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CINEMA DIVIDIDO Publicidade O potencial dos anúncios nas salas de exibição Carreira Captação de som direto exige técnica e sensibilidade Criação do FAC rompe discurso unificado do audiovisual televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 13_#145_dezembro2004

Revista Tela Viva - 145 - dezembro 2004

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Revista Tela Viva - 145 - dezembro 2004

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Cinema dividido

PublicidadeO potencial dos anúncios nas salas de exibição

CarreiraCaptação de som direto exige técnica e sensibilidade

Criação do FAC rompe discurso

unificado do audiovisual

televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 13_#145_dezembro2004

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Não disponivel

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T e l a V i V a • d e z 2 0 0 4 • �

(editorial)

Rubens GlasbergAndré MermelsteinSamuel PossebonManoel FernandezOtavio JardanovskiGislaine GasparVilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro)

Sandra Regina da Silva

Fernando Lauterjung

Fernando Paiva (Rio de Janeiro), Lizandra de Almeida (Colaboradora)

Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal)

Claudia G.I.P. (Edição de Arte)Carlos Edmur Cason (Projeto Gráfico, Arte)Rubens Jardim (Produção Gráfica)Geraldo José Nogueira (Editoração Eletrô­nica)

Almir Lopes (Gerente), Ivaneti Longo (Assistente)

Marcelo Pressi Claudia G.I.P.

0800 145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

[email protected]

(11) [email protected]

(11) [email protected]

Ipsis Gráfica e Editora S.A.

Diretor e EditorDiretor EditorialDiretor Editorial

Diretor ComercialDiretor Financeiro

Gerente de Marketing e Circulação Administração

Editora de Projetos Especiais

Editor Tela Viva News

Redação

Sucursal Brasília

Arte

Departamento Comercial

WebmasterWebdesign

Central de Assinaturas

InternetE-mail

RedaçãoE-mail

PublicidadeE-mail

Impressão

o sonho de um setor audiovisual unificado, falando sempre em posições de consenso, em diálogo e entendimento foi bom enquanto durou. No mês de

novembro as divergências entre as diferentes tendências afloraram, catalisadas pelo avanço dos debates sobre a Ancinav.Com forte apoio do maior grupo de mídia do País, representado pela Abert, a criação do Fórum do Audiovisual e do Cinema (FAC) marca a ruptura definitiva entre uma banda do setor audiovisual, sobretudo os produtores independentes, que apóia integralmente o projeto governamental de regulação do setor, e o setor mais “rico”, ou “industrial”, como se define, formado sobretudo pela Abert (acompanhada informalmente pelas outras emissoras de Tv aberta), pelas distribuidoras e exibidores internacionais, que se opõem a qualquer interferência estatal extra no andamento do setor.A radicalização do discurso não ajuda ninguém. Cada lado tem suas razões, e nesse momento elas parecem bastante claras, como se vê na matéria de capa desta edição. Mas o rompimento e o fim do diálogo podem levar a uma situação (ideal para alguns) de total paralisia no avanço dos debates.É necessária a organização normativa, a revisão dos marcos regulatórios do setor de comunicação social como um todo (e do audiovisual especificamente), por conta do avanço das tecnologias e da inevitável convergência de mídias, mas também para ajustar desequilíbrios de mercado, garantir a pluralidade dos meios de informação e valorizar as iniciativas positivas dos grupos de comunicação. Acreditamos que o debate sobre a Ancinav pode ser um passo neste sentido, que certamente mostrará caminhos razoáveis a serem seguidos e caminhos equivocados a serem evitados. o que não se pode é tornar o debate opaco, camuflado em seus reais interesses ou radicalizado no discurso. No próximo ano, o projeto deve chegar ao Congresso Nacional, onde se dará a rodada final de negociações. Resta saber se prevalecerão as estratégias do jogo político ou se as posições serão claramente assumidas por cada uma das partes.

por André Mermelsteina n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

Jogo aberto

Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - Rua Sergipe, 401, Conj. 605,

CEP 01243-001. Telefone: (11) 2123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 Bloco D - torre B - sala 424 - CEP 70712-903.

Fone/Fax: (61) 327-3755 Brasília, DFJornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965)

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista,

sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

iluSTRAçãO DE CAPA: RiCARdo BARdAl

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Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo.envie suas críticas, comentários e sugestões para [email protected].

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Ano 13 _145_dez/04

telavivanewswww.telaviva.com.br

scanner 6figuras 10exibição 22BNdeS abre linha para construção de salas

publicidade 24Cresce importância do cinema como mídia

making of 28artigo 30Regulação e regulamentação, por Marcos Bitelli

carreiras 32A vida do técnico de som direto

upgrade 36agenda 38

Acompanhe as notícias mais recentes do mercado

(índice)

indústria rachada 12Criação do FAC marca o fim do discurso único no audiovisual

li hoje a matéria sobre a infra-estrutura (TelA vivA 144), ficou muito boa e tudo que dissemos foi bem retratado, parabéns.Uma correção apenas: os equipamentos importados chegam aqui custando 91,97% a mais e, para câmeras, 101,77% de acréscimo (e não 191,97% e 201,77%).

um abraço,Paulo Ribeiro, loc.All

Paulo,

Obrigado pela retificação. Realmente, houve um erro de interpretação da tabela. Ela indi-cava o valor de 191,97%, mas este valor significava o custo total do equipamento no Brasil em relação ao original, ou seja, os 100% do original e mais 91,97% de impos-tos. O mesmo vale para os outros equipamentos citados na matéria.

A redação

Amigos da Tela viva,

Sou leitora assídua da revista e tenho gostado muito das re-portagens. Como trabalho como assistente de produção, gostaria de ler mais matérias sobre profis-sionais que são craques nessa “arte”, como a da produtora culinária Bia Brunett que saiu na última edição e achei muito interessante. Con-tinuem assim.

denise valente Sales, São Paulo, SP

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(cartas)

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Silêncio absolutoA O2 Dois Filmes assina os

dois recentes filmes publicitários criados pela J. Walter Thompson de Curitiba para o HSBC. “Mudo”, dirigido por Dainara Toffoli, tem como protagonista um menino

que se mantém, do começo até quase o final, em silêncio

absoluto, sereno e até poético, sugerindo-se que ele seria mudo. Na verdade, o garoto resguarda

a voz para cantar no Natal do Palácio Avenida, na capital paranaense. Já “Dezembro”

passeia por pontos turísticos brasileiros capturados pelo olhar

de Cristiano Mascaro.

CAuSAR iNCôMODO este é o objetivo do projeto “diesel dreams”, da marca de roupas jovens diesel.

Trinta diretores de todo o mundo foram convidados a produzir filmes curtos a partir do tema “Sonhos”, visando explorar as camadas profundas do subconsciente humano. os

autores puderam utilizar todos os tipos de suporte. Para divulgar o projeto, a produtora brasileira Canvas 24p foi convidada a criar um filme utilizando as imagens que con-

siderasse mais perturbadoras. o resultado foi exibido no Resfest - Festival de Cinema digital, realizado de 8 a 14 de novembro. “Criamos uma abertura e um encerramento

em computação gráfica, com o objetivo de incomodar, chamar a atenção das pessoas e despertar a atenção para o projeto”, explica o diretor Wiland Pinsdorf. os clientes da

marca terão acesso a um dvd com todos os curtas no próximo ano.

Renault 2005A PRodUToRA BASe CiNeMATogRáFiCA PRodUziU No MêS de dezeMBRo UMA

CAMPANhA iNSTiTUCioNAl PARA A ReNAUlT, qUe deve TeR deSMeMBRAMeNToS PARA vARejo Ao loNgo do PRóxiMo ANo. A CAMPANhA, CoM CiNCo FilMeS qUe vão AR eM jANeiRo, CoNTA CoM TeSTeMUNhAiS de PRoPRieTáRioS doS AU-ToMóveiS dA liNhA NACioNAl dA ReNAUlT (SCÉNiC, Clio e Clio SedAN), CoNTANdo o qUe AChAM do CARRo. AS FilMAgeNS SeRão FeiTAS NA CASA oU No TRABAlho doS ClieNTeS, PARA dAR UM AR ReAliSTA. A diReção É de ANA SARdiNhA e iko kASPeR. AlÉM diSSo, A PRodUToRA FARá eM jANeiRo UM BANCo de iMAgeNS PARA A ReNAUlT. TodoS oS ModeloS FABRiCAdoS No BRASil SeRão FilMAdoS eM UMA eSTRAdA No eSTAdo de São PAUlo. AS iMAgeNS SeRão UTilizAdAS NAS PRóxiMAS CAMPANhAS dA MoNTAdoRA.

Cor e boas festas Com cenários multicoloridos produzidos

em computação gráfica, está no ar em todo o Brasil a campanha da Amil, com criação de

denise Sertã, Carla Belino e Francis Figueiredo, da Promarket do Rio

de janeiro, e produção da também carioca Proview, com direção de duda vaisman e

trilha Prof. Pardal. o filme contou com um elenco de mais de cem pessoas e aproveita para

deixar uma mensagem de fim de ano.

Árvore da lagoaA Yes Filmes foi a responsável pelo

filme da Bradesco Seguros para divulgar a árvore da lagoa, no Rio de janeiro. Com o título “Família”, o comercial, da Agência Artplan, foi ao ar no final de no-vembro. A direção é de Caio Abreia com fotografia de Marcelo Brasil e direção de arte de Maria leite.

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o Ministério da Cultura divulgou no dia 15 deste mês o texto do anteprojeto que pretende criar a Ancinav

já com as sugestões do comitê civil do Conselho Superior de Cinema. esta versão poderá ou não ser aprovada pela totalidade do Conselho Superior de Cinema, em reunião que ainda está para ser marcada. isso porque a reunião, que deveria acontecer no dia 17, foi desmarcada. Na reunião, o conselho, em sua composição completa, deliberaria sobre a proposta, preparando-a para o presidente lula enviá-lo ao Congresso Nacional. o pedido de adiamento veio da Casa Civil, que entendeu, segundo seu subchefe de análise e acompanhamento de políticas governamentais, luiz Alberto Santos, que o “acúmulo de tarefas e temas neste fim de ano e o encerramento das atividades no Congresso Nacional impediram a análise do texto a tempo para o encontro”.

A maior parte das alterações propostas pelos membros da sociedade civil já eram conhecidas. Alguns pontos, contudo, ficam mais claros com a leitura do projeto, que está disponível no site do MinC (www.cultura.gov.br/projetoancinav). Confira as principais mudanças mais sutis, mas não menos importantes, em relação às versões anteriores:

* São dadas cinco novas atribuições ao Poder Público, entre elas zelar para que a exploração de obras audiovisuais estrangeiras no Brasil resulte em recursos para o fomento da atividade audiovisual por empresas nacionais, visando equiparar as condições de competição;

* o Conselho Superior do Audiovisual terá, pela redação proposta, mais força. Fica claro, por exemplo, que é apenas ele, quem formula, analisa e aprova políticas públicas e

estabelece critérios e percentuais para a aplicação de recursos;

* Fica mais claro que a Ancinav será apenas uma ampliação da atual Ancine, mantido inclusive seu quadro de funcionários;

* Para as empresas de Tv por assinatura, uma mudança importante: em vez de regular a relação entre a produção e distribuição de conteúdos de Tv paga, a Ancinav regulará a distribuição de conteúdo em Tv paga, apenas, visando a competição, mas não faz mais referência aos casos em que houver controle cruzado do detentor dos meios e do produtor de conteúdo;

* A Ancinav ganha, pela proposta do comitê civil do Conselho Superior de Cinema, três novas atribuições como agência, incluindo regulamentar e fiscalizar a utilização dos incentivos fiscais;

* A Ancinav poderá exigir das empresas do setor audiovisual informações sobre suas atividades, mas agora há a necessidade de um decreto presidencial regulamentando isso;

* Fica claro que a atividade audiovisual não se confunde com a atividade de telecomunicações;

* Coloca-se claramente que videoconferências, videofone e assemelhados não serão atividades reguladas pela Ancinav;

* As definições de obras cinematográfica,

audiovisual, videofonográfica, programação de âmbito nacional, internacional etc são definidas detalhadamente, em contraposição a uma definição bastante simples da proposta original;

* Reforça-se que radiodifusão, telecomunicações e Tv por assinatura têm que promover a regionalização e a cultura nacional quando explorarem atividade audiovisual;

* distribuidoras terão que ter sistema de controle;

* A definição do tempo de janelas para a exibição de obras cinematográficas poderá ser atribuição da Ancinav;

* Todas as produções terão que ceder cópia à Cinemateca Nacional ou ser mantida em arquivos catalogados cujas bases de dados serão cedidas à Cinemateca;

* Além de Tvs, dvds e videocassetes, também monitores de computador pagarão Condecine de 2%;

* quem investir em publicidade de produções independentes não pagará Condecine;

* o Funcinav terá como parte de suas receitas 1% do Fundo Nacional de Universalização das Telecomunicações (Fust);

* Não há mais o compromisso de exibição de obras cinematográficas ou audiovisuais nacionais pelas Tvs, mas quem tiver mais de 20% de sua programação com conteúdo deste tipo terá descontos progressivos na Condecine;

* As empresas de Tv por assinatura terão, agora, que seguir a um percentual a ser estabelecido de produção nacional por pacote de programação, conforme regulamento. quem tiver mais de 50% de conteúdo deste tipo terá desconto na Condecine;

* Não está mais estabelecido o percentual máximo de 1% da receita para direitos autorais sobre exibição pública para nenhuma modalidade de empresa audiovisual.

Nova versão

Texto ainda tem que passar pelo CSC e pela Presidência antes de chegar ao Congresso Nacional.

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DVDA Fuzo Produções é a respon-

sável pela produção do DVD “Eletracústico”, de Gilberto Gil. Além de show gravado no Can-ecão, no Rio de Janeiro, o DVD

traz como extra o show de Gil na sede das Organização das Na-ções unidas, em Nova York, no

ano passado. O DVD conta ainda com entrevista de Gilberto Gil e

dos músicos que o acompanham na turnê

deste show. A direção é de Bernardo Palmeiro, Gian Carlo

Bellotti e Pedro Serra.A Fuzo também produziu o

DVD “Oswaldo Montenegro 25 Anos de Histórias”, o primeiro DVD do cantor e compositor.

O DVD traz um show exclusivo, realizado no início de setembro

no Cine-teatro Dina Sfat, da universidade Gama Filho, no Rio

de Janeiro.

Paisagens brasileirasA mais recente peça da cam-

panha do whisky johnnie Walker - cujo slogan é “keep Walking” - foi totalmente rodada no Brasil. o filme “orquídea” mostra um pesquisador descendo as encostas das Catara-tas do iguaçu para encontrar um espécime raro de orquídea. o filme foi criado pela agência BBh, de londres, e adaptado pela brasileira Neogama. A adaptação para veicu-lação no Brasil é da Radar Tv Mixer.

NA ESTRADAA Ad liNe ReAlizoU No úlTiMo MêS o BRoAdCAST RoAdShoW, eveNTo volTA-

do PARA diReToReS e TÉCNiCoS de eMiSSoRAS de Tv, PRodUToRAS e FiNAlizAdoRAS CoM PAleSTRAS e deMoNSTRAçõeS SoBRe TeCNologiA dA iNFoRMAção, SiSTeMAS

de ARqUivo digiTAl e PRodUToS CoM o liqUid 6.0, PAllAdiUN, voRTex e MediA STReAM, dA PiNNACle. o eveNTo ReUNiU CeRCA de CeM PeSSoAS eM São PAUlo e 90

eM CURiTiBA, e SeRá RePeTido eM dezeMBRo.

TV por ela mesmao canal de Tv via internet AllTv está exibindo o programa “AllTv Tevê”,

que debate o universo da televisão. Com uma hora de duração, o programa é apresen-tado pela jornalista daniele Monteiro e conta com a participação ao vivo dos internautas pelo chat. Na pauta estão temas como qualidade da programação, inovações tecnológi-cas, legislação e história da Tv, com um entrevistado da área, como diretores, críticos, empresários, atores, autores, políticos, personagens da história da televisão e jornalistas. o programa vai ao ar todas as segundas-feiras, das 20h00 às 21h00, no site www.alltv.com.br.

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(figuras)

A rotina de Ricardo Reis, o Chuí, há cerca de oito anos era a mesma de cerca de 350 mil brasileiros. Bancário,

trabalhava no Banco Bamerindus, que depois foi comprado pelo hSBC. À noite, cursava Ciências Contábeis na Faculdade de economia e Administração da USP. Tinha uma car-reira pela frente no banco, a exemplo de muitos de seus familiares, vários deles bancários de carreira. Ao lado do trabalho e dos estudos, um hobby: a música. Tinha uma banda e tocava baixo, mas nunca pensei em trabalhar com isso. entre os clientes do banco, estava a produ-tora de som Timbre, de Miriam Biderman e ... Como sempre me inter-essei por música, em uma das minhas férias fui até a produtora e perguntei se podia ficar lá, olhando. Queria montar um estúdio em casa, uma

cinema e música para cinema. No começo editava para comerciais, mas procurou fazer um pouco de cada coisa para aprender todas as etapas do processo de áudio. Fiz um pouco de som direto para ver como era, mas não gostei muito. Prefiro a edição porque envolve a criação, a união de sons harmônicos com a música e o filme. Sua ligação com o cinema também era a mesma de muitos bancários. Gostava, mas assistia mais aos blockbusters, filmes de ação. Gostava muito de clipes por causa da música. Mas quando houve a retomada do cinema e fui assistir “Terra Estrangeira”, fiquei muito orgulhoso e contente de ver o cinema voltando. Depois, quando comecei a trabalhar, aluguei todos os filmes nacionais disponíveis e fiquei ouvindo. Além de todo o aprendizado com Miriam Biderman, atualmente uma das mais importantes e premiadas técnicas de som brasileiras, Chuí também aprendeu muito com josé luiz Sasso, outra fera do som. e depois de oito anos na nova pro-fissão, também faz parte do primeiro time de áudio para cinema. há cinco anos a produtora pratica-mente só trabalha com filmes, mas não dispensa publicidade. Quando aparece é ótimo, porque a tabela é outra. Mas hoje os sistemas barat-earam demais e apareceram muitas produtoras de áudio. Para cinema é preciso ser mais especializado e ainda há bem pouca gente nesse mercado. O cinema exige uma qualidade mais rígida, os equipamentos precisam estar bem ajustados. No cinema o range de sons é maior, então a parte técnica exigida é mais cara. Qualquer defeito fica muito evidente.da época do banco e da faculdade, que também foi abandonada do dia para a noite, só resta uma saudade: das férias, do décimo terceiro, dos finais de semana.

coisa amadora, mas mergu-lhei na produtora. Comecei a fuçar nos softwares e vi que adorava aquilo. Não cansava, podia ficar 24 horas. Voltei das férias e pedi demissão.Chuí nunca mais saiu da produtora. o sócio, que atuava mais na área de jingles publicitários, deixou a sociedade. A produtora passou a se chamar effects, e Chuí se tornou sócio de Miriam. O raciocínio lógico da contabilidade aju-dou, de certa forma, mas como sempre gostei de música fui educando o ouvido. Sempre treinava para ouvir o baixo, ten-tava distinguir cada instrumento no meio dos outros. Mas não fazia a menor idéia de como era feita uma tri- lha para cinema. Não sabia que existia um trabalho tão especializado, com tan-tas pistas. A mixagem final de um longa chega a ter 120 canais. Uma vez decidida a mudança de pro-fissão, Chuí começou a fazer cursos de

um pára-quedistana edição de som

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RiCARDO REiS

“FuI ASSISTIR ‘TERRA ESTRANGEIRA’ E FIquEI MuITo oRGulhoSo. DEPoIS AluGuEI ToDoS oS FIlMES NACIoNAIS

DISPoNÍVEIS E FIquEI ouVINDo.” lizandra de Almeira

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Reforço comercialA Band tem duas novas profissionais no seu quadro no Rio de janeiro. Flavia Paranhos (à esquerda) assume a gerência de contas da Band Rio. Com 16 anos de experiência na Rede globo, ela entra no lugar de Tuffy habib, que foi promovido a diretor comercial da emissora carioca. jane Morgan (à direita) , que trabalhou na editora globo e no SBT por 12 anos, é a nova executiva de contas dos canais BandSports, BandNews, BandNews Rj e Rede 21. ela assume o lugar de Brenda Roque, que deixou a empresa.

Volta ao larApós oito anos, Roberto galvão volta à Casablanca e reassume a supervisão de efeitos da casa. geninho, como é conhecido no mercado, havia deixado a finalizadora para se dedicar à dire-ção de filmes publicitários, profissão que continua exercendo na produtora Movi&Art. “eu nunca realmente deixei a Casablanca. Nos anos em que estive trabalhando fora, passei mais tempo na fina-lizadora do que em casa, já que sempre vim finali-zar os filmes que dirigi e conhecer os novos equi-pamentos e tecnologias”, diz. o supervisor de efei-tos atualmente está montando uma nova equipe para a finalizadora, além de buscar e desenvolver soluções para integrar os diferentes equipamen-tos e plataformas disponíveis. Seu trabalho, diz, é “focar nos cantinhos” para garantir harmonia nos trabalhos que aliam multi-formatos, “do hd ao NTSC” . “Muitas vezes é importante para nós, diretores, contarmos com uma retaguarda na equipe de finalização que esteja atenta a detalhes que normalmente passam batidos durante o processo e que fazem muita diferença quando o filme fica pronto para veiculação”, diz.

Novidades no staffo escritório da giovanni, FCB no Rio de janeiro realizou mudanças em seu staff em novembro. Bernardo Bouças passa a fazer parte do grupo do diretor gustavo oliveira, que atende Rio Sul, governo do estado do Rio e Columbia, como assisten-te de atendimento. A agência também contratou o redator Thiago Fernandes (foto), que tem passagens por Fischer América, Casa da Criação e 4 x 4.

V.u. Studio comemorao v.U. Studio, empresa especializada na criação e produção de trilhas sonoras, está comemorando os resultados obtidos em 2004, que superaram em 50% o fatu-ramento do ano anterior. os irmãos Caco e álvaro Faria acreditam que o primeiro passo para esses resultados foi a contra-tação de Alessandra Pais (foto) para a coordenação de atendimento, além da conquista de contas importantes no mer-cado do Rio de janeiro, que incluíram o atendimento a grandes produções da McCann-erickson e quê/Next.

Eterno retornoo roteirista Rodrigo Castilho é o mais novo integrante da equipe da RadarTv Mixer, onde já trabalhou em projetos como Tv lokau (exibido pela Rede Tv!). Castilho trabalhou, nesse ínterim, em projetos de documentá-rios na Pacto Audiovisual e em cursos de especialização.

ContrataçãoPaola Siqueira é a nova integrante do time de diretores da o2 dois Filmes. Paola já atuou na Conspiração Filmes, onde assinou videoclipes para Marina lima, zélia duncan e Nelson gonçalvez, entre outros. A diretora também traba-lhou nas equipes da jx Plural e dueto.

Mudança de casaAndrea Nero deixou a finalizadora Cinegrafika e partiu para a Base Cinematográfica, dos sócios Ronaldo Pinheiro (à direita) e Fred Toledo (à esquerda) . Andréa atuará na coor-denação do atendimento da produtora, que está há três anos no mercado. A produtora, além da publicidade — mercado em que aten-de clientes como lowe, Renault e Nissan —, faz vídeos institucionais, para clientes como Bradesco, hollywood, Tv Bandeirantes e a Seguradora vera Cruz.

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(capa)

divergência explícitaNova entidade polariza os debates sobre a criação da Ancinav e a necessidade de regulação no audiovisual.

As diferenças entre os diversos atores que compõem o cenário audiovisual brasileiro ficaram escancaradas

no final de novembro. No dia 22 aconteceu em São Paulo a primeira reunião do FAC, Fórum do Audiovisual e do Cinema, entidade que reúne 17 associações ligadas ao cinema e à Tv, essencialmente a globo (representada pela Abert e pela globo Filmes) e os distribuidores internacionais e exibidores, mas também associações de prestadores de serviços e sindicatos.

rejeição ao projeto da Ancinav, que, aliás, deveria ter sido finalizado no final de dezembro para seguir ao Congresso Nacional, mas, por “problemas de agenda do governo”, segundo a Casa Civil, ficou para ser discutido em momento mais oportuno, provavelmente no início de 2005.

“Achamos que o governo deve compreender e estimular o setor, sem regras e punições. já existem órgãos e leis que fiscalizam bastante a comunicação, como o Ministério da justiça, a lei de imprensa, o estatuto do Menor etc.”, afirmou Farias.

o coordenador também usou, na entrevista concedida logo após a reunião inaugural, a argumentação da liberdade de expressão na crítica ao projeto Ancinav. Mencionou repetidas vezes as expressões “censura” e “dirigismo cultural”, apontando uma suposta interferência do estado na criação cultural contida no projeto.

quanto ao racha entre o cinema dito “industrial” e o CBC (representando os independentes), Farias disse que “o CBC se esvaziou na medida em que tomou um partido, era para ser um fórum de discussão, respeitando a opinião de todos. Apoiou a Ancinav contra grande parte das entidades que faziam parte”.

o presidente do CBC, geraldo Moraes, rechaça a afirmação. “o CBC sempre defendeu a regulação do setor, e isso está expresso nas atas de nossos congressos, aprovadas por consenso, e dos quais participaram muitos que hoje estão no FAC”, rebate. ele discorda que tenha havido uma debandada da entidade, uma vez

por André Mermelstein*a n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

o coordenador do Fórum, Roberto Farias, designado como porta-voz da associação, negou que a criação do FAC seja uma resposta à Ancinav, pois, segundo ele, a organização já vinha se desenhando antes mesmo do projeto do MinC. “Mas o projeto de lei será a principal frente de batalha da entidade”, ressaltou.

A questão da Ancinav revela na verdade uma polarização entre o segmento que acredita que deve haver uma interferência do estado na economia do audiovisual e os que acreditam que deve-se deixar tudo nas mãos da livre iniciativa e do mercado. hoje, esta dicotomia traduz-se no apoio ou na

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que apenas cinco associações do FAC saíram do Congresso (o sindicato do Rio de janeiro, as associações dos exibidores de SP, Rj e RS e a federação dos exibidores). “Muitas entidades do FAC não são ligadas ao cinema, como a Abert ou ABTA”, explica Moraes.

Para o presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, a entidade perdeu em afiliadas, mas ganhou em coesão, em unidade interna. “Tivemos uma assembléia no final de novembro que ratificou todas as resoluções do CBC”, conta geraldo Moraes.

Moraes aponta o FAC como uma associação entre a Tv e alguns produtores, distribuidores e exibidores ligados a ela. “Nesse momento, além de existir um mercado ridículo, para um filme ter bom resultado só tem uma saída: estar ligado a uma (distribuidora) ‘major’ e ter mídia na Tv (globo). É uma saída válida, quem não deseja

poucos estão dispostos a ir contra a vontade da televisão.

o que tem complicado a análise do governo sobre a tramitação do projeto Ancinav é o fato de que, ao mesmo tempo em que ele enfrenta a resistência dos grupos de comunicação, ele também a

isso? Mas a questão é que é a única saída, e precisa haver uma ampliação do espaço.”

GovernoA grande questão

em relação à política audiovisual brasileira de um modo geral, e em relação à Ancinav especificamente, é se e com que força o tema chegará ao Congresso Nacional em 2005 e qual será o efetivo apoio do presidente da República e de sua base de apoio ao texto. o governo minimiza os impactos da criação do FAC, mas sabe que as manifestações das emissoras de Tv contra a proposta de uma agência para o audiovisual terão impacto acentuado sobre senadores e deputados. Afinal, parte significativa do Congresso brasileiro é composta de radiodifusores, e >>

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Fronteiras demarcadasTelA vivA eNvioU CiNCo PeRgUNTAS PARA o CooRdeNAdoR do FAC, RoBeRTo FARiAS, e PARA o PReSideNTe do CBC, geRAldo MoRAeS. AS ReSPoSTAS AjUdAM A eNTeNdeR oS PoNToS eM qUe o SeToR AUdioviSUAl eSTá deCididAMeNTe dividido.

É NECESSÁRiA uMA lEGiSlAçãO ES-PECíFiCA PARA REGulAR O SETOR DE AuDiOViSuAl, AlÉM DAS lEiS JÁ ExiSTENTES?

Roberto FariasNão há absolutamente necessidade de

uma super lei para isso. No caso do cinema, a legislação é satisfatória. No das televisões, principal preocupação do projeto da Ancinav, a legislação específica já existente para regular o setor audiovisual é enorme, mas acho que as pessoas ou não conhecem ou não se dão conta. As leis existentes são sábias, várias e específicas. o modelo regulatório do audiovisual brasileiro é sábio por dois motivos. Porque as leis e os órgãos de controle são especializados por temas e porque garante que a regulação e a fiscalização da atividade de comunicação social seja feita com imparcialidade e transparência.

Por exemplo, para regular os direitos da

criança e os valores da família há o estatuto da Criança e do Adolescente. quem fiscaliza o seu cumprimento são os juizados de menores que são muito atentos e atuantes. Para regular a imparcialidade e a legalidade em proces-sos eleitorais, existem as leis eleitorais e quem fiscaliza é a justiça eleitoral.

os exemplos vão desde a Constituição Federal até portarias ministeriais e contratos de concessão e autorizações para funcionamento das Tvs.

Todas as decisões importantes que afe-tam essas empresas de telecomunicação, por exemplo, têm de ser tomadas por pelo menos dois poderes da República. Para a outorga de concessão a uma Tv é preciso a autorização do executivo e do legislativo. Para cassar uma concessão é preciso a decisão do executivo e do judiciário.

Pretender mudar o atual modelo

?

O presidente lula apoiou publicamente o projeto do Minc até agora, mas falta a tramitação no Congresso.

Roberto Farias

Geraldo Moraes

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uma série de pedidos destes mesmos grupos no sentido de que se estabeleçam regras para os grupos estrangeiros que exploram a atividade audiovisual no Brasil, por qualquer meio. Acredita-se dentro do governo que não haverá forma de a Ancinav ser barrada pela bancada da radiodifusão sem que fiquem evidentes as razões. Até aqui, o presidente lula apenas manifestou apoio à Ancinav. Mas o mesmo lula também manifestou apoio à proposta do Conselho Federal de jornalismo, que acabou abandonado pela base governista no Congresso Nacional assim que começou a ser bombardeado pela grande imprensa e outros setores.

Por outro lado, tem irritado setores do governo o fato de os grupos de comunicação se postarem de maneira dúbia em relação ao projeto. Por um lado,

parecem participar de um processo de negociação, que já resultou em diversas mudanças na proposta. Por

outro, seguem dizendo por meio de suas associações que

a proposta tem que ser jogada no lixo e que não

deveria ir nem para o Congresso Nacional (como foi o caso da recente manifestação da Abert).

em relação à divisão na indústria entre os

que querem e os que não querem a Ancinav,

ou “entre o FAC e o CBC”, como já se ilustra, o governo não

vê maiores problemas: o projeto tem argumentos que agradam um pouco a cada um dos lados. “quem não quiser discutir o projeto perde a legitimidade para exigir outras coisas”, disse uma fonte de nível ministerial.

(capa)

regulatório brasileiro, da forma como está sendo proposto no projeto de criação da Ancinav, é uma ameaça sem precedentes à liberdade de criação e expressão.e as leis e as instâncias fiscalizadoras não só existem como funcionam na prática. Nos últimos meses três estações de televisão foram punidas e retiradas do ar por diferentes motivações e autoridades.

Além de tudo isto há um poderoso controle que geralmente esquecem de mencionar, que é provavelmente o mais democrático: a escolha da população, com o uso do controle remoto, elegendo minuto a minuto o que deseja assistir. Um exemplo eloqüente é o caso de um apresentador que recentemente exibiu matéria falsa e depois disso não conseguiu recuperar os índices de audiência que o telespectador lhe confiava.

Geraldo MoraesTodos nós sabemos que a televisão brasileira continua

baseada num modelo que já tem mais de 30 anos e que as principais leis que regem o cinema são as mesmas que procuraram tirar a produção da crise pós-Collor. de lá para hoje houve algumas atualizações pontuais, enquanto o audiovisual sofreu modificações radicais e a convergência tecnológica acabou com a segmentação do setor e diversificou formatos, suportes, plataformas. em conseqüência, a legislação existente é de modo geral insuficiente, setorial e desatualizada. Para completar, a revolução digital vai mudar tudo dentro de um ano ou dois.

isso afetou e vai afetar ainda mais toda a estrutura de produção e difusão em todo o mundo além de

provocar desdobramentos em áreas como os direitos autorais, em franca revisão de conceitos. Tudo isso acontece num setor cuja importância econômica é cada vez maior e virou prioridade estratégica para os governos atuais em todos os continentes, em especial devido ao reagrupamento e ao fortalecimento dos conglomerados que dominam cada vez mais o setor em todo o mundo. diante desse quadro, não regular o setor através de uma legislação específica e abrangente seria no mínimo uma irresponsabilidade.

DE ONDE DEVEM ViR OS RECuRSOS PARA FiNANCiAR A PRODuçãO E A DiSTRiBuiçãO iNDEPENDENTES DE CiNEMA E TElEViSãO?

RF A busca de recursos para o audiovisual sempre foi um problema. É consenso que a atividade é estratégica, mas os recursos para a cultura são ínfimos e para o audiovisual, então, é uma pobreza. Teoricamente, os recursos deveriam vir do Tesouro, já que a atividade é considerada estratégica. Como não vêm, buscam-se soluções alternativas. extrair recursos na própria atividade sempre foi uma forma de tentar desenvolvê-la. quando o País tinha perto de 300 milhões de espectadores/ano, a atividade era muito mais forte do que hoje e isso era aceitável. Atualmente temos apenas 120 milhões e a quantidade de cinemas caiu de 3,5 mil salas para menos de mil, e agora são 1,92 mil. ou seja, o

?

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Federal faz referência às empresas jornalísticas e aos veículos impressos de comunicação, mas concentra especial atenção nas emissoras de rádio e televisão, referidas pelo nome técnico de empresas de radiodifusão sonora e de sons e imagens. Não considera, contudo, que depois de 1988 novas tecnologias surgiram, criando-se uma defasagem normativa. “o conteúdo de comunicação social, que antes era transmitido apenas pelos tradicionais canais de rádio e televisão, pode ser veiculado, atualmente, por outros meios de distribuição, como a fibra óptica, o satélite, o cabo, as microondas, entre outros. essa evolução tecnológica

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Artigo 222 da Constituição.Pelo projeto do senador, as empresas

terão o prazo de dois anos para se adequarem ao disposto na emenda. ele entende, na justificativa do projeto, que é necessário adaptar o texto da Constituição “às novas realidades tecnológicas que modificaram o cenário da comunicação social eletrônica” para “preservar o espírito, o conteúdo e o alcance das normas constitucionais concernentes a essa matéria, de modo a assegurar a realização de seus fins: a defesa da soberania e da identidade nacionais, bem como o desenvolvimento da cultura e proteção do patrimônio cultural brasileiros”.

Segundo o senador, a Constituição

o Pl da Ancinav não é o único a tratar da regulamentação do audiovisual no Brasil. Uma

proposta de emenda constitucional (PeC) do senador Maguito vilela (PMdB/go) promete movimentar os setores de comunicação e telecomunicações. ele quer que qualquer empresa que explore conteúdos que possam ser entendidos como comunicação social esteja sujeita às mesmas regras constitucionais a que as Tvs estão submetidas, inclusive a restrição de propriedade ao capital estrangeiro a 30% do capital total. A PeC, de número 55/2004, começou a tramitar no dia 10 de novembro e altera o

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conjunto da atividade está empobrecido, não tem como abrir mão de qualquer tostão, hoje absolutamente necessário para prosseguir a sua recuperação. No Brasil a atividade cinematográfica e audiovisual já é extremamente onerada, tendo uma das maiores cargas tributárias do mundo. Nossa proposta é desonerar o setor, considerado estratégico, para fazê-lo crescer .

Se a lei 8685/93, a 9313/91 e a Condecine, mecanismos de arrecadação hoje existentes, fossem disciplinados com o objetivo de realmente desenvolver o setor, a ocupação do mercado pelo cinema brasileiro poderia estar em outro patamar.

há uma dispersão enorme e qualquer cidadão, sem formação profissional tem acesso aos recursos dessas leis. enquanto isso, cineastas como Nelson Pereira dos Santos ficam anos sem filmar. há recursos, mas pulverizados e mal aplicados. Nos 600 pedidos de registro na Ancine para habilitarem-se à captação de recursos incentivados, com absoluta certeza, não há 10% de verdadeiros profissionais.

As leis de incentivo mudaram o panorama do cinema brasileiro, mas precisam ser aperfeiçoadas, resguardando sempre a administração dos recursos pela iniciativa privada. É preciso aproveitar a experiência acumulada, respeitar profissionais com décadas de experiência e não privilegiar apenas a renovação, sempre necessária para oxigenar a atividade, mas que não garante uma produção capaz de ocupar o mercado e competir com os filmes estrangeiros.

Ainda assim, já recuperamos o posto de quinto maior país produtor de cinema do mundo, com a maior participação de filmes nacionais nas bilheterias.

GM Nos países cuja produção audiovisual tem espaço no próprio mercado interno e dispõem de políticas de exportação, a base da indústria é a produção independente e os recursos vêm da própria comercialização, embora isso não dispense o fomento e a fiscalização por parte do estado. Como no Brasil o espaço disponível para a nossa produção é irrisório nas salas de cinema e praticamente inexistente nos demais segmentos, o estado precisa destinar recursos para que a atividade não entre em colapso. e nesse caso, é óbvio que os recursos devem vir da própria atividade e do orçamento da União, como, aliás, sempre aconteceu com os demais setores da economia.

DEVE HAVER AlGuMA iMPOSiçãO à TV ABERTA PARA QuE ExiBA Ou FiNANCiE PRODuçõES iNDEPENDENTES?

RF Não. A constituição diz que a produção independente deve ser estimulada. Não pode ser uma imposição. Portanto, impor é inconstitucional.

Além disso, essa imposição seria desnecessária. As Tvs abertas contratam cada vez mais produções independentes. Novelas, como a encomendada à Casablanca pela Record,

No olho dos outrosAo mesmo tempo em que rejeitam interferência do estado, emis-soras apoiam restrições às teles.

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“a produção, a programação e o provimento de conteúdo nacional de comunicação social eletrônica, por qualquer meio e independentemente dos serviços de telecomunicações de que façam uso e com os quais não se confundem, somente poderão ser feitos por brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou por pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras, nas quais ao menos 70% do capital total e do capital votante deverão pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos”. diz ainda que a gestão das atividades empresariais, a responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção de programação são privativas do sócio ou grupo de sócios controladores brasileiros. e mais: no caso da Tv por assinatura, a vedação proposta se aplica à programação e ao provimento de qualquer cconteudo

que dispõe sobre regras de propriedade de internet, Tv por assinatura e meios eletrônicos em geral. ele propõe, por exemplo, em seu Artigo 2º, que

deu lugar a um fenômeno conhecido como convergência das mídias: diferentes tipos de conteúdo — anteriormente veiculados apenas por imprensa escrita, rádio e Tv — podem ser hoje oferecidos, em conjunto ou separadamente, por qualquer dessas plataformas tecnológicas”, diz o senador em suas justificativas.

vale notar que esse argumento é o mais comum entre representantes de empresas de televisão e parlamentares ligados à bancada da radiodifusão. Seus impactos, se o texto fosse aprovado, seriam gigantescos, pegando desde empresas de Tv paga até operadores de telefonia celular, passando por provedores de internet e outras mídias eletrônicas.

Câmaraoutro projeto com conteúdo

semelhante é o Pl 4209/04, do deputado luiz Piauhylino (PTB/Pe), >>

o programa “A Turma do gueto” produzido pela mesma Casablanca; o seriado “Cidade dos homens”, o “Retrato Falado”, o “Fazendo história”, exibidos no Fantástico. Nas Tvs por assinatura, vários programas estão sendo feitos com recursos dos famosos 3%, e assim por diante. Todos eles são exemplos de produção independente para a televisão. Nas novas mídias a demanda para produtos independentes é crescente.

GM Mesmo nos países em que a televisão não é tão impermeável à produção independente é comum haver normas e mecanismos para isso. No caso do Brasil, em que a televisão tem como regra geral exibir produção própria ou enlatados importados, é evidente que devem existir normas legais para garantir espaço para a produção independente. o absurdo disso é imaginar que a televisão de um país só exiba e financie regularmente a produção independente se houver uma imposição legal.

A SEu VER, O ANTEPROJETO DO MiNC CONTÉM ElEMENTOS QuE PODEM SuGERiR uMA RESTRiçãO à liBERDADE DE ExPRESSãO?

RF Não tenho a menor dúvida. É inaceitável que se coloque sob a responsabilidade de uma única agência (cuja diretoria, composta de cinco membros, decide por maioria simples e sem direito a recursos a outras instâncias) tudo

o que hoje é regulado por vários artigos da Constituição Federal e pela legislação específica e fiscalizado e julgado em vários fóruns. Agora mesmo, há um exemplo expressivo: zelito vianna está produzindo e dirigindo um filme sobre juscelino kubitsheck. Alguns membros da família reclamaram argumentando que o filme denigre a imagem do ex-presidente. Se não houvesse acordo entre as partes, hoje, quem decidiria isso seria a justiça. Amanhã serão três diretores da Ancinav, com base em regulamento que será elaborado por eles mesmos.

GM Admitir essa idéia depois que o projeto foi submetido a várias consultas e principalmente após as alterações feitas pelo Conselho Superior de Cinema é imaginar que pelo menos os membros do CSC estão coniventes com alguma trama autoritária. A verdade é que o anteprojeto abrange setores que até hoje defendem a liberalização do mercado nos segmentos que eles dominam, e por isso consideram absurda qualquer mudança nesse estado de coisas. No entanto, eles mesmos pregam a regulação dos segmentos que ainda não conseguiram controlar.

QuE MECANiSMOS PODEM SER ADOTADOS PARA GARANTiR uMA PRESENçA MAiOR DO FilME NACiONAl NAS TElAS BRASilEiRAS, AlÉM DOS JÁ ExiSTENTES?

RF essa discussão é boa. em primeiro lugar, hoje em dia é preciso discutir o que é filme nacional. Na medida em que as

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Projeto do Senador Maguito Vilela condiciona qualquer meio de comunicação às regras constitucionais.

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tecnologias se aproximam, já não faz sentido falar da diferença entre filme, vídeo, gravação digital ou chips que armazenam imagens. essas imagens são elaboradas conforme as exigências do meio a que se destinam. A televisão brasileira é a maior produtora de dramaturgia do mundo. A publicação do guiness (Book of World Records) 2005 é um belo exemplo deste fato. Além de julgar que seria inconstitucional, não vejo nenhum sentindo em se obrigar a televisão a exibir produtos que violem a liberdade das emissoras de programar os produtos que elas julguem ser o melhor para atender às demandas da audiência. A produção audiovisual brasileira feita pela televisão tem qualidade reconhecida nacional e internacionalmente, não podendo ser enfraquecida, porque isto prejudicaria não só as Tvs, mas também os profissionais do audiovisual e toda a sociedade brasileira. quanto aos filmes, os bons profissionais não têm dificuldade em colocá-los na televisão, até porque elas precisam desses produtos.

GM Uma resposta completa exigiria várias laudas. em resumo, é necessário haver regras legais que permitam que o filme brasileiro tenha acesso significativo às telonas, telinhas e teles, caso contrário ele será mais uma vez expulso do seu próprio território. vide o que aconteceu em 1990, quando a atividade foi reduzida a zero. os mecanismos podem ser a cota de tela em outros segmentos, a viabilização de entendimentos a partir da definição de uma porcentagem mínima de espaço para a produção independente ou o incentivo às co-produções com a televisão, por exemplo. É também fundamental desenvolver programas para a ampliação do mercado e do sistema nacional de distribuição. Além disso, seria muito interessante que os setores mais resistentes pudessem entender o absurdo que é discriminar o filme brasileiro nas telas brasileiras.

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veiculado, seja nacional ou estrangeiro. o projeto tem itens absurdos. Por exemplo, diz que “é vedado o acesso à internet senão através de empresa de provimento de acesso que preencha as exigências do Art. 2º desta lei e seus parágrafos”.

A Abert (Associação Brasileira de emissoras de Rádio e Televisão) já manifestou seu apoio à PeC do senador Maguito vilela. No entendimento dos radiodifusores, essa é uma forma de ajustar a relação desigual que existe entre exploradores de serviços de telecomunicações e radiodifusores. A associação admite que se trata de uma postura corporativista, mas é o que se pode fazer em um ambiente em que “as teles têm tudo e as emissoras de Tv, nada”, nas palavras do consultor jurídico da associação, Alexandre jobim, reforçando posição defendida pelo presidente da Abert, josé inácio Pizani.

A Abert entende que seja necessário estabelecer limites para a exploração de conteúdo por empresas estrangeiras em qualquer meio. “É uma forma de preservar o interesse e o conteúdo nacional”, diz Pizani. A associação reconhece que, com a convergência tecnológica,

é complicado estabelecer limites, “mas os radiodifusores precisam ser preservados”.

* COlABOROu SAMuEl POSSEBON

liMiTE à ExPlORAçãO DE CONTEúDOS PElAS TElES É FORMA DE PRESERVAR A CulTuRA

NACiONAl, Diz A ABERT.

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(exibição)

BNdeS abre as portas para o cinemaFinanciamento para aumentar o número de salas e reformar as já existentes deverá totalizar R$ 100 milhões em 2005.

o Banco Nacional de desenvolvimento econômico e Social (BNdeS) e a Secretaria do Audiovisual (SAv)

do Ministério da Cultura lançaram no início de novembro um conjunto de condições diferenciadas para financiar a expansão e a recuperação das salas de cinema no Brasil. já no lançamento, Ricardo difini, presidente da Federação Nacional das empresas exibidoras de Cinema (Feneec), anunciou que as empresas de exibição devem solicitar aproximadamente R$ 100 milhões em empréstimos diretamente ao BNdeS em 2005.

Segundo o assessor especial da Secretaria do Audiovisual, Mário diamante, para desenvolver a linha

e fará parte de uma seleta lista de setores privilegiados, juntamente com a área da infra-estrutura (rodovias, ferrovias, terminais portuários, geração e transmissão de energia, petróleo, gás), da indústria, comércio e serviços (bens de capital, automação industrial, fármacos, software) e da área social (meio ambiente, educação, saúde, agricultura familiar).

ConcessõesNas análises realizadas, a primeira

conclusão foi que a intermediação de outros bancos, com seus altos spreads (margem cobrada sobre a taxa de juros básica), inviabilizaria os empréstimos, principalmente por parte de pequenas e médias empresas. Assim, o BNdeS fez sua

por Fernando Lauterjung*f e r n a n d o @ t e l a v i v a . c o m . b r

de apoio foram feitos estudos das linhas de crédito do BNdeS, como o BNdeS automático, e de todo o setor de exibição, levantando o número de telas, o público e a bilheteria arrecadada por cidade e por estado. Após várias concessões do banco quanto à sua política, foi possível chegar a um projeto final. esse trabalho levou apenas três meses. “Alguns exibidores não acreditaram que as reuniões que tivemos para discutir o setor e as linhas de crédito tiveram resultado em tão pouco tempo”, empolga-se o assessor da SAv.

Para garantir que a política de financiamento na exibição não seja momentânea, ela foi integrada às políticas operacionais do banco e o segmento de exibição de filmes foi incluído entre os setores prioritários para apoio com recursos do BNdeS. Assim, o setor exibidor não terá limites orçamentários

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primeira concessão para o setor de exibição. isso porque o valor mínimo para pedidos de financiamento nesse programa será de R$ 1 milhão, enquanto para os outros setores da economia é de R$ 10 milhões. os empréstimos menores que R$ 1 milhão ainda terão que ser feitos através de bancos credenciados pelo BNdeS. A expectativa é que essa iniciativa facilite o acesso aos recursos do banco, estimulando principalmente os pequenos e médios empresários do setor.

entre as condições especiais que o setor terá por ser considerado estratégico está a extensão do prazo de carência dos financiamentos para até 12 meses após a implantação do projeto, o que permite ao exibidor um prazo maior para alcançar a curva de equilíbrio do investimento. A taxa de juros em operações diretas poderá variar do mínimo de 1% ao máximo de 4% ao ano, acrescido da TjlP, conforme o porte e a localização da empresa financiada. Além disso, o BNdeS poderá, em caráter excepcional, financiar a aquisição de equipamentos importados, quando não houver produtos similares brasileiros. Também poderá ser financiada a reforma e modernização de equipamentos em uso. Trata-se de uma concessão significativa na política do banco, que jamais financia equipamentos importados. os importados representam cerca de 35% do custo de implantação de uma sala de cinema.

É importante destacar que os empréstimos serão analisados caso

a caso. Além da extensão do prazo da carência do empréstimo, o prazo para o pagamento da dívida deverá variar. estas alterações possibilitam a ampliação e desconcentração dos pontos de exibição, ao criar

programa. Serão cerca de 350 a 400 novas salas por ano”. Partindo desta previsão, o número de salas no País deverá dobrar em cerca de seis anos (hoje há pouco mais de 1,9 mil salas).

No lançamento do projeto, Adriana Rattes, sócia-diretora do grupo estação, afirmou que a empresa tem planos de investir R$ 60 milhões nos próximos quatro anos para a construção de 40 novas salas nas principais capitais do País. “Pretendemos pedir ao BNdeS o financiamento de até um terço desse total”, informou. Atualmente, a companhia administra 22 salas no Rio de janeiro, São Paulo e Belo horizonte.

já neste mês de dezembro, o BNdeS e a SAv fizeram uma reunião com exibidores, para explicar a linha de crédito criada para o setor. esperava-se pouco mais de 30 pessoas, mas compareceram cerca de 80.

Tanto para o MinC quanto para o BNdeS, o investimento no setor de exibição representa um fomento a todo o audiovisual. Ambos defendem que a exibição é a janela nobre do audiovisual e que tem repercussão nas janelas conseqüentes. “o investimento na exibição reverberará positivamente em toda cadeia produtiva”, diz diamante.

* Colaborou Fernando Paiva

condições para a instalação de salas de cinema em localidades com população de baixo poder aquisitivo. “Nestas áreas, atingir a curva de equilíbrio do investimento é mais demorado, portanto os prazos para pagamento serão maiores”, explica diamante.

o investimento máximo do banco em cada projeto pode ser de 65% até 90% do valor total. isso porque empresas médias e pequenas poderão receber proporções maiores do total investido. Projetos em regiões incentivadas também deverão receber investimentos maiores do banco. “qualquer empresa exibidora poderá ter investimento do BNdeS de 65% do valor do projeto. A partir daí, depende do projeto, da localidade e da empresa”, diz diamante.

CrescimentoComo se dará o crescimento do

número de salas daqui para frente ainda é uma dúvida, mas as previsões são otimistas. o assessor especial da

Secretaria do Audiovisual aposta que a ação deverá dobrar a velocidade do crescimento do setor. o mesmo defende difini: “Atualmente, há um aumento de 8% ao ano no número de salas. Acredito que esse percentual subirá para 16%, graças ao

A ExiBiçãO NO BRASilSegundo dados compilados pelo

Filme B Brasil chegou a ter mais de 3,2 mil salas de cinema, em 1975, número que caiu vertiginosamente chegando a 1,3 mil em 1995. o crescimento só se mostrou expressivo já na virada do milênio, chegando às cerca de 1,9 mil salas existentes hoje. o número de salas, obviamente se reverte no número de público. em 75, o público total de cinema no País foi de 275.380.446, contra 85 mil em 95 e 102.958.314 em 2003.

Mesmo com o crescimento, o País ainda mostra uma distorção na distribuição das salas. o estado de São Paulo concentrava em 2003 cerca de 1/3 das salas de todo o País, enquanto oito estados tinham no máximo dez salas de

cinema cada um. Nas capitais, no último ano, enquanto Porto Alegre tinha 21.945 habitantes por salas de cinema, Palmas tinha 137.355 por sala (uma única).

outro fator importante no mercado exibidor é o número de salas por complexo. enquanto no passado a maioria dos cinemas contava com uma ou duas salas, hoje os multiplex (complexos com seis ou mais salas) representam uma grande fatia do mercado. Mesmo complexos menores, tendem a ter pelo menos quatro salas. quanto maior o número de salas, maior o número de filmes em exibição simultaneamente e, conseqüentemente, maior o público potencial daquele complexo.

exibidoReS PReVêem que oS inVeSTimenToS do banCo dobRem a VeloCidade do CReSCimenTo do númeRo de SalaS no PaíS.

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(publicidade)

Cinema, uma mídia em crescimentoA abertura de mais salas garante o crescimento da publicidade no cinema. Com o aperfeiçoamento da exibição digital, esse veículo deve ganhar um novo impulso.

A exibição de filmes publicitários antes dos longas-metragens no cinema começou, no Brasil, na década de 60.

desde então, esse mercado teve seus altos e baixos, mas tudo indica que as novas tecnologias de exibição digitais, o aumento na quantidade de salas de exibição e a consolidação do cinema nacional darão um impulso nas receitas de exibidores e empresas que comercializam espaços publicitários nas salas de cinema.

Atualmente, a maioria dos circuitos exibe a publicidade em película. Poucos ainda mantêm projetores de vídeo, que foram as vedetes da década de 80 — barateando custos e ampliando o espectro de anunciantes —,

a programação de mídia. Como tudo é transferido digitalmente a partir de uma central, não existe mídia física: os filmes são enviados a cada sala no momento de sua exibição, via satélite ou fibra óptica. Com isso, é possível programar sessões individualmente, personalizando as inserções e desenvolvendo ações mais focadas. A qualidade também é mantida: como os arquivos são virtuais, não há desgaste de cópias.

de forma geral, as agências de publicidade consideram o cinema uma mídia diferenciada, com tendência a privilegiar o público jovem. Como a programação das salas é fechada semanalmente, as agências também costumam programar a exibição por semana, levando em conta a sala em si, sua localização

por Lizandra de Almeidal i z a n d r a @ t e l a v i v a . c o m . b r

porque a qualidade deixa a desejar e os processos de transferência de vídeo para película se tornaram de melhor qualidade. os custos de transferência e copiagem, porém, ainda não são viáveis para pequenos anunciantes e esse fator muitas vezes restringe a quantidade de salas a ser atingida.

Pensando em tornar essa mídia mais atraente, a Rain Networks está investindo em sistemas digitais de exibição. A empresa comercializa inserções publicitárias em película nas salas que administra, mas já instalou projetores em 46 salas, que exibem os comerciais em alta resolução, com qualidade que não fica a dever para a película. Além de baratear os custos por eliminar o processo de transferência e as cópias em 35 mm e de melhorar a qualidade em relação ao vídeo, a projeção digital também favorece

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e o filme em exibição. “Não existe nenhum tipo de mensuração dos resultados dessa mídia”, afirma Flávio Resende, diretor de mídia da dPz. “Mas tendemos a pensar nos filmes para cinema de uma forma especial, com criações que privilegiem o humor e a elegância, para não incomodar o espectador”, completa. “Sabemos que o público de cinema também inclui formadores de opinião e pessoas antenadas, críticas.”

A Rain Networks, porém, desenvolveu uma tabela de preços diferenciada, que leva em conta os horários de exibição. “Nossos pacotes de tarifas têm preços especiais para a parte da tarde, para as noites e para o final de semana, levando em consideração a quantidade de pessoas nas salas”, explica Roberto Nascimento, diretor da Rain. de acordo com ele, esse sistema também pode atrair dois grupos de anunciantes que até o momento não tinham a oportunidade de anunciar no cinema: as bebidas alcoólicas, que só podem anunciar a partir das 21h30 e que, com a flexibilidade do sistema da Rain, podem programar apenas essas sessões; e o varejo dos shopping centers onde as principais redes de cinema estão instaladas. “As pessoas que vão ao cinema no shopping já têm mais predisposição a consumir. Fica fácil criar promoções específicas para cada cinema”, acredita Nascimento.

As possibilidades de exibição digital são múltiplas. em caso de veiculação para um público específico, é possível utilizar os filtros do software kinocast, utilizado pela Rain Networks. “São filtros de compra de mídia. Por exemplo, você pode querer associar seu comercial apenas ao filme ‘olga’. então ele vai entrar em todas as sessões desse filme. ou selecionar por tema, como romance ou aventura. então há uma pré-classificação do filme e as inserções serão feitas por gênero”, explica Roberto Nascimento.

valmir Fernandes, diretor da rede Cinemark — que tem a maior

as finalizadoras e laboratórios para chegar a um transfer de qualidade”, afirma Fernandes.

A Promocine, a mais antiga empresa vendedora de espaços publicitários no cinema, ligada ao grupo Severiano Ribeiro, também nunca aderiu ao vídeo e hoje ainda trabalha principalmente com

película. Mas foi a primeira a instalar projetores digitais de comerciais nos cinemas da rede — atualmente são 20 salas atendidas. A expectativa é a de chegar a 60, das 207 salas do circuito. “Nem todas são consideradas comercialmente viáveis”, explica André Porto Alegre, diretor da Promocine, “e a publicidade ainda se concentra no Rio, São Paulo e Brasília”.

Para ele, de todo o circuito brasileiro — que inclui 1,9 mil salas, em 7% dos municípios do País —, apenas 300 são viáveis. e, mesmo assim, apenas 50% do espaço disponível é comercializado. “esse é um setor que pode crescer muito e para nós é muito importante, pois tem margens altas”, continua. Roberto Nascimento, acredita, porém, que a flexibilidade também permitirá que se amplie o circuito com viabilidade comercial, pois mesmo salas menores em locais mais distantes poderão receber filmes locais.

Nascimento afirma ainda que até a produção de filmes publicitários pode se tornar mais rápida, barata e criativa, e com foco exclusivo nessa mídia. isso porque o projetor digital permite até mesmo a exibição de peças em Flash, formato de animação feito em computador.

Projetos especiaisMas quem trabalha com mídia

em cinema concorda que o formato ainda tem muito a ser explorado. “As

quantidade de salas do Brasil — vê com certo ceticismo o que a Rain divulga como diferencial. No Cinemark, os comerciais são todos exibidos em película e Fernandes até considera a possibilidade de exibi-los em digital, ciente da qualidade do formato. Mas a flexibilidade, para ele, é relativa. “vejo essa facilidade de forma conservadora. No Cinemark, não queremos que essa seja uma mídia de varejo. Não queremos anunciar ofertas nem desconto, preferimos filmes institucionais, porque não queremos descaracterizar a mídia”, explica. “Sempre privilegiamos a qualidade e, quando chegamos ao Brasil, em 1997, nos recusamos a exibir propagandas em vídeo. Até trabalhamos em parceria com

AVANçOS TECNOlÓGiCOSTecnologia, espaços de exibição e

produção nacional forte sempre foram fatores impulsionadores das vendas de publicidade no cinema. No início, os comerciais eram veiculados em película e durante um bom tempo esta era a única opção. Na década de 60, duas empresas atuavam no setor: Cinema Publicidades e Sétima.

Com o barateamento dos sistemas de vídeo e a chegada do telecine e dos equi-pamentos de pós-produção, que permitiram a mudança do processo de finalização dos comerciais, surgiu também o telão para exibição de comerciais em cinema. Com uma projeção de qualidade duvidosa — sem dúvida muito inferior à dos filmes em 35 mm — essa técnica rivalizava apenas com a kinescopia, um processo de transfer primitivo, que voltava o vídeo para a película, mas também com baixa qualidade.

o crescimento da produção cin-ematográfica brasileira e o aumento da quantidade de salas, além das reformas e da vinda de redes de alta qualidade, foram simultâneos à melhoria dos processos de transferência de vídeo para película. Por isso, o mercado atualmente privilegia a exibição de comerciais em 35 mm. A projeção digital, porém, promete revolucionar o setor.

“Não queremos anunciar ofertas nem descontos,

prefiro filmes institucionais.”

Valmir Fernandes, da Cinemark

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(publicidade)

agências precisam con-hecer melhor os cinemas e seu público, para tentar desenvolver ações específicas. Recente-mente, começamos a distribuir ingressos grátis para os associados do grupo de Mídia, para tentar estimular esse contato”, diz André Porto Alegre. “Mais do que popularizar essa mídia, temos interesse em discutir projetos especiais, porque o cinema permite ações interativas de ponto de venda”, faz coro valmir Fernandes.

As próprias empresas que comercializam espaços estão se adiantando e vem oferecendo aos clientes formatos diferenciados. o kinoplex

slides com informações sobre como aproveitar a estação com uma alimentação adequada e proteção. o projeto prevê a venda de cotas de patrocínio. A empresa também tem interesse em ocupar os espaços com conteúdos que não necessariamente são filmes publicitários. É o caso de uma exposição de fotos realizada este ano, com imagens de grandes fotógrafos brasileiros.

Na rede Severiano Ribeiro, a tecnologia digital aliada à internet trouxe de volta os cinejornais, mas em tempo real. “em parceria com o portal ig, lançamos o último Se-gundo no Cinema, com a exibição de notícias online em 18 salas do circuito. Com quatro atualizações diárias, as notícias prendiam a atenção do público. Comprovamos assim que o espaço do cinema pode ser de informação além de entre-tenimento”, diz André Porto Alegre.

do Shopping dom Pedro, em Campinas, da rede Severiano Ribeiro, conseguiu uma façanha: 90% de seus anunciantes são locais. Mas não se trata de um varejão. o resultado faz parte de uma campanha pro-movida pela bandeira visa em todas as lojas do Shopping. quem é associado à visa tem direito de participar da campanha CineShop visa, um programa de ofertas produzido especialmente para exibição no local.

Para o verão 2004-2005, a Rain criou o projeto “dicas

de verão”, que consiste na inserção de

“Nem todas as salas são comercialmente viáveis. A publicidade ainda se concentra no Rio, São Paulo e Brasília.”

André Porto Alegre, da Promocine

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Neste tradicional filme de Natal, produzido para um shopping center de São Paulo, um anjinho de

desenho animado percorre o shop-ping e interage com os clientes, reve-lando a decoração e mostrando os ícones do Natal. “optamos por fazer o anjinho em animação convencio-nal, 2d, porque a idéia era dar uma cara ‘disney’ para o personagem. então trabalhamos dessa forma, desenvolvendo o personagem, e produzindo um story board bem detalhado”, explica o diretor Wiland Pinsdorf. A anima-ção foi criada por haroldo guimarães Neto, cuja pro-dutora presta serviços para a disney.

o animador acom-panhou as filmagens para planejar a aplicação do per-sonagem. A cena mais complicada foi a que mostra um casal se beijan-do. “É como se os atores fossem se beijar e o anjinho entra no meio. então eles precisavam parar e bei-

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(making of )por Lizandra de Almeida

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Técnicas de animação e CGjar na posição exata para que o anjinho fosse aplicado no meio”, explica Wiland.

em quase todas as cenas, o cuidado do diretor se concentrou principalmente na coordenação dessa grande quantida-de de elementos. “em uma das cenas, há dez crianças em um carrossel e elas acenam para o anjinho. em outra, o anji-nho sai do saco do Papai Noel e percorre o corredor, com mais de 50 figurantes. Nesse caso, pensamos em colocar um cabo para a câmera correr, como se

estivesse sob a perspectiva do anjo, mas depois decidimos

usar uma grua com rodi-nhas de avião, que também

foi usada para filmar a fachada.”A equipe ainda contou com o apoio de guilherme Steager, que

desenvolveu uma traquita-na para simular o anjinho se

mexendo dentro do saco do Papai Noel. “era uma máqui-

na que se movimentava. e depois completamos e apli-camos alguns efeitos na

computação gráfica.”

Na cena do beijo, o anjinho precisava entrar no local exato em que as bocas dos atores

se encontravam. Animação foi toda feita em 2D tradicional, para dar uma aparência

“Disney” ao personagem.

Cliente Central Plaza ShoppingProduto Campanha de NatalAgência Rae MPDir. de criação Mauro kelmCriação Mauro kelm e Alberto lima

Produtora Canvas 24p FilmesDireção Wiland PinsdorfFotografia eduardo RuizAnimação hgN / haroldo guimarães Neto

Efeitos guilherme Steagermecânicos

Montagem Wiland Pinsdorf Trilha Fabulosa (Felipe vassão) Pós-produção Canvas 24p Finalização gustavo gonçalves

ficha técnica

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viagem através dos recortes

A nova campanha dos celula-res Motorola, tem veiculação em diversos países como Rússia, áfrica do Sul e, de

acordo com o local, é protagonizada por personagens diferentes. o filme mostra tipos caricatos, cantando o jin-gle em cenários produzidos com fotos recortadas que remetem a várias par-tes do mundo. o filme exigiu um cas-ting de mais de 250 pessoas e mais de mil fotos para compor o cenário. A pro-dutora filmou em fundo verde todas as personagens e definiu elementos da direção de arte, como a paleta de cores e o estilo das imagens de fundo.

o casting exigiu pessoas que sou-bessem interpretar e também cantar. A atuação sobre fundo verde incluía cantar o jingle ao vivo, para captação de som direto. “editamos todos os personagens com o som, em sincro-nia”, explica Pepeu, da Casablanca, que dirigiu os efeitos especiais e a composição.

em relação aos cenários, a orien-tação era que os fundos tivessem um

caráter multicultural, global, mas sem revelar exatamente os lugares. “Não podíamos caracterizar nenhum lugar, nem havia verba para sair para filmar ou fotografar. então trabalhamos com pedaços de fotos de direitos livres esco-lhidas na internet e até fotos caseiras, das minhas férias”, diz Pepeu. em alguns casos, as texturas das fotos serviram para a construção de outras imagens. Uma ponte, por exemplo, é totalmente virtual: foi construída com elementos de imagens de outras pontes.

Tendo todos os personagens e todos os fundos em mãos, explica o assistente de direção Felipe Alonso, a composição foi orientada por cada um dos países, salientando mais um ou

ficha técnica

Cliente MotorolaProduto institucionalAgência ogilvy Brasil Comunicação

Dir. de criação Adriana Cury, Ana quarto e danilo janjacomo

Criação Rui Branquinho e Celso Alfieri

Produção Film PlanetDireção Flavia MoraesFotografia Flavio kodatoPós-produção Casablanca

Cliente Procter & gambleProduto Fraldas PampersAgência F/Nazca Saatchi&SaatchiDir. de criação Fábio Fernandes e eduardo lima

Criação Fábio Fernandes, André kassu e Marco Monteiro

Produção Cia. de CinemaDireção Claudio BorrelliFotografia Ted AbelMontagem Marcelo Cavalieri Trilha estúdio Tesis (Silvio Piesco)

Pós-produção Casablanca

ficha técnica

Cenário livre

Um bebê corre por todos os cômodos da casa, de camise-tinha e fralda, enquanto uma animação representa um

relógio correndo e a trilha brinca com o som “shhh”, como se o bebê estivesse fazendo xixi. A criança brinca por toda a casa até que cai exausta. e a fralda agüentou firme a correria do dia.

o desafio do filme era dar toda a liberdade para a criança correr e brincar pelo cenário, mas de forma que a câme-ra pudesse acompanhá-la. A produção optou por construir todo o cenário em estúdio, reproduzindo os cômodos de uma casa e decorando com uma série de brinquedos. Todos os cômodos eram abertos, de modo que a câmera podia passear e mudar de ambiente,

sempre acompanhando os passinhos da criança. “em uma casa normal, a câmera não conseguiria se movimentar com a rapidez necessária”, explica Regina Madeira, diretora da conta.

Com planos mais fechados e sempre na altura da criança, o filme mostra inclusi-

ve a criança interagindo com um cão labrador, com toda a intimidade. Até que adormece no colo de um grande bicho de pelúcia estrategicamente colocado no chão.

outro tipo étnico. No fim, foram pro-duzidos dez filmes, todos eles com os mesmos cenários e modificações na trilha e nos personagens.

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(artigo)

o modismo regulatório e as comunicações

sobre os conteúdos audiovisuais, sem a devida atenção à legalidade estrita. Fala-se em “regular”, “marco regulatório” e “regulação”, sem que se tenha a adequada atenção ao significado dos termos.

legislar, regulamentar e regular

Faz-se necessário conceituar alguns temas. o primeiro dele diz respeito a legislar. A função legislativa é delegada pela sociedade à sua representação política no Congresso Nacional. Ao fazer uma lei, o Poder legislativo elege um fato social como relevante e o transforma em norma. A norma sempre definirá uma situação que “deve ser”, classificando a conduta como “proibida, permitida ou obrigatória”. Nem tudo precisa ser objeto de legislação e só a lei inova, cria ou modifica direitos e obrigações. quando a sociedade decide legislar sobre alguma coisa não está “regulando” algo, mas sim “legislando” sobre algo.

o segundo termo seria “regulamentar”. o poder regulamentar outorgado ao presidente da República diz respeito a uma função administrativa. quem regulamenta não pode criar novidade, ampliar, alterar ou modificar o que a lei criou. o regulamento traduz para a sociedade de forma detalhada e materialmente exeqüível o que a lei, normalmente abstrata, prevê.

Finalmente, a “regulação” - que difere de regulamentação e legislação - é uma diversa atividade do estado, relacionada à

Marcos Alberto Sant’anna Bitelli*m a r c o s . b i t e l l i @ b i t e l l i . c o m . b r

o Brasil precisou de mais de 500 anos de vida para experimentar uma condução política mais inspirada em valores

sociais. Por vários anos a sociedade vem lutando contra o cerceamento das liberdades e direitos fundamentais dos cidadãos. A Constituição Federal de 1988 foi uma importante alavanca para se atingir o ápice deste ciclo, e o processo de democratização finalizou esta importante conquista.Paradoxalmente, sob a condução política mais à esquerda, toma conta do cenário nacional o questionamento sobre a “regulação” da comunicação e também do seu principal conteúdo, o audiovisual. o direito de informar e ser informado é um dos pilares da reconquista das liberdades democráticas garantidas no texto constitucional, tanto é que este proíbe a formulação pelo Congresso Nacional de qualquer lei que vise a embaraçar a informação jornalística. Todavia, estes direitos não se resumem ao acesso ao conteúdo dos noticiários, jornais e periódicos. extrapolam-se para a acessibilidade a conteúdos informativos em sentido amplo, tais como a clareza das embalagens de produtos, bulas de remédios, ofertas publicitárias, bancos de dados privados e públicos, os livros, as obras musicais, as obras audiovisuais, respeitados os limites impostos - exclusivamente - pela própria Constituição, geralmente vinculados à proteção da honra, intimidade, privacidade, direitos de autores, a proteção da infância e da adolescência, bem como da família. Tudo isto é muito elementar não fosse a torrencial intenção de se estabelecer de atuações “regulatórias” do estado

* Marcos Alberto Sant’anna Bitelli é sócio do

escritório Bitelli Advogados.

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intervenção no domínio econômico. Normalmente a “regulação” é usada para serviços públicos e essenciais. o “marco regulatório”, longe de ser uma legislação livre sobre um determinado setor econômico, deve, isto sim, traduzir para este setor a aplicação firme dos princípios constitucionais.

ocorre que os estados mais modernos, e o Brasil também, têm optado pelo sistema de agências reguladoras para exercer as novas funções estatais, mais ligadas à orientação determinante no setor público e indicativa para o privado, do que a antiga atuação direta do executivo nestas atividades.

Regular a partir do conteúdo: erro estratégico

Aqui reside o ponto fundamental da análise proposta. o setor de comunicação brasileiro não é sujeito ao controle estatal, apenas a radiodifusão, que é veículo e produtor de conteúdo ao mesmo tempo, o é, e sujeita constitucionalmente a regime próprio de outorgas. o setor de telecomunicação tem o controe estatal sujeito a uma agência reguladora, a Anatel, conforme programou a Constituição, e por sua vez não é produtor de conteúdo. os setores que produzem, distribuem e exibem conteúdos audiovisuais não são sujeitos a concessões, privados que são por excelência.

A radiodifusão de sons e imagens tem uma característica especial: é rede de comunicação e, portanto, infra-estrutura; ao mesmo tempo é produtora de conteúdo próprio e difusora de conteúdo independente. ocupa, portanto, a posição das outras duas situações - da telecomunicação e do audiovisual. estas três situações tão diversas por iniciativa do estado estão sendo objeto de iniciativa “legislativa” convergente visando a regulação a partir do conteúdo - o audiovisual.

Contudo, a sociedade não tem se mostrado interessada em “legislar” sobre conteúdo “audiovisual” com viés “regulatório”, prova é que a criação da Ancine, em 2001, ocorreu por medida

provisória jamais votada, e a proposta da Ancinav advém de iniciativa do novo governo. o executivo tem “regulamentado” indevidamente alguns temas do audiovisual, inovando sobre a “legislação” até que consiga obter uma que o autorize a “regulamentar” a circulação destes conteúdos pelos sistemas de comunicação privada, radiodifusão e telecomunicação, a partir da linguagem do movimento cinético. erra, contudo, ao estabelecer o viés de proteção da cultura nacional e a linguagem de conteúdo (audiovisual) como os pontos de partida da “regulação”. isto porque:

1) A produção, distribuição e exibição audiovisual, enquanto atividade econômica, é essencialmente

privada e, portanto, limitadora da atividade do estado à função indicativa.

2) A produção de obra audiovisual, em que pese poder ser considerada como fonte de cultura nacional, não se constituirá necessariamente em patrimônio cultural brasileiro. quem decidirá se um produto audiovisual contemporâneo integrará o patrimônio cultural brasileiro é a sociedade brasileira. A criação é ato presente, a proteção é ato do futuro que se volta para o passado relevante. A linguagem audiovisual pode propiciar lazer, entretenimento ou manifestação cultural, efeitos não necessariamente simultâneos.

3) A “regulação” da produção e programação da radiodifusão independe de se estabelecer o novíssimo “marco re-regulatório”, a “lei geral” ou a “revolução estratégica” proposta pelo governo para o “audiovisual”. Basta que se cumpra o Art. 221. No seu cumprimento, contudo, não pode o estado agir com dirigismo ideológico, cultural ou científico.

Portanto não é a partir da “regulação” do audiovisual que se poderá dar concretude ao Art. 221. A própria questão da “regionalização” é tema que escapa da seara do audiovisual.

4) o laço em busca dos agentes de telecomunicação escapa também da questão “audiovisual” e invade o buraco negro constitucional da dicotomia radiodifusão-telecomunicação criada em 1988.

5) o controle da concentração econômica, da concorrência, da propriedade cruzada e da verticalização dos meios de comunicação privada, pública e telecomunicações se viabilizará através dos órgãos de proteção da concorrência existentes, sob o aspecto econômico, e de uma nova “legislação”

que tenha como suporte um novo contorno constitucional, sob o aspecto de comunicação social.

Portanto, longe de se poder aqui sugerir o que e como regular nestes setores, se pode e se deve alertar que o estado brasileiro contemporâneo está agindo de forma equivocada ao assumir uma postura paternalista, condutora, substitutiva da vontade da sociedade brasileira, no sentido de querer dizer a ela tudo o que está por se fazer, o que precisa ser feito e o que está errado no “direito de comunicação”, a partir da proteção dos “valores culturais nacionais”.

Ainda que vários diagnósticos pontuais possam ser corretos, aqui ou acolá, o tratamento em bloco é equivocado, podendo levar o paciente ao coma, à imobilidade ou à falência de alguns órgãos.

Nestes casos, muitas vezes para que não se cause um efeito colateral indesejado, a sociedade pode acabar por não prestigiar o médico, substituindo-o na primeira oportunidade legítima.

o exeCuTiVo eRRa ao eSTabeleCeR o ViÉS de PRoTeÇÃo da CulTuRa naCional Como o PonTo de PaRTida da ReGulaÇÃo.

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(carreira)

Audição seletivaTer um ouvido perfeito não é a principal prerrogativa para se tornar técnico de som direto. Mas ter jogo de cintura, pique e bom senso é imprescindível.

Para ser técnico de som direto, só não pode ser surdo. Mas é até desejável que se seja um pouco.” A afirmação de Bié gomes,

um dos mais reconhecidos técnicos brasileiros de som direto, não é brincadeira. ele insiste: “quem tem um ouvido muito bom ouve mais do que os outros. Com isso, acha que tudo atrapalha e acaba fazendo drama, prejudicando a filmagem, sendo chato — na opinião dos outros profissionais. o bom técnico sabe estabelecer um equilíbrio entre o sinal e o barulho.”

Atividade fundamental tanto na área de publicidade quanto no cinema de documentário e ficção, a captação de som simultânea à filmagem tem como finalidade registrar os diálogos e o som ambiente, que podem servir para dois propósitos: ou para serem usados realmente como áudio do filme ou para servir de guia. de acordo com o produto e a mídia finais, mais responsabilidade pesa sobre os ombros do técnico de som direto.

e além da responsabilidade, há todo o equipamento: em geral, o técnico carrega o gravador e o mixer, isso quando também não faz o trabalho de microfonista, carregando o boom — aquele suporte comprido no qual o microfone é acoplado. os técnicos mais experientes costumam ter seu próprio equipamento. Um kit básico inclui o gravador, o mixer, um bom fone de ouvido e um kit de microfones, que inclui um microfone direcional, um hipercardióide, um dinâmico, dois de lapela com fio, dois sem fio e o boom. Mas dependendo da filmagem, um microfone basta.

Os cuidados da ficção o trabalho mais complicado,

sem dúvida, é o longa-metragem de ficção. Um dos motivos, segundo Bié, é que no Brasil a maioria das produtoras faz questão de aproveitar o som direto, evitando a dublagem de diálogos. Mas as condições de trabalho oferecidas para a captação de som em geral prejudicam sua qualidade. “Sempre falo que no Brasil há muito poucos estúdios blimpados. A maioria dos estúdios não passa de um galpão adaptado. Não precisamos nem nos preocupar quando passa um avião porque ele não prejudica só o som: faz tremer até a câmera”, brinca.

e se um problema prejudica a captação da imagem, então passa a ser levado a sério pela produção. “A gente tem que saber que o som é a única etapa que pode ser totalmente produzida depois da filmagem. quando as imagens foram captadas, não dá pra mudar luz, nem figurino, não tem mágica. Mas o som pode ser totalmente construído”, afirma.

É por isso que nos estados Unidos, continua, cerca de 70% dos diálogos são dublados. “lá eles preferem tratar o som separado da imagem e, em geral, o som direto serve apenas de guia. em algumas situações, especialmente em planos muito abertos e ao ar livre, sabemos que o nível de ruído é alto e que, para que o diálogo seja compreendido, é preciso fazer o ator gritar. então eles deixam para lá, o ator fala normalmente e depois é feita a dublagem”, explica.

Segundo gabriela Cunha, representante da nova geração de técnicos de som direto — e uma das

“Mais importante do que ter vários tipos é saber usá-los e, principalmente, saber posicioná-los. Ter um microfonista bem treinado é até mais importante do que ter um supergravador. Porque o gravador só registra o som, é como uma tela em branco. É preciso colocar o microfone de forma que capte bem o som sem aparecer em quadro nem em reflexos”, avalia Bié.

A equipe de som costuma ser formada, portanto, pelo técnico que responde pelo monitoramento da gravação e pelo microfonista. em alguns longas-metragens, são necessários até dois assistentes e o gravador precisa ter time code, para facilitar a sincronia na montagem. >>

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poucas mulheres na atividade —, os cuidados com a pós-produção de som nos estados Unidos são incomparáveis, inclusive em relação a outros países. “Na inglaterra e na França também não há muita dublagem. Mas principalmente nos filmes típicos americanos, que são muito barulhentos, não há outro jeito. então eles desenvolveram uma técnica apurada, que consegue recriar todos os ruídos de forma realista.”

Para Bié, no Brasil existe um certo “medo” de dublagem, por vários motivos: custos de estúdio e de cachê dos atores, dificuldade de agenda e até mesmo inexperiência: a pequena quantidade de longas produzidos faz com que os atores não tenham prática. “Aqui no Brasil no máximo 20% do filme é dublado, mas acho que no mínimo 50% precisaria ser dublado para que o resultado final ficasse bom. Parece que estou dando um tiro no pé ao falar isso, afinal é o meu trabalho, mas temos que fazer o som guia de qualquer forma. É uma questão de qualidade. o cinema em geral não tem música ao mesmo tempo em que o diálogo, e é fundamental que o espectador consiga ouvir o que o personagem está dizendo. São planos mais longos, mais abertos”, comenta.

Para gabriela, os documentários não exigem um rigor tão grande. “No documentário a imagem muitas vezes tem menos importância do que o som. então o microfone até pode aparecer. o importante é não perder nada dos depoimentos, mesmo que haja ruído. entendendo o que a pessoa fala, está valendo.”

Até mesmo a participação do técnico é diferente em filmes e outros formatos. “em publicidade, às vezes a produção me liga à noite para filmar no dia seguinte. Não tem preparação alguma. então a gente leva todo o equipamento que pode, para não faltar nada na hora”, diz gabriela.

A preparação para o filme de ficção começa na leitura do roteiro. depois são feitas reuniões de produção e visitas a locações. “Somos consultados pelo produtor para saber se dá para filmar nesta ou naquela locação. É muito tempo de filmagem, então não dá para correr o risco. Muitas vezes não é só a locação: tem figurino que faz tanto barulho que não dá

para captar o som direto. então temos que conversar com o produtor e tentar prever os problemas para ganhar tempo”, continua gabriela.

Tecnologia em evoluçãoSempre a reboque das imagens, em

termos de tecnologia a evolução da área de áudio também acompanha o que a indústria estabelece como padrão para o vídeo. Atualmente, o padrão do mercado de captação de som são os gravadores dAT, com sistema de gravação digital em fita magnética. Mais leves e compactos e com uma mídia menor do que os tradicionais gravadores de rolo Nagra, a qualidade dos dAT sempre foi questionada. “A fita é muito ruim, o dAT já resistiu mais do que

devia”, acredita gabriela.

Agora, começam a chegar ao mercado os primeiros equipamentos com gravação em disco rígido. Um dos modelos disponíveis é fabricado pela própria Nagra, indústria francesa especializada em gravadores profissionais, mantendo sua qualidade e facilitando muito a vida dos técnicos. “A transcrição das fitas magnéticas acontece em tempo real, ou seja, se você tiver 40 horas de gravação, vai levar 40 horas para descarregar no sistema de edição não-linear. Com a gravação em disco rígido, um arquivo é transferido em poucos minutos”, explica ela.

o custo do equipamento depende de sua complexidade e da quantidade de dados que consegue armazenar. Alguns modelos têm até quatro pistas de gravação. em geral, trabalham com discos de 40 gb a 80 gb e saída firewire. “Conseguimos gravar um longa inteiro em um disco de 60 gb, com uma ou duas pistas de som. São oito semanas de trabalho que podem ser transcritas em meia hora”, comemora. os preços, porém, ainda não são muito convidativos: a maioria dos modelos varia entre US$ 9 mil e US$ 15 mil.

(carreira)

Aos poucos, a tendência é substituir a fita DAT (acima) por gravadores

com disco rígico interno.

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(upgrade)

o fim da migraçãoAvid lança novas versões de seus produtos low-end e passa a ser totalmente hd, em todas as linhas de produtos.

A Avid deve começar a distribuir ainda neste mês de dezembro dois novos equipamentos para produção em alta

definição. o primeiro é o Media Composer Adrenaline hd 2.0, o primeiro da linha de software Adrenaline a trabalhar em alta definição. Além disso, a Avid lançará a placa Avid dNxcel hd, que traz algumas novas funcionalidades, como suporte a várias resoluções e formatos, inclusive o formato 10-bit Avid dNxhd. Trata-se de formato que trabalha com material 10-bit hd em tempo real em ambientes colaborativos. o Media Composer Adrenaline hd permite ainda trabalhar em tempo real com multicâmera em Sd e hd, e também a misturar formatos hd, Sd e dv, e diferentes resoluções na mesma timeline. Além disso, o material editado no formato 10-bit Avid dNxhd tem preview em tempo real em monitores hd.

o equipamento permite ainda capturar e dar saída de sinal em qualquer formato através de uma porta hd-Sdi. É possível ainda fazer um downconvert para Sd em formato letterbox, anamórfico ou ainda “cropar” a imagem central. A

entre as novas funcionalidades estão a captura e saída em dv50 através da porta ieee-1394, assim como conteúdo em 24p. outra novidade é a possibilidade de total integração com outras soluções da empresa para edição e finalização. Assim, qualquer conteúdo capturado no Media Composer Adrenaline hd ou no dS Nitris em formato Avid dNxhd, pode ser transferido para o Avid xpress Pro hd, através de uma rede local. isso permite também que os usuários comecem um projeto em qualquer sistema Avid e continuem o trabalho na estação portátil, para depois reenviá-lo ao sistema original.

o Avid xpress Pro hd começa a ser distribuído ainda em dezembro por US$ 1,695 mil, para sistemas Windows. o upgrade para usuários do Avid xpress Pro custará US$ 49,95. A versão para Mac está prevista para 2005.

nova versão suporta os formatos hd 720p/59.94, 1080p/23.976, 1080p/25, 1080i/50, e 1080i/59.94, sendo que, em um upgrade previsto no próximo ano, poderá suportar ainda 720p/23.976, 1080p/24, 720p/50, e 720p/29.97.

A nova versão traz ainda uma saída dvi, para monitores hd de menor custo, captura e dá saída em dvCPRo hd e dvCPRo 50 através de porta ieee-1394, pode fazer correções RgB offline de arquivos do Avid dS Nitris, conta com o chroma keyer SpectraMatte 16-bit hd/Sd e a nova arquitetura para efeitos Avx 2.0.

o equipamento será lançado nos eUA por US$ 25 mil e a placa opcional Avid dNxcel custará US$ 9,995 mil. o equipamento será lançado, a princípio, para a plataforma Windows xP, sendo que a versão para a plataforma Mac está planejada para 2005.

HDVo outro equipamento que deverá ser

lançado pela Avid é o xpress Pro hd, a primeira solução hd não-linear portátil da empresa. o equipamento suporta a aquisição e edição de material em dvCPRo hd; edição e renderização em Avid dNxhd, e edição multicâmera em tempo real. Além disso, um dos destaques do novo software é o suporte ao formato hdv, o que será disponibilizado em um update gratuito em meados de 2005.

O Avid xpress Pro HD trabalha com vários formatos HD e terá upgrade para

suportar HDV em 2005.

Media Composer Adrenaline HD 2.0, com placa opcional que permite preview de vídeo HD em tempo real.

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(agenda)> JANEiRO18 a 23Fipa — Festival internacional de Pro-gramas Audiovisuais. Biarritz, França. Tel.: (33-1) 4489-9999. e-mail: [email protected]. Web: www.fipa.tm.fr.

20encerram-se as inscrições brasileiras para a décima edição do É Tudo Verdade — Fes-tival internacional de Documentários. o festival acontece entre 29 de março a 10 de abril em São Paulo e no Rio de janeiro. Uma seleção de títulos do festival partici-pará da itinerância do festival por capitais brasileiras. As inscrições podem ser feitas através do website www.etudoverdade.com.br.

20 a 30Sundance Film Festival. Park City, eUA.Tel.: (1-801) 924-0882. e-mail: [email protected]. Web: www.sundance.org.

25 a 27NATPE 2005. hotel Mandalay Bay Resort, las vegas, eUA. Tel.: (1-310) 453-4440. e-mail: [email protected]. Web: www.natpe.org.

> FEVEREiRO10 a 20Festival internacional de Berlim. Berlim, Alemanha. Tel.: (49-30) 259-200. e-mail: [email protected]. Web: www.berlinale.de.

> MARçO30 e 31iii Tela Viva Móvel — Encontro dos Serviços e Entretenimento Wireless. iTM expo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3214-3747. e-mail: [email protected]. Web: www.convergeeventos.com.br.

> ABRil9 e 10MipDoc. Palais des Festivals, Cannes, França. Tel: (33-1) 4190-4440. e-mail: [email protected]. Web: www.mipcomjunior.com.

11 a 15MipTV/Milia. Palais des Festivals, Cannes, França. Tel.: (33-1) 4190-4567. e-mail: [email protected]. Web: www.miptv.com.

16 a 21NAB 2005. las vegas Convention Center, las vegas, eUA. Tel.: (1-800) 622-3976. e-mail: [email protected]. Web: www.nabshow.com.

> MAiO4 e 5Vi Fórum Brasil de Programação e Produção. iTM expo, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3120-2351. e-mail: [email protected]. Web: www.convergeeventos.com.br.

11 a 22Festival de Cannes. Palais des Festivals,

Cannes, França. Tel.: (33-1) 5359-6100. e-mail: [email protected]. Web: www.festival-cannes.org.

> JuNHOGuarnicê de Cine-Vídeo. São luís, MA. Tel.: (98) 3232-3901. e-mail: [email protected]. Web: www.festivalguarnice.ufma.br.

Cine Ceará - Festival Nacional de Cin-ema e Vídeo. Fortaleza, Ce. Tel.: (85) 3288-7772/ 3288-7773 / 3288-7774. e-mail: [email protected]. Web: www.festivalcineceara.com.br.

> JulHO8 a 17Anima Mundi - Festival internacional de Cinema de Animação. Rio de janeiro, Rj. Tel.: (21) 2543-8860 / 2541-7499. e-mail: [email protected]. Web: www.animamundi.com.br.

20 a 24Anima Mundi - Festival internacional de Cinema de Animação. São Paulo, SP. Tel.: (21) 2543-8860 / 2541-7499. e-mail: [email protected]. Web: www.animamundi.com.br.

> AGOSTO2 a 4ABTA 2005. iTM-expo, São Paulo, SP. Tel: (11) 3120-2351. e-mail: [email protected]. Web: www.convergeeventos.com.br.

Page 39: Revista Tela Viva - 145 - dezembro  2004

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