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www.auniao.com A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO DEUS ESTÁ NOS DETALHES” MIES VAN DER ROHE, PÁG. 21 SIZA VIEIRA, PÁG. 16 edição 34.712 · 02 de abril de 2012 · preço capa 1,00 (iva incluído)

Revista U 3

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Revista semanal do Jornal A União n.º 3

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Page 1: Revista U 3

www.auniao.com

A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO

“DEUSESTÁ NOS

DETALHES”

MIES VAN DER ROHE, PÁG. 21

SIZA VIEIRA, PÁG. 16

edição 34.712 · 02 de abril de 2012 · preço capa 1,00 € (iva incluído)

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E-mail: [email protected] • Telefone: 295 540 910 • Fax: 295 540 919

Área Clínica Médicos

Análises Clinicas Laboratório Dr. Adelino Noronha

Cardiologia Dr. Vergílio Schneider

Cirurgia Geral Dr. Rui Bettencourt

Cirurgia Vascular

Cirurgia Pediátrica

Dr. Fernando Oliveira

Dr.ª Catarina Fragoso

Cirurgia Plástica Dr. António Nunes

Clínica Geral Dr. Domingos Cunha

Medicina DentáriaDr.ª Ana FanhaDr.ª Joana RibeiroDr.ª Rita Carvalho

Dermatologia Dr. Rui Soares

Endocrinologia Dr.ª Lurdes MatosDr.ª Isabel Sousa

Gastroenterologia Dr. José Renato PereiraDr.ª Paula Neves

Ginecologia/Obstetrícia

Dr.ª Paula BettencourtDr. Lúcio BorgesDr.ª Helena LimaDr.ª Ana Fonseca

Medicina Interna Dr. Miguel Santos

Medicina do Trabalho Dr.ª Cristiane Couto

Nefrologia Dr. Eduardo Pacheco

Neurocirurgia Dr. Cidálio Cruz

Neurologia Dr. Rui Mota

Neuropediatria Dr. Fernando Fagundes

Nutricionismo Dr.ª Andreia Aguiar

Otorrinolaringologia Dr. João MartinsDr. Rocha Lourenço

Pediatria

Clínica Geral (Doenças de Crianças)

Dr.ª Paula Gonçalves

Dr.ª Patrícia Galo

Pneumologia Dr. Carlos Pavão

PsicologiaDr.ª Susana AlvesDr.ª Teresa VazDr.ª Dora Dias

Psiquiatria Dr.ª Fernanda Rosa

Oftalmologia Dr. Francisco Dinis

Imagiologia(TAC/ECOGRAFIA/Ressonância Magnética)

Dr.ª Ana RibeiroDr. Miguel LimaDr. Jorge Brito

Neuroradiologia (TAC/Ressonância Magnética) Dr.ª Rosa Cruz

Reumatologia Dr. Luis Mauricio

Terapia da Fala Dr.ª Ana NunesDr.ª Ivania Pires

Urologia Dr. Fragoso Rebimbas

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CASAR AS PEDRASTEXTO / Marco de Bettencourt Gomes | [email protected]

Nessa tarde desse dia em que chovera da parte da manhã espantei-me por ver pela primeira vez o brilho nas coisas, a nitidez luminosa dos contornos dos objectos, a textura da calçada à porta do oculista na baixa da cidade.Todas aquelas pedrinhas ali colocadas, pacientemente engastadas, mosaicamente dispostas, puzzladas padro-nadamente. A arte dos calceteiros, pior que a dos engra-xadores que não limpam as solas que calcam os tapetes da calçada.A calçada portuguesa no continente celebra o basalto, nos Açores celebra o calcário. É a lei da economia da procura e da oferta aplicada na pedra. Lá como cá os desenhos são feitos no material mais nobre porque mais escasso. Lá o basalto. E cá o calcário. E quanto mais prezada a rua, quanto mais central a artéria, mais motivos pictóricos. As travessas modestas, os becos, as vielas, calcetadas a sei-xos do mar; as avenidas, as ruas pedonais, as marginais, repletas de geométricos e emblemáticos ormanentos. Maravilho-me a descobrir segredos inscritos nas pedras dos passeios, arte sublime dos mestres calceteiros. Dão-lhes o padrão, e eles, secretamente, maliciosamente, fa-zem dentro dos grandes padrões dos arquitectos outros pequeninos padrões só seus, os calos das dobras das suas mãos nas pedrinhas lindas que pachorrentamente vão cinzelando e casando no chão. A preto e branco.Cá, não gosto de lancis de pedra que não é basalto nem de desenhos na calçada que fazem as casas parecer mais baixas. Gosto é dos calceteiros e homenageio-os tentan-do andar de pé no passeio do lado esquerdo, de frente para os carros.

SUMÁRIO

MIES VAN SER ROHE, PAVILHÃO BARCELONA / pág. 21

NA CAPA...

editorial 03

ferramentas 07

six hours para jantar 11palavras 13teodoro medeiros 15

desfrutar do nosso mar… 26agenda 31

fotógrafo 23josé júlio rocha 25ócios 28

hospital a mirar o futuro 04

EDITORIAL / SUMÁRIO

plâncton marinho nas ilhas 10

o novo hospital 14

inovação e tradição 16

O Google homenageou no passado dia 27 de Março, o arquitecto Mies van der Rohe. Para comemorar a data o doodle de hoje forma um prédio rectangular, feito de vidro e aço, onde é reproduzido o projecto Crown Hall. Os doodles consistem em mudanças no visual do logotipo do Google, geralmente utiliza-das para celebrar feriados, aniversários e grandes acontecimentos da história. Até agora, mais de mil intervenções foram criadas.

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HOSPITAL A MIRAR O FUTURO

“Um dos empreendimentos mais importantes e mais complexos realizados nos últimos anos” no âmbito do sistema de saúde re-gional. Foi assim que Carlos César clas-sificou o Hospital do Santo Espí-rito da Ilha Terceira, inaugurado na última 2ª feira.Realçando o facto de o novo hos-pital ser pago “solidariamente por todos os açorianos ao lon-go das próximas três décadas”, manifestou-se convicto de que “será compensador para todos os que a ele recorrerem muito para além desse espaço tempo-ral”, constituindo, por isso, “uma grande obra, feita com o esforço e destinada a servir várias gera-ções”.Segundo avançou o presidente do Governo dos Açores, “o valor actualizado previsto para os en-cargos futuros plurianuais é, de acordo com o critério de cálculo que o Tribunal de Contas efec-tuou no continente para as PPP, de 139 milhões de euros, sendo que o orçamento deste ano já in-clui o pagamento da renda cor-respondente, tal como, aliás, da renda do projecto rodoviário de

FOTO / Humberta Augusto

INAUGURAÇÃO DO HOSPITAL DA TERCEIRA

O novo Hospital da Ilha Terceira será pago “solidariamente por todos os aço-rianos” em 30 anos.

S. Miguel.” “Estas duas obras, bem como o pagamento integral de toda a dí-vida pública, incluindo a das em-presas públicas, no mesmo perí-odo, representará apenas 3,5% das receitas previstas da Re-gião”, especificou Carlos César.Considerando que “diversas enti-dades nacionais e internacionais têm reconhecido a boa gestão das finanças públicas açorianas” – o que permitiu a realização de obras importantes –, acrescen-tou que “só na visão toldada pelo clima pré-eleitoral é que isso não é justamente destacado pelos que se sentem despeitados por qualquer sucesso que lhes seja estranho.”

REVISÃO

VISITA ÀS INSTALAÇÕES

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O NOVO HOSPITAL TEm 216 CAmAS DE INTERNAmENTO GERAL E 25 CAmAS TéCNICAS DE INTERNAmENTO ESPECIAL.

NOVOS CONCEITOSO novo hospital – “feito a pensar no futuro, capaz de dar resposta aos novos conceitos de saúde”, como frisou Carlos César – tem 216 camas de internamento ge-ral e 25 camas técnicas de in-ternamento especial, dispõe de quartos para pernoita de pais que acompanhem os filhos in-ternados na pediatria, permite o funcionamento em simultâneo de seis salas cirúrgicas, dispõe de ressonância magnética e terá condições para albergar meios de terapêutica de nova geração, como a radioterapia ou a instala-ção de uma câmara hiperbárica, estando prevista a implementa-ção da medicina nuclear e outros meios, tais como a hemodinâmi-ca ou a angiocardiografia.Por outro lado, adiantou Car-los César, o Serviço Regional de Saúde, cujas dívidas ultrapas-sam 600 milhões de euros, de-verá conseguir atingir este ano o “equilíbrio de exploração”, disse hoje o presidente do Governo dos Açores. “Apesar das enormes dificul-dades de gestão de um siste-ma de saúde destinado a servir nove ilhas, nem por isso as nos-sas dificuldades financeiras no sistema são maiores do que as nacionais”, frisou, acrescentan-do que este ano espera-se “uma situação de equilíbrio de explo-ração”.

ENCHER OS OLHOSÉ INSUFICIENTE

TEXTO / João Rocha / [email protected]

A construção de um novo hospital é a concretização de um velho desejo dos terceirenses.O edifício, recentemente inaugurado, “enche os olhos” a todos nós, restando aguardar pelas respostas a nível funcio-nal.Na realidade, a saúde não depende ape-nas das novas e modernas unidades. Acima de tudo, estão as práticas e efi-cácia na gestão dos recursos humanos e materiais.O novo Hospital da Ilha Terceira não irá resolver, per si, velhos e angustiantes problemas como a falta de médicos de família e listas de espera nas cirurgias.Acresce a não entrada em funciona-mento do Centro de Radioterapia, ape-sar de integrar o projecto de execução do hospital.Argumentar que está em causa uma poupança anual de 100 mil euros é, no mínimo, afrontar todos os açorianos que, directa e indirectamente, lidam com o flagelo das doenças oncológicas.

A SAúDE NãO DE-pENDE ApENAS DAS

NOVAS E MODERNAS uNIDADES

REVISÃO

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REVISÃO / OPINIÃO

CRECHEE ATL RURAL“OLHAR INFAN­TIL”“Conhece a nossa pIZZA BIOLÓ-GICA?” é um projecto desenvolvi-do pela Creche e Atl Rural “Olhar Infantil” da freguesia da Vila Nova. Sendo a primeira Creche Rural a nível nacional, onde os princípios, valores, metas e estratégias do projecto Educativo são direciona-dos para o mundo rural, inaugurou

em 2011 a Horta pizza Biológica. Sendo os Açores uma região onde existe o reconhecimento público pela agricultura, a Creche e Atl Rural “Olhar Infantil” criou a pizza (agrícola) Biológica, sendo enten-dida como uma resposta motiva-cional para captar o interesse das crianças. para além de desmis-tificar o conceito de pizza como alimento calórico e pouco nutriti-vo, com este projeto pretende-se educar as crianças para os bons hábitos ambientais, alimentares e sensibilizar para a agricultura bio-lógica. A estrutura circular e existência de atalhos e fatias de terra uniformes, são razões aliciantes para expe-rimentar juntamente com outras escolas esta aventura agrícola. Os novos agricultores infantis, pode-rão conhecer na terra e (posterior-mente) no prato quais os produtos que semearam e plantaram, trata-ram e recolheram da nova horta. A Creche e Atl Rural “Olhar Infan-til” já recebeu a participação das crianças da EB1/JI Vila Nova, es-tando também já agendada a vi-sita da EB1/JI Agualva e EB1/JI São Brás. para as instituições que quei-ram conhecer o projecto e partici-par na iniciativa os contactos são [email protected] ou pelo 295903124.

O PEREGRINO DA CARIDADE E A INSUS­TENTÁvEL DUREzA DE UM REgIME

Durante três dias os símbolos católicos pontuaram as principais ruas de Santiago de Cuba e de Havana, naquela que foi uma das mais sentidas e políticas visitas do Papa Bento XVI ao continente americano. Para a história fica a mensagem do Papa ao regime castrista: o marxismo não serve aos dias de hoje e não servirá, certamente, aos homens de amanhã.As palavras do Peregrino da Caridade (designação inscrita nas tar-jas autorizadas pelo regime cubano) não poderiam ser mais incisi-vas e claras do ponto de vista político.Cuba tem em curso uma abertura económica incentivando e per-mitindo a iniciativa privada mas, no palco político, as reformas con-tinuam adiadas com o terrifico sistema de partido único.Falta de liberdade de expressão e de informação, direitos funda-mentais violados, presos políticos (na véspera da chegada do Santo Padre foram detidos 70 opositores do regime, 15 dos quais inte-gram o Grupo Damas de Branco, que reúne viúvas e familiares de dissidentes) …em suma uma ditadura marcada fortemente pela cor-rupção, pela economia subterrânea e sufocada pelo mais velho em-bargo do mundo, imposto pelos Estados Unidos desde 1962.O modelo que Cuba ensaia vem da China e da ex União Soviética dos anos 80: pequenas lojas, frágeis negócios privados; depois zonas económicas especiais e, finalmente será o abandono da economia estatizada .A China pensada por Deng Xiaoping é uma das economias mais po-derosas do planeta. Só que continua a ser, também, um dos mais musculados regimes totalitários do mundo.Afinal, ontem como hoje, não é o primado da economia que funda-menta e legitima liberdades!Deng Xiapoing terá dito “não sei se Marx concorda com tudo o que está a ser feito aqui. Mas vou encontrar-me com ele no céu e con-versamos”. Será que Fidel e Raúl Castro temem politicamente um encontro póstumo com Marx?Talvez o Papa lhes possa dar na terra a absolvição!

TEXTO / Carmo Rodeia

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GADGETS DA SEMANA

LEGENDA \\\

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usb para tablet

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03// mantenha o café

sempre quente através

de usb

01//

02//

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JOGAR ≠ KINECTICARTEXTO / Paulo Brasil Pereira / FOTO / Kinect

Foi uma tecnologia criada pela Microsoft para fazer frente à concorrência dos vi-deojogos no que diz respeito à interac-ção do jogador com o mundo virtual. Ao contrário das outras marcas, a tecnologia Kinect não obriga o jogador a segurar nenhum dispositivo móvel para a jogar. O Kinect possui uma câmara que faz o reconhecimento facial do jogador, um sensor de profundidade para criar em 3D o ambiente que o rodeia, um micro-fone para captar as vozes mais próximas, além de um processador e software que no conjunto consegue captar 48 articu-lações do nosso corpo, fazendo com que haja uma precisão sem precedentes.Pode estar a pensar: “Isto não é novida-de nenhuma…” pois não… mas no final do

ano passado atingiu a marca dos 18 mi-lhões de unidades vendidas, tornando-se desde a sua entrada no mercado em 2010, no bem de consumo vendido mais rapidamente de todos os tempos. (e esta hein??)Os especialistas afirmam que a tecnolo-gia Kinect é a base para abrir novos ca-minhos no desenvolvimento da interac-ção homem/máquina, tendo desde a sua aparição no mercado outras utilizações, como por exemplo a que o médico Calvin Law deu nas suas cirurgias para monito-rização do doente. Se pretende jogar com o Kinect, basta comprar uma Xbox 360, mais este peri-férico e gastar cerca de 279,99€ e tem tudo para “kinecticar” lá em casa!

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CIÊNCIA / OPINIÃO

A NORMALIDADEE O DESVIO TEXTO / Centro de Intervenção

Psicológica e Pedagógica

Presentemente, os adolescentes são alvo de uma vigilância muito particular. Investigadores, pais, professores ou órgãos de comunicação social, todos à sua maneira e com as suas ferra-mentas, procuram entender, gerir e/ou conter os comportamentos do ado-lescente. Período de desenvolvimen-tos rápidos e de (des)continuidades, a adolescência tende a ser vista como uma zona de passagem. Mas é muito mais do que isso. Entre outros aspec-tos relevantes, trata-se de uma etapa em que o processo de socialização acelera e a respectiva interiorização de normas e regras sociais pode (ou não) sedimentar-se. Não se trata, pois, de um período em que a imaturidade ou a falta de experiência devam justificar as campanhas de banalização que, por vezes, pontificam no discurso público sobre os jovens. A afirmação do adolescente implica, ao mesmo tempo, a síntese de valores es-senciais de adultos significativos, mas também a opção por normas próprias e divergentes. Daqui resulta que a ado-lescência implica uma dose expectável de oposição, desafio e recusa. Todavia, investigações recentes mostram como uma boa parte da conflitualidade in-duzida pelos adolescentes acaba por ser fogo-de-vista. A maioria tende a assumir, em diferentes culturas, que

tem dificuldade em aceitar a interfe-rência parental e de outros adultos em certas áreas das suas vidas (como por exemplo, as amizades e a vida so-cial), mas não só compreendem como aceitam que estes supervisionem com-portamentos de risco (como o taba-gismo, por exemplo). Por outro lado, a resistência não será igual em todos os adolescentes. Por exemplo, nas fases iniciais da adolescência, por volta dos 12/13 anos, são mais notórios compor-tamentos de oposição e desafio, os quais tendem a esbater-se com o pas-sar dos anos. Estes pequenos indicado-res mostram que a tensão essencial da relação com o adolescente se centra não tanto na sua oposição ou desafio, mas antes no conhecimento das áreas e das fases em que a intervenção do adulto poderá ser mais sensível. Pro-mover a autonomia não se compadece, pois, com estilos parentais indulgentes, tal como não resultará do controlo es-trito. E pelos vistos, os adolescentes estão bem cientes disso. E os adultos, será que também estão?

Aguardamos os vossos comentários, sugestões e achegas para o [email protected], bem como uma visita à nossa casa na Internet, em www.cipp-terceira.com. Até à próxi-ma!

A OPOSIÇÃO NA ADOLESCÊNCIA

Angra recebeu o Arqt. Siza Vieira no passado dia 28 no âmbito das come-morações do Dia Nacional dos Cen-tros Históricos. O mais conhecido Ar-quiteto português explanou acerca do tema “A Arquitectura e a Cidade”.A Arquitectura nunca deverá ser pen-sada/criada como um objeto singular, como num ato egoísta de quem a con-cebe ou é seu proprietário.Esta afirmação tem um sentido mais forte em centros históricos e urba-nos, em que na mesma malha coesa e densa se articulam tecidos de várias

SIzA EM ANGRATEXTO / Juliana Couto *

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MONTRA

épocas, marcando várias gerações… ou assim deveria ser.A visão dos nossos grandes nomes de Arquitectura Portuguesa poderá aju-dar numa análise mais clara e desinto-xicada do tema, sendo necessário um certo afastamento dos objetos para uma mais acertada reflexão. Podere-mos estar demasiado embrenhados em Angra para a poder Ver como ela é e merece.Neste sentido foi gratificante ou-vir Siza, ele que interveio no Chiado, na reabilitação de espaços públicos do Porto e no Centro Galego de Arte Contemporânea de Salamanca por exemplo.

Acerca do Chiado Siza escreveu “Não existe um monumento importante na cidade sem a continuidade anónima de múltiplas construções (…). E con-tudo, na evolução da cidade, a perda deste sentido do papel de cada cons-trução está aos olhos de todos. A ge-neralizada ambição de protagonismo torna por isso impossível qualquer forma de protagonismo.”(1)

* Arquitecta(1) SIZA, Álvaro- Imaginar a Evidência, Edi-ções 70, 1998, p.97.Imagem in A Reconstrução do Chiado. Lis-boa. Álvaro Siza, Ed. Livraria Figueirinhas, 2.ª ed. 2000, p. 117.

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CIÊNCIA

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PLÂNCTON

MARINHO

NAS ILHASTEXTO / Ricardo Cordeiro *

O plâncton marinho en-contra-se em todos os oceanos e mares, desde a superfície até às zonas profundas. Ainda assim, a maioria das pessoas des-conhece a sua existên-cia e importância. Estes organismos, que vivem na coluna de água e de-rivam com as correntes oceânicas (capacidade de locomoção fraca ou nula), incluem, a título de exemplo, as microalgas (que fazem fotossínte-se), as medusas, o krill ou as larvas de peixe.Falo-vos deste assunto a propósito da recente passagem pelos Açores da expedição científica Tara Oceans, que se en-contra na sua recta final. Esta expedição, que de-corre a bordo da escuna Tara, iniciou-se em Se-tembro de 2009, tendo percorrido todos os oce-anos com o objectivo de fazer o primeiro estudo global sobre o plâncton marinho. Doze áreas de investigação estão en-volvidas neste projecto, que reúne no total uma equipa internacional de 150 cientistas. A primeira conclusão deste projecto é que a diversidade de espécies planctónicas é 80% superior ao que se julgava. Estamos a falar à volta de um milhão e meio de diferentes es-pécies de organismos no plâncton marinho.

Um conhecimento de-talhado sobre estes or-ganismos reveste-se de grande importância por diversas razões, das quais destaco o facto de serem a base da cadeia alimen-tar nos oceanos, produ-zirem cerca de 50% do oxigénio que respiramos, desempenharem um pa-pel fundamental na re-gulação do clima, terem um papel primordial na absorção e fixação de carbono da atmosfera e oceanos, e possuírem um grande potencial biomé-dico. Para além do enor-me valor da informação específica obtida sobre estes organismos, esta expedição gerou uma fonte apreciável de da-dos, que permitirão me-lhorar, por exemplo, os modelos sobre o aqueci-mento global e as previ-sões sobre a distribuição espacial de populações de grandes organismos marinhos, como é o caso das espécies de peixes comerciais.

* Biólogo marinho

DOZE ÁREAS DE INVES-TIGAÇÃO ESTÃO EN-VOLVIDAS NA EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA TARA OCEANS QUE REÚNE UMA EQUIPA INTERNACIO-NAL DE 150 CIENTISTAS.

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MESA

SIXhourSparajantar

TEXTOE FOTOS / Joaquim Neves

Desafio a mas-tigar 30 vezes comida pré-co-zinhada ou en-latada e depois diga se conse-guiu engolir.

Se demora-se 60 segundos a degustar uma garfada?Já imaginou a quantidade de sabores que pode extrair? À medida que as moléculas dos alimentos abrem e revelam sabores, cheiros, sensações, tons, cores, momen-tos. Ao invés das duas “mastigadelas” engolir quase em seco para encher, lavar o que restava de sabor com alguma por-caria em lata refrigerada. Pior três garfa-das seguidas na boca, mal passam pela língua, sem alguma impressão gustativa e já está, à enfarta brutos?Pois, animais são assim e mesmo estes só comem o que gostam, ou então pesso-as que não gostem de comida, engolem para viver, ou que nunca lhes foi ensina-do a comer. Sem falar de maneiras. Sim, há falta de tempo, não somos franceses para ter uma hora um prato à frente, mas somos gente que gosta de comer, por-que não levar o prazer de comer a outro nível? Menos é mais! Degustar é comer muito bem e ficar cheio. Se é caro? Não sabe o que comprar, escolher, selecionar! Pense bem nas porcarias em que gasta o seu dinheiro, se poderia ter uma alimen-tação melhor, nem é pela sua saúde, me-tade do que todos pagamos à Segurança Social é para pagar custos da nossa gula, por isso seria mesmo só pelo prazer de também ser saudável. Note degustar é: “Avaliar o sabor de

COmER E BEBER COm TEmPO PARA SE TER

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MESA

um alimento; provar. Deliciar o paladar, deliciar-se pelo gosto”. É um prazer que acredito que ultrapassa o prazer hedo-nístico. É vida comedida. É a graça do alimento de cada dia, que esquecemos de dar devido valor, parece gratuito mas paradoxalmente pelo dinheiro que custa só o, tendencionalmente, devoramos em vez de o saborear inteira e verdadeira-mente. Seja duma batata com salsa a um manjar dos céus.O prazer de comer devagar de viajar em recordações, de momentos, de memórias é como um bom livro ou um bom filme.Tem o revês que começa a perceber-se da “nhaca” que por vezes come. Desafio a mastigar 30 vezes comida pré-cozi-nhada/enlatada em micro-ondas e de-pois diga se conseguiu engolir. Desafio a mastigar 30 vezes cada garfada de uma refeição boa e dizer se não ficou saciado com metade do que normalmente co-meria com as duas três “mastigagens” engolidas, enfardadas, mal provadas. Fui algumas vezes ao SIX, experimentei seis entradas seis pratos, seis sobreme-sas. Senti-me em casa, quando cozinho dias seguidos para amigos, ou quando tenho, raros, convidados que cozinhem para mim. Além da refeição gosto, entre cada momento do jantar, sair para o jar-dim, estar no alpendre da magnífica casa reconstruida, sem agredir como tantas outras o bom gosto e denominador co-mum de uma arquitetura açoriana, que me leva a questionar muitas vezes quem é o (in)responsável por aprovar ou criar tantas aberrações arquitetónicas vaido-sas sem estilo e desmedidas. Não serão interessantes daqui a cinquenta ou cem anos, cairão, já caiem no ridículo dos visi-tantes de outros lugares. Uma possibilidade que o espaço e tempo no SIX oferece é conversar, estar, filoso-far, rir, tontear. Enquanto João cria e co-zinha, mediante sua disposição, o prato escolhido no momento, do princípio ao fim, que leva tempo, Dela a companhei-ra, serve com à vontade, convidativa sem rodeios do requinte que apresenta. Não vá ao SIX, se não souber apreciar comida, tempo, espaço, conversa, convívio é que não merece.Sinceramente não vou ao SIX para co-mer, vou para degustar.

CADA PRATO SEU TACHO

Receita

AZEITE, IOGuRTE E MAIONESE

Vinagretes, Dressings ou molhos para Saladas? Sem viver só da alfaces e tipos de alface, afinal é a menos nutritiva de todas as folhas, existem para comer as in-crivelmente nutritivas folhas de Batata Doce (Sim é mesmo mui-tíssimo bom geralmente deita-se fora) rúculas, agriões, espinafres de jardim, folhas da beterraba.Tubérculos crus em geral, como a batata doce crua (sim crua, é do mais saudável que existe) courgette, nabo, cenouras, (menos o inhame e bata-ta). Repolhos roxo, verde etc. (cou-ves não) cebolinho, pepino. Maçã, ananás, pêssego. Corte, como achar apetecível, mastigável, criativo.É um mundo imenso! Mas para simplificar partimos de 3 bases. Saudável o Azeite, menos: o Iogur-te, sem comentários: Maionese. Base: Use sal, e use só sal que não seja refinado q.b.. Pimenta preta moída na hora, potencializa os nu-trientes. (tanto bons como maus) Ervas aromáticas que no caso do Azeite, pode deixar macerar por muito tempo. Junte Estragão, co-minhos, tomilho, salsa, coentros, manjerona, orégão (entre numa loja e cheire, prove) alho. Azeite e vinagre resulta nos vinagretes. Iogurte, mesma base e para ma-tar junte natas, vai morrer! E para morrer mesmo e mais depressa, na maionese junte também natas, as ervas e as especiarias. (não tem como sair errado se for provando e acrescentando mediante seu pa-ladar). Junte alguns tipos de queijo nas bases. (Gorgonzola, Roquefort, Ilha…experimente) Evite, molhos para saladas pré-confecionados.Sirva separado para cada pessoa pôr na sua mistura de folhas e le-gumes. Serve também para legu-mes cozidos, mas pense, tudo o que cozer perde muitos dos seus nutrientes. Tente comer os legu-mes o mais cru possível.Coragem, boa sorte, bom apetite e uma vida longa.

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DE TODAS AS HISTóRIAS DE AmOR qUE ME CONTASTE

TEXTO / Pedro Soares

De todas as histórias de amor que me contasteEssa foi a mais bonita...A que estavas caladaA que só olhaste para mim A que disseste que me amavas só com o olhar...A que me tocaste no braço com a ponta dos dedos...Mel, eu senti...Directo ao coraçãoContigo, Com o teu cheiro...Todas as vezes que olho para tiTodas a vezes que te abraço para te beijarpercebo......percebo que és tudo para mimpercebo porque respiro, percebo porque o Sol brilha......percebo que és tudo para mimDe tudo o que ficou para te dizer...De todas as juras que foram no vento do InvernoDas vezes que fiquei de te beijar...De todas as histórias de amor que me contasteEsta foi a mais bonita

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TEXTO / ACRA / Angra

A obesidade é uma do-ença na qual existe ex-cesso de gordura corpo-ral armazenada, capaz de causar problemas de saúde. Actualmente, esta doença é conside-rada como epidemia.O que causa a obesida-de? Hoje em dia, existe vários factores para o aumento da obesidade, tais como: hábitos ali-mentares e escolha de alimentos desajustada; falta de actividade físi-ca regular; podendo os

f a c -tores gené-t i c o s t e r influ-ência.“ S e -gundo a Comissão Europeia, Portugal está entre os paí-ses europeus com maior número de crianças com excesso de peso: 32% das crianças portuguesas entre os 6 e os 8 anos têm excesso de peso e 14% são obesas. Segundo o último estudo conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) revelado em 2011 na Conferência In-ternacional sobre Obesidade Infantil: mais de 90% das crianças portuguesas come fast-food, doces e bebe refrigerantes, pelo menos quatro vezes por semana.” (Associação Portuguesa Contra a Obesi-dade Infantil).Previne-se a obesidade através de uma dieta ali-mentar equilibrada, com aconselhamento de nu-tricionista; actividade física regular e com modos de vida saudáveis.Para diagnosticar o grau de obesidade infantil, é necessário medir a altura, o peso, bem como o Ín-dice de Massa Corporal (IMC).Um IMC com menos de 18,5 valores significa que se está abaixo de peso; entre 18,6 e 24,9 que se é Saudável; entre 25,0 e 29,9 que se tem peso em excesso; entre 30,0 e 34,9 que já se está num grau I de obesidade; entre 35,0 e 39,9 tem-se grau II de obesidade; e com um IMC superior a 40 a pessoa já possui obesidade Grau III (mórbida).

O NOVO HOSPITALTEXTO / Humberta Augusto / [email protected]

A nova infra-estrutura do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT), inaugurada recentemente, está assente em três corpos principais, orientados a Sul e, Segundo consta na publicação lançada pelo executi-vo regional sobre a nova unidade do Serviço Regional de Saúde, ela “responde às exigências funcionais e às condicionantes urbanísticas”, tendo o imóvel sido adequado à “morfologia do terreno e aproveitando os declives naturais e respectivas plataformas”.A arquitectura funcional do HSEIT assentou num ser-viço de ambulatório estruturado a partir da admissão de doentes e capacitou o hospital com uma lotação de 236 camas de internamento distribuídas por quatro pisos.A concessionária, a Haçor, refere ter “havido um es-pecial cuidado” ao nível do “conforto acústico, me-cânico”, através da “localização das fontes de ruído internas afastadas das zonas ocupadas por doentes” e da escolha de “elementos construtivos adequados ao isolamento acústico”.Duas entradas, uma para doentes, visitas e pessoal e outra para abastecimentos e circulação de carros fu-nerários são os acessos directos ao novo hospital que, até final de Abril, funcionará em pleno, possuindo um estacionamento para 954 lugares.A obra, que arrancou em Janeiro de 2010, “foi concluí-da na data prevista, a 26 de Dezembro de 2011. Duran-te o mês de Janeiro de 2012 foram efectuados ensaios previstos, tendo sido assinada a recepção provisória no dia 10/2/2012”.

Obesi-dadeinfan-til

RETRATO

PUBLICAÇÃO SOBRE O HSEIT

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TEXTO / Pe. Teodoro Medeiros

ONDE FICAA TERRA DOS SONHOS?

OPINIÃO

E, de repente, Bruce Springsteen ressuscitou! E em Portugal, ainda por cima: estou a sério, o homem lança-va discos e fazia concertos passando sempre despercebido (entre coletâ-neas e originais e discos ao vivo, uns 15 nos últimos 20 anos). Mas agora não se abre revista que não apareça uma foto acompanhada de citação (que se desiludiu com Obama, que começou por ter um talento pouco acima da média).Às vezes são perguntas doutas: «O novo disco de... será um programa político?» A fome deu em fartura, se bem que a maioria não conheça as canções e a novidade seja que ele vem a Portugal em Junho. É pena que seja só por isso porque essa notícia, boa que é, ganha sentido quando se ouve as canções. E vamos já a Wre-cking Ball, o último disco.É o mais arrojado em termos de so-noridade: nunca se ouviram certas batidas eletrónicas antes num disco seu e há até uma pequena incursão rap em «Rocky Ground». Outras novidades num disco de originais são o uso de instrumentos de tom celta, muitos sopros e samples de canções antigas. «We are alive» pisca o olho a Jonnhy Cash, lem-brando «Ring of Fire» e «Ghostri-ders in the sky». Se se junta a isto que há um regresso «synth and drums» dos anos 80, en-tão dá-se ideia da diversidade apre-sentada. Land of Hopes and Dreams já era cantada há mais de dez anos mas a nova versão, com a mesma letra, arranca de forma mais majes-tosa. Bem, o essencial nos discos do The Boss nunca foi a sonoridade mas a mensagem: e neste é a revolta con-tra os causadores da crise financeira de que se tem falado, dia sim dia sim senhor, nos últimos tempos.

«Jack of All trades» é um desempre-gado que faz de tudo, aprendeu todas as profissões, mas acusa o toque: os banqueiros engordam, os trabalha-dores emagrecem; aconteceu antes e vai acontecer depois também. Jack resistiu igualmente à seca e à inunda-ção; ele faz tudo. E imagina-se até a dar uns tiros neles: os banqueiros, o alvo a abater mencionado em 3 can-ções pelo menos.E segue uma homenagem... uma re-escrita de Land of Hopes and Drea-ms da forma que poderia existir num universo paralelo. E agora existe no nosso.

LAND OF HOPES AND DREAMSSo many days on the roadthey picked the fruit from the groundin the desert there´s no time to loadon the mountain they heard the soundof trumpets calling the Kingdomof songs singing The Name

They were running, they were reaching to the sunbeamsThere ain´t no Land of Hopes and Dreams

Terry worked on the garage all dayhe worked all nights and all weeksit´s been a month now, he gets no payyou can see it in his children´s cheeksAnd now, for the love of his sonhe´s been carrying a gun

He´s running fast now, just another loss, it seemsThis is no Land of Hope and Dreams

Some guy comes by in his machinehe tells the workers: Life, ain´t it though?he´s too busy, living his own dreamand the world ain´t big enoughSomeday we must talk´bout the way out

Still we´re all good as slaves now it seemsThere´s no Land of Hopes and Dreams

And brother, you been ripped apart it seemsThere´s no Land of Hopes and Dreams

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inOVaÇÃO

tRadiÇÃO

DESTAQUE

Page 17: Revista U 3

inOVaÇÃO

tRadiÇÃO

Angra do Heroísmo é um bom exemplo de re-cuperação urbana pós-sismo. A consideração é de Álvaro Siza Vieira, aclamado arquitecto do Porto, 79 anos, e autor de um traço arquitectó-nico reconhecido dentro e fora do seu país. Passeou pelas ruas da Cidade Património Mun-dial, pela primeira vez, a 28 de Março, aquando a sua deslocação à ilha Terceira no âmbito das comemorações do Dia Nacional dos Municípios com Centro Histórico (DNMCH). E diz ter con-firmado o que sabia: Angra é cidade histórica e não simplesmente reconstruída. Considera que num mundo cheio de (inov)ac-ções e (con)tradições, as mudanças estão ine-rentes à vida. Revelam-se constantes e natu-rais. Excepto nos burgos em decadência. Os centros históricos, portanto, fazem parte também dessas mudanças, não obstante os va-lores da arquitectura, das pedras, dos imóveis no seu contexto sociocultural.Aqui, na Terceira e nas outras ilhas do arqui-pélago dos Açores, salienta, há natureza, mar e todo o ar respira história.Estes são os principais argumentos de Siza Vieira para acolher e perspectivar o projecto de construção da antiga Casa dos Pamplonas localizada na Rua do Marquês, junto ao Jardim Público Duque da Terceira, em Angra do Hero-ísmo, outrora destinado à nova Biblioteca Pú-blica e Arquivo, após convite endereçado pela autarquia angrense. A edil, Sofia Couto, deu conhecimento público do propósito durante as comemorações do DNMCH, momentos antes de o ilustre arqui-tecto receber o Prémio “Memória e Identida-de” entregue em parceria pela Associação Por-tuguesa dos Municípios com Centro Histórico e pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.

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TEXTO / Sónia Bettencourt [email protected]

FOTOS / Fausto Costa

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Chiado o que será?… escreveu o dis-tinto arquitecto Álvaro Siza Vieira, nos finais dos anos 80, a propósito da reconstrução de edifícios destruídos pelo fogo, em Lisboa, dizendo não ter opinião formada sobre qualquer obra a realizar cujos problemas desconhe-ça em profundidade.Nesse período haviam passado oito

anos do Sismo de 80 que abalou for-temente a cidade de Angra do He-roísmo, destruindo as pedras e as almas das gentes locais. Recordou o seu traçado arquitectónico e cultural, mesmo sem conhecimento de cau-sa, depois de reconstruída e elevada em 1983 a Património Mundial pela UNESCO. Mais do que uma referência diz tra-tar-se de um protótipo das cidades que os portugueses edificaram pelo país fora.“Coragem, sabedoria e engenho pro-cederam à recuperação da cidade de Angra. É um processo exemplar”, sa-lienta o laureado com o Prémio “Me-mória e Identidade” atribuído pela Câmara Municipal de Angra do Hero-ísmo (CMAH) e pela Associação Por-tuguesa dos Municípios com Centro Histórico (APMCH). Este galardão foi entregue durante as comemorações do Dia Nacional dos Municípios com Centro Histórico assinalado no Salão Nobre dos Paços do Concelho de An-gra, a 28 de Março, uma escolha en-tre 108 municípios do país.Para além do complemento entre inovação e tradição, e por não existir ruptura mas continuidade ao longo da história, Siza Vieira considera a natureza e a sua íntima relação com a ilha importantes factores de harmo-nia no cenário arquitectónico urbano. “Há aqui um grande equilíbrio entre natureza e arquitectura. E a natureza é também muito feita, é arquitectura. O Algar do Carvão é exemplo disso e, portanto, há sempre a marca ar-quitectónica nos espaços naturais”, afirma.Neste sentido, Álvaro Siza Vieira foi o arquitecto convidado para traçar as linhas do projecto do Centro In-

terpretativo de Angra de Heroísmo, na antiga Casa dos Pamplonas, lo-calizado no centro histórico, na Rua do Marquês, junto ao Jardim Público Duque da Terceira.“Não será cópia nem pastiche do que há mas existem certos valores da ar-quitectura, na sua maneira de formar cidade, aqui, que devem ser respei-

tados. É muito uniforme e regular e, contudo, não significa monotonia mas abertura”, adianta perspectivan-do uma obra cujo projecto, conforme anunciado pela presidente da CMAH, deverá avançar ainda este ano.“A inovação está em tudo, hábitos culturais, nas pessoas, e é uma cons-tante, excepto numa cidade em de-cadência, o que não é claramente o caso de Angra. Mas a inovação não quer dizer que se dê um ‘pontapé’ na história, pelo contrário, inovação tem que ver com história não é uma coisa à parte”, sustenta.Para já, o arquitecto autor do projec-to da reconhecida Casa de Chá-Res-taurante Boa Nova, em Leça de Pal-meira, aguarda o programa do futuro Centro Interpretativo de Angra onde deverá constar o levantamento to-pográfico, exposição da cidade e da ilha, entre outras matérias relevantes para o desenvolvimento do seu tra-balho. Questionado sobre o menos positivo que, eventualmente, possa ter Angra, a mesma Cidade que passara pela calamidade do Sismo de 1980, Álva-

DESTAQUE

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DESTAQUE

PRémIO NACIONAL “mEmóRIA E IDENTIDADE”

CERImóNIA NOS PAÇOS DO CONCELHO

Page 19: Revista U 3

ro Siza Vieira é peremptório: “Não há cidade nenhuma que não os tenha na periferia ou no centro histórico”. Mas preferiu realçar os lugares que mais sobressaíram ao seu olhar como a histórica baía de Angra e as muralhas dos dois castelos, e, ainda, o Algar do Carvão.

NOSSO TESOUROSofia Couto, autarca da CMAH, anun-ciou que o projecto do Centro Inter-pretativo de Angra vai avançar no decorrer de 2012. Essa interpretação surge no contexto e nas razões que contribuíram para a cidade ter a clas-sificação de Património Mundial, em 1983, segundo as normas da UNES-CO.“Este é o nosso tesouro. Sentimo-nos honrados com este legado. Quere-mos dinamizá-lo, badalá-lo e mostrar ao mundo e a quem nos quiser vir vi-sitar que somos história viva. Por esse motivo, avançaremos com o projecto do Centro Interpretativo de Angra do Heroísmo, ainda este ano”, afirma a edil manifestando o seu agrado pela obra que terá a marca arquitectónica de Siza Vieira.“Obrigada por aceitar este desafio e permitir a Angra do Heroísmo ter o primeiro projecto seu nos Açores, ainda mais no importante marco que é o Centro Interpretativo de Angra do Heroísmo”, diz a autarca.As palavras da edil salientaram tam-bém a vertente cultural e social da cidade e da ilha Terceira e o que con-siderou ser parte natural e genuína do povo terceirense. “A nossa tradição não é recriada. É viva! Hoje, como dantes, continuamos a desenvolver as nossas actividades, para nós próprios. Não é um produ-to, não é um negócio, é o nosso dia a dia”, afirma.

A PRIMEIRA DE SIZA VIEIRANa mesma cerimónia, o vice-presi-dente do Governo Regional dos Aço-res, Sérgio Ávila, deu relevância à escolha de Angra do Heroísmo como palco das comemorações do Dia dos Municípios à escala nacional.Não menos importante, salientou, é a possibilidade de Angra ter a primei-ra construção efectiva do arquitecto Siza Vieira nos Açores, considerando o futuro imóvel do Centro Interpreta-tivo um “acto significativo” no con-texto da história e do património.“É uma festa sobretudo pelas pers-pectivas que se abrem”, remata o governante.Estiveram ainda presentes na ceri-mónia do Dia Nacional dos Municípios com Centro Histórico, o presidente da Associação Portuguesa Municípios com Centro Histórico, Francisco Lo-pes, o professor e arquitecto António Meneres, e demais representantes civis, militares e religiosos.

ANGRA CONfIA

O CENTRO INTERPRETATIVO

A SIzA VIEIRA

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tel. 295 216 222fax. 295 214 030

email. [email protected]

DirectorMarco Bettencourt Gomes

EditorJoão Rocha

RedacçãoSónia Bettencourt, Humberta

Augusto, Renato Gonçalves

Design gráficoFrederica Lourenço

PaginaçãoElvino Lourenço, Ildeberto Brito

Colaboradores desta ediçãoAdriana Ávila, Carmo Rodeia, Fausto Costa,Frederica Lourenço, João Paim Bruges,Joaquim Neves, José Júlio Rocha, Juliana Couto,Marisa Leonardo, Paulo Brasil Pereira, Pedro Caneco, Pedro Soares, Ricardo Cordeiro, Rildo Calado,Teodoro Medeiros, Tiago Prenda Rodrigues

contribuintenº 512 066 981nº registo 100438

assinatura mensal: 9,00€preço avulso: 1€ (IVA incluído)

Tiragem desta edição 1600 exemplaresmédia referente ao mês anterior: 1600 exemplares

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ARQUITECTURA

mIES VAN DER ROHE

MIES vANDER ROHETEXTO / Rildo Calado

Mies foi trabalhar para Berlim em 1905, no gabinete do arquitecto Bru-no Paul. Foi lá que, com apenas 21 anos, projectou o seu primeiro gran-de trabalho, a residência de Alois Riehl, um dos principais filósofos ale-mães do início do século XX. E foi este o projecto que lhe abriu as portas da sociedade, pondo-o em contacto com intelectuais e possibilitando-lhe trabalhar com Peter Behrens, para quem os outros pais do movimento modernista da arquitectura - Le Cor-busier e Walter Gropius, também tra-balharam entre 1907 e 1910.

Foi em 1912 que conheceu Hendrik Berlage, o arquitecto holandês que

Dia 27 de Mar-ço, a versão do logótipo do mo-tor de busca da Google apare-ceu dentro de um edifício. O homenageado foi Ludwig Mies van der Rohe, ar-quitecto alemão, a propósito do seu 126º aniver-sário.Nascido em Aachen, na Alemanha, em 1886, foi o próprio Mies van der Rohe quem nos ajudou a compreen-der a sua arquitectura ao comentar, num artigo publicado em 1961, a in-fluência que as construções da sua cidade natal exerceram na sua obra.

Passou a sua infância e adolescência entre lápides e igrejas medievais. A sua formação não foi por isso acadé-mica, mas de natureza prática.

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ARQUITECTURA

tanto influenciou Mies: os princípios de Berlage baseavam-se no neopla-tismo da Idade Média, na filosofia de Santo Agostinho, cuja frase “a bele-za é o brilho da verdade” se tornou um axioma para Mies. A partir deste momento, a lei universal deixou de ser uma verdade histórica, passando para a procura da essência, da ver-dade da construção.

E foi mesmo por causa dessa busca constante da essência construtiva e precisão do detalhe, que WalterGro-pius apelidou Mies de “o solitário ca-çador da verdade”.

A arquitectura de Mies tornou-se na estrutura e membrana externa, ou, como ele mesmo dizia, uma arqui-tectura de “pele e osso”. A perfeição técnica dos detalhes viria apenas a apoiar este sentimento de vazio do espaço que, segundo Mies, deveria ser preenchido pela vida.

Os projectos de Mies são, na maio-ria das vezes, absurdamente idealis-tas, quase apenas espaço, como é o caso dos arranha-céus de vidro que projectou em 1922, ou a residência Farnswoth, nos EUA, em 1950.

Além de projectista, Van der Rohe foi director de arquitectura da esco-la Bauhaus, encerrada pelo partido Nazi quando Hitler chegou ao poder na Alemanha em 1933. Em 1937 mu-dou-se para os EUA, onde prossegiu a sua carreira.

No país, van der Rohe desenvolveu projetos de “edifícios marcos” para as cidades de Chicago e Nova York, como o IBM Plaza e o Seagram Buil-ding, respectivamente.

Van der Rohe morreu aos 86 anos, na cidade de Chicago. Hoje, ele é fre-quentemente associado a aforismos como “menos é mais” e “Deus está nos detalhes”.

CADEIRA BARCELONA

fARNSwORTH HOUSE (EUA)

Projectada por mies

van der Rohe e apre-

sentada no pavilhão

alemão da feira in-

ternacional de bar-

celona em 1929 é, até

hoje, uma das cadei-

ras mais apreciadas

mundialmente.

faz parte de um pro-

jecto completo de

design de interiores,

composta por mesas,

bancos e outros mo-

biliários.

mies foi um dos pio-

neiros no desenho de

móveis com estrutura

de aço tubular, cujo

processo permitiu a

sua produção em sé-

rie, um dos preceitos

da Bauhaus.

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02 abril 2012 / 23

ACARICIEI O ROSTO

DE UMA MAÇÃ

um homem, Junto ao mar, é uma espécie de fome

Para que da aurora se aviste a pos-sibilidade de uma fenda, para que se abra, Um homem fotografa junto ao mar. onde descalças se surpreendem as marés em espuma. Um homem fo-tografa junto ao mar. coisas concre-tas. que se dão, de mar ainda mergu-lhadas. Coisas pequenas, concretas, entontecidas como algas. simples coisas enlouquecidas, e no entanto Sóbrias como quilhas mordidas por uma imensa devastação. rochas mer-gulhadas na verde espuma dos seus limos. Um homem perscruta imagens junto ao mar. A imagem se revela é a mulher. Um homem se fotografa é junto ao mar. apanha com as mãos lírios que se dão cheios de mar nos olhos, e a imagem, se revela, é a mu-lher amada,

atento e aceso um homem, Junto ao mar, é uma espécie de fome. tem ilu-minados dentes a sua escuridão, uma profundeza de oceano é o germinar, o desejo a morder a fúria na raiz dos lírios, violar de leite e mel tão delica-da carne, esmagar os dentes contra a rocha, para que se abra e amada seja a mulher revelada, se possível, para que se abra, dese-nhar o grito marítimo das aves, tão simplesmente dizer: amo-te, bela e sem defeito; égua na crina marítima do vento, planície azulada dos meus olhos: cântico no meu cântico eu nas-ci para te amar! esse o meu nome amada amada! violência do leite e do mel! o teu sorriso que se abre,um homem junto ao mar traz algas e arrasta os braços por entre as rochas, imita nos gestos o arfar do mar, e dei-xa medusas mortas apodrecendo nos jardins de rochas negras,enseadas que se formam de uma forma vulcânica, de uma vertiginosa forma de assombro que a qualquer forma de escuridão assombra na for-ma de gritos de aves marítimas.A imagem se revela é a mulher ama-da.

TEXTO / Tiago Prenda Rodrigues

FOTO / Pedro Caneco

FOTÓGRAFO

Page 24: Revista U 3

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TEXTO / Pe. José Júlio Rocha

TREZENTAS E CATORZEPÁGINAS DE BONDADE

Com uma insuportável delicadeza, tinha espalmado a mão direita na areia, na-quele lugar instável, onde o vai-e-vem das ondas alisava a praia. A marca da mão ficou ali, a escorregar uns veiozinhos de água, à espera da próxima levada de espuma que a onda seguinte haveria, mais segundo menos segundo, de re-duzir a um esboço indefinido. Só os olhos podem traduzir o tamanho indizível da tristeza. Eu podia escrever aqui, me pudessem permitir, trezentas páginas de tristeza. Nada se comparava àquele olhar afundado de cão, quando reparou que aquele negativo da mão na areia era mais consistente que a sua existência redonda.Ninguém lhe dissera nada, mas ele ouviu – de relance, de repente, sem querer, por acaso, por incúria de quem falava – que qualquer pessoa, no seu lugar, faria MUIIIITO melhor trabalho do que ele. Até era bom homem... como se «bom homem» fosse a mais execrável das calúnias dirigidas a um indivíduo do sexo masculino do século XXI: um inútil, mole, bisonho, ridículo espécime de huma-nidade, nesta época de lobbies, yuppies, metrossexuais, produtos, enfim, da última cartada do evolucionismo.Há quem diga que ouvir – sem querer – uma conversa depreciativa sobre si mesmo é pior que um golpe de faca nas costas. Se eu, ao passar por um ban-co do nosso jardim, ouvisse, de quem não me visse, que «o padre Júlio é um inútil» sentiria um fraquejar inaudito nas pernas, e desejaria infinitamente que alguém, por cima do meu ombro, dissesse a quem falava que «se ele fosse teu filho, não dizias isso!». Como padre, muitas vezes supus – e supor não é nenhu-ma certeza teológica – que, no purgatório, algum anjo obrigasse os penitentes a dizer, na cara das pessoas, o que lhes disseram nas costas enquanto viventes na terra. Se, no inferno, isso não fosse obrigatório, muitos prefeririam ficar nos domínios do demo.Voltemos ao homem que, com insuportável delicadeza, espalmou a mão direita na areia húmida da praia. Não se sente traído por colegas; não se sente vítima do moderno bulling; não se sente revoltado, ofendido, ultrajado, incomodado sequer. Sente-se só. Só isso. Só.No seu ofício tinha que dar tudo. Ordens superiores. Ou tudo, ou nada! E ele era o homem dos mil ofícios, das mil voltas, dos mil trabalhos, onde dava tudo o que tinha. Mas se alguém dá o todo a mil pedaços, só cabe uma milésima de si a cada pedaço. No abraçar muito está o apertar pouco. No apertar pouco não está o abraçar muito. Entre o apertar e o abraçar, o homem preferiu o humano abraçar. Muito. Ficou só. Só e o mundo. Só como uma escada que sobe catorze degraus e vai dar a uma parede maciça sem sequer ter o outro lado.Levantou, com infinita delicadeza, a mão da areia húmida que teimava em co-lar-se-lhe como um vácuo. Vacuidade. Vazio. Vanidade. Vaidade. Vão. Nada.A bondade de José. A bondade de Tomás de Aquino. A bondade de João de Deus. A bondade de Teresa de Calcutá. A bondade de João Paulo segundo. A bondade de Francisco de Assis. Repito sem vergonha nenhuma na cara: a bon-dade de Francisco de Assis. Tudo isto, mesmo reduzido a cinzas, vale mais que o mundo inteiro.Uma onda de espuma desvaneceu o estigma da mão na areia vã. Compreen-der que o seu mar é outro, não aquele, é uma travessia de deserto. O Amor e a Bondade não sofrem, nunca, a erosão dos outros estilos de vida, onde se inclui o amor com letra pequena, mesmo o amor com letra muito pequena. Acho que foi essa letra pequena que assustou José Saramago, falso ateu, no meu ver, já que ninguém pode lutar contra o que não existe. E os seus provocatórios itine-rários, por mais blasfemos que se mostrem, berram por Deus.O tal homem olhou a mão: água, sal, grãos húmidos de areia. Tenho que ser o sal da Terra, terá pensado. O sal não se vê. Para quê discursar sobre a bondade?

OPINIÃO

Page 26: Revista U 3

des-fRu-taR dO nOssO maR…TEXTO E FOTO / João Paim

Bruges

Desde miúdo que me lembro de passar o Ve-rão na zona balnear do Porto Martins. O con-tacto com o mar, entre banhos e pesca subma-rina ou de calhau, era constante. O respeito pelo mar era enorme, em parte devido às his-tórias contadas pelos mais velhos, e pela re-volta natural das águas salgadas dos Açores. Mas, quando me fala-vam em andar debaixo de água com uma gar-rafa às costas, a reac-ção era imediata e de pavor. Nunca!Passados anos, por in-fluência de uma amiga, num acto corajoso ou desmedido, decidi ad-quirir a certificação de mergulhador autónomo. E, depois, completada uma década a mergu-lhar e já com cerca de 600 imersões, algumas a 40 metros, posso ga-rantir que foi uma das melhores opções “des-

medidas” da minha vida.O mergulho de garrafa é hoje uma actividade extremamente segura e divertida, e os nossos Açores são, sem dúvida, um lugar de excelência para a sua prática. Esta actividade não se resu-me a “flutuar” no fundo do mar. Existe um gran-de sentido de camara-dagem e convívio entre os praticantes. Não é fácil explicar. Assim, nada melhor do que vos descrever um dia de mergulho.Em Agosto, durante as Festas da Praia da Vitó-ria, e chegado às 9h00 ao centro de mergulho no Clube Naval da cida-de, já lá se encontravam os anfitriões, Alexandre e Rita, a preparar o ma-terial para um mergulho que se adivinhava ex-celente. As condições climáticas eram as me-lhores, sol, ‘mar chão’ e alegria como é habitual. De seguida chegaram o Tomás, Filipe e João, praticantes e apaixo-nados pelo mergulho, oriundos de Portugal continental.Em 10 minutos, atraves-sada a rua até à Mari-na e uma curta viagem de barco ao spot de mergulho “Monte Ne-gro”, após o ‘check’ do equipamento, o grupo prepara-se para entrar na água. Da superfície conseguia distinguir-se o contraste entre a areia e a rocha vulcâ-nica que constituem o fundo, a 25 metros de profundidade. A trans-

PARTIDAS

Page 27: Revista U 3

parência da água, aliada ao chamado “azorean blue”, faz do mar dos Açores único. Chegados ao fundo, so-mos recebidos pelo an-fitrião habitual do local, de seu nome Rudolph, um simpático peixe de grandes dimensões (Mero), assim baptizado por um grupo de nórdi-cos que nos visitara, e já habituado à nossa pre-sença. De volta ao barco, espe-ra-nos a Rita, o chá e as bolachas “Mulatas”, e regressamos a terra. É mais uma aventura…Quem vem do mar sente fome e sede, e, ali che-gados à Marina da Praia da Vitória e à Feira da Gastronomia, viu-se um atentado à dieta.O nosso excelente dia de mergulho culminou com um lanche de alhei-ra acompanhado de Es-pumante, no Damar, em plena Feira, e vestidos a rigor. Bendita opção “desme-dida” que tomei…

CHEGADOS AO FUNDO, SOMOS RECEBIDOS PELO ANFITRIÃO HABITUAL DO LOCAL, DE SEU NOME RUDOLPH.

PARTIDAS

mERGULHAR NAS fESTAS DA PRAIA

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02 abril 2012 / 28

“A saúde depende mais dasprecauções que dos médicos.”

Jacques Bossuet

AS MAIS vISTASONLINE

CONCOR-DA COM O AUMEN-TO DO NÚMERO DE DEPU-TADOS?

QuESTIONÁRIO

SIm

NÃO

CARTOON

ÓCIOS / OPINIÃO

F.S.

Inaugurado hospital da Terceira “MAISIMPORTANTE E COMPLEXO EMPREENDIMENTO”

Em Ponta Delgada DERROCADA PROVOCOUMORTE DE CRIANÇA DE DOIS ANOS

JANINA BRANDãOTEXTO / Frederica Lourenço

I am a fan of

Viciada em lápis desde que se lembra, é daquelas miúdas cheias de talento que vive de ideias giras, e que nos levam inevitavelmente para aquele mundo onde nos sentimos sempre a sorrir.

Faz parte daquela nova geração de criativos carregados de talento que se dedicam a colorir o mundo real, e é daqueles artistas que sabe que o é desde sempre. Com apenas 11 anos conseguiu en-trar num curso de pintura a óleo para adultos e, desde aí dedicou toda a sua vida académica às artes.Licenciou-se em Design Gráfico e de Publicidade, trabalha como freelan-cer nas áreas do design gráfico, ilus-tração e fotografia. Nas horas vagas, às vezes, dedica-se a experimentar técnicas novas, sendo o graffiti uma delas.O desenho e a ilustração são as suas grandes paixões, e sonha que um dia as pessoas liguem mais à arte e me-nos ao futebol. (sonha, Janina!)Vale a pena explorarmos o seu web-site e vermos o seu portfólio. Assim como vale a pena lembrarmo-nos dela se quisermos um retrato a lápis, com a garantia de um óptimo traba-lho.Para mais informações acerca do trabalho da Janina, podemos visitar o seu portfolio em www.janinabran-

dao.daportfolio.com; caso queira acompanhar aquilo que ela gosta de ver e fazer, sugerimos que siga o seu blogue www.janinabrandao.blogs-

pot.com

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MuSEu DOCEO Museu de Angra do Heroísmo tem preparadas para as férias da Páscoa uma série de actividades para os mais novos.

ACTIVIDADES

De 3 a 5 de Abril, das 10-11h30 e das 14h00 às 16h00, decorrem várias iniciativas abertas a Atl’s e jardins-de-infância.Desde saber mais sobre a história, confecção e, claro, o sabor, dos pas-

COLHEITAna Recreio“A Colheita” é um festival de música, sem propósi-tos lucrativos, que tem como principais objectivos a divulgação das “bandas de garagem” açorianas e promover as linguagens músicas alternativas convívio entre os músicos mais experientes, o pú-blico - Pela palco da Recreio dos Artistas, em An-gra do Heroísmo, vão passar entre 6 e 7 de Abril Akustik Rocks by Kit, Anomally, Art Capital, Beyond Confrontation, Eyes for the Blind, Mermaid, Killed Monster, Mufasa, Somnivm e a Banda da Colheita, esta última banda formada por músicos pertences a outros grupos, com o único propósito de actuar no festival. Esta é a terceira edição da Colheita, iniciativa que organizada por Beatriz Reis, Miguel Aguiar, Vitor Moreira, Catarina Melo, Isabella Jimenez e JessicaNeves com o apoio da associação cultural “Burra de Milho” e o site de Metal Açoriano“Metalicidio”.

Aberta de quarta-feira a domingo das 16 ás 21h00 e sábados das 18 ás 23h00, a Carmi-na Galeria de Arte Contemporânea é um espaço singu-lar no panorama cultural da Ilha Ter-ceira.Localizada na La-deira Grande, fe-teira, promove ao longo do ano ex-posições das mais diversas formas de expressão artística, desde pintura, de-senho, fotografia ou escultura, entre outros.No último sába-do de cada mês, a partir das 22 ho-ras, há um acon-tecimento de arte – recital de poesia, música, cinema de arte ou talvez tea-tro ou uma palestra no Chico Bento Bo-tequim, juntando à produção artística um bom chã, uma merenda ou, ainda melhor, um raro vi-nho dos Biscoitos de casta verdelho.Para além da gale-ria de arte e do bar, este espaço possui também uma loja onde estão dispo-níveis peças em cerâmica, serigra-fias, gravuras e objectos diversos de vários artistas a preços acessíveis.A Carmina Galeria oferece igualmen-te, todos os sába-dos, aulas indivi-duais de piano e violoncelo.

CULTURA

FÉRIAS DIFERENTES

téis de São Francisco, passando pelo “Cores da horta”, um ateliê onde vão aprender a fazer as suas próprias tintas recorrendo a pigmentos naturais e depois pintar ovos da Páscoa e ou o “Há uma horta no Museu” são várias as propostas para umas férias diferentes. Inscrições através do mail [email protected] ou do telefone 295 240 800

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GlASS CANDyTEXTO / Adriana Ávila

Glass Candy são uma dupla norte americana de Portland, Oregon que espalha magia desde 1996, mas só em 2002 lançaram o seu primeiro álbum de originais. Ida No (voz) e Johnny Jewel (produ-ção) são os fundadores e os resistentes de quatro que atravessaram este grupo. JEWEL, A FORÇA MOTRIZ DESTE E DE OUTROS PROJETOS, CHROMATICS E DESIRE.

WARM IN THE WINTER (2011)

O produtor Johnny Jewel está associado aos Chromatics, Desire e também à Label Italians do Better pela qual lançou o seu mais recente EP en-quanto elemento dos GLass Candy «Warm in the Winter».

GAME ONAté 15 de Julho, no Museu de Arte Popular, em Lis-boa, decorre a exposição Game On, a maior mostra de videojogos a nível mundial. Pretende ser, a um tempo, um espaço de conhecimento e entreteni-mento, envolvendo de conferências e eventos em família a torneios e workshops.

O FIM DO POEMAA livraria Poesia Incompleta, a única do país que se dedicava em exclusivo à venda de poesia, fechou a semana passada as portas.A Poesia Incompleta tinha aberto em Novembro de 2008, com um espólio entre oito a dez mil volumes de poesia ou sobre poesia, de mais de 260 editoras, em mais de 30 línguas.Apesar da divulgação da Poesia Incompleta na Inter-net e de várias entrevistas dadas, o seu proprietário teve como retorno, por dia, “27 tipos chatos a acha-rem que sabem escrever poesia e meio cliente”.

TEATRO de objectosO grupo A.L.A.P.A. – Teatro estreia “O soldadinho de chumbo” de Hans Christian Andersen.Através de uma metodologia forjada a partir da convergência de diversas linguagens (teatro, artes plásticas, cinema, marionetas), apresenta esta peça na qual os objectos de uso quotidiano são convoca-dos para pôr em cena a famosa história, num forma-to que se enquadra no estatuto work in progress.No Alpendre Grupo de Teatro, a 3 e 4 de Abril, pelas 10h30 para grupos de crianças até aos 8 anos.

CULTURA

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02 abril 2012 / 31

FAMíLIASALTERAdAS?

TEXTO / Marisa Leonardo

Com a linha de pensamento em So-ciologia, questiono os atuais proble-mas que enfrentamos. É frequente ouvir que a “família já não é o que era”! Será? Hoje, há Famílias Mono-parentais, agregado familiar com-posto por uma mãe e seus filhos abandonados pelo pai, ou as Re-compostas, que são constituídas por filhos de outros casamentos, efeito do divórcio! Somos descendentes da Família Alargada, onde o pai or-ganizava monetariamente a vida de todos os constituintes, e a mãe ensi-nava às filhas as boas maneiras. Não há um tipo de família ideal! As famílias atuais não são totalmente negativas, há maior empreendimen-to na formação e no equilíbrio emo-cional. A família permanecerá, pois o indiví-duo necessita de afeto! A família de “hoje” deixa de viver severas regras preconizadas para cada género. Os

progenitores incentivam aos papéis sociais que cada um mais deseja se-guir e o divórcio é a oportunidade de refazer uma nova família com har-monia!Contudo, existe a abnegação com os restantes parentes, quebrando o zelo para com os mais velhos. As crianças presenciam o divórcio de seus pais entre discórdias, queiman-do as pestanas em frente ao mo-nitor! São esses os problemas que “nós” (sociedade) temos a obriga-ção de solucionar!Como “Amante da Sociedade”, dei-xo-vos a pensar neste tema com um novo olhar!

COROS NA PRAIAO Azores Festival Choirs 2012 passa pelo Auditório do Ramo Grande na Praia da Vitória para dois concertos nos dias 3 e 4 de Abril, ambos com entrada livre.

3 e 4 de Abril

Dia 3 actua o Coro Sin-fónico Lisboa Cantat e no dia seguinte é a vez do Coro Amici Musicae de Leipzig, Alemanha.O Coro Sinfónico Lisboa Cantat é dirigido pelo Maestro Jorge Alves, e desde a sua fundação,

em 2007, tem registado obras de compositores por-tugueses nascidos após 1900, onde se destacam ar-ranjos de mais de 60 canções regionais.Quanto ao grupo alemão, combina um coro misto e orquestra de cordas apresentando obras de Johann Sebastian Bach, Brahms, Tchaikovsky, Schumann, entre outros.

Os melhores do desporto açoriano ao longo de 2011 reúnem-se dia 3 de Abril no Centro So-cial, Cultural e Re-creativo da Silveira e Almagreira, na ilha do Pico, para a xI Gala do Desporto.Este evento preten-de homenagear e distinguir os agen-tes desportivos, as entidades do des-porto escolar e as entidades do asso-ciativismo despor-tivo, que se nota-bilizaram ao longo do ano transacto através dos resulta-dos e classificações alcançados bem como pelo contri-buto que deram ao desenvolvimento desportivo regional, através do trabalho desenvolvido.

RAMO gRANDE

OPINIÃO / AGENDA

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