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Ano 14 n 0 141 mar2011 www.teletime.com.br ENTREVISTA Diretor da RNP fala sobre o futuro das redes e o estado da tecnologia no país INDÚSTRIA Compras da Telebrás dão fôlego ao mercado nacional de equipamentos COBERTURA ESPECIAL Tablets, HTML5 e cloud computing dominam os debates do Mobile World Congress e evidenciam fusão total do mundo móvel com a Internet.

Revista Teletime - 141 - Março 2011

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Revista Teletime - 141 - Março 2011

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ENTREVISTADiretor da RNP fala sobre o futuro das redes e o estado da tecnologia no país

INDÚSTRIACompras da Telebrás

dão fôlego ao mercado nacional de equipamentos

COBERTURA ESPECIALTablets, HTML5 e cloud computing dominam os debates do Mobile World

Congress e evidenciam fusão total do mundo móvel com a Internet.

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A banda larga é a prioridade tanto do Ministério das Comunicações quanto da Anatel para 2011. O Mobile World Congress, maior evento

de telefonia celular do mundo, se tornou, em essência, um evento sobre Internet móvel. A discussão sobre as metas de universalização da telefonia fixa se tornaram uma discussão sobre as redes de acesso à Internet. O uso inovador das redes de telecomunicações passa por aplicações avançadas de Internet. Esses são apenas alguns exemplos extraídos das matérias desta edição da TELETIME, que mostram como o setor de telecomunica-ções é hoje quase sinônimo de Internet.

Mas o mais surpreendente é que esta-mos falando de um universo não regulado. A não ser em relação a algumas das redes que são utilizadas pelo serviço de Internet e da licença de comunicação multimídia, a única regra que regula a Internet ainda é a Norma 04/1995 do Ministério das Comunicações. Trata-se de um documento feito na época do Sistema Telebrás para permitir a entrada de provedores de acesso privados no mercado de Internet brasileiro, evitando assim que as teles estatais tivesse o monopólio sobre esse segmento. São 16 anos, o que é o equivalente a um século para o universo de que trata a própria norma.

De lá para cá, tudo mudou. A Internet deixou de ser um mero serviço de valor adi-cionado às redes de telecomunicações, como define a Norma 4, para se tornar a razão de existir das próprias redes. As empresas de telecomunicações deixaram de ser estatais. A figura do provedor de acesso como foi concebida em 1995 se tornou desnecessária e incompreensível. A Internet se tornou banda larga, a conectividade se tornou per-manente e os desafios que se colocam daqui

para frente são muito maiores: passam pela questão da neutralidade das redes versus a necessidade de rentabilização da infraestru-tura; a garantia de qualidade de serviços para aplicações críticas (como saúde e segu-rança) versus a livre troca de conteúdos multimídia; a exploração comercial da rede versus a sua anarquia intrínseca.

Nos Estados Unidos, a FCC viu a neces-sidade de deixar de tratar a Internet como um serviço de informação para tratá-la como um serviço de telecomunicações e assim regular onde era preciso. No Brasil, discussões bizantinas sobre a aplicação de regras válidas para um mundo de comuni-cações analógicas são sempre uma preocu-pação para o cenário digital. E não é só isso: no Brasil, uma empresa que vende acesso por ADSL segue uma regra diferente de uma empresa que dá acesso por cabo, por exem-plo. E a Internet pelo celular é tratada como uma terceira situação.

Hoje se fala sobre a necessária revisão do marco legal das comunicações, com o ajuste das distorções existentes no setor de radiodifusão e a correção de assimetrias entre empresas de TV paga e empresas de telecomunicações na prestação dos serviços de vídeo. Mas talvez seja mais do que hora de acrescentar nesse ambiente de debate uma necessária reflexão sobre a regulação da Internet. Não para que ela deixe de ser livre e anárquica, afinal foram esses dois elementos que nos trouxeram ao ponto em que estamos hoje em termos de conectivida-de. Mas para apagar os anacronismos exis-tentes na regulação atual e preparar o terre-no para as discussões futuras que cada vez mais serão colocadas no debate sobre banda larga. Afinal, a Internet se tornou, na práti-ca, sinônimo de telecomunicações. Só que não é isso que está escrito.

A Internet e as telecomunicações

.:EdITORIAL Samuel Possebonsamuca@con ver ge com.com.br

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Redação Daniel Machado, Fernando Paiva (Rio de Janeiro), Helton Posseti,

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Arte Edmur Cason (Direção de Arte);

Rubens Jardim (Produção Gráfica); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica);

Débora Harue Torigoe (Assistente); Alexandre Barros (Colaborador); Bárbara Cason (Colaboradora)

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(61) 3327-3755 - Brasília, DF. Jornalista Responsável Rubens Glasberg (MT 8.965)

Impressão Ipsis Gráfica e Editora S.A. Não é permitida a reprodução total ou parcial das

matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A

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Número

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ILUSTRAÇÃO dE CAPA: EDITORIA DE ARTE/CONVERGE

CAPANas nuvensMobile World Congress (MWC) consagra a integração entre Internet e celular. Redes sociais, HTML5 e cloud computing dominaram o evento.

TECNOLOGIAUm degrau no meio do caminhoSe o LTE resume tudo o que há de mais avançado na telefonia móvel, a HSPA+ é vista pelas teles como o próximo nível de evolução das redes. Isso ficou claro no MWC.

ENTREVISTADe pontaNelson Simões, diretor geral da RNP, explica o modelo de operação da rede e comenta a realidade da estrutura brasileira de telecom do Brasil sob a ótica da academia.

POLíTICAPrioridade zeroNo seminário Políticas de (Tele)Comunicações, governo defende a banda larga como o topo da lista. Mudanças de leis e reformas, no entanto, parecem ainda distantes.

REGULAMENTAÇÃOPolêmica à vistaDebate técnico do PGMU III chega ao fim, mas ainda há indefinições com as operadoras, o que obrigou o governo a criar uma mesa de negociações.

INdúSTRIAInjeção de ânimoPrimeiros contratos do PNBL são assinados e fabricantes brasileiros recebem um empurrãozinho extra do governo. Será suficiente para alavancar a indústria local?

MERCAdODe volta aos trilhosDepois de anos no vermelho e de quase ser vendida, Sercomtel passa por um grande processo de reestruturação e volta a registrar lucro operacional.

EqUIPAMENTOSFora do páreoMercado de certificação de baterias para ERBs no país é dominado pelo CPqD, apesar de contar com outros dois players, que reclamam de falta de apoio da Anatel.

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ErrataO nome correto do diretor do Titans Group, citado na matéria “Modelo complicado” da edição janeiro/fevereiro, é Mino Mazzamati.

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A Internet é móvel. Esta foi a certeza de quem circulou pela edição deste ano do Mobile World Congress (MWC), em Barcelona. Se

alguns anos atrás os fabricantes de infra-estrutura e de terminais móveis reinavam absolutos nesse evento, agora eles preci-sam dividir espaço com grandes empresas da Internet. A integração entre os dois mundos está cada vez mais profunda e indissociável. Este ano ficou clara a força de redes sociais como Facebook e Twitter no mundo móvel, noivas que todas corte-jam. Enquanto isso, as operadoras jogam suas fichas em cloud computing, HTML5 e no lançamento comercial da WAC (Wholesale Applications Community), sua plataforma para lojas white label de apli-cativos online, na luta para não virarem meros canos para tráfego de dados. Entre os patronos de sistemas operacionais móveis, a atenção se volta para o fortaleci-mento de seus ecossistemas de desenvol-vedores, em uma guerra que teve um novo capítulo poucos dias antes da feira: a ado-ção do Windows Phone 7 pela Nokia. Do ponto de vista de terminais, o evento foi marcado pela profusão de tablets e pela chegada da tecnologia dual-core aos dis-positivos móveis. Tudo pensado em um cenário de conectividade plena.

Em telecomunicações, olhar o mercado japonês é como olhar para o futuro. Lá tudo acontece anos à frente do resto do mundo. E a mensagem para o ocidente trazida pelos executivos de duas das prin-cipais operadoras locais, a NTT DoCoMo e a Softbank, foi direta: invistam em Internet móvel. Nos últimos cinco anos, os ganhos da Softbank (Ebit) aumentaram cinco vezes. A explicação está no crescimento do consumo de dados móveis por seus usuá-rios, o que representa atualmente 54% da receita da operadora, sem contar SMS, o que faz da Softbank a número um nesse aspecto no mundo. “Somos uma das pou-cas operadoras que conseguiu crescer sua receita média por usuário total nos últimos cinco anos”, afirmou o CEO da companhia, Masayoshi Son. Enquanto a receita de voz

.:CAPA Fernando Paiva, de Barcelona*[email protected]

Celulares nas nuvensRedes sociais, HTML5 e cloud computing dominam a edição 2011 do Mobile World Congress, demonstrando que Internet e mobilidade se tornaram uma coisa só.

cai ano após ano, essa perda é compensa-da pelo bom desempenho dos serviços de dados. De 2002 até 2010 o tráfego de dados em sua rede elevou-se em 1,2 mil vezes. Hoje, 100% da base da Softbank é 3G, enquanto a média mundial é 22%. A NTT DoCoMo segue o mesmo caminho: a previsão é de que a receita média de dados supere a de voz em março deste ano, disse seu CEO, Ryuji Yamada. Nos últimos três anos, a receita média por usu-ário de voz da operadora caiu de quase 5 mil ienes para cerca de 3 mil ienes. Nesse período, a receita média por usuário de dados vem mantendo uma curva de cres-cimento pequena, porém constante.

O termo cloud computing, tão usado entre empresas de TI, entrou definitiva-mente no dicionário das operadoras móveis. Para o CTO da AT&T, John Donovan, os terminais perderão impor-tância no futuro, com a transferência de boa parte da inteligência e do processa-mento dos aplicativos para dentro da nuvem da Internet. Isso representa uma oportunidade para as operadoras retoma-rem o controle sobre a experiência do

usuário, desde que sejam elas a armaze-nar e oferecer tais serviços na nuvem. Esse contra-ataque começa agora, com o incentivo ao HTML5, uma nova lingua-gem para desenvolvimento de sites que consegue criar aplicativos móveis que rodam através dos navegadores, indepen-dentemente do sistema operacional do aparelho. O HTML5 está no roadmap da WAC, plataforma global desenvolvida por operadoras móveis para criação de suas próprias lojas de aplicativos virtuais. As especificações da WAC 2.0, divulgadas durante o MWC, incluem e reforçam o suporte ao HTML5. O caminho natural é que as teles incentivem aplicativos móveis em nuvem, mas cuja venda utilize seus sistemas de cobrança. Em Barcelona foi anunciada a entrada em operação da WAC, ainda na versão 1.0. A norueguesa Telenor foi a primeira a pôr no ar uma loja de aplicativo integrada à plataforma global e a Telefónica anunciou que fará o mesmo até agosto, quando lançará um serviço de entrega de conteúdo multipla-taforma nomeado provisoriamente de Frigo, com back-up de informações na

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cobertura especial

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landesa no futuro. O Windows Phone 7, caçula nessa guerra, teve como porta-voz no MWC o presidente da Microsoft, Steve Ballmer. O executivo informou que a Marketplace, sua loja de aplicativos,

alcançou 8 mil títulos apenas quatro meses após sua inauguração. Segundo Ballmer, foi o melhor desempenho de uma app store recém nascida até agora. Cerca de 30 mil desenvolvedo-res estão registrados na plataforma e houve um milhão de downloads de sua ferramenta de desen-volvimento. Como de hábito, a Apple não parti-cipou do MWC, preferin-do apresentar suas novi-

dades em eventos por ela mesma organi-zados. No lançamento do iPad2, Steve Jobs, CEO da companhia, ironizou os concorrentes lembrando que já existem 350 mil aplicativos na App Store, dos quais 65 mil para o iPad, 200 milhões de contas de usuários cadastradas e que já foram distribuídos mais de US$ 2 bilhões em royalties para os desenvolvedores desses aplicativos. É, de longe, o modelo mais bem sucedido até aqui de app store.

redes sociaisMesmo sem estandes oficiais no con-

gresso, Facebook e Twitter estavam pre-sentes por todo o lado. O primeiro apare-ceu através de anúncios de parcerias no mundo móvel: a HTC apresentou dois smartphones com um botão dedicado ao

aconteceu dentro do MWC, outros desen-volvedores reclamaram dos percentuais pagos pelas operadoras. Neste caso, coube ao brasileiro Marco Quatorze, diretor de serviços de valor adicionado (SVA) da América Móvil, fazer a defesa das teles, ou pelo menos daquelas que atuam na América Latina, onde a maioria dos clien-tes são pré-pagos: a justi-ficativa para a participa-ção das operadoras ser maior que a dos desenvol-vedores está nos custos para distribuição de car-tões de recarga, o que inclui comissões para os revendedores. “Quando vendemos US$ 10 de cré-dito para um cliente pré--pago, isso não é US$ 10 para a gente. É menos”, explicou.

É nítida a tentativa do Google e da Microsoft de valorizar a evolução de suas plataformas móveis e seus respectivos ecossistemas. O estande do Android em Barcelona, por exemplo, chamava a aten-ção por ter trazido dezenas de desenvolve-dores para expor suas aplicações, em uma clara demonstração de força. Em palestra como keynote speaker, o CEO da Google, Eric Schmidt, informou que o Android registra atualmente 300 mil novas ativa-ções por dia, conta com 150 mil aplicativos em sua loja e está disponível em 170 modelos de dispositivos, em 169 operado-ras e em 69 países. Schmidt aproveitou para alfinetar a Nokia, dizendo que as portas estão abertas para a empresa fin-

nuvem. Brasil, Argentina, Alemanha, Irlanda, México, Espanha e Reino Unido serão os primeiros países a ter o Frigo. A América Móvil, por sua vez, pretende lan-çar uma loja de aplicativos ligada à WAC também este ano.

Na opinião de Ilja Laurs, fundador e CEO da GetJar, o HTML5 é uma ameaça para as atuais lojas de aplicativos base-adas em sistemas operacionais nativos, como a Android Market e a Apple App Store. O caminho em direção aos servi-ços em nuvem parece sem volta: o iOS 4.3, da Apple, e o Android 2.3 (Gingerbread), do Google, são compatí-veis com HTML5, assim como o Internet Explorer 9, que estará presente na pri-meira atualização do Windows Phone 7, que acontecerá em março.

EcossistemasEnquanto todo o potencial do cloud

computing dá os primeiros passos no mundo móvel, os patronos dos sistemas operacionais continuam guerreando entre si. O mais novo capítulo nessa batalha aconteceu às vésperas do MWC e foi assun-to durante toda a feira: a decisão da Nokia de abandonar o desenvolvimento do Symbian e adotar o Windows Phone 7 como sua principal plataforma para smar-tphones. Nas palavras do CEO da Nokia, Stephen Elop, a briga agora é por “ecossis-temas”. E ele enxerga três cavalos nessa corrida: Android (Google), iOS (Apple) e Windows Phone (Microsoft). Por “ecossis-tema” Elop entende o conjunto de desen-volvedores e provedores de conteúdo que criam aplicações para cada sistema opera-cional. Sem eles, uma plataforma não obtém sucesso. Conquistá-los não é tarefa fácil. A Apple precisou ser audaciosa quan-do lançou sua App Store, oferecendo 70% da receita para os desenvolvedores, em uma época em que as teles ocidentais pagavam, quando muito, 50% do líquido. E muitos desenvolvedores já se queixam que esse percentual é pequeno.

Cientes de sua importância, os desen-volvedores ganharam voz e a usaram em Barcelona para expor suas reivindicações. Mikael Hed, CEO da Rovio, empresa que criou o popular jogo Angry Birds, criticou a fragmentação do sistema e alguns proble-mas no billing do Google CheckOut, que não funciona direito em certos países e operadoras, limitando as vendas. “Mesmo o mais popular dos aplicativos vende ape-nas algumas poucas centenas de milhares no Android Market”, disse. Durante um seminário batizado de App Forum, que

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a cloud computing representa uma

oportunidade para as teles retomarem o controle sobre a

experiência do usuário, desde que sejam elas os

fornecedores dos serviços na nuvem.

Android (Google), iOS (Apple) e Windows Phone (Microsoft) mostraram suas armas na disputa pelo domínio do mundo móvel.

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serviço; a Gemalto lançou um aplicativo de acesso à rede social através do menu do SIMcard; e a INQ Mobile prometeu iniciar em breve a comer-cialização de um smartphone dese-nhado para o Facebook. Por sua vez, o Twitter enviou a Barcelona executi-vos para participar de alguns dos seminários e trouxe como mensagem básica a sua intenção de se integrar cada vez mais com dispositivos móveis, sem que isso signifique neces-sariamente o lançamento de um “Twitter Phone”. Segundo seu CEO, Dick Costolo, cerca de 40% das men-sagens enviadas no Twitter se origi-nam de dispositivos móveis, e 15% dos usuários ativos do serviço o utilizam em mais de uma plataforma. Hoje o Twitter tem aproximadamente 175 milhões de usuários. O diretor de mobilidade do grupo, Kevin Thau, passou um recado para as operadoras: ele entende que o Twitter não concorre diretamente com o SMS, pelo contrário, até estimula o envio de mensagens. Ele lembrou que sua empresa tem mais de 200 acordos com teles para a integração do serviço com suas plataformas de SMS.

Redes sociais nascidas no mundo móvel também se fizeram ouvir no MWC. O Foursquare impressionou a plateia com a aceleração do seu cresci-

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mento: um milhão de novos usuários por mês. Atualmente, o serviço tem 6,5 milhões de pessoas cadastradas. O Foursquare aproveitou a feira para anunciar o lançamento de versões em outras línguas – aquela em português ficará para o segundo semestre, prova-velmente. De acordo com o vice-presi-dente de mobilidade e parcerias da empresa, Holger Luedorf, o Brasil está entre os dez países onde o aplicativo é mais utilizado no mundo.

Futuro em nuvemComo sempre, o Mobile World

Congress é um evento onde os espe-cialistas exercitam sua capacidade de prever o futuro. Uma tendência é o surgimento das “buscas autônomas”, como descreveu o CEO da Google, ou “buscas por antecipação”, como pre-fere o CTO da AT&T. Trata-se de apre-sentar informações na tela do celular antes mesmo de o usuário precisar solicitá-las, o que será possível a par-tir de inteligência artificial e análise do perfil de uso do cliente. “O apare-lho saberá o que você quer antes mesmo de você pensar. Vai parecer

mágica”, disse Donovan, da AT&T.O executivo da tele norte-americana

prevê o que chamou de “desintegração do terminal”. Apoiando-se na teoria de que a inteligência estará toda na nuvem Internet, os celulares serão meras carca-ças. Em vez de orientados para o tipo de terminal, os serviços serão centralizados no usuário. Se o consumidor pegar emprestado o telefone de um amigo, por exemplo, este saberá exatamente quais são as suas preferências, sua agenda de contatos etc, porque essas informações estarão todas nos servidores das opera-doras. Ou seja, o mundo móvel tirará os pés do chão e andará nas nuvens.

*ColaBorou lEtíCia CordEiro

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Xperia Play, modelo inspirado no Playstation, foi anunciado pela Sony

Ericsson no MWC.

cobertura especial

Tablets, chipsets dual-core e gravação em 3D

F oi marcante a presença dos tablets na edição deste ano do Mobile World Congress (MWC). Um ano atrás, não havia nenhum exemplar exposto na feira. Com o lançamento do

iPad, da Apple, os demais fabricantes reagiram e conseguiram lançar em tempo recorde produtos similares. À exceção da Nokia, todos os grandes e médios fabricantes apostaram nesse novo segmento. Tecnologicamente, a novidade é que a maioria utiliza tecnologia dual-core, com dois processadores de aproximadamente 1 GHz cada. A maior capacidade de processamento permite uma série de novas aplicações. Em realidade aumentada, por exemplo, se torna possível o reconhecimento de objetos em três dimensões.

O próximo passo serão chipsets quad-core, hoje restritos a computadores de mesa. A Qualcomm trabalha para lançar em 2012 o Krait, o primeiro processador com quatro núcleos da família Snapdragon, específico para dispositivos móveis. Com apenas 28 nanômetros, o processador poderá alcançar até 2,5 GHz por núcleo. Cada núcleo pode trabalhar de maneira assíncrona, isto é, os quatro núcleos não precisam operar simultaneamente, o que melhora o consumo de bateria, a performance dos serviços e aplicativos e permite novas funcionalidades. O vice-presidente sênior e presidente para América Latina da Qualcomm, Flavio Mansi, explica que dispositivos com um processador quad-core poderão ter telas maiores, com maior resolução, sistemas operacionais mais complexos, múltiplos canais de áudio, jogos e vídeos em alta definição e ainda capacidade de capturar e reproduzir vídeos em 3D. Outra novidade no mundo dos chipsets foi a notícia de que os

primeiros smartphones com processadores Intel chegarão ao mercado este ano. O nome do fabricante que fez a encomenda não foi revelado.

Entre os smartphones, dois lançamentos chamaram a atenção: o LG Optimus 3D e o Xperia Play, da Sony Ericsson. O Optimus é o primeiro a gravar vídeos em três dimensões (3D), por meio de duas câmeras de 5 megapixels cada, posicionadas na parte de trás do aparelho. O Xperia Play é um modelo inspirado no PlayStation, console de videogame de sucesso da Sony. Uma loja para a venda de games para esse terminal será lançada este ano.

Foi visível a predominância do Android entre os novos tablets e smartphones. Para os primeiros, está sendo usada a versão 3.0, conhecida como Honeycomb. Para os smartphones, a 2.3. A próxima versão, cujo lançamento acontecerá no segundo semestre, servirá para os dois tipos de dispositivos, informou Eric Schmidt, CEO da Google.

Algumas semanas depois do MWC, foi lançado o iPad 2 pela Apple, que já incorporou muitas tendências, como o processamento dual-core e deu ainda mais combustível ao produto, que em menos de um ano teve mais de 15 milhões de unidades comercializadas.

A única grande empresa que ainda patina nessa estratégia é a Nokia, e ela mesma reconheceu, inclusive em seu balanço de 2010, que a falta de uma estratégia definida para o mercado de tablets é um fator de risco a ser considerado pelos investidores, assim como a possibilidade de que a parceira com a Microsoft demore a dar resultados.

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Do ponto de vista de infra-estrutura, todos os holo-fotes da edição 2011 do Mobile World Congress (MWC), que aconteceu

em fevereiro em Barcelona, Espanha, estavam voltados para o LTE (Long Term Evolution). Difícil dar dois pas-sos em meio aos oito pavilhões da feira sem esbarrar nessas três letras. Claramente, fornecedores de equipa-mentos de rede, de terminais e opera-doras estão se esforçando para con-solidar a tecnologia e promover suas evoluções, como o LTE-Advanced (LTE-A), que em testes durante o MWC chegou a superar 1 Gbps de velocidade no downlink.

O WiMAX, que brigava pelo espa-ço nos estandes e nas conferências de anos anteriores, sumiu de cena. A exceção ainda é a Intel, que busca dar algum destaque para a tecnologia, além de alguns equipamentos em uma ou outra empresa.

Em termos de tecnologia, foi inte-ressante perceber que, mesmo sem alarde, ou melhor, de forma discreta, todos os fabricantes apresentaram suas evoluções das redes de 3G, o

HSPA+, com melhor aproveitamento do espectro disponível e velocidades que podem, inclusive, ultrapassar os atuais 100 Mbps, alcançadas pelas redes LTE já implantadas. Alguns tes-tes com HSPA+ chegaram a 168 Mbps no MWC e há quem prometa 300 Mbps de downlink. Vale lembrar que as versões em operação com HSPA+ vão até 42 Mbps e pelo menos cinco teles móveis se comprometeram a implementar comercialmente versões de 84 Mbps ainda em 2011. A importância dessa evolução é que as operadoras terão oportunidade de oti-mizar seus investi-mentos e prolongar a vida útil de suas redes HSPA, em con-junto ou não com redes LTE, e serão capazes de supor-tar mais tráfego utilizando o espectro existente.

o caminho da américa latinaTanto a América Latina quanto

outros mercados emergentes, que fize-ram apenas mais recentemente gran-

des investimentos para a implemen-tação de suas redes 3G, poderão tirar grande vantagem dessa evolução das redes HSPA.

Vários fatores devem ser levados em consideração na tomada de deci-são de implantação da 4G. A primeira delas é que uma rede LTE é uma nova infraestrutura e, ao contrário do HSPA+, não bastam uma atualização simples de software e algumas placas nos atuais equipamentos de rede.

Além do mais, LTE também depende de um novo espec-tro. No Brasil, por exemplo, a Anatel destinou boa parte da faixa de 2,5 GHz para a telefonia móvel, como reco-mendado pela

União Internacional das Tele co-municações (UIT), mas o leilão dessas frequências pode ainda nem ocorrer em 2011. Os fornecedores de equipa-mentos, entretanto, estão confiantes que ele ocorra a tempo para a implan-tação de alguns hotspots LTE para a Copa do Mundo de Futebol de 2014.

.:TECNOLOGIA letícia Cordeiro, de Barcelona*[email protected]

Destino final: LTE, com escalasEnquanto holofotes se voltam para o LTE, o HSPA+ se consolida como tecnologia intermediária e a discussão sobre a rentabilização das redes ganha ares mais dramáticos.

cobertura especial

pelo menos cinco teles se comprometeram a

implementar hspa+ com 84 mbps ainda este ano.

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vidos”, reconheceu o vice-presidente executivo da fabricante chinesa, He Shiyou.

Vale lembrar que redes LTE são totalmente IP e, diferentemente das tecnologias tradicionais de telefonia móvel, não há um canal dedicado para voz. Os problemas a que Shiyou se refere dizem respeito à qualidade da VoLTE, que trocando em miúdos é voz sobre IP. Ainda são necessários aperfeiçoamentos para que a VoLTE possa se equiparar à qualidade das chamadas de voz das redes tradicio-nais.

No começo deste ano, a norte--americana Verizon realizou o pri-meiro teste de VoLTE em sua rede comercial. O teste é um marco, mas a voz sobre LTE ainda está longe de ser algo consolidado. Uma conversa informal com um engenheiro sênior de design de produto do LTE Innovation Center da Verizon, Alan Sabai, no próprio estande da opera-dora, deixou isso bem claro. Sabai lembrou que a Verizon, que tinha apenas uma rede CDMA, se viu pres-sionada pela concorrência das ope-radoras com redes GSM, com hand-sets a preços mais atrativos para o

Luis Piñeda.Outra barreira ao LTE é que ainda

falta escala aos terminais. Na ZTE, por exemplo, o LTE entrou no roadmap de desenvolvimento, com tablets e alguns handsets, “mas não se deve esperar muitos lançamentos até o fim deste ano, não até que os problemas relativos à voz sobre LTE (VoLTE) estejam resol-

“LTE não otimiza mais espectro do que o HSPA e, dependendo da opera-dora, se houver espectro suficiente, o upgrade para HSPA+ será mais fácil e menos custoso, por isso algumas teles estão optando por não ir agora para o LTE”, descreve o vice-presidente sênior de marketing, vendas e geren-ciamento de produtos da Qualcomm,

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E m meio a demonstrações de novas tecnologias de redes, devices e aplicativos, o MWC trouxe à tona a realidade europeia de um tema já bastante discutido: a TV móvel.

O que conhecíamos como padrão europeu de mobile TV, o DVB-H, aparentemente está com os dias contados. E, mais que isso, já tem um substituto – o Integrated Mobile Broadcast (IMB), baseado nas especificações do release 8 do 3GPP e que permite broadcast de dados sobre a rede 3G usando parte da faixa destinada para TV digital terrestre na Europa. Pelo menos essa é a tecnologia que parece ser a preferida dos operadores de telecomunicações, detentores do espectro.

Nos últimos anos, Alemanha, Holanda, Suíça, França e Áustria lançaram e posteriormente descontinuaram suas operações de DVB-H. “Não há muita opção de handsets com DVB-H embarcado, os que existem são muito caros e poucos usuários assinaram o serviço”, justifica o especialista técnico sênior de redes de acesso de rádio da Orange, Benoît Graves. “Além disso, a transmissão utilizando DVB-H demanda muita banda, e as redes das operadoras não suportariam transmissões simultâneas de canais ao vivo para muitas pessoas”, completa.

No Reino Unido, O2, Vodafone e Orange descartaram a possibilidade de lançar DVB-H e testam em conjunto o IMB com cerca de 200 assinantes. Para isso, usam 5 MHz da Orange UK e 5 MHz da O2, faixas destinadas a serviços de TDD (Time Division Duplex) e que estavam subutilizadas.

“A vantagem é que o IMB usa um único canal de frequência para transmissões simultâneas de conteúdo, o que melhora a eficiência de uso do espectro; e está bem integrado às atuais redes 3G”, detalha Graves. Outro ponto relevante é que cerca de 150 operadoras de mais de 60 países da Europa e cobrindo cerca de 500 milhões de usuários receberam faixas para serviços TDD junto com as licenças de 3G e têm os 5 MHz necessários para o IMB.

O headend utilizado no teste é da Ericsson, a conectividade é da British Telecom e o player multimídia é da Streamezzo. A IPWireless fabrica o chipset IMB, já integrado no modelo KS20, da LG, no Galaxy S e Galaxy Tab, da Samsung, e em acessórios para iPhone e iPad.

“Nos nossos testes, estamos fazendo broadcast de até 20 canais de TV ao vivo com apenas 300 kbps, dez canais de áudio e ainda um carrossel dos conteúdos mais populares on demand

para serem baixados pela rede de dados móveis”, revela Graves.

É claro que o Brasil vive uma situação bem diferente com o padrão brasileiro de TV digital aberta, já que o ISDB-T permite a transmissão gratuita do sinal da TV na faixa de UHF, isto é, diretamente para receptores integrados nos handsets e sem que seja preciso utilizar as redes celulares. Mas, como também temos serviços pagos de TV móvel lançados nas redes das operadoras nacionais, se o IMB ganhar escala na Europa, é bem possível que comecemos a ouvir falar mais dele por aqui.

Na Europa, DVB-H dá lugar ao IMB

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14 TeleTime MAR_2011

usuário final e, assim como acon-teceu com a Vivo, teve de fazer uma escolha difícil há alguns anos: migrar sua rede para a tecnologia GSM ou implementar logo uma rede mais avançada, no caso, com LTE. Só que diferentemente da Vivo, a Verizon optou pela segunda possibilidade. “E nosso maior problema agora é que falta escala. O lançamento de redes LTE comerciais é muito recente. Estamos usando nossa rede LTE principalmente, para dados e ainda não sabemos qual será nossa estraté-gia para voz”, revela. Novamente, de acordo com Sabai, a Verizon tem duas possibilidades: manter o servi-ço de voz em CDMA, usando assim terminais com chips que integrem as duas redes; ou apostar na VoLTE, ainda incipiente. “Esse teste de VoLTE ainda é só o começo e não pode-mos arriscar a quali-dade do nosso serviço, que tem sido nosso diferencial no merca-do. Ao mesmo tempo, ainda não há escala para handsets com esses chipsets que falam com as duas redes. Precisamos de tempo para ver pelo que as demais opera-doras que estão implantando LTE optarão e aí sim tomaremos uma decisão”.

Quem paga a rede?Do lado das operadoras, a princi-

pal discussão era sobre o impacto do rápido crescimento do tráfego de dados em suas redes. E as previsões do CEO da Ericsson, Hans Vestberg, só corroboraram o discurso das teles. “A banda larga móvel é o serviço de maior crescimento nas operadoras e a base mundial de acessos móveis deve passar dos atuais 5,3 bilhões para algo entre 7 e 8 bilhões até 2015”, estima. Segundo ele, o núme-ro de smartphones em uso deve cres-cer entre quatro e cinco vezes até 2016 e o tráfego gerado, por sua vez, deve se multiplicar 30 vezes.

Para suportar todo esse tráfego, as teles terão de colocar a mão no bolso e investir pesado nas redes. E não farão isso sem reclamar. Executivos das operadoras que parti-

ciparam dos principais debates do MWC reconheceram o problema e pediram garantias de retorno sobre o investimento necessário para ampliar a capacidade de transmissão das redes móveis e oferecer maiores velocidades aos clientes.

De acordo com o CEO da Vodafone, Vittorio Colao, o tráfego de dados móveis cresceu 44% em 2010 em relação ao ano anterior na rede da operadora e “é preciso que a regula-mentação saia do ‘piloto automático’ e passe a ser mais voltada para uma política industrial”.

Na América Latina, o crescimento médio do tráfego de dados móveis na última década foi de 47% ao ano, segundo estimativas do CEO da América Móvil, Daniel Hajj. “Estamos vivendo agora uma grande expansão

do 3G e a América Latina deve chegar a 2014 com 150 milhões de assinantes e uma penetração de 125%”. Atualmente, a região soma mais de 65 milhões de pessoas com dispositivos com acesso a dados, mas Hajj lembra que há ainda 540 milhões de pessoas sem acesso. “Serão mais de 350

milhões de smartphones conectados nos próximos cinco anos e nossos principais desafios serão fazer com que as redes consigam suportar o tráfego e garantir cobertura dos ser-viços à grande parte da população a preços acessíveis. Não é apenas uma questão técnica, é de modelo de negócio”, pontua.

Segundo o chairman e CEO da Telefônica, César Alierta, entre 2010 e 2014 o total de usuários de banda larga na região deve se expandir em 6,6%; com um crescimento de 31% na banda larga móvel e 11% na fixa. “Até 2014 o tráfego deve crescer seis vezes e, até lá, cerca de 91% desse volume será tráfego de vídeo. Será preciso muito investimento, e quem o fará?”, questiona. Ele citou os aportes neces-sários em backhaul e backbone: “É preciso lembrar que toda estação radiobase precisa estar conectada a uma rede fixa e a regulação atual não garante o investimento adequado”, criticou. “Precisamos de um novo

.:TECNOLOGIA

Enquanto a massificação de redes LTE ainda está distante, por decisão estratégica das teles ou

por falta de espectro, a GSM Association (GSMA) divulgou, no primeiro dia do MWC, números de um estudo encomendado à Wireless Intelligence que mostra que o HSPA é e deve continuar sendo por um bom tempo a principal tecnologia de acesso à banda larga móvel.

Segundo o estudo, já são mais de 400 milhões de conexões HSPA em todo o mundo e aproximadamente 17 milhões de novas conexões ao mês, quase o dobro dos 9 milhões de novas conexões ao mês registrados no ano anterior.

O crescimento, sem dúvida, está sendo impulsionado pela queda dos preços dos aparelhos e o aumento do número de redes HSPA em operação. Segundo a GSMA, há cerca de 2,9 mil devices HSPA de 200 fabricantes e 341 redes HSPA em operação em 132 países.

Já são 76 as redes HSPA+ com capacidade para velocidades de download de até 42 Mbps e outras 52 redes estão em planejamento para lançamento comercial em breve.

A estimativa da associação é a de que nos últimos 12 meses as operadoras tenham investido mais de US$ 72 bilhões em infraestrutura de banda larga móvel e upgrade de redes.

ltEOs números do LTE, por sua vez, são

bem mais modestos, como era de se esperar. A previsão da Wireless Intelligence é a de que até o final de 2011 haja cerca de 4,2 milhões de conexões móveis nas redes LTE espalhadas por 24 países e a expectativa é a de que esse número chegue a 300 milhões de conexões LTE em 55 países até 2015.

HSPA: 17 milhões de novas conexões ao mês

cobertura especial

na américa latina, o crescimento médio do

tráfego de dados móveis na última década foi de

47% ao ano, segundo estimativas do ceo da

américa móvil

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MAR_2011 TeleTime 15

Este será o ano do NFC (Near Field Communications), tec-nologia de comunicação por aproximação entre máquinas, que permite a troca de informações sem a necessidade de

acesso à rede de dados da operadora ou à Internet. Pelo menos é o que disseram executivos da Orange, da operadora coreana KT e da RIM durante o Mobile World Congress. Para justificar a empolgação, eles citam os seguintes fatores: 1) Nos EUA, AT&T, T-Mobile e Verizon Wireless criaram ano passado a joint-venture Isis, para construir uma rede comum de NFC; 2) Na Ásia, no mês passado, KT, China Mobile e NTT DoCoMo se aliaram para esta-belecer padrões de roaming de serviços NFC; 3) Em poucos meses após seu lançamento, no fim de 2010, o serviço de m-wal-let via NFC da KT alcançou 150 mil usuários; 4) Diversos fabri-cantes lançarão smartphones com NFC este ano e há rumores de que o iPhone 5 seria um deles. As estimativas são de que em 2015 haverá 457 milhões de telefones com a tecnologia NFC no mundo, que irão realizar cerca de 3,5 bilhões de transações.

Logo após o MWC, foi anunciada a aliança entre as principais operadoras de telecomunica-ções para implementar NFC e lançar serviços comercialmente em mercados selecionados até 2012. A aliança inclui operadoras como América Móvil, Bharti, China Unicom, Deutsche Telekom, KT Corporation, Orange, Qtel Group, SK Telecom, Softbank, Telecom Italia, Telefónica e Vodafone.

“O NFC será tão comum em smartphones quanto Wi-Fi, Bluetooth ou GPS”, afirmou o vice--presidente de gerenciamento de produtos de sof-tware da RIM, Andrew Bocking. “O NFC não é mais um desses serviços para geeks, que preci-sam ser explicados para os outros usuários. Ele é realmente simples de entender”, argumenta a vice-presidente de serviços móveis da Orange, Anne Bouverot.

Apesar do entusiasmo dos especialistas, ainda há problemas a serem resolvidos. O modelo de negócios entre teles e institui-ções financeiras ainda não está claro. Anne, da Orange, aponta dois caminhos que podem coexistir, dependendo do mercado e de suas leis: os pagamentos feitos via NFC seriam descontados na conta telefônica ou as teles proveriam uma rede segura para ser-viços de pagamento via NFC cobrados nas contas bancárias dos correntistas. Em qualquer um dos casos, a executiva propõe que o controle de identificação do usuário fique dentro do SIMCard e não no hardware do telefone ou em algum aplicativo nele instala-do. Isso daria poder às teles, já que elas têm acesso remoto aos SIMCards de seus assinantes.

Custo dos leitores Outro obstáculo é o custo de implementação

de leitores NFC. Quem pagará essa conta? Na Coreia do Sul, os próprios lojistas fizeram o investimento para poder participar do serviço de m-wallet da KT, relata a vice-presidente de estratégia da operadora, Hyunmi Yang. Para Anne, da Orange, o melhor caminho é iniciar a oferta em serviços onde já existam leitores de NFC, como meios de transporte público.

O NFC pode ser usado não apenas para pagamentos, mas para diversos outros fins, como controle de entrada de pessoas. Foi apre-sentado o exemplo de um hotel em Estocolmo, na Suécia, em que o telefone do hóspede se torna a chave para o seu quarto, via NFC. Transferência de conteúdo peer-to-peer, como cartões pessoais, é outra ideia levantada. E também pode servir para acesso a informações contidas em cartões NFC embutidos em objetos como pôsteres de cinema ou anúncios nas pra-teleiras de supermercados.

(Fernando Paiva)

A aposta no NFC

modelo de negócios para sustentar o investimento necessário e de suporte das agências reguladoras para permi-tir a recuperação desses valores.”

Também com o discurso alinhado, o chairman e CEO da AT&T, Randall Stephenson, disse que a regulação precisa ser leve. “Estamos falando de investimentos de mais de cinco anos e precisamos de um ambiente regula-tório previsível. É isso o que estamos buscando”.

Wi-FiJá a China Mobile, para desafogar

o tráfego de dados móveis em sua rede, optou pelo Wi-Fi. “Instalaremos cerca de um milhão de hotspots Wi-Fi nos próximos três anos nas áreas de maior concentração de tráfego e fare-mos do Wi-Fi o acesso primário para dados móveis nessas áreas”, revela o chairman e CEO da operadora, Wang Jianzhou. A China Mobile vive

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momento de explosão do tráfego de dados, com mais de 600 milhões de assinantes móveis e mais de 8 milhões de smartphones em sua base. “O Wi-Fi é um importante complemento para as

Movimentação do público é sinal de que a crise financeira ficou para trás

redes celulares, tanto que operadoras do Japão e Coreia já estão buscando um acordo para roaming internacional de Wi-Fi”, diz.

*ColaBorou FErnando Paiva

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Reconhecimento facial em tempo realEm breve, os smartphones serão capazes de mostrar na tela da câmera os nomes das pessoas que aparecem enquadradas antes mesmo da foto ser tirada. Isso será possível graças à tecnologia de reconhecimento facial em tempo real desenvolvida pela empresa americana Viewdle, que tem entre seus acionistas a RIM e a Qualcomm. A companhia lançou durante o Mobile World Congress o seu SDK (software development kit) para aplicativos móveis. A solução da Viewdle levou 15 anos para ser desenvolvida e funciona em múltiplas plataformas.www.viewdle.com

.:PROdUTOS

Controle a música da casa inteira pelo celularHá alguns anos o celular se tornou um mp3 player. Agora ele pode servir também como DJ caseiro. A Sonos, fabricante de equipamentos de áudio, criou uma linha de caixas de som sem fio que são controladas através de aplicativos gratuitos instalados em iPhones ou celulares Android. Através de seu smartphone, o consumidor gerencia que músicas tocam em cada caixa de som, tornando-se simultaneamente o DJ de todos os ambientes da casa. Além das músicas contidas no celular do usuário, o aplicativo é capaz de acessar rádios online e serviços de streaming de música, como Last FM, Napster e Rhapsody. É necessário que a caixa de som esteja conectada a um roteador ligado à Internet. O modelo mais recente lançado pela Sonos se chama S5. Ele contém cinco amplificadores e custa US$ 399.www.sonos.com

WiFi em vez de femtocellsPara que gastar com femtocells se existe uma enorme quantidade de hotspots WiFi para desafogar o tráfego das redes móveis? Essa é a premissa da Kineto, que oferece para operadoras uma solução que desvia para redes WiFi as chamadas telefônicas e as mensagens de texto enviadas pelos usuários. Esse tráfego passa por um gateway da empresa interligado aos sistemas das teles. Para o cliente final, a vantagem é estender a cobertura em áreas internas onde nem sempre o sinal da operadora celular alcança, mas muitas vezes pode haver uma rede WiFi disponível. A Kineto desenvolveu um aplicativo para Android que faz essa transição de rede automaticamente. A ideia é que ele seja embarcado em smartphones ainda na fábrica. A T-Mobile dos EUA e a Orange na Inglaterra adotaram a solução, batizada de Smart WiFi.www.kineto.com

Fernando [email protected]

SMS bancado por publicidade Usuários de iPhone e de smartphones Android (a partir da versão 2.1) podem enviar mensagens de texto de graça para pessoas em 142 países através de um aplicativo chamado HeyWire, desenvolvido por empresa homônima. Ele cria um número móvel norte-americano para cada cliente cadastrado e dispara através de seu servidor as mensagens escritas dentro do aplicativo. Em troca do envio gratuito, são veiculados banners de propaganda no pé da página inicial do aplicativo. Mas atenção: se o destinatário responder, estará enviando uma mensagem para um número norte-americano, o que geralmente custa mais caro que um SMS nacional. Para que toda a conversa seja gratuita os dois precisam usar o HeyWire. No Brasil, a empresa tem acordos de terminação de mensagens com Vivo, Claro, Nextel e Oi (Amazônia Celular).www.heywire.com

Botão Facebook Não basta ter um app do Facebook instalado no celular. Os usuários da rede social querem publicar conteúdos com um único clique. A solução criada pela HTC foi instalar um botão físico com o logotipo do Facebook em dois modelos de smartphones que serão lançados em breve: o ChaCha, com teclado Qwerty, e o Salsa, com tela sensível ao toque. Para publicar uma foto, basta selecioná-la no álbum do aparelho e apertar o botão, por exemplo. O mesmo vale para vídeos. Se o usuário estiver com o aplicativo de mapas aberto na tela e pressionar o botão, atualiza sua localização no status da rede social.www.htc.com

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cobertura especial

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Celular duro na quedaImagine congelar um celular ligado dentro de um bloco de gelo a uma temperatura de -20ºC por uma semana. Qualquer modelo conhecido pifaria em poucos minutos. O Sonim XP330 Force não. Esse celular foi desenvolvido pela Sonim para ser usado por profissionais que trabalham em áreas de risco, como na indústria petrolífera, mineradora, petroquímica e serviços de logística. Seu revestimento especial de borracha aguenta quedas de dois metros de altura sobre concreto. O Sonim XP330 Force é dotado de uma tela de 1,5 mm de espessura feita de Gorilla Glass, um vidro ultrarresistente. É à prova d’água e suporta mergulhos de até dois metros de profundidade. Sua bateria dura 24 horas ininterruptas de conversação ou 800 horas em stand-by. Tem câmera de 2 megapixels e GPS integrados. A garantia é de três anos.www.sonimtech.com

Revenue assurance para pequenosAdotar uma solução de garantia de receita não é mais privilégio de grandes operadoras internacionais. A WeDo Technologies desenvolveu uma versão simplificada de seu sistema de revenue assurance para pré-pago com foco em teles com até um milhão de usuários. Batizada de “Base” (Business Assurance Starter Edition), a solução é mais barata e mais leve que a completa, requerendo menos servidores para sua implementação. A WeDo estima que um terço das operadoras mundiais tenham até um milhão de assinantes e muitas delas não possuem sistema de garantia de receita. Calcula-se que de 3% a 5% da receita com telefonia pré-paga é perdida no mundo em decorrência de falhas nos processos internos das operadoras.www.wedotechnologies.com

Agregadora de aplicativos corporativos A brasileira Trevisan Tecnologia esteve presente em Barcelona apresentando sua plataforma de aplicativos corporativos, a uMov.me. Ela permite a customização de aplicativos básicos empresariais, como automação de força de vendas, gestão de estoques, inspeção de veículos etc. A ideia é atrair desenvolvedores que queiram incluir seus aplicativos na plataforma da Trevisan, tendo como retorno participação na receita de vendas. www.umov.me

Smartphone que grava em 3DEra apenas questão de tempo para surgirem celulares capazes de gravar vídeos em 3D. A pioneira foi a LG, que apresentou durante o Mobile World Congress o Optimus 3D, um smartphone Android com duas câmeras paralelas de 5 megapixels cada, alinhadas na parte traseira. Elas filmam simultaneamente a mesma cena, o que gera depois o efeito de três dimensões. As imagens em 3D são vistas sem óculos quando exibidas na tela do aparelho. Para veiculação em TVs e outras telas maiores é necessário o uso de óculos especiais. O Optimus 3D tem saída HDMI. O aparelho tem tela de 4,3 polegadas, utiliza sistema operacional Android 2.3 e tem dois processadores de 1 GHz. Seu lançamento comercial acontecerá no segundo trimestre. www.lg.com

Ringback tone publicitárioA norte-americana LiveWire criou uma solução que permite às operadoras instalarem em suas plataformas de ringback tones a opção de o assinante escutar uma propaganda quando realizar suas chamadas, em vez de ouvir o toque de espera. Em troca, o cliente recebe bônus em minutos ou créditos. Funciona tanto para chamadas dentro quanto para fora da base da operadora. Nesse segundo caso, contudo, é necessário firmar acordos com as outras teles. A LiveWire fornece a solução completa, incluindo o portal web onde os anunciantes podem publicar seus anúncios sonoros. A empresa aconselha que metade da receita obtida seja revertida para os usuários e a outra metade seja dividida entre a operadora e a LiveWire.www.livewiremobile.com

Seis na telaO ooVoo é um serviço de videoconferência multiplataforma que funciona em PCs, Macs, iPhones e, desde dezembro, em Androids. Ele permite chamadas de vídeo com até seis pessoas simultaneamente na tela. No fim de dezembro a ooVoo tinha 21 milhões de usuários registrados, dos quais 60% estão nos EUA. A empresa, batizada com o mesmo nome do seu serviço, afirma que sua qualidade de vídeo é superior àquela do Skype e projeta atingir 100 milhões de clientes ao fim de 2013. O serviço é gratuito para videochamadas entre duas pessoas. Em breve, a gratuidade será estendida para videoconferências com até três pessoas. www.oovoo.com

Page 18: Revista Teletime - 141 - Março 2011

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Page 19: Revista Teletime - 141 - Março 2011

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Page 20: Revista Teletime - 141 - Março 2011

20 TeleTime MAR_2011

.:ENTREVISTA

A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) foi a primeira rede de acesso à Internet do Brasil. Criada em 1992, ela

sem pre teve como alvo o atendimento a ins tituições de pesquisa. Hoje essa rede chega a mais de 600 instituições e está se adensando, com redes metropolitanas de alta velocidade que já oferecem capacida-des de 1 Gbps em 24 capitais em um modelo de consórcios entre instituições de pesquisa, governos locais e parceiros que, por incrível que pareça, se paga em 18 meses, colocando em xeque as alter-nativas comerciais hoje existentes.

Uma das características da RNP é tra-balhar com as aplicações no limite da capacidade das redes. Como são aplica-ções de pesquisa, nada é simples e trivial na operação dessa rede. As fronteiras técnicas da infraestrutura são testadas ao extremo. Assim, olhar para as necessida-des da RNP em termos de infraestrutura de telecom é entender um pouco como serão as demandas para as redes comer-ciais. Nelson Simões, diretor geral da RNP, explica o modelo de operação da rede e comenta a realidade da infraestru-tura de telecomunicações do Brasil do ponto de vista do consumidor mais rigo-roso que se pode encontrar: a academia.

tElEtiME - Como a rnP se posicio-na hoje no cenário das redes de teleco-municações?

nelson Simões - Primeiro, uma coisa que precisa ficar clara é que nós não somos operadores de telecomunicações. Quem é o “executivo” do nosso cliente? É um reitor, ou alguém de alguma institui-ção de pesquisa, das 600 que a gente atende hoje. Esse cara às vezes acha que se ligou à Internet, mas ele se ligou à RNP, que tem saída para a Internet. Não temos um relacionamento de infraestru-tura, mas sim uma relação de construção de uma infraestrutura compartilhada para educação, pesquisa e mais recente-mente, cultura. Por definição temos que ter a melhor infraestrutura do Brasil, porque as aplicações que vão rodar ali são exigentes.

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Como está constituído o modelo de operação da rnP?

Como é uma rede de pesquisa, esta-mos falando de uma estrutura suporte que envolve pessoas, equipamentos, sof-twares e sistemas distribuídos. É uma experiência de país desenvolvido. Até cinco ou seis anos atrás poucos países tinham esse tipo de infraestrutura. A RNP tem 21 anos, surgiu na ECO 92, antes da Internet comercial. O Ministério da Ciência e Tecnologia atendeu na época a uma convocação da academia para inter-ligar os laboratórios com IP, porque se acreditava que esse era o futuro. Daí surgiu a coordenação para implementar a rede com esses interesses específicos.

Por que essa inovação precisou vir da academia?

A Embratel nem sabia direito o que era Internet naquele momento. Foi uma

por definição temos que ter a melhor infraestrutura do brasil, porque as aplicações que vão rodar ali são exigentes.”

luta obter um canal de 64 kbps, que sur-giu da soma de vários canais de voz. Ninguém entendia por que estavam pedindo 30 canais de voz para passar dados. Esses diálogos são cíclicos, históri-cos. Aconteceram em 1992, 1995, 2001, 2005, com diferentes tecnologias, porque o nosso modelo é usar alguma coisa na fronteira que ainda não é comercial, até para poder entregar certas aplicações. Em 2005 a gente queria lambdas e o mercado não tinha isso como produto. Em 2001 a gente queria ATM e isso ainda não existia como produto. Em 95 eram as linhas SLDD para Internet...

o que vocês buscam em termos de redes avançadas e inovadoras que não existe hoje?

Não se tem, por exemplo, ambientes seguros e interoperáveis. Não se tem ambientes com funcionalidades comuns, ubíquos, ou seja, quem está em certas regiões não tem o mesmo portfólio de aplicações de quem está em outras. Não se tem capacidade de lidar com os pro-blemas que o uso intensivo de vídeo trou-xe para a Internet. Isso ainda é um desa-fio para a arquitetura presente. A gente tem uma linha de pesquisa chamada Internet do Futuro, que pensa como esse ambiente vai estar disponível nas 600 instituições aqui no Brasil, com uso ino-vador. Você pode ter uma rede avançada provida por qualquer empresa, do ponto de vista tecnológico não há desafios, mas não existem aplicações desenvolvidas para isso.

Como assim, não há aplicações ao potencial da tecnologia?

Não se consegue hoje utilizar um canal de 10 Gbps plenamente. E a gente sabe que não consegue porque tentamos com todas as possibilidades e conheci-mentos gerados aqui e não conseguimos.

Rede no limiteRede Nacional de Ensino e Pesquisa conecta 600 instituições do País e testa aplicações para as quais as redes de hoje sequer estão preparadas.

João Maria de Oliveira

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Nelson Simões

Samuel [email protected]

Page 21: Revista Teletime - 141 - Março 2011

de ter acesso a uma fibra arrendada, pró-pria ou alugada, de longa distância. Entre 2007 e 2010 tínhamos uma grande meta de chegar a uma estrutura de multigiga-bit em 24 estados. Em 2007 isso era bas-tante ousado. Está sendo possível, e nenhuma dessas fibras é da RNP, são da Oi e da Embratel. Na verdade, temos o direito a comprimentos de onda dessas fibras (lambdas), o que nos impede de fazer uma rede híbrida. Agora queremos ter acesso ao sistema óptico para poder-mos comutar comprimentos de onda, e esperamos fazer isso nos próximos dois ou três anos junto com parceiros, empre-sas privadas e Telebrás.

Compartilhando a fibra em si?Queremos ter acesso ao sistema

óptico para podermos comutar o com-primento de onda dentro dos nossos pontos de presença. As operadoras não oferecem isso ainda, o que eles têm é uma rede de 10 Gbps compartilhada

eletronicamente. Outra coisa que fize-mos, há quatro anos, foi iniciar a distri-buição nas capitais de um projeto para ligar com fibra as instituições de ensino aos nossos pontos de presença. Para isso, eu preciso de uma rede Metro nas cidades em que temos ponto de presen-ça. Já temos isso em 21 capitais. Das 600 instituições de pesquisa, 303 já estão nessa infraestrutura.

Essa rede óptica metropolitana é própria ou existia no mercado para ser compartilhada?

Exceto onde o mercado estava sufi-cientemente maduro para a gente con-seguir fazer um acordo de contratação por arrendamento da fibra por 20 anos, em todos os outros casos a gente é que teve que instalar. O investimento inicial na estrutura e equipamentos é da Finep. Com isso, as instituições mudam de patamar de uso das redes, com capacidades maiores, começando em 1 Gbps, e um desenho sustentável a longo prazo.

Caso contrário elas teriam que con-tratar essa rede a custos de mercado?

Sim, e isso quando existe a rede disponível, porque na maior parte das cidades não há essa capacidade na rede metropolitana. Nós tentamos isso, apresentamos o traçado às empresas, pedimos que elas fizessem. Só conse-guimos ser atendidos em São Paulo e em Belo Horizonte.

E quando você consegue essa capa-cidade, quem provê? as concessioná-rias de telecom ou as empresas de energia?

Não tenha dúvida, as concessionárias de telecom nem participam disso, não porque elas não têm a rede, mas porque elas não têm interesse em aparecer nesse mercado de pesquisa. São contratos de longo prazo que elas não têm interesse. A RNP tem esse papel histórico de dizer que o produto de atacado a ser oferecido por elas daqui a alguns anos é um compri-mento de onda entre duas cidades, não uma capacidade em hierarquia SDH. Isso

vai ser commodity. Talvez o mercado no Brasil ainda não comporte esse tipo de oferta, de fato estamos na fronteira da exigência. E em alguns casos consegui-mos ser atendidos. No caso do backbone que temos, em 2005 conseguimos

comprar os comprimentos de onda, e nesse caso testamos antes as soluções com as próprias empresas. Temos a van-tagem de, por não sermos uma rede comercial que vai competir com as teles, elas abrirem espaço para entender os desafios dessa demanda.

o que se pode dizer sobre o mercado de redes no Brasil? Ele está preparado para o futuro ou está longe dos requisi-tos que vocês estão colocando?

O Brasil tem boa infraestrutura em alguns locais, onde existe maior renda e retorno. Mas isso não é verdade para o resto do Brasil. Temos sérias deficiên-cias de qualidade das redes e capacita-ção de pessoal para engenharia, atendi-mento, provimento de serviços em âmbito nacional. O grande desafio da RNP é ter uma infraestrutura multigi-gabit em todos os estados, ligar outras 300 ou 400 instituições de pesquisa, em cidades-pólo do interior, pequenas e médias, com essa mesma rede de gran-de capacidade. Não se tem essa rede e é um desastre o que existe. E não esta-cmos falando de áreas rurais, são gran-des centros do interior.

Fizemos um experimento de transmitir um filme de altíssima definição (em 4k, quando o padrão de cinema digital é 2k), em tempo real, do auditório da Fiesp para a Universidade de San Diego. Isso gera tráfego de 5 Gbps sustentável. Mas as redes não estão preparadas para esse tipo de uso, os componentes ativos das redes não estão configurados para isso. E esse é o tipo de uso que a gente espera ver em dois ou três anos por conta das aplicações que virão. Isso para os enge-nheiros de rede é o grande desafio.

Então os problemas para essas redes de alta capacidade são de tecnologia, engenharia ou nas aplicações?

Há problemas de engenharia e de tecnologia, porque os equipamentos podem estar aptos a fazer isso, mas como nunca ninguém teve que ajustá-los para esse tipo de aplicação, o conhecimento que se tem é pequeno. Isso é o uso inova-dor das redes avançadas. Podemos levar os exemplos para astronomia, medici-na... Agora, estamos explorando muito a tecnologia de transmissão WDM em áreas metropolitanas, e o próximo ciclo da rede é ter dois tipos de servi-ços, com uma arquitetura híbrida. Pode ser uma rede de alta capacidade, com 10 Gbps, mas com inteligência para segregar capacidade para quando se transmitem conteúdos em alta definição sem prejudicar o resto.

acabou então a era do “best effort” nas redes iP, em que as aplicações entravam na mesma fila na hora de trafegar nas redes?

Isso, o conceito do melhor esforço não vai mais resolver essas aplicações críti-cas. Por isso estamos há dois anos testan-do soluções de redes híbridas, em que se tem o melhor esforço de um lado, mas também garantias de qualidade do outro. Isso está para entrar em operação nas redes da RNP agora. É a Internet do futu-ro. Nosso trabalho tem que estar sintoni-zado com as demandas dos grupos que nos puxam, como a distribuição do cine-ma 4k, que vem sendo trabalhada pelo Cinegrid. Isso gera subprodutos, como tecnologias de projetores, codificadores, distribuidores etc.

Como vocês resolvem esses pro-blemas quando precisam usar redes de terceiros?

Boa parte da nossa rede de longa distância é alugada da Embratel, Oi, Telefônica, mas estamos em um processo

não se consegue hoje utilizar um canal de 10 gbps plenamente. tentamos todas as possibilidades.”

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defendem a neutralidade de rede acima de tudo ainda não entenderam plena-mente essa questão e isso vai levar um bom tempo, porque não existe uma fron-teira clara, falando tecnicamente. Os desafios que colocam, de ameaça a esses valores da Internet, vão gerar discussões quentes por muito tempo. Na RNP a gente sempre fez discussões sobre con-trole de tráfego, e achamos que o contro-le excessivo, indiscriminado e a priori do tráfego reduz inovação nesse ambiente.

Mas a falta de controle também pode impedir a inovação, não?

É verdade, esgotar recursos e fugir da racionalidade técnica também não nos permite inovar. Mas pensamos e estuda-mos e decidimos não fazer controle de tráfego peer-to-peer, porque achamos que isso, em uma rede de pesquisa, limi-taria a inovação. Os provedores comer-ciais não pensam assim. Eles têm uma outra lógica, que é a do custo incremental. A nossa lógica é que quando uma institui-ção se conecta, ela precisa ter uma capa-cidade que permita inovação.

a engenharia de custos de vocês para investimentos em rede tem paralelo com uma rede comercial?

Quando investimos em redes, nossos parâmetros são todos comerciais, os for-necedores são os mesmos, preços de mercado, licitações abertas, então a nossa rede custa a mesma coisa que qualquer uma. Mas nosso projeto de redes metro, por exemplo, dá um retorno para as instituições em 18 meses. Ou seja, o que elas pagam por uma banda muito menor no mercado dá para fazer uma rede gigabit que se paga em 18 meses. Infelizmente, no mercado, existe uma grande distância entre custo e preço da rede.

Se temos uma deficiência de infraes-trutura, então, não custaria tanto assim resolver?

Custa porque o Brasil não se limita às áreas urbanas das capitais. Temos que ligar cidades distantes, áreas rurais.

Esse é o desafio do nosso país e que precisa de uma política como o PNBL para congregar empresas e governo para construir essa infraestrutura.

E a sobreposição de redes, faz sentido?

É difícil congregar interesses díspa-res. Duplicar a infraestrutura é algo que não faz sentido, compartilhar é sempre melhor, mas não é um processo natural. Isso só vem com regulação forte, a Anatel e a Telebrás têm um papel importante nesse caso.

você mencionou no início dessa entrevista que grandes eventos, como foi a ECo 92, possibilitaram o surgimen-to da rnP. o que se pode esperar daqui para frente?

Espero que consigamos isso que eu chamo de integração dos recursos de comunicação, computação e armaze-namento, sobretudo para as institui-ções de pesquisa, que é nosso espaço. Temos boas redes, bons centros de computação e armazenamento, mas isso precisa estar mais bem integrado e coordenado para criar uma verda-deira ciber-infraestrutura nacional para dar conta das aplicações alta-mente demandantes das instituições de pesquisa. Temos recursos e competên-cias para construir essa visão integra-da. Esse próximo ciclo vai de 2012 a 2016. Esse é o desafio e temos a opor-tunidade. Quatro anos é muito tempo.

o alvo é ter essa mesma qualidade de rede em todo o País, para todas as instituições?

Sim, porque é muito ruim pensar em duas categorias de instituições de pesqui-sa: aquelas com capacidade e aquelas limitadas. Nosso alvo é levar 1 Gbps a todas as instituições, e para isso precisa-mos de estratégias que envolvam a Telebrás, as empresas privadas, as empresas de energia... A presença das instituições de pesquisa interiorizadas traz demanda por serviços de telecomuni-cações, cria requisitos, mexe com as necessidades de infraestrutura. Se essas instituições não estiverem bem conecta-das, os pesquisadores não vão ficar lá e todo o projeto de ter a instituição naquele local pode falhar.

Como esse plano se casou com a iniciativa do governo? não ouvi ainda o governo dizer que as ins-tituições de pesquisa são priori-tárias.

Achamos que o PNBL é uma resposta adequada às necessidades de infraestrutura dessas localidades. Atender a essas instituições é um alvo mais ambicioso do PNBL e está previsto, estamos trabalhando nisso, em linha com o que acontece no plano de banda larga dos EUA. Lá as instituições são âncoras do plano.

E como está a parceria com os gover-nos locais para a construção de infraes-trutura.

Todas as redes metro, em qualquer uma dessas cidades, têm parceria com os governos locais. O primeiro modelo con-sorciado era integrar as instituições. Mas percebemos que os municípios têm inte-resses específicos também, e em cada município temos desafios diferentes de legislação, direitos de passagem, autori-zações. Já temos 1,65 mil km de redes construídas em parcerias até agora, deve chegar em 2 mil km na área metropolita-na, atendendo 303 instituições

você mencionou que o “best effort” não é mais viável para todas as apli-cações que teremos no futuro e a rnP até fala em implementar redes híbri-das, priorizando tráfego para alguns serviços. Essa discussão não entra em conflito com a questão da neutralida-de de rede? É possível pensar nas duas coisas convivendo?

Acho que as pessoas que sempre

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o grande desafio da rnp é ter uma infraestrutura multigigabit em todos os estados, ligar até 400 instituições de pesquisa em todo o país com essa mesma rede de grande capacidade.”

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Banda larga. Nessas duas palavras se resumem as prioridades do Ministério das Comunicações e da Anatel para o ano de 2011.

Foram nesse sentido as mensagem deixadas pelo ministro Paulo Bernardo e pelo presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, durante o seminário Políticas de (Tele)Comunicações, orga-nizado pela revista TELETIME e pelo Centro de Estudos de Políticas de Comunicação da Universidade de Brasília no final de fevereiro.

Mas entre essas duas palavras e a realidade, existe um longo caminho a percorrer de cada um dos lados. Do ponto de vista do Ministério das Comunicações, o mais difícil é tirar o Plano Nacional de Banda Larga do papel e fazer com que a Internet no Brasil se torne rápida, barata e massifi-cada, em contraponto ao diagnóstico de uma oferta limitada, cara e lenta já feita pelo governo em diferentes ocasiões. O principal desafio evidenciado é que o modelo brasileiro não está pronto para a banda larga universal e que obedeça aos princípios de uma rede aberta, neu-tra e competitiva.

“Vendemos 14 milhões de compu-tadores em 2010 (com a política de incentivo à venda de equipamentos). Se tivesse Internet, teríamos vendido 20 milhões”, disse Paulo Bernardo. Segundo o ministro, em decorrência da política de inclusão que vem do governo Lula e que foi mantida pelo governo Dilma, o Plano Nacional de Banda Larga se torna o principal pro-jeto do Ministério das Comunicações. Para ele, é possível pen-sar, no curto prazo, em uma penetração de 80% da banda larga se o servi-ço for ofertado a um preço de R$ 35 (com impostos). “Reparem que eu não estou falando de universa-lização. Agora, para as pessoas que não puderem

pagar nem R$ 35, vamos ter que começar a pensar como levar o serviço a elas, em uma política de universali-zação”, disse Paulo Bernardo. “Resolver a questão do acesso à Internet é o maior passo que se pode dar para a inclusão digital”. O minis-tro, nessa frase, deu uma pista impor-tante daquilo que o governo terá que buscar muito em breve: uma versão 2.0 do PNBL, para atender de fato toda a população e que vá além da realidade dos R$ 35 ou da velocidade de 512 kbps.

O professor da Universidade Federal da Bahia Othon Jambeiro foi um dos que criticou o fato de o gover-no só estar pensando em uma

política de universalização para um segundo momento. Foi apoiado pela advogada da ProTeste, Flávia Lefèvre, para quem também parece um contras-senso o governo trabalhar agora em uma solução de massificação só pre-vendo a universalização num segundo momento.

Para Antônio Valente, presidente da Telefônica e da Telebrasil, o concei-to de universalização traz em si a garantia do governo de que isso vai acontecer. “E garantir a universaliza-ção significa custear essa política”, disse Valente.

Mexida na leiPara o secretário-executi-

vo do Minicom, Cezar Alvarez, que também parti-cipou do seminário, a Internet é definida como ser-viço de valor adicionado por uma norma do Minicom (a Norma 4, de 1995), mas a discussão sobre colocar a banda larga como serviço público é muito mais com

.:POLíTICA

Prioridades definidasMinicom e Anatel colocam banda larga no topo da agenda para 2011. Próximos passos implicam mudanças de lei, debates sobre temas polêmicos e reformas da regulamentação ainda distantes.

“em alguns aspectos a lei geral de telecomunicações é insuficiente para

pensarmos em universalização, como tratamos a telefonia”

Cezar Alvarez, do Minicom

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Evento reuniu autoridades e empresas para debater os rumos da regulamentação do setor.

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.:POLíTICA

Simone Scholze, superintendente exe-cutiva da agência e coordenadora do trabalho de atualização dos regulamen-tos, a Anatel está preparando algumas regras que devem balizar o conceito de neutralidade de redes, já estabelecido pela agência em outras regulamenta-ções. “Precisamos trabalhar nas conse-quências negativas para o caso de des-respeito ao princípio da neutralidade”, disse. Mas ela enfatizou que a Anatel está também atenta aos argumentos contrários à neutralidade plena. “O maior desafio é garantir o equilíbrio de múltiplos interesses para evitar abusos, mas tem que olhar para a necessidade de investimentos, de inovação e a cons-trução de novas redes”.

assimetriasSimone Scholze enfatizou que o tra-

balho que a agência pretende fazer nesse sentido estará baseado na assime-tria regulatória, tratando mercados dife-rentes e realidades econômicas diferen-tes de maneiras distintas, o que começa-rá a ficar mais claro no Plano Geral de Metas de Competição (PGMC). No entan-to, disse Simone, os princípios de com-partilhamento da infraestrutura de forma obrigatória e a gestão da infraes-trutura pública também precisarão ser elaborados. A regulamentação da neu-tralidade, regras de ciber-segurança e a consolidação dos serviços devem ser a base do futuro Plano de Atualização da Regulamentação (PGR 2).

Trata-se de uma discussão fascinante do ponto de vista regulatório, mas que no Brasil está longe de se tornar o centro dos debates. Na verdade, o evento pro-

tratadas, como neutralidade de rede, parâmetros de qualidade para o acesso à Internet e, é claro, o compartilhamen-to de infraestrutura.

O embaixador Ronaldo Sardenberg, presidente da Anatel, destacou durante o seminário o esforço de revisão dos regulamentos atuais pela agência, com vistas ao cenário de convergência. Essa revisão dos regulamentos e resoluções vigentes, que inclui as práticas Telebrás ainda em vigor, será a base da segunda versão do Plano de Atualização da Regulamentação (PGR 2). Segundo

plexa do que simplesmente decretar que assim será. “É preciso ter uma discussão mais ampla sobre as políti-cas, e em alguns aspectos a Lei Geral de Telecomunicações é insuficiente para pensarmos em universalização, como tratamos a telefonia”. Ou seja, para se chegar a um modelo de banda larga universal, seria preciso mexer no marco legal das telecomunicações.

A síntese do problema foi feita pelo próprio ministro Paulo Bernardo ao responder a um questionamento da plateia sobre a necessidade de tratar a questão da banda larga pensando na universalização: “tudo passa na mesma rede”, disse, ao defender que a discussão sobre banda larga venha em conjunto com as discussões sobre as metas de telefonia.

Do ponto de vista regulatório, contu-do, o debate é mais complicado, pois o conjunto de regulamentos e normas atuais ainda não dá conta de uma reali-dade convergente trazida pela Internet. Aliás, a Internet sequer é regulamenta-da pela Anatel de maneira uniforme. As regras que valem para empresas de TV paga não são as mesmas que valem para operadoras de telefonia que não são as mesmas dos prestadores de ser-viços SCM e empresas de telefonia móvel (SMP). Isso sem falar em discus-sões futuras, que sequer estão sendo

Se a banda larga é a prioridade número um do Ministério das Comunicações na ges-tão Dilma Rousseff, o ministro Paulo Bernardo tem tido bastante trabalho para dei-xar claro que a discussão sobre uma Lei de Comunicação Eletrônica também está no

radar do Minicom, ainda que nesse caso a discussão, aparentemente, será propositalmen-te lenta.

Bernardo disse que o assunto foi tratado com a presidenta Dilma Rousseff e a orienta-ção é: fechar um texto com os ministérios e agências afins ao tema (Ministério da Cultura e Secretaria de Comunicação da Presidência da República), com a Anatel e com a Ancine e colocar o projeto em consulta. “O que posso dizer é que temos que ter uma regulação (sobre o setor de comunicação), até porque isso está previsto na Constituição”, disse Bernardo. Para ele, ainda há dúvida se o projeto deve ser único ou se pode ser fatiado antes de ir ao Congresso. “Um projeto único pode ser mais consistente, mas pode ter mais resistências para ser aprovado”.

Paulo Bernardo reiterou o apoio do governo ao PLC 116/2010, que cria novas regras para TV paga. “Se o texto estivesse começando a tramitar hoje, até tinha algumas coisas que a gente podia sugerir. Mas considerando que ele já tramitou e foi negociado, apoia-mos o texto atual”, disse. O ministro criticou o fato de haver apenas pouco mais de 200 cidades com concessão de cabo no Brasil. “O cabo pode levar banda larga e telefonia. É um absurdo que só tenha isso de cidades com o serviço”.

Paulo Bernardo disse que, aprovado o PLC 116, possivelmente esse ponto estará fora de um projeto de lei de comunicação. Provocado pela plateia sobre quando o texto será tornado público, Bernardo reiterou que haverá uma consulta pública antes de o texto ir ao Congresso e disse que o Minicom já está recebendo sugestões. “Mas não dá para pedir urgência nesse tema”. “Não posso tornar público um texto que não fui eu que elaborei e que ainda não domino, e onde há grandes chances de ter besteira”. Paulo Bernardo não deu prazos, mas assegurou que o assunto será tratado pela sua gestão no Minicom.

Reforma lenta e ampla

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Da esq. para dir. Rubens Glasberg, da Converge; Murilo Ramos, da UnB; Emb. Ronaldo Sardenberg, da Anatel; ministro Paulo Bernardo, do Minicom; e o deputado Beto Mansur.

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movido pela TELETIME e pela UnB foi uma das pri-meiras ocasiões em que esses assuntos foram colo-cados em debate.

E o que ficou claro é que as próprias operadoras de telecomunicações brasilei-ras têm visões diferentes sobre como deve ser tratada a regulação das redes em um cenário convergente. Na leitura da Oi, o caso brasileiro não pode ser tratado com base em modelos prontos de outros países. “Temos outra realida-de de custo de capital, de disparidades econômicas e regionais e de obrigações regulatórias”, disse Paulo Mattos, dire-tor de regulamentação da Oi. Para ele, não é possível falar em regras únicas quando se fala em regulação das redes de banda larga, onde há mercados sem atratividade, onde prevalecem as obri-gações de universalização, e os merca-dos atrativos, em que prevalece a com-petição. “É preciso pensar em cada um desses mercados de maneira diferente”. Ele enfatizou também a necessidade de corrigir assimetrias, como o fato de nem todos poderem prestar todos os serviços nas mesmas redes, como TV a cabo.

Para Paulo Mattos, o modelo atual também é distorcido por dois fatores: a VU-M, que tira receita das fixas e passa para as móveis, e a perda acentuada de base na própria telefonia fixa. “Perdemos um milhão de clientes por ano, o que representa R$ 1 bilhão de faturamento, a cada ano que passa”. Para ele, é preciso estimular concorrentes que tragam novas redes e o compartilhamento de investimento em infraestrutura. “Além disso, as empresas só fazem investi-mento se tiverem perspectivas de ter benefícios com essas redes”.

Mario Girasole, diretor de regulamentação da TIM, citou exemplos internacionais de regu-lação de redes para assegurar a expansão da banda larga e lem-brou que no Brasil ainda há aspectos da regulamenta-ção em relação ao compartilha-mento que não estão sendo colocados em prática, como a regulação da oferta no atacado. “Mas o mais importante é que se bus-quem formas de baixar o

custo de implantação de novas redes, e isso passa pelo compartilhamento de investi-mentos”, disse.

Maurício Giusti, sócio da PriceWaterhouseCoopers, citou ele-mentos que, em outros cenários regula-tórios, estão sendo utilizados para fomentar o surgimento destas redes. Esses elementos vão desde a vetorização da regulamentação, trabalhando com a perspectiva de com-petição intraplata-forma ou interplata-formas. Novas redes são fundamentais quando se busca maior competição, diz Giusti. Um dos caminhos, diz ele, é coordenar investimentos com outras áreas, como estradas e linhas de ener-gia, para que se contemplem redes de telecomunicações. Outro aspecto desta-

cado pelo consultor é o da retirada de restrições aos entrantes e o uso eficiente das frequências. Ele lembrou ainda que qualquer política de expansão e regulação das redes de banda larga precisa pensar em educação, aplica-ções de governo eletrônico, incentivos de construção de redes e práticas voltadas para pequenas e médias empresas. Para ele, o Brasil

segue alguns desses caminhos, mas é importante olhar mais para a experiên-cia internacional.

Para João Maria de Oliveira, pesqui-sador da área de comunicações e TICs do Ipea, o Brasil sofre ainda com um problema crônico de concen-tração das redes e da competição no mercado de banda larga. “Esta con-centração parece estar mudando muito pouco de ano

para ano, mas a questão deve ser abor-dada porque a convergência de conteú-dos não vai acontecer plenamente sem a competição entre as redes de telecom”, diz ele.

SaMuEl PoSSEBon

“as empresas só fazem investimento se tiverem perspectivas de ter

benefícios com essas redes”Paulo Mattos, da Oi

A agenda de trabalho do SindiTelebrasil referente à atividade legislativa do Congresso Nacional para 2011 mostra que o setor de telecomunicações não terá tranquilidade ao longo do ano. Segundo o levantamento feito pela associação, há

nada menos do que 49 projetos de lei em tramitação que, de alguma maneira, têm rele-vância para o setor e que precisam ser acompanhados. O problema é que de todos esses

projetos, o SindiTelebrasil só tem posição convergente (ou seja, apoia o projeto) em três casos: o PLC 116/2010, que cria novas regras para a TV por assinatura; o PL 1.481/07, que mudas as regras de aplicação do Fust; e o PLS 87/10, que regula a terceirização de funcionários por parte de empresas públicas e privadas. Fora

isso, em quase todos os casos, a posição do setor de telecomunicações repre-sentado pelo SindiTelebrasil é de divergência. Dos projetos elencados para acompanhamento, nada menos do que 40 contam com posição divergente, e em seis há convergência com ressalvas ao texto que está sendo discutido.

A agenda fica ainda mais complicada quando se observa que desses 49 projetos, 42 são considerados pelo sindicato patronal como de “alta rele-vância”, ou seja, estão diretamente atrelados ao dia-a-dia do setor e aos interesses das empresas. Além disso, dos projetos que estão sendo acom-panhados, oito são classificados como de alta urgência, ou seja, podem ser aprovados rapidamente.

Entre os temas, os que têm mais projetos sob observação por parte das teles são os de defesa do consumidor (dez projetos) e trabalhis-tas (seis projetos), mas questões de segurança (cinco projetos) tam-bém são fonte de preocupação. Há ainda uma série de projetos con-

siderados relevantes pelo SindiTelebrasil sobre temas específicos, como crédito pré-pago, cobrança, fidelização, assinatura básica, cadastro

positivo, roaming e outros temas.

Teles contra a corrente

a regulamentação da neutralidade, regras de

ciber-segurança e a consolidação dos serviços devem ser a base do futuro

plano de atualização da regulamentação (pgr 2)

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26 TeleTime MAR_2011

Passados três meses do adia-mento da assinatura dos novos aditivos contratuais das concessionárias de tele-fonia fixa, que deveriam ter

sido firmados em 31 de dezembro de 2010, a Anatel concluiu as discussões técnicas com as teles sobre as novas metas de universalização. Polêmicas em torno dessas metas, que irão vigo-rar até 2015, foram o catalisador do adiamento da assinatura do contrato, daí a criação, por ordem do Palácio do Planalto, de uma mesa de negociação.

Apesar do término do debate técnico, ainda é impossível saber se todas as cri-ses geradas pelo novo plano de universa-lização serão dissolvidas até o final de abril, prazo dado para que o trabalho seja concluído e os contratos assinados. Na verdade, o trabalho produzido pela Anatel indica que novas polêmicas podem surgir no futuro com a publicação da nova versão do Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU III).

Para consolidar o resultado do debate e apontar os novos caminhos que a agência poderá tomar a partir de agora, as superintendências da Anatel produziram um informe, contendo uma série de sugestões de alteração no texto proposto pela autarquia ainda em 2009 e depois novamente colocado em con-sulta pública em 2010. O material cir-culou no dia 10 de março e, até o fechamento desta edição, outras duas versões foram produzidas. Há pouca diferença entre os três documentos, mas a revisão reiterada do material em apenas uma semana pode ser um indi-cativo das incertezas que ainda ron-dam a própria Anatel sobre qual a melhor opção para viabilizar as novas metas.

Até o momento, a exclusão das obrigações que geraram mais contro-vérsia entre as empresas - o aumento da capacidade do backhaul implanta-do também por meio de metas de uni-versalização em 2008 - é tida como

certa. Tanto que os técnicos da Anatel deixam claro logo no início dos pare-ceres que o alvo da análise é a troca dessas obrigações por outras, menos sensíveis (e polêmicas) para o setor. Mesmo sendo este o ponto nevrálgico que gerou o início das negociações, o

governo não estaria plenamente segu-ro de que essas obrigações devem deixar de existir. Ou seja, nem o que parece certo para os técnicos da Anatel está realmente definido dentro dos planos políticos do governo de asso-ciar o PGMU à expansão do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

O novo PGMU proposto pelos técni-cos da agência reguladora pode ser dividido em seis partes e praticamente

nenhum dos aspectos abordados no documento está livre de controvérsia. O gabinete da conselheira-relatora, Emília Ribeiro, trabalha para concluir o seu parecer sobre a proposta o mais rápido possível para que o Conselho Diretor possa deliberar sobre o assunto ainda em março.

orelhões no interiorSobre a instalação de Telefones de

Uso Público (TUPs) - os conhecidos ore-lhões - em áreas rurais, a Anatel pro-põe algumas mudanças importantes no texto debatido publicamente entre 2009 e 2010.Um dos principais itens nos quais a agência sugere alteração é o cronograma de instalação dos equi-pamentos. Na proposta original, a meta de implantação de telefones públicos em postos de saúde e escolas rurais seria concluída até 2012, sendo 30% atingidos ainda neste ano. A Anatel também forneceria a lista de entidades que seriam beneficiadas.

Na nova versão, a meta é estendida até 2015, prazo final de vigência do novo PGMU, com 20% da meta sendo atingida a cada ano. A lista também não existirá mais. Caberá às concessio-nárias levantar as instituições que

serão atendidas com orelhões. A única exigência da agência é que a cobertura atinja ao menos 6 mil entidades.

A sugestão da Oi de transferir a execução dessas metas à conces-sionária de longa distância Embratel fracassou. A agência, por

ora, está convicta de que esses orelhões são de responsabilidade das concessio-nárias locais.

redução de tuPsOutro aspecto importante envolven-

do orelhões é o novo índice de cobertu-ra que as empresas terão que cumprir. Atualmente, as concessionárias devem manter seis TUPs por mil habitantes em cada município. A proposta debati-

.:REGULAMENTAÇÃO

Cartas na mesaNegociação técnica do PGMU III chega ao fim. Além da liberação da faixa de 450 MHz para as teles, a nova proposta esconde outras polêmicas, tornando ainda mais incerto o desfecho do debate.

Mariana Mazza, de Brasí[email protected]

exclusão de obrigações controversas, como aumento do backhaul, é tida como certa.

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da com a sociedade até o ano passado sugeria uma redução desse índice para 4,5 TUPs, alegando que há excesso de disponibilidade de orelhões em alguns locais onde a demanda não é corres-pondente. Apesar da queda no número real, a agência diz que a cobertura de telefonia pública será melhor, exigindo das empresas um plano de reposicio-namento dos telefones remanescentes.

Mas o novo índice, fruto das nego-ciações de 2011, deve ficar ainda menor. A área técnica da Anatel ressus-citou sua proposta original, de redução para quatro TUPs por mil habitantes. Segundo os pareceres, a queda ainda mais expressiva seria necessária “para propiciar a criação de um mecanismo mais eficiente de gestão da ocupação e otimização da alocação de recursos”. O parecer não apresenta explicações mais profundas para a escolha do índi-ce de quatro orelhões. Mas vale lem-brar que essa proposta já foi rejeitada pelo Conselho Diretor quando o PGMU III foi encaminhado à consulta pública.

Uma novidade importante no texto do ponto de vista da fiscalização e ges-tão das metas é a exigência de que as concessionárias criem um sistema de monitoramento remoto da planta de orelhões. A Anatel deverá ter acesso online a esse sistema, que conterá, entre outras informações, o índice de tráfego de cada telefone público. Com isso, a agência espera ter ferramentas mais consistentes para gerenciar a alo-cação dos orelhões.

aiceA seção destinada ao Acesso

Individual Classe Especial (Aice) ficou ainda mais enxuta na nova versão do PGMU. A Anatel sugere a retirada do detalhamento mínimo do plano presente no texto - prazo de atendimento e manu-tenção dos contratos atuais - confiando que o novo regulamento do serviço, já colocado em consulta pública, dissipou todas as dúvidas das companhias sobre o assunto. Em princípio, o Aice é um dos poucos pontos onde houve conciliação na mesa de negociação.

BackhaulPor enquanto, a Anatel abandonou

a ideia de exigir que as concessionárias quadrupliquem a capacidade do backhaul, rede de dados associada à telefonia fixa. De acordo com os infor-mes, prevaleceu a proposta de discutir o assunto no Plano Geral de Metas de

Competição (PGMC), considerado um ambiente mais apropriado para uma obrigação que atinge, também, a oferta de banda larga. Mas isso não significa que o novo texto proposto estará isento de referência a esse assunto.

A equipe técnica da Anatel sugeriu uma sutil, porém importante, mudança na nova minuta de PGMU III com rela-ção ao backhaul. Primeiro, todo o capí-tulo das obrigações será substituído por uma citação de que as metas fixa-das em 2008 (construção do backhaul nas sedes municipais) estão mantidas. O ponto polêmico é que as superinten-dências sugerem a troca do termo

“tarifa” pela palavra “valor” ao fazer referência sobre como será dado aces-so à nova rede. Isso é importante por-que tarifa é algo a que apenas serviços públicos estão sujeitos.

O novo texto sugerido pelos técni-cos é o seguinte: “O valor de uso da capacidade de backhaul, ofertado pela concessionária para interligação de rede de acesso de prestadora de servi-ços de telecomunicações ao backbone, será estabelecido em regulamentação específica”. O que parece ser apenas uma questão de semântica na verdade representa a capitulação da agência no principal ponto questionado pelas concessionárias.

Para além das controvérsias legais que circundam o backhaul, as teles sem-pre concentraram suas críticas na possi-bilidade de tarifação da nova rede. Tanto que as empresas questionam na Justiça este aspecto. O termo “valor” inserido no texto abre margem para um entendimento de que a Anatel não fixa-rá um preço-teto para a comercialização do backhaul, mas apenas um valor de referência, como é feito nas redes explo-radas sob o regime privado.

450 MHzSuperada a questão do backhaul -

com o atendimento, em princípio, das demandas das teles - o novo foco de polêmicas é a liberação do uso da faixa

de 450 MHz para que as concessionárias façam a oferta de acessos individuais na área rural. Na esfera política, a entrega da radiofrequência sem qualquer tipo de concorrência pública ou ônus - o custo seria abatido das perdas das teles com a implantação das metas - encontra resis-tência. No Ministério das Comunicações cresce a ideia de que ao menos um cha-mamento público deveria ser feito, nem que seja para assegurar que não há nenhum interesse comercial na faixa.

No corpo técnico e em parte do con-selho da Anatel, a liberação da frequên-cia é tida como a única alternativa viável de expansão dos serviços para a área

rural. Pensando assim, não sur-preende que os pareceres da agência sequer levantem outras hipóteses para o cumprimento dessas metas. Praticamente um terço dos relatórios técnicos sobre as negociações do PGMU III é dedicado a justificar a entrega do 450 MHz às teles e os benefícios dessa ação para as contas finan-ceiras do PGMU. Todos os cálculos

apresentados sobre as metas rurais, por exemplo, partem do princípio de que essa faixa será utilizada.

Custos da telefonia ruralMesmo considerando uma redução

de custos com o uso da faixa de 450 MHz, muito mais precisará ser feito para que as contas das metas rurais fechem. Segundo os técnicos, a oferta apenas de voz fora dos grandes centros é economicamente inviável. Por isso, os técnicos apresentaram somente simula-ções considerando pacotes conjuntos de voz e dados. Ou seja, para que as metas se viabilizem economicamente, as empresas terão que comercializar, necessariamente, também banda larga.

Outro detalhe importante é que a agência considera a possibilidade de que os consumidores na área rural não tenham o direito de escolha da presta-dora de longa distância. A proposta de as concessionárias locais terem exclusi-vidade no transporte das chamadas interurbanas desses novos clientes seria associada à fixação de um Valor de Remuneração de Meios Adicionais (VMA) no cenário ideal de redução de custos e maior atratividade comercial para as empresas. A agência não entra em detalhes sobre o que seria o VMA, mas o texto sugere que ele funcionaria como uma taxa, cobrada apenas dos clientes rurais.

praticamente um terço dos relatórios técnicos sobre as negociações do pgmu iii é dedicado a justificar a entrega do 450 mhz às teles e os benefícios dessa ação para as contas financeiras do pgmu.

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Boa parte dos contratos para fornecimento de equipa-mentos e serviços para a Telebrás, como parte das ações do Plano Nacional de

Banda Larga, já foi assinada, mas a pergunta que se faz é se eles serão suficientes para alavancar a indústria nacional na área de telecomunicações. Os valores são expressivos e, em alguns casos, representam cerca de 40% do faturamento das empresas que levaram os contratos. Perto daqui-lo que é comprado pelas operadoras, entretanto, o valor é quase insignifi-cante. O fato é que depois de anos sem contar com a ajuda do poder de com-pra estatal, o que é comum em outros países, algumas empresas nacionais se especializaram em mercados em que as multinacionais não têm presen-ça expressiva no País. Outro fator que afastou alguns fabricantes nacionais das compras das operadoras no Brasil foi que, em busca de melhores preços, os grupos multinacionais realizam suas licitações nas matrizes, e não regionalmente. Cada uma a seu modo, as empresas nacionais têm conseguido sobreviver em meio a gigantes do porte de Ericsson, Cisco, Nokia-Siemens, Alcatel-Lucent e, mais recen-temente, dos chineses Huawei e ZTE.

Se a chegada das empresas chine-sas no Brasil causou grande impacto sobre os negócios das multinacionais europeias e americanas no Brasil, isso aconteceu de forma ainda mais acen-tuada com as empresas nacionais, que são bem menores. Mas o caso da China é ainda mais notável, porque significa uma mostra do poder do Estado para alavancar determinado setor da economia. Hoje os fabricantes

chineses dispõem de linhas de crédito com os bancos de seu país muito inte-ressantes. No caso do Brasil, o gover-no nunca deu prioridade para a área de TIC, ao contrário, por exemplo, do setor de agronegócio, onde o Brasil ocupa posição de destaque no cenário internacional.

De acordo com Antônio Carlos Porto, diretor executivo da brasileira Datacom, o resultado da combinação desses fatores é que o Brasil tem pou-cas empresas fornecedoras de equipa-mentos de telecomunicações, ao con-trário, por exemplo, dos EUA, onde existem milhares de empresas de pequeno e médio porte. A Datacom venceu o leilão da Telebrás para os três grupos de roteadores de borda de rede, totalizando um contrato de R$ 110 milhões, suficientes para atender cerca de 3 mil localidades. Deste montante,

já foram efetivamente contratados R$ 15 milhões para o atendimento de 500 localidades. Carlos Porto acredita que os R$ 110 milhões serão contratados em um prazo de dois anos.

O contrato com a Telebrás é bas-tante significativo para a empresa, que no ano passado faturou R$ 137 milhões. Os negócios, entretanto, já foram melhores para a companhia em anos anteriores. Em 2009 o fatura-mento foi de R$ 137 milhões e em 2008 de R$ 240 milhões. “É um con-trato que representa 40% da nossa receita, mas não é desproporcional ao nosso tamanho se considerarmos os R$ 240 milhões de faturamento de antes da crise”, afirma Porto.

A gaúcha Datacom está em franco processo de expansão, mas o executivo nega que isso este-ja relacionado às compras da Telebrás. Está prevista para maio a inauguração de uma nova fábrica e a contratação de mais 60 engenheiros, que se somarão aos 300 que atu-almente trabalham na com-panhia. Segundo ele, essa expansão está relacionada à expectativa de crescimento

.:INdúSTRIA Helton [email protected]

Empurrãozinho extraFabricantes brasileiros assinam os primeiros contratos com a Telebrás. Valores chegam a 40% do faturamento e estão dando novo fôlego às empresas locais.

“é um contrato que representa 40% da nossa receita, mas não é desproporcional ao nosso tamanho se considerarmos

os r$ 240 milhões de faturamento de antes da crise”Antônio Carlos Porto, da Datacom

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empresas tivessem condições técnicas e financeira para atender os pedidos da Telebrás. Segundo ele, a Digitel poderia atender a todo o contrato sozinha, mas para que haja agilidade na imple-mentação, conforme solicita-do pela própria Telebrás, as empresas decidiram pela for-mação do grupo.

Já o primeiro leilão da Telebrás para a aquisição de

equipamentos DWDM foi vencido pela Padtec. O contrato de R$ 63 milhões também é significativo perto do fatura-mento de R$ 200 milhões que a empre-sa teve em 2010. Jorge Salomão, presi-dente da Padtec, descarta que a empre-sa possa ter dificuldades para honrar o contrato, dificuldade esta imputada por representantes das multinacionais. “Esse não é o único contrato de R$ 60 milhões que nós temos. Temos capaci-dade financeira e industrial para hon-rar até o dobro”, afirma Salomão.

A Padtec hoje é fornecedora das principais operadoras do Brasil e tem seus equipamentos funcionando em mais de 40 países. A companhia, nas-cida em 2001, orgulha-se de ter regis-trado prejuízo apenas em 2003, ano da falência da WorldCom, antiga con-troladora da Embratel, principal clien-te da Padtec à época. Em 2008, a Padtec adquiriu a israelense Civcom, movimento que faz parte da estratégia de expansão internacional da compa-nhia, que tem escritórios na Argentina, México e Colômbia.

Outro leilão concluído pela Telebrás foi o de roteadores para o core de rede IP, vencido pela Medidata. A Medidata, que pertence ao grupo espanhol Amper, distribui os produtos da Cisco no Brasil. Não existe fabricante nacio-nal que tenha esse tipo de produto, nem estrangeiros que o desenvolva no Brasil e assim se enquadrariam na MP 495, que foi transformada em lei e que garante a prioridade para equipamen-tos produzidos e desenvolvidos no país

nas compras do governo, inclusive da Telebrás. Na opi-nião de João Lara, presidente da Medidata, o objetivo final da nova lei é válido, mas é pre-ciso discutir questões “estrutu-rais”. “Os custos do Brasil pre-cisam ser competitivos para que o investidor estrangeiro

lado nos produtos de alta complexidade do núcleo de rede, e de outro nos produtos de borda, em que as multina-cionais ganham na escala.

A Telebrás já assinou o contrato para aquisição de torres e postes com as empresas nacionais Bimetal e Networker no valor de R$ 35,5 milhões. O contrato com o consórcio formado pela Digitel, entretanto, ainda não foi assinado. O total licitado pela Telebrás para a aquisição desses equi-pamentos soma R$ 709,7 milhões. Assim, excluindo-se R$ 35,5 milhões de torres e postes, o consórcio forma-do por Digitel, Asga e Gigacom dividi-rá um contrato de aproximadamente R$ 674,2 milhões, a ser executado durante um ano. “Isso representa um influxo grande para a empresa nacio-nal. Esse benefício para nós é impor-tantíssimo”, afirma o executivo. Machado acusa os fornecedores multi-nacionais de terem feito propostas tão baixas que estariam abaixo dos seus próprios custos. “Ou eles entraram para comprar mercado ou, sabendo que não seriam classificados, entra-ram para bagunçar”, diz, referindo-se aos concorrentes estrangeiros que participaram da licitação. Vale lem-brar que no leilão da Telebrás as empresas chinesas foram as que deram os lances mais agressivos. Mesmo desqualificados, por não aten-derem às exigências de produção e desenvolvimento local, os chineses deram argumentos para que a Telebrás forçasse uma redução de preços junto aos vencedores.

Machado refuta a ideia de que a formação do consórcio tenha sido feita para que as

do mercado, que na visão da Datacom será impulsionado pela introdução da LTE e a necessidade de mais capacida-de no backhaul, pela Copa e Olímpiadas, e pelo crescente aumento na penetração da banda larga.

FinanciamentoExistem no Brasil vários progra-

mas de subvenção da Finep, muitas vezes a fundo perdido, e de financia-mento para P&D do BNDES. Para Carlos Porto, da Datacom, entretanto, a melhor maneira do governo incenti-var um segmento industrial é usar seu poder de compra. “Dá tempo de fazer alguma coisa? Claro que dá. Não é por que não se fez antes que o governo não deve fazer mais”, diz ele em rela-ção ao uso do poder de compra.

O executivo explica que a Datacom tem diversas linhas de produtos e elas competem com vários players de gran-de porte como a Cisco, em alguns casos, Nokia-Siemens em outros etc. No caso da Datacom, portanto, a empresa não se desenvolveu em nichos de mercado. O foco é o merca-do interno, mas a empresa tem proje-tos fora do país também. “É mais difí-cil vender lá fora do que aqui. Na França é difícil porque tem a Alcatel-Lucent, na Alemanha porque tem a Siemens e assim por diante”, diz ele.

Outra vencedora dos pregões da Telebrás foi a Digitel, que formou um consórcio com Asga e Gigacom para disputar o leilão de radioenlaces digi-tais, que aconteceu juntamente com o leilão de torres e postes. O consórcio foi vencedor nos quatro grupos defini-dos pela Telebrás – anel Sudeste, anel Sul, anel Nordeste e rede Norte. Ao contrário da Datacom, a Digitel cresceu explorando nichos que não eram atendi-dos pelos grandes players. Gilberto Machado, diretor--presidente da Digitel, expli-ca que a indústria nacional não tem presença significati-va nos dois extremos: de um

“esse não é o nosso único contrato de r$ 60 milhões. temos capacidade financeira e industrial

para honrar até o dobro”Jorge Salomão, da Padtec FO

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“os custos do brasil precisam ser competitivos para que o investidor estrangeiro tenha estímulo para vir”João Lara, da Medidata

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Mesmo com toda a priori-dade que o governo da presidenta Dilma tem dado ao Plano Nacional de Banda Larga, a cone-

xão das primeiras cidades à rede públi-ca administrada pela Telebrás revitali-zada vem sendo seguidamente adiada. A primeira meta anunciada pelo gover-no era a de conectar as cem primeiras cidades até o final do ano passado. O ano terminou e a Telebrás ainda não havia concluído uma série de leilões para compra de equipamentos e o acor-do com as elétricas e a Petrobras para o uso das suas redes de dados também não havia saído.

No início de 2011, contudo, o governo conseguiu avanços importantes para que as primeiras cidades sejam conectadas e assim o plano, finalmente, saia do papel. De acordo com o secretário de telecomu-nicações do Ministério das Comunicações, Nelson Fujimoto, o governo já concluiu as negociações para o uso das redes de fibra óptica de Eletrobras, Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul. O acordo em si ainda não foi assinado, porque depende da resolução de algumas questões buro-cráticas com a Aneel. Com isso, o gover-no fecha a negociação para uso da rede das elétricas e agora se concentra em chegar a um bom termo com a Petrobras. O secretário participou do Seminário Políticas de (Tele)Comunicações, organi-zado pela revista TELETIME e pelo Centro de Estudos de Políticas de Comunicação (CCom/UnB), que aconte-

ceu em fevereiro em Brasília.Paralelamente ao acordo com as

concessionárias de energia, o governo negocia uma mudança na regulamenta-ção da modicidade tarifária. Essa regra do setor elétrico prevê que qualquer receita adicional que as empresas de energia tenham seja revertida para a redução das tarifas ao consumidor, o que acaba limitando o interesse dessas empresas em alugar suas redes de dados para o setor de telecomunicações. Com o surgimento do PNBL, que está basicamente ancorado nestas redes, o ambiente para a revisão dessa regra, que já estava sendo discutida pela Aneel, fica mais propício.

Outra frente de trabalho do governo na área de infraestrutura é um acordo com as agências reguladoras do setor elétrico (Aneel), de transporte (ANTT) e petróleo (ANP) para que as grandes obras de infraestrutura sejam construí-das levando em consideração a instala-ção de dutos para redes ópticas. Fujimoto explica que o custo da obra fica apenas

1% maior, en -quanto esse custo aumente para

10% da obra caso a fibra seja lançada com a obra já pronta. “No edital da obra do TAV (Trem de Alta Velocidade, que ligará o Rio de Janeiro a Campinas) está a construção de dutos para suportar a fibra óptica”, exemplifica ele. O objetivo do governo é que esses dois acordos sejam formalizados dentro dos cem pri-meiros dias do governo Dilma.

O primeiro Estado a contar com ser-viços de banda larga prestado por meio da rede da Telebrás deverá ser o Distrito Federal. Segundo Fujimoto, o governa-dor do DF, Agnelo Queiroz (PT), procurou o ministro Paulo Bernardo manifestando interesse em disponibilizar a banda larga em uma série de cidades-satélite que contam com oferta deficiente do serviço.

A redução orçamentária do governo como parte do corte de R$ 50 bilhões anunciado pela equipe econômica tam-bém preocupa. Em recente entrevista à Folha de S. Paulo o presidente da Telebrás, Rogério Santanna, reiterou que o cumprimento das metas depende de garantias de que a estatal terá o orça-mento previsto. Ainda há dúvidas sobre o tamanho do impacto dos cortes nos planos da Telebrás.

PNBL ainda devagarA primeira meta do Plano Nacional de Banda Larga, ainda não cumprida, era a de conectar cem cidades até o fim de 2010. Orçamento, licitação e contratos com as elétricas foram alguns dos problemas.

tenha estímulo para vir”.A Telebrás ainda não assinou o

contrato do edital de sistemas auxilia-res, compreendidos por equipamentos de comutação de dados, servidores e softwares, que foi dividido em seis lotes, sendo que em dois deles, relati-vos a treinamento de pessoal qualifica-do, não houve interessados. Em rela-

ção aos quatro restantes, as vencedo-ras foram PromonLogicalis (única a apresentar proposta em dois deles), a Cipher (única a apresentar proposta para um dos lotes) e a Work Link, vencedora do único lote em que houve disputa.

Outro contrato pendente, dessa vez por questões judiciais, é o de torres e

postes da rede Norte. O grupo está suspenso devido a uma liminar da Justiça concedida à empresa Everest. Ela foi a detentora do menor lance para este item, mas foi inabilitada pela Telebrás por não ter apresentado documentação obrigatória. Assim, o contrato somente poderá ser assinado após a decisão judicial definitiva.

“temos alguns governadores que já decidiram abrir mão do imposto para sairmos de r$ 35 para r$ 29 (preço final da banda larga popular)”Paulo Bernardo, ministro das Comunicações

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mentos – que hoje estão em 450 MHz – para outra faixa. Mas este é o único ponto já acertado.

Quando a negociação sobre o PGMU III começou,

a cessão dos 450 MHz à Telebrás era tida como certa dentro e fora da Anatel. Isso porque a faixa consiste em um pequeno bloco de 7 MHz + 7 MHz. O entendimen-to que crescia no governo e entre os res-ponsáveis pela regulação era de que o melhor a se fazer seria liberar a faixa para a Telebrás, como mais um instru-mento de fortalecimento do PNBL.

Agora é praticamente certo que a faixa ficará com as concessionárias, em especial a Oi, que terá a maior parte das obrigações do PGMU III. O que se negocia é permitir o uso dos 450 MHz pelas empresas privadas, cada conces-sionária assumindo a cobertura rural em sua área de atuação. Não é certo ainda de que forma essa faixa irá para as mãos das concessionárias. Parte do governo analisa a possibilidade de outorgar a faixa de graça. Essa corren-te defende que é possível imputar a faixa às concessionárias. Ou seja, transferir a responsabilidade da explo-ração para as empresas, eliminando a necessidade de licitar ou cobrar pela autorização. Nessa hipótese, o custo estimado de outorga da faixa seria abatido dos custos do próprio PGMU, reduzindo o ônus das concessionárias com a universalização.

(ColaBoraraM Mariana Mazza E SaMuEl PoSSEBon)

procura convencer os secretá-rios estaduais de Fazenda a reduzir a alíquota do ICMS para a banda larga. A tarefa não é fácil, uma vez que a

arrecadação tributária em telecomuni-cações é uma receita fácil para os esta-dos. Um dos argumentos do governo federal para sensibilizá-los é que uma redução na alíquota pode ser compen-sada pelo aumento no número de usuá-rios do serviço de banda larga, o que resultaria no fim em um aumento na arrecadação. O coordenador do Confaz e secretário da Fazenda da Bahia, Carlos Marques garantiu ao ministro Paulo Bernardo que todos os Estados estão dispostos a isentar a banda larga da tributação do ICMS. No entanto, algu-mas condições precisam ser atendidas. A principal delas é que o governo encon-tre meios de garantir que as empresas transformem a isenção em redução efe-tiva de preços para o consumidor final.

Espectro complicadoOutro problema para que o PNBL

saia do papel é a viabilização da faixa de 450 MHz – tida como a mais apro-priada para levar o serviço a áreas rurais. O governo conseguiu convencer a Polícia Federal a migrar seus equipa-

recuo sem consequênciasPara alguns observadores,

outro problema para a execu-ção do PNBL é o fato de o governo ter recuado nas nego-ciações com as teles no sentido de impor metas de expansão do backhaul do Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU III – ver matéria nesta edição). A proposta do gover-no foi que as empresas propu-sessem metas voluntárias de expansão dessas redes, que estariam em outros regulamentos relativos à concessão. “O PGMU III não era a salvação do PNBL, é apenas uma parte pequena”, diz Fujimoto. Para ele, o centro do PNBL continua sendo a atuação da Telebrás na oferta de redes ao atacado para peque-nos provedores. Ele ressaltou que parte das questões que vinham sendo tratadas no PGMU poderão ser tratadas no Plano Geral de Metas de Competição, como a regulação das redes no atacado e no varejo. Mesmo sendo uma “pequena” parte do PNBL, o fato é que o PGMU III também está atrasado. Nesse caso, a negociação com as concessionárias tem que ser concluída até abril, já que o prazo para que o documento seja anexado aos contratos de concessão é 2 de maio.

Outro ponto importante para a expansão da banda larga no País é a desoneração tributária, especialmente do ICMS, que responde em alguns Estados por até 40% do preço da banda larga. O ministro Paulo Bernardo mos-trou estar ciente deste desequilíbrio e

“o pgmu iii não era a salvação do pnbl, é apenas uma parte pequena”Nelson Fujimoto, do Minicom

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Sete anos sem registrar lucro operacional. Este foi um perío-do amargo da história da Sercomtel, que levou seus acionistas - Copel, com 45% da

empresa, e a prefeitura de Londrina, com 55% - a cogitarem inclusive a venda da companhia. Com a eleição do prefeito Barbosa Neto (PDT) e a autori-zação da Anatel para que a empresa atuasse com telefonia fixa e banda larga em todo o Estado do Paraná, conquista-da em março de 2009, uma luz no fim do túnel apareceu para a menor incum-bent do Brasil. “A Sercomtel é a nossa Petrobras. Ou ela buscava novos merca-dos ou seria engolida”, afirma o prefeito Barbosa Neto.

Ao contrário de indicações mera-mente políticas, os acionistas da Sercomtel desta vez resolveram traba-lhar em conjunto (no passado as brigas entre Copel e prefeitura eram comuns) e contratar um executivo de mercado com experiência em telecomunicações para colocar em marcha um plano de recupe-ração. O nome encontrado foi Fernando Lopes Kireeff. O executivo foi contratado em maio de 2009 com o objetivo de colo-car a Sercomtel de volta aos trilhos. “A minha missão na empresa é a reestrutu-ração. Eu entrei para isso. O respaldo (dos acionistas) é total, não só respaldo, mas cobrança para colocar a operação em outro patamar”, afirma ele.

Depois de um período de diagnóstico em que se procurou oportunidades de negócios e pontos que poderiam ser melhorados, em novembro de 2009 a Sercomtel registrou lucro operacional pela primeira vez em sete anos. Com o caixa em recuperação, a operadora ini-ciou a execução de um ambicioso plano de expansão: chegar a 43 cidades do Paraná em um prazo de três anos.

A convicção de que o plano de expan-são será bem sucedido tem um motivo simples: a operadora usará a rede de fibra da Copel, uma das mais extensas e importantes do Estado. Em Maringá, a primeira cidade fora da região do código

43 em que a operadora entrou, o modelo de parceria com a Copel foi executado. As duas companhias vão oferecer paco-tes ao mercado corporativo unindo os serviços de voz da Sercomtel e o de dados da companhia de energia elétrica. A capital Curitiba está dentro do plano de expansão e deverá ser atendida tam-bém em parceria com a Copel. Kireeff explica que a Sercomtel tem uma parce-ria comercial com a Copel, em que a concessionária de energia não faz qual-

quer distinção de preço para a incum-bent de telefonia fixa. “E nem poderia fazer” diz ele, lembrando que a Copel é uma empresa pública. “A marca Sercomtel também é conhecida fora da área 43, especialmente no norte do Paraná. No sul do Estado ela não é conhecida. Mas lá a gente usa a força da marca do nosso sócio, que se chama Copel”, diz Kireeff.

O prefeito de Londrina, Barbosa Neto, explica que “o pulo do gato” se dará quando a Sercomtel puder usar de forma mais ampla a capilaridade da Copel no Paraná para, por exemplo, atender a todos os órgãos governamen-tais do Estado. “A gente poderia estar no Estado inteiro. Mas para isso temos que falar a mesma língua”, diz. Segundo ele, o ex-governador do Paraná, Roberto Requião, tinha a ideia de aprofundar as relações entre Copel e Sercomtel. Com a entrada do governador Beto Richa, que é londrinense, o prefeito espera que esses estudos sejam retomados.

venda de ativosPara financiar a expansão para novas

cidades, a Sercomtel decidiu se desfazer das suas operações de TV por assinatura em Osasco (SP) e São José (SC), a Adatel. Isso já foi tentado no passado. A inten-ção da operadora é que o leilão aconteça ainda neste semestre. De acordo com o presidente da Sercomtel, já foi realizada a avaliação da companhia. Neste momento, equipes da Sercomtel e de uma consultoria contratada trabalham na finalização das informações que irão compor o data room (sala onde os inte-ressados têm acesso aos dados financei-ros e operacionais da empresa). “Agora nós estamos terminando de montar o data room e pegando as devidas autori-zações para colocar o ativo à venda. Com certeza neste semestre a gente realiza essa operação”, afirma.

A pequena incumbent paranaense tentou vender essa operação em 2002, mas não houve interessados. Kireeff, entretanto, está confiante de que desta

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Sercomtel ganha fôlegoDepois de sete anos no vermelho e sem perspectiva, menor incumbent do Brasil deixa de lado a política, ganha um novo rumo e fala em expansão.

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R$ 30, parcelado em cinco vezes.Outra inovação trazida pela

Sercomtel foi o Freakom. Trata-se de um serviço que permite aos usuários realizar chamadas gratuitas de até um minuto depois de ouvir uma mensagem publicitária. Quando houver uma oferta promocional no ar, o cliente será avisa-do por SMS e terá apenas de ouvir a mensagem comercial para usar o telefo-ne sem custo. Cada usuário poderá realizar até duas chamadas por dia por meio do serviço de ligações patrocina-das, a depender das características das campanhas ativas no momento.

Em relação à telefonia móvel, Kireeff reconhece que a Sercomtel tem uma defi-ciência: a cobertura limitada a Londrina e Tamarana. Para os clientes que costu-mam viajar, o serviço da Sercomtel passa a não ser mais competitivo em relação às operadoras com cobertura nacional. Esse fato, entretanto, não preocupa o executivo. Segundo ele, a Sercomtel tem muitos clientes de alto valor que não via-jam. Além disso, dentro de Londrina e Tamarana, a Sercomtel é “absolutamen-te competitiva”. A operadora, entretanto, mantém negociações para se tornar uma MVNO no futuro.

Na área de recursos humanos, a gestão Kireeff promoveu uma recontra-tação de funcionários de atendimento nas lojas próprias. Com funcionários contratados pela Sercomtel e não tercei-ros, a operadora afasta o problema de alta rotatividade de pessoal. A Sercomtel testou essa estratégia em uma loja num shopping da cidade e os resultados foram satisfatórios. Agora, está esten-dendo às demais lojas.

Assim, depois de um longo perío-do de crise, a Sercomtel começa a se reerguer. O balanço financeiro refe-rente ao ano de 2009 ainda apresen-ta um prejuízo de mais de R$ 20 milhões, resultado de uma “limpeza” contábil. Em 2010, entretanto, resul-tados preliminares ainda não audita-

dos mostram que as ações de reestruturação começam a surtir efeito. Nos primei-ros três meses de 2010, a empresa teve um lucro de aproximadamente R$ 4 milhões. Cenário bem dife-rente do começo do ano de 2009, quando a empresa fechou com prejuízo de R$ 6 milhões.

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operadora (R$ 11,7 milhões) em capital e revertê-lo em

ações. Assim, a Sercomtel passará a ser a controladora de fato e de direito da companhia de call center. Com a trans-formação da dívida em capital deixará de haver o trânsito de recursos financei-ros saindo do caixa da Ask! para ingres-sar no caixa da Sercomtel, eliminando assim a incidência de impostos e encar-gos. Além disso, todas as operadoras de telecomunicações tem suas empresas de call center. A contratação de uma outra empresa de call center seria mais custo-sa e de maior complexidade técnica.

ServiçosEmbora seja uma operadora peque-

na, a Sercomtel consegue ter serviços diferenciados. A operadora lançou a banda larga pré-paga para conquistar aqueles clientes que acessam a Internet pela linha discada. Por R$ 29,90 o clien-te tem um serviço de 200 kbps. Existe a opção do mesmo serviço no modelo pós--pago em que o modem pode ser instala-do gratuitamente mediante um contrato de fidelidade de 12 meses ou pode ser comprado em lojas especiali-zadas, sendo que, neste caso, o cliente recebe um crédito de

vez a venda será concretiza-da. “O mercado e a empresa hoje estão completamente diferentes. Além disso, diver-sas pessoas informalmente já manifestaram interesse”. Em 2005, a Sercomtel também tentou vender sua operação de MMDS de Maringá. Desta vez, entretanto, esta operação não está à venda. “Para nós faz todo sentido. Está dentro da nossa área de atuação”, explica o executivo. A Sercomtel está trabalhando em um produto de TV por assinatura. Sem revelar detalhes em relação à tec-nologia, Kireeff afirma que a intenção é lançá-lo “no máximo” no começo do segundo semestre.

Em Osasco, a Adatel tem pouco mais de 11,25 mil clientes de TV por assinatu-ra e 15,76 mil clientes de banda larga. Em São José a operação é um pouco menor. São 7,35 mil clientes de TV e 9,39 mil clientes de banda larga. A Aw Lynxcom, sócia da Sercomtel na Adatel, tam-bém foi convidada a reali-zar a venda.

Outro movimento importante para a compa-nhia foi a aquisição do con-trole da empresa de call center Ask!. A Sercomtel teve problemas com o sócio Atende Bem, que segundo Kireeff, aportou apenas uma pequena parcela do capital que subscreveu.

Desde a sua criação, em 1999, a Ask! acumulou prejuízos na ordem de R$ 23 milhões, o que inviabiliza a atração de um novo sócio. Por outro lado, a Sercomtel, além de ser a principal clien-te, é a maior credora da Ask! – a opera-dora já aportou R$ 11,7 milhões em empréstimos para a companhia nos últimos anos. Fechando a Ask!, a Sercomtel não teria chance de recupe-rar seus créditos e teria de assumir de imediato todas as dívidas da compa-nhia. Mesmo assim, foi inevitável encer-rar as operações da empresa em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, ficando apenas a matriz, em Londrina.

Kireeff explica que a Sercomtel vai transformar a dívida da Ask! para com a

“a sercomtel é a nossa petrobras. ou ela buscava novos mercados ou seria engolida”Barbosa Neto, prefeito de Londrina

“a minha missão é a reestruturação. eu entrei para isso. o respaldo (dos

acionistas) é total, com cobrança para colocar a operação em outro patamar.”

Fernando Kireeff, da Sercomtel

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nos primeiros três meses de 2010, a empresa teve um lucro de r$ 4 milhões.

cenário bem diferente do começo do ano de 2009, quando a empresa fechou com

prejuízo de r$ 6 milhões.

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No ano passado, as opera-doras móveis cumpriram a obrigação de levar tele-fonia móvel aos 5.565 municípios brasileiros.

Segundo os últimos dados da Anatel, de janeiro de 2011, são 49.721 esta-ções radiobase (ERBs) espalhadas em 5.551 municípios (algumas atendem a mais de um município). Por se tratar de um tipo de serviço que requer alta confiabilidade, em tese cada uma des-sas antenas conta com um banco de baterias que garante o funcionamento ininterrupto do sistema em caso de pane e interrupção do fornecimento de energia elétrica. São as baterias de chumbo ácidas ventiladas, baterias reguladas por válvula ou baterias alca-linas, mais comumente chamadas de baterias de grande porte.

Utilizadas também para outros fins, de empilhadeiras a submarinos, elas são, em sua maioria, abrigadas em ERBs de telefonia móvel e, como todos os equipamentos integrantes de siste-mas de telecomunicações, têm de pre-viamente ser submetidas a testes de certificação de qualidade realizados por laboratórios designados pela Anatel. E é aí que reside o problema. Dos três labo-ratórios brasileiros creden-ciados para a realização destes ensaios, somente o CPqD se mantém ativo.

O gerente de uma des-sas empresas revelou que o laboratório migrou para a área de manutenção e reparos e desde 2004 não realiza testes de certificação de bate-rias de grande porte. “Temos a autori-zação junto à Anatel e podemos voltar a atuar neste setor um dia, porém há mais de sete anos não recebemos demanda que justifique isso”, diz ele.

O terceiro laboratório autorizado pela Anatel é a curitibana Lactec, que optou por não descontinuar esses ser-viços. Pelo menos por enquanto. Segundo Patrício Impinnisi, pesquisa-

dor sênior, a empresa não investe na área de testes de baterias há três anos e em 2010 não realizou nenhum teste sequer de certificação, um cenário bem oposto ao do CPqD, que executa, segun-do fontes internas, uma média de 200 processos de certificação por ano. “O mercado é grande, nosso preço é com-petitivo, se chegasse um cliente hoje o atenderíamos perfeitamente. Mas o

fato é que estamos ociosos nesta área porque ninguém nos procura”, diz ele, que revela que a Lactec também só se mantém financeiramente por atuar em outras frentes.

Segundo o pesquisador, há alguns anos a Anatel chegou a mostrar disposi-ção em investir na reestruturação e modernização dos laboratórios creden-ciados, o que não aconteceu. “Há sete anos enviamos um projeto de atualiza-

ção e ampliação da nossa estrutura, de cerca de R$ 1,5 milhão, mas infelizmen-te foi engavetado”, lamenta. “Hoje a verba necessária é entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, o que nos ajudaria a quin-tuplicar nossa capacidade e atender perfeitamente aos fabricantes de bate-rias e as próprias operadoras”, diz.

dois pesos, duas medidas Impinnisi, no entanto, não vê o

mesmo tratamento dado ao CPqD que, segundo ele, invariavelmente recebe aportes substanciais de fundos gover-namentais.

Com o apoio de verbas e instituições governamentais, como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), o Ministério de Ciência e Tecnologia e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no final de fevereiro o CPqD anunciou a inaugu-ração de novas instalações do seu labo-ratório de sistemas de energia, amplia-do para atender – por enquanto sozi-nho – à demanda por ensaios de certi-ficação de baterias de grande porte. Com a ampliação, o número de posi-ções de testes automatizadas subiu de 21 para 30 e a capacidade de ensaios dobrou para até 150 baterias simultâ-neas, oito vezes mais que o potencial de testes do laboratório da Lactec. “Os equipamentos de sistemas de energia custam muito caro e a Anatel precisa criar uma linha de crédito que permita a readequação de todos os laboratórios credenciados, não só de um”, adverte o pesquisador, que aproveitou também para questionar o fato de o CPqD ser, ao mesmo tempo, Organismo de Certificação Designado (OCD) e labora-tório de certificação. Os OCDs são insti-tuições técnicas que conduzem os pro-cessos de avaliação da conformidade de produtos de telecom e emitem os certificados de conformidade. São eles também que, juntamente com o fabri-cante do equipamento a ser testado, analisam qual é a melhor proposta e elege o laboratório que realizará o tra-

.:EqUIPAMENTOS daniel [email protected]

Mercado em curtoCertificação de baterias para ERBs no país é realizada somente pelo CPqD. Alijados do mercado, demais laboratórios credenciados alegam falta de apoio da Anatel.

a lactec não investe em testes de baterias há três anos e em 2010 não

realizou nenhum ensaio, enquanto o cpqd realiza uma média de 200 por ano.

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de atender devidamente a todas as reso-luções voltadas para baterias de grande porte definidas pela Anatel”.

trabalho árduoA responsável técnica pelo labora-

tório do CPqD revela que não é tarefa simples montar uma infraestrutura de ensaios de baterias de grande porte, o que também deve justificar a existên-cia de somente três em todo o país e somente uma funcionando.

Segundo ela, há carência de profis-sionais especializados e com compe-tência para trabalhar nesses laborató-

rios. “Faltam engenheiros elétricos com especializa-ção em potência e também químicos com conheci-mento em eletroquímica. Estamos há três meses tentando contratar um estagiário técnico em ele-trônica”, exemplifica Maria

de Fátima, que revela que o Ministério de Ciência e Tecnologia já pensa em um plano que estimule as universida-des a tocar mais profundamente nas áreas de sistemas de energia e potên-cia. “São especialidades ainda muito pouco abordadas em engenharia elé-trica e química”, lamenta.

A especialista revela também que o alto investimento é outro obstáculo para a montagem de uma infraestru-tura de testes de baterias de alta capa-cidade, de 50 Amperes/hora a 2,5 mil Amperes/hora.

A especialista Maria de Fátima Rosolem, do CPqD, informa que a nova versão da Resolução 394, que já passou por consulta pública e deve vigorar até meados do ano, ampliará em 50% o número de testes de certificação das baterias de chumbo ácidas ventiladas, baterias reguladas por válvula e bate-rias alcalinas, todas largamente utiliza-das em ERBs. “Além disso, a Resolução estabelece a manutenção periódica, que exigirá que todas as baterias sejam reavaliadas de três em três anos, o que criará mais uma enorme demanda”, acrescenta. Um novo regulamento que

substituirá a Resolução 379, que está em fase de consulta pública e recebe contribuições até o próximo dia 25 de março, segundo ela, deve entrar em vigor entre o final de 2011 e início de 2012. “Essa nova norma também ampliará em mais uns 50% a quantida-de de testes, tornando o processo de certificação ainda mais rigoroso”, diz.

Para atender toda essa crescente demanda, Maria de Fátima adianta que até o final do ano o CPqD ampliará ainda mais a infraestrutura do laboratório de sistemas de energia. “Nossa proposta é a

balho de certificação. “Como OCD, o CPqD nunca passou nenhum trabalho para a Lactec”, reclama o concorrente.

novas regrasApesar de tudo, os representantes

dos dois laboratórios citados ainda guardam esperanças de um dia volta-rem ao páreo do mercado de certifica-ção de baterias de grande porte. O motivo são as novas versões propostas pela Anatel para as Resoluções 394 e 379, que ampliam consideravelmente os requisitos técnicos e procedimentos desses ensaios e testes de certificação.

Segundo informou uma fonte do próprio CPqD, se as regras entrassem em vigor hoje essa nova demanda sim-plesmente não seria atendida. De acordo com especialistas, já é difícil atender às necessidades e exigências atuais, uma vez que há efetivamente no país somente um laboratório reali-zando esse tipo de testes. As duas novas versões das resoluções pratica-mente dobrariam o número de ensaios necessários no processo de certifica-ção dessas baterias. Em outras pala-vras, mais laboratórios certificados seriam exigidos. “Já fui consultado pela gerência a respeito dessa deman-da e da necessidade da ampliação de nossa estrutura, porém somos uma instituição privada, não podemos investir um grande valor pois esse retorno não acontece da noite para o dia. Por isso o apoio externo seria importante”, diz Impinnisi.

as novas versões das resoluções 394 e 379 devem dobrar o número de ensaios de certificação, o que exigirá mais laboratórios para atender à demanda.

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36 TeleTime MAR_2011

A indústria de dispositivos móveis como conhece-mos acabou. Ou, pelo menos, mudou bastan-te. Hoje o celular - além

do atributo básico de ser fácil de levar para todos os lados - divide as atenções com todos os outros apare-lhos com serviços wireless, que são acessíveis em uma rede global. O fato é que a competição acirrada amplia a possibilidade de entregar uma infini-dade de aplicações sem fio, em novos sistemas operacionais.

Hoje, os clientes desse setor não focam mais em atributos tidos como tradicionais na hora da compra: design, câmeras ou hardwares já não influenciam tanto. Ao entrar numa loja, as pessoas agora perguntam ao vendedor se com determinado dispo-sitivo terão acesso a serviços de redes sociais, seja o Facebook, o Twitter ou Orkut; se poderão ouvir música trans-mitida online pelo Spotify, GrooveShark ou Last.fm; fazer uplo-ad de fotos para o Flickr; e acessar os seus e-mails pessoais e profissionais pelo Hotmail, Gmail e Outlook.

O que isso significa? Algumas fabricantes de aparelhos passam a desenvolver serviços específicos e conteúdo e, então, têm trabalhado para atrair os consumidores para adquirir tudo isso. No entanto, a ver-dade é que os serviços são a nova fronteira dessa indústria, mas as empresas do setor ainda têm um caminho a percorrer para acertar o passo totalmente.

Para atingir as expectativas do novo consumidor, expandir o merca-do de atuação e ampliar oportunida-des de negócios, as empresas preci-sam olhar para o desenvolvimento de novas tecnologias baseadas, princi-palmente, no uso de sistemas opera-cionais abertos. Por se tratar de um modelo de negócios recente, os apli-cativos que utilizam plataformas abertas para dispositivos móveis

podem trazer para o atual portfólio de produtos.

• Decidir a estratégia de desenvol-vimento, localização, customização, teste e certificação para dar suporte ao modelo de comercialização dos aplicativos.

• Descobrir como farão para implementar os aplicativos e serviços em múltiplas plataformas e regiões, simultaneamente.

• Lançar lojas de aplicativos ou solidificar parcerias com produtores de conteúdo.

• Investigar e criar políticas e pro-cessos para sustentar questões, como: segurança, violação de pro-priedade intelectual e passiva, quan-do comunidades de software livre forem criadas e lançarem aplicativos e serviços.

O tempo do celular desenvolvido puramente pelo design e estética passou. O mercado pede novidades nos serviços e aplicativos oferecidos e a tendência é implementá-los com sistemas operacionais abertos. Mais do que isso, é necessário que esses sistemas auxiliem no compartilha-mento livre de informações, com velocidade e segurança. O uso de aplicativos de computadores, com-primidos num aparelho de celular, está próximo ao mercado e pronto para trazer resultados concretos para empresas que souberem apro-veitar a oportunidade. O que os exe-cutivos precisam refletir no processo de desenvolvimento de novos servi-ços é como isso vai mudar o centro de gravidade da indústria eletrônica móvel. Mais ainda, quais serviços, softwares e aplicativos executados nesses dispositivos móveis serão os mais lucrativos? Responder a estas questões é ponto fundamental para alcançar a alta performance na indústria sem fio.

renato improta*[email protected].:PONTOdEVISTA

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A mobilidade e os sistemas abertos

ainda têm grande mercado a ser explorado. Por um lado, um ponto favorável ao desenvolvimento de sis-temas abertos é a linha de produção, considerada rápida e fácil, o que amplia a eficiência da indústria e, consequentemente, o retorno finan-ceiro. Por outro, é preciso ficar atento à forma como explorar esse quadro, para que não ocorram perdas nos investimentos realizados.

Devido ao potencial de mercado e características favoráveis à implanta-ção do sistema operacional aberto, empresas de todo o mundo têm com-

petido para entregar novos serviços e aplicativos para os consumidores. O desafio para as desenvolvedoras de softwares são:

• Desenvolver propostas inovadoras que despertem o apetite do consumidor por novos aplicativos e serviços.

• Formar parcerias que abrirão por-tas para o conhecimento e processos do negócio; o que permitirá entregar na escala e velocidade necessária para atender a demanda dos consumidores.

• Expandir o portfólio de produtos e serviços para alcançar uma ampla perspectiva do mercado consumidor; isso inclui outros tipos de dispositivos e interoperabilidade com soluções corporativas e de eletroeletrônicos.

• Desenvolver novos modelos de receita compartilhados.

• Definir como farão para lidar com as diferenciações e os efeitos que

o tempo do celular desenvolvido puramente pelo

design e estética passou. o mercado pede novidades nos serviços e aplicativos oferecidos e a tendência é

implementá-los com sistemas operacionais abertos.

* Líder da área de consultoria em mobilidade da Accenture.

Page 37: Revista Teletime - 141 - Março 2011

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Page 38: Revista Teletime - 141 - Março 2011

38 TeleTime MAR_2011

O Mobile World Congress, em Barcelona, que ocorre no início de cada ano, é um bom termômetro para se ver as tendências do setor

de comunicações móveis. Este ano a primeira mensagem clara

foi o sentimento de que a crise passou. Uma indústria pujante que movimentou em 2010 cerca de US$ 800 bilhões e com uma previsão de alcançar US$ 1 trilhão em 2011 é, sem dúvida, uma das indústrias mais importantes do ponto de vista econô-mico, mas também pela dependência cada vez maior que as pessoas têm da mobilida-de, que aos poucos vai se transformando num apêndice, sexto sentido ou algo que no futuro a teoria da evolução terá dificul-dades de explicar.

A tecnologia está pronta para aumentar drasticamente a capacidade de transmissão bidirecional de dados, e a penetração dos dispositivos móveis já passa de 100% em muitos países. Nos próximos dois anos, será pouco provável encontrar alguém sem celular, em qualquer região.

A aposta é nos smartphones e nos tablets para aumentar a demanda de dados. Neste terreno há uma batalha por ver quem dominará o sistema operacional, e surprendeu a todos, nos dias anteriores à feira, a decisão da Nokia, líder de merca-do, de adotar o Windows Phone 7 em parceria com a Microsoft, criando uma terceira via, competindo com o Android e o Apple iOS.

As redes 2G devem continuar existindo nos próximos anos, e a cobertura 3G conti-nua se expandindo. Mas a expectativa de grandes volumes de dados, originados na banda larga nomádica, está levando as ope-radoras a buscar alternativas que vão se delineando entre as femtocélulas e mesmo soluções de Wi-Fi para cobertura de pontos de alta vazão de dados. Falta ainda elabo-rar, para pleno uso destas soluções, mode-los de negócio viáveis, já que a hipótese das operadoras colocarem suas próprias célu-las 3G para atender a este volume de tráfico fica, no momento, como solução não reco-mendada. O LTE já tem algumas implanta-ções contratadas, mas seu desenvolvimento deve ficar para 2012 e 2013, e sua aplica-ção não deverá ser massiva. O foco será em certa cidades ou partes de cidades com

grande demanda de tráfego.Como está terminando o ciclo das gran-

des implantações, e as novas tecnologias IP e de rádio tornam a infraestrutura cada vez mais simples, fácil de fabricar e de instalar, sobra sempre a questão de qual será o papel dos grandes fornecedores de infraestrutura. Cada vez mais se inclinam à operação dos sistemas, partindo para o setor de serviços gerenciados, ficando as operadoras com a estratégia e toda a parte comercial.

O apelo de alguns líderes do setor para se estabelecer um ecossistema aberto (open ecosystem), onde haja transparência de uso das redes, interoperabilidade e neutralida-de, beneficiando o usuário, denota a crescente preocu-pação com o bloqueio de uso em trânsito dos aces-sos de dados. Mas isso também diminui a oportu-nidade de aumentar suas receitas para viabilizar o imenso investimento em redes de última geração.

Impressionou nesta edição do MWC as sessões especializadas, em que se destacou o fórum para aplicações na saúde, volta-das ao atendimento distan-te de pessoas carentes, por médicos especializados, e a possibilidade ampla de, através do uso dos dispositivos móveis, monitorar remotamente pacientes em home care, diminuindo drasticamente os custos para os serviços públicos ou os seguros-saúde, além de melhorar a sua qualidade e eficiência.

Outras duas aplicações estão tentando desatar nós que impedem seus desenvol-vimentos: o Mobile Banking e o Mobile Advertisement, que tiveram debates intensos, ainda em busca de modelos de negócios e regulatórios que viabilizem o seu desenvolvimento.

O que mais distante aparece é a utilida-de de comunicação máquina-máquina (M2M) na casa do futuro. Nos Estados Unidos, há três anos, mostrava-se as pos-sibilidades de uso doméstico e nas empre-sas da comunicação máquina-máquina usando a tecnologia celular ou Wi-Fi. Embora exista esta possibilidade e a casa

conectada impressione, ainda é difícil perceber como isto se incorpora de forma integrada às necessidades da vida coti-diana. Algumas coisas poderão sim ser adotadas, como no que se refere a segu-rança e controle climático de residências e escritórios, principalmente nos países frios. Resta saber se estas aplicações via-bilizarão este segmento da indústria e com que modelo de negócios.

Na verdade, a imensa capacidade de transmitir dados que está sendo instala-da requer que os operadores consigam monetizar as aplicações e faz com que eles façam tentativas de incursionar no

terreno de outras indús-trias, como bancos, publi-cidade e conteúdos.

Vale lembrar que o sucesso do GSM foi ter conseguido uma padroni-zação que resultou numa fantástica escala. Os esfor-ços do TM Forum e do ETSI de criar uma padro-nização para os dispositi-vos conectados para comunicação máquina--máquina é um ponto de esperança, embora se esteja ainda a uns dois ou três anos de distância

desta realidade. Quando se apregoa a necessidade de um ecosistema aberto, também é uma indicação positiva, embora possamos levantar um alerta de que com o 3G já estamos fugindo dessas premissas. Quando os fabricantes de smartphones se engalfinham por um sistema operacional que tenha a liderança do mercado, fica-mos na contramão da massificação e do sucesso deste setor. O que os players bus-cam é, na verdade, algum tipo de domínio de mercado. O conceito de um ecossistema aberto parece não ser a prioridade.

Vale ressaltar que a maioria dos temas relevantes tratados no MWC 2011, em Barcelona, vem sendo tratada nos últimos anos também no Tela Viva Móvel, evento anual organizado pela TELETIME em maio. Isso mostra a atua-lidade que o mercado brasileiro alcan-çou no tratamento dos temas importan-tes desta indústria.

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quando os fabricantes de smartphones se

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tenha a liderança do mercado, ficamos na

contramão da massificação e do

sucesso deste setor.

As faces da mobilidade

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