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2° CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS RIBEIRÃO PRETO - SP ÁREA TEMÁTICA: TRANSFORMAÇÃO E MUDANÇA SOCIAL PENSAR SISTÊMICO NA ARQUITETURA: A QUESTÃO DA MORADIA SEGUNDO CEDRIC PRICE Autora Fernanda R. Borba Januário, Anja Pratschke USP_Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de São Carlos | Departamento de Arquitetura e Urbanismo Nomads.USP - Centro de Estudos de Habitares Interativos www.eesc.usp.br/nomads Av. Trabalhador Sancarlense, 400 Cep: 13566-590 São Carlos-SP, Brasil +55 16 3373 9295 [email protected]; [email protected] RESUMO Mapeia as relações entre um pensar sistêmico apoiado pela teoria cibernética e a questão da moradia segundo o arquiteto britânico Cedric Price. A cibernética inicialmente formulada por Norbert Wiener, é chamada de cibernética de primeira ordem, e é concebida a partir do estudo da comunicação e do controle, no animal e na máquina. Com a introdução da noção de observador através dos ciberneticistas Gordon Pask e Heinz von Foerster, a cibernética inicia sua segunda ordem e permite uma relação mais efetiva com os domínios da arquitetura. Influenciado por este contexto, Cedric Price propõe nos anos 1960, alguns projetos de habitação que partem destes princípios teóricos: os projetos Steel Housing, de 1966, e as propostas Crate Housing e Sprawl Housing do projeto Potteries Thinkbelt, de 1964. A análise dos projetos revela um pensamento projetual que concebe uma arquitetura dotada de possibilidades lógicas e parâmetros de configuração específicos, que resulta em sistemas interativos, impermanentes e abertos, capazes de uma resposta diferenciada frente aos diversos modos de vida recorrentes da sociedade. As idéias apresentadas neste artigo são parte da pesquisa de mestrado em andamento de Fernanda R. Borba Januário e se inscrevem em um questionamento mais amplo sobre a relação do processo de design em arquitetura e a cultura digital, discutidos no grupo de pesquisa Nomads.usp [Centro de Estudos de Habitares Interativos, http://www.eesc.usp.br/nomads]. Palavras-chave: Arquitetura. Sistemas cibernéticos. Moradia. ABSTRACT This paper is concerned with the mapping of the relations between a cybernetic systemic thinking and the questioning about housing according to the British architect Cedric Price. The Cybernetics, initially formulated by Norbert Wiener, is named the first order cybernetics and is conceived based on the study of communication and control on the animal and the machine. With the notion of the observer, the cyberneticists Gordon Pask and Heinz von Foerster introduce the second order cybernetics establishing an effective relation inside the architectural domain. Cedric Price, influenced by this context, proposes some housing projects on the 1960’s that share these theoretical principles: Steel Housing, 1966, and the proposals Crate Housing and Sprawl Housing from the Potteries Thinkbelt project, 1964. The analysis of these projects reveals a design thought with logical possibilities and parameters of specific configuration, which results in interactive, open and impermanent systems, able of different answers facing the multiple lifestyles of the society. The ideas presented in this paper have been part of the ongoing Fernanda R. Borba Januário’s master research and pointed out a larger questioning about the relation of architectural design process and digital culture, discussed in our research group named Nomads.usp [Center for Interactive Living Studies, http://www.eesc.usp.br/nomads].

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2° CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS RIBEIRÃO PRETO - SP

ÁREA TEMÁTICA: TRANSFORMAÇÃO E MUDANÇA SOCIAL

PENSAR SISTÊMICO NA ARQUITETURA: A QUESTÃO DA MORAD IA SEGUNDO CEDRIC PRICE

Autora

Fernanda R. Borba Januário, Anja Pratschke USP_Universidade de São Paulo

Escola de Engenharia de São Carlos | Departamento de Arquitetura e Urbanismo Nomads.USP - Centro de Estudos de Habitares Interativos

www.eesc.usp.br/nomads Av. Trabalhador Sancarlense, 400

Cep: 13566-590 São Carlos-SP, Brasil

+55 16 3373 9295 [email protected]; [email protected]

RESUMO

Mapeia as relações entre um pensar sistêmico apoiado pela teoria cibernética e a questão da moradia segundo o arquiteto britânico Cedric Price. A cibernética inicialmente formulada por Norbert Wiener, é chamada de cibernética de primeira ordem, e é concebida a partir do estudo da comunicação e do controle, no animal e na máquina. Com a introdução da noção de observador através dos ciberneticistas Gordon Pask e Heinz von Foerster, a cibernética inicia sua segunda ordem e permite uma relação mais efetiva com os domínios da arquitetura. Influenciado por este contexto, Cedric Price propõe nos anos 1960, alguns projetos de habitação que partem destes princípios teóricos: os projetos Steel Housing, de 1966, e as propostas Crate Housing e Sprawl Housing do projeto Potteries Thinkbelt, de 1964. A análise dos projetos revela um pensamento projetual que concebe uma arquitetura dotada de possibilidades lógicas e parâmetros de configuração específicos, que resulta em sistemas interativos, impermanentes e abertos, capazes de uma resposta diferenciada frente aos diversos modos de vida recorrentes da sociedade. As idéias apresentadas neste artigo são parte da pesquisa de mestrado em andamento de Fernanda R. Borba Januário e se inscrevem em um questionamento mais amplo sobre a relação do processo de design em arquitetura e a cultura digital, discutidos no grupo de pesquisa Nomads.usp [Centro de Estudos de Habitares Interativos, http://www.eesc.usp.br/nomads]. Palavras-chave: Arquitetura. Sistemas cibernéticos. Moradia.

ABSTRACT This paper is concerned with the mapping of the relations between a cybernetic systemic thinking and the questioning about housing according to the British architect Cedric Price. The Cybernetics, initially formulated by Norbert Wiener, is named the first order cybernetics and is conceived based on the study of communication and control on the animal and the machine. With the notion of the observer, the cyberneticists Gordon Pask and Heinz von Foerster introduce the second order cybernetics establishing an effective relation inside the architectural domain. Cedric Price, influenced by this context, proposes some housing projects on the 1960’s that share these theoretical principles: Steel Housing, 1966, and the proposals Crate Housing and Sprawl Housing from the Potteries Thinkbelt project, 1964. The analysis of these projects reveals a design thought with logical possibilities and parameters of specific configuration, which results in interactive, open and impermanent systems, able of different answers facing the multiple lifestyles of the society. The ideas presented in this paper have been part of the ongoing Fernanda R. Borba Januário’s master research and pointed out a larger questioning about the relation of architectural design process and digital culture, discussed in our research group named Nomads.usp [Center for Interactive Living Studies, http://www.eesc.usp.br/nomads].

INTRODUÇÃO Os anos 2000 têm mostrado certo interesse na revisão de alguns esforços teóricos do século XX. Mais que uma revisão conceitual, é na busca de respostas para as questões latentes da arquitetura contemporânea, que os historiadores tem se voltado a resgatá-los. A explosão das tecnologias informacionais e comunicacionais como meios, de certa forma até transcendentais de expressão, revela a necessidade de se, ou construir diretrizes, ou possibilitar maior esclarecimento para que novas formas de expressão cheguem a vir. A forte crença na tecnologia e seus poderes “ilimitados”, levariam cientistas de diversas áreas a se enveredarem pelos campos das ciências cognitivas, no período pós segunda guerra. Explorar mecanismos da mente e a forma de organização e controle nos seres em geral passava a ter um interesse muito grande diante das possibilidades das máquinas e dos autômatos. Nos anos 1960, a cibernética se libertava das investidas militares e alcançava campos disciplinares não tão óbvios, como o da arquitetura. É sobre este diálogo que este artigo se propõe a discorrer, através da análise de alguns projetos relacionados à questão da moradia dos anos 1960, propostos pelo arquiteto Cedric Price e influenciados pelas considerações cibernéticas da arquitetura aos olhos do ciberneticista Gordon Pask. 2 CIBERNÉTICA E ARQUITETURA Originalmente formulada por Norbert Wiener no fim dos anos 1940, a teoria cibernética foi fundamentalmente concebida a partir das mensagens “entre homens e máquinas, e na sociedade, como uma seqüência temporal de eventos que, embora tenha em si mesma uma certa contingência, forceja por conter a tendência da Natureza para a desordem, mercê do ajuste de suas partes a vários fins intencionais” (Wiener, N., 1954. p. 27). Homens e máquinas são sistemas sob o ponto de vista da teoria, que buscam diminuir a entropia através de mecanismos de regulação e controle baseados em feedback, ou seja, para que qualquer máquina sujeita a um meio externo variado possa atuar de maneira efetiva é necessário que a informação relacionada aos resultados de sua própria ação lhe sejam fornecidos para que haja redimensionamento de sua próxima ação. A observação dos sistemas e seus processos circulares são características da teoria, que recebe o nome de Cibernética de Primeira Ordem. O rejuvenescimento desta teoria, que inicia a “Cibernética de Segunda Ordem”, vem a partir dos ciberneticistas Heinz von Foerster e Gordon Pask, com a introdução da noção do observador, na década de 1960. O diferencial proposto parte de sistemas de observação e não somente em observar sistemas. Para Gordon Pask, o observador influencia na determinação das respostas dos sistemas cibernéticos através de processos circulares e interativos, a que denominou “Teoria da Conversação” (Glanville, R., 2001. p. 657). O observador pode ser entendido como um homem, animal ou máquina capaz de aprender sobre o seu meio ambiente. Este aprendizado reduz a incerteza sobre o meio, pois se toma conhecimento dos eventos que nele ocorrem: o foco é para o que ele aprende, ou seja, o que torna mais certo. Seu trabalho com cibernética revela o grande interesse pela organização nos sistemas. Sua atenção se volta para como os sistemas se regulam, se reproduzem, evoluem e aprendem, sendo o ponto alto da organização, a estabilidade e o equilíbrio. Segundo Gordon Pask “grande parte da cibernética se concentra em como a estabilidade é mantida com mecanismos de controle” (Pask, G., 1961. p. 11). Para isto, deve-se construir ou abstrair as características de um dado artefato em um sistema, que exiba interação entre as partes, mesmo que algumas controlem outras.

Gordon Pask inicia o diálogo com a arquitetura no ano de 1960, através de seu envolvimento como consultor de cibernética no projeto Fun Palace de Cedric Price. Segundo John Frazer:

“O pensamento arquitetônico avant-garde nos anos 1960 estava preocupado com as questões sobre flexibilidade, impermanência, pré-fabricação, computadores, robótica, e uma abordagem global sobre energia, recursos e cultura. O pensamento sistêmico implícito na arquitetura inevitavelmente levava em consideração a cibernética e a cibernética inevitavelmente levava em consideração Gordon Pask”. (Frazer, J., 2001. p. 642).

A publicação do artigo “The architectural relevance of cybernetics” (“A relevância arquitetônica da cibernética”) no periódico inglês Architectural Design de setembro de 1969, aproximaria ainda mais as duas disciplinas, através da defesa de que os arquitetos são os primeiros designers de sistemas que foram forçados a se interessarem cada vez mais pelas propriedades organizacionais dos sistemas, ou seja, seu desenvolvimento, comunicação e controle, e que os conceitos abstratos da cibernética podem ser interpretados em termos arquitetônicos, e quando apropriados, identificados como sistemas arquitetônicos reais. O autor diz que “há uma demanda para pensamentos orientados a sistemas enquanto que, no passado, havia apenas um desejo mais ou menos esotérico para isto” (Pask, G., 1969). Gordon Pask não só introduz os conceitos de cibernética na arquitetura, mas também lança a idéia do arquiteto como “designer de sistemas”. O edifício, e a forma de produção do edifício podem ser entendidos como sistemas arquitetônicos, ou seja, o produto e o processo são sistemas. A atualidade das idéias de Pask são relevantes para uma compreensão melhor acerca do papel do arquiteto dentro do contexto sistêmico, como enfatiza o crítico de arquitetura Neil Spiller: “hoje, mais de trinta anos depois, é possível pra nós visualizar a essência do trabalho de Pask” (Spiller, N., 2002. p. 77). 3 A RELEVÂNCIA CIBERNÉTICA DA ARQUITETURA Cronologicamente ao surgimento da cibernética por Wiener, houve a primeira proposta para uma teoria geral dos sistemas por Ludwig von Bertalanffy. As duas teorias contribuíram mutuamente para um entendimento melhor acerca de sistemas, porém, a cibernética “não pode levar em conta todos os aspectos da teoria Geral dos Sistemas” (Landau, R., 1972. p. 609 ). Esta está em um nível mais alto de generalidade e pode até mesmo incluir o campo da cibernética, como também incluir a teoria dos Jogos e teoria da Informação. O conceito de sistema aberto [open system] deriva da Teoria Geral dos Sistemas e descreve um conjunto, ou organismo, nas quais as partes componentes se inter-relacionam entre si e com suas vizinhanças. Os sistemas abertos são uma metáfora para se ver o mundo real e assim conceituá-lo ou produzi-lo. Ressalta Royston Landau que “em arquitetura, as construções tem sido tradicionalmente concebidas como sistemas fechados, e é apenas com a emergência da mudança do ponto de vista que elas podem ser entendidas, concebidas e projetadas como sistemas abertos” (Landau, R., 1972. p. 609). A arquitetura pensada isoladamente se fecha em si mesma, dentro da lógica de objeto. Além disto, a maior parte da leitura crítica do século XX, aborda a arquitetura a partir destes parâmetros associados à aspectos históricos, estilísticos e funcionais. Mas poderia ser diferente? Poderíamos conceber arquiteturas inteligentes, processuais e ao mesmo tempo dentro de uma estética produzida e reformulada constantemente, em mutação com

suas interações e contribuições diversas? Como pensar a questão dos processos informacionais e comunicacionais atrelados ao processo projetual e ao objeto arquitetônico, sobre um ponto de vista cibernético? Para buscarmos um entendimento sobre estas questões, é necessário o retorno cronológico, mais precisamente a partir da década de 1960, e mais especificamente na Inglaterra, onde uma combinação de diversos contextos produziria efeitos únicos. Com o fim da Segunda Guerra, a Inglaterra viveria uma espécie de consenso político, que sustentava o estado de bem-estar social através de um comprometimento com o emprego e com as políticas sociais. No campo da habitação social, haviam New Towns, grandes blocos de habitação com pré-fabricados e diversas tipologias a partir de um modernismo baseado no estilo internacional. Os anos pós-guerra contemplariam uma sociedade que seria transformada rapidamente “pela explosão da cultura de massas, pela obsolescência como norma, pelo impacto das tecnologias de comunicação e pela ascensão da telecultura” (Cabral, C., 2001). Isto constituía um terreno fértil para o surgimento de diversas propostas, sobretudo de uma cultura pop. Segundo Kenneth Frampton “A colagem irônica de George Hamilton para uma exposição intitulada, ‘O que será que torna as casas de hoje tão diferentes e fascinantes?’ não só inaugurava a cultura pop, como também cristalizava a imagem doméstica da sensibilidade brutalista” (Frampton, K., 1993, p. 323). Neste contexto da arquitetura do bem-estar, surgiram os arquitetos Peter Smithson e Alison Smithson, comprometidos com a estética brutalista e divididos com a promessa do consumismo. A “Casa do Futuro” de 1956, apresentada na exposição Daily Mail Ideal Home, parecia por em evidência os propósitos atrelados à cultura pop, bem mais do que experimentações no campo tecnológico. Mesmo assim, este trabalho possibilitou iniciativas, alimentando ideais de jovens arquitetos, a exemplo, o Archigram, que se aproveitaria da estética do consumo, a crença nas tecnologias, e a investigação de “uma matriz aberta de projeto que justamente evitasse a arquitetura como ‘solidificação de qualquer modo de vida’” (Cabral, C., 2001), para se contrapor ao modernismo vigente. O Archigram foi um grupo de vida curta (1961-1974), mas explosivamente criativo ao se apoderar da imagem como meio de veiculação de suas idéias. Outro nome que surgia neste contexto, era o de Cedric Price, arquiteto e professor da Architectural Association de Londres. Ao contrário de seus “afilhados” do Archigram, este iria lançar propostas com um renovado tecnicismo e acreditando plenamente na tecnologia. O projeto Fun Palace (1961), de Cedric Price, em parceria com Gordon Pask como consultor de cibernética, é considerado o primeiro edifício cibernético da história, o que inicia uma relação efetiva entre os campos disciplinares da cibernética e da arquitetura. Com desenhos limpos, nada atraentes frente aos do Archigram, mas ricos em detalhes, funcionam como catálogos de especificações, com múltiplas camadas de informações expressas em diversos tipos de diagramas. Nos anos de 1964 e 1966, Price propõe dois projetos envolvendo tipologias habitacionais: Potteries Thinkbelt e Steel Housing, respectivamente. O primeiro é um plano nacional para uma universidade distribuída em rede com uma infra-estrutura diversificada com várias propostas habitacionais para docentes e alunos (Crate Housing e Sprawl Housing figuram entre elas). O segundo, configura uma moradia que deve se adaptar ao ciclo de 24 horas e às demandas de seus usuários/observadores, com um possível enriquecimento de suas atividades e com o sentido de “não ser aceita como um mecanismo de ordenação da vida familiar“ (Price, C., 2003. p. 48).

4 ANÁLISE DOS PROJETOS No intuito de se abstrair as qualidades sistêmicas dos projetos, foi proposto um conjunto de cinco axiomas baseados nos referenciais do método de Ross Ashby (Ashby, W. R. 1970). Um axioma é um ponto de partida em um sistema lógico, que utilizamos para a verificação da validade, ou invalidade, de questões a serem confrontadas, dentro de uma regra mais geral. A análise parte da regra de que, para que um projeto arquitetônico satisfaça as implicações da teoria cibernética, ele deve atender aos seguintes axiomas:

� AXIOMA 1 _ todo projeto arquitetônico é um sistema, se e somente se, implique em uma estrutura que especifique possibilidades lógicas e objetivos, dos quais um observador possa falar a respeito.

� AXIOMA 2 _ todo projeto arquitetônico deve exibir trajetórias ou linhas de comportamento.

� AXIOMA 3 _ todo projeto arquitetônico pode sofrer uma transformação provocada por um parâmetro e assim mudar o seu comportamento.

� AXIOMA 4 _ todo projeto arquitetônico pode ser acoplado a outra unidade, se e somente se, mantiver sua natureza individual após a operação.

� AXIOMA 5 _ todo projeto arquitetônico deve expressar coerção. Um sistema em arquitetura, a partir do contexto cibernético, deve ser entendido como uma porção fundamental concebida a partir do atendimento de regras advindas de conceitos, que podem estar atrelados a uma necessidade programática ou não. 4.1 Steel Housing (1966) Em seu artigo “Towards a 24-hour economic living toy”, de 1967 (Price, C., 2003. p.48), o arquiteto contextualiza sua abordagem sobre habitação através de vários conceitos que ainda estariam na atual pauta científica neste início de século: integração das novas mídias (rádio e portáteis) e sua mobilidade dentro do espaço doméstico; a incorporação do carro como elemento extensivo da vida familiar; a crescente necessidade de menos espaço particularizado; agrupamento dos serviços elétrico, hidráulico e aquecimento; que começava a causar reordenamentos e redefinições a nível espacial, com profundas ressonâncias nos hábitos e nos modos e formas de ocupação. Um exemplo, dado por Price em seu artigo, é do rádio-gravador e televisão portátil, que ao ser incorporado no espaço doméstico e a ser adotado pelas crianças/jovens, alteraram o próprio agenciamento dos quartos. Antes reservados para leitura e descanso, e coberto por preocupações acústicas, passa a ser atribuído como espaço de diversão de longo termo.

Figura 1 – variações do modelo, simples (esquerda) e acoplada (direita). Fonte: (Price, C. 2003, p. 49) Outro aspecto é a crescente demanda por menos espaço particularizado, que é percebida tanto internamente quanto externamente à casa. A busca de espaço comum (garagem que abriga jardim, churrasqueira, piscina inflável) provê toda uma gama de serviços e territorializações. Internamente, o refrigerador com a porta decorada, o kit de televisão e

projetor, são apenas dois dos hardwares descritos por Price que particularizam sua posição somente quando estão em uso. Esta percepção se estende aos quartos de visita que permanecem vagos durante três quartos do ano, como exemplo de volumes de utilização congelados devido à natureza estática de seu agenciamento. Da mesma forma, o agrupamento das instalações elétricas, hidráulicas e de ventilação proporciona a criação de um núcleo de serviços e a conseqüente hierarquização dos espaços segundo sua dependência com tal núcleo, de acordo com as atividades e equipamentos associados com tais volumes. “Assim, com a fragmentação de serviços e a miniaturização e mobilidade dos equipamentos, a provisão de espaço com uma máxima variação de uso se torna o principal critério de projeto” (Price, C., 2003. p. 48).

Nos estudos de Steel Housing, todas as plantas acomodam um casal, duas crianças e um ou outro adulto, de forma variável. As casas são projetadas com estrutura em pórticos de aço de 2 x 7 metros em planta e capazes de suportar mais um pórtico acima, formando no máximo, dois pavimentos. O programa contempla: áreas de atividade compartilhadas e variáveis sobre um ciclo de 24 horas, serviços de limpeza fragmentados, rotas alternativas de acesso a áreas particulares durante 24 horas (tanto internas quanto externas), capacidade de subdivisão em dois “lares” durante um tempo específico, provisão de espaço para atividades de estudo de ritmo próprio e outras orientadas ao indivíduo, possibilidade de permanente fragmentação dos “lares” em unidades independentes e acessos externos separados; condicionamento acústico reforçado por separação espacial de áreas quietas e capacidade de melhoria ou troca das unidades de cozinha e limpeza (kits).

Figura 2 – Estrutura e fechamentos. Fonte: (Price, C. 2003, p. 49)

Figura 3 – Diagrama ocupantes x tempo. Fonte: (Price, C. 2003, p. 49)

A verificação do projeto de acordo com os axiomas revela as seguintes pautas: Axioma 1: As possibilidades lógicas e o objetivo, explícitos no projeto, advém do fato de que a unidade “deve sobreviver a um ciclo de 24 horas e ser adaptável ao longo do tempo, através de sua estrutura”. Este sistema adaptável, deve enriquecer padrões de atividades desejáveis e possíveis para os seus ocupantes e isto determina sua viabilidade social e econômica. [Ax1 = V] Axioma 2: os seus estados são definidos por suas configurações. Estas adequações são devido a demandas de espaço e tempo. A priori, através da acomodação de um casal, duas crianças e um ou outro adulto, que pode variar e resultar diversas combinações. O diagrama ocupantes x tempo é uma espécie de protocolo, com os estados no conjunto de intervalos t = [01:00, 11:00, 18:00, 22:00] horas. [Ax2 = V] Axioma 3: A partir do diagrama ocupantes x tempo, a coluna ocupantes corresponde aos parâmetros de entrada possíveis. Todas as plantas acomodam um casal, duas crianças e um ou outro adulto. As transformações ocorrem movidas pela variação de idade e relacionamentos, que produzem diversos grupos resultantes com horários e perfis diferentes que compõem demandas espaciais diferenciadas. [Ax3 = V] Axioma 4: A natureza individual de cada unidade consiste em responder espacialmente o espaço da moradia e suas demandas. O espaço é concebido de forma a ser flexível e permitir reconfigurações de acordo com as demandas. Esta característica não é perdida ao se acoplar as unidades. Neste projeto, o acoplamento pode ocorrer de forma horizontal ou vertical, com no máximo dois pavimentos. [Ax4 = V] Axioma 5: Este axioma diz respeito ao “objeto como coerção”, que de acordo com Ashby (Ashby, W. R., 1970, p. 103) é um conjunto de partes que possui coerência, ou seja, é algo ao invés de uma coleção de partes independentes. Isto também significa que o projeto é previsível dentro de uma perspectiva lógica através das possibilidades demonstradas pela estrutura em pórticos de aço, seus fechamentos e a acomodação de um programa de espacialização que é “flutuante”. [Ax5 = V] O resultado dos axiomas como verdadeiro, implica na validação da regra estabelecida: para que um projeto arquitetônico satisfaça as implicações da teoria cibernética, ele deve atender aos cinco axiomas. Ou seja, no caso do projeto Steel Housing, esta regra é válida e

podemos inferir que ele levou em consideração o pensamento cibernético como abordagem projetual. 4.2 Potteries Thinkbelt (1964) Potteries Thinkbelt ou “Cinturão de conhecimento das Potteries” é um projeto de revitalização de uma área marcada pelo declínio industrial, ao norte de Staffordshire, Inglaterra. A proposta de Cedric Price, ambiciosa e inovadora, combinava o aproveitamento da mão-de-obra local desempregada, um programa habitacional estagnado, uma rede férrea redundante, vastas áreas inutilizadas e instáveis compostas por algumas minas de carvão e reservas de argila, e uma necessidade a nível nacional por cientistas e engenheiros. O projeto é a idealização de um sistema de ensino que poderia revolucionar os moldes vigentes. Segundo Price, o projeto “parece se opor à prática educacional vigente onde contêineres são vestidos como colégios medievais com concentração do poder em um ponto e gentilmente reclusos” (Price, C., 1966). O ensino técnico se relacionaria diretamente com a prática, de modo que as indústrias locais (antigas e novas) poderiam retomar o desenvolvimento em estreita relação com programas de treinamento e pesquisa universitária. O projeto idealiza uma rede espacial distribuída regionalmente,

onde o indivíduo é considerado como parte do circuito (bit) que se inter-relaciona com a comunidade local nas esferas do conhecimento, da prática e da vivência. Professores e estudantes estariam em movimento constante, da fábrica ao laboratório, do centro de informações para casa, levados por vagões (ônibus férreo) ao longo do caminho ou em pontos, através da rede férrea existente. A dispersão das moradias por toda a área possibilita que os estudantes se mesclem com os habitantes locais, evitando que se fechem dentro de uma “comunidade estudantil” auto-consciente e artificial. Eles seriam membros de toda uma comunidade, vivendo e trabalhando juntos. Ao mesmo tempo, as unidades de habitação poderiam ser colocadas onde possível e quando requisitadas, podendo se deslocar quando necessário, além de serem expansíveis e adaptáveis às necessidades diversas. Grande ênfase é dada à moradia, onde surgem as tipologias: crate (engradado), sprawl (espalhada), capsule (cápsula) e battery (bateria). A seguir são analisadas os dois primeiros tipos. 4.2.1. Crate Housing (Engradado de habitação) Esta tipologia é proposta para a implantação em terrenos regulares. Possui uma estrutura reforçada por concreto composta por 13 pavimentos, onde as unidades habitacionais com estrutura em aço

Figura 4 – Corte mostrando a inserção de uma unidade. Fonte: Architectural Design, October, 1966. p. 491.

Figura 5 – Possibilidades de conexão entre as unidades. Fonte: Fonte: Architectural

Design, October, 1966. p. 491.

são içadas por meio de elevador, encaixadas e engastadas. Estas unidades podem ser conectadas entre si para promoverem a variação da utilização do espaço e adequação a demandas diferenciadas, bem como serem substituídas por outros modelos ao longo do tempo. Lacunas vazias envolvem as unidades, possibilitando o isolamento acústico e controle térmico. A leitura a partir dos axiomas demonstra: Axioma 1: As possibilidades lógicas e o objetivo estão atreladas à condicionante topográfica do projeto, que deverá ser implantado somente em terrenos regulares. Toda a estrutura do projeto é condicionada por este fator, ou melhor, o sistema é idealizado para responder à topografia regular. [Ax1 = V] Axioma 2: O comportamento do engradado é dado pelos diversos estados e disposições possíveis de cada parte, e o comportamento da unidade pode ser verificado nas opções de conexão inter-unidades por demandas espaciais. [Ax2 = V] Axioma 3: O número de ocupantes é um parâmetro, que ao ser modificado, pode provocar transformações que alterem o comportamento de uma unidade. Pode redefinir sua disposição na estrutura engradado, bem como definir novas conexões inter-unidades, com o fim de se obter novas soluções espaciais. [Ax3 = V] Axioma 4: As plantas indicam que podem haver acoplamento de unidades, verticalmente ou horizontalmente, sem perda das características individuais dos módulos. [Ax4 = V] Axioma 5: O engradado é um sistema coercitivo, que mantém a coerência de suas partes através de uma modulação e disposição padronizada das unidades. O projeto é, desta forma, previsível e com possibilidades lógicas definidas em nível de estrutura e de unidade. [Ax5 = V]

Desta forma, o projeto satisfaz os cinco axiomas e valida a regra que deixa claro o pensamento sistêmico da cibernética, tomado como princípio projetual. 4.2.2. Sprawl Housing (Habitação Espalhada) Consiste de um sistema aditivo de unidades pré-fabricadas de molduras de madeira,

Figura 6 (esq.)– Planta parcial mostrando unidades simples e Fonte: Fonte: Architectural Design, October, 1966. p. 491.Figura 7 (dir.) – Corte. Fonte: Architectural Design, October, 1966. p. 491.

Figura 8 – Agrupamento de unidades e conexão de reservatório de água e central de tratamento de esgoto. Fonte: Architectural Design, October, 1966. p. 492.

Figura 9 – Axonométrica . Fonte: Architectural Design, October, 1966. p. 492.

Legenda: A, B, C: máximo duas pessoas s: quarto D: três pessoas l: sala E: quatro pessoas c: cozinha F: cinco pessoas u: armazenagem G: seis pessoas b: banheiro w.c. banheiro extra Figura 10 – Plantas típicas. Fonte: Architectural Design. October, 1966. p. 492.

configurável à diversos tipos de grupos de usuários, ou famílias. As molduras são montadas sobre uma espécie de bandeja, que provê três pontos de apoio por meio de macacos hidráulicos que irão permitir sua implantação em terrenos regulares ou acidentados. O agrupamento das unidades pode se configurar em formações abertas ou fechadas, dependendo das condições ambientais. Em ambos os casos, as unidades são servidas com sistemas compactos de aquecedor, energia e tratamento de esgoto. Todos os equipamentos, com exceção dos serviços de água, podem ser móveis.

Verificação dos axiomas: Axioma 1: O projeto parte da idéia de um sistema aditivo de unidades pré-fabricadas de molduras de madeira. A estrutura do projeto está condicionada à esta possibilidade de crescimento e espalhamento, independente da situação topográfica. [Ax1 = V]

Figura 11 – Vistas em terrenos diversos. Fonte: Architectural Design, October, 1966. p. 492.

Figura 12 – Agrupamento circular de unidades em locais desfavoráveis. Fonte: Architectural Design, October, 1966. p. 492.

Axioma 2: A trajetória do sistema é dada pelas disposições possíveis dos módulos, que geram tipologias de plantas diversas, com a possibilidade de alteração durante a linha do tempo. [Ax2 = V] Axioma 3: Os parâmetros podem ser lidos como o número de ocupantes e os tipos de terrenos que implicam em transformações que levam a novos comportamentos. (Figura 10) [Ax3 = V] Axioma 4: O acoplamento pode ser realizado em nível de unidade através do sistema de molduras que já possui uma natureza aditiva, e a nível mais amplo, através do agrupamentos de unidades conformando espalhamentos diversos por vastas áreas. [Ax4=V] Axioma 5: A coerção existe em nível de unidade e em nível do agrupamento de unidades conformando “espalhamentos”, que implica em níveis de coerção. A previsibilidade lógica é dada pelo sistema construtivo, pelas opções de configuração em planta e pelas opções de configuração em agrupamento. [Ax5 = V] O projeto revela o pensamento sistêmico da cibernética em seus diversos níveis, através da validação dos cinco axiomas acima. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise dos projetos revela um pensamento projetual que concebe uma arquitetura dotada de possibilidades lógicas e parâmetros de configuração específicos graças à abordagem cibernética. O processo de derivação dos axiomas revela o grau de generalidade do método proposto por Ross Ashby, a partir do qual podemos abstrair qualquer coisa como um sistema, mas que no entanto, fazem-se necessárias futuras revisões para a inclusão da visão da cibernética de segunda ordem, com o fim de que novas apreensões sejam possíveis. Deste modo, a análise dos projetos se propõe, a partir da lógica proposicional como ferramenta, a instituição de um olhar que privilegia o tratamento das informações enquanto conceito arquitetônico, e enquanto “dados” a serem analisados como sistemas. A instituição deste olhar, e principalmente, a recuperação do raciocínio cibernético no processo de desenvolvimento dos projetos revela sistemas interativos, impermanentes e abertos. A interatividade é apresentada de forma reativa, em como se resolve questões como aumentar ou diminuir um espaço, se adequar a diferentes terrenos, possibilitar máxima utilização de um espaço por diferentes atividades, ou seja, formas com que os observadores interagem com os sistemas propostos. A impermanência é uma característica que delata a não estagnação do sistema, através de sua constante reformulação frente à possíveis entradas ou parâmetros, sejam por demandas espaciais ou temporais, causadas por exemplo, pela incorporação de parentes mais velhos à família. Por fim, os projetos podem ser lidos como sistemas abertos face às possibilidades com que suas partes dialogam entre si e com a vizinhança, capazes de respostas e reformulações que incluem também, seus aspectos formais, e que traduzem, de forma direta, o processo de concepção que está por detrás do objeto. A visão sistêmica de Cedric Price considera os usuários-observadores, e sobretudo, os efeitos que a arquitetura terá sobre eles. A arquitetura deve sustentar, melhorar e principalmente liberar o usuário como indivíduo. Segundo Royston Landau, “a burocratização da arquitetura moderna vastamente encontrada no setor público britânico estava revelando uma insensibilidade às diferenças individuais e não mostrava quaisquer preocupações com as possibilidades do potencial humano individual. As pessoas foram reduzidas à padrões, e padrões foram posteriormente reduzidos à economia.” (Landau, R.,

2003. p. 11). No contexto estudado, as soluções habitacionais do Estado britânico partiam da idéia de conveniência. Esta conveniência colocava os conceitos de habitação, moradia, casa e lar como equivalentes, senão muito conectadas, o que não deveria acontecer. Para Price (Price, C., 2003. p. 73) os termos têm distintas atribuições, como se vê abaixo:

Os três projetos analisados são capazes, dentro desta visão, de responder diferentemente aos diversos modos de vida recorrentes da sociedade na década de 1960. Estes fornecem soluções para indivíduos e não para “homens tipo”, de forma contrária às soluções do Estado que reduziam os habitantes a um padrão. Vale ressaltar que diferentes parâmetros associados à questão da moradia contemporânea, como configurações familiares não convencionais, a crescente metropolização dos modos de vida, a entrada de novas mídias de comunicação, fazem com que o pensar sistêmico de Cedric Price mantenha sua atualidade, graças ao tratamento e estruturação das informações de forma sistêmica, e assim, afirmando a relevância cibernética da arquitetura nos dias atuais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASHBY, W. R. Uma introdução à Cibernética. São Paulo: Perspectiva, 1970. CABRAL, C. Grupo Archigram: Uma fábula da técnica. Barcelona: Escola Tecnica Superior d’Arquitectura de Barcelona, 2001. Tese de doutorado. FRAMPTON, K. História Crítica da Arquitetura Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

HABITAÇÃO Uma necessidade social contínua? Um apetite social variável? Uma conveniência e/ou necessidade? Um constituinte do serviço social? Um gasto extra-desejável? Uma alternativa para financiar pessoas? Um produto de consumo controlado pelo marketing? Um recurso ‘natural’ para um país desenvolvido? Um método de controle populacional?

CASA Um brinquedo de 24-horas? Um bem comumente desejado? Um contêiner para atividade humana contínua e intermitente? Uma forma atrativa de investimento público e/ou privado? Uma herança? Uma garantia de respeito? Um depósito para coisas pessoais? Uma amenidade privada disponível [móvel]? Um modificador estático do ciclo de 24-horas? Uma parte de um lar?

MORADIA Um item quantificado relacionado a determinada demanda? Um patrimônio nacional determinado pela população e contas influentes? Um conglomerado físico significando agrupamento social? Uma série de benefícios? Um pré-requisito para uma sociedade estática? Uma coleção de produtos ancorados no solo? Um constituinte de uma comunidade ‘equilibrada’? Um incentivo para a continuidade de mão-de-obra?

LAR Uma condição coletiva de auto-escolha, própria [se mais de 18 anos]? Uma unidade sócio/administrativa conveniente? Uma tendência de deslocamento? Uma condição de troca multi-propósito pessoa-a-pessoa? Uma coleção de casas e outros contêineres úteis? Uma unidade de status? Um consumidor assumido por casas? Um hospital e restaurante privativamente financiado para os amigos?

FRAZER, J. H. The cybernetics of architecture: a tribute to the contribution of Gordon Pask. Kybernetes. Vol. 30, n. 5-6. 2001. GLANVILLE, R., And he was Magic. Kybernetes. Vol. 30, n. 5-6. 2001. LANDAU, R. A Philosophy of enabling. In: PRICE, C. The Square Book. Great Britain: Wiley-Academy, 2003. LANDAU, R. Complexity and complexing. Architectural Design. London. October. 1972. PASK, G. An approach to cybernetics. Londres: Hutchinson, 1961. PASK, G., The architectural relevance of cybernetics. Architectural Design. London. September. 1969. PRICE, C. Life Conditioning. Architectural Design. London. October. 1966. PRICE, C. The Square Book. Great Britain: Wiley-Academy, 2003. SPILLER, N. [ed]: Cyber_Reader: Critical writings for the digital era. Londres: Phaidon, 2002. WIENER, N., Cibernética e Sociedade: O uso humano de seres humanos. São Paulo: Cultrix. 1954.