REVISTA_NUTRIRE

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Revista contendo conteúdos relacionado à nutrição e avaliação nutricional. Avaliação Nutricional Clínica. Avaliação antropométrica em condições diversas.

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  • Julho-Setembro/2010Volu

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    10

  • 1Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (2): 00-00

    Publicao Oficial Sociedade Brasileira de Nutrio Parenteral e Enteral (SBNPE)Federacin Latinoamericana de Nutricin Parenteral y Enteral (FELANPE)

    Indexada na base de dados LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cincias da Sade

    Editor-chefe: Mrio Ccero FalcoEditor Associado: Joel Faintuch

    Corpo EditorialNacionalAntnio Carlos L. Campos Hospital Universitrio do Paran Curitiba/PRC. Daniel Magnoni Hospital do Corao So Paulo/SPCelso Cukier Hospital do Corao So Paulo/SPDan. L. Waitzberg Faculdade de Medicina da USP So Paulo/SPEduardo Eiras da Rocha Hospital Copa DOr Clnica So Vicente Rio de Janeiro/RJJoel Faintuch Faculdade de Medicina da USP So Paulo/SPMaria Isabel T. Davisson Correia Fundao Mrio Pena Hospital das Clnicas Belo Horizonte/MGMrio Ccero Falco Faculdade de Medicina da USP So Paulo/SPOdery Ramos Jnior Universidade Federal do Paran Faculdade Evanglica de Curitiba Curitiba/PRPaulo Roberto Leito de Vasconcelos Universidade Federal de Cear Fortaleza/CearRoberto Carlos Burini UNESP Botucatu/SPUenis Tannuri Faculdade de Medicina da USP So Paulo/SP

    Conselho Editorial Ibero-AmericanoCoordenador: Angel G EspanhaMembros:

    Expediente

    ISSN 0103-7196

    Revista Brasileira de

    Nutrio ClnicaVolume 25 nmero 3Julho/Setembro de 2010

    Secretria:Angela Souza da Costa

    Projeto Grfico, Diagramao e Reviso:Sollo Comunicao e Design

    Angarita C ColmbiaAtalah E ChileBaptista G VenezuelaCamilo ME PortugalCarrasco F ChileFalco MC Brasil

    Crivelli A ArgentinaCulebras JM EspanhaFaintuch J BrasilGarca de Lourenzo A EspanhaKlaasen J ChileKliger G Argentina

    Mendoza L ParaguaiSotomayor J ColmbiaVannucchi H BrasilVelsquez Alva C MxicoWaitzberg D Brasil

  • 2Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (2): 91-2

    Sumrio

    177 Autopercepo da imagem corporal entre indivduos portadores do vrus da imunodeficincia humana (HIV) Self-perceptionofbodyimageamonghumanimmunodeficiencyvirus(HIV)-infectedpatients Welkya Campio, Lusa Helena Maia Leite, Eliane Moreira Vaz

    182 Espessura do msculo adutor do polegar como parmetro antropomtrico em pacientes crticos Thicknessoftheadductorpollicismuscleasananthropometricparameterincriticallyillpatients Fernanda Stephan Caporossi, Rosalia Bragagnolo, Diana Borges Dock-Nascimento, Jos Eduardo Aguilar-Nascimento

    189 Avaliao da interveno nutricional em pacientes com sndrome metablica Assessmentofnutritionalinterventioninpatientswithmetabolicsyndrome Debora Tarasautchi, Lucola de Castro Coelho, Clarissa Viana Demzio da Silva, Anita Sachs, Leiko Asakura

    195 Mutaes espontneas e induzidas in vivo: estudo do concentrado protico do soro de leite por meio do teste de microncleo

    Spontaneousandinducedmutationsinvivo:studyofmilkwheyproteinconcentratebymicronucleustest Luciano Bruno de Carvalho Silva, Maysa do Vale Oliveira, Luciana Azevedo

    201 Comparao entre o consumo alimentar, perfil lipdico e glicemia de jejum em pacientes com fibrose cstica Comparisonbetweenthefoodintake,lipidprofileandfastingplasmaglucoseinpatientswithcysticfibrosis Karla Raquel Teixeira de Castro, Luciana Carneiro Pereira Gonalves

    208 Incidncia de disfagia aps acidente vascular cerebral Incidenceofdysphagiaafterstroke Milen Matos Caixeta, Regina Helena Cappeloza Morsoletto

    213 Consumo de cidos graxos saturados, insaturados e trans por pacientes cardiopatas de Unidades de Sade de Cricima-SC Consumptionofacidgreasysaturated,insaturadosandtransforpatientswithcardiovasculardiseaseatHealthUnitsofCricima-SC Juliana Bocianoski Felippe, ngela Martinha Bongiolo

    218 Perfil socioeconmico, estado nutricional e consumo alimentar de portadores de deficincia mental Socioeconomicprofile,nutritionalstateandfoodconsumptionofmentallyretardedpeople Marcela Karla de Almeida Lira, Francisca Martins Bion, Dbora Catarine Nepomuceno de Pontes Pessoa, Edlson

    Fernandes de Souza, Diogo Antonio Alves de Vasconcelos

    224 Avaliao nutricional de pacientes portadores de doenas cardiovasculares associadas sndrome metablica em Belm-PA

    Nutritionalassessmentofpatientswithcardiovasculardiseasesassociatedtometabolicsyndrome Marcela de Souza Figueira, Maria Lidiane Vasconcelos Rocha, Marlia de Souza Arajo

    233 Circunferncia da cintura ou do abdome: qual utilizar para mensurar a gordura visceral? Waistcircumferenceortheabdomen:whatusedtomeasurethevisceralfat? Flvia Busch Gorzm, Susan Tribess

    Artigos Originais

    238 Consequncias nutricionais na doena heptica crnica alcolica Nutritionalconsequencesofalcoholicchronichepaticdisease Cristiane Pereira da Silva, Maria Goretti Pessoa de Arajo Burgos, Celina de Azevedo Dias

    243 Ao do aminocido taurina no diabetes mellitus Taurineaminoacidactiononthediabetesmellitus Greice Caletti, Patrcia Martins Bock

    251 Terapia nutricional na epidermlise bolhosa simples Nutritionaltherapytosimplexepidermolysisbullosa Juliana de Freitas Branco, Silvia Cristina Ramos Gonsales

    256 Efeito da manipulao das variveis do treinamento de fora sobre o consumo de oxignio ps-exerccio (EPOC) Effectofstrengthtrainingvariablesonexcesspost-exerciseoxygenconsumption(EPOC) Antonio Gil Castinheiras Neto, Paulo de Tarso Veras Farinatti

    Artigos de Reviso

    264 Deficincia de vitamina B12 em lactente alimentado com leite materno VitaminB12deficiencyinabreastfeedingchild Claudia Pleche Garcia, Ary Lopes Cardoso, Jorge David A. Carneiro, Ana Catarina Lunz Macedo

    Relato de Caso

  • Autopercepo da imagem corporal entre indivduos portadores do HIV

    177

    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 177-81

    Autopercepo da imagem corporal entre indivduos portadores do vrus da imunodeficincia humana (HIV)Self-perception of body image among human immunodeficiency virus (HIV)-infected patients

    Unitermos: Imagem corporal. ndice de massa corporal. HIV. Sndrome de imunodeficincia adquirida.

    Key words: Body image. Body mass index. HIV. Acquired immu-nodeficiency syndrome.

    Endereo para correspondncia Eliane Moreira VazRua Maria Anglica, 46/303Lagoa Rio de Janeiro, RJ, Brasil CEP 22470-202E-mail: [email protected]

    Submisso6 de outubro de 2008

    Aceito para publicao15 de novembro de 2009

    RESUmoobjetivo: Avaliar a autopercepo da imagem corporal em pacientes portadores do vrus HIV. mtodo: Trata-se de um estudo descritivo que avaliou pacientes HIV positivo, adultos, acompanhados em um hospital universitrio. A autopercepo da imagem corporal foi avaliada segundo Kakeshita & Almeida. Os pacientes escolheram duas figuras, uma correspondente ao seu ndice de Massa Corporal (IMC) indicado como atual e a outra ao IMC desejado. Os resultados foram expressos como mdias erro padro da mdia e frequncias. Para comparar as mdias utilizou-se o teste t de Student e para comparar as frequncias foi o usado o teste qui-quadrado. Resultados: Foram includos no estudo 105 pacientes, a maioria do sexo masculino (67,6%), com idade mdia de 40,7 0,9 anos, tempo mdio de contaminao pelo vrus HIV de 7,17 0,28 anos. A distribuio do IMC mostrou que a maioria apresentava-se na faixa de normalidade (53,3%) e 44,7% nas faixas de sobrepeso e obesidade. A maioria dos entrevistados (55%) apresentou distoro da imagem corporal. Ao comparar a autopercepo do IMC indicado como atual, 45% dese-javam aumentar o peso, mas somente 4% necessitavam ganhar peso. Concluso: O estudo revelou que existe uma expressiva distoro da imagem corporal entre os portadores de HIV/AIDS, principalmente entre mulheres, sendo valorizadas as maiores faixas de IMC.

    AbStRACtobjective: To evaluate the self-perception of body image among patients infected by Human immunodeficiency virus (HIV). methods: A descriptive study evaluated positive HIV adult patients of an University Health Center in Rio de Janeiro. The self-perception body image was evaluated according to Kakeshita & Almeida. The patients choose two figures, one corresponding to actual body mass index (BMI) and another representing the desired body mass index. The results were expressed with mean standard error mean (SEM) and frequency distribution of nominal variables. The Students t test was used to compare the means, and chi-square test to compare frequency distribution of nominal variables. Results: The study was conducted with 105 patients, and the majority of them were males (67.6%), with average age of 40.7 0.9 years old, and average time contamination by HIV of 7.17 0.28 years. Most patients showed a normal BMI (53.3%) and 44.7% presented overweight and obesity. 55% of patients indicated body image distortion. When comparing actual BMI self-perception, 45% wanted to increase their weight, but only 4% needed to gain weight. Conclusion: This study demonstrated the occurrence of an expressive body image distor-tion in the HIV/AIDS patients, mainly among in women as being valorized the greater BMI.

    1. Nutricionista, Especialista em Nutrio Clnica, Instituto de Nutrio Josu de Castro, Universi-dade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

    2. Doutora em Cincias pela Fundao Oswaldo Cruz e Nutricionista no Hospital Escola So Francisco de Assis, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

    3. Doutora em Nutrio pela Universidade de Granada - Espanha e Professora do Curso de Especializao em Nutrio Clnica, Instituto de Nutrio Josu de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

    Welkya Campio1Lusa Helena Maia Leite2Eliane Moreira Vaz3

    AArtigo Original

  • Campio W et al.

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 177-81

    INTRODUOA sndrome da imunodeficincia adquirida (AIDS) a mani-

    festao clnica da infeco causada pelo vrus da imunodefici-ncia humana (HIV). No Brasil, desde a identificao do primeiro caso de AIDS, em 1980, at junho de 2006, j foram identificados cerca de 433 mil casos da doena. Atualmente, a proporo de um caso entre as mulheres para cada dois homens1.

    A evoluo ocorrida aps a introduo da terapia antirretro-viral combinada Highy Active Antiretroviral Therapy (HAART) resultou em importantes avanos, com aumento da sobrevida dos indivduos infectados pelo HIV2.

    O uso de inibidores de protease (IP) no tratamento desses pacientes favoreceu o controle da infeco, da restaurao da imunidade e reduo importante da morbimortalidade associada doena. Por outro lado, evidncias cientficas mostraram que, nos ltimos anos, a infeco pelo vrus HIV passou a ser consi-derada uma doena crnica, com probabilidade de complicaes em longo prazo3,4.

    Antes da chamada era HAART, a perda de peso e a desnu-trio eram os maiores problemas nutricionais dos portadores de HIV/AIDS. Atualmente, o ganho de peso, a redistribuio anormal de gorduras, a obesidade e os distrbios metablicos so os novos problemas nutricionais a serem enfrentados, inclusive no Brasil5-14.

    Em paralelo, os efeitos colaterais, associados aos antirretro-virais, causam problemas relacionados imagem corporal dos indivduos HIV+. Em consequncia, a lipodistrofia, que resulta em acmulo ou perda de gordura em reas localizadas15-17.

    A imagem corporal representa a identidade pessoal. A figura mental do nosso corpo est associada a fatores psicolgicos, representando ou no a satisfao da pessoa18.

    Karmon et al.19 mostraram que mulheres portadoras de HIV sentiam-se incomodadas com a percepo dos outros em relao a sua condio de soro positivo, denunciada pelas alteraes da imagem corporal. Alm disso, a insatisfao com a imagem corporal pode resultar em m adeso ao tratamento medicamen-toso e em problemas psicolgicos20,21, bem como dificuldade na adeso s orientaes nutricionais visando perda de peso, quando indicada22.

    A avaliao do estado nutricional deve se constituir na primeira etapa da teraputica nutricional dos portadores de HIV/AIDS, devendo incluir, minimamente, a antropometria, os dados clnicos, anlises bioqumicas e a conduta diettica. Nos tempos atuais, os aspectos relativos satisfao com a imagem corporal deveriam tambm ser analisados antes de se prescrever a conduta dietoterpica22.

    Os exames de imagem tm sido utilizados para a avaliao de composio corporal em portadores de HIV, porm representam um alto custo para utilizao na prtica clnica, tendo-se como alternativa utilizar mtodos indiretos como dobras cutneas, IMC (ndice de Massa Corprea), circunferncia abdominal23 ou metodologias qualitativas para avaliao de autopercepo da imagem corporal24,25.

    O objetivo do estudo foi avaliar a autopercepo da imagem corporal de pacientes portadores de HIV, utilizando a metodo-logia da escala de desenhos de figuras humanas de populao brasileira.

    MTODOFoi realizado um estudo descritivo do tipo transversal. A

    pesquisa foi avaliada pelo Comit de tica em Pesquisa do Hospital Escola So Francisco de Assis (RJ), sendo aprovada em 30 de agosto de 2007 (Protocolo n 72/07). Foi includa no estudo uma amostra de convenincia de 105 indivduos HIV+, adultos, em tratamento em um hospital universitrio da cidade do Rio de Janeiro. Foram excludos os indivduos menores de 18 anos, com sinais de demncia relacionada ao HIV e deficientes visuais.

    As entrevistas foram realizadas por um nico pesquisador, no perodo de agosto a dezembro de 2007. Os pacientes assi-naram o termo de consentimento livre e esclarecido, segundo a resoluo 196/96 para pesquisa em seres humanos.

    Foram coletados dados de identificao; sociodemogrficos (sexo, idade; grau de escolaridade, ocupao); informaes clnicas (tempo de diagnstico de HIV, tempo de tratamento de HIV, comorbidades e presso arterial) e outras variveis relacionadas ao estilo de vida (tabagismo, etilismo, atividade fsica). O nvel de atividade fsica foi estimado utilizando o instrumento padro Questionrio Internacional de Atividade Fsica26. O peso corporal e a estatura foram obtidos dos regis-tros mdicos dos respectivos pronturios da Unidade. A partir dessas variveis, foi calculado o ndice de Massa Corporal (IMC), sendo utilizado para classificao o ponto de corte esta-belecido pela Organizao Mundial da Sade (OMS, 1998)27.

    Para avaliao da percepo da imagem corporal, foi utili-zada a escala de figuras de silhuetas e escala do tipo visual analgica, instrumentos validados para a populao brasileira por Kakeshita & Almeida18. A aplicao do instrumento incluiu a apresentao ao paciente de duas escalas de desenho de nove figuras humanas masculinas e femininas. Primeiramente, foi solicitada ao paciente a identificao do IMC atual e, em seguida, o paciente identificou o IMC desejado (meta). Convencionou-se a distribuio do IMC das nove figuras humanas, considerando os limites descritos pelos autores (17,5 e 37,5 kg/m2).

    Para a anlise estatstica dos resultados, utilizou-se o programa SPSS, verso 10.0. Os resultados foram expressos como mdias erro padro da mdia e frequncias. Para comparar as mdias, utilizou-se o teste t de Student e, para comparar as frequncias, foi o usado o teste qui-quadrado. O nvel de significncia adotado foi de p

  • Autopercepo da imagem corporal entre indivduos portadores do HIV

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 177-81

    No que se refere ao estilo de vida, os resultados mostraram que 28,6% dos entrevistados eram tabagistas, com mdia de consumo de 6,42 0,83 (1-60) cigarros/dia, e o tempo mdio do tabagismo de 4,5 0,88 anos. Em relao ao uso de bebidas alcolicas, 43,8% dos indivduos relataram frequncia de consumo de duas vezes por semana, sendo a cerveja a bebida mais consumida (31,4%), em segundo lugar vinho (3,8%). A avaliao da atividade fsica revelou que 60% dos pacientes foram classificados no nvel de atividade leve, 28,6% moderado e 11,4% intensa (Tabela 2).

    Os dados antropomtricos da populao estudada mostraram que 44,8% apresentaram IMC> 25,0 kg/m2, sendo o IMC mdio de 24,63 0,40 (17-42) kg/m2. No foi observada diferena significativa na mdia do IMC entre mulheres e homens (24,45 0,63 e 24,70 0,53 kg/m2, respectivamente). A distribuio do IMC da populao estudada apresentada na Figura 1.

    A avaliao do IMC indicado como atual (imaginrio), de acordo com a metodologia da escala de silhueta, demonstrou que a maioria dos pacientes (55%) sinalizou um IMC diferente do IMC real. Quanto avaliao do IMC real e desejado (meta), 75% desejavam possuir um IMC diferente do real.

    Dos 105 pacientes estudados, 51% queriam perder peso, 45% aumentar o peso e 4% desejava manter seu peso atual. Dos 45% que desejavam ganhar peso, cerca de 30% identificaram como a silhueta ideal aquela situada na faixa de sobrepeso e obesidade (Tabela 3).

    Dentre os pacientes insatisfeitos com a silhueta atual e que manifestaram a vontade de ganhar peso, apenas 4% apresen-tavam dficit ponderal.

    tabela 1 Caractersticas sociodemogrficas de pacientes portadores de HIV/AIDS de um Hospital Universitrio do Rio de Janeiro.

    Variveis N %

    Gnero

    Feminino 34 32,4

    Masculino 71 67,6

    Faixa etria (anos)

    18-25 3 2,9

    26-39 47 44,8

    40-59 52 49,5

    >60 3 2,9

    ocupao

    Ativo no mercado 93 88,5

    Desempregado 1 1

    Outros 11 10,5

    Grau de escolaridade

    Ensino Fundamental 36 34,2

    Ensino Mdio 40 38,1

    Ensino Superior 14 13,3

    Sem informao 15 14,3

    tabela 2 Caractersticas relacionadas ao estilo de vida de portadores de HIV/AIDS de um Hospital Universitrio do Rio de Janeiro segundo gnero.

    CaractersticasGnero

    Valor de pFeminino masculino

    Consumo de cigarros/dia 7,38 1,89 5,96 0,83 0,42

    Consumo de bebidas alcolicas /semana 4,15 0,31 4,4 0,21 0,43

    Frequncia de atividade fsica moderada/semana 1,4 0,56 vezes 1,54 0,77 0,019

    Mdias erro padro da mdia. * comparao de gneros (teste t de Student).

    tabela 3 Caractersticas da autopercepo corporal IMC real, imaginrio e desejvel de pacientes portadores de HIV/AIDS.

    Variveis N %

    ImC real (kg/m2)

    < 18,5 2 1,9

    18,5-24 56 53,3

    25,0-29,9 37 35,2

    >30 10 9,5

    ImC indicado como real (imaginrio) (kg/m2)

    17,5 20 19,0

    20 24 22,8

    22,5 22 20,9

    25 5 4,7

    27,5 12 11,4

    30 12 11,4

    32,5 4 3,8

    35 2 1,9

    37,5 4 3,8

    Distoro do ImC Real

    Sim 58 55,2

    No 47 44,8

    Anlise de ImC desejado (meta)

    deseja aumentar peso 47 45

    deseja perder peso 54 51

    deseja manter peso 4 4IMC: ndice de Massa Corporal; N: nmero amostral

  • Campio W et al.

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 177-81

    A presena de distoro da imagem corporal foi mais frequente em mulheres (64,7% vs. 50,7%) p=0,77, de faixas etrias mais jovens (59,6% vs. 50,0) p=0,32 e com maior grau de instruo (59,7% vs. 48,8%) p=0,27, em comparao aos homens; entretanto, as diferenas no foram significativas.

    DISCUSSOA avaliao nutricional um componente vital dos cuidados

    clnicos que devem ser adotados no tratamento dos portadores de HIV/AIDS, tanto na preveno da desnutrio e, mais recen-temente, no controle do sobrepeso e obesidade22-28.

    Neste estudo, a classificao do IMC mostrou que a preva-lncia de baixo peso foi inferior a 2%, semelhante encontrada em outros estudos brasileiros2,7, sugerindo a eficcia do trata-mento antirretroviral, que tem aumentado a sobrevida de porta-dores do vrus HIV, diminuindo as infeces oportunistas que levavam perda de peso e, consequentemente, desnutrio.

    Atualmente, o excesso de peso tem sido um dos novos problemas que comprometem o estado nutricional dos porta-dores de HIV. Nesta pesquisa, observou-se que o sobrepeso e a obesidade foram os principais desvios nutricionais existentes, como descrito anteriormente por diferentes autores5,6,28,29.

    A avaliao do estilo de vida demonstrou que 28% dos entre-vistados so tabagistas e 60% no praticam atividade fsica regular. Salyer et al.30, em um estudo norte-americano, encontraram uma frequncia de tabagismo de 41% entre os pacientes HIV+.

    Os resultados desta investigao revelaram que uma impor-tante parcela da populao estudada sedentria. Um estudo anterior aponta para a importncia da prtica da atividade fsica para o controle das dislipidemias em pacientes HIV+ 31. Para Yu et al.32, tanto o tabagismo como o sedentarismo reduzem o fator de proteo HDL e aumentam os nveis plasmticos de LDL, levando ao maior risco de desenvolvimento de doenas cardiovasculares.

    Este trabalho foi o primeiro estudo a propor a avaliao da autopercepo da imagem corporal de portadores do vrus HIV, com o objetivo de testar sua aplicabilidade na rotina da consulta ambulatorial de nutrio, utilizando a metodologia da escala de figuras de silhuetas, validada por Kakeshita & Almeida18, construda a partir de fotos reais de sujeitos brasileiros.

    O conceito de autoimagem corporal definido como um conceito dinmico, que consiste no modo como cada um se v a si prprio fisicamente e conceitualiza a sua prpria aparncia33.

    O componente subjetivo da imagem corporal se refere satis-fao de uma pessoa com o seu tamanho corporal ou partes especficas do seu corpo18.

    No que se refere autopercepo da imagem corporal, ou seja, a autopercepo do IMC indicado como atual dos indiv-duos HIV+, observou-se que a maioria dos entrevistados (55%) apresentou distoro da imagem corporal.

    Alm disso, ao comparar-se avaliao do IMC real com o IMC desejado (meta), 75% dos entrevistados selecionaram uma silhueta diferente da sua imagem atual, sugerindo uma insatisfao com o IMC atual, o que poderia ser explicado pelo estigma relacionado epidemia da AIDS, ainda presente at os dias atuais, que se exprime pelo receio de perder peso e consequente agravamento dos sinais de lipodistrofia, tais como a atrofia facial, atrofia de membros inferiores20,34-36.

    Neste estudo, dentre os pacientes avaliados e que desejavam um IMC diferente do real, uma parcela importante (45%) dese-java ganhar peso.

    Estes resultados foram surpreendentes, tendo em vista que as imagens apontadas como desejveis estavam predominante-mente nas faixas de maiores IMC em relao s apontadas para o IMC atual. Essas observaes sugerem que os portadores de HIV/AIDS estudados, ao contrrio dos indivduos avaliados por Kakeshita & Almeida18, tambm apresentam distoro da imagem corporal, porm valorizam os corpos com maiores nveis de IMC.

    A insatisfao com o peso corporal preocupante, conside-rando que tem sido bem documentado pela literatura cientfica que o excesso de peso um fator causal de vrias alteraes metablicas e de doenas cardiovasculares, como hipertenso arterial e diabetes, tanto na populao geral quanto nos porta-dores de HIV/AIDS32,37-43.

    Nesta pesquisa, tanto homens como mulheres apresen-taram distoro da imagem corporal, entretanto esta foi mais comum em mulheres de faixas etrias mais jovens e com maior grau de instruo. Outros estudos anteriores, que avaliaram a autopercepo corporal de mulheres HIV+, utilizando outras metodologias, identificaram que as mulheres apresentavam uma pobre imagem corporal, sugerindo insatisfao com as suas dimenses corporais19,20,44.

    De forma geral, a metodologia foi de fcil aplicabilidade e pode ser til para o cotidiano da prtica clnica como instru-mento adjuvante da avaliao do estado nutricional.

    Os resultados deste estudo demonstraram a importncia de se avaliar a autopercepo da imagem corporal dos porta-dores do vrus HIV/AIDS na era HAART, antes de propor o tratamento dietoterpico, sobretudo as orientaes visando ao emagrecimento, pois se os pacientes apresentam uma distoro de sua imagem corporal e valorizam as maiores faixas de IMC, eles estaro menos motivados para emagrecer, aumentando as chances de fracassos ao longo do tratamento nutricional.

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    60

    50

    40

    30

    20

    10

    0

    %

    Baixo peso

    Eutrfico Sobrepeso Obesidade

    1,9

    53,3

    35,2

    9,5

    Figura 1 - Classificao do IMC real de uma amostra de pacientes com HIV/AIDS de um hospital universitrio do Rio de Janeiro.

  • Autopercepo da imagem corporal entre indivduos portadores do HIV

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    Local de realizao do trabalho: Hospital Escola So Francisco de Assis, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

  • Caporossi FS et al.

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 182-8

    Espessura do msculo adutor do polegar como parmetro antropomtrico em pacientes crticosThickness of the adductor pollicis muscle as an anthropometric parameter in critically ill patients

    Unitermos: Desnutrio. Avaliao nutricional. Msculo adutor do polegar. Pacientes crticos.

    Key words: Malnutrition. Nutritional assessment. Adductor pollicis muscle. Critical ill patients.

    Submisso18 de junho de 2009

    Aceito para publicao 5 de fevereiro de 2010

    ReSUmoIntroduo: Desnutrio em pacientes hospitalizados muito comum e frequentemente no diagnosticada. O diagnstico precoce de desnutrio importante para que o suporte nutricional seja efetivo. objetivos: Avaliar a espessura do msculo adutor do polegar (EMAP) como um parmetro antropomtrico, na avaliao nutricional de pacientes crticos. mtodo: Foram avaliados, prospectivamente, 95 pacientes internados em unidade de terapia intensiva (UTI) para tratamento clnico (n=78; 83%) ou cirrgico (n=16; 17%). Realizou-se antropometria clssica e avaliao subjetiva global (ASG) em todos pacientes e correlacionou-se com a medida da EMAP em ambas as mos para diagnosticar desnu-trio. Resultados: Vinte e quatro (34,25%) pacientes foram classificados como eutrficos (ASG=A), 49 (51,6%) como desnutridos moderados (ASG=B) e 23 (24,2%) como desnu-tridos grave (ASG=C). Houve correlao positiva entre EMAP e ASG, circunferncia do brao (CB), prega cutnea triciptal (PCT) e circunferncia muscular do brao (CMB) para o diagnstico de desnutrio (p

  • Espessura do msculo adutor do polegar como parmetro antropomtrico em pacientes crticos

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 182-8

    INTRODUOO estudo da prevalncia de desnutrio no ambiente

    hospitalar tem tido destaque nos ltimos 20 anos e trabalhos em todo mundo tm mostrado prevalncias que variam de 30% a 50% em pacientes clnicos e cirrgicos1. Pacientes desnutridos apresentam maiores ndices de morbidade (cicatrizao mais lenta de feridas; aumento da infeco hospitalar; maior tempo de internao e de reinternaes) e de mortalidade, aumentando significativamente os custos para o sistema de sade2. Em 1996, o Inqurito Brasileiro de Avaliao Nutricional Hospitalar encontrou uma taxa de 48,1% de desnutrio nos doentes internados nos hospi-tais pblicos brasileiros3. Nesse contexto, a assistncia nutricional adequada ao paciente hospitalizado favorece a evoluo positiva do quadro clnico, a reduo da internao hospitalar e dos riscos de complicaes4.

    Vrios mtodos de avaliao nutricional tm sido propostos, utilizando testes de avaliao clnica, bioqumica, antropometria e exames de composio corporal1,5. Um novo parmetro antro-pomtrico de avaliao nutricional a espessura do msculo adutor do polegar (EMAP). As vantagens desse mtodo so a rapidez e a possibilidade de acesso ao compartimento protico muscular, sendo uma tcnica no invasiva e de baixo custo6 e possvel de ser realizada em pacientes acamados.

    Em pacientes desnutridos, mudanas na contrao e no rela-xamento do MAP podem ser fatores indicativos de alteraes na composio muscular do corpo inteiro7. Uma massa muscular adequada pode ser considerada como o melhor indicador de bom prognstico em pacientes crticos8. Na literatura, apenas dois trabalhos6,9 utilizaram a EMAP para avaliar o estado nutricional de indivduos saudveis. No entanto, nenhum deles relatou o uso da EMAP como parmetro antropomtrico em pacientes crticos. Assim, este estudo teve como objetivo determinar a medida da EMAP em pacientes crticos internados em unidade de terapia intensiva (UTI) e correlacionar esses resultados com parmetros antropomtricos e com a avaliao subjetiva global (ASG), j bem descritos na literatura.

    MTODOForam avaliados, prospectivamente, 95 pacientes, cuja

    idade variou de 19 a 92 anos, sendo 40 (42,1%) do sexo feminino e 55 (57,9%) do sexo masculino, em tratamento clnico (83%) ou cirrgico (17%), com escore APACHE II mdio de 12 [2-40] internados em UTI. Os dados foram coletados no perodo de maio de 2007 a maro de 2008. Foram excludos da pesquisa pacientes que apresentavam edema dos membros superiores, bem como os que possuam talas, gessos, ou outros que impossibilitassem a realizao da medida do MAP. O estudo foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa do Hospital Universitrio Jlio Muller, em 14/03/2007.

    Todos os dados foram coletados nas primeiras 48 horas aps a internao do paciente. Para avaliao do estado nutricional utilizaram-se os seguintes parmetros: EMAP direito e esquerdo, antropometria clssica [circunferncia do brao (CB), a prega cutnea triciptal (PCT), a circunferncia muscular do brao (CMB)] e a ASG.

    Coleta dos dados antropomtricosEMAP: foi realizada com o brao do paciente posicionado

    formando um ngulo de 90 graus com o antebrao, com o auxlio de um plicometro Cescorf (Porto Alegre, RS, Brasil). Foi pinado o centro de um tringulo imaginrio formado pelo dedo indicador e o polegar na mo direita e esquerda do paciente, sendo estas apoiadas sobre a coxa. A mdia de trs aferies foi considerada como medida da EMAP para cada indivduo.

    Antropometria clssica: Estas medidas foram realizadas de acordo com os mtodos classicamente descritos por vrios autores10,11.

    Avaliao Subjetiva Global: foi realizada com base no questionrio proposto por Detsky et al.12 (Anexos 1 e 2).

    Utilizou-se o teste do qui-quadrado para comparao de variveis categricas e o teste de Mann-Whitney para a compa-rao de variveis independentes. A EMAP foi correlacionada com outros parmetros pelo teste de Pearson. Estabeleceu-se em 5% o nvel significncia estatstica (p

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 182-8

    Anexo 1 - Avaliao Subjetiva Global produzida pelo paciente (ASG-PPP).

    Somatria dos escores das caixas 1 a 4 A

    O restante do questionrio ser preenchido pelo seu mdico, enfermeira ou nutricionista. Obrigada.5. Doena e sua relao com requerimentos nutricionais (veja anexo 2)Todos os diagnsticos relevantes (especifique) _________________________________________________________

    Estadiamento da doena primria (circule se conhecido ou apropriado) I II III IV Outro ____________________

    Idade ____________ escore numrico do anexo 2 b6. Demanda metablica (veja anexo 3) escore numrico do anexo 3 C7. exame fsico (veja anexo 4) escore numrico do anexo 4 D

    escore total da ASG produzida pelo paciente

    escore numrico total de A + b + C + D acima

    (Siga as orientaes de triagem abaixo)

    Recomendaes de triagem nutricional: A somatria dos escores utilizada para definir intervenes nutricionais especficas, incluindo a orientao do paciente e seus familiares, manuseio dos sintomas incluindo intervenes farmacolgicas e interveno nutricional adequada (alimentos, suplementos nutricionais, nutrio enteral ou parenteral). A primeira fase da interveno nutricional inclui o manuseio adequado dos sintomas.0-1: No h necessidade de interveno neste momento. Reavaliar de forma rotineira durante o tratamento.2-3: Educao do paciente e seus familiares pelo nutricionista, enfermeira ou outro profissional, com interveno farmacolgica de acordo com o inqurito dos sintomas (caixa 3) e exames laboratoriais se adequado.4-8: Necessita interveno pela nutricionista, juntamente com a enfermeira ou mdico como indicado pelo inqurito dos sintomas (caixa 3). 9: Indica necessidade crtica de melhora no manuseio dos sintomas e/ou opes de interveno nutricional.

    2. Ingesto alimentar: Em comparao a minha alimentao normal, eu poderia considerar minha ingesto alimentar durante o ltimo ms como: sem mudanas (0) mais que o normal (0) menos que o normal (1)Atualmente, eu estou comendo: comida normal (alimentos slidos) em menor quantidade (1) comida normal (alimentos slidos) em pouca quantidade (2) apenas lquidos (3) apenas suplementos nutricionais (3) muito pouco de qualquer comida (4) apenas alimentos por sonda ou pela veia (0)

    Caixa 2

    4. Atividades e funo: No ltimo ms, eu consideraria minha ativi-dade como:

    normal, sem nenhuma limitao (0)

    no totalmente normal, mas capaz de manter quase todas as atividades normais (1)

    no me sentindo bem para a maioria das coisas, mas ficando na cama ou na cadeira menos da metade do dia (2)

    capaz de fazer pouca atividade, e passando a maior parte do tempo na cadeira ou na cama (3)

    bastante tempo acamado, raramente fora da cama (3)

    Caixa 4

    1. Peso (veja anexo 1)

    Resumo do meu peso atual e recente:

    Eu atualmente peso aproximadamente ____,__kg

    Eu tenho aproximadamente 1 metro e ____cm

    H um ms atrs eu pesava aproximadamente ____,__kg

    H seis meses atrs eu pesava aproximadamente ____,__kg

    Durante as 2 ltimas semanas meu peso:

    diminuiu (1) ficou igual (0) aumentou (0)

    Caixa 1

    Avaliao Global (veja anexo 5) Bem nutrido ou anablico (ASG A) Desnutrio moderada ou suspeita (ASG B) Gravemente desnutrido (ASG C)

    3. Sintomas: Durante as 2 ltimas semanas, eu tenho tido os seguintes problemas que me impedem de comer o suficiente (marque todos os que estiver sentindo): sem problemas para se alimentar (0) sem apetite, apenas sem vontade de comer (3) nusea (1) vmito (3) constipao (1) diarreia (3) feridas na boca (2) boca seca (1) alimentos tm gosto estranho ou no tm gosto (1) os cheiros me enjoam (1) problemas para engolir (2) rapidamente me sinto satisfeito (1) dor; onde?(3)_____________________________

    outros**(1)_______________________________** ex: depresso, problemas dentrios ou financeiros

    Caixa 3

  • Espessura do msculo adutor do polegar como parmetro antropomtrico em pacientes crticos

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 182-8

    Anexo 2 - Regras para pontuao da Avaliao Subjetiva Global produzida pelo paciente (ASG-PPP).As caixas de 1 a 4 da ASG-PPP foram feitas para serem preenchidas pelo paciente. O escore numrico da ASG-PPP determinado usando:1) Os pontos entre parnteses anotados nas caixas 1 a 4 e 2) na folha abaixo para itens no pontuados entre parnteses. Os escores para as caixas 1 e 3 so aditivos dentro de cada caixa e os escores das caixas 2 e 4 so baseados no escore mais alto marcado pelo paciente.

    Folha 1 escore da perda de pesoPara determinar o escore, use o peso de 1 ms atrs se disponvel. Use o peso de 6 meses atrs apenas se no tiver dados do peso do ms passado. Use os pontos abaixo para pontuar as mudanas do peso e acrescente pontos extras se o paciente perdeu peso nas ltimas 2 semanas. Coloque a pontuao total na caixa 1 da ASG-PPP.Perda de peso em 1 ms Pontos Perda de peso em 6 meses10% ou mais 4 20% ou mais5 9,9% 3 10 19,9%3 4,9% 2 6 - 9,9%2 2,9% 1 2 5,9%0 1,9% 0 0 1,9%

    Pontuao para a folha 1 Anote na caixa A

    Folha 2 Critrio de pontuao para condioA pontuao obtida pela adio de 1 ponto para cada condio listada abaixo que o paciente apresente. Categoria Pontos

    Cncer 1

    AIDS 1

    Caquexia pulmonar ou cardaca 1

    lcera de decbito, ferida aberta ou fstula 1

    Presena de trauma 1

    Idade maior que 65 anos 1

    Pontuao para a folha 2Anote na caixa B

    Folha 3 Pontuao do estresse metablicoO escore para o estresse metablico determinado pelo nmero de variveis conhecidas que aumentam as necessidades calricas e proticas. O escore aditivo sendo que se o pacientes tem febre > 38,9oC (3 pontos) e toma 10 mg de prednisona cronicamente (2 pontos) teria uma pontuao de 5 pontos para esta seo.estresse Nenhum (0) baixo (1) moderado (2) Alto (3)Febre Sem febre >37,2o e < 38,3C > 38,3o e < 38,9C > 38,9CDurao da febre Sem febre < 72 horas 72 horas > 72 horasCorticosteroides Sem corticosteroides dose baixa dose moderada dose alta

    (< 10 mg prednisona/dia) (> 10 e < 30 mg prednisona) (> 30 mg prednisona)Pontuao para a folha 3

    Anote na caixa C

    Folha 4 exame fsicoO exame fsico inclui a avaliao subjetiva de 3 aspectos da composio corporal: gordura, msculo e estado de hidratao. Como subjetiva, cada aspecto do exame graduado pelo grau de dficit. O dficit muscular tem maior impacto no escore do que o dficit de gordura. Definio das categorias: 0 = sem dficit, 1+ = dficit leve, 2+ = dficit moderado, 3+=dficit grave. A avaliao dos dficit nestas categorias no devem ser somadas, mas so usadas para avaliar clinicamente o grau de dficit (ou presena de lquidos em excesso).

    Reservas de gordura: estado de hidratao:Regio peri-orbital 0 +1 +2 +3 Edema no tornozelo 0 +1 +2 +3Prega de trceps 0 +1 +2 +3 Edema sacral 0 +1 +2 +3Gordura sobre as ltimas costelas 0 +1 +2 +3 Ascite 0 +1 +2 +3

    Avaliao geral do dficit de gordura 0 +1 +2 +3 0 +1 +2 +3

    Avaliao geral do estado de hidrataoA pontuao do exame fsico determinado pela avaliao subjetiva geral do dficit corporal total.

    Sem dficit escore = 0 pontosDficit leve escore = 1 pontoDficit moderado escore = 2 pontosDficit grave escore = 3 pontos

    estado muscular:Tmporas (msc. temporal) 0 +1 +2 +3Clavculas (peitorais e deltoides) 0 +1 +2 +3Ombros (deltoide) 0 +1 +2 +3Musculatura inter-ssea 0 +1 +2 +3Escpula (dorsal maior, trapzio e deltoide) 0 +1 +2 +3Coxa (quadrceps) 0 +1 +2 +3Panturrilha (gastrocnmius) 0 +1 +2 +3

    Avaliao geral do estado muscular 0 +1 +2 +3 Pontuao para a folha 4Anote na caixa D

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 182-8

    O valor da EMAP encontrada neste estudo foi menor quando comparada encontrada por Budziareck et al.9, em indivduos saudveis. Isto pode ser justificado pela condio crtica, pela desnutrio e pela diminuio da atividade laboral que levam perda protica e, consequentemente, depleo muscular14. A EMAP aqui vista tambm foi menor que a encontrada por Andrade et al.15 em pacientes sob tratamento clnico fora da UTI. Isso provavelmente ocorreu porque o processo de desnu-trio aguda que ocorre com perda da massa magra bem mais significante nos pacientes crticos, nos quais o catabolismo

    tabela 1 Parmetros antropomtricos dos pacientes estudados.

    Varivel (n) mediana e Variao

    PCT (mm) 17,4 [5,1 - 57,4]

    CB (cm) 32 [23 41]

    CMB (cm) 18,2 [3,7 69,2]

    EMAPD 12,9 [5,4 24,6]

    EMAPE 13,3 [5,4 23,5]PCT: Prega Cutnea Triciptal; CB: Circunferncia do Brao; CMB: Circunferncia Muscular do Brao; CMB: Circunferncia muscular do brao; EMAPD e EMAPE: Espessura do msculo adutor do polegar (direito e esquerdo).

    tabela 2 Resultados da EMAP da mo direita e esquerda de pacientes no desnutridos e desnutridos pela Avaliao Subjetiva Global.

    VarivelCondio nutricional

    pNo desnutrido Desnutrido

    EMAPD 15,54,4 12,83,7 < 0,01*

    EMAPE 15,43,6 13,23,4 < 0,01**p< 0,05. EMAPD= espessura do msculo adutor do polegar mo direita; EMAPE= espessura do msculo adutor do polegar mo esquerda. Valores expressam a mdia e desvio padro.

    Estado nutricional - ASG

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    Eutrofia Desnutridomoderado ou em risco Desnutrido grave

    Percen

    tual

    Figura 1 - Classificao do estado nutricional dos pacientes estudados de acordo com a avaliao subjetiva global.

    protico bem maior pela prpria condio mais grave encon-trada principalmente na UTI16.

    No entanto, os nossos achados foram maiores que os encontrados por Lameu et al.6, em outro estudo com indivduos saudveis.

    A avaliao nutricional ocupa um lugar importante na conduo clnica dos pacientes hospitalizados, pois detecta a desnutrio e fornece informaes necessrias para traar um suporte nutricional adequado para os pacientes graves17.

    A ASG, criada por Detsky et al.12, melhor prediz com poder e fora as complicaes associadas condio nutricional, por

    Circuferncia do Brao

    50403020

    MAPE

    30

    20

    10

    0

    Prga Cutnea do Trceps

    605040302 0100

    MAPE

    30

    20

    10

    0

    Circunferncia Muscular do Brao

    706050403020100

    MAPE

    30

    20

    10

    0

    AR= 0,64; p

  • Espessura do msculo adutor do polegar como parmetro antropomtrico em pacientes crticos

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    considerar uma associao de medidas antropomtricas, clnicas, fsicas, metablicas e dietticas18. Em seu estudo, Norman et al.19 encontraram que ASG correlaciona-se com os testes de avaliao da capacidade muscular.

    Neste estudo, encontramos um percentual elevado de pacientes desnutridos moderados ou em risco nutricional, o que est de acordo com o descrito na literatura atual, que mostra uma prevalncia de 30% a 50% de desnutrio no ambiente hospitalar1.

    Aguilar-Nascimento et al.20 estudaram 241 pacientes candi-datos cirurgia eletiva e demonstraram que 31,5% apresentavam

    Circunferncia do Brao

    50403020

    MAPD

    30

    20

    10

    0

    PrgaCutnea do Trceps

    6050403020100

    MAPD

    30

    20

    10

    0

    CircunfernciaMuscular do Brao

    706050403020100

    MAPD

    30

    20

    10

    0

    AR= 0,64; p

  • Caporossi FS et al.

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 182-8

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  • Avaliao da interveno nutricional em pacientes com sndrome metablica

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 189-94

    Avaliao da interveno nutricional em pacientes com sndrome metablicaAssessment of nutritional intervention in patients with metabolic syndrome

    Unitermos: Avaliao nutricional. Consumo alimentar. Sndrome X metablica. Estilo de vida.

    Key words: Nutrition assessment. Food intake. Metabolic syndrome X. Life style.

    Endereo para correspondncia:Leiko Asakura Disciplina de Nutrio, Departamento de Medicina Pre-ventiva, Universidade Federal de So Paulo (UNIFESP)Rua Borges Lagoa, 1341, 1o andar Vila Clementino So Paulo, SP, Brasil CEP 04038-034 E-mail: [email protected]

    Submisso14 de agosto de 2009

    Aceito para publicao3 de maro de 2010

    RESUmoIntroduo: A mudana no estilo de vida com a adoo de um plano alimentar saudvel terapia de primeira escolha para o tratamento da sndrome metablica. objetivo: Avaliar inter-veno nutricional individualizada em pacientes com sndrome metablica. mtodo: Foram selecionados todos os pacientes maiores de 20 anos, de ambos os sexos, com diagnstico de sndrome metablica, segundo critrios do National Cholesterol Education Program (NCEP) Adult Treatment Panel III (ATP III), atendidos num ambulatrio de Nutrio em So Paulo, entre fevereiro de 2008 e maio de 2009, com, pelo menos, trs atendimentos nutricionais. Utilizaram-se dados antropomtricos (peso, altura e circunferncia da cintura) e de consumo alimentar (recordatrio de 24 horas), comparados antes e aps a interveno. Foram empregados os testes t de Student e qui-quadrado. Os indivduos foram classificados de acordo com estado nutricional, adequao percentual de macronutrientes, variao ponderal e sub ou superesti-mao do consumo alimentar. Resultados: Participaram do estudo 70 pacientes, dos quais 72,9% eram mulheres, 48,6% eram idosos e 72,9% eram obesos. O intervalo mdio entre o primeiro e o terceiro atendimentos foi de 4,8 meses. Houve reduo estatisticamente significativa da mdia do peso corporal (87,8 kg vs. 86,8 kg); 62,9% dos pacientes perderam peso e 7,1% dos pacientes atingiram perda de peso maior que 5%. No se observou variao do consumo de energia ou de macronutrientes. A subestimao do consumo alimentar esteve presente em 82,9% da amostra. Concluses: Apesar de efetiva na perda de peso, sugerem-se outras estratgias, alm da interveno nutricional, para o alcance de resultados mais satisfatrios.

    AbStRACtIntroduction: The lifestyle change with a healthy diet is the first-line intervention for the treatment of metabolic syndrome. objective: To evaluate an individualized nutrition inter-vention in patients with metabolic syndrome. methods: There were included all patients with age over 20 years, of both sexes, diagnosed with metabolic syndrome, according the National Cholesterol Education Program (NCEP) Adult Treatment Panel III (ATP III) criteria, in outpatient Nutrition treatment, in So Paulo, between February 2008 and May 2009, with at least three nutritional appointments. Anthropometric (weight, height and waist circumfe-rence) and food intake data (24-hour dietary recall), were used and compared before and after the intervention. The Student t test and chi-square test were performed. Individuals were classified according to nutritional status, percentage adequacy of macronutrients, body weight variation and under-or overestimation of food intake. Results: The study included 70 patients, and 72.9% were women, 48.6% were elderly, and 72.9% were obese. The mean interval between the first and the third assessment was 4.8 months. There was significant reduction in the mean body weight (87.8 kg vs. 86.8 kg); 62.9% of the patients presented body weight reduction and 7.1% achieved weight loss greater than 5%. There was no change in energy or macronutrientes intake. The underestimation of food intake was present in 82.9% of the sample. Conclusions: Although effective in weight loss, it is suggested other strategies, in addition to nutritional intervention, to reach better results.

    1. Nutricionista, especializada em Nutrio em Sa-de Pblica. Disciplina de Nutrio, Departamento de Medicina Preventiva, UNIFESP, So Paulo, SP, Brasil.

    2. Nutricionista, especializada em Nutrio Materno Infantil. Disciplina de Nutrio, Departamento de Medicina Preventiva, UNIFESP, So Paulo, SP, Brasil.

    3. Nutricionista, Mestre em Cincias pela Universi-dade do Estado do Rio de Janeiro. Disciplina de Nutrio, Departamento de Medicina Preventiva, UNIFESP, So Paulo, SP, Brasil

    4. Doutora em Cincias pela UNIFESP, Professora adjunto da Disciplina de Nutrio, Departamento de Medicina Preventiva, UNIFESP, So Paulo, SP, Brasil.

    5. Doutora em Sade Pblica pela Universidade de So Paulo. Professora adjunto da Disciplina de Nutrio, Departamento de Medicina Preventiva, UNIFESP, So Paulo, SP, Brasil.

    Debora Tarasautchi1Lucola de Castro Coelho2Clarissa Viana Demzio da Silva3 Anita Sachs4Leiko Asakura5

    AArtigo Original

  • Tarasautchi D et al.

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 189-94

    INTRODUOObserva-se mundialmente, nos ltimos anos, aumento

    expressivo da prevalncia de doenas crnicas no-transmis-sveis, destacando-se a obesidade, o diabetes melito (DM), a hipertenso arterial (HA) e as doenas cardiovasculares (DCV)1. A sndrome metablica (SM), inicialmente descrita por Reaven2, um conjunto de fatores de risco cardiovascular, como a dislipidemia aterognica, a hipertenso arterial e a alterao da homeostase glicmica, associados resistncia insulina e obesidade central3.

    No Brasil, os dados sobre prevalncia de SM esto restritos a pesquisas localizadas, variando de 21,6%4 a 30%5, em regies rurais, e de 19%6 a 29,8%7, na rea urbana. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da SM incluem dieta inadequada e com excesso de calorias, inatividade fsica e uso de tabaco1,8.

    Diversos estudos demonstram que modificaes no estilo de vida, com foco na interveno nutricional, configuram-se como a primeira linha de interveno na SM ou fatores associados e so efetivas no seu tratamento, principalmente com a reduo do peso corpreo9-12.

    A transio nutricional e a mudana no consumo alimentar no Brasil revelam a importncia da interveno nutricional na preveno e no tratamento da SM13. O objetivo do presente estudo, portanto, foi avaliar a interveno nutricional em pacientes com SM atendidos em ambulatrio, utilizando dados antropomtricos e de consumo alimentar.

    MTODOTrata-se de um estudo de interveno, no qual os partici-

    pantes foram avaliados em trs momentos.Foram selecionados todos os pacientes maiores de 20 anos,

    de ambos os sexos, com diagnstico de sndrome metablica, definido pelos critrios do NCEP ATP III (National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III)14, atendidos num ambulatrio de Nutrio de uma universidade pblica na Cidade de So Paulo, SP, no perodo de fevereiro de 2008 a maio de 2009, que passaram por, pelo menos, trs atendimentos nutricionais.

    Foram excludos: gestantes, nutrizes, pacientes obesos em uso de medicamentos ou frmulas manipuladas objetivando reduo de peso corporal e portadores de condies que interfe-rissem na avaliao antropomtrica (anasarca, ascite, edema de membros inferiores ou superiores). Os pacientes que no preen-chiam os critrios para SM foram encaminhados para grupo de educao nutricional do prprio ambulatrio de nutrio.

    Coleta de dadosForam coletados, no primeiro atendimento, dados sociode-

    mogrficos (sexo, idade, estado civil e escolaridade), antropo-mtricos (peso, altura e circunferncia de cintura), de consumo alimentar e hbitos e estilo de vida (tabagismo, consumo autorreferido de bebida alcolica e prtica de atividade fsica).

    Os dados de antropometria foram aferidos nos trs aten-dimentos. A partir dos dados de peso e altura, construiu-se o ndice de Massa Corporal (IMC = peso (kg)/altura(m2))15. O peso foi aferido em balana eletrnica tipo plataforma, marca

    Filizola, com capacidade para 180 kg e preciso de 100 g, com o indivduo posicionado em p, no centro da balana, descalo e com roupas leves; a altura foi medida utilizando-se o estadimetro porttil marca Sanny de 2 m e com o indivduo em p, descalo, com os calcanhares juntos, costas retas e os braos estendidos ao lado do corpo, e de acordo com o plano de Frankfurt. A medida da circunferncia da cintura (CC) foi realizada com fita mtrica no extensvel de 150 cm, no ponto mdio entre a ltima costela e a crista ilaca. O consumo alimentar foi avaliado por meio do Recordatrio Alimentar de 24 horas (R24h), nos trs atendimentos.

    Todos os dados dos trs momentos de avaliao foram cole-tados por nutricionistas devidamente treinados e capacitados.

    Proposio do tratamento nutricionalO tratamento nutricional foi realizado por nutricionistas,

    segundo protocolo de atendimento previamente estabelecido. No primeiro atendimento, aps a avaliao das medidas antro-pomtricas e do consumo alimentar, os pacientes receberam orientaes nutricionais gerais para o tratamento da SM, com foco nas orientaes prioritrias, de acordo com a condio clnica do paciente. Este julgamento foi realizado pelo prprio nutricionista. Todas as orientaes e recomendaes dietticas foram baseadas nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardio-logia (SBC)3. No segundo atendimento nutricional, os pacientes receberam um plano alimentar individualizado, elaborado a partir dos dados antropomtricos e das informaes obtidas durante a anamnese alimentar.

    No terceiro atendimento, foi feita a avaliao antropomtrica final e de consumo alimentar. Tanto no segundo como no terceiro atendimento verificou-se a adeso ao tratamento proposto e discutiram-se as dificuldades para o seguimento do tratamento nutricional e tambm houve reforo das orientaes anterior-mente propostas. Quando necessrio, solicitou-se a presena de familiar ou cuidador do paciente.

    Anlise de dadosOs dados de consumo alimentar obtidos a partir do R24h

    foram analisados utilizando o Programa de Apoio Nutrio NUTWIN, verso 1.5 compatvel para Windows16. As variveis de consumo alimentar analisadas foram energia e macronutrientes (carboidratos, protenas e lipdeos), comparadas antes (primeiro atendimento) e aps a interveno nutricional (terceiro atendimento). Foi verificada, ainda, a adequao de macronutrientes de acordo com as recomendaes da SBC3 e a relao entre consumo de energia/Gasto Energtico Basal (GEB), calculada de acordo com FAO/OMS17. Esta relao foi utilizada para avaliar se havia subestimao ou superestimao do consumo alimentar. Valores menores que 1,2 foram consi-derados como subrelatos18.

    Compararam-se os valores de peso, IMC e CC antes e aps a interveno nutricional. Os indivduos foram classificados de acordo com o estado nutricional e categorizados em eutrofia, sobrepeso e obesidade. Utilizaram-se os critrios da WHO19 para adultos e da OPAS/OMS20 para idosos ( 60 anos). A avaliao da variao de peso dos pacientes tambm foi realizada segundo perda de 5% do peso inicial.

  • Avaliao da interveno nutricional em pacientes com sndrome metablica

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 189-94

    As anlises estatsticas foram realizadas utilizando-se o pacote estatstico Statistical Package of Social Science SPSS, verso 15.0 para Windows. Para a comparao das mdias das variveis antes e aps a interveno, foi utilizado o teste t de Student para dados emparelhados. Empregou-se o teste do qui-quadrado para verificar a existncia de associao entre variao de peso (ganho de peso, perda de peso maior ou igual a 5% ou menor que 5%) e idade, sexo, escolaridade, estado civil e adequao na proporo de macronutrientes. O nvel de significncia estatstica considerado foi de 5% (p< 0,05).

    Para efeito de anlises, utilizaram-se os dados do primeiro e do terceiro atendimentos, considerando que os pacientes receberam o plano alimentar individualizado no segundo atendimento.

    RESULTADOSParticiparam do estudo 70 pacientes, sendo 72,9% do sexo

    feminino e 51,4% adultos, com mdia de idade (desvio padro) de 57,6 (9,5) anos. A maioria dos indivduos era casada (64,3%). Quanto ao grau de instruo, a maioria (52,9%) possua ensino fundamental incompleto, com igual proporo de pacientes com ensino fundamental completo e ensino mdio completo (14,3%), e tambm a mesma porcentagem da amostra com ensino superior completo ou analfabeta (7,1%).

    tabela 1 Valores mdios e desvio padro de variveis antropomtricas e de consumo alimentar, segundo o perodo de interveno.

    Varivel Pr-interveno (n=70)Ps-interveno

    (n=70)

    Peso (kg)* 87,8 (17,8) 86,8 (17,9)

    IMC (kg/m2)* 34,3 (5,9) 33,9 (5,9)

    CC (cm) # 110,6 (12,9) 110,5 (13,0)

    Valor calrico (kcal) 1295,6 (501,9) 1206,3 (470,3) #

    Protenas (g) 65,3 (32,2) 61,1 (30,1) #

    Lipdeos (g) 40,7 (20,7) 42,3 (24,3) #

    Carboidratos (g) 171,1 (74,3) 151,9 (58,4) #

    Protenas (% kcal) 20,3 (7,6) 20,3 (6,4)

    Lipdeos (% kcal) 28,2 (7,9) 31,0 (8,1)

    Carboidratos (% kcal) 52,8 (11,2) 51,0 (10,9)

    tabela 2 Valores mdios e desvio padro de variveis antropomtricas, com estratificao por sexo e idade, segundo o perodo de interveno.

    VarivelPr-interveno Ps-interveno (n=70)

    Homens (n=19)

    mulheres (n=51)

    Adultos (n=36)

    Idosos (n=34)

    Homens (n=19)

    mulheres (n=51)

    Adultos (n=36)

    Idosos (n=34)

    Peso (kg) 94,5 (20,0) 85,2 (16,4) 89,9 (17,4) 84,4 (17,0) 94,5 (20,2) 84,0 (16,3)* 89,0 (17,6)** 83,6 (16,9)

    IMC (kg/m2) 32,2 (5,3) 35,0 (6,0) 34,7 (5,8) 33,6 (5,8) 32,2 (5,4) 34,5 (6,0)* 34,4 (5,8)** 33,3 (5,7)

    CC (cm) 113,3 (14,9) 109,6 (12,0) 111,2 (13,7) 109,2 (11,3) 114,0 (15,7) 109,0 (11,5) 111,0 (13,6) 109,2 (11,6)

    No que se refere a hbitos de vida, 74,3% no eram fumantes atuais nem pregressos e 84,3% referiram no consumir bebida alcolica. A maioria dos pacientes (57,1%) referiu realizar ativi-dade fsica, entretanto sem especificaes de frequncia, tipo e durao da mesma. Quanto ao diagnstico nutricional inicial, segundo o IMC, 72,9% foram classificados em obesidade, 17,1% em sobrepeso e 10% em eutrofia. Entre os homens, a proporo de pacientes com CC com valores maiores ou iguais ao definido para classificao de SM14 foi de 78,9% e entre as mulheres, de 90,2%. O intervalo mdio de tempo entre a primeira e a segunda consulta foi de 2,2 meses; entre a segunda e terceira, 2,6 meses, e entre a primeira e a terceira, 4,8 meses.

    No foi possvel a utilizao das medidas de circunfe-rncia de cintura de quatro pacientes, tanto antes como aps a interveno, por motivos de hrnia umbilical ou impossi-bilidade de realizao da medida conforme o procedimento padronizado. Quatro pacientes foram excludos da avaliao do consumo alimentar aps a interveno, por insuficincia de dados no R24hs.

    Observou-se reduo estatisticamente significativa (p

  • Tarasautchi D et al.

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 189-94

    DISCUSSOSabe-se que a reduo de peso e que estratgias de inter-

    veno individualizadas21, como a personalizao da dieta, so de extrema importncia para tratar os componentes da SM e reduo do risco cardiovascular9,22. De acordo com os resul-tados apresentados, a interveno nutricional contribuiu para reduo significativa do peso e do IMC apenas em mulheres e adultos. Pode-se explicar a perda ponderal apenas em mulheres, pelo fato de que estas representavam quase que a totalidade (72,9%) da amostra e isto pode ser atribudo ateno dada pelas mulheres quanto ao aparecimento de problemas de sade, com consequente aumento na utilizao dos servios. A idade avanada favorece uma baixa adeso ao tratamento, seja pela presena de vrias doenas crnicas ou pela diminuio da capacidade cognitiva e funcional23, o que pode explicar a no variao antropomtrica como resposta interveno nutricional proposta observada nos idosos.

    No presente estudo, no foi encontrada reduo signifi-cativa de CC, o que difere dos resultados de alguns estudos de interveno nutricional12,22,24-28. H limitaes inerentes prpria medida, considerando a dificuldade em identi-ficar os pontos anatmicos em indivduos com obesidade abdominal.

    Apesar de a maioria dos pacientes ter perdido peso, apenas cinco pacientes atingiram perda de peso preconizada de 5%. A mdia de reduo percentual de peso encontrada foi de 1,1% do peso corporal inicial, inferior ao estudo de Alvarez & Zanella28, que observaram perda de 2% e que realizaram tambm inter-veno nutricional isolada. Entretanto, o perodo de interveno foi mais curto (20 semanas) e realizou-se o atendimento nutri-cional em grupo, diferentemente do presente estudo.

    bem estabelecido na literatura que a reduo na CC e a perda de peso superior a 5% relacionam-se com melhoras no perfil bioqumico10,22,25,26,29-31, inflamatrio, neuroendcrino24,26

    e hemodinmico24,25 de pacientes com excesso de peso e obesi-dade abdominal.

    Os estudos nos quais houve perda ponderal superior a 5% em parte considervel da amostra10,22,24-26,29-32 ou reduo signifi-cativa da CC12,22,24-28, em geral, associaram a terapia nutricional a outras prticas, como a atividade fsica ou acompanhamento psicolgico, em uma abordagem multidisciplinar33.

    Outra possvel explicao para a perda peso inferior a 5% o intervalo de tempo entre as consultas, em geral superior ao dos demais estudos de interveno, com intervalos mensais ou menores22,24,26,28,31,32 ou at entre uma e trs vezes por semana11,25,27,33.

    Baixa adeso ao tratamento e falta de motivao para modi-ficao de estilo de vida, principalmente em longo prazo, so vistas como um dos aspectos centrais na predio de piores resultados no tratamento9,34 e devem ser consideradas neste estudo.

    Quanto ao consumo alimentar, no foi observada reduo significativa no valor energtico, assim como no estudo de Bo et al.21. Entretanto, outros autores11,12,28 observaram reduo no valor calrico aps a interveno nutricional.

    Estudos que compararam o consumo de energia estimado por mtodos de inquritos alimentares, em relao ao gasto energtico estimado por gua Duplamente Marcada (ADM), considerado padro ouro35, ou frmulas preditivas de GEB, encontraram subestimao do consumo alimentar quanto maior a idade35 ou o IMC do indivduo36-38. importante ressaltar que a subestimao encontrada no presente estudo, em 82,9% dos pacientes, foi calculada com o valor de GEB estimado por equaes preditivas e, considerando que grande parte da amostra deste estudo composta por obesos e praticamente metade dos indivduos idosa, a subestimao do consumo alimentar um fator importante a ser considerado. Nesse sentido, a variao antropomtrica observada no presente estudo parece refletir melhor a adeso interveno nutricional.

    A utilizao do R24h para avaliar a interveno nutricional baseou-se nas caractersticas deste instrumento, que permite ao investigador calcular a mdia de consumo de energia e macro-nutrientes a partir das informaes qualitativas e quantitativas relatadas pelos entrevistados. Poderia ter sido utilizado o registro alimentar de trs dias (RA3d), que forneceria informaes mais detalhadas sobre a variao intra-individual39, entretanto, devido s caractersticas etrias e de nvel de escolaridade dos pacientes atendidos, isto , metade destes era idosa e no tinha ensino fundamental completo, o preenchimento do inqurito alimentar e, consequentemente, a avaliao do consumo de alimentos poderiam ser comprometidos.

    CONCLUSOComo concluso, a interveno nutricional individualizada

    foi efetiva para a perda de peso, que pode estar associada a melhoras na SM e fatores associados. Resultados mais satis-fatrios, como perda ponderal superior a 5% do peso em mais pacientes e reduo na CC, no foram encontrados. Sugestes para alcanar estes objetivos so o envolvimento de equipe multiprofissional e a reduo no intervalo de tempo entre as consultas. O consumo alimentar deve ser analisado com cautela, devido s limitaes apresentadas pelo prprio mtodo e alta prevalncia de subestimao do consumo de alimentos.

    tabela 3 Distribuio de pacientes segundo faixa de adequao de macronutrientes.

    Varivel Pr-intervenon=70 (%)Ps-interveno

    n=66 (%)Protenas

    15% 20 (28,6) 11 (16,7)

    > 15% 50 (71,4) 55 (83,3)

    Lipdeos

    25% 27 (38,6) 11 (16,7)

    25-35% 28 (40,0) 37 (56,1)

    >35% 15 (21,4) 18 (27,3)

    Carboidratos

    50 27 (38,6) 27 (40,9)

    50-60% 27 (38,6) 29 (43,9)

    >60% 16 (22,8) 10 (15,2)

  • Avaliao da interveno nutricional em pacientes com sndrome metablica

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    AGRADECIMENTOS Fundao do Desenvolvimento Administrativo da Secre-

    taria de Administrao do Estado de So Paulo (FUNDAP) pela bolsa de estudo (D.T.) e s nutricionistas Amanda Gonalves Lopes, Andrea Mariana Nunes da Costa Teixeira, Marina de Queiroz Freire, Michele Cristina Ferreira, Natasha Cristina Santos, Priscila Regina Bolelli Broinizi, Simone Kimie Oku, Tiemy Rosana Komatsu pelo auxlio na coleta de dados antro-pomtricos e de consumo alimentar.

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    Local de realizao do trabalho: Disciplina de Nutrio, Departamento de Medicina Preventiva, Universidade Federal de So Paulo (UNIFESP), So Paulo, SP, Brasil.

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  • Mutaes espontneas e induzidas in vivo: estudo do concentrado protico do soro de leite

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 195-200

    Mutaes espontneas e induzidas in vivo : estudo do concentrado protico do soro de leite por meio do teste de microncleo Spontaneous and induced mutations in vivo: study of milk whey protein concentrate by micronucleus test

    Unitermos: Testes de mutagenicidade. Protenas do leite. Ciclofosfamida.

    Key words: Mutagenicity tests. Milk proteins. Cyclophosphamide.

    Endereo para correspondncia:Luciano Bruno de Carvalho SilvaRua Gabriel Monteiro da Silva, 700 - Centro - Alfe-nas, MG, Brasil - CEP 37130-000E-mail: [email protected]

    Submisso9 de setembro de 2010

    Aceito para publicao15 de outubro de 2010

    RESUmoobjetivo: Verificar, por meio do teste de microncleo, a capacidade mutagnica/antimu-tagnica do concentrado protico do soro de leite em camundongos induzidos a danos no DNA por ciclofosfamida. mtodo: Foram utilizados camundongos machos Swiss, divididos em seis grupos com oito animais alimentados com dieta AIN-93G modificada, com utili-zao dos nveis proticos de 12, 17 e 25%. Nos grupos teste, a casena foi substituda por concentrado do soro de leite e a composio centesimal determinada. O teste do microncleo se baseou nas frequncias de microncleos em 1000 eritrcitos policromticos de cada animal em microscpio ptico. O agente indutor de microncleo foi a ciclofosfa-mida na concentrao de 50 mg/kgp.c. Resultados: As dietas no apresentaram efeito mutagnico, uma vez que a frequncia de eritrcitos policromticos micronucleados foi menor nos grupos teste em relao ao controle negativo. Entretanto, foi observado efeito antimutagnico das dietas teste. Esta frequncia tambm foi menor nos grupos teste em relao ao controle positivo nos teores de 12, 17 e 25%, com reduo de 69, 46 e 12%, respectivamente. Concluso: O teste de microncleo mostrou-se um mtodo prtico para triagem de ingredientes alimentares quanto ao seu potencial mutagnico/antimutagnico, devido a sua rapidez, baixo custo e consumo de rao. A avaliao das dietas base de concentrado do soro de leite nas trs concentraes avaliadas no apresentou efeito mutagnico, sendo efetivas na diminuio dos danos causados pela ciclofosfamida.

    AbStRACtobjective: To check by means of the micronucleus test, the mutagenic/antimutagenic capacity of the milk whey protein concentrate on mice with induced DNA damage by cyclophosphamide. methods: Male Swiss mice were used, divided into six groups, having eight animals fed with AIN-93G modified diet, using protein levels of 12%, 17% and 25%, respectively. On the test groups, casein was replaced by milk whey protein concentrate and the centesimal composition was determined. The micronucleus test was based on micronucleus frequencies in 1000 polychromatic erythrocytes from each animal on the optical microscope. The micronucleus inductor agent was the cyclophosphamide under the concentration of 50 mg/ kgp.c. Results: The diets havent presented mutagenic effect, once the frequency of the micronucleated polychromatic erythrocytes was lower on the test groups in relation to the negative control. Meanwhile, antimutagenic effect was observed on the test diets. This frequency was also lower in the test groups in relation to the positive control for the concentrations of 12%, 17%, and 25%, with a reduction of 69%, 46% and 12%, respectively. Conclusion: The micronucleus test showed to be a practical method for triage of alimentary elements as to their mutagenic/antimutagenic potencial, due to its speed, low cost and low ration consumption. The evaluation of milk whey protein concentrate diets, under the three evaluated concentrations, hasnt presented mutagenic effect, being effective on the reduction of damages caused by cyclophosphamide.

    1. Doutor em Alimentos e Nutrio pela Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas, Professor Adjunto da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), Alfenas, MG, Brasil.

    2. BolsistadeIniciaoCientficadaUNIFAL-MG,Alfenas, MG, Brasil.

    3. Doutora em Cincia e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Viosa, Professora Adjunta da UNIFAL-MG, Alfenas, MG, Brasil.

    Luciano Bruno de Carvalho Silva1Maysa do Vale Oliveira2Luciana Azevedo3

    AArtigo Original

  • Silva LBC et al.

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    Rev Bras Nutr Clin 2010; 25 (3): 195-200

    INTRODUOSegundo a Organizao Mundial de Sade (OMS), o cncer

    a principal causa de morte, havendo projeo de aumento em 100% dos casos nos prximos 20 anos, sendo que 60% esto relacionados a causas ambientais. Os alimentos enquadram-se entre os principais fatores ambientais, de grande impacto sobre o desenvolvimento desta doena, os quais podem ser controlados e modificados, tendo em vista o conhecimento de suas propriedades fsico-qumicas. Nesse sentido, os alimentos tambm tm sido considerados vetores de agentes protetores do cncer, inclusive de fatores no modificveis, como exposio ao sol1,2. No entanto, substncias contidas em alimentos, como aditivos e outras que podem surgir com o cozimento, fritura e queima dos alimentos, como a acrilamida, podem causar leses pr-cancerosas3,4.

    Dentre os alimentos ou ingredientes com potencial protetor, as protenas do soro de leite tm se destacado pelo aumento da sntese de glutationa (GSH), potente antioxidante. Essas fontes proticas so encontradas na frao lquida do leite, representando aproximadamente 20% do seu contedo total5. Comercialmente, esto disponveis nas formas de concentrado, isolado e hidroli-sado. Avaliadas pelo teste de criptas aberrantes em clons de camundongos alimentados com esse ingrediente durante 120 dias, foi observado efeito protetor contra o agente mutagnico dimeti-lhidrazina. Nesse modelo experimental,