrutura unificada entre corpo e alma.

e ser liberta pela prática da virtude. A prática desta virtude, considerada por Pitágoras uma verdadeira purificação, é inseparável da ciência, da busca da ver-dade, que ele chama, pela primeira vez na história, de filosofia. Esta é explicada por ele como sendo a realização, no conhecimento, na razão, da harmonia que governa todo o universo e que se expressa nos números.

Outro ponto muito importante deste gran-dioso hiato que foi Pitágoras é o avanço dado na noção do homem, do próprio corpo humano. Em Homero, em toda a comunidade grega da época não existia a noção de que hoje se faz do sujeito. O ho-mem era apenas algo coletivo; ele é apenas enquanto membro de uma comunidade.

É Pitágoras que vai deixar para a posteridade a noção do homem como uma unidade singular, uma estrutura unificada entre corpo e alma. É a partir de Pitágoras que esta noção do homem, do humano vai se constituir. Em outras palavras, o pitagorismo aponta para uma psiquê internalizada.

De um tipo de educação praticada em Es-parta, voltada principalmente para a formação do guerreiro, vamos ter, em Atenas, práticas com ênfase também na formação do cidadão, do membro da pó-lis. E neste momento começa a nascer algo que nos lembra o que viria a ser a futura escola.

E vamos nos ater apenas num educador que

foi o responsável pelo erguimento deste alicerce: Pla-tão. Este, ainda na sua juventude, viaja até o sul da Itália e inicia-se entre os pitagóricos. Daí sua impor-tância, por ter criado algo em termos educacionais que funde as três grandes vertentes da escola grega: uma aristocrática, dos primórdios da Grécia, da for-mação do guerreiro, do nobre; outra mística, que tem como ponto alto Pitágoras; e por último, uma última, recente, de cunho político, voltada às lides e aos dis-cursos da cena política citadina.

E como Platão irá conseguir fazer a união destas três grandes vertentes?

Criando uma esfera teórica, uma epistemo-logia, na qual as ações práticas educacionais tives-sem um sentido, um valor, fossem inseridos em algo muito maior, transcendente. Ele vai ordenar todos os problemas políticos, ciáticos e comunitários numa nova esfera, ontológica, do ser. É o seu famoso eidos, o mundo das ideias, onde tudo o que acontece em res, mundo das coisas, é um simples reflexo. E aí Platão realiza uma grande inversão. O que é real para ele é o mundo das ideias. A ideia seria o ser das realidades que vivemos, a justiça como tal, a cidade como tal, a educação como tal. Ela uniria e explicaria tudo. Este mundo das ideias é algo que já aconteceu e nós nos esquecemos. Então, para nos lembrarmos, para che-garmos até ele, é necessário usarmos o conhecimen-to, a ciência, a teoria. Em outras palavras, através da filosofia.

Em outras palavras, a ideia para Platão não era algo que nós temos de vez em quando. A ideia era uma instância concreta, inteligível, que fundamenta o mundo que vivemos. A pedagogia platônica é então um caminho para se chegar a esta ideia, e formar uma prática a partir deste conhecimento. Conhecen-do a essência ou a ideia de uma coisa, o que esta coisa efetivamente é, pode-se construir uma prática no sentido da verdadeira justiça, do verdadeiro belo, do verdadeiro bem, do verdadeiro bom.

A filosofia torna-se então o caminho de for-mação do homem no sentido deste conhecer o que é a justiça, a virtude, a excelência. E neste sentido vai criar algo novo, que é a Academia, local onde instau-ra uma nova prática pedagógica, onde se ensina filo-sofia, matemática, música etc., buscando o Bem, o Bom, o Belo, para que surjam verdadeiros cidadãos.

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A universidade vai nas-cer no século XII, de uma forma muito diferente de como a co-nhecemos hoje. Nasce como um corpo argumentativo, lógico e racional, baseado principalmente na Suma Teológica de São Tomás de Aquino. O nome universidade vem da expressão Universitas Magistrorum et Scholarium, que significava uma comunidade de professores e alunos. Isto é muito importante, porque a ideia de universidade nasce dentro de uma ótica comunitária, de um grupo de pessoas que se organiza para o estudo. A concepção é, portanto, muito diferente da de hoje, na qual se tem a universi-dade como uma instituição que detém o saber e o poder de trans-miti-lo, dentro de ritos criados por ela mesma.

A partir de Bolonha, na Itália, as universidades de espa-lharam com rapidez. Pádua, Ná-poles, também na Itália; Paris, na França; Salamanca, na Espanha; Oxford e Cambridge, na Inglater-ra; Coimbra, em Portugal; Praga, na Tchecoslováquia; Viena, na Áustria, e Heidelberg e Leipzig, na Alemanha. E surgiram numa conjuntura social aparentemente contraditória: ao mesmo tempo que a quase totalidade da popu-lação era analfabeta, havia uma grande demanda cultural das pessoas. Além disso, o texto, sempre escrito em latim, possuía uma dimensão quase mítica.

O acesso aberto aos competentes e interessados, aliado ao internacionalismo, fez dessas universidades verdadeiros

bastiões do pensamento univer-sal, genérico, em oposição frontal às atitudes paroquiais e provin-cianas que perduravam além dos seus muros.

O próprio funcionamen-to interno, bastante democrático, além do método pedagógico bem próprio, convergiam para facilitar esta postura universi-tária. Este método, modelo, foi sendo inventado, implantado aos poucos, e era estruturado na trilogia lectio, disputatio e con-clusio. A lectio era uma preleção, baseada na maioria das vezes numa leitura comentada, feita pelo mestre, pelo catedrático. Hoje poderíamos afirmar que ele introduzia um assunto, uma questão. A seguir vinha o debate, a disputatio, no qual os alunos e os mestres exercitavam o racio-cínio, num ambiente de absoluta liberdade. A disputatio era um verdadeiro achado pedagógico, porque colocava pessoas com posturas e visões de mundo di-ferentes, defrontando-se numa elaborada discussão. Por último havia a conclusio, construída con-sensualmente pelo mestre, o que obrigava a uma espécie de com-prometimento intelectual como o tema e as soluções encontradas.

Mas se a universidade teve grande importância, ela tam-bém gerou seus equívocos, e mui-tas vezes tornou-se impermeável às agitações do mundo a sua vol-ta. É o caso do nascimento daqui-lo que chamamos de ciência, no século XVII. Não houve nenhu-ma afinidade entre ciência e uni-versidade. No momento em que

A UNIVERSIDADE

Universidade... Nasce como um corpo argumentativo, lógico e racional, basea-

do principalmente na Suma Teológica de São Tomás de Aquino. O nome univer-sidade vem da expressão Universitas

Magistrorum et Scholarium, que signifi-cava uma comunidade de professores e alunos. Isto é muito importante, porque a ideia de universidade nasce dentro de uma ótica comunitária, de um grupo de

pessoas que se organiza para o estudo. A concepção é, portanto, muito diferente

da de hoje, na qual se tem a universidade como uma instituição que detém o saber e o poder de transmiti-lo, dentro de ritos

criados por ela mesma.

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apareceu um Galileu, um Descartes, um Newton, o pensamento universitário, forjado no aristotelismo reformado de São Tomás de Aquilo, posicionaram-se contra eles.

Nesta época podemos dizer que há uma grande estagnação da vida universitária, na ótica da produção do saber. Esta era limitada pela visão tomista dos mestres. Era o reinado do magister dixit. Mas, por outro lado, continuava a intensa vida uni-versitária, sua estrutura democrática e participativa. Isso foi crucial para que ela desse um novo salto, se-tecentos anos após o seu nascimento.

No início do século XIX, a universidade de Humboldt, em Berlim, Alemanha, introduz uma mu-dança extraordinária no seu projeto acadêmico, que irá influenciar todas as outras espalhadas pelo mun-do e, por que não, toda a ciência até os dias de hoje.

Esta universidade passa a se estruturar em torno da pesquisa científica. O aprendizado dos alunos passa a acontecer em torno de um projeto de pesquisa. O aluno, a partir daquela data, não precisa necessariamente ser um pesquisador, um cientista, nem ele se formará como tal. Entretanto, para se gra-duar, ele terá, obrigatoriamente, que se impregnar, terá que atravessar todo um universo de pesquisa, terá que se comprometer com a produção de um sa-ber científico.

Por último, a grande revolução na estrutura e organização universitária irá acontecer há cerca de 60 anos, nos anos 30. Podemos dizer que no século

XII as Universidades de Bolonha, Paris, Oxford, Salamanca, Leipzig, inventaram aquilo que hoje se chama de função ensino. No início do século XIX, a de Humboldt introduz a pesquisa. Até então, viviam estas instituições universitárias encerradas em ver-dadeiras torres de marfim, isoladas das comunidades em que viviam. A queda da torre vai acontecer nos Estados Unidos.

Apesar da pesquisa já ter começado a ser feita no século passado, a produção acadêmica só passa a se importar, a ter uma interface, um diálogo, com o mundo que a rodeia, há cerca de seis décadas, com a sistematização do que hoje chamamos de fun-ção extensão. Suas origens são encontradas no início do nosso século, nos chamados land granted colle-ges, que eram instalados em grandes extensões de terra. Foi aí que se desenvolveu a tecnologia agrícola americana e, como decorrência, um modelo de in-teração com a comunidade. Este modelo implicou e comprometeu a universidade com o desenvolvimento da região em que estava inserida.

E assim se consolidou o modelo universitá-rio que hoje conhecemos, baseado na trilogia ensino, pesquisa e extensão. No caso brasileiro, a recente tese de doutorado do professor Eduardo Búrigo de Carvalho, A indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão nas universidades catarinenses, compro-vou que destas três funções só está verdadeiramente implantada o ensino. Mesmo em universidades con-sideradas em nível de excelência, a articulação ensi-no pesquisa extensão ainda está muito frágil.

Esta universidade passa a se estrutu-rar em torno da pesquisa científica. O

aprendizado dos alunos passa a aconte-cer em torno de um projeto de pesquisa.

A universidade Humboldt de Berlim, à direita a estátua de Alexander von

Humboldt

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O ponto fulcral do que estamos desen-volvendo aqui é a questão da transmissibilidade, de como transmitir o conhecimento. Mas antes, é necessário lembrar que o conhecimento (do ponto de vista filosófico), que nasce quando os gregos rom-pem com o pensamento mítico, é uma resposta racio-nal, lógica, à relação entre o efeito e a causa.

O conhecimento pode advir, ser gerado de forma imediata, quer dizer, as afirmações, os juízos formaram-se de forma intuitiva. Intuição aqui é entendida como uma maneira de apreensão instan-tânea, imediata. Pode acontecer de forma sensível, através dos sentidos, como a percepção de uma cor, ou também de forma lógica, quando, de repente, tem se a solução de um problema, como aconteceu com Newton, que teve o conhecimento da Lei da Gravidade, após uma maçã cair na sua cabeça.

Qual é a melhor maneira de transmitir o co-nhecimento?

A questão é antiguíssima, e tem a idade do homem.

Um dos pensadores que melhor retratou este problema foi Platão, na Alegoria da Caverna, que aparece no Livro VII de A República.

Nesta Alegoria, Platão descreve os homens, a humanidade, como presos numa caverna. Ou me-lhor, acorrentados. A situação é insólita, porque eles não podem ver a entrada da caverna, nem tampouco o fundo desta.

Sobre este fundo da caverna projetam se as sombras dos objetos que lá existem. Quer dizer, os homens vivem na escuridão, não conseguem ver os objetos que os rodeiam, mas apenas as sombras des-tes no fundo da caverna. Estas sombras são para eles, a única e verdadeira realidade. Em outras palavras, eles não conhecem o real, a realidade, mas apenas um reflexo, uma imagem desta.

Platão então afirma que um destes homens acorrentados rompe suas cadeias, suas correntes, e consegue sair do interior da caverna, e ver pela pri-meira vez a luz, e com isso perceber verdadeiramente todos os objetos em sua total realidade, e não apenas as sombras projetadas no fundo da caverna. Estas verdadeiras formas, como já foi dito, são as ideias, o mundo das ideias.

Bem, até este momento, esta Alegoria está carregada de simbolismos, e possibilita diversas in-terpretações.

A TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO

Qual é a melhor maneira de transmitir o conhecimento?A questão é antiguíssima, e tem a idade do homem.

Um dos pensadores que melhor retratou este problema foi Platão, na Alegoria da Caverna, que aparece no Livro VII

de A República.

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Mas Platão vai mais longe. Este homem que conseguiu sair da caverna, que ele chama de pensa-dor, filósofo, que conheceu a realidade face a face, que se libertou do mundo das projeções, das ilusões, volta para tentar expor aos seus companheiros aquilo que vira lá fora. E neste momento a narrativa platôni-ca torna-se dramática.

A primeira coisa que acontece é que o pen-sador, ao tomar conhecimento lá fora da luz, ficou cego por esta, para poder enxergar o interior da ca-verna. E aí o gênio de Platão mostra o grande conflito humano: como convencer que existe a verdadeira realidade lá fora, se ele se encontra cego no interior da caverna, não consegue mais ver o que os outros percebem?

Os que ficaram no interior da caverna, se-gundo Platão, riem do pensador, com o argumento: “quem vem me dizer aquilo que devo fazer se não consegue nem ver o que vejo?”

Esta Alegoria da Caverna coloca, de manei-ra genial, as questões do conhecimento e da trans-missibilidade.

Colocando as questões de outro ângulo, o ato de conhecer, de aprender, de apreender a realida-de, é sempre algo individual; mas o outro de transmi-tir é social, é coletivo, é comunitário, possui a partici-pação decisiva de outros.

Conhecer, para Platão, é um ato de visão, de contemplação. É por isso que ele usa o verbo gre-go theorein, que significa olhar, contemplar. Mas não é um olhar qualquer. É um olhar sobre o conheci-mento. Este verbo vem de theoi, que quer dizer Deus. Daí o símbolo milenar, aparecido primeiro no Egito, mas se encontra presente nos dias de hoje em diver-sas instituições iniciáticas, inclusive a SBE: um olho inserido no interior de um triângulo.

O ato individual de olhar, de refletir e me-ditar, para dar origem ao conhecimento, theorein, tomou-se, com a evolução do pensamento grego, em théoria, que é o mesmo que teoria, em Língua Portuguesa. Classicamente, este conceito designava o conhecimento especulativo, desvinculado da práti-ca, da praxis.

Atualmente, a teoria é concebida como um conjunto sistematicamente organizado que repousa em hipóteses gerais, pressupostos, que visam tornar inteligível um aspecto do conhecimento, da realida-de.

A praxis, da ótica de Platão e deste trabalho, seria a transmissão do conhecimento adquirido atra-vés da teoria, da reflexão.

Platão segurando o Timeu (Leonardo da Vinci). 15: Aristóteles segurando Ética a Nicômaco

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As dificuldades da trans-missão do conhecimento de um modo geral são muito bem ilus-tradas pela Alegoria da Caverna, através da dialética entre uma teoria algo que foi concebido in-dividualmente através da reflexão e uma praxis, que é o ato de dis-seminá-lo, dentro de um contexto social e, por isso mesmo, subme-tido as suas leis.

Sobre a transmissão num Colégio Iniciático, do nosso ponto de vista, as dificuldades aumentam em muito, em virtude das singularidades de instituições deste tipo e, também da natureza daquilo que é transmitido e da maneira como é apreendido.

Ousamos até dizer que existe um conflito básico na for-ma em que a transmissão ocorre na escola, na universidade, e numa instituição iniciática, no nosso caso, a SBE. E o não enten-dimento deste conflito pode levar a enganos metodológicos.

Nas escolas, nas univer-sidades, ou entre outras institui-ções similares, a transmissão do conhecimento acontece através da construção de canais cogni-tivos entre um ou mais mestres, aqueles que sabem, e os alunos, aqueles que recebem o novo conhecimento. Os aspectos afe-tivos, emocionais, que são en-volvidos, visam principalmente melhorar o aprendizado, a trans-missibilidade.

E nas escolas iniciáti-cas? Ou melhor, reduzindo mais ainda nosso espaço de reflexão, como se processava a transmis-são realizada pelo fundador da

SBE, Sociedade Brasileira de Eubiose?

No nosso entendimento, o processo iniciático do Profes-sor Henrique José de Souza visa causar uma subversão no indi-víduo, mudando radicalmente seus valores, para que ele possa verdadeiramente construir seu próprio sujeito. Enquanto que a escola, a universidade e insti-tuições afins acrescentam novos conhecimentos, num processo de sedimentação cultural, a inicia-ção real operada pelo Professor Henrique José de Souza rompe com tudo isso, e cria um novo paradigma, em que a construção do discípulo, do futuro Adepto, dá-se de dentro para fora, envol-vendo a totalidade do ser.

O que ocorre efetiva-mente, é que as pessoas não sabem realmente o que são, por-que, enquanto indivíduos, são nomeados e reconhecidos por outros. Até o nosso nome é esco-lhido pelos outros. Nós não nos conhecemos. Para nós mesmos, somos um grande desconhecido. O que sabemos de nós é mostra-do pelo outro. A nossa identidade é especular. Nós, como os ho-mens da caverna, vemos refle-xos de nós mesmos nos outros. Alguém nos deu o nome, alguém diz que somos do sexo mascu-lino, alguém nos diz que somos pedreiro, professor ou cientista, que somos casados, que somos pais. E como nossa identidade é dada pelo outro, nós vivemos a eterna angústia da falta de ser, da incompletude, da busca do ‘reco-nhecimento pelo outro’.

A TRANSMISSÃO INICIÁTICA

...O que ocorre efetivamente, é que as pessoas não sabem realmente

o que são, porque, enquanto indivíduos, são nomeados e

reconhecidos por outros. Até o nosso nome é escolhido pelos

outros. Nós não nos conhecemos. Para nós mesmos, somos um grande desconhecido. O que sabemos de nós é mostrado

pelo outro. A nossa identidade é especular. Nós, como os homens

da caverna, vemos reflexos de nós mesmos nos outros. Alguém nos

deu o nome, alguém diz que somos do sexo masculino, alguém nos

diz que somos pedreiro, professor ou cientista, que somos casados, que somos pais. E como nossa

identidade é dada pelo outro, nós vivemos a eterna angústia da falta de ser, da incompletude, da busca do ‘reconhecimento pelo outro’...

...Dentro de uma linguagem do Professor Henrique José de Souza, da SBE, o abandono dos valores impostos ao ego poderá ser chamado de transformação;

a construção do si mesmo, a partir dos valores descobertos nos arquétipos estruturados no inconsciente, de superação; e a hegemonia do si mesmo, após a fusão do ego, com a consequente criação de um novo sujeito, de

um novo indivíduo, de metástase avatárica...

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Assim, o chamado ego, exaustivamente estudado pela psicologia, forma-se, individualiza-se em contato com o mundo externo, catalogando e or-ganizando as diversas imagens, conceituações dadas ao sujeito pelo meio ambiente.

Daí porque apontamos o caráter extrema-mente subversivo do processo iniciático do Profes-sor Henrique José de Souza. É um processo que irá construindo internamente aquilo que o Carl Gustav Jung chamava de selbst, que em Língua Portuguesa corresponde ao si mesmo e, em inglês, ao self, este último termo usado na quase totalidade das tradu-ções brasileiras.

A construção do si mesmo vai ocorrer paulatinamente com a transformação do ego. Este, estruturado em função do mundo externo, irá se interiorizando, voltando-se para o inconsciente, unindo-se ao si mesmo. No momento em que isto ocorrer, tem-se a ilumi-nação.

Dentro de uma linguagem do Professor Henrique José de Sou-za, da SBE, o abandono dos valores impostos ao ego poderá ser chamado de transformação; a construção do si mesmo, a par-tir dos valores descobertos nos arquétipos estrutu-rados no inconsciente, de superação; e a hegemonia do si mesmo, após a fusão do ego, com a consequen-te criação de um novo sujeito, de um novo indivíduo, de metástase avatárica.

Na transmissão do conhecimento pela esco-la, pela universidade, existem um professor, alguém que detém o saber que o repassa ao aluno de um modo intelectual, usando as estruturas cognitivas.

Na transmissão operada pelo Professor Henrique José de Souza, mestre e discípulo estão en-volvidos em algo muito maior, muito mais complexo do que a simples transferência de conhecimento. Na iniciação real, o Mestre não fala apenas ao intelecto. Ele age como um catalizador (conceito da química, segundo o qual existem produtos que são adiciona-

dos numa reação e que, mesmo não participando rea-tivamente, ajudam a que esta aconteça) nos proces-sos conscientes e inconscientes, ajudando para que o discípulo, por si só, consiga a sua transformação, a sua superação e posterior metástase.

Simplificando bastante, na iniciação real o Mestre fala também ao inconsciente, ao si mesmo, aos arquétipos.

Outro ponto que deve ser salientado, é que tanto o Mestre como o discípulo, na iniciação real, estão envolvidos em algo mais do que a simples rela-ção existente entre um que inicia e outro que é inicia-do. Eles estão envolvidos no trabalho do Praman-tha. E aí, neste trabalho, que a iniciação faz sentido, por isso mesmo ser chamada de real.

Por isso mesmo, a construção do si mesmo, a ilumi-nação é nada mais nada menos do que a desco-berta e o posicionamen-to do discípulo no Pra-mantha. A partir deste momento, ele é alguém que se reconheceu, se ins-tituiu e se autorizou por si mesmo.

BIBLIOGRAFIAABBAGNANO, N., VISALBERGHI, A. História da pe-dagogia. Livros Horizonte, Lisboa. V. I.FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Política e Ciência Polí-tica. Curso de introdução à ciência política. Editora Universidade de Brasília, Brasília, un. 1, p. 21/29, 2ª ed. 1984.MARQUES. Marcelo P. A escola antiga. Xerox de posse do autor.PLATÃO. Alegoria da Caverna. Curso de Introdução à ciência política. Editora Universidade de Brasília, Brasí-lia, un. 1, p. 63/65, 2ª ed., 1984.SANTOS NETO, Laudelino. A razão prática como acesso ao real. Episteme. Tubarão, n. 1, p. 9/22, novembro/feve-reiro 93/94.SANTOS NETO, Laudelino. Linguagem e conhecimen-to na instância do outro. Episteme. Tubarão, n° 5/6, p. 81/88, março/outubro 95.

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Respeito, Amor e União, a Grande Transformação!

Ricardo Ferreira

Artigo síntese da palestra apresentada na 67ª Con-venção da SBE em São Lourenço, dia 23.2.2015.

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AMARELO: Respeito, Amor e União, a Grande Transformação! é mudança de estado de consciência! (...)

Mudança de estado de consciência é mu-dança de “Valores Internos”.

Como saber quais “Valores Internos” temos em nós mesmos? (...)

Observe os atos (ação externa) e perceberá os “Valores Internos”.

O foco pode ser externo – no outro – ilusão ou interno – em si mesmo – a percepção...

Se algo ocorre diante de você, é porque tem algo a ver com isso!

Não existe “você e o outro”... separados. Só existe nós... Somos todos Um! ...

Se ele(a) está com um problema, você está com um problema! ...

Olhe dentro de si mesmo... – O que isso lembra em você? O que em você mesmo precisa me-lhorar? ...

Quando isso ocorre e você evolui, todos evo-luem com você! Somos todos Um! ...

A Evolução dá-se na existência, e a existên-cia dá-se dentro de cada um de nós!

Existir é angustiante! .... Assim buscamos aplacar essa angústia, agarrando-nos ao passado, às memorias, às crenças infundadas! ...

Existir é um constante porvir... Pois se dá no presente, que é constante movimento, mutação! ...

Como estar no presente? Apoiando-se no melhor do passado – Kundalini (experiência, memó-rias úteis) – e em igual proporção, no que há de me-lhor, em visão de futuro – Fohat (inspiração) – temos na respiração do presente, a existência evolutiva e transformadora...

“Seja você, hoje, a transformação que quer para o mundo amanhã”. Mahatma Gandhi

Se não está satisfeito, com sua vida, com o

Esse artigo está apresentado em três enfoques e/ou abordagens: Amarela (PAI), Azul (MÃE) e Verme-lho (FILHO). Assim o tema é revisado a cada etapa com um enfoque específico. Isso permite trazer do plano das ideias para a aplicação prática no dia a dia de cada um de nós.

que está “recebendo”... Verifique o que está entre-gando... O que está vibrando? Como é a sua existên-cia interior?

Se existir é angustiante, não lute contra isso... Aceite a mutação constante... o “outro”, as diferenças de pontos de vista... Tudo isso de forma respeitosa!

Assim permitindo o diferente, o “outro”, ser como e quem é... Você mesmo libertar-se-á da angús-tia de existir! ... Não precisará se agarrar às crenças infundadas, à dominação do outro, para aplacar a sua dor de não aceitar a sua própria existência! ...

Abandonará a infantil luta pelo poder (LPP)! ... E fará a libertadora e adulta, Luta Pelo De-ver (LPD). Cada qual cumprindo o seu papel, o seu dever, com responsabilidade e respeito.

Em vez de se preocupar se o outro está ou não agindo corretamente, foque em você mesmo, no seu autoaperfeiçoamento...

Na capacidade de resposta, de responsa-bilidade, de responder adequadamente ao que quer que surja na sua vida... Melhorando-se sempre, pois Somos Todos Um!

Antes de criticar ou se opor, pense: o que em mim se relaciona com isso? (...) Por que isso ou essa pessoa está me incomodando? (...) O que devo

“Seja você, hoje,

a transformação

que quer para o

mundo amanhã”.

Mahatma Gandhi

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 23

mudar em mim, para me libertar dessa sensação, libertando as-sim, também ao outro?

Não precisamos de crenças vãs e tolas! ... Estando no presente, nossa percepção da nossa realidade única amplia-se e a mente expande-se! ...

A realidade única não depende de nossas crenças para existir, para ser real... Apenas é...

Não acredite no que eu falei. Isso é crença e inútil à percepção! Verifique dentro de você, e com sua razão, em que isso tocou você. Isso é percepção, é mudança de estado de consciência, é evolução, através de novos valores e ações.

“O discípulo evolui por seus próprios méri-tos, e a si mesmo transformando, transforma o mun-do” – Henrique José de Souza.

AZUL: Respeito, Amor e União. Respeitar o outro, quem quer que seja, esteja onde estiver, inde-pendente de hierarquia! ... é saber que no ônibus ex-ceto o motorista e o cobrador, todos são passageiros! E isso não muda a hierarquia de ninguém! Apenas a função é diferente durante o trajeto. Assim em outro dia, poderão estar outras pessoas como motorista e cobrador, e todos os demais serão passageiros.

Da mesma forma em toda e qualquer fun-ção, seja na instituição ou fora dela, aquele que estiver empossado, em ação, deve ser respeitado! ... Acatado, e sem maledicências ou comentários disso-nantes, desagregadores! ... Não importando se a pes-soa em ação é sacerdote, administrador, jardineiro, palestrante, instrutor etc. TODOS merecem ser res-peitados sem exceção! ... Pois não há ninguém com procuração de Karuna – o Deus da Justiça – para julgar os outros! ...

Muito menos para tecer comentários e indu-zir outros, menos avisados, com seus pensamentos e opiniões! ... Ainda mais, colocando palavras na boca do mestre com afirmações do tipo: “O professor disse ...blá... blá...” fazendo da SUA própria interpretação, que por melhor que seja seu entendimento, é a SUA interpretação pessoal. Uma fala como se fosse uma

verdade absoluta, e não é. (...) É apenas o que você conseguiu entender, daquele contexto. Só isso e NADA mais! (...)

Essa situação de des-respeito que muitos já percebe-ram e outros tantos se fixaram nela! Mas podem se soltar. Em nada contribui para a Iniciação e o desenvolvimento pessoal e evolutivo de qualquer pessoa! Trata-se de PURA MAYA! Em nada se relaciona com a REA-LIDADE Espiritual Evolutiva! Assim como nos alertou diver-sas vezes a Grã-Mestrina, V. Helena Jefferson Souza com a fala: “Vigilância dos Sentidos.” ... Isso para não ser arrastado

pela torrente de MAYA, a Deusa da Ilusão! ...

Ou seja, voltar-se para dentro de si mesmo e verificar a perfeição da Centelha Divina, comparan-do com seu exterior, sua personalidade, que é “quem você pensa que é!” Assim encontrará em si mesmo o que melhorar e aperfeiçoar. Deixando de se preocu-par com as possíveis “falhas” de outrem e focando em sua própria evolução.

Pois que, ninguém evolui o outro! Cada um evolui a si mesmo, e assim fazendo contribui para que outros também evoluam. Estamos todos conec-tados e as nossas emoções e pensamentos influen-ciam na manifestação dos demais. Assim, se tiver mais pessoas em equilíbrio, em evolução, vai abrir “espaço” no inconsciente coletivo para que outros também evoluam.

A posição de RESPEITO, AMOR e UNIÃO em relação às três Gunas e outras analogias: 1º Tro-no, Pai, Amarelo, Satwa, São Lourenço, Ideia Pri-mordial = RESPEITO; 2º Trono, Mãe, Azul, Rajas, Itaparica, Lei, Parâmetro Universal = AMOR; 3º Trono, Filho (você, eu, nós), Vermelho, Tamas, Nova Xavantina, Execução, REALIZAÇÃO, Objetivação = UNIÃO.

Sem União, não há como fazer a manifesta-ção do Amor e cumprir o Respeito. Pois que o que foi chamado por Napoleon Hill de Master Mind – Gran-de Mente, ou seja, descobriu que a união de várias mentes (pessoas) em torno de uma ideia é maior que a soma das unidades! Por exemplo: 10 laranjas

“O discípulo evolui por seus próprios méritos, e a si mesmo transformando, transforma o mundo” – Henrique José

de Souza.

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 24

somadas uma a uma são 10 laranjas no total. Já 10 mentes somadas e unidas em um único pensamento-sentimento são 10 mil ou 10 milhões ou a proporção infinita do nível de consciência destes!

Isso, as tradições do Oriente e dos Mundos Internos, já sabiam e dominam há milênios, essa é a forma de propagar ideias, informações, frequências vibratórias. Assim nosso Mestre, o Professor Henri-que José de Souza, orientou-nos e preparou-nos para fazer os Rituais. Essa preparação dá-se pelo tripé Escola – Teatro – Templo, ou seja, Estudo (Escola) das Leis Universais para combater a ignorância, os preconceitos, as superstições; Teatro, a prática coti-diana dos ensinamentos em nossas vidas e culminan-do na execução figurativa exterior da ritualística; e concluindo o Templo, que é o nosso interior, que deve ser preparado pela prática da Ioga, da meditação e da participação consciente na ritualística.

Assim de discípulos mais conscientes de si mesmos, de suas imperfeições, olhando para seu interior, deixando de prestar atenção no outro, no exterior. Constrói-se a cada Ritual, Uma Força Poderosa, capaz de mudar o mundo! Para melhor, mais Evolutivo, mais Amoroso, Fraterno. (...) Todo o trabalho Iniciático prepara o discípulo para vencer a si mesmo! Para com mais consciência de si mesmo, dos seus próprios “defeitos”, ser mais tolerante com os demais. Ser mais Fraterno, voltando sua atenção para o seu interior no que precisa ser aperfeiçoado.

E mais fraterno no exterior, aceitando cada um como é e no estado de consciência em que se encontra. Sem julgar ou criticar terceiros! (isso se chama fofoca, maledicência). Amparando e, se ne-cessário, obstaculizando, de forma consciente, fra-terna, evolutiva, respeitosa. Sem maltratar, oprimir, desqualificar o outro. ...

Feito isso, com a melhora contínua (evo-lução) individual, amplia o estado de consciência individual (Respeito, Amor, União). E quando vários discípulos de JHS, irmãos de Obra, bem preparados, encontram-se nos Templos (ou Santuários), unin-do suas mentes e corações na ritualística, isso gera Grande Força, capaz de mudar o Mundo! De torná-lo mais Fraterno, mais Justo e Perfeito!

No entanto, o que cada um entrega no Ri-tual, não é só a palavra falada, ou a simples presença física, que também são importantes. Mas acima de tudo, o que cada um de nós entrega, o que você entre-ga no Ritual é o que você É! Nada mais e nada menos

do que O QUE VOCÊ É! Assim, não adianta mentir, iludir-se, falando e achando que é melhor ou pior que o outro... Nada disso importa! ... Você só entrega o que é, o que conseguiu ser até agora! Nada mais, nada menos que isso!

Se o mundo influencia cada um de nós e cada um influencia o mundo, se o poder dessa in-fluência está relacionado com o estado de consciên-cia de cada um, se o iniciado (quando isso é Real) tem mais consciência que a maioria da humanidade, torna-o conscientemente mais “poderoso” em in-fluenciar do que ser influenciado! Ao menos é para isso que os mestres preparam os discípulos.

Já se o que vemos exteriormente, não está agradando! ... podemos concluir, que o que ocorre interiormente, não está adequado!

Assim cada um precisa voltar-se para o seu interior e aperfeiçoar-se para fazer Ritual cada vez mais poderoso para mudar o mundo. Aprendendo e praticando o RESPEITO ao outro seja quem for; o AMOR, ensinando a quem puder o que já aprendeu, sem esperar retorno, pois amar é doar; e a UNIÃO de ideais evolutivos, reconhecendo em toda parte iniciativas que contribuam para o aprimoramento do gênero humano, assim apoiando independente da distância física, estamos unidos nos objetivos. Como amigos que mesmo estando longe, sentem-se como se próximos estivessem.

Sem União, não há como fazer a manifestação do Amor e cumprir o Respeito. Pois que o que foi chamado por

Napoleon Hill de Master Mind – Grande Mente, ou seja, descobriu que a união de várias mentes (pessoas) em torno de uma ideia é maior que a soma das unidades! Por exemplo: 10 laranjas somadas uma a uma são 10

laranjas no total. Já 10 mentes somadas e unidas em um único pensamento-sentimento são 10 mil ou 10 milhões ou a proporção infinita do nível de consciência destes!

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VERMELHO: Estamos todos em evolução. Corremos o risco de ficar na MAYA e desfocar do propósito de nossa existência, que é evoluir, ajudar outros a evoluir!

Propósito é o que justifica a existência de algo ou alguém. Exemplo: um trem tem o propósito de transportar de um lugar para outro. Se não fizer isso, não tem propósito de existir. ... Tudo que existe tem um propósito, até você! (...) Descubra o seu pro-pósito de vida.

Cuidado com as armadilhas da ilusão: O ego individual, ilusório, tem as sensações de posse, su-perioridade, inferioridade, poder, domínio etc. Isso é estar, é Maya - ilusões da mente humana! Quem po-derá dizer que não as sentiu ou sente? Quem nunca se sentiu melhor ou pior que o outro? (...) Não pense em uma transformação radical imediata, é efêmera! Se realmente quer mudar para melhor, faça de forma gradual e constante. Assim vigie a si mesmo e dimi-nua, o que puder, a frequência de vezes em que entra nessas ilusões de posse, superioridade, inferioridade, poder, domínio etc. (...) A cada patamar que conse-guir melhorar, vai enxergar/perceber o próximo a alcançar. Assim de forma gradual vai se transformar, se melhorar, evoluir.

Se, estamos em contato não é por acaso, pois no Universo tudo está conectado! Assim se essas informações chegaram a você, é porque há algo para você fazer. (...)

Toda e qualquer informação ou fato que chega até você é por estar conectado a ela e requer uma ação apropriada.

Se praticar RESPEITO, AMOR e UNIÃO encontrará o seu propósito de vida, de existir. Como também, se encontrar o seu propósito de vida, vai praticar RESPEITO, AMOR e UNIÃO. Estão atrela-dos!

Dicas para auto-observação: se à sua men-te-emoção vêm informações como: “É culpa dele(a)(s)”; “Estão errados!”; “Ela(e) precisa mudar”; “Não entendem o meu problema!”; “É mas, aqui é diferente...”; “Regra é pro outro, não pra mim!”; “Eu sou amigo do ... não preciso seguir a norma”; “Tenho que tomar remédio!”; “É o karma dele(a), não há o que fazer!”; “Tenho certeza disso!”; “É assim e pron-to.”; “Tem que ... (qualquer imposição)”; “É sempre assim!”; “Antigamente é que era bom!” etc. E se além de pensar, falar para outrem, é agravante por

tornar-se fofoca, maledicência.

Entre outras, essas falas, mostram foco no exterior, portanto não iniciática! Já se diante dos fa-tos que deram início a essas falas, você se perguntar: “O que posso aprender com isso?”; “Por que isso está me incomodando?”; “O que em mim se rela-ciona com isso?”. Trará o foco para autoaperfeiçoa-mento. Isso é iniciático, evolutivo, beneficia a você e a todos. “VIGILÂNCIA DOS SENTIDOS” – Helena Jefferson de Souza.

Ao dirigir a palavra a alguém, verifique se está unindo ou desunindo. Está contribuindo com o outro ou apenas emitindo sua opinião, como se isso tivesse importância!

Não julgue aquele que não conseguiu fazer algo que você faz. Provavelmente, ele também faz algo que você ainda não aprendeu! Assim não se compare ao outro.

Seja feliz; faça o seu melhor a cada dia, sem com isso se “matar”. Pois a cada dia você tem uma condição físico-emocional. Assim o seu melhor varia a cada dia! (...); não suponha (pensei que...) pergunte. Pergunte o que quer saber, de forma clara e objetiva. Assim vai evitar muitos mal-entendidos e dissabores; não julgue, ajude. Aquele que você está julgando, pode se melhorar se você oferecer ajuda. Aí, se ele vai aceitar ou não, é o livre-arbítrio dele, não nos cabe interferir (...); use a palavra de forma construtiva. Ou seja, a linguagem que “gera ação” evolutiva. Abolindo todo e qualquer comentário de assunto com pessoa não relacionada a esse. (...) Fo-car na solução e não no problema; saiba que na vida nada é pessoal, as coisas são comuns e não especiais para você. O que torna algo diferente é a atenção que você dá para cada fato. O fato em si, é neutro, portan-to nem bem e nem mau. Como você vai interpretá-lo, com o seu livre-arbítrio é que fará diferença na sua vida! (...) Seja qual for o seu entendimento, é apenas o seu estado de consciência atual e sempre pode mu-dar. Cuide da sua existência e deixe o outro cuidar da dele.

RESPEITO, AMOR e UNIÃO a grande transformação interior, que vai mudar valores inter-nos e refletir na evolução de todos. Somos todos UM, uma unidade, Humanidade. Assim se um de nós tem um problema, nós temos um problema! Quanto mais cada um melhorar a si mesmo, mais vai contribuir para a melhoria de todos, da humanidade. (...)

Dhâranâ On-line junho a setembro de 2015 26

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1º Vice-Presidente: Jefferson Henrique de Souza

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Dhâranâ On-line - Revista de Ciência, Filosofia, Arte e Religiões Comparadas. É uma publicação quadrimestral,

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Editada pelo Conselho de Estudos e Publicações - Setor Editorial. Ano IV – edição 11 – junho a setembro de 2015

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