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- escalada - fotos - artigos - entrevista - 06 REVISTA

Revista online #6

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Boulder por Matheus e Thiago Veloso, treinamento na escalada por Belê (André Berezoski), entrevista com Raphael Nishimura, Güllich, High Vibe por Caio Salomão "AFeto", Itatim por Juan Alves e Dill Otto, Três práticas de consciência para levar à rocha por Paisley Close (com tradução de Clark Eising) e fotos de Naoki Arima.

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- escalada - fotos - artigos - entrevista -

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R E V I S T A

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Foto: Claudio Brisighello

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“ O melhor escalador é aquele que mais se diverte”

Alex Lowe

Gostaríamos de agradecer a todas as pessoas que colaboraram com a revista, especialmente: Caio “AF-eto”, Juan Alves, Daniela San-tos, Raphael Nishimura, Matheus Veloso, Thiago Veloso, Paisley Close, Clark Eising, André Ber-ezoski (Belê), Isabella Denzin, Beto Severian e Naoki Arima.

Abraços e boas escaladas!Equipe EscaladaINT

[email protected]

Capa: Foto de Juan Alves.

Capa:Moleza escalando em Itatim.Foto: Juan Alves

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Boulder ...

Treinamento na Escalada

Entrevista:Raphael Nishimura

Personagem:Güllich

High Vibe ..............

Itatim .........

Três práticas de consciênciapara levar à rocha

Fotos:Naoki Arima

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Por Matheus Veloso e Thiago Veloso.

Romos romos , El chalten ,Argentina. Matheus. Foto: Flavio Daflon

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O que é boulder?No livro “Escale melhor e com mais segurança” os escaladores Flavio e Cintia Daflon descrevem bem a modalidade.

(Daflon) Quando um boulder é realmente alto diz-se que ele é um highball. Isso significa que são grandes as chances de você se machucar, caso caia já próximo do final. Num único bloco pode haver vários lances, ou problemas. Às vezes é fácil su-bir por um dos lados, mas extremamente difícil por outro. Em alguns problemas, o escalador começa sentado no chão para aproveitar o máximo dos movimentos.(Daflon) Algo que pode ser bastante útil, e às vezes impres-cindível, é o crash pad. Uma espécie de colchão portátil e do-brável usado para amortecer as aterrissagens do escalador na base do boulder.

Boulder é a modalidade mais recente do montanhismo. Hoje em dia possui muitos escaladores tradicionais que acham que boulder é apenas uma brincadeira, não dão valor nessa moda-lidade de escalada. Segundo a lendária escaladora Lynn Hill, 52 anos, umas das melhores escaladoras do mundo “Eu considero a prática de boulder a essência da escalada”. Lynn Hill foi a pri-meira pessoa a fazer a primeira ascensão em livre da via The Nose (900m) Yosemite em 1992 com graduação 5.13c (10a BR).Os primeiros registros de escaladores fazendo boulder são do começo do século XX em Fontainebleau, na França. Alguns al-pinistas treinavam nos boulder da cidade. Na década de 60 em Fontainebleau já possuía vários boulders, entre eles, o famoso boulder L’ Abattroir 7a / V5 feito pelo escalador Michel Libert. Nessa mesma época a modalidade surgia nos EUA pelo escala-dor americano John Gill.

Boulder é a escalada feita em blocos de pedra, sen-do uma modalidade bastante simples, já que requer um mínimo de equipamentos (sapatilha e magnésio), além do escalador poder praticá-la sozinho.

Por Matheus Veloso e Thiago Veloso.

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Para ter uma idéia no desenvolvimento dos boulders de Fontaine-bleau em 1984 o escalador Jacky Godoffe faz a primeira ascensão do boulder “Demain C’ etait 8a /V11”.

No Brasil a prática começou por volta de 1987 pelo escalador Pau-lo Macaco, fazendo o boulder Olhos de fogo V9 – No Grajaú. Mas a modalidade ganhou força no mundo e no Brasil no começo dos anos 2000.

O boulder é uma modalidade bem extrema do montanhismo. Exi-ge muito da força e técnica do praticante. Deve ser por isso que atrai tantos jovens. Há o fato também de não precisar de muito equipamento, o que faz a prática ser acessível a mais pessoas. A criação dos locais para a prática é extremamente simples, as li-nhas apenas devem ser escaladas, nomeadas e graduadas.

Projeto - Vale da Utopia ,Guarda do EmbauThiago. Foto: Caia Ordrzywolek

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O Brasil possui inúmeras escolas de boulder em diversos estados. As escolas de maior destaque são: Cocalzinho- GOOuro preto – MGUbatuba – SPIgatu – BACaioba – PRAnhangava – PRUrca – RJConceição – MGSerra da piedade – MGSabará – MGIgarapé – MGFlorianópolis – SCLaguna – SCVale da Utopia – SCCristalina – GOSão Bento – SPItajubá –MGSão Thome das letras – MG.

Projeto, Igatu, Chapada Diamantina, Matheus. Foto: Gustavo Baxter

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Boulder Grau Local F.A. AnoLibertadores V14 Ouro preto Felipe Camargo 2013Momento Histórico V14 Cocalzinho Rafael Passos 2009Into the wild V14 Ubatuba Felipe Camargo 2010House in the sky V14 Serra da piedade Jon Cardwell 2010Amnesia V13 Serra da piedade Felipe Camargo 2010O dia santo V13 São bento Pardal 2009The power of miduin V13 São bento Daniel Woods 2010Segundo sol V13 São bento Felipe Camargo 2012Bush Diving V13 São bento Felipe Camargo 2010Os bacanas V13 Ubatuba Bele 2008High tension V13 São Thomé Jon Cardwell 2010Cartola V13 Cristalina Rafael Passos 2010Homeostase V13 Cristalina Rafael Passos 2010Contexto V13 Cocalzinho Rafael Passos 2011Bruce lee V13 Cocalzinho Gustavo Fontes 2011Conquistador V13 Cocalzinho Rafael Passos 2012Suprema criação V13 Cocalzinho Rafael Passos 2010Momento as verdade V13 Cocalzinho Rafael Passos 2009Roda gigante V13 Cocalzinho Rafael Passos 2012Sr. Myiagi V13 Cocalzinho Rafael Passos 2011

Lista dos boulder mais difíceis do Brasil.

Ao total são 4 boulder de V14 e 16 boulder de V13.

No mundo existem cerca de 17 boulder de graduação de V15 e como podemos ver Brasil não está muito atrás.

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A escola mais desenvolvida no Brasil é Cocalzinho – GO . Os primei-ros boulders foram em 2000 pelo boulderista Eduardo Carvalho e em seguida pelos excelentes escaladores Pedro Rafael e Rafael Passos com algumas contribuições do escalador mineiro Gustavo Fontes. Atualmente Cocal possui um V14 , aproximadamente oito V13, mais de 30 boulders com graduação V12 e uma tonelada de boulders de todos os graus (de V0 à V11). Além dos inúmeros pro-jetos para serem abertos.

Atualmente estamos desenvolvendo os boulders de Florianópolis – SC. Um local que possui um grande potencial para a prática. Em breve Florianópolis –SC fará parte dessa lista de boulder.

Matheus e Thiago Veloso , apoio Hippy tree e Rock supplier

Catinga de peixe , Vale da Utopia,Guarda do EmbauThiago Foto : Andrea dalben

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Treinamento na escalada

Falar sobre treinamento na escalada é tão complexo, que esse texto teria que ser editado para uma apostila ou livro, e por mais incrível que pareça, existem poucas publicações a res-

peito, se comparadas a outros esportes, porém, as que estão no mercado são realmente boas e válidas e podem orientar em muito sobre este assunto.

As grandes perguntas sobre escrever sobre este tema são: Qual o público leitor? Seria ele um escalador iniciante, intermediário ou avançado? Escalador em rocha, por lazer, esporte ou competição? Modalidade preferida? Boulder, esportiva, tradicional, ginásio? Só sobre estes tópicos teríamos tantas variáveis, que o ideal seria não deixar nenhuma questão de fora, mas no caso, é impossível.

Ao mesmo tempo, poderia relatar muito da experiência adquirida em todos esses anos competindo e escalando em rocha. Os anos que passei treinando foram em grande parte por intuição própria, depois por direcionamento especializado, ou seja, uma vez que as técnicas e métodos de treinamentos próprios já não surtiam mais efeito, a melhor opção sem sombra de dúvidas foi procurar um treinador de escalada, no caso, alguém com forma-ção acadêmica voltada para escalada e treinamento.

E foi onde comecei um trabalho com Rômulo Bertuzzi, que fez um grande trabalho com César Grosso e Thais Makino e, definitiva-

Por Belê (André Berezoski).

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Treinamento na escalada mente, foi o período mais intenso, cansativo, de privações alimen-

tares e de lazer, cheio de sacrifícios, mas em contra partida, foi a melhor época sobre rendimentos em competições e, ao final da temporada de provas, a motivação e o ápice físico/técnico eram tão altos, que as cadenas em rocha tinham uma performance mui-to superior que em anos anteriores, provando que: uma vez defi-nido seu objetivo e com treino correto não há como os resultados não acontecerem. Obviamente se tratava de um treinamento es-pecífico para competições de alto rendimento, e que são poucos os que realmente se jogam nesta modalidade hoje em dia.

Mas o que seria o treino correto? Apesar do texto falar sobre trei-nos, o mesmo não contém nenhuma série de exercícios, barras, campus board, finger board, etc., porque acredito piamente que, a não ser que um escalador venha de berço, ou seja, a família es-cala e o mesmo desde que nasceu está em contato e pratica a escalada, toda a outra imensa porcentagem do público escalador deveria se dar conta de que se trata de um esporte tão comple-xo em relação a movimento, que pode ser comparado ao piano, você pode tocar a vida inteira e não vai poder realizar toda a in-finidade de sons que este incrível instrumento pode lhe oferecer, e na escalada esta imensa gama de movimentos só pode ser re-solvida praticando, mas praticando incessantemente, e quando

Belê no Espaço BBlocFoto: Claudio Brisighello

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achar que está se movimentando bem e com uma boa técnica, repense, os pés são precisos? A movimentação é fluida? Exis-te um carinho ao segurar nas agarras? O único som ao escalar é o da respiração? Pois leva-se muitos anos de prática para se chegar a uma técnica de respeito, são poucos os que realmente sabem se movimentar eficientemente bem na vertical.

Obviamente, este processo de aprendizagem se resumiu em muitos anos com a utilização de vídeos e experiência passada entre gerações, por escaladores mais experientes, mas percebo que hoje a base da escalada é feita com uma fundação mui-to frágil, onde a maioria prefere se pendurar em um campus ou finger board a ir experimentar todos os estilos de escalada, aprender a usar os pés em todos os tipos de rocha e nas piores condições, escalar fenda, aderência, vertical, negativo, teto e, sobre tudo, curtir estes momentos e retirar deles uma contri-buição futura, a busca incessante do grau ofusca qualquer pos-sibilidade de se evoluir corretamente.

Salvo se o objetivo é participar de competições diversas, de nacional a mundial, aí sim treinar de forma regrada, orientada e disciplinada é o único caminho, caso contrário, primeiro se aprende a escalar, para futuramente entrar neste aspecto de treinos, que pode por muitas vezes desmotivar, pois uma coisa é ir para o ginásio ou muro e fazer uma session com a galera, outra coisa é sacar a planilha da mochila e ir treinar sozinho, em duas seções diárias, arrebentar pele e braços e ver todo mundo se divertir na session, acredite ou não, fazer 16 barras com um braço ou barras com 54 kg de lastro em 2006, está longe do que posso realizar fisicamente em 2013, mas o que me mantém escalando há tanto tempo e ver tantos outros nomes sem per-der a motivação e o rendimento, sem dúvida foi a base criada desde o início de minha escalada, e que me formou muita gente boa...a escalada na raiz tem um valor inestimável, assim como uma boa planilha de treino, mas na hora certa.

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Na escalada em rocha, percebe-se que muito escalador local aca-ba mandando muito bem por estar tão familiarizado com estilo, movimento, clima e ambiente, e que não necessariamente trei-nam horas a fio, ou nem treinam, simplesmente escalam o máxi-mo possível, o feeling e a prática constante ultrapassam qualquer treino regrado.

Lembre-se: nada substitui o específico, uma hora de escalada bem realizada, vale muito mais que muitas horas pendurado abrindo bolhas nas mãos em uma barra ou finger, ou até mesmo se machu-car fazendo campus antes do corpo estar totalmente adaptado a este tipo de esforço. Se tornar um especialista na modalidade que pratica tem um resultado excepcional, focar o objetivo em uma via, boulder ou competição e tentar chegar o mais próximo do tipo de escalada que se pretende realizar, tem o melhor resultado.

Belê no Boulder Medusa V12Foto: Claudio Brisighello

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Acredito que o treinamento especializado tem um valor tremen-do, e que não há como não evoluir com disciplina, mas no tempo certo, um treinador não tem como montar uma série ou planilha para quem ainda apresenta diversas carências técnicas, ou que, por muitas vezes, o uso da força ou capacidade física atrapalham demais este processo de aprender a escalar.

Muitos escaladores hoje em dia buscam milhares de tipos de trei-nos sem se darem conta de que na verdade precisam percorrer muitos metros de escalada para poder evoluir, mas o mais impor-tante, no fim das contas, é fazer este caminho sempre se divertin-do, pois uma vez sem prazer, qualquer atividade cai na rotina ou obrigação, e isso seria o fim de mais uma história entre esporte e praticante.

Climbing for Fun, essa é a dica!

André “Belê” Berezoski – apoios 5.10, Conquista Montanhismo, 4Climb, BelêPad, SOS Sapatilhas e Espaço BBloc.

facebook.com/desfibrila

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facebook.com/EspacoBBloc

Belê no Espaço BBlocFoto: Claudio Brisighello

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foto: Claudio Brisighello

Entrevistacom Raphael Nishimura

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Raphael NishimuraComo começou escalar? Quando foi? Foi no final de 2007, a convite de um amigo, como muitos de nós!

O que isso mudou na sua vida? No começo era mais um esporte na minha vida, mas depois que fui a primeira vez na rocha, tudo mudou! O esporte invadiu de vez minha vida e me transformou em vários aspectos como pessoa, a escalada acabou virando mais que um esporte e sim um estilo de vida!

Quais foram suas principais dificuldades e motivações?As dificuldades acredito que foram as mesmas da maioria, medo da altura, de cair, de aprender a escalar da forma certa e para escalar em rocha a maior dificuldade sempre foi a cami-nhada até a base da rocha. Na parte motivacional foi e ainda é, de superar meus limites, de evoluir cada vez mais, de viajar para conhecer lugares no-vos, o contato com a natureza e no último ano também foi de representar o Brasil no Mundial de Escalada!

foto: Erasmo Ballot

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Como é a competição no paraclimb?Para esse Mundial, as categorias eram, Artrite + deficiência neurológica, amputados e deficiência visual, além disso cada atleta passava por um exame médico bem detalhado para re-ceber um coeficiente da habilidade física.Quanto maior era essa nota, maior era a limitação motora, no meu caso minha nota era 3,64 (a maior entre todos os 62 atle-tas), ou seja para cada ponto que eu conquistava, valia 3,64.Ocorreram 2 vias na qualificação, nessa etapa a escalada foi em flash, um voluntário entrava primeiro para fazer a demonstra-ção e depois cada atleta podia ver os outros escalarem, do to-tal de 22 atletas apenas 6 passavam às finais. Na final as coisas mudaram, além do nervosismo, o isolamento ocorreu a quase 2 horas antes de escalar. Todos ficaram juntos na área onde ro-lou a eliminatória do Boulder, depois fomos todos juntos fazer a leitura da via, tínhamos 5 minutos para isso, depois a ordem de entrada foi inversa da qualificação, como fui o sexto a ga-rantir a vaga nas finais, fui o primeiro a entrar na via da final e o final da história vocês já sabem!

E como surgiu o projeto Paraclimbing Brasil?O ParaClimbing Brasil surgiu em em 2011, após meu amigo Fred assistir os vídeos do Mundial de Paraclimbing que acon-teceu em Arco-Itália. Ele me disse que se eu treinasse poderia competir de igual para igual, a principio eu não gostei muito dessa idéia, mas o Fred me disse que isso poderia ajudar a di-vulgar a escalada no Brasil e também estimular pessoas com deficiência física a começar a escalar ou praticar um esporte! Era a motivação que faltava para eu topar essa idéia.

w w w. d e u t e r. c o m . b rw w w. d e u t e r. c o m . b r

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Você passou por uma cirurgia recente... qual era a espectativa? Como você se sente depois dela?O médico sempre me falava que a expectativa de melhora seria algo entre 60% e 70%, mas como você mensura isso no corpo? Onde mais da metade da minha vida eu convivi com algumas li-mitações, sinceramente eu não esperava melhorar como eu estou hoje! Na minha vida de escalador, minha grande dificuldade era para andar, fazer as trilhas e por isso deixei de visitar muitos picos de escalada. Hoje já consigo andar quase reto, ando muito mais e canso bem menos, isso me trouxe uma perspectiva muito maior na escalada e na minha vida pessoal, porque aos poucos estou me tornando mais independente do que já era, então eu não tenho uma outra palavra a não ser dizer que hoje eu estou muito feliz, mas muito mesmo, estou tendo que reaprender muita coisa, in-clusive na escalada, praticamente tenho que aprender a fazer toda uma nova movimentação.

foto: Claudio Brisighello

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Voce tem uma rotina de treino? Qual? Eu procuro treinar no mínimo duas vezes na semana, quando não viajo no fim de semana também procuro fazer um treino sábado ou domingo. Quando não vou ao ginásio, faço barra e finger em casa e recentemente comprei uma bicicleta (mas ainda não chegou) para fazer um treino aeróbico.

Prefere boulder ou via? Tem algum pico preferido? Eu gosto de escalar, independente do estilo, eu gosto muito de viajar para conhecer novos lugares, então não importa o que irei escalar, tenho mais facilidade em vias, mas fazer boulders tem sido cada vez mais fascinante para mim, um grande de-safio é fazer algumas viradas. Os grandes paredões também é algo que me desafia muito.

Apesar de ser um campo escola, eu gosto muito da Pedra Bela local da minha primeira escalada, São Bento do Sapucai é um lugar incrível, Itaqueri da Serra é um pico que me fascina tam-bém, a Lapa do seu Antão e a região de Belo Horizonte também estão nessa lista.

Quais são seus próximos projetos?Meu próximo grande campeonato será em setembro de 2014 no Mundial de Paraclimbing.

Enquanto não chega a hora de me prepararar para esse campe-onato, quero fazer algumas vias em tradicional, no Pão de Açu-car, Dedo de Deus, boulder em Cocalzinho, vias no Cipó, como eu disse antes eu gosto muito de conhecer lugares novos, en-tão faltam muitos picos que eu devo uma visita, nos Estados do Sul do Brasil, Espírito Santo, Bahia, e por aí vai, recentemente fechei uma parceria (ainda não divulgada) com a fabricante de câmeras de ação Xtrax e estamos planejados algumas viagens internacionais também.

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foto: arquivo pessoal

Conta um pouco como são suas palestras. Qual é o público? Que mensagem você tenta passar nelas? Não existe um público alvo específico, qualquer empresa, grupo, pessoa pode me contratar, esse ano fiz muitas palestras em even-tos de escaladas, mas meu conteúdo é adequado ao público que não escala também.Abordo Temas: através da deficiência física e da escalada esporti-va eu falo sobre a busca por motivação, a importância da determi-nação para superar os desafios, a recompensa pessoal do trabalho social, a sensação de vitória ao superar seus medos e dificuldades, com muitas fotos e vídeos de escalada em lugares incríveis.

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foto: Rafael Rodrigues

Manda um recado pra galera ai!!Esse ano esta sendo um ano incrível de viagens, escaladas, desa-fios, aprendizado e de novas amizades, sei que ainda devo muitas visitas a outros lugares ainda e estou me programando para isso, minha grande motivação é conhecer lugares novos de escalada, pois em cada setor tenho algo a aprender e pegar a vibe da galera!

A vibe de todos vocês é muito incrível e sei que jamais terei como retribuir isso! Eu só posso dizer muito obrigado e continuem a me convidar para conhecer esses locais que eu ainda não tive oportu-nidade de conhecer!!!! E vamos escalar, pois cada vez mais tenho certeza que a escalada é para todos! Gostaria de agradecer tam-bem as empresas que me apoiam na escalada, Five Ten, Solo, 90 Graus, 4Climb, Deuter e Sapo Agarras.

Fico muito feliz em saber que a galera curte minha presença em seus locais de escalada e sempre sou muito bem recebido e tratado!

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alpenpassonline.com.br

foto: Rafael Rodrigues

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A maioria das pessoas sabe que Wolfgang Güllich foi um gran-de escalador. O que a maioria de nós não sabe, foi que Güllich era um homem humilde, que evitou os olofotes.

Era mais do que um ótimo escalador, ele empurrou seus limites em todas as direções e encadenou rotas duras de Frankenjura, Buoux, Verdon, no Gritstone de Peak District do Reino Unido e nos Montes Arapiles.

Güllich subiu o Yosemite e fez a incrível ascensão solo da Sepa-rate Reality (5.11d, página anterior). Escalou por todos os con-tinentes e fez expedições às paredes da Trango, no Paquistão, Karakórum e Patagônia, onde estabeleceu rotas icônicas, in-cluindo rota iugoslava, Eternal Flame and Riders on the Storm.

Abriu centenas de vias no mundo todo! Em passagem pelo Bra-sil, ele conquistou a famosa via Southern Confort (5.13c) no Rio de Janeiro (foto abaixo).

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Em meados dos anos 80, Güllich desfrutava a natureza descon-traída da comunidade de escalada no Monte Arapiles, que era muito longe da cena cada vez mais competitiva na Europa. Dormir e passar tempo no pub, com um pouco de escalada, era um estilo de vida.

Ele se divertia e o ritmo mais casual da vida , obviamente, não afetou o seu desempenho na rocha onde colecionava cadenas como o onsight de Yesterday Direct ( talvez um dos onsights mais difíceis do mundo na época) , primeiras ascensões de of Wisdom of Body e , é claro, a técnica e poderosa Punks in the Gym.

Güllich estabeleceu cada grande grau de 8b a 9a, fazendo dele um dos, se não o escalador mais bem-sucedido de seu tempo. Olhando para trás, sendo capaz de mapear a evolução da escala-da, uma pergunta deve ser feita, se Wolfgang não tivesse morri-do em 1992, ele teria sido o primeiro a fazer um 9a+ do mundo?

A coisa sobre esses vôos da imaginação é que não importa a quantidade de especulações, nunca saberemos. O que sabemos é que Kanal im Rücken (8b) e Punks in the Gym (8b+) vieram sem muito barulho para Wolfgang e são as primeiras vias encadena-das no mundo nessa graduação. No entanto, para entrar em um 8c exigiria algo especial. Güllich era mais do que apenas forte na rocha, ele era um pensa-dor crítico com um toque para o criativo.

Ele estudou ciência do esporte e da educação física e, quando confrontado com a pergunta-chave que assombra todos os esca-ladores, como ficar mais forte, ele aplicou sua própria teorização criativa e desenvolveu um treinamento para a obtenção de ener-gia dinâmica e força máxima.

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Em 1987, o conceito de campus nasceu. Simples na sua concep-ção, brutal em sua aplicação e eficaz em seus resultados, o focado treinamento de Güllich no campus foi essencial para ele passar ao próximo nível.

Aplicando os princípios de treinamento pliométrico (exercendo força máxima em um tempo tão curto quanto possível) para o apa-relho, composto de degraus de madeira parafusadas a uma placa saliente, Güllich estabeleceu o primeiro 8c do mundo, a Wallstreet e, finalmente, primeiro 9a do mundo, a Action Directe.

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Este ano, é o 21º aniver-sário do falecimento de Güllich, que morreu al-guns dias depois de sofrer um acidente de carro, em agosto de 1992.

First ascents memoráveis:

Kanal im Rücken 8bKastlwand, Frankenjuraprimeiro 8b na história 1984

Punks in the Gym 8b+Arapiles, Australiaprimeiro 8b + da história 1985

Ghettoblaster 8b+Rabenfels, Frankenjura 1986

Wallstreet 8cKrottenseer Turm, Frankenjuraprimeiro 8c da história 1987

Southern Confort 8A+Rio de Janeiro, Brasil 1987

Highlight 8b+Hängender Block, Frankenjura, 1990

Action Directe 9aWaldkopf, Frankenjura, primeiro 9a na história 1991

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Sacos de magnésio diferenciadosfacebook.com/hipnosemag

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Caio Salomão “AFeto” Foto: Lucas MelloIgarapé/MG - Pedra GrandeAtleta: Gustavo Fontes

Foto: Caio AFeto

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Caio Salomão “AFeto” Foto: Lucas Mello

Por Caio Salomão “AFeto”

O HighVibe é um encontro de praticantes de highline que buscam explorar novos lugares para a prática desta mo-

dalidade e serve como oportunidade de trocar experiências e técnicas sobre este esporte.

Surgiu por acaso na comemoração de aniversário do Gustavo Fontes, escalador local de Minas Gerais que teve grande par-ticipação na abertura de quase todos os highlines da Serra do Cipó.

Fizemos algo inédito no Brasil, armamos 3 linhas de highline na “Sala da Justiça” no Grupo 3 da Serra do Cipó-MG.

Estiveram presentes neste encontro o Gustavo Fontes, o fran-cês Richard Ternik, o carioca Bruno Migueis, além dos locais Fenício Rocha e toda a galera do Pé na Fita.

O objetivo agora é de explorar novos lugares no Brasil para a prática do highline, bem como incentivar o esporte para a po-pulação local, além é claro de buscarmos a nossa evolução em cada empreitada.

“O HighVibe já está indo para a 7ª edição em pouco mais 4 meses, todos eles foram marcantes de algum jeito mas sem dúvida a 4ª edição na Pedra dos 5 Pontões no Espírito Santo foi muito especial pra mim por ter sido justamente na semana do meu aniversário. Além disso ganhei um dos melhores presentes da minha vida, consegui fazer a travessia do highline que era o meu sonho.”

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Estamos dando uma contribuição muito grande para o esporte abrindo novas linhas de highline no Brasil. É uma tarefa bem árdua já que não temos nenhum patrocínio e tirar tudo do próprio bolso às vezes nos impede de realizar alguns projetos.

Acho que o sentimento de conquistar um novo highline é bem parecido com a de um escalador abrindo uma nova via, porque nós temos muitas vezes que escalar a montanha, colocar as an-coragens e por último atravessar o penhasco para sentir uma das mais incríveis sensações que alguém pode vivenciar, nessas horas chegamos bem perto da liberdade que tanto procuramos.

HIGH VIBE CIPÓarquivo Caio AFeto

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HIGH VIBE CIPÓarquivo Caio AFeto

Apesar do highline já possuir adeptos em vários Estados brasi-leiros, muitos são os erros cometidos na hora de armar, deixarei algumas dicas essenciais para quem quiser iniciar no esporte ou fazê-lo da maneira correta.

Dicas: 1ª: Fazer um curso de escalada é essencial já que a maioria dos hi-ghlines são feitos na montanha, além de obter um conhecimento na questão da segurança em altura e no uso dos equipamentos necessários.2ª: Usar os equipamentos corretos, muitas são as pessoas que usam catracas e fitas de 50mm para armar os “highlines” erros gravíssimo a essência deste esporte e ainda coloca em risco a vida do praticante. O correto é usar um sistema de polias e a fita de 25mm própria para a modalidade. 3ª: Ficar atento aos encontros de highline que estão acontecendo para ter a oportunidade de fazer na prática e com auxílio de al-guém experiente.

Highline no Pontão Maior, Itaguacu, ES.

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Itatim - BaITATIM - Ba

Foto: Juan Alves

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ITATIM - BaPor: Juan Alves e Dill Otto.

A cidade de Itatim se encontra no Estado da Bahia, nor-deste do Brasil, a 200 quilômetros da capital Salva-dor. Diferente de outros lugares do Brasil onde a esca-

lada esportiva existe há muitos anos, a escalada em Itatim é algo recente e em constante evolução, onde a cada final de semana surgem novas vias e são descobertos novos setores. No início eram poucas vias esportivas e as vias tradicionais não tinham repetições.

Em 2009 Itatim foi sede do IX EENe (Encontro de Escaladores do Nordeste), um evento criado com o propósito de aproximar os es-caladores da região, para que pudessem confraternizar e trocar experiências.

O evento vem sendo referência em todo o Brasil e impulsionou a escalada no local.

Foto: Juan Alves

Foto: Juan Alves

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Itatim é uma região conhecida pela quantidade de rocha e enorme potencial de Escalada. São regletes, aderências, leve negativo e até agarrões em teto e escaladas tradicionais com proteções fixas e móveis de 75 a 360 metros, com graus que variam de 4° grau a 9c.

São 8 setores com aproximadamente 150 vias: Jararaca, Enxadão, Fonte, Casca Grossa, Toca, Talhado, Ponta Aguda e Napoleão. As trilhas que levam até a base das vias são curtas e de fácil acesso com duração em média de 15 minutos.

Setor Jararaca: tetos e negativos intensos recheados de agarrões e com inúmeras possibilidades de entaladas é nossa garantia de escalada mesmo na chuva rara do sertão! Vias de 6°sup até 9c, por enquanto, pois linhas incríveis ainda não foram abertas!

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Napoleão: escalada predominante em regletes e batentes sara-dos com vias contínuas até os 30m de vertical . Ótimo setor para encerrar o dia de escalada em Itatim, dificuldade variada de 5° até 8C.

Enxadão: escalada diversificada com vias esportivas de 6° a 9C até tradicionais de até 360m. Conhecido pelo grande potencial ainda não explorado e pela sua grande parede imponente.

Toca: setor da Toca conhecido como o campo escola dos escalado-res, setor mais frequentado pela facilidade do acesso e quantida-de de vias do grau considerado ideal para quem está iniciando no esporte. Também não difere dos demais setores com sua varieda-de de estilos de escalada e com vias de 4° até 8c.

Casca Grossa: conhecido por suas vias mistas e um bom setor para quem deseja experimentar escalada em móvel nos sétimos exigen-tes. Outras vias em pequenos regletes acompanham esse roteiro.

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O Visual é outra coisa que não se pode deixar de falar. Quando se vê a formação dos monólitos de granito espalhados por to-das as direções, qualquer escalador fica fascinado.

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Felipe “Kbça” Foto: Juan Alves

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Fonte: ótimo setor para quem deseja escalar um volume de séti-mos de estilos diferentes. Em diedro, regletes, pura técnica ou na resistência pode estar experimentando no setor da Fonte. Assim como os outros setores ainda com potencial muito grande para exploração de novas rotas. As vias variando de 5° (130m) a espor-tivas de 8a.

Ponta Aguda: rocha que originou o nome da cidade Itatim, possui hoje uma via e presenteia no cume com o lindo visual do mar de rocha da região, lá percebemos o imenso potencial da região.

Talhado: setor totalmente distinto dos demais, com agarras abao- ladas em granito aderente, vem proporcionando a diversão e os trabalhos recentes em Itatim. Vias de 30m com intensa continui-dade, projetos, e linhas ainda não exploradas vem atraindo os es-caladores locais para desenvolver mais um setor em Itatim. Espe-ra-se um potencial de aproximadamente 50 vias no Talhado.

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Uma comunidade pequena, mas muito unida no empenho do crescimento da escalada local, que vem contribuindo com a di-vulgação a fim de atrair escaladores de todo o Brasil. Utilizando meios de comunicação como a internet, na criação de blog e redes sociais. Com a intenção de que visitantes possam enxergar novas possibilidades com estilos característicos. Acreditando que cada escalador possa deixar sua marca e participar na história da esca-lada em Itatim.

LINK: escaladaitatim.blogspot.comFacebook: Grupo Escaladores em Itatim-Ba

Pra você que procura lugar onde se hospedar em Itatim, entre em contato com o Abrigo Toca dos Escaladores!

[email protected]: 071 9127 8281

Foto: Juan Alves

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Glacier Point com vista de Half Dome, Yosemite. Foto Aaron Cassebeer.

Por Paisley Close. Tradução: Clark Eising.

Três práticas de consciênciapara levar à rocha

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Glacier Point com vista de Half Dome, Yosemite. Foto Aaron Cassebeer.

Estar consciente é uma prática que tem origem nas tradições budistas. Estar consciente ajuda a aumentar a nossa consciência e a aceitação do momento. Em vez de resistir às situações difíceis ou emoções intensas, consciência ajuda-nos a honrá-los. Aceitação do momento traz uma sensação de liberdade e paz, juntamente com uma renovada confiança para enfrentar um desafio ainda mais difícil.

A vida exige tanto da gente que a nossa consciência é puxada em várias direções, deixando-nos sentindo perdidos e sobrecarregados. Seja ele planejando uma semana de refeições ou sentindo o estresse do nosso futuro financeiro, viver no momento pode ser extremamente desafiador.

Muitos de nós gostam da forma como a escalada empurra esses estresses do dia a dia para fora da mente. Esse sentimento distraído pode desaparecer quando estamos pendurados numa parada, ou quando estamos 5 metros acima da nossa última peça de proteção. Mas escalada, também, pode desafiar a nossa atenção. Quando surge o medo ou ansiedade sobre a cadena de um projeto, ficamos nervosos e sabemos que a capacidade de permanecer presente está sendo ameaçada.

E se, ao invez de fugir da vida através de escalada, nós poderíamos estar mais presentes e fazer a consciência uma parte integrante das nossas vidas? Na minha experiência, praticar a consciência em casa, em seguida, levando as técnicas para a rocha, aumenta a minha felicidade em um nível pessoal e me permite subir vias que antes pareciam impossíveis. Aqui estão três técnicas de minha própria autoria para você começar.

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Para ComeçarComece quando você não está escalando. Escolha um local tranquilo e reserve 5 -10 minutos para se concentrar em uma das práticas de consciência listados abaixo. Pratique todos os dias, ou pelo menos três vezes por semana, até que comece a se tornar mais fácil e mais familiar para você.

Uma vez que você está confortável com a sua prática de consciência, traga a técnica para a rocha com você. Escolha uma via que está dentro de sua abilidade, mas ainda é um desafio (dificuldade pode ser relacionada à exposição ou ao comprimento da via, não apenas o grau). Faça a sua intenção de cometer a sua prática de consciência durante toda a via. À medida que se torna mais fácil para você, aumente gradualmente a dificuldade das vias que você escala.

Frogland, Red Rock. Foto Aaron Cassebeer.

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Frogland, Red Rock. Foto Aaron Cassebeer.

Prática # 1: observar a sua respiração

Focar em nossa respiração é uma das maneiras mais rápidas de se tornar mais presente. Estar sempre respirando, para ser consciente. Com isso, nós simplesmente direcionamos a nossa atenção para o que já está acontecendo.

Isso acalma a mente, estimula o relaxamento e deixa os pensamentos e as ações mais claras. Quando nós nos esforçamos ou ficamos com medo, a respiração torna-se rápida e curta. Nesses momentos, estar atento permite-nos conscientemente retardar a respiração, relaxar e voltar nossa atenção para o momento.

• Feche os olhos, se é seguro fazê-lo, e direcione sua atenção para sua respiração. • Observe a ascensão e queda de seu peito enquanto você inspira e expira.• Respire pelo nariz de forma constante e profundamente. • Inspire totalmente até o ar chegar na barriga.• Relaxe o máximo possível ao exalar.

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Prática # 2: Não-apego

Escalada é inerentemente competitiva. Classificações de via, tem como intenção de nos dar uma idéia da dificuldade da via, mas mais frequentemente criam um padrão para o qual nós medimos. Quando ficamos com raiva porque não mandamos ou julgamos a nós mesmos por não escalar forte, estamos vendo evidências do que as tradições de consciência chamam de apego.

Apego a um resultado tira nossos pensamentos do momento e nos leva a pensamentos do passado ou do futuro. Não é que não devemos ter emoção ou se preocupar com o nosso desempenho, mas a emoção deve servir para nos tornar mais presente, e não menos.Por mais clichê que pareça, é realmente sobre a jornada. Enquanto escalamos, se podemos aproveitar os momentos individuais que compõem uma via inteira, vamos ser menos apegados ao resultado e mais apto a se divertir (e, ironicamente, ter sucesso).

• Pare de tentar controlar os resultados, pessoas ou coisas além de seu poder. Em vez disso, administre apenas as coisas que estão dentro de seu controle, tais como a sua atitude ou o seu nível de condição física.• Investigue por que você está ligado aos resultados e sua necessidade de estar no controle. Será que é porque você quer se mostrar ou exige que você seja perfeito? É o medo do que os outros vão pensar? Quer apenas que coisas boas aconteçam e não está disposto a conhecer o mal (fracasso)?• Deixe de apego aos resultados e aprecie o processo.• Aprenda a aceitar o mal com o bem. As coisas nem sempre seguem perfeitamente e quase nunca como planejamos.

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Prática # 3: assume a perspectiva do Testemunho

Nossas mentes dominam nosso dia-a-dia. Pensamentos, emoções, nossa necessidade de completar tarefas e planejar o futuro, tudo nos-distrai do momento. É fácil se misturar, e até mesmo se identificar, com nossos pensamentos e emoções.Tomando o ponto de vista do testemunho significa que objetivamente observamos a nossa experiência, emoções e pensamentos, ao invés de tentar parar ou controlá-los. Através do testemunho, aprendemos a curtir as ondas das nossas experiências, em vez de ser dominado por elas.

Quando escalamos, em um piscar de olhos, nós podemos ser arrancados do momento, por coisas como medo, análise excessiva da via ou preocupação com o que os outros pensam. Isso pode nos levar a congelar, não reparar em agarras essenciais, ficar sobrecarregado e impedir o movimento instintivo dos nossos corpos.

Quando chegamos num descanso, colocamos uma proteção ou verificamos o risco de queda, usamos nossa mente racional. Mas quando estamos realmente nos movendo sobre a rocha a perspectiva do testemunho é um lugar mais forte de estar.

• Observe seus pensamentos e sentimentos assim como assistindo nuvens passar em um céu vazio.• Procure o espaçoso tranquilo do qual surgem todos os pensamentos, opera a partir de lá tanto quanto possível.• Raciocina do chão ou de um descanso, o resto do tempo, deixe o seu corpo guiar e sua mente testemunhar.• Seja conciente de como você movimenta suas mãos e os pés sobre a rocha, observando textura e mudança de cor.

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* Paisley CloseNada faz Paisley mais feliz do que estar sob um céu aberto com o vento em seu cabelo. Compartilhar risos, comida e conversa, a mantém honestamente inspirada. Quando ela não está em seu tapete de yoga ou na rochas de escalada, você pode encontrar Paisley criando: na cozinha, com agulhas de tricô, com um pin-cel ou qualquer outra coisa que ela pode botar suas mãos. Sua missão pessoal é permanecer curiosa, continuar a crescer durante de toda a vida e espalhar amor por onde passa. Para saber mais sobre a Paisley, visite www.theinspiredclimber.com e www.paisleyanne.com

Cume do Charlatan, Needles. Foto Aaron Cassebeer.

ESCALADAJPA.COM.BR

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ESCALADAJPA.COM.BR

CURSOS EM ROCHA TURMAS DE CAMINHADA

GINÁSIO DE TREINAMENTOEXCURSÕES E ROTEIROS ESPECIAIS

ALUGUEL E CONSTRUÇÃO DE MUROS

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Pôr do sol em Ceuse.

Naoki Arima

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Kalango no boulder TV Pirata - Itaqueri da Serra (SP) Foto: Ana Lígia

Escalada no Campo escola Behne RS.

Naoki Arima

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Felipe Belisário na via Chico Xavier 10c - Lapa do Seu Antão (MG) Foto: Marcella Romanelli

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Vale de Blair, Serra do Cipó.

Praia de Meaipe, ES.

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Boulder em Meaipe, Guarapari, ES.

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Highline no Pontão Maior, Itaguacu, ES.

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