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RH Municipal
Como Aplicar Punições
Funcionais
Dia 16 - das 13h30 às 17h30
O Controle Disciplinar dos Servidores
Dia 17 - das 9h às 12h
Como Aplicar Advertência, Suspensão e Demissão
Nome:
A Unipública
Conceituada Escola de Gestão Municipal do sul do país, especializada em capacitação e treinamento de agentes
públicos atuantes em áreas técnicas e administrativas de prefeituras, câmaras e órgãos da administração indireta, como fundos,
consórcios, institutos, fundações e empresas estatais nos municípios.
Os Cursos
Com diversos formatos de cursos técnicos presenciais e à distância (e-learning/online), a escola investe na qualidade
e seriedade, garantindo aos alunos:
- Temas e assuntos relevantes e atualizados ao poder público
- Professores especializados e atuantes na área (Prática)
- Certificados de Participação digitalizado
- Material complementar de apoio (leis, jurisprudências, etc)
- Tira-dúvidas durante realização do curso
- Controle biométrico de presença (impressão digital)
- Atendimento personalizado e simpático
- Rigor no cumprimento de horários e programações
- Fotografias individuais digitalizadas
- Apostilas e material de apoio
- Coffee Breaks em todos os períodos
-Acesso ao AVA (Ambiente Virtual do Aluno)para impressão de certificado, grade do curso, currículo completo dos
professores, apostila digitalizada, material complementar de apoio de acordo com os temas propostos nos cursos, chat
entre alunos e contato com a escola.
Público Alvo
- Servidores e agentes públicos (secretários, diretores, contadores, advogados, controladores internos, assessores,
atuantes na área de licitação, recursos humanos, tributação, saúde, assistência social e demais departamentos) .
- Autoridades Públicas, Vereança e Prefeitos (a)
Localização
Nossa sede está localizada em local privilegiado da capital do Paraná, próximo ao Calçadão da XV, na Rua Des.
Clotário Portugal nº 39, com estrutura própria apropriada para realização de vários cursos simultaneamente.
Feedback
Todos os cursos passam por uma avaliação criteriosa pelos próprios alunos, alcançando índice médio de satisfação
9,3 no ano de 2014, graças ao respeito e responsabilidade empregada ao trabalho.
Transparência
Embora não possua natureza jurídica pública, a Unipública aplica o princípio da transparência de seus atos mantendo
em sua página eletrônica um espaço específico para esse fim, onde disponibiliza além de fotos, depoimentos, notas de
avaliação dos alunos e todas as certidões de caráter fiscal, técnica e jurídica.
Qualidade
Tendo como principal objetivo contribuir com o aperfeiçoamento e avanço dos serviços públicos, a Unipública
investe no preparo de sua equipe de colaboradores e com rigoroso critério, define seu corpo docente.
Missão
Preparar os servidores e agentes, repassando-lhes informações e ensinamentos gerais e específicos sobre suas
respectivas áreas de atuação e contribuir com:
a) a promoção da eficiência e eficácia dos serviços públicos
b) o combate às irregularidades técnicas, evitando prejuízos e responsabilizações tanto para a população quanto para
os agentes públicos
c) o progresso da gestão pública enfatizando o respeito ao cidadão
Visão
Ser a melhor referência do segmento, sempre atuando com credibilidade e seriedade proporcionando satisfação aos
seus alunos, cidadãos e entidades públicas.
Valores
Reputação ilibada
Seriedade na atuação
Respeito aos alunos e à equipe de trabalho
Qualidade de seus produtos
Modernização tecnológica de metodologia de ensino
Garantia de aprendizagem
Ética profissional
SEJA BEM VINDO, BOM CURSO!
Telefone (41) 3323-3131 / Whats (41) 8852-8898
www.unipublicabrasil.com.br
Programação:
O Controle Disciplinar dos Servidores Dia 16 - das 13h30 às 17h30
1 A pedagogia do controle disciplinar:
a) melhora a eficiência
b) evita falhas e responsabilizações
c) aumenta a produção
d) reduz gastos
2 Teoria Geral da Infração Administrativa
3 Regras de conduta, ilícito e sanção
4 Caracterização da infração administrativa:
a) desvalor de conduta
b) resultado
5 O dever de representar:
a) cautelas
b) elementos básicos na representação
6 Principiologia do Processo Administrativo
7 Sindicância Procedimento
8 Sindicância Processo
Como Aplicar Advertência, Suspensão e Demissão
Dia 17 - das 9h às 12h
1 Razões do PAD
2 Fases:
a) instauração,
b) inquérito (instrução, defesa e relatório)
c) julgamento
3 Nulidades, recursos e revisão
4 Infrações administrativas em espécies
5 Outros temas relevantes:
a) afastamento cautelar
b) servidor em estágio probatório
c) compromisso de ajustamento de conduta
d) comunicabilidade de instâncias
6 Jurisprudência e estudo de casos
Professor:
Ricardo Tadao Ynoue: Procurador jurídico Municipal, especialista em Direito do Estado.
Sumário
O CONTROLE DISCIPLINAR DOS SERVIDORES ............................................................................ 1
COMO APLICAR ADVERTÊNCIA, SUSPENSÃO E DEMISSÃO .................................................. 11
1 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
O CONTROLE DISCIPLINAR DOS SERVIDORES Ricardo Tadao Ynoue.
1 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
RESPONSABILIDADE = RESPONDER Sentido AMPLO;
Sentido ESTRITO.
REGRA: Independência das instâncias administrativa, penal e civil.
EXCEÇÃO: Absolvição Criminal por Inexistência do Fato ou Autoria ou por Excludentes de Ilicitude (por Falta de
Prova NÃO!) e Condenação Criminal Definitiva (vincula apenas quanto à autoria e materialidade).
Jurisprudência
MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. AGENTE DA POLÍCIA
FEDERAL. DEMISSÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. (...) PENALIDADE DE DEMISSÃO.
DESNECESSIDADE DE AÇÃO JUDICIAL. INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS ADMINISTRATIVA, PENAL E
CIVIL.
(...)
8. É assente no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que a infração disciplinar que configura ato de
improbidade acarreta demissão, independentemente de ação judicial prévia, consequência direta da independência das
esferas administrativa, civil e penal.
(MS 14.968/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/03/2014, DJe
25/03/2014)
RMS - ADMINISTRATIVO - FUNCIONARIO PUBLICO - DEMISSÃO - JURISDIÇÕES PENAL E
ADMINISTRATIVA - AS JURISDIÇÕES INTERCOMUNICAM-SE, PREVALECE A JURISDIÇÃO PENAL; ESTA
PROJETA SEMPRE A VERDADE REAL. NÃO SE ADMITEM PRESUNÇÕES, COMO NA JURISDIÇÃO CIVIL.
NEGADO O FATO, OU A AUTORIA, REPERCUTE DE MODO ABSOLUTO EM TODAS AS AREAS JURIDICAS.
ABSOLVIÇÃO POR OUTRO FUNDAMENTO NÃO AFETA O RESIDUO ADMINISTRATIVO. PODE, POIS,
OCORRER A DEMISSÃO DO FUNCIONARIO PUBLICO.
(RMS 4.561/SP, Rel. Ministro LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, SEXTA TURMA, julgado em 11/03/1996, DJ
23/09/1996, p. 35152)
INCOMUNICABILIDADE DAS ESFERAS PENAL E ADMINISTRATIVA
2 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
19. Consoante a jurisprudência do STJ, as esferas penal e administrativa são independentes e a única vinculação
admitida é quando o acusado é inocentado na Ação Penal em face da negativa de existência do fato ou quando não
reconhecida a autoria do crime, o que não se afigura nos autos. Precedentes.
20. A sanção disciplinar teve como motivo conduta culposa ofensiva à dignidade da função e dos deveres de magistrado
na vida pública e particular, de forma que a hipótese normativa é autônoma em relação aos fatos delituosos praticados
pelo favorecido com o empréstimo do terreno
21. Ainda que houvesse denúncia e absolvição por hipotética participação do recorrente nos referidos crimes contra o
patrimônio, seria o caso de reconhecer a incidência da Súmula 18/STF: "Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público". Nesse sentido: REsp
1.226.694/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 20/9/2011; REsp 1.199.083/SP, Rel. Ministro
Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8/9/2010.
22. Recurso Ordinário não provido, ressalvadas as vias judiciais ordinárias.
(RMS 36.325/ES, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe
05/12/2013)
RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE RESPONSABILIDADE. PREFEITO. PRÉVIO ESGOTAMENTO
DA ESFERA ADMINISTRATIVA. DESNECESSIDADE. INDEPENDÊNCIA ENTRE OS PODERES.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. O trancamento da ação penal no âmbito de habeas corpus é medida excepcional, somente cabível quando
demonstrada a absoluta ausência de provas da materialidade do crime e de indícios de autoria (falta de justa causa), a
atipicidade da conduta ou a existência de causa extintiva da punibilidade.
2. Pelo princípio da independência entre os três Poderes da República, é possível que, na esfera penal, haja a
comprovação do fato supostamente delituoso e a identificação da respectiva autoria, sem, contudo, nenhuma vinculação
com a instância de controle exercida pelos Tribunais de Contas.
3. O regime constitucional de controle da res publica não importa em dependência das esferas penal e administrativa
quanto à verificação da licitude dos convênios firmados entre entidades públicas federais e municípios.
4. A competência dos Tribunais de Contas limita-se à aferição das regularidades formais dos atos que envolvem
dinheiro, bens e valores público, e seu pronunciamento final - quer pela regularidade, quer pela irregularidade das contas
examinadas - não é definitivo para evidenciar indícios de materialidade dos crimes de peculato desvio apurados na ação
penal.
5. O fato de o Tribunal de Contas da União ter constatado a presença de indícios de irregularidades na execução dos
contratos, somado aos demais elementos de prova presentes nos autos, autorizam que seja dada continuidade à
persecução penal, durante a qual o recorrente terá a oportunidade de produzir provas com o fim de demonstrar a
subsistência dos seus argumentos.
6. Ainda que o TCU considerasse regular a execução dos contratos celebrados pelo Município de Itabaiana/SE, tal fato,
por si só, não teria o condão de ilidir a justa causa para a ação penal proposta pelo Ministério Público Federal, em razão
da independência entre as esferas administrativa e penal.
7. Recurso em habeas corpus não provido.
(RHC 21.403/SE, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe
03/02/2015)
Conceito de responsabilidade administrativa: “A responsabilidade administrativa consiste no dever de o agente
estatal responder pelos efeitos jurídico-administrativos dos atos praticados no desempenho de atividade administrativa
estatal, inclusive suportando a sanção administrativa cominada em lei pela prática de ato ilícito”. (Marçal Justen Filho)
Investidura em função pública = comprometimento entre o agente estatal e o Estado
Regras de conduta = deveres e proibições
Infração (ato ilícito) = conduta reprovável
Sanção = resposta ao ato ilícito
“Ninguém pode ser condenado sem ser ouvido ou sem que seja assegurada a respectiva defesa” (Nemu inauditus
damnari potest) – Princípio Geral do Direito
CF/1988: Art. 5º, LIV - “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”
CF/1988: Art. 5º, LV - “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”
2 LEITURA DAS REGRAS PROCEDIMENTAIS
Regras Procedimentais do PAD: cada ENTE FEDERATIVO edita o seu, podendo existir mais de uma
regulamentação, conforme o regime jurídico de cada carreira (Estatuto).
Estatutos antigos (antes da CF/1988) Filtragem constitucional (leitura e aplicação à luz da nova ordem constitucional)
Apuração da Resp. Funcional (Verdade Material)
X
3 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
Ampla Defesa e Contraditório
3 TEORIA GERAL DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
Ilícito e Sanção = categoria jurídicas gerais
“Não há distinções ontológicas entre os vários tipos de ilícito (penal, administrativo, civil, etc.) e de sanção (penal, administrativa, civil, etc.). Demais disto, lícito é o comportamento adequado ao comando normativo de proibição ou
de obrigação; ilícito (em senso lato) é o desconforme. (...) O ilícito é o antecedente da sanção e, em regra, a sanção é
sua consequência lógico-jurídica”. (Daniel Ferreira – Teoria da Infração Administrativa)
ENTRETANTO: A infração aos deveres e proibições inerentes ao regime jurídico funcional comportam um
tratamento jurídico positivo (legislação) próprio. “A inexistência de distinção lógico-jurídica entre os ilícitos não leva a conclusão que o mesmo se dê no plano jurídico
positivo. Apenas conforme os limites traçados pela Carta da República é que se vai poder reconhecer o espaço normativo próprio (leia-se conforme a Constituição) para infração administrativa e para o crime com fulcro no ‘ius
puniendi’ total (do Estado)”. (Daniel Ferreira – Teoria da Infração Administrativa)
Regime Jurídico de Direito Sancionador (Marçal Justen)
1. Os ilícitos e sanções obedecem ao regime próprio do Direito Penal;
2. Aplica-se o princípio da legalidade no tocante à definição das infrações e na fixação das sanções;
3. A configuração da ilicitude depende da presença de um elemento subjetivo reprovável, que integra a descrição
normativa do ilícito;
4. O sancionamento se subordina ao princípio da proporcionalidade;
5. A observância ao devido processo legal, com respeito ao contraditório e a ampla defesa, é uma condição
inafastável para a punição.
Jurisprudência
DIREITO ADMINISTRATIVO. ATIVIDADE SANCIONATÓRIA OU DISCIPLINAR DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL COMUM. ARTS.
615, § 1o. E 664, PARÁG. ÚNICO DO CPP. NULIDADE DE DECISÃO PUNITIVA EM RAZÃO DE VOTO
DÚPLICE DE COMPONENTE DE COLEGIADO. RECURSO PROVIDO.
Consoante precisas lições de eminentes doutrinadores e processualistas modernos, à atividade sancionatória ou
disciplinar da Administração Pública se aplicam os princípios, garantias e normas que regem o Processo Penal
comum, em respeito aos valores de proteção e defesa das liberdades individuais e da dignidade da pessoa
humana, que se plasmaram no campo daquela disciplina.
(...)
Os regimentos internos dos órgãos administrativos colegiados sancionadores, qual o Conselho da Polícia Civil do
Paraná, devem obediência aos postulados do Processo Penal comum; prevalece, por ser mais benéfico ao indiciado,
o resultado de julgamento que, ainda que por empate, cominou-lhe a sanção de suspensão por 90 dias, excluindo-se o
voto presidencial de desempate que lhe atribuiu a pena de demissão, porquanto o voto desempatador é de ser
desconsiderado.
(STJ - RMS 24559/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 03/12/2009,
DJe 01/02/2010)
MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. DEMISSÃO. PEDIDO DE
REVISÃO FEITO PELA SERVIDORA. REINTEGRAÇÃO. CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO. ANÁLISE
DA LEGALIDADE DO PROCESSO. RECOMENDAÇÃO DE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE REVISÃO.
PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA. NOVA PORTARIA ANULANDO A ANTERIOR PARA INDEFERIR O PEDIDO DE
REVISÃO E REESTABELECER A DEMISSÃO. INEXISTÊNCIA DE INTIMAÇÃO E MANIFESTAÇÃO DA
SERVIDORA. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE DE
REVISÃO DO ATO QUE ANULA DEMISSÃO E REINTEGRA A SERVIDORA.
1. A Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social opinou pelo acolhimento da recomendação da
Controladoria-Geral da União, cujo parecer foi aceito pelo titular da Pasta, por meio da Portaria n. 236, publicada em
4/9/2009, que declarou a nulidade dos pedidos de revisão, com atribuição de efeitos ex tunc, tornando sem efeitos o ato
que reintegrava a ora impetrante e restabelecendo o ato que a demitira.
2. Inexiste nos autos qualquer ato administrativo no sentido de garantir à servidora a indispensável ciência de que o ato
de sua reintegração estava sendo reapreciado e de lhe permitir apresentar defesa ou se manifestar a respeito da possível
anulação da portaria que acolhera o pedido de revisão e ensejara a sua reintegração.
4 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
3. Não se pode admitir que a servidora, uma vez reintegrada no cargo de Auditor-fiscal Previdenciário, tenha sua
demissão reestabelecida sem ser previamente intimada para tomar ciência da atuação da Administração Pública nesse
intuito e sem lhe ser garantida a oportunidade de se manifestar.
4. Segurança concedida.
(MS 14.937/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/06/2013, DJe
01/08/2013)
Infração Administrativa: comportamento do servidor, no âmbito de suas atribuições, ou a pretexto de exercê-las, que
seja típico, antijurídico e reprovável.
Tipicidade: adequação (positiva ou negativa) do fato à norma funcional:
adequação formal: o fato corresponde ao texto da lei?
adequação material: há desvalor da conduta (criação ou incremento de risco proibido) ou desvalor do resultado
(ofensa a bem jurídico, prejuízo à Administração)?
adequação subjetiva: o servidor quis ou pretendia o resultado?
Jurisprudência
PROCESSUAL PENAL. MANDADO DE SEGURANÇA. SANÇÃO AO ADVOGADO QUE ABANDONA A
CAUSA SEM PRÉVIA COMUNICAÇÃO AO JUÍZO (NÃO COMPARECIMENTO A AUDIÊNCIA). ART. 265
DO CPP. DESRESPEITO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL (ART. 5o., LIV E LV DA CF/88). RECURSO
PROVIDO. 1. Não é lícito ao Advogado abandonar sem justo motivo previamente comunicado ao Juízo, o patrocínio da causa, no
momento da realização de ato processual ao qual, devidamente intimado, deve comparecer, por configurar, prima facie,
menoscabo às atividades do Poder Judiciário, nas quais desempenha função essencial e insubstituível (art. 133 da Carta
Magna).
2. Não se deve confundir a ausência a determinado ato processual com o abandono do processo, tal como previsto no
art. 265 do CPP (redação da Lei 11.719/08), tanto que cumpre ao Juiz, em tal hipótese, se for o caso, nomear defensor
substituto, como dispõe o art. 265, § 2º do CPP (redação da Lei 11.719/08), mas sem afastar a atuação do causídico em
atos processuais futuros.
3. A aplicação de qualquer sanção, ainda que de cunho administrativo, mas com reflexo patrimonial, se sujeita aos
rígidos padrões de procedimento que integram o due process of law (justo processo jurídico), que não admite a noção
de responsabilidade objetiva por ato infracional disciplinar, a exigir a devida apuração de sua prática e do
correspondente contexto circunstancial em que ocorreu, haja vista o disposto nos incisos LIV e LV do art. 5o. da
Constituição Federal. 4. Cabe ao Juiz prover medidas de pronta eficácia para impedir delongas processuais, inclusive suscitando ao órgão de
classe dos Advogados a adoção de sanções administrativas, mas deve abster-se de exercer diretamente essa atividade de
controle disciplinar.
5. Recurso a que se dá provimento, para conceder a ordem de segurança.
(RMS 32.742/MG, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 15/02/2011, DJe
09/03/2011)
Antijuridicidade: um fato típico é também antijurídico (contrário ao Direito) quando não é amparado por outra norma
justificante: Legitima Defesa, Estado de Necessidade, Estrito Cumprimento do Dever Legal, Exercício Regular de
Direito, etc;
Reprovabilidade: o servidor teria capacidade de agir conforme a norma? Dois aspectos:
cognitivo: capacidade de entender a ilicitude;
volitivo: capacidade de dirigir a conduta conforme esse entendimento.
Sanção Administrativa: punição restritiva de direitos ou ampliativa de deveres, prevista em lei como consequência da
prática de infração administrativa reprovável, imposta por meio de processo administrativo.
Função retributiva: visa infligir um mal ao servidor infrator. Não se presta a ressarcir os prejuízos ou os danos
causados.
Função preventiva: a sua ameaça serve de desincentivo à pratica de novas infrações pelo próprio infrator (específica) e
pelos demais servidores (geral).
Princípio de Proporcionalidade: a severidade da sanção aplicada deve guardar relação de proporcionalidade com a
gravidade da conduta punida (grau de reprovabilidade).
Princípio da necessidade: a sanção deve ser a suficientemente necessária para reprovar e prevenir o ilícito.
Jurisprudência
ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. NULIDADE.
DESPROPORCIONALIDADE DA DEMISSÃO.
- Num contexto em que a prática de atos tidos por ilícitos teve natureza eventual e deu-se num momento em que,
razoavelmente, não se deveria exigir conduta diversa do agente, a aplicação da penalidade administrativa capital
apresenta-se desmedida.
(...)
5 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
- A aplicação de sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público,
como se verificou no caso, é manifestamente ilegal (art. 2º, parágrafo único, inciso VI, da Lei n. 9.784/1999). A lei não
ampara o afastamento dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade quando da aplicação da medida
sancionadora. Segurança concedida.
(MS 18.023/DF, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/05/2012, DJe
18/05/2012)
4 O DEVER DE APURAR
A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração
imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.
Enunciado CGU nº 04 “Prescrição. Instauração. A Administração Pública pode, motivadamente, deixar de deflagrar procedimento
disciplinar, caso verifique a ocorrência de prescrição antes da sua instauração, devendo ponderar a utilidade e a
importância de se decidir pela instauração em cada caso”.
Formas de conhecimento, pela autoridade competente, de irregularidades:
Representação Funcional;
Denúncia (inclusive anônima);
Notícias veiculadas pela Mídia;
Representações oficiadas por outros órgãos (Judiciário, MP, TCE, OAB, etc.);
Trabalhos de Auditoria;
Resultados de Investigação Preliminar ou de Sindicância.
Denúncia Anônima: deve ser apurada se os fatos foram narrados de forma objetiva e plausível
Enunciado CGU nº 03: Delação Anônima. Instauração. A delação anônima é apta a deflagrar apuração preliminar no
âmbito da Administração Pública, devendo ser colhidos outros elementos que a comprovem.”
Jurisprudência
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. MILITAR. DEMISSÃO. PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR. CARTA ANÔNIMA. LICITUDE. DILAÇÃO PROBATÓRIA. WRIT. VIA INADEQUADA.
I - A carta anônima é meio hábil para a instauração de processo administrativo disciplinar, cabendo a Administração a
apuração dos fatos narrados na denúncia, ainda que apócrifa.
II - Questões cuja solução demandaria, necessariamente, revisão do material fático apurado no processo disciplinar, ou a
incursão sobre o mérito do julgamento administrativo, não podem ser apreciadas em sede de mandamus.
Recurso desprovido.
(STJ - RMS 19.224/MT, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 19/04/2005, DJ 01/07/2005, p.
570)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. ANALISTA JUDICIÁRIO, EXECUÇÃO DE MANDADOS. SINDICÂNCIA
INVESTIGATIVA E PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. DENÚNCIA ANÔNIMA. PODER-
DEVER DA ADMINISTRAÇÃO. ART. 143 DA LEI 8.112/1990. DENÚNCIA ACOMPANHADA POR OUTROS
ELEMENTOS DE PROVA SUFICIENTES A DENOTAR A CONDUTA IRREGULAR DO SERVIDOR.
OMISSÃO DE SINDICÂNCIA E DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. INEXISTÊNCIA DE
NULIDADE. OBSERVÂNCIA DA REGRA DO ART. 149 DA LEI 8.112/1990. EXIGÊNCIA APENAS DO
PRESIDENTE DA COMISSÃO OCUPAR CARGO EFETIVO SUPERIOR OU DO MESMO NÍVEL, OU TER
NÍVEL DE ESCOLARIDADE IGUAL OU SUPERIOR AO DO INDICIADO. PRECEDENTES. ALEGAÇÃO
DE INEXISTÊNCIA DE INFRAÇÃO DISCIPLINAR OU ILÍCITO PENAL. IMPOSSIBILIDADE DE
CONHECIMENTO. NECESSÁRIA DILAÇÃO PROBATÓRIA. DESCABIMENTO. RECURSO ORDINÁRIO
NÃO PROVIDO. 1. Trata-se de recurso ordinário em Mandado de Segurança onde pretende o recorrente a concessão integral da segurança
a fim de reconhecer a nulidade da Sindicância e do Processo Administrativo Disciplinar e, consequentemente, do ato
apontado como coator, porquanto teriam sido deflagrados através de denúncia anônima, a violar a regra do art. 144 da
Lei 8.112/1990; tendo em vista que o fato noticiado não configuraria evidente infração disciplinar ou ilícito penal,
porquanto ocorrido em evento externo ao local de trabalho e que sequer haveria a comprovação da autoria e
materialidade, não guardando relação direta com os deveres ou proibições impostas aos servidores públicos federais e
diante da inobservância do princípio da hierarquia na formação das Comissões de Sindicância e de Processo
Administrativo Disciplinar.
2. É firme o entendimento no âmbito do STJ no sentido de que inexiste ilegalidade na instauração de sindicância
investigativa e processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, por conta do poder-dever de
autotutela imposto à Administração (art.
6 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
143 da Lei 8.112/1990), ainda mais quando a denúncia decorre de Ofício do próprio Diretor do Foro e é acompanhada
de outros elementos de prova que denotariam a conduta irregular praticada pelo investigado, como no presente casu.
Precedentes.
3. "A teor do artigo 149 da Lei nº 8.112/90, apenas o Presidente da Comissão Processante deverá ocupar cargo efetivo
superior ou do mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado" (MS 9.421/DF, Rel.
Ministro Paulo Gallotti, Terceira Seção, julgado em 22/08/2007, DJ 17/09/2007, p. 201).
4. Não há como se conhecer da alegação de que o fato noticiado não configuraria evidente infração disciplinar ou ilícito
penal, a justificar a instauração do PAD, na medida que tais alegações ainda serão examinadas pela Comissão
Processante e por demandarem ampla dilação probatória, o que é vedado na via estreita do presente mandamus, a
pressupor prova pré-constituída.
5. Recurso ordinário não provido.
(RMS 44.298/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/11/2014, DJe
24/11/2014)
5 O DEVER DE REPRESENTAR
Na Administração Pública é dever do servidor representar contra suposta irregularidade, cometida por
qualquer outro servidor, de que tiver ciência, exclusivamente em razão do cargo, bem como contra ato ilegal, omissivo
ou abusivo por autoridade. Referida norma consta de todos os estatutos funcionais.
A representação deve decorrer das atribuições do cargo exercido pelo representado e possuir como objeto
também fatos relacionados à atividade pública.
Cautelas no Dever de Representar
O autor da representação, especialmente quando superior hierárquico do representado, deve ter o
discernimento para não contaminar o dever legal de representar com suas manifestações de entendimento pessoal acerca
da forma de condução das atividades administrativas. Isso porque divergências na forma de administração não
configuram irregularidade.
Da mesma forma, devem-se atentar para não confundir o dever de encaminhar à autoridade competente
notícias de supostas irregularidades com atos de gerência e administração de pessoal. A utilização de medidas
disciplinares é residual.
Em suma, não se deve vulgarizar os institutos da representação funcional e do direito administrativo
sancionador, pois eles não se coadunam com o emprego banalizado, seja para questões eivadas de vieses de
pessoalidade, seja para pequenas questões gerenciais sem aspecto disciplinar.
A Representação Ideal
1. Clara: linguagem de fácil compreensão, sem termos vagos ou expressões ambíguas;
2. Precisa: apresenta os fatos com exatidão, não dá margem à interpretações dúbias;
3. Objetiva: busca eliminar impressões pessoais e subjetivas; 4. Relato contínuo e cursivo dos fatos: obedece a sequência cronológica dos acontecimentos, apresentando as
relações de causa e efeito; 5. Bem instruída: com os documentos indispensáveis a delimitação da materialidade e autoria dos fatos.
Erros Comuns na Representação
1. Representação abstrata ou genérica: não relata os fatos em concreto. Ex.: O servidor cometeu insubordinação
grave.
2. Representação omissa ou deficiente: falta algum dos elementos básicos da representação ou documento
imprescindível;
3. Representação truncada ou inteligível: não segue o relato contínuo e cursivo, apresenta contradições. Ocorre
com frequência em representações que relatam fatos ocorridos em situações diferentes (representações extemporâneas).
Elementos Básicos da Representação
1. Endereçamento;
2. Qualificação do Representante;
3. Exposição do fato ilícito, com todas as suas circunstâncias (quem, quando, onde, como, meios e instrumentos,
prejuízos à Administração, etc...);
4. Qualificação do Representado ou esclarecimentos pelo qual se possa identificá-lo;
5. Documentos pelos quais se possa esclarecer o fato ilícito (livro de ocorrências, relatórios, objetos apreendidos,
etc...);
6. Rol de testemunhas;
7. Nome e Assinatura do Representante.
7 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
6 PRINCIPIOLOGIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
Pp. do devido processo legal
– uma garantia constitucional prevista no art. 5º, LIV, CF, um superprincípio norteador de todo ordenamento jurídico,
imune à alteração constitucional e de aplicação imediata. Um princípio que rege todo o sistema jurídico, informando a
maneira de se realizar todos os procedimentos processuais, sejam judiciais ou administrativos.
– assegura que as relações estabelecidas pelo Estado sejam participativas e igualitárias e que o processo de tomada de
decisão pelo Poder Público não seja um procedimento arbitrário, mas um meio de afirmação da própria legitimidade do
Estado perante o indivíduo.
Pp. do contraditório
– previsto no art. 5º, LV, da CF, representa uma consequência do devido processo legal e é elemento essencial do
processo, com fulcro em bases lógicas (bilateralidade) e políticas (ninguém pode ser julgado sem ser ouvido), garante à
parte o conhecimento da existência do processo e de todos os seus atos. Sua aplicação deve garantir à parte:
a) poder de interferir no convencimento do julgador;
b) paridade inicial entre as partes;
c) impedir que a igualdade de direito se transforme em desigualdade de fato por causa da inferioridade de cultura ou de
meios econômicos.
Pp. da ampla defesa
– inerente ao direito de ação, expresso no art. 5º, lV, da CF, também decorre do princípio do devido processo legal,
porém tendo características próprias. É exigência para um país democrático e deve assegurar à parte, em litígio judicial
ou administrativo, o direito e a garantia da ampla defesa, conferindo ao cidadão o direito de alegar e provar o que alega,
podendo se valer de todos os meios e recursos disponibilizados para a busca da verdade real, proibindo-se taxativamente
qualquer cerceamento de defesa.
Pp. da ampla defesa
– exigências da ampla defesa:
a) o caráter prévio da defesa: é a anterioridade da defesa em relação ao ato decisório, devendo ter procedimentos e penas
predeterminados;
b) o direito de interpor recurso administrativo: independe de previsão explícita em lei (art. 5º, XXXIV, alínea “a” -
direito de petição e LV – recursos, da CF);
c) defesa técnica: seria aquela realizada pelo representante legal do interessado, o advogado (Súmula Vinculante nº 5 –
presença facultativa);
d) direito à informação geral decorrente do contraditório;
e) direito de produzir provas, vê-las realizadas e consideradas, sendo vedadas as obtidas por meios ilícitos.
Jurisprudência
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. CARACTERIZAÇÃO.
NULIDADE. OCORRÊNCIA DE PREJUÍZO À DEFESA DO SERVIDOR. CABIMENTO DO MANDAMUS.
REEXAME DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 07/STJ.
I - O recurso especial contra decisão em mandado de segurança em que se alega violação ao art. 1º, da Lei 1.533/51 não
pode ser conhecido, porquanto a discussão acerca da certeza e liquidez do direito ensejaria reexame de questão de prova,
vedado pela Súmula 07/STJ.
II - Na hipótese em que caracterizado o cerceamento de defesa em face da ausência da participação de servidor nos atos
instrutórios constantes de procedimento administrativo disciplinar, causando, comprovadamente, prejuízos à sua defesa,
correto o acórdão que concede o writ para decretar a sua nulidade e consequentemente determinar a reintegração no
cargo público em que ocupava a impetrante.
III - O Poder Judiciário é competente para analisar a ocorrência de eventuais vícios de irregularidade formal em
procedimento administrativo disciplinar instaurado contra servidor, com vistas a salvaguardar o atendimento aos
princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal (due process of law), porém ressalvado o exame
do mérito administrativo.
Agravo Regimental a que se nega provimento.
(AgRg no Ag 477.863/BA, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 20/02/2003, DJ 31/03/2003,
p. 268)
Pp. da verdade real (material)
8 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
– a dicotomia verdade material e formal nasceu da contraposição entre processo civil e penal. A verdade formal é a
construída no processo pelas partes, hoje é dita inconsistente e vem perdendo seu prestígio. De outro lado, a verdade
material que consiste na verdade absoluta, aquilo que realmente aconteceu, representa uma utopia e também não
satisfaz. Hoje a doutrina defende a aplicação da verossimilhança, que representa a maior aproximação da verdade,
ou seja, por uma ordem de aproximação e probabilidade. A doutrina tradicional do Direito Administrativo defende
que a verdade real é a que deve ser adotada, apesar das críticas dos processualistas mais modernos.
Pp. da legalidade
– é a base do Estado Democrático de direito e garante que todos os conflitos sejam resolvidos pela lei (art. 5º, II, e art.
37 da CF). Traduz o primado de que toda a eficácia da atividade administrativa condicionada à lei e o administrador está
em toda a sua atividade funcional sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum. Vale ressaltar que o
princípio da legalidade para o direito público significa dizer que o Administrador só pode fazer o que está previsto,
autorizado em lei.
Pp. da finalidade
– é uma inerência do próprio princípio da legalidade, um elemento da própria lei, um fator que permite compreendê-la.
Significa observar o espírito da lei, a sua vontade maior. Exige a obediência não apenas à finalidade própria de todas as
leis, que é o interesse público, mas também à finalidade específica abrigada na lei a que esteja dando execução. A
desobediência caracteriza desvio de poder e nulidade do ato.
Pp. da motivação
– implica o dever de justificar seus atos, apontando-lhes os fundamentos de direito e de fato, assim como a correlação
lógica entre os eventos e situações que deu por existentes e a providência tomada, nos casos em que esse último
aclaramento seja necessário para aferir-se a consonância da conduta administrativa com a lei que lhe serviu de arrimo.
Deve ser prévia ou contemporânea à prática do ato.
– fundamento: a obrigatoriedade da motivação tem fundamento em alguns dispositivos do texto constitucional (art. 1º, II
(cidadania), art. 1º, parágrafo único (poder emana do povo), art. 5º, XXXV (assegura direito à apreciação judicial) e na
Lei nº 9.784/99.
Pp. da razoabilidade
– não pode o Administrador, a pretexto de cumprir a lei, agir de forma despropositada ou tresloucada. Deve manter um
certo padrão do razoável, Princípio da proibição de excessos e das condutas insensatas. Representa limite para
discricionariedade, exige a relação de pertinência entre oportunidade e conveniência de um lado e a finalidade de outro.
Pp. da proporcionalidade
– alguns autores entendem que o princípio da proporcionalidade está embutido na razoabilidade, sendo decorrência
daquele princípio. A palavra-chave é o equilíbrio, entre os benefícios e prejuízos ocorridos, além da proporção entre os
atos e as consequências medidas.
Jurisprudência
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR. IRREGULARIDADES FORMAIS. INEXISTÊNCIA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
RAZOABILIDADE. OCORRÊNCIA. RECURSO PROVIDO. SEGURANÇA CONCEDIDA. (...)
3. A conduta imputada à servidora (uso de documento falso), em tese, violaria o princípio da moralidade administrativa
e, por conseguinte, autorizaria a punição de demissão. No entanto, aa iimmppoossiiççããoo ddaa ssaannççããoo mmááxxiimmaa nnoo sseerrvviiççoo ppúúbblliiccoo
ffuunnddaammeennttaaddaa eemm pprroovvaa iissoollaaddaa,, qquuaall sseejjaa,, uummaa úúnniiccaa ddeeccllaarraaççããoo ppeessssooaall,, sseemm tteesstteemmuunnhhaass ee sseemm nneennhhuummaa
pprroovvaa ddooccuummeennttaall,, mmoossttrraa--ssee ddeessaarrrraazzooaaddaa ee vviicciiaa aa pprróópprriiaa mmoottiivvaaççããoo ddoo aattoo aaddmmiinniissttrraattiivvoo,, sseennddoo,, ppoorrttaannttoo,,
ppaassssíívveell ddee aannuullaaççããoo.. 4. Recurso provido para anular a demissão da recorrente e determinar a sua reintegração ao cargo público.
(RMS 35.299/PE, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/05/2014, DJe
13/05/2014)
Pp. da oficialidade
– com a perseguição ininterrupta do interesse público, constitui dever impostergável da Administração, imposto à
autoridade administrativa competente, a obrigação de dirigir, ordenar e impulsionar o procedimento, de tal forma a
resolver ou esclarecer adequadamente a questão posta.
9 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
- A oficialidade acarreta as seguintes consequências jurídicas:
a) impulso oficial;
b) busca da verdade material, não se limitando à verdade formal, dado o caráter de indisponibilidade dos interesses
públicos;
c) prerrogativas de iniciativa investigatória por parte da autoridade conducente do procedimento, tendo em vista o
satisfatório esclarecimento da matéria versada;
d) informalismo em favor do administrado (têm-se o informalismo para o administrado e o formalismo para a
Administração). Trata-se, aqui, portanto, de princípio que somente pode ser invocado pelo administrado, e nunca pela
Administração. No mesmo sentido, “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada, senão
quando a lei expressamente exigir” (Lei n.º 9.784/99 - art. 22)
Pp. da autotutela
– possibilidade de a Administração rever os seus atos quando ilegais através da anulação e de retirá-los quando
inconvenientes e inoportuno, utilizando a revogação. Súmulas STF nº 346 e 473.
Pp. da celeridade
– celeridade: elemento básico na institucionalização das normas processuais administrativas, expressando-se pelo
princípio da oficialidade, sem prejuízo da atuação dos interessados; pela fixação de prazos rígidos; com a aplicação do
princípio da economia processual, considerando que o processo é instrumento para aplicação da lei, de modo que as
exigências a ele pertinentes devem ser adequadas e proporcionais ao fim que se pretende atingir, aplicando a
simplicidade razoável e a previsão da decadência quinquenal do direito de autotutela da Administração.
– a celeridade do processo administrativo disciplinar é fundamental para a obediência de todos os princípios aqui
elencados. Não é possível imaginar devido processo legal, efetivo contraditório, verdade real, legalidade e a finalidade
da lei se as coisas não acontecem. A lentidão processual é incompatível com a proteção do interesse público e jamais
permitirá o exercício da verdadeira ampla defesa.
7 SINDICÂNCIA ADMINISTRATIVA
Instituto brasileiro, sem correspondente no Direito alienígena.
Importância: “Não se trata de procedimento temerário da Administração, consistindo, ao contrário, em operação preliminar, realizada ad cautelam, que inúmeras vezes poupa ao Estado processos demorados e dispendiosos, ao
mesmo tempo que livra o servidor público de envolver-se, gratuitamente, nas malhas de um processo administrativo,
dentro do qual teria de se defender, quer fosse ou não o envolvido na irregularidade”. (J. Cretella Jr.)
Espécies: Sindicância Inquérito e Sindicância Acusatória.
Sindicância Inquérito Sindicância Acusatória
Inquisitória (procedimento de investigação) Processo administrativo
Com ou sem Suspeito Acusado
Sem contraditório e ampla defesa Com contraditório e ampla defesa
Sem indiciamento Com indiciamento
Não sugere pena.
Pode sugerir o arquivamento, medidas
administrativas ou a instauração de processo
administrativo disciplinar.
Pode sugerir o arquivamento ou a aplicação de pena
de advertência, repreensão ou suspensão até 30 dias.
Caso se apure infração punível com sanção mais
grave, sugere a instauração de processo
administrativo disciplinar.
Sindicância Inquérito
Historicamente, o termo “sindicância” sempre foi empregado para se referir a apuração de qualquer fatos
supostamente ocorrido, acerca de qualquer matéria de que trate a administração pública, não necessariamente para
apurar irregularidade disciplinar cometida por servidor, de que se teve conhecimento de forma genérica e sem prévia
indicação de autoria (ou concorrência).
10 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
É procedimento administrativo investigativo (ou preparatório) discricionário, sem rito previsto em norma, à
margem do devido processo legal e de natureza inquisitorial (sem a figura de acusado a quem se conceder ampla defesa
e contraditório).
A sindicância inquisitorial pode ser instaurada por meio de ato de desnecessária publicidade, designando
apenas um sindicante ou uma comissão com número de integrantes a critério da autoridade competente.
Sindicância Acusatória
Na ausência de específica previsão legal e diante da necessidade de se estabelecer um rito, a solução mais
coerente é estender para a sindicância o rito que a própria Lei previu para o processo administrativo disciplinar.
Jurisprudência
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO.
ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA ALTERAR A DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO DESPROVIDO.
(...)
2. Sindicância que vise apurar a ocorrência de infrações administrativa (hipótese vislumbrada nos autos), sem estar
dirigida, desde logo, à aplicação de sanção, prescinde da observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa,
por se tratar de procedimento inquisitorial, prévio à acusação e anterior ao processo administrativo disciplinar.
(AgRg no RMS 20.254/SP, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA
CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 15/08/2013, DJe 27/08/2013)
APELAÇÃO CÍVEL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DE PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR QUE
DEMITIU O AUTOR. NÃO OCORRÊNCIA. DESNECESSIDADE DE CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA
EM SINDICÂNCIA. FASE QUE TEM POR OBJETIVO APENAS A APURAÇÃO DA AUTORIA E DA
MATERIALIDADE. PRECEDENTES DO STJ.PROPORCIONALIDADE DA PENA APLICADA.AUTOR QUE FOI
SURPREENDIDO DORMINDO EM SERVIÇO EM DUAS OPORTUNIDADES.PROFERIU OFENSAS A OUTROS
SERVIDORES.ART. 187 DA LC MUNICIPAL 239/1998.RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
(TJPR - 5ª C.Cível - AC - 1187660-1 - Região Metropolitana de Maringá - Foro Central de Maringá - Rel.: Fabio Andre
Santos Muniz - Unânime - - J. 12.08.2014)
MANDADO DE SEGURANÇA. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. TÉCNICO OPERACIONAL
ELETRICISTA.PROFESSOR TEMPORÁRIO. SINDICÂNCIA. ATO QUE DETERMINA A DEMISSÃO DE
SERVIDOR.CONTRADITÓRIO NÃO OBSERVADO. NULIDADE.PREVISÃO CONSTITUCIONAL. Embora o
procedimento da sindicância seja, em regra, destituído de contraditório, por se tratar apenas de uma forma preparatória
de colher informações e provas a respeito de irregularidades administrativas, quando há aplicação de alguma sanção é
necessário que seja observado o contraditório. SEGURANÇA PARCIALMENTE CONCEDIDA.
(TJPR - 5ª C.Cível em Composição Integral - MS - 1167965-5 - Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de
Curitiba - Rel.: Nilson Mizuta - Unânime - - J. 22.04.2014)
APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO.MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR
PÚBLICO.REMOÇÃO. ATOS ADMINISTRATIVOS NÃO MOTIVADOS. NULIDADE VERIFICADA.
SINDICÂNCIA ADMINISTRATIVA. APURAÇÃO DE FATOS. NECESSIDADE DE OBSERVAÇÃO DO
CONTRADITÓRIO QUANDO PUDER ACARRETAR APLICAÇÃO DE SANÇÃO. GARANTIA DE ACESSO
AOS AUTOS DE SINDICÂNCIA PELOS ENVOLVIDOS, COM APRESENTAÇÃO DE DEFESA QUANDO
OPORTUNO. RECURSO NÃO PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA EM REEXAME NECESSÁRIO.
(TJPR - 5ª C.Cível - ACR - 1217563-8 - Antonina - Rel.: Nilson Mizuta - Unânime - - J. 24.06.2014)
AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA - SINDICÂNCIA - DECISÃO QUE INDEFERE
MEDIDA LIMINAR - ALEGAÇÃO DE NULIDADE NA SINDICÂNCIA QUE ATINGE O PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - INOCORRÊNCIA - PROCEDIMENTOS DISTINTOS - SINDICÂNCIA TEM
CUNHO MERAMENTE INFORMATIVO AO PASSO QUE O PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR POSSUI INSTRUÇÃO PROBATÓRIA PRÓPRIA - PRECEDENTE DO STJ - DECISÃO MANTIDA.
RECURSO DESPROVIDO.
(TJPR - 4ª C.Cível - AI - 1173487-3 - Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Lélia
Samardã Giacomet - Unânime - - J. 20.05.2014)
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
ADMINISTRATIVO. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA ALTERAR A DECISÃO AGRAVADA.
AGRAVO DESPROVIDO.
(...) 2. Sindicância que vise apurar a ocorrência de infrações administrativa (hipótese vislumbrada nos autos), sem estar
dirigida, desde logo, à aplicação de sanção, prescinde da observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa,
por se tratar de procedimento inquisitorial, prévio à acusação e anterior ao processo administrativo disciplinar.
(AgRg no RMS 20.254/SP, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA
CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 15/08/2013, DJe 27/08/2013)
MANDADO DE SEGURANÇA. INVESTIGADOR DE POLÍCIA. SINDICÂNCIA. INSURGÊNCIA ANTE
DELIBERAÇÃO DO CONSELHO DA POLÍCIA CIVIL. OPINAMENTO PELA NÃO CONFIRMAÇÃO DO
11 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
ESTÁGIO PROBATÓRIO. ART. 37, §1º, INCISOS II E IV, DA LEI COMPLEMENTAR N.º 14/82, DO ESTADO DO
PARANÁ.
1. NÃO CONFIGURA BIS IN IDEM OU LITISPENDÊNCIA A ABERTURA DE SINDICÂNCIA, PARA A
CONFIRMAÇÃO OU NÃO DO ESTÁGIO PROBATÓRIO, EM PARARELO A PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR, CUJA FINALIDADE É A APURAÇÃO DE TRANSGRESSÃO DISCIPLINAR. PROCEDIMENTOS
QUE POSSUEM OBJETO DISTINTO.
(TJPR - Órgão Especial - MSOE - 1068963-3 - Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.:
D’artagnan Serpa Sa - Unânime - - J. 05.05.2014)
AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SÚMULA 473, DO STF. SINDICÂNCIA PRÉVIA.
INEXIGIBILIDADE. INDÍCIOS SUFICIENTES PARA INSTAURAÇÃO DE PROCESSO.
(...) 3. A realização prévia de sindicância é dispensável quando presentes indícios suficientes à instauração do processo
administrativo disciplinar (art. 306, parágrafo único, inciso IV, da lei estadual n.º 6.174/1970).
(TJPR - Órgão Especial - MSOE - 981932-3 - Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.:
Luiz Carlos Gabardo - Unânime - - J. 02.06.2014)
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO - SERVIDOR PÚBLICO
MUNICIPAL - SANÇÃO DISCIPLINAR - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO QUE INOBSERVOU OS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO - AUSÊNCIA DE
SINDICÂNCIA PRÉVIA COMO CONDIÇÃO PRELIMINAR À INSTAURAÇÃO DE PROCESSO
ADMINISTRATIVO - PREJUÍZO EVIDENCIADO - NULIDADE EXISTENTE - SENTENÇA MANTIDA -
RECURSO DESPROVIDO.É nulo o procedimento administrativo disciplinar que pune servidor público, com ofensa
aos princípios do contraditório e da ampla defesa (artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal).
(TJPR - 5ª C.Cível - AC - 996358-0 - Guaratuba - Rel.: Paulo Roberto Hapner - Por maioria - - J. 06.08.2013)
AÇÃO DECLARATÓRIA. POLICIAL MILITAR. FORMULÁRIO DE APURAÇÃO DE TRANSGRESSÃO
DISCIPLINAR (FATD).PUNIÇÃO COM BASE, EXCLUSIVAMENTE, EM PROVA COLHIDA DE FORMA
INQUISITORIAL NA SINDICÂNCIA ANTES INSTAURADA. OFENSA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL ADMINISTRATIVO, TENDO POR COROLÁRIO O PRINCÍPIO DO
CONTRADITÓRIO. NULIDADE. APELAÇÃO A QUE SE NEGA PROVIMENTO COM A CONFIRMAÇÃO DA
SENTENÇA RECORRIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. Não se pode admitir condenação baseada
exclusivamente em prova produzida de forma inquisitorial em sindicância, vale dizer, com base unicamente naquela que
não restou corroborada, sob o crivo do contraditório, na fase instrutória do processo administrativo disciplinar.
(TJPR - 5ª C.Cível - ACR - 954377-5 - Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Adalberto
Jorge Xisto Pereira - Unânime - - J. 20.08.2013)
APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA.SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR QUE CULMINOU NA APLICAÇÃO DA PENA DE DEMISSÃO. SINDICÂNCIA PRÉVIA QUE
NÃO HAVIA IDENTIFICADO IRREGULARIDADE NA CONDUTA FUNCIONAL.
IRRELEVÂNCIA.GRAVIDADE DOS FATOS QUE, EM TESE, CARCTERIZA IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA, APURADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO EM PROCEDIMENTO PRÉVIO AO
AJUIZAMENTO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AUTORIDADE JULGADORA QUE NÃO ESTÁ VINCULADA
ÀS CONCLUSÕES DA COMISSÃO PROCESSANTE. PRECEDENTES DO STJ.CERCEAMENTO DE DEFESA.
INOCORRÊNCIA.PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR QUALIFICADO PELO EXERCÍCIO DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. DECISÃO ADMINISTRATIVA DEVIDAMENTE
MOTIVADA.IMPOSSIBILIDADE DE O PODER JUDICIÁRIO REVER O MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO.
PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO AO CARGO. IMPROCEDÊNCIA.DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃO
COMPROVADO.SEGURANÇA DENEGADA. SENTENÇA MANTIDA.RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO.
(TJPR - 4ª C.Cível - AC - 1224764-6 - Região Metropolitana de Maringá - Foro Central de Maringá - Rel.:
CRISTIANE SANTOS LEITE - Unânime - - J. 23.09.2014)
ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL.
INVESTIDURA NO CARGO DE TRABALHADOR BRAÇAL POR CONCURSO PÚBLICO. EFETIVAMENTE
REALIZAVA FUNÇÃO DE ELETRICISTA. COMUNICADO DE RETORNO À FUNÇÃO ANTERIOR.
DESCUMPRIMENTO. INSTAURAÇÃO DE SINDICÂNCIA. NÃO OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA AMPLA
DEFESA E CONTRADITÓRIO. NULIDADE NÃO ARGUIDA. POSTERIOR PEDIDO DE EXONERAÇÃO. ATO
VÁLIDO. DEVER DA ADMINISTRAÇÃO EM REPARAR OS PREJUÍZOS GERADOS POR ATO ILEGAL.
NÍTIDA PRESSÃO A DEIXAR O CARGO. DANOS MORAIS MANTIDOS. VALOR DA INDENIZAÇÃO
ARBITRADO. MINORAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL PARCIALMENTE PROVIDA.
(TJPR - 1ª C.Cível - AC - 1075224-2 - São Miguel do Iguaçu - Rel.: Salvatore Antonio Astuti - Unânime - - J.
05.11.2013)
MANDADO DE SEGURANÇA. DEMISSÃO DE SERVIDOR PÚBLICO. RECEITA FEDERAL. PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. SINDICÂNCIA. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL.
INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. (...)
1. A SINDICÂNCIA REFERIDA NOS AUTOS TEVE CARÁTER MERAMENTE INVESTIGATIVO E
PREPARATÓRIO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, SENDO DESCABIDA, PORTANTO, A
12 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL, CONFORME A JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DESTA CORTE
SUPERIOR.
(MS 13.064/DF, REL. MINISTRO JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, JULGADO EM 28/08/2013, DJE
18/09/2013)
13 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
COMO APLICAR ADVERTÊNCIA, SUSPENSÃO E
DEMISSÃO Ricardo Tadao Ynoue,
1 SISTEMAS DE PAD
1. Autoridade hierárquica: a autoridade conduz o PAD, julga e aplica a pena (hoje praticamente inexistente, nas
democracias – ex.: verdade sabida); 2. Jurisdição completa: o PAD é conduzido e julgado por órgão instituído legalmente como sistema jurisdicional
(como, p. ex., o contencioso administrativo francês); 3. Jurisdicionalização moderada: organismos não jurisdicionais conduzem o PAD para apuração da
responsabilidade, mas a decisão e aplicação da pena compete à autoridade (de cada Poder) competente. É o sistema
adotado no Brasil. O processo é conduzido por comissões processantes disciplinares de função “opinativa” e a decisão
final fica a cargo da autoridade competente.
2 FASES DO PAD
Não obstante cada ente federativo possua autonomia para legislar o seu estatuto funcional – definindo as
regras quanto à tramitação, à competência, os prazos, às formalidades específicas e às possíveis sanções administrativas,
geralmente o processo administrativo disciplinar contempla três fases:
I – instauração: a cargo da autoridade instauradora;
II – inquérito administrativo (instrução, defesa e relatório: a cargo da CPAD; e
III – julgamento: a cargo da autoridade julgadora.
Prazos: contagem e prorrogação
Contam-se em dias corridos, excluindo-se o do início e incluindo-se o do vencimento, desde que haja
expediente neste dia. O prazo só começa a correr de fato se o dia inicial de sua contagem for dia útil, caso contrário,
prorroga-se o início da contagem até o dia útil subsequente.
14 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
Prazos dos Ritos
Sindicância: geralmente, até 30 dias
PAD Rito Ordinário: geralmente, até 60 dias
PAD Rito Sumário: geralmente, até 30 dias
Prazos: contagem e prorrogação
Prorrogação
Igual ao prazo originário (exceção: rito sumário – 15 dias). A portaria de prorrogação deve ser publicada
dentro do prazo da portaria inicial. Não é automática, deve ser solicitada pela CPAD.
Continuidade da Apuração
Após a prorrogação do prazo originário, é possível dar continuidade aos trabalhos por um novo PAD ou
mediante recondução da CPAD. Sempre com novas portarias.
Jurisprudência
RMS – ADMINISTRATIVO – PROCESSUAL CIVIL – FISCAL DE TRIBUTOS – PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR – EXTRAPOLAÇÃO DO PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL – NULIDADE
DO PROCESSO – NÃO OCORRÊNCIA – PRESCRIÇÃO PUNITIVA AFASTADA – CONJUGAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS.
1 - O princípio da instrumentalidade das formas, no âmbito administrativo, veda o raciocínio simplista e
exageradamente positivista. A solução está no formalismo moderado, afinal as formas têm por objetivo gerar segurança
e previsibilidade e só nesta medida devem ser preservadas. A liberdade absoluta impossibilitaria a sequência natural do
processo. Sem regras estabelecidas para o tempo, o lugar e o modo de sua prática. Com isso, o processo jamais chegaria
ao fim. A garantia da correta outorga da tutela jurisdicional está, precisamente, no conhecimento prévio do caminho a
ser percorrido por aquele que busca a solução para uma situação conflituosa. Neste raciocínio, resta evidenciada a
preocupação com os resultados e não com formas pré estabelecidas e engessadas com o passar dos tempos.
Prazos: contagem e prorrogação
2- Neste contexto, despicienda a tentativa de anular todo o processo com base na existência de nulidade tida como
insanável. A dilação do prazo para entrega do relatório final, em um dia, se deu por conta da complexidade do processo
em testilha, oportunidade em que devem ser conjugados os princípios da razoabilidade e instrumentalidade das formas.
3 – Ademais, restando afastada a prescrição punitiva, não há que se falar em nulidade do processo administrativo, afinal
"a extrapolação do prazo para a conclusão do processo administrativo não gera qualquer consequência para a validade
do mesmo, podendo importar, porém, em responsabilidade administrativa para os membros da comissão". Precedentes
(RMS 6.757 – PR; RMS 10.464 – MT; RMS 455 – BA e RMS 7.791 – MG).
4 -Recurso conhecido, mas desprovido.
(RMS 8.005/SC, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 06/04/2000, DJ 02/05/2000, p. 150)
3 PRESCRIÇÃO
Conceito: Espaço de tempo no qual a Administração tem o dever e o poder de exercer o jus puniendi (= direito de
punir). Contagem: No Direito Administrativo Disciplinar, o prazo começa a correr da data da ciência do fato pela
Administração No Direito Penal, o prazo se conta da prática do ilícito penal. A interrupção do prazo prescricional, em
regra, ocorre uma única vez quanto ao mesmo fato. O prazo prescricional é interrompido com a publicação da portaria que determina a instauração de
procedimento disciplinar com contraditório. Procedimento prévio não tem a capacidade de interromper esse prazo.
Enunciado CGU n.º 01. Prescrição. Interrupção. O processo administrativo disciplinar e a sindicância
acusatória, ambos previstos pela Lei n.º 8.112/90, são os únicos procedimentos aptos a interromper o prazo
prescricional. A doutrina e a jurisprudência entendem que é razoável o prazo prescricional permanecer “congelado” em seu
marco inicial durante o prazo máximo da portaria inaugural, somado ao prazo máximo da portaria de prorrogação e ao
tempo dado pela lei para a autoridade julgar o processo. Tomemos como exemplo a Lei n.º 8.112/1990:
Ordinário 60 + 60 + 20 = 140 d
Sumário 30 + 15 + 5 = 50 d
Sind. Punitiva 30 + 30 + 20 = 80 d
Suspensão da Prescrição: O fenômeno da suspensão do prazo prescricional, como a própria denominação sugere,
ocorre quando o prazo é paralisado em determinado momento. Diferentemente da interrupção – evento que faz com que
o prazo seja contado novamente do zero -, na suspensão o prazo é “congelado” no estado em que se encontra. Em regra,
o prazo prescricional no Direito Disciplinar não se suspende. Exceção: O prazo prescricional pode ser suspenso por decisão expressa do Poder Judiciário. Caso o acusado em um
processo disciplinar, entendendo que seus direitos não estão sendo garantidos no decorrer daquele apuratório, recorra ao
15 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
Poder Judiciário, pode o juiz determinar a suspensão dos trabalhos correicionais, até que o processo judicial chegue ao
seu final.
Jurisprudência
MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO CIVIL. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
DEMISSÃO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. NÃO OCORRÊNCIA. PRAZO. SUSPENSÃO. AÇÃO
ORDINÁRIA. LIMINAR DEFERIDA. ORDEM DENEGADA.
I – O deferimento de provimento judicial liminar que determina a autoridade administrativa que se abstenha de concluir
procedimento administrativo disciplinar suspende o curso do prazo prescricional da pretensão punitiva administrativa.
(STJ – MS 13385/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/06/2009, DJe 24/06/2009)
Prescrição Penal: Em se tratando de ilícito administrativo também capitulado como ilícito penal (crime), o prazo
é o da Lei Penal.
Enunciado CGU nº 05: Prescrição Disciplinar. Crime. Persecução Penal. Para aplicação de prazo prescricional, nos
moldes do § 2º do art. 142 da Lei nº 8.112/90, não é necessário o início da persecução penal. Abandono de cargo (art. 323, CP): 3 anos <
4 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
1. Tipicidade aparente: aparência de tipicidade, isto é, se o fato narrado na peça acusatória está previsto no estatuto
funcional como infração;
2. Punibilidade concreta: possibilidade de se aplicar punição criminal ao acusado, caso condenado;
3. Justa causa: conjunto probatório com lastro mínimo informativo capaz de embasar as imputações feitas na peça
acusatória
5 FASE DE INSTAURAÇÃO
É pontual e não comporta contraditório.
Só passa a existir e se aperfeiçoa com a publicação do ato que constituir a comissão (portaria inaugural),
baixada pela autoridade competente, que designará seus integrantes e indicará, dentre eles, o Presidente da comissão.
Competência para instaurar o PAD
“A competência para instauração do processo disciplinar recai, em princípio, sobre a autoridade titular da
competência para impor a sanção administrativa. Mas é possível que a lei ou o regulamento dissociem as duas
competências”. (Marçal Justen Filho)
Se a irregularidade ocorrer em órgãos diferentes de uma mesma administração em que haja superposição
hierárquica de comandos distintos, o procedimento disciplinar deverá, em regra, ser instaurado pela autoridade superior
que tenha ascendência funcional comum sobre as repartições envolvidas.
Instauração de processo disciplinar por autoridade incompetente pode ser objeto de convalidação.
Jurisprudência
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ. DEMISSÃO. PROCESSO DISCIPLINAR.
INSTAURAÇÃO PELO CORREGEDOR-GERAL. AUTORIDADE INCOMPETENTE. CONVALIDAÇÃO DO ATO
PELO CONSELHO DA POLÍCIA CIVIL. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO-CONFIGURAÇÃO.
1. A circunstância de ter sido determinada a abertura do processo disciplinar por ato do Corregedor-Geral da Polícia
Civil do Estado do Paraná, e não pelo Conselho da Polícia Civil, conforme previa a Lei Complementar Estadual 89/01,
não enseja nulidade, porquanto o órgão deliberativo acabou por convalidar aquele ato ao julgar o relatório da comissão
processante, concluindo pela aplicação da pena de demissão.
(RMS 20631/PR, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 10/05/2007, DJ
28/05/2007, p. 371)
Portaria de Instauração
Constitui a comissão, designa o seu respectivo presidente e estabelece os limites da apuração.
Adquire tal valor jurídico pontualmente com a publicação, nem antes e nem depois.
A portaria é elemento processual indispensável e, portanto, deverá ser juntada aos autos.
A portaria instauradora do Processo Administrativo Disciplinar deverá conter os seguintes elementos:
1. autoridade instauradora competente;
2. os integrantes da comissão (nome, cargo e matrícula), com a designação do presidente;
3. a indicação do procedimento do feito (PAD ou sindicância);
4. o prazo para a conclusão dos trabalhos;
5. a indicação do alcance dos trabalhos, reportando-se ao número do processo e demais “infrações conexas” que
surgirem no decorrer das apurações.
16 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
Não constitui nulidade do processo a falta de indicação, na portaria inaugural, do nome do servidor acusado,
dos supostos ilícitos e seu enquadramento legal. Ao contrário de configurar qualquer prejuízo à defesa, tais lacunas na
portaria preservam a integridade do servidor envolvido e obstam que os trabalhos da comissão sofram influências ou
seja alegada a presunção de culpabilidade.
Jurisprudência
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. ATO DE DEMISSÃO IMINENTE E ATUAL.
JUSTO RECEIO EVIDENCIADO. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM RECONHECIDA. PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. INEXISTÊNCIA DE AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E
DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. (...)
3. A portaria inaugural tem como principal objetivo dar início ao Processo Administrativo Disciplinar, conferindo
publicidade à constituição da Comissão Processante, nela não se exigindo a exposição detalhada dos fatos imputados ao
servidor, o que somente se faz indispensável na fase de indiciamento, a teor do disposto nos arts. 151 e 161, da Lei nº
8.112/1990.
(STJ – MS 8030/DF, 2001/0158479-7, Relatora: Ministra Laurita Vaz, Data de Julgamento: 13.06.2007, 3ª Seção,
Data Publicação: 06.08.2007)
MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. ATO DE DEMISSÃO. PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. NULIDADES AFASTADAS. ORDEM DENEGADA. (…)
4. A Portaria inaugural de processo administrativo disciplinar está dispensada de trazer em seu bojo uma descrição
minuciosa dos fatos a serem apurados pela Comissão Processante, bem como a capitulação das possíveis infrações
cometidas, sendo essa descrição necessária apenas quando do indiciamento do servidor, após a fase instrutória.
Precedentes.
(STJ – MS 14836/DF, 2009/0231373-9, Relator Ministro: Celso Limongi, Data do Julgamento: 24/11/2010, 3ª Seção,
Data de Publicação: 03/12/2010)
A Portaria de instauração, como regra, deverá ser publicada no Boletim de Serviço (ou no Boletim de Pessoal)
do órgão responsável por publicação interna na jurisdição da unidade instauradora. Após, recomenda-se juntar aos autos
a cópia desse boletim.
No que pertine às arguições de vícios por ausência de publicação no Diário Oficial, o STJ entende que uma
vez que a portaria de instauração do Processo Administrativo Disciplinar seja publicada no Boletim de Serviço, o
princípio constitucional da publicidade não será violado.
Jurisprudência
ADMINISTRATIVO. PROCESSO DISCIPLINAR. PENA DE DEMISSÃO. REGULARIDADE. COMISSÃO
PROCESSANTE. COMPOSIÇÃO. PORTARIA DE INSTAURAÇÃO. PUBLICAÇÃO EM BOLETIM DE SERVIÇO.
NOME DOS INDICIADOS. PRÉVIA SINDICÂNCIA. DESNECESSIDADE. REEXAME DE PROVAS. MÉRITO
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. INEXISTÊNCIA. DILAÇÃO
PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE.
(…) 2. Conforme jurisprudência assentada, é legal a publicação do ato constitutivo da comissão disciplinar em boletim
de serviço. (...)
(STJ – MS 9421/DF, 2003/0222784-3, Relator: Ministro Paulo Gallotti, Data Julgamento: 22.08.2007, Terceira Seção,
Data Publicação: 22.08.2007)
CPAD – Comissão de Processo Administrativo Disciplinar
O processo administrativo disciplinar será conduzido por comissão composta de três servidores estáveis
designados pela autoridade competente (instauradora), que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser
ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
No caso de sindicância meramente investigativa, o procedimento poderá ser instaurado com um ou mais
servidores, que nem precisam ser estáveis. Nesta hipótese, o Presidente não precisará ser ocupante de cargo efetivo
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Jurisprudência
MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO CIVIL. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
MÉRITO ADMINISTRATIVO. REAPRECIAÇÃO. LEGALIDADE. SANÇÃO DISCIPLINAR. APLICAÇÃO.
ASPECTO DISCRICIONÁRIO. INEXISTÊNCIA. COMISSÃO DISCIPLINAR. INTEGRANTE. SERVIDOR
PÚBLICO NÃO ESTÁVEL. NULIDADE.
I – Descabido o argumento de impossibilidade de reapreciação do mérito administrativo pelo Poder Judiciário no caso
em apreço, pois a questão posta diz respeito exclusivamente a vício de regularidade formal do procedimento disciplinar,
qual seja, defeito na composição da comissão processante. [...]
III – É nulo o processo administrativo disciplinar cuja comissão pro- cessante é integrada por servidor não estável (art.
149, caput, da Lei n. 8.112/90). Ordem concedida.
(MS Nº 12.636 – DF, 2007/0031419-4, Relator: Ministro Felix Fischer, Terceira Turma, Data Julgamento: 27.08.2008,
17 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
Data Publicação: 23.09.2008)
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. COMPETÊNCIA
DA AUTORIDADE. NULIDADES. OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL. INOCORRÊNCIA. COMISSÃO
DISCIPLINAR. ART. 149 DA LEI Nº 8.112/90. PORTARIA INAUGURAL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO
PREJUÍZO. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE PELO PODER JUDICIÁRIO DO MÉRITO ADMINISTRATIVO.
“WRIT” IMPETRADO COMO FORMA DE INSATISFAÇÃO COM O CONCLUSIVO DESFECHO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. ORDEM DENEGADA. [...]
II – O artigo 149 da Lei 8.112/90 é claro ao exigir que somente o Presidente da Comissão Disciplinar deverá ocupar
cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. No caso em
questão, o Presidente da Comissão atendeu ao comando legal. O fato de haver servidor ocupante de cargo médio não
maculou a portaria de instauração do processo administrativo. [...]
(MS 8.834/DF. MANDADO DE SEGURANÇA. 2002/0175923-7. MINISTRO GILSON DIPP. TERCEIRA
SEÇÃO. DJ 09.04.2003. DP 28.04.2003)
“No tocante ao nível de escolaridade que a lei, agora, passa a exigir como requisito alternativo para o servidor presidir
comissão de processo disciplinar, há de ser entendido o alcançado pela conclusão de cursos regulares (1º, 2º, 3º graus,
ou seja, fundamental, médio e superior), não sendo levado em consideração, portanto, os cursos de aperfeiçoamento, os
de extensão universitária, como mestrado, doutorado ou os de especialização, que apenas qualificam, aprimoram e
enriquecem o conhecimento, sem, todavia elevar ou interferir no nível de escolaridade” (Francisco X. da Silva
Guimarães)
Obrigatoriedade e Hipóteses de Exclusão
A designação tem caráter obrigatório para o servidor, salvo exceções legais, quais sejam, os impedimentos
(caráter objetivo) e as suspeições (caráter subjetivo).
Impedimento – Caráter Objetivo
1. Parentesco c/ o acusado;
2. Servidores sem estabilidade; e
3. Presidente de CPAD: escolaridade/cargo
4. ter interesse direto ou indireto na matéria;
5. ter atuado ou vir a atuar como perito, testemunha ou representante em outros processos em que o denunciante ou
acusado tenha sido envolvido; e
6. estar litigando com o interessado.
Suspeição – Caráter Subjetivo
1. Autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados/denunciantes
ou com os respectivos cônjuges, companheiros, advogados, parentes, afins até o terceiro grau.
A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve, de ofício, independentemente de provocação do
acusado, comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar no processo, sendo que a omissão no
cumprimento do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave. De forma diversa ao impedimento, não há
obrigatoriedade do servidor, integrante da comissão, declarar-se suspeito à autoridade instauradora. Assim, o vício fica
sanado se não for arguido pelo acusado ou pelo próprio membro suspeito.
As alegações de suspeição apresentadas pelo próprio membro da comissão são apreciadas pela autoridade
instauradora e as apresentadas pelo acusado, representante ou denunciante são avaliadas pela comissão e remetidas à
autoridade instauradora.
Jurisprudência
RECURSO ORDINÁRIO. PROCESSO DISCIPLINAR. ATO INAUGURAL. LEGALIDADE. SUSPEIÇÃO.
AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. NULIDADE. AFRONTA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL. RECURSO PROVIDO.
[…]
II. A apreciação, sem a devida motivação, de questão levantada pelo servidor quanto à suspeição do presidente da
comissão de processo disciplinar, caracteriza-se como cerceamento de defesa do acusado, ensejando a anulação do
processo. [...]
(STJ - RMS 19409/PR, 2004/0184848-6, Relator: Ministro Felix Fischer, Data do Julgamento: 07.02.2006, Quinta
Turma, Data da Publicação: 20.03.2006)
18 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
7 FASE DO INQUÉRIO
Instrução
Providências Iniciais
• Ata de Instalação
• Designação de Secretário
• Comunicação à Autoridade Instauradora
• Comunicação ao RH
• Notificação Prévia
• Assentamentos Funcionais
Provas
Indiciação (se for o caso)
Defesa
Relatório
Comunicações Processuais
Notificação Prévia: comunicação processual pela qual o acusado é informado da propositura de um processo contra a
sua pessoa, consistindo em instrumento hábil para possibilitar a sua defesa. É ato oficial, expedido pelo presidente da
comissão processante, pelo qual o acusado é chamado ao processo e, ao mesmo tempo, por causa da notificação, pode
comparecer perante a comissão, inclusive, para realizar atos de defesa que desejar. Intimação: comunicação de atos processuais que tenham sido praticados ou a serem praticados no curso do processo.
Por meio da intimação comunica-se, a qualquer pessoa do processo, os atos processuais a serem praticados ou já
praticados. Portanto, comunicam-se atos ao acusado, à testemunha, ao informante, ao defensor, ao perito, etc. Citação: na esfera administrativa, ao contrário do que ocorre nos processos civis e penais, esta comunicação processual
consiste no chamamento do indiciado para apresentar sua defesa escrita, ou seja, após o indiciamento a comissão cita o
indiciado para que apresente sua defesa escrita.
Notificação Prévia
Acusado em localidade diferente daquela em que estiver instalada a comissão: • desloca-se um dos integrantes da comissão;
• encaminha-se notificação ao chefe da unidade;
• nomeia-se secretário ad hoc.
Servidor em local sabido no exterior: Notificação mediante embaixada brasileira do respectivo país (autoridade
instauradora faz a solicitação). Acusado Preso: Procedimento comum de notificação.
Notificação Ficta
Recusa de Recebimento: Consignar o incidente em termo e coletar dois testemunhos. Considera-se notificado na data do incidente
consignada no termo.
Acusado em lugar incerto e não sabido:
Após três tentativas, a notificação é feita por edital, publicado na imprensa oficial e em jornal de grande
circulação da localidade do último domicílio. Considera-se notificado na data de publicação do último edital.
Intimação de Atos
Prazos:
Intimação: 3 dias úteis (Art. 26, § 2º e Art. 41, Lei nº 9.784/99)
Outros Atos (sem previsão): 5 dias (Art. 24, Lei nº 9.784/99)
O atendimento à intimação para oitiva é obrigatório tanto para o particular quanto para o servidor público.
Este último tem o dever funcional de comparecer e a intimação precisa ser comunicada ao seu superior hierárquico.
Instrução Probatória
A prova visa à reconstrução dos atos e fatos que estejam compreendidos no objeto do processo. Busca-se, com
o uso dela, determinar a verdade, estabelecendo, na medida do possível, como realmente ocorreram em determinado
tempo e lugar.
Assim, as provas devem alicerçar a versão dos atos e fatos, demonstrando que esta corresponde à realidade do
que aconteceu, em ordem a fundamentar a convicção dos destinatários da prova.
A instrução probatória compreende a realização de todas as provas necessárias à elucidação dos fatos, exceto
as ilícitas (CF, Art. 5º, LVI) e as desnecessárias.
19 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
Meios de prova mais comuns
Provas Documentais: Certidões, Atestados, Extratos de Sistemas Informatizados, Fotografias, Vídeos etc.;
Provas Orais: Depoimentos, Declarações, Interrogatórios, Acareações etc.;
Provas Periciais: Exame Grafotécnico, Tradução Juramentada, Exame Contábil, Avaliação de Bens etc.;
Diligências, Apurações Especiais, Vistorias etc.
Provas Desnecessárias
Podem ser indeferidas pelo Presidente da Comissão, desde que motivadamente.
Efetivação do Contraditório
Chamamento dos acusados para a produção de cada prova, com a faculdade de apresentar quesitos e formular
perguntas.
Prova Emprestada
Utilização possível, desde que respeitado o contraditório.
Instrução Probatória
Prova Ilegítima
Dentro do ordenamento jurídico, as provas que, em princípio, são concebidas apenas com afronta a algum
preceito estabelecido por uma norma de direito processual, são denominadas como ilegítimas. Sobre elas, obtidas com
inobservância ao procedimento estabelecido pelo rito adequado, recairá uma sanção processual que poderá repercutir na
declaração de nulidade absoluta e insanável ou na nulidade relativa e sanável. A valoração dessas provas no processo,
mesmo com prejuízo decorrente da falta da formalidade estabelecida para o feito, não acarretará a exclusão destas do
processo.
Prova Ilícita
Já as provas produzidas com afronta a alguma norma de direito material terão o ingresso no processo
comprometido desde o momento de sua admissão, uma vez que serão ilícitas. O art. 5º, LVI, CF, refere-se a essas provas
específicas, produzidas sem observância aos critérios definidores de direitos, obrigações e responsabilidades, como
inadmissíveis no processo.
Valoração Probatória
Em todo caso, diz-se que os destinatários das provas são livres para sua apreciação, que é a atribuição de valor
aos elementos de convicção carreados aos autos. Compreenda-se que, no entanto, não basta a sua íntima persuasão: é
preciso que o resultado do seu convencimento seja racionalmente demonstrado, com fundamentos claros e lógicos. Daí a
denominação de livre convicção motivada, lembrando-se, a propósito, que a exigência de motivação é a regra para os
atos decisórios administrativos e judiciais.
É necessário, portanto, que a apreciação das provas seja demonstrada, expressada com observância da lógica.
Importa, pois, não apenas que a comissão e o julgador convençam-se de determinada versão dos atos e fatos jurídicos,
mas também que o raciocínio empregado seja expresso e coerente.
Diligências e Perícias
Sempre que necessária a coleta de elementos probatórios ou o esclarecimento de dúvidas.
Os resultados devem ser reduzidos a termo.
Solicitar a realização de perícia ou assessoria técnica, formulando quesitos ou temas que devam ser
respondidos ou desenvolvidos, quando o assunto demandar conhecimentos especializados.
É imprescindível a intimação para o acusado apresentar quesitos, caso queira.
Deverá ser indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato independer de conhecimento
especial de perito.
Testemunhas
Compromisso com a verdade e falso testemunho (crime – Art. 342 Código Penal).
Contradita da Testemunha. Pode-se perguntar ao acusado ou seu procurador se acata ou não o compromisso
com a verdade proferido pela testemunha ou deixar a cargo da defesa alegar o incidente.
Depoimento oral e reduzido a termo. Cópia pode ser entregue ao final da instrução (incomunicabilidade).
A ausência imotivada do acusado e/ou seu procurador não gera nulidade nem impõe agendamento de outra
data, desde que regularmente notificado (Súmula Vinculante STF 05/08).
20 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
Carta Precatória
CPAD redige seus quesitos e apresenta ao acusado.
Acusado apresenta os seus.
CPAD manda os quesitos para a autoridade instauradora do local/secretário ad hoc da coleta da prova e
solicita designação de servidor/comissão para dar cumprimento à carta.
Não devem ser feitas perguntas além das arroladas.
Deve-se dar ciência ao acusado da data e local onde ocorrerá.
Comparecendo, pode fazer perguntas.
Interrogatório do Acusado
A ausência do procurador do acusado ao interrogatório não gera nulidade.
Acusado não é compromissado. Não há crime de perjúrio.
Sempre que possível, deve haver o interrogatório, pois que também se trata de meio de defesa.
O procurador do(s) acusado(s) pode acompanhar o interrogatório.
Último ato da instrução probatória, sob pena de nulidade. Se novas provas forem colhidas, deve ser repetido.
Enunciado CGU n.º 07. Videoconferência. Possibilidade. Interrogatório. PAD e Sindicância. No âmbito do
Processo Administrativo Disciplinar e da Sindicância é possível a utilização de videoconferência para fins de
interrogatório do acusado.
Indiciação
Não ocorre se a CPAD entender que não há autoria ou materialidade. Em caso de dúvida, indicia-se: In dubio
pro societatis. Encerramento da instrução, mas não do processo.
A defesa será feita em relação aos fatos narrados, mas se recomenda registrar o enquadramento já na
indiciação.
A indiciação delimita a acusação, não permitindo que, posteriormente, no relatório e no julgamento, sejam
considerados fatos nela não discriminados.
Deve especificar os fatos, as provas e o nexo causal entre essas e a conduta do servidor e a materialidade da
infração apurada.
Defesa
Forma escrita.
Vista dos Autos: apenas na repartição.
2 ou mais acusados: prazo em dobro (ampla defesa).
Revelia: É revel o indiciado que, regularmente citado, não apresenta defesa, no prazo legal, ou apresenta
defesa inepta.
Consequência: nomeação de defensor dativo (antes da citação é desnecessária).
Formalização: será declarada por termo, nos autos do processo disciplinar, e devolverá o prazo para
apresentação da defesa escrita.
Relatório Final
Relato minucioso das principais ocorrências.
Será sempre conclusivo quanto à responsabilidade do servidor e informará se houve falta prevista como:
crime (MP, Polícia); dano ao Erário (PGM); improbidade administrativa (MP e TCE).
Exame detalhado de todos os termos da defesa apresentada. Possível mudança da tipificação.
Indicação expressa das provas (fundamentação) que sustentam a conclusão.
Indicação expressa dos dispositivos violados, sugestão das penalidades e da dosimetria.
Análise da Prescrição.
A Remessa do Relatório Final para a Autoridade Instauradora marca o encerramento dos trabalhos da
comissão.
A competência para julgamento é vinculada pela sugestão da pena a ser aplicada.
A autoridade instauradora encaminhará os autos para a julgadora, após exame da regularidade formal.
8 FASE DO JULGAMENTO
O julgamento acatará o relatório da comissão, estando normalmente vinculado à posição adotada por ele,
salvo quando contrário às provas dos autos. Dessa forma, quando o relatório não estiver compatível com as provas dos
autos, a autoridade julgadora poderá, de forma motivada, agravar, abrandar ou isentar o servidor da responsabilidade.
Assim orienta o STJ:
(...) "IV – É possível à autoridade julgadora discordar do relatório final elaborado pela Comissão Disciplinar, sem que
isso importe indevida reformado in pejus, desde que o faça de forma fundamentada, como se verifica na espécie, nos
21 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
termos dos arts. 168 e 169 da Lei na 8.112/90." (…) (MS 14039/DF, STJ – Terceira Seção, Reil Min. Felix Fischer,
Julgamento: 24.06.2009, DJe 07.08.2009).
3ª Fase: Julgamento
Portanto, a autoridade julgadora não é obrigada a acatar o relatório, desde que a decisão seja fundamentada,
inclusive podendo adotar uma capitulação diferente da indicada no relatório, pois o indiciado no processo administrativo
disciplinar se defende dos fatos ilícitos que lhe são imputados. Nesse sentido já decidiu o STF:
MANDADO DE SEGURANÇA. DEMISSÃO. PROCESSO DISCIPLINAR. DEFESA. O INDICIADO EM
PROCESSO DISCIPLINAR SE DEFENDE CONTRA OS FATOS ILÍCITOS QUE LHE SÃO IMPUTADOS,
PODENDO A AUTORIDADE ADMINISTRATIVA ADOTAR CAPITULAÇÃO LEGAL DIVERSA DA QUE LHES
DEU A COMISSÃO DE INQUÉRITO, SEM QUE IMPLIQUE CERCEAMENTO DE DEFESA. MANDADO DE
SEGURANÇA INDEFERIDO. (MS 20355/DF, STF – Tribunal Pleno, Rcl. Min. Rafael Mayer, Julgamento: 23.02.1983,
DJ 18.03.1983).
Verificada a existência de vício insanável, a autoridade que determinou a instauração do processo ou outra de
hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra comissão
para instauração de novo processo.
Ocorrendo nesse momento o reconhecimento da prescrição com a extinção da punibilidade, a autoridade
determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor.
9 NULIDADES
Aplica-se, ao processo administrativo disciplinar, o princípio do formalismo moderado.
No plano das nulidades, trata-se do princípio pas de nullité sans grief, segundo o qual a declaração da
nulidade dos atos processuais depende da demonstração da existência de real prejuízo à defesa do acusado. Causas Frequentes de Nulidade
a) Composição da CPAD com menos de três membros; membro que exerce cargo demissível “ad nutum” (comissionado
puro) ou por algum servidor em estágio probatório; se todos os membros for de escolaridade inferior ao investigado; se
algum membro for parente, amigo íntimo ou inimigo de algum dos investigados;
b) Ausência de citação/intimação do acusado (o comparecimento espontâneo supre a falha);
c) Realização de diligência ou prova sem oportunizar o seu acompanhamento pelo acusado;
d) Reiteradas negativas de vista ou extração de fotocópia do processo ao acusado, seu advogado ou defensor dativo;
e) Indeferimento de diligências ou oitiva de testemunhas da defesa sem a consistente fundamentação pela Comissão;
Causas Frequentes de Nulidade
f) Acusado revel citado por edital e sem nomeação de defensor dativo para acompanhar a instrução;
g) Concluída a instrução, ausência de nomeação de defensor dativo para apresentação de defesa escrita em favor de
indiciado revel. Juntada de provas no PAD sem abertura de vista à defesa;
h) Relatório calcado em ilações ou contrário às provas produzidas nos autos ou diverso do termo de indiciamento;
i) Ausência de descrição da conduta tida como ilícita no termo de indiciamento, impossibilitando a ampla defesa do
indiciado;
j) Ausência de apreciação pela Comissão de arguições de suspeição e impedimento ou qualquer outra tese apresentada
na defesa.
10 RECURSOS E REVISÃO
O reexame da decisão que envolva matéria funcional ou disciplinar, poderá ser obtido, na esfera
administrativa, por meio de:
a) pedido de reconsideração: solicitação à própria autoridade que proferiu a decisão para que reexamine mais
atentamente esse julgamento, visando sua modificação, voltando atrás na sua posição. É decorrência do direito de
petição, previsto no art. 5º, XXXIV, alínea “a”, do texto constitucional.
b) recurso hierárquico: é interposto pelo administrado perante autoridade superior à que praticou o ato, a fim de que esta
reexamine a decisão proferida por seu subordinado. Pode ser próprio, quando dirigido a autoridade superior na mesma
escala hierárquica; ou impróprio, quando dirigido a autoridade não hierarquicamente superior, na mesma escala, à que
praticou o ato impugnado, ou, ainda, a autoridade de outra escala hierárquica, mas que, em qualquer caso, possuam
competência expressa para o reexame da questão.
c) revisão: é aplicação análoga da revisão criminal. Assim caberá revisão quando a decisão for contrária a texto expresso
de lei ou a evidência dos autos; quando se fundar em depoimentos, exames, vistoria ou documentos comprovadamente
falsos ou eivados de erros; quando após a decisão surgirem provas da inocência do punido ou circunstâncias que
autorizem o abrandamento da pena.
22 Curso: RH Municipal Como Aplicar Punições Funcionais – 16 e 17 de Junho de 2016/Curitiba-PR
11 INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS EM ESPÉCIE
Incumbe a cada estatuto funcional a definição das infrações administrativas em espécie e sua respectiva
sanção, mas em geral, elas abarcam três grandes grupos:
a) Descumprimento de Deveres: definições abstratas/subjetivas; rol de deveres funcionais exemplificativo (numerus
apertus); infrações leves;
b) Proibições: situações concretas, rol taxativo (numerus clausus), infrações graves;
c) Faltas funcionais passíveis de demissão ou cassação de aposentadoria: situações concretas, rol taxativo (numerus
clausus); infrações gravíssimas.
12 SANÇÕES ADMINISTRATIVAS EM ESPÉCIE
a) Advertência: comunicação formal ao agente de ter ele cometido ilícito funcional de gravidade reduzida, acrescida a
incitação a que não volte a praticar conduta reprovável no futuro, sob pena de sanção mais severa;
b) Repreensão: manifestação de desacordo quanto à conduta do agente e com a formal qualificação de constituir-se ela
conduta reprovável, da qual derivam efeitos quanto à sua progressão funcional;
c) Suspensão: afastamento temporário compulsório, imposto ao agente como punição por ato reprovável. Implica em
efeitos acessórios, relacionados com os antecedentes para efeitos de premiação ou punição futura. Pode ser convertida
em multa. O tempo correspondente a suspensão não pode ser computado como de efetivo exercício;
Sanções Administrativas em Espécie
d) Demissão: é a extinção do provimento em cargo efetivo, com a sua consequente vacância, como sanção pela prática
de conduta reprovável;
e) Cassação de aposentadoria ou disponibilidade: extinção do vínculo jurídico mantido com o servidor aposentado ou
em disponibilidade como punição por infração praticada quando em atividade a que fosse cominada a demissão.
13 ACUMULAÇÃO ILEGAL
Engloba cargos, empregos e funções públicas.
A regra é a proibição. As exceções estão na própria CF.
Aposentados: Só podem acumular as remunerações dos cargos/ empregos/funções que na ativa seriam
acumuláveis.
Caso contrário, podem fazer escolha entre o provento da aposentadoria e a remuneração (CF, Art. 37, § 10).
Particularidades do rito:10 dias de prazo para opção (presunção absoluta de boa-fé) antes da instauração. Depois, até o
último dia do prazo de defesa. Penalidade: demissão de todos os cargos/empregos/ funções inacumuláveis.
14 ABANDONO DE CARGO
Elemento Objetivo: Ausência ao serviço por mais de 30 dias consecutivos. Elemento Subjetivo: Administração deve provar ausência intencional (animus abandonandi)
Encaminhamento ao MPF (crime).
Ressarcimento dos dias não trabalhados.
15 INASSIDUIDADE HABITUAL
Elemento Objetivo: Ausência ao serviço por 60 dias no período de 12 meses, interpoladamente ou não. Elemento Subjetivo: Administração deve provar apenas que a ausência é injustificada (exceto: força maior ou caso
fortuito).
Jurisprudência
MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. DEMISSÃO. NULIDADES.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. ABANDONO DE EMPREGO. AUSÊNCIA DO ANIMUS
ESPECÍFICO DO SERVIDOR. PRECEDENTE DA 3ª SEÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. [...]
3. A 3ª Seção desta Corte Superior de Justiça firmou já entendimento no sentido de que "em se tratando de ato
demissionário consistente no abandono de emprego ou inassiduidade ao trabalho, impõe-se averiguar o animus
específico do servidor, a fim de avaliar o seu grau de desídia." (cf. MS nº 6.952/DF, Relator Ministro Gilson Dipp, in DJ
2/10/2000).
(MS 8291/DF, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2002, DJ
05/05/2003, p. 216)
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16 AFASTAMENTO CAUTELAR
Não é pena, não possui caráter punitivo. É medida acautelatória, de aplicação restrita,
Objetivo: garantir a apuração do fato investigado.
17 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONSENSUAL
Compromisso de Ajustamento de Conduta
Com aplicação principalmente no âmbito de ações que visam à proteção de direitos coletivos e difusos,
irradia-se também para outras áreas, como alternativa de solução de litígios.
A previsão do instituto está presente na regulamentação da Ação Civil Pública, Lei 7.347/85, artigo 5º,
parágrafo 6º, e no Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, art. 113, 6º:
Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta
às exigências legais mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
Termo Circunstanciado Administrativo – TCA
Conceito e Objetivo: Apuração simplificada, sem natureza disciplinar, que visa racionalizar os procedimentos
administrativos e desburocratizar a Administração Pública (princípio da eficiência e do interesse público). Vantagens: Economicidade e celeridade. Aplicabilidade: Conduta culposa. Extravio ou dano a bem público que implicar prejuízo de pequeno valor (=
limite da dispensa de licitação: R$ 8.000,00).
Compromisso de Ajustamento de Conduta
No Estado de Tocantins, o ajustamento de conduta está previsto na Lei 1.818, de 23 de agosto de 2007, que
dispõe sobre o Estatuto dos Servidores Públicos Civis.
Art. 147. Pode ser elaborado termo de compromisso de ajuste de conduta quando a infração administrativa
disciplinar, no seu conjunto, apontar ausência de efetiva lesividade ao erário, ao serviço ou a princípios que regem a
Administração Pública.
Parágrafo único. Para fins do que dispõe o caput deste artigo, considera-se como essencial:
I – inexistir dolo ou má-fé na conduta do servidor infrator;
II – que o histórico funcional do servidor e a manifestação da chefia imediata lhe abonem a conduta.
Art. 148. Como medida disciplinar, alternativa de procedimento disciplinar e de punição, o ajustamento de conduta visa
a reeducação do servidor, e este, ao firmar o termo de compromisso de ajuste de conduta, espontaneamente, deve estar
ciente dos deveres e das proibições, comprometendo-se, doravante, em observá-los no seu exercício funcional.
Art. 149. O ajustamento de conduta pode ser formalizado antes ou durante o procedimento disciplinar, quando
presentes, objetivamente, os indicativos apontados no Art. 147 desta Lei, e pode ser recomendado, caso esteja concluída
a fase instrutória.
Compromisso de Ajustamento de Conduta
Art. 150. O compromisso firmado pelo servidor perante a Comissão Permanente ou Especial deve ser acompanhado por
advogado ou defensor 'ad hoc' e sua homologação cabe ao Corregedor Administrativo ou Geral ou à autoridade máxima
da Unidade Administrativa ou Entidade Pública Estadual na qual se efetivou.
Art. 151. Ao ser publicado, o termo de compromisso de ajuste de conduta preserva a identidade do compromissário e
deve ser arquivado no dossiê do servidor sem qualquer averbação que configure penalidade disciplinar.
Suspensão do PAD
No aspecto disciplinar, pela Lei Municipal 9.310/06, Belo Horizonte, inspirada na Lei 9099/95, criou-se a
figura da Suspensão do Processo Administrativo Disciplinar.
Objetivos:
a) Desburocratização;
b) Menor curso;
c) Celeridade:
d) Autorrecuperação.
Âmbito de aplicação: infrações de baixo potencial lesivo à disciplina interna da Administração. De acordo com o Estatuto dos Servidores Públicos Municipais:
Art. 225-A. Nas infrações disciplinares, o Corregedor-Geral do Município, no momento da instauração do processo
administrativo disciplinar ou da sindicância a que se refere o art. 221, V, desta Lei, poderá propor a suspensão do
processo disciplinar- SUSPAD, pelo prazo de 1 a 5 anos, conforme a gravidade da falta, e desde que o servidor não
tenha sido condenado por outra infração disciplinar nos últimos 5 anos. § 1º. Aceita a proposta, o Corregedor-Geral do Município especificará as condições a que fica subordinada a suspensão,
desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do servidor, incluída a reparação do dano, se houver.
§ 2º. A suspensão será revogada se, no curso de seu prazo, o beneficiário vier a ser processado por outra falta disciplinar
ou se descumprir condições estabelecidas na forma do § 1º, prosseguindo-se, nestes casos, os procedimentos
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disciplinares cabíveis.
§ 3º. Expirado o prazo da suspensão e cumprindo o beneficiário as condições, o Corregedor-Geral do Município
declarará extinta a punibilidade.
§ 4º. O beneficiário da SUSPED fica impedido de gozar o mesmo benefício durante o seu curso e durante o dobro do
prazo da suspensão, contado a partir da declaração de extinção da punibilidade, na forma do parágrafo anterior.
§ 5º. Não ocorrerá a prescrição durante o prazo da SUSPAD.
§ 6º. Não se aplica o benefício previsto no “caput” deste artigo às infrações disciplinares que correspondam a crimes
contra a Administração Pública, a crimes aos quais seja cominada pena mínima igual ou superiora a 1 ano, a atos de
improbidade administrativa e nos caos de abandono de cargo ou emprego.
§ 7º. O Prefeito expedirá normas complementares necessárias à aplicação deste dispositivo, inclusive para aplicação da
SUSPAD nos procedimentos disciplinares em curso.
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ANOTAÇÕES:
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EM CASO DE EMERGÊNCIA
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Se preferir, escreva seu nome:_______________________Cidade:___________________
Por favor, registre sua sincera opinião quanto à escola, queremos fazer ainda melhor!
1º Qual sua avaliação geral (seriedade, acomodações, valor de matrícula, etc.) da escola?
( ) 50 ( ) 70 ( ) 80 ( ) 90 ( ) 100
2º Qual sua avaliação para aula do professor Ricardo Tadao Ynoue?
( ) 50 ( ) 70 ( ) 80 ( ) 90 ( ) 100
3º Qual sua avaliação geral para este curso:
( ) 50 ( ) 70 ( ) 80 ( ) 90 ( ) 100
4º Por favor, deixe sua sugestões, crítica ou elogio à escola e/ou Professores:
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5º Quais outros temas podemos lhe atender? Toda semana avaliamos esta demanda e
viabilizamos os próximos cursos:
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Muito Obrigado! Com certeza vamos levar em consideração sua opinião, faremos nosso melhor sempre!