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Corvina ENTREVISTA PAULO RICARDO PEZZUTO PEIXE NA DIETA DA GESTANTE PESCA PODE TER MINISTÉRIO Revista Fechamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT Abril/Maio de 2009 - Ano VII - Número 33 UM DOS PEIXES MAIS IMPORTANTES PARA A PESCA NA COSTA SUDESTE E SUL DO BRASIL 9912228749/2008-DR/SC SINDIPI

Revista Sindipi Nº 33

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Revista Sindipi Nº 33 - Referente aos meses Maio e Junho de 2009.

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Corvina

ENTREVISTA PAulo RICARdo PEzzuTo PEIxE NA dIETA dA gESTANTE PESCA PodE TER MINISTéRIo

Revista Fechamento autorizado. Pode ser aberto pela ECT

Abril/Maio de 2009 - Ano VII - Número 33

Um dos peixes mais importantes para a

pesca na costa sUdeste e sUl do Brasil

9912228749/2008-DR/SCSINDIPI

2 Revista SINDIPI

A Revista Sindipi é uma publicação do Sindicato das Indústrias da Pesca de Itajaí e RegiãoDiretoria do Sindipi: Dario Luiz Vitali (Presidente); Giovani Genázio Monteiro (Vice-Presidente); Edson Vaz Pires (Tesoureiro)- Depar-tamento Jurídico: Marcus Vinícius Mendes Mugnaini(OAB/SC 15.939)- Sede: Rua Lauro Muller, 386, Centro, Itajaí, Santa Catarina- Cep:88301-400; e-mail: [email protected] Fone: (47)3247-6700 site: www.sindipi.com.br. Coordenação Editorial: Dario Luiz Vitali. Jornalista Responsável: Christiane Pinheiro (SC 01044 JP); Colaboração: Jornalista Soraya da Silva e Coordenador Técnico Roberto Wahrlich. Designer Gráfico: Geraldo Rossi; Direção Comercial: SINDIPI; Fotografia: Marcelo Sokal, João Souza, Christiane Pinheiro, divulgação Sindipi e Conselho Nacional de Pesca e Aquicultura; Revisor: João Francisco de Borba; Impressão: Gráfica Im-pressul - Circulação: setor pesqueiro nacional, profissionais do setor, parlamentares, imprensa.As matérias jornalísticas e artigos assinados na Revista Sindipi somente poderão ser reproduzidos, parcial ou integralmente, mediante autorização da Dire-toria. A Revista Sindipi não se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados. Eles não representam, necessariamente, a opinião da revista.

Fale conosco: REDAÇÃO: envie cartas para a editora, sugestão de temas e opiniões: [email protected]: com Antônio Carlos Corrêa, Fone: 47 33431456 / 47 84080721; e-mail: [email protected]

Foto capa: Marcello Sokal.

w w w . s i n d i p i . c o m . b r

Editorial....................................................................................................................4

Palavra do Presidente ..........................................................................................6

Entrevista - Paulo Ricardo Pezzuto .........................................................................8

Especial - Aprovação de Ministério deve fortalecer setor pesqueiro.................12

Entidade - Notas....................................................................................................14

Entidade - Sindipi completa 29 anos de história..............................................18

Espécie - Corvina: Peixe que pode viver por mais de duas décadas.............20

Pesca - A arte de confeccionar redes de pesca passa de pai para filhos..........24

Pesquisa - Pesquisadores a bordo de barcos de Emalhe .................................26

Economia - Inovação tecnológica e o impacto no consumo.............................28

Consumo - Caminhão do peixe............................................................................30

Consumo - Olha o camarão fresquinho.............................................................32

Saúde - Centro de Atendimento ao Trabalhador...................................................34

Saúde - Peixe durante a gravidez aumenta a inteligência das crianças..........36

Tempo - O inverno se aproxima e, com ele, aumentam os perigos em alto-mar.......38

Turismo - Uma viagem pelo rio Cachoeira de JetBus.......................................40

Arte - O mar de mãos dadas com a arte...........................................................44

Gastronomia - Receitas de corvina.................................................................46

Não esqueça - Novidade no Sindipi para associados.....................................50

Mensagem - Pescador.........................................................................................50

Especial - ministério da pesca

Espécie - Corvina

NoVo TElEFoNE SINdIPI 47 3247-6700

ÍnDICEDivulgação

Christiane Pinheiro

Saúde - Peixe na gravidez

João Souza

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EDItORIAL

Minha primeira revista do Sindipi. Mais um desafio aceito. Esse, com sabor especial, gosto de saúde e repleto de lembranças da infância, quando esperava dias pelo meu pai, que atuou como pescador por mais de

20 anos. Quero neste primeiro espaço agradecer a todos que indireta ou diretamente contribuíram com esse trabalho. Rico, diga-se de passagem. Nesta edição, que tenha certeza leitor, foi produzida com muito carinho, você acompanha uma série de reportagens interessantes. Muita informação, entretenimento, dicas de saúde e serviços. Para os pescado-res e empresários da pesca, uma boa notícia, foi aprovado pela Câmara dos Deputados Federal o Projeto de Lei que transforma a Secretaria Especial de Pesca e Aquicultura em Ministério. Você trabalhador tem aqui a oportunidade de co-nhecer serviços que estão à sua disposição, como na área da saúde e em cooperativa de crédito. A revista é de abril e maio, por isso produzimos uma matéria em homenagem ao Dia das Mães. Vamos falar de saúde, peixe na dieta da gestante. Nesta edição também registramos os 29 anos do Sindipi, comemorados no último dia 28 de abril. O pescado escolhido para ilustrar a capa foi a corvina. Nesta edição, você conhece um pouco sobre esse saboroso pescado, em uma reportagem que teve a colaboração especial de Ro-berto Wahrlich - coordenador técnico do Sindipi, e tem a oportunidade de testar em casa duas deliciosas receitas: eu provei e aprovei. Os principais acontecimentos de março e abril na entidade, informações sobre pesquisas pesqueiras, na entrevista com o professor, doutor e pesquisador Paulo Ricardo Pezzuto, do CTTMar da Univali, o trabalho dos pes-quisadores a bordo, tudo isso você confere nas próximas pá-ginas. Para produzir uma publicação importante como esta, temos que nos dedicar de corpo e alma e, acima de tudo, amar o setor, levantar a bandeira do consumo de peixe e da preservação do meio ambiente, e é o que estou fazendo com muito carinho. Quero registrar aqui a minha felicidade de ter a oportunidade de estar tão próxima da pesca, de buscar o

melhor ângulo para as fotos, de conversar com profissionais tão ricos de conhecimento, com história ímpar, como a dos redeiros que herdaram o ofício/arte do pai. A revista é uma prestação de serviço com pitada de saúde, entretenimento, arte, cultura e conhecimento do setor. Esperamos que você aprove as reportagens, que uma ou outra ou todas, contribu-am com o seu crescimento pessoal e profissional!

Tenha uma ótima leitura e até a próxima edição!

A revista é um instrumento que visa atender os seus anseios, envie suas sugestões de pauta

[email protected] 3347-6700

Christiane Pinheiro Editora

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PALAvRA DO PRESIDEntE

Dario Luiz VitaliPresidente do Sindipi

A PESCA NO CONTEXTO DA CRISE

NÃO DEIXEMOS DESABAR AS PAREDES DA ALMA, POIS AS

MATERIAIS SÃO RECUPERÁVEIS.

Existe um ditado que diz:

“Quer conhecer algo ou alguém?

Dê tempo e poder”.

O setor pesqueiro, como os demais setores da economia - aqui falo de forma globalizada -, ainda estão acordando para a verdadeira reali-dade desta crise.

Talvez passe de forma mais amena, talvez não. Porém, pode deixar graves sequelas.

Quero colocar aqui, prezado associado, e demais leitores que, é na crise que conhecemos nosso verdadeiro valor. O momento exige postura firme e ter convicção de que, inde-pendentemente dos prognósticos e análises feitas, o futuro está sempre adiante.

É neste futuro que estamos apostando, pois acreditamos que o setor sofrerá nos próximos anos uma grande revira-volta.

O pescado já está consolidado em nosso hábito alimen-tar como uma proteína extremamente saudável e seu consu-mo percapta tende a aumentar ano a ano.

Hoje, o consumidor tem à sua disposição várias alter-nativas de produtos, seja da cadeia produtiva extrativa ou oriundos da aquicultura.

Devemos basear-nos nesta realidade para enfrentar este momento pelo qual passa a economia mundial.

Investir em pesquisas e tecnologias, pois no momento em que este quadro apresentar sinais de mudanças, nós já esta-remos acompanhando a retomada.

Continuamos irredutíveis na proposta de que o nosso setor precisa de desoneração, pois esta seria a ferramenta ideal para passarmos com segurança pelo momento em que vivemos.

A realidade atual nos dá a certeza necessária de que todo aporte que houver no setor será um forte estímulo para o crescimento.

Nesta segunda parte, gostaria de discorrer um pouco sobre o tema MAP (Ministério da Aquicultura e Pesca), re-centemente aprovado na Câmara dos Deputados, e que irá para o senado. É de longa data que o setor sonha com isso, porém, queremos um ministério forte, com as devidas com-petências.

Temos a certeza de que este momento está muito próximo e que passaremos definitivamente a fazer parte do primeiro time.

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EntREvIStA

PAulO RICARDO PEzzuTOum mIlhãO DE TONElADAS fORAm CONTROlADAS PElO PROgRAmA DE ESTATíSTICA PESquEIRA INDuSTRIAl DE SANTA CATARINA

Odia três de março foi histórico. O Programa de Estatística Pesqueira

Industrial de Santa Catarina, de-senvolvido desde outubro de 2000 pelo Grupo de Estudos Pesqueiros do Centro de Ciências Tecnoló-gicas da Terra e do Mar da Uni-versidade do Vale do Itajaí (GEP/Cttmar/Univali), com o apoio da

Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da Repú-blica (Seap/PR) registrou a marca de um milhão de toneladas. O co-ordenador do programa é o entre-vistado desta edição. O professor Paulo Ricardo Pezzuto, pesquisador do curso de Oceanografia da Uni-vali desde 1994 possui um currículo invejável. Oceanógrafo, mestre em

Oceanografia Biológica e doutor em Zoologia, ele coordena o Programa de Estatística Pesqueira Industrial de Santa Catarina desde o seu início. Nesta entrevista ele esclarece o que é estatística pesqueira, qual a finali-dade, como é feita e de que forma o empresário do setor pode contribuir. Aconselho você a ler na íntegra a en-trevista que está bem interessante.

Fotos: Christiane Pinheiro

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Sindipi – Como são coletados os dados do Programa de Estatística Pes-queira? Qual o objetivo?

Pezzuto - A marca histórica, con-tabilizada quilo a quilo pela equipe de Estatística Pesqueira do GEP, foi registrada mediante o controle diário de mais de 46.500 operações de des-carga da frota pesqueira industrial, re-alizadas principalmente nos portos de Navegantes, Itajaí, Porto Belo e Lagu-na. A Univali tem sido a única institui-ção de ensino a realizar essa atividade de maneira continuada em todo o país, gerando informação em quantidade e qualidade suficientes para atender às melhores expectativas do governo e da sociedade. Por meio deste trabalho, são coletados, processados e dispo-nibilizados os dados oficiais sobre a pesca industrial em Santa Catarina. Com eles, governo, setor produtivo, comunidade científica e demais inte-ressados podem obter de forma rápida e eficiente as informações necessárias para gerenciar a atividade pesqueira na região, que é responsável por mais de um quinto de toda a produção pes-queira marinha desembarcada anual-mente no Brasil.

Sindipi – Onde é feita a estatística?Pezzuto – Temos uma equipe de

campo que percorre diariamente os pontos de descarga em quatro cida-des do Estado. Em Itajaí, Navegantes e Porto Belo, essa equipe pode ser facil-mente identificada pelos uniformes da Univali e pelo veículo Kombi, dotado de logotipos da Universidade e da Seap/PR. Em Laguna, temos uma funcionária postada diretamente no cais do Porto, onde se concentram os desembarques. Todos os dados coletados são trazidos para o Campus da Univali, em Itajaí, onde uma equipe de processamento se responsabiliza pela sua organização, análise da qualidade, inserção no ban-co de dados e divulgação dos produtos à sociedade.

Sindipi – O programa é desenvol-vido pelo Grupo de Estudos Pesqueiros do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar da Univali. Quem são os integrantes e quais os pontos fortes desse programa?

Pezzuto – Uma grande equipe for-mada por professores pesquisadores, oceanógrafos, biólogos, geógrafos, analistas de sistemas, técnicos em pesca e estudantes de graduação é responsá-vel por todo o trabalho, que inclui des-de o desenvolvimento e manutenção de um grande banco de dados infor-matizado, até a coleta das informações no cais e sua divulgação por meio de diversos produtos. Aliás, a divulgação dos resultados é um dos pontos fortes do projeto. Uma das maiores queixas que o setor produtivo, governo e os próprios cientistas sempre tiveram da estatística pesqueira nacional, era o longo intervalo de tempo existente entre a coleta dos dados no cais, e a divul-gação dos números finais à socieda-de. Esse intervalo dificultava a própria sobrevivência dos sistemas estatísticos, pois muitos pescadores e industriais

não viam vantagem em fornecer infor-mações que, quando fossem divulga-das, já seriam “coisa do passado”. O sistema desenvolvido pelo GEP/Univali mudou esse quadro radicalmente, ao menos em Santa Catarina. Atualmente, mais da metade de todos os desem-barques monitorados têm seus dados processados e disponibilizados em no máximo três dias corridos. Já 75% dos desembarques estão disponíveis em até um mês após a chegada do barco no porto. Esse tempo pode ser ainda mais reduzido, dependendo da colaboração

das empresas no envio das informa-ções para o GEP/Univali.

Sindipi – Como esses dados são divulgados, e para que tipo de pú-blico?

Pezzuto – A forma como os da-dos são divulgados depende do público-alvo e do objetivo. Relató-rios específicos podem ser gerados a qualquer tempo para atender a soli-citações de pesquisadores do GEP/Univali ou de outras instituições que estudam as pescarias ou as espé-cies capturadas. O mesmo também ocorre com a Seap/PR ou outros ór-gãos de governo, que muitas vezes necessitam de informações mais de-talhadas para embasar suas políticas voltadas ao setor pesqueiro. Exemplo disso ocorreu no segundo semestre do ano passado, quando surgiu uma

grande polêmica sobre a situação da pesca da sardinha-verdadeira. Na-quela ocasião, chegou-se a cogitar uma moratória da pesca ou mesmo uma drástica redução na frota auto-rizada a pescar esse recurso. Os da-dos estatísticos produzidos em Santa Catarina no final do ano foram fun-damentais para ajudar a mostrar a si-tuação da pesca e balizar as decisões de ordenamento. O grupo também edita anualmente o “Boletim Estatísti-co da Pesca Industrial de Santa Cata-rina”, publicação impressa com tira-

Por meio deste trabalho, são coletados, pro-

cessados e disponibilizados os dados oficiais

sobre a pesca industrial em Santa Catarina.

Com eles, governo, setor produtivo, comunida-

de científica e demais interessados podem obter

de forma rápida e eficiente as informações ne-

cessárias para gerenciar a atividade pesqueira

na região.

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gem de 2,5 mil exemplares, a qual é distribuída gratuitamente para todo o setor pesqueiro, bibliotecas de insti-tuições de ensino e pesquisa, órgãos públicos, poderes legislativo e exe-cutivo nas esferas federal, estadual e municipal, cientistas, administradores e demais interessados na pesca. Por fim, também disponibilizamos, de

por exemplo. Além disso, quando dire-cionadas para o público em geral, as informações são sempre agrupadas, impedindo qualquer tipo de identifica-ção individual da fonte. Isso garante não apenas a segurança de quem for-nece os dados, mas a veracidade das informações prestadas e a própria so-brevivência do programa.

Pezzuto – Ninguém consegue gerir um negócio, produzir respostas confiá-veis às perguntas científicas, ou produ-zir políticas que resultem em benefícios concretos para a sociedade sem infor-mações reais acerca do que está ocor-rendo. Imagine o Ministério da Agricul-tura funcionando sem as informações do IBGE e de outras instituições que produzem dados atualizados sobre a agricultura e a pecuária do país. Como poderiam ser definidas as políticas de incentivo, de pesquisa, de geração de alimentos, de promoção do agrone-gócio, de negociação dos nossos pro-dutos no mercado internacional nessa área vital para o Brasil, sem se saber o que está ocorrendo no campo? Na pes-ca não é diferente. Ainda mais no mun-do globalizado, no qual as decisões são tomadas de maneira cada vez mais rápida, é imprescindível que tenhamos uma gestão profissional do negócio da pesca. E isso passa pela manutenção de um sistema eficiente de geração e divulgação de dados confiáveis.

Sindipi – O programa tem como meta contabilizar todos os desembar-ques feitos no Estado. Como vocês pro-curam atingir essa meta?

Pezzuto – Para garantir que prati-camente todas as descargas sejam re-gistradas e que as informações tenham qualidade, são coletados e comparados diversos tipos de dados. O primeiro são as entrevistas realizadas com os mestres das embarcações diretamente no cais das empresas, de segunda a sexta-feira em horário comercial. Até o momento, já foram realizadas mais de 20.000 en-trevistas nos quatro principais portos do estado.

Sindipi – E os desembarques reali-zados fora do horário comercial? Não são contabilizados?

Pezzuto – Claro que são. Eles são cobertos principalmente pelas fichas de produção, que são formulários preen-chidos voluntariamente pelas próprias empresas ou armadores, contendo os dados de pesagem de cada espé-cie descarregada pelas embarcações. Além disso, também incluímos no ban-co os dados obtidos pelos observadores científicos que acompanham as viagens

maneira única no país, uma série de opções de consultas on-line em nossa página da internet (www.uni-vali.br/gep). Lá os dados de produ-ção são atualizados diariamente de maneira automática, fornecendo um panorama da pesca industrial catari-nense quase que em tempo real.

Sindipi – Mas não há problemas em divulgar os dados das embarca-ções e das empresas para o público?

Pezzuto – Na verdade não, pois qualquer que seja a forma de divulgação que adotamos, as infor-mações individuais das empresas e das embarcações são mantidas no mais absoluto sigilo, sendo utiliza-das exclusivamente para pesquisa, nunca para ações de fiscalização,

Sindipi – O trabalho realizado pelos pesquisadores da Univali beneficia prin-cipalmente o setor pesqueiro da região?

Pezzuto – A princípio sim, visto que o nosso programa de estatística pes-queira abrange apenas desembarques realizados em Santa Catarina. Contu-do, levando em consideração a grande participação do Estado na produção pesqueira nacional e também a extensa área de atuação das nossas embarca-ções, que em geral abrange desde o Espírito Santo até o Rio Grande do Sul, as informações coletadas pelo progra-ma acabam gerando um impacto que se estende por toda a região Sudeste-Sul do país.

Sindipi – Porque os dados são fun-damentais para a pesca catarinense?

Pesquisadores prontos para coleta de dados

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Entrevista: Christiane Pinheiro

de pesca de diversas embarcações, in-clusive no âmbito do recente convênio celebrado entre a Univali e o Sindipi. Até 2005 o GEP/Univali também pro-cessava os mapas de bordo entregues pelos mestres, mas esse trabalho foi encerrado desde então, pois o governo entendeu que o processamento desses formulários deveria ser feito exclusiva-mente pelo Ibama ou pela Seap/PR. Muitas vezes, a mesma viagem de pes-ca acaba sendo registrada por mais de um mecanismo (por exemplo: por entre-vista e ficha de produção). É ai que se pode avaliar a qualidade do dado que é informado, comparando-se aquilo que é dito pelo mestre e pela empresa onde o pescado foi descarregado. Em menos de 2% dos casos há diferenças grandes a ponto de se ter que descartar o dado. Isso mostra a ótima qualidade das informações que são repassadas ao GEP/Univali pelas empresas, arma-dores e mestres há mais de oito anos ininterruptos. Como consequência, o estado dispõe todo dia, de um retrato sólido e confiável daquela que é um dos seus maiores orgulhos: a atividade pesqueira.

Sindipi – Que outro tipo de serviço presta o GEP da Univali? Todos podem acessar?

Pezzuto – A estatística pesqueira é apenas um dos programas e projetos de-senvolvidos pelo grupo. Como estamos dentro de uma universidade, atuamos primariamente formando recursos huma-nos nos cursos de graduação em Oce-anografia, Biotecnologia e Engenharia Ambiental, e nos programas de Mestra-do e Doutorado em Ciência e Tecnologia Ambiental, mantidos pela Univali. Além disso, temos uma extensa lista de ações que inclui a pesquisa sobre a biologia, ecologia e pesca de inúmeras espécies, sobre a dinâmica das frotas pesqueiras, tecnologia de pesca, economia, qualida-de do pescado e interação entre o am-biente e os recursos pesqueiros. Tivemos uma participação importante no desen-volvimento inicial dos atuais programas de rastreamento de embarcações por sa-télite e de observadores científicos, ferra-mentas modernas de pesquisa e controle que são aplicadas igualmente nos princi-pais países do mundo. Nosso grupo ain-

da participa ativamente de praticamente todos os fóruns locais, regionais e na-cionais de ordenamento pesqueiro, for-necendo subsídios para as tomadas de decisão. Muitas dessas ações e produtos estão disponíveis em nossa página na internet. Também é uma política do gru-po manter-se sempre à disposição para atender a todos que desejarem ter mais informações sobre nossas atividades, bastando telefonar, enviar um e-mail ou agendar uma visita aos nossos laborató-rios. Nesse sentido, a recente parceria do GEP/Univali e do Sindipi tem sido excep-cional, permitindo um maior intercâmbio de idéias e informações entre todos, o que certamente trará benefícios mútuos em curto prazo.

Sindipi – De que forma o empre-

sário pode contribuir com a Estatística Pesqueira?

Pezzuto – O empresário que ainda não contribui com nosso programa e que desejar fazê-lo deve nos encami-nhar suas fichas de produção. É impor-tante lembrar que esse é um programa desenvolvido pela Univali atenden-do a uma demanda oficial da Seap/PR que está patrocinando a estatística pesqueira em todo o Brasil. Nós nos responsabilizaremos pelo fornecimento

dos formulários em branco e pelo seu posterior recolhimento nos lo-cais e horários que forem mais con-venientes ao empresário. Para isso, basta entrar em contato conosco para acertar os detalhes. O Sindipi também tem sido um grande par-ceiro nesse processo e pode ajudar a tirar quaisquer dúvidas, através da sua coordenação técnica. O em-presário que também desejar se ca-dastrar em nossa mala-direta para receber os boletins estatísticos gra-tuitamente, deve entrar em contato com o GEP/Univali pelo telefone 3341-7824 ou pelos e-mails [email protected] ou [email protected].

Imagine o Ministério da Agricultura funcionando

sem as informações do IBGE e de outras instituições

que produzem dados atualizados sobre a agricultura

e a pecuária do país. Como poderiam ser definidas

as políticas de incentivo, de pesquisa, de geração de

alimentos, de promoção do agronegócio, de nego-

ciação dos nossos produtos no mercado internacional

nessa área vital para o Brasil, sem se saber o que está

ocorrendo no campo? Na pesca não é diferente.

Sindipi – O GEP tem novida-des para os próximos meses?

Pezzuto – Sim, em breve lan-çaremos uma nova versão da nos-sa página eletrônica totalmente atualizada, que promete ser muito mais informativa, moderna e com novas opções de consulta aos da-dos estatísticos. Aguardem!

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ESPECIAL

DEvE fORTAlECER SETOR PESquEIROAPROvAçãO DE mINISTéRIO

Deputados federais aprovam Projeto de Lei 3.960/2008, que transforma a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República em Ministério da Pesca e Aquicultura

Divulgação CONEPE

deputados Federais votam projeto que cria Ministério da Pesca

A reunião ordinária do dia 25 de março, da Câmara dos Deputados Federais, foi especial para o setor pes-queiro. Os parlamentares

discutiram e votaram o Projeto de Lei 3.960/2008, de autoria do Poder Exe-cutivo Federal, que visa transformar a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca –Seap em Ministério da Pesca e Aquicultura.

De acordo com o associado do Sin-dipi e colaborador de uma empresa de pesca, do Balneário de Piçarras, Irio Rossa, que esteve em Brasília duran-te a sessão, os parlamentares criaram uma comissão especial , por entender que o assunto era muito importante. A comissão da agricultura, que trata sobre o tema resolveu criar a comis-são especial,com membros da própria comissão de agricultura. A comissão teve como presidente o deputado Flá-vio Bezerra(PMDB) do Ceára , o relator da matéria foi o deputado José Airton Cirilo(PT) também do estado cearense. O projeto deu entrada na câmara dos deputados em novembro de 2008, ten-do como autor o Presidente da Repú-blica.

Santa Catarina foi representa-da pelos deputados Celso Maldaner (PMDB) e Odacir Zonta(PP). Durante a sessão a comissão relatou e votou a matéria, que foi aprovada. O Projeto agora segue para a Câmara dos Se-nadores, que sendo aprovado passa para as mãos do presidente Luiz Iná-cio Lula da Silva, para ser promulga-do, se assim for será criada então o Ministério.

O que o setor pesqueiro ganha com essa decisão?

A principal vantagem com certeza será a definição de uma política nacio-nal da pesca e aqüicultura. Transporte, beneficiamento, transformação, comer-cialização, abastecimento e armazena-gem, assim como fomento a produção, organização do setor, conceder licen-ças de pesca, de criação de pescados em geral são alguns dos pontos positi-vos, que a criação do Ministério pode provocar no setor. Para Irio o mais im-portante benefício será a criação de um Centro de Pesquisa de Desenvolvimento da Aqüicultura e Pesca, centro esse que deve ser amadurecido juntamente com a EMBRAPA – Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária, veiculada ao Ministério da Agricultura.

O centro deve prestar informações técnicas e detalhada de toda a ativida-de. “ O mais importante é que a pesca terá um endereço em Brasília, isso é o mesmo que deixar de ser órfão e ter um pai assim que criado” destaca Rossa.

Santa Catarina já se destaca no se-tor, em Brasília. Já que o mais impor-tante cargo na Seap é ocupado pelo catarinense, Altemir Gregolim.

O apoio das entidades pesqueiras

Os proprietários de indústria de pesca de Itajaí e região apoiaram a iniciativa. O posicionamento positivo

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diretoria do Sindipi recebe mais informações sobre Ministério da Pesca

Texto Christiane Pinheiro

Divulgação

veio do Sindicato da Indústria da Pes-ca de Itajaí - Sindipi, representantes do Conepe – Conselho Nacional da Pesca e Aquicultura do Rio de Janeiro, dos pescadores artesanais, dos presidentes e colônias de pescadores, assim como o trabalho do deputado Odacir Zonta, que mesmo sendo do oeste catarinen-se, fez questão de lutar pela criação do ministério, com poderes inclusive de atuar com a Embrapa, com sua estrutu-ra e seus terceiros, em um trabalho de monitoramento, aconselhamento e es-pecialmente de pesquisa, para o setor pesqueiro.

Palavra do relator

O deputado federal José Airton Ciri-lo, relator da matéria salientou a impor-tância estratégica da criação do novo Ministério para os que vivem da pesca e para o meio ambiente. Para ele a cria-ção do Ministério é um resgate histórico da classe dos pescadores, que sempre foi marginalizada, porém hoje o gover-no tem a oportunidade de responder as demandas do setor. Para Cirilo a nova pasta se consolida pelo consenso e so-bre a importância e ainda visa trabalhar todas as etapas da cadeia produtiva, estimular o crescimento da produção de pescado no país, de forma sustentável, a resguardar os direitos dos pescadores e a construir mecanismos eficientes de regulação e fiscalização dos recursos pesqueiros.

Medida revogada

Em agosto de 2008 uma medida provisória havia sido revogada, este ano mais um mês de impasse, o novo texto passou pela comissão especial na Câmara e agora segue para o Senado. Entre as mudanças apresentadas está a predominância do novo Ministério do Meio Ambiente – MMA,na regulariza-ção e fiscalização do uso de recursos pesqueiros. No texto original, as com-petências seriam compartilhadas.

Cirilo acredita que a criação desse Ministério, deve resolver o impasse en-tre empresários e pescadores, quando estes terão um órgão para dialogar a respeito dos gargalos que impedem o

desenvolvimento da pesca no Brasil. Como relator o deputado alerta para a necessidade dos ministérios da Pesca e Meio Ambiente atuarem de forma con-junta e sobre o uso sustentável dos re-cursos pesqueiros, pois esse fato facilita e traz organização fundamental para a atividade da pesca, principalmente para a fiscalização, essencial para o desenvolvimento sustentável .

Para os que ainda não vêem a ne-cessidade da criação do Ministério o deputado lembra que, embora a nova pasta possa gastar R$ 17 milhões por ano, o valor é inexpressivo para uma atividade que emprega três milhões de pessoas e contribui com R$ 5 milhões para o Produto Interno Bruto(PIB) do Brasil. O parlamentar acredita que a criação do Ministério seja um fato his-tórico e necessário para o desenvolvi-mento do país que possui uma imensa costa pesqueira.

Diretoria do Sindipi apóia a criação do Ministério

A empolgação do setor com mais uma vitória no processo de criação do Ministério da Pesca é evidente. Afinal, será um grande triunfo ter endereço

próprio em Brasília. O vice-presidente do Sindipi, Giovani Genázio Monteiro, e o secretário municipal da pesca, Ag-naldo Hilton dos Santos, estiveram pre-sentes durante as últimas negociações que levou à aprovação do projeto na Câmara dos Deputados, no dia 25 de março. A expectativa geral é que as de-mandas e projetos saiam das gavetas e do papel mais rapidamente.

“O setor produtivo amadureceu muito e merece atenção e respeito dos órgãos federais. Está na hora de orga-nizar a pesca e precisamos do compro-metimento sério, com pessoas que real-mente estão interessadas na busca pela pesca sustentável e consciente no País”, destaca Monteiro. A união entre os ór-gãos responsáveis e o próprio setor é a forma mais adequada para dirimir os gargalos da atividade, nas questões referentes à moratória do cherne e à publicação da Instrução Normativa nº 5/2004, entre outras de igual impor-tância.

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EntIDADE

Para fazer com que o associado se sinta em casa, o Sin-dicato das Indústrias da Pesca de Itajaí (Sindipi), inaugurou um espaço especial para recebê-los. Todos que necessitam resolver algum assunto na sede do sindicato, conversar com o presidente, diretoria e colaboradores, desde o dia 6 de março, estão sendo recepcionados de maneira diferente. A sala se localiza no primeiro andar do prédio.

Associado do Sindipi é visita vip na sede da entidade

Vitali, recbeu na sede do sindicato a visita do asses-sor da vice-presidência Sul da RIC/Record, Dirceu Pio, e o diretor geral da emissora em Itajaí, Alexandre Ro-cha. Durante o encontro, os visitantes destacaram que a reunião teve dois objetivos principais: a aproximação da emissora com o setor que lidera a economia da ci-dade e apresentação de um projeto, que deve dar ainda mais visibilidade para a pesca em Itajaí e região. Vamos aguardar as novidades na tela da RIC/Record. Com o objetivo de manter a população da região informada sobre as ações do setor pesqueiro, como o defeso do camarão, a Rede Brasil Esperança, empresa de comu-nicação de Itajaí e Joinville, solicitou informações para reportagem jornalística ao coordenador técnico do sin-dicato, Roberto Wahrlich. Informações sobre o mesmo assunto também foram repassadas pelo coordenador ao site Itajaí News.

Diretoria da RIC/Record SCvisita a sede da entidade eCoordenador Técnico é fonte para reportagens em emissora local

Já estão disponíveis no site do Sindipi os laudos de al-gas tóxicas realizados para mexilhões e água do mar do 1º trimestre de 2009 no litoral de Santa Catarina. Confira: o endereço do site é www.sindipi.com.br

Epagri divulga laudos do projeto higiênico-sanitário de moluscos no litoral de SC

GEP/UNIVALI

Divulgação Sindipi

Divulgação Sindipi

Divulgação Sindipi

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Na sexta-feira, 27 de março, foi realizada na sede do Sindipi uma reunião que teve como principal ob-jetivo discutir sobre a construção do Centro Nacional de Pesquisa do Mar. Estiveram presentes na reunião, o coordenador geral de Educação e Tecnologia do MEC, professor Edmar, o secretário de pesca de Itajaí, Agnal-do Hilton dos Santos, o presidente da entidade, Dario Vitali, e os representantes do projeto

Discussão sobre o Centro Nacional de Pesquisa do Mar

No dia 17 de março, aconteceu na sede do Sindipi, uma reunião na qual foram discutidos projetos para o desenvol-vimento da pesca de Bonito Listrado. O projeto partiu da proposta da Seap. O objetivo é dar continuidade aos enca-minhamentos aprovados na 12º Sessão Ordinária do Comi-tê Permanente de Gestão de Atuns e afins – CPG/Atuns. O coordenador geral da pesca industrial (Seap/PR), Fabiano Duarte Rosa, participou do evento, que contou com repre-sentantes de outras instituições como Sindipi, Sepesca, Sindi-floripa, Saperj, Sindipesca e Abrapesca.

Projeto para desenvolvimento da pesca de bonito listrado

Na terça-feira, 31 de março, foi realizada no Sindipi uma reunião sobre a emissão das guias de transporte de camarão do período de defeso, que contou com a presença do chefe do escritório do Ibama em Itajaí, Carlos Aristeu Merger, e da servidora Ecleacir Nunes. As decisões tomadas estão publicadas no site do Sindipi na seção “notícias”. O site do Sindipi é www.sindipi.com.br

Guias de transporte de camarão no período de defeso

Divulgação Sindipi

Iniciaram-se na segunda-feira, 12 de março, os cursos de Pescador Profissional (POP) e Motorista de Pesca (MOP). Antes das aulas teóricas, os 35 inscritos tiveram que passar por uma prova prática de natação e flutuação realizada no Centro de Treinamento dos Bombeiros de Itajaí.

Início de curso

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EntIDADE

O mês de março foi de movimentação política para o setor pesqueiro. Em Itajaí, a entidade recebeu a visita do deputado estadual, pelo PMDB, Adherbal Ramos Cabral. O deputado demonstrou seu apoio à pesca e colocou a equipe à disposição do setor.

Fonte: Gazeta on-line

Político da região visita o Sindipi

O associado do sindicato agora está muito mais infor-mado. Quem possui acesso à Internet, pode ficar por dentro de todos os eventos que acontecem na entidade, na co-modidade de sua casa ou empresa. Basta acessar o site do Sindipi: www.sindipi.com.br, ir ao link Agenda, que fica no menu lateral. Lá, o associado recebe informações sobre eventos, reuniões, cursos e outras ações desenvolvidas pela entidade.

Confira a agenda no site do Sindipi

A convite da Univali, o vice-presidente do Sindipi, Giovani Genázio Monteiro, participou no dia 16 de fe-vereiro de um debate dentro da programação de um curso de capacitação de observadores científicos para a coleta de dados a bordo da frota industrial de Santa Catarina. Na oportunidade, Monteiro destacou a im-portância da pesquisa para o setor produtivo, as con-dições de trabalho a bordo, e a necessidade de que observadores tenham um postura adequada diante das situações que podem ocorrer a bordo junto às tripula-ções. O trabalho dos observadores é custeado através de um convênio da Seap com a Univali, e os embarques são viabilizados pela cooperação técnica do Sindipi com a Universidade.

Vice-presidente do Sindipi participa de curso para formação de Observadores Científicos em universidade

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Revista SINDIPI 17

O Secretário da Fazenda de Santa Catarina, Antônio Marcos Gavazzoni, esteve na sexta-feira (dia 13) em uma reunião com servidores na sede do Sindipi. Na foto o Secre-tário e o Presidente do Sindipi Dario Luiz Vitali.

Secretário da Fazenda de Santa Catarina visita o Sindipi

Na quinta-feira, 2 de abril, foi realizada na sede do Sindipi a cerimônia de encerramento da segunda turma do curso de aquaviários, das categorias: pescador pro-fissional (POP) e motorista de pesca (MOP). O curso foi realizado em parceria entre o Sindipi e a Capitania dos Portos de Itajaí.

Mais formaturas no SindipiNo dia 1º de abril, a Radionaval apresentou aos associa-

dos do Sindipi o serviço Seastar de informações pesqueiras. O Seastar é um software que permite aos capitães, mestres de pesca, e gestores de frota, visualizar e manipular dados captados por satélite, como imagem e dados oceanográfi-cos, para concluir sobre os melhores locais e alturas para pesca.

Informações Pesqueiras

Divulgação Sindipi Divulgação Sindipi

Divulgação Sindipi

Na sexta-feira, 20 de março, aconteceu na sede do Sindipi a cerimônia de encerramento dos cursos de MOP e POP. Os cursos são o resultado de uma parceria entre o Sindipi e a Delegacia da Capitania dos Portos de Itajaí. Depois de uma semana de aulas, os 23 par-ticipantes receberam com entusiasmo seus certificados. No evento, o presidente do Sindipi, Dario Luiz Vitali, falou sobre a importância da mão-de-obra qualificada e parabenizou a todos pela conquista.

Formatura no SindipiDivulgação Sindipi

18 Revista SINDIPI

A CriAção do SiNdiPi

O Sindipi nasceu em 1977, com 18 empresários. Na época ainda Associação Profissional

da Indústria da Pesca de Itajaí – API-PI. A associação foi oficializada com a presença de importantes empresários ligados ao setor, autoridades de Itajaí e região. Em 14 de maio de 1979, a associação passou a condição de Sin-dicato, a decisão foi tomada através de assembléia realizada entre empresários da indústria da pesca e armadores. A solicitação pela mudança foi enviada ao Ministério do Trabalho e a entidade passou a existir legalmente no dia 28 de abril de 1980.

Já se passaram 29 anos. A entida-de, como todos os outros setores da

economia local e regional, passou por inúmeras adversidades e conquistas. O Sindicato surgiu com o objetivo de fortalecer ainda mais o setor além de promover estudo, coordenar, proteger e fazer a representação legal das in-dústrias da pesca, captura, armazena-mento e beneficiamento de pescados e mariscos de Itajaí e região, assim como dos armadores da pesca, pessoas físi-cas ou jurídicas, dos aquicultores, psi-cultores marinhos, dos proprietários, armadores, arrendadores, locatários e cessionários de embarcações pesquei-ras da região.

Levando-se em conta que o estado catarinense é um dos mais importantes na produção do pescado e o maior

produtor de pescado marinho do Bra-sil, e que Itajaí, localizada no litoral de Santa Catarina, ocupa a primeira posição no ranking de pólo pesqueiro nacional, os empresários do setor re-gional resolveram criar uma estrutura a altura da rentável atividade econômica. O setor é considerado o mais importan-te não só para Itajaí, como por todos os municípios que possuem indústrias pesqueiras e são atendidos pelo sindi-cato: Araquari, Balneário Camboriú, Barra Velha, Blumenau, Bombinhas, Brusque, Camboriú, Gaspar, Ilhota, In-daial, Itapema, Itapoá, Jaraguá do Sul, Joinville, Navegantes, Penha, Piçarras, Pomerode, Porto Belo e São Francisco, no Estado de Santa Catarina.

EntIDADE

SuPERANDO ADvERSIDADES E CElEbRANDO CONquISTASSINDIPI COmPlETA 29 ANOS

O Sindicato das Indústrias Pesqueiras de Itajaí e Região – Sindipi

completou no dia 28 de abril, 29 anos. A entidade conta

hoje com aproximadamente 240 associados e uma história

de adversidades e conquistas

O secretário e vice-presidente do Sindipi, Giovani Genázio Monteiro, des-taca que a grande importância do sindicato foi ter conquistado nesses últimos anos o grande respeito que todas as categorias merecem. Para ele, impor-tantes fatos marcaram essa evolução, como a criação de câmaras setoriais, a paralisação e greve de 2006, a criação da Coordenadoria Técnica e o Termo de Cooperação com Univali. “O grande interesse de nossos associados em participar das reuniões serve para que possamos dar legalidade e poder atuar defendendo os interesses de nossos associados nas mais diversas modalida-des. É uma briga incansável, pois nem sempre podemos confiar na palavra do governo”, comenta.

“Já está na hora do verdadeiro comprometimento do gover-no com o setor, pois o setor produtivo evoluiu e vem buscado

parcerias para a pesca sustentável e consciente no país.”

Giovani Genázio Monteiro - Secretário/Vice-PresidenteGestão 2008/2010

Revista SINDIPI 19

dirEToriA E CâMArAS A entidade hoje está sendo presidi-

da pelo empresário Dario Vitali, o vice-presidente é Giovani Genázio Monteiro e tem como tesoureiro Edson Vaz Pires. Essa diretoria executiva assim como conselheiros, delegados, suplentes e os membros das câmaras atuam no triê-nio de 2008/2010. O sindicato possui câmaras setoriais, que tem por objetivo oferecer apoio técnico das atividades desenvolvidas e praticadas no setor. Durante as reuniões das câmaras são apresentadas sugestões, propostas e orientação técnica à Diretoria Executi-va, a intenção é melhorar as atividades econômicas e atender melhor as finali-dades sociais da entidade. Ao todo são

“O setor pesqueiro só será forte se o sindicato que o representa for forte e organizado,por isso precisamos de nossos associados juntos e ativos na entidade”

Edson Vaz Pires – TesoureiroGestão 2008/2010

Para o tesoureiro da entidade, Edson Vaz Pires, com a criação do Sindipi, há 29 anos, o setor passou a ter uma entidade forte e organizada para atender às demandas das indústrias e profissionais da pesca, bem como de órgãos públicos. Empenho no repasse da subvenção do óleo diesel aos associados, contratação de assesso-ria técnica, organização dos defesos perante os órgãos públicos e divulgação ao setor, nova sede e câmaras setoriais operantes são algumas das contribuições positivas do sindicato. Para Vaz, a posi-ção do Sindipi após a enchente do ano passado foi essencial para a reconstrução das indústrias atingidas. “De imediato a entidade se articulou com o Governo Federal e entregou o levantamento dos danos causados, para que o setor pudesse se reestruturar através de linhas de créditos a longo prazo.” diz

Março de 2009 foi importante para o setor. Edson destaca que ter um elo com o Governo Federal é essencial para a busca de solução para os problemas inerentes da pesca oceânica.

Para o presidente do Sindipi, Dario Vitali, foi com uma história de lutas que a entidade chegou aos 29 anos: “Gostaria aqui de demonstrar minha alegria e satisfação pela passagem do nosso ani-versário”, comenta.

Vitali diz que, olhando a trajetória do sindicato, têm-se muito a comemorar: “Chegamos aos dias de hoje, consolidados como a maior entidade de classe patronal do setor pesqueiro nacional, uma entidade com uma capacidade organizacional digna de admiração” afirma.

“Parabéns a todos aqueles que compõem esta entidade e que com seu trabalho e dedicação a engrandecem

cada vez mais”

Dario Vitali – PresidenteGestão 2008/2010

oito câmaras: do cerco, Indústria, Atum, Arrasto, Emalhe,Camarão Sete Barbas, Rosa e Óleo Diesel Marítimo.

AdvErSidAdESE CoNquiSTAS

Durante essas quase três décadas de história alguns fatos ficaram marcados na entidade. Destaque para o final de 2008, quando parte do Estado sofreu com a enchente de novembro. O setor pesqueiro de Itajaí e região também foi afetado. A indústria da pesca da região contabilizou um prejuízo que ultrapas-sou a casa dos 50 milhões de reais. O Sindipi doou vários fardos de leite e água para contribuir e tentar minimizar os momentos de angústia. O Ministro

da Pesca Altemir Gregolin esteve na re-gião e na sede do sindicato, discutindo junto aos empresários medidas urgentes que foram tomadas para restabelecer o setor com rapidez.

Já este ano, em março, a Câma-ra dos Deputados Federais, discutiu e aprovou o Projeto de Lei que cria o Mi-nistério da Pesca. Uma conquista ímpar para os empresários e trabalhadores da pesca, assim como para a entidade. Detalhes sobre esse assunto você en-contra na matéria Especial nas páginas 12 e 13.

Texto Christiane Pinheiro

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ESPéCIE

CORvINAO peixe é da espécie Micropogonias furnieri, tem o corpo alongado e levemente comprimido, coloração prateada, com o ventre branco ou amarelado e estrias escuras e oblíquas no dorso e nas laterais. A boca tem dentes diminutos, com a forma de saliências arredondadas, e abaixo dela se encontram pequenas barbas sensitivas, que ajudam a encontrar o alimento no fundo. A corvina também é conhecida por emitir sons semelhantes a roncos. Pode viver mais de 20 anos e atingir quase um metro de comprimento.

A corvina é encontrada desde a Península de Yucatán, na costa mexicana do Mar do Caribe, até o Golfo de San Matias, na Argentina. As

maiores concentrações ocorrem em re-giões costeiras que apresentam desem-bocaduras de grandes rios, estuários e manguezais. A sua presença nestes ambientes de água salobra ocorre em determinadas etapas do ciclo de vida. Em mar aberto, pode ser encontrada em profundidades de até 80 metros, em locais com fundos de lama, areia ou cascalho. Além de tolerar grandes variações de salinidade, a corvina pode viver em temperaturas de água varian-do entre 10ºC e 30ºC.

A dieta da corvina varia de acordo com o tipo de fundo, ambiente e a fase do seu ciclo de vida. Sempre se alimen-ta no fundo, desenterrando poliquetas e moluscos ou caçando camarões e pe-quenos peixes.

A corvina é uma espécie que cresce mais rapidamente quando está na fase juvenil, atingindo cerca de 20 cm em pouco mais de um ano. Esse crescimen-to acelerado ocorre enquanto os peixes se encontram no interior de ambientes estuarinos, onde há riqueza de alimen-tos, água mais quente e abrigo contra predadores. Após essa fase da vida, as corvinas vão para o mar aberto e o crescimento se torna cada vez mais len-

Revista SINDIPI 21

Fotos: Christiane Pinheiro

to. Os exemplares adultos podem viver até 24 anos, atingindo comprimento em torno de 95 cm.

A corvina apresenta sexos separa-dos, sem diferenças visíveis entre as fê-meas e os machos. A idade da primeira maturação ocorre com um ano e onze meses para as fêmeas e um ano e cinco meses para os machos, com um com-primento total variando de 25 a 40 cm. A quantidade de ovas por fêmea cresce com o comprimento do peixe, ou seja, quanto maior o tamanho, maior o nú-mero delas, com uma média em torno de 600 mil ovas por fêmea.

A desova é parcelada, o que signi-fica que os peixes desovam várias ve-zes durante um período de tempo re-lativamente grande, que geralmente se estende do final do inverno ao verão, dependendo da região. Para desovar, machos e fêmeas se agregam em gran-des cardumes, em locais próximos da costa, expelindo ovas e espermatozoi-des na água. Após a fecundação, os ovos são deixados à deriva nas corren-tes, se transformando em larvas após alguns dias. O futuro das larvas irá de-pender da sua entrada em algum rio ou estuário, quando irão se tornar peixes juvenis. Quanto mais próximo destes ambientes ocorrer desovas, maiores serão as chances de sobrevivência das larvas. Tanto que existem evidências da entrada de cardumes de corvina nos es-tuários da Lagoa dos Patos e do Rio da Prata, para desovar mais próximo dos melhores locais para criação das larvas e crescimento dos juvenis.

Dentro da ampla distribuição da espécie ao longo da costa atlântica da América Latina, existem diversas po-pulações separadas pela geografia do litoral e pelas condições das correntes marítimas em mar aberto. Estas popu-lações apresentam características pró-prias, como rotas migratórias, épocas de reprodução, locais de desova, tama-nho da primeira maturação e taxa de crescimento. Atualmente, essas diferen-tes populações podem ser distinguidas com maior precisão pela análise das suas características genéticas.

Segundo pesquisas recentes, nas costas Sudeste e Sul do Brasil existem pelo menos duas populações de corvi-na, uma ocorrendo desde Cabo Frio,

no Rio de Janeiro até o Cabo de Santa Marta, em Santa Catarina. A outra po-pulação ocorre na costa do Rio Gran-de do Sul, se estendendo pela costa do Uruguai, incluindo a desembocadura do Rio da Prata.

A PESCA dA CorviNAA corvina é capturada na pesca

esportiva, na pesca artesanal e na pesca industrial. Na costa brasileira, sua densidade cresce do Norte em direção ao Sul, sendo mais explora-

Cornvia sendo descarregada.

Pescador satisfeito com a pescaria 12 toneladas de Corvina

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da a partir de Cabo Frio, no Rio de Janeiro.

Segundo a estatística da pesca de 2006, do Ibama, de uma produção to-tal de 45 mil toneladas de corvina, o maior volume foi registrado em Santa Catarina, com 45% da produção na-cional, seguido pelo Rio Grande do Sul (18%), São Paulo (11%), Rio de Janeiro (9%), Pará (7%) e Maranhão (7%).

Em Santa Catarina, os mesmos dados de 2006 apontam que 90% da produção foram provenientes da pes-ca industrial. Porém, a corvina é muito importante para a pesca artesanal, pois representa 20% de tudo que é produ-zido por este segmento no litoral cata-rinense, de acordo com as estatísticas oficiais.

Nas regiões Sudeste e Sul do Bra-sil, a pesca artesanal ocorre tanto em mar aberto como em estuários, onde predominam peixes juvenis, chamados de “cascotes”. A maior parte das captu-ras da pesca artesanal é realizada com emprego de redes de emalhe, em mar

aberto, predominando peixes com mais de 30 cm. Esse tamanho fica acima do mínimo permitido pela legislação, que é definido em 25 cm pela Instrução Normativa MMA 53/2005. A safra da corvina para a pesca artesanal coincide com a época de reprodução, na prima-vera, quando os adultos se aproximam da costa para desovar, formando gran-des cardumes. A produção artesanal é destinada ao mercado de peixe “in

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Toneladas

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

natura”, comercializado principalmente em mercados e feiras, a preços popu-lares.

Os desembarques de corvina da frota industrial de Santa Catarina fica-ram em torno de 14 mil toneladas em 2008, representando 11% da produção industrial do estado. O gráfico abaixo apresenta a produção industrial de cor-vina desde 2001, de acordo com da-dos publicados pela Univali.

Fonte: www.univali.br/gep

Revista SINDIPI 23

A produção industrial apresentou em 2008 as maiores capturas no segundo semestre do ano, conforme o gráfico abaixo. A frota de emalhe respondeu, em 2008, por cerca de 80% da corvina desembarcada em Santa Catarina.

Fonte: www.univali.br/gep

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A corvina procedente da frota in-dustrial se destina principalmente à in-dústria, que beneficia o produto geral-mente para comercialização na forma de peixe inteiro eviscerado ou em pos-tas, ambos congelados. Uma grande indústria da região de Itajaí informou

Por: MSc Roberto WahrlichOceanógrafo e

Coordenador Técnico do Sindipi.

que seus principais mercados de corvi-na são os estados da Bahia (36%), São Paulo (22%), Pernambuco (16%), Rio de Janeiro (13%) e Paraíba (5%).

24 Revista SINDIPI

PESCA

Uma típica tarde de inicio de outono. Temperatura na casa dos 25 graus, sol forte, duas horas da tarde. Quatro irmãos reu-

nidos numa oficina. Agulhas, facas e mãos calmas pela experiência, outras inquietas como a juventude acertan-do ponto a ponto. Trabalho cheio de histórias que ultrapassa 50 anos. Os irmãos Davi, Mateus, Thiago e Jonatas Estevão Felisberto herdaram a arte do pai, o conhecido no setor pesqueiro, João da Rede.

O oficio diário é confeccionar e consertar as redes dos barcos indus-triais da frota itajaiense, catarinense e de outros estados como São Paulo e Rio de Janeiro. A empresa é espe-cialista em redes de arrasto. Davi, o mais falante, nos conta que o pai ini-ciou o trabalho no final da década de quarenta e inicio de cinqüenta, hoje se afastou para descansar. Dos oito fi-lhos, quatro sentiram que não podiam deixar a arte morrer e desde pequenos já se interessavam pelo serviço. Como o filho de Davi: Gabriel, de oito anos. Durante a tarde o garoto fica em volta do pai e tios, observando, analisando cada movimento feito na enorme rede, talvez já esteja se preparando para dar continuidade ao legado do avô.

Trabalho manual que mantém clientes fiéis

O trabalho é minucioso, às vezes, como afirma Mateus, entra madruga-da e pode levar dias, em uma mesma rede. A de camarão rosa, por exemplo, tem de 28 a 30 metros e dependendo do estado que chega até a empresa, os quatro dispensam algumas horas no conserto. Os irmãos, juntos, con-seguem consertar uma média de cinco redes por semana. Além de fazer a ma-nutenção, eles também confeccionam o equipamento. A rede comprada em empresa instalada na cidade de Itajaí vem em fardo, na embalagem apenas uma rede. Máquina, apenas uma para enrolar o equipamento. O serviço mais

importante é feito manualmente, par-te por parte é verificada e consertada, tudo com a tradicional agulha de pes-ca e uma faca simples para cortar o nó do ponto. Uns preferem ficar em pé, outros sentados, durante o trabalho trocas de experiências, conversas so-bre a família, futuro, histórias. Um tra-balho sério e divertido, regado a caldo de cana, que refresca e ajuda a repor as energias para agilizar o serviço.

A empresa possui em sua cartela de clientes 50% novos e 50% fiéis, alguns apostam no trabalho do João da Rede & Filhos há 30 anos. O espaço reser-vado para as redes consertadas já está lotado, em outro espaço as redes para o conserto também estão crescendo - com o defeso do camarão o trabalho dos quatros irmãos é grande.

Davi conta que a empresa possui também um serviço que facilita para o armador, é o tradicional leva-e-traz. Quando o barco chega no porto eles já estão prontos para buscar o equi-pamento e iniciar o trabalho e assim que concluem a rede é entregue. Um agrado que tem conquistado cada vez mais clientes.

O trabalho ocupou lugar do estudo

O amor pelo trabalho é tão grande que Mateus desistiu da escola para dar continuidade ao serviço do pai. Diz que estudou até o ensino fundamental. “Quando era criança, minha vida já era na beira da praia vendo meu pai

Arte de coNfeccIoNAr e coNsertAr redes de pescApAssA de pAI pArA fIlhosUm dos instrumentos mais importantes para a pescaria, a rede, até hoje é confeccionada e consertada manualmente. Um trabalho minucioso que pode levar dias. Um ofício que envolve cerca de quatro a cinco homens. Em algumas empresas, o trabalho é passado de geração para geração

davi tem orgulho do ofício que herdou do pai

Revista SINDIPI 25

puxar rede, em seguida ele começou a consertar as redes, o hobby virou ati-vidade comercial, eu mesmo deixava de ir para a escola para ajudar o pai, já que os clientes iam aumentando e o número de redes também” comenta.

Davi lembra que no inicio o pai car-regava a rede de carroça. O amor pelo ofício o encantou também. Adotou a empresa como fonte de renda para sus-tentar a família e se dedica dia e noite, mas afirma desejar que os filhos sigam outro caminho, estudem, se formem, inclusive o pequeno Gabriel, que já de-monstra interesse pela atividade.

Thiago, o mais novo, com 23 anos, concluiu o ensino médio e parou, não ingressou em um curso superior, tam-pouco foi tentar outro emprego, achou mais fácil atuar junto com os irmãos, já que a empresa também faz parte da vida dele.

Jonatas diz que trabalhar em família é mais cômodo, não precisa dar expli-cação para chefe e pode acordar mais tarde, não tem hora para o serviço, se compromete, mas faz seu próprio horá-rio. Também não continuou o estudo. Destaca que não se interessa em bus-car ocupação no mercado de trabalho porque nunca vai receber salário com-patível com o que recebe na empresa da família.

“Cobrança na empresa é a res-ponsabilidade, isso fazemos questão de dar continuidade, o pai iniciou a empresa e nós temos a obrigação de manter ela ativa e com respeito” fina-liza Davi.

O redeiro Nestor também repassa a atividade para o filho

Nestor Júlio da Silva foi pescador durante 50 anos. Após ser surpreen-dido por problemas cardíacos, optou por uma atividade mais leve, porém fez questão que fosse ligada a pesca. O conserto de redes de cerco entrou na vida do pescador há 30 anos. Ele alu-gou um enorme galpão no bairro São João, em Itajaí, e com um sócio iniciou a atividade.

A empresa se firmou no mercado e hoje possui uma cartela de clientes de Itajaí e região e outros estados como

Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

A empresa do ex-pescador monta e conserta redes. São redes de 300 me-tros de comprimento, podendo alcançar 800 metros com a colocação de bóias e chumbos, essenciais para a pesca de cerco.

O filho segue os passos do pai

A exemplo do redeiro João, seu Nestor também está se preparando para deixar a atividade para o filho Fernando. Dos cinco filhos, apenas ele se interessou em assumir a atividade. Hoje Fernando é quem está à frente da empresa. “O pai até fica por aqui, mas prefere só observar, dar palpite, claro, mas se afastou um pouco” comenta.

Fernando concluiu apenas o ensi-no fundamental. Sem qualificação em outra área, decidiu ingressar no setor de redes há 26 anos, o que está dando certo. Hoje a empresa vive bons mo-mentos com clientes fiéis.

A empresa possui uma característi-ca diferenciada de trabalho, para agili-zar o serviço aposta na experiência dos

homens do mar, aqueles que dedicaram anos na pesca e hoje estão aposenta-dos. Nos meses de maior volume de serviço, como novembro e dezembro, aposentados da pesca são contratados temporariamente para auxiliar no servi-ço. O trabalho se torna um encontro de amigos no qual os contos de pescador, as histórias e as lamentações se entre-laçam nos pontos das redes.

Fernando destaca ainda que a em-presa se orgulha de um serviço em especial, oferecer ao cliente trabalho itinerante. “Se o armador preferir, nos dirigimos até o porto onde o barco an-corou para fazer o conserto da rede. O trabalho tem rendido bons resultados, geralmente levamos três dias para con-cluir o serviço e o barco já retorna ao mar com a rede nova” acrescenta.

Para Fernando o trabalho de con-serto e montagem da rede é uma obra que máquina nenhuma pode substituir. Para ele a atividade artesanal é tão an-tiga quanto a pesca e completa a boa pescaria.

os filhos de João da Rede unidos pelo trabalho

Fotos: Christiane Pinheiro

Texto Christiane Pinheiro

26 Revista SINDIPI

PESQUISA

PESquISADORES EmbARCAm NA fROTA DE EmAlhE

Nos últimos oito meses, es-tão sendo realizados em-barques com observado-res científicos na frota de rede de emalhe de fun-

do. Isso foi possível mediante o termo de cooperação técnica firmado entre a Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e o Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí (Sindipi). Esse termo, assinado em fevereiro de 2008, foi viabilizado para respaldar o convênio realizado entre a Secretaria Especial de Aquicul-tura e Pesca – Seap/PR e Univali, que tem como objetivo monitorar a pesca costeira industrial das frotas de arrasto, emalhe e traineira.

A motivação também surgiu pela urgência de ordenamento dessa pes-caria, tornando-se fundamental a ge-ração de dados para pesquisa e ava-liação das espécies capturadas, da fauna acompanhante, das condições de conservação a bordo do produto, além de informações complementa-res.

A bordo, os pesquisadores obtêm dados precisos sobre a operação de pesca, lances efetuados, sobre a com-posição das capturas, bem como a realização de amostragens de compri-mento e a coleta de amostras biológi-cas. Ressalta-se que os pesquisadores possuem capacitação técnica específi-ca para a função, e não têm atribui-ção de fiscalização das operações de pesca ou das espécies capturadas. As informações coletadas também não podem ser utilizadas posteriormente com fins de autuações de eventuais faltas com a legislação em vigor, pois os embarques de observadores cientí-ficos não são regulados pela Instrução Normativa que instituiu o Programa Nacional de Observadores de Bordo (Probordo).

NúMEROSOs dados do monitoramento dos

embarques realizados na frota de rede de emalhe de fundo foram compilados pelo Grupo de Estudos Pesqueiros da Univali (GEP/Univali), sendo apresen-tados a seguir.

Foram acompanhadas, até o mo-mento, sete viagens de pesca, totali-zando 163 dias de mar, 127 dias efeti-vos de pesca e 125 lances realizados. As embarcações monitoradas concen-traram sua operação nos meses de ju-lho a setembro, ao largo da costa de

Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Já nos meses de outubro a dezembro, as operações se concentraram na costa do Rio Grande do Sul. A profundidade de operação da atividade pesqueira variou de 22 a 91 metros. A produção de pescado foi totalizada em 165,5 toneladas, sendo 155 toneladas de corvina.

O trabalho a bordo incluiu amos-tragens de “composição de captura”, nas quais se contavam e identifica-vam todos os organismos capturados

Revista SINDIPI 27

Texto Jéssica Martinez Feller

Pesca de mãos dadas com a pesquisa

pela rede, em 104 lances de pesca. Esse procedimento registra também a captura de espécies protegidas por legislação específica, visando a avaliação da incidência destes or-ganismos nas redes de emalhe. Fica evidente que a captura, como fauna acompanhante, de algumas espécies de peixes relacionados na lista de ameaçados de extinção, é inevitável, o que leva à necessidade de se esta-belecer um limite mínimo de captu-ra permitida para estas espécies, de pelo menos 5%.

Em relação à espécie-alvo, foram medidas 37.041 corvinas em 122 lances de pesca, para se conhecer o estrato da população que está sen-do explorado em cada área. Desta mesma espécie foram coletadas 292 amostras de gônadas, para avaliar em posterior análise de laboratório a proporção entre sexos e a fase do ciclo reprodutivo em que ocorreram as capturas.

Estes resultados, com maiores detalhes, foram apresentados em reunião da Câmara Setorial de Emalhe do Sindipi, realizada no dia 4 de março. Como resultado da-

quela reunião, outros armadores aderiram à pesquisa, resultando no aumento do número de barcos e viagens de pesca com o acom-panhamento de pesquisadores. Até o fechamento dessa matéria já se contava 14 viagens monitoradas da frota de emalhe.

O fortalecimento e o futuro da atividade produtiva somente po-derão ser viabilizados por meio da pesquisa pesqueira aplicada. Nes-ta parceria, o setor produtivo de-monstra maturidade ao participar de forma efetiva em pesquisas que servirão de subsídios para que o Go-verno Federal defina as normas que regulamentam a pesca industrial nas regiões Sudeste e Sul do Brasil.

Michele Beatrice Anacleto Oceanógrafa e integrante da

Coordenadoria Técnica do Sindipi

Christiane Pinheiro

28 Revista SINDIPI

ECOnOMIA

CREDIfOz COOPERATIvA DE CRéDITOOfERECE CRéDITO PROmOCIONAl PARA O SETOR PESquEIROCooperativa de Crédito Credifoz completa um ano com resultado positivo em Itajaí, Santa Catarina. Linhas de crédito como Crédito Promocional Pesca contribuem para o crescimento das operações que já somam R$ 1 milhão

Vice-presidente aposta no cooperativismo Cidadão pode pagar contas normalmente

A Credifoz Cooperativa de Cré-dito dos Empresários da Foz do Rio Itajaí-Açu iniciou as atividades em oito de janei-ro de 2008. É uma socieda-

de civil sem fins lucrativos e não está sujeita à falência. Tem por objetivo pro-porcionar crédito, serviços financeiros e educação cooperativista aos clientes, sendo observados os princípios coope-rativista em todas as ações. Em um ano de operação, a Credifoz já ultrapassa a marca de R$ 3 milhões em ativos e aproximadamente R$ 1 milhão em ope-rações de crédito. Atentos ao mercado e ouvindo a demanda dos cooperados, o conselho de administração da coo-perativa resolveu criar quatro linhas de

crédito em 2008: Credifoz Auto Pro-mocional, Crédito Promocional Pesca, Crédito Consignado em Conta e Inves-timentos em Empresas.

Linha de Crédito Promocional Pesca

De acordo com o vice-presidente da Credifoz, Francisco Carlos Gervasio, a linha de crédito oferecida ao setor da pesca é de até R$ 30 mil, que pode ser parcelada em 12 vezes. “O juro é também atrativo, menor que o pratica-do no mercado: é de apenas 2.05% ao mês” acrescenta. Gervasio ainda des-taca que a linha de crédito foi criada para auxiliar na aquisição de insumos,

bem como reformas das embarcações. O benefício para o setor foi implantado em outubro do ano passado e possui uma procura significante.

Para usufruir dos benefícios da coo-perativa, os interessados devem adqui-rir cotas de participação. Mediante a quantidade de cotas, veem as conquis-tas. A Credifoz iniciou com R$ 250 mil, em 10 meses de operação alcançou os R$ 428 mil.

A cooperativa realiza a distribui-ção de benefícios aos cooperados, já que todo dinheiro que entra no Posto de Atendimento Cooperado- PAC é do cliente também.

Na região de Itajaí, a cooperativa conta com o apoio de entidades como a

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CONFIRA NOS

qUADROS AO

LADO A

MOVIMENTAçãO

POSITIVA DA

CREDIFOz EM UM

ANO DE

FUNCIONAMENTO:

Equipamentos modernos agilizam o atendimento

Fotos: Christiane Pinheiro

Texto Christiane Pinheiro

Associação Empresarial de Itajaí (ACII), a Associação Empresarial de Navegan-tes (Acin), Câmara de Dirigentes Lojistas de Navegantes e Penha (CDL) , a Asso-ciação Empresarial de Penha (ACPEN), Associação Empresarial de Balneário Camboriú e Camboriú (Acibalc) e o Sindicado das Empresas de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi).

Além de ter a certeza que o recurso investido na cooperativa gira na cidade, o cooperado tem benefícios como menor juro no cheque especial, desconto de títu-lo e tarifas de taxa de juros baixas e isen-ção de taxa de manutenção da conta.

A Credifoz possui um posto de aten-dimento ao cooperado em Itajaí e, no próximo dia 30 de abril, iniciam-se as atividades também no município de Navegantes. A ideia da implantação da cooperativa veio de um grupo de em-presários e tem como objetivo prestar serviços financeiros, proporcionando a concessão de empréstimos com base na poupança coletiva.

Sem fins lucrativos, a Credifoz pos-sui um atendimento personalizado e está com as transações sempre focadas nos cooperados.

Seguros diversos, débitos automáti-cos, cheque especial e cartões de cré-dito, são algumas das vantagens da cooperativa. Além dos benefícios, o co-operado ainda participa da distribuição das sobras, que é proporcional à sua movimentação financeira. Isto é, quanto mais se trabalha com a Credifoz , maior é o retorno. Para garantir a transparên-

cia, confiança e solidez, a cooperativa é ligada a Osesc, que é a Organização das Cooperativas de Santa Catarina. Dentre outras ações, a Osesc realiza estudos e proposição de soluções, fo-mento e criação de novas cooperativas, assistência geral ao cooperativismo e prestação de serviços de ordem técnica em nível de direção, funcionários e as-sociados às cooperativas filiadas.

Números positivos em 2009A Credifoz comemora os números

positivos do primeiro ano de funciona-mento em Itajaí. Iniciou com 50 e hoje já conta com 500 cooperados. Possui uma sobra de R$ 28 mil. A expectativa do conselho de administração é che-gar no fim deste ano com mais de mil

cooperados. “Em Santa Catarina, um quarto da população está envolvida, de alguma forma, com cooperativas, o quadro vem crescendo” afirma o vice-presidente.

Na Credifoz, qualquer cidadão pode participar, assim como todos os mem-bros da família. No caso de empresário, os colaboradores, fornecedores, enfim, todos ligados a ele, podem se tornar cooperativistas. O posto que funciona das 10 horas às 16 horas, está aberto ao público em geral para recebimentos de faturas e impostos. Gervasio ainda lembra que os recursos movimentados na cooperativa permanecem na cidade de origem, uma das grandes vantagens da Credifoz, que contribui para o forta-lecimento da economia local.

Um acordo entre a Credifoz e Ban-co do Brasil garante a movimentação da conta quando o cooperado estiver fora da região ou estado.

Credifoz

Itajaí Rua Dr. Cacildo Romagnani nº

649 Centro. Fone: 47-3349-9085

NavegaNteSavenida Santos Dumont nº

402 Centro.

Site: www.credifoz.coop.br

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COnSUMO

cAMINhão do peIxe

Pescado fresquinho, de boa qualidade, a preço acessível na porta de casa. O cidadão de Itajaí, Santa Catarina, está novamente sendo beneficiado

com as ações do caminhão do peixe, veículo que desenvolve o programa municipal Peixe nos Bairros. O cami-nhão havia sido utilizado no período da enchente e, pós, para atender as vítimas, passou por manutenção e no inicio de março voltou a funcionar.

O caminhão, que cumpre uma pro-gramação organizada pela Secretaria Municipal de Pesca e Aquicultura de Itajaí, tem como objetivo percorrer du-rante o ano, todos os bairros do muni-cípio, inclusive os mais distantes, como a zona rural. A intenção, segundo o secretário Agnaldo Hilton dos Santos é incentivar o itajaiense a consumir mais peixe. “O peixe é um alimento que traz inúmeros benefícios ao ser humano e deve estar inserido no cardápio sema-nal do itajaiense. Estamos trabalhando para criar este hábito, por isso o cami-nhão do peixe voltou com força total” destaca.

Durante a quaresma comercialização é reforçada

No período da quaresma a comer-cialização no Caminhão do Peixe foi intensificada, é nesta época que muitas pessoas optam por comer carne branca ao invés da vermelha, seguindo as leis da Igreja Católica. Porém muita gente acha o peixe caro e acaba substituindo a carne por outra proteína, como ovos. Mas em Itajaí o Caminhão do Peixe ga-rante pescado barato na mesa do con-sumidor.

O secretário Agnaldo explica que o carro chefe do Caminhão do Peixe é a

veículo retoma as atividades e oferece peixe fresco com preço baixo à comunidade itajaiense

Consumidores garatem o almoço com saúde

Parceria com o Sindipi resulta em preço acessível

Fotos: Christiane Pinheiro

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sardinha, vendida em média a R$ 1,50 o quilo, mas outras espécies como a corvina, gordinho, lingua-do e emplasto também são encon-trados no caminhão. O secretário ainda comenta que o pescado ad-quirido para abastecer o caminhão é de empresas da cidade, isso de-vido a um convênio firmado com o Sindicato das Indústrias da Pesca de Itajaí -SINDIPI, por isso o pescado é fresco, “não chega nem ir para o gelo” destaca. Hoje o caminhão comercializa por semana aproxi-madamente 1.500 toneladas de peixe.

Consumidor aprova retomada das atividades

As donas de casa, principais consumidoras do pescado no bair-ro, aprovam esse tipo de comércio. “Sou consumidora assídua, compro e recomendo, é fresco e barato, estou sempre de olho na progra-mação, quando vem para o meu bairro ou algum próximo, o almoço está garantido”, comenta a pensio-nista Ivonete Sena.

O grande diferencial do cami-nhão do peixe é a limpeza e a orga-nização. Segundo o secretário, ele faz questão que todos os atendentes estejam devidamente uniformizados, que a embalagem para transportar o peixe seja prática, os balcões sem-pre limpos e higienizados e que o consumidor seja bem atendido.

Para informar o cidadão da vi-sita do caminhão em cada bairro, uma moto equipada com auto-fa-lante percorre todas as ruas um dia antes e durante a permanência do veiculo, além dos anúncios feitos em jornais, rádios e TVs, por meio da Assessoria de Comunicação da Prefeitura.

Caminhão do peixechegou a Itajaí em 2006

O Caminhão do peixe foi en-tregue à comunidade de Itajaí em

11 de setembro de 2006, pelo ministro da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República, Altemir Gregolin. O veículo totalmente equipado com balcões frigoríficos veio para intensificar o programa Peixe nos Bairros, criado em 2005. O cami-nhão entrou em operação com o objetivo de incentivar o consumo de pescado na cidade. Por ser ofe-recido a preços populares, atende principalmente aos cidadãos mais carentes, exatamente aqueles que não cultivavam o hábito do peixe na mesa. De acordo com o secretário Agnaldo, a orientação da Organi-zação Mundial da Saúde (OMS) é que cada ser humano consuma em média 12 quilos de peixe por ano. Nos dados da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca o consumo do brasileiro não ultrapassa os 6,8 quilos. Em Itajaí, o consumo está em torno de 8 quilos, isso com a oferta de pescado mais barato e de qualidade.

O caminhão do peixe tem capa-cidade para nove toneladas e, além do pescado fresco, ainda possui os equipamentos necessários para os congelados.

Onde encontrar a programação semanal do caminhão do peixe

Segundo o secretário de Aqui-cultura e Pesca, o caminhão do peixe percorre todos os bairros e costuma retornar com frequência nas localidades onde o consumo é maior. A agenda pode ser conferi-da no site da Prefeitura Municipal: www.itajai.sc.gov.br no link Sepes-ca. Informações também podem ser obtidas no telefone: (47) 3341-6000.

Texto: Christiane Pinheiro

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COnSUMO

olhA o cAMArão fresquINhoPreço baixo do camarão em Itajaí anima consumidores, que até estocam o produto

Com R$10 a consumidora levou um quilo de camarão

No mês de março ficou im-possível passar pelo Mer-cado Público de Itajaí e sair de mãos abanando. As ofertas eram tentado-

ras e, de longe, era possível escutar os boxistas anunciando: Olha o camarão fresquinho! Somente R$ 10,00 o quilo! A notícia da queda no preço foi longe e atraiu consumidores até do Paraná, o que movimentou o Centro de Abas-tecimento Prefeito Paulo Bauer. Con-sumidores como a aposentada Alber-tina Victorino de Souza, que mora em Balneário Camboriú. Ela não costuma frequentar o Mercado Público de Itajaí, mas no mês de março veio duas vezes, atraída pela oferta: “Está barato e o produto é de qualidade. Estou levando mais alguns quilos para guardar para a Semana Santa”, afirma, ao comprar mais dois quilos de camarão.

Preço do camarão se manteve na Semana Santa

O produto veio da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, onde a safra su-

perou as expectativas, por isso a queda no preço do camarão Rio Grande, ven-dido a pelo menos R 5,00 mais barato do que de costume. “Consegui comprar a R$ 8,00 o quilo, e voltei para com-

prar mais porque gostei do camarão”, comenta a representante comercial Zelir Torquatto, que prefere comprar o produto com casca, para fazer ao bafo. Na semana que antecedia a Páscoa, o

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Texto Soraya da Silva

Preço acessível aguça ainda mais o paladar

Fotos: Christiane Pinheiroboxista Antenor Silveira Filho comemo-rava as vendas, mas alertava: “O preço não deve ficar assim. Quem gosta de camarão precisa aproveitar, pois com a proximidade da Semana Santa, a pro-cura pelo fruto do mar deve aumentar, assim como o valor”. Segundo Antenor, o camarão atrai consumidores que aca-bam levando para casa outros produ-tos, como a lula e o marisco, vendidos a R$ 12,00 o quilo, o cação, que custa R$ 10,00 e a meca, que está sendo co-mercializada a R$ 15,00 o quilo.

Promoção de camarão seguiu até o fim de abril

O Mercado Público de Itajaí co-memora as vendas. Durante as quatro semanas de promoção, foram vendidas onze toneladas de camarão Rio Gran-de. Conforme a responsável adminis-trativa do Mercado, Janine de Oliveira, as vendas superaram as expectativas: “Onze toneladas de camarão em ape-nas quatro semanas é muita coisa! Pro-va de que as pessoas realmente gostam do produto e aprovaram a nossa ini-ciativa”, ressalta. O alto consumo e a grande oferta fizeram com que os con-sumidores encontrassem o camarão Rio Grande a R$ 10,00 o quilo até o fim do mês de abril. A iniciativa fez com que as vendas de pescado aumentassem 60% durante esse período. Segundo Janine, a meta é conseguir promoções de outros produtos ao longo do ano e ofertar pei-xe de qualidade ao consumidor. Depois do camarão, Janine aponta a sardinha

como líder de vendas. O peixe é comer-cializado de três a cinco reais o quilo. O preço acessível e o sabor da sardinha, rica em ômega três, atraem consumido-res em qualquer época do ano.

Como escolher e preparar o camarão

Líder absoluto na culinária do litoral catarinense, o camarão, além de poder ser preparado como prato principal, também empresta seu sabor marcan-te a diversas receitas feitas à base de frutos do mar. Mas é preciso saber es-colher essa delícia. Antes de comprar o camarão o consumidor precisa ficar atento a alguns detalhes: os camarões

frescos têm carne firme, casca inteira colada à carne e cheiro característico, sem ser forte. Jamais compre camarões com manchas escuras, cabeça solta ou odor de amoníaco. Um quilo de cama-rão com casca rende, aproximadamen-te, meio quilo depois de descascado e cozido. Para cada porção, calcule 250 gramas de camarões crus, com cascas, ou 150 gramas quando descascados. Quando cozidos, as cascas tornam-se vermelhas e a carne rosa-pálido. Os camarões congelados devem estar lim-pos, sem a cabeça e cascas, em em-balagem fechada e ainda sem cheiro. Além disso, devem ser usados logo que descongelados.

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SAÚDE

CENTROde AteNdIMeNto Ao trAbAlhAdor

Desde março do ano passa-do, todos os trabalhadores de Itajaí contam com um centro médico moderno e bem equipado. O Centro

de Atendimento ao Trabalhador (CAT), foi implantado com o objetivo de ofere-cer aos trabalhadores e seus familiares, um atendimento mais digno, sem filas, sem espera, com hora marcada e, o mais importante, em um espaço idên-tico a clínicas particulares.

A idéia da implantação do CAT veio de Osvaldo Mafra, presidente do Sin-dicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Itajaí (Sitai). A in-tenção era minimizar o sofrimento dos trabalhadores em momento de enfermi-dade, que necessitavam buscar auxílio de um profissional médico e eram obri-gados a ficar horas em filas do Sistema Único de Saúde. Com a inauguração do CAT, esses problemas, a principio, para os trabalhadores das indústrias de

Atendimento médico personalizado para os trabalhadores de Itajaí, em ambiente agradável e totalmente climatizado, ótima localização e preço acessível

alimentação, foram resolvidos. O Cen-tro iniciou o atendimento com dois den-tistas, um médico clínico geral e uma ginecologista. Hoje já atuam no CAT três dentistas e dois médicos: clínico geral e ginecologista com especialida-de em mastologia.

Demanda ainda é reprimida

De acordo com Mafra, o Centro tem capacidade para realizar até 7 mil procedimentos por mês. Todos os sin-dicalizados têm um leque de benefícios como reembolso na compra de óculos, material escolar e todos os atendimen-tos na clínica, isso sem ônus nenhum. A mensalidade mensal está em torno de R$ 20,00 para o trabalhador, esposa e mais dois filhos até 16 anos de idade. Todos são atendidos com hora marca-da, não há fila de espera, o prédio é

totalmente climatizado, e conta com uma equipe de profissionais bem quali-ficados e eficientes, que busca oferecer o melhor atendimento, já que este é um dos principais objetivos do CAT.

O número de atendidos vem cres-cendo. Hoje são aproximadamente 800 sócios, mas segundo Osvaldo Mafra, a demanda ainda está reprimida, isto porque falta divulgação nas empresas. A expectativa é aumentar o número de beneficiados, só assim o Centro pode crescer e oferecer aos trabalhadores outras especialidades como pediatria e psicologia.

Trabalhadores de outros sindicatos também são beneficiados no CAT

Trabalhadores de outras indústrias como da pesca podem também usufruir os atendimentos do CAT, basta procurar

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a Casa do Trabalhador e fazer o cadas-tro. A mensalidade está em torno de R$ 15,00, com direito a associar esposa e mais dois dependentes, pagando R$ 5,00 por cada pessoa. O grande dife-rencial do CAT é a falta de carência, isto é, o trabalhador pode se associar, pagar a primeira parcela e ser atendi-do imediatamente. O CAT ainda possui convênio com clínicas particulares e os exames solicitados pelos médicos po-dem ser feitos com desconto ou mesmo em clínicas que atendem pelo SUS.

Onde está localizado o Cat:Rua: Escoteiro Júlio César Medeiros, 162, bairro Vila Operária – Itajaí SCTelefone: 47 3348-5986 – e-mail: [email protected] ou [email protected]: www.sitiai.com.br

Onde está localizada a Casa do trabalhador:Rua: José Siqueira, 90, bairro Dom Bosco – Itajaí SCTelefone: 47 3348-4882/ 3349-2576

odontologia é um dos serviços mais procurados no CAT

Texto Christiane Pinheiro

Christiane Pinheiro

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SAÚDE

Só de pensar em peixe, a agen-te de viagem, Karla Freitas Silva, se enche de desejo. Grávida de seis meses, de uma menina, ela não parou

de consumir o alimento: “Adoro todo tipo de peixe, e como sempre que pos-so”. O benefício do consumo de peixe Karla já conhecia, e a recomendação também foi feita pela ginecologista que a acompanha, que só proibiu o consu-mo de peixe cru, como sashimi. “O que evito são frituras, e também consumo bastante frutas e alimentos ricos em fi-bras, tudo em busca de uma gravidez mais saudável”.

Karla está no caminho certo. O con-sumo de peixe durante a gestação pode ajudar, e muito, no desenvolvimento do bebê, principalmente no que diz respei-to à inteligência. O exemplo vem das japonesas.

Há muito tempo se diz que os japo-neses são mais inteligentes que o res-to da população mundial. Verdade ou mito, a fonte para a inteligência pode estar relacionada ao alto consumo de peixe desde a gestação.

Uma prova é a pesquisa feita, em 1989, pelo professor Michael Crawford, que levantou a discussão sobre os be-nefícios do consumo de peixe durante a gestação. Conforme a pesquisa, as crianças japonesas têm um QI mais ele-vado que as da Europa e Estados Uni-dos devido ao hábito de comerem mais peixe e, como consequência, ingerirem mais DHA (ácido docosahexaenóico), ácido essencialmente graxo do tipo omega-3. O DHA, além de ser trans-mitido à criança durante a gestação,

CONSumO DE PEIXEDuRANTE A gRAvIDEz AumENTA A INTElIgêNCIA DAS CRIANçAS

Pesquisa revela que filhos de mães que se alimentam de peixe durante a gravidez apresentam melhores índices de desempenho em atividades ligadas a parte mental

também é liberado pela amamentação. Na mesma pesquisa, ele afirma que o leite materno das mães japonesas con-tém duas a três vezes mais DHA do que o das mães dos Estados Unidos e países europeus. Isso significa que para gerar uma criança com mais inteligência, a gestante e as mães que amamentam, deveriam ter quantidade suficiente de DHA.

A pesquisa mais recente sobre o as-sunto foi publicada em 2007 na revista cientifica Lancet. A pesquisa realizada na Universidade de Bristol e no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Uni-dos, afirma que mães que consomem uma quantidade considerável de peixe durante a gravidez, têm filhos que pos-suem melhor desempenho em várias atividades ligadas a parte mental.

Para chegar a tal conclusão, os pesquisadores entrevistaram 11.875 mulheres grávidas sobre o consumo de peixe e frutos sociais, de comuni-cação, de coordenação motora e o QI dos filhos dessas mulheres até os oito anos de idade. Fatores socioeconômi-cos também foram levados em conta, além de informações sobre a dieta das mulheres.

As crianças de mães que consumi-ram menos de 340 gramas de peixe e frutos do mar por semana apresen-taram um aumento de 48% no risco de acabarem no grupo de mais baixo desempenho em termos de inteligência verbal. Além disso, um baixo consumo de peixes e frutos do mar também foi associado ao aumento do risco de a criança apresentar índices baixos de comportamento e de desenvolvimento

motor, de comunicação e sociabilida-de.

MAS O qUE é O DHA?O DHA é um ácido graxo do tipo

ômega-3 presente principalmente na gordura de peixes vindos de água fria e profunda, como salmão, sardinha, atum, arenque, bacalhau, truta e ca-valinha. O DHA também é encontrado, porém em baixos níveis, em carnes e ovos. Armazenado no cérebro, espe-cificamente na retina ativa das células nervosas, esse ácido acumula-se es-pecialmente nos nervos controladores, e presta um importante papel para manter as células nervosas, regulando as transmissões e ativação das células cerebrais. Com uma estrutura química muito flexível, ele trabalha intensamen-te para tornar as células das paredes cerebrais mais macias, o que significa estimulá-las sempre. Conforme a nu-tricionista da Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí, Mirelle Sifroni Farias, o ômega 3 é um ácido graxo poli-insatu-rado essencial, isto é, o organismo não sintetiza, logo deve ser consumido na dieta. “Além de ser especial, a ingestão do ômega-3 durante a gestação, ele é reconhecido como sendo um nutriente cardioprotetor, por diminuir a taxa de triglicerídeos no sangue, diminuir a hi-pertensão arterial, auxiliar no combate ao câncer, ajudar na depressão, au-mentar a fluidez do sangue, além de ser um importante imunomodulador”, res-salta. O docosahexaenóico da família

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de ácidos graxos ômega 3 são conhe-cidos também por serem componentes fundamentais da membrana externa das células cerebrais, e é por meio dessa membrana que todos os sinais nervosos fluem. Portanto, a presença de ômega 3 cria um ambiente ideal para a troca rápida de “mensagens” entre as células do nosso cérebro, trazendo benefícios como melhora da concentração, me-lhora da memória, aumento da moti-vação, melhora da habilidade motora, aumento da velocidade de reação, neutralização do estresse e prevenção de doenças degenerativas cerebrais, como o Alzheimer e Parkinson.

COMO INgERIRMirelle explica que as crianças cujas

mães consomem quantidades suficien-tes de ácido graxo ômega-3, desenvol-vem maior habilidade cognitiva na pri-meira infância. As mulheres que comem poucos produtos do mar, principalmen-te no início da gravidez, apresentam maior risco de parto prematuro, assim como nascimento de bebês com baixo peso. Segundo a nutricionista, o reco-mendado às gestantes é consumir peixe no mínimo duas vezes por semana, na forma de preparações mais saudáveis, ou seja, assados, grelhados ou cozidos com pouca gordura. No entanto, a in-gestão de ômega-3 durante a gestação pode ser recomendado diariamente, o que proporcionaria melhor desenvol-vimento do bebê. Porém, ela ressalta que não é só pela ingestão de peixes. O consumo de outros alimentos como frutas oleoginosas (nozes, castanhas, amêndoas), sementes germinadas de li-nhaça, óleo de linhaça, que são fontes de ômega-3, pode ser uma alternativa. Além de fontes alimentares, o ômega-3 pode ser encontrado na forma de fár-maco, ou seja, suplementos facilmente encontrados em farmácias e estabeleci-mentos de produtos naturais. “Entretan-to, é importante ressaltar que para que o organismo possa usar corretamente os ácidos graxos ômega-3 é necessá-rio que tenham níveis adequados de vitaminas e minerais, além da ingestão adequada de macronutrientes (carboi-dratos, proteínas e lipídios)”. Portanto,

uma alimentação balanceada e saudá-vel promove uma melhor qualidade de vida em qualquer idade.

O CONSUMO DE PEIXEEM ITAjAí

Itajaí é o maior porto pesqueiro do país. Apesar de o peixe ser facilmente encontrado, o consumo do alimento poderia ser bem maior. Conforme Mi-relle, na cidade, assim como em outras do litoral, há um estímulo por parte dos profissionais de saúde, para a maior in-gestão de pescados em todas as faixas etárias. “Por exemplo, no Brasil, várias pesquisas indicam que o consumo de ômega-3 em crianças durante o perío-do escolar aumenta o nível de concen-tração, melhorando consequentemente o rendimento escolar”.

Pensando nisso, há pelo menos seis anos, o peixe faz parte do cardápio das escolas municipais. Essa foi uma forma encontrada pelas secretarias da Saúde e Educação para estimular o consumo do alimento e, com isso, melhorar o aprendizado. Por não poder ter espinha,

a espécie oferecida às crianças é o atum preparado com macarrão ou refogado com arroz. Porém, a aceitação ainda é baixa. Conforme a diretora do Depar-tamento de Orientação e Assistência do Educando, Dulce Amaral, muitas crianças rejeitam o alimento. Por isso, um novo cardápio deve ser elaborado, para que o peixe seja consumido pelos alunos de forma mais prazerosa. “Uma nutricionista deve elaborar um cardápio com as opções de peixe que podemos servir às crianças e novas receitas que vão ser selecionadas, e esperamos que as crianças aprovem”, ressalta.

Se depender de Karla, o peixe vai estar sempre no cardápio da filha, que vai nascer no inicio de agosto. “Incenti-var o consumo de peixe? Com certeza! E se Deus quiser ela vai ser uma meni-na cheia de saúde e energia”, diz Kar-la, que com certeza já deu o primeiro passo, oferecendo ômega-3 à criança desde o ventre.

João Souza

Texto Soraya da Silva

Com mamãe consciente, bebê nasce saudável

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O INvERNO SE APROXImA COm ElE, AumENTAm OS PERIgOS Em AlTO-mARA primavera e o verão foram de condições climáticas complicadas. Previsões de chuvas, ventos fortes e ressacas, deixaram as cidades litorâneas e todo o estado de Santa Catarina em alerta. A previsão indica mais chuvas durante o inverno

tEMPO

Antes de sair com o seu bar-co em direção ao alto-mar, o pescador Admir Braz da Silva, fica atento às condi-ções do tempo. Observa o

vento, o mar e daí então decide pelo início da viagem. Pescador há mais de quarenta anos, aprendeu a conhecer o tempo pela observação, que aliada a um pouco de sorte norteia o mestre de barco na busca por pescaria. Porém, cada vez mais, o pescador alia o seu conhecimento com os dados meteo-rológicos divulgados pela Capitânia dos Portos. O motivo, segundo ele, é que o tempo está surpreendendo cada vez mais. “Não podemos mais confiar somente no nosso conhecimento. O tempo muda de uma hora para outra e, se não estamos bem informados, somos pegos de surpresa, o que não é nada bom em alto-mar”, ressalta o pescador. Um exemplo disso acon-teceu no dia 28 de março, quando um fenômeno assustou a região da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Uma tromba d’água, espécie de tornado sobre o mar, se formou sobre a região. Causado por um sistema de baixa pressão atmosférica e pelo avanço de uma frente fria em direção ao Rio Grande do Sul, o fenômeno, apesar de durar poucos minutos, sur-preendeu principalmente os pescado-res que trabalham no local. Apesar de trombas d’água acontecerem em qualquer estação do ano, essa serviu para alertar os pescadores sobre uma ameaça ainda maior: os ciclones ex-

tratropicais, mais comuns no outono e no inverno.

LA NiñA E EL Niño ESuAS iNFLuêNCiAS CLiMáTiCAS

É reconhecido cientificamente que o fenômeno La Niña, bem como a sua contrapartida, o El Niño, influenciam o clima em várias regiões do globo. Porém, em grande parte das regiões atingidas pelos efeitos destes fenôme-nos climáticos, nem sempre a influência é observada, pois depende do perío-do de ocorrência e respectiva intensi-dade. Para nos explicar melhor o que são esses fenômenos, conversamos com o meteorologista e pesquisador da Epagri-Ciram, Rosandro Boligon Minu-zzi. Segundo ele, o El Niño Oscilação Sul (Enos) é um fenômeno de grande escala que ocorre no oceano Pacífi-co Equatorial. O fenômeno mostra, de forma marcante, a forte interação oceano-atmosfera, que se manifesta sobre a região. A variação irregular em torno das condições normais da região do Pacífico revela duas fases opostas do Enos: “Um desses extremos é repre-sentado pelas condições de El Niño, quando se verifica um aquecimento das águas simultaneamente com diminui-ção da pressão atmosférica no Pacífico leste (também denominada fase quente ou fase negativa), e a situação oposta, ou seja, quando ocorre um resfriamen-to das águas e aumento na pressão

atmosférica na região leste do Pacífico (também denominada fase fria ou fase positiva), representa condições de La Niña”, explica o meteorologista.

Num contexto geral, acredita-se que as anomalias climáticas relaciona-das ao El Niño e à La Niña ocorrem nas mesmas regiões, mas de maneiras opostas. Porém, as respostas das fases do Enos em muitas áreas nem sempre são contrárias e os eventos La Niña afe-tam 5% a 15% mais áreas continentais do que durante os eventos El Niño.

LA NiñA CoMEçA ASE diSSiPAr No PAíS

De acordo com Rosandro Boligon Minuzzi, desde novembro do ano pas-sado as condições predominantes do Pacífico mostram uma situação de resfriamento (águas superficiais frias ou abaixo da média climática), mas devido a sua abrangência na região, com essas anomalias e a intensidade, está sendo considerado um evento La Niña de fraca intensidade, que deve-rá se dissipar nos próximos meses. A sua influência no Brasil é mais visível no Norte/Nordeste, resultando em chuvas acima da média e no Sul do Brasil, com chuvas abaixo da média. Quanto a relação do fenômeno com a atual estiagem, ainda é cedo para afirmar se a La Nina está sendo o fator responsável por tal adversidade mete-orológica em Santa Catarina, tendo em vista que, estiagens nem sempre

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ocorrem conjuntamente com o fenô-meno Enos.

o LA NiñAE o ouToNo E iNvErNo

Apesar das chuvas que ocorreram nos últimos dias em todo o Estado, o cenário em Santa Catarina continua de estiagem nas regiões interioranas, pois os volumes de chuva acumula-dos ainda não alcançaram o espera-do para o mês, e de chuva acima da média climática no litoral. Quanto à temperatura, deve retornar gradativa-mente a sua característica do outono, ou seja, com temperaturas amenas à noite e mais elevadas durante o dia, fazendo com que as amplitudes térmi-cas (diferença diária entre a tempera-tura mínima e a temperatura máxima) sejam elevadas. É o que nos informa o Laboratório de Climatologia da Univali. Conforme o meteorologista Sergey Alex de Araújo, ainda não é possível prever com segurança como vai ser o outono e o inverno. Porém, ele nos adianta o que os modelos meteorológicos estão apontando para as duas estações. Se-gundo Sergey, desde a metade do ano passado, o fenômeno La Niña atua so-bre o litoral brasileiro. Neste período o oeste catarinense viveu mais as carac-terísticas do La Niña, com longas estia-gens. Já o litoral sofreu com a chuva, que caiu de forma intensa. No mês de novembro choveu 294% a mais do que o previsto, o que causou o maior de-sastre natural de Santa Catarina. Itajaí foi uma das cidades mais atingidas pela força da água, ficando 90% submersa. Já Blumenau e Ilhota foram castigadas pelos deslizamentos de terra. Janeiro e fevereiro também foram marcados por muita chuva mal distribuída, efeito do La Niña, que nesses meses esteve em seu período mais maduro. Já a partir de março o fenômeno começou a se dissipar, e com a chegada do outono, a temperatura do Oceano Atlântico, da Costa do Espírito Santo até a bacia do Rio da Prata, começou a elevar e até o inicio do inverno vai ficar entre 1 e 2 graus acima da média. Conforme Ser-gey, com a água mais quente, aumenta a umidade do ar e com isso as chuvas

se tornam mais frequentes. Por isso, a previsão é de que nos meses de abril e maio a precipitação de chuva fique na média histórica ou abaixo da mé-dia, que é de 108 milímetros em abril e 113 milímetros em maio. Já no mês de junho deve chover mais, a previsão é que haja chuva na média ou acima dela, cerca de 104 milímetros.

PESCAdorES ArTESANAiS dEvEMFiCAr ATENToS AoS NEvoEiroS

Também típico do outono e inverno, os nevoeiros já começam a fazer parte do dia-a-dia dos pescadores. Os nevo-eiros, dependendo de sua intensidade, reduzem a visibilidade há menos de 1km. Com a visibilidade prejudicada, os pescadores ficam mais propícios a acidentes. Conforme dados do Ciram, o nevoeiro pode ocorrer de duas for-mas e sendo ambos, previsíveis:

Nevoeiro de Advecção: nevoeiro resultante da passagem de ar quente e úmido sobre uma superfície fria do ocea-no ou, mais raramente, da passagem de ar relativamente muito frio sobre uma su-perfície oceânica relativamente quente.

Nevoeiro de Radiação: nevoeiro resultante do esfriamento radiante do ar, perto da superfície da terra, nas noi-tes claras e calmas. Este acompanha a grande amplitude térmica, ou seja, durante o dia há um grande aqueci-mento (geralmente devido a pouca nebulosidade) e durante a noite, com a manutenção da pouca nebulosidade há grande perda de radiação para o espaço (resfriamento).

CiCLoNES ExTrATroPiCAiS São MAior AMEAçA PArA A PESCA iNduSTriAL

A região Sul do Brasil é considerada uma região ciclogenética, ou seja, de formação ou origem de ciclones, seja sobre o continente quanto sobre o mar. Por se tratar de um sistema de baixa pressão, está associado a instabilidade atmosférica na região por onde atua.

Em alto-mar, dependendo da intensi-dade, geralmente resulta em ressaca e, nas regiões litorâneas, em fortes raja-das de vento, estando acompanhado de chuvas, na qual estas ficam restritas próximas ao seu interior (ou centro do sistema de baixa pressão).

Os ventos causados pelos ciclones extratropicais podem exceder 120 km/h em alto-mar, risco para os pescadores, principalmente para aqueles que estão em embarcações pequenas. As costas do Rio Grande do Sul e Santa Catari-na são as mais propícias para o apa-recimento de ciclones extratropicais. Em 2007, foram registrados oito e, em 2008, nove ciclones extratropicais. O meteorologista Sergey alerta que para esse ano, cinco ciclones são previstos ao longo do outono e do inverno. Por isso, o pescador deve ficar atento aos boletins meteorológicos apresentados pela Capitânia dos Portos e obedecer às recomendações para permanecer em terra firme ou procurar um abrigo seguro em alto-mar. “Sabemos da gran-de sabedoria dos pescadores em prever o tempo, porém esses eventos naturais estão cada vez mais comuns e intensos. Por isso, os pescadores não devem se arriscar e estar sempre bem informados sobre as condições de tempo e maré” ressalta Sergey.

Vale lembrar que em março de 2004 a população do sul de Santa Catarina e do nordeste do Rio Grande do Sul foi surpreendida por um ciclone, que anos mais tarde foi classificado como furacão. O Catarina, primeiro regis-trado no Atlântico Sul, quando chegou próximo ao litoral estava na sua fase final, com rajadas de ventos de até 180 km/h. Com a passagem do fura-cão, no mar as ondas atingiram cinco metros, o que causou o naufrágio de uma embarcação com seis tripulantes no Farol de Santa Marta, em Laguna, e outra em Itajaí. Vinte mil residências foram destruídas nas cidades litorâneas da Região Sul e a BR-101 ficou inter-ditada.

Texto Soraya Silva

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tURISMO

umA vIAgEm PElO RIO CAChOEIRA DE

JETbuSJá está em operação a primeira hidrovia de Santa Catarina. O ônibus e a van JetBus e o Jettruck estão fazendo a travessia entre Joinville e São Francisco do Sul, norte doEstado, pelo rio Cachoeira

Divulgação Jet Bus Transportes Marítimos

Embarcação atravessa o Rio Cachoeira

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Navegar com segurança e confor-to, apreciando uma bela paisagem pela janela. Desde dezembro do ano passado, turistas e moradores de Join-ville e São Francisco do Sul têm essa oportunidade única. O JetBus, com capacidade para transportar 84 pas-sageiros e três tripulantes, da empresa JetBus Transportes Marítimos, já está atendendo os passageiros.

Ele está operando, por enquanto, nos finais de semana e feriados e tam-bém por fretamento.

A hidrovia Kurt Gern é a primeira de Santa Catarina. A iniciativa foi da em-presa Incasa e contou com o apoio do Governo do Estado. Para a implanta-ção foram investidos aproximadamen-te R$ 1,3 milhão, sendo R$ 790 mil na sinalização náutica que inclui instala-ção de 11 boias (1,00m) na Lagoa Sa-guaçu, oito boias (1,80m) na Baía da Babitonga, 24 lanternas solares (Lagoa de Saguaçu e Baía Babitonga) e 21 ba-lizas de margem (Rio Cachoeira), entre outras intervenções. A hidrovia possui um trajeto de 23 quilômetros, do Mer-cado Público de Joinville ao terminal marítimo de São Francisco do Sul. Para Fernão de Oliveira, proprietário da Je-tBus Transportes Marítimos, a implan-tação do transporte hidroviário entre Joinville e São Francisco do Sul foi um desafio de desbravadores e de muita coragem, idêntico ao vivido pelos co-lonizadores da região. “As dificulda-des com as quais nos deparamos são de todas as ordens, principalmente as naturais. O rio apresenta grandes difi-culdades à navegação em função dos

40 anos de total abandono e elevada poluição; a resistência da comunidade acreditar que é possível navegar pelo rio Cachoeira; a crítica destrutiva, con-dição natural das pessoas em primeiro criticar para depois ajudar; além dos aspectos técnico-burocráticos, como a obtenção de licenças, autorizações, etc. Aliado a tudo isso, no Brasil esta condição de navegação foi pioneira”, destaca.

Setor turístico: o primeiro a ser atendido

A princípio, a hidrovia foi implanta-da para atender o setor turístico, mas o gerente de Desenvolvimento Econô-mico Sustentável e Agricultura, da Se-cretaria de Estado de Desenvolvimento Regional de Joinville, Felipe Romer Ba-tista, não descarta a possibilidade de futuramente o transporte servir também para desafogar o trânsito de Joinville, maior cidade do estado. “Há estudos para desenvolver o transporte entre os bairros. Essa seria uma alternativa ba-rata e rápida para que futuramente a população pudesse se locomover den-tro do município” argumenta. Para Ma-noel Mendonça, secretário de Desen-volvimento Regional em Joinville, com a primeira hidrovia de Santa Catarina, a região Norte ganha uma ferramenta de geração de novos empregos e empre-endimentos, bem como de estímulo ao entretenimento e lazer. Para o retorno de navegação pelo Rio Cachoeira foi necessário um intenso trabalho de dra-gagem, realizado pela empresa Costa

Sul Serviços de Dragagem. Foi feito o desassoreamento do canal de navega-ção do rio, em quatro trechos distintos, localizados entre o Mercado Público de Joinville e a Ponte do Trabalhador. Com a dragagem, a profundidade do Rio Cachoeira foi aumentada, permitin-do fixar os horários de saída e chegada das embarcações.

Recuperação ambiental de mãos dadas com o progresso

“O retorno da navegação pelo rio Cachoeira marca o início de um traba-lho de conscientização perante a popu-lação sobre a importância da recupe-ração ambiental do rio e seu entorno hidroviário”, destaca o diretor geral da SDR de Joinville, Fernando Camacho. Segundo ele, hoje mais de 11 mil em-barcações fazem o trajeto da Baía Ba-bitonga a São Francisco do Sul.

Toda a sinalização náutica da hi-drovia passou por fiscalização e foi autorizada pela Marinha do Brasil. A sinalização traz benefícios à comuni-dade pesqueira, ao turismo náutico e à indústria naval instalada na região.

Durante a inauguração da hidrovia, em dezembro, o governador do Estado, Luiz Henrique da Silveira, além de des-tacar a importância da hidrovia para Santa Catarina, conclamou a popula-ção para a preservação do Rio Cacho-eira. Em seu discurso, pediu para que as pessoas não joguem lixo ou objetos no rio Cachoeira, na lagoa Saguaçu

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e na Baía Babitonga, acrescentou que todos são responsáveis pela vida do meio ambiente. “Acreditamos que este modal de transporte represente o futuro não só para Joinville e São Francisco do Sul, mas para Santa Catarina e o Brasil. Antagonicamente, estamos vol-tando ao passado para construir um futuro melhor, não podemos esquecer que as Américas e o Brasil foram desco-bertos pela navegação”, finaliza Fernão de Oliveira.

Travessia encanta turistasFazem a travessia pelo Rio Cacho-

eira o JetBus e o Jet Van. Desde o lan-çamento da hidrovia, em 20 de dezem-bro, já foram transportados mais de 2 mil pessoas.

Os turistas são os que mais se en-cantam com a viagem. Navegar pelo tradicional rio Cachoeira é como entrar no túnel do tempo. O rio é cheio de história, é cercado por natureza, fauna e flora incomparáveis.

O novo transporte marítimo do es-tado atrai turistas e moradores de Join-ville e São Francisco do Sul, de todas as idades. A cada passeio uma emoção. No terminal de embarque é possível notar a felicidade, a surpresa no sor-riso dos passageiros e o encanto ao se aproximarem do Jet Van e JetBus.

Nanci Valdete conta que estava an-siosa com o passeio. “Eu me emociono ao falar do rio Cachoeira. No passado, convivi com o rio limpo, e hoje vendo como está é muito triste. Felizmente estão devolvendo a vida, é um grande

recomeço. Estamos no ponto de parti-da, uma oportunidade de conhecer a natureza e refletir sobre ela. Tenho 60 anos, 40 convivi com o rio poluído, até os meus 20 anos as águas do rio cachoeira eram limpas e claras. Poder vê-lo resgatado é uma alegria imensa” finaliza.

A viagem

A travessia entre Joinville e São Fran-cisco do Sul leva aproximadamente uma hora. No início as duas embarcações só estavam fazendo a viagem durante o dia, após a sinalização da iluminação e sinalização noturna, que foi concluída neste mês de março, a travessia tam-bém pode ser feita à noite, com total segurança. Algumas crianças já expe-rimentaram a novidade, como os filhos de Abigail: todos estavam ansiosos, se encantaram com os golfinhos que acompanhavam os barcos quase toda a viagem e adoraram o ambiente acon-chegante e confortável. Hoje a viagem de JetTruck, que tem capacidade para 70 pessoas, custa em média R$ 7,50 e a de JetBus, com capacidade para 84 passageiros, custa R$ 15,00. Os horá-rios devem ser conferidos no site www.jetbus.com.br, ou pelo telefone da em-presa em Joinville (47) 3439-2100, em São Francisco do Sul (47) 3459-0102, ou ainda pelo e-mail [email protected]

A empresa Incasa tinha como obje-tivo resgatar a navegação marítima de Joinville, proporcionar aos passageiros conforto, segurança, credibilidade de

horários, um belo passeio pela Baía da Babitonga e lagoa Saguaçu, possibilitar principalmente uma nova alternativa de transporte, revitalizar o Rio Cachoeira e conscientizar as pessoas da impor-tância de cuidar do meio ambiente. Os argumentos para investir no projeto são fortes e estão dando certo, estão em prática. Para transportar os passagei-ros com segurança, a empresa investe ainda na qualificação do pessoal e em equipamentos novos que atendem às mais rigorosas normas ambientais e de segurança. Por causa de todos esses be-nefícios o Governo do Estado aprovou o projeto e hoje Santa Catarina possui sua primeira hidrovia. Se o processo for positivo, outras hidrovias podem ser implantadas no território catarinense no futuro, não só voltadas ao turismo, mas também para minimizar o problema do transporte.

INforMAçõescomprimento total: 19,80 metroscalado leve /carregado: 70 centímetrospotência do motor: 2 motores de 400 hpMaterial do casco: fibra de vidroAno de construção: 2008capacidade: 84 passageiros e 3 tripulantesfica atracado no cais conde d´eu, no centro de Joinville, ao lado do Mercado Municipal

Agradecimentos:Tatiana Amara Krinski

JetBus Transportes MarítimosMaurício Geraldo Von Scheidt

Ger. Comercial JetBus Transportes MarítimosThiago Dias – SDR - Joinville

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ARtE

o MArde Mãos dAdAs coM A Arte

Raul Waldemar Janz é natural de Curitiba, no Paraná, mas mora em Balneário Cambo-riú, litoral Centro-norte ca-tarinense, há algum tempo.

Como a maioria dos que passam por aqui, o artista plástico também se en-cantou com o mar, a pesca, os peixes e os pescadores. Comenta que é afi-cionado pelo mar e tudo relacionado a ele. “Já fiz muitas pescarias, pesco duas ou três vezes por semana” diz.

Escolheu Santa Catarina para morar e se inspirar

Em Balneário Camboriú, terra que escolheu para morar e local que lhe traz inspiração para confecção de be-las telas, o artista acrescenta ainda que quando vê um arrastão na praia, sem-pre se oferece para ajudar. “Converso com os pescadores amadores e profis-sionais, tenho curiosidade sobre a vida em alto mar e desejo algum dia poder

embarcar nesta aventura, em um barco de pesca industrial. Penso em ficar pelo menos um mês vivendo junto com os pescadores” afirma.

A pesca de mãos dadas com a arte

A magia, arte e ofício da pesca, ser-viram de inspiração para o curitibano, que ingressou na carreira em 1980. Janz está com uma exposição em uma

O artista plástico Raul Waldemar Janz deixou se levarpela paixão pelo mar e confeccionou telas de encher os olhos dos amantes da arte e da pesca

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rede de supermercados de Santa Cata-rina. Todas as telas pintadas com cores fortes e vibrantes são relacionadas ao mar, à mulher do pescador, às marinas, aos peixes, ao cotidiano da pesca. Tudo foi cuidadosamente retratado pelas mãos do artista de 61 anos.

Raul acredita que a pintura sobre a pesca atrai não só ele, mas a maio-ria dos visitantes do litoral catarinense. Ele começou a pintar telas inspiradas no mar para brindar os turistas e de-corar a imensidão de prédios que se erguem em Balneário Camboriú. O ar-tista faz questão de comentar que sua arte possui dois momentos importantes: antes de iniciar um longo processo de oito anos de jogos em bingos, e após, quando conseguiu abandonar o jogo e voltar a pintar.

Na telas confeccionadas por Janz está o maior exemplo de que o mar é uma arte que merece realmente ser eternizada pelas mãos de talentos como Raul, que se considera autodidata, já que segundo ele, nunca fez qualquer curso de profissionalização.

A arte entra na vida de Raul

Em 1980 ele pintou algumas obras,

que foram vendidas em vários países. Como desenhista profissional, atuou anos nas antigas lojas HM - Hermes Macedo. Foi o responsável pela deco-ração natalina da loja. Neste trabalho Janz foi premiado e reconhecido pela mídia paranaense. Janz também cole-ciona títulos na categoria shopping e

empresas Conseg. Este ano Raul tam-bém foi reconhecido na Revista Náutica Sul, pelo trabalho de reforma de um iate de 80 pés, que está em Florianó-polis.

A inspiração do artista

Momento eternizado

Texto: Christiane Pinheiro

As telas confeccionadas pelo artista estão à venda e podem ser conferidas também no site: flickr.com/photod/raul.janz

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GAStROnOMIA

A história da funcionária pública municipal Larrisa Munzfeld Berci com a pesca iniciou quando era criança e morava na cidade de Santos, litoral de São Paulo.

Emocionada, ela nos conta que adorava ir pescar com o pai. “O hobby do meu pai era pescar com

vara e às vezes com a rede, ele ia sempre num local apro-priado para a pesca de vara e eu sempre o acompanhava” relembra.

A menina cresceu e os pais se mudaram para Santa Ca-tarina em 1992. Foram morar em Balneário Camboriú. Aqui no litoral, Larissa conheceu o esposo, que atuava com o pai como representante comercial, para o Estado, da empresa Leardini Pescados. Larissa, apaixonada pelos frutos do mar, aceitou o desafio e começou a auxiliar o esposo Alexandre nos negócios. Realizou várias viagens com ele para divulgar e vender os produtos. Espontânea e falante, com facilidade conquistava os clientes. Hoje a família se orgulha da ativi-dade, está há 20 anos representando a mesma empresa e se mostra contente. A busca pela praticidade, economia e preço acessível ao consumidor ajuda o trabalho de repre-sentação.

Atualmente, a família Berci comercializa as mais varia-das espécies de pescado, como: salmão, pescada, cama-rão, bacalhau, pescadinha, merluza, lula, polvo, marisco e cani.

A funcionária pública faz questão de destacar que auxilia nos negócios porque quer também incentivar a cultura do consumo de peixe na região. “Itajaí é o maior pólo pes-queiro do Brasil, mas o consumo é muito pouco, as pessoas ainda não se conscientizaram da importância do peixe para a saúde da gente. Eu trabalho também para isso” comenta.

Larissa, que hoje atua na Secretaria Municipal da Pesca, e defende o consumo, a iniciativa do caminhão do peixe e o preço acessível para ajudar a criar o hábito do consumo de pescado na população, não ficou só nesta função de comercializar e auxiliar o esposo e sogro: resolveu aguçar o paladar da família e confeccionar receitas saborosas para os almoços e jantas. Ela possui muitas, mas nesta edição da revista, que se dedica à corvina, Larissa preparou dois saborosos pratos. Ensopado Picante de Corvina e Corvina Assada. A equipe de reportagem da revista provou e apro-vou. Se você ficou com água na boca, anote a receita e mão na corvina.

quANdo AINdA erA crIANçAA pescA eNtrou NA VIdA de lArIssA

Funcionária pública municipal auxilia o esposo na atividade de representante comercial com a venda de pescados, aumenta a renda familiar e prepara receitas de encher os olhos e dar água na boca

Mar

cello

Sok

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Porção para 2 pessoas

CoRVINA ASSADAIngredientes:

1,2 kg de corvinasal1 ½ limão3 cebolas6 dentes de alho1 pimentão verde1 folha de louroAzeite de oliva10 batatas médiasalho em pócolorau

Modo de preparo

Picar uma cebola e colocar em um re-fratário antes de ir ao forno. Temperar um dos lados do peixe com sal e sumo de limão. Colocar, com esse lado para baixo, o peixe por cima da cebola e temperar o outro lado. Reservar.

Cortar as duas cebolas e os alhos em rodelas, não muito finas e o pimentão em tiras. Refogar em azeite, com o lou-ro, mexendo frequentemente.

Quando a cebola estiver cozida, reche-ar o peixe com esse refogado (o que sobrar pode ser colocado por cima da corvina).

Deixar descansar e cortar as batatas em rodelas. Dispor as batatas em volta do peixe, temperar com sal, alho em pó e colorau.

Regar tudo com bastante azeite e levar ao forno quente durante aproximada-mente 40 minutos (ir controlando as batatas, pois logo que estejam cozidas, o prato estará pronto).

Porção para 4 a 6 pessoas

Marcello Sokal

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ENSopADo pICANtE DE CoRVINA

Ingredientes

pimenta-do-reino moída grosseiramente, a gosto1 cebola média em pedaços pequenos3 colheres (sopa) de óleo de soja½ maço de cebolinha verde picada4 tomates médios sem pele e sem sementes1 (2 ½ kg) corvina grande limpa1 pimenta dedo-de-moça médiasal a gostoorégano a gostoum ramo de manjericão

Modo de preparo

Lave a corvina, corte-a em seis postas e tempere com o sal e a pimenta-do-reino. Lave a pimenta, seque-a com toalha de papel, retire o pedúnculo, abra-a ao meio, elimine as sementes e pique-as em pedaços pequenos. Corte os tomates em pedaços pequenos. Leve ao fogo uma panela com óleo de soja, a cebola, a pimenta de-do-de-moça e o tomate. Refogue mexendo de vez em quando, até o tomate desmanchar. Disponha o peixe, salpique a cebolinha, o sal, a pimenta-do-reino, o oré-gano, coloque por cima o ramo de manjericão e tampe a panela. Reduza o fogo e cozinhe por 15 minutos ou até o peixe ficar macio. Acerte o sal e retire do fogo.

Porção para 3 a 4 pessoas

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GAStROnOMIA

Marcello Sokal

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reVIstA sINdIpI

O veículO da IndústrIa PesqueIra

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O Sindicato das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi) faz questão de receber bem o associado. Desde março as conversas, as troca de ideias, os bate-papos, têm endereço certo. Na sede do Sindipi, que fica na rua Lauro Muller, no centro de Itajaí, uma sala no 1º andar foi reservada para o associado.

No local, que é climatizado e possui uma vista ímpar para o Rio Itajaí-Açu, o associado pode marcar encontros com outros associados. A intenção da diretoria do Sindipi é abrir ainda mais as portas do sindicato e fazer com que todos se sintam em casa.

nÃO ESQUEÇA

Novidade no Sindipi para o associadoAssociados do Sindipi receberam no mês de março novo espaço reservado à troca de idéias e bate-papo. tudo regado a um saboroso café

MEnSAGEM

estava ali, o pescador.Sentia e conhecia o vento,Conversava com os peixes;tinha o oceano, o mar nos olhos.tinha a alma azul do mar, do céu,e o coração batia como onda;Seu sangue, uma corrente salgada,Carregava ar como se água fosse.Chorava ao voltar para a terra;Sonhava com o mar, com o vento,Um sonho azul, de ar e de água;Sonhava com o lar, com saudade.Um dia ele foie não voltou mais.e sua alma descansou, feliz,em paz.

Poema de Roberto amorim

Pescador

Foto: Christiane Pinheiro

O local serve também para descanso e uma boa lei-tura. Para tornar o espaço ainda mais aconchegante du-rante todo o dia, um café fresquinho e biscoitos estão à disposição dos usuários. O bate-papo da esquina, do bar, o encontro casual podem ficar mais tranquilos no espaço do associado do Sindipi. A sala fica aberta de segunda a sexta-feira, em horário comercial. Dúvidas po-dem ser sanadas através do telefone (47) 3247-6700.

Você, caro associado, é convidado especial a conhecer a sede da entidade e usufruir deste espaço que é só seu. O Sindipi espera você!

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