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1 Revista Perto de Casa #23

Revista perto de casa ed.23

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Edição especial de cultura da revista recifense em seu quinto ano

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LiteraturaAlexandre Santos apresenta o livro de Fabiana Guimarães

Instituto OrigamiTransformando a sociedadepasso a passo

Luciana CavalcantiLuciana CavalcantiConheça a vencedora doConcurso Bela Mamãe

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EXPEDIENTERevista Perto de Casa edição 23, ano 5.www.pertodecasa.rec.br Recife - PEDireção e Redação: Taciana ValençaJornalista Responsável: Sandra AbreuRevisora: Salete Rêgo BarrosColaboradores: Hebron Oliveira, Alexandre Santos, Salete Rêgo Barros, Leonardo Dantas, Túlio V. Barreto, Daniela Vaz, Viviane Lopes, Natanael Lima Jr, Eduardo Côrtes, Camila Teixeira, June T. Vasconcelos, Berta Biondi, Carmen L. Bandeira e Rosa Bezerra.Projeto Gráfico e Diagramação: Chilli ComunicaçãoCapa: Luciana Cavalcanti por Kaká MoraisTiragem: 10.000 exemplares (edição especial)Impressão: Brascolor Gráfica | 81 3366.9000

Para anunciar:Taciana Valença81 9689.1994 | [email protected]@hotmail.com

Chilli Comunicação 81 [email protected]

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Você encontra a Revista Perto de Casa aqui:Banca Boa Forma (Rua do Futuro, Box 6) F: 81 3441.0109 Praça da JaqueiraBanca News (Shopping Plaza) - F: 81 3442.2483Banca 17 de Agosto - F: 81 9954.8160Livraria Modelo (Praça do Entroncamento)F: 81 3087.3366Livraria Jaqueira (Rua Antenor Navarro, 138)F: 81 3265.9455On Time (Av. Rosa e Silva, 2000) F: 81 3268.6741Restaurante Parraxaxá (Rua Igarassu, 40 Casa Forte)F:81 3268.4169Cultura Nordestina - Letras e Artes (Rua Sérgio Magalhães, 54 Graças) F: 81 3243.3927

Você também encontra a Perto de Casa em todos os nossos anunciantes, além de laboratórios, consultórios médicos, padarias e diversos outros pontos de Recife.A revista Perto de Casa é distribuída gratuitamente. Os conteúdos dos textos são de responsabilidade ex-clusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião da revista.

Lembro como se fosse hoje. Escrevi um poema para ele (confesso que achei bobo), mas, gosto de fazer coisas assim, quando me dá vontade. Acho que todos nós deveríamos agir mais desse jeito: está com vontade de dizer o quanto se sente triste ou feliz, de elogiar, de falar eu te amo? Então vá, diga, faça! E foi pensando assim, que enviei o poema para Ariano Suassuna pelos Correios. Acrescentei meu telefone.

Nunca fui muito fã de ninguém nem gosto de tietagem, mas sempre o achei curioso. Sua inteligência, sua maneira de falar, sua autenticidade, seus desenhos e seus livros, claro, sempre me chamaram a atenção. Às vezes, passava pela rua onde ele mora, e o via andando com sua roupa branca. Ia até o fim da rua e voltava. Não pedia autógrafo, apenas o observava. Um dia, porém, encontrando-o numa livraria, comprei o livro Fernando e Isaura e pedi para ele autografar. Este foi o meu mais próximo contato com o senhor que tanto admirava.

Bem, mas voltando ao poema: estava amamentando, quando meu marido atendeu o telefone. Disse que era pra mim. Então, pedi para que dissesse que estava ocupada, ao que ele disse baixinho: - Mas é Ariano Suassuna! Nossa! Tomei um susto! Rapidamente pensei: - Deve ter recebido

minha carta. Atendi, e ele disse mais ou menos assim: - Taciana, é Ariano. Estou ligando para agradecer a carta e o poema. Fiquei muito feliz. O maior presente que podemos ter é o reconhecimento pelo nosso trabalho.

Fiquei muito emocionada. Foi gentil, delicado e atencioso ao ligar. Não esqueço nunca disso. Daí, minha admiração só cresceu e fiquei sempre assim, admirando-o de longe, como alguém inatingível que um dia pude, de alguma forma, atingir.

E é assim que convido meus leitores a saborearem a primeira edição da Revista Perto de Casa Cultural, lembrando que o maior reconhecimento de um escritor e de um artista, é o reconhecimento pelo seu trabalho.

TACIANA VALENÇADiretora e redatora

Carta ao Leitor

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“O maior presente que podemos ter é o reconhecimento pelo nosso trabalho.”

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04 LançamentoO mergulho de Fabiana

21 Fliporto 2013 eOrganização de livros

22 I Prêmio Literário Perto de Casa CulturalJune Vasconcelos e seu texto vencedor

06 Lendo Nossos EscritoresPerfil de Selma Vasconcelos

08 IX Bienal Internacional do Livro de PernambucoConheça os homenageados

24 PerfilFlávia Suassuna

14 CapaLuciana, a vencedora do Concurso Bela Mamãe

27 Entidades Literárias em Pernambuco

12 ProgramaçãoEditora Novoestilo e sua programação na Bienal

26 Acorda PalavraLeitura-escrita e artes plásticas

10 HomenageadosIX Bienal Internacional do Livro de Pernambuco

09 Tema da Bienal 2013Literatura, futebol e identidades nacionais

20 PremiaçãoBlog Domingo com Poesiaganha Top Blog Brasil em 2012

16 ComportamentoDesenvolvimento e construção da subjetividade

28 Artista da HoraAberlardo da Hora, comunista e artista

SUMÁRIO18 Escritor RevelaçãoEugênia Menezes

Gami quer dizer papel. E Instituto Origami quer dizer que, em conjunto, a gente pode

desenvolver um papel mais criativo. Vamos fazer isso para promover ações nas áreas de cultura, meio ambiente, educação, esporte, saúde, lazer, tecnologia e assistência jurídico-social. Realizamos projetos culturais, programas voltados ao meio ambiente, assistência jurídica, serviços médico-odontológicos, democratização do conhecimento e promoção do bem-estar e de valores como cidadania e responsabilidade social. Juntos, podemos transformar a sociedade do mesmo jeitinho que fazemos com o papel: passo a passo.

INSTITUTO ORIGAMI

Conhecendo o

por Hebron Oliveira

Av. Gov. Agamenon Magalhães, 2615/1108Boa Vista – Recife-PE | Fone:81 3221.8339

HEBRON OLIVEIRA

Presidente do Instituto Origami

- Ações para difundir, estruturar e constituir sociedades cooperativas e micro e pequenas empresas engajadas socialmente. - Desenvolvimento de cursos de alfabetização, profissionalização, aperfeiçoamento e capacita-ção técnica. - Realização de projetos artísticos e culturais, promoção do senso de cooperação social e incentivo à produção intelectual e artística. - Coordenação de programas voltados ao meio-ambiente, tecnologia, assistência social, esportes e lazer. - Implementação, nos âmbitos urbano e rural, de programas técnicos para o desenvolvimento autossustentável, além de projetos voltados ao saneamento e ao abastecimento. - Prestação de serviços médico-odontológicos junto a comunidades carentes.

- Organização de eventos e ações que busquem promover noções de ética, cidadania, saúde e responsabilidade social.

- Prestação de serviços jurídicos junto às comunidades, para dar acesso, mais rapidez e qualidade na defesa de interesses individuais e coletivos.

- Atuação em projetos de assistência, desenvolvimento e inclusão sociais.

CIDADANIA

30 ANOScomprometida com a realização de

sonhos e a satisfação de necessidades

laborais, educacionais, literárias e

culturais da nossa gente.

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A Dona de Lampião (ensaio) Autora: Wanessa Campos | 114 páginas | R$40Pontos de venda: Livrarias Cultura, Jaqueira, Imperatriz, Cultura Nordestina Letras & ArtesContato com a autora: [email protected] O livro foca a trajetória de Maria Bonita, mulher de Lampião, desde o seu nascimento até a morte precoce, aos 27 anos. É um livro reportagem em linguagem simples, com pesquisas, depoimentos de seus descendentes, fotos, ilustrações, etc.Destaca a influência que Maria Bonita teve na época do Cangaço e ainda hoje, inspirando moda, músicas, filmes, documentários, livros e ainda emprestando seu nome na gastronomia, artes plásticas e sendo tema de mestrado e doutorado das universidades até do exterior.

Querido Diário Peregrino (poesia e fotografia)Autora: Bernadete Bruto | 131 páginas | R$40 Pontos de venda: Livraria Cultura e Cultura Nordestina Letras & Artes Contato com a autora: [email protected]ânea de poemas produzidos desde 2008, organizados sob a forma de diário, fruto de caminhos percorridos pela autora em busca de si, do outro e do sentido da vida, no universo das grandes cidades.Em cada poema, uma fotografia de Wagner Okasaki complementa a visão da poeta através de imagens do cotidiano em preto & branco.

O que há por trás das coxias? (ficção)Autora: Fabiana Guimarães | 134 páginas | R$30 Editora: Novoestilo Edições do AutorPontos de venda: estande da Novoestilo durante a Bienal; Cultura Nordestina Letras & Artes; Livraria JaqueiraContato com a autora: [email protected] A trama se desenrola numa cidade chamada Pasárgada. Além de circular livremente pelo universo poético de Manuel Bandeira, criando personagens que impressionam pelo poder de sedução, a autora faz uma crítica bem elaborada aos poderes constituídos, com maior ênfase no poder exercido pelas religiões, e seus eternos conflitos.

Agenda do Poeta 2014 (Edição comemorativa)250 páginas | R$30 | encadernação wire-ô Editora: Novoestilo Edições do AutorPontos de venda: Estande da Novoestilo Edições do Autor – IX Bienal Internacional do Livro de Pernambuco; Cultura Nordestina Letras & Artes e Livraria Jaqueira Pedidos: [email protected] agenda traz 35 páginas com prosa e verso de autores da terra, registro de datas de nas-cimento de poetas e escritores, espaços para anotações diárias e páginas para registro dos poemas preferidos. Excelente presente para final de ano. Lançamento dia 6/10 (domingo) às 18h00 na Bienal

Crônicas ao longo da históriaAutora: Selma Vasconcelos | 130 páginas | R$30Pontos de venda durante a Bienal – estande da Novoestilo Edições do Autor, Varejão do Estudante e Biblioteca Pública EstadualContato com a autora: [email protected] Crônicas organizadas em cadernos referentes à política, educação, cultura e saúde, escritas ao longo de uma década, registram fatos que interferem no cotidiano, como o ataque às torres gêmeas, a invasão do Iraque e a destruição de parte do patrimônio cultural da hu-manidade, além de ocorrências locais, como as várias tentativas de alienação do prédio do Hospital da Tamarineira e sua transformação em mais um centro de consumo, a questão da manutenção sustentável do rio Capibaribe, o flagelo secular da seca que se abate sobre o Nordeste, entre outras.

LENDO NOSSOS ESCRITORES

Mil razões para viver (autoajuda)Autor: Patriotino Aguiar | 278 páginas | R$ 45,00Ponto de venda: Cultura Nordestina Letras & Artes“Mil razões para viver” pode ser considerado um guia para o despertar de uma nova consciên-cia, a partir da identificação do poder existente dentro de cada ser humano, capaz de modi-ficar a própria vida através do reconhecimento de suas virtudes, valores morais e espirituais, aliados à prática do amor ao próximo.

Por que as zebras são listradas? (infantil)Autor: Olga Hosken | 24 páginas | R$ 15,00Editora: CSIPonto de venda: Estande da Novoestilo Edições do Autor – IX Bienal Internacional do Livro de PernambucoContato com a autora: 7362 Briella Drive Boynton Beach, FL – USA 33437. Phone: 561-860-7991 | [email protected] autora é especialista em educação, com dez anos de experiência na área de saúde mental infantil e licenciada pelo governo americano como terapeuta educacional de crianças de 0 a 3 anos. Atualmente, trabalha na área de saúde para crianças com necessidades especiais atra-vés do programa EARLY STEPS e MEDICAID.

A Chuva e a ÁrvoreAutor: Telma Brilhante | 14 páginas | R$ 25,00Ponto de venda: Estande da Novoestilo Edições do Autor – IX Bienal Internacional do Livro de PernambucoUm pingo de chuva e uma árvore por onde ele desce iniciam um diálogo sobre a mobilidade da água e a imobilidade da árvore. Discutem sobre as armas naturais que os animais utilizam para se defenderem dos inimigos, citando como exemplos o gambá e o camaleão. Falam tam-bém sobre a Natureza e a necessidade de preservá-la combatendo a poluição.

Livros que indicamos

PERFIL LITERÁRIO

Selma Vasconcelos

Médica. Mestra pela Universidade Federal de Pernambuco. Professora da Universidade de Per-nambuco- UPE. Dedicada à Literatura. É membro efetivo da Sociedade Brasileira de Médicos Escri-tores; Academia de Artes e Letras do Nordeste; União Brasileira de Escritores- UBE.

Poeta, pesquisadora, articulista colaborado-ra de jornais de circulação nacional, ensaísta, com publicações em revistas culturais; confe-rencista em eventos nacionais e internacionais: Fliporto (2006-2007-2009); Bienal Interna-cional do Livro - Recife (2005 a 2011); Bienal Internacional do Livro Rio de Janeiro (2009); Festival de línguas neo-latinas – FESTLATINO (2007-2010.); FLIPO – Festival Literário inter-nacional de Ipojuca (2013).

Estudiosa do poeta João Cabral de Melo Neto com livro publicado: João Cabral de Melo Neto – retrato falado do poeta. Obra premiada pela Academia Pernambucana de Letras - prêmio An-tonio de Brito Alves – 2010 - categoria ensaio.

Outros livros publicados : Presença poética do Nordeste – Recife, Nor-

deste Editorial 1998.Cio das Águas (poesia) – Recife, Edições Ba-

gaço, 1995.Zumbi dos Palmares - poesia e história - Re-

cife, FUNDARPE. Prêmio Edmir Domingues de po-esia – Academia Pernambucana de letras- 2005.

Zumbi dos Palmares - pesquisa e poesia so-bre o grande líder negro. Obra premiada pela Academia Pernambucana de letras - categoria poesia – prêmio Edmir Domingues .

Crônicas no curso da história - a ser lançado na Bienal Internacional do Livro – Recife-2013.

Integrante da triologia - RETRATOS - poesia, contos e crônicas – Edições Bagaço 2006/7/8.

Livros inéditos: Liturgia da Paixão - poesia; Papagenu - poesia.

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Eita lá! Vamos que vamos, passando a bola, já que o tema da 9ª Bienal Internacional

do Livro de Pernambuco é “Literatura, Futebol e Identidades Nacionais”, antecipando assim o clima da copa. Puxando pelo tema, temos, nesta edição, o texto do convidado Tulio Velho Barreto e o da vencedora do concurso de crônicas com mesmo tema, June Travassos. Mais uma vez, o pavilhão de exposições do Centro de Convenções de Pernambuco está em festa e volta a ser palco de discussões e debates na feira literária que já é referência em Pernambuco. Receberemos livreiros, editores e distribuidores de todo o Brasil. Uma grande festa, cujos convidados são leitores de todas as idades e escritores de estilos diversos, consolidando o Estado como um dos mais importantes pólos literários do país. Um evento que já faz parte do calendário cultural pernambucano. Os grandes homenageados serão os escritores Gilvan Lemos, Antônio Maria e Cancão, ao lado de Tarcísio Pereira, José Xavier Cortez e Eurico de Barros e Silva.

Saiba mais sobre o evento no site: www.bienalpernambuco.com

homenageados

IX BIENAL INTERNACIONAL DO LIvRO DE PERNAMBUCO

João Batistade Siqueira- o Cancão(in memorian)

Foi uma lenda da poesia sertaneja. Nasceu em Pernam-buco e ali passou toda sua exis-

tência. Embora também fosse dotado do talento do improviso ao baião da viola, Cancão achava--se melhor passando os versos para o papel. Publicou três livros – Musa sertaneja, Flores do Pajeú e Meu lugarejo, todos fora de catálogo. É autor do hino SONHO DE SABIÁ, poema que conta a tristeza de um sabiá após cair em uma armadilha. Preso em uma gaiola o passarinho entristece e um dia sonha com a liberdade. O poeta usa todo seu potencial de matuto amante da natureza para denunciar as atrocidades do homem ao “cantor da mata”.

TarcísioPereiraNasceu em Natal.Aprendeu o ofício de livreiro e aca-bou abrindo a sua Livro 7. No espaço, sempre organizava exibição de filmes,

lançamentos e atividades que consagraram a livraria como a maior do Brasil pelo Guiness Book. No auge, a Livro 7 chegou a comercializar 60 mil títulos. Se tornou uma trincheira de resistência intelectual e democrática em Recife, além de se tornar ponto de encontro da inte-lectualidade e boemia da época, frequentada por alguns dos mais importantes escritores e artistas brasileiros.

José Xavier Cortez

Nascido no interior do RN, trabalhou como agricultor, garimpeiro, balco-nista e encarregado

de uma mercearia. Alistou-se na Marinheira e mudou--se para SP, apaixonando-se por livros. Foi aprovado em economia pela (PUC/SP). Vendia livros na universidade e, posteriormente, dedicou-se à atividade, fundando com colegas a Livraria Cortez & Morais. Com o rompi-mento de sua sociedade, a livraria transformou-se na Cortez Editora.Com mais de mil títulos publicados, a editora é refe-rência em temáticas ligadas ao serviço social no país. Cortez também foi tema do documentário “O semeador de livros”, do diretor Wagner Bezerra; da biografia Cor-tez – “A saga de um sonhador”, de autoria de Teresa Sales e Goimar Dantas, e do livro infantil “Como um rio o percurso do menino Cortez”, de autoria de Silmara Rascalha Casadei.

por Túlio Velho Barreto

LITERATURA, FUTEBOL E IDENTIDADES NACIONAIS

IX Bienal Internacional do Livro de Pernambuco

TúLIO VELHO BARRETO

cientista político, sociólogo e coorde-nador do Núcleo de

Sociologia do Futebol (Nesf-

-UFPE/Fundaj)

Há 75 anos, o Diario de Per-nambuco publicava o artigo

“Foot-ball mulato” de Gilberto Freyre. Nele, o escritor pernam-bucano destacava as diferenças entre os estilos de jogar o fu-tebol de brasileiros e europeus. E relacionava, de forma inédita, tais estilos às respectivas carac-terísticas culturais. Para Freyre, a participação brasileira na Copa de 1938, então disputada na França, servira para “definir de maneira inconfundível um estilo brasileiro de foot-ball; e esse estilo é mais uma expres-são do nosso ‘mulatismo’ ágil em assimilar, dominar, amolecer em dança, em curvas ou em mú-sicas técnicas europeias ou nor-te-americanas mais angulosas para o nosso gosto”. E explicava as razões para tanto: “Porque é

um ‘mulatis-mo’ o nosso – psicologi-camente, ser brasileiro é ser mulato – inimigo do formalismo apolíneo e dionisíaco a seu jeito”.

Depois dele, e antes mesmo que cientistas sociais dessem a devida importância ao tema, os irmãos e jornalistas Mario Filho e Nelson Rodrigues, pernambu-canos como Freyre, escreveram crônicas que contribuíram para transformar o futebol em um dos traços definitivos de nossa identidade nacional.

Mario Filho, por exemplo, escreveu, sob a influência de Freyre, o livro O Negro no Fu-tebol Brasileiro, publicado em 1947, descrevendo como se deu a difícil e dolorosa inserção dos negros em um esporte até então elitizado e dominado por bran-cos. Já na 2ª edição, de 1964, ele escreve sobre a trágica der-rota do Brasil na Copa de 1950, em pleno Maracanã, e a epopeia de 58, na Suécia, quando Didi, Pelé e Garrincha comandaram o escrete à vitória. Assim como

Freyre e Mario Filho, Nelson também mirava o futebol, mas acertava alvo maior: o brasilei-ro, a nação e sua identidade. Sobre a Copa de 50, Nelson escreveria: “Cada povo tem ir-remediavelmente sua catástrofe nacional, algo assim como uma Hiroshima. A nossa catástrofe foi a derrota frente ao Uruguai, em 1950”, que ele creditou ao nosso “complexo de vira-lata”. O mesmo teria ocorrido em 54, diante dos húngaros, quando “fomos derrotados por uma des-sas tremedeiras obtusas, irra-cionais e gratuitas”. Até porque, para ele, “quem ganha e perde as partidas é a alma”. Assim, para Freyre, Mario e Nelson, foi preciso surgir Pelé, símbolo maior de nossa identidade na-cional, para nos redimir como nação e povo.

TEMA DA BIENAL 2013

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Saber que temos algumas coisinhas em comum já me deixou feliz para escrever sobre um dos

homenageados: Gilvan de Souza Lemos. Primeiro, também tenho Lemos em meu nome e, segundo, ele nasceu em São Bento do Una, de onde vem a família Valença. No mais, minha alegria para por aí, pois estamos falando, aqui, de um escritor fantástico, cujo primeiro romance Noturmo Sem Música, foi vencedor de vários prêmios nacionais e internacionais. O livro foi escrito em 1951 e publicado em 1956. Bem, tendo nascido em primeiro de julho de 1928, ele escreveu essa pérola com, apenas, 23 anos. Portanto, seria muita ousadia minha continuar achando mais alguma coisa em comum.

Mas isso tudo não é à toa. Desde criança a leitura é o que há de mais importante em sua vida. Começou pelos gibis. Passando aos livros infantis e, em seguida, aos demais.

Diz que começou a escrever de teimoso que era, pois em São Bento do Una, agreste de Pernambuco, não havia a menor possibilidade de ir adiante.

E bendita seja essa teimosia que resultou em 25 livros (12 romances, 7 livros de contos e 6 novelas). Seu conto Os que foram lutando, integra uma antologia de autores brasileiros publicada na Alemanha (“Erkundungem – 38 Brasilianische Erzahrer”).

Obras principais: A Noite dos Abraçados (1975), Os Pardais estão Voltando (1983), Emissários do Diabo, O Anjo do Quarto Dia, Enquanto o Rio Dorme, Morcego Cego (1998). Funcionário público aposentado, dedica-se hoje, exclusivamente à literatura.

GILVAN LEMOSpor Taciana Valença

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Prêmios recebidos:Prêmio Orlando Dantas, com o livro Jutaí menino (1962)Prêmio Olívio Montenegro da UBE-PE, com o livro Jutaí menino (1962)Prêmio Othon Bezerra de Melo, da Academia Pernambucana de Letras,com o livro Emissários do Diabo (1968)Menção Honrosa no Prêmio José Lins do Rego com o livro de contos O Defunto Aventureiro (1975)

No dia 27 de fevereiro de 2012, tomou posse, por procuração, como sócio efetivo da Academia Pernambucana de Letras, na cadeira 26, sendo, na sessão presidida por Fátima Quintas, representado pela sobrinha, Lívia Valença, em razão de um pequeno acidente que comprometeu sua presença.

“O “pessoal do Sul” acha que sou “regionalista”. Regionalista parelho aos escritores que se tornaram conhecidos a partir de 1930, sei que não sou. Ocorre que escrevo sobre o meio em que vivo. Retrato as pessoas com quem convivo, recordo momentos da minha vida no interior... Em suma, escrevo sobre o que conheço, o que sei, o que me emociona. Para mim, o bom romance é o que nos provoca emoções. Detesto romances experimentais, enredos misteriosos, incompreensíveis, jogos de palavras... Acho que isso é coisa de quem não tem o que dizer. Para mim, romance é romance. Não se restringe a escolas, tempo, época. Quando o romance é bom,

não tem idade.“

UM HOMEM chamado Mariapor Leonardo Dantas Silva

Quero voltarÀquele portão antigoPara buscarMinha saudade,Quero chegar de repenteAbraçar minha genteChorar de alegriaDepois entregar o cansaçoÀ rede macia do terraço. Certa vez, ele escreveu estes versos, logo

eternizados na voz de Elizeth Cardozo, mas pou-co entendidos pelo público, que mal sabia que o seu autor, Antônio Maria Moraes de Araújo, es-tava a sentir saudades de sua gente, da casa de seu avô, na casa da Rua da União, numa cidade amada por ele e denominada de O Recife.

Até parecia que ele nunca nos havia deixado, continuando a frequentar a casa do seu avô, o usineiro Rodolfo Araújo (Usina Cachoeira Lisa), como se nunca houvesse saído do seu Recife.

Antônio Maria nasceu no Recife, em 17 de março de 1921, e, se levarmos em conta os seus poemas, as suas crônicas, as suas conversas com os amigos, daqui jamais se apartou.

Quando fiz a seleção de textos para o livro An-tologia do Carnaval do Recife (1991), organizado juntamente com Mário Souto Maior, escolhi duas crônicas de Antônio Maria, nas quais ele recorda-va os carnavais de sua infância: Muitas vezes, de madrugada, o menino acordava com o clarim e as vozes de um bloco. Eles estavam voltando. O canto que eles entoavam se chamava de “regresso”. Não sei de lembrança que me comova tão profunda-mente. Não sei de vontade igual a esta, que estou sentindo de ser menino, que acordava de madruga-da, com as vozes dos metais e as vozes humanas daquele carnaval liricamente subversivo.

Com dezessete anos, Antônio Maria ingressa na Rádio Clube de Pernambuco, como apresenta-dor de programas musicais e se inicia na crônica esportiva; em 1940, a bordo do Almirante Jace-guai, vai tentar a vida no Rio de Janeiro, como locutor esportivo da Rádio Ipanema.

Demorou pouco a sua primeira estada no Rio de Janeiro, pois logo volta ao Recife onde, em maio de 1944, casa com Maria Gonçalves Fer-reira. Transfere-se para Fortaleza, onde assina contrato com a Rádio Clube do Ceará, mas no ano seguinte, segue para Bahia, como diretor das Emissoras Associadas, iniciando amizade com Jorge Amado e Di Cavalcanti.

Em 1947, estava ele de volta ao Rio de Janei-ro, como diretor da Rádio Tupi, caindo nas boas graças de Assis Chateaubriand que, anos depois, o integra ao corpo da TV Tupi, inaugurada em 20 de janeiro de 1951.

Passou a escrever crônicas diárias n’O Jor-nal – nas colunas A Noite é Grande e O Jornal de Antônio Maria. Em 1959, transferiu-se para O Globo, com a coluna Mesa de Pista, e de lá para A Última Hora, com O Jornal de Antônio Maria e Romance Policial de Copacabana, onde escrevia crônicas e reportagens.

A partir de então, passou a ter o Rio aos seus pés, tendo para ele escrito, com Ismael Neto, Val-sa de uma cidade (1954): “Rio de Janeiro, gosto de você... Gosto, de quem gosta, desse céu, desse mar, dessa gente feliz...”

Como compositor, Antônio Maria desponta em 1952, tornando-se o mais decantando de sua épo-ca, tendo gravado, inicialmente, com Nora Ney, Menino Grande e Ninguém me ama, este último em parceria com Fernando Lobo; participa da trilha sonora do filme Orfeu do Carnaval (1959), com duas músicas em parceria com Luís Bonfá, Manhã de Carnaval e Samba do Orfeu; autor de O amor e a rosa; As suas mãos; Se eu morresse ama-nhã, numa parceria com Pernambuco. Foi gravado por gente famosa, como Dolores Duran, Elizeth Cardoso, Lúcio Alves, Dóris Monteiro, Jamelão, Ângela Maria, Aracy de Almeida, Agostinho dos Santos, Dircinha Batista, Luiz Bandeira e Claudio-nor Germano, além do norte-americano Nat King Cole (Ninguém me ama).

Mas a saudade do Recife estava sempre pre-sente e levou Antônio Maria a compor o Frevo nº 1 do Recife, gravado pelo Trio de Ouro, em 1951, seguindo-se do Frevo nº 2 e Frevo nº 3, depois reunidos por Claudionor Germano em umas das suas mais recentes gravações.

Cardiopata (ou cardiodisplicente, como se in-titulava), desde a juventude, Antônio Maria vem a falecer na madrugada de 15 de outubro de 1964, em plena rua, no bairro carioca de Copacabana, na calçada do restaurante Le Ron Point, em frente à boate O Cangaceiro.

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Em 1995 surge, em Olinda, a Novoestilo Edições do Autor – gráfica e editora que se dedica à democratização da expressão literária através de tiragens, a princípio, de pequeno porte, tendo como objetivo a divulgação do autor regional e sua obra.

Com o passar do tempo, a Novoestilo destaca-se no mercado editorial local pela dedicação à qualidade de suas publicações. A preservação da natureza, ao possibilitar pequenas tiragens de forma racional e ecologicamente correta, e o cuidado com o uso correto da língua portuguêsa são as marca da Editora.

Em 1999, lança o projeto Agenda do Poeta, aprovado pelo Ministério da Cultura em 2010, que leva ao cotidiano das pessoas, trabalhos em verso e prosa sobre temas específicos, a cada ano. Em 2003, realiza a primeira de várias exposições de painéis, de 20 a 30 de setembro no Shopping Recife, com o tema Cantos e Recantos de Minha Terra.

Em julho de 2012, agrega às suas atividades o espaço Cultura Nordestina Letras & Artes, que se destina ao resgate e à preservação da cultura local para as futuras gerações, além de oferecer capacitação para escritores e poetas em formação, através de cursos, oficinas e encontros.

PIONEIRISMO EM PERNAMBUCO

por Salete Rêgo Barros

Oficina de Literatura – Raimundo Carrero Laboratório de expressão poética – Bernadete Bruto Teoria e prática musical – Fabiana Guimarães Recife, histórias e memórias – Rosa Bezerra e Wilton Carvalho Encontro em verso e prosa – Cassio Cavalcante

Cultura Nordestina Letras & Artes - Ponto de encon-tro da Novoestilo Edições do Autor.Produtora cultural executiva: Salete Rêgo Barros

seg a sex das 9 às 18h | sáb das 8 às 12hEditora, livraria e comedoria regional Rua Sérgio Magalhães, 54 – Graças – Recife (por trás do Museu do Estado) 81 [email protected] www.culturanordestina.com.br www.facebook.com.br/CulturaNordestinaLetras

Programação do estande da Editora Novoestilo na IX Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. Além da programação, teremos apresentações de documentários, vídeos e recitais diariamente.

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Recife: histórias e memórias - fotos e vídeos (Rosa Bezerra e Wilton Carvalho)Oficina literária (Raimundo Carrero)Os efeitos da meditação na vida - conferência (Elisabete Barros - IGA)

Internet e literatura: os caminhos das novas linguagens - palestra Domingo com PoesiaTeatralizando Bandeira - performance (Fabiana Guimarães)Laboratório de expressão poética - oficina (Bernadete Bruto)Lançamento – Revista Perto de Casa Cultural (Taciana Valença)

Lançamento – II Coletânea da ACL (Academia Camarajibense de Letras)Lançamento – Agenda do Poeta 2014 (Salete Rêgo Barros)A mulher na literatura - palestra/lançamento (Selma Vasconcelos)Recife e seus bairros - palestra (Carlos Bezerra Cavalcanti)

Consciência e Arte - conferência (Alberto Simões– IGA)

A língua como paixão - oficina (Ana Maria César)Nara Leão: a musa dos trópicos - palestra ilustrada (Cássio Cavalcante)

Programa Quartas às Quatro (Geraldo Ferraz)Entre a tradição e a modernidade (Bernardo Souto)

Dia 12, a partir das 10h00: Animação com as contadoras de histórias Fabiana Guimarães e Bernadete Bruto.O escritor e ambientalista José Calos Maia interage com as crianças sobre a importância da Mata

Ciliar. Os visitantes terão a oportunidade de ver a maquete de uma nascente, descobrir as funções de uma floresta, apreciar as belezas das mudas raras da nossa flora e visitar a seleção de livros infantis, especialmente preparada para o Dia da Criança.

Programação

no estande da Editora Novoestilo naIX Bienal Internacional do Livro de Pernambuco

PROGRAMAÇÃO

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Myriam Brindeiro canta M. Bandeira e Carlos Pena (Myriam Brindeiro e Antônio Guedes)Oficina literária (Raimundo Carrero)

Contação de histórias (Fabiana Guimarães)Laboratório de expressão poética (Bernadete Bruto)Recital - literatura de cordel (Cícero Lins)

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Contação de histórias (Vera Nóbrega)O que há por trás das coxias? - lançamento (Fabiana Guimarães na APL)

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Literatura infantil: origem e características

O processo criativo na elaboração das histórias infantis

Ilustrando Livros Infantis

Por que as zebras são listradas?

Arte e vida

O conhecimento superior e odesenvolvimento humano

Leda Sellaro

Socorro Miranda

Emerson Pontes

Olga Hosken

Bernadete Bruto e Fabiana Guimarães

Elisabete Barros

Palestra/Lançamento

Palestra

Palestra

Lançamento

PerformanceInfantil

Conferência

A Quantos Contos convida você para participar do lança-mento da “Arca dos Livros”, com Vera Nóbrega e Fred Braga na Feira Internacional do Livro (Bienal 2013), no dia 06 de outubro, às 15h, no estande da Vouler. Não deixe de conferir!

Vera Nóbrega trabalha com contação de histórias em es-colas, teatros, livrarias, ONGs e eventos públicos. É escritora da Arca dos Livros e Psicopedagoga.

Lançamento da Arca dos Livros

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Av. Visconde de Suassuna, 856 (Cobertura) - Boa VistaFones: (81) 3023-5612 / 9943-4211 / 8447-3569www.kakamorais.com.br - [email protected]

Fiquei muito feliz quando soube que a vencedora do concurso foi Luciana Cavalcanti. Não sabia que ela estava grávida, até que

enviou a foto para a revista. Conheci Luciana juntamente com o Bruno Dias, seu marido,

logo que iniciei a revista (e isso já tem mais de cinco anos). Sempre admirei o casal de artistas, belos jovens, talentosos e determinados. Juntos há oito anos, dividem o sonho de fomentar a cultura em nossa terra. Integrando suas vivências artísticas, já desenvolveram muitos projetos culturais: Semana do Tango no Recife (três edições), projeto Orquestra de Salão, projeto Dudinha Orquestra de Frevo, além de feiras, exposições, gravações de Cds, turnês e espetáculos de dança.

VENCEDORA DO CONCURSO BELA MAMÃE

Luciana Cavalcantipor Taciana Valença

CAPA

Agora, ingressam no projeto, sem dúvida, mais desafiador de suas vidas - o primeiro filho! Sim, eles aguardam com muito amor o Heitor, que em breve ganhará de presente do papai uma música só para ele. E como diz o ditado popular, quem herda não rouba. Bruno Dias é neto do Maestro Duda e já foi entrevistado no programa Perto de Casa na TV, assim como sua irmã, Gizelle Dias, do Grupo Flor de Muçambê. Pelo jeito, o Heitor nascerá em berço de ouro maciço: o da arte!

Na verdade, nem pensava em colocar a vencedora na capa da revista, pois o concurso não previa isso, porém, sendo Luciana artista, nada mais justo do que brilhar na primeira edição da Perto de Casa Cultural.

Luciana e Bruno são responsáveis pelo Diverso Espaço Cultural, que existe há onze anos, e nasceu no intuito de integrar as diversas linguagens artísticas respeitando a forma de expressão de cada uma delas.

“O DIVERSO ESPAÇO CULTURAL traz a proposta de uma união, de uma pluralidade sem totalidade mostrando várias facetas de um homem que nunca é igual a outro no jeito de sentir e, principalmente, no modo como se expressa. De uma

forma inovadora, pretende-se despertar crianças, jovens, adultos e idosos para este concerto existente dentro de nós, fazendo de cada ser um som, e juntando estes muitos sons num concerto para o corpo e para a alma através da dança, da música e da literatura. O Diverso também busca oferecer, através de cursos intensivos, oficinas, seminários e exposições, o que há de mais

contemporâneo na arte em geral. Diversão também é uma meta. Por isso, periodicamente, realizamos festas e eventos onde

integramos as várias linguagens, fazendo da expressão, por meio da dança, da música e da pintura, uma forma de comunicação.”

(Luciana Cavalcanti - set/2002)

Sobre Luciana Cavalcanti, a BELA MAMÃE:

Pós-graduada em dança e consciência corporal pela Faculdade Gama Filho (SP); graduada em Comunicação Social pela Unicap com o projeto “O samba é a minha nobreza” - uma série de reportagens sobre o samba no Recife. Dança desde os três anos. Possui formação em ballet clássico e dança contemporânea, atuando há vinte anos na dança de salão, dezessete como professora. Ex-integrante da Companhia de Bailado, da Academia de Dança de Salão Renato Feijó (PE). Participa ministrando aulas e palestras nos maiores eventos de dança de salão do Brasil - Baila Floripa-SC, Sampa Dança-SP, Congresso Paulista de Forró-SP, Congresso Nacional de Forró-Brasília-DF, Dançando a Bordo entre outros. Atualmente, ministra aulas de dança, a dois, expressão e consciência corporal para iniciantes e avançados, no Diverso Espaço Cultural, onde coordena a formação de bailarinos e desenvolve trabalhos coreográficos, além de dirigir, juntamente com o músico e professor de dança de salão Bruno Dias, o Diverso Espaço Cultural, onde promove eventos e fomenta a atividade cultural da cidade.

As belas fotos foram registradas pela fotógrafa Kaká Morais, que soube valorizar cada gesto da talentosa mamãe!

Parabéns Luciana e Bruno! Seja bem-vindo, Heitor!

Leo Pinheiro a presenteou com um pingente da família

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VIVIANE LOPESPsicóloga Clínica

O desenvolvimento e os estímulos nas fases iniciais da vida são fundamentais para o

desenvolvimento de habilidades e competên-cias da criança. O período Pré-natal e Pós-natal tem grandes influências para um desenvolvi-mento saudável, associado aos aspectos físi-cos, emocionais e sociais. O ponto relevante aqui, é que, tal tipo de influências no processo do desenvolvimento tem como resultado uma acomodação harmônica e um pressuposto com-partilhado, também, por todos, no nível da construção da subjetividade.

Considerando a primeira infância, fase inicial em que o sujeito vai interagir com o meio, o de-senvolvimento, neste período, depende de histó-ria e contexto, onde cada pessoa desenvolve-se dentro de um conjunto específico de circunstân-cias ou condições definidas por tempo e lugar.

Os seres humanos influenciam seu contexto histórico e social e são influenciados por eles. Não, apenas, respondem a seus ambientes físi-cos e sociais, mas também interagem com eles e os modificam. A constituição dessas influên-cias é fundamental, quando se busca o período pré-natal (concepção ao nascimento). Neste período, a dotação genética interage com as influências ambientais, o crescimento físico é o mais rápido de todo o ciclo vital, o feto ouve e responde a estímulos sensórios, e a vulnera-bilidade à influência ambiental é grande. Nesta fase, a relação mãe-bebê tem um valor simbóli-co muito relevante.

Na sequência, o período pós-natal (nasci-mento aos 3 anos), o cérebro aumenta de com-plexidade e é altamente sensível à influência ambiental; o crescimento e o desenvolvimento físico das habilidades motoras são rápidos; as capacidades de aprender e lembrar estão pre-sentes, mesmo nas primeiras semanas. Neste período, desenvolve-se a autoconsciência, o apego aos pais e às outras pessoas, fortalecen-do segurança e autonomia na construção das relações interpessoais. Nesta perspectiva, o sentimento de amor filial, a simpatia por ou-tras pessoas e o afeto amistoso, entre outros

por Viviane Lopes

DESENVOLVIMENTO

E CONSTRUÇÃO

da subjetividade

aspectos presentes na relação do bebê com outras crianças e adultos, são enriquecidos e transformados no processo afetivo-emocional da crian-ça, tornando-se base para o surgimento de sentimentos e comportamentos mais com-plexos. A família tem papel fundamental nesta fase do desenvolvimento e o núcleo familiar, no qual a criança está inserida, é de grande represen-tação para o desenvolvimento dos sentimentos sociais, fortalecendo o processo de maturação.

Na prática, essas influências ajudam a so-lucionar a forma como as crianças, em alguns períodos do desenvolvimento, reagem a deter-minadas situações. Portanto, cabe à família, cuidadores e responsáveis, serem pacientes, estimular, motiva, elogiar e dar-lhes seguran-ça, deixando-as perceber por palavras e ações, que podem confiar. Desta forma, as crianças in-teragem com o meio, através da subjetividade, desenvolvendo suas habilidades e aptidões.

COMPORTAMENTO

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Aprendi a ler no grupo escolar Félix Daltro, em Taperoá, no interior da Paraíba, onde

nasci. Ver como as letras se organizam em pa-lavras, certamente, era um encantamento. Meu pai, que ia semanalmente à Campina Grande, começou a me trazer revistas infantis, depois livros fininhos e, depois, a coleção completa de Monteiro Lobato. Aí, sim, o meu encantamento virou alegria, êxtase. Resolvi dividir este patri-mônio com as crianças da minha cidade. Criei, sob a orientação de meu irmão, um Livro de Empréstimo, e a aceitação foi total.

Em nossa casa havia um quartinho do en-gomado com uma janela que dava para o pátio. Ali, meus comparsas faziam fila aos sábados – dia de feira – para escolher revistas e livros; de-pois assinavam o livro da responsabilidade. Não perdi nenhuma unidade e ainda, quando tinha frutas, havia uma roda de lanche. Fiz grandes amigos no exercício desta tarefa.

Nosso material de leitura era guardado num arquivo verde de aço com grandes gavetões, que ainda existe em nossa casa taperoaense. É hoje um relicário de lembranças, melhor dizer, de re-cordações. Quando os livros foram aumentando, ganhei no meu aniversário uma estante supimpa, de madeira, quadriculada de vidros na frente.

EUGÊNIA MENEZES

ESCRITOR REvELAÇÃO

Foi assim que começou minha parceria com os livros, e cada dia os cavilo mais. Comecei a escrever aos quarenta anos, por insistência de amigos. Tenho prazer em escrever, mas minha relação com a escrita é muito livre. Escrevo quando tenho vontade, embora leia todo dia.

Tenho doze livros publicados, dos quais cinco em coautoria – o que é uma experiência fantástica. Dos sete restantes, dois são infanto--juvenis. Os outros, não sei o que são. Cada crí-tico os batiza com um rótulo diferente. Mas a vida é assim mesmo.

O romancista e dramaturgo pernambucano Ariano Suassuna, o galo de briga em defesa da nossa cultura, será o homenageado do Galo da Madrugada no Carnaval 2014. O tema do 37º desfile do bloco será Frevo no Auto do Reino de Ariano, fazendo referência a duas das mais famosas obras do escritor: O Auto da Compadecida e A Pedra do Reino.

No próximo domingo, dia 06 de outubro, em encontro com início previsto para as 20h00, na Plataforma de lançamentos da IX Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, no Pavilhão de Eventos do Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, o escritor Ale-xandre Santos vai relançar o romance histórico ‘Maldição e fé’. Na ocasião, o escritor falará sobre a conexão entre ‘Maldição e fé’ e ‘O livro dos livros’, novo romance de sua autoria, ainda no prelo.

Galo da Madrugada homenageia nosso

galo de briga - Ariano

‘Maldição e fé’ é relançado por Alexandre Santos

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A Perto de Casa presta uma homenagem ao fundador e primeiro presidente da Academia Pernambucana de Letras. Joaquim Maria Car-neiro Vilella foi juíz, bibliotecário, jornalista, poeta, comediógrafo, pintor de quadros e criador de cenários teatrais, além de escritor.

Escreveu quatorze romances. Escreveu, também, artigos, contos e crônicas, sempre em tom ácido, provocando polêmicas com suas críticas que não poupavam nada nem ninguém.

Sua obra mais famosa é A Emparedada da Rua Nova.

Centenário de morte de Carneiro Vilella

Recife, 1846-1913

Eugênia Menezes é administradora geral da União Brasileira de Escritores; autora de Arca do Tempo – Edições Bagaço, 2009, que reúne cinco livros: Terra Arada, Reconstrução da Lembrança, O Canto de Minha Memória, Parto das Cinzas e Cantos e Despedidas, todos esgotados; coautora de Desenvolvimento do Nordeste, Viagem ao Sertão Brasileiro, Cartas Marianas e Histórias do Meio do Mundo; autora dos infanto-juvenis Equívocos do Cotidiano, Trança de Gente e de O Duplo Registro de Osman Lins (dissertação de mestrado); participou de diversas antologias e teve textos publicados em diversos jornais e revistas, além de ter feito prefácios, apresentações e orelhas de outros tantos.

NOTÍCIAS

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Rua Sérgio Magalhães, 54 - GraçasFone: 81 3243-3927www.culturanordestina.com.brfacebook.com/culturanordestinaletrasConheça o grupo O Escriba no facebook!

Projeto coletivo e democrático de literatura. É um espaço destinado à divulgação de po-

esias, contos, micronarrativas, crônicas, artigos, entrevistas, resenhas, eventos literários de toda região do país, vídeos e livros. Está em constru-ção a seção “Carta de Poetas”, que oferecerá aos leitores uma mostra da vida e obra dos principais poetas pernambucanos e brasileiros (encantados) de A a Z, além de um registro sobre a Geração 65 de escritores pernambucanos. O Domingo com Poesia foi criado em 2011, pelo poeta Natana-el Lima Jr. Em 2012 conquistou o segundo lugar

Você já ouviu falar no consultor em organização? É um profissional que entende tudo sobre organização de espaços e tarefas, solucionando os

problemas de muitos bagunceiros. Pensando em ajudar aos apaixonados por leitura, a Perto de Casa foi conversar com Camila Teixeira, da Organizze Consul-toria, e trouxe para esta edição uma série de dicas sobre organização de livros:

DOMINGOCOM POESIA

do Prêmio “Top Blog Brasil”, o maior prêmio da internet brasileira, onde concorreu com mais de dezoito mil blogs de todo país, na categoria lite-ratura, através de Júri Acadêmico.

• Retire todos os livros das prateleiras. Se não pretende or-ganizar tudo em um único dia, retire apenas parte deles;

• reúna todos os livros e faça a seleção e o descarte. Separe os que deseja manter e aproveite para vender ou trocar os que não lhe servem mais;

• limpe o local e os livros. Uti-lize um pano com algumas go-tinhas de vinagre branco para limpar as prateleiras, e espere cerca de 20 minutos para secar bem. Já para os livros, utili-ze um pano seco ou úmido (se estiverem muito sujos) para tirar a poeira;

• organize os livros por catego-ria e, dentro de cada categoria, por autor. As categorias mais comuns em casa são: autoaju-da, romances, viagens (livros sobre qualquer localidade com mapas e guias), culinária, in-fantis, livros em outros idiomas e a área de estudo de cada mo-rador. Organize tudo em ordem alfabética;

• utilize alguma forma de sepa-ração ao mudar de uma catego-ria para outra. É possível usar suportes de livro, etiquetas ade-sivas ou marcadores de papel.

Natanael Lima Jr e Frederico Spencer, editores do blog

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por Natanael Lima Jr

por Eduardo Côrtes

PREMIAÇÃO

Organização de livros

Fliporto 2013Festa Literária Internacional de Pernambuco

EDUARDO CÔRTES

Engenheiro, produtor cultural, escritor e coorde-

nador-executivo da Fliporto, Flipo

e JazzPorto.A Fliporto realiza sua nona edição, em

Olinda, PE. A festa acontece de 14 a 17 de novembro de 2013 no sítio histórico da Ma-rim dos Caetés, com forte concentração em tendas armadas no Parque do Carmo, com 20 hectares, que se transformam na “Cidade das Letras”. O tema deste ano é “A literatura é um jogo” e homenageia o escritor paraibano José Lins do Rêgo, amante de futebol. Debates, palestras, conferências com Maitê Proença, Pi-lar Del Rio (viúva do Nobel Saramago), entre outros destaques. A Fliporto tem ainda encon-tros com crianças, jovens, ecologia, cinema, gastronomia, feira de livros e muito mais. São esperadas 100 mil pessoas.

O evento é patrocinado e inteiramente gratuito. Mais informações no portal www.fli-porto.net ou fone (81)3269-6134.

CAMILA TEIXEIRAOrganizze

Consultoria

Se você não tem espaço para guardar todos os livros jun-tos, guarde os de culinária na cozinha, os infantis no quarto das crianças, e assim sucessivamente.

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PRÊMIO PERTO DE CASA CULTURAL

É mal do brasileiro, essa mania de fazer do gostar uma verdadeira adoração. E tudo é

moda. Interessante, como qualquer corpo esfé-rico ou qualquer coisa que tenha feitio de bola, seduz uma multidão de torcedores. Eu estava naquele meio. Como fui parar ali, é que talvez pareça estúpido ou engraçado.

A tarde estava bem festiva, mas eu, mora-dora assídua do meu mundo, quase não percebi.

Viajava na leitura de uns contos fantásticos dentro de uma livraria. De repente, a minha via-gem foi interrompida pela sonoplastia de um vo-zerio gutural, o estampido de algumas bombas, correria e palavras toscas, que sujavam aquele cenário cinematográfico.

A curiosidade matou o gato. Mesmo conhecendo o ditado, não me con-

tive, e fui ver de perto o que acontecia. Fui levada, praticamente, arrastada para o meio da algazarra. Aí compreendi, que se tratava de uma saudação calorosa entre duas torcidas adversá-rias, antes do jogo.

Tentando me livrar daqueles grupos fanáti-cos, fiquei correndo num pra lá e pra cá com um livro na mão, e imaginei: se eles me pegam, aqui, irão me bater e me chutar como se eu fosse uma bola de futebol.

Vi um tabuleiro de camisas de time, abando-nado. A única saída seria, então, usar uma delas e me juntar a uma das torcidas.

Assim fui parar num imenso estádio de fute-bol. Não conhecia ninguém, mas a felicidade se mostrava tão viva... Sem querer, fui contaminada pela euforia daquela paixão fulminante. Eles sor-

Literatura, futebole identidades nacionais

Texto vencedorTEMA DO CONCURSO:

por June Travassos Vasconcelos

riam, choravam, vibravam, esbravejavam. Aquela oscilação comportamental fez-me sentir viva.

Nunca imaginei que pudesse fazer aquilo. Sem acreditar, eu também estava cantando, gri-tando, pulando e levantando bandeirão, vivendo de fato a nossa identidade nacional. Nos momen-tos de grande tensão, de desespero, enquanto insultavam o juiz, para ser solidária com os meus companheiros de guerra, tive a ideia ou a loucura de arrancar as páginas do meu livro, moldar as folhas em formato de bolinhas, distribuir e partir para o ataque...

Final de jogo...Um lado do estádio pareceu explodir de

alegria. O contentamento foi tamanho que fi-quei em êxtase.

Descemos as arquibancadas, invadimos o campo e diante dos jogadores, não controlei os meus impulsos, e saí abraçando, beijando, ado-rando todos eles.

No dia seguinte, a ressaca de uma experi-ência inédita.

Fui à livraria e olhei para meus antigos com-panheiros de viagem... Tentei decolar em busca de prazer, melhores esclarecimentos e à procura de soluções para a melhora de nosso país, quan-do ouvi alguém relatar a notícia das manchetes dos jornais: a segunda copa do mundo no Brasil.

Uau! Surtei... Comprei a camisa do meu time preferido e

fui ao estádio aprender melhor como ser um bom torcedor, afinal, eu precisava me preparar para a copa.

Sobre a vencedoraPós-graduada em Literatura Brasileira, a professora e es-critora June Travassos, paulista, mas com a vida traçada em Olinda-PE, estreou no universo literário com o lança-mento do livro ‘’Hoje nasci para amar’’, repleto de poemas que retratam sentimentos moldados na infância, quando já escrevia.Recentemente, participou da 1ª Coletânea de Literatura Fantástica de Pernambuco – org. André de Sena e Salete Rêgo Barros, e vem se desenvolvendo, cada vez mais, a fim de seguir sua estrada construída na ponta do lápis.

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Parodiando o grande poeta, Flávia Suassuna diz que nasceu e, principalmente, cresceu no Recife; por isso é mole, de água. De fato, esses fatos marcaram sua vida, sua personalidade e, por con-seguinte, sua produção literária desde sempre: ela ambientou no Recife seu primeiro romance, Jogo de trevas, que a projetou como primeira ficcionista pernambucana, quando ainda era muito jovem, e as metáforas e imagens de sua poesia remetem aos mangues e aos rios de sua cidade natal. Além de escritora intermitente, como diz referindo o fato de que produz livros muito espaçadamente, exerceu, ao longo de sua vida, a profissão de professora de litera-tura, que a ajudou a ir conhecendo e ensinando, devagar, a obra de grandes escritores, que foram forjando sua personalidade, sua prá-tica pedagógica e sua própria produção literária. Como professora de literatura de todas as turmas de 1°, 2° e 3° ano do Colégio Nú-cleo, Flávia realiza projetos de clubes de leitura e oficinas de texto, desenvolve prefácios e ainda faz apresentações e palestras, aprecia originais e está escrevendo um romance cujo título, Recife, prova seu compromisso com a cidade que a viu nascer e com a literatura. Flávia Suassuna, por motivos mais do que justos, hoje faz parte da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro.

PERFILFlávia Suassuna

Futuro

O presente é o códigodo corpo,um intervalode mistérios...

E o amoré um trizdo futuroem gesto,pensadoduplamentee inauguradona beirado abismodo sentido.

A professora Flávia Suassuna e alunos de 1° e 2° ano do Colégio Núcleo.

PERFIL

por Berta Biondi

Flávia Suassuna

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3ENTIDADES LITERÁRIAS

Algumas entidades literárias em Pernambuco

A Academia de Letras do Brasil – ALB – Primeira Academia Mundial da Ordem de Platão é uma Organização Internacional de Cultura. Com sede em Brasília, tem núcleos em mais de 80% dos estados brasileiros, além de vários núcleos internacionais. O Dr. Mário Carabajal Lopes, Presidente Geral, trabalha na ampliação desses núcleos com afinco e esteve conosco na implantação da ALB em Pernambuco. A solenidade aconteceu no dia 11 de outubro de 2012, no Centro Cultural Correios.

Para conhecer mais a ALB visite o nosso site:www.academialetrasbrasil.org.br/ | [email protected] Luciene Freitas

Presidente da ALB – seccional Pernambuco

A Associação Brasileira de Engenheiros Escritores (ABRAEE) é a entidade que congrega engenheiros-escritores – profissionais de engenharia, aí incluídas todas as modalidades e áreas afins, que tenham publicado livros ou outras peças literárias de sua autoria, como arquitetos, geógrafos, geólogos, físicos, urbanistas, químicos, etc. – de todo o País. Com sede nacional no Recife, a Associação Brasileira de Engenheiros Escritores (ABRAEE) lança anualmente a coletânea Safira, e se prepara para realizar o I Congresso Mundial de Engenheiros Escritores.

[email protected]

Criada em 17 de janeiro de 1958, a União Brasileira de Escritores (UBE) é a entidade que representa nacionalmente os escritores do País, e tem por objetivo “contribuir para o desenvolvimento cultural do Brasil, defender os direitos dos escritores e zelar pelos seus interesses, inspirados nos princípios gerais e reivindicações básicas dos homens de letras”. Atualmente, congrega cerca de 1.300 associados e tem sede nacional na chamada ‘Casa de Paulo Cavalcanti’ – a Casa Rosada da Rua Santana – no bairro de Casa Forte, no Recife.

Alexandre Santos Presidente da UBE e da ABRAEE

A Associação Nordestina de Trovadores - PE - Seção Recife (ANT) é o grupo que, anteriormente, pertencia a UBT Recife – União Brasileira de Trovadores, e que, por unanimidade, depois de muitas avaliações, decidiu-se pelo estabelecimento de um centro pernambucano para o cultivo da trova. A entidade tem por objetivo reunir trovadores de todas as regiões do país e aprofundar o estudo da trova e demais vertentes poéticas. Reuniões mensais às primeiras quartas-feiras do mês. Fundada em 2011.

www.portaldetrovas.blogspot.com | [email protected] Rosa Lia DinelliPresidente

A Academia Pernambucana de Letras (APL) foi fundada em 1901, por Carneiro Vilella e um grupo de literatos radicados no Recife, tendo como objetivo “promover a defesa dos valores culturais do Estado, especialmente no campo da criação literária”. É uma instituição civil, de utilidade pública, e foi a terceira academia de letras fundada no Brasil. A APL possui uma biblioteca, um auditório, e edita a Revista da Academia Pernambucana de Letras.

[email protected] Fátima QuintasPresidente

ToniFlash é uma agência especializada em Marketing Digital e Desenvolvimento Web. Fundada em 2003, a empresa conta atualmente com um portfólio de mais de 100 clientes, dentre os serviços de sites, logomarcas, redes sociais, mascotes, banners, trabalhos de identidade visual, divulgação online, sites e lojas virtuais.

A Novoestilo Edições do Autor, que tem entre os seus objetivos a divulgação do livro e do autor pernambucano, estabeleceu uma campanha parceira com a ToniFlash, que tem como tema:

Escritor, a sua divulgação na internet, agora, é possível.Construção de sites profissionais a partir de R$ 200,00*Preencha a sua ficha de inscrição, sem compromisso, até o final da Bienal, no estande da

Novoestilo Edições do Autor. *Promoção válida para escritores, até 13 de outubro de 2013.

[email protected] | 81 3012.6581 | 81 9832.8678

Trata-se de uma sequência de oficinas, que en-volvem leitura de textos literários em com-

binação com exercícios de desenho, pintura e escrita, com o propósito de instigar a produção autoral nessas linguagens.

O processo também estimula a reflexão sobre como a escrita é capaz de alimentar o desenho, e como o desenho, por sua vez, sugere a produção da escrita, sobretudo, de uma escrita poética.

No ponto de partida, a literatura é sempre privilegiada, como fio que alinha desenho e pa-lavra, mas nada impede que possa começar pelo desenho, precedido da leitura de poemas.

Na perspectiva destas oficinas, os movimen-tos da leitura não são estáticos. Todos têm, aci-ma de tudo, liberdade de ler, desenhar e escrever. Cada pessoa no seu tempo, aprecia, analisa e faz as próprias considerações.

As oficinas partem de uma seleção prévia de livros, mas, a partir do acervo proposto, ofere-ce liberdade absoluta de escolha do livro que cale ou fale mais fundo aos corações. Elas abrem espaço para um tempo de contato e descoberta de livros, para serem degustados conforme o interesse e o paladar.

A proposta é que cada pessoa viva de forma intensa uma experiência pessoal e intransferível propiciada pela leitura e desenho, criando, inti-

As oficinas A Cor da Palavra, são conduzidas por Carmen Lúcia Bezerra Bandeira (Carmi-nha), pedagora e escritora e Urian Agria de Souza, artista plástico, poeta e professor. A primeira experimentação aconteceu na Pelli-gro – Lugar de Arte na rua Dona Ada Vieira, 112, Casa Forte, Recife.

ACORDA PALAVRA:leitura-escrita e

artes plásticas

por Carmen Lúcia Bandeira

Carmen Lúcia Bandeira e Urian Agria de Souza, os oficineiros

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mamente, as possibilidades da partilha das des-cobertas, das trocas de impressões.

As oficinas têm a clara intenção de propiciar, através do experimento, a constatação de que os exercícios com a linha, realizados nessa combi-nação com a leitura, acabam acordando palavras adormecidas que nascem coloridas e vibrantes, cheias de luminosidade e movimento.

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#23

COMUNISTA E ARTISTAAbelardo da Hora,

por Rosa BezerraROSA BEZERRAPsicóloga Social

De estrutura franzina, verve afiadíssima, humor estratosférico, Abelardo cativa no

primeiro instante ao apertar a mão do interlo-cutor. Recebe a todos em sua casa-atelier com a solicitude dos grandes Mestres e com a sim-plicidade do Gênio.

Reconhecido internacionalmente como artis-ta plástico, Abelardo não teve, apenas, uma tra-jetória ligada às artes, às quais se dedica desde muito jovem. Sua juventude e vida adulta foram pautadas, também, pelo viés social e político, fato que, às vezes, fica em segundo plano em sua biografia. No entanto, o artista plástico (e poeta bissexto) sempre esteve ligado aos anseios populares desde a luta pela redemocratização do país contra a ditadura Vargas. A partir daí, passa a se interessar pelo Partido Comunista.

Foi preso no Recife, em 1947, ao fazer pro-paganda do comício do PCB. Não seria esta a única prisão do artista-político. Várias outras aconteceriam ao longo de sua trajetória. As es-culturas da época revelam suas preocupações sociais: “A fome e o brado”, “Meninos do mo-cambo”, “Desespero”, onde vemos as faces es-quálidas da fome e do desamparo de uma camada da população, historicamente esquecida pelos poderes constituídos.

Filia-se ao PCB quando o partido já se en-contra na ilegalidade, o que demonstra coragem pessoal e política. Voltado sempre ao movimento sociocultural, funda o Atelier Coletivo da Socie-dade de Arte Moderna do Recife, e passa a dar aulas gratuitas a futuros artistas, cujos nomes engrandecem a história pernambucana: Gilvam Samico, Wilton de Souza, Aloísio Magalhães, Wellington Virgolino, entre outros. Pra variar, é

preso novamente pelo envolvimento na campa-nha “O petróleo é nosso”, pois não abandona os interesses políticos.

A década de 50 o faz elaborar tipos nordes-tinos, famosos e reconhecidos no Recife. No en-tanto, na década de 60, seu envolvimento com Miguel Arraes e sua trajetória política o levam à prisão, desta vez acompanhado do líder comunis-ta Gregório Bezerra. Pela relutância do PCB em resistir ao golpe civil-militar de 1964, que insta-lou a ditadura no Brasil, tanto ele como Gregório abandonam o partido, apesar de continuarem na militância. Muda-se para São Paulo, por não po-der trabalhar no Recife, cidade subjugada pelos militares anticomunistas. Ao retornar à capital pernambucana, na década de 70, após temporada afastado da família, Abelardo retoma as escul-turas focando os tipos femininos voluptuosos e carnudos, o que passa a ser sua marca registra-da: mulheres de muitas curvas, seios e nádegas enormes, comparáveis às Vênus pré-históricas, opulentas e grandiosas.

Contudo, não abandona os tipos humanos, populares, recifenses como o frevo, como as mães sofredoras, os brinquedos, a família de re-tirantes, Luiz Gonzaga, o maracatu, etc. Enfim, todo um universo onde o homem e suas festas, suas dores, seus amores, sexo, vivências e lutas se fazem presentes.

A vida e a obra de Abelardo da Hora, em si mesmo um exemplo de lutas, alegrias, festas, se-renatas, prisões e vida, na melhor acepção do termo, tem sido sempre pautada pela coerência e pela coragem.

ARTISTA DA HORA

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RUA DESEMBARGADOR GÓES CAVALCANTI, 316 SL.08/09 PARNAMIRIM RECIFE PE | GALERIA MULTICENTER PARNAMIRIM FONES: 81 3034.2320 / 9609.6759 WWW.STUDIOCBELEZAEARTE.COM.BR

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